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A avaliação ultrassonográfica das glândulas

ad anais é muito importante e


constantemente negligenciada. Porém,
principalmente em casos de dificuldade de
evacuar ou aumento de volume na região é
importante a avaliação.
Vamos apresentar aqui IMAGENS DE
GLÂNDULAS AD ANAIS NORMAIS, COM
ASPECTO INFLAMATÓRIO, ALÉM DE CASOS
IMPORTANTES DE NEOPLASIA.

ASPECTOS ULTRASSONOGRÁFICOS DAS


GLÂNDULAS AD ANAIS NORMAIS
As glândulas ad anais estão localizadas
próximo ao ânus, mais precisamente entre o
ânus e a base da cauda lateralmente. Uma
de cada lado do ânus (direito e esquerdo).
O aspecto ultrassonográfico normal da
glândula é a visibilização de uma pequena
imagem ovalada com conteúdo anecogênico
no interior. Geralmente este conteúdo se
apresenta anecogênico e homogêneo,
porém pode apresentar uma discreta
celularidade. Geralmente a parede é fina e regular.
É IMPORTANTE ANALISAR AS IMAGENS ASSOCIADAMENTE AOS SINTOMAS RELACIONADOS.
EM CASOS DE ALTERAÇÕES DISCRETAS COMO CELULARIDADE LEVE, PODE SER
CONSIDERADO NORMAL.

Dra. Solange Carné


www.cenussolvet.com.br solvetultra@hotmail.com www.mundoultravet.com.br
Abaixo iremos demonstrar imagens de glândulas normais em diferentes pacientes caninos.
GLÂNDULAS AD ANAIS ASSOCIADAS A IMAGEM DE RETO (SEMELHANTE AO CÓLON

ÂNUS
ÂNUS

GLÂNDULAS AD ANAIS COM


VOLUME NORMAL SEM
ALTERAÇÕES.
NAS IMAGENS ABAIXO,
PODEMOS VER AS DUAS
GLÂNDULAS (DIREITA E
ESQUERDA) COM O RETO NO
MEIO, SEM ALTERAÇÕES
ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS: INFLAMAÇÃO DA GLÂNDULA AD ANAL
Podemos ter alterações inflamatórias que comumente levam a quadro agudo de dor local.
Animal pode relutar em andar ou olhar para o ânus. Pode ser observada alteração no seu
conteúdo. Quando drenado podemos observar conteúdo purulento da glândula.
Através da ultrassonografia podemos ter comumente aumento de volume das glândulas
associadas a repleção por conteúdo anecogênico, muitas vezes com celularidade.
DICA IMPORTANTE: DEVEMOS ASSOCIAR AOS SINTOMAS CLÍNICOS PRINCIPALMENTE NOS
CASOS ONDE AS ALTERAÇÕES ULTRASSONOGRÁFICAS SÃO DISCRETAS.
No caso abaixo houve a drenagem espontânea da glândula ad anal direita antes do exame
de ultrassonografia gestacional. Havia um conteúdo purulento denso. Após a drenagem,
realizamos a ultrassonografia das glândulas e podemos perceber a diferença no volume
entre elas, demonstrando que houve a drenagem de apenas uma glândula. Na glândula
esquerda observamos aumento de volume e conteúdo rico em celularidade. Compatível
com processo inflamatório da glândula ad anal.

Abaixo mais imagens de processo inflamatório em glândulas ad anais. Aumento de volume


e celularidade no conteúdo.
Abaixo mais imagens de processo inflamatório em glândulas ad anais. Aumento de volume
e celularidade no conteúdo.

Dra. Solange Carné


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FORMAÇÕES E MASSAS EM GLÂNDULAS AD ANAIS

A presença de massas ou formações em glândulas ad anais são relativamente comuns em


cães. O que mais uma vez reforça a importância em examinar estas glândulas.

Abaixo vamos demonstrar três casos clínicos de neoplasia em glândula ad anal:


Primeiro caso: Compatível com Adenoma
Na imagem ao lado observamos uma formação
nodular ovalada, ecogênica, aparentemente
homogênea. Ao exame clínico havia uma massa
pendular no ânus, facilmente observada. Foi
realizada citologia desta formação.
Resultado da citologia aspirativa da massa/formação em glândula:
Descrição Citopatológica:
Amostra constituída por uma pequena população de células epitelioides, agrupadas em estruturas que
denotam lóbulo glandular, o pleomorfismo celular é moderado, assim, como a anisocariose. A cromatina é
granular e nucleolos são evidentes. A relação núcleo/citoplasma é baixa.

Diagnóstico Citopatológico:
Sugere neoplasia epitelial (adenoma ou adenocarcinoma).

Segundo caso: compatível com adenocarcinoma


Este animal foi submetido ao exame de ultrassonografia da cavidade abdominal pélvica
com histórico de dificuldade de evacuar algumas vezes. Ao exame ultrassonográfico do
abdômen e pelve foi evidenciada linfonodomegalia caudalmente a bexiga urinária. Esta
informação levou ao raciocínio diagnóstico de que, para termos uma linfonodomegalia,
tanto reativa quanto metastática, precisamos de uma causa primária, a ser investigada.
Nesses casos a primeira análise deve ser feita em glândulas ad anais, em busca de
neoplasias ou abscessos graves.
DICA IMPORTANTE: ESTE ANIMAL NÃO APRESENTAVA AUMENTO DE VOLUME NA REGIÃO
DA GLÂNDULA AD ANAL. NENHUMA ALTERAÇÃO NA REGIÃO VISUALMENTE.
Então após a constatação da linfonodomegalia vamos analisar a glândula ad anal durante o
exame ultrassonográfico. Na topografia da glândula, observamos uma grande formação de
contornos definidos e regulares, arredondada, ecogênica, heterogênea, lateralmente ao
ânus. Formação compatível com neoplasia de glândula ad anal. Foi realizada citologia desta
formação e o resultado foi:

Descrição Citopatológica:
Amostra constituida por grupamentos de células epiteliais apresentando diferenciação
hepatóide intermediária. Pleomorfismo e
anisocariose são moderados. E a cromatina nuclear é hipercromatica.
Diagnóstico Citopatológico:
Neoplasia epitelial (sugere adenocarcinoma hepatóide, de glândulas perianais).

Abaixo imagens da formação lateral ao ânus, transdutor está sendo colocado em cima da
formação na região perianal.
Através do exame de ultrassonografia da cavidade abdominal/pélvica, foi observada
linfonodomegalia reativa ou metastática, caudo-dorsalmente à bexiga urinária.
Importante analisar bem esta região em todos os seus exames, arrastando o transdutor
caudalmente à bexiga urinária. Nas imagens abaixo vamos observar as imagens dos
linfonodos alterados.
Esta observação durante o exame, será feita, quase sempre antes de examinar as glândulas
ad anais, uma vez que não é comum realizar o exame da glândula rotineiramente. Esta
observação deverá acionar a suspeita de linfonodomegalia reativa ou metastática, o que
faria você pensar em analisar/procurar a causa desta linfonodomegalia observada.
Abaixo observamos na primeira imagem a visibilização da formação/massa em glândula ad
anal através do estudo da cavidade abdominal/pélvica, demonstrando a profundidade que
a formação atinge, uma vez que sua origem está na glândula ad anal. Cranialmente a esta
formação/massa observamos as imagens de linfonodos alterados na segunda imagem.
Estes linfonodos estão alterados secundariamente à presença da formação na glândula.

Terceiro caso: compatível com neoplasia


Neste caso o animal tinha histórico de grande dificuldade de evacuar, realizando o
posicionamento para evacuar sem conseguir. Ao exame ultrassonográfico da cavidade
abdominal/pélvica foi observada uma grande formação de contornos definidos e
discretamente irregulares, ecogênica, com pontos hiperecogênicos no parênquima.
Pensando inicialmente na próstata, o que foi descartado na varredura da próstata, pois
estava compatível com atrofia pós castração. Observou-se que a formação estava caudo-
dorsal à bexiga urinária e já havia uma certeza: de que o animal não conseguia evacuar
devido a esta grande formação, que causava compressão do reto. Mas ainda precisamos
entender a origem.
A maior probabilidade para esta formação é de linfonodomegalia (neoplásica ou
metastática). Então, vamos procurar uma neoplasia primária e começar examinando a
glândula ad anal.
Ao exame da glândula foi observada uma formação arredondada, ecogênica, com pontos
hiperecogênicos, com características ultrassonográficas semelhantes à formação observada
caudo-dorsal a bexiga. Foi constatado então a neoplasia da glândula ad anal com metástase
em linfonodo. Este diagnóstico foi confirmado por tomografia e vamos compartilhar o
resultado abaixo:

Conclusões:
Exame de tomografia computadorizada apresentando formação expansiva em glândula
adanal direita, sugerindo neoplásica com linfondomegalia confluênte satélite sugerindo
implantação metastática, com lise óssea em sacro e invasão vascular iliaca.

Abaixo podemos ver as imagens da grande formação observada caudo-dorsal a bexiga


urinária:

Na foto abaixo dividimos a tela para comparar as ecogenicidades das formações. Na


primeira imagem (esquerda) podemos ver uma imagem parcial da formação caudo-dorsal a
bexiga e na segunda imagem (direita) podemos ver a neoplasia da glândula arredondada e
com características semelhantes à formação.
A principal informação deste ebook é salientar a importância de examinar as glândulas ad
anais dos cães. Sobretudo nos casos onde o animal apresenta dificuldade de evacuar ou
aumento de volume local. Em muitos casos observo que este exame não é realizado e
poderia nos trazer respostas importantes.

Dra. Solange Carné


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