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CÁLCULO CÁLCULO

Cálculo Integral
INTEGRAL INTEGRAL
Daniel de Freitas Barros Neto Daniel de Freitas Barros Neto

Nos primórdios da história humana, a Geometria trazia consigo a contemplação hu-


mana pelas formas da natureza. Pouco mais adiante, com o surgimento da Álgebra,
quantificou-se com mais precisão a natureza e as formas, bem como foram encontra-
das maneiras de realizar novas representações matemáticas, dotadas agora de um
novo alfabeto numérico. No entanto, apenas com o pai da Matemática, René Descar-
tes, em 1637, ela ganhou os contornos modernos que tem hoje.
A matemática, abandonada à questão contemplativa inicial, tampouco preocupava-
-se em quantificar os objetos, bens do mundo material humano. A matemática era,
desse modo, instrumento de decodificação e decodificava a natureza. Suas formas
passaram não apenas a serem contempladas, mas representadas de forma fidedigna
e entendidas pelo ser humano. Entende-se, assim, o que é uma função.
Pautados nos avanços de Descartes, Newton e Leibniz se apoiaram nos ombros do
gigante que os antecedeu e deram novos contornos a essa codificação da natureza.
Aliaram a essa nova matemática ideias que sempre a assombravam, a noção de zero
e infinito. A partir desses entendimentos, a disciplina mensura áreas, volumes, pe-
rímetros e outros elementos que auxiliam um maior entendimento da natureza que
nos cerca.

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gente criando o futuro


Presidente do Conselho de Administração Janguiê Diniz

Diretor-presidente Jânyo Diniz

Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo

Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Joaldo Diniz

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Autoria Daniel de Freitas Barros Neto

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Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.

CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abordado.

CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.

CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto
tratado.

DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.

EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.

EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da
área de conhecimento trabalhada.

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Sumário

Unidade 1 - Funções algébricas e não algébricas: definições e aplicações


Objetivos da unidade............................................................................................................ 12

Funções explícitas, implícitas e transcendentes........................................................... 13


Funções explícitas e implícitas: definição e reescrita............................................... 13
Funções transcendentes................................................................................................. 16

7ª operação em matemática: a logaritmação.................................................................. 19


Logaritmação ................................................................................................................... 19
Aplicações......................................................................................................................... 24

Limite fundamental exponencial e sistema neperiano: definições e aplicações ��� 25


Limite fundamental exponencial e sistema neperiano.............................................. 26
Aplicações......................................................................................................................... 32

Derivada da função exponencial, logarítmica e geral.................................................. 35


Derivadas explícitas e implícitas .................................................................................. 36
Derivada da função logarítmica e exponencial.......................................................... 41

Sintetizando............................................................................................................................ 44
Referências bibliográficas.................................................................................................. 45

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Sumário

Unidade 2 - Integrais, limite e derivadas trigonométricas


Objetivos da unidade............................................................................................................ 47

Limite fundamental trigonométrico, derivadas e L’Hôpital........................................... 48


O limite fundamental trigonométrico............................................................................. 48
Derivada das funções circulares diretas e inversas.................................................. 57
Regra de L’Hôpital............................................................................................................. 63

Integral: considerações, definições e exemplos............................................................ 68


Integral indefinida ........................................................................................................... 70

Sintetizando............................................................................................................................ 76
Referências bibliográficas.................................................................................................. 77

CÁLCULO INTEGRAL 5

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Sumário

Unidade 3 - Integrais indefinidas e definidas


Objetivos da unidade............................................................................................................ 79

A integral da função logarítmica e da função exponencial......................................... 80


Função logarítmica........................................................................................................... 80
Função exponencial......................................................................................................... 85

Integral das funções trigonométricas e suas inversas.................................................. 88


Funções trigonométricas................................................................................................ 88
Funções trigonométricas inversas................................................................................ 93

Integral definida, integral de Riemann e generalidades............................................... 96


Integral definida e integral de Riemann....................................................................... 96
Definições, propriedades e exemplos.......................................................................... 98

Sintetizando.......................................................................................................................... 106
Referências bibliográficas................................................................................................ 107

CÁLCULO INTEGRAL 6

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Sumário

Unidade 4 - Integração: métodos e aplicações


Objetivos da unidade.......................................................................................................... 109

Técnicas de integração..................................................................................................... 110


Integração por partes.................................................................................................. 110
Integração por substituições trigonométricas........................................................ 115
Integração por frações parciais................................................................................ 119
Integração por substituições: u du em diferentes casos...................................... 123

Aplicações da integral definida....................................................................................... 127


Áreas.............................................................................................................................. 128
Volumes......................................................................................................................... 130
Comprimento do arco de uma curva......................................................................... 132

Sintetizando.......................................................................................................................... 135
Referências bibliográficas................................................................................................ 136

CÁLCULO INTEGRAL 7

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CÁLCULO INTEGRAL 8

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Apresentação

Nos primórdios da história humana, a Geometria trazia consigo a contem-


plação humana pelas formas da natureza. Pouco mais adiante, com o surgi-
mento da Álgebra, quantificou-se com mais precisão a natureza e as formas,
bem como foram encontradas maneiras de realizar novas representações ma-
temáticas, dotadas agora de um novo alfabeto numérico. No entanto, apenas
com o pai da Matemática, René Descartes, em 1637, ela ganhou os contornos
modernos que tem hoje.
A Matemática, abandonada à questão contemplativa inicial, tampouco
preocupava-se em quantificar os objetos, bens do mundo material humano.
A matemática era, desse modo, instrumento de decodificação e decodificava
a natureza. Suas formas passaram não apenas a serem contempladas, mas
representadas de forma fidedigna e entendidas pelo ser humano. Entende-se,
assim, o que é uma função.
Pautados nos avanços de Descartes, Newton e Leibniz se apoiaram nos om-
bros do gigante que os antecedeu e deram novos contornos a essa codificação
da natureza. Aliaram a essa nova Matemática ideias que sempre a assombra-
vam, a noção de zero e infinito. A partir desses entendimentos, a disciplina
mensura áreas, volumes, perímetros e outros elementos que auxiliam um
maior entendimento da natureza que nos cerca.
Convido-os, portanto, para o estudo desta disciplina fantástica!

CÁLCULO INTEGRAL 9

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O autor

O professor Daniel de Freitas Barros


Neto é bacharel em Ciência e Tecnolo-
gia pela Universidade Federal do ABC
(UFABC) (2018). Trabalha em pesquisas
na área do Ensino de Astronomia, Ensi-
no de Estatística, Ensino de Matemáti-
ca e Inferência Causal. Foi pesquisador
bolsista da UFABC pelo programa de
mestrado em Ensino e História de Ciên-
cias e Matemática. Trabalha com desen-
volvimento de materiais didáticos para
cursos de exatas na modalidade EAD.
Faz parte do grupo de estudos em Edu-
cação Estatística e Matemática (GEEM) e
possui publicações nacionais e interna-
cionais acerca da formação de professo-
res de Ciências e Matemática.

Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0390781136043856

A todos aqueles que, ao meu lado, se empenham em cultivar o melhor


todos os dias. Amores, famílias e amigos: não sou nada sem vocês.

CÁLCULO INTEGRAL 10

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UNIDADE

1 FUNÇÕES ALGÉBRICAS
E NÃO ALGÉBRICAS:
DEFINIÇÕES E
APLICAÇÕES

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Objetivos da unidade
Identificar os diferentes tipos de funções: algébricas e não algébricas;

Compreender as definições e as especificidades dos logaritmos e do sistema


neperiano;

Capacitar o aluno a manipular algebricamente essas funções objetivando o


cálculo de suas derivadas e possíveis aplicações;

Compreender como o estudo desses tópicos é relevante para a vida de um


profissional de exatas.

Tópicos de estudo
Funções explícitas, implícitas e Limite fundamental exponen-
transcendentes cial e sistema neperiano: defini-
Funções explícitas e implícitas: ções e aplicações
definição e reescrita Limite fundamental exponen-
Funções transcendentes cial e sistema neperiano
Aplicações
7ª operação em matemática: a
logaritmação Derivada da função exponen-
Logaritmação cial, logarítmica e geral
Aplicações Derivadas explícitas e implícitas
Derivada da função logarítmica
e exponencial

CÁLCULO INTEGRAL 12

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Funções explícitas, implícitas e transcendentes
A partir de agora, trabalharemos a diferenciação entre algumas categori-
zações de funções. Essas categorizações são importantes para determinados
tópicos da Matemática, dentre eles o cálculo, que dá um tratamento distinto a
categorias distintas de funções.
O cálculo integral e diferencial fundamenta seu desenvolvimento teóri-
co por meio da Álgebra e da Geometria. Transforma inúmeras representações
geométricas em algébricas, dando uma nova interpretação a elas e, muitas ve-
zes, extraindo novos sentidos epistêmicos.
A Álgebra preocupa-se com representações e manipulações de equações,
expressões, estruturas algébricas, polinômios e monômios. Essas representa-
ções podem, por exemplo, referir-se a elementos geométricos. Desse modo,
explicita-se que há uma interseção entre Álgebra e Geometria.
Algumas categorizações que serão discutidas levarão em conta o as-
pecto eminentemente algébrico, ou seja, distinguirão expressões algébri-
cas de não algébricas, mais precisamente, distinguirão funções algébricas
de não algébricas.
Outra distinção que será trabalhada será a distinção entre
funções explícitas e implícitas. Essa distinção é relevante para o
cálculo e para a aplicação de métodos de derivação e integração.

Funções explícitas e implícitas: definição e reescrita


Em um curso de cálculo, é fundamental que haja a compreensão das di-
versas funções que podem ser diferenciadas. O primeiro grupo de funções a
ser estudado é o referente às funções explícitas. Essas funções referem-se
à expressão de uma variável em termo de outra variável, ou seja, são funções
em que é possível deixar o y isolado de um dos lados. Seguem alguns exemplos
de funções explícitas:
a) y = cos(x)
b) y = 2x - 1
c) y = x2 + 8x + 2
d) y = ln (x)

CÁLCULO INTEGRAL 13

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Todas as funções supracitadas apresentam a variável y em função de uma va-
riável x. Reescrevendo essa afirmação em uma linguagem funcional, pode-se dizer
que uma função explícita é aquela que pode ser escrita na forma y = f(x). Partindo
dessa afirmação, pode-se conceber o que seriam as funções implícitas.
As funções implícitas, diferentemente das explícitas, apresentam a variá-
vel y não isolada das outras variáveis. Em outras palavras, não há uma igual-
dade estabelecida entre y e a outra variável. Portanto, não está explícito o valor
de y. Seguem alguns exemplos de funções implícitas:
f) -2x + y = -1
g) x2 + y 2 = 1
h) -x2 - 8x + y = 2
i) x2 + y 2 - 7 = 0

EXPLICANDO
Apesar serem chamadas de funções implícitas, elas não são necessa-
riamente funções, uma vez que algumas não passam pelo teste da reta
vertical. Entende-se por funções implícitas as representações algébricas
que não apresentam a variável de forma explícita. Entende-se que existe
nessas representações uma função não evidente, ou seja, implícita.

Uma vez apresentadas as definições das funções explícitas e implícitas, cons-


tata-se que o fator principal a ser observado é o isolamento ou não da variável y.
Desse modo, pode-se conceber uma transição de uma função para outra. Em ou-
tras palavras, concebe-se que seja possível transformar uma função implícita em
explícita. Toma-se como exemplo a equação I na tentativa de isolar a variável y:
-2x + y = -1
y = 2x + 1
Ao considerar a função f e isolar o y, constatou-se que a função inicialmente
implícita deu origem a uma função explícita, semelhante a função b). Portanto,
é possível em alguns casos que, a partir de uma representação algébrica implí-
cita, atinja-se uma representação algébrica explícita. Verifica-se mais um caso
partindo da função h):
-x2 - 8x + y = 2
-x2 + y = 2 + 8x
y = x2 + 8x + 2

CÁLCULO INTEGRAL 14

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De modo análogo ao anterior, encontrou-se uma função explícita a partir
de uma função implícita. A função h, quando reescrita de forma explícita, re-
velou ser semelhante à função c. Evidentemente, a recíproca para esses casos
é verdadeira, ou seja, se essas funções implícitas foram reescritas em funções
explícitas, essas podem ser reescritas em funções implícitas.
Apesar da possibilidade de algumas funções implícitas serem reescritas
como funções explícitas de forma simples, essa situação não acaba sendo uma
regra geral. Para elucidar o entendimento dessa situação, considera-se a fun-
ção g com x ∈ [-1; 1]:
x2 + y 2 = 1
Ao considerar essa função, o primeiro passo a ser executado é isolar a va-
riável y:
y 2 = 1 - x²
y = ±√1 - x²
Ao se constatar o valor de y, nota-se uma possibilidade dual, em que y pode
ser positivo ou negativo. Portanto, ao se tentar reescrever a função implícita
g) na forma explícita, ela foi transformada em outras duas funções f1 e f2 que
seguem:
f1 (x) = -√1 - x² e f 2 (x) = √1 - x²
A diferença entre as representações pode ser notada quando ambas são
plotadas em um gráfico, tal como apresenta a Figura 1.

y y y

x x x

x2 + y2 = 1 y = 1 - x2 y = - 1 - x2

Figura 1. Representação gráfica das funções explícitas e implícita. Fonte: ANTON, 1998, p. 246. (Adaptado).

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Nesse exemplo, ressaltou-se, tam-
bém, a questão prática de reescrever
uma função implícita como explícita.
Em alguns casos, essa fragmentação
em outras funções pode se tornar algo
cada vez menos prático, exigindo uma
manipulação algébrica muito avança-
da para que isso ocorra. Existem ca-
sos, porém, que essa transformação da forma implícita para explícita é quase
impossível, tal como é possível ver a seguir:
y + xcos(y) = 1

DICA
Quando a função a ser representada dificilmente pode ser escrita na for-
ma explícita, há uma dificuldade inerente para sua representação gráfica.
Para esses casos, é interessante o uso de softwares que realizem a plota-
gem do gráfico a partir da forma implícita.

Por fim, o estudo dessa representatividade múltipla de funções é funda-


mental para o estudo do cálculo, pois existem métodos algébricos que não se
aplicam a um tipo de representação. Por exemplo, no estudo sobre derivadas,
é necessário que seja desenvolvido um método específico para a representa-
ção implícita, conhecido como diferenciação implícita.

Funções transcendentes
Um grupo de funções importantes a ser estudado é o grupo das fun-
ções transcendentes. As funções recebem esse nome por não serem
constituídas de funções algébricas, ou seja, são funções que não podem
ser construídas meramente pelo uso das operações algébricas usuais, tais
como adição, subtração, multiplicação e divisão. Apresenta-se, a seguir,
exemplos de funções algébricas:
a) x + 3y = 2
x+1
b) f(x) =
x-1
c) x2 y 2 - x2 - 1 = 0

CÁLCULO INTEGRAL 16

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Em uma perspectiva algébrica, por não serem representadas apenas com
as operações algébricas básicas, as funções transcendentes, de certo modo,
transcendem a álgebra. As funções transcendentes importantes que podem
ser destacadas são as funções trigonométricas, as inversas trigonométri-
cas, as exponenciais e as logarítmicas. Similarmente, é possível ver alguns
exemplos dessas funções:
d) f(x) = log10 x
e) f(x) = 2 cos(x)
f) f(x) = sen(x)
g) f(x) = ex
h) f(x) = arcsen(x)
As funções e) e f) referem-se às funções trigonométricas, chamadas tam-
bém de funções circulares, pois estão relacionadas ao círculo trigonométrico.
Elas também são chamadas de funções periódicas, pois repetem um determi-
nado comportamento; no caso da função seno, esse comportamento é repeti-
do a partir de 2π.
Observe o gráfico dessa função na Figura 2.

M 1
y’

sen(x) 3π
x 2
A
0 x’ x π 2π x

-1

Figura 2. Gráfico da função seno. Fonte: GOUVEIA, 2017. Acesso em: 05/09/2019. (Adaptado).

A função g) refere-se à função exponencial, em que a variável a ser estuda-


da encontra-se no expoente e a base é sempre maior do que zero e diferente
de um. No exemplo dado em g), utilizou-se a função exponencial natural que
considera como base o número de Euler e, no entanto, uma função exponencial
pode ter outras bases. As funções a seguir são, também, funções exponenciais:

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i) f(x) = 2 x
j) f(x) = (0,22) x
A função referida em d) é chamada de função logarítmica ou função in-
versa da exponencial. Por fim, a função referida em h) recebe o nome de fun-
ção trigonométrica inversa, nesse caso a inversa da função seno. Existem ou-
tras funções trigonométricas inversas:
k) Inversa da tangente:
f(x) = tan -1(x) ou f(x) = arctan(x)
l) Inversa do cosseno:
f(x) = cos -1(x) ou f(x) = arccos(x)
m) Inversa da secante:
f(x) = sec-1(x) ou f(x)= arcsec(x)
n) Inversa da cossecante:
f(x) = cossec-1(x) ou f(x) = arccossec(x)
o) Inversa da cotangente:
f(x) = cotg-1(x) ou f(x) = arccotg(x)
Nota-se que as funções trigonométricas inversas podem ser escritas de
duas formas: utilizando o nome da função original e colocando o -1 no expoen-
te, ou escrevendo “arc” e adicionando o nome da função trigonométrica abre-
viada. É importante ressaltar alguns pontos sobre essas distintas notações do
mesmo objeto matemático.
A utilização do -1 no expoente remete à ideia de inversa, pois quando se
1
observa uma expressão algébrica da forma a-1, é possível transformá-la em ,
a
e a isso comumente se dá o nome de inversão. Entretanto, ao escrever o -1 no
expoente das funções para indicar que elas são inversas, não é a mesma ideia
que se quer trabalhar. Deve-se ter em mente que, por exemplo:

1
sen-1(x) ≠ ,
sen(x)
Quando, na verdade:
1
sen(x) -1 ≠
sen(x)
A posição do -1 pode indicar coisas diferentes, fique atento(a)!
Em um aspecto geral, vale notar que o fato de uma função ser transcenden-
te não exclui a possibilidade dela ser explícita ou implícita. A explicitude de uma
função não está no fato de o objeto matemático ser ou não algébrico, mas sim

CÁLCULO INTEGRAL 18

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na possibilidade de isolamento das variáveis. A representação p, por exemplo,
refere-se a uma função transcendente explícita, já a função q refere-se a uma
transcendente implícita:
p) y = cos(2x)
q) y + xcos(y) = 1
Por fim, é importante ter o conhecimento sobre a existência desses tipos
de funções (transcendentes), pois no estudo do Cálculo Integral elas terão um
tratamento diferenciado nas suas derivações e integrações, uma vez que não
são algébricas. Portanto, apresentá-las de maneira segmentada e explicitada
facilita o concatenamento e entendimento do conteúdo desse tema de estudo.

7ª operação em matemática: a logaritmação


Estudou-se até aqui categorizações de funções, sendo elas
explícitas ou implícitas, algébricas ou não algébricas. Destacou-
-se que aquele grupo de funções não algébricas recebem o nome
de funções transcendentes. Entre essas funções estão as funções logarítmi-
cas, exponenciais, trigonométricas e inversas trigonométricas. Cada uma
delas possui sua particularidade e importância para o estudo do cálculo.
A fim de entender as particularidades e a importância de cada uma delas,
deve-se estudá-las separadamente. Tendo isso em mente, estudaremos a fun-
ção logarítmica, de modo a explicitar sua definição, algumas de suas proprie-
dades e apresentar algumas aplicações que a envolve.
Entender como se estrutura um logaritmo e algumas relações que o envol-
vem é fundamental para o estudo do cálculo, principalmente para a aplicação
de limites e logaritmos de outras bases, a se destacar os logaritmos de base e,
contendo inúmeras aplicações físicas.

Logaritmação
Prosseguindo no estudo de funções, retoma-se a função logarítmica. Tal
função é categorizada como uma função transcendente, ou seja, uma função
que não pode ser construída pelo uso de operações algébricas usuais, como
adição, subtração, multiplicação e divisão.

CÁLCULO INTEGRAL 19

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A função logarítmica está pautada na potenciação e exponenciação. Essa
função é definida em termos de um logaritmo de um número qualquer, sendo
que esse logaritmo pode ser definido da seguinte forma:
logab = x
Refere-se ao número a como a base do logaritmo. Essa base possui restri-
ções em seu valor:
a>0ea≠1∈ℝ
Já o número b refere-se ao logaritmando, que tem, também, algumas res-
trições em seu valor:
b>0∈R
Por fim, o número x, pertencente ao conjunto dos reais, e recebe o nome de
logaritmo. Destaca-se alguns exemplos de logaritmos:
a) log28 = 3
b) log39 = 2
c) log 10000 = 4
d) ln e = 1
Dentre os casos supracitados, destacam-se os exemplos c) e d). Em am-
bos os exemplos não há a representação do número da base dos logaritmos.
Quando a representação da base do logaritmo está omitida e a operação a ser
realizada está sendo representada apenas por “log”, o valor da base é 10. Caso
o leitor se depare com uma representação igual ao exemplo c), a seguinte igual-
dade deve ser levada em consideração:
log 10000 = 4 = log10 10000
De modo análogo, há uma omissão na base do logaritmo apresentado no
exemplo d). Nesse caso, porém, quando há a omissão do valor da base do loga-
ritmo e a operação a ser realizada está sendo representada por ln, o valor omi-
tido pela base é o número e, conhecido como número de Euler. Esse logaritmo
recebe o nome de logaritmo neperiano, em homenagem a um matemático
chamado John Napier, ou logaritmo natural.
Para a representação desse logaritmo, deve-se considerar a seguinte igualdade:
ln e = 1 = logee
A base 10, 2 e e são bases bastante usuais no cálculo integral, o conhecimen-
to acerca delas é essencial. O Gráfico 1 de funções logarítmicas mostra a curva
de cada uma dessas bases.

CÁLCULO INTEGRAL 20

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GRÁFICO 1. FUNÇÕES LOGARÍTMICAS MAIS USUAIS

y
4 log2 (x)
x=0
3
In (x)
2
log (x)
1

0 x
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
-1

-1

-1

-1

Uma vez explicitada a forma de representação de um logaritmo, resta saber


qual sua relação exponenciação. Essa relação é definida a partir da seguinte
equivalência:
loga b = x ⇔ ax = b
Tendo em vista essa equivalência, é possível efetuar o cálculo de alguns
logaritmos, transformando a escrita deles em exponenciação:
Expressão: log2(4) = x
Resolução: 4 = 2 x
22 = 2 x
x=2
Observou-se que, para a resolução de uma expressão logarítmica por meio
da reescrita como expressão exponencial, é necessário, em dado momento,
fazer com que as bases exponenciais que estão sendo comparadas sejam as
mesmas para, a partir desse ponto, estabelecer-se uma comparação com os
expoentes.
Desse modo, estabelece-se uma relação clara entre o logaritmo e a expo-
nenciação, sendo eles antagônicos. Essa equivalência auxilia, também, no en-
tendimento de uma restrição definida para a base do logaritmo.

CÁLCULO INTEGRAL 21

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Definiu-se que a base do logaritmo deve ser, além de positiva, a≠1. Quando
se tem em mente que os logaritmos podem ser reescritos como exponenciais,
pode-se tentar escrever um logaritmo com a base sendo 1 e verificar as impli-
cações disso:
log1b = x
1x = b
Sabendo-se que b é um número real positivo, e que o número 1 elevado
a qualquer potência sempre resultará em 1, não há número positivo que
satisfaça essa equação. Portanto, descarta-se a = 1 dos valores possíveis
que a possa assumir.
Além da definição que relaciona logaritmação e exponenciação, existem ou-
tras definições importantes a serem consideradas:
I. alogab = b
II. loga1 = 0
III. logaa = 1
A definição II parte do pressuposto de que todo número elevado a 0 resulta
em 1. Em outras palavras, a0 = 1, o que torna verdadeira essa afirmação. De
modo análogo, a afirmação III parte do pressuposto de que qualquer número
elevado a 1 resultará nele próprio, ou seja, nesse caso a1 = a, o que validaria a
afirmação III.
Somadas a essas definições, existem propriedades inerentes aos logarit-
mos. As principais propriedades estão elencadas no Quadro 1.

QUADRO 1. PROPRIEDADES DOS LOGARITMOS

NOMES DA
IGUALDADES RESTRIÇÕES
PROPRIEDADE

Logaritmo de um produto loga(b c) = logab + logab


b · c) 1≠a>0eb>0

1 1
Logaritmo de uma raiz loga(n√b) = loga b n = loga b 1 ≠ a > 0, b > 0 e 1 < n ∈ ℕ
n

Logaritmo de uma
logabc = c · loga b 1 ≠ a > 0, b > 0 e c ∈ ℝ
potência

Logaritmo de um b
loga( ) = loga b - loga c 1 ≠ a > 0 e b,, c > 0
quociente c

CÁLCULO INTEGRAL 22

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A seguir serão apresentados alguns exemplos de aplicações dessas proprie-
dades logarítmicas, a fim de capacitar o leitor para a resolução de problemas
que tenham essas expressões. No exemplo, aplicaremos a propriedade do pro-
duto logarítmico:
Expressão: log2 (4 · 8) = ?
Resolução: log2 (4 · 8) = log2 4 + log2 8
=2+3
=5
Aplicando o logaritmo de uma raiz:
Expressão: log10(11 √10) = ?
1
Resolução: log10(11 √10) = log10 10 11

1 log 10
=
11 10
1
= (1)
11
1
=
11
Para o logaritmo de uma potência, tem-se:
Expressão: log3(272) = ?
Resolução: log3(272) = 2 · log3(27)
= 2 · log3(33)
= 2 · 3 · log3(3)
=6 · log3( 3)
=6 · (1)
=6
Por fim, para a aplicação da propriedade logarítmica do quociente, consi-
dera-se:
Expressão: log5(25
5
)=?

Resolução: log5(255 ) = log5(25) - log5(5)

=3 - 1
=2
Observou-se como essas propriedades auxiliam para o cálculo de expres-
sões logarítmicas. Ainda assim, existem situações nas quais outros tipos de
manipulações devem ser realizados. Uma manipulação muito utilizada é a mu-
dança de base logarítmica.

CÁLCULO INTEGRAL 23

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Define-se a mudança de base da seguinte forma, para um a ≠ 1 e d ≠ 1:
logdb
logab =
logaa
Aplica-se a mudança de base no seguinte exemplo:
Expressão: log9(27) = ?
log3 27
Resolução: log9(27) =
log3 9
3
=
2
Explicitadas as definições, propriedades e possíveis manipulações envol-
vendo os logaritmos, resta entender um pouco mais sobre suas aplicações em
problemas contextualizados no cotidiano profissional.

Aplicações
Apesar do caráter eminentemente algébrico explorado até agora, os loga-
ritmos possuem diversas aplicações práticas, seja no cotidiano de um cidadão
comum ou no cotidiano de um profissional de exatas, tal como o engenheiro.
Uma aplicação muito conhecida dos logaritmos refere-se à Escala Richter. A
Escala Richter é uma escala utilizada para mensurar a magnitude de terremotos,
associando essa magnitude a níveis de destruição e efeitos causados por eles.
Essa escala utiliza logaritmos na base 10 para efetuar esse tipo de medição.
Tendo isso em mente, será desenvolvida uma situação utilizando os logarit-
mos em uma aplicação prática. Considere a seguinte problemática:
Um profissional responsável pela engenharia produtiva de sua companhia
deve aplicar um novo plano de ação toda vez que a demanda por seus produtos
dobrar. Ele observou, ao longo do tempo, que a demanda por seus produtos
tem aumentado 30% ao ano. Ele quer estipular quando ele deve aplicar
o novo plano de ação na companhia com base nessas estimativas,
e o problema acaba se traduzindo na seguinte pergun-
ta: quantos anos ele demorará para que a demanda
por seus produtos dobre?
Para responder a essa questão, é importante
considerar uma linha cronológica de acontecimen-
tos estabelecida pelo Quadro 2.

CÁLCULO INTEGRAL 24

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QUADRO 2. TOTAL DE DEMANDAS AO LONGO DO TEMPO

TEMPO TOTAL DE DEMANDAS

Situação inicial D0

1 ano D1 = D0 · (1,3)

2 ano D2 = (D0 · (1,3)) · 1,3 = D0 · (1,3)2

3 anos D2 = D0 · (1,3)3

X anos Dx = D0 · (1,3)x

Representando a situação na qual a demanda hipoteticamente dobra no fu-


turo, tem-se a seguinte igualdade estabelecida:
Dx = 2 · D 0
Porém, sabe-se que Dx = D0 · (1,3) x, e, portanto:
D0 · (1,3) x = 2 · D0
(1,3) x = 2
Para resolver essa expressão, pode-se optar por reescrevê-la com logaritmo.
Dessa forma:
(1,3) x = 2
log1,32 = x
x = 2,6 anos
Portanto, se a sua companhia mantiver a mesma taxa de aumento de deman-
da, em pouco mais de dois anos e meio esse profissional deverá realizar um novo
plano de ação para sua linha produtiva.

Limite fundamental exponencial e sistema neperiano:


definições e aplicações
Uma vez compreendido o conceito de logaritmo, sua estruturação e sua
manipulação, estuda-se outro tipo de logaritmo, definido em na base referente
a constante e, referida como Número de Euler.
Essa constante pode ser definida por meio de uma noção intuitiva de
aproximação, seguida da aplicação do conceito de limite, definindo-se, assim,
o limite fundamental exponencial.

CÁLCULO INTEGRAL 25

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A partir da definição e do entendimento acerca desse limite
fundamental exponencial e a consequente definição do Número
de Euler, será definida a base para o sistema neperiano, de modo
a definir algumas de suas propriedades e possíveis manipulações.
Entender como se fundamenta o sistema neperiano é fundamental para
a definição de alguns limites, derivadas e integrais. Além disso, ao estudar o
sistema neperiano, observa-se suas inúmeras aplicações em situações reais.
Por fim, é importante discutir algumas dessas aplicações sobre os tópicos
tratados, de modo a trabalhar a noção conceitual que está envolvida no siste-
ma neperiano e aperfeiçoar a operacionalidade matemática desses conceitos.

Limite fundamental exponencial e sistema neperiano


O sistema neperiano tem como sua base o número irracional e. Esse núme-
ro pode ser determinado através do seguinte limite, chamado de limite funda-
mental exponencial: 1 x
lim
x→∞ (1 + x ) = e
Pode-se observar que essa expressão se aproxima quando x→∞:

QUADRO 3. APROXIMAÇÃO DO VALOR E

1
X (1 + x )x

1 ≈2

10 ≈ 2,5937

100 ≈ 2,7048

1.000 ≈ 2,7169

100.000 ≈ 2,7182

1.000.000 ≈ 2,7182

1.000.000.000 ≈ 2,7182

CÁLCULO INTEGRAL 26

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Nota-se que o valor que a expressão se aproxima é ≈ 2,7182. Portanto, de
uma maneira aproximada, pode-se dizer que o valor de e ≈ 2,7182. Ressalta-se
que, apenas observando essa convergência com o exemplo do Quadro 3, não
há garantia de que o valor de e seja realmente esse. Para demonstrar se o
limite supracitado realmente equivale a e, é necessária a utilização de conheci-
mentos sobre sequências e séries.
Esse limite recebe o nome de fundamental, pois ele desempenha um pa-
pel fundamental para o cálculo de outros limites. Analisa-se alguns casos que
corroboram essa afirmação, fazendo uso do limite fundamental exponencial:

Calcule: lim 1 3x
x→+∞ (1 + x ) = ?

Resolução: lim 1 3x lim 1 x3


x→+∞ (1 + x ) = x→+ ∞ [(1 + x ) ]

= [lim 1 x 3
x→+∞ (1 + x ) ] = , aplicando o limite fundamental = [e]
3

= e3
Nesse exemplo, foi utilizada uma técnica muito comum para a resolução de
alguns limites exponenciais. O expoente que acompanhava a expressão algé-
brica, na qual seria aplicado o limite, foi exteriorizado dessa expressão passo a
passo. Isso é possível porque esse expoente é uma constante; portanto, pode
ser colocado fora do limite.
Analisa-se, agora, mais um exemplo:

Calcule: lim 7 x
x→+∞ (1 + x ) = ?

Resolução: lim 7 x 7 1
x→+∞ (1 + x ) = realiza-se a substituição x = u , tem-se que 7u = x
= redefine-se o limite, se x→+∞ então u→+∞, assim

lim 1 7u
= u→+ ∞ (1 + u )

lim 1
= u→+∞ [(1 + u )u]7

[lim 1
= u→+∞ (1 + u )u]7, e a aplicando o limite fundamental

= [e]7

= e7

CÁLCULO INTEGRAL 27

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Utilizou-se, nesse exemplo, uma nova técnica de resolução de limites expo-
nenciais: aplicou-se uma substituição no limite inicial para que fosse possível
aplicar o limite fundamental exponencial. Essa técnica de substituição também
é muito comum na resolução desse tipo de exercícios.
Analisando mais um exemplo:

Calcule: lim 7 x
x→+∞ (1 + 2x ) = ?

Resolução: lim 7 x 1 1 u
x→+∞ (1 + 2x ) = realiza-se a substituição 2x = u , tem-se que 2 = x
= redefine-se o limite, se x→-∞ então u→-∞, assim
u
lim 1
= u→+∞ (1 + u ) 2
1
lim 1 2
= u→+∞ [(1 + u )u]

1
[lim 1 2
= u→+∞ (1 + u )u] , e a aplicando o limite fundamental
1
= [e] 2
1
=e2
É possível, também, encontrar outro limite que define o valor de e a partir
do limite fundamental exponencial. Para isso, utiliza-se tal limite como ponto
de partida:

lim 1 x
x→∞ (1 + x ) = e
Aplicando uma substituição simples em que:

1
x =h

Tem-se também: 1
h =x
1
Como = x, uma vez que x → ∞ , tem-se que h → 0. A partir disso, reescreve-
h
-se o limite anterior:
1
lim h
h→0 (1 + h) = e

CÁLCULO INTEGRAL 28

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Essa é apenas uma expressão alternativa
para o valor de e. Tem-se, agora, duas expres-
sões para a determinação do valor de e:
uma delas trabalha com um limite que ten-
de ao infinito e a outra trabalha com o limite
tendendo a zero.
Existem formas gerais para reescrever esses
dois limites, tornando suas respectivas resoluções mais fáceis.
As formas gerais desses limites são:

I. lim d ax
x→∞ (1 + x ) = e
da

a
II. lim
h→0 (1 + dh) = e
h da

Caso fossem utilizadas essas formas gerais, os limites calculados seriam


resolvidos de forma instantânea. Existem outros limites exponenciais im-
portantes que não caberiam na presente discussão, uma vez que o enfoque
é centrado nos limites que envolvem a definição do número de Euler.
Uma vez explicitado o limite que gera o número de Euler, resta entender
sua relação com os logaritmos (principalmente na base 10), sua importância
e funcionalidade matemática. Para isso, define-se um logaritmo natural (ou
logaritmo neperiano) quando se tem uma base a = e e um logaritmando b > 0
∈ ℝ, de tal forma que:

loga (b) = x ⟹ loge (b) = x

EXPLICANDO
A igualdade semântica entre o logaritmo natural e o logaritmo nepe-
riano não é consensual entre os matemáticos. Ao avaliar a história dos
logaritmos, sabe-se que John Napier definiu o logaritmo neperiano
como sendo aquele logaritmo de base 1e , e não e. Todavia, essa distin-
ção semântica não está usualmente presente nos livros didáticos tanto
de nível médio quanto de nível superior, e os termos acabaram obtendo
o mesmo significado. Portanto, optou-se pela equivalência semântica
dos termos, ou seja, ambos irão se referir ao mesmo objeto matemáti-
co: o logaritmo na base e.

CÁLCULO INTEGRAL 29

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Existe, porém, uma forma mais usual de escrever o logaritmo neperiano,
ocultando-se a base e substituindo a escrita de “log” para “ln”:
loge (b) = x ⟹ ln (b) = x
Pode-se escrever o logaritmo natural, também, na forma de exponencial:
loge (b) = x ⇔ ex = b
Uma vez dada essa relação com a exponencial, é possível efetuar os cálcu-
los de alguns logaritmos naturais, dado um valor aproximado de e. Vejamos os
exemplos demonstrados no Quadro 4, considerando e = 2,71.

QUADRO 4. CÁLCULO DE LOGARITMO NATURAL

EXPRESSÃO: ln (x + 3) = 2

RESOLUÇÃO: ln (x + 3) = 2 (elevando e nos dois lados da igualdade)

eln (x + 3) = e2 (aplicando a definição eIn (a) = a)

x + 3 = e2

x = e2 - 3

x = (2,71)2 - 3

x = 7,34 - 3

x = 4,34

EXPRESSÃO: ln (3x + 1) = 1

RESOLUÇÃO: ln (3x + 1) = 1
(elevando e nos dois lados da igualdade)
eln (3x + 1) = e1
(aplicando a definição eIn (a) = a)
3x + 1 = e 1

3x = e1 - 1

3x = 2,71 - 1

3x = 1,71

x = 1,71
3

x = 0,57

CÁLCULO INTEGRAL 30

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EXPRESSÃO: ln (2x + 2) = 2

RESOLUÇÃO: ln (2x - 2) = 2 (elevando e nos dois lados da igualdade)

eln (2x - 2)= e2 (aplicando a definição eIn (a) = a)

2x - 2 = e2

2x = e2 + 2

2x = (2,71)2 + 2

2x = 7,34 + 2

2x = 9,34

x = 9,34
2

x = 4,67

Por se tratar de um logaritmo, as propriedades gerais referentes a ele tam-


bém valem para o logaritmo neperiano. Em outras palavras, vale a regra do
produto, quociente, potência e raiz.

QUADRO 5. PROPRIEDADES GERAIS DE UM LOGARITMO CONSIDERANDO IN

NOMES DA PROPRIEDADE IGUALDADES RESTRIÇÕES

Logaritmo de um produto ln (b · c) = ln b + ln b b>0

1
n 1
Logaritmo de uma raiz ln(n b) = ln b = ln b b>0e1<n
Э
n

Logaritmo de uma potência ln bc = c · ln b b>0ec


Э

b
Logaritmo de um quociente ln ( ) = ln b - ln c b, c > 0
c

CÁLCULO INTEGRAL 31

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O método de mudança de base também é válido para o logaritmo natural,
portanto, a mudança de base pode ser definida para um a ≠ 1:
loge b loga b
loga b = ou até logeb
loge a loga e
Tendo isso em mente, é possível estabelecer uma relação entre o logaritmo
de base 10 e o logaritmo natural de base e. Para isso, basta tomar como base o
seguinte logaritmo sendo passado para base 10:
log10 a
loge a =
log10 e
Como o valor de log10 e ≈ 0,43, então tem-se:
log10 a
loge a =
0,43

loge a = 2,3 · log10 a

In a = 2,3 · log10 a

Evidenciada a relação direta entre o logaritmo neperiano e o logaritmo de


base 10, torna-se simples o cálculo de um dos dois quando se sabe o valor do
outro. Essa afirmação fica mais evidente ao se observar o exemplo a seguir,
sabendo que log102 ≈ 0,30:
In a = 2,3 · log10 a
In 2 = 2,3 · log10 2
In 2 = 2,3 · 0,30
In 2 = 0,69

Evidenciadas as propriedades logarítmicas e as relações do logaritmo natu-


ral com a exponenciação e o logaritmo de base 10, resta explicitar quais são as
aplicações desse logaritmo neperiano, evidenciando as particularidades intrín-
secas a esse objeto matemática.

Aplicações
Podemos perceber que há semelhanças nas propriedades de um logaritmo
natural com um logaritmo de base 10 e outros logaritmos. Além disso, é possí-
vel estabelecer uma relação entre esses logaritmos, ou seja, em certo sentido,

CÁLCULO INTEGRAL 32

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o que é atribuído a um logaritmo de base 10 pode ser convertido em um loga-
ritmo de base e, chamado de logaritmo natural.
A implicação disso é que boa parte das aplicações de um logaritmo natural
de base 10 também se estende a um logaritmo natural, podendo variar em
nível de complexidade de desenvolvimento, uma vez que algumas bases loga-
rítmicas são melhores do que outras para tipos específicos de situações.
O número de Euler está muito associado a crescimentos e decrescimentos
constantes e é comumente encontrado em estudos estatísticos relacionados
a fenômenos naturais e sociais. Por isso o logaritmo que utiliza e como base
é chamado de logaritmo natural. Crescimento populacional, decaimento de
compostos químicos e outros fatores naturais necessitam do número de Euler
para serem representados de forma adequada.
Uma aplicação de suma importância dos logaritmos naturais para a sociedade
atual é a datação de carbono-14. Ela mensura a quantidade desse isótopo radioa-
tivo natural em tecidos orgânicos mortos a fim de precisar a data de sua morte.
Essa datação é muito utilizada em combustíveis fósseis, no corpo dos ani-
mais e no corpo dos seres humanos. A quantidade desse isótopo no tecido
morto diminui constantemente, por isso a relação com o número de Euler. A
datação de carbono-14 é extremamente importante para sociedade, uma vez
que auxilia na composição da história humana e, consequentemente, influen-
cia os registros elaborados pelos historiadores.
Não somente em fatores naturais o número e está presente, como também
em questões financeiras envolvendo juros a uma taxa de crescimento constan-
te, e até mesmo uma corrente elétrica que atravessa um circuito ao longo do
tempo. Tendo isso em mente, vamos trabalhar alguns exemplos de aplicações
que vão envolver o número de Euler e o logaritmo natural pautado nele.
No primeiro exemplo, estudaremos o comportamento de crescimento de
uma população ao longo do tempo. Observe a seguinte situação, apresentada
em uma questão de vestibular para a Universidade de Brasília:
Estima-se que 1.350 m² de terra sejam necessários para fornecer alimento
para uma pessoa. Admite-se, também, que 30 · 1350 bilhões de m² de terra
arável no mundo e que, portanto, uma população máxima de 30 bilhões de
pessoas pode ser sustentada, se não forem exploradas outras fontes de ali-
mento. A população mundial, no início de 1987, foi estimada em 5 bilhões de

CÁLCULO INTEGRAL 33

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habitantes. Considerando que a população continua a crescer, a uma taxa de
2% ao ano, e usando as aproximações ln 1,02 = 0,02, ln 2 = 0,70 e ln 3 = 1,10, de-
termine em quantos anos, a partir de 1987, a Terra teria a máxima população
que poderia ser sustentada.
Para responder a esse problema, é necessário avaliar como a taxa de cres-
cimento influencia a população a partir do momento inicial. Como a taxa é 2%
ao ano e a população (em bilhões de habitantes) é 5, após 1 ano a população (P)
será dada pela seguinte expressão:
P1 = P0 · (1,02)
Para x anos, tem-se a população sendo definida por:
Px = P0 · (1,02) x
Portanto, para resolução da situação, na qual o Px seria dado por 30 bilhões
de habitantes, tem-se:

Px = P0 · (1,02)x

30 = 5 · (1,02)x

30
= (1,02)x
5

6 = (1,02)x 6 (aplicando ln)

In (6) = In (1,02)x
In (2,3) = x · In (1,02)x (propriedade do produto de ln)
In (2) + In (3) = x · 0,02
0,70 + 1,10 = x · 0,02
x = 90

Por fim, uma aplicação muito usual de logaritmos naturais é na relação com
juros compostos. A fórmula que define essa relação é a seguinte:
A = Pekt
A variável A refere-se ao total de dinheiro que o indivíduo terá no final
do processo, a variável P refere-se ao montante inicial que será submetido
aos juros compostos, a variável t refere-se ao tempo gasto no processo em
questão e a variável k refere-se aos juros aplicados durante aquele deter-
minado tempo.
Com essas informações em mente, analisa-se a seguinte problemática:

CÁLCULO INTEGRAL 34

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Uma criança de 1 ano recebe de seus pais, inicialmente, uma quantia de R$
100.000,00, que será investida em uma determinada aplicação que renderá,
em juros compostos, 10% ao ano. A família dessa criança pretende utilizar esse
dinheiro para comprar uma casa para ela, quando ela atingir a maioridade.
Supondo que o valor da casa é de R$ 500.000,00, com quantos anos os pais
conseguiriam comprar a casa para sua filha? Ela já teria atingido a maioridade?
Dados: ln (5) ≈ 1,61
Para responder a essa pergunta, elabora-se a seguinte solução:

A = Pekt
500000 = 100000(e) 0,1t (aplicando ln)
500000
= (e) 0,1t
100000
5 = (e) 0,1t
ln (5) = ln (e) 0,1t
1,61 = 0,1t · ln e
1,61
t = 0,6
t ≈ 16 anos
Portanto, a criança ainda não teria atingido a maioridade, uma vez que teria
17 anos no momento da compra da casa.

Derivada da função exponencial, logarítmica e geral


Trabalhamos, até o momento, as categorizações de algumas funções refe-
rentes à sua característica algébrica ou não, ou sobre sua característica explícita.
A diferenciação entre funções explícitas e implícitas se tornará relevante
quando tentarmos aplicar a derivada nos dois tipos de funções. Observaremos
que deve-se elaborar maneiras diferentes de derivar esses objetos matemáti-
cos, e será apresentado um método de derivação implícito, aplicado na fun-
ção implícita que irá diferir do método de derivação para funções explícitas.
Após a explanação desses métodos e as propriedades consequentes de
cada um deles, serão apresentadas as derivadas das funções exponenciais e
logarítmicas. Serão trabalhados exemplos que sejam necessários à utilização
dessas derivadas para suas resoluções, de modo a se trabalhar a operacionali-
dade dessas derivadas.

CÁLCULO INTEGRAL 35

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Derivadas explícitas e implícitas
Para o trabalho com as derivadas das funções explícitas e implícitas, de-
vemos resgatar as definições que iremos utilizar para esse estudo. Define-se
como função explícita aquela função que pode ser escrita na forma y = f(x),
ou seja, uma função em que o y pode ser escrito na forma explícita. Existem
inúmeras funções que se enquadram nessa definição, mas serão utilizadas so-
mente as funções algébricas, ou seja, que pode ser definida pela adição, sub-
tração, multiplicação, divisão e potenciação.
A derivada de uma função mensura a taxa de variação instantânea em
um determinado ponto. Em outras palavras, a derivada de uma função y = f(x)
caracteriza a taxa de variação instantânea da função y em determinado ponto
x. Para o cálculo das derivadas algébricas explícitas supracitadas, serão apre-
sentadas algumas regras derivativas, sendo desenvolvidos exemplos para al-
gumas dessas regras.
A derivada de uma constante é nula, pois a derivada representa uma taxa
de variação e a função constante não representa variações. Logo, para uma
constante c, tem-se sua derivada:
d
(c) = 0
dx
Apresenta-se a regra para a derivada de uma potência, comumente co-
nhecida como regra do tombo:
d
(xn) = n · xn-1
dx
Verifica-se a aplicação de tal regra de derivação no exemplo a seguir:
Um corpo percorre uma trajetória segundo a lei horária s(t) = 2t2. Encontre
a derivada dessa função que, no caso, representaria a velocidade instantânea
em determinado ponto t.
Resolução:
s(t) = 2t2
aplicando a regra do tombo ⟹
s’(t) = (2) · 2t2-1 ⟹
s’(t) = 4t

CÁLCULO INTEGRAL 36

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A regra de derivada da soma e subtração mostra que os termos envolvi-
dos nessa operação devem ser separados e derivados individualmente. Por-
tanto, é definida por:
d du dv
(u ± v) = ±
dx dx dx
Exemplifica-se a aplicação dessa regra derivativa pelo seguinte exemplo:
Calcule a derivada da seguinte função:
f(x) = 2x + 3x²
Resolução:
f(x) = 2x + 3x2
(aplicando a regra da soma) ⟹
d (2x) d (3x2)
f’(x) = +
dx dx
(aplicando a regra do tombo)
f’(x) = 2 + 6x

Calcule a derivada da seguinte função:


f(x) = 9x2 - 3x
Resolução:
f(x) = 9x2 - 3x ⟹
(aplicando a regra da subtração) ⟹
d(9x9) d(3x)
f’(x) = +
dx dx
(aplicando a regra do tombo) ⟹
f’(x) = 18 + 3
As regras seguintes referem-se à derivada do produto, tanto para o cálculo
do produto de duas funções como para o cálculo do produto entre uma função
e uma constante, respectivamente. Para o produto de duas funções:

d du dv
(u · v) = v ±u
dx dx dx

A ideia é que uma função u seja derivada mantendo a outra v como constan-
te e, depois, deriva-se v mantendo a outra função u como constante. Ao final,
somam-se as duas. Por fim, a derivada de um produto entre uma função e uma
constante é definida por:

CÁLCULO INTEGRAL 37

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d dv
(c · v) = c
dx dx
Nota-se que a constante não é diferenciada pela derivada, portanto, basta
pô-la para fora da derivada multiplicando e realizar a operação normalmente.
Observe o exemplo a seguir para aplicação da derivada do produto:
Dadas as funções f(x) = 2x + 3 e g(x) = 8x², calcule a derivada do produto
dessas funções.
Resolução:
O produto dessas funções é escrito na forma:
f(x) · g(x)
⟹ (calculando sua derivada pela regra do produto)

d df(x) dg(x)
(f(x) · g(x)) = g(x) + f(x) =
dx dx dx
(pela regra do tombo) 8x2 · (2) + (2x + 3) · 16x = 16x2 + 32x2 48x2 =
48x2 + 48x
A próxima regra de derivação a ser apresentada é a derivada da divisão de
duas funções. Para uma divisão entre duas funções, tem-se:

du dv
v -u
d u dx dx
=
dx v v2
A fim de auxiliar na aplicação dessa derivada, segue um exemplo de como
aplicá-la:
f(x)
Dadas as funções f(x) = x2 + 1 e g(x) = 2x, calcule a derivada de
g(x)
Resolução:
f(x) x2 + 1 d f(x) d x2 + 1
= =
g(x) 2x dx g(x) dx 2x

d(f(x)) d(g(x))
(aplicando a g(x) - f(x)
d f(x) dx dx (2x) · (2x) - (x2 + 1) · (2)
regra da = = =
divisão) dx g(x) g(x)2 4x2

4x2 - 2x2 + 2 2x2 + 2 x2 + 1


= =
4x2
4x2
2x2

Por fim, apresenta-se a derivada de uma função composta, ou como é co-


mumente chamada, regra da cadeia:

CÁLCULO INTEGRAL 38

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d dv du
(u·v) = ( · v)
dx dx dx
A noção intuitiva da regra da cadeia é que se deriva primeiro o argumen-
to da função mais interna e, em seguida, deriva-se a função mais externa,
mantendo seu argumento constante. Ao final, realiza-se um produto com
todas as derivações. Verifique o exemplo a seguir para elucidar o entendi-
mento desse tópico:
Encontre a derivada de: f(x) = (x + 2)27.
Resolução:
f(x) = (x + 2)27 ⟹ considerando g(u(x)) = (u(x))27 e u(x) = x + 2 ⟹
d
pela regra da cadeia ⟹ d (u(x)27) (u(x)) 27 · (x + 2)26 · (1) = 27 · (x + 2)26
du dx
Nos casos das funções implícitas, nem sempre é possível passá-las para
forma explícita a fim de utilizar uma das regras supracitadas para encontrar as
derivadas de uma função. Por conta desse fator, deve-se derivar essas funções
de uma outra maneira. Essa maneira particular de derivá-las é chamada de
diferenciação implícita.
Para que se possa compreender esse tipo de derivação é necessário, de
antemão, ter em mente a regra da cadeia sob a ótica da notação de Leibniz:
dy dy du
=
dx du dx
Essa notação nos diz que caso se queira derivar uma função y em relação
a x, pode-se primeiro derivá-la em relação a outra variável u qualquer e, em
seguida, derivar essa variável u em função de x. Vejamos o seguinte exemplo:
df
Calcule dado f(y) = y 3.
dx
Resolução:
f(y) = y³ ⟹ utilizando a regra da cadeia pela notação de Leibniz com

df df dy df d(y3) dy df dy
u=y = = = 3y2
dx dy dx dx dy dx dx dx

Tendo em vista a notação de Leibniz para regra da cadeia, é possível conce-


ber uma maneira de derivar as funções implícitas. Para encontrar a derivada
de uma função implícita, basta aplicar a derivada desejada em ambos os lados
da igualdade.
dy
Calcule da seguinte função implícita: x2 + y 2 = 25.
dx
Resolução:

CÁLCULO INTEGRAL 39

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x2 + y 2 = 25 ⟹
d
aplica-se a derivada em ambos os lados da igualdade
dx
d d
[x2 + y2 ] = [25]
dx dx

regras de derivações

dy
2x + 2y =0
dx

dy
2y = -2x
dx

dy -2x
=
dx 2y

dy -x
=
dx y
Percebe-se, por esse exemplo, que em dado momento são utilizadas as re-
gras de derivações vistas para funções explícitas. Um exemplo disso é quando
d
se efetua o cálculo de [x2 + y 2], que é resolvido pela aplicação da derivada
dx
d
da soma de duas funções. Quando é aplicado em y 2, usa-se a notação de
dx
Leibniz para regra da cadeia, a fim de delimitar qual é essa derivada.
dy
Calcule da seguinte função implícita: x3 + 2y 2 = 0.
dx
Resolução: x3 + 2y 2 = 0 ⟹
aplica-se a derivada d em ambos os lados da igualdade
dx
d d
[x3 + 2y2 ] = [0]
dx dx

regras de derivações

dy
3x2 + 4y =0
dx

dy
4y = -3x2
dx
dy -3x2
=
dx 4y

CÁLCULO INTEGRAL 40

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Derivada da função exponencial e logarítmica
A função exponencial é definida a partir de uma base a > 0 e a ≠ 0 ∈ , de tal
modo que:
f(x) = ax
Sua derivada é determinada de modo genérico por:
f’(x) = ax logea
Para aplicar essa formula para o cálculo de derivadas exponenciais, basta
apenas identificar quem é o valor a no problema a ser trabalhado. Calcula-se,
portanto, a derivada de algumas funções exponenciais:
Encontre a derivada de: f(x) = (3) x.
Resolução:
f(x) = (3) x
como a = 3 ⟹
aplica-se f’(x) = ax logea ⟹
f’(x) = 3 x loge3

Encontre a derivada de: f(x) = 4 · (3) x.


Resolução:
f(x) = 4 · (3) x
como a = 3 ⟹
aplica-se f’(x) = ax logea ⟹
f’(x) = 4 · 3 x loge3

Agora que é possível calcular as derivadas das funções exponenciais, pode-


-se calcular a derivada de uma função exponencial específica que muito inte-
ressa a esse estudo: a função exponencial de base e.
Encontre a derivada de: f(x) = (e) x.
Resolução:
f(x) = (e) x ⟹
como a = e ⟹
aplica-se f’(x) = ax logea ⟹
f’(x) = ex logee ⟹
f’(x) = ex

CÁLCULO INTEGRAL 41

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Identifica-se algo interessante, que só acontece
com essa função. A derivada dela é a própria função.
Portanto, a taxa de variação dessa função em qual-
quer ponto x é dada pela própria função aplicada a
aquele ponto.
Por fim, delimita-se o estudo das derivadas de fun-
ções logarítmicas. Retomando o conceito de logaritmo, ressalta-se que ele
pode ser definido como:
logab = x
Nessa representação, tem-se uma base a > 0 e a ≠ 1 ∈ e um logaritmando
b > 0 ∈ . Para uma função logarítmica f(x) = logax, sua derivada é determinada
de maneira genérica da seguinte forma:
1
f’(x) = loga e
x
Tendo em vista como encontrar a derivada de uma função logarítmica, res-
ta aplicá-la nos seguintes exemplos:
Encontre a derivada de: f(x) = 3log2 x
Resolução:
f(x) = 3log 2 x ⟹
como a = 2 ⟹
aplica-se f’(x) = 1x loga e
1
f’(x) = 3 loga e
x

Encontre a derivada de: f(x) = 9log10 x.


Resolução:
f(x) = 3log 2x ⟹
como a = 10 ⟹
aplica-se f’(x) = 1 log e
x a

1
f’(x) = 9 log10 e
x
Por fim, calcula-se a derivada de uma função logarítmica muito discutida
nessa seção: f(x) = ln (x). Seguem os cálculos a seguir:
Encontre a derivada de: f(x) = ln (x) = loge (x).
Resolução:

CÁLCULO INTEGRAL 42

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f(x) = loge (x) ⟹
como a = e ⟹
1
aplica-se f’(x) = loga e
x
1
f’(x) = loge e
x
1
f’(x) =
x

CÁLCULO INTEGRAL 43

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Sintetizando
Esta unidade objetivou identificar os diferentes tipos de funções sobre sua
característica algébrica, compreender as definições e especificidades dos loga-
ritmos e do sistema neperiano, capacitar o aluno a manipular algebricamente
essas funções, objetivando o cálculo de suas derivadas e possíveis aplicações
e compreender como o estudo desses tópicos é relevante para a vida de um
profissional de exatas.
O primeiro objetivo citado foi alcançado com o desenvolvimento do primei-
ro tópico, no qual os diferentes tipos de funções foram explicitados e trabalha-
dos por exemplos, de modo a desenvolver no aluno a habilidade de diferencia-
ção dessas funções.
Em seguida, buscamos definir os logaritmos e a base utilizada para o siste-
ma neperiano. Somado a isso, foram apresentadas as propriedades de cada
um deles, ressaltando suas especificidades.
Depois, exploramos as derivadas das funções tratadas anteriormente,
apresentando definições e exemplos que as utilizassem.
Por fim, apresentamos ds aplicações e discutimos a importância de cada
um dos tópicos para o cálculo (ferramenta essencial para o profissional de exa-
tas) e para determinadas áreas do conhecimento.

CÁLCULO INTEGRAL 44

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Referências bibliográficas
ANTON, H. Calculus: a New Horizon. New Jersey: Wiley, 1998.
GOUVEIA, R. Funções trigonométricas. Toda Matéria, 28 fev. 2017. Disponível
em: <https://www.todamateria.com.br/funcoes-trigonometricas/>. Acesso em:
10 ago. 2019.
LUMEN. Characteristics of Graphs of Logarithmic Functions. College Algebra, [s.l.],
[s.d.]. Disponível em: <https://courses.lumenlearning.com/waymakercollegealge-
bra/chapter/characteristics-of-logarithmic-functions/>. Acesso em: 10 ago. 2019.

CÁLCULO INTEGRAL 45

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UNIDADE

2 INTEGRAIS, LIMITE
E DERIVADAS
TRIGONOMÉTRICAS

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Objetivos da unidade

Compreender a relação do limite e da derivada;

Manipular algebricamente essas funções, objetivando o cálculo de suas


derivadas, limites e integrais;

Compreender os principais elementos do cálculo: derivada, integral e


limites.

Tópicos de estudo
Limite fundamental trigono-
métrico, derivadas e L’Hôpital
O limite fundamental trigono-
métrico
Derivada das funções circulares
diretas e inversas
Regra de L’Hôpital

Integral: considerações, defini-


ções e exemplos
Integral indefinida

CÁLCULO INTEGRAL 47

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Limite fundamental trigonométrico, derivadas e L’Hôpital
Para o estudo do Cálculo Integral, é fundamental o conhecimento sobre
as funções e suas categorias, tal como uma classe específi ca de funções
transcendentes: as funções trigonométricas. Essas funções são chamadas
também de funções circulares diretas.
Tendo isso em mente, construiremos algumas funções trigonométricas a
partir do círculo trigonométrico de raio 1. As funções trigonométricas apre-
sentadas serão as funções diretas e inversas. A partir dessas construções,
serão apresentadas algumas propriedades e possíveis relações estabeleci-
das entre essas funções.
A partir desse ponto, será analisada uma situação algébrica que envolve
algumas funções circulares e, a partir dessa situação, utilizar-se-á o concei-
to de limite, a ponto de delimitar o limite fundamental trigonométrico.
Tal limite permite resolver algumas indeterminações advindas de funções
trigonométricas.
Somado a isso, serão delimitadas as derivadas dessas funções com base
no limite fundamental trigonométrico e se apresentarão algumas proprie-
dades dessas derivadas, além de serem trabalhadas de modo operacionali-
zado ao longo da unidade.
Por fim, será apresentado um método que elimina certos tipos de inde-
terminações advindas de limites, de modo a auxiliar a o cálculo, e operacio-
nalização de alguns limites.

O limite fundamental trigonométrico


Estudar o conceito de limite implica em um entendimento mais amplo
do que algumas funções podem assumir, principalmente em situações inde-
terminadas.
O limite é um conceito imprescindível para o Cálculo, com ele as bases
de todo o Cálculo Integral e Diferencial são estruturadas. Eles são utilizados
nas definições de derivadas e integrais, além de tratar da continuidade de
funções, tal como determinar valores para funções em certos pontos que
estão, a princípio, indefinidos.

CÁLCULO INTEGRAL 48

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Essa determinação de valores é extremamente importante em inúme-
ras situações. O conceito de limite auxilia, por exemplo, na determinação da
constante e, conhecida como número de Euler. Essa definição da constante é
dada por um limite, chamado de limite fundamental exponencial.
Quando se estuda funções trigonométricas (seno, cosseno, tangente), o
conceito de limite também desempenha um papel extremamente importan-
te. Inúmeras relações e representações trigonométricas apresentam alguns
obstáculos intransponíveis para o cálculo que não utiliza o conceito de limite.
A fim de se entender a importância do conceito para as funções trigono-
métricas e efetuar o cálculo de seu limite fundamental, deve-se retomar a
representação geométrica dessas funções no círculo trigonométrico e enten-
der algumas relações que podem surgir a partir dessa representação e sua
devida algebrização.

x
sen (x)

B
0 cos (x) C D

Figura 1. Círculo trigonométrico unitário.

Em um círculo trigonométrico unitário (Figura 1), são estabelecidas as fun-


ções trigonométricas, dado um arco de comprimento x medido em radianos.
Define-se como cos x o comprimento referente a BC e sen x o comprimento
referente ao segmento CA. Como o círculo trigonométrico contém raio unitá-
rio, BA = 1.

CÁLCULO INTEGRAL 49

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ASSISTA
Os ângulos podem ser medidos de diversas maneiras,
dentre elas as mais comuns são graus e radianos. Cada
representação de ângulo pode ser mais ou menos válida
para seu determinado fim. É possível se fazer a transfor-
mação de uma medida para a outra, e tudo isso pode ser
visto no vídeo Ângulos em graus e em radianos.

Obtém-se, aplicando o Teorema de Pitágoras no triângulo ∆ BCA , a seguinte


relação fundamental da trigonometria:
cos² x + sen² x = 1
Portanto, a partir da construção do círculo trigonométrico de raio 1 e da de-
finição das funções circulares seno e cosseno, estabeleceu-se uma relação en-
tre tais funções. Da mesma maneira, pode-se conceber a função tangente, que
é representada pelo comprimento referente ao segmento de reta ED (Figura 2).

x
tg (x)
sen (x)

B
0 cos (x) C D

Figura 2. Círculo trigonométrico com a tangente.

No entanto, é importante não apenas compreender a tangente como um


segmento de reta referente a um arco em radianos, mas também estabelecer
uma relação entre ela e as outras funções já definidas. Para construir a tangen-
te com base nas outras funções, basta estabelecer uma relação geométrica
entre elas.

CÁLCULO INTEGRAL 50

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A partir da Figura 2, pode-se observar a existência de inúmeros triângu-
los delimitados pelos pontos. Considere apenas o triângulo retângulo ∆ BCA e o
triângulo retângulo ∆BDE (Figura 3) e observe todos os segmentos pertencentes
a cada uma dessas representações geométricas.

B B

1 1
cos (x)

C sen (x) A D tg (x) E

Figura 3. Triângulos do círculo trigonométrico.

Ao se estabelecer uma comparação entre os dois triângulos ∆BCA e ∆BDE pela


lei de semelhança de triângulos, estabelece-se uma relação entre os lados de
cada um deles. A partir disso, obtém-se:

tg x sen x
=
1 cos x
sen x
tg x =
cos x

Portanto, define-se a tangente em relação às funções circulares seno e


cosseno. Compreender que a tangente pode ser escrita dessa forma auxilia a
enunciar o problema a ser resolvido por limite. Todavia, antes de seguir adian-
te, realizaremos alguns exercícios para o entender o algoritmo da tangente,
atribuindo seus valores através de valores conhecidos de senos e cossenos.
Para isso, deve-se recordar de antemão os valores que assumem sen x e cos
x, conforme mostra o Quadro 1.

CÁLCULO INTEGRAL 51

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QUADRO 1. VALORES DE SENO E COSSENO

X EM RADIANOS SENO X COSSENO X

0 0 1

π 1 √3
6 2 2

π √2 √2
4 3 2

π √3 1
3 2 2

π
1 0
2

π 0 -1


-1 0
2

2π 0 1

Tendo em vista os valores assumidos por sen x e cos x, calcula-se valores


referentes a tg x, conforme mostra exemplo a seguir:
Encontre: tg (x), dado que x = π .
4
Resolução:
1
sen x 2
tg (x) = =
cos x √3
2
=1
tg (x) = 1

Prossegue-se com a exemplificação:


π
Encontre: tg (x), dado que x = .
6
CÁLCULO INTEGRAL 52

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Resolução: √2
sen x 2
tg (x) = =
cos x √2
2

√3
=
3
√3
tg (x) =
3

Por fim, encontre: tg (x), dado que x = π.


Resolução: sen x 0
tg (x) = =
cos x -1

=0
tg (x) = 0

Uma vez elucidado o funcionamento do algoritmo da tangente e tendo em


vista que seus valores são determinados pela relação entre a tangente, o seno
e cosseno, pode-se analisar uma determinada relação de ordem entre os obje-
tos matemáticos representados na Figura 2.
Observa-se a seguinte relação de ordem:
tg x > x > sen x
Essa relação estabelece uma ordenação entre os valores da tg x de x e do
sen x. Em outras palavras, o que essa relação representa é a comparação de
três segmentos importantes. Quando o valor de x diminui, ou seja, a abertura
entre BE e BD diminui, os valores supracitados começam a se alterar, ficando
cada vez mais parecidos.
Para se mensurar essa variação, reescreve-se algebricamente a relação de
ordenação supracitada, tendo como base o valor da tangente em relação ao
seno e cosseno:
sen x
> x > sen x
cos x

1
Multiplica-se por para fins algébricos, e obtém-se:
sen x
1 x
> > 1
cos x sen x

CÁLCULO INTEGRAL 53

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Para um valor arbitrariamente pequeno de x, tem-se algo parecido com:
1 0
> > 1
0,999 ... 0

x
Percebe-se que em sen x , conforme x diminui, sen x também diminui, le-
vando essa fração a uma indeterminação, ou seja, a um tipo de cálculo que não
pode ser executado, no caso a divisão de zero por zero. Para solucionar esse
problema, utiliza-se o conceito de limite.
Como o objetivo é entender o que acontece com essa relação quando x as-
sume valores cada vez menores, ou seja, quando x se aproxima de zero, aplica-
-se o limite em todos os membros da desigualdade, reescrevendo novamente
a expressão algébrica:
1 x
lim > lim > lim 1
x→0 cos x x→0 sen x x→0

x
1 > lim > 1
x→0 sen x
x
Com a aplicação do limite, percebe-se que função sen x está entre duas
funções que convergem para o mesmo valor. Algebricamente, a resolução des-
sa desigualdade resulta na determinação do limite fundamental trigonomé-
trico, onde:
x
lim = 1
x→0 sen x

Escrito de outra forma diferente:

sen x
lim = 1
x→0 x

DICA
Para resolver essa desigualdade, utiliza-se algumas outras regras
diferentes das que estão aqui. O Teorema do Confronto e a utilização
de limites laterais são umas dessas regras.

Portanto, o que acontece intuitivamente é que conforme o valor de x tende a


zero, os valores de x e sen x são os mesmos. A partir desse conhecimento, ou seja,

CÁLCULO INTEGRAL 54

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do limite fundamental trigonométrico, é possível calcular outras relações trigono-
métricas que não poderiam ser calculadas sem a noção de limite.
Vimos qual seria a relação de x com sen x conforme o valor de x tendesse a zero.
Em outras palavras, se o arco da Figura 2 fosse muito pequeno, seu valor seria exa-
tamente igual ao sen x. No entanto, se o tamanho desse arco x diminuísse dessa
maneira, o que aconteceria com a tangente? Qual seria a relação de x com ela?
Traduzindo essa pergunta para a linguagem de limite, teríamos que:
Calcular: tg x
lim
x→0 x
Substituindo x = 0:
tg x 0 ⟹ há, portanto uma indeterminação.
=
x 0
sen x
Calculando o limite: tg x cos x
lim = lim
x→0 x x→0 x

= lim
x→0
sen x
cos x
. 1
x

= lim sen x . 1
cos x
x→0
x

= lim . 1
(Pelo limite fundamental trigonométrico)
x→0 cos x
1
= lim
x→0 cos x

1
=
cos 0
1
=
1
=1
tg x
lim =1
x→0 x

Portanto, a resposta para a pergunta é: tanto a tg x quanto x são iguais. Por


fim, outros limites podem ser calculados a partir desse limite fundamental, tais
como:
sen2 x
Calcular: xlim
→0 x

CÁLCULO INTEGRAL 55

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sen2 x 0
Substituindo x = 0: x
= 0 ⟹ há, portanto uma indeterminação.

Calculando o limite: lim


x→0
sen2 x

x
= xlim
→0
sen2 x

x
. 2

= xlim
→0
sen2 x

2x
. 2

= xlim
→0
1 .2 (Pelo limite fundamental trigonométrico)
=2
sen2 x
lim = 2
x→0 x

sen x
Calcular: lim
x→0 2x

sen x 0
Substituindo x = 0: = ⟹ há, portanto uma indeterminação.
2x 0

Calculando o limite:
lim
x→0
sen x

2x
= xlim
→0
sen x

x
. 1

= xlim
→0
1 . 1

2
(Pelo limite fundamental trigonométrico)

1
=
2

sen x 1
lim =
x→0 2x 2

2sen x
Calcular: lim
x→0 x

2sen x 0
Substituindo x = 0: x
= 0 ⟹ há, portanto uma indeterminação.

Calculando o limite: lim


x→0
2sen x

x
= xlim
→0
sen x

x
. 2

= xlim
→0
1 . 2 (Pelo limite fundamental trigonométrico)

2sen x
lim = 2
x→0 x

Além de conseguir auxiliar o cálculo do limite de algumas expressões


algébricas, o limite fundamental trigonométrico auxilia, também, na deli-
mitação das variáveis das funções trigonométricas.
CÁLCULO INTEGRAL 56

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Derivada das funções circulares diretas e inversas
As funções circulares são aquelas definidas a partir do círculo unitário. Tal
como foi mostrado nas Figuras 1 e 2, o seno, a tangente e o cosseno são funções
circulares. O nome de funções circulares é utilizado para designar o mesmo
grupo de funções, conhecidas como funções trigonométricas e suas inversas.
Uma característica desse tipo de função é sua periodicidade, ou seja, em
dado momento, a função passa a repetir seu padrão, sendo que o período é o
nome que se dá para o valor que delimita esse limiar. Por exemplo, 2π é o pe-
ríodo da função sen x, ou seja, quando a função atingir 2π, ela passará a repetir
seu comportamento (Figura 4).

2 π/3
Sen (x)

π/3

0 π/3 2 π/3 π 4 π/3 5 π/3 2π 7 π/3

-π/3

-2 π/3

2 π/3
Cos (x)
π/3

0 π/3 2 π/3 π 4 π/3 5 π/3 2π 7 π/3 8 π/3

-π/3

-2 π/3
Figura 4. Periodicidade de seno e cosseno.

CÁLCULO INTEGRAL 57

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Além das funções circulares diretas, existem as funções circulares inversas.
Essas funções também recebem o nome de funções inversas trigonométri-
cas, tal como a função inversa do seno, a arco seno. Existem outros tipos de
funções inversas trigonométricas:
a) Inversa da tangente: f(x)= tg-1 (x) ou f(x)= arctg (x)
b) Inversa do cosseno: f(x)= cos-1 (x) ou f(x)= arccos (x)
c) Inversa da secante: f(x)= sec-1(x) ou f(x)= arcsec (x)
d) Inversa da cossecante: f(x)= cossec-1 (x) ou f(x)= arccossec (x)
e) Inversa da cotangente: f(x)= cotg-1(x) ou f(x)= arccotg (x)
Salienta-se que as funções trigonométricas inversas podem ser escritas de
diferentes formas: utilizando o nome da função original e colocando o -1 no
expoente ou escrevendo ‘arc’ e adicionando o nome da função trigonométrica
abreviada. É importante ressaltar alguns pontos sobre essas distintas nota-
ções do mesmo objeto matemático.
A utilização do -1 no expoente remete à ideia de inversa, pois quando se
observa uma expressão algébrica da forma a-1, pode-se transformá-la em
1
a e a isso comumente se dá o nome de inversão. Todavia, ao escrever o -1
no expoente das funções para indicar que elas são inversas, não é a mesma
ideia que se quer trabalhar. Deve-se ter em mente que, por exemplo, sen-1 (x)≠
1 1
sen (x) , quando na verdade sen (x) = sen (x) . A posição do -1 pode indicar
-1

coisas diferentes.
A fim de exemplificar o que é uma função circular direta e sua inversa, to-
memos como exemplo a função y = sen x e sua função trigonométrica inversa,
dada por arc sen y = x. Elas buscam responder a diferentes questões, são dife-
rentes entradas e saídas em ambas as funções.
O que se espera quando se utiliza uma função
trigonométrica y = sen x, é que para cada valor de
um arco x seja associado a um valor de seno. Entre-
tanto, na função trigonométrica inversa arc
sen y = x, o que se espera é o contrário.
Para cada valor de um seno de y, as-
socia-se um arco. Então, uma possível
leitura para arc sen y = x seria: qual o
valor de um arco x dado um seno y?

CÁLCULO INTEGRAL 58

SER_CALINTE_UNID2.indd 58 27/09/2019 17:23:57


Uma vez apresentadas as funções, iremos discutir importância do limite
para o cálculo de suas derivadas. O limite fundamental trigonométrico auxi-
lia nas definições das derivadas trigonométricas. Não serão exploradas as de-
monstrações das derivadas das funções circulares diretas e suas inversas, pois
essa abordagem matemática foge do escopo do curso. Serão abordados os as-
pectos técnicos de se aplicar e manipular as derivadas.
As derivadas das funções trigonométricas podem ser vistas no Quadro 2.

QUADRO 2. DERIVADAS TRIGONOMÉTRICAS

FUNÇÃO TRIGONOMÉTRICA DERIVADA

f(x) = cos x f’ (x) = -sen x

f(x) = sen x f’ (x) = cos x

f(x) = tg x f’ (x) = sec2 x

f(x) = cotg x f’ (x) = -cossec2 x

f(x) = sec x f’ (x) = sec x.tg x

f(x) = cossec x
.
f’ (x) = -cossec x cotg x

Uma vez indicada as derivadas trigonométricas, alguns exemplos para apli-


cação e manipulação técnica são apresentados. Nesses exemplos, são utiliza-
das as propriedades de derivação da soma, multiplicação e subtração:
Calcular a derivada da seguinte função: f(x) = cos x + 2 sen x.
Calculando a derivada:
f ’(x) = (cos x + 2sen x)’
= (cos x)’ + (2sen x)’
= -sen x + 2 cos x
f’ (x) = - sen x + 2 cos x

Calcular a derivada da seguinte função: f(x) = 2tg x + x2.

CÁLCULO INTEGRAL 59

SER_CALINTE_UNID2.indd 59 27/09/2019 17:23:58


Calculando a derivada:

f ’(x) = (2tg x + x2)’


= (2tg x)’ + (x²)’
= -2sec² x + 2x
f’ (x) = -2sec² x + 2x

Calcular a derivada da seguinte função: f(x) = cossec x • sen x.


Calculando a derivada:
f ’(x) = (cossec x sen x)’.
= (cossec x)’ . sen x + (sen x)’ . cossec x
= -cossec x cotg x . sen x + cosx . cossec x
.
= cossec x . (-cotg x . sen x + cosx)
f’ (x) = cossec x . (-cotg x . sen x + cosx)

Calcular a derivada da seguinte função: f(x) = sen2 x.


Calculando a derivada:
f ’(x) = (sen² x)’
= (sen x . sen x)’
= (sen x)’ . sen x + (sen x)’ . sen x
= 2 . ((sen x)’ . sen x)
= 2 . (cosx . sen x)
f’ (x) = 2 . (cosx . sen x)

Calcular a derivada da seguinte função: f(x) = cossec x - sec x


Calculando a derivada:

f ’(x) = (cossec x - sec x)’


= (cossec x)’ - (sec x)’
= -cossec x . cotg x - sec x . tg x
f’ (x) = -cossec x .cotg x - sec x . tg x

Os exemplos supracitados utilizaram as derivadas trigonométricas com al-


gumas regras de derivação, porém não se utilizou a regra da cadeia para de-
rivação de funções compostas. Os próximos exemplos trabalham a derivação
por regra da cadeia de funções trigonométricas:

CÁLCULO INTEGRAL 60

SER_CALINTE_UNID2.indd 60 27/09/2019 17:23:58


Calcular a derivada da seguinte função: f(x) = sen2 x.
Calculando a derivada:
f ’(x) = (sen² x)’
= (2 sen x) . (sen x)’ (Regra da Cadeia)
= 2 . (cosx . sen x)
f’ (x) = 2 . (cos x . sen x)

Calcular a derivada da seguinte função: f(x) = cos2 x • sen 2x.


Calculando a derivada:
.
f ’(x) = (cos2x sen 2x)’
.
= (cos2x)’ sen 2x + (sen 2x)’ cos2 x .
. . . .
= [2 cos x (cos x)’] sen 2x + [cos 2x (2x)’] cos²x
. . . .
= [2 cos x -sen x] sen 2x + [cos 2x 2] cos²x
. . . .
= -2 cos x sen x sen 2x + [cos 2x 2] cos²x
f’ (x) = -2 cos x . sen x . sen 2x + 2 .cos 2x . cos² x)

Calcular a derivada da seguinte função: f (x) = sen²(cos x).


Calculando a derivada:
f ’(x) = (sen²(cosx))’
. .
= [2 * sen(cos x) cos (cos x) (cos x)’]
= 2 sen(cos x) ( cos (cos x) . (-sen x)
. .
= - 2 . sen x . cos (cos x) . sen(cos x)
f’ (x) = -2 . sen x . cos (cos x) . sen (cos x)

Por fim, é possível ver as derivadas das funções trigonométricas inversas


no Quadro 3.

QUADRO 3. DERIVADAS TRIGONOMÉTRICAS INVERSAS

FUNÇÃO TRIGONOMÉTRICA DERIVADA

-u’
f(x) = cos-1 u f’(x) =
1-
√ 1-u²

u’
f(x) = sen-1 u f’(x) =
√ 1-u²

CÁLCULO INTEGRAL 61

SER_CALINTE_UNID2.indd 61 27/09/2019 17:23:58


u’
f(x) = tg-1 u f’(x) =
√ 1+
1+u²

-u’
f(x) = cotg-1 u f’(x) =
√ 1+u²
1+

u’
f(x) = sec-1 u f’(x) =
|u|√u
u|√u2-1

-u’
f(x) = cossec-1 u f’(x) =
| |√ 2-1
|u|√u

As derivadas são definidas em termos de u, uma função


de x. Para que seja aplicada a derivada, é necessário iden-
tificar o u na função que deseja derivar. Apresen-
tadas as derivadas das funções trigonométricas
inversas, explora-se suas aplicações em alguns
exercícios:
Calcular a derivada da seguinte função: f(x) =
arc sen 2x.
Calculando a derivada:
f’ (x) = (arc sen 2x)’ u = 2x (identificar o u)
u’
=
√ 1 - u²

(2x)’
=
√ 1 - (2x)²

2
=
√ 1 - 4x ²

2
f’(x) =
√ 1 - 4x ²

Calcular a derivada da seguinte função: f(x) = arc cotg 3x.


Calculando a derivada:

CÁLCULO INTEGRAL 62

SER_CALINTE_UNID2.indd 62 27/09/2019 17:23:59


f’ (x) = (arc cot 3x)’ u = 3x (identificar o u)

-u ’
=
1 + u²

- (3x)’
=
1 + (3x)²

- 3x
=
1 + 9x ²

-3x
f’(x) =
1 + 9x ²

Calcular a derivada da seguinte função: f(x) = arcsec 2x.


Calculando a derivada:
f’ (x) = (arcsec 2x)’ u = 2x (identificar o u)
(2x)’
=
|2x|√ (2x)2 - 1
2
=
|2x|√ 4x2 - 1
1
=
|x|√ 4x2 - 1
1
f’(x) =
|x|√ 4x2-1

Regra de L’Hôpital
Observou-se, até aqui, a importância do limite na delimitação de alguns
valores, a princípio indeterminados, para certos funções, como foi o caso de
1 0
f(x) = sen (x) . Nessa função, constatou-se uma indeterminação do tipo
0
ao se estudar o que aconteceria quando x valesse 0. A noção de limite, aliada
com uma abordagem algébrica e geométrica, auxiliou na atribuição de um
valor para essa função quando x fosse 0.
Apesar disso, outras funções, mesmo com a noção de limite, ainda apre-
sentam inúmeros tipos de indeterminações, o que torna extremamente difícil
sua manipulação e entendimento. A Regra de L’Hôpital contribui para solu-

CÁLCULO INTEGRAL 63

SER_CALINTE_UNID2.indd 63 27/09/2019 17:23:59


cionar algumas categorias de indeterminações.
Suponha-se que f e g são diferenciáveis e g’ (x) ≠ 0 em um intervalo aberto I
e contenha a. Suponha-se que:
a) lim f(x) = 0 e lim g(x) = 0, ou
x→a x→a

b) lim f(x) = ±∞ e lim g(x) = ±∞


x→a x→a

Então, tem-se:

f(x) f ’(x)
lim = xlim
x→a →a
g(x) g ’(x)

Essa regra aponta que, em determinadas categorias de indeterminação, o


limite da razão de duas funções é igual ao limite da razão da derivada dessas
funções.
As categorias de indeterminações que a Regra de L’Hôpital trata são do
0 ±∞
tipo e . Portanto, caso se tente calcular o limite de uma função e ela
0 ±∞
resulte em uma indeterminação desses dois tipos, a Regra de L’Hôpital pode
ser aplicada, ou seja, deriva-se o denominador e o numerador da razão e recal-
cula-se o limite.
Calcula-se, portando, alguns limites para sua aplicação:
Calcular o limite da seguinte função: f(x) = senx .
x
Calculando o limite:
senx
lim f (x) = lim
x→0 x→0
x
Verificando se há indeterminação:
sen x sen0 0
lim = lim =
x→0 x→0
x 0 0
Aplicando L’Hôpital:

sen x (sen x)’


lim = lim
x→0 x→0
x (x)’

(cos x)’
= lim
x→0
1

cos 0
=
1

CÁLCULO INTEGRAL 64

SER_CALINTE_UNID2.indd 64 27/09/2019 17:24:00


1
=
1

sen x
lim = 1
x→0
x

Retomou-se o cálculo do limite trigonométrico fundamental. No entanto,


no lugar de lidar com o argumento geométrico e algébrico massivo, aplicou-se
a Regra de L’Hôpital e resolveu-se o limite. Ressalta-se que a regra pode ser
0
aplicada porque a indeterminação encontrada foi .
0
Analisa-se mais um caso de cálculo de limite:
ex
Calcular o limite da seguinte função: f(x) = .
2x³
Calculando o limite:
ex
lim f (x) = xlim
x→∞ →∞
2x3

Verificando se há indeterminação:

ex ex ∞
lim
x→∞
= =
2x
3
2x 3

Aplicando L’Hôpital:
ex (ex)’
lim
x→∞
= x→∞
lim
2x3 (2x3)’

ex
= lim
x→∞
6x2

= ∞

Aplicando L’Hôpital (II) :


ex (ex)’
lim
x→∞
= x→∞
lim
6x2 (6x2)’

ex
= lim
x→∞
12x


=

CÁLCULO INTEGRAL 65

SER_CALINTE_UNID2.indd 65 27/09/2019 17:24:01


Aplicando L’Hôpital (III):
ex (ex)’
lim
x→∞
= lim
x→∞
12x (12x)’

ex
= lim
x→∞
12x


12

= ∞

ex
lim
x→∞
= ∞
2x3

Uma característica interessante de se observar na resolução do limite an-


terior é o fato de que a indeterminação, mesmo após a aplicação da Regra de
L’Hôpital, não foi solucionada. Como a indeterminação se manteve ou na forma
0 ±∞
ou na forma ±∞ , então aplicou-se novamente a Regra de L’Hôpital.
0

1
Por fim, analisa-se um último caso: 2
ex
Calcular o limite da seguinte função: f(x)=
x
Calculando o limite:
1
-
2
ex
lim f (x) =
x→0
lim
x→0
x

Verificando se há indeterminação:
1
-
2 1
e
. 1 ∞
x -
2
lim
x→0
= e x
=
x x ∞

CÁLCULO INTEGRAL 66

SER_CALINTE_UNID2.indd 66 27/09/2019 17:24:02


Aplicando L’Hôpital:

1 1
- -
2 2
e x
(e )’
x
lim
x→0
= lim
x→0
x 3
(x)’

1
-
2
2 ex
= lim
x→0
x3


=

Aplicando L’Hôpital (II):


1 1
- -
2 2
2e x
(2 e )’x
lim
x→0
= lim
x→0
x3 (x3)’

1
-
2
4e x
= lim
x→0
3x5

=

(...)

Como no caso anterior, ao se verificar que a indeterminação persistiu mes-


mo após a aplicação da regra, ela foi aplicada novamente. Todavia, um fato
interessante aconteceu: a expressão acabou se tornando mais complexa do
que a anterior e verificou-se que essa complexidade se perpetuaria conforme
fosse aplicada a Regra de L’Hôpital inúmeras vezes.
Existem casos em que, por mais que haja uma indetermina-
ção nos moldes aceitos pela Regra de L’Hôpital, não há como
solucioná-la. Em alguns casos, tal como o anterior, aplicar
a regra apenas deixa o limite cada vez mais complexo.
Portanto, a regra mais atrapalha do que ajuda. Fique
atento a esses casos para não perder tempo de resolução
em uma questão sem solução por L’Hôpital.

CÁLCULO INTEGRAL 67

SER_CALINTE_UNID2.indd 67 27/09/2019 17:24:03


Integral: considerações, definições e exemplos
Até o momento, o foco dos estudos foram sobre derivadas, bem como
seu entendimento geométrico e algébrico, como taxa de variação ou coefi -
ciente angular da reta tangente. Tudo isso pressupõe que se tem uma fun-
ção e, a partir dela, calcula-se a derivada.
No entanto, é de interesse da matemática que se defina um modo de
delimitar uma função a partir de sua derivada, ou seja, traçar o caminho
inverso.
Definir esse objeto matemático não é dos trabalhos mais triviais e exige a
retomada de alguns conceitos fundamentais para seu entendimento, como
os conceitos de derivada e diferencial. Esses conceitos auxiliaram tanto do
ponto de vista teórico quanto do ponto de vista prático, visando a manipu-
lação das funções e os signifi cados que elas adquirem.
Para o estudo das integrais, é necessário revisitar o conhecimento geo-
métrico sobre derivada. Sabe-se que a derivada pode representar uma taxa
de variação instantânea em um certo ponto x0, podendo ser definida a
partir do limite da seguinte forma:

f’(x0) = lim f(x0 + ∆x) - f(x0)


h→0
h
Sua representação geométrica é apresentada pela Figura 5.

B
f(x0+ h)

f(x0+ h) - f(x0)

A α
f(x0)
h

h
x0 x0+ h

Figura 5. Representação geométrica da derivada.

CÁLCULO INTEGRAL 68

SER_CALINTE_UNID2.indd 68 27/09/2019 17:24:03


Desse modo, quando se condiciona h a tender a 0, na
verdade, aproxima-se o ponto A do ponto B, de modo que
o resultado disso seja uma mensuração pontual,
quando A estiver quase em B. Obtém-se, en-
tão, a inclinação da reta tangente naquele
ponto.
É importante destacar que os cálculos de de-
rivadas realizadas basearam-se em funções conhecidas.
Portanto, derivou-se senos, cossenos, logaritmos, polinô-
mios, dentre outras funções, sempre conhecendo as funções
e avaliando os resultados dos cálculos derivativos.
No entanto, em situações reais também ocorrem casos em que não se tem
conhecimento da função inicial, apenas de sua taxa de variação (derivada), sen-
do imprescindível a realização do caminho operacional inverso. Em certo sen-
tido, seria a aplicação de uma operação que fosse inversa à derivada, a fim de
determinar tais funções, ditas primitivas, que deram origem àquela derivada
em questão.
Outro conceito importante a se destacar para o entendimento das integrais
é o conceito de diferencial. Se por um lado a derivada mensura taxa de va-
riação, por exemplo, quanto variou uma certa grandeza em um determinado
tempo, o diferencial mensura a variação por si só. Pode-se definir o diferencial
dy a partir do entendimento de uma derivada.
Se uma derivada f (x)’ é a variação infinitesimal de uma variável y ao longo
dy
de uma variável x, escreve-se que f (x)’= dx . Pode-se reescrever a variação em
y, ou seja, o diferencial dy da seguinte forma:

f’(x0) = dy
dx

dy = f’(x0)dx

A fim de elucidar um pouco mais o entendimento acerca desse conceito,


suponha-se que se deseja calcular a área embaixo de uma determinada cur-
va com duas abordagens (Figura 6). Em uma situação, estima-se a área com a
construção de retângulos postos embaixo da curva, com sua base sendo Δx e
sua altura f (xk). A área de cada retângulo é dada por R = f (xk ) . Δx.

CÁLCULO INTEGRAL 69

SER_CALINTE_UNID2.indd 69 27/09/2019 17:24:03


f(x) f(x)

f(xk) f(x)

a xk b x a x b x
∆x
dx

Figura 6. Duas abordagens para cálculo da área.

Em uma segunda situação, estima-se a área com a construção de um outro


‘retângulo’, só que de base infinitesimal, dx. A área de cada retângulo, nesse
caso, é dada por R = f (x) . dx. Em ambos os casos, serão somados os retângulos
e serão mensuradas as áreas totais embaixo da curva.
No primeiro cenário, tem-se a ideia de soma discreta, pois serão somados
n retângulos para a estimativa da área. Já no segundo caso, a estimativa é feita
com a ideia de uma soma contínua, pois a base é infinitesimal. Essa ideia de
soma contínua auxiliará no estudo da integral e suas representações.

Integral indefinida
O estudo das derivadas permitiu a compreensão de como se dá a inclinação
de uma reta tangente a uma curva em um determinado ponto e qual a taxa de
variação instantânea referente a ele. Somado a isso, em algumas situações é
preferível que ao se saber a derivada de uma função desconhecida, realize-se a
operação inversa a ela, para se descobrir a função que a gerou, chamada fun-
ção primitiva ou antiderivada.
Define-se F(x) como antiderivada de uma função f no intervalo I, caso
F’(x) = f (x) para todo x.
A fim de exemplificar a definição supracitada, analisa-se a função polino-
1 5
mial F (x) = 5 x com relação a função f (x) = x4. Por se tratar de uma função
polinomial, deriva-se a função F(x) pela regra do tombo:

CÁLCULO INTEGRAL 70

SER_CALINTE_UNID2.indd 70 27/09/2019 17:24:04


1 5
F(x) = x
5
F’(x) = 5 x 5-1
5

F’(x) = x 4

Portanto, pela definição de antiderivada, se F’(x) = f(x), então F(x) é antideri-


vada de f(x). Logo, F(x) é antiderivada de f(x), pois F’ (x) = x4 = f(x). Outro exemplo
de antiderivada pode ser estudado em F(x) = senx e f(x) = cosx, onde calcula-se:
F(x) = sen x
F'(x) = (sen x)'
F'(x) = cos x
De modo similar ao que foi feito no exercício anterior, verifica-se pela defini-
ção de antiderivada, se F’(x) = f(x), então F(x) é antiderivada de f(x). Logo, F(x) é
antiderivada de f(x) pois F’ (x) = cosx = f(x). Em ambos os exemplos há um ganho
maior de informações acerca das antiderivadas de f(x).
x2
e G(x) = x + 10. Com
2
Suponha-se que existam duas funções: uma F(x) =
2 2
relação a uma função f(x) = x, existe alguma função F(x) ou G(x), que é sua função
primitiva? Ao efetuar os cálculos, obtém-se:
x2
F(x) =
2

F’(x) = ( ) x2
2

2x
F’(x) =
2

F’(x) = x

x2
G(x) = + 10
2

G’(x) = ( )x2
2
+ 10

G’(x) = ( ) x2
2

+ 10

2x
G’(x) = +0
2

G’(x) = x

CÁLCULO INTEGRAL 71

SER_CALINTE_UNID2.indd 71 27/09/2019 17:24:04


Após o cálculo de cada uma das derivadas, obser-
va-se algo interessante: as duas funções F(x) e G(x)
são primitivas de f(x), pois G’ (x) = F’ (x) = f(x) = x. So-
mado a isso, outro questionamento pode vir a partir
daí: será que ao descobrir uma função primitiva de uma
f(x) pode-se descobrir outras?
A resposta a essa pergunta se dá pelo estudo do teorema, uma vez que ele
apresenta que, para qualquer antiderivada encontrada, basta adicionar uma
constante arbitrária e será alterado o resultado, ou seja, existem inúmeras fa-
mílias de soluções possíveis. Portanto, com esse teorema consegue-se calcular
algumas famílias de antiderivadas.

EXPLICANDO
Caso uma função F (x) seja uma antiderivada de f (x ) em um dado intervalo
I, a representação geral da antiderivada de f é dada na forma F (x ) + C,
onde C é uma constante qualquer.

Verifique se F(x) = cos x é função primitiva de f(x) = -sen x. Apresente a forma


geral da antiderivada.
Calculando:

F(x) = cos x
F'(x) = (cos x)'
F'(x) = -sen x
F'(x) = -sen x + C

Verifique se F(x) = ex é função primitiva de f(x) = ex. Apresente a forma geral


da antiderivada.
Calculando:
F(x) = ex
F'(x) = (ex)'
F'(x) = ex
F'(x) = ex + C

CÁLCULO INTEGRAL 72

SER_CALINTE_UNID2.indd 72 27/09/2019 17:24:04


Verifique se F(x) = 2 x é função primitiva de f(x) = 2x4. Apresente a forma
5

5
geral da antiderivada.
Calculando:
F(x) = 2 x5
5

( 2 x
) ‘
5

F’(x) =
5

F’(x) = 2x 4
F’(x) = 2x 4 + C

Uma vez tendo estabelecido uma forma geral de se escrever as antideri-


vadas, define-se uma integral indefinida a partir delas. Se uma função F(x) é
uma função primitiva da função f(x), então F(x) + C é delimitada como a integral
indefinida da função f(x). Ela é representada na forma notacional como:

∫f(x) • dx = F(x) + C
A integral indefinida leva esse nome por não tratar de funções específicas,
mas apenas famílias delas. A constante C, nesse novo contexto, passa a ser
chamada de constante de integração.
Retomando ao exemplo da Figura 6, f(x)dx representa um cálculo de uma
área embaixo da curva, onde a somatória de todos os ‘retângulos’ se dá de
forma contínua (∫) em detrimento de uma forma discreta (∑).
É possível ver algumas propriedades e exercícios referentes a manipulação
algébrica dos elementos da integral no Quadro 4.

QUADRO 4. PROPRIEDADES INTEGRAIS INDEFINIDAS

NÚMERO DA PROPRIEDADE PROPRIEDADE

I ∫ Lf(x)dx = L ∫ f(x)dx, onde L é constante

II ∫ [f(x) + g(x)]dx = ∫ f(x)dx + ∫ g(x)dx

CÁLCULO INTEGRAL 73

SER_CALINTE_UNID2.indd 73 27/09/2019 17:24:05


III ∫ [f(x) – g(x)]dx = ∫ f(x)dx – ∫ g(x)dx

IV ∫ dx = x + C

xn + 1
V ∫ xndx = +C
n+1

Calcule a integral indefinida : ∫x4 - x 3 dx.


Calculando:
∫ x 4 - x 3dx = ∫ x 4dx - ∫ x 3 (III)

x5 x 4
= - (I e V)
5 4
4x 5 - 5x 4
=
20

4x 5 - 5x 4
∫ x 4 - x 3 dx = +C
20

Calcule a integral indefinida : ∫2x 2 + x dx.


Calculando:
∫ 2x 2 + x dx = ∫ 2x 2dx + ∫ x dx (II)

x3 x2
= 2 3 + 2 (I e V)

4x 3 + 3x 2
=
6
4x 3 + 3x 2
∫ 2x 2 + x dx = +C
6

CÁLCULO INTEGRAL 74

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Calcule a integral indefinida : ∫x 3 + x 3 dx.
Calculando:
∫ x 3 - 3 dx= ∫ x 3dx - ∫ 3 dx (II)
x4
= - 3x (V)
4
x 4 - 12x 2
=
4
x 4 - 12x
∫ x 3 + 3 dx = +C
4

Calcule a integral indefinida : ∫√(x 3) - 1/x² dx.


Calculando:

1 2
∫ √x 3 - dx = ∫ x 2 dx - ∫ x -2 dx (II)
x 2

5
= x 2 + x -1 (V)

1 5
∫ √x 3 - dx = x 2 + x -1 + C
x2

CÁLCULO INTEGRAL 75

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Sintetizando
Essa unidade trabalhou com as definições de alguns limites, derivadas e
integrais. Pode-se observar como esses conceitos estão imbricados e como
o desenvolvimento de alguns elementos do cálculo vieram com a necessi-
dade de evolução.
Os objetivos traçados foram alcançados e, ao final, o aluno desenvolveu
uma técnica manipulativa algébrica para lidar com indeterminações, limites
fundamentais e afins, bem como aprimorou o conhecimento dos conceitos
indissociáveis do Cálculo Integral.
O objetivo de compreender a relação de limite e derivada foi trabalhado,
cumprindo a função de compreender a relação de limite e derivada pelo
limite fundamental trigonométrico e sua influência no cálculo das derivadas
trigonométricas.
O objetivo de manipular algebricamente essas funções para o cálculo
de suas derivadas, limites e integrais também foi alcançado com sucesso.
Desse modo, foram trabalhados métodos de manipulação algébrica para
efetuar os devidos cálculos de derivadas, limites e integrais.
Por fim, o objetivo de compreender os principais elementos do cálculo
foi trabalhado ao longo da unidade como um todo. Em cada segmento da
unidade, foi abordado um elemento com maior ênfase; na primeira seção
voltada para limites e derivadas e a segunda seção focada na definição e
aplicação de integrais.

CÁLCULO INTEGRAL 76

SER_CALINTE_UNID2.indd 76 27/09/2019 17:24:07


Referências bibliográficas
ÂNGULOS em graus e em radianos. Postado por Portal da Matemática. (11
min. 06 s.). port. color. son. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?-
v=gCpSrWyjbDE>. Acesso em: 06 set. 2019.
ANTON, Howard. Calculus: a new horizon. Wiley, 1998.
WOLFRAM. Inverse Trigonometric Functions. Wolfram Mathworld, [s.l.], [s.d.].
Disponível em: <http://mathworld.wolfram.com/InverseTrigonometricFunc-
tions.html>. Acesso em: 06 set. 2019.

CÁLCULO INTEGRAL 77

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UNIDADE

3 INTEGRAIS
INDEFINIDAS E
DEFINIDAS

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Objetivos da unidade

Compreender o conceito de integral definida e como ela é representada


geometricamente;

Identificar e manipular algebricamente as integrais indefinidas


das funções: logarítmicas, exponenciais, trigonométricas diretas e
trigonométricas inversas;

Entender em que sentido se dá a união do cálculo diferencial e integral.

Tópicos de estudo
A integral da função logarítmi-
ca e da função exponencial
Função logarítmica
Função exponencial

Integral das funções trigono-


métricas e suas inversas
Funções trigonométricas
Funções trigonométricas in-
versas

Integral definida, integral de


Riemann e generalidades
Integral definida e integral de
Riemann
Definições, propriedades e
exemplos

CÁLCULO INTEGRAL 79

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A integral da função logarítmica e da função exponencial
A presente seção tratará do estudo das integrais acerca de dois grupos
de funções transcendentes: as funções logarítmicas e as exponenciais. Am-
bas são transcendentes, pois não são algébricas, ou seja, não podem ser
definidas por operações algébricas básicas.
Antes de entrar no conteúdo específi co, serão retomados alguns concei-
tos primordiais para o entendimento do assunto a ser tratado: as funções
logarítmica e exponencial, suas propriedades e particularidades. Somado a
isso, serão retomados os conceitos de integral indefinida e algumas de suas
propriedades fundamentais para o desenvolvimento do estudo.
Por fim, serão apresentadas as integrais de cada
tipo de função, seguidas de exercícios com enfoque
na manipulação algébrica delas. Todo esse estudo
deixará o trabalho e cálculo das integrais definidas
muito mais fácil.

Função logarítmica
O grupo das funções transcendentes, aquelas chamadas de não algébri-
cas, é de grande importância para o estudo do cálculo. Essas funções pos-
suem particularidades nas definições de suas derivadas e integrais, e até
mesmo nas suas manipulações.
Vamos tratar da relação entre a integral e uma função transcendente es-
pecífica: a função logarítmica. A definição desse tipo de função está pautada
na potenciação e exponenciação e, como as outras funções transcendentes,
não pode ser constituída meramente pelas operações algébricas usuais, tais
como a adição, subtração, multiplicação e divisão.
O logaritmo l de um número pode ser definido a partir de uma base a,
sendo ela:

a>0ea≠1

Além dessa base, considera-se um número b chamado de logaritmando,


seguindo a restrição em que:

CÁLCULO INTEGRAL 80

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b>0

Desse modo, define-se o logaritmo:

loga b = l

Com a definição de logaritmo evidenciada, uma função logarítmica que


mensura o logaritmo de um número x pode ser definida da seguinte forma:

f(x) = loga x

É importante recordar, também, de um logaritmo muito particular: aquele


que considera sua base como sendo o e – número de Euler. Esse logaritmo é
chamado de logaritmo natural:

ln x = loge x

É importante relembrarmos, também, o conceito de integral indefinida,


para que possamos prosseguir.
Integral indefinida: se uma função F(x) é uma função primitiva da função
f(x), então F(x) + C é delimitada como a integral indefinida da função f(x). Ela é
representada na forma notacional como:

f(x) • dx = F(x) + C

Ressalta-se que o que se pretende obter de uma integral indefinida não é


uma resposta única, mas sim uma família de funções que podem representar
essa igualdade. Portanto, para cada valor que a constante C assumir, tem-se
uma resposta válida para a igualdade.
Salienta-se, também, que é necessário destacar as propriedades das integrais,
uma vez que, além de relacioná-las com as funções logarítmicas, pretende-se manipu-
lá-las algebricamente. Portanto, relembrando suas propriedades básicas, elenca-se:

QUADRO 1. PROPRIEDADES INTEGRAIS INDEFINIDAS

Número da propriedade Propriedade

I Lf(x)dx = L f(x)dx, onde L é constante

II [f(x) + g(x)] dx = f(x)dx + g(x)dx

CÁLCULO INTEGRAL 81

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Número da propriedade Propriedade

III [f(x) - g(x)]dx = f(x)dx + g(x)dx

IV dx = x + C

A relação que se apresenta entre integrais e os logaritmos é pautada no


logaritmo natural, e é definida da seguinte forma:
1
dx = ln|x| + C (V)
x

O que se observa, a partir dessa definição, é que é possível definir um


logaritmo natural com base em uma integral, ou seja, de uma maneira di-
ferente da que foi vista até agora. Isso é melhor visto quando se analisa essa
igualdade sobre uma ótica geométrica, conforme faremos mais à frente.
Uma vez apresentada essa relação entre o logaritmo natural e as integrais,
trabalha-se alguns exemplos que envolvem a sua aplicação conjuntamente
com a integral indefinida:
Exemplo A:
Calcule a integral indefinida: 2
dx
x

Calculando: 2 1
dx = 2 • dx (I)
x x

= (Aplicando a definição V)

= 2 • (ln|x|+ C1 )

= 2 • ln|x|+ C

2
dx = 2 ln|x|+ C
x

Observa-se, por esse exemplo, que, para a aplicação da definição V, deve-se


deixar o valor do numerador da fração sendo 1, caso contrário, ela não seria
possível. Para isso, levou-se em conta as propriedades da integral.
1
Considerou-se a multiplicação 2 • x como uma forma alternativa de se escre-
ver 2 , de modo que fosse evidenciado o fator multiplicativo retirado da inte-
x
gral pela propriedade I. Esse procedimento é extremamente comum para a
resolução das integrais que necessitam da aplicação da definição V.

CÁLCULO INTEGRAL 82

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Outro fator a ser destacado nessa resolução é a utilização da constante. É
sabido que, ao final de todo processo de integração que trabalhem com inte-
grais indefinidas, deve-se adicionar uma constante C, referida como constante
de integração.
A constante de integração pode ser adicionada em qualquer momento des-
se processo, uma vez que ele já tenha sido efetuado. Vale lembrar que ela é
utilizada para que represente um número que pode se perder no processo de-
rivativo, sendo impossível delimitar a primitiva da função.

DICA
Nesse exemplo, utilizou-se C1 para representar a constante de integração,
mas isso foi feito antes da resolução. No decorrer, precisou-se realizar uma
multiplicação (• 2) com a constante, porém, o produto dessa multiplicação foi
substituído por C.
Isso é válido, pois se C1 é uma constante, 2 • C1também é uma constante que,
nesse caso, foi chamada de C. Portanto, o passo que está omitido nessa
resolução é que 2 • C1 = C. Esse tipo de resolução é muito usual, portanto, o
leitor deve estar atento a isso quando consultar outros materiais didáticos.

Exemplo B:
Calcule a integral indefinida: (x2 + x + 2)
x dx

(x2 + x + 2)
Calculando: dx = [ 1 + x + 2 dx
[
x x x x
X2 X 2
dx + dx + dx (II)
x x x

x dx + 1dx + 2 1
dx (I)
x

= (Aplicando a definição V)
X2
= 2 + x + 2(ln|x|) + C

(x2 + x + 2) X2
= + x + 2(ln|x|) + C
x 2

Nesse exemplo, tal como no anterior, aplicou-se a definição V e a proprieda-


de I com a manipulação algébrica anteriormente referida.
Por fim, apresenta-se mais um exemplo de resolução utilizando a definição
do logaritmo natural:

CÁLCULO INTEGRAL 83

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Exemplo C:
Calcule a integral indefinida: 3 1
+ dx
x 2x
3 1 3 1
+ dx + dx + dx (II)
Calculando: x 2x x 2x
1 1
=3 dx + 1 dx (I)
x 2 x

= (Aplicando a definição V)
1
3 • ln |x|+ • ln|x|+ C
2
7
= 2 ln|x| + C

3 1 7
+ dx = ln|x| + C
x 2x 2

Apresentou-se a relação entre as integrais e os logaritmos naturais, de


modo a ser possível encontrar a integral indefinida associada ao logaritmo. Po-
rém, deve-se ter em mente, também, o papel algébrico que essa relação tem,
ou seja, a importância de se associar uma função logarítmica a uma determina-
da função polinomial. Para compreender a importância disso, leva-se em conta
a seguinte propriedade das integrais de uma função polinomial:

xndx = x
n+1
+C
n+1

Essa expressão relaciona a integral de uma função polinomial de grau n a


uma razão que envolve um n + 1 como expoente do numerador e seu denomi-
nador. Caso se aplique sucessivamente essa propriedade das integrais polino-
miais a um polinômio, seria obtido:
Exemplo D:
Função: f(x) = X
-3

x -3+1
Calculando as integrais: f(x)dx = X-3dx f(x)dx = +C g(x) = x-2
-3+1
x -2+1
g(x)dx = x-2dx g(x)dx = +C h(x) = x-1
-2+1
x -1+1 x0
h(x)dx = x-1dx h(x)dx = +C =Ø
-1+1 0

Observa-se, a partir desse exemplo, que a aplicação sucessiva dessa proprieda-


de, em alguns casos, pode gerar uma indefinição matemática. Aplicá-la sucessiva-
mente pode gerar uma razão cujo denominador será 0, impossibilitando determinar

CÁLCULO INTEGRAL 84

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a primitiva da função X-1 = 1 . Portanto, a definição V preenche um vazio deixado
x
pela definição VI, possibilitando a integração desse tipo de função polinomial.

Função exponencial
Outra função transcendente de extrema relevância para o estudo de cál-
culo é a função exponencial, cujo expoente é escrito em termos de uma in-
cógnita x, por exemplo:
f(x) = aX, onde a

Destaca-se, também, que a função exponencial tem relação com a função


logarítmica:
loga (b) aX = b

Delimita-se, portanto, a integral indefinida de funções exponenciais:


aX
aXdx =
ln|a| + C (VII)

Observa-se que uma função exponencial tem sua integral relacionada a ela
mesma e a um logaritmo natural de si. Para a aplicação da definição VII, basta
que se saiba delimitar qual o valor de a. Para isso, observe os exemplos a seguir:
Exemplo E:
Calcule a integral indefinida: 3Xdx

Calculando: 3Xdx = (sendo a = 3)


= (Aplicando a definição VII)
= 3X
+C
ln|3|

3Xdx = 3X
+C
ln|3|

Exemplo F:
Calcule a integral indefinida: 5Xdx

Calculando: 5Xdx = (sendo a = 5)


= (Aplicando a definição VII)

= 5X
+C
ln|5|

CÁLCULO INTEGRAL 85

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5Xdx = 5X
+C
ln|5|

Os casos apresentados até então somente exigem a identificação da base


da exponencial a. Porém, existem casos que podem exigir um pouco mais além
da identificação da base, tais como:
Exemplo G:
Calcule a integral indefinida: 52Xdx

Calculando: 5 dx = [5 ] dx = (sendo a = 25)


2X 2 X

= (Aplicando a definição VII)


= 25X
+C
ln|25|
25X
52Xdx = +C
ln|25|

Nesse exemplo, quando foi identificada uma constante multiplicando o ex-


poente, aplicou-se a propriedade da exponencial 52x = [52]x = 25x para que fosse
possível a resolução, porém existem casos que essa manipulação do expoente
é inviável de ser executada. Para isso define-se uma regra mais geral para o
cálculo das funções exponenciais, onde d é uma constante qualquer:

adxdx = adX
+ C (VIII)
dln|a|

Para a aplicação dessa propriedade, bastaria identificar a base a da função


exponencial e a constante d. Resolve-se outro exemplo tendo em vista essa
propriedade:
Exemplo H:
Calcule a integral indefinida: 11xdx

11xdx = 11 2 xdx = (sendo a = 11 e d = 1 )


1
Calculando: 2
= (Aplicando a definição VIII)
1
11 2 xdx
= 1
+C
2 ln|11|

1
11 2 xdx
=2 +C
ln|11|

CÁLCULO INTEGRAL 86

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1
11 2 xdx
11xdx = 2 +C
ln|11|

No cálculo, é muito recorrente o trabalho com funções exponenciais que


tenham sua base sendo o número de Euler e. Por conta disso, é importante
pensar a definição VIII aplicada com a base e, e reescrevê-la:

edxdx = edX
+C
dln|e|

edxdx = e + C
dX
(IX)
d

Por fim, uma vez definida uma


relação para as bases exponenciais
e, para aplicar a definição IX, basta
identificar o valor da constante d,
que pode ser verificado nos exem-
plos a seguir:
Exemplo I:
Calcule a integral indefinida: e2xdx

e2xdx = (sendo d = 2)
Calculando:
= (Aplicando a definição IX)
e2X
= +C
2

e2xdx = e + C
2X

Exemplo J: = (sendo d = 5)
Calcule a integral indefinida: 2e5xdx

Calculando: 2e5xdx = 2 e5xdx (I)

= (Aplicando a definição IX)


e2X
= +C
2

e2xdx = e + C
2X

CÁLCULO INTEGRAL 87

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Integral das funções trigonométricas e suas inversas
A presente seção tratará do estu-
do das integrais acerca de dois gru-
pos de funções transcendentes: as
funções trigonométricas diretas e as
funções trigonométricas inversas.
Ambas funções são transcendentes,
pois não são algébricas, ou seja, não
podem ser definidas por operações
algébricas básicas.
Inicialmente, reapresentaremos as
definições e propriedades de cada
uma delas. É necessário compreender
bem os fundamentos básicos de cada
objeto matemático para, com decorrer
do estudo, desenvolver as habilidades
esperadas.
Por fim, serão apresentados exemplos algébricos das aplicações das inte-
grais de cada uma das categorias de funções, visando que o aluno melhore sua
capacidade manipulativa de funções, expressões e integrais.

Funções trigonométricas
Na seção anterior, comentamos um pouco sobre funções transcendentes e
sua importância para o estudo do cálculo. Falamos, também, sobre as particu-
laridades dessas funções, no que diz respeito à definição de suas derivadas e
integrais, bem como em suas manipulações.
Trataremos, agora, das definições das integrais de um tipo específico de
função transcendente: a função trigonométrica, que também pode receber o
nome de função circular direta. As funções trigonométricas mais conhecidas
para quem trabalha no cálculo são as funções seno, cosseno e tangente. Essas
e outras funções trigonométricas podem ser concebidas pelo círculo trigono-
métrico de raio unitário:

CÁLCULO INTEGRAL 88

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Figura 1. Círculo trigonométrico de raio unitário.

Para resolver os exemplos adiante, usaremos o Quadro 2, que apresenta as


integrais das funções trigonométricas.

QUADRO 2. INTEGRAIS DAS FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS

Função trigonométrica Propriedade

Seno sen(x)dx = -cos


sen(x)dx --cos(x)
cos(x)
(x) + C

Cosseno cos(x)dx = sen(x)


cos(x)dx sen(x) + C

Tangente tg(x)dx = ln|sec


tg(x)dx ln|
ln|sec(x)|+
sec(x)|+
(x)|+ C

Cotangente cotg(x)dx = ln|


cotg(x)dx ln|sen(x)|+C
sen(x)|+C
sen(x)|+C

Secante sec(x)dx = ln|sec(x)


sec(x)dx ln|sec(x) + tg(x)|
tg(x)| + C

Cossecante cossec(x)dx
cossec (x)dx = ln|cossec(x)
ln|cossec(x) - cotg(x)|
ln|cossec cotg(x)| + C

CÁLCULO INTEGRAL 89

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Exemplo A:
Calcule a integral indefinida: 2 cos(x)dx

2 cos(x)dx = 2 cos(x)dx
Calculando:
= (Aplicando o Quadro 2)
= 2[sen(x)] + C

2 cos(x)dx = 2[sen(x)] + C

Exemplo B:
Calcule a integral indefinida: 3tg(x)dx

3tg(x)dx = 3 tg(x)dx
Calculando:
= (Aplicando o Quadro 2)
= 3ln|sec(x)| + C

3tg(x)dx = 3ln|sec(x)| + C

Exemplo C:
Calcule a integral indefinida: cos(x) - sen(x)dx

cos(x) - sen(x)dx = cos(x)dx - cos(x)dx


Calculando:
= (Aplicando o Quadro 2)
= sen(x) - [- cos(x) ] + C
= sen(x) + cos(x) + C
cos(x) - sen(x)dx = sen(x) + cos(x) + C

Com a resolução dos exemplos


acima, entendemos a forma que de-
vemos aplicar as integrais das funções
trigonométricas, a fim de se resolver
um exercício. Porém, existem alguns
casos específicos de funções trigono-
métricas que não são integradas por
essas regras – são os casos das funções que envolvem potências de funções
trigonométricas, apresentadas no Quadro 3:

CÁLCULO INTEGRAL 90

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QUADRO 3. INTEGRAIS DAS FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS COM POTÊNCIA

Função
Propriedade
trigonométrica

n-1
Seno senn(x)dx = - 1 senn-1(x) cos(x)
cos(x) + senn-2(x)dx
n n

Cosseno cos(x) + n - 1
cosn(x)dx = - 1 cosn-1(x) cos(x) cosn-2(x)dx
n n

Tangente tgn(x)dx = - 1 tgn-1(x) tg(x)


tg(x) + n - 1 tgn-2(x)dx
n-1 n

Cotangente tgn(x)dx = - 1 co
cotg
co cotg cotg
tgn-1(x) co tgn-2(x)dx
n-1
n-2
Secante secn(x)dx = - 1 secn-1(x) sec(x)
sec(x) + secn-2(x)dx
n-1 n-1
n - 2 cosecn-2(x)dx
Cossecante cosecn(x)dx = - 1 cosecn-1(x) cosec(x)
cosec(x) +
n-1 n-1

Para aplicar essas integrais, basta, somente, identificar o valor de n e a fun-


ção trigonométrica a qual se refere. Vejamos alguns exemplos:
Exemplo C:
Calcule a integral indefinida: cos2(x)dx

Calculando: cos2(x)dx = (sendo a função cosseno e o n = 2)


= (Aplicando o Quadro 3)
2-1
= 1 cos2-1(x) sen(x) + cos2-2(x)dx
2 2

1 cos1(x) sen(x) + 1 cos0(x)dx


=
2 2

1 cos(x) sen(x) + 1 [x] + C


= 2
2
cos(x) sen(x) x
= + +C
2 2
cos(x) sen(x) + x
= +C
2
cos(x) sen(x) + x
cos2(x)dx = +C
2

CÁLCULO INTEGRAL 91

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No exemplo anterior, para se efetuar o cálculo da integral de potência trigo-
nométrica, aplicamos as regras descritas no Quadro 3. Porém, mesmo assim,
1
foi necessário o cálculo de outra integral, no caso, cos0(x)dx.
2
É comum os casos em que, ao aplicar a fórmula para o cálculo das inte-
grais trigonométricas com potência, ainda precisemos resolver outra integral,
podendo levar a um processo recursivo, ou seja, que necessite repetir uma
fórmula.
Exemplo E:
Calcule a integral indefinida: sen3(x)dx

sen3(x)dx = (sendo a função seno e o n = 3)


Calculando:

= - 1 sen3-1(x) cos(x) + 3 - 1 sen3-2 (x)dx


3 3

= - 1 sen2(x) cos(x) + 2
sen1 (x)dx
3 3

= - 1 sen2(x) cos(x) - 2
cos(x) + C
3 3

1 cos(x) 2
= cos3(x) - - cos(x) + C
3 3 3

1
= cos3(x) - cos(x) + C
3

cos3(x)
= - cos(x) + C
3
cos3(x)
sen3 (x)dx = - cos(x) + C
3

Nesse exemplo, assim como no anterior, foi necessário o cálculo de outra


integral no meio do processo, porém uma conhecida. Além disso, esse exemplo
exigiu que usássemos a relação fundamental da trigonometria: sen2(x) + cos2
(x) = 1.
Por fim, analisaremos um caso onde a fórmula de integração teve de ser
aplicada sucessivas vezes:
Calcule a integral indefinida: sen4(x)dx

Calculando: sen4(x)dx = (sendo a função seno e o n = 3)

CÁLCULO INTEGRAL 92

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1 4 -1
=- sen4-1(x) cos(x) + sen4-2(x)dx
4 4

= - 1 sen3(x) cos(x) + 3 sen2(x)dx


4 4

Nesse momento, deveríamos interromper a resolução para encontrar a in-


tegral de sen2(x)dx. Porém, para resolver esse exercício, calculamos seu resul-
tado à parte. Portanto, tem-se que:
sen3(x) cos(x) 3 [ -sen(2x) - 2x ]
=- + +C
4 4 4

sen3(x)dx - sen (x) cos(x) + 3 [ - sen(2x) - 2x ] + C


3

4 4 4

Funções trigonométricas inversas


Agora, comentaremos um pouco sobre as funções trigonométricas inver-
sas. No Quadro 4, apresentaremos as principais delas, junto de suas respecti-
vas derivadas:

QUADRO 4. DERIVADAS DAS FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS INVERSAS

Função trigonométrica inversa Derivadas

u’
Arco seno f’ (x) =
1 - u²

-u’
Arco cosseno f’ (x) =
1 - u²

u’
Arco tangente f’ (x) =
1 + u²

-u’
Arco cotangente f’ (x) =
1 + u²

u’
Arco tangente f’ (x) =
|u| u² - 1

-u’
Arco cotangente f’ (x) =
|u| u² - 1

CÁLCULO INTEGRAL 93

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Tendo em vista as derivadas das funções trigonométricas inversas e pen-
sando que a integral pode ser concebida como a inversa da derivada, associa-
-se a cada função trigonométrica inversa uma integral:

QUADRO 5. RELAÇÕES ENTRE INTEGRAIS E FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS INVERSAS

Relação Derivadas

I sin-1(u)du = u sin-1(u) + (1 - u²) + C

II cos-1(u)
(u)du
du = u cos-1(u) + (1 - u²) + C

ln (1 + u2)
III tan-1(u)du
(u) = u tan-1(u) - +C
2

ln (1 + u2)
IV cot-1(u)
(u)du
du = u cot-1(u) - +C
2

V sec-1(u)
(u)du
du = u sec-1(u) - ln|u + (u2 - 1)|+ C

VI csc-1(u)du
(u)du = u csc-1(u) - ln|u + (u2 - 1)|+ C

Uma vez explicitadas as integrais das funções trigonométricas inversas,


apresentam-se alguns exemplos que exploram a aplicação dessas igualdades:
Exemplo A:
Calcule a integral indefinida: sen-1(x) + cos(x)dx

sen-1(x) + cos(x)dx = sen-1(x) + cos(x)dx


Calculando:
= (Aplicando o Quadro 5)

= x sin-1(x) + (1 - x²) + sen(x) + C

sen-1(x) = cos(x)dx = x sin-1(x) + (1 - x²) + sen(x) + C

Exemplo B:
Calcule a integral indefinida: cos-1(x) - sen(x)dx

CÁLCULO INTEGRAL 94

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Calculando: cos-1(x) - sen(x)dx = cos-1(x) - sen(x)dx
= (Aplicando o Quadro 5)
= x cos-1(x) - 1 - x2 + cos(x) + C

cos-1(x) - sen(x)dx = x cos-1(x) - 1 - x2 + cos(x) + C

Exemplo C:
Calcule a integral indefinida: tan-1(x) + cos(x)dx

tan-1(x) + cos(x)dx = tan-1(x) + cos(x)dx


Calculando:
= (Aplicando o Quadro 5)
ln (1 + x2)
= x tan-1(x) - + sen(x) + C
2
ln (1 + x2)
tan-1(x) + cos(x)dx = x tan-1(x) - + sen(x) + C
2

Exemplo D:
Calcule a integral indefinida: cot-1(x) + 2dx

cot-1(x) + 2dx = cot-1(x)dx + 2dx


Calculando:
= (Aplicando o Quadro 5)
ln (1 + x2)
x cot-1(x) + + 2x + C
2
ln (1 + x2)
cot-1(x) + 2dx = x cot-1(x) + + 2x + C
2

Exemplo E:
Calcule a integral indefinida: sec-1(x) + x dx

sec-1(x) + xdx = sec-1(x)dx + x dx


Calculando:
= (Aplicando o Quadro 5)
X2
= sec-1(x) - ln|x + (x2 - 1)| + +C
2
X2
sec-1(x) + x dx = sec-1(x) - ln|x + (x2 - 1)|+ +C
2

Por fim, eis um exemplo da função cossecante inversa:

CÁLCULO INTEGRAL 95

SER_CALINTE_UNID3.indd 95 27/09/2019 17:25:23


Exemplo F:
Calcule a integral indefinida: csc-1(x) + 1dx

csc-1(x) + 1dx = csc-1(x)dx + 1dx


Calculando:
= (Aplicando o Quadro 5)
= csc-1(x) + ln|x + (x2 - 1)|+ x + C

csc-1(x) + xdx = csc-1(x) + ln|x + (x2 - 1)|+ x + C

Integral definida, integral de Riemann e generalidades


Agora, falaremos sobre um assunto intimamente ligado ao que foi estuda-
do ao longo dessa unidade: as integrais definidas. Até o presente momento,
trabalhamos apenas com integrais indefinidas, focando, portanto, nas ma-
nipulações e operacionalizações que ocorrem ao longo de seu processo de
resolução.
Porém, com a delimitação das integrais definidas, é possível aplicá-las a
todos os grupos de funções anteriormente vistos. Isso faz com que seja pos-
sível encontrar áreas, volumes, comprimento e afins, a partir das funções de
interesse.
Preste bem atenção: esse é o momento mais importante dessa unidade,
pois apresentar o conceito de integral definida nos gera um entendimento
enorme sobre o cálculo, ainda mais se aliado ao Teorema Funda-
mental do Cálculo e suas implicações em problemas algébri-
cos – antes tratados com integrais indefinidas. A partir dele,
também, será possível entendermos melhor a relação en-
tre o cálculo diferencial e integral.

Integral definida e integral de Riemann


Até o momento, os estudos das integrais focaram-se nas integrais indefini-
das, ou seja, na família de soluções para uma certa expressão. Porém, nessa
seção, o intuito é definir o que seria uma área de uma região A embaixo de uma
curva sobre os eixos x e y.

CÁLCULO INTEGRAL 96

SER_CALINTE_UNID3.indd 96 27/09/2019 17:25:23


GRÁFICO 1. APROXIMAÇÃO DA ÁREA A COM RETÂNGULOS

f(x)

f(xk)

xk
a x b x

Para isso, imagina-se uma situação onde se queira mensurar a área embai-
xo de uma determinada curva, delimitada em um intervalo qualquer [a; b]. Uma
maneira de fazer isso é utilizando retângulos, de modo a preencher a maior
parte da área dessa curva, assim como demonstrado no Gráfico 1.
Existem várias maneiras de se aproximar da área de uma figura usando re-
tângulos. Algumas foram separadas e mostradas no Gráfico 2. A aproximação
escolhida do ponto médio (última da direita), por exemplo, considera somente
os triângulos que estão tangendo a curva pelo ponto médio. Esse meio costu-
ma ser o mais eficaz.

GRÁFICO 2. MEIOS DE APROXIMAÇÃO

y y y
9 9 9

x x x
0 3 0 3 0 3
Fonte: ANTON, 1998, p. 407. (Adaptado).

CÁLCULO INTEGRAL 97

SER_CALINTE_UNID3.indd 97 27/09/2019 17:25:23


Obtém-se, a partir daí, uma definição acerca de área sob a curva:
Definição: dada uma função g contínua em um intervalo [a, b], e essa função
g(x) ≥ 0 para todo x desse intervalo, então a área da curva no intervalo é dada por:
n
A = lim f(Xk)△x
n +∞
k=1

A ideia dessa representação é a de que quanto mais retângulos se tem, melhor


é sua aproximação com essa área. Portanto, se o limite representa a proximidade
de n com infinito, quer dizer que a área dessa curva conseguirá ser delimitada de
uma forma perfeita.
A partir dessa notação de limite, define-se o que se chama de integral
defi nida:
n
b
f(x)dx = nlim
+∞
f(Xk)△x
a
k=1

Os números a e b presentes nessa representação referem-se aos limites de


integração. O número a refere-se ao limite inferior, e o b ao limite superior. O argu-
mento dessa integral f(x) é chamado de integrando.
Ressalta-se, porém, que, nessa representação, as larguras dos retângulos, de-
limitadas por ∆x, permanecem constantes. Portanto, essa variável deve ser altera-
da para ∆xk, que representa a largura variável e possível dos retângulos.
Somado a isso, deve-se alterar o limite, para indicar que todas as larguras de
todos os subintervalos se aproximem de 0. Para isso, é necessário efetuar a subs-
tituição de n + ∞ por max△xk 0.
A partir daí, temos uma definição mais geral:
n
b
f(x)dx = lim f(Xk)△xk
max△xk 0
a
k=1

Essa somatória presente na expressão é chamada de somatória de Riemann,


que também recebe o nome de integral de Riemann. Vale lembrar que essa re-
presentação não depende da escolha dos pontos e dos tamanhos dos retângulos
associados a eles.

Definições, propriedades e exemplos


Apresentamos, até o momento, a definição de integral definida e a inte-
gral de Riemann, ressaltando algumas particularidades em cada um desses

CÁLCULO INTEGRAL 98

SER_CALINTE_UNID3.indd 98 27/09/2019 17:25:24


conceitos. Agora, vamos explorar algumas propriedades advindas dessa dis-
cussão, o Teorema Central do Cálculo e alguns exemplos relacionados à reso-
lução de integrais.
A partir daí, estabelece-se as seguintes definições:

QUADRO 6. DEFINIÇÕES DE INTEGRAL DEFINIDA

Definição Integral

b
I f(x)dx
f(x )dx = 0
a

b b
II f(x)dx
f(x )dx = - f(X)dx
f(X
a a

A primeira definição aponta que a integral em um ponto é nula, ou seja,


que a implicação de se construir um retângulo de largura 0 é que esse será
o valor atribuído à expressão. Já a segunda aponta a possível inversão dos
limites de integração, apenas alterando o sinal da expressão.
Apresentam-se outras propriedades importantes da integral definida, dado
um intervalo [a, b] onde g e f são integráveis, e uma constante k, tem-se que:

QUADRO 7. PROPRIEDADES DA INTEGRAL DEFINIDA

Propriedades Integral

b b
I cf(x)dx
cf(x )dx = c f(x)dx
f(x)dx
a a

b a a
II [f(x) + g(x)]dx =
[f(x) f(x)dx +
f(x)dx g(x)dx
a b b

a a a
III [f(x) - g(x)]dx =
[f(x) f(x)dx -
f(x)dx g(x)dx
b b b

a c b
IV f(x)dx
f(x )dx = f(x)dx
f(x )dx + f(x)dx
f(x )dx
b a c

CÁLCULO INTEGRAL 99

SER_CALINTE_UNID3.indd 99 27/09/2019 17:25:25


A propriedade I aponta que a constante multiplicativa não interfere no
cálculo da integral, podendo ser deixada de lado na hora da resolução do
exercício. As propriedades II e III ressaltam que se pode integrar uma soma
ou subtração de funções, de forma conjunta ou separada, sem interferir em
seu valor. Por fim, a propriedade IV aponta que uma integral pode ser frag-
mentada em outras duas, caso o intervalo de integração contenha os outros
limites de integração.
Apresentadas as propriedades, trabalha-se alguns exemplos:
Exemplo A:
1
Utilize alguma propriedade para simplificar: 3 x dx
0
1
x dx
Resolução: 3 0 = (Utilizando a propriedade I)
1 1
3x dx = 3 x dx
0 0

Exemplo B:
1
Utilize alguma propriedade para simplificar: 3x2 + 2x + 1dx
0
1
3x2 + 2x + 1dx = (Utilizando a propriedade II)
Resolução: 0

1 1 1
= 3x2dx + 2xdx + 1dx
0 0 0

1 1 1
= x2dx + 2 xdx + 1dx
0 0 0

1 1 1 1
3x2 + 2x + 1dx = x2dx + 2 xdx + 1dx
0 0 0 0

Exemplo C: 1 7 25

Dado que: f(x)dx = 2 e f(x)dx = 8 e f(x)dx = 30


0 1 0

25
f(x)dx
Determine: 7

25
f(x)dx = (Utilizando a propriedade IV)
Calculando: 0

1 7 25
f(x)dx + f(x)dx + f(x)dx
0 1 7

25
=2+8+ f(x)dx
7

CÁLCULO INTEGRAL 100

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25 25
f(x)dx = 2 + 8 + f(x)dx
0 7
25
30 = 2 + 8 + f(x)dx
7

25
20 = f(x)dx
7

25
f(x)dx = 20
7

Teorema Fundamental do Cálculo: realiza a conexão entre o cálculo in-


tegral e o cálculo diferencial. Ele permite com que seja calculada a integral
definida dentro de um intervalo [a, b].
Definição: dada f(x) integrável em um intervalo [a, b], caso F(x) seja uma
antiderivada de f(x), então tem-se que:
b
f(x)dx = F(b) - F(a)
a

DICA
No cálculo diferencial e integral é extremamente comum o trabalho com
integrais. Devido a isso, algumas escritas notacionais são menos utiliza-
das, por mais que sejam teoricamente explicativas. F(b) - F(a) é o exemplo
disso, pois é comumente escrito na forma F(x) ab. Portanto, caso o leitor
encontre essa forma em outros materiais, saiba que as duas representa-
ções apontam para o mesmo objeto matemático.

Uma vez explicado o cálculo das integrais definidas, resta-nos revisitar al-
guns tópicos já estudados, podendo, agora, efetuar os cálculos que envolvam
esse conceito.
Para as funções polinomiais, avaliam-se as seguintes integrais definidas:
Exemplo D:
3
Calcule: x + 2dx
0

CÁLCULO INTEGRAL 101

SER_CALINTE_UNID3.indd 101 27/09/2019 17:25:27


3
GRÁFICO 3. DA FUNÇÃO x + 2dx
0

-1 0 1 2 3 4 5 6

-1

3
Calculando: x + 2dx
0
3 3
= x+ 2dx
0 0

= (Utilizando o Teorema Fundamental do Cálculo)

X2
=
2
| 30 + 2x | 0
3

32
= + 2(3)
2
= 10,5
3
x + 2dx = 10,5
0

CÁLCULO INTEGRAL 102

SER_CALINTE_UNID3.indd 102 27/09/2019 17:25:27


Exemplo E:
1
Calcule: 2x3 + 2xdx
0

1
GRÁFICO 4. DA FUNÇÃO 2x3 + 2xdx
0

3,5

2,5

1,5

0,5

0
0,5 1
1
Calculando: 2x3 + 2xdx = (Utilizando a propriedade II)
0
1 1
2x3 + 2xdx
0 0

= (Utilizando o Teorema Fundamental do Cálculo)


X4
=
2
| 10 + x2 | 0
1

14
= + 12
2
= 1,5
1
2x3 + 2xdx = 1,5
0

CÁLCULO INTEGRAL 103

SER_CALINTE_UNID3.indd 103 27/09/2019 17:25:28


Referente às funções trigonométricas, avaliam-se os seguintes casos:
Exemplo F:
Calculando: sen(x)dx
0

GRÁFICO 5. DA FUNÇÃO sen(x)dx


0

2,5

1,5

0,5

0
0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5

-0,5

Calculando: sen(x)dx = (Utilizando o Teorema Fundamental do Cálculo)


0

= cos(x) | 0

= -(-1) - (-1)
=2

0
sen(x)dx = 2

Exemplo G:
Calculando: 0
cos(x)dx

CÁLCULO INTEGRAL 104

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GRÁFICO 6. DA FUNÇÃO 0
cos(x)dx

1,5

0,5

0
0,5 1 1,5 2 2,5 3

-0,5

-1

Calculando: cos(x)dx = (Utilizando o Teorema Fundamental do Cálculo)


0

= sen(x)| 0

=0-0
=0

0
cos(x)dx = 0

Todos os valores numéricos encontrados referem-se aos valores das áreas


em destaque nos gráficos. Vale ressaltar que, no Exemplo G, encontrou-se um
valor nulo, pois as duas regiões em destaque no Gráfico 6 se cancelam.

CÁLCULO INTEGRAL 105

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Sintetizando
Dentre os objetivos que esperávamos alcançar nessa unidade, estava a
compreensão do conceito de integral definida e como ela é representada geo-
metricamente. Esperamos tê-lo feito a partir dos estudos que foram desenvol-
vidos na última seção dessa unidade, onde apresentamos a integral definida e
sua representação geométrica.
Além disso, queríamos que os alunos identificassem e manipulassem al-
gebricamente as integrais das funções: logarítmicas, exponenciais, trigonomé-
tricas diretas e trigonométricas inversas. Esse objetivo está contemplado em
todas as seções dessa unidade, uma vez que tratam de aspectos básicos das
integrais definidas e indefinidas.
Por fim, buscamos fazer com que o aluno entendesse o sentido que se dá
à união do cálculo diferencial com o cálculo integral. Foi nosso último esforço
nessa unidade, quando apresentamos o Teorema Fundamental do Cálculo, se-
guido de algumas de suas particularidades, e também suas aplicações algébri-
cas com os respectivos cálculos.

CÁLCULO INTEGRAL 106

SER_CALINTE_UNID3.indd 106 27/09/2019 17:25:29


Referências bibliográficas
ANTON, H. Calculus: a new horizon. 6. ed. New York: John Wiley & Sons, 1998,
p. 407.

CÁLCULO INTEGRAL 107

SER_CALINTE_UNID3.indd 107 27/09/2019 17:25:30


UNIDADE

4 INTEGRAÇÃO:
MÉTODOS E
APLICAÇÕES

SER_CALINTE_UNID4.indd 108 27/09/2019 17:26:14


Objetivos da unidade
Compreender e ser capaz de executar as técnicas de integração: por
partes; substituições e frações parciais;

Identificar integrais definidas e aplica-las a problemas que envolvem


área, volume e comprimento de arco.

Tópicos de estudo
Técnicas de integração
Integração por partes
Integração por substituições
trigonométricas
Integração por frações parciais
Integração por substituições: u
du em diferentes casos

Aplicações da integral definida


Áreas
Volumes
Comprimento do arco de uma
curva

CÁLCULO INTEGRAL 109

SER_CALINTE_UNID4.indd 109 27/09/2019 17:26:14


Técnicas de integração
O trabalho conceitual desenvolvido pelo cálculo integral tem
como foco a mensuração de áreas, volumes e afins, por meio dos
objetos matemáticos chamados integrais. Já o cálculo diferencial preo-
cupa-se com a determinação de retas tangentes, otimização, e taxa de variações.
Ambos se encontram no teorema fundamental do cálculo, que alia o con-
ceito de antiderivada com a mensuração de áreas, auxiliando a definição da in-
tegral definida, que mensura analiticamente os objetos de interesse do cálculo
integral, mas pressupõe um caráter técnico nas suas manipulações.
É necessário que, para efetuar a mensuração analítica previamente referi-
da, os alunos consigam manipular as integrais, de modo a efetuar o cálculo pre-
tendido. Para isso, é necessária a aprendizagem dos métodos de integração,
que buscam facilitar as manipulações de certos tipos de integrais.
Aqui, vamos apresentar alguns métodos de integração, de modo a capaci-
tar o aluno na resolução de problemas que envolvam o cálculo por
meio das integrais. Serão apresentados e aplicados métodos que
envolvem substituições simples ou trigonométricas, e outros
que envolvem a fragmentação da integral em outras mais simples.

Integração por partes


Existem diferentes tipos de funções que podemos trabalhar, variando con-
forme sua categorização. Pode-se pensar em funções acerca de sua caracterís-
tica algébrica, como é o caso das funções transcendentes, ou não algébricas.
Pode-se concebê-las, também, como implícitas ou explícitas, ou seja, referente
à possibilidade de se isolar as variáveis.
Ainda mais, podemos pensar as funções a partir de suas características
compostas ou não, ou seja, se existem outras funções dentro delas. Essas ca-
tegorizações são importantes no que diz respeito às técnicas de integração ou
derivação, pois podem funcionar para categorias de funções específicas, e não
para outras.
Funções implícitas, por exemplo, são diferenciáveis a partir de uma técni-
ca de derivação própria, que difere das usuais. O mesmo vale para funções

CÁLCULO INTEGRAL 110

SER_CALINTE_UNID4.indd 110 27/09/2019 17:26:14


compostas, que são diferenciáveis pela regra da cadeia, em que entende-se
uma função composta como produto de outras funções, tonando concebível a
derivação para elas.
Além das categorizações das derivadas e suas respectivas técnicas, exis-
tem, também, as categorias associadas às técnicas de integração. Em outras
palavras, existem técnicas de integração que funcionam, somente, para alguns
tipos de categorias de funções. Aqui, falaremos acerca da técnica de integral
por partes, extremamente útil para a integração do produto de funções.
Essa técnica pode ser concebida a partir da derivada do produto de duas
funções quaisquer f(x) e g(x) diferenciáveis. Pela regra do produto temos que a
derivada de um produto de funções é dada por:

d
dx [ f(x) g(x)] = f(x) g’(x) + g(x) f’(x)
Partindo dessa igualdade, que é definida como a regra do produto, pode-se
pensar em integrar ambos os lados da igualdade. Desse modo, reescrevendo a
regra do produto das derivadas da seguinte forma:

d [f(x) g(x)] dx = ∫ f(x) g’(x) dx + ∫ g(x) f’(x) dx


∫ dx

O lado esquerdo da igualdade pode ser reescrito de outra forma, uma vez
que a integral da derivada é a própria função. Desse modo, reescreve-se o lado
esquerdo da igualdade:

f(x) g(x) + c = ∫ f(x) g’(x) dx + ∫ g(x) f’(x) dx

Pode-se rearranjar os termos dessa igualdade, isolando uma das integrais:

∫ f(x) g’(x) dx = f(x) g(x) + c – ∫ g(x) f’(x) dx

Desse modo, apresenta-se a fórmula para a integração por partes:

∫ f(x) g’(x) dx = f(x) g(x) – ∫ g(x) f’(x) dx

Comumente, essa mesma igualdade é reescrita em termos mais simples,


efetuando algumas substituições:

u = f(x)
v = g(x)

CÁLCULO INTEGRAL 111

SER_CALINTE_UNID4.indd 111 27/09/2019 17:26:15


Além dessas substituições, reescreve-se o diferencial em cada um dos casos:

du = f’(x) dx
dv = g’(x) dx

Por fim, reescreve-se a fórmula da integração por partes:

∫ u dv = u v – ∫ v du

Essa fórmula nos diz que uma dada integral (lado esquerdo da igualdade)
pode ser reescrita em duas partes, sendo que uma delas é um produto de ter-
mos, e a outra é uma nova integral. Porém, para que isso ocorra, a integral dada
deve estar na forma ∫ u dv, conforme o Exemplo A:
Exemplo A:
Calcule: ∫ x cos(x) dx
Para efetuar a aplicação da técnica de integração por partes, deve-se rees-
crever a integral na forma ∫ u dv.
Para isso, efetua-se as seguintes substituições:

u=x
dv = cos(x) dx

Desse modo, derivando u e integrando dv, tem-se que:

du
=1 du = 1dx
dx
v = sen(x)

Agora, aplicam-se os quatro termos na fórmula da integração por partes, a


fim de efetuar o cálculo:

∫ u dv = u v – ∫ v du
∫ x cos(x) dx = x sen(x) – ∫ sen(x) 1dx

Por fim, resolvemos a integral obtida pela técnica de integração por partes:

∫ x cos(x) dx = x sen(x) – ∫ sen(x) 1dx


∫ x cos(x) dx = x sen(x) – (–cos(x)) + c
∫ x cos(x) dx = x sen(x) + cos(x) + c

CÁLCULO INTEGRAL 112

SER_CALINTE_UNID4.indd 112 27/09/2019 17:26:15


O que se pode observar dessa resolução é que o principal fator para que ela
seja aplicada é a escolha dos termos iniciais u e dv, pois tudo seria diferente caso
a substituição feita fosse dv = x e u = cos(x) dx.
A escolha desses termos sempre é problemática, porém, há uma maneira
de ser facilitada. Para isso, pautamos escolha do u na seguinte expressão:
LIATE
Essa expressão representa as funções que devem ser priorizadas para se-
rem substituídas pelo u. Portanto, descreve-se cada letra da expressão segundo
o Quadro 1:

QUADRO 1. SUBSTITUIÇÃO DO U POR LIATE

LETRA FUNÇÕES

L Logarítmicas

I Inversas trigonométricas

A Aritméticas

T Trigonométricas

E Exponenciais

Portanto, uma vez tendo a ordem de prioridade das funções que devem
ser substituídas por u, deve-se identificar os tipos a que cada uma se refere.
Observe um exemplo delas no Quadro 2:

QUADRO 2. EXEMPLOS DE FUNÇÕES

FUNÇÕES EXEMPLOS

Logarítmicas (x)
(x
x) = ln(x)
f(x)
f(x ln x)
x

Inversas trigonométricas f(x)


fx ((x)
x) = arc sen (x

Aritméticas x2

Trigonométricas cos (x)


x
x)

Exponenciais ex

CÁLCULO INTEGRAL 113

SER_CALINTE_UNID4.indd 113 27/09/2019 17:26:15


Vamos aos exemplos:
Exemplo B:
Calcule: ∫ x ex dx
Para efetuar esse cálculo, primeiro devemos identificar as funções que com-
põem o produto para efetuar a substituição por u. Nesse caso, tem-se:
X Função aritmética;
e x
Função exponencial.
Pela regra do LIATE, temos que, dentre essas duas funções, a que deve ser
priorizada é a função aritmética x. Desse modo, efetua-se a substituição a seguir:
u=x
dv = ex dx
Derivando u e integrando dv, tem-se que:

du
dx = 1 du = 1dx
v = ex

Substituindo na fórmula da integral por partes, obtém-se:

∫ u dv = u v – ∫ v du
∫ x exdx = x ex – ∫ ex 1dx

A partir daí, resolve-se a integral:

∫ x exdx = x ex – ∫ ex 1dx
∫ x exdx = x ex – ex + c
∫ x exdx = ex (x – 1) + c

Por fim, pode-se, a partir desses exemplos e explicações, apresentar um


roteiro que pode ser seguido para a resolução de algumas integrais do produto
de funções pelo método da integração por partes:

QUADRO 3. PASSOS DA INTEGRAL POR PARTES

NÚMERO DO PASSO O QUE FAZER

1º Identificar os tipos de funções: logarítmica, exponencial etc.

2º Orientar-se pelo LIATE

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3º Substituição do u e dv

4º Determinação de du e v

5º Substituição na fórmula de integração por partes

6º Resolução da integral

7º Aplicar novamente

Seguindo os seis primeiros passos, é possível resolver boa parte das inte-
grais de produtos de funções. Porém, existem casos em que essa lista deve ser
aplicada novamente, e, para isso, existe o sétimo passo.

Integração por substituições trigonométricas


A próxima técnica de integração que será tratada é a chamada integração
por substituições trigonométricas. Essa técnica permite a eliminação de al-
guns radicais específicos das integrais; estes, devem ter as seguintes formas,
com a sendo uma constante positiva:

a2 – x2 , a2 + x2 , x2 + a2

Para a eliminação dos radicais, devemos relembrar alguns conceitos trigono-


métricos que serão utilizados nas manipulações dessas integrais. Esses concei-
tos são fundamentais para que as substituições e resoluções sejam efetuadas.
Um elemento importante a ser recordado é a relação fundamental trigonomé-
trica, definida a partir do círculo trigonométrico de raio unitário, conforme Figura 1:

E
A
sen (x)

x
B
0 cos (x) C D

Figura 1. Circulo trigonométrico unitário.

CÁLCULO INTEGRAL 115

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Considerando o triângulo definido pelos pontos B, C e A, tem-se, pelo teo-
rema de Pitágoras:

sen²(x) + cos²(x) = 1

Existem inúmeras outras relações que podem ser necessárias para o desen-
volvimento dessa técnica de integração. Seguem, no Quadro 4, algumas delas:

QUADRO 4. RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS IMPORTANTES

cos(2u)
1 + cos(2u
cos(
cos2(u)
u)) =
2

sen(2u)) = 2sen(u)
sen(
sen(2u sen( ) cos(u)
sen(u cos(

sen(u)
sen( sen(y)
u) = yy,, caso u = arc sen(
sen(y

cos(2u)
1 - cos(2u
cos(
sen2(u)) =
2

1 + tg2((u)) = sec2(u
(u)

cot2((u)) = csc2(u) -1

Tendo isso em vista, vamos substituir o termo x por termos trigonométricos


específicos e manipulá-los até a eliminação do radical e posterior resolução da
integral. Para cada um dos radicais apresentados, há uma substituição a ser
feita e restrições inerentes à nova variável:

QUADRO 5. SUBSTITUIÇÕES TRIGONOMÉTRICAS

VALORES ASSUMIDOS
RADICAL TERMOS A SEREM SUBSTITUÍDOS
PELA NOVA VARIÁVEL

-π π
a2 - x 2 x = a sen(θ) ≤θ≤
2 2


π π
a2 + x2 x = a tg(θ) ≤θ≤
2 2

π
se x ≥ α então 0 ≤ θ <
2
x -a
2 2
x = a sec(θ) π
se x ≤ --α então <θ≤π
2

CÁLCULO INTEGRAL 116

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Levando em conta as substituições possíveis e as relações trigonométricas,
veremos um exemplo de como se trabalhar com elas:
Exemplo C:

Calcule: ∫ 4 - x2 dx

Pelo Quadro 5, conseguimos saber qual radical deve ser substituído, bem
como sua respectiva substituição, de modo que a = 2:

x = asen(θ)
x = 2sen(θ)
Substituindo, temos:

∫ 4 - x2 dx =

∫ 2² - 2²sen²(θ) dx =
22sen²(θ)

∫ 2²(1 - sen²(θ)) dx
22sen²(θ)

Aplicando a relação trigonométrica fundamental, obtemos:

∫ 2²cos²(θ) dx =
22sen²(θ)

2cos²(θ)
∫ dx
22 sen²(θ)
Para se realizar o cálculo dessa integral, deve-se realizar a substituição do
diferencial dx por um outro termo em relação ao diferencial dθ. Para isso, cal-
cula-se a derivada de x em função de θ:

x = 2sen(θ)
dx
dθ = 2sen(θ)
dx = 2cos(θ)dθ

CÁLCULO INTEGRAL 117

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Efetua-se, portanto, a substituição do diferencial dx:

2cos(θ)
∫ dx =
22sen²(θ)
2cos(θ)
∫ 2 2cos(θ)dθ =
2 sen²(θ)
2²cos²(θ)
∫ 2 dθ =
2 sen²(θ)
cos²(θ)
∫ dθ =
sen²(θ)
∫ cot²(θ)dθ
Aplicando a relação trigonométrica da cotangente apresentada no Quadro
4, tem-se:

∫ [csc²(θ) - 1]dθ =
-cot(θ) - θ + c

Uma vez finalizada a manipulação e o cálculo da integral, deve-se retornar


para a variável original (x), uma vez que a resposta que obtivemos está escri-
ta em função da variável θ. Para que ocorra essa conversão para a variável
x, concebe-se um triângulo retângulo pertencente ao primeiro quadrante da
seguinte forma:

2 x

0
4-x2
Figura 2. Triângulo no primeiro quadrante.

Esse triângulo é construído a partir do ângulo θ e das definições trigonomé-


tricas de seno e cosseno. Uma vez que:

x = 2sen(θ)

CÁLCULO INTEGRAL 118

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Pode-se reescrever o seno como:

x
sen(θ) = 2

Cateto oposto
Recorda-se que a razão que define o seno é escrita em termos de Hipotenusa .
Portanto, comparando-se as duas frações, atribui-se o valor do cateto oposto
como sendo x, e a hipotenusa = 2. Pelo teorema de Pitágoras, obtém-se o valor
do outro cateto.
A partir desse triângulo, pode-se definir a cotangente em função de x, uma
vez que ela é dada por Cateto adjacente.
Cateto oposto
Daí, tem-se que:

Cateto adjacente 4 - x²
cot(θ) = =
Cateto oposto x

Reescrevendo θ de acordo com função arco seno presente no Quadro 4:


x
θ = arc sen 2

Portanto, reescreve-se a função resultante da integral anterior:

- cot(θ) - θ + c =

- 4 - x² - arc sen x + c
x 2

Por fim, ressaltamos que, para o desenvolvimento desse método, deve-se


levar em conta três passos. Primeiro, é preciso reconhecer o radical a ser elimi-
nado e efetuar a devida substituição, de acordo com o Quadro 5.
Posteriormente, deve-se manipular o diferencial dx de modo a reescrevê-lo
em função de dθ , e calcular a integral resultante. No último passo, constrói-se
um triângulo e nomeia-se os lados a partir de θ, para reescrever a expressão
em função de x como foi explicitado na Figura 2.

Integração por frações parciais


Prosseguindo com os métodos de integração, analisaremos as funções ra-
cionais. Elas são definidas em termos de razões polinomiais, escritas na forma:

CÁLCULO INTEGRAL 119

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g(x)
f(x) =
h(x)

Nessa representação, temos que g(x) e h(x) representam polinômios, onde


h(x) ≠ 0. Queremos, aqui, desenvolver um método de integração que seja capaz
de resolver integrais que apresentem seus integrandos dessa forma. O método
da integração por frações parciais realiza essa função.
Esse método busca, primeiramente, simplificar a representação dessa fra-
ção, de modo a decompô-la em somas de funções racionais menos complexas,
que sejam facilmente integráveis. O método baseia-se na ideia do MMC, mas
ao contrário, ou seja, se no MMC buscamos um denominador comum para as
frações, agora, iremos buscar dois denominadores distintos, que satisfaçam a
representação inicial.
A fim de se explicar o funcionamento do método, toma-se a seguinte inte-
gral como exemplo:
Exemplo D:

Calcule: ∫ x-1
dx
x³ - x² - 2x

Como descrito anteriormente, a ideia desse método de integração é inversa


ao MMC, portanto, deve-se encontrar denominadores que, ao serem multipli-
cados, geram o polinômio presente no denominador do integrando.
Como já é de seu conhecimento, os polinômios podem ser fatorados com
base em suas raízes, o que deixa o método de integração por partes muito mais
simples. Devemos, portanto, encontrar as raízes do denominador e fatorá-lo,
para obtermos um produto de polinômios.
Ao calcularmos as raízes do denominador, obtemos:

x³ - x² - 2x = x(x - 2)(x + 1)

Uma vez reescrito o denominador como um produto de funções, pode-se


reescrever a integral da seguinte forma:

x-1
∫ dx
x(x - 2)(x + 1)

CÁLCULO INTEGRAL 120

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Ainda assim, isso não auxilia diretamente na resolução da integral, mas man-
tém a ideia do MMC ao contrário. Encontramos os denominadores que, quando
multiplicados, dão origem ao primeiro, ou seja, cada um compõe uma razão parti-
cular, com numeradores particulares (A, B e C), que deram origem à razão anterior:

x-1
= A B C
x + x-2 + x+1
x(x - 2)(x + 1)

Portanto, deve-se encontrar esses numeradores para, assim, reescrever a


integral inicial em função deles, e, desse modo, efetuar seu cálculo. Para en-
contrar esses numeradores, basta efetuar o cálculo do MMC do lado direito
da igualdade, e compará-lo com o lado esquerdo, de modo a estabelecer um
sistema de equações:

x-1
= A B C
x + x-2 + x+1
x(x - 2)(x + 1)
x-1
= A(x - 2)(x + x(x
1) + Bx(x + 1) + Cx(x - 2)
- 2)(x + 1)
x(x - 2)(x + 1)

x - 1 = A(x - 2)(x + 1) + Bx(x + 1) + Cx(x - 2)

x - 1 = Ax² - Ax - 2A + Bx² + Bx + Cx² - 2Cx

Comparando-se os dois lados da igualdade, termo a termo, tem-se que, para x2:

0x² = Ax² + Bx² + Cx²

Para os termos que acompanham x, tem-se:

x = -Ax + Bx = 2Cx

Por fim, para os termos constantes, obtém-se:

-1 = -2A

Desse modo, descobre-se o valor de A por meio da equação referente às


constantes descobertas:
-1 = -2A
-1
A = -2

A= 1
2

CÁLCULO INTEGRAL 121

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Realizando as devidas substituições algébricas e efetuando os cálculos, en-
contramos, de maneira simplificada, o valor dos numeradores B e C, que seriam:

1
B= 6

C = -2
3

Uma vez encontrados tais valores, resta apenas substituí-los na integral ini-
cial e manipulá-la para ser resolvida:

x-1
∫ dx =
x(x - 2)(x + 1)

∫ Ax + x B- 2 + x +
C dx =
1

∫ Ax dx + ∫ x B- 2 dx + ∫ x +
C dx =
1

1 1 -2
∫ 2 dx + ∫ 6 dx + ∫ 3 dx
x x-2 x+1

Até agora, fizemos com que a integral inicial, na forma de uma função racio-
nal, fosse transformada em três outras que, com os métodos convencionais,
podem ser integradas. Seguem os cálculos referentes às três derivadas encon-
tradas no desenvolvimento acima:

1
1
I) ∫ 2 dx = 2 ln|x| + c
x
1
1
II) ∫ 6
dx = 6 ln|x - 2| + c
x-2

-2
-2
III) ∫ 3 dx = 3 ln|x + 1| + c
x+1

Por fim, o resultado da integral inicial assume a seguinte forma:

x-1 1 1 2
∫ dx = ln|x| + ln|x - 2| - ln|x + 1| + c
x³ - x² - 2x 2 6 3

CÁLCULO INTEGRAL 122

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Em suma, o método resume-se em:

QUADRO 6. PASSOS DA INTEGRAL POR FRAÇÕES PARCIAIS

NÚMERO DO PASSO O QUE FAZER

1º Reescrever o denominador da função racional em fatoração polinomial

2º Fragmentar a fração racional em outras frações

3º Encontrar os numeradores de cada uma dessas frações

4º Substituir os valores nas integrais

5º Fragmentar a integral inicial em outras integrais solúveis

6º Efetuar o cálculo dessas integrais

Integração por substituições: u du em diferentes casos


Os métodos de substituições são muito utilizados para o cálculo de diferen-
tes integrais. Desses, o mais simples é a chamada substituição u du, em que se
substitui a variável x por uma variável u e retoma-se a inicial.
A ideia desse método de integração é que, através da substituição, obtenha-
-se integrais mais simples, já conhecidas por nós. Vamos ao exemplo:
Exemplo E:
Calcule: ∫ (x² + 2)³² 2xdx
Dentre as integrais já conhecidas, temos as polinomiais, como a do Exemplo E.
Porém, note que, se fosse resolvido pela simples integração polinomial, seria ne-
cessário abrir o polinômio com potência 32, o que seria extremamente trabalhoso.
Portanto, para evitá-la, devemos encontrar um termo para ser substituído
por u, para que possamos manipular a integral de forma mais simples. Não há
uma regra específica para esse tipo de substituição, mas o ideal é que o termo
escolhido tenha sua derivada du facilmente identificável no integrando inicial.
Nesse exemplo, poder-se-ia realizar a substituição da seguinte maneira:

u = x² + 2
Ao se cogitar esse tipo de substituição, concebe-se sua derivada e seu dife-
rencial du da seguinte forma:

CÁLCULO INTEGRAL 123

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u = x² + 2
du
=2
dx
du = 2xdx

Nota-se que, ao realizar a substituição de x² + 2 por u, encontra-se sua de-


rivada como sendo 2x dx, expressão que está presente na integral inicial. Por-
tanto, ao realizar essa substituição, reescrevemos a integral em função de uma
variável u e um diferencial du. Vejamos:

∫ (x² + 2)³² 2x dx

Efetuando a substituição:

∫ (u)³² du

A integral de interesse, que inicialmente era um produto de funções, passa


a ser uma integral polinomial simples, que pode ser integrada pelas regras bá-
sicas aprendidas anteriormente. Portanto, calcula-se seu resultado:

∫ (u)³² du =
u³³
+C
33
Uma vez integrada com a nova variável, resta-nos escrevê-la em função da
variável x, novamente:

u³³
+C=
33
(x² + 2)³³
+C
33

Esse tipo de substituição pode ser utilizada também em termos trigonomé-


tricos, como senos e cossenos. Segue exemplo:
Exemplo F:

cos (x)
Calcule: ∫ sen (x) dx
Para resolvermos esse caso, pode-se pensar na utilização de duas substitui-
ções: u = cos(x) ou u = sen(x). Porém, qual seria a mais viável? Vamos descobrir!
No primeiro caso, a substituição seria:

u = cos(x)

CÁLCULO INTEGRAL 124

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Encontrando o diferencial du, teríamos o seguinte:

u = cos(x)
du
= -sen(x)
dx
du = sen(x)dx

Nesse caso, porém, não haveria como efetuar uma substituição direta do
diferencial na integral, o que impossibilitaria resolver da integral. Testemos,
portanto, a segunda substituição:

u = sen(x)

Encontrando o diferencial du, tem-se que:

u = sen(x)
du
= -cos(x)
dx
du = cos(x)dx

Note que, com essa substituição, é possível reescrever a integral inicial em


termos mais simples, tal qual:

1
∫ u du =
ln|sen(x)| + c

Portanto, a integral inicial composta por uma razão trigonométrica, foi


substituída por uma simples potência polinomial já conhecida. Desse modo,
soluciona-se a integral da seguinte forma:

1
∫ u du =
ln|sen(x)| + c

Por fim, retorna-se para a variável original:

ln|u| + c
ln|sen(x)| + c

Esse método é bastante útil para a resolução de diversos tipos de integrais,


porém, não há uma regra definida para sua utilização, ou seja, em algumas

CÁLCULO INTEGRAL 125

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vezes é necessário supor algumas substituições e verificar sua impossibilidade
para, aí sim, realizar a substituição que torna as integrais solúveis.
Existem casos, porém, que não há como optar por uma opção que envolva
uma substituição direta na integral de interesse e, portanto, torna-se necessá-
rio o uso de manipulações algébricas. Por exemplo:
Exemplo G:
Calcule: ∫ (2x - 1) dx
Nesse caso, não há como efetuar uma substituição trigonométrica, prefe-
rindo-se uma substituição do termo interno da função:

u = 2x - 1

Efetuando o cálculo do diferencial du:

u = 2x - 1
du
=2
dx
du = 2dx
Ao encontrar o diferencial du, notamos que não é possível fazer uma substi-
tuição direta, pois não há um termo 2dx no integrando. Para podermos substi-
tuir algo, é necessário que haja uma manipulação algébrica, de modo a satisfa-
zer a igualdade du = 2dx. Essa, que é realizada a partir da integral inicial:

∫ (2x - 1) dx
Como é necessário que apareça um 2 no integrando, vamos multiplicá-la e
dividi-la pelo número:

2
∫ (2x - 1) dx
2

EXPLICANDO
Esse é um recurso matemático muito utilizado em diversas situações. A
pergunta que se faz é: por que isso é válido?
Lembre-se que, ao multiplicar um número por 1, nada é alterado, pois ele
é chamado de elemento neutro da multiplicação. Sabendo disso, pode-se
escrever o número 1 de diversas formas; 11 é uma forma válida, assim
como outras frações equivalentes 22 , 33 , entre outras. Nada foi adicionado
sem que houvesse uma explicação aritmética para isso, totalmente valida-
da nas propriedades dos números reais.

CÁLCULO INTEGRAL 126

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Desse modo, pode-se passar o número 2 que multiplica a integral para den-
tro dela, por se tratar de uma constante, reescrevendo-a da seguinte maneira:

1
∫ (2x - 1) 2dx
2

Dessa maneira, torna-se possível substituir alguns termos, da seguinte forma:

1
∫ (2x - 1) 2dx
2
1
∫ u du
2
1 1
∫ u 2 du
2

Portanto, a integral inicial, que não poderia ser resolvida por nenhum dos
métodos de integração que conhecíamos, tampouco pelas integrais, pode, ago-
ra, ser resolvida por uma simples integral de potência polinomial.
Em suma, esse método de integração não pressupõe uma regra de aplica-
ção pré-definida, e, muitas vezes, requer que o estudante tente algumas alter-
nativas para prosseguir na resolução das integrais. Vale sempre ressaltar que,
quanto mais exercícios e exemplos você resolver, mais fácil será a identificação
dos métodos de integração a serem utilizados para as integrais definidas.

Aplicações da integral definida


As integrais têm um sentido epistêmico imensurável para o conhecimen-
to matemático aplicado e teórico. A teoria nos mostra os cálculos com os
infinitos, tanto macro quanto micro, desde o infinitesimal até os limites ten-
dendo ao infinito. As implicações disso são inúmeras, tais como métodos
analíticos para determinação de áreas, volumes, comprimentos de arcos,
dentre outros.
Vamos explorar a aplicação das derivadas na resolução desses problemas e
aplicar os conhecimentos teóricos e práticos das derivadas para o cálculo de al-
guns desses objetos matemáticos. Tudo isso é bagagem essencial na formação
tanto de um matemático quanto de um engenheiro, e ainda, para um profissio-
nal categorizado na área de exatas.

CÁLCULO INTEGRAL 127

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Ao final dessa seção, você será capaz de compreender como o instrumento
matemático chamado integral é poderoso para a mensuração de alguns ob-
jetos. Caso tenha chegado até esse ponto e compreendido o que são funções
e suas representações geométricas, será, também, capaz de entender como a
manipulação através da integral pode ser múltipla, e notará que a criatividade
para trabalhar com essas ferramentas é essencial.

Áreas
As integrais podem ser utilizadas para inúmeros fins, um deles é o possível
cálculo de áreas. Porém, mesmo seu uso pode ser extremamente diverso, por
isso, vamos dar foco em um tipo determinado de cálculo de áreas: as áreas
entre curvas.
Considere o exemplo abaixo, que será nosso objeto de estudo a partir de agora:
Exemplo A:
Encontre a área (A) sinalizada entre as curvas f(x) = x² + 1 e g(x) = 2

GRÁFICO 1. ÁREA DE INTERESSE ENTRE AS CURVAS

-1 0 1 2 3 4

CÁLCULO INTEGRAL 128

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Para efetuar esse cálculo, é necessário que relembremos o conceito de inte-
gral definida. Ela é uma ferramenta matemática que mensura áreas embaixo de
uma curva, então, o que faremos aqui é simplesmente rebuscar esse conceito.
2
É verdade que, para o cálculo da seguinte área, define-se a integral ∫1 g(x)dx:

GRÁFICO 2. ÁREA ABAIXO DE G(X)

-1 0 1 2 3

2
De modo análogo, para o cálculo da seguinte área, define-se a integral ∫1 f(x)dx:

GRÁFICO 3. ÁREA ABAIXO DE F(X)

0 1 2 3

CÁLCULO INTEGRAL 129

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Desse modo, compreende-se que a área mensurada no Gráfico 3, subtraída
da área no Gráfico 2, resultará na área de interesse no Gráfico 1. Portanto deve-
-se, apenas, escrever essa representação imagética de forma algébrica:

2 2
A = ∫1 f(x)dx - ∫1 g(x)dx
2 2
A = ∫1 x² + 1dx - ∫1 2dx

A = x³
2 2

3 + x |1 - [2x] |1

A = 10
3 -2
A= 43

Portanto, para se calcular áreas entre curvas, utilizando o conceito de inte-


gral definida, deve-se efetuar somas ou subtrações das funções dadas e mani-
pular as integrais geradas para se delimitar a região de interesse.

Volumes
Outra aplicação das integrais refere-se ao cálculo de volumes. Assim como
no cálculo de áreas, esta também é muito diversa. Trataremos, aqui, apenas do
cálculo de volume referente ao sólido de revolução construído a partir do eixo
x, que é dado pela seguinte fórmula:

b
V = ∫a π[f(x)]²dx

Essa integral é utilizada para o cálculo de um sólido criado a partir de uma cur-
va, rotacionada no eixo x. As constantes a e b definem o intervalo de integração, ou
seja, definem o segmento da curva que será rotacionada no eixo x. O f(x) refere-se
à curva que será rotacionada, podendo ser, por exemplo, uma parábola x², uma
reta na forma ax+ b. Qualquer função colocada nessa integral será rotacionada e
gerará um sólido, com um volume a ser calculado pela resolução da integral.

ASSISTA
As fórmulas matemáticas que utilizamos são fruto de um processo dedu-
tivo, ou seja, utilizamos de uma verdade matemática para chegarmos em
outras. As demonstrações funcionam como justificativa para validar uma
fórmula – é importante ter isso em mente.

CÁLCULO INTEGRAL 130

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A demonstração para essa fórmula pode ser assistida no vídeo Volume
de Sólido de Revolução – Método dos Discos Cilíndricos, do canal Ma-
temática Universitária. Lembre-se que não é necessário que se conheça
a demonstração de um objeto matemático para utilizá-lo. Conhecer as
demonstrações, nesse caso, é um estudo que agrega o conhecimento do
aluno, mas não é imprescindível para o entendimento do assunto.

Para a construção referente ao eixo y, basta mudar os parâmetros da for-


mula de x para y. Para entender como se utiliza essa integral para o cálculo de
volume, ou seja, para entender como resolver a integral, analisemos o exemplo
a seguir:
Exemplo B:
Calcule o sólido formado pela rotação de f(x) = x com relação ao eixo x, de-
limitado de 0 a 2.

GRÁFICO 4. DA FUNÇÃO F(X)

1.5

0.5

-0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5

Para efetuar o cálculo desse volume, basta aplicar a fórmula com relação
ao eixo x. Portanto, tem-se que o volume V do sólido formado pela rotação de
f(x) é dado por:

CÁLCULO INTEGRAL 131

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2
V = ∫0 π[f(x)]²dx
2
V = ∫0 π[x]²dx

V = π x3 |0
³ 2

V = π x3 |0
³ 2

V = 83π

O valor encontrado refere-se ao volume do sólido formado pela curva rota-


cionada no eixo x.

Comprimento do arco de uma curva


Outra possível aplicação das integrais é para o cálculo de comprimentos de
arcos de uma curva. Esse comprimento refere-se ao tamanho que a função tem
ao longo de um intervalo de interesse. Para isso, considere a função f(x) = x² entre
[0, 2] no Gráfico 5:

GRÁFICO 5. DA FUNÇÃO F(X)

0 1 2 3

CÁLCULO INTEGRAL 132

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Para descobrir o comprimento dessa curva, considere um pedaço extrema-
mente pequeno dela, definido pela variação infinitesimal dL:

GRÁFICO 6. REPRESENTAÇÃO DO INFINITESIMAL DL

dL

dy
2

dx

0 1 2 3

Por menor que seja o tamanho destacado (dL) há uma correspondência en-
tre as variações de x e y. Em outras palavras, os infinitesimais dx e dy. A partir
disso, podemos construir um triângulo pitagórico:

dL

dy

dx
Figura 3. dL em função de dy e dx.

Desse modo, utilizando o teorema de Pitágoras, escreve-se dL em função


de dx e dy:

CÁLCULO INTEGRAL 133

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dL2 = dx2 + dy2
dL2 = dx2 + dy2

Colocando o dx² em evidência, reescreve-se a fórmula:

dL = 1 + dy dx
dx
dL= 1 + ( f’(x)) 2dx

DICA
Essa opção por colocar em evidência o dx² é apenas uma manipulação
matemática, de caráter criativo para que se consiga reescrever a fórmula
em um formato que seja possível o cálculo da integral. O que aconteceria
se não fosse feito isso? Caso fosse colocado em evidência dy², o que
aconteceria? Tente efetuar outras manipulações e veja o que aconteceria!

Portanto, se lembrarmos que a integral se refere a uma soma de termos in-


finitesimais, podemos aplicá-la em ambos os lados da igualdade. Isso significa
que, se do lado esquerdo eu tenho pedaços minúsculos de L, então, ao somar
todos eles, terei L no final:

dL = 1 + ( f’(x)) 2dx
b b
∫a dL= ∫a 1 + ( f’(x)) 2dx
b
L = ∫a 1 + ( f’(x)) 2dx

Descobrimos, portanto, a fórmula que efetua o cálculo do comprimento de uma


curva, e por fim, vamos aplicá-la ao exemplo, obtendo o valor desse comprimento:
2
L = ∫0 1 + ( f’(x)) 2dx
2
L = ∫0 1 + (2x) 2dx
2
L = ∫0 1 + 4x2dx

Resolvendo essa integral por substituição trigonométrica (estudada no capítulo


anterior), e aplicando os limites de integração, tem-se um valor aproximado de L:
L = 4,65
Portanto, a partir dessa fórmula, é possível determinar o comprimento de
qualquer curva que permita a resolução da integral anterior.

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Sintetizando
Ao final do estudo dessa unidade, retoma-se os objetivos que foram traça-
dos em seu início, avaliando como foram desenvolvidos ao longo da unidade.
Os objetivos, em um sentido geral, almejaram aspectos da formação técnica e
aplicada dos alunos que buscam em um curso de Cálculo Integral agregar em
sua formação como profissional de exatas.
O primeiro objetivo tratava das habilidades de execução e compreensão
dos métodos de integração. Ao longo da primeira seção foram detalhados e
exemplificados esses principais métodos, tais como a integração por partes,
substituições trigonométricas e u du, e frações parciais. Desse modo, aponta-se
que o objetivo foi contemplado com o desenvolvimento teórico dessa unidade.
O outro objetivo almejava a capacidade de identificação das integrais defi-
nidas em problemas específicos que envolviam mensuração de volume, área e
comprimento de arco de função. Devido a imensa gama de possibilidades de
explorar tais assuntos, a segunda seção abordou os tópicos iniciais de cada um
dos temas, cumprindo o objetivo traçado de maneira fidedigna.

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Referências bibliográficas
ANTON, H. Calculus: a new horizon. New Jersey: Wiley, 1998.
VOLUME de Sólido de Revolução – Método dos Discos Cilíndricos. Postado
por Matemática Universitária. (12min. 47s.). Disponível em: <https://www.you-
tube.com/watch?v=Mqdmh711xCQ>. Acesso em: 31 ago. 2019.

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