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PATOLOGIA NOS MÉTODOS DE IMAGEM

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Sumário
NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................. 1
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 5
2. PATOLOGIA................................................................................................... 7
3. ANATOMIA ..................................................................................................... 9
3.1 ANATOMIA MICROSCÓPICA...................................................................... 9
3.2 ANATOMIA MACROSCÓPICA ................................................................. 10
3.3 ESCALA: COMPRIMENTO, VOLUME E PESO......................................... 12
3.4 TERMINOLOGIA ANATÔMICA.................................................................. 12
3.5 TERMOS REGIONAIS E DE DIREÇÃO..................................................... 13
3.6 PLANOS E SECÇÕES DO CORPO .......................................................... 14
4. MÉTODOS DE ESTUDO DA PATOLOGIA .................................................. 17
4.1 RAIO X ....................................................................................................... 18
4.2 TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA ...................................................... 20
4.3 ANGIOGRAFIA .......................................................................................... 22
4.4 TOMOGRAFIA POR EMISSÃO DE PÓSITRONS ..................................... 23
4.5 ULTRASSONOGRAFIA ............................................................................. 25
4.6 RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA ................................................. 26
4.7 DENSITOMETRIA ÓSSEA (DO) ................................................................ 29
4.8 CINTILOGRAFIA ........................................................................................ 29
5. DOENÇAS E O USO DOS MÉTODOS DE IMAGEM.................................. 30
5.1 DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC) ........................ 30
5.2 DERRAME PLEURAL ................................................................................ 31
5.3 ATELECTASIA ........................................................................................... 32
5.4 EMBOLIA PULMONAR .............................................................................. 33
5.5 BAROTRAUMA .......................................................................................... 34
5.6 ENFISEMA PULMONAR ............................................................................ 35
5.7 ASMA ......................................................................................................... 36
6. REFERÊNCIAS ............................................................................................ 38

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre-


sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere-
cendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici-
pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação
contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos
e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra-
vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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VÍDEOS DE APOIO

Com intuito de promover o conhecimento acadêmico, assim como o prático, ao


longo desta disciplina serão disponibilizados alguns vídeos, que deverão ser
assistidos antes da leitura dos tópicos da apostila.

Vídeo 1: Patologia na Imagem p Patologias do abdome


Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=sDbDsGhAP2g>

Sinopse: O Canal Radiologia na Palma da mão apresenta neste vídeo algu-


mas patologias do absome e o exame radiológico

0:02

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1. Introdução

Desde a descoberta dos Raios X por Wilhelm Conrad Röntgen (1845-


1923) a história do diagnóstico médico deu um grande salto e revolucionou a
maneira de lidar com doenças que antes só poderiam ser visualizadas no
procedimento cirúrgico ou após a necropsia.
Com o passar do tempo novas descobertas acrescentaram potencialida-
des à forma de observar a anatomia interna sem a necessidade de invasão e
com isso, diminui-se os riscos próprios das cirurgias, assim como infecções além
de não agredir o paciente que já esteja debilitado pela doença.
Nikolai Pirogov (1810-1881) também tem sua importância na história do
diagnóstico médico, e continua evidente até hoje. Ele é o autor do atlas de ana-
tomia seccional denominado “Topographical Anatomy”, em 1852.
Com o advento da radiologia digital, permitiu-se a manipulação das ima-
gens pelo computador e dessa forma tornou-se possível melhorar a qualidade
do material por manipulação digital evitando a repetição dos exames, além de
acrescentar dados ao computador para ele replicar os órgãos humanos em cor-
tes só possíveis em estudos de necropsia. Esse fantástico fenômeno só foi pos-
sível graças à descoberta de Godfrey Newbol Housfield (1919-2004), que inven-
tou o exame denominado tomografia computadorizada (TC).
O método de diagnóstico por imagem obteve grande repercussão, parti-
cularmente pelas suas propriedades de avaliação de tecidos moles como os
músculos, vísceras e o parênquima cerebral, até então difíceis de serem de-
monstrados. Em 1974, a técnica tomográfica foi ampliada e passou também a
ser utilizada nos demais sistemas e órgãos do corpo humano.
A modalidade de Tomografia Computadorizada (TC) é uma ferramenta
bastante útil na atualidade, mesmo com exames mais avançados em que pode-
mos diferenciar tecidos moles com maior precisão como a ressonância magné-
tica (RM). Esse método permite a criação de cortes nos três planos ortogonais,
além de não emitir radiação, diminuindo o risco de lesões no paciente. A
RM teve seu início por volta de 1937, quando o físico russo Isidor Rabi, traba-
lhando nos EUA, descobriu um fenômeno importante ao qual ele denominou de

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ressonância magnética nuclear. Esse método consiste em aplicar um campo
magnético forte e capturar a radiação liberada pelas células do corpo humano,
sendo muito sensível aos tecidos como o parênquima cerebral e por isso é um
dos melhores métodos de imagem da atualidade.
Com muitos recursos não invasivos para o estudo de anatomia, tornou-se
fundamental o estudo dessa área para a investigação de doenças que agridam
a formação do corpo humano.

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2. Patologia

Patologia é disciplina que envolve a ciência básica e a prática clinica e


dedica-se ao estudo das alterações estruturais e funcionais nas células, tecidos
e órgãos que dão origem às doenças.
A patologia deve ser encarada como uma introdução ao estudo da do-
ença, abordando principalmente o mecanismo de formação das doenças e tam-
bém as causas, as características macro e microscópicas e as consequências
destas sobre o organismo. Trata-se de uma matéria importante, pois representa
o primeiro contato com a terminologia médica e fundamental, já que a compre-
ensão do mecanismo de formação das doenças é que vai ser a base para a boa
prática clínica, potenciando diagnósticos e indicando terapêuticas. A patologia
representa um meio de apoio e de confirmação de diagnósticos.
Para o patologista, profissional treinado para reconhecer morfologica-
mente as lesões, a patologia é o estudo das lesões decorrentes das doenças.
Mas para o bom patologista, mais que um objetivo, o grande desafio é entender
a doença isto é, saber como e por que determinadas lesões ocorrem em deter-
minadas circunstâncias, e quais as suas consequências. Isto explica por que
muitas vezes um quadro patológico muito ruim para o paciente desperta nos pa-
tologistas exclamação com entusiasmo.
Assim, a patologia é um importante elo entre as disciplinas básicas (ana-
tomia, histologia, embriologia, fisiologia, microbiologia, bioquímica e parasitolo-
gia) e as profissionalizantes (clínicas, cirurgias, reprodução e inspeção de pro-
dutos de origem animal).
A Patologia Geral estuda as reações básicas das células e tecidos à es-
tímulos anormais que geram as doenças. Já a Patologia Especial engloba as
respostas específicas de órgãos e tecidos especializados a estímulos mais ou
menos bem definidos.
Existem quatro conceitos básicos para os processos mórbidos: Etiologia,
Patogenia, alterações morfológicas e importância clinica.
A etiologia ou causa, é a base a qual se define um diagnóstico; compre-
ende-se uma enfermidade ou estabelece-se um tratamento. São classificados

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em dois fatores: intrínsecos (genéticos) e adquiridos (infecciosos, nutricionais,
químicos e físicos).
A patogenia é a sequência de eventos na resposta das células ou tecidos
ao agente etiológico, do estímulo inicial à expressão final da doença. É um dos
principais domínios da patologia. Compreender uma determinada doença signi-
fica saber: o agente etiológico; eventos bioquímicos; eventos imunológicos e
eventos morfológicos que levam a formação dos sintomas.
O estudo da patogenia é extremamente relevante para a criação de novos
tratamentos.
As alterações morfológicas são as alterações estruturais nas células ou
tecidos que são típicas da doença ou diagnósticas do processo etiológico.
A prática clínica é idealmente capaz de fazer grande parte dos diagnósti-
cos e solucionar boa porcentagem dos problemas de saúde dos pacientes.

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3. Anatomia

3.1 Anatomia microscópica

A anatomia microscópica é o estudo dos tecidos e da sua organização


em órgãos e sistemas. Como essa subdivisão da anatomia lida com estruturas
que não são visíveis a olho nu, como artérias microscópicas, veias, capilares e
nervos, ela explora o poder de magnificação dos microscópios. Anatomia mi-
croscópica e histologia são frequentemente usados como termos intercambiá-
veis, mas na verdade eles são distintos. Histologia tem um significado muito mais
amplo, lidando com as estruturas e a organização dos tecidos em todos os ní-
veis, dos componentes intracelulares às células e até órgãos. Em contraste, a
anatomia microscópica tem um significado mais restrito, lidando apenas com as
‘microestruturas’ e a organização de tecidos e órgãos. Como exemplo do mús-
culo esquelético motor, para contextualizar. A anatomia microscópica descreve
o músculo esquelético como formado por fascículos e subsequentemente fibras,
enquanto os neurônios são formados por axônios. A histologia explica muito
mais, incluindo a estrutura interna das fibras de cada célula muscular e dos axô-
nios.

Ensinar anatomia de acordo com regiões ou sistemas é a abordagem pa-


drão e clássica usada em todo o mundo. Desta maneira, se aprende o conheci-
mento fundamental e os detalhes de cada estrutura anatômica. Entretanto, falta
contexto. São necessários outros métodos que podem relacionar as estruturas
entre si e colocar este conhecimento no contexto clínico, facilitando o aprendi-
zado e a retenção em longo prazo. Existem dois métodos que podem permitir
isso: relatos de caso e cortes transversais .

Relatos de casos descrevem cenários de vida real encontrados por médi-


cos durante sua prática diária. Os casos são estruturados sistematicamente, co-
meçando pelas queixas do paciente, seguidas pelo diagnóstico e pelo trata-
mento proposto. Estes aspectos são então integrados com seu conhecimento

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anatômico para colocar todo o caso em contexto e te ajudar a aprender a impor-
tância de várias estruturas anatômicas encontradas durante seu estudo diário.
Sendo assim, casos clínicos são ótimas ferramentas de aprendizado.
O segundo método de aprendizado inclui seções transversais, que podem
aprofundar muito o seu conhecimento. Elas são criadas por cortes transversais,
resultando em uma vista que adiciona a dimensão de profundidade nas típicas
vistas frontal e lateral usadas no aprendizado padrão de anatomia. Isso combi-
nado com altura, largura e profundidade, constrói uma imagem em 3D da locali-
zação precisa de cada estrutura anatômica.

Sem as seções transversais, não poderíamos entender de verdade como


os músculos estão dispostos em camadas, como os órgãos estão em contato
uns com os outros ou como as estruturas neurovasculares fazem curvas em seu
curso, por exemplo. Sendo assim, elas contextualizam muito bem as estruturas
para o aprendizado anatômico. Elas também são utilizadas por médicos na sua
prática diária, através das tomografias. Quando o fluido em excesso do tórax ou
abdome do paciente é drenado é importante saber quão profundo se pode avan-
çar a agulha para ter a segurança que não atingirá nenhum órgão vital ou vaso
sanguíneo.

3.2 Anatomia macroscópica

Essa anatomia regional organiza o corpo em várias regiões: membros su-


periores, membros inferiores, tronco (tórax, abdome, pelve, dorso), cabeça e
pescoço. Esta abordagem divide o ensino e o aprendizado em várias áreas di-
dáticas menores, cada uma contendo seus respectivos ossos, articulações, mús-
culos, artérias, veias, nervos, vasos linfáticos e órgãos.
Os membros superiores e inferiores estão conectados a uma estrutura
anatômica denominada tronco, também chamada de torso. O tronco é dividido
em várias regiões, denominadas tórax, abdome, pelve e dorso. No centro do
dorso está a coluna vertebral, que contém a medula espinhal. Grandes músculos
do dorso, como o trapézio, latíssimo do dorso e rombóides, assim como outros
músculos mais profundos e menores, estão conectados a vários pontos da co-
luna vertebral. A musculatura do dorso ajuda a manter a postura, fletir o tronco,
mexer os braços, levantar ombros e etc. Grandes músculos abdominais, como

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por exemplo, o reto abdominal, também contribuem com o tronco.
O tórax pode ser considerado o epicentro do sistema circulatório e o prin-
cipal responsável pela respiração, função que é controlada principalmente
pelo diafragma. A parede torácica protege o conteúdo interno e também dá su-
porte às mamas. Ele é tão complexo por dentro quanto por fora. Internamente
ele consiste na cavidade torácica que aloja os pulmões. Estes dois órgãos vitais
estão encobertos por membranas chamadas de pleura e eles são responsáveis
pela respiração. Juntos, os pulmões ocupam uma área equivalente a uma qua-
dra de tênis. Entre os dois pulmões está o mediastino, um espaço que contém
vasos sanguíneos e linfáticos, nervos e mais importante, o coração. Este órgão
vital está dentro de um saco chamado de pericárdio e bombeia cinco litros de
sangue a cada minuto do seu dia para todo o seu corpo.

Continuando inferiormente ao tórax, chegamos ao abdome e à pelve. Es-


tas duas regiões são frequentemente divididas em duas, por motivos didáticos,
mas seu conteúdo se mistura em uma grande cavidade abdominopélvica. Inter-
namente, ela é revestida por uma membrana chamada de peritônio, que cir-
cunda várias estruturas, fazendo com que elas sejam chamadas de intraperito-
neais. O maior sistema de órgãos localizado aqui é o trato gastrointestinal. Os
intestinos delgado e grosso, que são responsáveis pela absorção de nutrientes
percorrem essa região num total de 7,5 metros, o equivalente a quatro corpos
humanos colocados um em cima do outro.

É importante ressaltar que o abdome e a pelve abrigam os maiores vasos


sanguíneos do corpo. Uma vez que eles suprem os maiores órgãos e até as
partes distais do corpo, eles são estruturas de grande calibre, que transportam
litros de sangue. Por exemplo, se a aorta ou a artéria renal se rompem durante
um evento traumático, a pessoa morre em poucos minutos. Nervos importantes
também podem ser encontrados nessas regiões, controlando a atividade dos
órgãos abdominopélvicos e permitindo a dor.

Além dos membros, duas outras regiões se estendem do tronco e traba-


lham em perfeita harmonia; um pescoço forte e móvel que dá suporte a uma ca-

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beça de cinco quilos, o que também inclui o encéfalo. Nervos vitais e vasos san-
guíneos passam através do pescoço no seu caminho entre a cabeça e o restante
do corpo, e é por isso que conhecer essa região é importante.

3.3 Escala: comprimento, volume e peso

Para descrever as dimensões das células, tecidos e órgãos, os anatomis-


tas necessitam de um sistema preciso de medição, por isso o sistema utilizado
é o métrico para compreender tamanhos, volumes e pesos das estruturas do
corpo. Muitos de nossos órgãos só têm alguns centímetros de altura, compri-
mento e largura. As células, as organelas (estruturas encontradas no interior das
células) e os tecidos são muito pequenos e são medidos em micrômetros (micro
= pequeno). Cada micrômetro (μm) representa a milésima parte de um milímetro.
As células humanas têm, em média, 10 μm de diâmetro, embora possam variar
de 5 μm a 100 μm. A célula humana de maior diâmetro, o óvulo, tem aproxima-
damente o mesmo tamanho do menor ponto que conseguimos fazer com um
lápis nesta página.

3.4 Terminologia anatômica

A maioria dos termos anatômicos se baseia em palavras do grego antigo


e do latim. Por exemplo, braço vem do grego brachium; o osso da coxa é o fêmur,
que vem da palavra latina femur, que significa coxa. Essa terminologia, que en-
trou em uso quando o latim era a língua oficial da ciência, fornece a nomenclatura
padrão utilizada pelos cientistas mundo afora, em qualquer idioma. Explicar as
origens de certos termos e decompor, nos seus respectivos radicais, os termos
com os quais não estamos muito bem familiarizados ajuda a compreender seus
significados e a memorizar os termos anatômicos. Por exemplo, a palavra hepa-
tite é composta de hepata, “fígado”, e itis, “inflamação”; portanto, hepatite é uma
inflamação do fígado.

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3.5 Termos regionais e de direção

Para descrever com precisão as várias partes do corpo e suas localiza-


ções, é preciso utilizar um ponto de referência visual em comum. Esse ponto é
a posição anatômica (Figura 1). Nessa posição, a pessoa fica ereta (de pé), com
os pés retos (dedos apontados para a frente) e apoiados no chão, e o olhar fixo
no horizonte. As palmas das mãos estão voltadas anteriormente com os polega-
res apontando para fora. É fundamental aprender a posição anatômica porque a
maior parte da terminologia direcional utilizada na anatomia se refere ao corpo
nesta posição. Além disso, os termos direita e esquerda, sempre se referem aos
respectivos lados da pessoa ou cadáver em análise — nunca aos lados direito e
esquerdo do observador.

Termos regionais são os nomes das áreas específicas. As divisões fun-


damentais do corpo são as regiões axial e apendicular. A região axial, assim
chamada por compor o eixo principal do corpo, consiste em cabeça, pescoço e
tronco. O tronco, por sua vez, é dividido em tórax (peito), abdome e pelve; tam-
bém inclui a região em torno do ânus e genitálias externas, chamada períneo. A
região apendicular do corpo consiste nos membros, que também são chamados
terminações ou extremidades.

As divisões fundamentais do corpo são subdivididas em regiões menores


(conforme mostra a Figura 1). Os termos de direção padrão são utilizados pelos
profissionais da medicina e anatomistas para explicar precisamente onde se en-
contra uma estrutura do corpo em relação à outra. Por exemplo, é possível des-
crever o posicionamento das sobrancelhas em relação ao nariz estabelecendo
informalmente: “As sobrancelhas ficam uma em cada lado do rosto, à direita e à
esquerda do nariz, e acima deste”. Em terminologia anatômica, essa explicação
se reduz a: “as sobrancelhas são laterais e superiores ao nariz”. Está claro que
a terminologia anatômica é mais sucinta e menos confusa. Os mais usados são
os termos pareados superior/inferior, anterior (ventral)/posterior (dorsal), me-
dial/lateral e superficial/profundo.

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Figura 1: Posição anatômica e termos regionais.

Fonte: https://enarm.com.mx/catalogo/20.pdf

3.6 Planos e secções do corpo

No estudo da anatomia, o corpo costuma ser seccionado (cortado) ao


longo de uma superfície aplanada chamada plano. Os planos mais utilizados
para o estudo do corpo humano são sagital, frontal e transversal, que se encon-
tram em ângulos retos (Figura 2). Cada seção leva o nome do plano ao longo do
qual ela é cortada. Assim, um corte feito ao longo do plano sagital produz uma
secção sagital.

O plano frontal (coronal) se estende verticalmente e divide o corpo nas


partes anterior e posterior (Figura 2a). O plano transversal (horizontal) corre ho-
rizontalmente da direita para a esquerda, dividindo o corpo nas partes superior

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e inferior (Figura 2b). A secção transversal também é chamada corte transversal.
Os planos sagitais (“seta”) são verticais, como os planos frontais, mas dividem o
corpo nas partes direita e esquerda (Figura 2c). O plano sagital específico que
fica exatamente na linha média é o plano mediano, ou plano sagital mediano.
Todos os outros planos sagitais, afastados da linha média, são os parassagitais
(para = semelhante). Cortes feitos ao longo de qualquer plano que fique na dia-
gonal entre o horizontal e o vertical são chamados secções oblíquas. Nem fron-
tais, transversais ou sagitais, essas secções são difíceis de interpretar porque a
orientação da visualização não fica óbvia. Por isso é que raramente se usam as
secções oblíquas.

Figura 2: Planos do corpo.

Fonte: https://enarm.com.mx/catalogo/20.pdf

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A habilidade para interpretar secções por todo o corpo humano, especial-
mente as transversais, é cada vez mais importante nas ciências clínicas. Os no-
vos aparelhos de imagiologia produzem imagens seccionais e não tridimensio-
nais. Assim sendo, pode ser difícil interpretar a forma geral de um objeto unica-
mente a partir de uma visualização seccional. O corte transversal de uma ba-
nana, por exemplo, parece um círculo e não dá indicação do formato em meia-
lua da banana inteira. Às vezes é necessário compor mentalmente toda uma
série de secções para compreender a forma verdadeira de um objeto. Com a
prática, é possível aprender gradativamente a relacionar secções bidimensionais
com formas tridimensionais.

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VÍDEO DE APOIO

Vídeo 2: Principais métodos de imagem em medicina e suas indicações


Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=lac8cuVmPxw>

Sinopse: no video o Prof. Dr. Alexandre de Taso Machado da USP fala sobre
os prinicpais métodos de exams de imagem e suas indicações

4. Métodos de estudo da patologia

Desde a criação do microscópio ao final do século XVI por Johannes e


Zacharias Jansen e melhorado pelo físico inglês Robert Hooke e por Anton
Leeuwenhouek, o estudo da Anatomia Microscópica associada à coloração
tornou-se indispensável para o estudo das doenças a nível celular. Observe a
importância dessa ferramenta nos estudos de Leeuwenhouek e Hooke. Foram
eles quem descobriram os espermatozoides e as células redondas do sangue,
os glóbulos do sangue.
A partir dessa ferramenta, foi possível a compreensão de doenças que
alteram a formação da célula e trazem problemas ao funcionamento do sistema.
A doença entitulada anemia falciforme foi descrita por James Herrick, médico de
Chicago a quem também é creditada a descrição das células em foice no sangue
de um estudante de medicina de raça negra com anemia severa. Assim, foi ve-
rificado que a forma da célula passou de discoide para semidiscoide que é a
forma de foice. Esse estudo foi possível graças ao conhecimento adquirido dos
experimentos de Herrick associados ao avanço das ferramentas de aumento.
Os principais métodos de imagem são:

 Radiografia
 Mamografia
 Tomografia Computadorizada (TC)
 Ressonância Magnética (RM)
 Ultrassonografia (US)

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 Densitometria Óssea (DO)
 Cintlografia
 Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET)
 Tomografia por Emissão de Pósitrons acoplada à Tomografia Computa-
dorizada (PET-CT)
 Tomografia por Emissão de Pósitrons acoplada à Ressonância Magnética
(PET-RM)

Neste material, será explanado sobre alguns desses exames, apresen-


tando suas principais características.

4.1 Raio X

Não é novidade que os médicos buscam formas de examinar os órgãos


internos do corpo atrás de evidências de uma doença sem que seja necessário
sujeitar o paciente aos riscos de uma cirurgia exploratória. Eles são capazes de
identificar algumas doenças e lesões apenas tateando por cima do tegumento
os órgãos profundos do paciente ou por meio do uso dos tradicionais raios X.
Assim como o microscópio, o raio X permitiu o estudo anatomopatológico
de partes duras do corpo humano impossíveis antes desta descoberta. Os
médicos reconheceram imediatamente a importância da descoberta dos raios X
e sua a prática foi implementada rapidamente. A primeira radiografia diagnóstica,
com uma fratura de Colles, foi realizada nos Estados Unidos em 3 de fevereiro
de 1896, sendo creditada à Edwin Geada (1866-1935). A chegada da nova
tecnologia foi rapidamente acoplada às especialidades médicas, principalmente,
Ortopedia pela sua importância no estudo de tecidos duros, ossos e articulações.
A partir de então, o diagnóstico avançou e isso foi fundamental para desco-
berta e tratamento de outras doenças em tecidos duros. Os raios X contribuíram
para o aparecimento de métodos de exames sensíveis a tecidos moles como
músculos e encéfalo.
Novas e poderosas técnicas continuam a ser desenvolvidas para visuali-
zação da anatomia interna de seres humanos vivos. Essas técnicas de imagio-
logia não apenas revelam a estrutura de órgãos internos em funcionamento
como também podem render informações sobre a atividade celular. Todas essas

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técnicas novas se utilizam de poderosos computadores para construir imagens
a partir de dados brutos transmitidos por sinais elétricos. Antes de conside-
rar as novas técnicas, é preciso compreender as tradicionais imagens de raios
X, pois elas ainda desempenham um papel fundamental nos diagnósticos médi-
cos (Figura 3a).

Figura 3: Imagens de raios X

Fonte: https://enarm.com.mx/catalogo/20.pdf

Descobertos de forma acidental em 1895 e utilizados em medicina, desde


então, os raios X são ondas eletromagnéticas de comprimento muito curto.
Quando direcionados para o corpo humano, alguns raios são absorvidos, en-
quanto outros o atravessam. A quantidade de absorção depende da densidade
da matéria encontrada. Os raios X que passam pela superfície anterior do corpo
atingem um filme (chapa de raios X) atrás do paciente. A imagem resultante (ra-
diografia) é negativa: as áreas mais escuras, sensibilizadas do filme, represen-
tam os órgãos menos densos, que são facilmente penetrados pelos raios X, en-
quanto as áreas claras, não sensibilizadas, correspondem a estruturas mais den-
sas, como ossos, que absorvem a maioria dos raios X. As imagens de raios X
são as melhores para a visualização de ossos e para a localização de estruturas
densas anormais, como alguns tumores e nódulos tuberculosos nos pulmões.

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A mamografia (“radiografia da mama”) utiliza baixa dose de raios X para
procurar tumores nas mamas, e os exames de densidade óssea usam os raios
X da parte inferior da coluna vertebral e dos quadris para fazer triagem de oste-
oporose (“ossos porosos”). O exame de raios X feito em órgãos ocos de tecido
mole é aprimorado com o uso de um meio de contraste, um líquido que contém
átomos de um elemento pesado como o bário para absorver uma quantidade
maior dos raios X que atravessam os tecidos. O meio de contraste é injetado ou
ingerido, dependendo da estrutura a ser examinada, de forma a preencher os
órgãos de interesse e permitir uma melhor visualização dessas estruturas de
tecido mole. O trato gastrointestinal (“estômago e intestinos”) costuma ser exa-
minado com o uso desse procedimento (imagiologia do trato gastrointestinal su-
perior e inferior) para triagem de úlceras ou tumores (Figura 3b). Em muitas
instâncias, as imagens de raios X convencionais são bastante informativas; en-
tretanto, os estudos dos raios X convencionais têm algumas limitações que le-
varam os médicos a buscarem técnicas de imagiologia mais avançadas. Pri-
meiro, as imagens de raios X, principalmente as de tecidos moles, podem estar
embaçadas e não muito nítidas. Segundo, as imagens de raios X convencionais
achatam as estruturas tridimensionais do corpo em apenas duas dimensões.
Consequentemente, os órgãos parecem estar empilhados uns por cima dos ou-
tros. E o mais problemático ainda é que os órgãos mais densos bloqueiam os
menos densos que estiverem na mesma trajetória dos raios. Para melhorar as
imagens, particularmente dos tecidos moles, os médicos utilizam técnicas de
imagiologia assistidas por computador, que são capazes de produzir imagens
seccionais através e do interior do corpo.

4.2 Tomografia computadorizada

Uma das mais úteis técnicas de imagiologia moderna é uma tecnologia


refinada de raios X chamada tomografia computadorizada (TC), ou tomografia
axial computadorizada (TAC) (Figura 4). O aparelho de tomografia computadori-
zada tem a forma de uma porca metálica quadrada (como as porcas de parafu-
sos) que fica assentada sobre um dos lados. O paciente fica deitado (em decú-
bito dorsal) no orifício central, situado entre um tubo de raios X e um gravador,

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ambos dentro do aparelho. O tubo e o gravador giram de forma a obter 12 ima-
gens sucessivas de raios X em torno de toda a circunferência da pessoa. Como
o feixe de raios X tem forma de leque e é pouco espesso, todas as imagens
ficam confinadas a um único plano transversal ao corpo com cerca de 0,3 cm de
espessura. Isso explica o termo tomografia axial, que literalmente significa “ima-
gens de cortes transversais tiradas ao longo do eixo do corpo”. As informações
são obtidas a partir de toda a circunferência, de forma que todos os órgãos ficam
registrados a partir do melhor ângulo, sendo bloqueados pela menor quantidade
de estruturas. O computador traduz todas as informações registradas em uma
imagem detalhada daquela secção do corpo, imagem essa que é exibida em
uma tela para visualização.

A TC produz imagens excelentes dos tecidos moles, bem como dos os-
sos e dos vasos sanguíneos, além de ser um teste rápido e relativamente de
baixo custo. A TC pode ser usada rápida e prontamente em situações de trauma
para avaliar uma possível lesão interna. Como a TC utiliza raios X para produzir
imagens, há alguma preocupação, por mínima que seja, acerca da exposição à
radiação. É menos útil para estruturas de tecidos nervosos e para imagens de
articulações, particularmente o joelho e o ombro, pois os ossos conseguem obs-
truir os detalhes nessas articulações. Entretanto, por ser de menor custo que a
ressonância magnética, e por seu uso ser menos restritivo, a TC é uma ferra-
menta diagnóstica essencial para os médicos.

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Figura 4: Tomografia computadorizada (TC), atraves do abdome superior. As
seccoes de TC sao orientadas convencionalmente como se visualizadas a partir de uma
direcao inferior, com a superficie posterior do corpo posicionada na parte inferior da
imagem; portanto, o lado direito do paciente estara do lado esquerdo da imagem.

Fonte: https://enarm.com.mx/catalogo/20.pdf

4.3 Angiografia

A angiografia (“imagem de vasos”) é uma técnica que produz imagens dos


vasos sanguíneos, através da inserção de um meio de contraste no vaso, o qual
se distribui através do sistema vascular. As imagens dos vasos de interesse são
registradas com o uso de uma radiografia convencional ou de uma técnica de
imagiologia digitalmente assistida, como a TC ou a RM. O meio de contraste
destaca a estrutura do vaso e permite uma clara visualização dos vasos sanguí-
neos. Esse procedimento é utilizado para diagnosticar aneurismas (uma bolha
que se infla para fora de um vaso devido a um enfraquecimento de suas paredes)
e aterosclerose (estreitamento de vasos sanguíneos devido ao acúmulo de pla-
cas de gordura) e também para identificar uma fonte de hemorragia interna.

Uma extensão da angiografia, a angiografia por subtração digital (ASD)


propicia uma visão livre de obstrução de pequenas artérias (Figura 5). Nesse

22
procedimento, as imagens do vaso são feitas antes e depois da injeção do meio
de contraste. O computador subtrai a imagem “antes” da imagem “depois”, eli-
minando todos os vestígios de estruturas do corpo que obscurecem o vaso. A
ASD costuma ser utilizada para identificar obstruções das artérias que irrigam a
parede do coração e o cérebro.

Figura 5: Angiografia por subtracao digital (ASD) das arterias que suprem o co-
racao (coronarias cardiacas).

Fonte: https://enarm.com.mx/catalogo/20.pdf

4.4 Tomografia por emissão de pósitrons

A tomografia por emissão de pósitrons (PET) (Figura 6) é um procedi-


mento avançado que produz imagens a partir da detecção de isótopos radioati-
vos injetados no corpo. A vantagem especial dessa técnica é que suas imagens
indicam regiões de atividade celular. Por exemplo, açúcar radioativamente mar-
cado ou moléculas de água são injetados no fluxo sanguíneo e rastreados até
as áreas do corpo que os absorver em maior quantidade. Esse procedimento
identifica as células mais ativas e localiza as regiões do corpo que recebem o
maior suprimento de sangue. À medida que vai se desintegrando, o material ra-
dioativo libera energia na forma de raios gama. Sensores dentro do aparelho

23
captam os raios gama emitidos, que são traduzidos em impulsos elétricos e en-
viados ao computador. Assim, constrói-se na tela uma imagem da localização
do isótopo.

A PET é utilizada para avaliar o fluxo funcional de sangue e áreas de


grande atividade metabólica. No cérebro, ela é capaz de distinguir áreas normais
que estão mais ativas durante tarefas específicas (fala, visão, compreensão),
propiciando assim evidência direta das funções realizadas por regiões específi-
cas do cérebro. Mas a imagem PET tem resolução baixa e leva um tempo rela-
tivamente longo para se formar, de forma que não é capaz de registrar mudanças
rápidas na atividade cerebral.

A PET está sendo gradativamente substituída pela ressonância magné-


tica funcional. A PET também é utilizada na oncologia para detectar e estadiar
tumores, e também para avaliar a terapia. Por medir a atividade metabólica, ela
pode indicar áreas de maior atividade celular devido ao crescimento do tumor.
Esse tipo de tomografia consegue revelar a presença de crescimentos cancero-
sos mesmo antes de se tornarem visíveis à TC ou RM. No tratamento do câncer,
as imagens de PET são utilizadas para monitorar o tamanho e a distribuição de
tumores e a resposta dos tumores cancerosos ao tratamento terapêutico (Figura
6). Ela está sendo cada vez mais usada em combinação com a tomografia com-
putadorizada ou a ressonância magnética para correlacionar a atividade meta-
bólica dos tecidos cancerosos com alterações da estrutura anatômica.

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Figura 6: Tomografia por emissao de pósitrons (PET). Usa-se a PET em oncologia
para avaliar o tamanho, a localizacao e a resposta ao tratamento do tumor.

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4.5 Ultrassonografia

Na ultrassonografia, ou ecografia (Figura 7), é feita uma sondagem com


pulsos de ondas de som de alta frequência (ultrassônica) que atingem os tecidos
do corpo e são refletidas (eco). Um computador analisa os ecos de maneira a
construir imagens seccionais dos contornos dos órgãos. Um dispositivo portátil,
que parece um microfone, emite o som e capta os ecos. Esse dispositivo é des-
locado pela superfície do corpo, permitindo que os órgãos sejam examinados a
partir de diferentes planos.

A ultrassonografia tem duas vantagens claras em relação às outras técni-


cas de imagiologia. Primeira: o valor do equipamento é relativamente baixo. Se-

25
gunda: o ultrassom parece ser mais seguro do que formas ionizantes de radia-
ção, causando menos efeitos nocivos aos tecidos vivos.
Por causa de sua aparente segurança, o ultrassom é a técnica de imagi-
ologia preferida para determinar a idade e a saúde de um feto em desenvolvi-
mento. Também é utilizado para visualizar vísceras, além de ser cada vez mais
usado também para visua lizar as artérias na tentativa de detectar a ateroscle-
rose (espessamento e endurecimento das paredes arteriais). A ultrassonografia
não é muito útil para visualizar estruturas cheias de ar (pulmões) ou estruturas
cercadas de ossos (cérebro e medula), pois as ondas sonoras não penetram
bem em objetos duros e se dissipam rapidamente no ar.
As imagens de ultrassom são um pouco turvas, embora a nitidez esteja
melhorando com o uso de ondas sonoras de hiperfrequência. Meios de contraste
líquidos com bolhas refletoras de som podem ser injetados na circulação san-
guínea para melhor revelar os vasos e o sangue.

Figura 7: Imagem por ultrassom de um feto no utero.

Fonte: ttps://enarm.com.mx/catalogo/20.pdf

4.6 Ressonância nuclear magnética

A ressonância nuclear magnética ou ressonância magnética (RM) é uma


técnica muito requisitada por ser capaz de produzir imagens de alto contraste
dos tecidos moles (Figura 8), uma área onde a imagiologia por meio dos raios X

26
não é satisfatória. A RM também não usa radiação para gerar a imagem. Ela
detecta primordialmente os níveis de hidrogênio no corpo, cuja maioria se en-
contra na água. Com isso, a tendência da RM é distinguir os tecidos uns dos
outros com base nas diferenças do teor de água. Já que os ossos contêm menos
água do que os outros tecidos, é fácil a RM atravessar o crânio para revelar o
cérebro. Ela consegue distinguir a substância branca lipídica (mielinizada) da
substância cinzenta mais aquosa do encéfalo. Muitos tumores são revelados
com nitidez e a RM já revelou até tumores que não foram percebidos pela ob-
servação direta durante cirurgia exploratória. Os tecidos moles das articulações,
ligamentos e cartilagens também são bem visualizados com a RM.

Figura 8: Ressonancia nuclear magnetica (RM). As superficies planas em (b) mostram


os dados originais da RM.

Fonte: https://enarm.com.mx/catalogo/20.pdf

A técnica submete o paciente a campos magnéticos até 60 mil vezes mais


fortes que o da Terra. O paciente fica numa câmara, com o corpo cercado por
um grande ímã. Quando o ímã é ligado, os núcleos dos átomos de hidrogênio
do corpo — prótons isolados que giram como peão — se alinham em paralelo
ao campo magnético mais forte. O paciente é então exposto a um breve pulso
de ondas de rádio logo abaixo da frequência das rádios comerciais de frequência
modulada (FM), que desalinham esses prótons. Quando as ondas de rádio são

27
desligadas, os prótons voltam ao alinhamento no campo magnético, emitindo,
no processo, suas próprias e fracas ondas de rádio. Essas ondas são detectadas
por sensores e o computador as traduz em imagens visíveis. Com o uso de téc-
nicas avançadas de renderização de volume, múltiplos aparelhos de RM podem
ser montados em reconstruções tridimensionais (Figura 8b). As imagens produ-
zidas são impressionantes visualizações do interior dos órgãos.
No início de 1990, a tecnologia da RM experimentou considerável avanço
com o desenvolvimento da RM funcional (RMf). Essa técnica mede o oxigênio
do sangue, revelando a quantidade de sangue oxigenado que está circulando
para regiões específicas do corpo. Com isso, ela consegue mostrar quais as
partes do cérebro que estão ativas durante várias tarefas mentais. A RM funcio-
nal é capaz de localizar com precisão áreas do cérebro muito menores do que
as localizadas pela PET, de uma maneira mais rápida e sem uso de rastreadores
radioativos. Por essas razões, está cada vez mais substituindo a PET no estudo
das funções cerebrais. Apesar das vantagens da RMf, há limitações no seu uso.
Esse tipo de ressonância não utiliza raios X, de forma que não causa preocupa-
ção quanto a exposição à esse tipo de radiação; entretanto, os ímãs de grande
porte podem produzir mau funcionamento em dispositivos metálicos implantados
no paciente. A RM requer mais tempo para produzir uma imagem do que a to-
mografia computadorizada, e durante a geração de imagem por RM não é pos-
sível usar certos aparelhos médicos, como equipamento de tração ou de suporte
vital. Por essas razões, a RM não é útil em situações de trauma e também é mais
sensível à movimentação do paciente durante o exame.
As imagens formadas pelas técnicas de imagiologia computadorizadas
podem ser impressionantes. Contudo, cabe lembrar que são abstrações monta-
das por um computador. A nitidez é artificialmente aprimorada e a cor é artifici-
almente colocada de forma a ampliar o contraste ou destacar áreas de interesse.
Embora as imagens geradas por computador não sejam imprecisas, trata-se, na
verdade, de uma série de etapas removidas da observação visual direta.

28
4.7 Densitometria óssea (DO)

A densitometria óssea é um exame realizado para quantificar a densi-


dade mineral dos ossos, e pode ser indicado para o diagnóstico e o acompanha-
mento de osteoporose. Tem o objetivo de identificar pacientes com risco de fra-
turas que possam se beneficiar do tratamento com medicação.

Utiliza uma pequena quantidade de radiação ionizante para gerar as ima-


gens. São utilizados dois feixes de raios X simultâneos com diferentes energias,
que interagem de forma diferente com os tecidos ósseos e com os tecidos de
partes moles (não ósseos) do paciente. A densidade mineral óssea é calculada
a partir da análise das diferentes absorções de cada feixe pelos ossos e pelos
tecidos de partes moles.

4.8 Cintilografia

Cintilografia é o nome genérico que engloba diversos exames de ima-


gem dentro da especialidade de Medicina Nuclear. Este método também utiliza
radiação, mas ao invés de o paciente receber radiação durante o exame, é ele
quem a emite. Para quem não está habituado com os conceitos físicos envolvi-
dos, isso pode soar estranho. Para que isso aconteça, é necessário que com-
postos radioativos sejam administrados ao paciente antes do exame, por via oral
ou intravenosa, por exemplo. Durante o exame, o equipamento de cintilografia
detecta a radiação (raios gama) emitida pelas diversas estruturas e órgãos do
corpo humano, gerando as imagens. A quantidade de radiação é pequena e se-
gura.

Para cada processo fisiológico ou patológico que se queira estudar em


cada órgão ou estrutura, é necessário utilizar uma combinação de elemento ra-
dioativo associado a uma substância específica, com afinidades por diferentes
órgãos e estruturas anatômicas.

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A cintilografia tem aplicação em diversas áreas da medicina. Na oncolo-
gia, por exemplo, contribui na identificação de tumores ou metástases. Na cardi-
ologia, ajuda a determinar se o músculo cardíaco está recebendo suprimento de
sangue adequado. Na neurologia, auxilia o diagnóstico da doença de Parkinson.
Há outras diversas aplicações.

5. Doenças e o uso dos métodos de imagem


5.1 Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)

A DPOC, ou doença pulmonar obstrutiva crônica, ocorre devido a uma


inflamação ou obstrução crônica no revestimento dos brônquios ou bronquíolos,
dificultando a troca de gases da respiração. Essa inflamação pode ser causada
por bronquite crônica ou enfisema pulmonar. A principal causa da DPOC é o
hábito de fumar, pois a fumaça e outras substâncias presentes no cigarro provo-
cam, aos poucos, destruição do tecido que forma as vias respiratórias, levando
ao surgimento de sintomas como falta de ar, tosse constante com catarro ou
sensação de ruído ou chiado no peito ao respirar.
O tratamento da doença pulmonar obstrutiva crônica é indicado pelo
pneumologista dependendo da doença que causou a DPOC, e pode ser feito
com o uso de remédios, cirurgia ou fisioterapia, além de ser muito importante
parar de fumar.
Pessoas com DPOC podem ter resfriados, gripes ou infecções respirató-
rias mais frequentemente, o que pode piorar ainda mais os sintomas, com mais
dificuldade para respirar e maior produção de catarro, situação que é chamada
de “DPOC exacerbado”.
A figura 9 mostra os ossos do ombro, costelas, coração e pulmões. Em
um exame de tórax é possível visualizar a ausência de ar nos pulmões, cardio-
megalia e até calcificação de aorta. Das doenças pulmonares, o raio X é impor-
tante nas pneumonias, tuberculose e DPOC. Na DPOC o ar fica retido no tórax
e as silhuetas dos pulmões apresentam-se com cor escura devido à presença
de ar em seu interior.

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Figura 9: Imagem mostra a retenção de ar no interior dos pulmões provocada
pelo tabagismo.

Fonte: pulmaosarss.wordpress.com

Até aqui, foi mostrado um esboço da competência do exame de raio X


nos diversos sistemas do corpo humano, porém destacamos que sua utilização
na área de neurologia não é muito utilizada.

5.2 Derrame pleural

O derrame pleural não é uma doença, mas uma complicação que várias
doenças podem causar. Consiste no aumento do volume de líquido no espaço
entre as pleuras e causa entre outros sintomas, a clássica falta de ar ou dispneia
(Figura 10).

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Figura 10: Imagem de TC mostrando volume de líquido no espaço entre as pleuras

Fonte: https://www.studocu.com

O tratamento do derrame pleural não é voltado para ele e sim para a do-
ença que o causou. Se houve um derrame pleural por uma atelectasia, deve-se
tratá-la e como consequência a melhora do quadro de derrame pleural. A punção
pleural é indicada para fins de diagnóstico e terapêutico. O estudo do líquido
pode auxiliar no diagnóstico e o esvaziamento melhora a capacidade respirató-
ria.

5.3 Atelectasia

É o colapso tecidual de parte do pulmão ou de todo o pulmão. O pulmão


reduz seu volume pela dificuldade de penetração do ar. O pulmão apresenta-se
com aspecto murcho no exame de imagem. Essa é uma desordem que acomete
principalmente pessoas hospitalizadas. Nessa doença, o exame de imagem é
fundamental para fechar o diagnóstico (Figura 11).

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Figura 11: Na imagem de TC o pulmão apresenta-se com aspecto murcho (A). Raio X
do pulmão de paciente com atelectasia (B)

Fonte: https://www.studocu.com

O tratamento consiste em oxigênio e fisioterapia respiratória. Porém, a


respiração mecânica pode trazer bons resultados.

5.4 Embolia pulmonar

A tromboembolia pulmonar (TEP) é uma condição grave em que um-


trombo (coágulo sanguíneo) geralmente formados nos membros inferiores, se
desprende (êmbolo) e migra para a circulação pulmorar causando a interrupção
parcial ou total. Essa obstrução, comumente em artérias pulmonares, pode levar
a insulficiência respiratória e até mesmo a morte súbita (Figura 12).

33
Figura 12: Imagem de Raio X do pulmão de paciente com embolia pulmonar

Fonte: https://www.studocu.com.

Os êmbolos aparecem como manchas no interior das artérias. Na artéria


pulmonar esquerda, parece haver a obstrução total, enquanto que na artéria pul-
monar direita, há obstrução parcial. O tratamento para esse caso requer interna-
ção imediata e consiste na oxigenoterapia, ingestão de medicamentos anticoa-
gulantes e cirurgia para extração do êmbolo, podendo implantar um filtro preven-
tivo na veia cava inferior.

5.5 Barotrauma

Por muitos anos a lesão pulmonar induzida pela ventilação mecânica foi
associada ao barotrauma (escape de ar dos pulmões resultante da ruptura da
via aérea secundária ao aumento de pressão intrapulmonar) e a toxicidade
pelo oxigênio (atribuída a uma elevada concentração de oxigênio durante a
ventilação mecânica). A complicação mais frequente e bastante grave do baro-
trauma é o pneumotórax hipertensivo (Figura 13).

34
Figura 13: Imagem de Raio X do pulmão de paciente com grave barotrauma causando
o pneumotórax hipertensivo

Fonte: https://www.studocu.com

5.6 Enfisema pulmonar

O enfisema, também conhecido como enfisema pulmonar, é uma DPOC


(doença pulmonar obstrutiva crônica) não contagiosa causada pela grande
exposição a agentes poluentes e/ou químicos e que acabam danificando
os alvéolos pulmonares. Em 80% dos casos, o tabaco é o principal causador da
doença (Figura 14).

35
Figura 14: Raio X (A). TC do mesmo paciente com Atresia brônquica (B)

Fonte: https://www.studocu.com

5.7 Asma

Asma é uma doença comum das vias aéreas ou brônquios causada por
inflamação das vias aéreas (Figura 15). A asma causa sintomas como falta de
ar ou dificuldade para respirar, sensação de aperto no peito ou peito pesado,
chio ou chiado no peito e tosse. Esses sintomas variam durante o dia, po-
dendo piorar à noite ou de madrugada e com as atividades físicas. Os sintomas
também variam bastante ao longo do tempo e às vezes pode desaparecer.
A asma é uma das doenças crônicas mais comuns que afeta tanto crian-
ças quanto adultos, sendo um problema mundial de saúde e acometendo cerca
de 300 milhões de pessoas. Estima-se que no Brasil existam aproximadamente
20 milhões de asmáticos. A asma é uma causa importante de faltas escolares e
no trabalho.

Segundo o DATASUS, o banco de dados do Sistema Único de Saúde,li-


gado ao Ministério da Saúde, ocorrem no Brasil, em média, 350.000 internações
anualmente. A asma é a terceira ou quarta causa de hospitalizações pelo SUS
(2,3% do total), conforme o grupo etário considerado.

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Felizmente, com a melhor compreensão da doença por parte dos portadores e a
distribuição de medicamentos para os pacientes asmáticos graves, vem-se ob-
servando uma queda no número de internações e mortes por asma no Bra-
sil. Em uma década, o número de internações por asma no Brasil caiu 49%.
Apesar disso, disponibilização de tratamento adequado aos asmáticos ainda é
restrita em muitos estados do país, sendo que um percentual muito grande da
nossa população encontra-se não tratada por completo.

Figura 15: TC de paciente asmático em A, raio x de mesmo paciente em B

.
Fonte: https://web.facebook.com/vvradioactive/posts/1475905996008517/

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6. Referências

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