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COMPLEMENTARES II
Daiane Turella
Ultrassonografia
cinesiológica: avaliação
e tratamento
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O exame complementar fisioterapêutico em ultrassonografia permite
ao profissional observar as estruturas em tempo real, bem como suas
alterações e anormalidades. A técnica exige um pouco de experiência
e conhecimento aprofundado sobre as estruturas anatômicas acerca da
cinesiologia do corpo humano.
A ultrassonografia vem alcançando cada vez mais o público de pro-
fissionais fisioterapeutas, visto que é uma ferramenta não invasiva e,
assim, oferece menos risco ao paciente, principalmente em ambientes
hospitalizados e em pacientes críticos, nos quais se deve monitorar a
massa muscular ou alguma lesão frequentemente.
Neste capítulo, você conhecerá os fundamentos da ultrassonografia,
além da avaliação do sistema musculoesquelético com essa ferramenta
e a sua relação com os procedimentos fisioterápicos.
2 Ultrassonografia cinesiológica: avaliação e tratamento
Fundamentos da ultrassonografia
A ultrassonografia é uma ferramenta de imagem comumente utilizada pela equipe
médica para diagnósticos médicos. Existe a ferramenta para fins terapêuticos,
que é utilizada para a fisioterapia em tratamentos, e a ferramenta para fins de
avaliação e diagnóstico fisioterapêutico. Nesse caso, o diagnóstico médico e o
fisioterapêutico devem ser considerados diferentes: por exemplo, o diagnóstico
médico envolve a lesão em si, a doença ou patologia geral, já o fisioterapêutico
define as alterações locais dependentes da lesão e/ou doença.
Na área médica, o ultrassom pode ser usado em exames pré-natais para
observar o desenvolvimento do bebê (Figura 1), para diagnosticar doenças
(Figuras 2, 3 e 4) e para direcionar pontos a aplicar medicamentos (Figura 5).
https://qrgo.page.link/3abQQ
a posição;
a pressão exercida no transdutor e a inclinação do transdutor durante o exame;
os pontos anatômicos, que devem ser padronizados;
o posicionamento e a postura do paciente, que também podem ser
fatores complicadores.
Funcionamento do ultrassom
Vamos entender, agora, como se dá o funcionamento do ultrassom. Já vimos
que o aparelho é alimentado por energia elétrica para o seu funcionamento e
que, acoplado a ele, há um transdutor, também chamado de probe. A energia
elétrica é transformada por esse transdutor em energia sonora — por isso,
ultrassom. Essa onda sonora é transmitida à pele por meio do gel à base de
água e atravessa os tecidos de acordo com a frequência em que está sendo
emitida, isto é, quanto menor a frequência, maior a profundidade que a onda
alcança. Isso ocorre porque a frequência é dada pelo comprimento de onda, que,
por sua vez, quanto maior for, maior penetração gerará, e vice-versa (Figura
10). Portanto, se o ponto que queremos acessar é mais profundo, menor será
a frequência, e assim por diante (KITCHEN, 2003).
Ultrassonografia cinesiológica: avaliação e tratamento 9
Observe os pontos estabelecidos por este estudo para avaliar os músculos peitoral e
reto abdominal de indivíduos com diagnóstico de doença renal crônica em tratamento
hemodialítico.
Na Figura 11, a seguir, você pode observar como foi feita a marcação dos pontos
a serem avaliados nos músculos peitoral e reto abdominal. A barra cinza indica a
posição do transdutor longitudinalmente em relação ao corpo. As letras seguem a
seguinte legenda: D, ponto distal ao esterno; C, central ao ventre muscular; P, proximal
ao esterno; d, direito; e, esquerdo.
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Ultrassonografia cinesiológica: avaliação e tratamento 11
Utilização de ultrassonografia
Agora que já sabemos como funciona um ultrassom, os seus riscos e benefí-
cios, veremos a técnica de uso, repassando alguns detalhes importantes que
já foram citados.
A técnica para o uso da ultrassonografia é bem simples, mas é preciso ter
alguns cuidados com o posicionamento, a marcação dos pontos, etc. Para iniciar
o exame, o ideal é que se encontre o melhor posicionamento para o paciente e
para o fisioterapeuta, visto que o terapeuta terá pontos específicos para rastrear
e uma pressão ideal, de modo que a posição deve ser o mais confortável possível.
O transdutor ou probe deve ser mantido em contato com a pele do paciente
junto com o gel à base de água (Figura 12). Esse procedimento é imprescindível,
visto que as ondas sonoras transmitidas pelo transdutor só penetrarão na pele
se em contato com solução aquosa. Em função de o gel também ser absorvido
pela pele, pode ser necessário o retoque de gel durante a técnica, de maneira
que o terapeuta deve estar atento ao fácil deslize do transdutor — a redução do
deslize significa que o gel está secando ou sendo absorvido pela pele do paciente.
Acesse o link a seguir e veja um vídeo mostrando a técnica de avaliação para a inserção
distal do músculo bíceps braquial que inclui a interpretação das estruturas locais.
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Figura 13. Figura retirada do artigo, mostrando os pontos que foram tomados como
referência e os pontos marcados.
Fonte: Tillquist et al. (2014, documento on-line).
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diretamente, a não ser que faça parte de uma clínica especializada unicamente
em exames (KITCHEN, 2003).
Os resultados desses exames são importantes para a prática clínica e,
principalmente, para acompanhar a evolução do paciente durante o tratamento;
ou seja, o ideal é que, juntamente à reavaliação, que costuma ser indicada a
cada 10 sessões, seja realizada a técnica da ultrassonografia para confirmar
e mensurar os ganhos obtidos.
Maria deu entrada em uma clínica de fisioterapia com o diagnóstico médico de rup-
tura parcial do tendão de Aquiles. Sua fisioterapeuta colheu sua história pregressa e
descobriu que ela é uma atleta de vôlei e que teve de ser afastada de suas atividades
por conta da lesão, mas Maria está muito ansiosa para voltar às atividades.
A fisioterapeuta, então, fez o exame clínico e constatou fraqueza de musculatura do
sóleo e do gastrocnêmio bilateral. Observou, também, que há pontos de calcificação
no tendão (Figura 14) por meio da ultrassonografia cinesiológica. Foram prescritas 50
sessões de fisioterapia e a fisioterapeuta traçou a conduta objetivando a reabilitação
do membro lesado e um plano de prevenção para o membro contra-lateral. Como
o esporte demanda muito de Maria, um treinamento com gestual da atividade pode
ajudá-la, além do treino de força em específico.
Assim, foram realizadas as sessões e as reavaliações complementadas com o exame
de imagem na fisioterapia. Maria conseguiu reduzir o impacto excessivo, que fazia com
que esses tendões permanecessem tensos e inflamassem com o tempo. Assim, ela
pôde retornar à atividade integralmente e manter sua prática com o treino de força e
prevenção para evitar novas lesões.
Frente à prática clínica, os estudos científicos, por sua vez, dão base sobre
a eficiência das terapias, assim como sobre a validade das ferramentas de
avaliação fisioterapêutica.
Estudos apontam que a técnica da ultrassonografia cinesioterápica ainda não
é conclusiva para a prática geriátrica devido às mudanças morfológicas para essa
população. No entanto, novos estudos deverão ser acompanhados para saber se o
ultrassom servirá mesmo para avaliar a sarcopenia em idosos (TICINESI et al., 2017).
Em outras pesquisas científicas, o ultrassom é apontado como uma técnica
ideal para mensurar a massa muscular e as alterações morfológicas no tecido em
pacientes hospitalizados. Além disso, pode ser utilizado em pacientes a fim de
rastrear desnutrição, degeneração e atrofia muscular, assim como observar os
resultados para intervenções nessa área em adultos e crianças (MOURTZAKIS;
WISCHMEYER, 2014; CHENGSI ONG et al., 2017; VALLA et al., 2017).
Além disso, há estudos que apontam que o ultrassom é capaz de substituir a téc-
nica que seria a padrão-ouro para avaliação de imagem morfológica e cinesiológica
muscular, a ressonância magnética, que possui alto custo e não é de fácil acesso,
como o ultrassom pode ser (LIXANDRÃO et al., 2014; NÚÑEZ et al., 2019).
Portanto, o ultrassom é uma técnica que pode ser utilizada pela fisioterapia
como meio de exame complementar, para avaliar estruturas musculares, a fim de
confirmar, facilitar e contribuir para o diagnóstico e tratamento fisioterapêutico.
Leitura recomendada
COFFITO. Resolução n. 428 de 08 de julho de 2013. Fixa e estabelece o Referencial Nacional
de Procedimentos Fisioterapêuticos e dá outras providências. Brasília, 2013. Disponível em:
https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=1884. Acesso em: 25 nov. 2019.
JAMBASSI FILHO, J. C. et al. Reprodutibilidade da área de secção transversa muscular avaliada
por imagens de ultrassom em idosos pré-frágeis e frágeis. In: CONGRESSO BRASILEIRO
DE ELETROMIOGRAFIA E CINESIOLOGIA, 5., SIMPÓSIO DE ENGENHARIA BIOMÉDICA, 10.,
2018. Anais [...]. Uberlândia, 2018. Disponível em: https://www.researchgate.net/publi-
cation/322646327_REPRODUTIBILIDADE_DA_REA_DE_SECO_TRANSVERSA_MUSCU-
LAR_AVALIADA_POR_IMAGENS_DE_ULTRASSOM_EM_IDOSOS_PR-FRGEIS_E_FRGEIS.
Acesso em: 25 nov. 2019.
TENDÃO distal do bíceps braquial (Ultrassonografia Cinesiológica). 2017. 1 vídeo (4 min). Publi-
cado pelo canal José Góes. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=F87fvuJUjCk.
Acesso em: 25 nov. 2019.
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