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É doutor em Diagnóstico Bucal pela Universidade de São Paulo (USP), em 2014. Possui mestrado em Odontologia
pela Universidade Paulista (UNIP), em 2011. Também possui especialização em Endodontia pela UNIP (2014). Graduado
em Odontologia pela UNIP (2008), atua como cirurgião dentista e trabalha na UNIP desde 2012, como professor
nas disciplinas de Ergonomia e de Bioética no curso de Odontologia. No curso de Gestão Hospitalar, é professor da
modalidade presencial e EaD da disciplina Biossegurança.
Renato Fernandes
Engenheiro mecânico formado em 1996, foi responsável por diversos projetos dentro de indústrias alimentícias.
Participou de comissões de implantação de APPCC como instrutor e também como auditor de normas de Boas
Práticas de Fabricação de Alimentos. Em 2003, formou-se mestre em Engenharia Química, enfocando o projeto de
equipamentos industriais para tratamento térmico de alimentos. Trabalha na Universidade Paulista (UNIP) desde 2009,
atuando como professor de Biossegurança, Bioética e Química.
Farmacêutica, graduada em Ciências Farmacêuticas pela Universidade de São Paulo (FCFUSP), em 1982, especialista
em Fitoterapia pelo Instituto Brasileiro de Homeopatia E (FACIS IBEHE), em 2000, mestre em Produção e Controle de
Medicamentos na área de Cosmetologia pela Universidade de São Paulo (FCFUSP), em 2004 e Doutora em Patologia
Ambiental e Experimental pela Universidade Paulista (UNIP), em 2014. Possui diversos artigos publicados em revistas
nacionais e internacionais e livros na área da saúde. Possui vasta experiência em montagem, gestão, coordenação
e biossegurança em laboratórios, em orientação de pesquisas científicas, e em docência em nível básico, médio,
técnico, superior, pós-graduação (presencial e a distância) e em cursos livres de aprimoramento. Na UNIP, atua como
coordenadora do curso de Estética e é docente nos cursos superiores do Instituto de Ciências da saúde nas disciplinas
de Biossegurança, Fitocosmetologia entre outras.
CDU 614.4
U514.28 – 22
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Unip Interativa
Material Didático
Comissão editorial:
Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
Profa. Dra. Angélica L. Carlini
Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista
Profa. Deise Alcantara Carreiro
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Vitor Andrade
Giovanna Oliveira
Juliana Muscovick
Sumário
Biossegurança
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7
Unidade I
1 INTRODUÇÃO À BIOSSEGURANÇA...............................................................................................................9
1.1 Histórico e evolução ao longo dos anos.........................................................................................9
1.2 Biossegurança na atualidade........................................................................................................... 13
1.2.1 Definições de biossegurança, saúde e higiene............................................................................. 14
2 NOÇÕES BÁSICAS EM BIOSSEGURANÇA E ACIDENTE DE TRABALHO........................................ 15
2.1 Perigo versus riscos.............................................................................................................................. 17
2.2 Tipos de riscos......................................................................................................................................... 17
2.3 Acidente de trabalho........................................................................................................................... 18
3 RISCOS OCUPACIONAIS................................................................................................................................. 21
3.1 Riscos físicos........................................................................................................................................... 21
3.2 Riscos químicos...................................................................................................................................... 23
3.3 Riscos biológicos.................................................................................................................................... 26
3.3.1 Classificação dos riscos biológicos................................................................................................... 27
3.4 Riscos ergonômicos.............................................................................................................................. 29
3.5 Riscos de acidentes............................................................................................................................... 32
3.6 Riscos psicossociais.............................................................................................................................. 32
3.7 Mapa de risco.......................................................................................................................................... 33
3.8 Níveis de biossegurança..................................................................................................................... 35
3.8.1 Doenças ocupacionais de origem biológica mais comuns: conduta e normas
de biossegurança................................................................................................................................................ 39
3.8.2 Síndrome de burnout ou esgotamento profissional................................................................. 40
3.8.3 Cipa................................................................................................................................................................ 41
3.8.4 SESMT........................................................................................................................................................... 43
4 LEGISLAÇÃO EM BIOSSEGURANÇA........................................................................................................... 44
4.1 Conceito.................................................................................................................................................... 45
4.2 Histórico.................................................................................................................................................... 46
4.3 Lei n. 11.105/2005................................................................................................................................. 47
4.4 Engenharia genética............................................................................................................................ 47
4.5 Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS)............................................................................ 49
4.6 Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio)....................................................... 50
Unidade II
5 EPI (EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL) E EPC (EQUIPAMENTOS DE
PROTEÇÃO COLETIVA)......................................................................................................................................... 60
5.1 Equipamentos de proteção............................................................................................................... 60
5.1.1 EPI.................................................................................................................................................................. 60
5.1.2 EPC................................................................................................................................................................. 67
6 INCÊNDIOS E COMBATE AO FOGO............................................................................................................ 71
6.1 Tetraedro do fogo.................................................................................................................................. 71
6.2 Classificação de incêndios................................................................................................................. 73
6.2.1 Métodos de extinção do fogo............................................................................................................ 75
6.3 Tipos de extintores................................................................................................................................ 76
6.4 Medidas de prevenção e combate a incêndios......................................................................... 78
Unidade III
7 LIMPEZA, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO........................................................................................... 84
7.1 Limpeza..................................................................................................................................................... 84
7.1.1 Tipos de limpeza....................................................................................................................................... 84
7.1.2 Tipos de detergentes.............................................................................................................................. 86
7.1.3 Limpeza dos instrumentais.................................................................................................................. 86
7.2 Desinfecção.............................................................................................................................................. 87
7.3 Esterilização............................................................................................................................................. 90
7.3.1 Métodos de esterilização...................................................................................................................... 90
7.3.2 Classificação dos artigos....................................................................................................................... 97
7.4 Higienização e lavagem das mãos................................................................................................. 99
7.4.1 Antissépticos utilizados.......................................................................................................................101
7.5 Gerenciamento de resíduos............................................................................................................104
7.5.1 Classificação dos resíduos de serviço da saúde.........................................................................106
8 CONSERVAÇÃO DE REAGENTES, INSUMOS, MEDICAMENTOS E
PRODUTOS COSMÉTICOS................................................................................................................................109
8.1 Fatores extrínsecos causadores de alterações em produtos..............................................109
8.1.1 Calor............................................................................................................................................................109
8.1.2 Luz................................................................................................................................................................109
8.1.3 Umidade.................................................................................................................................................... 110
8.1.4 Agentes microbianos............................................................................................................................ 110
8.1.5 Oxigênio (O2)............................................................................................................................................ 110
8.1.6 Gás carbônico (CO2) ............................................................................................................................. 110
8.1.7 Natureza dos recipientes.................................................................................................................... 110
8.2 Fatores intrínsecos causadores de alterações em produtos..............................................111
8.3 Recursos específicos para minimizar as alterações...............................................................111
8.3.1 Estabilizantes............................................................................................................................................111
8.3.2 Conservantes...........................................................................................................................................112
8.3.3 Liofilização................................................................................................................................................112
APRESENTAÇÃO
A disciplina pretende elucidar o aluno sobre noções básicas de saúde, higiene e segurança no
ambiente ocupacional. Por meio do estudo, será possível reconhecer condições que oferecem risco e
fazer uso de boas práticas clínicas e laboratoriais a fim de minimizar os riscos de exposição de agentes
biológicos em trabalhadores da área de saúde.
Dessa forma, a disciplina garante segurança e higiene nas práticas de rotina de trabalho, permitindo
a manutenção da saúde profissional.
Com esta obra, o aluno poderá minimizar os riscos que podem ser causados pelos agentes físicos,
químicos, biológicos e ergonômicos. Cada risco terá sua forma de identificação e o devido meio para
ser reduzido.
INTRODUÇÃO
A segurança no ambiente de trabalho é de extrema importância, haja vista os diversos perigos a que
os profissionais ficam expostos. Ela é composta por um conjunto de medidas de proteção à segurança e
à saúde dos trabalhadores da área de saúde.
Essa área também se preocupa com a saúde ocupacional, prevenindo as doenças que afastam
o trabalhador.
7
BIOSSEGURANÇA
Unidade I
1 INTRODUÇÃO À BIOSSEGURANÇA
É preciso ter uma visão crítica dos acontecimentos, o que é fundamental para a mudança. Então, a
partir dessa análise, colocamos em prática nossa condição de cidadãos e de profissionais qualificados,
com capacidade de mudar a nossa história.
A infecção é muito mais do que um desequilíbrio da convivência entre o ser humano e sua microbiota,
é parte integrante da problemática de saúde. Se propostas para o seu controle estiverem dissociadas da
compreensão, da análise e do interesse em suplantar essa realidade, fatalmente presenciaremos a vitória
das doenças sobre a saúde do homem (GUIMARÃES JÚNIOR, 2001).
A infecção faz parte da história da humanidade, que desde a sua existência vem lutando para
combatê‑la. Os micro‑organismos antecedem a espécie humana, foram as primeiras formas de vida.
Por outro lado, os registros da imunidade têm mais de 500 milhões de anos. Ela pode ser entendida
como uma reação evolutiva das espécies parasitadas, que passaram a reconhecer como estranho o
agente invasor, procurando eliminá‑lo.
Hipócrates (460‑377 a.C.), considerado o pai da medicina, já recomendava a limpeza das mãos e
unhas antes das operações e o uso de água fervente, vinho ou vinagre para higienização das feridas.
Na obra O corpo hipocrático, ele reúne estudos feitos por si mesmo e por seus discípulos em relação ao
corpo humano.
Em 1163, na Idade Média, os monges eram os responsáveis por cuidar dos doentes nos mosteiros,
porém eram proibidos de realizar cirurgias, pois eram considerados homens de Deus, sendo proibidos de
lidar com sangue.
9
Unidade I
Outro fato importante na História ocorreu no século XIV, época que ficou conhecida como o período
da peste negra. A epidemia causada pela peste bubônica (doença pulmonar causada por bactéria
transmitida por pulgas dos ratos trazidos por navios mercantes) devastou a população da Europa.
Quando chegou a Veneza (1347), o conselho especial do local determinou que fosse feito o isolamento
de quarenta dias dos pacientes que apresentavam sintomas da doença.
No século XVIII, o médico inglês Edward Jenner utilizou a vacina para tentar prevenir a varíola, uma
doença extremamente grave que levou à morte muitas pessoas na época. Com a vacina, a varíola foi
controlada, tornando-se a primeira doença infecciosa erradicada por meio da vacinação.
Saiba mais
Leia sobre a descoberta a vacina e outras informações em:
PERSONALIDADES: Edward Jenner (1749-1823). Revista da Vacina, [s.d.].
Disponível em: http://www.ccms.saude.gov.br/revolta/personas/jenner.
html. Acesso em: 5 nov. 2019.
Já no século XIX, o cientista francês Louis Pasteur (1822–1895) desenvolveu a teoria microbiana das
doenças. Acreditava que para cada infecção teríamos um tipo de micro‑organismo relacionado. Também
afirmava que os micro‑organismos deviam ser considerados como fatores etiológicos de várias doenças
que afetavam homens e animais.
Outra importante descoberta foi o estudo das fermentações. Constatou‑se que havia micro‑organismos
que sobreviviam na ausência completa de ar, chamados de anaeróbios, e o mesmo ocorria com os aeróbios.
Robert Koch (1843–1910), médico e patologista alemão, estabeleceu definitivamente o papel das
bactérias como principais agentes etiológicos das infecções. Teve papel muito importante ao difundir
o uso da desinfecção. Testou diversas substâncias com o propósito de realizar a desinfeção e obteve
resultados com os seguintes produtos: timol, cloro, bromo e sublimado de cloreto de mercúrio.
10
BIOSSEGURANÇA
Na época, o médico obteve a colaboração de Julius Richard Petri, o inventor da placa de Petri,
acessório utilizado até os dias de hoje para realizar o crescimento de micro‑organismos com o objetivo
de estudar formas de inativá‑los.
Outro nome de destaque é o de Ignaz Phillip Semmelweis (1818–1865), médico húngaro nomeado
aos 28 anos como assistente do professor Johann Klein na clínica obstétrica do Hospital Geral da Escola
de Medicina de Viena. Em 1846, verificou que a febre puerperal era responsável pela mortalidade
de 10% a 30% das mulheres em parto no local. A febre puerperal é uma doença que ocorria nas
maternidades, matando milhares de mães e crianças. Esse nome descrevia a fase em que a enfermidade
se iniciava no puerpério, o período logo após o parto.
A divisão I possuía maior número morte das mulheres. Então, Semmelweis passou a sustentar a
hipótese de que a infecção contagiosa era transmitida de uma mulher para outra por meio das mãos
dos médicos.
Diferente dos médicos e estudantes de medicina, as parteiras não realizavam necropsias de cadáveres.
Em 15 de maio de 1847, foi decidido que deveria haver uma bacia de água limpa na entrada da
clínica, onde estudantes e médicos eram obrigados a lavar as mãos com água e sabão e ácido clórico
para a devida assepsia.
Com essa medida, a mortalidade foi reduzida e a ação comprovou que o simples ato de lavar as mãos
antes do atendimento aos pacientes mostrou a importância dessa medida na profilaxia da infecção
hospitalar (figura a seguir).
16
Semmelweis
Intervenção na higiene
12 das mãos
Mortalidade materna (%)
0
1841 1842 1843 1844 1845 1846 1847 1848 1849 1850
Médicos Parteiras
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Unidade I
O cirurgião Inglês Joseph Lister (1827–1912) estudou a desinfecção de feridas cirúrgicas baseando‑se
nos trabalhos de prévios de Pasteur. Em 1865, inaugurou‑se a antissepsia cirúrgica, e Lister aplicou
panos embebidos no ácido carbólico (fenol) na perna de um menino com fratura exposta. Ele acreditava
que poderia haver uma contaminação pelo ar, que então agravaria a região da fratura. Seu objetivo era
reduzir a infecção pós‑operatória.
Foi somente em 1865 que o cirurgião alemão Gustav Neuber preconizou o uso do avental cirúrgico;
até então os médicos operavam com a mesma roupa que usavam no dia a dia.
Em determinada época, quanto mais manchado de sangue fosse o avental, mais respeito tinha o
médico. Era um sinal de que realizava muitas cirurgias nos pacientes, o que fazia a comunidade local
pensar que se tratava de um excelente profissional.
Já em meados de 1890, o cirurgião americano William Stewart Halsted (1852–1922) foi o primeiro a
introduzir o uso de luvas cirúrgicas de látex, até então um material muito grosso e desconfortável para
a realização de cirurgias. Com o passar do tempo, na Europa, os cirurgiões passaram a utilizá‑las, e as
luvas tornaram‑se cada vez mais confortáveis.
O uso das máscaras pelos profissionais só foi introduzido no fim do século XIX, com Radecki Von
Mikulicz (1850–1905). Primeiro, só eram utilizadas para cobrir a boca, depois, o nariz.
O médico brasileiro Oswaldo Cruz (1872–1917) também teve um papel muito importante no
controle da infecção. Entre 1904–1907, tornou obrigatória a vacinação contra varíola e febre amarela,
principalmente no Rio de Janeiro. Contudo, quando o Governo instituiu a obrigatoriedade da vacinação,
a população protestou contra a ação, e o período ficou marcado como a Revolta da Vacina.
Pouco tempo depois, as medidas que Oswaldo Cruz havia sugerido prevaleceram, as doenças foram
contidas e ele foi considerado como patrono da saúde pública brasileira.
Um grande avanço na área da saúde e da biossegurança foi também a descoberta da penicilina por
Alexandre Fleming, em 1928, contribuindo para o controle da disseminação de diversas doenças.
Saiba mais
Leia mais sobre a descoberta da penicilina em:
CALIXTO, C. M. F.; CAVALHEIRO, E. T. G. Penicilina: efeito do acaso
e momento histórico. Química Nova na Escola, v. 34, n. 3, p. 118-123,
ago. 2012. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc34_3/03-
QS-92-11.pdf. Acesso em: 7 nov. 2019.
NOSSA CAPA: Alexander Fleming e a descoberta da penicilina. J. Bras.
Patol. Med. Lab., Rio de Janeiro, v. 45, n. 5, p. 1, out. 2009. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v45n5/v45n5a01.pdf. Acesso em: 7 nov. 2019.
12
BIOSSEGURANÇA
Em 1946, logo após a Segunda Guerra Mundial, os epidemiologistas americanos que cuidavam
da prevenção de transmissão da malária organizaram em Atlanta, Estados Unidos, uma equipe para
discutir ações de controle de doenças. Mais tarde esse grupo ficou conhecido como Centro de Controle
e Prevenção de Doenças – CDC (Center for Disease Control and Prevention).
Já na década de 1980, mais especificamente no ano de 1982, tornaram‑se públicos os primeiros casos
diagnosticados com Aids e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Acquired Immunodeficiency
Syndrome). Dessa forma, inicia‑se uma discussão a respeito do conhecimento do fator de possível
transmissão, que seria contato sexual, uso de drogas ou exposição a sangue e derivados.
Nascem as primeiras preocupações das autoridades de saúde pública nos EUA com uma nova e
misteriosa doença. Nos anos seguintes, vários acontecimentos marcariam a história em relação ao
controle da infecção.
Em 1983, houve um relato de caso de possível transmissão heterossexual. No Brasil, é descrito como
o primeiro caso de Aids no sexo feminino. No mesmo ano, também houve casos diagnosticados em
profissionais de saúde.
O CDC e outros órgãos criaram critérios para que se adotassem precauções universais de biossegurança.
Então, todos os pacientes começaram ser tratados como potencialmente contaminados, ou seja, com os
mesmos cuidados de biossegurança.
Ainda em 1983, por meio da portaria 196, o Governo brasileiro torna obrigatória a presença de uma comissão
de controle da infecção hospitalar. A seguir elencamos outras datas relevantes com relação ao tema:
• 1984: criação do Programa da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo (primeiro plano de
controle de Aids no Brasil).
• 1985: descobre‑se que a Aids é a fase final de uma doença causada pelo retrovírus denominado
HIV, vírus da imunodeficiência humana ou vírus da imunodeficiência humana.
• 1992: por meio da portaria 930 do Ministério da Saúde Brasileiro, discute‑se a existência de um
enfermeiro responsável em tempo integral nos hospitais para exercer o controle de infecções cruzadas.
Lembrete
Higiene
A origem da palavra vem do grego hygieiné ou hygeinos (o que é saudável) e de Higia que era a
deusa grega da saúde, limpeza e sanitariedade.
Higiene pode ser definida como: “A ciência que visa a preservação da saúde e a prevenção da doença,
através de medidas profiláticas e educativas”.
Entende‑se que os resíduos retêm micro‑organismos que podem, em algum momento, ser
transmitidos tanto por contato direto como por meio de poeira suspensa no ar.
A higiene do trabalhador na área da saúde é de extrema importância. Pequenas ações como tomar
banho e trocar de roupas diariamente podem fazer a diferença quando se trata de higiene. E a ação
de lavar as mãos é muito importante no controle de infecção cruzada. Na história de Ignaz Phillip
Semmelweis, vimos que essa pequena ação trouxe como resultado a diminuição do índice de mortalidade
nas mulheres que acabavam de realizar partos.
Outro exemplo de higiene é a indústria alimentícia. Toda a manipulação dos alimentos deve ser feita
em local limpo, desinfetado e com materiais esterilizados para que não ocorra o risco de contaminação.
14
BIOSSEGURANÇA
Saúde
De acordo com a OMS, a definição de saúde não é apenas a ausência de afecções (doenças), mas sim
um estado de equilíbrio entre o bem‑estar físico, mental e social. Para implantá‑lo num ambiente de
trabalho, é preciso estudar a biossegurança para conhecer os riscos e as maneiras de minimizá‑los para
então melhorar o local.
Para conhecer e alcançar a saúde, deve-se levar em consideração diversos fatores, entre eles:
• Fatores biológicos:
• Fatores ambientais:
• Assistência médica:
— Pública.
— Privada.
• Estilo de vida:
Observação
A biossegurança é considerada uma ciência multidisciplinar, em que é
necessário conhecimento em diversas áreas, como legislação trabalhista,
química, física e biologia.
15
Unidade I
atividades podem estar relacionadas ao setor industrial, farmacêutico, a áreas de pesquisa, à prestação
de serviços ou a atividades relacionadas à saúde.
Lembrete
Em relação aos serviços de saúde, a norma regulamentadora NR 32 tem como objetivo estabelecer
diretrizes básicas para implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores
dos serviços de saúde (BRASIL, 2011b).
Essas diretrizes destacam os riscos a que os profissionais podem estar expostos, principalmente aos
riscos biológicos, e quais os cuidados para diminuir sua exposição a eles.
16
BIOSSEGURANÇA
Podemos dizer que todos os tipos de risco podem ser identificados no exercício profissional, e que
nenhuma profissão está isenta de perigos.
Considera‑se como perigo qualquer situação ou agente que cause danos à integridade de uma pessoa.
Já o risco pode ser tomado como a probabilidade e a severidade de ocorrência da situação de perigo.
Em relação aos riscos, também podemos considerar uma ou mais condições de uma variável com
potencial necessário para causar danos. Esses danos podem ser entendidos como lesões a pessoas, danos
a equipamentos e instalações, prejuízos ao meio ambiente, perda de material em processo ou redução
da capacidade de produção.
Por esses motivos, a Portaria n. 25/1994, do Ministério do Trabalho, regulamentou e tornou obrigatória
a elaboração do mapa de riscos. De acordo com o mapa de riscos, há cinco classificações para riscos:
físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e acidentais.
a) a sua identificação;
17
Unidade I
Observação
O acidente de trabalho é definido como uma ocorrência não programada, inesperada ou não,
que interrompe ou interfere no processo normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo
útil e/ou lesões nos trabalhadores, e/ou danos materiais. Deve ser evitado e controlado por meio das
várias técnicas prevencionistas.
Do ponto de vista legal, considera‑se acidente de trabalho aquele que ocorrer pelo exercício do
trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause
a morte, a perda ou a redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho.
Causas de acidentes
Como todos os eventos, os acidentes possuem uma ou mais causas, e uma ou mais consequências.
Sua prevenção consiste em eliminar as causas (diminuir os riscos), evitando, então, sua ocorrência.
• Ao trabalhador:
• Ao empregador:
• À sociedade e ao governo:
• Doença por contaminação acidental: no exercício de sua atividade, podem acontecer intoxicações,
dermatites de contato etc.
• Acidentes sofridos nas instalações da empresa: quando ocorrer nos horários de refeição ou
descanso ou no horário de trabalho.
• Acidentes sofridos fora do local e do horário de trabalho: na execução de serviço pela empresa,
no percurso da residência para o trabalho ou do trabalho para a residência, ou ainda no local
de refeição.
• Luta corporal.
• Atividades esportivas.
• Atividades fora da empresa por motivos pessoais: realizadas em horário de trabalho ou em horário
de descanso.
• Acidentes típicos: a serviço da empresa os limites da empresa ou fora de dela, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional.
Teoria de Heinrich
Tanto o acidente como a lesão são causados por alguma causa anterior, na qual se encontra o
homem. Todo acidente é causado, ele nunca acontece.
O acidente ocorre porque o homem não está devidamente preparado e comete atos inseguros. Outra
causa são as condições inseguras que comprometem a segurança do trabalhador
Atos inseguros
Os atos inseguros residem no fator humano. São decorrentes da não obediência às normas de
segurança e podem ser conscientes e inconscientes, de acordo com a seguinte classificação:
• Inconsciente: a pessoa desconhece o perigo que está correndo, por isso pratica o ato inseguro.
Condições inseguras
As condições inseguras são as causas dos acidentes do trabalho que decorrem diretamente das
condições do local ou ambiente de trabalho.
São elas:
Entre outros que ocorrem por falhas técnicas ou por alguns agentes ambientais que podem
ocasionar acidentes.
Estão relacionadas com os riscos classificados como mecânicos (ou de acidentes), físicos, químicos,
biológicos, ergonômicos e psicossociais.
3 RISCOS OCUPACIONAIS
Os riscos físicos são considerados do grupo 1 e são identificados pela cor verde. Definem‑se pelas
diversas formas de energia a que os trabalhadores podem estar expostos.
Uma das características desse grupo são os equipamentos que o trabalhador vai manusear e o
ambiente do trabalho. Vejamos alguns exemplos desse grupo: ruído, calor, frio, pressão atmosférica,
umidade, radiações ionizantes e não ionizantes e vibração.
Altas temperaturas
Quando há a manipulação de equipamentos que geram calor, o trabalhador deve usar avental e
luvas resistentes para conter a ação do risco físico. Alguns exemplos desses equipamentos são: estufas,
fogões e bico de Bunsen.
Os equipamentos movidos a gás exigem constante manutenção em suas válvulas e mangueiras para
prevenir acidentes.
21
Unidade I
Lembrete
Baixas temperaturas
Para trabalhar em baixas temperaturas, recomenda‑se que o operador use roupas apropriadas, como
agasalhos térmicos, máscaras e luvas para impedir a hipotermia. No caso da manipulação de nitrogênio
líquido, deve‑se ter cuidados no transporte e manipulação, como o uso de óculos de proteção, luvas
apropriadas, avental e sapatos de borracha que permitam um isolamento térmico.
Radiações ionizantes
Nesse tipo de risco os raios X são considerados mais comuns e o operador de um equipamento que
produz essa radiação deve estar atento às proteções radiológicas, à quantidade de radiação que recebe e
ao tempo de exposição. Além das proteções para o trabalhador, deve‑se fornecer a ele um medidor para
mensurar a quantidade de radiação recebida por dia.
Há procedimentos específicos que devem ser seguidos no manuseio de materiais que emitam
radiação ionizante. Esses locais precisam ser identificados com o símbolo da figura a seguir:
Profissionais que realizam atendimentos em locais onde existe grande incidência dos raios solares,
devem sempre estar atentos ao uso de protetores solares, de barreiras físicas ou produtos cosméticos
com proteção solar.
Laser
O laser tem usos gerais diversos, como para a fabricação de laser pointer, impressão, holografia, leitura
de código de barras e leitura de CDs e DVDs. Na área médica e estética, é utilizado como cicatrizante e
anti-inflamatório, e também para a revitalização da pele, depilação, remoção de manchas e de tatuagem.
Devido à propagação da luz laser, é preciso tomar alguns cuidados e utilizar equipamentos de
proteção individual para que os olhos dos profissionais não sejam lesionados. O principal dispositivo
usado para essa finalidade são os óculos de proteção. Eles são coloridos, para bloquear comprimentos
de onda específicos.
Ruídos
Saiba mais
O risco químico é classificado como grupo 2 e é identificado pela cor vermelha. É composto por
substâncias químicas e produtos que podem penetrar no organismo.
Essas substâncias podem ingressar no corpo pela via respiratória nas formas de poeiras, fumos,
nevoas, neblinas, gases ou vapores. Também pode haver absorção pelo contato da pele ou por ingestão.
23
Unidade I
Observação
A manipulação ou fracionamento dos produtos químicos deve ser feita por trabalhador qualificado.
Nos locais onde se utilizam e armazenam produtos inflamáveis, o sistema de prevenção de incêndio
deve prever medidas especiais de segurança e procedimentos de emergência. As áreas de armazenamento
de produtos químicos devem ser ventiladas e sinalizadas.
• Risco inerente: característico da substância. Está relacionado com suas propriedades químicas
e físicas.
• Risco efetivo: probabilidade de contato com a substância. Está diretamente relacionado com as
condições de trabalho com o agente de risco.
As substâncias químicas devem ser identificadas de acordo com o tipo de perigo que o material
representa, que pode ser: corrosivo, inflamável, oxidante ou comburente, nocivo, tóxico, explosivo,
irritante e danoso ao meio ambiente.
i
Tóxico = (T) Explosivo = (E) Irritante = (Xi) Danoso ao meio
ambiente = (N)
24
BIOSSEGURANÇA
Podem ainda ser citados os agentes radioativos, substâncias que apresentam em sua constituição
elementos químicos de alto peso molecular que emitem partículas nucleares ou energia para
adquirirem estabilidade.
Radiação ionizante
Figura 4
Os agentes químicos que causam os riscos podem estar presentes na forma de sólidos, líquidos,
gases (substâncias em estado gasoso em CNTP = 25 °C /760 mm Hg) e vapores (substância em
estado gasoso mudam de estado físico em mudanças das CNTP).
Podem estar sob a forma de aerodispersóides sólidos, que são as poeiras (partículas sólidas que
sofrem ruptura mecânica), por exemplo, o talco usado para cosméticos ou em luvas de procedimentos;
os fumos (quando ocorre a condensação de vapores de substâncias sólidas); e as fibras (diminutos
filamentos longos e finos de material de substâncias sólidas).
Estão sob a forma de aerodispersóides líquidos, como é o caso das névoas (partículas líquidas que
sofrem uma ruptura mecânica), por exemplo, os sprays de perfumes; e as neblinas (condensação de
vapores de substâncias líquidas).
Quando somos expostos aos diversos agentes químicos podem ocorrer intoxicações agudas ou
crônicas. Sendo que:
• As intoxicações agudas são aquelas que ocorrem quando o indivíduo é exposto a um agente químico
numa dose única (ou múltiplas, num tempo de 24 horas). Os efeitos surgem imediatamente ou em
algumas horas ou ainda depois de alguns dias, em até no máximo duas semanas.
• As intoxicações crônicas são aquelas em que o organismo é exposto a algum agente por um
tempo prolongado, em doses pequenas e cumulativas. Esse período pode ser desde três meses até
vários anos ou mesmo décadas.
25
Unidade I
Caracterizado pela cor marrom e classificado como grupo 3, o risco biológico compreende a exposição
ocupacional a micro‑organismos, que podem ser fungos, bactérias, parasitas, vírus, protozoários e até
mesmo os príons. O símbolo do risco biológico é considerado universal.
É importante a existência de ações multidisciplinares para a proteção individual e também coletiva dos
profissionais e de todos que possam estar diante do risco biológico. Deve‑se formar um programa de prevenção
de acidentes e uma rotina específica de trabalho, por meio de protocolos e programas de vacinação.
c) a possibilidade de exposição;
A principal fonte de contágio para a maioria das doenças é o sangue, porém a via aérea pode ser outra
forma importante de contágio, seja pela inalação de aerossóis, seja pela inalação de partículas maiores.
A classificação dos riscos biológicos depende de alguns fatores que devem ser levados em consideração:
• Virulência: pode ser considerada como a mortalidade que o agente infeccioso causa.
• Modos de transmissão: os meios mais comuns são a inoculação direta (por acidentes com
agulhas), a inalação de aerossóis, o contato com membranas ou mucosas e a ingestão.
Classe de risco 1: baixo risco individual para o trabalhador e para a coletividade, com baixa
probabilidade de causar doenças ao ser humano. Inclui os agentes biológicos conhecidos por não
causarem doenças em pessoas ou animais adultos sadios.
27
Unidade I
Classe de risco 2: risco individual moderado para o trabalhador e com baixa probabilidade de
disseminação para a coletividade. Pode causar doenças ao ser humano, porém há meios eficazes
de profilaxia ou tratamento. São exemplos das doenças da classe de risco 2 as demonstradas no
quadro a seguir:
Classe de risco 3: risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade de disseminação
para a coletividade. Pode causar doenças e infecções graves ao ser humano, para as quais nem sempre
existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. A transmissão ocorre por via respiratória e causa
patologias humanas ou animais potencialmente letais. No quadro a seguir há exemplos das doenças da
classe de risco 3:
Classe de risco 4: risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade elevada de
disseminação para a coletividade. Apresenta grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a
outro. Pode causar doenças graves ao ser humano, para as quais não existem meios eficazes de profilaxia
ou tratamento. Apresentamos a seguir exemplos das doenças da classe de risco 4:
Ainda de acordo com a NR 32, as imunizações, de acordo com o tipo de profissão e risco, devem ser
ofertadas de maneira gratuita para o profissional:
28
BIOSSEGURANÇA
Lembrete
O risco biológico causa infecções que são caracterizadas pela invasão e
multiplicação de organismos indesejáveis, podendo considerar como objeto de
estudo o paciente, material de pesquisa, alimentos, animais e o meio ambiente.
O risco ergonômico é representado pelo grupo 4, caracterizado pela cor amarela. Nesse caso, são
considerados fatores que possam interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador, afetando
sua saúde ou causando desconforto.
São considerados exemplos de risco ergonômico: esforço físico intenso, levantamento e transporte
manual de peso, controle rígido de produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turnos e
noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia, repetição, ou seja, tudo aquilo que pode causar
estresse físico e mental no indivíduo.
29
Unidade I
Saiba mais
Assista ao filme:
OS TEMPOS modernos. Dir. Charles Chaplin. Estados Unidos: Charles
Chaplin Productions, 1936. 87 minutos.
17.2.2. Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas
por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou
sua segurança.
30
BIOSSEGURANÇA
Devido ao risco ergonômico, é muito comum que o trabalhador adquira LER (Lesões por Esforços
Repetitivos) ou Dort (Doenças Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho). Tais adversidades são
caracterizadas por movimentos repetitivos, em alta frequência e em posição ergonômica incorreta.
Podem causar lesões de estruturas do sistema tendíneo, muscular e ligamentar.
De acordo com a norma técnica do INSS sobre Doença Osteomuscular ou Osteoarticular Relacionada
ao Trabalho - Dort (Ordem de Serviço n. 606/1998):
Uma lesão que merece destaque é a tendinite, causada por um processo inflamatório que acomete
o tendão. Pode ocorrer devido a um esforço repetitivo, limitando e afastando o trabalhador.
31
Unidade I
Já a síndrome do túnel carpal faz diagnóstico diferencial com a LER. É considerada a compressão
mecânica do nervo mediano do punho, limitando a movimentação e causando dor.
A LER pode acometer qualquer pessoa, mas para ser considerada Dort, a doença deve ser adquirida
em decorrência da postura ou do movimento repetitivo devido ao tipo de trabalho.
As LER/Dort são doenças de notificação obrigatória. Quando houver suspeita de sua ocorrência
pelo médico do trabalho, ele deve emitir uma Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) para o INSS,
mesmo que a doença não provoque a incapacitação do trabalhador ou gere o seu afastamento.
Esse comunicado é utilizado pelo INSS para a obtenção de dados relativos aos acidentes do trabalho
e às doenças ocupacionais. O objetivo dessa captação é fornecer informações para o enquadramento
das empresas segundo os graus de risco nos locais de serviço para o cálculo da contribuição da empresa
ao INSS, que é destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência
dos acidentes e também para subsidiar políticas de prevenção e fiscalização das organizações.
Saiba mais
http://www.lerdort.com.br
Os riscos acidentais são do grupo 5, caracterizados pela cor azul. Fazem parte deste risco as ações
que colocam o trabalhador em condição vulnerável, podendo afetar sua integridade e bem‑estar físico
e psíquico.
Alguns exemplos desse risco são: arranjo físico inadequado, operação de máquinas ou equipamentos
sem proteção, iluminação inadequada, eletricidade com problemas ou fios desencapados, probabilidade
de incêndio e explosão.
São os riscos relacionados aos problemas de relacionamento que ocorrem dentro de uma empresa
entre colegas de trabalho ou entre funcionários e patrões. Eles incluem falta de comunicação, falta
de respeito e divergências de opiniões que provoquem mal-estar entre os envolvidos, assédio moral
(incluindo assédio sexual, menosprezar, ridicularizar, inferiorizar, perseguir, discriminar ou acusar
injustamente), bullying etc.
32
BIOSSEGURANÇA
Para diminuir a probabilidade de acidentes, deve‑se identificar e conhecer os riscos que a ocupação
pode trazer. Assim, podem ser implantadas barreiras para minimizar esses acidentes, como o uso de
equipamentos de proteção individual e coletiva.
Exemplo de aplicação
Com a classificação dos riscos, é possível ter uma noção dos perigos que a profissão pode proporcionar.
Observe atentamente o ambiente ao seu redor e classifique os riscos que possam interferir no seu
dia a dia.
Saiba mais
Para detalhes sobre os riscos, leia o anexo II, classificação dos Agentes
Biológicos, da NR 32:
O mapa de risco possui uma grande importância na segurança do trabalhador. É por meio dele
que haverá reconhecimento, avaliação e controle dos riscos que a atividade pode proporcionar ao
profissional. Os mapas são uma representação gráfica dos fatores que estão presentes nos ambientes de
trabalho e eles são classificados de acordo com o grupo de risco estudado.
Inicialmente, realiza‑se uma representação dos locais de trabalho. Depois, são desenhados
círculos de três diâmetros, e estes são caracterizados por intensidade diferentes: riscos pequenos,
médios e grandes.
Os riscos têm origem nos diversos elementos do processo de trabalho, como materiais, equipamentos,
instalações, suprimentos e espaços de trabalho. E a forma de organização do serviço também é
considerada um risco ao funcionário, por exemplo, arranjo físico, ritmo de trabalho, método, postura e
jornada de trabalho.
A realização dos mapas de risco é considerada obrigatória para todas as empresas que tenham Cipa,
por meio da Portaria n. 5, de 17 de agosto de 1992 do Departamento Nacional de Segurança e Saúde do
Trabalhador do Ministério do Trabalho e da Administração (DNSST).
33
Unidade I
Esse documento destaca que é dever da Cipa a elaboração dos mapas de risco nos locais de trabalho.
A Cipa deverá reunir‑se com os profissionais de diferentes setores para discutir quais são os riscos
e quais as medidas necessárias para diminuir essas exposições. Há a necessidade de colaborações de
serviços externos especializados, como os de segurança do trabalho.
M Médio
Bancada
P Pequeno
Gás
Químico
Biológico
Eletroforese e PCR em tempo real
captura de imagem
Ergonômico
Pia Capelas
Acidental
Entrada
a) Reconhecer: identificar, caracterizar, saber apontar quais dos agentes de risco de danos à saúde
estão presentes no ambiente de trabalho, conhecer o processo de trabalho no local analisado;
número de trabalhadores, sexo, idade, treinamentos profissionais e de segurança e saúde, jornada;
instrumentos e materiais de trabalho; atividades exercidas e o ambiente.
b) Avaliar: saber quantificar e verificar, de acordo com determinadas técnicas, a magnitude do risco,
se é maior ou menor, grande ou pequeno, quando comparado com determinados padrões.
De acordo com Hökerberg et al. (2006), a metodologia do mapa de risco tem como objetivo
a implementação e o reforço de medidas de Biossegurança, vigilância em saúde do trabalhador e
34
BIOSSEGURANÇA
qualidade total, uma vez que cria ou reforça uma consciência do risco que todas essas disciplinas
valorizam para modificar esses riscos, sejam capacidades individuais, sejam capacidades coletivas.
Para que o mapa de risco seja efetivo, deve‑se priorizar a identificação dos riscos pelos trabalhadores,
o que implica a discussão coletiva sobre as fontes dos perigos, o ambiente de trabalho e as estratégias
preventivas para reduzi‑los.
Lembrete
A diferença entre os diâmetros dos círculos que caracterizam a intensidade dos riscos no mapa deve
seguir o critério a seguir:
O diâmetro do círculo que representa o risco grave deve ser o dobro do diâmetro do círculo que
representa o risco médio e este deve ser o dobro do diâmetro do círculo que representa o risco leve.
Quando em um ambiente estiverem presentes vários riscos com mesma intensidade, eles podem ser
representados num mesmo círculo, dividindo-o em partes com as cores correspondentes ao risco.
De acordo com a Anvisa, existem quatro níveis de biossegurança: NB1, NB2, NB3 e NB4. Eles são
apontados em ordem crescente, no maior grau de contenção e complexidade do nível de proteção, que
consistem de combinações de práticas e técnicas de laboratório e barreiras primárias e secundárias de
um laboratório.
O responsável técnico pelo laboratório conduz a avaliação dos riscos e direciona a aplicação adequada
dos níveis de biossegurança em função dos tipos de agentes e das atividades a serem realizadas.
35
Unidade I
Corresponde a um nível básico de contenção que, baseado nas práticas padrões de microbiologia, em
que não há indicação de barreiras primárias ou secundárias, com exceção de uma pia para a higienização
das mãos, representam locais para treinamento educacional, treinamentos técnicos e laboratoriais.
Tanto o equipamento de segurança, o projeto das instalações como as práticas são apropriados
para o treinamento educacional secundário ou para o treinamento de técnicos e de professores de
técnicas laboratoriais.
Na porta do laboratório deve existir o símbolo de risco biológico, e deve haver um treinamento
para o uso e identificação de EPI, assim como pias para a limpeza das mãos e equipamentos para a
esterilização de materiais.
Com boas técnicas de microbiologia, os agentes de classe de risco 2 podem ser usados de maneira
segura em atividades conduzidas sobre uma bancada aberta, uma vez que o potencial para a produção
de borrifos e aerossóis é baixo. O vírus da hepatite B, o HIV, a Salmonelia spp. e Toxoplasma spp. são
exemplos de micro‑organismos designados para esse nível de contenção.
O laboratório de NB2 deve atender a todos os requisitos indicados para o NB1, com mais
exigências específicas.
O NB2 é adequado para qualquer trabalho que envolva sangue humano, líquidos corporais, tecidos ou
linhas de células humanas primárias em que a presença de um agente infeccioso possa ser desconhecida.
Embora os organismos rotineiramente manipulados em um NB2 não sejam transmitidos por meio de
aerossóis, os procedimentos envolvendo um alto potencial para a produção de salpicos ou aerossóis que
possam aumentar o risco de exposição desses funcionários devem ser conduzidos com um equipamento
de contenção primária, com dispositivos como a Cabine de Segurança Biológica (CSB) ou os copos de
segurança da centrífuga.
As bancadas de trabalho devem estar engastadas na parede, de modo a não ser possível o acúmulo
de sujidades entre ambas. As pias e os lavatórios devem possuir sistema automático de acionamento.
É preciso utilizar outras barreiras primárias, como os escudos para borrifos, proteção facial, aventais e
luvas. As barreiras secundárias, como pias para higienização das mãos e instalações para descontaminação
de lixo, têm o objetivo de reduzir a contaminação potencial do meio ambiente.
36
BIOSSEGURANÇA
No NB3, enfatizam‑se mais as barreiras primárias e secundárias para a proteção dos funcionários de áreas
contíguas, da comunidade e do meio ambiente contra a exposição aos aerossóis potencialmente infecciosos.
Por exemplo, todas as manipulações laboratoriais deverão ser realizadas em uma cabine de segurança biológica
(CSB) ou em outro equipamento de contenção, como uma câmara hermética de geração de aerossóis. As
barreiras secundárias para esse nível incluem o acesso controlado ao laboratório e sistemas de ventilação que
minimizem a liberação de aerossóis infecciosos do laboratório.
Só devem ser admitidos em um laboratório NB3 funcionários com experiência em NB2.
A manutenção do local deve ser feita por empresas especializadas e com o acompanhamento dos
funcionários do NB3.
Os laboratórios com NB4 são projetados para manipular agentes biológicos com classe de risco 4.
Esses agentes, que possuem uma relação antigênica próxima ou idêntica aos dos agentes do NB4,
também deverão ser manuseados nesse nível. Quando possuímos dados suficientes, o trabalho com
esses agentes deve continuar nesse nível ou em um nível inferior. Os vírus como Marburg ou vírus da
febre hemorrágica Crimeia (Congo) são manipulados no NB4.
Os riscos primários aos trabalhadores que manuseiam agentes desse nível incluem a exposição
respiratória aos aerossóis infecciosos, exposição da membrana mucosa e/ou da pele lesionada às
gotículas infecciosas e a autoinoculação.
37
Unidade I
O sistema de ar‑condicionado deve oferecer pressão negativa do ar dentro do prédio, para garantir
que, em caso de vazamento, o ar interno não saia do edifício. O acesso às áreas controladas deve ser
feito por portas duplas e antessala com controle da pressurização do ambiente.
O quadro a seguir apresenta o resumo dos níveis de biossegurança recomendados para agentes
infecciosos, segundo orientação contida na publicação do CDC do Departamento de Saúde e Serviços
Humanos dos Estados Unidos, biossegurança em Laboratórios Biomédicos e de Microbiologia, traduzida
pelo Ministério da Saúde/Fundação Nacional de Saúde.
Instalações
NB Agentes Práticas Equipamento de segurança (barreiras secundárias)
Que não são conhecidos Práticas padrão de Bancadas abertas com pias
1 por causarem doenças em Não são necessários.
adultos sadios. microbiologia. próximas.
38
BIOSSEGURANÇA
As doenças ocupacionais representam um risco biológico e um desafio nas profissões em que existe
tal risco. É preciso identificá‑lo e inserir barreiras e métodos de imunização para limitá‑lo.
Para que ocorra a doença ou a infecção, é necessário que haja um grau de contaminação do patógeno
e uma maior virulência dele, ou seja, quanto maior a patogenicidade da doença, mais ela pode acometer
o indivíduo. Esse indivíduo pode apresentar resistência à doença, por isso a importância dos métodos de
imunização, quando existentes.
• Vias de transmissão: contato com secreções, inalação (partículas no ar) e inoculação (exposição
devido a um corte com material infectado).
As vias de transmissão ainda são classificadas em: direta – projeção de gotículas em mucosas, inoculação
acidental e abrasão da pele; indireta – é necessário haver um veículo ou vetor para ocorrer a infecção.
Exemplo:
Os instrumentais ou artigos utilizados podem conter fômites, que são sujidades que abrigam
micro‑organismos. Se não forem limpos e esterilizados, podem transmitir infecção para o indivíduo.
Outro exemplo são os insetos, considerados como vetores, pois transmitem micro‑organismos que
se transformam em doenças para o homem.
Outro conceito importante em relação à infecção cruzada é a classificação do indivíduo que pode
propagar a infecção:
• Portador: indivíduo com micro‑organismo específico, mas que não apresenta o quadro clínico da doença.
Exemplo: um indivíduo com o vírus HVB (hepatite B) pode não apresentar manifestações da doença,
porém quando realizado um exame sorológico, constata‑se que ele apresenta o vírus no organismo.
• Disseminador: indivíduo que possui a doença e seu quadro clínico e que pode eliminar o
micro‑organismo no meio ambiente e transmiti‑lo a outras pessoas.
Exemplo: indivíduos com o vírus da H1N1 podem eliminá‑lo por meio de gotículas no ar e
transmiti‑los a outras pessoas.
39
Unidade I
Saiba mais
Todas as pessoas que trabalham, em algum momento, se deparam com situações e/ou momentos de
estresse relacionados à atividade laboral. No entanto, falar de estresse não é tão simples. É um problema
de difícil reconhecimento, ao qual muitas vezes as pessoas não dão a devida importância, pois acreditam
ser uma situação normal e corriqueira no ambiente de trabalho. Mas e quando ele se torna um problema
grave ou, mais ainda, uma doença?
O amplo aumento das doenças ocupacionais pode estar relacionado com diversos fatores, como
ritmo de trabalho exacerbado, grandes exigências, muita responsabilidade, cobranças excessivas e metas
inatingíveis. Os fatores de insegurança social e econômica e o consequente medo de perder o emprego
podem aumentar ainda mais o risco de desenvolver essas doenças. É possível acrescentar também
fatores ligados à violência e à criminalidade, que infelizmente estão presentes em vários campos de
trabalho, como escolas, bancos e estabelecimentos comerciais.
40
BIOSSEGURANÇA
Além da exaustão emocional e muitas vezes física, as pessoas se sentem infelizes consigo mesmas,
insatisfeitas com o trabalho e com o seu desenvolvimento profissional, duvidando da capacidade de
desempenhar bem a sua função. Podem apresentar também insônia, irritabilidade, ansiedade, apatia,
angústia, depressão, tremores, entre outros sintomas.
Qualquer categoria profissional está sujeita a desenvolver a SB, porém alguns estudos mostram uma
prevalência em profissionais da saúde e professores – de maneira mais específica, em trabalhadores
que lidam diretamente com pessoas, por conta disso mais expostos a fatores que contribuem para o
desenvolvimento do estresse profissional.
O tratamento dessa síndrome pode se dar por meio de uma atuação multiprofissional, interdisciplinar e
intersetorial, a qual vai depender dos sintomas que cada profissional apresenta, da sua rede de apoio e das
estratégias de enfrentamento que ele possui, tendo como objetivo a melhora da qualidade de vida desse
indivíduo. Pode‑se recorrer a medicamentos, tratamentos psicológicos e/ou psiquiátricos, afastamento do
trabalho, melhoria das condições de trabalho (quando possível) e inclusão de momentos de lazer, como
atividade física, ioga ou meditação.
3.8.3 Cipa
A Cipa tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo
a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do
trabalhador. As empresas devem constituir a Cipa de acordo com a atividade econômica e o número
de funcionários.
A formação de uma Cipa é obrigatória para todas as organizações. Tal comissão é responsável por
tratar de questões sobre a segurança do trabalho e de todos os trabalhadores, independentemente
do vínculo empregatício. Por exemplo, em empresas públicas que tenham funcionários estatutários
(concursados), celetistas, terceirizados e autônomos em seu quadro de funcionários, todos eles são
cobertos pela ação da Cipa.
A NR 5 faz diferenciação entre trabalhadores e empregados. Empregados são aqueles que têm algum
tipo de vínculo de emprego, e trabalhadores são todos os indivíduos que executam atividades dentro da
empresa, o que inclui os terceirizados e prestadores de serviço.
A Cipa tem mandato de um ano. Possui um número igual de representantes do empregador (indicados
pela empresa) e de representantes dos empregados (eleitos).
41
Unidade I
• Indicar situações de risco e apresentar sugestões para a melhoria das condições de trabalho.
O presidente da Cipa deve ser escolhido pela empresa dentre os membros por ela indicados, e o
vice‑presidente deve ser eleito dentre os representantes eleitos titulares.
A organização que possuir em um mesmo município dois ou mais estabelecimentos deverá garantir
a integração da Cipa e dos designados, conforme o caso, com o objetivo de harmonizar as políticas de
segurança e saúde no trabalho.
Saiba mais
42
BIOSSEGURANÇA
Lembrete
3.8.4 SESMT
Sua formação é realizada de acordo com a atividade econômica, levando em consideração o grau de
risco e o número de empregados.
• Médico do trabalho.
• Enfermeiro do trabalho.
• Auxiliar de enfermagem.
43
Unidade I
Observação
Dentro das Normas Regulamentadoras da Segurança do Trabalho, temos que lembrar da NR1, que
estabelece o campo de aplicação de todas as Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do
Trabalho, e os direitos e obrigações do Governo, dos empregadores e dos empregados.
NR 5: trata sobre a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) e que tem contato estreito e
permanente com o SESMT.
4 LEGISLAÇÃO EM BIOSSEGURANÇA
A biossegurança é uma disciplina nova, surgida no século XX, voltada para o controle e a minimização
de riscos advindos da prática de diferentes ramos do conhecimento humano relacionados à saúde e ao
meio ambiente, seja em laboratório, produção de alimentos ou quando aplicadas a trabalhos de campo.
A biossegurança é regulada em vários países no mundo por um conjunto de leis, procedimentos ou
diretivas específicas.
No Brasil, a primeira legislação de biossegurança foi criada em 1995, enfocando apenas questões
relacionadas com a engenharia genética, que é a tecnologia do DNA ou RNA recombinante, estabelecendo
44
BIOSSEGURANÇA
Com relação ao aspecto relacionado ao trabalhador em sua atividade cotidiana, as normas tradicionais
de segurança laboratorial enfatizam o uso de boas práticas de trabalho, equipamentos de contenção
adequados, dependências bem projetadas e controles administrativos que minimizem os riscos de uma
infecção acidental ou ferimentos em trabalhadores de laboratório, e ainda que evitem a contaminação
do meio ambiente.
Porém, medidas de biossegurança específicas precisam ser discutidas e adotadas por laboratórios de
pesquisa, aliadas a um amplo plano de educação baseado nas normas nacionais e internacionais quanto
ao transporte, à conservação e à manipulação de microrganismos geneticamente modificados e seus
produtos derivados.
Embora os laboratórios clínicos e de pesquisas possam conter uma variedade de materiais biológicos,
químicos e radioativos perigosos, até o momento existem poucos relatórios sobre o uso intencional de
quaisquer desses materiais de forma a causar prejuízos a outros.
Entretanto, há uma crescente preocupação sobre o possível uso de materiais biológicos, químicos e
radioativos como agentes para o terrorismo. Em resposta a essas preocupações, há normas que orientam
essas questões de segurança laboratorial, como a prevenção da entrada de pessoas não autorizadas em
áreas laboratoriais e da remoção não autorizada de agentes biológicos perigosos, entre outras.
4.1 Conceito
A partir daí, o termo biossegurança foi sofrendo alterações. Na década de 1970, a Organização
Mundial da Saúde a definia como “práticas preventivas para o trabalho com agentes patogênicos para
o homem” (WHO, apud COSTA; COSTA, 2002). O foco voltava-se para a saúde do trabalhador frente aos
riscos biológicos no ambiente ocupacional. Já na década de 1980, a própria OMS incorporou a essa
definição os chamados riscos periféricos presentes em ambientes laboratoriais que trabalhavam com
agentes patogênicos para o homem, como os riscos químicos, físicos, radioativos e ergonômicos.
45
Unidade I
Nos anos 1990, verificamos que a definição de biossegurança sofreu mudanças significativas. Em
um seminário realizado no Instituto Pasteur, em Paris, foi observada a inclusão de temas como ética
em pesquisa, meio ambiente, animais e processos envolvendo tecnologia de DNA recombinante, em
programas de biossegurança (COSTA; COSTA, 2002).
4.2 Histórico
No Brasil, por iniciativa do então senador Marco Antônio Maciel, um projeto de lei envolvendo a
biossegurança foi submetido à aprovação do Congresso Nacional em 1989.
O conhecimento e o interesse por essa área, no entanto, só foram fortalecidos com a Convenção
sobre a Diversidade Biológica, aprovada em 1992 durante a Conferência das Nações Unidas para o
Meio Ambiente, popularmente conhecida como Eco 92 ou Rio 92. Um maior interesse por normas
definidas para o manuseio e uso de organismos geneticamente modificados (OGM), mais conhecidos
como organismos transgênicos, partiu de instituições de pesquisa que desenvolviam atividades de
engenharia genética.
Foi formado um grupo de trabalho que incluía a Embrapa, a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e a
Associação Brasileira de Empresas de Biotecnologia (Abrabi) para acompanhar as discussões do Projeto
de Lei de biossegurança no Congresso Nacional, com o apoio do seu relator na Câmara dos Deputados,
o deputado Sérgio Arouca. O resultado desse trabalho, que também contou com o apoio de empresas
privadas, culminou com a aprovação da Lei de biossegurança em dezembro de 1994, a qual veio a ser a
primeira lei sancionada pelo então presidente da república Fernando Henrique Cardoso, a Lei n. 8.794,
de 6 de janeiro de 1995. O decreto regulamentador da lei, Decreto n. 1.974, elaborado por uma comissão
interministerial presidida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, foi publicado em dezembro de 1995.
Porém, por não abordar assuntos polêmicos, como o uso terapêutico de células-tronco embrionárias
e a autorização para o uso comercial de alimentos transgênicos, a Lei n. 8.794/95 foi revogada e
substituída pela Lei n. 11.105, de 24 de março de 2005.
46
BIOSSEGURANÇA
Esta lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo,
a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a
pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de OGMs e seus
derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia,
a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal e a observância do princípio da precaução para a
proteção do meio ambiente.
Ela regulamenta os incisos II, IV e V do § 1, do art. 225 da Constituição Federal. Esse artigo diz
que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988).
No artigo das definições, a Lei n. 11.105/2005 explica diversos termos técnicos como:
• Organismo: toda entidade biológica capaz de reproduzir ou transferir material genético, inclusive
vírus e outras classes que venham a ser conhecidas.
• ADN e ARN: material genético que contém informações determinantes dos caracteres hereditários
transmissíveis à descendência.
• ADN/ARN recombinante: as moléculas manipuladas fora das células vivas mediante a modificação
de segmentos de ADN/ARN natural ou sintético e que possam multiplicar‑se em uma célula viva,
ou ainda as moléculas de ADN/ARN resultantes dessa multiplicação; consideram-se também os
segmentos de ADN/ARN sintéticos equivalentes aos de ADN/ARN natural.
47
Unidade I
Esta lei não se aplica quando a modificação genética for obtida por meio de diversas técnicas de
manipulação celular, desde que não impliquem a utilização de OGM como receptor ou doador.
Note que, para ser um OGN, o organismo deve ser resultado de técnicas utilizando ADN/ARN recombinante.
IV – clonagem humana;
48
BIOSSEGURANÇA
Saiba mais
Compete ao CNBS:
I – fixar princípios e diretrizes para a ação administrativa dos órgãos e entidades federais;
A CTNBio é o órgão que acompanha o desenvolvimento e o progresso técnico e científico nas áreas
de biossegurança, biotecnologia, bioética e afins, com o objetivo de aumentar a capacitação para a
proteção da saúde humana, dos animais e das plantas e do meio ambiente.
A CTNBio é o órgão que acompanha o desenvolvimento e o progresso técnico e científico nas áreas
de biossegurança, biotecnologia, bioética e afins, com o objetivo de aumentar sua capacitação para a
proteção da saúde humana, dos animais e das plantas e do meio ambiente.
c) Ministério da Saúde;
50
BIOSSEGURANÇA
g) Ministério da Defesa;
Compete à CTNBio:
52
BIOSSEGURANÇA
Resumo
53
Unidade I
54
BIOSSEGURANÇA
Exercícios
Questão 1. (Sanepar 2004, adaptada). Os riscos ocupacionais são classificados em grupos de acordo
com sua natureza. As cores correspondem a cada um dos riscos ocupacionais. Considerando essa
informação, enumere a coluna da direita com base nos riscos listados na coluna da esquerda.
Assinale a alternativa que contém a sequência correta da coluna da direita, de cima para baixo:
A) 5, 2, 1, 3, 4.
B) 4, 3, 1, 5, 2.
C) 1, 4, 3, 2, 5.
D) 2, 3, 5, 1, 4.
E) 3, 2, 4, 5, 1.
Análise da questão
Os riscos de acidentes sempre são simbolizados pela cor azul; os riscos químicos, pela cor
vermelha; os riscos físicos, pela cor verde; os riscos biológicos, pela cor marrom; os riscos
ergonômicos, pela cor amarela.
57
Unidade I
Acerca da engenharia genética e de sua relação com o ambiente, assinale a alternativa correta:
B) Atividades e projetos que envolvam OGMs e seus derivados somente podem ser desenvolvidos por
pessoas físicas ou entidades de direito público ou privado que se dediquem à pesquisa científica,
ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial.
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa correta.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: para fins de pesquisa e terapia, podem-se utilizar células-tronco embrionárias obtidas
de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento.
Segundo a legislação, devem ser atendidas as seguintes condições: I – sejam embriões inviáveis;
ou II – sejam embriões congelados há 3 anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já
congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 anos, contados a partir da data
de congelamento. § 1. Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores. § 2. Instituições
de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia com células-tronco embrionárias
humanas deverão submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em
pesquisa. § 3. É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo e sua prática
implica o crime tipificado no art. 15 da Lei n. 9.434, de 4 de fevereiro de 1997.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: a destruição e o descarte no meio ambiente de OGM e seus derivados são proibidos
se estiverem em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos e entidades de
registro e fiscalização.
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