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Raio-X sem mistério

A técnica de raio-X é um processo de imagem freqüentemente utilizado na medicina ficando atrás


somente da ultra-sonografia. Porém, enquanto ondas eletromagnéticas de alta energia com curtos
comprimentos de onda são excelentes para a visualização de estruturas densas, como ossos, o
reconhecimento dos órgãos de tecido mole é muito menos preciso. Sua imagem ao raio-X
dificilmente difere daquela da área circundante. Foi este problema que estimulou pesquisas sobre o
meio de contraste que poderia ajudar os médicos a distinguir detalhes dentro e entre órgãos de
tecido mole.

Por que os meios de contraste são necessários?


Dois órgãos de densidade e número atômico médio semelhantes não são distinguíveis ao raio-X. Os
meios de contraste são, portanto, necessários para criar um contraste artificial entre o órgão a ser
diagnosticado e o tecido circundante. Todos os meios de contraste são baseados no princípio de
suspensão ou solução atóxica que contém proporção significativa de elementos com alto número
atômico - como o meio de contraste contendo iodo. Quando raios-X atingem iodo em um meio de
contraste, a área aparece branca no filme de raio-X e então destaca o detalhe do órgão por onde
se espalhou.

Como são utilizados os meios de contraste?


Há vários exames radiológicos em prática atualmente que envolvem o uso de meios de contraste.
Alguns dos mais comuns são descritos seguir.

Angiografia
O procedimento radiológico que investiga a condição dos vasos sangüíneos é chamado angiografia.
Uma distinção entre arteriografia e venografia é geralmente feita, dependendo se artérias ou veias
estão sendo examinadas.

Arteriografia
Na arteriografia, o meio de contraste é administrado dentro da artéria, que a torna opaca aos
raios-X. O fluxo natural do sangue transporta o meio de contraste e, tirando um número de
radiografias, o radiologista pode obter uma série de imagens semelhantes a um mapa de estradas
do suprimento sangüíneo de um órgão ou membro. Estreitamento ou obstrução localizada de uma
artéria podem então ser identificados e o tratamento intervencionista ou cirúrgico apropriado pode
ser possível (ver radiologia intervencionista).

Venografia (Flebografia)
As veias levam sangue ao coração, portanto, pela injeção de um meio de contraste em uma veia
periférica, um mapa preciso do fluxo sangüíneo em um membro pode ser obtido. O maior tamanho
e maior número de veias periféricas, e o fato de o fluxo de sangue ser mais lento nas veias que nas
artérias significa que é comum para o radiologista obter várias radiografias de cada área do
membro em diferentes posições. O objetivo mais comum da venografia é confirmar a suspeita
diagnóstica de trombose profunda da perna.

ADS (Angiografia Digital por Subtração)


Na Angiografia Digital por Subtração (ADS), a imagem é produzida por meio da subtração de
radiografias sem meios de contraste de radiografias obtidas após o meio de contraste ser
administrado. O resultado deste processo de subtração é a visualização de vasos preenchidos por
meios de contraste livres de estruturas sobrejacentes. Esses procedimentos envolvem o uso de
equipamento eletrônico específico, incluindo "hardware" de computação e radiográfico, para
produzir rápidas imagens seqüenciais.

Urografia Intravenosa (pielografia intravenosa, UIV, PIV)


A urografia intravenosa é o exame radiológico básico do trato urinário e seu propósito principal é
avaliar a forma, estrutura e função dos rins. Quando injetados de modo intravenoso, muitos meios
de contraste são rapidamente excretados pelo rim, portanto uma série de radiografias obtidas após
a injeção irão destacar o trato urinário. Em comparação com a arteriografia e venografia, a
urografia intravenosa requer pouco tempo do radiologista e é comum vários desses exames serem
realizados em uma única sessão. As crianças podem ser investigadas para anormalidades
congênitas do trato urinário utilizando-se a urografia intravenosa.

Tomografia Computadorizada (TC)


Concebida em 1973, a Tomografia Computadorizada (TC) tornou-se um dos mais importantes
exames radiológicos. A TC delineia órgãos de uma nova maneira por meio da produção de imagens
de cortes transversais do paciente digitalizadas eletronicamente. Dessa forma, alcança
sensibilidade maior que a normal para melhorar os contrastes radiológicos naturais entre os
órgãos. A TC não pode criar contraste onde não existe. No entanto, é excepcionalmente sensível
aos meios de contraste e pode detectar anormalidades relacionadas à doença pela distribuição de
uma dose intravenosa de meio de contraste. De 60% a 80% de todas as TC envolvem a utilização
de um meio de contraste.
A TC é especialmente utilizada para investigações do cérebro e coluna, bem como para a produção
de estudos abdominais e urológicos. Cerca de 20% de todos os procedimentos de TC investigam o
fígado.
Recentemente, uma técnica avançada de TC chamada TC espiral ou helicoidal está se tornando
cada vez mais importante. A TC espiral alcança a mesma resolução da TC normal, mas com tempo
de exame menor e menor dose de raio-X. Além disso, a TC espiral fornece novo instrumento
diagnóstico poderoso por tornar possível resoluções em 3D e reconstruções opcionais da imagem
em 3D da anatomia investigada.

Mielografia
Outra estrutura que não pode ser visualizada sem o uso de meios de contraste é a medula espinhal
e as raízes nervosas que irradiam dela. Como resultado, um meio de contraste deve ser injetado no
fluido cerebrospinal que envolve a medula e as raízes nervosas. Este fluido torna-se opaco de
forma que a medula espinhal aparece como estrutura transparente dentro do canal espinal. Meios
de contraste altamente especializados são utilizados para esses exames.
A maioria dos mielogramas são realizados para examinar somente a região lombar. A razão mais
comum para tal exame é confirmar a suspeita de prolapso de disco intervertebral. Porém, alguns
mielogramas são realizados para estudar lesões degenerativas em tumores altos da medula
espinhal. Algumas vezes a região cervical também é examinada. Desde a introdução da TC e RM
(ressonância magnética), a importância dos procedimentos mielográficos tem diminuído
constantemente.

Técnicas intervencionistas
Uma parte dos radiologistas estão se especializando em procedimentos terapêuticos que foram
desenvolvidos a partir de técnicas radiológicas. Esses procedimentos incluem a dilatação de
artérias estreitas (angioplastia, angioplastia transluminal percutânea, ATP), assim como o
fechamento proposital de artérias que suprem áreas anormais como tumores, aneurismas e
malformações vasculares. Este procedimento, denominado embolização terapêutica, retira o
suprimento sangüíneo das áreas anormais. Pode freqüentemente necessitar do uso de altas doses
do meio de contraste porque vários exames dos mesmos vasos podem ser necessários para
controlar o progresso terapêutico.

Outros exames
Os meios de contraste são também utilizados para grande variedade de outros exames. Por
exemplo, podem ser utilizados para estudar a anatomia das articulações (artrografia) ou dentro do
sistema de ductos de várias glândulas, como glândula salivar (sialografia). Em outros casos, o meio
de contraste pode ser utilizado para examinar o sistema ductal pancreático/biliar
(coledocopancreatografia retrógrada) para entender-se a causa de uma obstrução dos ductos. Pode
ser introduzido diretamente na bexiga para determinar se há refluxo para o ureter (cistografia
miccional).
Além disso, meios de contraste diluídos podem ser utilizados para identificar órgãos como o
intestino delgado ou reto.

Segurança dos meios de contraste


Reações adversas aos meios de contraste modernos para raio-X são muito raras. Porém, como com
qualquer produto farmacêutico, elas podem ocorrer. No entanto, quaisquer reações adversas são
geralmente leves a moderadas e de curta duração, e se resolvem espontaneamente sem
tratamento médico. Entre as reações aos meios de contraste mais freqüentemente observadas
estão: náuseas, vômitos e sintomas alérgicos. Reações adversas sérias têm sido observadas e,
nesses casos, é necessária a hospitalização do paciente. Para diminuir o risco de reações adversas,
os profissionais de saúde questionam sobre a história médica do paciente. São perguntas como:
· Está tomando alguma medicação (prescrita ou sem receita médica)?
· Já teve alguma reação aos meios de contraste para raio-X ou qualquer outra substância contendo
iodo?
· Tem qualquer outra alergia como febre do feno, medicações, etc.?
· Tem qualquer condição preexistente como diabetes, doença renal ou hepática, etc.?
· Está grávida?
· Está amamentando?
Preparação para o exame
Antes do exame, é necessário remover:
· Dentaduras
· Jóias
· Qualquer material que possa interferir no raio-X

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