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ANATOMIA TOPOGRÁFICA DE CÃES E GATOS

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Sumário
Unidade 1: Ultrassonografia abdominal de cães e gatos hígidos, adultos e
filhotes .......................................................................................................................4
Seção 1.1: Introdução .................................................................................................4
Seção 1.2: Histórico do diagnóstico ultrassonográfico ................................................6
Seção 1.3: Ultrassom ..................................................................................................8
Seção 1.4:Interpretação da imagem e terminologia .................................................. 16
Seção 1.5: Planos anatômicos ultrassonográficos .................................................... 21

Unidade 2: Características ultrassonográficas das principais neoplasias hepato-


esplênicas em cães e gatos ................................................................................... 23
Seção 2.1: Introdução ............................................................................................... 23
Seção 2.2: Equipamentos, preparo do paciente e nomenclatura para a
ultrassonografia ......................................................................................................... 24
Seção 2.3: Estadiamento das neoplasias ................................................................. 25
Seção 2.4: Fígado ..................................................................................................... 27
Seção 2.5: Baço ........................................................................................................ 29
Seção 2.6: Principais neoplasias no fígado ............................................................... 30
Seção 2.7: Principais neoplasias no baço ................................................................. 39

Unidade 3: Análise morfológica, topográfica e vascularização da glândula


tireóide em cães ...................................................................................................... 43
Seção 3.1: Introdução ............................................................................................... 43
Seção 3.2: Identificação da glândula tireóide em cães ............................................. 44
Seção 3.3: A medicina vetinaria e evolução para cães ............................................. 47

Referências .............................................................................................................. 50

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Unidade 1: Ultrassonografia abdominal de cães e gatos
hígidos, adultos e filhotes

Seção 1.1: Introdução


A terminologia ultrassonografia, sonografia ou ecografia provem do latim sonus
(som), do grego echo (som) e graphein (escrita). O termo sonografia, usualmente
refere-se ao diagnóstico ultrassonográfico do abdômen e órgãos da cavidade pélvica,
a ecografia é usada em combinação com o órgão designado e refere-se ao local a ser
examinado, como exemplo pode-se citar: ecocardiografia, ecoencefalografia.
O emprego do diagnóstico ultrassonográfico na medicina veterinária é
amplamente difundido, por ser um método de diagnóstico por imagem complementar
não invasivo de tecidos moles e recentemente também da superfície dos tecidos
ósseos. A habilidade em ultrassonografia abdominal requer um alto nível de destreza
e coordenação dos olhos, assim como o conhecimento de anatomia, fisiologia,
fisiopatologia, efeitos das diferenças corporais, capacidade e limitação dos
equipamentos (transdutor), e também o conhecimento dos artefatos gerados durante
um exame. É de grande importância que o iniciante desenvolva um método de exame
sistemático para a ultrassonografia abdominal, garantindo maior consistência na
identificação de todos os órgãos e estruturas, e melhorando a eficácia da técnica
(KEALY e McALLISTER, 2005; NYLAND et al., 2005; ALVES et al., 2007).
O conhecimento da anatomia topográfica e ultrassonográfica, incluindo as suas
variações dos órgãos abdominais, principalmente do fígado, baço, rins, pâncreas,
glândulas adrenais e bexiga, de cães e gatos (adultos e filhotes) são de fundamental
importância para a aprendizagem da ultrassonografia abdominal em pequenos
animais. Pois com o conhecimento da topografia anatômica, padrões de
ecogenicidade e arquitetura dos órgãos abdominais, bem como o conhecimento dos
princípios de formação da imagem ultrassonográfica, o operador obterá subsídios
para a realização de um ótimo exame ultrassonográfico.
As informações primordiais da localização e da imagem ultrassonográfica
normal dos respectivos órgãos faz com que o operador utilize este conhecimento na
identificação de doenças que a espécie animal comumente é acometida, neste
contexto é necessário saber o que é normal para depois saber identificar o anormal
(KEALY e McALLISTER, 2005; NYLAND et al., 2005a; ALVES et al., 2007).

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A radiologia fornece informação sobre o tamanho, forma e posição dos órgãos,
enquanto que a ultrassonografia fornece informações sobre a arquitetura dos órgãos,
ecotextura, tamanho, localização das estruturas e a dinâmica de alguns órgãos. O
exame ultrassonográfico é capaz de produzir imagem de objetos radiolucentes, como
cristais de uratos, urolitos de cistina, corpos estranhos de madeira. O pâncreas, as
glândulas adrenais, os ovários, os linfonodos e as estruturas internas do olho não são
normalmente distinguidos pela radiografia, mas são avaliados rotineiramente pela
ultrassonografia (GREEN, 1996a; BURK e ACKERMAN, 1996; HAN e HURD, 2000;
MACIEL et al. 2007).
As principais peculiaridades do método ultrassonográfico são: as imagens
secionais podem ser obtidas em qualquer orientação espacial, não apresenta efeitos
nocivos significativos dentro do uso diagnóstico na medicina (não usa radiação
ionizante), possibilita o estudo não-invasivo da hemodinâmica corporal pelo efeito
Doppler, a aquisição de imagens é realizada praticamente em tempo real, permitindo
o estudo do movimento de estruturas corporais (CERRI e ROCHA, 1993). Com o
auxilio da ultrassonografia também é possível fazer biópsias guiadas em órgãos
internos com suspeita de alguma doença, diminuindo o uso da laparatomia
exploratória, na qual o animal fica submetido a riscos quer pela anestesia prolongada,
como também pela cirurgia em si (BURK e ACKERMAN, 1996; GREEN, 1996a;
TEIXEIRA e LAGOS, 2007). Segundo Menard e Papageorges (1995), a biópsia guiada
(agulha fina) por ultrassonografia possui as seguintes vantagens: localiza a lesão,
observando todos os ângulos dos órgãos estimando com precisão a altura, largura,
profundidade do mesmo; identifica as melhores vias para encaminhar a agulha,
evitando vesícula biliar, ducto biliar, pâncreas, intestino e vasos sanguíneos e pode-
se usar analgesia local ou leve sedação, conforme a técnica de cada
ultrassonografista, diminuindo assim do risco anestésico.
Embora a ultrassonografia seja um meio de diagnóstico de rotina em pequenos
animais, é escassa a publicação na literatura no que se refere a anatomia
ultrassonográfica do fígado, baço, rins, pâncreas, glândulas adrenais e bexiga, em
particular em gatos adultos e filhotes, principalmente no que diz respeito ao fígado,
como também diferenças da imagem ultrassonográfica abdominal entre cães e gatos,
adultos e filhotes.

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Seção 1.2: Histórico do diagnóstico ultrassonográfico
O desenvolvimento dos métodos de imagem ultrassonográfica na biologia, na
Medicina Humana e Veterinária foi mais lento em relação aos métodos radiográficos.
A radiografia foi introduzida logo após a descoberta dos raios X (NAUTRUP, 2001a).
As principais bases acústicas, como a reflexão (eco) ou atenuação, diminuição
da intensidade do som em uma determinada distância, foram observadas por
centenas de anos.
Ano de 1793-1794: Lázzaro Spallanzini demonstrou que os morcegos se
orientavam mais pela audição que pela visão para desviar de obstáculos e localizar
suas presas;
Finais do século 18: Físico alemão, Ernst F. F. Chladni (1758-1827) descobriu
que sons de instrumentos de cordas musicais emitiam ondas longitudinais;
Ano de 1842: Físico australiano, Christian J. Doppler (1803-1853) descreveu
os fenômenos ópticos e acústicos, que mais tarde foram designados pelo seu nome;
Ano de 1880: Jacques e Pierre Curie deram uma contribuição valiosa para o estudo
do ultrassom, descrevendo as características físicas de alguns cristais (efeito
piezoelétrico) e a aplicação correta da energia ultrassônicas. Eles notaram que ao
pressionarem mecanicamente uma turmalina, era criado um potencial elétrico entre
superfícies opostas;
Meados do século 19: Francis Galton (1822-1911), cientista inglês conseguiu
produzir sons com alta frequência (acima de 100 kHz);
Início do século 20: Ocorreram grandes pesquisas para localizar e visualizar
objetos invisíveis na água usando o ultrassom.
Durante a primeira guerra mundial, o físico francês M. Paul Langevin (1872-
1946) conseguiu produzir ondas ultrassônicass com cristais de quartzo na água,
produzindo um efeito piezoelétrico, criando assim um aparelho para orientação
debaixo da água. Este aparelho tornou-se base do sistema sonar. Ao mesmo tempo
Langevin demonstrou os efeitos biológicos das ondas ultrassônicas, ao notar que a
intensidade do som durante as experiências eram muito altas e que os peixes ao se
encontrarem com as mesmas morriam;
Anos de 1920, 1930 e 1940: O russo S. J. Sokoloff e o americano Floyd A.
Firestone usaram o ultrassom para inspeção de falhas em metais e pneus de
borracha. Em 1940 a ciência provou a existência da relação entre a capacidade de
orientação dos morcegos pela audição, assim como em animais aquáticos, que

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transmitiam impulsos ultrassônicos para perfilhar e avaliar o ambiente pelos de seus
ecos;
Ano de 1942: O neurologista e cirurgião das forças armadas de nome Karl T.
Dussik foi o primeiro a publicar a aplicação médica-biológica dos sons de alta
frequência. Ele expôs o ventrículo lateral de espécime cerebral e chamou de modo-A
sonográfico “hiperfonográfico”;
Finais do ano de 1940 até meados de 1950: Uso do diagnóstico
ultrassonográfico em várias instituições. John J. Wild diferenciou
ultrassonograficamente tecidos moles normais de tecidos com formações tumorais.
Douglas H. Howry, W. Roderic Bliss e Joseph H. Holmes produziram as primeiras
imagens secionais em duas dimensões do pescoço e do abdômen. Wolf-Dieter Keidel
foi o primeiro a usar a eco cardiografia em modo-A, para observar as mudanças do
volume cardíaco. Inge Edler e Carl H. Hertz, mais tarde demonstraram os movimentos
das paredes atriais e ventriculares com ajuda do ultrassom. G. Henry Mundt e William
F. Hughes publicaram o primeiro exame do olho com ajuda do ultrassom com modo-
A. O primeiro ecoftalmograma bidimensional foi feito pelo Gilbert Baum.
Um dos fundadores do diagnóstico ginecológico e obstétrico ultrassonográfico
foi Ian Donald. S. Satomura, no mesmo período publicou sobre os parâmetros do fluxo
sanguíneo com o princípio Doppler. A seguir o desenvolvimento foi rápido com as
suas aplicações em angiologia e cardiologia; Ano de 1950: A ultrassonografia
veterinária foi usada para examinar tecidos animais em matadouros (condição dos
animais abatidos);
Inícios do ano de 1960: D. H. Howry e J. H. Holmes evidenciaram órgãos
abdominais em cães e gatos em ecotomogramas evidentes. Nesta altura era muito
difícil recomendar este tipo de exame em pacientes, pois os mesmos tinham de ser
imersos em água;
Ano de 1966: Ivan Lindahl foi o primeiro a publicar um diagnóstico
ultrassonográfico veterinário. Lindahl usou o exame ultrassonográfico do modo-A para
o diagnóstico de gestação em ovelhas;
Finais do ano de 1960: Foi realizado o primeiro exame ultrassonográfico clínico
em pequenos animais por Seth A. Koch e Lionel F. Rubin por ecoftalmogramas em
cães;
Ano de 1970: Leoyd C. Helper e Ann-Marte Lamm descreveram os batimentos
cardíacos em fetos caninos usando o ultrassom. Frank S. Pipers foi o primeiro a usar

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a ecocardiografia em cães e gatos. A. Everette James e associados publicaram
imagens ultrassonográficas de órgãos abdominais em animais (modo-B);
Ano de 1971: Introdução da escala de cinza na imagem por Kossof, na
Austrália, onde diversos níveis de intensidade de ecos foram representados por
diferentes tons de cinza na tela;
Início do ano de 1980: Introdução do Doppler colorido na ecocardiologia.
Japonês K. Namekawa e seu grupo e os americanos William J. Bommer e Larry Miller
usaram o protótipo do ultrassom para colocar a imagem bidimensional colorida do
fluxo sanguíneo em ecocardiograma em tempo real.
Introdução do uso da ultrassonografia abdominal em cães e gatos (sonografia
bidimensional em tempo real) como método de rotina, sendo os seus pioneiros neste
campo: Robert Cartee e Thomas Nyland;
Ano de 1985: Os japoneses Mitsuyoshi Hagio e Hiromitsu Otsuka usaram
clinicamente o pulso Doppler em ecocardiografia para examinar a hemodinâmica
cardíaca em cães;
Ano de 1990: Peter G. G. Darke foi o primeiro a descrever a significância do
Doppler colorido na ecocardiologia para o diagnóstico de doenças cardíacas em cães
(NAUTRUP, 2001a; BATES, 2004; CARVALHO, 2004a).

Seção 1.3: Ultrassom


O ultrassom é definido como emissão de ondas sonoras de alta frequência,
inaudíveis aos humanos. A frequência audível é de cerca de 20 000 ciclos por
segundo ou 20kHz (quilohertz). No diagnóstico médico a frequência é produzida em
milhões de ciclos por segundo (megahertz), normalmente variando entre 2 a 15MHz
(2 000 000 a 15 000 000 ciclos por segundo).
A frequência é definida como o número de vezes que uma onda é repetida
(ciclos) por segundo. Frequências de milhões de ciclos por segundo possuem
comprimentos de onda curtos, os quais são essenciais para uma imagem de alta
resolução.
O comprimento de onda é definido como a distância que a onda percorre
durante um ciclo. Quanto menor for o comprimento de onda, melhor a resolução,
assim, a frequência e o comprimento de onda possuem uma relação inversa se a

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velocidade do som no meio for mantida constante, visto que a velocidade do som é
independente da frequência e praticamente constante (1,540m/s) nos tecidos moles
do corpo (NYLAND et al. 2005a).
A equação da relação entre a velocidade, frequência e comprimento de onda
pode ser representada da seguinte forma (NYLAND et al. 2005):

Contudo, a onda sonora pode ser representada como uma senóide, como
mostra a Figura 1 (CARVALHO, 2004).

As tabelas que se seguem evidenciam a velocidade do som em diferentes


tecidos ou substâncias e as frequências utilizadas em ultrassonografia e sua relação
com comprimento de onda:

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De acordo com as frequências de ultrassom (velocidade constante de
1,540m/s), o comprimento de onda e a capacidade de penetração das ondas de
ultrassom em tecidos moles, elaborou-se uma tabela que demonstra a relação destes
três itens:

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Produção do ultrassom
O ultrassom na frequência de meio de diagnóstico é produzido por materiais
denominados cristais piezoelétricos (zirconato de chumbo titânico), que se encontram
no transdutor onde sua superfície de contato chama-se “footprint” (GODDARD, 1995;
CARVALHO, 2004b; KEALY e McALLISTER, 2005).
Os transdutores são instrumentos capazes de transformar uma forma de
energia em outra. A frequência do transdutor depende basicamente da espessura do
material piezoelétrico utilizado em sua construção, isto é, quanto menor a espessura
maior a frequência produzida. É a onda de maior amplitude que determina a
frequência do transdutor. Os transdutores podem ser classificados de acordo com tipo
de imagem produzida: setoriais (eletrônicos ou mecânicos) que formam imagem
triangular (feixes sonoros divergentes), lineares (eletrônicos) que forma uma imagem
retangular (feixes sonoros de linhas paralelas) e convexa (eletrônicos) que também
forma uma imagem em forma triangular. O transdutor é a peça mais frágil e mais cara
do aparelho de ultrassonografia (SIEMS, 2000; CARVALHO, 2004b; KEALY e
McALLISTER, 2005; DROST, 2007). O “standoff” é um material que pode ser parte do
transdutor ou um componente isolado que quando colocado sobre a pele, faz com que
a fonte do ultrassom se mova para longe dela e permitindo assim trazer as estruturas
da superfície da pele para dentro da zona focal do transdutor melhorando a qualidade
e os detalhes da imagem. O uso do gel acústico em transdutores tem como função

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eliminar todo o ar entre o transdutor e a pele (SIEMS, 2000; CARVALHO, 2004b;
KEALY e McALLISTER, 2005; DROST, 2007).
Quando um impulso elétrico é aplicado no cristal, o efeito piezoelétrico resulta
na deformação do cristal, ele vibra e as ondas do ultrassom são geradas, isto é ele
transfere energia (impulsos) elétrica em ondas mecânicas de ultrassom e reconverte
as ondas mecânicas de ultrassom (eco) em energia elétrica. Este impulso de energia
elétrica é depois exibido no monitor na forma de várias sombras em tom de cinza
(quanto mais forte for o eco de retorno, mais brilhante será o ponto na imagem na
tela). Quando a força do ultrassom decresce com a profundidade dos tecidos, quer
devido à reflexão do som ou refração dos tecidos, a máquina de ultrassonografia pode
ser ajustada com a finalidade de compensar o eco de retorno (ganho) (GODDARD,
1995; BURK e ACKERMAN, 1996; KEALY e McALLISTER, 2005; DROST, 2007).

Interação ultrassom-tecido
Para interpretar imagens de ultrassom e reconhecer muitos artefatos, o
ultrassonografista deve entender a interação do ultrassom com os tecidos (NYLAND
et al. 2005a). O pulso de ondas do ultrassom é dirigido para o interior do corpo
atravessando os tecidos até atingir uma superfície refletora de onde ele é refletido de
volta ao transmissor, que igualmente age como um receptor, este sinal de retorno é
chamado de eco. Este eco de retorno impetra num computador que interpreta os
sinais e os exibe numa tela de televisão, montando uma imagem bidimensional.
(CARTEE, 1995a; KEALY e McALLISTER, 2005; DROST, 2007). A densidade dos
vários tecidos do corpo tem uma grande influência na transmissão do ultrassom. Em
tecidos homogêneos não ocorre reflexão do som. A interação das ondas do ultrassom
com as diferentes estruturas e interfaces teciduais permite que alguns ecos sejam
refletidos de volta ao transdutor e o restante do feixe do ultrassom pode atravessar o
tecido e refletir de forma variável. Assim conclui-se que: onde há diferença de
interfaces ou diferentes densidades teciduais vai haver também uma diferença na
transmissão do ultrassom e na atenuação (enfraquecimento) do feixe. A atenuação
vai depender da frequência do transdutor e do tecido, isto é, ondas sonoras de
frequências mais baixas (2,0- 3,5MHz) percorrem maior distância dentro do tecido,
mas a imagem que elas produzem é relativamente pobre, mas por outro lado ondas
sonoras de frequências mais altas (7,5-10MHz) vão percorrer menor distância no
tecido ou atenuam-se mais rápido no tecido produzindo uma imagem com melhor

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qualidade (KEALY e McALLISTER, 2005). A impedância acústica do tecido é definida
como a característica refletora ou a transmissão do som num tipo de tecido e definido
pela seguinte fórmula:

São as diferenças de impedância acústica dos tecidos que provocam variação


de intensidade dos ecos de retorno. A maioria dos tecidos moles possue diferenças
mínimas de impedância acústica, assim grande parte dos feixes de som transmitidos
somente alguns são refletidos e estes vão contribuir para formação da imagem final
(KEALY e McALLISTER, 2005; NYLAND et al. 2005a).
Quando o feixe encontra gás (velocidade igual a 0,331m/s) ou osso (velocidade
igual a 4,080m/s), ocorrem diferenças marcantes de velocidade nesses meios, que
podem resultar numa forte reflexão e interpretação inapropriada dos ecos. O gás
possui uma impedância acústica mais baixa como também a sua densidade em
relação aos tecidos moles, daí a transmissão do som diminui (quando comparada à
velocidade do som nos tecidos moles) nas estruturas preenchidas com gás. Por outro
lado os tecidos ósseos ao contrário do gás possuem uma impedância acústica e
densidade tecidual alta transmitindo assim o som com uma velocidade maior
comparando ao tecido mole. Quando ocorrem diferenças marcantes nas impedâncias
acústicas de diferentes tecidos pode ocorrer uma total reflexão do feixe, isto é todo o
som é refletido e pouco estará disponível para formação da imagem das estruturas
mais profundas, por exemplo: o gás no cólon (KEALY e McALLISTER, 2005; NYLAND
et al. 2005a).
A transmissão do som por uma estrutura que causa baixa atenuação (estrutura
preenchida com líquido) resulta em ecos mais fortes, provenientes de regiões além da
estrutura, por exemplo: interface vesícula biliar-fígado (KEALY e McALLISTER, 2005).
As tabelas que se encontram abaixo demonstram a impedância acústica em diferentes
tecidos ou substâncias e a reflexão do som em várias interfaces:

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Com a informação existente entre a velocidade do som em diferentes tecidos
ou substâncias com a impedância acústica nos mesmos foi possível construir a
seguinte tabela para elucidar melhor a relação entre a velocidade do som com a
impedância acústica:

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Modo de exibição do ultrassom
Os ecos de retorno podem ser demonstrados de várias formas no aparelho de
ultrassom. Os modos de exibição do ultrassom são: modo-A, modo-B e modo-M
(KEALY e McALLISTER, 2005):
Modo-A (Amplitude): Baseia-se na visibilização da amplitude do eco em um
osciloscópio, onde o sistema de coordenadas é utilizado medindo-se as distâncias
percorridas pelo som. É um método unidimensional. A exibição é feita como picos de
voltagem sobre um traçado linear. A intensidade de cada eco é indicada pela variação
na amplitude do pico, representado graficamente em relação a uma escala de
profundidade, isto é, maior a intensidade do eco de retorno, maior o pico de voltagem
na profundidade do tecido. Este modo de exibição requer um “software” mais simples
e o seu uso é restrito a exames oftalmológicos especializados (exemplo: medição de
distâncias dentro do olho) e na ecoencefalografia, usado também em medicina
veterinária para o diagnóstico de gestação em suínos e ovinos e medição de gordura
subcutânea em suínos (CARTEE, 1995a; SIEMS, 2000; CARVALHO, 2004b; KEALY
e McALLISTER, 2005).
Modo -B (brilho ou escala cinza): Imagens de melhor qualidade são obtidas a
partir de estruturas relativamente estáticas (músculos, tendões) com índice de
imagem mais baixas. Os ecos de retorno são digitalizados e convertidos em várias
intensidades de brilho, em duas dimensões, na forma de uma escala de cinza, e são
exibidos num monitor de televisão. Os retornos dos ecos fortes são muito brilhantes,

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e os dos ecos fracos são cinzentos ou pretos, isto é, a intensidade do brilho é
proporcional à amplitude dos mesmos e cuja posição corresponde à profundidade na
qual o eco originou-se ao longo de uma única linha produzida por um transdutor.
Ocorre uma atualização contínua da imagem pelo computador, com o objetivo de
fornecer uma imagem bidimensional (imagem dinâmica ou em tempo real). Usado
para maior parte dos exames ultrassonográficos (DROST, 2007; KEALY e
McALLISTER, 2005; NYLAND et al., 2005a; CARTEE, 1995a).
Modo-B em Tempo Real: Exibem uma imagem em movimento, em escala de
cinza, da anatomia em corte transversal, obtido por meio da varredura com um feixe
de ultrassom fino e focado por um campo de visão triangular, linear ou curvilíneo, em
um paciente, várias vezes por segundo. Pulsos sonoros são enviados e ecos são
recebidos em seqüência, ao longo de cada linha do modo-B do campo, até que se
forme uma imagem de um segmento completo (NYLAND et al., 2005a).
Modo-M (movimento): Os ecos de retorno modo-B de uma área específica são
assinalados em relação ao tempo para formar um traçado, este vai percorrer o monitor
de lado a lado e também vai permitir que o movimento das estruturas seja estudado
na forma de traçado em linha ou de mapa. O seu uso é especialmente útil na avaliação
cardíaca (medição dos ventrículos e aurículas, movimento das válvulas cardíacas e
das paredes do coração) (SIEMS, 2000; KEALY e McALLISTER, 2005; NYLAND et
al., 2005a).

Seção 1.4:Interpretação da imagem e terminologia


É de grande importância reconhecer ultrassonograficamente a textura dos
órgãos e a terminologia usada pelos ultrassonografistas referente à imagem gerada
durante o exame ultrassonográfico (NYLAND et al., 2005a). A posição normalmente
é descrita observando a relação entre órgãos adjacentes e a arquitetura vascular da
região. Os contornos dos órgãos são ditos irregulares quando, as superfícies
demonstram irregularidades diversas que podem ser descritas como serrilhadas,
macro e micronodulares, etc. Quando uma estrutura não tem forma, denomina-se
amorfa. As áreas de alta intensidade de ecos são denominadas
ecogênicas/hiperecogênicas (ecos brancos e brilhantes, normalmente indicativo de
doença em um parênquima homogêneo). As áreas de baixa intensidade de ecos são
denominadas de hipoecogênicas (imagem cinza). As áreas que não produzem

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nenhum tipo de eco são denominadas de anecóicas/anecogênicas (área negra no
monitor). Considera-se uma imagem isosecóica quando a ecogenicidade tecidual é a
mesma das estruturas adjacentes similares (KEALY e McALLISTER, 2005; NYLAND
et al., 2005a; CARVALHO, 2004b; GODDARD, 1995). A tabela a seguir revela a
seqüência do aumento de ecogenicidade dos tecidos e substâncias corporais:

O sangue e o fluído que não contém células ou debris aparecem como uma
imagem preta na ultrassonografia em preto-e-branco, pois poucos ecos retornam.
Conforme o fluído, este ganha viscosidade pelo aumento de proteínas, células ou
debris, tornando-se mais ecogênico, com mais ecos de retorno. Órgãos
parenquimatosos (normais) e tecidos do corpo são visibilizados em vários tons de
cinza, que são mais ou menos constantes de animal para animal. A gordura e o tecido
conectivo são altamente ecogênicos. Os cistos possuem uma imagem arredondada,
contornos definidos, e apresentam falta de ecos no seu interior, ou seja, conteúdo
anecogênico. A fibrose (padrão sólido) é demonstrada como linhas ecogênicas
paralelas ou sobrepostas. O gás é caracterizado pela produção de imagens de alta
refletividade e artefatos de reverberação, sombra acústica e cauda de cometa
(CARVALHO, 2004b; NYLAND et al., 2005a).
A textura delicada ou grosseira do parênquima refere-se ao tamanho pequeno
ou grande do ponto, respectivamente. Uma textura uniforme (homogênea) sugere um
tamanho e espaçamento similares de pontos em todo parênquima. Uma textura não-

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uniforme (heterogênea) sugere um tamanho e espaçamento variado (NYLAND et al.,
2005a). A tabela que se segue mostra a textura da imagem do parênquima num órgão.

Segundo Burk e Ackerman (1996), existem certas características dos órgãos


durante o exame ultrassonográfico que devem ser avaliadas, quais sejam:
Tamanho: A maior parte das estruturas pode ser mensurada usando as
máquinas de ultrassonografia. Órgãos de grandes dimensões (fígado) são
impossibilitados de serem mensurados na sua total dimensão.
Forma: A forma dos órgãos muitas das vezes é distorcida devido o ponto de
visibilização. Nestes casos há que ter em conta a pressão exercida no transdutor.
Ecotextura: A intensidade do eco é especifica para cada órgão. Um contato fraco entre
a pele e o transdutor pode provocar uma estrutura hipoecóica. A intensidade do eco
dos órgãos abdominais é comparada com outros órgãos da cavidade abdominal.
Posição: A posição de um órgão pode ser detectada imediatamente pelo exame
ultrassonográfico, mas a sua posição pode ser alterada devido à posição do
transdutor.
Arquitetura ecogênica: Alguns órgãos abdominais são reconhecidos devido a
sua arquitetura ecogênica. Estes podem ter uma estrutura anecogênica, ecogênica
uniforme ou uma mistura na ecogenecidade.

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Doppler
O termo ecografia Doppler ou sonografia “Duplex” ou “Triplex”, usado em alto
grau dentro do campo da ultrassonografia, indica o uso adicional do principio Doppler
para medir os parâmetros dos fluxos sanguíneos em determinados órgãos. A
ultrassonografia Doppler é usada para identificar o fluxo e a velocidade do sangue
como também para calcular os gradientes de pressão pelas válvulas cardíacas. São
conhecidos os seguintes tipos de Doppler: o Doppler de ondas contínuas, o Doppler
duplex, o Doppler de ondas pulsadas e o Doppler de fluxo colorido (mais usado)
(CARTEE, 1995a; GREEN, 1996a; NAUTRUP, 2001a; KEALY e McALLISTER, 2005).
O princípio Doppler baseia-se na mudança de frequência do som conforme ele
se aproxima ou se afasta de um objeto. Quando ondas de ultrassom com uma
frequência conhecida encontram com células sangüíneas que se movem na direção
do transdutor, a frequência das ondas sonoras refletidas sofre um aumento e
conforme elas se afastam, a frequência é reduzida. O fluxo de sangue direcionado ao
transdutor é visto acima da linha base, e o fluxo que se que se afasta é visto abaixo
da linha base (KEALY e McALLISTER, 2005). O fluxo Doppler exibe uma imagem no
modo-M com o fluxo sanguíneo. A cor que indica as direções do fluxo em aproximação
geralmente é vermelha e a que indica afastamento é azul (Figura 2) (KEALY e
McALLISTER, 2005; DROST, 2007).

19
Técnicas de exame ultrassonográfico
Uma consideração importante, mas muitas vezes negligenciada, é o
posicionamento adequado do animal e do equipamento de ultrassonografia em
relação ao examinador, para a obtenção de um sonograma consistente, facilitar o
ajuste do equipamento e proporcionar conforto ao examinador. O aparelho é colocado
a frente do examinador, à esquerda do paciente. O transdutor é segurado com a mão
direita, e a mão esquerda para o ajuste dos controles. A marca do transdutor deve
estar direcionada para o tórax do animal. Num plano sagital a imagem que aparece
no monitor é dividida em: ventral (topo do monitor), dorsal (base do monitor), cranial
(lado direito do monitor) e caudal (lado esquerdo do monitor). Num plano transversal
a imagem que aparece no monitor é dividida em: medial dos órgãos do lado direito do
animal (lado direito do monitor) e lateral dos órgãos do lado esquerdo do animal (lado
esquerdo do monitor). A sala de exame ultrassonográfico deve ser escura, pois a luz
pode interferir com a visão do sonografista como também refletir no ecrã (NAUTRUP,
2001b; CARVALHO, 2004b; MATTOON et al, 2005).
A preparação do paciente também é considerada de grande importância antes
da avaliação ultrassonográfica. O ar e a gordura entre a pele e a superfície do
transdutor devem ser removidos, mediante o uso do gel acústico (a base de água) e
álcool isopropílico (antes do uso do gel acústico). O transdutor pode estar protegido
por uma película aderente. Para obter-se uma boa imagem tem que haver um contato
íntimo entre a pele e o transdutor, neste contexto o animal deverá ser submetido à
tricotomia ampla da região a ser examinada. O jejum de alimentar de 4-12 horas ajuda
a evitar acúmulo de gás no trato gastrointestinal e o mesmo deve ter acesso à água
durante o jejum, pois a bexiga repleta de urina é usada como janela acústica (GREEN,
1996a; SIEMS, 2000; NAUTRUP, 2001b; CARVALHO, 2004b; KEALY e
McALLISTER, 2005; MATTOON et al., 2005; CARVALHO, 2005). Outro meio de
diminuir a presença de gás no trato gastrointestinal é o uso de fármacos antifiséticos,
por exemplo: o dimeticolim que deve ser administrado na dose de 9-10 mg/kg, três
vezes antes do exame. O dimeticolim em gotas possui os seguintes ingredientes
inativos: propilenoglicol, óleo de rícinio polioxietilado, goma xantana, celulose
microcristalina, metilparabeno, propilparabeno, ciclamato de sódio, sacarina sódica,
aroma, essência de cereja e corante FDC vermelho nº 40. Ele atua no estômago e no
intestino, diminuindo a tensão superficial dos líquidos digestivos, rompendo as bolhas

20
que retêm os gases e que provocam flatulências e dores. Assim, os gases são
eliminados mais facilmente. O fármaco é indicado para pacientes com excesso de
gases no aparelho digestório, ou seja, incômodo, dor ou cólicas abdominais, pois
eliminação dos gases alivia estes sintomas. Possui como efeito colateral a
constipação e quando usado concomitante com antiácidos (hidróxido de alumínio e
carbonato de magnésio) pode ter um efeito reduzido e é contra-indicado em animais
gestantes e em lactação (ANVISA, 2005).
Para se obter uma boa imagem dos órgãos a serem examinados, a localização
do transdutor é importante. Havendo disponibilidade de transdutores, seleciona-se o
de maior frequência (maximizando a resolução), que atinja adequadamente a
profundidade do fígado. Em cães grandes, pode ser necessário um de 5MHz, e na
maioria dos cães e gatos de médio e pequeno porte, um de 7,5MHz ou superior
permite uma boa imagem. Uma janela acústica (área que evita a interposição de
estruturas ósseas ou gasosas) deve ser encontrada entre o transdutor e a área de
interesse (LAMB, 1995; KEALY e McALLISTER, 2005; MATTOON et al, 2005).
A posição de decúbito dorsal é a mais usada para a ultrassonografia dos órgãos
abdominais, pois fornece uma melhor informação anatômica dos mesmos, podendo
também usar a posição dorsal juntamente com o decúbito lateral. Muitos
ultrassonografistas procedem ao sonograma na seguinte ordem: fígado, baço,
estômago, duodeno, pâncreas, rins, glândulas adrenais, bexiga, próstata e nódulos
sublombares, seguida um sonograma do trato digestório remanescente e linfonodos.
A sequência de realização do exame ultrassonográfico depende de cada sonografista,
porém deve ser repetida em todas as avaliações. Uma ultrassonografia de sucesso
orientada para determinada doença é aquela que é realizada examinando o órgão
com doença, mas a mesma poderá ser estendida para os outros órgãos caso não se
feche o diagnóstico (GREEN, 1996a; SIEMS, 2000; NAUTRUP, 2001b; MATTOON et
al., 2005).

Seção 1.5: Planos anatômicos ultrassonográficos


Vários planos podem ser utilizados na ultrassonografia para se ter referência
da posição dos órgãos no espaço e também entre eles, facilitando a interpretação da
imagem, porém três são mais importantes (Figura 3), a mencionar:

21
Plano sagital ou longitudinal: São planos de imagens orientados de forma
longitudinal ao axis do corpo. Usado na ultrassonografia abdominal e torácica. Plano
transversal: São planos de imagens que passam pelo corpo perpendicularmente ao
axis do mesmo e divide o corpo ou específico órgão em segmentos craniais e caudais.
Usado na ultrassonografia abdominal e torácica. Plano frontal, dorsal ou coronal: São
planos de imagens perpendiculares aos planos sagitais e transversos e dividem o
corpo longitudinalmente em segmentos dorsais e ventrais, mais usado para avaliação
do rim (Figura 4). Outros planos são: plano parasagital (planos que dividem o órgão
paralelamente ao axis do mesmo órgão) e plano midiosagital (planos que dividem o
órgão em lado direito e esquerdo) (CARTEE, 1995b; GREEN, 1996a).

22
Unidade 2: Características ultrassonográficas das
principais neoplasias hepato-esplênicas em cães e gatos

Seção 2.1: Introdução


A crescente evolução de métodos diagnósticos e terapêuticos na Medicina
Veterinária e a convivência mais próxima de seres humanos com cães e gatos – esses
tornando-se membros da família - colaboram com uma maior longevidade desses
animais. Em contrapartida, o aumento da sobrevida favorece o surgimento de
neoplasias, fazendo-se necessária avaliações periódicas para acompanhamento da
sanidade dos animais de estimação.
A utilização de métodos de diagnóstico por imagem, como a radiologia,
ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética tornou-se
cada vez mais frequente na rotina das clínicas veterinárias. A ultrassonografia, por
sua vez, tornou-se a opção mais viável para o auxílio-diagnóstico de neoplasias
devido a facilidade de acesso e também a seu baixo custo, se comparada aos
métodos mais avançados, como a tomografia e ressonância magnética. É também um
método não-invasivo ou minimamente invasivo, onde as imagens seccionais podem
ser obtidas de qualquer orientação espacial, sem a utilização de radiação ionizante. A

23
aquisição de imagens é realizada em tempo real, permitindo ao operador a visibilidade
do movimento de estruturas corporais.
Bragg (1985) citado por Froes (2004), afirmou que a ultrassonografia não só
colabora no diagnóstico, como auxilia no estadiamento, na monitorização e na
avaliação de possíveis complicações de cães e gatos com tumores abdominais.
Embora estudos apontem resultados significativos para o controle das afecções
neoplásicas em cães e gatos, a literatura médica veterinária possui poucos
levantamentos epidemiológicos sobre neoplasias nesses animais (DALECK et al.,
2008).
De acordo com Bronson (1982), uma das principais causas de óbito de cães e
gatos, é o câncer. Na população estudada em sua pesquisa, 45% dos cães que
viveram 10 anos ou mais foram a óbito devido a enfermidades neoplásicas. Já em
uma investigação realizada pela Morris Animal Foundation (1997) com 836 animais,
47% dos indivíduos apresentaram causa de óbito relacionada a neoplasias.
Estudou-se diferentes tipos de neoplasias abdominais foram estudados
para que seus aspectos sonográficos fossem avaliados. Sabe-se que ainda não é
possível caracterizar o tipo histológico da neoplasia pela ultrassonografia e que para
a obtenção dessa informação, é necessário realizar o exame histopatológico.
Portanto, a ultrassonografia fornece características gerais das neoplasias, podendo
auxiliar, mas não determinar o diagnóstico do tipo de enfermidade neoplásica
(WHITELEY et al., 1989; VÖRÖS et al., 1991; NYLAND et al., 2002).

Seção 2.2: Equipamentos, preparo do paciente e nomenclatura para a


ultrassonografia
Uma adequada avaliação ultrassonográfica do fígado e baço só é possível
quando há o cumprimento de alguns pré-requisitos.
Para avaliação de órgãos abdominais, deve-se fazer a tricotomia ampla da
região e fazer uso de gel de contato acústico sobre a pele do paciente. O animal deve
ser posicionado em decúbito dorsal ou lateral, exceto quando muito grandes,
podendo-se utilizar a posição em estação. Este deve estar em jejum de alimentos
sólidos por no mínimo 8h e estar preferencialmente com a vesícula urinária cheia
(KEALY & MCALLISTER, 2005).

24
A escolha do transdutor é baseada no tipo de exame, no órgão avaliado e no
biótipo do paciente. Para gatos, cães de pequeno e médio porte é preferível um
transdutor de 5-7,5 MHz. Enquanto que para cães de grande porte é preferível o de
3,5-5 MHz. Quanto maior a frequência do transdutor, maior a resolução da imagem e
menor a profundidade atingida e vice-versa (KEALY & MCALLISTER, 2005).
Sabe-se que a nomenclatura utilizada na ultrassonografia no que diz respeito
à intensidade do brilho no monitor - ecogenicidade - é proporcional à intensidade do
eco gerado pelas reflexões do ultrassom nos meios ao longo de seu caminho.
Portanto, tecidos que apresentam ecos mais brilhantes que os tecidos adjacentes, são
classificados como hiperecóicos ou hiperecogênicos. Tecidos que criam ecos menos
brilhantes do que os tecidos adjacentes, são classificados como hipoecóicos ou
hipoecogênico. Uma estrutura livre de ecos, não possuindo diferença de meio dentro
de si, é classificada como anecóica ou anecogênica. Já no que diz respeito à textura
ou aspecto estrutural de determinado órgão ou estrutura – ecotextura – pode-se
classificar como heterogêneo ou grosseiro quando apresenta mais de um aspecto, e
homogêneo ou fino quando apresenta somente um (MASSELLI et al., 2013).

Seção 2.3: Estadiamento das neoplasias


De acordo com Owen (1980), as neoplasias de origem hepática e vasculares
dos animais domésticos são classificadas de acordo com o sistema TNM (Tabela 1).
Já neoplasias oriundas de tecidos linfóides e hematopoiéticos, como é o caso do
linfoma, têm outro tipo de classificação.

25
Tumores hepáticos ainda podem ser classificados de acordo com o seu padrão,
podendo ser nodular, maciço ou difuso (LIPTAK, 2013).
Tumores oriundos de tecidos linfóides e hematopoiéticos não podem usar o
sistema TNM devido às neoplasias oriundas desses lugares normalmente já
acometerem diferentes sítios anatômicos.
O linfoma pode ser classificado de acordo com seu tipo anatômico e estágio de
agrupamento (Tabela 2). A extensão da doença é obtida através do exame clínico,
radiográfico e hematológico e ainda é descrita “com sinais sistêmicos” ou “sem sinais
sistêmicos”.

26
Seção 2.4: Fígado
Anatomia topográfica
O fígado localiza-se na parte intratorácica do abdome, imediatamente atrás do
diafragma (Figura 1). Ele é composto por quatro lobos (lobos medial direito e lateral
direito, lobos medial esquerdo e lateral esquerdo) e dois processos (processos
caudado e papilar). Cranialmente, em direção ao diafragma, o fígado apresenta
contorno convexo. Sua maior parte está localizada à direita do plano mediano.
Caudalmente está em contato com o rim direito, com a flexura cranial do duodeno e
com o estômago. O fígado limita-se com a parede abdominal pelos dois lados, direito
e esquerdo. A vesícula biliar situa-se no abdome cranioventral direito (KÖNIG &
LIEBICH, 2011).

27
Características normais na ultrassonografia
O tecido hepático é frouxamente granular, com ecotextura e ecogenicidade
uniformes. Vasos portais são identificados por suas paredes hiperecóicas, já os vasos
hepáticos são vistos como áreas anecóicas lineares e circulares espalhados por todo
o parênquima (Figura 2). Artérias hepáticas e ductos biliares são dificilmente
identificáveis. A vesícula biliar se encontra do lado direito do fígado, e é vista como
uma grande estrutura anecóica com formato de pêra. As vezes, pode-se identificar
sedimento granular, decorrente principalmente do jejum que os pacientes são
submetidos (KEALY & MCALLISTER, 2005).

28
Seção 2.5: Baço
Anatomia topográfica
O baço localiza-se caudal ao diafragma no abdome cranial esquerdo (Figura
3). Sua extremidade dorsal está fixada no estômago pelo ligamento gastroesplênico,
à extremidade cranial do rim esquerdo e à parede esquerda do abdome. É dividido
em cabeça, corpo e cauda (KÖNIG & LIEBICH, 2011). O baço é, em seção
transversal, triangular. Na sua porção média, relaciona-se com o cólon, e ventralmente
com o intestino delgado (KEALY & MCALLISTER, 2005).

Características normais na ultrassonografia


O tecido esplênico tem ecotextura densa, homogênea, granular e é mais
ecogênico que o fígado e o rim. Possui margem capsular hiperecóica (Figura 4). A
maior parte do baço pode ser visibilizada deslizando-se o transdutor ao longo da
parede abdominal esquerda. As margens devem ser finas e bem definidas. Vasos
esplênicos anecóicos estão espalhados pelo tecido esplênico. O tamanho do baço do
cão é variável, já o do gato é pequeno e está localizado totalmente no lado esquerdo
do abdome (KEALY & MCALLISTER, 2005).

29
Seção 2.6: Principais neoplasias no fígado
Neoplasias primárias ou metastáticas podem acometer o tecido hepático de
cães e gatos, embora a primeira classificação seja rara em ambas espécies –
representando de 0,6% a 2,9% de todas as neoplasias que atingem esses animais.
Geralmente acometem animais idosos com idade superior a 10 anos (DALECK et al.,
2008).
Os sinais clínicos são pouco específicos. Os sinais de disfunção hepática só
são mais evidentes quando a neoplasia se encontra em um estágio mais avançado.
As características clínicas mais comuns são: apatia, letargia, anorexia, perda de peso,
polidipsia, poliúria, vômitos e distensão abdominal (HAMMER & SIKKEMA, 1995;
HOSKINS, 2005).
As neoplasias podem ser classificadas como benignos e malignos. O tumor
benigno dos hepatócitos é conhecido por adenoma hepatocelular (ou hepatoma) e o
maligno por carcinoma hepatocelular. Este, por sua vez, representa mais de 50% dos
tumores hepáticos primários em cães (DALECK et al., 2008).
As enfermidades neoplásicas originadas nos ductos biliares são denominadas
cistoadenoma biliar quando benigno e colangiocarcinoma quando maligno
(JOHNSON, 2000). O adenoma biliar representa mais de 50% de todos os tumores
biliares em gatos (DALECK et al., 2008).

30
A aparência sonográfica das neoplasias variam de acordo com a
homogeneidade do seu tipo celular, pela quantidade de vascularização, pela
deposição de minerais, pela amplitude da hemorragia ou necrose, e pela presença ou
não de tecido fibroso (SAUNDERS, 1998).
As neoplasias hepáticas, tanto primárias como secundárias, podem apresentar
vários padrões diferentes, inclusive preservando o padrão normal do fígado (FEENEY
et al., 1984; PARTINGTON & BILLER, 1995; NYLAND et al., 2002).
Enfermidades neoplásicas histologicamente iguais podem se apresentar com
padrões sonográficos diferentes. O contrário também é válido. Ou seja, neoplasias
histologicamente diferentes podem apresentar semelhanças nos padrões
sonográficos (FEENEY et al., 1984; WHITELEY et al., 1989; PARTINGTON & BILLER,
1995; NYLAND et al., 2002). Portanto, não existe característica patognomônica na
ultrassonografia hepática no que diz respeito a determinada neoplasia. Entretanto, há
características que são fortemente sugestivas para avaliação de tumores malignos,
como por exemplo, a presença de lesões-alvo, que são caracterizadas como lesões
sólidas de tamanhos variados com um halo hipoecóico ao redor (CUCCOVILLO &
LAMB, 2002).
A hiperplasia nodular hepática é um dos principais diferenciais de neoplasias
que acometem o parênquima hepático de cães idosos. Geralmente essa alteração
não está relacionada a sinais clínicos (JOHNSON, 2000; PRAUSE & TWEDT, 2000).
A hiperplasia pode não ser identificada durante o exame de ultrassonografia devido à
sua variedade quanto a aparência sonográfica, que pode ser similar ao parênquima
hepático ou apresentar ecogenicidade mista, características isoecóicas ou levemente
hiperecóicas. Portanto a biópsia é imprescindível para diferenciar as neoplasias de
outras doenças (NYLAND et al., 2002).
A avaliação com Doppler e agentes de contraste pode contribuir de forma
significativa para investigação de tumores hepáticos em pequenos animais, assim
como já ocorre na medicina humana (NYLAND et al, 2002; SZATMÁRI et al., 2003).
A técnica com contraste amplifica os ecos oriundos do fluxo vascular, aumenta a
sensibilidade de detecção da vascularização dentro do nódulo, é mais eficaz no
diagnóstico diferencial pelo Doppler colorido, além de poder promover uma melhor e
precoce avaliação de pacientes com carcinoma hepatocelular (MACHADO et al.,
2002).

31
Carcinoma hepatocelular
A neoplasia maligna dos hepatócitos é denominada carcinoma hepatocelular
(Figura 5). As características ultrassonográficas já relatadas na literatura para este
tipo enfermidade: parênquima aumentado de tamanho com contorno irregular;
nódulos hiperecóicos maiores associados a múltiplos nódulos alvo (de contornos
irregulares); as duas características anteriores juntas; e fígado de aspecto padrão
“mosaico” padrão caracterizado por nódulos entremeados que se assemelham a um
desenho de mosaico, associado a todas às características anteriores (Figura 6).
Linfadenomegalia em linfonodos regionais (FROES, 2004).

32
Linfoma hepático
O linfoma hepático é uma neoplasia maligna das células linfóides. De acordo
com Nyland et al. (2002), o linfoma hepatocelular pode apresentar três características:
ecogenicidade difusa normal ou discretamente diminuída; lesões hipoecogênicas com
contornos pouco definidos; lesões tipo alvo; ou combinações destas em uma mesma
imagem (Figuras 7 a 10).
Em um estudo realizado por Whiteley et al. (1989), foi relatado aumento da
ecogenicidade do parênquima hepático canino.
Froes (2004) relata hepatomegalia com contorno irregular, micronódulos
multifocais irregulares e hipoecóicos maiores, além do fígado com aspecto padrão
“mosaico”.
À imagem ultrassonográfica, linfadenomegalia principalmente nos: linfonodo
ilíaco medial, linfonodos esplênicos e linfonodos regionais (GELLER, 2009).

33
34
Cistoadenoma biliar
A neoplasia benigna originada nos ductos biliares é denominada cistoadenoma
biliar. Para esta neoplasia Froes (2004) descreve hepatomegalia com contorno
arredondado e múltiplos nódulos hipoecóicos. Adicionalmente, Farrow (2005), relata
a possibilidade de cistos solitários ou múltiplos, localizados no interior ou exterior do
fígado, inclusive nos ductos biliares extra-hepáticos.
Nyland et al. (2002) descreveram uma variedade de características, como:
massas multiloculares contendo cistos de paredes finas; massas hiperecogênicas

35
com componentes císticos; e massas de ecogenicidade heterogênea com
componente cístico.

Colangiocarcinoma
Colangiocarcinoma é a neoplasia maligna originada nos ductos biliares (Figura
11). Pode ser intra-hepático, extra-hepático ou da vesícula biliar (JOHNSON, 2000).
No que diz respeito à esta neoplasia, duas características ultrassonográficas
são relatadas: parênquima aumentado de tamanho com contorno irregular, nódulos
cavitários complexos (septações internas) associados a nódulos alvo; e parênquima
hepático heterogêneo apresentando nódulos hiperecóicos e em alvo (Figuras 12 a
14). À imagem ultrassonográfica, linfonodos regionais podem ser visibilizados
aumentados de tamanho (FROES, 2004).

36
37
Hemangiossarcoma hepático
O hemangiossarcoma hepático é um tumor vascular maligno (Figura 15).
Esta condição pode apresentar hepatomegalia com contorno irregular, micronódulos
multifocais irregulares e hipoecóicos maiores, e nódulos hipercóicos. Linfonodos
regionais com aumento de tamanho na avaliação ultrassonográfica também podem
ser visibilizados (FROES, 2004). De maneira adicional, Farrow (2005) descreve ainda:
grande lesão cavitária e esférica.

38
Seção 2.7: Principais neoplasias no baço
Neoplasias primárias e metastáticas podem acometer o parênquima esplênico
de cães e gatos.
Uma avaliação comparativa entre os órgãos abdominais, é um grande
facilitador para a interpretação de alterações sonográficas que podem ocorrer no
baço. Normalmente o padrão de ecotextura do parênquima hepático é homogêneo,
sendo um pouco mais grosseira que o baço (Figura 12). A ecogenicidade do baço de
gatos hígidos é levemente maior quando comparado ao parênquima hepático e córtex
renal (PARTINGTON & BILLER, 1995; ZWIEBEL, 1995; NYLAND et al., 2002).

Hemangioma esplênico
O hemangioma esplênico é um tumor vascular benigno. Esta neoplasia pode
ser caracterizada por uma massa grande e não-homogênea com níveis de ecos mais
altos do que o de um baço normal e com poucas áreas hipoecóicas bem definidas
(SOLBIATI et al., 1983).

39
Hemangiossarcoma esplênico
O hemangiossarcoma esplênico é um tumor vascular maligno (Figura 16),
sendo caracterizado por uma massa grande e não-homogênea, em sua maior parte
com padrão hiperecóico (SOLBIATI et al., 1983).
São características desta condição: aumento esplênico regional; áreas
hiperecogênicas irregulares; e múltiplas cavidades preenchidas por conteúdo líquido
de tamanho e formas variadas (FARROW, 2005).

Linfoma esplênico
O linfoma esplênico é uma neoplasia maligna das células linfóides. O linfoma
esplênico pode apresentar padrões que variam de hipoecóico difuso ou focal a um
padrão ecogênico focal. Solbiati et al. (1983) descreve diferentes tipos de
características, como: uma lesão hipoecóica focal contendo alguns ecos internos; um
grande depósito focal, principalmente de padrão ecogênico com algumas áreas com
níveis baixos de eco e bordas irregulares; e múltiplas áreas com padrão hipoecóico
(Figura 17).
Outras pesquisas em cães relatam desde lesões hipoecóicas e/ou
anecogênicas de contornos pouco definido a achados como aumento difuso da
ecogenicidade e massa cavitária (WRIGLEY et al., 1988; FARROW, 2005).

40
A observação ultrassonográfica pode demonstrar também linfadenomegalia
principalmente em linfonodos ilíacos mediais, linfonodos hepáticos e nos linfonodos
regionais (GELLER, 2009).
O linfoma esplênico no seu tipo focal, ainda pode apresentar-se com
esplenomegalia com pequenos nódulos multifocais, hipoecogênicos e anecogênicos,
nódulos mal definidos e com a ecogenicidade normal ou diminuída no fundo, com
aspecto “rendilhado” (Figura 18) ou semelhante a um “queijo suíço” (CARVALHO,
2014).

41
Pode-se concluir que as características ultrassonográficas das neoplasias do
fígado e baço de cães e gatos podem direcionar o médico veterinário a uma suspeita
clínica. Além disso, a ultrassonografia pode ajudar no estadiamento, na monitorização
e na avaliação de possíveis complicações que podem ocorrer devido aos tumores
hepato-esplênicos.
Ainda que algumas características ultrassonográficas de neoplasias
histologicamente diferentes possam ser semelhantes, e características de neoplasias
histologicamente iguais possam ser diferentes, há características que podem sugerir
a malignidade de uma neoplasia, como por exemplo a presença de lesão alvo.
O médico veterinário pode utilizar a ultrassonografia como auxílio para exames
como para punção aspirativa por agulha fina - de uma lesão no fígado ou baço para a
obtenção de um diagnóstico definitivo ou optar por métodos mais invasivos, como o
exame histopatológico.

42
Unidade 3: Análise morfológica, topográfica e
vascularização da glândula tireóide em cães

Seção 3.1: Introdução


O estudo anatômico procura avaliar a estrutu-ra, a arquitetura e a forma dos
órgãos (Hildebrand 1995). Logo, é uma ciência que estuda tanto macro quando
microscopicamente a constituição e o de-senvolvimento dos seres organizados,
dissociando-os em partes. Sendo assim, é uma disciplina de importância direta para
muitas áreas da biolo-gia como cirurgiões, veterinários, embriologistas, patologistas e
paleontólogos. O conhecimento do transcurso, da sintopia e da morfologia dos órgãos
e vísceras que compõem o corpo do animal é de vi-tal importância para o
entendimento da anatomofi-siologia de muitas espécies de animais domésticas e
selvagens.
Associada ao sistema endócrino, a glândula tire-óide tem grande importância
na síntese e liberação de T3 (triiodotironina), T4 (tireoxina) e rT3, regulação do
metabolismo basal, produção de calor e crescimento, atuando sinergicamente com o
GH (hormônio do crescimento) (Constanzo 2002). Por esta razão e por não haver
muitas informações detalhadas sobre o seu suprimento sanguíneo e anatomia dentro
da literatura, seu estudo particular torna-se necessário.
A glândula tireóide encontra-se aderida à tra-queia por meio de um tecido
conjuntivo frouxo e é constituída por dois lobos situados lateralmen-te à traqueia e
diretamente atrás e, por vezes, se sobrepondo a laringe. No cão, a glândula consis-te
em massas distintas que são ocasionalmente li-gadas por um istmo. O istmo pode
estar ausente no touro, ovelha e cabra, porém quando presente limita-se na maioria
dos casos a um delgado cor-dão glandular no touro e de tecido conjuntivo na ovelha
e na cabra. Quando à forma de cada lobo, no touro é triangular e aplanada, na ovelha
e na cabra é achatada no sentido longitudinal, sendo quase redondo, e em algumas
cilíndricas. A superfície da glândula é lisa no cão, ovelha, cabra e suíno, já no touro é
rugosa. A consistência firme, aliada à for-ma e a localização da glândula tireóide
permite que seus bolos sejam palpados caudalmente à laringe em espécies de grande
porte. Em cães saudáveis, a referida identificação não é possível (Getty 1995, Dyce
2010).

43
Atualmente, o exame ultrassonográfico é o mais utilizado para traçar padrões
morfológicos e morfométricos da glândula tireóide, como suas dimensões, contorno,
topografia e arquitetura in-terna. Esse exame é considerado um dos métodos de
diagnóstico mais versáteis principalmente em função do baixo custo de
operacionalização (Novo et al. 2009). Neste contexto, diversos autores vêm
descrevendo diferentes dimensões para a glândula tireóide canina, nos estimulando
a definir os padrões morfológicos, topográficos e de vascularização da glândula
tireóide por meio de uma análise anatomotopográfica in situ.

Seção 3.2: Identificação da glândula tireóide em cães


Após dissecação e avaliação da região ventral, no plano sagital mediano, do
pescoço dos cães, foi possível identificar uma glândula tireóide constituída por dois
lobos ovais e alongados, de coloração marrom-escura e com localização
dorsolateralmen-te à direita e à esquerda aos anéis traqueais. Topograficamente,
identificamos uma estreita relação da glândula tireóide com as superfícies laterais dos
primeiros dez anéis traqueais, imediatamente cau-dal à laringe, mais especificamente
à cartilagem cri-cóidea e medialmente às artérias carótidas comuns direita e esquerda.
Tendo como objetivo um descrição anatomoto-pográfica a partir da dissecação
da porção ventral do pescoço dos cães e de uma avaliação in situ da referida glândula
foi possível constatar em nosso experimento que os lobos direitos obedeceram a se-
guinte ordem topográfica: em 25 (52,1%) animais, o referido lobo se encontrava em
posição que variava do 1º ao 10º anel traqueal; para outros 16 (33,3%) animais, o
mesmo lobo se encontrava em posição que variava do 2º ao 10º anel traqueal; em 6
(12,5%) animais, a posição variou do 3º ao 10º anel traqueal, e em apenas 1 (2,1%)
animal, o lobo foi observado entre o 6º e 10º anel traqueal (Figura 1).
Os lobos tireóideos esquerdos por sua vez, obe-deceram a seguinte ordem de
ocorrência: em 28 (58,3%) animais que equivale a dos animais, o re-ferido lobo se
encontrava em posição que variava do 1º ao 10º anel traqueal; para outros 15 (31,3%)
animais, o mesmo se encontrava em posição que variava do 2º ao 10º anel traqueal.
Em 4 (8,4%) cães, a posição variou do 3º ao 10º anel traqueal e em apenas 1(2%)
animal restante, o lobo encontrava-se do 6º ao 10º anel traqueal (Figura 2).
Em relação à morfometria da glândula tireóide foi possível observar que os
valores médios e desvio padrão de comprimento, largura, espessura e peso foram de

44
21,6 mm ± 3,8; 7,78mm ±1,5; 3,15 mm ± 2,5 e 0,37g ± 0,1 para o lobo direito e para o
lobo es-querdo de 24,1±3,6mm; 7,47mm ±1,5; 2,47mm±1,5 e de 0,42g±0,2,
respectivamente. A comparação das médias morfométricas feita pelo Teste t (SAS
2009) nos permite afirmar que não houve diferenças sig-nificativas entre as
mensurações dos lobos direito e esquerdo das glândulas analisadas.

45
A artéria tireóidea cranial foi responsável pela vascularização da glândula
tireóide, em ambos os antímeros, em 100% dos animais avaliados. A refe-rida artéria
normalmente atuava em conjunto com a artéria tireóidea caudal, que se fez presente
em 37 cães no antímero direito e em 36 cães no antímero esquerdo, irrigando assim,
o pólo caudal da glân-dula. Foi possível confirmar que as artérias tireoi-deas cranial e
caudal são ramos diretos da artéria carótida comum, tanto do lado esquerdo como no
direito. Os lobos tireóideos, direito e esquerdo, re-ceberam nutrição na maioria das
vezes pela artéria tireóidea cranial, sendo a artéria tireóidea caudal um vaso
inconstante. A artéria tireóidea cranial irrigou diretamente os lobos direito e esquerdo
das glândulas com apenas um vaso principal em 100% dos casos. Este vaso principal
se subdividiu em uma série de pequenos ramos, penetrando no órgão conforme
demonstrado no esquema a seguir (Figura 3).

46
O número de ramos da artéria tireoidea cranial variou de 1 a 6, observados do
seguinte modo: O lobo direito, em 11 cães, recebeu apenas 1 ramo; em 17 cães, 2
ramos; em 11 cães, 3 ramos, em 6 cães, 4 ramos; apenas 1 cão com 5 ramos e 2
cães com 6 ra-mos. No lobo esquerdo foi observado a presença de 1 ramo da artéria
tireóidea cranial em 13 animais. Em outros 13 animais detectou-se a presença de 2
ramos, em 11 animais de três ramos, em 8 animais de 4 ramos, em 2 animais 5 ramos
e apenas 1 ani-mal teve seu lobo esquerdo irrigado por 6 ramos da artéria tireóidea
cranial.
A artéria tireóidea caudal também se fez presen te na irrigação da glândula
tireóide e geralmente se apresentava dirigida aos pólos caudais dos lobos direito e
esquerdo da glândula com um vaso princi-pal, sofrendo subdivisões em pequenos
ramos, pe-netrando no seu parênquima (Figura 4). O número de ramos variou de 1 a
3, observados do seguinte modo: Para o lobo direito, 23 cães com 1 ramo, 8 cães com
2 ramos e 6 cães com 3 ramos. A artéria tireóidea caudal direita estava ausente em
11 cães. O lobo esquerdo sofreu irrigação pela artéria tire-óidea caudal por apenas 1
ramo em 20 animais, 14 animais apresentaram uma irrigação por 2 ramos e somente
dois animais apresentaram 3 ramos da ar-téria tireóidea caudal esquerda. A artéria
tireóidea caudal esquerda estava ausente em 12 cães.
Ao realizarmos um estudo de correlação entre o peso do animal, dados
morfométricos da glândula, número de ramos das artérias tireóideas cranial e caudal
e idade do animal pudemos constatar que as duas correlações mais significativas
foram entre o peso do animal e o comprimento da glândula; e entre o peso do animal
e o peso da glândula. As demais correlações de largura e espessura da glân-dula
apresentaram correlação pouco significativa ou não significativa (Tabela 1).
Analisando as Tabelas 2 e 3, verificamos que as correlações entre peso do
animal e o número de ra-mos da artéria tireóidea cranial e caudal, tanto do lado direito
como esquerdo, não foram significati-vas. Da mesma forma, as correlações entre
idade e os dados morfométricos da glândula tireóide não foram significativas.

Seção 3.3: A medicina vetinaria e evolução para cães


Na medicina veterinária, apesar da ultrassonografia ter sua evolução
impulsionada pelo desenvolvimento tecnológico transformando-se num instrumento
rotineiro de investigação diagnóstica (Froes 2004, Martin 2006), a dissecção de

47
cadáver ainda representa o método mais tradicional e pri-mordial de estudo. Com o
desenvolvimento deste trabalho, ao avaliar a região ventral do pescoço dos cães foi
possível confirmar os achados morfológicos referentes a glândula tireóide de cão já
descritos na literatura (Getty 1986). Topograficamente, nossos achados foram
compatíveis com os de Ahuja et al. (2000) e Fossum et al. (2001), que também identifi-
caram a estreita relação da glândula tireóide com a superfície lateral dos primeiros
dez anéis traqueais e caudal à cartilagem cricóidea.
Segundo Novo et al. (2009), utilizando-se de avaliação ultrassonográfica em 18
cães foi possível a visualização de ambos os lobos da tireóide, es-tando esta
localizada lateralmente à traqueia, entre os cinco a oito primeiros anéis traqueais,
imedia-tamente caudal à laringe, medial à artéria carótida comum e abaixo do nível
da cartilagem cricóidea.
Ao contrário dos nossos achados, Novo et al. (2009) ao avaliarem alguns
parâmetros métricos referentes à glândula tireóide de cão via imagem
ultrassonográfica constataram maiores médias de comprimento e largura do lobo
esquerdo (48,30 mm e 22,46 mm) em relação ao direito (46,70mm e 20,04mm),
respectivamente. Com relação aos as-pectos morfométricos e forma da glândula
tireói-de verificou-se que estes não seguiram um padrão simétrico nem regular de
acordo com a literatura citada (Getty 1986, Ellenberger & Baum 1997, Dyce et al.
2010).
Da mesma forma que Orsi et al. (1979), observa-mos que em 100% dos
animais avaliados, a artéria tireóidea cranial foi responsável pela vasculariza-ção da
glândula tireóide em ambos os antímeros.
Carvalho et al. (2003) também observaram que em gatos adultos ambos os
lobos da tireóide fo-ram bem vascularizados por ramos da artéria ti-reóidea cranial
que provém da artéria carótida comum. Nossas evidências corroboram com Dyce et
al. (2010), de que a glândula é suprida principal-mente pela artéria tireóidea cranial e
forma arcos ao redor do pólo cranial da mesma. Assim, como Bruni & Zimmerl (1977)
observaram em suínos, a artéria tireóide cranial se dirigindo para o pólo cra-nial
enquanto a artéria tireóide caudal para o pólo caudal da glândula, sendo ambos os
ramos diretos da artéria carótida comum. Eventualmente, um su-primento subsidiário
era fornecido por uma artéria tireóidea caudal, com origem mais proximal.
Estudos realizados em humanos confirmam que a massa corporal é a variável,
dentre muitas outras avaliadas, que melhor apresenta uma correlação com o volume

48
da glândula tireóide (Berghout et al. 1987, Lisboa et al. 2000). Desta forma, criou-se
um índice que relaciona volume tireoidiano ao ul-trassom com a superfície corporal,
sugerindo que o referido índice seja o método mais acurado de volu- me tireoidiano
em crianças e jovens. Corroborando com nossos dados, que demonstram uma
correla-ção positiva entre o peso do animal e o comprimen-to da glândula, Taeymans
et al. (2007) também afir-mam que o tamanho da glândula tireóide em cão esta
relacionada diretamente com o peso do animal.
Os relatos sobre o perfil vascular e especialmen-te sobre a anatomotopografia
da glândula tireóide de cães são tidos como escassos e, portanto, neces-sitam de um
conhecimento mais aprofundado. A morfologia da glândula tireóide de cão se encon-
tra muito bem alicerçada por meio de estudos ul-trassonográficos e, a partir deste
estudo, por meio anatomotopográfico. As artérias tireóideas, cranial e caudal,
originaram-se da artéria carótida comum, formando pequenos ramos que adentravam
a glân-dula para sua irrigação nos seus polos cranial e cau-dal. Em 100% dos casos
a artéria tireóidea cranial foi a principal responsável pela irrigação da glân-dula,
confirmando, portanto, que a artéria tireóidea caudal é um suprimento secundário. As
médias morfométricas dos lodos tireóideos não apresenta-ram diferenças
significativas, apenas uma correla-ção positiva foi evidenciada entre o comprimento
da glândula e o peso do animal.

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