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Cozinha Internacional II

Autor: Prof. Roberto Moraes Neto


Colaboradores: Prof. Rodrigo Stolf
Prof. Welliton Donizeti Popolim
Professor conteudista: Roberto Moraes Neto

Graduado em Gestão de Negócios Turísticos pela Universidade Anhembi Morumbi (2006). MBA em Marketing
Geral/Produtos pela Universidade Anhembi Morumbi (2008). Pós‑graduação lato sensu em Educação a Distância
pela Universidade Paulista (2009), Gastronomia pela Universidade Paulista (2012), Administração de Empresas pela
Universidade Anhembi Morumbi (2014) e Pós‑graduação em Confeitaria e Panificação pela Universidade Anhembi
Morumbi (cursando).

Trabalha, atualmente, com produção de conteúdo e docência em disciplinas como: Cozinha Internacional,
Confeitaria, Habilidades Básicas de Cozinha, Café da Manhã e Cozinha de Carnes e Aves. Apresenta, periodicamente,
pautas gastronômicas nas emissoras Gazeta e TV Bandeirantes.

Atuou como coordenador pedagógico nacional de polos no Departamento de Educação a Distância da Laureate
International Universities de 2015 a 2017. Participou do processo de credenciamento e reconhecimento de cursos,
credenciamento, abertura e treinamento das equipes de polo e acompanhamento das visitas de comissões de avaliação
do Ministério da Educação (MEC). Também atuou como coordenador de tutoria on‑line e presencial na Universidade
Anhembi Morumbi de 2013 a 2015. Possui experiência como tutor e líder de tutoria comprovadas pelo Departamento
de Educação a Distância da Universidade Paulista de 2007 a 2013.

Em julho de 2015, foi contemplado com uma bolsa de estudos intercambista na Santa Fe University of Arts and
Design (EUA).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

M827c Moraes Neto, Roberto.

Cozinha Internacional II. / Roberto Moraes Neto. – São Paulo:


Editora Sol, 2018.

192 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIV, n. 2-008/18, ISSN 1517-9230.

1. Cozinha internacional. 2. Oriente Médio. 3. Países nórdicos.


I. Título.
CDU 641.5

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
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Unip Interativa – EaD

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Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
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Material Didático – EaD

Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Aline Ricciardi
Kleber Nascimento
Sumário
Cozinha Internacional II

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................9

Unidade I
1 ORIENTE MÉDIO................................................................................................................................................ 11
2 PRATOS DO ORIENTE MÉDIO....................................................................................................................... 14
2.1 Tabule......................................................................................................................................................... 14
2.2 Coalhada fresca...................................................................................................................................... 15
2.3 Arroz árabe............................................................................................................................................... 16
2.4 Mjadra (arroz com lentilha e cebola caramelizada)................................................................ 18
2.5 Mahalabie (manjar libanês)............................................................................................................... 18
2.6 Coalhada seca......................................................................................................................................... 20
2.7 Muhamra (pasta de pimentão vermelho)................................................................................... 21
2.8 Babaganush (pasta de berinjela com tahine)............................................................................ 23
2.9 Molho de tahine.................................................................................................................................... 24
2.10 Homus (pasta de grão‑de‑bico com tahine)........................................................................... 25
2.11 Fattoush (salada de verduras com pão torrado)..................................................................... 26
2.12 Fattet (músculo com pão torrado e coalhada)....................................................................... 28
2.13 Mamoul de tâmaras........................................................................................................................... 29
2.14 Arroz chairie (acompanhamento do quibe na coalhada)................................................... 31
2.15 Quibe........................................................................................................................................................ 31
2.16 Quibe de assadeira............................................................................................................................. 36
2.17 Mhamasa (recheio do quibe frito e de assadeira)................................................................. 38
2.18 Kafta modelada................................................................................................................................... 39
2.19 Molho de tomate (para kafta de forno).................................................................................... 41
2.20 Ataief....................................................................................................................................................... 42
2.21 Abobrinha recheada........................................................................................................................... 44
2.22 Charuto de folha de uva.................................................................................................................. 46
2.23 Charuto de folha de repolho.......................................................................................................... 47
2.24 Caldo árabe.................................................................................................................................................... 48
2.25 Peixe taratour....................................................................................................................................... 49
2.26 Esmallye (doce de macarrãozinho com nata)......................................................................... 50
2.27 Esfiha aberta......................................................................................................................................... 52
2.28 Esfiha fechada...................................................................................................................................... 55
2.29 Rist lauz (doce de semolina com amêndoas).......................................................................... 58
Unidade II
3 NORTE DA ÁFRICA........................................................................................................................................... 63
4 PRATOS DO NORTE DA ÁFRICA................................................................................................................... 65
4.1 Tanjia marrakchia.................................................................................................................................. 65
4.2 Falafel (bolinhos de grão‑de‑bico e fava)................................................................................... 66
4.3 Molho tahine........................................................................................................................................... 68
4.4 Pernil de cordeiro assado com ratatouille................................................................................... 68
4.5 Conserva marroquina de limão‑siciliano.................................................................................... 70
4.6 Tajine de frango com limão‑siciliano............................................................................................ 71
4.7 Couscous................................................................................................................................................... 73
4.8 Filé de peixe com harissa................................................................................................................... 73
4.9 Pastilla........................................................................................................................................................ 75
4.10 Laranja marroquina............................................................................................................................ 77

Unidade III
5 PAÍSES NÓRDICOS........................................................................................................................................... 82
6 PRATOS DOS PAÍSES NÓRDICOS................................................................................................................ 83
6.1 Dinamarca................................................................................................................................................ 83
6.1.1 Rolinhos de salmão com presunto................................................................................................... 84
6.1.2 Salmão dinamarquês.............................................................................................................................. 85
6.1.3 Molho dinamarquês (para fondue)................................................................................................... 86
6.1.4 Morangos com requeijão e baunilha............................................................................................... 87
6.1.5 Tarte dinamarquesa de maçã (frugtkage)...................................................................................... 88
6.2 Noruega..................................................................................................................................................... 90
6.2.1 Salada norueguesa.................................................................................................................................. 91
6.2.2 Bavaroise de frutas silvestres.............................................................................................................. 91
6.2.3 Donuts.......................................................................................................................................................... 92
6.2.4 Presunto gratinado com molho de uvas........................................................................................ 94
6.2.5 Sopa de castanhas................................................................................................................................... 95
6.2.6 Vinagrete de mostarda.......................................................................................................................... 96
6.3 Suécia......................................................................................................................................................... 97
6.3.1 Köttbullar.................................................................................................................................................... 99
6.3.2 Pão sueco..................................................................................................................................................101
6.3.3 Gravad lax.................................................................................................................................................102
6.3.4 Bolo varmland.........................................................................................................................................104
6.3.5 Rolinhos suecos......................................................................................................................................105

Unidade IV
7 LESTE EUROPEU..............................................................................................................................................111
8 PRATOS DO LESTE EUROPEU.....................................................................................................................112
8.1 Rússia.......................................................................................................................................................112
8.1.1 Baklava.......................................................................................................................................................113
8.1.2 Blinis demidoff........................................................................................................................................115
8.1.3 Borani de vegetais.................................................................................................................................116
8.1.4 Borsch.........................................................................................................................................................118
8.1.5 Chachlick à maneira tártara.............................................................................................................. 119
8.1.6 Colodetsi (geleia salgada)...................................................................................................................119
8.2 Turquia.....................................................................................................................................................120
8.2.1 Kremalı mantar çorbası (sopa de cogumelo cremoso).......................................................... 122
8.2.2 Tavuklu mercimek çorbası (sopa de lentilha vermelha com frango)............................... 123
8.2.3 Yogurt çorbası (sopa de iogurte).................................................................................................... 124
8.2.4 Kremalı sebze çorbası (sopa de legumes cremoso)................................................................. 125
8.2.5 Domates çorbası (sopa de tomate)................................................................................................ 126
8.2.6 Asçı salatası (salada de cozinheiro)............................................................................................... 127
8.2.7 Enginar salatası (salada de alcachofra)....................................................................................... 128
8.2.8 Yogurtlu patlıcan salatası (salada de berinjela com iogurte)............................................. 129
8.2.9 Etimekli sebze salatası (salada de legumes com torrada).................................................... 130
8.2.10 Piyaz (salada de feijão-branco miúdo).......................................................................................131
8.2.11 Çoban salatası (salada do pastor).......................................................................................................... 132
8.2.12 Bademli üzümlü pilav (arroz com amêndoa e uva‑passa)................................................ 133
8.2.13 Domatesli pilav (arroz com tomate)........................................................................................... 134
8.2.14 Etli pirinç pilavı (arroz com carne).............................................................................................. 135
8.2.15 Mercimekli bulgur pilavı (plaf de trigo com lentilhas)........................................................ 136
8.2.16 Sehriyeli pirinç pilavı (arroz com cabelo‑de‑anjo)............................................................... 137
8.2.17 Atlicanli pilav (arroz com berinjela)............................................................................................ 138
8.2.18 Mantarlı havuçlu pilav (arroz com cogumelo e com cenoura)....................................... 139
8.2.19 Perde pilavı............................................................................................................................................ 140
8.2.20 Iç Pilav......................................................................................................................................................141
8.2.21 Güveç pilavı (arroz na panela de barro).................................................................................... 143
8.2.22 Zeytinyagli taze fasulye (vagem em azeite)............................................................................ 144
8.2.23 Zeytinyagli pazı (acelga com arroz)............................................................................................ 145
8.2.24 Kadınbudu köfte (almôndegas pernas da mulher)............................................................... 146
8.2.25 Fırında patatesli levrek (robalo com batatas ao forno)....................................................... 147
8.2.26 Kalbura bastı......................................................................................................................................... 148
8.2.27 Çilekli kazandibi.................................................................................................................................. 149
8.2.28 Aşure (doce de Noé)......................................................................................................................... 150
8.2.29 Chachi kebassi..................................................................................................................................... 152
8.2.30 Filés de bacalhau à turca................................................................................................................. 152
8.2.31 Linguado à moda do mediterrâneo............................................................................................ 153
8.2.32 Spetsofai................................................................................................................................................ 154
8.3 Hungria....................................................................................................................................................156
8.3.1 Czusztatt palavzinta............................................................................................................................ 157
8.3.2 Fígado de frango à Godollo.............................................................................................................. 158
8.3.3 Porkolt de carpa.................................................................................................................................... 159
8.3.4 Sopa goulash.......................................................................................................................................... 160
8.3.5 Tarhonya....................................................................................................................................................161
8.4 Polônia.....................................................................................................................................................162
8.4.1 Charutos com folhas de repolho.................................................................................................... 163
8.4.2 Borsch........................................................................................................................................................ 165
8.4.3 Sonhos pacczki...................................................................................................................................... 166
8.4.4 Bolo polonês........................................................................................................................................... 168
8.4.5 Sopa de beterraba polonesa (barszcz).......................................................................................... 168
8.4.6 Barszcz burakowy (caldo de beterraba)........................................................................................170
8.4.7 Pierogi (pastel cozido típico polonês)...........................................................................................171
8.4.8 Sopa de pepinos.................................................................................................................................... 172
8.4.9 Zupa watrobiana................................................................................................................................... 173
APRESENTAÇÃO

A disciplina Cozinha Internacional II, como continuação de Cozinha Internacional I, apresenta


os principais pratos e preparações da gastronomia regional de diferentes países e continentes.
Aborda a cozinha em especial dos países nórdicos, do Leste Europeu, de alguns países da África e
do Oriente Médio.

O intuito da disciplina é proporcionar uma visão geral dos hábitos alimentares dos diversos
povos formadores da gastronomia mundial, além de apresentar os conhecimentos necessários para
planejamento, organização e execução dos pratos da culinária internacional.

A disciplina permitirá o conhecimento da cozinha internacional dos principais países e as contribuições


que ofereceram à gastronomia mundial.

Você aprenderá a reconhecer ingredientes clássicos da cozinha internacional e a elaborar,


especificamente, pratos relacionados aos países africanos (como Marrocos e Tunísia), da Europa (como
Rússia e Turquia), do Oriente Médio e os países nórdicos (como Dinamarca e Noruega).

INTRODUÇÃO

A arte de cozinhar foi evoluindo ao longo da história da sociedade, sendo envolvida pelos regionalismos.

A distinção entre a cozinha caseira e a preparada por chefs profissionais já é de longa data. Estudiosos
afirmam que desde a origem dos restaurantes, a elaboração começou a se diferenciar. Os restaurantes
modernos originaram‑se na época da Revolução Francesa, no fim do século XVIII.

Após a Revolução, muitos chefs que trabalhavam em mansões ficaram desempregados. Com isso,
surgiu a necessidade de desenvolver uma gastronomia mais tecnificada, que valorizasse a elaboração do
alimento no seu preparo e na sua forma de apresentar e servir. Essa era a demanda dos novos restaurantes.

A antiga culinária camponesa, mesmo sendo muito saborosa, não era flexível o suficiente para o
preparo de vários pratos ao mesmo instante e com a eficiência que requerem os estabelecimentos
comerciais. Essa ideia ultrapassou os séculos e permanece atualmente, pois os chefs desenvolvem cada
vez mais métodos e técnicas para aprimorar o serviço e aumentar a rentabilidade dos negócios.

A gastronomia reflete, além dos aspectos culturais e da agricultura local, a religiosidade


de um povo. A carne de vaca é tabu entre os hindus, enquanto a de porco é proibida entre os
muçulmanos e judeus.

A gastronomia internacional é elaborada de acordo com os ingredientes, as técnicas culinárias e os


utensílios característicos de cada região. Com o desenvolvimento tecnológico e as formas de organização
social, ocorreu uma maior incidência de pessoas trabalhando longe de casa ou tendo mais horas de
trabalho. Devido a isso, a sociedade passou a se alimentar com mais frequência fora de casa, sendo mais
exigente com relação à qualidade dos alimentos e à segurança alimentar.
9
A culinária internacional é diferente, rica em novidades e sabores desconhecidos. Vale a pena investir
nesse mercado que conquista cada vez mais adeptos.

Figura 1 – Grãos, castanhas, frutas secas, doces e especiarias facilmente


encontradas em mercados da Turquia e outros países vizinhos

10
COZINHA INTERNACIONAL II

Unidade I
1 ORIENTE MÉDIO

No Oriente Médio, o idioma árabe é o símbolo principal da unidade cultural. O islamismo estabelece
também outro grande vínculo.
Atualmente há mais de 200 milhões de árabes que vivem no Oriente
Médio e no norte da África, em 22 países: Líbano, Síria, Egito, Iraque, Líbia, Mauritânia, Arábia Saudita,
Palestina, Etiópia, Catar, Bahrein, Jordânia, Sudão, Tunísia, Marrocos, Iêmen, Kuwait, Argélia, Eritreia,
Somália, Omã e Emirados Árabes Unidos.

Figura 2 – Império Otomano

Quando se fala em árabe no Brasil, fala‑se principalmente dos originários da Síria ou do Líbano, maior
fonte dos imigrantes que começaram a chegar aqui por volta de 1880. Todas as iguarias e quitutes que
os brasileiros aprenderam a identificar como cozinha árabe foram trazidos por esses imigrantes. Iremos
enfocar os temperos e pratos desses dois países árabes.

Apesar dessa identidade, houve, e ainda há, no Brasil, muita confusão gerada na época em que
o Império Otomano dominou esses países, fazendo com que os imigrantes árabes chegados aqui até
1917 fossem erradamente classificados como turcos (quando, na verdade, os turcos são outro povo –
otomanos –, com língua e cultura próprias), cabe aqui falar também que o Irã não é um país árabe, pois
seu povo é de origem persa.

11
Unidade I

Um dos grandes orgulhos do povo árabe ocorre em torno da comida, cabendo às mulheres a função
de prover o alimento. O melhor elogio que alguém pode receber quando está servindo um prato a um
árabe é: “quase tão bom quanto o de minha mãe”.

Para os árabes, o ato de comer e de oferecer comida significa demonstração de afeto, uma marca
registrada desse povo, que sempre faz questão de tratar e alimentar muito bem seus convidados.
Os visitantes devem provar de tudo um pouco, pois recusar algo pode ser considerado um gesto
de ofensa.

A culinária árabe é uma arte refinada, com muitos aromas, temperos e ervas. Uma típica refeição
árabe começa com o mezze, ou seja, são servidos diversos antepastos, potes com nozes, pães, vegetais
em conserva, ou até mesmo uma refeição completa com salada, mariscos, grelhados, espetinhos de
carne e sobremesas. Trata‑se de uma “refeição” social, para que os amigos e família apreciem as iguarias
e conversem durante o evento.

Os cereais são comumente usados nas preparações: trigo, lentilhas, grão‑de‑bico, favas,
semolina e gergelim.
O pão está sempre presente, muitas vezes, substituindo os talheres, servindo
como invólucro para saladas, pastas e carnes. É muito comum ser temperado com azeite e zátar,
um típico tempero da região semelhante ao tomilho.
Dentre as carnes, destacam‑se o cabrito e
o carneiro. Os peixes são geralmente grelhados na brasa e temperados apenas com alho, suco de
limão e azeite.

O arak é uma bebida alcoólica com sabor de anis, surgiu como substituta do absinto quando este se
tornou ilegal. O café é outra bebida comum, servido durante todo o dia; é forte, espesso e, geralmente,
muito adoçado, podendo também ser aromatizado com hel (cardamomo).

Observação

Segundo a tradição árabe de recepcionar bem, quando um


convidado chega à residência ou a um estabelecimento comercial,
imediatamente, lhe é oferecido um café, por mais rápida que seja a
visita e em quaisquer circunstâncias.

A seguir, alguns ingredientes, temperos e especiarias:

Água de rosas e água de flor de laranjeiras (mai ward e mazaar): são duas essências árabes
usadas em doces e alguns pratos salgados (carneiro, tripa cheia).

Canela (irfa): usada tanto em pó como em rama nos doces e salgados.

Cardamomo (hel):
delicioso aromatizante no café, biscoitos e salgados.

Cominho (kamun): utilizado em saladas e pratos salgados.


12
COZINHA INTERNACIONAL II

Fava (full): para fazer o delicioso falafel, saladas e ensopados.

Gergelim (somsom): tanto nos pratos salgados como nos doces.

Hortelã (naaná): Saladas, coalhadas, quibe etc.

Almíscar (miski): substância odorífera segregada pelo almiscareiro, planta da família das estiracáceas.

Melaço de romã (dibs romen): realça o sabor agridoce, muito utilizado em saladas, esfihas, quibe.

Pimenta síria (ba‑har): tem sabor picante e é um dos mais importantes ingredientes do quibe,
da esfiha e da culinária árabe em geral. É composta de pimenta‑da‑jamaica, pimenta‑do‑reino preta,
canela, cravo e noz‑moscada.

Snoubar: é muito sofisticado e caro. Utilizado em recheios principalmente.

Trigo (bourgol): utilizado em diversos pratos e de vários tipos: trigo inteiro, mais utilizado em
sopas; 
trigo grosso, como substituto do arroz e usado também em pratos com coalhada; trigo fino, para
quibes e saladas.

Zátar: mistura utilizada em saladas, massas assadas, e pães. É composta de sumac, gergelim
e tomilho.

Sumac: com folhas que assumem uma linda cor vermelha no outono, o sumac é um arbusto
altamente decorativo, cresce como planta selvagem por todo o Oriente Médio, enquanto, no
Ocidente, os cultivadores o consideram apenas ornamental. Os cozinheiros do Líbano, Síria e
Irã têm em grande conta as espigas das brilhantes bagas vermelhas, que produzem essas bagas
(quando secas, têm cor vermelho‑tijolo e são usadas inteiras ou moídas, em grande número de
pratos). As bagas são amargas e têm sabor bastante adstringente e acidez própria da fruta, mas
sem a aspereza do vinagre ou do sumo do limão. Foi usada pelos romanos antes dos limões terem
chegado à Europa.

Saiba mais

Você pode encontrar mais informações sobre especiarias e suas


respectivas receitas no livro:

LINGUANOTTO NETO, N. Dicionário gastronômico: ervas e especiarias


com suas receitas. São Paulo: Gaia, 2006.

13
Unidade I

Figura 3 – Especiarias típicas do Oriente Médio

2 PRATOS DO ORIENTE MÉDIO

2.1 Tabule

Tabule é um prato libanês de salada, frequentemente degustado como um aperitivo. É feito


principalmente de triguilho, tomate, cebola, salsa, hortelã e outras ervas, com suco de limão, pimenta e
vários temperos.

Ingredientes

15 g de trigo fino escuro para quibe

½ maço de salsa fresca picada

½ maço de hortelã fresca picada

Cebolinha fresca em chiffonade quanto baste

10 g de cebola‑pera em brunoise

150 g de tomate‑débora maduro e firme, com pele, sem sementes e cortado em cubos
pequenos

¼ do maço de alface americana em chiffonade

½ limão‑tahiti (suco)

25 ml de azeite extravirgem

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COZINHA INTERNACIONAL II

Sal refinado quanto baste

Pimenta‑da‑jamaica quanto baste

Para degustação:

4 folhas de alface americana

1 pão árabe

Modo de preparo

1. Lavar o trigo e espremer bem com as mãos até retirar toda a água.

2. Misturar o trigo, a salsa, a hortelã, a cebolinha, a cebola, o tomate e a alface.

3. Temperar com suco de limão, azeite, sal e pimenta‑da‑jamaica.

4. Servir acompanhado de folhas de alface.

2.2 Coalhada fresca

A coalhada é um alimento lácteo natural, muito consumido em todo o mundo, cuja produção se dá
através da fermentação natural ou estimulada pelo leite. Tal coagulação do leite pode ser obtida usando
uma enzima designada quimosina ou coalho.

Ingredientes

3 l de leite tipo B fresco

180 g de coalho (coalhada fresca)

Modo de preparo

1. Colocar o leite numa panela e levar ao fogo até ferver. Retirar do fogo, deixar
amornar até atingir a temperatura de 47 ºC.

2. Num recipiente (de preferência de cerâmica ou louça) limpo e higienizado, colocar o


coalho, o leite morno e mexer bem.

15
Unidade I

3. Tampar e envolver o recipiente com um pano grosso para manter o calor.


Deixar repousar por, no mínimo, 10 horas.

4. Após coalhar, levar à geladeira por algumas horas antes de consumir.

Coalho (em árabe, raubi) é uma porção de coalhada feita anteriormente usada
para a produção de uma nova coalhada.
Na falta do coalho, pode‑se usar iogurte
natural. Nesse caso, porém, nas primeiras vezes em que for produzida, a coalhada
ficará mais ácida.

2.3 Arroz árabe

O arroz árabe é um prato comumente encontrado e consumido no Oriente Médio. Pode sofrer
algumas variações de ingredientes e modo de preparo, como a utilização de caldo pronto e inclusão de
macarrão cabelo‑de‑anjo.

Arroz

Ingredientes

80 g de manteiga integral sem sal

40 ml de óleo de milho

200 g de coxão mole com gordura moído duas vezes

160 g de arroz agulhinha tipo 1 lavado e escorrido

Canela em pó quanto baste

Pimenta‑da‑jamaica quanto baste

400 ml de caldo de frango (anteriormente citado)

Sal refinado quanto baste

40 g de amêndoas em lâminas

10 g de snoubar

16
COZINHA INTERNACIONAL II

Modo de preparo

1. Em uma panela, colocar metade da manteiga e o óleo de milho, aquecer, adicionar a


carne moída e selar muito bem, deixando‑a bem dourada e soltinha.

2. Juntar o arroz, a canela, a pimenta‑da‑jamaica e dourar mais um pouco.

3. Acrescentar o caldo de frango e corrigir o sal, se necessário. Tampar a panela e


cozinhar até que o caldo tenha sido absorvido e o arroz esteja cozido.

4. Em uma sauteuse, adicionar a outra metade da manteiga e dourar as amêndoas


e os snoubar.

5. Servir o arroz com as lascas de frango, as amêndoas e os snoubar por cima.

Caldo de frango

Ingredientes

2 peitos de frango com osso e sem pele

3 sobrecoxas de frango com osso e sem pele

3 cebolas‑pera em cubos grandes

3 canelas em pau

Sal refinado quanto baste

Modo de preparo

1. Numa panela, colocar os peitos e as sobrecoxas de frango, cobrir com água fria e
levar à fervura.

2. Adicionar a cebola, a canela e o sal.

3. Cozinhar em simmer até que a carne esteja macia.

4. Coar, reservar o caldo para a cocção do arroz e soltar o frango em lascas


grandes. Reservar.

17
Unidade I

2.4 Mjadra (arroz com lentilha e cebola caramelizada)

O mjadra é um prato da culinária árabe extremamente saboroso. A base dele é feita com arroz e
lentilha, o que garante o seu delicioso sabor é a cebola que é frita e, ao mesmo tempo, caramelizada no
azeite de oliva. É muito importante utilizar um azeite de oliva de boa qualidade.

Ingredientes

100 g de lentilha seca

5 cebolas‑pera

70 ml de azeite extravirgem

50 g de arroz agulhinha tipo 1

Sal refinado quanto baste

Modo de preparo

1. Lavar a lentilha e cozinhar em uma panela com abundante água até estar al dente.
Reservar a lentilha e o líquido de cocção.

2. Em uma sautoir, fritar a cebola cortada em brunoise no azeite até ficar bem
caramelizada. Adicionar o arroz e fritar mais um pouco.

3. Misturar o arroz à lentilha pré‑cozida, adicionando um pouco mais de água, se


necessário, pois o líquido deve cobrir todos os ingredientes. Temperar com sal,
tampar e cozinhar até o arroz ficar macio.

4. Servir quente.

2.5 Mahalabie (manjar libanês)

A calda/geleia do mahalabie pode (e deve) ser feita com antecedência. Como o creme é bem neutro, é
possível usar compotas variadas no sabor. O doce aceita bem, além do damasco, coberturas de marmelo,
laranja e pistache.

18
COZINHA INTERNACIONAL II

Figura 4 – Damasco seco turco

Ingredientes

500 ml de leite integral

30 g de amido de milho

35 g de açúcar refinado

5 ml de água de flor de laranjeira

Para decorar:

30 g de pistache sem casca

Modo de preparo

1. Misturar o leite, o amido e o açúcar. Levar ao fogo brando, mexendo sem parar,
até engrossar.

2. Retirar do fogo e misturar a água de flor de laranjeira.

3. Colocar em taças de vidro e levar à geladeira até endurecer.

4. No momento de servir, cobrir com a calda de damasco e polvilhar os 
pistaches


torrados e triturados grosseiramente.

19
Unidade I

Calda

Ingredientes

75 g de damasco seco turco

70 ml de água

125 g de açúcar refinado

Modo de preparo

1. Em uma panela, colocar os damascos cortados ao meio com a água e o açúcar e levar
ao fogo. Cozinhar, mexendo de vez em quando, por aproximadamente 5 minutos ou
até que os damascos fiquem macios, formando uma calda não muito grossa.

2. Se necessário, acrescentar mais água durante o cozimento. Resfriar.

2.6 Coalhada seca

A coalhada seca nada mais é que um tipo de iogurte/queijo sem o soro, o que a deixa mais
consistente. É ótima para servir com pães, torradas, quibe, saladas, e em sanduíches. Enfim, a variedade
e possibilidades de utilização e consumo é imensa.

Figura 5 – Coalhada seca

20
COZINHA INTERNACIONAL II

Ingredientes

500 ml de coalhada fresca

Sal refinado quanto baste

Modo de preparo

1. Misturar bem a coalhada fresca e despejar em um saco de algodão, de trama bem


fechada.

2. Amarrar a boca do saco, pendurar e deixar o soro escorrer por um período de, no
mínimo, 24 horas sob refrigeração.

3. Depois desse tempo, retirar a coalhada, bater com uma colher, colocar o sal e misturar
bem. Manter sob refrigeração.

Observação

A coalhada seca, tradicional na mesa árabe, é fruto de um preparo


quase acidental: a fermentação do leite. Esse manejo já era reproduzido,
provavelmente, 9.000 a.C. na Mesopotâmia, onde a criação de cabras e
ovelhas fornecia leite como fonte de proteína.

2.7 Muhamra (pasta de pimentão vermelho)

Primo menos famoso do trio homus‑babaganush‑coalhada seca, a muhamra, ou pasta de pimentão,


leva também nozes, cominho, azeite e até molho de romã.

Figura 6 – Pimentão vermelho

21
Unidade I

Ingredientes

2 pimentões vermelhos grandes

1 cebola‑pera em cubos médios

1 dente de alho amassado

40 ml de azeite extravirgem

50 g de nozes sem casca

20 ml de melaço de romã

Sal refinado quanto baste

Páprica picante quanto baste

40 g de farinha de rosca

Para acompanhar:

1 pão árabe

Modo de preparo

1. Lavar os pimentões e assá‑los diretamente na chama do fogão. Retirar a pele e as


sementes. Reservar.

2. Suar a cebola e o alho no azeite.

3. Em um processador, colocar a polpa dos pimentões, a cebola e o alho suados e


processar bem.

4. Picar as nozes na ponta da faca (reservar algumas para decoração).

5. Em um bowl, colocar os pimentões processados e juntar as nozes picadas, o melaço


de romã, o sal e a páprica picante. Adicionar, aos poucos, a farinha de rosca para
acertar a consistência.

6. Colocar em um prato, regar com azeite e decorar com nozes inteiras.

7. Servir acompanhado de pão árabe.

22
COZINHA INTERNACIONAL II

2.8 Babaganush (pasta de berinjela com tahine)

Babaganush é uma salada feita de purê de berinjela assada ou grelhada, tahine e suco de limão,
normalmente servida acompanhada de pão ou torradas.

Figura 7

Ingredientes

1 berinjela grande

60 g de tahine

1 limão‑tahiti (suco)

¼ de dente alho em pasta

Água gelada quanto baste

Sal refinado quanto baste

Modo de preparo

1. Lavar a berinjela, retirar o cabo e fazer um corte leve em cruz, na ponta, para que o
vapor saia quando estiver assando.

2. Assar a berinjela, com a casca, diretamente na chama do fogão, virando sempre para
que asse por inteiro, até ficar bem macia.

3. Tirar a casca sob água corrente e deixar escorrer para eliminar o excesso de líquido.

23
Unidade I

4. Colocar a polpa da berinjela num prato e amassar com um garfo.

5. Juntar o molho de tahine à berinjela amassada e misturar bem até homogeneizar.

Decoração

Ingredientes

10 g de gergelim branco

50 ml de azeite extravirgem

Para acompanhar:

1 pão árabe

Modo de preparo

1. Colocar em um prato, regar com azeite e decorar com o gergelim.

2. Servir acompanhado de pão árabe.

2.9 Molho de tahine

O molho de tahine é extremamente versátil, pode ser utilizado em diversas preparações, saladas
e finalizações.

Ingredientes

15 ml de água

15 ml de suco de limão

5 ml de azeite extravirgem

20 g de pasta de tahine

5 g de alho em pasta

Sal quanto baste


24
COZINHA INTERNACIONAL II

Modo de preparo

1. Num bowl, colocar o tahine, o suco de limão, o alho em pasta, a água e o sal,
emulsionar até ficar homogêneo. O molho deve ficar esbranquiçado e pouco
alongado (resultado da ação do limão e da água).

2. Se necessário, corrigir o tempero após a aplicação na pasta de berinjela.

2.10 Homus (pasta de grão‑de‑bico com tahine)

O homus, ou hommos, ou húmus, é um alimento típico da cultura árabe feito a partir de grão‑de‑bico
cozido e espremido, tahine, azeite, suco de limão, sal e alho. Pode ser servido como acompanhamento
em pratos ou como antepasto.

Figura 8 – Grão‑de‑bico: ingrediente básico para preparação do homus

Ingredientes

150 g de grão‑de‑bico demolhado

60 g de tahine

1 limão‑tahiti (suco)

¼ de dente de alho em pasta

25
Unidade I

Água gelada quanto baste

Sal refinado quanto baste

Modo de preparo

1. Cozinhar o grão‑de‑bico até estar bem macio, quase desmanchando.

2. Ainda quente, processá‑lo usando o liquidificador ou processador até obter uma


pasta fina e homogênea. Se ainda estiver grossa, acrescentar um pouco de água do
cozimento.

3. Adicionar o molho de tahine à pasta de grão‑de‑bico.

4. Colocar em um prato, regar com azeite e decorar com a salsa finamente picada.

5. Servir acompanhado de pão árabe.

2.11 Fattoush (salada de verduras com pão torrado)

Fattoush, ou fatuche, é uma salada típica da culinária árabe dos países da região do Levante,
entre eles, a Síria e o Líbano. A salada é elaborada com diferentes verduras e legumes, como tomate
(em algumas preparações, rabanete), servidos junto com pão árabe (ou pita) torrado, cortado em
cubos ou tiras. Em comparação com o tabule, as verduras usadas no fattoush são cortadas em
pedaços maiores.

Ingredientes

½ pão árabe

1 tomate‑débora firme e maduro

½ pepino japonês

½ cebola‑pera média

4 folhas de alface americana

Hortelã fresca quanto baste

26
COZINHA INTERNACIONAL II

Salsa fresca quanto baste

Sumac quanto baste

Zátar quanto baste

Para decorar:

¼ de romã (sementes)

Molho

Ingredientes

60 ml de melaço de romã

60 ml de azeite extravirgem

Pimenta‑da‑jamaica quanto baste

Sal refinado quanto baste

Modo de preparo

1. Cortar o pão em cubos de 2 cm, levar ao forno e torrar.

2. Cortar o tomate, o pepino e a cebola em cubos de 2 cm. Rasgar as folhas de alface e


da hortelã e picar a salsa.

3. Preparar o molho, juntando o melaço de romã, o azeite, a pimenta‑da‑jamaica
e o


sal. Emulsionar.

4. Em um prato, arrumar os ingredientes da salada e temperar com o molho.

5. Polvilhar com o zátar, o sumac e o pão torrado. Decorar com as sementes 
de romã.

Emprega‑se o pão árabe em muitos pratos de cozinha libanesa, como na receita anterior,
cortado em quadrados ou picado e torrado. A essas torradas, dá‑se o nome de fatte, de onde
deriva, provavelmente, o nome desse prato: fattoush.

27
Unidade I

2.12 Fattet (músculo com pão torrado e coalhada)

Fattet é uma preparação muito tradicional e considerada uma refeição extremamente completa.
Serve‑se, normalmente, a combinação de carne (ou frango), grão‑de‑bico, coalhada e pão seco.

Ingredientes

150 g de músculo bovino

50 g de manteiga integral

Pimenta‑da‑jamaica quanto baste

½ canela em pau

Sal refinado quanto baste

1 cebola‑pera

50 g de grão‑de‑bico demolhado

Modo de preparo

1. Cortar o músculo em cubos de 4 cm.

2. Numa panela de pressão, selar o músculo na manteiga até dourar, acrescentar a


pimenta‑da‑jamaica, a canela em pau e o sal.

3. Adicionar a cebola cortada em cubos médios e suar.

4. Cobrir com água fervente, tampar a panela e cozinhar por aproximadamente 25


minutos.

5. Retirar o músculo, acrescentar o grão‑de‑bico demolhado e cozinhar por mais 15


minutos.

Coalhada para fattet

Ingredientes

200 ml de coalhada fresca quebrada

28
COZINHA INTERNACIONAL II

1 dente de alho em pasta

Hortelã fresca picada quanto baste

Sal refinado quanto baste

1 dente de alho em brunoise

15 g de manteiga integral sem sal

5 g de snoubar

¼ de pão árabe cortado em quadrados pequenos e torrado

Modo de preparo

Coalhada e montagem

1. Quebrar a coalhada, temperar com pasta de alho, hortelã e sal.

2. Em uma sauteuse, dourar o alho em brunoise na manteiga. Reservar.

3. Torrar ligeiramente o snoubar. Reservar.

4. Em um prato, dispor o músculo, o grão‑de‑bico, a coalhada fresca temperada, o pão


árabe torrado, o snoubar e o alho dourado com a manteiga.

2.13 Mamoul de tâmaras

Mamoul é um doce árabe feito à base de semolina, leite e manteiga, com recheio de tâmaras (em
alguns casos, nozes ou damascos), água de flor de laranjeira, açúcar e outros ingredientes.

Ingredientes

3 g de mahlab em grão

90 g de açúcar refinado

150 g de manteiga integral sem sal

29
Unidade I

375 g de semolina fina

60 g de farinha de trigo

90 ml de leite integral

15 g de fermento químico em pó

Para polvilhar:

100 g de açúcar de confeiteiro

Modo de preparo

1. Pilar os grãos de mahlab com 10 g de açúcar até formar um pó.

2. Na batedeira, com o globo, bater o restante do açúcar com a manteiga até


esbranquiçar.

3. No mesmo bowl, acrescentar a semolina, o mahlab, a farinha, o leite e o fermento.


Amassar bem até formar uma massa homogênea.

4. Modelar em formas para mamoul, recheando com as tâmaras.

5. Colocar na assadeira e assar em forno pré‑aquecido a 180 ºC por cerca de 8 minutos


ou até ficar levemente dourado.

6. Retirar do forno e polvilhar com açúcar de confeiteiro.

7. Servir frio.

Recheio de tâmaras

Ingredientes

200 g de tâmaras sem caroço

Modo de preparo

Processar as tâmaras até formar uma pasta (se necessário, pingar um pouco de água
para ajudar no processamento). O recheio pode ser substituído por pasta de damasco ou
nozes processadas com açúcar.

30
COZINHA INTERNACIONAL II

2.14 Arroz chairie (acompanhamento do quibe na coalhada)

O arroz chairie é de origem árabe e extremamente simples de ser preparado. Pode substituir o arroz
branco em quase todas as preparações. É de tempero suave e muito saboroso.

Ingredientes

150 g de manteiga integral sem sal

500 g de risoni

200 g de arroz agulhinha tipo 1

600 ml de água

Sal refinado quanto baste

Modo de preparo

1. Em uma panela, derreter a manteiga, acrescentar o risoni e fritar até ficar bem
dourado. Adicionar o arroz e fritar mais um pouco.

2. Acrescentar a água, o sal, tampar a panela e cozinhar até o arroz estar macio.

3. Reservar aquecido.

2.15 Quibe

Quibe é um prato típico do Oriente Médio, que consiste em um bolinho de massa de trigo ou
semolina, recheado com carne temperada com ervas, que pode ser servido cru, cozido ou frito. O nome
deriva de kubbeh que, em árabe, significa bola.

Quibe na coalhada

Ingredientes

500 g de patinho bovino limpo (a carne deverá estar sem nervos e sem gordura, cortada
em cubos e passada pelo moedor duas vezes)
31
Unidade I

225 g de trigo fino escuro (para quibe)

½ unidade de cebola‑pera em cubos grandes

Hortelã fresca quanto baste

Sal refinado quanto baste

Canela em pó quanto baste

Pimenta‑da‑jamaica em pó quanto baste

75 ml de água gelada

Para gelar o moedor de carne:

Pedra de gelo quanto baste

Modo de preparo

1. Lavar o trigo, escorrer e espremer com as mãos para retirar toda a água.

2. Misturar o trigo à carne, adicionar os temperos e passar esta mistura por duas vezes
no moedor de carne.

3. Em um bowl, colocar a mistura do quibe e amassar com as mãos, como 
se estivesse
sovando uma massa, acrescentando água gelada até dar o ponto.

4. Fazer bolinhas de cerca de 2 cm de diâmetro. Reservar refrigerado.

Coalhada

Ingredientes

10 dentes de alho em brunoise

Hortelã fresca quanto baste

70 ml de azeite extravirgem

60 g de manteiga integral sem sal

3 l de coalhada fresca

32
COZINHA INTERNACIONAL II

500 ml de água

3 ovos tipo extra

90 g de amido de milho

Sal refinado quanto baste

Modo de preparo

1. No liquidificador, processar o alho e as folhas da hortelã, adicionando o azeite


aos poucos.

2. Em uma sauteuse, dourar na manteiga o alho e a hortelã processados.

3. Diluir a coalhada com a água e acrescentar o ovo. Peneirar e levar ao fogo brando,
mexendo sempre e sem parar, até levantar fervura. Adicionar o amido de milho e
temperar com sal.

4. Juntar à coalhada a mistura de alho, hortelã e manteiga e os quibes em bolinha.

5. Cozinhar até a coalhada engrossar e os quibes subirem à superfície.

6. Servir com arroz chairie.

Quibe cru

Ingredientes

1 kg de patinho bovino limpo (a carne deverá estar sem nervos e sem gordura, cortada
em cubos e passada pelo moedor duas vezes)

350 g de trigo fino escuro (para quibe)

½ cebola‑pera em cubos grandes

Hortelã fresca quanto baste

Sal refinado quanto baste

Canela em pó quanto baste

Pimenta‑da‑jamaica em pó quanto baste

33
Unidade I

300 ml de água gelada

Para gelar o moedor de carne:

Pedra de gelo quanto baste

Para decorar:

Hortelã fresca quanto baste

2 cebolas‑pera

40 ml de azeite extravirgem

Modo de preparo

1. Lavar o trigo, escorrer e espremer com as mãos para retirar toda a água.

2. Misturar o trigo à carne, adicionar os temperos e passar essa mistura por duas vezes
no moedor de carne.

3. Em um bowl, colocar a mistura do quibe e amassar com as mãos, como se estivesse


sovando uma massa, acrescentando água gelada até dar o ponto.

4. Colocar em uma travessa e decorar com ramos de hortelã fresca e pétalas de cebola.
Regar com azeite.
Um bom acompanhamento para o quibe cru é o mhamasa.

Quibe frito

Ingredientes

1 kg de patinho bovino limpo (a carne deverá estar sem nervos e sem gordura, cortada
em cubos e passada pelo moedor duas vezes)

450 g de trigo fino escuro (para quibe)

1 cebola‑pera em cubos grandes

Hortelã fresca quanto baste

Sal refinado quanto baste

Canela em pó quanto baste

34
COZINHA INTERNACIONAL II

Pimenta‑da‑jamaica em pó quanto baste

150 ml de água gelada

Para gelar o moedor de carne:

Pedra de gelo quanto baste

Para fritar:

2 l de óleo de milho

Modo de preparo

1. Lavar o trigo, escorrer e espremer com as mãos para retirar toda a água.

2. Misturar o trigo à carne, adicionar os temperos e passar essa mistura duas vezes no
moedor de carne.

3. Em um bowl, colocar a mistura do quibe e amassar com as mãos, como se estivesse


sovando uma massa, acrescentando água gelada até dar o ponto.

Montagem

1. Pegar uma pequena porção de massa e dar‑lhe a forma oval.

2. Molhar a mão em água fria. Segurando a massa na palma de uma das mãos, fazer
um furo com o dedo indicador da outra mão. Girar a massa continuamente até
aumentar a cavidade, tornando suas paredes bem finas, com mais ou menos ½ cm
de espessura.

3. Introduzir uma colher de sopa de recheio na cavidade do quibe e, molhando


novamente a mão, fechar bem para que o recheio não saia durante a fritura.

4. Fritar por imersão em óleo a 180º C.

Pode ser servido acompanhado de coalhada fresca ou seca.

35
Unidade I

Figura 9 – Quibe cru

Figura 10 – Quibes fritos e esfihas fechadas

2.16 Quibe de assadeira

Esse tipo de preparação é extremamente prático e versátil. É possível incluir diferentes tipos de
recheios e/ou coberturas. A versão original, como a da receita a seguir, é clássica e muito saborosa.

Ingredientes

1 kg de patinho bovino limpo (a carne deverá estar sem nervos e sem gordura, cortada
em cubos e passada pelo moedor duas vezes)

450 g de trigo fino escuro (para quibe)

1 cebola‑pera em cubos grandes

Hortelã fresca quanto baste

36
COZINHA INTERNACIONAL II

Sal refinado quanto baste

Canela em pó quanto baste

Pimenta‑da‑jamaica em pó quanto baste

300 ml de água gelada

Para gelar o moedor de carne:

Pedra de gelo quanto baste

Para untar e regar:

150 ml de óleo de milho

100 g de manteiga integral sem sal

Modo de preparo

1. Lavar o trigo, escorrer e espremer com as mãos para retirar toda a água.

2. Misturar o trigo à carne, adicionar os temperos e passar essa mistura por duas vezes
no moedor de carne.

3. Em um bowl, colocar a mistura do quibe e amassar com as mãos, como se estivesse


sovando uma massa, acrescentando água gelada até dar o ponto.

Essa massa deve ser mais hidratada que a do quibe frito.

Montagem

1. Untar com óleo uma assadeira. Espalhar metade da massa de maneira uniforme,
com cerca de 1 cm de espessura. Para facilitar, antes de espalhar a massa, molhar as
mãos com água fria.

2. Sobre a massa espalhada, colocar o recheio.

3. Para cobrir com o restante da massa, proceder da seguinte maneira: abrir pequenas
porções da massa, com as mãos sempre molhadas, e colocar sobre o recheio. No
final, alisar com as mãos até formar uma camada homogênea, da mesma espessura
que a inferior.

37
Unidade I

4. Riscar o quibe, fazendo desenhos de losangos e cortar. Regar com o óleo e a


manteiga derretida e assar em forno pré‑aquecido a 180 ºC por cerca de
25 minutos ou até dourar.

Servir quente ou frio, acompanhado de coalhada fresca ou seca.

Lembrete

Quibe, ou kubbeh, significa bola, o que indica que, no início, era preparado
em forma de bolinhos. Hoje podemos fazê‑lo também em tabuleiro, assado,
frito ou cru. Essa última versão é ideal para os dias quentes do verão tropical
típico do Brasil.

2.17 Mhamasa (recheio do quibe frito e de assadeira)

Mhamasa é um recheio muito tradicional feito à base de carne e snoubar. O snoubar é uma semente
de uma espécie de pinheiro nativo da região do Mediterrâneo. É conhecido também como pignoli,
ou piñole, e usado no preparo de massas, esfihas, charutos recheados, coalhadas e algumas sobremesas.

Ingredientes

50 ml de óleo de milho

130 g de manteiga integral sem sal

1 kg de coxão mole bovino limpo (a carne deverá ser moída uma vez)

3 cebolas‑pera em brunoise

Pimenta‑da‑jamaica em pó quanto baste

Sal refinado quanto baste

200 g de snoubar

Modo de preparo

1. Em uma panela, aquecer o óleo e a manteiga, juntar a carne e selar bem, deixando‑a
bem dourada.
38
COZINHA INTERNACIONAL II

2. Adicionar a cebola, a pimenta‑da‑jamaica, o sal e o snoubar, misturar bem e cozinhar


por alguns minutos, até que a cebola esteja macia.

3. Resfriar e reservar.

2.18 Kafta modelada

Kafta, ou cafta, são como almôndegas que fazem parte da culinária da maioria dos países que
resultaram do colapso do Império Otomano, incluindo os países da Ásia Central e do Cáucaso, dos
Balcãs, a Turquia, o Irã, o Oriente Médio e o norte de África.

Ingredientes

800 g de lombo de cordeiro com gordura moído duas vezes

2 cebolas‑pera em brunoise

1 maço de salsa fresca picada

Cebolinha fresca picada quanto baste

1 maço de hortelã fresca picada

Pimenta‑da‑jamaica quanto baste

Sal refinado quanto baste

200 ml de água

80 g de manteiga integral sem sal

Para fritar:

200 ml de óleo de milho

Modo de preparo

Misturar todos os ingredientes, modelar e fritar.

39
Unidade I

Kafta de forno

Ingredientes

800 g de coxão mole com gordura moído duas vezes

2 cebolas‑pera em brunoise

1 maço de salsa fresca picada

Cebolinha fresca picada quanto baste

1 maço caseiro de hortelã fresca picada

Pimenta‑da‑jamaica quanto baste

Sal refinado quanto baste

200 ml de água

80 g de manteiga integral sem sal

Para untar:

80 g de manteiga integral sem sal

Finalização:

4 batatas baraka em rodelas

4 cebolas‑pera em rodelas

Modo de preparo

1. Misturar os ingredientes da kafta e acomodar sobre uma assadeira untada com manteiga.

2. Cozinhar as batatas até ficarem macias.

3. Temperar as batatas e as cebolas com sal e pimenta‑da‑jamaica.

4. Por cima da kafta, colocar as cebolas, as batatas e, por último, o molho de tomate.

5. Assar em forno pré‑aquecido a 180 ºC por aproximadamente 15 minutos.

40
COZINHA INTERNACIONAL II

2.19 Molho de tomate (para kafta de forno)

Esse molho é um coringa que pode ser utilizado em diferentes pratos e preparações. É de tempero
suave e pode ser personalizado com outros condimentos.

Ingredientes

3 cebolas‑pera em brunoise

3 dentes de alho em brunoise

60 ml de azeite extravirgem

1200 g de tomates pelados

Sal refinado quanto baste

Pimenta‑da‑jamaica quanto baste

Canela em pó quanto baste

Açúcar refinado quanto baste

Molho

1. Suar a cebola e o alho no azeite, acrescentar os tomates picados finamente e cozinhar


até formar um molho.

2. Temperar com sal, pimenta‑da‑jamaica, canela e açúcar (para tirar a acidez). Reservar.

41
Unidade I

2.20 Ataief

Sobremesa tradicional árabe. Dizem que ataief, ou ataif, é o doce preferido no tempo do ramadã em
muitos cantos do mundo árabe.

Figura 11 – Ataief

Ingredientes

7 g de fermento biológico fresco

2 g de sal refinado

5 g de açúcar refinado

150 ml de água morna

150 ml de leite morno

150 g de farinha de trigo

Para untar:

50 g de manteiga integral sem sal

Modo de preparo

1. Diluir o fermento com o sal e o açúcar, acrescentar a água e o leite mornos e a


farinha de trigo.

2. Deixar descansar por 15 minutos.

42
COZINHA INTERNACIONAL II

3. Assar os crepes numa frigideira antiaderente (untada com manteiga integral)


segundo orientação do chef.

Recheio de nozes

Ingredientes

300 g de nozes sem casca

75 g de açúcar refinado

7 ml de água de flor de laranjeira

Modo de preparo

1. Processar rapidamente as nozes.

2. Misturar o açúcar e a água de flor de laranjeira. Reservar.

Recheio de nata

Ingredientes

250 ml de leite integral

40 g de açúcar refinado

25 g de amido de milho

75 g de creme de leite UHT

2 ml de água de flor de laranjeira

Para decorar

30 g de pistache sem casca triturado rusticamente

Modo de preparo

1. Ferver o leite com açúcar, acrescentar o amido de milho diluído em um pouco de


leite. Mexer sem parar até engrossar.

2. Retirar do fogo, acrescentar o creme de leite e a água de flor de laranjeira.

43
Unidade I

3. Reservar e esfriar.

Calda

Ingredientes

100 g de açúcar refinado

50 ml de água

¼ de limão‑tahiti (suco)

2 ml de água de flor de laranjeira

Modo de preparo

1. Levar ao fogo o açúcar, a água e o suco do limão. Ferver até atingir ponto de fio grosso
(108 ºC). Retirar do fogo, acrescentar a água de flor de laranjeira, esfriar e reservar.

2. Distribuir a calda sobre os ataief.

2.21 Abobrinha recheada

As abobrinhas podem ser substituídas por berinjelas, caso seja de preferência, ainda que o prato
tradicional árabe seja sempre preparado com abobrinhas.

Ingredientes

2 abobrinhas italianas médias e cortadas verticalmente da forma mais reta possível

60 g de arroz agulhinha tipo 1 lavado e escorrido

80 g de coxão mole com gordura moído duas vezes

Sal refinado quanto baste

Pimenta‑da‑jamaica quanto baste

Canela em pó quanto baste

44
COZINHA INTERNACIONAL II

Manteiga integral sem sal quanto baste

Modo de preparo

1. Lavar a abobrinha e furá‑la.

2. Em um bowl, misturar o arroz, a carne, o sal, a pimenta‑da‑jamaica, a canela e a


manteiga, acrescentando água até dar o ponto.

3. Rechear as abobrinhas conforme explicação. Reservar.

Molho de tomate

Ingredientes

1 cebola‑pera em brunoise

1 dente de alho em brunoise

Azeite extravirgem quanto baste

200 g de tomate pelado

Sal refinado quanto baste

Pimenta‑da‑jamaica quanto baste

Canela em pó quanto baste

Açúcar refinado quanto baste

Caldo árabe quanto baste (a receita está adiante)

Modo de preparo

1. Suar a cebola e o alho no azeite, adicionar o tomate picado e cozinhar até formar um
molho. Temperar com sal, pimenta‑da‑jamaica, canela e açúcar (para tirar a acidez)
e cozinhar por alguns minutos.

2. Alongar com o caldo árabe fazendo com que fique um molho pálido. Corrigir os temperos.

3. Mergulhar as abobrinhas no molho e deixar cozinhar em fogo baixo, com a panela


tampada, até que fiquem macias e o recheio, cozido.

45
Unidade I

2.22 Charuto de folha de uva

Um dos pratos mais apreciados, o wara eyneb, ou yabrak, quer dizer folha de uva, prato completo e
saboroso, o charuto, consumido em todo o mediterrâneo com pequenas variações na receita e no nome.

Ingredientes

Para a cocção:

40 g de manteiga integral sem sal

500 g de músculo bovino

3 tomates‑débora concassé

Sal refinado quanto baste

Pimenta‑da‑jamaica quanto baste

Canela em pó quanto baste

Caldo árabe quanto baste

2 limões-tahiti (suco)

Modo de preparo

1. Em uma panela de pressão, colocar a manteiga, o músculo cortado em cubos grandes


e selar bem. Juntar os tomates e temperar com o sal, a pimenta‑da‑jamaica e a
canela. Deixar os tomates murcharem. Esfriar e acomodar os charutos.

2. Sobre os charutos, colocar um prato para fazer peso. Cobrir com caldo árabe e tampar
a panela. Cozinhar em fogo baixo.

3. Quando os charutos estiverem cozidos, antes de servir, adicionar o suco de limão e


retirar a panela do fogo.

Montagem

1. Escaldar a folha de uva. Reservar.

2. Misturar o arroz, a carne, o sal, a pimenta‑da‑jamaica, a canela em pó e a manteiga,


acrescentando água até dar o ponto. Rechear as folhas.

46
COZINHA INTERNACIONAL II

2.23 Charuto de folha de repolho

O charuto de repolho é na verdade de origem grega, sendo depois incorporado à culinária mediterrânea
(Turquia, Egito, Líbano, Síria). Considerado de difícil preparo, embora com ingredientes comuns, pode ser
servido quente ou frio.

Ingredientes

15 folhas de repolho

60 g de arroz agulhinha tipo 1 lavado e escorrido

80 g de coxão mole com gordura moído duas vezes

½ dente de alho em brunoise

1 tomate‑débora concassé

Manteiga integral sem sal quanto baste

Pimenta‑da‑jamaica em pó quanto baste

Canela em pó quanto baste

Sal refinado quanto baste

Hortelã fresca quanto baste

Caldo árabe quanto baste

Limão‑tahiti (suco) quanto baste

Modo de preparo

1. Escaldar as folhas de repolho.

2. Misturar o arroz, a carne, o alho, o tomate em cubos pequenos, a manteiga, a


pimenta‑da‑jamaica, a canela em pó e o sal, acrescentando água até dar o ponto.

3. Fazer os charutos conforme explicação do chef.

4. Acomodar os charutos numa panela com galhos de hortelã, colocando sobre eles um
prato para que não desmanchem.

47
Unidade I

5. Cobrir com caldo árabe, tampar a panela e cozinhar em simmer.

6. No final da cocção, acrescentar o suco de limão.

Observação

Existem controvérsias sobre a origem do charuto de repolho. O prato


pode ter sido criado na Europa Oriental ou no Oriente Médio, mas chegou
ao Brasil através da imigração árabe.

Eles são muito consumidos em todo o mediterrâneo, da Grécia ao Egito,


passando pela Turquia e Síria. Em cada uma dessas regiões, diferentes nomes
são usados para o mesmo prato. Em árabe, geralmente são chamadas de
mahshi waraq ‘inab (folhas de uva recheadas).

2.24 Caldo árabe

Preparação extremamente leve e saborosa. Pode ser servida como entrada ou como prato principal
em refeições noturnas.

Ingredientes

5 carcaças de frango

6 cebolas‑pera em cubos grandes

6 canelas em pau

Sal refinado quanto baste

Modo de preparo

1. Numa panela, colocar as carcaças de frango, cobrir com água fria e levar à fervura.

2. Adicionar a cebola, a canela e o sal.

3. Cozinhar em simmer. Reservar.

48
COZINHA INTERNACIONAL II

2.25 Peixe taratour

O molho taratour é o clássico acompanhamento de comidas como o shawarma e o falafel, que se


tornam especiais com ele. Muito simples de fazer e com o gergelim como protagonista, esse molho é
imprescindível em preparações como o peixe taratour.

Ingredientes

3 cebolas‑pera

150 ml de azeite extravirgem

1 batata em rodelas

300 ml de óleo de milho

300 g de filé de robalo

150 g de camarão rosa médio sem casca

½ limão‑tahiti (suco)

Sal refinado quanto baste

Pimenta‑da‑jamaica em pó quanto baste

Farinha de trigo quanto baste

Modo de preparo

1. Cortar as cebolas em cubos pequenos e caramelizá‑las em azeite. Fritar a batata em óleo.

2. Temperar o peixe e o camarão com limão, sal e pimenta‑da‑jamaica.

3. Empanar o peixe na farinha de trigo e fritar em óleo. Saltear o camarão em azeite.

Montagem

Num prato, fazer uma cama de batatas, colocar o peixe em lascas, os camarões, a cebola
caramelizada e cobrir com o molho taratour.

49
Unidade I

Molho taratour

Ingredientes

60 g de tahine

1 limão‑tahiti (suco)

¼ de dente de alho em pasta

Água gelada quanto baste

Sal refinado quanto baste

Modo de preparo

Num bowl, colocar o tahine, o suco de limão, o alho em pasta, a água e o sal, emulsionar
até ficar homogêneo. O molho deve ficar esbranquiçado e pouco alongado (resultado da
ação do limão e da água).

2.26 Esmallye (doce de macarrãozinho com nata)

Os doces árabes são muito frágeis e pedem muita delicadeza em sua preparação, assim como no
momento do servi-los. Procure utilizar louças delicadas ou regionais para servi‑los.

Ingredientes

150 g de manteiga clarificada

500 g de massa de knefe crua comprada pronta

Modo de preparo

1. Untar uma assadeira com manteiga.

2. Soltar metade da massa e acomodá‑la na assadeira. Regar com um pouco de


manteiga clarificada derretida.

3. Assar em forno pré‑aquecido a 180 ºC até que esteja levemente dourada.

50
COZINHA INTERNACIONAL II

4. Distribuir o recheio frio sobre a massa.

5. Cobrir com a outra metade da massa, já solta, acomodando sobre o recheio.

6. Regar com a manteiga clarificada restante e levar para assar em forno pré‑aquecido
a 180 ºC por aproximadamente 20 minutos ou até que doure.

7. Assim que retirar do forno, cortar e despejar a calda fria.

8. Resfriar e salpicar com o pistache.

Recheio de nata

1 l de leite integral

150 g de açúcar refinado

75 g de amido de milho

300 g de creme de leite UHT

5 ml de água de flor de laranjeira

Modo de preparo

1. Ferver o leite com açúcar, acrescentar o amido de milho diluído em um pouco de


leite. Mexer sem parar até engrossar.

2. Retirar do fogo, acrescentar o creme de leite e a água de flor de laranjeira.

3. Reservar e esfriar.

Calda

600 g de açúcar refinado

350 ml de água

½ limão‑tahiti (suco)

7 ml de água de flor de laranjeira

51
Unidade I

Modo de preparo

Levar ao fogo o açúcar, a água e o suco do limão. Ferver até atingir ponto de fio grosso
(108 ºC). Retirar do fogo, acrescentar a água de flor de laranjeira, esfriar e reservar.

Decoração

100 g de pistache sem casca triturado rusticamente

2.27 Esfiha aberta

Esfiha, ou esfirra, é uma pequena torta assada originária da Síria e do Líbano encontrada em outros
países do Oriente Médio, como Jordânia, Palestina e Iraque, além do Brasil e Argentina, para onde foi
levada por imigrantes sírios e libaneses e se tornou extremamente popular.

Figura 12

Ingredientes

300 g de farinha de trigo

15 g de açúcar refinado

15 g de fermento biológico fresco

52
COZINHA INTERNACIONAL II

200 ml de água

5 g de sal refinado

30 ml de óleo de milho

15 g de manteiga integral sem sal

Para descansar a massa:

30 g de farinha de trigo

Para untar a assadeira:

50 ml de óleo de milho

Modo de preparo

1. Em um bowl, colocar a farinha, o açúcar e o fermento. Misturar bem.

2. Incorporar a água aos poucos e, na metade da introdução da água, acrescentar o sal,


o óleo e a manteiga. Adicionar mais água até dar o ponto.

3. Na bancada, sovar a massa até ficar lisa e homogênea.

4. Descansar sobre a bancada enfarinhada, coberta com filme plástico, até que dobre
de volume.

5. Fazer bolinhas de massa (40 g), colocar em uma assadeira untada com óleo e deixar
fermentar por 30 minutos.

6. Abrir as bolinhas de massa com as mãos. Para a esfiha de carne, deixar a massa um
pouco mais fina do que para a esfiha de zátar.

7. Colocar o recheio sobre a massa, espalhando e apertando levemente com as mãos.


Levar ao forno pré‑aquecido a 250 ºC por aproximadamente 12 minutos.

Recheio de carne para esfiha aberta

Ingredientes

750 g de coxão mole limpo e moído

6 tomates‑débora concassé em cubos pequenos


53
Unidade I

5 cebolas‑pera em brunoise

25 g de manteiga integral sem sal

90 ml de vinagre de vinho tinto

1 limão‑tahiti (suco)

45 g de extrato de tomate

Sal refinado quanto baste

Pimenta‑da‑jamaica quanto baste

80 g de snoubar

Recheio de carne

Misturar todos os ingredientes e levar ao fogo rapidamente, apenas para aquecer.

Esse processo faz com que a carne não se retraia quando a esfiha for assada.

Recheio de zátar para esfiha aberta

Ingredientes

100 g de zátar

50 ml de azeite extravirgem

½ limão‑tahiti (suco)

Modo de preparo

1. Recheio de zátar

2. Misturar o zátar, o azeite e o suco de limão.

54
COZINHA INTERNACIONAL II

2.28 Esfiha fechada

Existem diversas receitas de esfiha. A forma tradicional sempre é feita com massa de pão, assada no forno,
com recheios que podem ser de carne bovina, carne de carneiro, queijo, coalhada ou verduras temperadas.

Ingredientes

160 g de farinha de trigo

12 g de açúcar refinado

15 g de fermento biológico fresco

1 gema de ovo tipo extra

100 g de iogurte integral

5 g de sal refinado

20 ml de óleo de milho

10 g de manteiga integral sem sal

Para abrir e modelar:

60 g de farinha de trigo

1 clara de ovo tipo extra

Para untar a forma:

50 ml de óleo de milho

Modo de preparo

1. Em um bowl, colocar a farinha, o açúcar, o fermento, a gema e o iogurte. Misturar bem.

2. Acrescentar o sal, o óleo e a manteiga e misturar novamente.

3. Na bancada, sovar a massa até ficar lisa e homogênea.

4. Descansar sobre a bancada enfarinhada, coberta com filme plástico, até que dobre
de volume.

55
Unidade I

5. Abrir a massa muito fina com o rolo, cortar com um aro grande, pincelar clara nas
bordas, rechear e modelar.

6. Colocar as esfihas em forma untada com óleo e assar em forno pré‑aquecido a


200  ºC por 15 minutos ou até que dourem.

Recheio de carne para esfiha fechada

Ingredientes

750 g de coxão mole moído duas vezes

90 g de manteiga integral sem sal

45 ml de óleo de milho

4 cebolas‑pera em brunoise

Sal refinado quanto baste

Pimenta‑da‑jamaica quanto baste

3 tomates‑débora concassé em cubos pequenos

1/3 maço de salsa fresca picada

Modo de preparo

1. Dourar a carne na manteiga e no óleo.

2. Acrescentar a cebola, temperar com sal e pimenta‑da‑jamaica e suar.

3. Adicionar o tomate e cozinhar por alguns minutos.

4. Finalizar com salsa picada. Resfriar.

Recheio de escarola para esfiha fechada

Ingredientes

2 maços de escarola em julienne

4 cebolas‑pera em brunoise

56
COZINHA INTERNACIONAL II

½ maço de salsa fresca picada

½ maço de hortelã fresca picada

Pimenta‑da‑jamaica quanto baste

Sal refinado quanto baste

Cominho em pó quanto baste

½ limão‑tahiti (suco)

50 ml de azeite extravirgem

80 ml de melaço de romã

200 g de nozes sem casca picadas

200 g de uva‑passa branca sem semente

Modo de preparo

1. Higienizar a escarola e cortar em julienne.

2. Espremê‑la até ficar bem seca.

3. Misturar todos os ingredientes e aplicar.

Recheio de ricota para esfiha fechada

Ingredientes

500 g de ricota fresca

Sal refinado quanto baste

Pimenta‑da‑jamaica quanto baste

100 g de nozes sem casca picadas

100 g de uva passa branca sem semente

1 cebola‑pera em brunoise

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Unidade I

Creme de leite UHT quanto baste

50 ml de azeite extravirgem

Salsa fresca picada quanto baste

Cebolinha fresca picada quanto baste

Hortelã fresca picada quanto baste

Modo de preparo

Misturar todos os ingredientes.

Lembrete

Conhecida como um prato típico árabe, a esfiha foi desenvolvida na


Síria e difundida pelo Líbano; depois, para outros países de língua árabe
e também no Ocidente. Chegou ao Brasil com os imigrantes árabes
(sírio‑libaneses) entre os séculos XIX e XX.

2.29 Rist lauz (doce de semolina com amêndoas)

Assim que tirar o bolo do forno, despeje a calda fria sobre ele (esta, além de ser uma tradição, não
prejudica a receita). Corte em pequenos quadrados e sirva frio.

Ingredientes

50 g de amêndoas sem casca

1200 g de semolina grossa

700 g de açúcar refinado

6 g de fermento em pó químico

160 g de manteiga integral sem sal

480 ml de leite integral


58
COZINHA INTERNACIONAL II

Para untar:

50 g de manteiga integral sem sal

Modo de preparo

1. Retirar a pele das amêndoas. Reservar.

2. Em um bowl, misturar a semolina, o açúcar, o fermento e a manteiga derretida.

3. Acrescentar o leite aos poucos até obter uma massa pastosa e firme.

4. Untar uma assadeira com manteiga e despejar a mistura.

5. Com uma faca, marcar quadrados na massa e, no meio de cada quadrado, colocar
uma amêndoa.

6. Assar em forno pré‑aquecido a 180 ºC.

7. Após retirar do forno, despejar imediatamente a calda fria.

Calda

Ingredientes

900 g de açúcar refinado

525 ml de água

1 limão‑tahiti (suco)

10 ml de água de flor de laranjeira

Modo de preparo

1. Levar ao fogo o açúcar, a água e o suco do limão. Ferver até atingir ponto de fio
grosso (108 ºC). Retirar do fogo, acrescentar a água de flor de laranjeira, esfriar e
reservar.

2. Quando o doce estiver pronto, distribuir a calda por cima.

3. Resfriar e servir em seguida.

59
Unidade I

Saiba mais

Você pode conhecer um pouco mais da história e receitas árabes no


livro:

MARANHÃO, R. Árabes no Brasil: história e sabor. Gaia, 2009.

Resumo

Conhecemos um pouco dos hábitos alimentares, principais preparações


e temperos comuns no Oriente Médio.

Identificamos que os cereais são frequentemente utilizados nas preparações,


principalmente o trigo, lentilhas, grão‑de‑bico, favas e gergelim. O pão também
é um alimento extremamente importante e está quase sempre presente nas
mesas e receitas, muitas vezes, substituindo, inclusive, os talheres, servindo como
acompanhamento para saladas, pastas e carnes. É muito comum ser temperado
com azeite e zátar, um típico tempero da região, semelhante ao tomilho.

Frutas como tâmaras, romãs, damascos, figos e uvas são servidos


frescos, em conserva ou, ainda, secos. 
Os doces possuem caldas e aromas
em abundância, sendo aromatizados com almíscar e água de flores,
incrementados com frutas secas, nozes, amêndoas, pistache e nata.

Das preparações vistas, as mais comuns e presentes em restaurantes


e na mesa dos brasileiros são o tabule, babaganush, homus, a coalhada, o
quibe e claro, a esfiha, em seus mais variados tipos e sabores.

Exercícios

Questão 1. “Na cultura árabe, a comida representa uma importante base para a comunicação, e as
refeições são o centro dos encontros familiares e círculos sociais. A variedade de sua culinária é enorme
e, embora não exista, de fato, o que denominamos de ‘cozinha árabe’, por tratar‑se de vários países
árabes, podemos descobrir a riqueza e a peculiaridade dessas diversas cozinhas que imprimem suas
tradições e História na gastronomia da região” (BRANDÃO, 2018).

Analise as afirmativas a seguir sobre a culinária dessa região:

I – O carneiro assado da Arábia Saudita é resultado dos hábitos dos beduínos nômades dedicados
ao pastoreio.
60
COZINHA INTERNACIONAL II

II – Os povos dessa região não têm na carne a base de sua alimentação, como peixes ou frutos
do mar, que são muito raros em suas mesas; enquanto outros alimentos são consumidos em maior
proporção, como as frutas frescas e hortaliças.

III – A introdução das especiarias na cozinha árabe é resultado direto do comércio que eles faziam
no Mediterrâneo e lembram a intensa atividade comercial de uma época.

IV – Comparados à maioria dos doces ocidentais, a doçaria árabe é bem mais acentuada no açúcar,
mas não cai bem para o gosto dos brasileiros; apesar de sua semelhança com a confeitaria portuguesa
e com as compotas regionais e doces de fazenda.

Escolha a alternativa correta.

A) Somente I e II estão corretas.

B) Somente III e IV estão corretas.

C) Somente I e III estão corretas.

D) Somente II e IV estão corretas.

E) Somente I e IV estão corretas.

Resposta correta: alternativa C.

Análise das afirmativas

I – Afirmativa correta.

Justificativa: ainda mais quando se considera que a carne é a base da alimentação e o fato de muitos
criarem seus próprios animais.

II – Afirmativa incorreta.

Justificativa: apesar de terem a carne como um importante alimento, os peixes ou frutos do mar são
raros. As hortaliças complementam a alimentação, mas são consumidas em menor proporção.

III – Afirmativa correta.

Justificativa: os nômades árabes mantiveram excelentes e intensas relações de comércio com


a Índia e outras regiões da Ásia. Conheceram cedo, e muito antes de outras nações, o prazer dos
condimentos e das especiarias indianas e dominaram o precioso comércio entre Ásia e Europa ao
longo de séculos.

61
Unidade I

IV – Afirmativa incorreta.

Justificativa: os doces árabes são muito apreciados pelos brasileiros por conta da semelhança do
nível de doçura em relação a alguns doces tipicamente brasileiros.

Questão 2 (Enade 2009). A história conta que, quando Moisés e seu povo fugiram do Egito, na pressa,
levaram pães ainda não fermentados, seu único alimento durante a travessia do deserto. Portanto, o pão
de hoje, crescido e fofo, já era conhecido.

Em relação às características dos diferentes tipos de pães, leia as afirmativas:

I – A massa azeda é feita de um fermento. Seu tempo de fermentação é o dobro da fermentação


biológica.

II – Nos pães regionais, como o pão de queijo e o sírio, usa‑se o fermento natural, e sua massa deve
ser armazenada em geladeira.

III – O método massa‑mãe, também chamado levain, utiliza, como produto da levedação, suco de
maçã ou uvas‑passas.

IV – Os pães estão divididos em dois grandes grupos: fermentados e não fermentados.

V – Pão francês, ciabatta, baguete e chipa são considerados pães fermentados.

Estão corretas somente as afirmativas:

A) I, II e III.

B) I, II e V.

C) I, III e IV.

D) I, II e IV.

E) II, III e V.

Resolução desta questão na plataforma.

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