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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFACOL

Núcleo de Medicina Veterinária

PRINCIPIOS FÍSICOS DA ULTRASSONOGRAFIA: REVISÃO DE LITERATURA

(PHYSICAL PRINCIPLES OF ULTRASONOGRAPHY: LITERATURE REVIEW)

Fernando Cleyton Henrique de Mendonça Silva, Igne Lorena de Sousa Santos, Paloma
Beatriz da Silva Cabral

RESUMO
A ultrassonografia é um método de diagnóstico que utiliza ondas sonoras de alta frequência
para gerar imagens de órgãos ou estruturas. Essas ondas são transmitidas para o interior do
corpo do paciente a partir de um transdutor, sendo então absorvidas e refletidas em diferentes
graus pelos tecidos e, em seguida, captadas novamente pelo transdutor e exibidas em
monitores. A escolha do transdutor e da frequência correta para cada órgão influencia
diretamente no resultado da imagem ultrassonográfica. Este resumo pretende abordar os
principais pontos referentes aos princípios físicos da ultrassonografia, bem como informações
sobre os tipos de transdutores e os modos de disposição dos ecos.

Palavras-Chave: Ultrassom; Frequência; Física médica; Diagnóstico por imagem.

ABSTRACT
Ultrasonography is a diagnostic method that uses high-frequency sound waves to generate
images of organs or structures. These waves are transmitted into the patient's body from a
transducer, then absorbed and reflected to varying degrees by the tissues and then picked up
again by the transducer and displayed on monitors. The choice of the transducer and the
correct frequency for each organ directly influences the result of the ultrasound image. This
summary intends to address the main points related to the physical principles of ultrasound,
as well as information about the types of transducers and the modes of disposal of the echoes.
Keywords: Ultrasound; Frequency; Medical Physics; Diagnostic imaging.

1 INTRODUÇÃO

O termo ultrassonografia está relacionado à ondas de som de alta frequência,


inaudíveis ao ouvido humano (KEALY, 2012). Nas últimas décadas, a avaliação
ultrassonográfica tornou-se um exame imagiológico de alta procura na medicina veterinária,
possibilitando o alcance de informações mais assertivas, referente ao tamanho, forma,
contorto ou mesmo a textura dos órgãos ou estruturas em estudo (AUGUSTO; PACHALY,
2000).
A avaliação ultrassonografia, em geral, litiga longo tempo de estudo e experiência.
Assim, segundo Augusto e Pachaly (2000) a qualidade da imagem gerada e a sua correta
interpretação dependem do conhecimento das interações entre as ondas de ultrassom e os
tecidos ou órgãos, da escolha apropriada do transdutor e também da diferenciação de
artefatos de técnica de alterações normais.
O presente trabalho tem como objetivo tratar os principais pontos relacionados às
propriedades físicas da ultrassonografia, dando enfoque ao processo de produção do
ultrassom até a sua interação com os tecidos.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Para a produção desta revisão de literatura, foram selecionados como fontes de


pesquisa artigos e livros, publicados em português e em inglês, a partir de 2000, nas bases de
dados ScieElo, Google Acadêmico, PubMed e Biomed Central. As palavras utilizadas na
busca foram “princípios da ultrassonografia”, “ultrassonografia”, “potência acústica” e “física
médica”. Foram priorizados os trabalhos publicados em língua portuguesa e inglesa.

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 PRODUÇÃO DO ULTRASSOM


De maneira geral, durante a realização de uma ultrassonografia, um pulso de ondas de
ultrassom é direcionado para o interior do corpo. O pulso atravessa os tecidos até atingir uma
superfície refletora, a partir da qual é refletido de volta para o transmissor, que também
funciona como um receptor para a onda retroespalhada (eco). Os ecos alcançam um
computador que processa os sinais e os mostra em um monitor como uma representação
bidimensional (2D) da refletividade acústica dos tecidos (KEALY, 2012).
As ondas de ultrassom são geradas pelo efeito piezoelétrico em um meio adequado,
como um cristal feito de zirconato de chumbo. Assim, a partir do momento em que um
impulso elétrico é aplicado ao cristal, o efeito piezoelétrico resulta na deformação do cristal
que, ao vibrar, gera ondas de ultrassom. Quando os cristais recebem os ecos de ultrassom,
produzem impulsos elétricos proporcionais à intensidade dos ecos, que são mostrados como
vários tons de cinza no monitor. Quanto mais intenso o eco, maior será o brilho do ponto na
imagem da tela (KEALY, 2012).
O instrumento no qual o cristal está contido é denominado transdutor ou sonda
(KEALY, 2012). O transdutor é considerado o instrumento mais importante para a avaliação
ultrassonográfica. Ele é caracterizado por conter em seu interior cristais piezoelétricos, que
podem emitir diversos tipos diferentes de frequência. Alguns transdutores são considerados
multi-frequenciais, embora apenas um grupo de cristais seja selecionado por vez, visando
uma melhor visualização da imagem (AUGUSTO; PACHALY, 2000).
Os tipos de transdutores mais utilizados são os lineares, micro-convexos e setoriais,
no entanto, além destes, existem variações como trans-retal, intra-vaginal e intra-operatório
(AUGUSTO; PACHALY, 2000). Cada um destes tipos de transdutores apresenta vantagens e
desvantagens específicas, que variam de acordo com a intenção por trás do exame
ultrassonográfico (KEALY, 2012).

3.2 INTERAÇÃO DO ULTRASSOM COM OS TECIDOS


O som e o ultrassom são fenômenos ondulatórios, que caracterizam um tipo de onda
mecânica. A forma mais comum de caracterizar uma onda sonora é a partir das mudanças de
pressão no meio, produzidas pela perturbação que gera o som (PAPALÉO; SOUZA, 2019).
O feixe ultrassonográfico emitido é produzido em pequenos pulsos. A velocidade do
som nos tecidos varia, sendo lenta no ar, rápida em tecidos moles, e mais rápida no osso
(KEALY, 2012). Destaca-se ainda que em tecidos, as ondas sonoras são, normalmente,
longitudinais, exceto para corpos sólidos como os ossos, nos quais o som também se propaga
a partir de ondas transversais (PAPALÉO; SOUZA, 2019). Em regiões onde é possível notar
interfaces de densidades teciduais variáveis, ocorre uma diferença na transmissão do
ultrassom, resultando em uma atenuação, ou enfraquecimento, do feixe (KEALY, 2012).
À medida que o feixe de ultrassom e os ecos percorrem o tecido, ocorre uma certa
atenuação, que depende diretamente da frequência do transdutor e dos componentes do
tecido. Ondas sonoras de baixa frequência (2,0 a 3,5 MHz) percorrem distâncias mais
profundas no tecido, porém produzem imagens com uma resolução relativamente inferior. Já
as ondas sonoras de alta frequência (7,5 a 10 MHz) se atenuam mais rapidamente no tecido,
porém produzem imagens com resoluções superiores (KEALY, 2012).
De forma geral, para todos os propósitos, no que diz respeito a medicina veterinária,
indica-se utilizar o transdutor à potência máxima e reduzir o controle de ganho do aparelho
de ultrassom, caso a imagem se torne muito clara (KEALY, 2012).

3.3 MODO DE DISPOSIÇÃO DOS ECOS


A ultrassom possui cinco modos básicos de operação, sendo eles os modos A, B, M,
Doppler e elastográfco. Desses modos, o B (brilho) e o modo Doppler são os que recebem a
maior atenção do ponto de vista do controle da qualidade (CQ) na prática clínica (PAPALÉO;
SOUZA, 2019).
O modo A (amplitude) foi o primeiro modo inventado para avaliação
ultrassonográfica. Embora seja o mais simples, ainda é utilizado para avaliação
oftalmológica. O modo B utiliza de múltiplas ondas de ultrassom, que permitem que os ecos
de retorno sejam representados como pontos no monitor. O modo M (movimento) é utilizado
em conjunto ao modo B para avaliação do coração (AUGUSTO; PACHALY, 2019).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conhecer as propriedades físicas do ultrassom, além da interpretação das imagens
obtidas a partir do aparelho ultrassonográfico, é essencial. O tamanho do paciente, a estrutura
ou órgão a ser visualizado e a sua localização influenciam diretamente na escolha do tipo de
transdutor e na frequência que deve ser utilizada. A falta de conhecimento destas
propriedades pode levar o profissional a uma interpretação incorreta, comprometendo,
consequentemente, o tratamento e o prognóstico do paciente, podendo causar até uma
possível alteração ou doença.

5 REFERÊNCIAS

AUGUSTO, Alessandra Quaggio; PACHALY, José Ricardo. Princípios físicos da ultra-


sonografia: revisão bibliográfica. Arq. Ciên. Vet. Zool., Unipar, v. 3, n. 1, p. 61-65, 2000.
Semestral.
KEALY, J. K.; MCALLISTER, H.; GRAHAM, J.P. Radiologia e Ultrassonografia do Cão
e do Gato. São Paulo: Elsevier, 2012.
PAPALÉO, Ricardo M.; SOUZA, Daniel S. de. Ultrassonografa: princípios físicos e controle
da qualidade. Revista Brasileira de Física Médica, [s. l], v. 13, n. 1, p. 14-23, 2019.

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