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CÓD:OP-016OT-22

7908403527830

CBM-BA
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DA BAHIA

Curso de Formação de Soldado


EDITAL DE ABERTURA DE INSCRIÇÕES-SAEB/05/2022, DE 27 DE SETEMBRO
DE 2022
• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

• Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada,

• Dúvidas sobre matérias podem ser enviadas através do site: www.apostilasopção.com.br/contatos.php, com retorno do professor
no prazo de até 05 dias úteis.,

• É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal.

Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização.


ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos. Tipologia textual e gêneros textuais.................................................................. 7
2. Ortografia oficial................................................................................................................................................................. 16
3. Acentuação gráfica............................................................................................................................................................. 17
4. Classes de palavras............................................................................................................................................................. 17
5. Uso do sinal indicativo de crase........................................................................................................................................... 24
6. Sintaxe da oração e do período.......................................................................................................................................... 24
7. Pontuação.................................................................................................................................................................................... 26
8. Concordância nominal e verbal........................................................................................................................................... 27
9. Regência nominal e verbal................................................................................................................................................. 29
10. Significação das palavras.................................................................................................................................................... 30

Matemática
1. Conjuntos numéricos: Números Naturais, Inteiros, Racionais, Reais e Complexos (forma algébrica e forma trigonométrica).
Operações, propriedades e aplicações. ....................................................................................................................................... 39
2. Sequências numéricas, progressão aritmética e progressão geométrica. ................................................................................... 48
3. Álgebra: Expressões algébricas. .................................................................................................................................................. 53
4. Polinômios: operações e propriedades. ...................................................................................................................................... 55
5. Equações polinomiais e inequações relacionadas......................................................................................................................... 59
6. Funções: generalidades. Funções elementares: 1º grau, 2º grau, modular, exponencial e logarítmica, gráficos. Propriedades...... 62
7. Sistemas lineares, Matrizes e Determinantes: Propriedades, aplicações. ................................................................................... 76
8. Análise Combinatória: Arranjos, Permutações e Combinações simples, Binômio de Newton e Probabilidade em espaços
amostrais finitos.......................................................................................................................................................................... 86
9. Geometria e Medidas: Geometria plana: figuras geométricas, congruência, semelhança, perímetro e área. Geometria
espacial: paralelismo, perpendicularismo entre retas e planos, áreas e volumes dos sólidos geométricos: prisma, pirâmide,
cilindro, cone e esfera. Geometria analítica no plano: retas, circunferência e distâncias. .......................................................... 92
10. Trigonometria: razões trigonométricas, funções, fórmulas de transformações trigonométricas, equações e triângulos............ 104

Ciências Naturais
1. Visão unificada do mundo físico, químico e biológico, com base nos aspectos do funcionamento e da aplicação de
conhecimentos às situações encontradas na vida cotidiana. ...................................................................................................... 111
2. Estabelecimento de relações entre os vários fenômenos e as principais leis e teorias da Física, relacionando o conhecimento
e a compreensão de seus princípios, leis e conceitos fundamentais à vida prática. ................................................................... 112
3. Identificação de compostos químicos, correlacionando estruturas, propriedades e utilização tecnológicas. ............................. 204
4. Aplicações modernas de materiais e de substâncias químicas. .................................................................................................. 214
5. Realização de cálculos envolvendo variáveis, tabelas, equações, gráficos, a partir de leis e de princípios de conhecimentos
químicos relacionados à vida diária. ............................................................................................................................................ 217
6. Compreensão da organização da vida em seus diferentes níveis de expressão. ......................................................................... 219
7. Interpretação da biodiversidade manifesta as estruturas especializadas de plantas e de animais. ............................................. 221
8. Análise do potencial de utilização de ecossistemas naturais. ...................................................................................................... 222
9. A vida em seu contexto ecológico. Os fundamentos da ecologia: a biosfera, a grande teia da vida............................................ 225
10. As estratégias ecológicas de sobrevivência. ................................................................................................................................ 227
11. Interferência do homem na dinâmica dos ecossistemas. ............................................................................................................ 228
12. Saúde e vida: epidemias e endemias no Brasil............................................................................................................................. 229
13. Natureza mutável e o contexto de transformações contínuas...................................................................................................... 232
14. A tecnologia a serviço do desenvolvimento social e da manutenção da vida no planeta............................................................. 232
ÍNDICE

Atualidades (Digital)
1. Globalização: conceitos, efeitos e implicações sociais, econômicas, políticas e culturais........................................................... 237
2. Multiculturalidade, Pluralidade e Diversidade Cultural................................................................................................................ 243
3. Tecnologias de Informação e Comunicação: conceitos, efeitos e implicações sociais, econômicas, políticas e culturais............ 244

Informática
1. Conceitos e modos de utilização de aplicativos para edição de textos (Word, Writer), planilhas (Excel, Calc), apresentações
(PowerPoint, Impress); Microsoft Office (versão 2007 e superiores), LibreOffice (versão 5.0 e superiores). ............................ 267
2. Sistemas operacionais Windows 7, Windows 10 e Linux. Atalhos de teclado, ícones, área de trabalho e lixeira. ..................... 276
3. Organização e gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas. ......................................................................... 285
4. Conceitos básicos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos associados à Internet e
intranet. .................................................................................................................................................................................... 288
5. Correio eletrônico. ..................................................................................................................................................................... 296
6. Computação em nuvem.............................................................................................................................................................. 299

Direito Constitucional
1. Constituição da República Federativa do Brasil: Poder Constituinte.............................................................................................. 305
2. Dos direitos e garantias fundamentais: Dos direitos e deveres individuais e coletivos, Da nacionalidade, Dos direitos políticos.... 306
3. Da organização do Estado: político-administrativa, Da União, Dos Estados federados, Do Distrito Federal e dos Territórios....... 315
4. Da administração pública: Disposições gerais, Dos servidores públicos, Dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios..................................................................................................................................................................................... 322
5. Da organização dos poderes: poder Legislativo, Congresso Nacional, atribuições do Congresso Nacional, Da Câmara dos
Deputados, Do Senado Federal..................................................................................................................................................... 328
6. Do Poder Executivo, Do Presidente e do Vice-Presidente da República (atribuições do Presidente da República)Do Conselho
da República e do Conselho de Defesa Nacional........................................................................................................................... 336
7. Do Poder Judiciário: disposições gerais.......................................................................................................................................... 339
8. funções essenciais à Justiça. Ministério Público............................................................................................................................ 343
9. Da defesa do Estado e das instituições democráticas: estado de defesa e do estado de sítio, Forças Armadas, segurança
pública.......................................................................................................................................................................................... 347
10. Constituição do Estado da Bahia: servidores públicos militares, segurança pública estadual....................................................... 349

Direito Administrativo
1. Administração pública: conceito e princípios................................................................................................................................ 355
2. Poderes administrativos.............................................................................................................................................................. 356
3. Atos administrativos.Conceito.Atributos.Requisitos.Classificação. Extinção................................................................................ 358
4. Organização administrativa: órgãos públicos (conceito e classificação), entidades administrativas (conceito e espécies).......... 362
5. Agentes públicos: espécies.......................................................................................................................................................... 370
6. Lei estadual nº 7.990, de 27 de dezembro de 2001 (Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Bahia)................................... 381
7. Lei nº 13.202/2014 (Institui a Organização Básica do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia)..................................................... 410
8. Lei estadual nº 12.929, de 27 de dezembro de 2013 (Dispõe sobre a Segurança Contra Incêndio e Pânico nas edificações e
áreas de risco no Estado da Bahia, cria o Fundo Estadual do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (FUNEBOM) que altera a
Lei estadual nº 6.896, de 28 de julho de 1995, e dá outras providências..................................................................................... 418
9. Decreto estadual nº 16.302, de 27 de agosto de 2015 (Regulamenta a Lei estadual nº 12.929, de 27 de dezembro de 2013,
que dispõe sobre a Segurança contra Incêndio e Pânico e dá outras providências).................................................................... 420
ÍNDICE

Direito Penal Militar


1. Dos crimes contra a autoridade ou disciplina militar: motim, revolta, conspiração, aliciação para motim ou revolta. Da
violência contra superior ou militar de serviço. Desrespeito a superior. Recusa de obediência. Oposição à ordem de
sentinela. Reunião ilícita. Publicação ou crítica indevida. Resistência mediante ameaça ou violência.................................. 439
2. Dos crimes contra o serviço militar e o dever militar: deserção, abandono de posto, descumprimento de missão, embriaguez
em serviço, dormir em serviço............................................................................................................................................... 442
3. Crimes contra a Administração Militar: desacato a superior, desacato a militar, desobediência, peculato, peculato-furto,
concussão, corrupção ativa, corrupção passiva, falsificação de documento, falsidade ideológica, uso de documento falso.
Dos crimes contra o dever funcional: prevaricação................................................................................................................ 444

Direitos Humanos
1. Precedentes históricos do Direito Humanitário: Liga das Nações e Organização Internacional do Trabalho (OIT).................... 453
2. A Declaração Universal dos Direitos Humanos/1948................................................................................................................. 457
3. Convenção Americana sobre Direitos Humanos/1969 (Pacto de São José da Costa Rica) (art. 1° ao 32)................................. 459
4. Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (art. 1° ao 15)...................................................................... 464
5. Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos/1966 (art. 1° ao 27)...................................................................................... 467
6. Declaração de Pequim Adotada pela Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres: Ação para Igualdade, Desenvolvimento
e Paz.......................................................................................................................................................................................... 471
7. Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio.......................................................................................... 473

Igualdade Racial e de Gênero


1. Constituição da República Federativa do Brasil (art. 1°, 3°, 4° e 5°).............................................................................................. 477
2. Constituição do Estado da Bahia, (Cap. XXIII “Do Negro”)............................................................................................................ 477
3. Lei federal n° 12.288, de 20 de julho de 2010 (Estatuto da Igualdade Racial)............................................................................... 477
4. Lei federal nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 (Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor)......................... 483
5. Lei federal n° 9.459, de 13 de maio de 1997 (Tipificação dos crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor)..................... 484
6. Decreto federal n° 65.810, de 08 de dezembro de 1969 (Convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas de
discriminação racial).................................................................................................................................................................... 484
7. Decreto federal n° 4.377, de 13 de setembro de 2002 (Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação
contra a mulher).......................................................................................................................................................................... 489
8. Lei federal nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha) e alterações propostas pelas Leis nº 13.827/2019,
13.871/2019 e 13.882/2019......................................................................................................................................................... 494
9. Código Penal Brasileiro (art. 140)................................................................................................................................................. 500
10. Lei federal n° 9.455, de 7 de abril de 1997 (Crime de Tortura)...................................................................................................... 501
11. Lei federal n° 2.889, de 1 de outubro de 1956 (Define e pune o Crime de Genocídio)................................................................. 501
12. Lei federal nº 7.437, de 20 de dezembro de 1985 (Lei Caó).......................................................................................................... 501
13. Lei estadual n° 10.549, de 28 de dezembro de 2006 (Secretaria de Promoção da Igualdade Racial), alterada pela Lei estadual
n° 12.212, de 04 de maio de 2011................................................................................................................................................ 502
14. Lei Federal nº 10.678, de 23 de maio de 2003, com as alterações da Lei federal nº 13.341, de 29 de setembro de 2016
(Referente à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República).......................................... 515
LÍNGUA PORTUGUESA

Tipos textuais
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS. TIPO- A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali-
LOGIA TEXTUAL E GÊNEROS TEXTUAIS dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se
apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- específico para se fazer a enunciação.
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas característi-
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o cas:
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido
completo. Apresenta um enredo, com ações e
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e relações entre personagens, que ocorre
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- em determinados espaço e tempo. É
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua TEXTO NARRATIVO
contado por um narrador, e se estrutura
interpretação. da seguinte maneira: apresentação >
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do desenvolvimento > clímax > desfecho
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta- Tem o objetivo de defender determinado
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- TEXTO ponto de vista, persuadindo o leitor a
tório do leitor. DISSERTATIVO partir do uso de argumentos sólidos.
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, ARGUMENTATIVO Sua estrutura comum é: introdução >
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- desenvolvimento > conclusão.
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido Procura expor ideias, sem a necessidade
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar de defender algum ponto de vista. Para
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. isso, usa-se comparações, informações,
TEXTO EXPOSITIVO
definições, conceitualizações etc. A
Dicas práticas estrutura segue a do texto dissertativo-
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con- argumentativo.
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa-
Expõe acontecimentos, lugares, pessoas,
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível,
de modo que sua finalidade é descrever,
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações.
TEXTO DESCRITIVO ou seja, caracterizar algo ou alguém.
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca
Com isso, é um texto rico em adjetivos e
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe-
em verbos de ligação.
cidas.
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon- Oferece instruções, com o objetivo de
te de referências e datas. TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de são os verbos no modo imperativo.
opiniões.
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques-
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- Gêneros textuais
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
quando afirma que... podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
Tipologia Textual sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali- Alguns exemplos de gêneros textuais:
dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele • Artigo
pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas • Bilhete
classificações. • Bula
• Carta
• Conto
• Crônica
• E-mail
• Lista
• Manual

7
LÍNGUA PORTUGUESA
• Notícia Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
• Poema que C é igual a A.
• Propaganda Outro exemplo:
• Receita culinária
• Resenha Todo ruminante é um mamífero.
• Seminário A vaca é um ruminante.
Logo, a vaca é um mamífero.
Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, também será verdadeira.
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali- No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
dade e à função social de cada texto analisado. a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
ARGUMENTAÇÃO sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa- confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
propõe. que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo outro fundado há dois ou três anos.
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de der bem como eles funcionam.
vista defendidos. Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
sos de linguagem. associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
escolher entre duas ou mais coisas”. zado numa dada cultura.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des-
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. Tipos de Argumento
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa-
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre- zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu-
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu- mento. Exemplo:
mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no Argumento de Autoridade
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos- pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur-
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a
enunciador está propondo. garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver-
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende dadeira. Exemplo:
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de
crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea- Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
mento de premissas e conclusões. ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe-
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: cimento. Nunca o inverso.

A é igual a B. Alex José Periscinoto.


A é igual a C. In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
Então: C é igual a A.

8
LÍNGUA PORTUGUESA
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor- Argumento do Atributo
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela, É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi-
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
acreditar que é verdade. que é mais grosseiro, etc.
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
Argumento de Quantidade lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú- alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida-
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento de.
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
largo uso do argumento de quantidade. competência linguística. A utilização da variante culta e formal da
língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social-
Argumento do Consenso mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como dizer dá confiabilidade ao que se diz.
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde
objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei-
que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu- ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade-
tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico:
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu- conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases por bem determinar o internamento do governador pelo período de
carentes de qualquer base científica. três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
Argumento de Existência guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar tal por três dias.
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
do que dois voando”. ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre- texto tem sempre uma orientação argumentativa.
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci- traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
comparação do número de canhões, de carros de combate, de na- dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
vios, etc., ganhava credibilidade. dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
outras, etc. Veja:
Argumento quase lógico
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são vam abraços afetuosos.”
chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi- O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí- fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en- que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra-
Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo” tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável. - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am-
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá-
aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con- rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser
correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor
tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas
fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente,
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações injustiça, corrupção).
indevidas. - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas
por um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir
o argumento.

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LÍNGUA PORTUGUESA
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con- - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta-
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por ria contra a argumentação proposta;
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite - refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos-
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, ta.
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir
outros à sua dependência política e econômica”. A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar-
gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa- válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi- não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de
o assunto, etc). sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani- tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men- Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé-
tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do
(como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto, ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões
sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co-
construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali- meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
dades não se prometem, manifestam-se na ação. de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana,
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar- regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che- série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo da verdade:
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se - evidência;
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu - divisão ou análise;
comportamento. - ordem ou dedução;
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli- - enumeração.
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro-
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí- A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
mica e até o choro. mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa- clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen- clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma caracteriza a universalidade. Há dois métodos fundamentais de ra-
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta- ciocínio: a dedução (silogística), que parte do geral para o particular,
ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse e a indução, que vai do particular para o geral. A expressão formal
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de- do método dedutivo é o silogismo. A dedução é o caminho das con-
bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a sequências, baseia-se em uma conexão descendente (do geral para
possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade o particular) que leva à conclusão. Segundo esse método, partin-
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar do-se de teorias gerais, de verdades universais, pode-se chegar à
um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun- previsão ou determinação de fenômenos particulares. O percurso
damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista. do raciocínio vai da causa para o efeito. Exemplo:
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu- Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis- Fulano é homem (premissa menor = particular)
curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia. Logo, Fulano é mortal (conclusão)
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia-
seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve- se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse
zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par-
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci-
aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol- dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo:
ver as seguintes habilidades: O calor dilata o ferro (particular)
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma O calor dilata o bronze (particular)
ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total- O calor dilata o cobre (particular)
mente contrária; O ferro, o bronze, o cobre são metais

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LÍNGUA PORTUGUESA
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por
meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con-
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise,
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo-
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu- operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim
são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, relacionadas:
uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são
algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
de sofisma no seguinte diálogo: a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco-
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? lha dos elementos que farão parte do texto.
- Lógico, concordo. Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca-
- Claro que não! racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
Exemplos de sofismas: um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
Dedução lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
Todo professor tem um diploma (geral, universal) partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Fulano tem um diploma (particular) confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme-
Indução nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (particu- classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me-
lar) Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação,
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
– conclusão falsa) espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís-
ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro- Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden- canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou sabiá, torradeira.
infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise
superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, base- Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
ados nos sentimentos não ditados pela razão. Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen- Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda- Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem
outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé-
processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par- tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de
ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é
demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de
classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por- uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais
que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro
pesquisa. o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou
todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de- seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização.
pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a (Garcia, 1973, p. 302304.)
síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in-
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres-
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio-
o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam.
todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina- É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição
das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos
o relógio estaria reconstruído. de vista sobre ele.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua- Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás-
gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento
ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco-
espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen- nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes,
cia dos outros elementos dessa mesma espécie. as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu-
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis-
definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa- sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos
lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro-
- o termo a ser definido; cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que
- o gênero ou espécie; raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe-
- a diferença específica. cífico de relação entre as premissas e a conclusão.

O que distingue o termo definido de outros elementos da mes- Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimen-
ma espécie. Exemplo: tos argumentativos mais empregados para comprovar uma afirma-
ção: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes-
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa-
Elemento especie diferença nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados
a ser definido específica apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por-
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par- que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em
tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é virtude de, em vista de, por motivo de.
advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan- Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli-
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta-
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: ção. Na explicitação por definição, empregam-se expressões como:
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista,
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
ou instalação”; entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
os exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito assim, desse ponto de vista.
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de-
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos ou respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan- espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
dida;d além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de
diferenças). se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma
ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta-
paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos
consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala- que, melhor que, pior que.
vra e seus significados.
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem- Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar
pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda- reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir-
mentação coerente e adequada. mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi-
bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no

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LÍNGUA PORTUGUESA
corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li- desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao
nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui-
justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a
caráter confirmatório que comprobatório. elaboração de um Plano de Redação.

Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli- Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por tecnológica
consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse
caso, incluem-se - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos-
mortal, aspira à imortalidade); ta, justificar, criando um argumento básico;
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula- - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
dos e axiomas); construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature- que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão (rever tipos de argumentação);
desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po-
parece absurdo). dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequ-
ência);
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con- argumento básico;
cretos, estatísticos ou documentais. - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu-
realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau- mento básico;
sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se-
quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opini- menos a seguinte:
ões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada,
e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que ex- Introdução
presse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade - função social da ciência e da tecnologia;
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra- - definições de ciência e tecnologia;
-argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar- - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
gumentação:
Desenvolvimento
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demons-
trando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraar- - apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol-
gumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”; vimento tecnológico;
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
condições de vida no mundo atual;
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica-
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver-
mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub-
dadeira;
desenvolvidos;
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi-
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas-
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali-
sado; apontar semelhanças e diferenças;
dade da afirmação;
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
banos;
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: con- - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
siste em refutar um argumento empregando os testemunhos de mais a sociedade.
autoridade que contrariam a afirmação apresentada;
Conclusão
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de- - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequ-
sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se ências maléficas;
em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes. - síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados apresentados.
estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen-
to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-
uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para contraar- ção: é um dos possíveis.
gumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é que
gera o controle demográfico”.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Texto: Na leitura, é muito importante detectar os pressupostos, pois
eles são um recurso argumentativo que visa a levar o receptor a
“Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um desses cra- aceitar a orientação argumentativa do emissor. Ao introduzir uma
ques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé), mas ainda tem ideia sob a forma de pressuposto, o enunciador pretende transfor-
um longo caminho a trilhar (...).” mar seu interlocutor em cúmplice, pois a ideia implícita não é posta
Veja São Paulo, 26/12/1990, p. 15. em discussão, e todos os argumentos explícitos só contribuem para
confirmála. O pressusposto aprisiona o receptor no sistema de pen-
Esse texto diz explicitamente que: samento montado pelo enunciador.
- Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são craques; A demonstração disso pode ser feita com as “verdades incon-
- Neto não tem o mesmo nível desses craques; testáveis” que estão na base de muitos discursos políticos, como o
- Neto tem muito tempo de carreira pela frente. que segue:
O texto deixa implícito que:
- Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se dos cra- “Quando o curso do rio São Francisco for mudado, será resolvi-
ques citados; do o problema da seca no Nordeste.”
- Esses craques são referência de alto nível em sua especialida- O enunciador estabelece o pressuposto de que é certa a mu-
de esportiva; dança do curso do São Francisco e, por consequência, a solução do
- Há uma oposição entre Neto e esses craques no que diz res- problema da seca no Nordeste. O diálogo não teria continuidade se
peito ao tempo disponível para evoluir. um interlocutor não admitisse ou colocasse sob suspeita essa cer-
Todos os textos transmitem explicitamente certas informações, teza. Em outros termos, haveria quebra da continuidade do diálogo
enquanto deixam outras implícitas. Por exemplo, o texto acima não se alguém interviesse com uma pergunta deste tipo:
explicita que existe a possibilidade de Neto se equiparar aos qua-
tro futebolistas, mas a inclusão do advérbio ainda estabelece esse “Mas quem disse que é certa a mudança do curso do rio?”
implícito. Não diz também com explicitude que há oposição entre
Neto e os outros jogadores, sob o ponto de vista de contar com A aceitação do pressuposto estabelecido pelo emissor permite
tempo para evoluir. A escolha do conector “mas” entre a segunda e levar adiante o debate; sua negação compromete o diálogo, uma
a primeira oração só é possível levando em conta esse dado implíci- vez que destrói a base sobre a qual se constrói a argumentação, e
to. Como se vê, há mais significados num texto do que aqueles que daí nenhum argumento tem mais importância ou razão de ser. Com
aparecem explícitos na sua superfície. Leitura proficiente é aquela pressupostos distintos, o diálogo não é possível ou não tem sentido.
capaz de depreender tanto um tipo de significado quanto o outro, A mesma pergunta, feita para pessoas diferentes, pode ser em-
o que, em outras palavras, significa ler nas entrelinhas. Sem essa baraçosa ou não, dependendo do que está pressuposto em cada
habilidade, o leitor passará por cima de significados importantes situação. Para alguém que não faz segredo sobre a mudança de
ou, o que é bem pior, concordará com ideias e pontos de vista que emprego, não causa o menor embaraço uma pergunta como esta:
rejeitaria se os percebesse.
Os significados implícitos costumam ser classificados em duas “Como vai você no seu novo emprego?”
categorias: os pressupostos e os subentendidos.
Pressupostos: são ideias implícitas que estão implicadas logica- O efeito da mesma pergunta seria catastrófico se ela se diri-
mente no sentido de certas palavras ou expressões explicitadas na gisse a uma pessoa que conseguiu um segundo emprego e quer
superfície da frase. Exemplo: manter sigilo até decidir se abandona o anterior. O adjetivo novo
estabelece o pressuposto de que o interrogado tem um emprego
“André tornou-se um antitabagista convicto.” diferente do anterior.
A informação explícita é que hoje André é um antitabagista
Marcadores de Pressupostos
convicto. Do sentido do verbo tornar-se, que significa “vir a ser”,
- Adjetivos ou palavras similares modificadoras do substantivo
decorre logicamente que antes André não era antitabagista convic-
Julinha foi minha primeira filha.
to. Essa informação está pressuposta. Ninguém se torna algo que
“Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as outras
já era antes. Seria muito estranho dizer que a palmeira tornou-se
nasceram depois de Julinha.
um vegetal.
Destruíram a outra igreja do povoado.
“Eu ainda não conheço a Europa.”
“Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma igreja além
A informação explícita é que o enunciador não tem conheci-
mento do continente europeu. O advérbio ainda deixa pressuposta da usada como referência.
a possibilidade de ele um dia conhecê-la.
As informações explícitas podem ser questionadas pelo recep- - Certos verbos
tor, que pode ou não concordar com elas. Os pressupostos, porém,
devem ser verdadeiros ou, pelo menos, admitidos como tais, por- Renato continua doente.
que esta é uma condição para garantir a continuidade do diálogo O verbo “continua” indica que Renato já estava doente no mo-
e também para fornecer fundamento às afirmações explícitas. Isso mento anterior ao presente.
significa que, se o pressuposto é falso, a informação explícita não
tem cabimento. Assim, por exemplo, se Maria não falta nunca a Nossos dicionários já aportuguesaram a palavrea copydesk.
aula nenhuma, não tem o menor sentido dizer “Até Maria compa- O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de que copi-
receu à aula de hoje”. Até estabelece o pressuposto da inclusão de desque não existia em português.
um elemento inesperado.

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LÍNGUA PORTUGUESA
- Certos advérbios Ora, o funcionário preterido, tendo recorrido a um subentendi-
do, poderia responder:
A produção automobilística brasileira está totalmente nas “Absolutamente! Estou falando em termos gerais.”
mãos das multinacionais.
O advérbio totalmente pressupõe que não há no Brasil indús- ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁ-
tria automobilística nacional. GRAFOS

- Você conferiu o resultado da loteria? São três os elementos essenciais para a composição de um tex-
- Hoje não. to: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar
A negação precedida de um advérbio de tempo de âmbito limi- cada uma de forma isolada a seguir:
tado estabelece o pressuposto de que apenas nesse intervalo (hoje)
é que o interrogado não praticou o ato de conferir o resultado da Introdução
loteria.
É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A
- Orações adjetivas introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial.

Os brasileiros, que não se importam com a coletividade, só se Desenvolvimento


preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fecham
os cruzamentos, etc. Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se importam desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a
com a coletividade. conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicio-
namento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a fina-
Os brasileiros que não se importam com a coletividade só se lidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão.
preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fecham Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e ap-
os cruzamentos, etc. tas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão.
Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros não se
importam com a coletividade. São três principais erros que podem ser cometidos na elabora-
ção do desenvolvimento:
No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restriti- - Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial.
va. As explicativas pressupõem que o que elas expressam se refere à - Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros.
totalidade dos elementos de um conjunto; as restritivas, que o que - Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las,
elas dizem concerne apenas a parte dos elementos de um conjun- dificultando a linha de compreensão do leitor.
to. O produtor do texto escreverá uma restritiva ou uma explicativa
segundo o pressuposto que quiser comunicar. Conclusão

Subentendidos: são insinuações contidas em uma frase ou um Ponto final de todas as argumentações discorridas no desen-
grupo de frases. Suponhamos que uma pessoa estivesse em visita volvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamen-
à casa de outra num dia de frio glacial e que uma janela, por onde tos levantados pelo autor.
entravam rajadas de vento, estivesse aberta. Se o visitante dissesse Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como:
“Que frio terrível”, poderia estar insinuando que a janela deveria “Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”.
ser fechada.
Há uma diferença capital entre o pressuposto e o subentendi- Parágrafo
do. O primeiro é uma informação estabelecida como indiscutível
tanto para o emissor quanto para o receptor, uma vez que decorre Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem
necessariamente do sentido de algum elemento linguístico coloca- esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve
do na frase. Ele pode ser negado, mas o emissor coloca o implici- conter introdução, desenvolvimento e conclusão.
tamente para que não o seja. Já o subentendido é de responsabi- - Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira
lidade do receptor. O emissor pode esconder-se atrás do sentido sintética de acordo com os objetivos do autor.
literal das palavras e negar que tenha dito o que o receptor depre- - Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução),
endeu de suas palavras. Assim, no exemplo dado acima, se o dono atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibili-
da casa disser que é muito pouco higiênico fechar todas as janelas, dade na discussão.
o visitante pode dizer que também acha e que apenas constatou a - Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupos-
intensidade do frio. tos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los.
O subentendido serve, muitas vezes, para o emissor proteger-
se, para transmitir a informação que deseja dar a conhecer sem se Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução,
comprometer. Imaginemos, por exemplo, que um funcionário re- desenvolvimento e conclusão):
cémpromovido numa empresa ouvisse de um colega o seguinte:
“Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha.
“Competência e mérito continuam não valendo nada como cri- Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado
tério de promoção nesta empresa...” perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psico-
trópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão
Esse comentário talvez suscitasse esta suspeita: estrutura suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o
caos. ”
“Você está querendo dizer que eu não merecia a promoção?” (Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Elemento relacionador: Nesse contexto.
Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha.
Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre
as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.
Conclusão: Enfim, viveremos o caos.

ORTOGRAFIA OFICIAL

A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso ana-
lisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memorizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que também
faz aumentar o vocabulário do leitor.
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar que
existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique atento!

Alfabeto
O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é conhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o alfabeto
se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo que
elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.

Uso do “X”
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxergar)
• Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)

Uso do “S” ou “Z”


Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser observadas:
• Depois de ditongos (ex: coisa)
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” (ex: casa > casinha)
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: populoso)

Uso do “S”, “SS”, “Ç”


• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão)
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)

Os diferentes porquês

Usado para fazer perguntas. Pode ser


POR QUE
substituído por “por qual motivo”
Usado em respostas e explicações. Pode
PORQUE
ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece
como a última palavra da frase, antes da
POR QUÊ
pontuação final (interrogação, exclamação,
ponto final)
É um substantivo, portanto costuma vir
PORQUÊ acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo
ou pronome

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

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LÍNGUA PORTUGUESA

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

A acentuação é uma das principais questões relacionadas à Ortografia Oficial, que merece um capítulo a parte. Os acentos utilizados
no português são: acento agudo (´); acento grave (`); acento circunflexo (^); cedilha (¸) e til (~).
Depois da reforma do Acordo Ortográfico, a trema foi excluída, de modo que ela só é utilizada na grafia de nomes e suas derivações
(ex: Müller, mülleriano).
Esses são sinais gráficos que servem para modificar o som de alguma letra, sendo importantes para marcar a sonoridade e a intensi-
dade das sílabas, e para diferenciar palavras que possuem a escrita semelhante.
A sílaba mais intensa da palavra é denominada sílaba tônica. A palavra pode ser classificada a partir da localização da sílaba tônica,
como mostrado abaixo:
• OXÍTONA: a última sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: café)
• PAROXÍTONA: a penúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: automóvel)
• PROPAROXÍTONA: a antepenúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: lâmpada)
As demais sílabas, pronunciadas de maneira mais sutil, são denominadas sílabas átonas.

Regras fundamentais

CLASSIFICAÇÃO REGRAS EXEMPLOS


• terminadas em A, E, O, EM, seguidas ou não do
cipó(s), pé(s), armazém
OXÍTONAS plural
respeitá-la, compô-lo, comprometê-los
• seguidas de -LO, -LA, -LOS, -LAS
• terminadas em I, IS, US, UM, UNS, L, N, X, PS, Ã,
ÃS, ÃO, ÃOS
táxi, lápis, vírus, fórum, cadáver, tórax, bíceps,
• ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido
PAROXÍTONAS ímã, órfão, órgãos, água, mágoa, pônei, ideia, geleia,
ou não do plural
paranoico, heroico
(OBS: Os ditongos “EI” e “OI” perderam o
acento com o Novo Acordo Ortográfico)
PROPAROXÍTONAS • todas são acentuadas cólica, analítico, jurídico, hipérbole, último, álibi

Regras especiais

REGRA EXEMPLOS
Acentua-se quando “I” e “U” tônicos formarem hiato com a vogal anterior, acompanhados ou não de saída, faísca, baú, país
“S”, desde que não sejam seguidos por “NH” feiura, Bocaiuva,
OBS: Não serão mais acentuados “I” e “U” tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo Sauipe
têm, obtêm, contêm,
Acentua-se a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos “TER” e “VIR” e seus compostos
vêm
Não são acentuados hiatos “OO” e “EE” leem, voo, enjoo
Não são acentuadas palavras homógrafas
pelo, pera, para
OBS: A forma verbal “PÔDE” é uma exceção

CLASSES DE PALAVRAS

Classes de Palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos
Roupa azul-marinho...
ADJETIVO seres
Brincadeira de criança...
Sofre variação em número, gênero e grau
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Determina os substantivos (de modo definido ou inde- A galinha botou um ovo.


ARTIGO finido) Uma menina deixou a mochila no ôni-
Varia em gênero e número bus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como co- Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO nectivos) Eu vou para a praia ou para a cachoei-
Não sofre variação ra?
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequên-
Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL cia
Três é a metade de seis.
Varia em gênero e número
Posso ajudar, senhora?
Ela me ajudou muito com o meu tra-
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo
PRONOME balho.
Varia em gênero e número
Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares
A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO etc.
A matilha tinha muita coragem.
Flexionam em gênero, número e grau.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza Ana se exercita pela manhã.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, Todos parecem meio bobos.
VERBO tempo, número, pessoa e voz. Chove muito em Manaus.
Verbos não significativos são chamados verbos de liga- A cidade é muito bonita quando vista
ção do alto.

Substantivo

Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...

Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão
que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.

Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

Novo Acordo Ortográfico


De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas e
festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou abreviaturas.
Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana, meses, estações do ano e em pontos cardeais.
Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em palavras de categorização.

Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar

Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:
CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS
DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais,
DE TEMPO
primeiramente de noite
Ao redor de; em frente a; à esquerda; por
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali
perto
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
nunca mais; de modo algum; de jeito ne-
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem
nhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

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LÍNGUA PORTUGUESA
Advérbios interrogativos Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para intro-
duzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de: • Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração.
• Lugar: onde, aonde, de onde Orgulhar-me-ei de meus alunos.
• Tempo: quando
• Modo: como DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou ora-
• Causa: por que, por quê ções, nem após ponto-e-vírgula.

Grau do advérbio Verbos


Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos. Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto (passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que possuem subdivisões.
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo
• Superlativo analítico: muito cedo (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
• Superlativo sintético: cedíssimo passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito per-
Curiosidades feito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são presente, futuro do pretérito.
aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o • Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito im-
uso de alguns prefixos (supercedo). perfeito, futuro.
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente;
salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) Os tempos verbais compostos são formados por um verbo
e ordem (ultimamente; depois; primeiramente). auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem flexão em tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no parti-
sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um cípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
sentido próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, • Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito,
mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designa- pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do preté-
ção (eis); de realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou me- rito.
lhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí). • Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito,
pretérito mais-que-perfeito, futuro.
Pronomes As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem,
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando,
isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no fazendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função
enunciado, ele pode ser classificado da seguinte maneira: de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particí-
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e po- pio) ou advérbio (gerúndio).
dem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, Tipos de verbos
nossos...) Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal.
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no Desse modo, os verbos se dividem em:
tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...) Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar,
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questio- vender, abrir...)
namentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...) • Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas termina-
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o ções quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...) • Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira (ser, ir...)
imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...) • Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situ- (falir, banir, colorir, adequar...)
ações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...) • Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sem-
pre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
Colocação pronominal • Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, acontecer...)
la, no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do • Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular
verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo). e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles: • Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se,
advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demons- pentear-se...)
trativos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no • Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções
gerúndio antecedidos por “em”. verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
Nada me faria mais feliz. • Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si pró-
prios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da • De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao
frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerún- sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)
dio não acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação, podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo do lago)
Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja equiva-
lente ao verbo “ser”.
Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).

Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, entre.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, du- Formação de Palavras
rante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc. A formação de palavras se dá a partir de processos morfológi-
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, cos, de modo que as palavras se dividem entre:
defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc. • Palavras primitivas: são aquelas que não provêm de outra
palavra. Ex: flor; pedra
Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele- • Palavras derivadas: são originadas a partir de outras pala-
cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de: vras. Ex: floricultura; pedrada
• Causa: Morreu de câncer. • Palavra simples: são aquelas que possuem apenas um radi-
• Distância: Retorno a 3 quilômetros. cal (morfema que contém significado básico da palavra). Ex: cabelo;
• Finalidade: A filha retornou para o enterro. azeite
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. • Palavra composta: são aquelas que possuem dois ou mais
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. radicais. Ex: guarda-roupa; couve-flor
• Lugar: O vírus veio de Portugal.
Entenda como ocorrem os principais processos de formação de
• Companhia: Ela saiu com a amiga.
palavras:
• Posse: O carro de Maria é novo.
• Meio: Viajou de trem.
Derivação
Combinações e contrações A formação se dá por derivação quando ocorre a partir de uma
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- palavra simples ou de um único radical, juntando-se afixos.
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e • Derivação prefixal: adiciona-se um afixo anteriormente à pa-
havendo perda fonética (contração). lavra ou radical. Ex: antebraço (ante + braço) / infeliz (in + feliz)
• Combinação: ao, aos, aonde • Derivação sufixal: adiciona-se um afixo ao final da palavra ou
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso radical. Ex: friorento (frio + ento) / guloso (gula + oso)
• Derivação parassintética: adiciona-se um afixo antes e outro
Conjunção depois da palavra ou radical. Ex: esfriar (es + frio + ar) / desgoverna-
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- do (des + governar + ado)
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante • Derivação regressiva (formação deverbal): reduz-se a pala-
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois vra primitiva. Ex: boteco (botequim) / ataque (verbo “atacar”)
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e • Derivação imprópria (conversão): ocorre mudança na classe
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- gramatical, logo, de sentido, da palavra primitiva. Ex: jantar (verbo
mento de redigir um texto. para substantivo) / Oliveira (substantivo comum para substantivo
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e próprio – sobrenomes).
conjunções subordinativas.
Composição
Conjunções coordenativas A formação por composição ocorre quando uma nova palavra
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- se origina da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais.
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma • Aglutinação: fusão de duas ou mais palavras simples, de
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em modo que ocorre supressão de fonemas, de modo que os elemen-
cinco grupos: tos formadores perdem sua identidade ortográfica e fonológica. Ex:
• Aditivas: e, nem, bem como. aguardente (água + ardente) / planalto (plano + alto)
• Adversativas: mas, porém, contudo. • Justaposição: fusão de duas ou mais palavras simples, man-
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer.
tendo a ortografia e a acentuação presente nos elementos forma-
• Conclusivas: logo, portanto, assim.
dores. Em sua maioria, aparecem conectadas com hífen. Ex: beija-
• Explicativas: que, porque, porquanto.
-flor / passatempo.
Conjunções subordinativas
Abreviação
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação
Quando a palavra é reduzida para apenas uma parte de sua
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada.
totalidade, passando a existir como uma palavra autônoma. Ex: foto
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido)
(fotografia) / PUC (Pontifícia Universidade Católica).
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada.
Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes:
Hibridismo
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas
Quando há junção de palavras simples ou radicais advindos de
substantivas, definidas pelas palavras que e se.
línguas distintas. Ex: sociologia (socio – latim + logia – grego) / binó-
• Causais: porque, que, como. culo (bi – grego + oculus – latim).
• Concessivas: embora, ainda que, se bem que.
• Condicionais: e, caso, desde que. Combinação
• Conformativas: conforme, segundo, consoante. Quando ocorre junção de partes de outras palavras simples ou
• Comparativas: como, tal como, assim como. radicais. Ex: portunhol (português + espanhol) / aborrecente (abor-
• Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que. recer + adolescente).
• Finais: a fim de que, para que.
• Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que.
• Temporais: quando, enquanto, agora.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Intensificação DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em
Quando há a criação de uma nova palavra a partir do alarga- caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no
mento do sufixo de uma palavra existente. Normalmente é feita masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos
adicionando o sufixo -izar. Ex: inicializar (em vez de iniciar) / proto- à escola / Amanhã iremos ao colégio.
colizar (em vez de protocolar).
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
Neologismo
Quando novas palavras surgem devido à necessidade do falan-
te em contextos específicos, podendo ser temporárias ou perma- A sintaxe estuda o conjunto das relações que as palavras esta-
nentes. Existem três tipos principais de neologismos: belecem entre si. Dessa maneira, é preciso ficar atento aos enuncia-
• Neologismo semântico: atribui-se novo significado a uma pa- dos e suas unidades: frase, oração e período.
lavra já existente. Ex: amarelar (desistir) / mico (vergonha) Frase é qualquer palavra ou conjunto de palavras ordenadas
• Neologismo sintático: ocorre a combinação de elementos já que apresenta sentido completo em um contexto de comunicação
existentes no léxico da língua. Ex: dar um bolo (não comparecer ao e interação verbal. A frase nominal é aquela que não contém verbo.
compromisso) / dar a volta por cima (superar). Já a frase verbal apresenta um ou mais verbos (locução verbal).
• Neologismo lexical: criação de uma nova palavra, que tem Oração é um enunciado organizado em torno de um único ver-
um novo conceito. Ex: deletar (apagar) / escanear (digitalizar) bo ou locução verbal, de modo que estes passam a ser o núcleo
da oração. Assim, o predicativo é obrigatório, enquanto o sujeito é
Onomatopeia opcional.
Quando uma palavra é formada a partir da reprodução aproxi- Período é uma unidade sintática, de modo que seu enuncia-
mada do seu som. Ex: atchim; zum-zum; tique-taque. do é organizado por uma oração (período simples) ou mais orações
(período composto). Eles são iniciados com letras maiúsculas e fina-
lizados com a pontuação adequada.
USO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE
Análise sintática
Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma A análise sintática serve para estudar a estrutura de um perío-
só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é de- do e de suas orações. Os termos da oração se dividem entre:
marcada com o uso do acento grave (à), de modo que crase não • Essenciais (ou fundamentais): sujeito e predicado
é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão. • Integrantes: completam o sentido (complementos verbais e
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o em- nominais, agentes da passiva)
prego da crase: • Acessórios: função secundária (adjuntos adnominais e adver-
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela alu- biais, apostos)
na.
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especifica- Termos essenciais da oração
das: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas. Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado.
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito O sujeito é aquele sobre quem diz o resto da oração, enquanto o
estresse. predicado é a parte que dá alguma informação sobre o sujeito, logo,
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos dei- onde o verbo está presente.
xando de lado a capacidade de imaginar.
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima O sujeito é classificado em determinado (facilmente identificá-
à esquerda. vel, podendo ser simples, composto ou implícito) e indeterminado,
podendo, ainda, haver a oração sem sujeito (a mensagem se con-
Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a cra- centra no verbo impessoal):
se: Lúcio dormiu cedo.
• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé. Aluga-se casa para réveillon.
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor ter- Choveu bastante em janeiro.
mos uma reunião frente a frente.
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar. Quando o sujeito aparece no início da oração, dá-se o nome de
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te sujeito direto. Se aparecer depois do predicado, é o caso de sujeito
atender daqui a pouco. inverso. Há, ainda, a possibilidade de o sujeito aparecer no meio
• Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça da oração:
a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras. Lívia se esqueceu da reunião pela manhã.
• Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha Esqueceu-se da reunião pela manhã, Lívia.
fica a 50 metros da esquina. Da reunião pela manhã, Lívia se esqueceu.

Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo Os predicados se classificam em: predicado verbal (núcleo do
• Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha. predicado é um verbo que indica ação, podendo ser transitivo, in-
/ Dei um picolé à minha filha. transitivo ou de ligação); predicado nominal (núcleo da oração é
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei um nome, isto é, substantivo ou adjetivo); predicado verbo-nomi-
minha avó até à feira. nal (apresenta um predicativo do sujeito, além de uma ação mais
• Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado): uma qualidade sua)
Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à As crianças brincaram no salão de festas.
Ana da faculdade. Mariana é inteligente.
Os jogadores venceram a partida. Por isso, estavam felizes.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Termos integrantes da oração
Os complementos verbais são classificados em objetos diretos (não preposicionados) e objetos indiretos (preposicionado).
A menina que possui bolsa vermelha me cumprimentou.
O cão precisa de carinho.

Os complementos nominais podem ser substantivos, adjetivos ou advérbios.


A mãe estava orgulhosa de seus filhos.
Carlos tem inveja de Eduardo.
Bárbara caminhou vagarosamente pelo bosque.

Os agentes da passiva são os termos que tem a função de praticar a ação expressa pelo verbo, quando este se encontra na voz passiva.
Costumam estar acompanhados pelas preposições “por” e “de”.
Os filhos foram motivo de orgulho da mãe.
Eduardo foi alvo de inveja de Carlos.
O bosque foi caminhado vagarosamente por Bárbara.

Termos acessórios da oração


Os termos acessórios não são necessários para dar sentido à oração, funcionando como complementação da informação. Desse
modo, eles têm a função de caracterizar o sujeito, de determinar o substantivo ou de exprimir circunstância, podendo ser adjunto adver-
bial (modificam o verbo, adjetivo ou advérbio), adjunto adnominal (especifica o substantivo, com função de adjetivo) e aposto (caracteriza
o sujeito, especificando-o).
Os irmãos brigam muito.
A brilhante aluna apresentou uma bela pesquisa à banca.
Pelé, o rei do futebol, começou sua carreira no Santos.

Tipos de Orações
Levando em consideração o que foi aprendido anteriormente sobre oração, vamos aprender sobre os dois tipos de oração que existem
na língua portuguesa: oração coordenada e oração subordinada.

Orações coordenadas
São aquelas que não dependem sintaticamente uma da outra, ligando-se apenas pelo sentido. Elas aparecem quando há um período
composto, sendo conectadas por meio do uso de conjunções (sindéticas), ou por meio da vírgula (assindéticas).
No caso das orações coordenadas sindéticas, a classificação depende do sentido entre as orações, representado por um grupo de
conjunções adequadas:

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS CONJUNÇÕES


e, nem, também, bem como, não só, tan-
ADITIVAS Adição da ideia apresentada na oração anterior
to...
Oposição à ideia apresentada na oração anterior
ADVERSATIVAS mas, porém, todavia, entretanto, contudo...
(inicia com vírgula)
Opção / alternância em relação à ideia apresenta-
ALTERNATIVAS ou, já, ora, quer, seja...
da na oração anterior
logo, pois, portanto, assim, por isso, com
CONCLUSIVAS Conclusão da ideia apresentada na oração anterior
isso...
EXPLICATIVAS Explicação da ideia apresentada na oração anterior que, porque, porquanto, pois, ou seja...

Orações subordinadas
São aquelas que dependem sintaticamente em relação à oração principal. Elas aparecem quando o período é composto por duas ou
mais orações.
A classificação das orações subordinadas se dá por meio de sua função: orações subordinadas substantivas, quando fazem o papel
de substantivo da oração; orações subordinadas adjetivas, quando modificam o substantivo, exercendo a função do adjetivo; orações
subordinadas adverbiais, quando modificam o advérbio.
Cada uma dessas sofre uma segunda classificação, como pode ser observado nos quadros abaixo.

SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS FUNÇÃO EXEMPLOS


Esse era meu receio: que ela não discursasse outra
APOSITIVA aposto
vez.
COMPLETIVA NOMINAL complemento nominal Tenho medo de que ela não discurse novamente.
OBJETIVA DIRETA objeto direto Ele me perguntou se ela discursaria outra vez.

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LÍNGUA PORTUGUESA

OBJETIVA INDIRETA objeto indireto Necessito de que você discurse de novo.


PREDICATIVA predicativo Meu medo é que ela não discurse novamente.
SUBJETIVA sujeito É possível que ela discurse outra vez.

SUBORDINADAS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
ADJETIVAS
Esclarece algum detalhe, adicionando uma
O candidato, que é do partido socialista,
EXPLICATIVAS informação.
está sendo atacado.
Aparece sempre separado por vírgulas.
Restringe e define o sujeito a que se refere.
As pessoas que são racistas precisam rever
RESTRITIVAS Não deve ser retirado sem alterar o sentido.
seus valores.
Não pode ser separado por vírgula.
Introduzidas por conjunções, pronomes e locu-
ções conjuntivas. Ele foi o primeiro presidente que se preocu-
DESENVOLVIDAS
Apresentam verbo nos modos indicativo ou pou com a fome no país.
subjuntivo.
Não são introduzidas por pronomes, conjun-
ções sou locuções conjuntivas. Assisti ao documentário denunciando a
REDUZIDAS
Apresentam o verbo nos modos particípio, corrupção.
gerúndio ou infinitivo

SUBORDINADAS ADVERBIAIS FUNÇÃO PRINCIPAIS CONJUNÇÕES


Ideia de causa, motivo, razão de
CAUSAIS porque, visto que, já que, como...
efeito
como, tanto quanto, (mais / menos) que, do
COMPARATIVAS Ideia de comparação
que...
CONCESSIVAS Ideia de contradição embora, ainda que, se bem que, mesmo...
caso, se, desde que, contanto que, a menos
CONDICIONAIS Ideia de condição
que...
CONFORMATIVAS Ideia de conformidade como, conforme, segundo...
CONSECUTIVAS Ideia de consequência De modo que, (tal / tão / tanto) que...
FINAIS Ideia de finalidade que, para que, a fim de que...
quanto mais / menos... mais /menos, à me-
PROPORCIONAIS Ideia de proporção
dida que, na medida em que, à proporção que...
TEMPORAIS Ideia de momento quando, depois que, logo que, antes que...

PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
A princesa disse:
Iniciar fala de personagem - Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enumerações Esse é o problema da pandemia:
: Dois-pontos ou sequência de palavras para resumir / explicar ideias as pessoas não respeitam a
apresentadas anteriormente quarentena.
Antes de citação direta Como diz o ditado: “olho por olho,
dente por dente”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Indicar hesitação
Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências Interromper uma frase
Quem sabe depois...
Concluir com a intenção de estender a reflexão
Isolar palavras e datas A Semana de Arte Moderna (1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa (podem Eu estava cansada (trabalhar e
substituir vírgula e travessão) estudar é puxado).
Indicar expressão de emoção Que absurdo!
Ponto de
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
Exclamação
Após interjeição Ufa!
Ponto de
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
Interrogação
A professora disse:
Iniciar fala do personagem do discurso direto e indicar — Boas férias!
— Travessão mudança de interloculor no diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases explicativas O corona vírus — Covid-19 —
ainda está sendo estudado.

Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.

No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:

• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.

CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL

Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.

Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


Deve concordar com o substantivo quando
É PROIBIDO
há presença de um artigo. Se não houver essa É proibida a entrada.
É PERMITIDO
determinação, deve permanecer no singular e no É proibido entrada.
É NECESSÁRIO
masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
dizem “obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes
Quando tem função de adjetivo para um com a volta às aulas.
substantivo, concorda em número com o substantivo. Bastante criança ficou doente com a
BASTANTE
Quando tem função de advérbio, permanece volta às aulas.
invariável. O prefeito considerou bastante a
respeito da suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” Havia menos mulheres que homens na
MENOS
não existe na língua portuguesa. fila para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala
MESMO Devem concordar em gênero e número com a depois da aula.
PRÓPRIO pessoa a que fazem referência. Eles próprios sugeriram o tema da
formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve
Adicione meia xícara de leite.
concordar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser
Quando tem função de advérbio, modificando um
engenheira.
adjetivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações
Devem concordar com o substantivo a que se adicionais
ANEXO INCLUSO
referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da
mensalidade.

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um substan-
tivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.
Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:
PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício;
comum; contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior;
A
leal; necessário; nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil;
visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente;
DE dotado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência;
SOBRE
triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato;
COM
intolerante; mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador;
EM
negligente; perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

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LÍNGUA PORTUGUESA
Regência verbal Polissemia e monossemia
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regi- As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar
do poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a
um objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado frase. Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo).
também por adjuntos adverbiais. Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre tran- um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos).
sitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
verbo vai depender do seu contexto. Denotação e conotação
Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam
Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que um sentido objetivo e literal. Ex:Está fazendo frio. / Pé da mulher.
fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé
modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser da cadeira.
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática:
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem. Hiperonímia e hiponímia
Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi-
Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto dire- ficado entre as palavras.
to), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo: Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo. tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão.
Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por-
Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto in- tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex:
direto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer Limão é hipônimo de fruta.
o sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da cam- Formas variantes
panha eleitoral. São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem
que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in-
Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o farto / gatinhar – engatinhar.
verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposi-
ção) e de um objeto indireto (com preposição): Arcaísmo
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo
à senhora. do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que
ainda podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante
encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> far-
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS mácia / franquia <—> sinceridade.

Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os EXERCÍCIOS


sentidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça
as principais relações e suas características:
1. (FMPA – MG)
Sinonímia e antonímia Assinale o item em que a palavra destacada está incorretamen-
As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado te aplicada:
semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente (A) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes.
<—> esperto (B) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros.
Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam signifi- (C) Promoveram uma festa beneficiente para a creche.
cados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex: (D) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever.
forte <—> fraco (E) A cessão de terras compete ao Estado.

Parônimos e homônimos 2. (UEPB – 2010)


As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro- Um debate sobre a diversidade na escola reuniu alguns, dos
núncia semelhantes, porém com significados distintos. maiores nomes da educação mundial na atualidade.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe-
go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal). Carlos Alberto Torres
As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma 1
O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade. Por-
grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo tanto, 2quando você discute diversidade, um tema que cabe muito no
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta). 3
pensamento pós-modernista, está discutindo o tema da 4diversida-
As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma de não só em ideias contrapostas, mas também em 5identidades que
pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (nu- se mexem, que se juntam em uma só pessoa. E 6este é um processo
meral) X sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical). de aprendizagem. Uma segunda afirmação é 7que a diversidade está
As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual, relacionada com a questão da educação 8e do poder. Se a diversidade
porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver- fosse a simples descrição 9demográfica da realidade e a realidade fos-
bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo). se uma boa articulação 10dessa descrição demográfica em termos de
constante articulação 11democrática, você não sentiria muito a pre-

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LÍNGUA PORTUGUESA
sença do tema 12diversidade neste instante. Há o termo diversidade Dentre todos os sinônimos apresentados no texto para o vo-
porque há 13uma diversidade que implica o uso e o abuso de poder, cábulo indiferença, o que melhor se aplica a ele, considerando-se
de uma 14perspectiva ética, religiosa, de raça, de classe. o contexto, é
[…] (A) ceticismo.
(B) desdém.
Rosa Maria Torres (C) apatia.
15
O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia, abre (D) desinteresse.
16
muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto 17po- (E) negligência.
lítico e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindicar, 18e
pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessidade 19de 4. (CASAN – 2015) Observe as sentenças.
reconhecer que há distinções, grupos, valores distintos, e 20que a I. Com medo do escuro, a criança ascendeu a luz.
escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. 21Porém, o II. É melhor deixares a vida fluir num ritmo tranquilo.
tema da diversidade também pode dar lugar a uma 22série de coisas
III. O tráfico nas grandes cidades torna-se cada dia mais difícil
indesejadas.
para os carros e os pedestres.
[…]
Adaptado da Revista Pátio, Diversidade na educação: limites e possibi-
Assinale a alternativa correta quanto ao uso adequado de ho-
lidades. Ano V, nº 20, fev./abr. 2002, p. 29.
mônimos e parônimos.
Do enunciado “O tema da diversidade tem a ver com o tema (A) I e III.
identidade.” (ref. 1), pode-se inferir que (B) II e III.
I – “Diversidade e identidade” fazem parte do mesmo campo (C) II apenas.
semântico, sendo a palavra “identidade” considerada um hiperôni- (D) Todas incorretas.
mo, em relação à “diversidade”.
II – há uma relação de intercomplementariedade entre “diversi- 5. (UFMS – 2009)
dade e identidade”, em função do efeito de sentido que se instaura Leia o artigo abaixo, intitulado “Uma questão de tempo”, de
no paradigma argumentativo do enunciado. Miguel Sanches Neto, extraído da Revista Nova Escola Online, em
III – a expressão “tem a ver” pode ser considerada de uso co- 30/09/08. Em seguida, responda.
loquial e indica nesse contexto um vínculo temático entre “diversi- “Demorei para aprender ortografia. E essa aprendizagem con-
dade e identidade”. tou com a ajuda dos editores de texto, no computador. Quando eu
cometia uma infração, pequena ou grande, o programa grifava em
Marque a alternativa abaixo que apresenta a(s) proposi- vermelho meu deslize. Fui assim me obrigando a escrever minima-
ção(ões) verdadeira(s). mente do jeito correto.
(A) I, apenas Mas de meu tempo de escola trago uma grande descoberta,
(B) II e III a do monstro ortográfico. O nome dele era Qüeqüi Güegüi. Sim,
(C) III, apenas esse animal existiu de fato. A professora de Português nos disse que
(D) II, apenas devíamos usar trema nas sílabas qüe, qüi, güe e güi quando o u é
(E) I e II pronunciado. Fiquei com essa expressão tão sonora quanto enig-
mática na cabeça.
3. (UNIFOR CE – 2006) Quando meditava sobre algum problema terrível – pois na pré-
Dia desses, por alguns momentos, a cidade parou. As televi- -adolescência sempre temos problemas terríveis –, eu tentava me
sões hipnotizaram os espectadores que assistiram, sem piscar, ao libertar da coisa repetindo em voz alta: “Qüeqüi Güegüi”. Se numa
resgate de uma mãe e de uma filha. Seu automóvel caíra em um prova de Matemática eu não conseguia me lembrar de uma fórmu-
rio. Assisti ao evento em um local público. Ao acabar o noticiário, o la, lá vinham as palavras mágicas.
silêncio em volta do aparelho se desfez e as pessoas retomaram as Um desses problemas terríveis, uma namorada, ouvindo minha
suas ocupações habituais. Os celulares recomeçaram a tocar. Per- evocação, quis saber o que era esse tal de Qüeqüi Güegüi.
guntei-me: indiferença? Se tomarmos a definição ao pé da letra, – Você nunca ouviu falar nele? – perguntei.
indiferença é sinônimo de desdém, de insensibilidade, de apatia e – Ainda não fomos apresentados – ela disse.
de negligência. Mas podemos considerá-la também uma forma de – É o abominável monstro ortográfico – fiz uma falsa voz de
ceticismo e desinteresse, um “estado físico que não apresenta nada terror.
de particular”; enfim, explica o Aurélio, uma atitude de neutralida- – E ele faz o quê?
de. – Atrapalha a gente na hora de escrever.
Conclusão? Impassíveis diante da emoção, imperturbáveis Ela riu e se desinteressou do assunto. Provavelmente não sabia
diante da paixão, imunes à angústia, vamos hoje burilando nossa usar trema nem se lembrava da regrinha.
indiferença. Não nos indignamos mais! À distância de tudo, segui- Aos poucos, eu me habituei a colocar as letras e os sinais no
mos surdos ao barulho do mundo lá fora. Dos movimentos de mas- lugar certo. Como essa aprendizagem foi demorada, não sei se con-
sa “quentes” (lembram-se do “Diretas Já”?) onde nos fundíamos na seguirei escrever de outra forma – agora que teremos novas regras.
igualdade, passamos aos gestos frios, nos quais indiferença e dis- Por isso, peço desde já que perdoem meus futuros erros, que servi-
tância são fenômenos inseparáveis. Neles, apesar de iguais, somos rão ao menos para determinar minha idade.
estrangeiros ao destino de nossos semelhantes. […] – Esse aí é do tempo do trema.”
(Mary Del Priore. Histórias do cotidiano. São Paulo: Contexto,
2001. p.68)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Assinale a alternativa correta. 11. (UFRJ) Esparadrapo
(A) As expressões “monstro ortográfico” e “abominável mons- Há palavras que parecem exatamente o que querem dizer. “Es-
tro ortográfico” mantêm uma relação hiperonímica entre si. paradrapo”, por exemplo. Quem quebrou a cara fica mesmo com
(B) Em “– Atrapalha a gente na hora de escrever”, conforme a cara de esparadrapo. No entanto, há outras, aliás de nobre sentido,
norma culta do português, a palavra “gente” pode ser substitu- que parecem estar insinuando outra coisa. Por exemplo, “incuná-
ída por “nós”. bulo*”.
(C) A frase “Fui-me obrigando a escrever minimamente do jeito QUINTANA, Mário. Da preguiça como método de trabalho. Rio de
correto”, o emprego do pronome oblíquo átono está correto de Janeiro, Globo. 1987. p. 83.
acordo com a norma culta da língua portuguesa. *Incunábulo: [do lat. Incunabulu; berço]. Adj. 1- Diz-se do livro impres-
(D) De acordo com as explicações do autor, as palavras pregüiça so até o ano de 1500./ S.m. 2 – Começo, origem.
e tranqüilo não serão mais grafadas com o trema.
(E) A palavra “evocação” (3° parágrafo) pode ser substituída no A locução “No entanto” tem importante papel na estrutura do
texto por “recordação”, mas haverá alteração de sentido. texto. Sua função resume-se em:
(A) ligar duas orações que querem dizer exatamente a mesma
6. (FMU) Leia as expressões destacadas na seguinte passagem: coisa.
“E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero (B) separar acontecimentos que se sucedem cronologicamen-
na salada – o meu jeito de querer bem.” te.
Tais expressões exercem, respectivamente, a função sintática (C) ligar duas observações contrárias acerca do mesmo assun-
de: to.
(A) objeto indireto e aposto (D) apresentar uma alternativa para a primeira ideia expressa.
(B) objeto indireto e predicativo do sujeito (E) introduzir uma conclusão após os argumentos apresenta-
(C) complemento nominal e adjunto adverbial de modo dos.
(D) complemento nominal e aposto
(E) adjunto adnominal e adjunto adverbial de modo 12. (IBFC – 2013) Leia as sentenças:
É preciso que ela se encante por mim!
7. (PUC-SP) Dê a função sintática do termo destacado em: “De- Chegou à conclusão de que saiu no prejuízo.
pressa esqueci o Quincas Borba”.
(A) objeto direto Assinale abaixo a alternativa que classifica, correta e respecti-
(B) sujeito vamente, as orações subordinadas substantivas (O.S.S.) destacadas:
(C) agente da passiva (A) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. objetiva indireta.
(D) adjunto adverbial (B) O.S.S. subjetiva e O.S.S. completiva nominal
(E) aposto (C) O.S.S. subjetiva e O.S.S. objetiva indireta.
(D) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. completiva nominal.
8. (MACK-SP) Aponte a alternativa que expressa a função sintá-
tica do termo destacado: “Parece enfermo, seu irmão”. 13. (ADVISE-2013) Todos os enunciados abaixo correspondem
(A) Sujeito a orações subordinadas substantivas, exceto:
(B) Objeto direto (A) Espero sinceramente isto: que vocês não faltem mais.
(C) Predicativo do sujeito (B) Desejo que ela volte.
(D) Adjunto adverbial (C) Gostaria de que todos me apoiassem.
(E) Adjunto adnominal (D) Tenho medo de que esses assessores me traiam.
(E) Os jogadores que foram convocados apresentaram-se on-
9. (OSEC-SP) “Ninguém parecia disposto  ao trabalho naquela tem.
manhã de segunda-feira”.
(A) Predicativo 14. (PUC-SP) “Pode-se dizer que a tarefa é puramente formal.”
(B) Complemento nominal No texto acima temos uma oração destacada que é ________e
(C) Objeto indireto um “se” que é . ________.
(D) Adjunto adverbial (A) substantiva objetiva direta, partícula apassivadora
(E) Adjunto adnominal (B) substantiva predicativa, índice de indeterminação do sujeito
(C) relativa, pronome reflexivo
10. (MACK-SP) “Não se fazem  motocicletas  como antigamen- (D) substantiva subjetiva, partícula apassivadora
te”. O termo destacado funciona como: (E) adverbial consecutiva, índice de indeterminação do sujeito
(A) Objeto indireto
(B) Objeto direto 15. (UEMG) “De repente chegou o dia dos meus setenta anos.
(C) Adjunto adnominal Fiquei entre surpresa e divertida, setenta, eu? Mas tudo parece
(D) Vocativo ter sido ontem! No século em que a maioria quer ter vinte anos
(E) Sujeito (trinta a gente ainda aguenta), eu estava fazendo setenta. Pior: du-
vidando disso, pois ainda escutava em mim as risadas da menina
que queria correr nas lajes do pátio quando chovia, que pescava
lambaris com o pai no laguinho, que chorava em filme do Gordo e
Magro, quando a mãe a levava à matinê. (Eu chorava alto com pena
dos dois, a mãe ficava furiosa.)
A menina que levava castigo na escola porque ria fora de hora,
porque se distraía olhando o céu e nuvens pela janela em lugar de
prestar atenção, porque devagarinho empurrava o estojo de lápis

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LÍNGUA PORTUGUESA
até a beira da mesa, e deixava cair com estrondo sabendo que os V - São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso.
meninos, mais que as meninas, se botariam de quatro catando lá-
pis, canetas, borracha – as tediosas regras de ordem e quietude se- (A) em I e II
riam rompidas mais uma vez. (B) apenas em IV
Fazendo a toda hora perguntas loucas, ela aborrecia os profes- (C) apenas em III
sores e divertia a turma: apenas porque não queria ser diferente, (D) em II, III e IV
queria ser amada, queria ser natural, não queria que soubessem (E) apenas em II
que ela, doze anos, além de histórias em quadrinhos e novelinhas
açucaradas, lia teatro grego – sem entender – e achava emocionan- 19. (CESCEM–SP) Já ___ anos, ___ neste local árvores e flores.
te. Hoje, só ___ ervas daninhas.
(E até do futuro namorado, aos quinze anos, esconderia isso.) (A) fazem, havia, existe
O meu aniversário: primeiro pensei numa grande celebração, (B) fazem, havia, existe
eu que sou avessa a badalações e gosto de grupos bem pequenos. (C) fazem, haviam, existem
Mas pensei, setenta vale a pena! Afinal já é bastante tempo! Logo (D) faz, havia, existem
me dei conta de que hoje setenta é quase banal, muita gente com (E) faz, havia, existe
oitenta ainda está ativo e presente.
Decidi apenas reunir filhos e amigos mais chegados (tarefa difí- 20. (IBGE) Indique a opção correta, no que se refere à concor-
cil, escolher), e deixar aquela festona para outra década.” dância verbal, de acordo com a norma culta:
LUFT, 2014, p.104-105 (A) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova.
(B) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha.
Leia atentamente a oração destacada no período a seguir: (C) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui.
“(...) pois ainda escutava em mim as risadas da menina que (D) Bateu três horas quando o entrevistador chegou.
queria correr nas lajes do pátio (...)” (E) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo.

Assinale a alternativa em que a oração em negrito e sublinhada 21. (FUVEST – 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio
apresenta a mesma classificação sintática da destacada acima. em relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma
(A) “A menina que levava castigo na escola porque ria fora de culta é:
hora (...)” (A) O governador insistia em afirmar que o assunto principal
(B) “(...) e deixava cair com estrondo sabendo que os meninos, seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam
mais que as meninas, se botariam de quatro catando lápis, ca- líderes pefelistas.
netas, borracha (...)” (B) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do
(C) “(...) não queria que soubessem que ela (...)” qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros pa-
(D) “Logo me dei conta de que hoje setenta é quase banal (...)” íses passou despercebida.
(C) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a
16. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação
____________________.” social.
Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada- (D) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um
mente a frase acima. Assinale-a. morador não muito consciente com a limpeza da cidade.
(A) desfilando pelas passarelas internacionais. (E) O roteiro do filme oferece uma versão de como consegui-
(B) desista da ação contra aquele salafrário. mos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra,
(C) estejamos prontos em breve para o trabalho. a aventura à repetição.
(D) recuperássemos a vaga de motorista da firma.
(E) tentamos aquele emprego novamente. 22. (FUVEST) Assinale a alternativa que preenche corretamente
as lacunas correspondentes.
17. (ITA - 1997) Assinale a opção que completa corretamente as A arma ___ se feriu desapareceu.
lacunas do texto a seguir: Estas são as pessoas ___ lhe falei.
“Todas as amigas estavam _______________ ansiosas Aqui está a foto ___ me referi.
_______________ ler os jornais, pois foram informadas de que as Encontrei um amigo de infância ___ nome não me lembrava.
críticas foram ______________ indulgentes ______________ ra- Passamos por uma fazenda ___ se criam búfalos.
paz, o qual, embora tivesse mais aptidão _______________ ciên- (A) que, de que, à que, cujo, que.
cias exatas, demonstrava uma certa propensão _______________ (B) com que, que, a que, cujo qual, onde.
arte.” (C) com que, das quais, a que, de cujo, onde.
(A) meio - para - bastante - para com o - para - para a (D) com a qual, de que, que, do qual, onde.
(B) muito - em - bastante - com o - nas - em (E) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja.
(C) bastante - por - meias - ao - a - à
(D) meias - para - muito - pelo - em - por 23. (FESP) Observe a regência verbal e assinale a opção falsa:
(E) bem - por - meio - para o - pelas – na (A) Avisaram-no que chegaríamos logo.
(B) Informei-lhe a nota obtida.
18. (Mackenzie) Há uma concordância inaceitável de acordo (C) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem aos
com a gramática: sinais de trânsito.
I - Os brasileiros somos todos eternos sonhadores. (D) Há bastante tempo que assistimos em São Paulo.
II - Muito obrigadas! – disseram as moças. (E) Muita gordura não implica saúde.
III - Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada.
IV - A pobre senhora ficou meio confusa.

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LÍNGUA PORTUGUESA
24. (IBGE) Assinale a opção em que todos os adjetivos devem 29. (CEITEC – 2012) Os vocábulos Emergir e Imergir são parô-
ser seguidos pela mesma preposição: nimos: empregar um pelo outro acarreta grave confusão no que
(A) ávido / bom / inconsequente se quer expressar. Nas alternativas abaixo, só uma apresenta uma
(B) indigno / odioso / perito frase em que se respeita o devido sentido dos vocábulos, selecio-
(C) leal / limpo / oneroso nando convenientemente o parônimo adequado à frase elaborada.
(D) orgulhoso / rico / sedento Assinale-a.
(E) oposto / pálido / sábio (A) A descoberta do plano de conquista era eminente.
(B) O infrator foi preso em flagrante.
25. (TRE-MG) Observe a regência dos verbos das frases reescri- (C) O candidato recebeu despensa das duas últimas provas.
tas nos itens a seguir: (D) O metal delatou ao ser submetido à alta temperatura.
I - Chamaremos os inimigos de hipócritas. Chamaremos aos ini- (E) Os culpados espiam suas culpas na prisão.
migos de hipócritas;
II - Informei-lhe o meu desprezo por tudo. Informei-lhe do meu 30. (FMU) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão
desprezo por tudo; grafadas corretamente.
III - O funcionário esqueceu o importante acontecimento. O (A) paralisar, pesquisar, ironizar, deslizar
funcionário esqueceu-se do importante acontecimento. (B) alteza, empreza, francesa, miudeza
(C) cuscus, chimpazé, encharcar, encher
A frase reescrita está com a regência correta em: (D) incenso, abcesso, obsessão, luxação
(A) I apenas (E) chineza, marquês, garrucha, meretriz
(B) II apenas
(C) III apenas 31. (VUNESP/2017 – TJ-SP) Assinale a alternativa em que todas
(D) I e III apenas as palavras estão corretamente grafadas, considerando-se as regras
(E) I, II e III de acentuação da língua padrão.
(A) Remígio era homem de carater, o que surpreendeu D. Firmi-
26. (INSTITUTO AOCP/2017 – EBSERH) Assinale a alternativa na, que aceitou o matrimônio de sua filha.
em que todas as palavras estão adequadamente grafadas. (B) O consôlo de Fadinha foi ver que Remígio queria desposa-la
(A) Silhueta, entretenimento, autoestima. apesar de sua beleza ter ido embora depois da doença.
(B) Rítimo, silueta, cérebro, entretenimento. (C) Com a saúde de Fadinha comprometida, Remígio não con-
(C) Altoestima, entreterimento, memorização, silhueta. seguia se recompôr e viver tranquilo.
(D) Célebro, ansiedade, auto-estima, ritmo. (D) Com o triúnfo do bem sobre o mal, Fadinha se recuperou,
(E) Memorização, anciedade, cérebro, ritmo. Remígio resolveu pedí-la em casamento.
(E) Fadinha não tinha mágoa por não ser mais tão bela; agora,
27. (ALTERNATIVE CONCURSOS/2016 – CÂMARA DE BANDEI- interessava-lhe viver no paraíso com Remígio.
RANTES-SC) Algumas palavras são usadas no nosso cotidiano de
forma incorreta, ou seja, estão em desacordo com a norma culta 32. (PUC-RJ) Aponte a opção em que as duas palavras são acen-
padrão. Todas as alternativas abaixo apresentam palavras escritas tuadas devido à mesma regra:
erroneamente, exceto em: (A) saí – dói
(A) Na bandeija estavam as xícaras antigas da vovó. (B) relógio – própria
(B) É um privilégio estar aqui hoje. (C) só – sóis
(C) Fiz a sombrancelha no salão novo da cidade. (D) dá – custará
(D) A criança estava com desinteria. (E) até – pé
(E) O bebedoro da escola estava estragado.
33. (UEPG ADAPTADA) Sobre a acentuação gráfica das palavras
28. (SEDUC/SP – 2018) Preencha as lacunas das frases abaixo agradável, automóvel e possível, assinale o que for correto.
com “por que”, “porque”, “por quê” ou “porquê”. Depois, assinale a (A) Em razão de a letra L no final das palavras transferir a toni-
alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo, de cidade para a última sílaba, é necessário que se marque grafi-
classificação. camente a sílaba tônica das paroxítonas terminadas em L, se
“____________ o céu é azul?” isso não fosse feito, poderiam ser lidas como palavras oxítonas.
“Meus pais chegaram atrasados, ____________ pegaram trân- (B) São acentuadas porque são proparoxítonas terminadas em
sito pelo caminho.” L.
“Gostaria muito de saber o ____________ de você ter faltado (C) São acentuadas porque são oxítonas terminadas em L.
ao nosso encontro.” (D) São acentuadas porque terminam em ditongo fonético –
“A Alemanha é considerada uma das grandes potências mun- eu.
diais. ____________?” (E) São acentuadas porque são paroxítonas terminadas em L.
(A) Porque – porquê – por que – Por quê
(B) Porque – porquê – por que – Por quê
(C) Por que – porque – porquê – Por quê
(D) Porquê – porque – por quê – Por que
(E) Por que – porque – por quê – Porquê

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LÍNGUA PORTUGUESA
34. (IFAL – 2016 ADAPTADA) Quanto à acentuação das palavras, assinale a afirmação verdadeira.
(A) A palavra “tendem” deveria ser acentuada graficamente, como “também” e “porém”.
(B) As palavras “saíra”, “destruída” e “aí” acentuam-se pela mesma razão.
(C) O nome “Luiz” deveria ser acentuado graficamente, pela mesma razão que a palavra “país”.
(D) Os vocábulos “é”, “já” e “só” recebem acento por constituírem monossílabos tônicos fechados.
(E) Acentuam-se “simpática”, “centímetros”, “simbólica” porque todas as paroxítonas são acentuadas.

35. (MACKENZIE) Indique a alternativa em que nenhuma palavra é acentuada graficamente:


(A) lapis, canoa, abacaxi, jovens
(B) ruim, sozinho, aquele, traiu
(C) saudade, onix, grau, orquídea
(D) voo, legua, assim, tênis
(E) flores, açucar, album, virus

36. (IFAL - 2011)


Parágrafo do Editorial “Nossas crianças, hoje”.

“Oportunamente serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos na pele
e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre. Nosso Estado e nossa região padece de índices vergonhosos
no tocante à mortalidade infantil, à educação básica e tantos outros indicadores terríveis.” (Gazeta de Alagoas, seção Opinião, 12.10.2010)
O primeiro período desse parágrafo está corretamente pontuado na alternativa:
(A) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos, sentimos
na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”
(B) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos, na
pele e na alma, a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”
(C) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos, sentimos
na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”
(D) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos sentimos,
na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento, da infância mais pobre.”
(E) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos, sentimos,
na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”

37. (F.E. BAURU) Assinale a alternativa em que há erro de pontuação:


(A) Era do conhecimento de todos a hora da prova, mas, alguns se atrasaram.
(B) A hora da prova era do conhecimento de todos; alguns se atrasaram, porém.
(C) Todos conhecem a hora da prova; não se atrasem, pois.
(D) Todos conhecem a hora da prova, portanto não se atrasem.
(E) N.D.A

38. (VUNESP – 2020) Assinale a alternativa correta quanto à pontuação.


(A) Colaboradores da Universidade Federal do Paraná afirmaram: “Os cristais de urato podem provocar graves danos nas articulações.”.
(B) A prescrição de remédios e a adesão, ao tratamento, por parte dos pacientes são baixas.
(C) É uma inflamação, que desencadeia a crise de gota; diagnosticada a partir do reconhecimento de intensa dor, no local.
(D) A ausência de dor não pode ser motivo para a interrupção do tratamento conforme o editorial diz: – (é preciso que o doente confie
em seu médico).
(E) A qualidade de vida, do paciente, diminui pois a dor no local da inflamação é bastante intensa!

39. (ENEM – 2018)


Física com a boca
Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador?
Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando você não tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as ondas da
voz se propagam na direção contrária às do ventilador. Davi Akkerman – presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – diz
que isso causa o mismatch, nome bacana para o desencontro entre as ondas. “O vento também contribui para a distorção da voz, pelo fato
de ser uma vibração que influencia no som”, diz. Assim, o ruído do ventilador e a influência do vento na propagação das ondas contribuem
para distorcer sua bela voz.
Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).

Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organizar a escrita e ajudar na compreensão da mensagem. No texto, o sentido
não é alterado em caso de substituição dos travessões por
(A) aspas, para colocar em destaque a informação seguinte
(B) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi Akkerman.
(C) reticências, para deixar subetendida a formação do especialista.
(D) dois-pontos, para acrescentar uma informação introduzida anteriormente.
(E) ponto e vírgula, para enumerar informações fundamentais para o desenvolvimento temático.

35
LÍNGUA PORTUGUESA
40. (FUNDATEC – 2016)

Sobre fonética e fonologia e conceitos relacionados a essas áreas, considere as seguintes afirmações, segundo Bechara:

I. A fonologia estuda o número de oposições utilizadas e suas relações mútuas, enquanto a fonética experimental determina a natu-
reza física e fisiológica das distinções observadas.
II. Fonema é uma realidade acústica, opositiva, que nosso ouvido registra; já letra, também chamada de grafema, é o sinal empregado
para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua.
III. Denominam-se fonema os sons elementares e produtores da significação de cada um dos vocábulos produzidos pelos falantes da
língua portuguesa.

Quais estão INCORRETAS?


(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II
(E) Apenas II e III.

41. (CEPERJ) Na palavra “fazer”, notam-se 5 fonemas. O mesmo número de fonemas ocorre na palavra da seguinte alternativa:
(A) tatuar
(B) quando
(C) doutor
(D) ainda
(E) além

42. (OSEC) Em que conjunto de signos só há consoantes sonoras?


(A) rosa, deve, navegador;
(B) barcos, grande, colado;
(C) luta, após, triste;
(D) ringue, tão, pinga;
(E) que, ser, tão.

43. (UFRGS – 2010) No terceiro e no quarto parágrafos do texto, o autor faz referência a uma oposição entre dois níveis de análise de
uma língua: o fonético e o gramatical.
Verifique a que nível se referem as características do português falado em Portugal a seguir descritas, identificando-as com o número
1 (fonético) ou com o número 2 (gramatical).
( ) Construções com infinitivo, como estou a fazer, em lugar de formas com gerúndio, como estou fazendo.
( ) Emprego frequente da vogal tônica com timbre aberto em palavras como académico e antónimo,

36
LÍNGUA PORTUGUESA
( ) Uso frequente de consoante com som de k final da sílaba, (D) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso,
como em contacto e facto. e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo.
( ) Certos empregos do pretérito imperfeito para designar fu- (E) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo
turo do pretérito, como em Eu gostava de ir até lá por Eu gostaria qual são introduzidas de forma mais generalizada
de ir até lá.
47. (UFMG-ADAPTADA) As expressões em negrito correspon-
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de dem a um adjetivo, exceto em:
cima para baixo, é: (A) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo.
(A) 2 – 1 – 1 – 2. (B) Demorava-se de propósito naquele complicado banho.
(B) 2 – 1 – 2 – 1. (C) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira.
(C) 1 – 2 – 1 – 2. (D) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga
(D) 1 – 1 – 2 – 2. sem fim.
(E) 1 – 2 – 2 – 1. (E) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça.

44. (FUVEST-SP) Foram formadas pelo mesmo processo as se- 48. (UMESP) Na frase “As negociações estariam meio abertas
guintes palavras: só depois de meio período de trabalho”, as palavras destacadas são,
(A) vendavais, naufrágios, polêmicas respectivamente:
(B) descompõem, desempregados, desejava (A) adjetivo, adjetivo
(C) estendendo, escritório, espírito (B) advérbio, advérbio
(D) quietação, sabonete, nadador (C) advérbio, adjetivo
(E) religião, irmão, solidão (D) numeral, adjetivo
(E) numeral, advérbio
45. (FUVEST) Assinale a alternativa em que uma das palavras
não é formada por prefixação: 49. (ITA-SP)
(A) readquirir, predestinado, propor Beber é mal, mas é muito bom.
(B) irregular, amoral, demover (FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S. Paulo, 5 ago. 2001, p. 28.
(C) remeter, conter, antegozar
(D) irrestrito, antípoda, prever A palavra “mal”, no caso específico da frase de Millôr, é:
(E) dever, deter, antever (A) adjetivo
(B) substantivo
46. (UNIFESP - 2015) Leia o seguinte texto: (C) pronome
Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook? (D) advérbio
Uma organização não governamental holandesa está propondo (E) preposição
um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias
sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o 50. (PUC-SP) “É uma espécie... nova... completamente nova!
grau de felicidade dos usuários longe da rede social. (Mas já) tem nome... Batizei-(a) logo... Vou-(lhe) mostrar...”. Sob o
O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológi- ponto de vista morfológico, as palavras destacadas correspondem
cos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que pela ordem, a:
o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder par- (A) conjunção, preposição, artigo, pronome
ticipar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar (B) advérbio, advérbio, pronome, pronome
um contador na rede social. (C) conjunção, interjeição, artigo, advérbio
Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade (D) advérbio, advérbio, substantivo, pronome
dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência. (E) conjunção, advérbio, pronome, pronome
Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam
em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso, GABARITO
a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que poderiam
ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.
(http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)
1 C
Após ler o texto acima, examine as passagens do primeiro pa- 2 B
rágrafo: “Uma organização não governamental holandesa está pro- 3 D
pondo um desafio” “O objetivo é medir o grau de felicidade dos
usuários longe da rede social.” 4 C
A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão: 5 C
(A) da retomada de informações que podem ser facilmente de-
6 A
preendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes seman-
ticamente. 7 D
(B) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo 8 C
possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alte-
raria o sentido do texto. 9 B
(C) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de 10 E
informação conhecida, e da especificação, no segundo, com
informação nova. 11 C
12 B

37
LÍNGUA PORTUGUESA
______________________________________________________
13 E
14 B ______________________________________________________
15 A ______________________________________________________
16 C
______________________________________________________
17 A
18 C ______________________________________________________
19 D ______________________________________________________
20 C
______________________________________________________
21 E
______________________________________________________
22 C
23 A ______________________________________________________
24 D ______________________________________________________
25 E
______________________________________________________
26 A
27 B ______________________________________________________

28 C ______________________________________________________
29 B
______________________________________________________
30 A
______________________________________________________
31 E
32 B ______________________________________________________
33 E ______________________________________________________
34 B
______________________________________________________
35 B
36 E ______________________________________________________

37 A ______________________________________________________
38 A ______________________________________________________
39 B
______________________________________________________
40 A
41 D ______________________________________________________
42 D ______________________________________________________
43 B
______________________________________________________
44 D
______________________________________________________
45 E
46 D ______________________________________________________
47 B ______________________________________________________
48 B
______________________________________________________
49 B
50 E ______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
_____________________________________________________ ______________________________________________________
_____________________________________________________

38
MATEMÁTICA

CONJUNTOS NUMÉRICOS: NÚMEROS NATURAIS, INTEIROS, RACIONAIS, REAIS E COMPLEXOS (FORMA ALGÉBRICA E FOR-
MA TRIGONOMÉTRICA). OPERAÇÕES, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES

Conjunto dos números inteiros - z


O conjunto dos números inteiros é a reunião do conjunto dos números naturais N = {0, 1, 2, 3, 4,..., n,...},(N C Z); o conjunto dos opos-
tos dos números naturais e o zero. Representamos pela letra Z.

N C Z (N está contido em Z)

Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Z* Conjunto dos números inteiros não nulos
+ Z+ Conjunto dos números inteiros não negativos
*e+ Z*+ Conjunto dos números inteiros positivos
- Z_ Conjunto dos números inteiros não positivos
*e- Z*_ Conjunto dos números inteiros negativos

Observamos nos números inteiros algumas características:


• Módulo: distância ou afastamento desse número até o zero, na reta numérica inteira. Representa-se o módulo por | |. O módulo de
qualquer número inteiro, diferente de zero, é sempre positivo.
• Números Opostos: dois números são opostos quando sua soma é zero. Isto significa que eles estão a mesma distância da origem
(zero).

Somando-se temos: (+4) + (-4) = (-4) + (+4) = 0

39
MATEMÁTICA
Operações Na multiplicação e divisão de números inteiros é muito impor-
• Soma ou Adição: Associamos aos números inteiros positivos tante a REGRA DE SINAIS:
a ideia de ganhar e aos números inteiros negativos a ideia de perder.
Sinais iguais (+) (+); (-) (-) = resultado sempre positivo.
ATENÇÃO: O sinal (+) antes do número positivo pode ser dis-
pensado, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode Sinais diferentes (+) (-); (-) (+) = resultado sempre
ser dispensado. negativo.

• Subtração: empregamos quando precisamos tirar uma quan- Exemplo:


tidade de outra quantidade; temos duas quantidades e queremos (PREF.DE NITERÓI) Um estudante empilhou seus livros, obten-
saber quanto uma delas tem a mais que a outra; temos duas quan- do uma única pilha 52cm de altura. Sabendo que 8 desses livros
tidades e queremos saber quanto falta a uma delas para atingir a possui uma espessura de 2cm, e que os livros restantes possuem
outra. A subtração é a operação inversa da adição. O sinal sempre espessura de 3cm, o número de livros na pilha é:
será do maior número. (A) 10
(B) 15
ATENÇÃO: todos parênteses, colchetes, chaves, números, ..., (C) 18
entre outros, precedidos de sinal negativo, tem o seu sinal inverti- (D) 20
do, ou seja, é dado o seu oposto. (E) 22
Exemplo:
(FUNDAÇÃO CASA – AGENTE EDUCACIONAL – VUNESP) Para Resolução:
zelar pelos jovens internados e orientá-los a respeito do uso ade- São 8 livros de 2 cm: 8.2 = 16 cm
quado dos materiais em geral e dos recursos utilizados em ativida- Como eu tenho 52 cm ao todo e os demais livros tem 3 cm,
des educativas, bem como da preservação predial, realizou-se uma temos:
dinâmica elencando “atitudes positivas” e “atitudes negativas”, no 52 - 16 = 36 cm de altura de livros de 3 cm
entendimento dos elementos do grupo. Solicitou-se que cada um 36 : 3 = 12 livros de 3 cm
classificasse suas atitudes como positiva ou negativa, atribuindo O total de livros da pilha: 8 + 12 = 20 livros ao todo.
(+4) pontos a cada atitude positiva e (-1) a cada atitude negativa. Resposta: D
Se um jovem classificou como positiva apenas 20 das 50 atitudes
anotadas, o total de pontos atribuídos foi • Potenciação: A potência an do número inteiro a, é definida
(A) 50. como um produto de n fatores iguais. O número a é denominado a
(B) 45. base e o número n é o expoente.an = a x a x a x a x ... x a , a é multi-
(C) 42. plicado por a n vezes. Tenha em mente que:
(D) 36. – Toda potência de base positiva é um número inteiro positivo.
(E) 32. – Toda potência de base negativa e expoente par é um número
inteiro positivo.
Resolução: – Toda potência de base negativa e expoente ímpar é um nú-
50-20=30 atitudes negativas mero inteiro negativo.
20.4=80
30.(-1)=-30 Propriedades da Potenciação
80-30=50 1) Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se a base
Resposta: A e somam-se os expoentes. (–a)3 . (–a)6 = (–a)3+6 = (–a)9
2) Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-se a
• Multiplicação: é uma adição de números/ fatores repetidos. base e subtraem-se os expoentes. (-a)8 : (-a)6 = (-a)8 – 6 = (-a)2
Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser indicado 3) Potência de Potência: Conserva-se a base e multiplicam-se
por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as letras. os expoentes. [(-a)5]2 = (-a)5 . 2 = (-a)10
4) Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (-a)1 = -a e
• Divisão: a divisão exata de um número inteiro por outro nú- (+a) = +a
1

mero inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo do dividendo 5) Potência de expoente zero e base diferente de zero: É igual
pelo módulo do divisor. a 1. (+a)0 = 1 e (–b)0 = 1

ATENÇÃO:
1) No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é associativa
e não tem a propriedade da existência do elemento neutro.
2) Não existe divisão por zero.
3) Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente de zero,
é zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é igual
a zero.

40
MATEMÁTICA
Conjunto dos números racionais – Q m
Um número racional é o que pode ser escrito na forma n , onde m e n são números inteiros, sendo que n deve ser diferente de zero.
Frequentemente usamos m/n para significar a divisão de m por n.

N C Z C Q (N está contido em Z que está contido em Q)

Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Q* Conjunto dos números racionais não nulos
+ Q+ Conjunto dos números racionais não negativos
*e+ Q*+ Conjunto dos números racionais positivos
- Q_ Conjunto dos números racionais não positivos
*e- Q*_ Conjunto dos números racionais negativos

Representação decimal
Podemos representar um número racional, escrito na forma de fração, em número decimal. Para isso temos duas maneiras possíveis:
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um número finito de algarismos. Decimais Exatos:

2
= 0,4
5

2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente Decimais
Periódicos ou Dízimas Periódicas:

1
= 0,333...
3

Representação Fracionária
É a operação inversa da anterior. Aqui temos duas maneiras possíveis:

1) Transformando o número decimal em uma fração numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador é composto pelo
numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas decimais do número decimal dado. Ex.:
0,035 = 35/1000

2) Através da fração geratriz. Aí temos o caso das dízimas periódicas que podem ser simples ou compostas.
– Simples: o seu período é composto por um mesmo número ou conjunto de números que se repeti infinitamente. Exemplos:

41
MATEMÁTICA
Procedimento: para transformarmos uma dízima periódica simples em fração basta utilizarmos o dígito 9 no denominador para cada
quantos dígitos tiver o período da dízima.

– Composta: quando a mesma apresenta um ante período que não se repete.

a)

Procedimento: para cada algarismo do período ainda se coloca um algarismo 9 no denominador. Mas, agora, para cada algarismo do
antiperíodo se coloca um algarismo zero, também no denominador.

b)

Procedimento: é o mesmo aplicado ao item “a”, acrescido na frente da parte inteira (fração mista), ao qual transformamos e obtemos
a fração geratriz.

Exemplo:
(PREF. NITERÓI) Simplificando a expressão abaixo

Obtém-se :

(A) ½
(B) 1
(C) 3/2
(D) 2
(E) 3

42
MATEMÁTICA
Resolução: Exemplo:
(PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPERACIONAIS
– MAKIYAMA) Na escola onde estudo, ¼ dos alunos tem a língua
portuguesa como disciplina favorita, 9/20 têm a matemática como
favorita e os demais têm ciências como favorita. Sendo assim, qual
fração representa os alunos que têm ciências como disciplina favo-
rita?
(A) 1/4
(B) 3/10
(C) 2/9
Resposta: B (D) 4/5
(E) 3/2
Caraterísticas dos números racionais
O módulo e o número oposto são as mesmas dos números in- Resolução:
teiros. Somando português e matemática:

Inverso: dado um número racional a/b o inverso desse número


(a/b)–n, é a fração onde o numerador vira denominador e o denomi-
nador numerador (b/a)n.

O que resta gosta de ciências:

Representação geométrica Resposta: B

• Multiplicação: como todo número racional é uma fração ou


pode ser escrito na forma de uma fração, definimos o produto de
dois números racionais a e c , da mesma forma que o produto de
b d
frações, através de:

Observa-se que entre dois inteiros consecutivos existem infini-


tos números racionais.

Operações
• Soma ou adição: como todo número racional é uma fração • Divisão: a divisão de dois números racionais p e q é a própria
ou pode ser escrito na forma de uma fração, definimos a adição operação de multiplicação do número p pelo inverso de q, isto é: p
entre os números racionais a e c , da mesma forma que a soma ÷ q = p × q-1
de frações, através de: b d

Exemplo:
• Subtração: a subtração de dois números racionais p e q é a (PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB) Numa operação
própria operação de adição do número p com o oposto de q, isto é: policial de rotina, que abordou 800 pessoas, verificou-se que 3/4
p – q = p + (–q) dessas pessoas eram homens e 1/5 deles foram detidos. Já entre as
mulheres abordadas, 1/8 foram detidas.
Qual o total de pessoas detidas nessa operação policial?
(A) 145
(B) 185
(C) 220
(D) 260
ATENÇÃO: Na adição/subtração se o denominador for igual, (E) 120
conserva-se os denominadores e efetua-se a operação apresen-
tada.

43
MATEMÁTICA
Resolução: - Por último as adições e/ou subtrações na ordem que apare-
cem.

2) Símbolos:
- Primeiro, resolvemos os parênteses ( ), até acabarem os cál-
culos dentro dos parênteses,
-Depois os colchetes [ ];
- E por último as chaves { }.

ATENÇÃO:
– Quando o sinal de adição (+) anteceder um parêntese, col-
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos
com os seus sinais originais.
– Quando o sinal de subtração (-) anteceder um parêntese, col-
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos
Resposta: A com os seus sinais invertidos.

• Potenciação: é válido as propriedades aplicadas aos núme- Exemplo:


ros inteiros. Aqui destacaremos apenas as que se aplicam aos nú- (MANAUSPREV – ANALISTA PREVIDENCIÁRIO – ADMINISTRATI-
meros racionais. VA – FCC) Considere as expressões numéricas, abaixo.
A = 1/2 + 1/4+ 1/8 + 1/16 + 1/32 e
A) Toda potência com expoente negativo de um número racio- B = 1/3 + 1/9 + 1/27 + 1/81 + 1/243
nal diferente de zero é igual a outra potência que tem a base igual
ao inverso da base anterior e o expoente igual ao oposto do expo- O valor, aproximado, da soma entre A e B é
ente anterior. (A) 2
(B) 3
(C) 1
(D) 2,5
(E) 1,5

Resolução:
Vamos resolver cada expressão separadamente:
B) Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal da
base.

C) Toda potência com expoente par é um número positivo.

Resposta: E
Expressões numéricas
São todas sentenças matemáticas formadas por números, suas Múltiplos
operações (adições, subtrações, multiplicações, divisões, potencia- Dizemos que um número é múltiplo de outro quando o primei-
ções e radiciações) e também por símbolos chamados de sinais de ro é resultado da multiplicação entre o segundo e algum número
associação, que podem aparecer em uma única expressão. natural e o segundo, nesse caso, é divisor do primeiro. O que sig-
nifica que existem dois números, x e y, tal que x é múltiplo de y se
Procedimentos existir algum número natural n tal que:
1) Operações: x = y·n
- Resolvermos primeiros as potenciações e/ou radiciações na
ordem que aparecem; Se esse número existir, podemos dizer que y é um divisor de x e
- Depois as multiplicações e/ou divisões; podemos escrever: x = n/y

44
MATEMÁTICA
Observações: Fatoração numérica
1) Todo número natural é múltiplo de si mesmo. Trata-se de decompor o número em fatores primos. Para de-
2) Todo número natural é múltiplo de 1. compormos este número natural em fatores primos, dividimos o
3) Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos múl- mesmo pelo seu menor divisor primo, após pegamos o quociente
tiplos. e dividimos o pelo seu menor divisor, e assim sucessivamente até
4) O zero é múltiplo de qualquer número natural. obtermos o quociente 1. O produto de todos os fatores primos re-
5) Os múltiplos do número 2 são chamados de números pares, presenta o número fatorado. Exemplo:
e a fórmula geral desses números é 2k (k ∈ N). Os demais são cha-
mados de números ímpares, e a fórmula geral desses números é 2k
+ 1 (k ∈ N).
6) O mesmo se aplica para os números inteiros, tendo k ∈ Z.

Critérios de divisibilidade
São regras práticas que nos possibilitam dizer se um número
é ou não divisível por outro, sem que seja necessário efetuarmos
a divisão.
No quadro abaixo temos um resumo de alguns dos critérios:

Divisores
Os divisores de um número n, é o conjunto formado por todos
os números que o dividem exatamente. Tomemos como exemplo o
número 12.

Um método para descobrimos os divisores é através da fato-


ração numérica. O número de divisores naturais é igual ao produto
dos expoentes dos fatores primos acrescidos de 1.
Logo o número de divisores de 12 são:

Para sabermos quais são esses 6 divisores basta pegarmos cada


fator da decomposição e seu respectivo expoente natural que varia
de zero até o expoente com o qual o fator se apresenta na decom-
(Fonte: https://www.guiadamatematica.com.br/criterios-de-divisi- posição do número natural.
bilidade/ - reeditado) 12 = 22 . 31 =
22 = 20,21 e 22 ; 31 = 30 e 31, teremos:
Vale ressaltar a divisibilidade por 7: Um número é divisível por 20 . 30=1
7 quando o último algarismo do número, multiplicado por 2, subtra- 20 . 31=3
ído do número sem o algarismo, resulta em um número múltiplo de 21 . 30=2
7. Neste, o processo será repetido a fim de diminuir a quantidade 21 . 31=2.3=6
de algarismos a serem analisados quanto à divisibilidade por 7. 22 . 31=4.3=12
22 . 30=4
Outros critérios
Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 quando é O conjunto de divisores de 12 são: D (12)={1, 2, 3, 4, 6, 12}
divisível por 3 e por 4 ao mesmo tempo. A soma dos divisores é dada por: 1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 12 = 28
Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 quando é
divisível por 3 e por 5 ao mesmo tempo. Máximo divisor comum (MDC)
É o maior número que é divisor comum de todos os números
dados. Para o cálculo do MDC usamos a decomposição em fatores
primos. Procedemos da seguinte maneira:
Após decompor em fatores primos, o MDC é o produto dos FA-
TORES COMUNS obtidos, cada um deles elevado ao seu MENOR
EXPOENTE.

45
MATEMÁTICA
Exemplo:
MDC (18,24,42) =

Observe que os fatores comuns entre eles são: 2 e 3, então pegamos os de menores expoentes: 2x3 = 6. Logo o Máximo Divisor Co-
mum entre 18,24 e 42 é 6.

Mínimo múltiplo comum (MMC)


É o menor número positivo que é múltiplo comum de todos os números dados. A técnica para acharmos é a mesma do MDC, apenas
com a seguinte ressalva:
O MMC é o produto dos FATORES COMUNS E NÃO-COMUNS, cada um deles elevado ao SEU MAIOR EXPOENTE.
Pegando o exemplo anterior, teríamos:
MMC (18,24,42) =
Fatores comuns e não-comuns= 2,3 e 7
Com maiores expoentes: 2³x3²x7 = 8x9x7 = 504. Logo o Mínimo Múltiplo Comum entre 18,24 e 42 é 504.

Temos ainda que o produto do MDC e MMC é dado por: MDC (A,B). MMC (A,B)= A.B

Os cálculos desse tipo de problemas, envolvem adições e subtrações, posteriormente as multiplicações e divisões. Depois os pro-
blemas são resolvidos com a utilização dos fundamentos algébricos, isto é, criamos equações matemáticas com valores desconhecidos
(letras). Observe algumas situações que podem ser descritas com utilização da álgebra.
É bom ter mente algumas situações que podemos encontrar:

Exemplos:
(PREF. GUARUJÁ/SP – SEDUC – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – CAIPIMES) Sobre 4 amigos, sabe-se que Clodoaldo é 5 centímetros
mais alto que Mônica e 10 centímetros mais baixo que Andreia. Sabe-se também que Andreia é 3 centímetros mais alta que Doralice e que
Doralice não é mais baixa que Clodoaldo. Se Doralice tem 1,70 metros, então é verdade que Mônica tem, de altura:
(A) 1,52 metros.
(B) 1,58 metros.
(C) 1,54 metros.
(D) 1,56 metros.

Resolução:
Escrevendo em forma de equações, temos:
C = M + 0,05 ( I )
C = A – 0,10 ( II )
A = D + 0,03 ( III )
D não é mais baixa que C
Se D = 1,70 , então:

46
MATEMÁTICA
( III ) A = 1,70 + 0,03 = 1,73 Fração é todo número que pode ser escrito da seguinte forma
( II ) C = 1,73 – 0,10 = 1,63 a/b, com b≠0. Sendo a o numerador e b o denominador. Uma fra-
( I ) 1,63 = M + 0,05 ção é uma divisão em partes iguais. Observe a figura:
M = 1,63 – 0,05 = 1,58 m
Resposta: B

(CEFET – AUXILIAR EM ADMINISTRAÇÃO – CESGRANRIO) Em


três meses, Fernando depositou, ao todo, R$ 1.176,00 em sua ca-
derneta de poupança. Se, no segundo mês, ele depositou R$ 126,00
a mais do que no primeiro e, no terceiro mês, R$ 48,00 a menos do
que no segundo, qual foi o valor depositado no segundo mês? O numerador indica quantas partes tomamos do total que foi
(A) R$ 498,00 dividida a unidade.
(B) R$ 450,00 O denominador indica quantas partes iguais foi dividida a uni-
(C) R$ 402,00 dade.
(D) R$ 334,00 Lê-se: um quarto.
(E) R$ 324,00
Atenção:
Resolução: • Frações com denominadores de 1 a 10: meios, terços, quar-
Primeiro mês = x tos, quintos, sextos, sétimos, oitavos, nonos e décimos.
Segundo mês = x + 126 • Frações com denominadores potências de 10: décimos, cen-
Terceiro mês = x + 126 – 48 = x + 78 tésimos, milésimos, décimos de milésimos, centésimos de milési-
Total = x + x + 126 + x + 78 = 1176 mos etc.
3.x = 1176 – 204 • Denominadores diferentes dos citados anteriormente:
x = 972 / 3 Enuncia-se o numerador e, em seguida, o denominador seguido da
x = R$ 324,00 (1º mês) palavra “avos”.
* No 2º mês: 324 + 126 = R$ 450,00
Resposta: B Tipos de frações
– Frações Próprias: Numerador é menor que o denominador.
(PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO/SP – AGENTE Ex.: 7/15
DE ADMINISTRAÇÃO – VUNESP) Uma loja de materiais elétricos – Frações Impróprias: Numerador é maior ou igual ao denomi-
testou um lote com 360 lâmpadas e constatou que a razão entre o nador. Ex.: 6/7
número de lâmpadas queimadas e o número de lâmpadas boas era – Frações aparentes: Numerador é múltiplo do denominador.
2 / 7. Sabendo-se que, acidentalmente, 10 lâmpadas boas quebra- As mesmas pertencem também ao grupo das frações impróprias.
ram e que lâmpadas queimadas ou quebradas não podem ser ven- Ex.: 6/3
didas, então a razão entre o número de lâmpadas que não podem – Frações mistas: Números compostos de uma parte inteira e
ser vendidas e o número de lâmpadas boas passou a ser de outra fracionária. Podemos transformar uma fração imprópria na
(A) 1 / 4. forma mista e vice e versa. Ex.: 1 1/12 (um inteiro e um doze avos)
(B) 1 / 3. – Frações equivalentes: Duas ou mais frações que apresentam
(C) 2 / 5. a mesma parte da unidade. Ex.: 2/4 = 1/2
(D) 1 / 2. – Frações irredutíveis: Frações onde o numerador e o denomi-
(E) 2 / 3. nador são primos entre si. Ex.: 5/11 ;

Resolução: Operações com frações


Chamemos o número de lâmpadas queimadas de ( Q ) e o nú-
mero de lâmpadas boas de ( B ). Assim: • Adição e Subtração
B + Q = 360 , ou seja, B = 360 – Q ( I ) Com mesmo denominador: Conserva-se o denominador e so-
ma-se ou subtrai-se os numeradores.

, ou seja, 7.Q = 2.B ( II )

Substituindo a equação ( I ) na equação ( II ), temos:


7.Q = 2. (360 – Q)
7.Q = 720 – 2.Q Com denominadores diferentes: é necessário reduzir ao mes-
7.Q + 2.Q = 720 mo denominador através do MMC entre os denominadores. Usa-
9.Q = 720 mos tanto na adição quanto na subtração.
Q = 720 / 9
Q = 80 (queimadas)
Como 10 lâmpadas boas quebraram, temos:
Q’ = 80 + 10 = 90 e B’ = 360 – 90 = 270

O MMC entre os denominadores (3,2) = 6


Resposta: B

47
MATEMÁTICA
• Multiplicação e Divisão
Multiplicação: É produto dos numerados pelos denominadores dados. Ex.:

– Divisão: É igual a primeira fração multiplicada pelo inverso da segunda fração. Ex.:

Obs.: Sempre que possível podemos simplificar o resultado da fração resultante de forma a torna-la irredutível.

Exemplo:
(EBSERH/HUPES – UFBA – TÉCNICO EM INFORMÁTICA – IADES) O suco de três garrafas iguais foi dividido igualmente entre 5 pessoas.
Cada uma recebeu

(A)

(B)

(C)

(D)

(E)

Resolução:
Se cada garrafa contém X litros de suco, e eu tenho 3 garrafas, então o total será de 3X litros de suco. Precisamos dividir essa quanti-
dade de suco (em litros) para 5 pessoas, logo teremos:

Onde x é litros de suco, assim a fração que cada um recebeu de suco é de 3/5 de suco da garrafa.
Resposta: B

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS, PROGRESSÃO ARITMÉTICA E PROGRESSÃO GEOMÉTRICA

Progressão aritmética (P.A.)


É toda sequência numérica em que cada um de seus termos, a partir do segundo, é igual ao anterior somado a uma constante r, deno-
minada razão da progressão aritmética. Como em qualquer sequência os termos são chamados de a1, a2, a3, a4,.......,an,....

48
MATEMÁTICA

• Cálculo da razão
A razão de uma P.A. é dada pela diferença de um termo qualquer pelo termo imediatamente anterior a ele.
r = a2 – a1 = a3 – a2 = a4 – a3 = a5 – a4 = .......... = an – an – 1

Exemplos:
- (5, 9, 13, 17, 21, 25,......) é uma P.A. onde a1 = 5 e razão r = 4
- (2, 9, 16, 23, 30,.....) é uma P.A. onde a1 = 2 e razão r = 7
- (23, 21, 19, 17, 15,....) é uma P.A. onde a1 = 23 e razão r = - 2.

• Classificação
Uma P.A. é classificada de acordo com a razão.

Se r > 0 ⇒ CRESCENTE. Se r < 0 ⇒ DECRESCENTE. Se r = 0 ⇒ CONSTANTE.

• Fórmula do Termo Geral


Em toda P.A., cada termo é o anterior somado com a razão, então temos:
1° termo: a1
2° termo: a2 = a1 + r
3° termo: a3 = a2 + r = a1 + r + r = a1 + 2r
4° termo: a4 = a3 + r = a1 + 2r + r = a1 + 3r
5° termo: a5 = a4 + r = a1 + 3r + r = a1 + 4r
6° termo: a6 = a5 + r = a1 + 4r + r = a1 + 5r
. . . . . .
. . . . . .
. . . . . .
n° termo é:

Exemplo:
(PREF. AMPARO/SP – AGENTE ESCOLAR – CONRIO) Descubra o 99º termo da P.A. (45, 48, 51,...)
(A) 339
(B) 337
(C) 333
(D) 331

Resolução:

Resposta: A

49
MATEMÁTICA
Propriedades
1) Numa P.A. a soma dos termos equidistantes dos extremos é igual à soma dos extremos.
2) Numa P.A. com número ímpar de termos, o termo médio é igual à média aritmética entre os extremos.

Exemplo:

3) A sequência (a, b, c) é P.A. se, e somente se, o termo médio é igual à média aritmética entre a e c, isto é:

Soma dos n primeiros termos

Progressão geométrica (P.G.)


É uma sequência onde cada termo é obtido multiplicando o anterior por uma constante. Essa constante é chamada de razão da P.G.
e simbolizada pela letra q.

Cálculo da razão
A razão da P.G. é obtida dividindo um termo por seu antecessor. Assim: (a1, a2, a3, ..., an - 1, an, ...) é P.G. ⇔ an = (an - 1) q, n ≥ 2

50
MATEMÁTICA
Exemplos:

Classificação
Uma P.G. é classificada de acordo com o primeiro termo e a razão.

CRESCENTE DECRESCENTE ALTERNANTE CONSTANTE SINGULAR


a1 > 0 e q > 1 a1 > 0 e 0 < q < 1 Cada termo apresenta sinal contrário q = 1. a1 = 0
ou quando ou quando ao do anterior. Isto ocorre quando. (também é chamada de Esta- ou
a1 < 0 e 0 < q < 1. a1 < 0 e q > 1. q<0 cionária) q = 0.

Fórmula do termo geral


Em toda P.G. cada termo é o anterior multiplicado pela razão, então temos:
1° termo: a1
2° termo: a2 = a1.q
3° termo: a3 = a2.q = a1.q.q = a1q2
4° termo: a4 = a3.q = a1.q2.q = a1.q3
5° termo: a5 = a4.q = a1.q3.q = a1.q4
. . . . .
. . . . .
. . . . .

n° termo é:

Exemplo:
(TRF 3ª – ANALISTA JUDICIÁRIO - INFORMÁTICA – FCC) Um tabuleiro de xadrez possui 64 casas. Se fosse possível colocar 1 grão de
arroz na primeira casa, 4 grãos na segunda, 16 grãos na terceira, 64 grãos na quarta, 256 na quinta, e assim sucessivamente, o total de
grãos de arroz que deveria ser colocado na 64ª casa desse tabuleiro seria igual a
(A) 264.
(B) 2126.
(C) 266.
(D) 2128.
(E) 2256.

Resolução:
Pelos valores apresentados, é uma PG de razão 4
a64 = ?
a1 = 1
q=4
n = 64

Resposta: B

51
MATEMÁTICA
Propriedades
1) Em qualquer P.G., cada termo, exceto os extremos, é a média geométrica entre o precedente e o consequente.
2) Em toda P.G. finita, o produto dos termos equidistantes dos extremos é igual ao produto dos extremos.

3) Em uma P.G. de número ímpar de termos, o termo médio é a média geométrica entre os extremos.
Em síntese temos:

4) Em uma PG, tomando-se três termos consecutivos, o termo central é a média geométrica dos seus vizinhos.

Soma dos n primeiros termos


A fórmula para calcular a soma de todos os seus termos é dada por:

Produto dos n termos

Temos as seguintes regras para o produto:


1) O produto de n números positivos é sempre positivo.
2) No produto de n números negativos:
a) se n é par: o produto é positivo.
b) se n é ímpar: o produto é negativo.

Soma dos infinitos termos


A soma dos infinitos termos de uma P.G de razão q, com -1 < q < 1, é dada por:

Exemplo:
A soma dos elementos da sequência numérica infinita (3; 0,9; 0,09; 0,009; …) é
(A) 3,1
(B) 3,9
(C) 3,99
(D) 3, 999
(E) 4

52
MATEMÁTICA
Resolução: Simplificação de expressões algébricas
Sejam S as somas dos elementos da sequência e S1 a soma da Podemos escrever as expressões algébricas de forma mais
PG infinita (0,9; 0,09; 0,009;…) de razão q = 0,09/0,9 = 0,1. Assim: simples somando seus termos semelhantes (mesma parte literal).
S = 3 + S1 Basta somar ou subtrair os coeficientes dos termos semelhantes e
Como -1 < q < 1 podemos aplicar a fórmula da soma de uma PG repetir a parte literal. Exemplos:
infinita para obter S1: a) 3xy + 7xy4 - 6x3y + 2xy - 10xy4 = (3xy + 2xy) + (7xy4 - 10xy4)
S1 = 0,9/(1 - 0,1) = 0,9/0,9 = 1 → S = 3 + 1 = 4 - 6x3y = 5xy - 3xy4 - 6x3y
Resposta: E b) ab - 3cd + 2ab - ab + 3cd + 5ab = (ab + 2ab - ab + 5ab) + (- 3cd
+ 3cd) = 7ab

Fatoração de expressões algébricas


ÁLGEBRA: EXPRESSÕES ALGÉBRICAS. Fatorar significa escrever uma expressão como produto de ter-
mos. Para fatorar uma expressão algébrica podemos usar os seguin-
Expressões algébricas são expressões matemáticas que apre- tes casos:
sentam números, letras e operações. As expressões desse tipo são • Fator comum em evidência: ax + bx = x . (a + b)
usadas com frequência em fórmulas e equações. • Agrupamento: ax + bx + ay + by = x . (a + b) + y . (a + b) = (x +
As letras que aparecem em uma expressão algébrica são cha- y) . (a + b)
madas de variáveis e representam um valor desconhecido. • Trinômio Quadrado Perfeito (Adição): a2 + 2ab + b2 = (a + b)2
Os números escritos na frente das letras são chamados de co- • Trinômio Quadrado Perfeito (Diferença): a2 – 2ab + b2 = (a –
eficientes e deverão ser multiplicados pelos valores atribuídos as b) 2

letras. • Diferença de dois quadrados: (a + b) . (a – b) = a2 – b2


• Cubo Perfeito (Soma): a3 + 3a2b + 3ab2 + b3 = (a + b)3
Exemplo: • Cubo Perfeito (Diferença): a3 - 3a2b + 3ab2 - b3 = (a - b)3
(PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO/SP – AGENTE DE
ADMINISTRAÇÃO – VUNESP) Uma loja de materiais elétricos testou Exemplo:
um lote com 360 lâmpadas e constatou que a razão entre o número (PREF. MOGEIRO/PB - PROFESSOR – MATEMÁTICA – EXAMES)
de lâmpadas queimadas e o número de lâmpadas boas era 2 / 7. Sa- Simplificando a expressão,
bendo-se que, acidentalmente, 10 lâmpadas boas quebraram e que
lâmpadas queimadas ou quebradas não podem ser vendidas, então
a razão entre o número de lâmpadas que não podem ser vendidas
e o número de lâmpadas boas passou a ser de
(A) 1 / 4.
(B) 1 / 3.
(C) 2 / 5. Obtemos:
(D) 1 / 2. (A) a + b.
(E) 2 / 3. (B) a² + b².
(C) ab.
Resolução: (D) a² + ab + b².
Chamemos o número de lâmpadas queimadas de ( Q ) e o nú- (E) b – a.
mero de lâmpadas boas de ( B ). Assim:
B + Q = 360 , ou seja, B = 360 – Q ( I ) Resolução:

Substituindo a equação ( I ) na equação ( II ), temos:


7.Q = 2. (360 – Q)
7.Q = 720 – 2.Q
7.Q + 2.Q = 720
9.Q = 720
Q = 720 / 9
Q = 80 (queimadas)
Como 10 lâmpadas boas quebraram, temos:
Q’ = 80 + 10 = 90 e B’ = 360 – 90 = 270

Resposta: D
Resposta: B

53
MATEMÁTICA
Monômios
Quando uma expressão algébrica apresenta apenas multiplicações entre o coeficiente e as letras (parte literal), ela é chamada de
monômio. Exemplos: 3ab ; 15xyz3

Propriedades importantes
– Toda equação algébrica de grau n possui exatamente n raízes.
– Se b for raiz de P(x) = 0 , então P(x) é divisível por (x – b) . Esta propriedade é muito importante para abaixar o grau de uma equação,
o que se consegue dividindo P(x) por x - b, aplicando Briot-Ruffini.
– Se o número complexo (a + bi) for raiz de P(x) = 0 , então o conjugado (a – bi) também será raiz .
– Se a equação P(x) = 0 possuir k raízes iguais a m então dizemos que m é uma raiz de grau de multiplicidade k.
– Se a soma dos coeficientes de uma equação algébrica P(x) = 0 for nula, então a unidade é raiz da
– Toda equação de termo independente nulo, admite um número de raízes nulas igual ao menor expoente da variável.

Relações de Girard
São as relações existentes entre os coeficientes e as raízes de uma equação algébrica.
Sendo V= {r1, r2, r3,...,rn-1,rn} o conjunto verdade da equação P(x) = a0xn + a1xn-1 +a2xn-2+ ... + an-1x+an=0, com a0≠ 0, valem as seguintes
relações entre os coeficientes e as raízes:

Atenção
As relações de Girard só são úteis na resolução de equações quando temos alguma informação sobre as raízes. Sozinhas, elas não
são suficientes para resolver as equações.

Exemplo:
(UFSCAR-SP) Sabendo-se que a soma de duas das raízes da equação x3 – 7x2 + 14x – 8 = 0 é igual a 5, pode-se afirmar a respeito das
raízes que:
(A) são todas iguais e não nulas.
(B) somente uma raiz é nula.
(C) as raízes constituem uma progressão geométrica.
(D) as raízes constituem uma progressão aritmética.
(E) nenhuma raiz é real.

Resolução:
x3 – 7x2 + 14x – 8 = 0
Raízes: x1, x2 e x3
Informação: x1 + x2 = 5
Girard: x1 + x2 + x3 = 7 ➱ 5 + x3 = 7 ➱ x3 = 2
Como 2 é raiz, por Briot-Ruffini, temos

x2 – 5x + 4 = 0
x = 1 ou x = 4
S = {1, 2, 4}
Resposta: C

Teorema das Raízes Racionais


É um recurso para a determinação de raízes de equações algébricas. Segundo o teorema, se o número racional, com e primos entre si
(ou seja, é uma fração irredutível), é uma raiz da equação polinomial com coeficientes inteiros então é divisor de e é divisor de.

54
MATEMÁTICA
Exemplo:
Verifique se a equação x3 – x2 + x – 6 = 0 possui raízes racionais.

Resolução:
p deve ser divisor de 6, portanto: ±6, ±3, ±2, ±1; q deve ser divisor de 1, portanto: ±1; Portanto, os possíveis valores da fração são p/q:
±6, ±3, ±2 e ±1. Substituindo-se esses valores na equação, descobrimos que 2 é uma de suas raízes. Como esse polinômio é de grau 3 (x3 )
é necessário descobrir apenas uma raiz para determinar as demais. Se fosse de grau 4 (x4 ) precisaríamos descobrir duas raízes. As demais
raízes podem facilmente ser encontradas utilizando-se o dispositivo prático de Briot-Ruffini e a fórmula de Bhaskara.

POLINÔMIOS: OPERAÇÕES E PROPRIEDADES.

POLINÔMIOS
Polinômio é uma expressão algébrica com todos os termos semelhantes reduzidos.
Como os monômios, os polinômios também possuem grau e é assim que eles são separados. Para identificar o seu grau, basta obser-
var o grau do maior monômio, esse será o grau do polinômio.

Função polinomial
Chamamos de função polinomial ou polinômio a toda função P: R⇒R, definida por uma equação do tipo:

Princípio de identidade de polinômios


Dois polinômios são iguais quando seus coeficientes são iguais, ou seja, os polinômios

serão iguais se, e somente se:

Polinômio identicamente nulo


Dizemos que um polinômio é identicamente nulo, quando todos os seus coeficientes são iguais a zero, e indicamos por P(x) ≡ 0.

Operações com Polinômios


- Adição: somar dois ou mais polinômios é obter um polinômio onde os coeficientes são dados pela adição dos coeficientes dos ter-
mos semelhantes. Reduzindo os termos semelhantes numa só linha

- Subtração: a diferença de dois polinômios A(x) e B(x) é o polinômio obtido pela soma de A(x) com o oposto de B(x).

Exemplo: (UF/AL) Seja o polinômio do 3° grau p = ax³ + bx² + cx + d cujos coeficientes são todos positivos. O n° real k é solução da
equação p(x) = p(- x) se, e somente se, k é igual a:
(A) 0
(B) 0 ou 1
(C) - 1 ou 1
(D) ± √c/a
(E) 0 ou ± √-c/a

Resolução:
p(x) = p(- x)
ax³ + bx² + cx + d = - ax³ + bx² - cx + d
2ax³ + 2cx = 0

55
MATEMÁTICA
2(ax³ + cx) = 0 Resolução:
ax³+cx=0
Como k é solução da equação ax³ + cx = 0, teremos
p(k) = ak³ + ck = 0
ak³ + ck = 0
k(ak² + c) = 0
k = 0 ou
ak² + c = 0
k² = - c/a

k=±
Resposta: D.
Resposta: E.
- Multiplicação: obter o produto de dois polinômios A(x) e B(x) Dispositivo de Briot-Ruffini  
é aplicar a propriedade distributiva do polinômio A(x) em B(x). Utiliza-se para efetuar a divisão de um polinômio P(x) por um
binômio da forma (ax + b). 
Fique Atento!!!
As multiplicações serão efetuadas utilizando as seguintes pro-
priedades:
- Propriedade da base igual e expoente diferente: an . am = a
n+m
- Monômio multiplicado por monômio é o mesmo que multi-
plicar parte literal com parte literal e coeficiente com coeficiente.

Exemplos:

Exemplo: Determinar o quociente e o resto da divisão do poli-


nômio P(x) = 3x3 – 5x2 + x – 2 por (x – 2).

Resolução:

- Divisão: sejam dois polinômios A(x) e B(x), onde A(x) é o divi-


dendo e B(x) é o divisor, com B(x) ≠ 0. Dizemos que existe um único
par de polinômios Q(x) e R(x) em que Q(x) é o quociente e R(x) é o
resto, tal que:
A(x) = B(x). Q(x) + R(x) ⇒ gr (R) < gr (B) ou R(x) ≡ 0
E se R(x) ≡ 0, dizemos que a divisão é exata ou então que A(x)
é divisível por B(x).
Veja que:
Esquematicamente, temos: O termo constante do divisor h(x) igual a –2, ele com sinal tro-
cado será 2;
Os coeficientes de x do dividendo p(x) são 3, -5 e 1;
O termo constante do dividendo p(x) = -2.

Para resolvermos este problema, vamos seguir o passo a passo


abaixo:
1) Vamos achar a raiz do divisor: x – 2 = 0 ⇒ x = 2;
2) Colocamos a raiz do divisor e os coeficientes do dividendo
ordenadamente na parte de cima da reta, como mostra a figura
acima;
3) O primeiro coeficiente do dividendo é repetido abaixo;
4) Multiplicamos a raiz do divisor por esse coeficiente repeti-
do abaixo e somamos o produto com o 2º coeficiente do dividen-
Exemplo: (Guarda Civil SP) O resto da divisão do polinômio x³ do, colocando o resultado abaixo deste;
+ 3x² – 5x + 1 por x – 2 é: 5) Multiplicamos a raiz do divisor pelo número colocado abai-
xo do 2º coeficiente e somamos o produto com o 3º coeficiente,
(A)1 colocando o resultado abaixo deste, e assim sucessivamente;
(B)2 6) Separamos o último número formado, que é igual ao resto
(C)10 da divisão, e os números que ficam à esquerda deste serão os co-
(D)11 eficientes do quociente. 
(E) 12

56
MATEMÁTICA

Observe que o grau de Q(x) é uma unidade inferior ao de P(x), pois o divisor é de grau 1.
Resposta: Q(x) = 3x2 + x + 3 e R(x) = 4.
Máximo divisor comum de um polinômio
Um máximo divisor comum de um grupo de dois ou mais polinômios não nulos, de coeficientes racionais, P1(x), P2(x), ... , Pm(x) é um
polinômio de maior grau M(x) que divide todos os polinômios P1(x), P2(x), ... , Pm(x) .

M(x) também deve só conter coeficientes racionais.

Um polinômio D(x) divide um polinômio A(x) - não nulo - se existe um polinômio Q(x) tal que

A(x) ≡ Q(x)D(x)

Cardica
O MDC entre polinômios não é único, mas se P é um mdc entre os polinômios considerados, todo mdc entre eles pode ser escrito
como a·P (a é uma constante não nula).
Não se esqueça que para ser mdc é OBRIGATÓRIO que ele seja o produto de TODOS os divisores dos polinômios dados (desconside-
rando as constantes multiplicativas). O grau do mdc é único.

EQUAÇÕES POLINOMIAIS
Denominamos equações polinomiais, ou algébricas, às equações da forma: P(x) = 0, onde P(x) é um polinômio de grau n > 0.
Resolver uma equação algébrica é obter o seu conjunto-verdade, que é o conjunto de todas as suas raízes, isto é, os valores de x que
tornam verdadeira a igualdade:

Teorema fundamental da álgebra


Toda equação algébrica P(x) = 0, de grau n > 0, admite pelo menos uma raiz real ou complexa.

Teorema da decomposição
Todo polinômio P(x) = anxn + an-1xn-1 + an-2xn-2 + ... + a2x2 + ax + a0 de grau n > 0, pode ser decomposto em um produto de n fatores do
tipo (x - α), onde α é raiz de P(x):

Logo:
Todo polinômio de grau n tem exatamente n raízes reais e complexas.

Multiplicidade de uma raiz


Uma equação algébrica pode apresentar todas as suas raízes distintas ou não. Quando uma raiz ocorre mais de uma vez na forma fa-
torada de P(x), denominamos esta raiz de raiz múltipla de P(x). Assim, se uma equação algébrica tiver duas raízes iguais, diremos que essa
raiz terá multiplicidade 2 (raiz dupla), se houver três raízes iguais, a multiplicidade será 3 (raiz tripla), e assim por diante. Caso contrário, a
raiz será denominada simples.

Teorema das raízes complexas


Se uma equação P(x) = 0, de coeficientes reais, apresentar uma raiz complexa (a + bi), então o complexo deste número também será
raiz de P(x), ambos com a mesma multiplicidade. Em um polinômio P(x) com coeficientes reais e grau ímpar há, no mínimo, uma raiz real.

57
MATEMÁTICA
Exemplo: Uma equação algébrica com coeficientes reais admite como raízes os números complexos 2 + i, 1 – i e 0. Podemos afirmar
que o grau dessa equação é, necessariamente:
(A) par.
(B) ímpar.
(C) igual a três.
(D) menor ou igual a seis.
(E) maior ou igual a cinco.

Resolução:
Como a equação tem coeficientes reais, além das raízes 2 + i, 1 – i e zero, ela admite também 2 – i e 1 + i como raízes. Logo, o menor
grau possível para essa equação é 5.
Resposta: E.

Relações de Girard
São as relações estabelecidas entre as raízes e os coeficientes de uma equação algébrica, P(x) = 0. Se a equação for do 2º grau, ax2 +
bx + c = 0, com raízes x1 e x2, então:

Se a equação for do 3º grau, ax3 + bx2 + cx + d = 0, com raízes x1,x2 e x3, teremos as seguintes relações:

Exemplo: (Fuvest-SP) Sabe-se que o produto de duas raízes da equação algébrica 2x3 – x2 + kx + 4 = 0 é igual a 1. Então, o valor de k é:
(A) – 8
(B) – 4
(C) 0
(D) 4
(E) 8

Resolução:

Resposta: A.

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MATEMÁTICA
Resolução:
EQUAÇÕES POLINOMIAIS E INEQUAÇÕES RELACIONADAS Vamos chamar de ( x ) o valor para cada motorista. Assim:
16 . x = Total
Equação é toda sentença matemática aberta que exprime uma Total = 10 . (x + 57) (pois 6 desistiram)
relação de igualdade e uma incógnita ou variável (x, y, z,...). Combinando as duas equações, temos:
16.x = 10.x + 570
Equação do 1º grau 16.x – 10.x = 570
As equações do primeiro grau são aquelas que podem ser re- 6.x = 570
presentadas sob a forma ax + b = 0, em que a e b são constantes x = 570 / 6
reais, com a diferente de 0, e x é a variável. A resolução desse tipo x = 95
de equação é fundamentada nas propriedades da igualdade descri- O valor total é: 16 . 95 = R$ 1520,00.
tas a seguir. Resposta: E
Adicionando um mesmo número a ambos os membros de uma
equação, ou subtraindo um mesmo número de ambos os membros, Equação do 2º grau
a igualdade se mantém. As equações do segundo grau são aquelas que podem ser
Dividindo ou multiplicando ambos os membros de uma equa- representadas sob a forma ax² + bx +c = 0, em que a, b e c são
ção por um mesmo número não-nulo, a igualdade se mantém. constantes reais, com a diferente de 0, e x é a variável.

• Membros de uma equação • Equação completa e incompleta


Numa equação a expressão situada à esquerda da igualdade é 1) Quando b ≠ 0 e c ≠ 0, a equação do 2º grau se diz completa.
chamada de 1º membro da equação, e a expressão situada à direita Ex.: x2 - 7x + 11 = 0= 0 é uma equação completa (a = 1, b = – 7,
da igualdade, de 2º membro da equação. c = 11).

2) Quando b = 0 ou c = 0 ou b = c = 0, a equação do 2º grau se


diz incompleta.
Exs.:
x² - 81 = 0 é uma equação incompleta (b=0).
• Resolução de uma equação x² +6x = 0 é uma equação incompleta (c = 0).
Colocamos no primeiro membro os termos que apresentam 2x² = 0 é uma equação incompleta (b = c = 0).
variável, e no segundo membro os termos que não apresentam va-
riável. Os termos que mudam de membro têm os sinais trocados. • Resolução da equação
5x – 8 = 12 + x 1º) A equação é da forma ax2 + bx = 0 (incompleta)
5x – x = 12 + 8 x2 – 16x = 0 colocamos x em evidência
4x = 20 x . (x – 16) = 0,
X = 20/4 x=0
X=5 x – 16 = 0
x = 16
Ao substituirmos o valor encontrado de x na equação obtemos Logo, S = {0, 16} e os números 0 e 16 são as raízes da equação.
o seguinte:
5x – 8 = 12 + x 2º) A equação é da forma ax2 + c = 0 (incompleta)
5.5 – 8 = 12 + 5 x2 – 49= 0 Fatoramos o primeiro membro, que é uma diferen-
25 – 8 = 17 ça de dois quadrados.
17 = 17 ( V) (x + 7) . (x – 7) = 0,

Quando se passa de um membro para o outro se usa a ope- x+7=0 x–7=0


ração inversa, ou seja, o que está multiplicando passa dividindo e
o que está dividindo passa multiplicando. O que está adicionando x=–7 x=7
passa subtraindo e o que está subtraindo passa adicionando.
ou
Exemplo:
(PRODAM/AM – AUXILIAR DE MOTORISTA – FUNCAB) Um gru- x2 – 49 = 0
po formado por 16 motoristas organizou um churrasco para suas x2 = 49
famílias. Na semana do evento, seis deles desistiram de participar. x2 = 49
Para manter o churrasco, cada um dos motoristas restantes pagou x = 7, (aplicando a segunda propriedade).
R$ 57,00 a mais. Logo, S = {–7, 7}.
O valor total pago por eles, pelo churrasco, foi:
(A) R$ 570,00 3º) A equação é da forma ax² + bx + c = 0 (completa)
(B) R$ 980,50 Para resolvê-la usaremos a formula de Bháskara.
(C) R$ 1.350,00
(D) R$ 1.480,00
(E) R$ 1.520,00

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MATEMÁTICA
Conforme o valor do discriminante Δ existem três possibilidades quanto á natureza da equação dada.

Quando ocorre a última possibilidade é costume dizer-se que não existem raízes reais, pois, de fato, elas não são reais já que não
existe, no conjunto dos números reais, √a quando a < 0.

• Relações entre raízes e coeficientes

Exemplo:
(CÂMARA DE CANITAR/SP – RECEPCIONISTA – INDEC) Qual a equação do 2º grau cujas raízes são 1 e 3/2?
(A) x²-3x+4=0
(B) -3x²-5x+1=0
(C) 3x²+5x+2=0
(D) 2x²-5x+3=0

Resolução:
Como as raízes foram dadas, para saber qual a equação:
x² - Sx +P=0, usando o método da soma e produto; S= duas raízes somadas resultam no valor numérico de b; e P= duas raízes multi-
plicadas resultam no valor de c.

Resposta: D

Inequação do 1º grau
Uma inequação do 1° grau na incógnita x é qualquer expressão do 1° grau que pode ser escrita numa das seguintes formas:
ax + b > 0
ax + b < 0
ax + b ≥ 0
ax + b ≤ 0
Onde a, b são números reais com a ≠ 0

• Resolvendo uma inequação de 1° grau


Uma maneira simples de resolver uma equação do 1° grau é isolarmos a incógnita x em um dos membros da igualdade. O método é
bem parecido com o das equações. Ex.:

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MATEMÁTICA
Resolva a inequação -2x + 7 > 0. Inequação do 2º grau
Solução: Chamamos de inequação da 2º toda desigualdade pode ser re-
-2x > -7 presentada da seguinte forma:
Multiplicando por (-1) ax2 + bx + c > 0
2x < 7 ax2 + bx + c < 0
x < 7/2 ax2 + bx + c ≥ 0
Portanto a solução da inequação é x < 7/2. ax2 + bx + c ≤ 0
Onde a, b e c são números reais com a ≠ 0
Atenção:
Toda vez que “x” tiver valor negativo, devemos multiplicar por Resolução da inequação
(-1), isso faz com que o símbolo da desigualdade tenha o seu sen- Para resolvermos uma inequação do 2o grau, utilizamos o estu-
tido invertido. do do sinal. As inequações são representadas pelas desigualdades:
Pode-se resolver qualquer inequação do 1° grau por meio do > , ≥ , < , ≤.
estudo do sinal de uma função do 1° grau, com o seguinte proce- Ex.: x2 -3x + 2 > 0
dimento:
1. Iguala-se a expressão ax + b a zero; Resolução:
2. Localiza-se a raiz no eixo x; x2 -3x + 2 > 0
3. Estuda-se o sinal conforme o caso. x ‘ =1, x ‘’ = 2
Como desejamos os valores para os quais a função é maior que
Pegando o exemplo anterior temos: zero devemos fazer um esboço do gráfico e ver para quais valores
-2x + 7 > 0 de x isso ocorre.
-2x + 7 = 0
x = 7/2

Vemos, que as regiões que tornam positivas a função são: x<1


e x>2. Resposta: { x|R| x<1 ou x>2}

Exemplo:
Exemplo: (VUNESP) O conjunto solução da inequação 9x2 – 6x + 1 ≤ 0,
(SEE/AC – PROFESSOR DE CIÊNCIAS DA NATUREZA MATEMÁ- no universo dos números reais é:
TICA E SUAS TECNOLOGIAS – FUNCAB) Determine os valores de (A) ∅
que satisfazem a seguinte inequação: (B) R

(C)

(D)
(A) x > 2
(B) x - 5
(C) x > - 5 (E)
(D) x < 2
(E) x 2
Resolução:
Resolução: Resolvendo por Bháskara:

Fazendo o gráfico, a > 0 parábola voltada para cima:


Resposta: B

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MATEMÁTICA

Mas, se a = -1 e b = 0, temos então y = -x. A reta determinada


por esta função é a bissetriz dos quadrantes pares, conforme mos-
Resposta: C tra o gráfico ao lado. x e y têm valores iguais em módulo, porém
com sinais contrários.
FUNÇÕES: GENERALIDADES. FUNÇÕES ELEMENTARES: 1º
GRAU, 2º GRAU, MODULAR, EXPONENCIAL E LOGARÍT-
MICA, GRÁFICOS. PROPRIEDADES

Funções lineares
Chama-se função do 1º grau ou afim a função f: R  R definida
por y = ax + b, com a e b números reais e a 0. a é o coeficiente an-
gular da reta e determina sua inclinação, b é o coeficiente linear da
reta e determina a intersecção da reta com o eixo y.

• Função linear
É a função do 1º grau quando b = 0, a ≠ 0 e a ≠ 1, a e b ∈ R.

• Função afim
É a função do 1º grau quando a ≠ 0, b ≠ 0, a e b ∈ R.

• Função Injetora
Com a ϵ R* e b ϵ R. É a função cujo domínio apresenta elementos distintos e tam-
bém imagens distintas.
Atenção
Usualmente chamamos as funções polinomiais de: 1º grau, 2º
etc, mas o correto seria Função de grau 1,2 etc. Pois o classifica a
função é o seu grau do seu polinômio.

A função do 1º grau pode ser classificada de acordo com seus


gráficos. Considere sempre a forma genérica y = ax + b.

• Função constante
Se a = 0, então y = b, b ∈ R. Desta maneira, por exemplo, se y
= 4 é função constante, pois, para qualquer valor de x, o valor de y
ou f(x) será sempre 4.
• Função Sobrejetora
É quando todos os elementos do domínio forem imagens de
PELO MENOS UM elemento do domínio.

• Função identidade
Se a = 1 e b = 0, então y = x. Nesta função, x e y têm sempre
os mesmos valores. Graficamente temos: A reta y = x ou f(x) = x é
denominada bissetriz dos quadrantes ímpares.

62
MATEMÁTICA
• Função Bijetora
É uma função que é ao mesmo tempo injetora e sobrejetora.

1º) Igualamos y a zero, então ax + b = 0 ⇒ x = - b/a, no eixo x


• Função Par encontramos o ponto (-b/a, 0).
Quando para todo elemento x pertencente ao domínio temos 2º) Igualamos x a zero, então f(x) = a. 0 + b ⇒ f(x) = b, no eixo y
f(x)=f(-x), ∀ x ∈ D(f). Ou seja, os valores simétricos devem possuir encontramos o ponto (0, b).
a mesma imagem. • f(x) é crescente se a é um número positivo (a > 0);
• f(x) é decrescente se a é um número negativo (a < 0).

• Função ímpar
Quando para todo elemento x pertencente ao domínio, temos Raiz ou zero da função do 1º grau
f(-x) = -f(x) ∀ x є D(f). Ou seja, os elementos simétricos do domínio A raiz ou zero da função do 1º grau é o valor de x para o qual y =
terão imagens simétricas. f(x) = 0. Graficamente, é o ponto em que a reta “corta” o eixo x. Por-
tanto, para determinar a raiz da função, basta a igualarmos a zero:

Estudo de sinal da função do 1º grau


Estudar o sinal de uma função do 1º grau é determinar os valo-
res de x para que y seja positivo, negativo ou zero.
1º) Determinamos a raiz da função, igualando-a a zero: (raiz:
x =- b/a)
2º) Verificamos se a função é crescente (a>0) ou decrescente (a
< 0); temos duas possibilidades:

Gráfico da função do 1º grau


A representação geométrica da função do 1º grau é uma reta,
portanto, para determinar o gráfico, é necessário obter dois pontos.
Em particular, procuraremos os pontos em que a reta corta os eixos
x e y.
De modo geral, dada a função f(x) = ax + b, para determinarmos
a intersecção da reta com os eixos, procedemos do seguinte modo:

63
MATEMÁTICA
Exemplos: Equações lineares
(PM/SP – CABO – CETRO) O gráfico abaixo representa o salário As equações do tipo a1x1 + a2x2 + a3x3 + .....+ anxn = b, são equa-
bruto (S) de um policial militar em função das horas (h) trabalhadas ções lineares, onde a1, a2, a3, ... são os coeficientes; x1, x2, x3,... as
em certa cidade. Portanto, o valor que este policial receberá por incógnitas e b o termo independente.
186 horas é Por exemplo, a equação 4x – 3y + 5z = 31 é uma equação line-
ar. Os coeficientes são 4, –3 e 5; x, y e z as incógnitas e 31 o termo
independente.
Para x = 2, y = 4 e z = 7, temos 4.2 – 3.4 + 5.7 = 31, concluímos
que o terno ordenado (2,4,7) é solução da equação linear
4x – 3y + 5z = 31.

Funções quadráticas
Chama-se função do 2º grau ou função quadrática, de domínio
R e contradomínio R, a função:

Com a, b e c reais e a ≠ 0.
(A) R$ 3.487,50.
(B) R$ 3.506,25.
(C) R$ 3.534,00. Onde:
(D) R$ 3.553,00. a é o coeficiente de x2
b é o coeficiente de x
Resolução: c é o termo independente

Atenção:
Chama-se função completa aquela em que a, b e c não são nu-
los, e função incompleta aquela em que b ou c são nulos.

Raízes da função do 2ºgrau


Analogamente à função do 1º grau, para encontrar as raízes
da função quadrática, devemos igualar f(x) a zero. Teremos então:
ax2 + bx + c = 0
Resposta: A
A expressão assim obtida denomina-se equação do 2º grau.
(CBTU/RJ - ASSISTENTE OPERACIONAL - CONDUÇÃO DE VEÍ- As raízes da equação são determinadas utilizando-se a fórmula de
CULOS METROFERROVIÁRIOS – CONSULPLAN) Qual dos pares de Bhaskara:
pontos a seguir pertencem a uma função do 1º grau decrescente?
(A) Q(3, 3) e R(5, 5).
(B) N(0, –2) e P(2, 0).
(C) S(–1, 1) e T(1, –1).
(D) L(–2, –3) e M(2, 3).
Δ (letra grega: delta) é chamado de discriminante da equação.
Resolução: Observe que o discriminante terá um valor numérico, do qual te-
Para pertencer a uma função polinomial do 1º grau decrescen- mos de extrair a raiz quadrada. Neste caso, temos três casos a con-
te, o primeiro ponto deve estar em uma posição “mais alta” do que siderar:
o 2º ponto. Δ > 0 ⇒ duas raízes reais e distintas;
Vamos analisar as alternativas: Δ = 0 ⇒ duas raízes reais e iguais;
( A ) os pontos Q e R estão no 1º quadrante, mas Q está em uma Δ < 0 ⇒ não existem raízes reais (∄ x ∈ R).
posição mais baixa que o ponto R, e, assim, a função é crescente.
( B ) o ponto N está no eixo y abaixo do zero, e o ponto P está no Gráfico da função do 2º grau
eixo x à direita do zero, mas N está em uma posição mais baixa que
o ponto P, e, assim, a função é crescente. • Concavidade da parábola
( D ) o ponto L está no 3º quadrante e o ponto M está no 1º Graficamente, a função do 2º grau, de domínio r, é representa-
quadrante, e L está em uma posição mais baixa do que o ponto M, da por uma curva denominada parábola. Dada a função y = ax2 + bx
sendo, assim, crescente. + c, cujo gráfico é uma parábola, se:
( C ) o ponto S está no 2º quadrante e o ponto T está no 4º qua-
drante, e S está em uma posição mais alta do que o ponto T, sendo,
assim, decrescente.
Resposta: C

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MATEMÁTICA

• O termo independente
Na função y = ax2 + bx + c, se x = 0 temos y = c. Os pontos em que x = 0 estão no eixo y, isto significa que o ponto (0, c) é onde a pará-
bola “corta” o eixo y.

• Raízes da função
Considerando os sinais do discriminante (Δ) e do coeficiente de x2, teremos os gráficos que seguem para a função y = ax2 + bx + c.

Vértice da parábola – Máximos e mínimos da função


Observe os vértices nos gráficos:

O vértice da parábola será:


• o ponto mínimo se a concavidade estiver voltada para cima (a > 0);
• o ponto máximo se a concavidade estiver voltada para baixo (a < 0).
A reta paralela ao eixo y que passa pelo vértice da parábola é chamada de eixo de simetria.

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MATEMÁTICA
Coordenadas do vértice
As coordenadas do vértice da parábola são dadas por:

Estudo do sinal da função do 2º grau


Estudar o sinal da função quadrática é determinar os valores de x para que y seja: positivo, negativo ou zero. Dada a função f(x) = y =
ax2 + bx + c, para saber os sinais de y, determinamos as raízes (se existirem) e analisamos o valor do discriminante.

Exemplos:
(CBM/MG – OFICIAL BOMBEIRO MILITAR – FUMARC) Duas cidades A e B estão separadas por uma distância d. Considere um ciclista
que parte da cidade A em direção à cidade B. A distância d, em quilômetros, que o ciclista ainda precisa percorrer para chegar ao seu des-
tino em função do tempo t, em horas, é dada pela função . Sendo assim, a velocidade média desenvolvida pelo ciclista
em todo o percurso da cidade A até a cidade B é igual a
(A) 10 Km/h
(B) 20 Km/h
(C) 90 Km/h
(D) 100 Km/h

Resolução:
Vamos calcular a distância total, fazendo t = 0:

Agora, vamos substituir na função:

100 – t² = 0
– t² = – 100 . (– 1)
t² = 100
t= √100=10km/h
Resposta: A

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MATEMÁTICA
(IPEM – TÉCNICO EM METROLOGIA E QUALIDADE – VUNESP) A figura ilustra um arco decorativo de parábola AB sobre a porta da
entrada de um salão:

Considere um sistema de coordenadas cartesianas com centro em O, de modo que o eixo vertical (y) passe pelo ponto mais alto do
arco (V), e o horizontal (x) passe pelos dois pontos de apoio desse arco sobre a porta (A e B).
Sabendo-se que a função quadrática que descreve esse arco é f(x) = – x²+ c, e que V = (0; 0,81), pode-se afirmar que a distância , em
metros, é igual a
(A) 2,1.
(B) 1,8.
(C) 1,6.
(D) 1,9.
(E) 1,4.

Resolução:
C=0,81, pois é exatamente a distância de V
F(x)=-x²+0,81
0=-x²+0,81
X²=0,81
X=±0,9
A distância AB é 0,9+0,9=1,8
Resposta: B

(TRANSPETRO – TÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO E CONTROLE JÚNIOR – CESGRANRIO) A raiz da função f(x) = 2x − 8 é também raiz da
função quadrática g(x) = ax²+ bx + c. Se o vértice da parábola, gráfico da função g(x), é o ponto V(−1, −25), a soma a + b + c é igual a:
(A) − 25
(B) − 24
(C) − 23
(D) − 22
(E) – 21
Resolução:
2x-8=0
2x=8
X=4

Lembrando que para encontrar a equação, temos:


(x - 4)(x + 6) = x² + 6x - 4x - 24 = x² + 2x - 24
a=1
b=2
c=-24
a + b + c = 1 + 2 – 24 = -21
Resposta: E

67
MATEMÁTICA
Função exponencial
Antes seria bom revisarmos algumas noções de potencialização e radiciação.
Sejam a e b bases reais e diferentes de zero e m e n expoentes inteiros, temos:

Equação exponencial
A equação exponencial caracteriza-se pela presença da incógnita no expoente. Exemplos:

Para resolver estas equações, além das propriedades de potências, utilizamos a seguinte propriedade:
Se duas potências são iguais, tendo as bases iguais, então os expoentes são iguais: am = an ⇔ m = n, sendo a > 0 e a ≠ 1.

Gráficos da função exponencial


A função exponencial f, de domínio R e contradomínio R, é definida por y = ax, onde a > 0 e a ≠1.

Exemplos:
01. Considere a função y = 3x.
Vamos atribuir valores a x, calcular y e a seguir construir o gráfico:

02. Considerando a função, encontre a função: y = (1/3)x

68
MATEMÁTICA
Observando as funções anteriores, podemos concluir que para y = ax:
• se a > 1, a função exponencial é crescente;
• se 0 < a < 1, a função é decrescente.

Graficamente temos:

Inequação exponencial
A inequação exponencial caracteriza-se pela presença da incógnita no expoente e de um dos sinais de desigualdade: >, <, ≥ ou ≤.
Analisando seus gráficos, temos:

Observando o gráfico, temos que:


• na função crescente, conservamos o sinal da desigualdade para comparar os expoentes:

• na função decrescente, “invertemos” o sinal da desigualdade para comparar os expoentes:

Desde que as bases sejam iguais.

Exemplos:
(CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/MT – OFICIAL BOMBEIRO MILITAR – COVEST – UNEMAT) As funções exponenciais são muito usa-
das para modelar o crescimento ou o decaimento populacional de uma determinada região em um determinado período de tempo. A fun-
ção P(t) = 234(1,023)t modela o comportamento de uma determinada cidade quanto ao seu crescimento populacional em um determinado
período de tempo, em que P é a população em milhares de habitantes e t é o número de anos desde 1980.
Qual a taxa média de crescimento populacional anual dessa cidade?
(A) 1,023%
(B) 1,23%
(C) 2,3%
(D) 0,023%
(E) 0,23%

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MATEMÁTICA
Resolução:

Primeiramente, vamos calcular a população inicial, fazendo t = 0:

Agora, vamos calcular a população após 1 ano, fazendo t = 1:

Por fim, vamos utilizar a Regra de Três Simples:


População----------%
234 --------------- 100
239,382 ------------ x

234.x = 239,382 . 100


x = 23938,2 / 234
x = 102,3%
102,3% = 100% (população já existente) + 2,3% (crescimento)
Resposta: C

(POLÍCIA CIVIL/SP – DESENHISTA TÉCNICO-PERICIAL – VUNESP) Uma população P cresce em função do tempo t (em anos), segundo a
sentença P = 2000.50,1t. Hoje, no instante t = 0, a população é de 2 000 indivíduos. A população será de 50 000 indivíduos daqui a
(A) 20 anos.
(B) 25 anos.
(C) 50 anos.
(D) 15 anos.
(E) 10 anos.

Resolução:

Vamos simplificar as bases (5), sobrando somente os expoentes. Assim:


0,1 . t = 2
t = 2 / 0,1
t = 20 anos
Resposta: A

Função logarítmica
• Logaritmo
O logaritmo de um número b, na base a, onde a e b são positivos e a é diferente de um, é um número x, tal que x é o expoente de a
para se obter b, então:

Onde:
b é chamado de logaritmando
a é chamado de base
x é o logaritmo

OBSERVAÇÕES
– loga a = 1, sendo a > 0 e a ≠ 1
– Nos logaritmos decimais, ou seja, aqueles em que a base é 10, está frequentemente é omitida. Por exemplo: logaritmo de 2 na
base 10; notação: log 2

70
MATEMÁTICA
Propriedades decorrentes da definição

• Domínio (condição de existência)


Segundo a definição, o logaritmando e a base devem ser positivos, e a base deve ser diferente de 1. Portanto, sempre que encontra-
mos incógnitas no logaritmando ou na base devemos garantir a existência do logaritmo.

– Propriedades

Logaritmo decimal - característica e mantissa


Normalmente eles são calculados fazendo-se o uso da calculadora e da tabela de logaritmos. Mas fique tranquilo em sua prova as
bancas fornecem os valores dos logaritmos.

Exemplo: Determine log 341.

Resolução:
Sabemos que 341 está entre 100 e 1.000:
102 < 341 < 103
Como a característica é o expoente de menor potência de 10, temos que c = 2.
Consultando a tabela para 341, encontramos m = 0,53275. Logo: log 341 = 2 + 0,53275  log 341 = 2,53275.

Propriedades operatórias dos logaritmos

Cologaritmo
cologa b = - loga b, sendo b> 0, a > 0 e a ≠ 1

Mudança de base
Para resolver questões que envolvam logaritmo com bases diferentes, utilizamos a seguinte expressão:

Função logarítmica
Função logarítmica é a função f, de domínio R*+ e contradomínio R, que associa cada número real e positivo x ao logaritmo de x na
base a, onde a é um número real, positivo e diferente de 1.

71
MATEMÁTICA
Gráfico da função logarítmica
Vamos construir o gráfico de duas funções logarítmicas como exemplo:
A) y = log3 x
Atribuímos valores convenientes a x, calculamos y, conforme mostra a tabela. Localizamos os pontos no plano cartesiano obtendo a
curva que representa a função.

B) y = log1/3 x
Vamos tabelar valores convenientes de x, calculando y. Localizamos os pontos no plano cartesiano, determinando a curva correspon-
dente à função.

Observando as funções anteriores, podemos concluir que para y = logax:


• se a > 1, a função é crescente;
• se 0 < a < 1, a função é decrescente.

Equações logarítmicas
A equação logarítmica caracteriza-se pela presença do sinal de igualdade e da incógnita no logaritmando.
Para resolver uma equação, antes de mais nada devemos estabelecer a condição de existência do logaritmo, determinando os valores
da incógnita para que o logaritmando e a base sejam positivos, e a base diferente de 1.
Inequações logarítmicas
Identificamos as inequações logarítmicas pela presença da incógnita no logaritmando e de um dos sinais de desigualdade: >, <, ≥ ou ≤.
Assim como nas equações, devemos garantir a existência do logaritmo impondo as seguintes condições: o logaritmando e a base
devem ser positivos e a base deve ser diferente de 1.
Na resolução de inequações logarítmicas, procuramos obter logaritmos de bases iguais nos dois membros da inequação, para poder
comparar os logaritmandos. Porém, para que não ocorram distorções, devemos verificar se as funções envolvidas são crescentes ou de-
crescentes. A justificativa será feita por meio da análise gráfica de duas funções:

72
MATEMÁTICA

Na função crescente, os sinais coincidem na comparação dos logaritmandos e, posteriormente, dos respectivos logaritmos; porém,
o mesmo não ocorre na função decrescente. De modo geral, quando resolvemos uma inequação logarítmica, temos de observar o valor
numérico da base pois, sendo os dois membros da inequação compostos por logaritmos de mesma base, para comparar os respectivos
logaritmandos temos dois casos a considerar:
• se a base é um número maior que 1 (função crescente), utilizamos o mesmo sinal da inequação;
• se a base é um número entre zero e 1 (função decrescente), utilizamos o “sinal inverso” da inequação.

Concluindo, dada a função y = loga x e dois números reais x1 e x2:

Exemplos:
(PETROBRAS-GEOFISICO JUNIOR – CESGRANRIO) Se log x representa o logaritmo na base 10 de x, então o valor de n tal que log n =
3 - log 2 é:
(A) 2000
(B) 1000
(C) 500
(D) 100
(E) 10

Resolução:
log n = 3 - log 2
log n + log 2 = 3 * 1
onde 1 = log 10 então:
log (n * 2) = 3 * log 10
log(n*2) = log 10 ^3
2n = 10^3
2n = 1000
n = 1000 / 2
n = 500
Resposta: C

73
MATEMÁTICA
(MF – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF) Sabendo-se que log x representa o logaritmo de x na base 10, calcule o valor
da expressão log 20 + log 5.
(A) 5
(B) 4
(C) 1
(D) 2
(E) 3

Resolução:
E = log20 + log5
E = log(2 x 10) + log5
E = log2 + log10 + log5
E = log10 + log (2 x 5)
E = log10 + log10
E = 2 log10
E=2
Resposta: D

Funções trigonométricas
Podemos generalizar e escrever todos os arcos com essa característica na seguinte forma: π/2 + 2kπ, onde k Є Z. E de uma forma geral
abrangendo todos os arcos com mais de uma volta, x + 2kπ.
Estes arcos são representados no plano cartesiano através de funções circulares como: função seno, função cosseno e função tangen-
te.

• Função Seno
É uma função f : R → R que associa a cada número real x o seu seno, então f(x) = sem x. O sinal da função f(x) = sem x é positivo no 1º
e 2º quadrantes, e é negativo quando x pertence ao 3º e 4º quadrantes.

74
MATEMÁTICA
• Função Cosseno
É uma função f : R → R que associa a cada número real x o seu cosseno, então f(x) = cos x. O sinal da função f(x) = cos x é positivo no
1º e 4º quadrantes, e é negativo quando x pertence ao 2º e 3º quadrantes.

• Função Tangente
É uma função f : R → R que associa a cada número real x a sua tangente, então f(x) = tg x.
Sinais da função tangente:
- Valores positivos nos quadrantes ímpares.
- Valores negativos nos quadrantes pares.
- Crescente em cada valor.

75
MATEMÁTICA

SISTEMAS LINEARES, MATRIZES E DETERMINANTES: PROPRIEDADES, APLICAÇÕES

Matriz
Uma matriz é uma tabela de números reais dispostos segundo linhas horizontais e colunas verticais.
O conjunto ordenado dos números que formam a tabela, é denominado matriz, e cada número pertencente a ela é chamado de ele-
mento da matriz.

• Tipo ou ordem de uma matriz


As matrizes são classificadas de acordo com o seu número de linhas e de colunas. Assim, a matriz representada a seguir é denominada
matriz do tipo, ou ordem, 3 x 4 (lê-se três por quatro), pois tem três linhas e quatro colunas. Exemplo:

• Representação genérica de uma matriz


Costumamos representar uma matriz por uma letra maiúscula (A, B, C...), indicando sua ordem no lado inferior direito da letra. Quan-
do desejamos indicar a ordem de modo genérico, fazemos uso de letras minúsculas. Exemplo: Am x n.
Da mesma maneira, indicamos os elementos de uma matriz pela mesma letra que a denomina, mas em minúscula. A linha e a coluna
em que se encontra tal elemento é indicada também no lado inferior direito do elemento. Exemplo: a11.

76
MATEMÁTICA
Exemplo:
(PM/SE – SOLDADO 3ª CLASSE – FUNCAB) A matriz abaixo registra as ocorrências policiais em uma das regiões da cidade durante uma
semana.

Sendo M=(aij)3x7 com cada elemento aij representando o número de ocorrência no turno i do dia j da semana.
O número total de ocorrências no 2º turno do 2º dia, somando como 3º turno do 6º dia e com o 1º turno do 7º dia será:
(A) 61
(B) 59
(C) 58
(D) 60
(E) 62

Resolução:
Turno i –linha da matriz
Turno j- coluna da matriz
2º turno do 2º dia – a22=18
3º turno do 6º dia-a36=25
1º turno do 7º dia-a17=19
Somando:18+25+19=62
Resposta: E

• Igualdade de matrizes
Duas matrizes A e B são iguais quando apresentam a mesma ordem e seus elementos correspondentes forem iguais.

• Operações com matrizes


– Adição: somamos os elementos correspondentes das matrizes, por isso, é necessário que as matrizes sejam de mesma ordem.
A=[aij]m x n; B = [bij]m x n, portanto C = A + B ⇔ cij = aij + bij.

Exemplo:
(PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO) Considere a seguinte sentença envolvendo matrizes:

Diante do exposto, assinale a alternativa que apresenta o valor de y que torna a sentença verdadeira.
(A) 4.
(B) 6.
(C) 8.
(D) 10.

Resolução:

y=10
Resposta: D

77
MATEMÁTICA
– Multiplicação por um número real: sendo k ∈ R e A uma matriz de ordem m x n, a matriz k . A é obtida multiplicando-se todos os
elementos de A por k.

– Subtração: a diferença entre duas matrizes A e B (de mesma ordem) é obtida por meio da soma da matriz A com a oposta de B.

– Multiplicação entre matrizes: consideremos o produto A . B = C. Para efetuarmos a multiplicação entre A e B, é necessário, antes de
mais nada, determinar se a multiplicação é possível, isto é, se o número de colunas de A é igual ao número de linhas de B, determinando
a ordem de C: Am x n x Bn x p = Cm x p, como o número de colunas de A coincide com o de linhas de B(n) então torna-se possível o produto, e a
matriz C terá o número de linhas de A(m) e o número de colunas de B(p)

De modo geral, temos:

Exemplo:
(CPTM – ALMOXARIFE – MAKIYAMA) Assinale a alternativa que apresente o resultado da multiplicação das matrizes A e B abaixo:

(A)

(B)

(C)

(D)

(E)

78
MATEMÁTICA
Resolução:

Resposta: B
• Casos particulares
– Matriz identidade ou unidade: é a matriz quadrada que possui os elementos de sua diagonal principal iguais a 1 e os demais ele-
mentos iguais a 0. Indicamos a matriz identidade de Ιn, onde n é a ordem da matriz.

– Matriz transposta: é a matriz obtida pela troca ordenada de linhas por colunas de uma matriz. Dada uma matriz A de ordem m x n,
obtém-se uma outra matriz de ordem n x m, chamada de transposta de A. Indica-se por At.

Exemplo:
(CPTM – ANALISTA DE COMUNICAÇÃO JÚNIOR – MAKIYAMA) Para que a soma de uma matriz e sua respectiva matriz transposta At
em uma matriz identidade, são condições a serem cumpridas:
(A) a=0 e d=0
(B) c=1 e b=1
(C) a=1/c e b=1/d
(D) a²-b²=1 e c²-d²=1
(E) b=-c e a=d=1/2

Resolução:

2a=1
a=1/2
b+c=0
b=-c
2d=1
D=1/2
Resposta: E

– Matriz inversa: dizemos que uma matriz quadrada A, de ordem n, admite inversa se existe uma matriz A-1, tal que:

79
MATEMÁTICA
Determinantes
Determinante é um número real associado a uma matriz quadrada. Para indicar o determinante, usamos barras. Seja A uma matriz
quadrada de ordem n, indicamos o determinante de A por:

• Determinante de uma matriz de 1ª- ordem


A matriz de ordem 1 só possui um elemento. Por isso, o determinante de uma matriz de 1ª ordem é o próprio elemento.

• Determinante de uma matriz de 2ª- ordem


Em uma matriz de 2ª ordem, obtém-se o determinante por meio da diferença do produto dos elementos da diagonal principal pelo
produto dos elementos da diagonal secundária.

Exemplo:
(PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO) É correto afirmar que o determinante é igual a zero para x igual a
(A) 1.
(B) 2.
(C) -2.
(D) -1.

Resolução:
D = 4 - (-2x)
0 = 4 + 2x
x=-2

Resposta: C

• Regra de Sarrus
Esta técnica é utilizada para obtermos o determinante de matrizes de 3ª ordem. Utilizaremos um exemplo para mostrar como aplicar
a regra de Sarrus. A regra de Sarrus consiste em:
a) Repetir as duas primeiras colunas à direita do determinante.
b) Multiplicar os elementos da diagonal principal e os elementos que estiverem nas duas paralelas a essa diagonal, conservando os
sinais desses produtos.
c) Efetuar o produto dos elementos da diagonal secundária e dos elementos que estiverem nas duas paralelas à diagonal e multipli-
cá-los por -1.
d) Somar os resultados dos itens b e c. E assim encontraremos o resultado do determinante.

Simplificando temos:

80
MATEMÁTICA
Exemplo:
(PREF. ARARAQUARA/SP – AGENTE DA ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO – CETRO) Dada a matriz

, assinale a alternativa que apresenta o valor do determinante de A é

(A) -9.
(B) -8.
(C) 0.
(D) 4.

Resolução:

detA = - 1 – 4 + 2 - (2 + 2 + 2) = - 9

Resposta: A

• Teorema de Laplace
Para matrizes quadradas de ordem n ≥ 2, o teorema de Laplace oferece uma solução prática no cálculo dos determinantes. Pelo
teorema, o determinante de uma matriz quadrada A de ordem n (n ≥ 2) é igual à soma dos produtos dos elementos de uma linha ou de
uma coluna qualquer, pelos respectivos co-fatores. Exemplo:

Dada a matriz quadrada de ordem 3, , vamos calcular det A usando o teorema de Laplace.
Podemos calcular o determinante da matriz A, escolhendo qualquer linha ou coluna. Por exemplo, escolhendo a 1ª linha, teremos:
det A = a11. A11 + a12. A12 + a13. A13

Portanto, temos que:


det A = 3. (-21) + 2. 6 + 1. (-12) ⇒ det A = -63 + 12 – 12 ⇒ det A = -63

Exemplo:
(TRANSPETRO – ENGENHEIRO JÚNIOR – AUTOMAÇÃO – CESGRANRIO) Um sistema dinâmico, utilizado para controle de uma rede
automatizada, forneceu dados processados ao longo do tempo e que permitiram a construção do quadro abaixo.

1 3 2 0
3 1 0 2
2 3 0 1
0 2 1 3

81
MATEMÁTICA
A partir dos dados assinalados, mantendo-se a mesma disposição, construiu-se uma matriz M. O valor do determinante associado à
matriz M é
(A) 42
(B) 44
(C) 46
(D) 48
(E) 50

Resolução:

Como é uma matriz 4x4 vamos achar o determinante através do teorema de Laplace. Para isso precisamos, calcular os cofatores. Dica:
pela fileira que possua mais zero. O cofator é dado pela fórmula: . Para o determinante é usado os números que
sobraram tirando a linha e a coluna.

Resposta: D

• Determinante de uma matriz de ordem n > 3


Para obtermos o determinante de matrizes de ordem n > 3, utilizamos o teorema de Laplace e a regra de Sarrus.

Exemplo:

Escolhendo a 1ª linha para o desenvolvimento do teorema de Laplace. Temos então:


det A = a11. A11 + a12. A12 + a13. A13 + a14. A14

82
MATEMÁTICA
Como os determinantes são, agora, de 3ª ordem, podemos • Solução de uma equação linear
aplicar a regra de Sarrus em cada um deles. Assim: Dada uma equação linear com n incógnitas:
det A= 3. (188) - 1. (121) + 2. (61) ⇒ det A = 564 - 121 + 122 a1x1 + a2x2 + ... + anxn = b, temos que sua solução é a sequência
⇒ det A = 565 de números reais (k1, k2, ..., kn) que, colocados correspondentemen-
te no lugar de x1, x2, ..., xn, tornam verdadeira a igualdade.
• Propriedades dos determinantes Quando a equação linear for homogênea, então ela admitirá
a) Se todos os elementos de uma linha ou de uma coluna são pelo menos a solução (0, 0, ..., 0), chamada de solução trivial.
nulos, o determinante é nulo.
• Representação genérica de um sistema linear
Um sistema linear de m equações nas n incógnitas x1, x2, ..., xn
é da forma:

b) Se uma matriz A possui duas linhas ou duas colunas iguais,


então o determinante é nulo.

onde a11, a12 , ..., an e b1, b2 , ..., bn são números reais.

Se o conjunto de números reais (k1, k2, ..., kn) torna verdadeiras


todas as equações do sistema, dizemos que esse conjunto é solu-
ção do sistema linear. Como as equações lineares são homogêneas
c) Em uma matriz cuja linha ou coluna foi multiplicada por um quando b = 0, então, consequentemente, um sistema linear será
número k real, o determinante também fica multiplicado pelo mes- homogêneo quando b1 = b2 = ... = bn = 0. Assim, o sistema admitirá
mo número k. a solução trivial, (0, 0, ... 0).

Exemplo:
Na equação 4x – y = 2, o par ordenado (3,10) é uma solução,
pois ao substituirmos esses valores na equação obtemos uma igual-
dade.
4. 3 – 10 → 12 – 10 = 2
Já o par (3,0) não é a solução, pois 4.3 – 0 = 2 → 12 ≠ 2

• Representação de um sistema linear por meio de matrizes


Um sistema linear de m equações com n incógnitas pode ser
escrito sob a forma de matrizes, bastando separar seus componen-
d) Para duas matrizes quadradas de mesma ordem, vale a se- tes por matriz.
guinte propriedade: Sejam:
Amn ⇒ a matriz dos coeficientes das incógnitas;
det (A. B) = det A + det B. Xn1 ⇒ a matriz das incógnitas;
Bn1 ⇒ a matriz dos termos independentes.
e) Uma matriz quadrada A será inversível se, e somente se, seu
determinante for diferente de zero.

Sistemas lineares
Entendemos por sistema linear um conjunto de equações li-
neares reunidas com o objetivo de se obterem soluções comuns a
todas essas equações.

• Equação linear
Chamamos de equações lineares as equações do 1º grau que Portanto, podemos escrever o sistema sob a forma matricial:
apresentam a forma:
a1x1 + a2x2 + a3x3+...anxn = b,

onde a1, a2, a3,.., an e b são números reais


x1, x2, x3,.., xn são as incógnitas.
Os números reais a1, a2, a3..., an são chamados de coeficientes e
b é o termo independente.

ATENÇÃO: TODOS os expoentes de todas as variáveis são


SEMPRE iguais a 1.

83
MATEMÁTICA
• Sistema normal
É o sistema em que o número de equações é igual ao número de incógnitas (m = n) e o determinante da matriz dos coeficientes é
diferente de zero.

Exemplo:
Dado o sistema S: , temos

Logo, o sistema linear S é normal.

• Classificação de um sistema linear


Classificar um sistema linear é considerá-lo em relação ao número de soluções que ele apresenta. Assim, os sistemas lineares podem
ser:
a) Sistema impossível ou incompatível: quando não admite solução. O sistema não admite solução quando o det A for nulo, e pelo
menos um dos determinantes relativos às incógnitas for diferente de zero, isto é: det A 1 0 ou det A2 0 ou ... ou det An 0.
b) Sistema possível ou compatível: quando admite pelo menos uma solução. Este sistema pode ser:
– Determinado: quando admitir uma única solução. ‘O sistema é determinado quando det A 0.
Em resumo temos:

• Regra de Cramer
Para a resolução de sistemas normais, utilizaremos a regra de Cramer.

Consideramos os sistemas .

Suponhamos que a ≠ 0. Observamos que a matriz incompleta desse sistema é

, cujo determinante é indicado por D = ad – bc.

Escalonando o sistema, obtemos:

Se substituirmos em M a 2ª coluna (dos coeficientes de y) pela coluna dos coeficientes independentes, obteremos , cujo de-
terminante é indicado por Dy = af – ce.
Assim, em (*), na 2ª equação, obtemos D. y = Dy. Se D ≠ 0, segue que

Substituindo esse valor de y na 1ª equação de (*) e considerando a matriz , cujo determinante é indicado por Dx = ed – bf,
obtemos , D ≠ 0.

84
MATEMÁTICA
Em síntese, temos:

O sistema é possível e determinado quando , e a solução desse sistema é dada por:

Esta regra é um importante recurso na resolução de sistemas lineares possíveis e determinados, especialmente quando o escalona-
mento se torna trabalhoso (por causa dos coeficientes das equações) ou quando o sistema é literal.

Exemplo:
Aplicando a Regra de Cramer para resolver os sistemas

Temos que , dessa forma, SPD.

Uma alternativa para encontrar o valor de z seria substituir x por -2 e y por 3 em qualquer uma das equações do sistema.
Assim, S = {(-2,3-1)}.

Exemplos:
(UNIOESTE – ANALISTA DE INFORMÁTICA – UNIOESTE) Considere o seguinte sistema de equações lineares

Assinale a alternativa correta.


(A) O determinante da matriz dos coeficientes do sistema é um número estritamente positivo.
(B) O sistema possui uma única solução (1, 1, -1).
(C) O sistema possui infinitas soluções.
(D) O posto da matriz ampliada associada ao sistema é igual a 3.
(E) Os vetores linha (1, 2, 3/2) e (2, 4, 3) não são colineares.

Resolução:

85
MATEMÁTICA
O sistema pode ser SI(sistema impossível) ou SPI(sistema possível indeterminado)
Para ser SI Dx = 0 e SPI Dx ≠ 0

Dx ≠ 0, portanto o sistema tem infinitas soluções.


Resposta: C

(SEDUC/RJ - PROFESSOR – MATEMÁTICA – CEPERJ) Sabendo-se que 2a + 3b + 4c = 17 e que 4a + b - 2c = 9, o valor de a + b + c é:


(A) 3.
(B) 4.
(C) 5.
(D) 6.
(E) 7.

Resolução:
(I) 2a + 3b + 4c = 17 x(-2)
(II) 4a + b – 2c = 9
Multiplicamos a primeira equação por – 2 e somamos com a segunda, cancelando a variável a:
(I) 2a + 3b + 4c = 17
(II) – 5b – 10c = - 25 : (- 5)

Então:
(I) 2a + 3b + 4c = 17
(II) b +2c = 5
Um sistema com três variáveis e duas equações é possível e indeterminado (tem infinitas soluções), então fazendo a variável c = α
(qualquer letra grega).
Substituímos c em (II):
b + 2α = 5
Reposta: D

ANÁLISE COMBINATÓRIA: ARRANJOS, PERMUTAÇÕES E COMBINAÇÕES SIMPLES, BINÔMIO DE NEWTON E PROBABILIDA-


DE EM ESPAÇOS AMOSTRAIS FINITOS

A Análise Combinatória é a parte da Matemática que desenvolve meios para trabalharmos com problemas de contagem. Vejamos
eles:

Princípio fundamental de contagem (PFC)


É o total de possibilidades de o evento ocorrer.

• Princípio multiplicativo: P1. P2. P3. ... .Pn.(regra do “e”). É um princípio utilizado em sucessão de escolha, como ordem.
• Princípio aditivo: P1 + P2 + P3 + ... + Pn. (regra do “ou”). É o princípio utilizado quando podemos escolher uma coisa ou outra.

Exemplos:
(BNB) Apesar de todos os caminhos levarem a Roma, eles passam por diversos lugares antes. Considerando-se que existem três cami-
nhos a seguir quando se deseja ir da cidade A para a cidade B, e que existem mais cinco opções da cidade B para Roma, qual a quantidade
de caminhos que se pode tomar para ir de A até Roma, passando necessariamente por B?
(A) Oito.
(B) Dez.
(C) Quinze.
(D) Dezesseis.
(E) Vinte.

Resolução:
Observe que temos uma sucessão de escolhas:
Primeiro, de A para B e depois de B para Roma.
1ª possibilidade: 3 (A para B).
Obs.: o número 3 representa a quantidade de escolhas para a primeira opção.

86
MATEMÁTICA
2ª possibilidade: 5 (B para Roma). n = 18 (professores)
Temos duas possibilidades: A para B depois B para Roma, logo, p = 3 (cargos de diretor, vice-diretor e coordenador pedagógi-
uma sucessão de escolhas. co)
Resultado: 3 . 5 = 15 possibilidades.
Resposta: C.

(PREF. CHAPECÓ/SC – ENGENHEIRO DE TRÂNSITO – IOBV) Em


um restaurante os clientes têm a sua disposição, 6 tipos de carnes,
4 tipos de cereais, 4 tipos de sobremesas e 5 tipos de sucos. Se o • Com repetição
cliente quiser pedir 1 tipo carne, 1 tipo de cereal, 1 tipo de sobre- Os elementos que compõem o conjunto podem aparecer re-
mesa e 1 tipo de suco, então o número de opções diferentes com petidos em um agrupamento, ou seja, ocorre a repetição de um
que ele poderia fazer o seu pedido, é: mesmo elemento em um agrupamento.
(A) 19 A fórmula geral para o arranjo com repetição é representada
(B) 480 por:
(C) 420
(D) 90

Resolução:
A questão trata-se de princípio fundamental da contagem, logo
vamos enumerar todas as possibilidades de fazermos o pedido: Exemplo: Seja P um conjunto com elementos: P = {A,B,C,D},
6 x 4 x 4 x 5 = 480 maneiras. tomando os agrupamentos de dois em dois, considerando o arranjo
Resposta: B. com repetição quantos agrupamentos podemos obter em relação
ao conjunto P.
Fatorial
Sendo n um número natural, chama-se de n! (lê-se: n fatorial) Resolução:
a expressão: P = {A, B, C, D}
n! = n (n - 1) (n - 2) (n - 3). ... .2 . 1, como n ≥ 2. n=4
p=2
Exemplos: A(n,p)=np
5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120. A(4,2)=42=16
7! = 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 5.040.
Permutação
ATENÇÃO É a TROCA DE POSIÇÃO de elementos de uma sequência. Utili-
zamos todos os elementos.
0! = 1
1! = 1 • Sem repetição
Tenha cuidado 2! = 2, pois 2 . 1 = 2. E 3!
Não é igual a 3, pois 3 . 2 . 1 = 6.

Arranjo simples
Arranjo simples de n elementos tomados p a p, onde n>=1 e p Atenção: Todas as questões de permutação simples podem ser
é um número natural, é qualquer ordenação de p elementos dentre resolvidas pelo princípio fundamental de contagem (PFC).
os n elementos, em que cada maneira de tomar os elementos se
diferenciam pela ordem e natureza dos elementos. Exemplo:
(PREF. LAGOA DA CONFUSÃO/TO – ORIENTADOR SOCIAL –
Atenção: Observe que no grupo dos elementos: {1,2,3} um dos IDECAN) Renato é mais velho que Jorge de forma que a razão entre
arranjos formados, com três elementos, 123 é DIFERENTE de 321, e o número de anagramas de seus nomes representa a diferença en-
assim sucessivamente. tre suas idades. Se Jorge tem 20 anos, a idade de Renato é
(A) 24.
• Sem repetição (B) 25.
A fórmula para cálculo de arranjo simples é dada por: (C) 26.
(D) 27.
(E) 28.

Resolução:
Anagramas de RENATO
______
Onde: 6.5.4.3.2.1=720
n = Quantidade total de elementos no conjunto.
P =Quantidade de elementos por arranjo Anagramas de JORGE
Exemplo: Uma escola possui 18 professores. Entre eles, serão _____
escolhidos: um diretor, um vice-diretor e um coordenador pedagó- 5.4.3.2.1=120
gico. Quantas as possibilidades de escolha?

87
MATEMÁTICA
Razão dos anagramas: 720/120=6
Se Jorge tem 20 anos, Renato tem 20+6=26 anos.
Resposta: C.

• Com repetição
Na permutação com elementos repetidos ocorrem permutações que não mudam o elemento, pois existe troca de elementos iguais.
Por isso, o uso da fórmula é fundamental.

Exemplo:
(CESPE) Considere que um decorador deva usar 7 faixas coloridas de dimensões iguais, pendurando-as verticalmente na vitrine de
uma loja para produzir diversas formas. Nessa situação, se 3 faixas são verdes e indistinguíveis, 3 faixas são amarelas e indistinguíveis e 1
faixa é branca, esse decorador conseguirá produzir, no máximo, 140 formas diferentes com essas faixas.
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
Total: 7 faixas, sendo 3 verdes e 3 amarelas.

Resposta: Certo.

• Circular
A permutação circular é formada por pessoas em um formato circular. A fórmula é necessária, pois existem algumas permutações
realizadas que são iguais. Usamos sempre quando:
a) Pessoas estão em um formato circular.
b) Pessoas estão sentadas em uma mesa quadrada (retangular) de 4 lugares.

Exemplo:
(CESPE) Uma mesa circular tem seus 6 lugares, que serão ocupados pelos 6 participantes de uma reunião. Nessa situação, o número
de formas diferentes para se ocupar esses lugares com os participantes da reunião é superior a 102.
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
É um caso clássico de permutação circular.
Pc = (6 - 1) ! = 5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120 possibilidades.
Resposta: CERTO.

Combinação
Combinação é uma escolha de um grupo, SEM LEVAR EM CONSIDERAÇÃO a ordem dos elementos envolvidos.

• Sem repetição
Dados n elementos distintos, chama-se de combinação simples desses n elementos, tomados p a p, a qualquer agrupamento de p
elementos distintos, escolhidos entre os n elementos dados e que diferem entre si pela natureza de seus elementos.

Fórmula:

88
MATEMÁTICA
Exemplo:
(CRQ 2ª REGIÃO/MG – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FUNDEP) Com 12 fiscais, deve-se fazer um grupo de trabalho com 3 deles. Como
esse grupo deverá ter um coordenador, que pode ser qualquer um deles, o número de maneiras distintas possíveis de se fazer esse grupo é:
(A) 4
(B) 660
(C) 1 320
(D) 3 960

Resolução:
Como trata-se de Combinação, usamos a fórmula:

Onde n = 12 e p = 3

Como cada um deles pode ser o coordenado, e no grupo tem 3 pessoas, logo temos 220 x 3 = 660.
Resposta: B.

As questões que envolvem combinação estão relacionadas a duas coisas:


– Escolha de um grupo ou comissões.
– Escolha de grupo de elementos, sem ordem, ou seja, escolha de grupo de pessoas, coisas, objetos ou frutas.

• Com repetição
É uma escolha de grupos, sem ordem, porém, podemos repetir elementos na hora de escolher.

Exemplo:
Em uma combinação com repetição classe 2 do conjunto {a, b, c}, quantas combinações obtemos?
Utilizando a fórmula da combinação com repetição, verificamos o mesmo resultado sem necessidade de enumerar todas as possibi-
lidades:
n=3ep=2

PROBABILIDADES
A teoria da probabilidade permite que se calcule a chance de ocorrência de um número em um experimento aleatório.

Elementos da teoria das probabilidades


• Experimentos aleatórios: fenômenos que apresentam resultados imprevisíveis quando repetidos, mesmo que as condições sejam
semelhantes.
• Espaço amostral: é o conjunto U, de todos os resultados possíveis de um experimento aleatório.
• Evento: qualquer subconjunto de um espaço amostral, ou seja, qualquer que seja E Ì U, onde E é o evento e U, o espaço amostral.

89
MATEMÁTICA

Experimento composto
Quando temos dois ou mais experimentos realizados simultaneamente, dizemos que o experimento é composto. Nesse caso, o nú-
mero de elementos do espaço amostral é dado pelo produto dos números de elementos dos espaços amostrais de cada experimento.
n(U) = n(U1).n(U2)

Probabilidade de um evento
Em um espaço amostral U, equiprobabilístico (com elementos que têm chances iguais de ocorrer), com n(U) elementos, o evento E,
com n(E) elementos, onde E Ì U, a probabilidade de ocorrer o evento E, denotado por p(E), é o número real, tal que:

Onde,
n(E) = número de elementos do evento E.
n(S) = número de elementos do espaço amostral S.

Sendo 0 ≤ P(E) ≤ 1 e S um conjunto equiprovável, ou seja, todos os elementos têm a mesma “chance de acontecer.

ATENÇÃO:
As probabilidades podem ser escritas na forma decimal ou representadas em porcentagem.
Assim: 0 ≤ p(E) ≤ 1, onde:
p(∅) = 0 ou p(∅) = 0%
p(U) = 1 ou p(U) = 100%

Exemplo:
(PREF. NITERÓI – AGENTE FAZENDÁRIO – FGV) O quadro a seguir mostra a distribuição das idades dos funcionários de certa reparti-
ção pública:

FAIXA DE IDADES (ANOS) NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS


20 ou menos 2
De 21 a 30 8
De 31 a 40 12
De 41 a 50 14
Mais de 50 4

Escolhendo ao acaso um desses funcionários, a probabilidade de que ele tenha mais de 40 anos é:
(A) 30%;
(B) 35%;
(C) 40%;
(D) 45%;
(E) 55%.

90
MATEMÁTICA
Resolução:
O espaço amostral é a soma de todos os funcionário:
2 + 8 + 12 + 14 + 4 = 40
O número de funcionário que tem mais de 40 anos é: 14 + 4 = 18
Logo a probabilidade é:

Resposta: D

Probabilidade da união de eventos


Para obtermos a probabilidade da união de eventos utilizamos a seguinte expressão:

Quando os eventos forem mutuamente exclusivos, tendo A ∩ B = Ø, utilizamos a seguinte equação:

Probabilidade de um evento complementar


É quando a soma das probabilidades de ocorrer o evento E, e de não ocorrer o evento E (seu complementar, Ē) é 1.

Probabilidade condicional
Quando se impõe uma condição que reduz o espaço amostral, dizemos que se trata de uma probabilidade condicional.
Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral U, com p(B) ≠ 0. Chama-se probabilidade de A condicionada a B a probabilidade de
ocorrência do evento A, sabendo-se que já ocorreu ou que vai ocorrer o evento B, ou seja:

Podemos também ler como: a probabilidade de A “dado que” ou “sabendo que” a probabilidade de B.

– Caso forem dois eventos simultâneos (ou sucessivos): para se avaliar a probabilidade de ocorrem dois eventos simultâneos (ou
sucessivos), que é P (A ∩ B), é preciso multiplicar a probabilidade de ocorrer um deles P(B) pela probabilidade de ocorrer o outro, sabendo
que o primeiro já ocorreu P (A | B). Sendo:

91
MATEMÁTICA
– Se dois eventos forem independentes: dois eventos A e B de um espaço amostral S são independentes quando P(A|B) = P(A) ou
P(B|A) = P(B). Sendo os eventos A e B independentes, temos:

P (A ∩ B) = P(A). P(B)

Lei Binomial de probabilidade


A lei binominal das probabilidades é dada pela fórmula:

Sendo:
n: número de tentativas independentes;
p: probabilidade de ocorrer o evento em cada experimento (sucesso);
q: probabilidade de não ocorrer o evento (fracasso); q = 1 - p
k: número de sucessos.

ATENÇÃO:
A lei binomial deve ser aplicada nas seguintes condições:
– O experimento deve ser repetido nas mesmas condições as n vezes.
– Em cada experimento devem ocorrer os eventos E e .
– A probabilidade do E deve ser constante em todas as n vezes.
– Cada experimento é independente dos demais.

Exemplo:
Lançando-se um dado 5 vezes, qual a probabilidade de ocorrerem três faces 6?

Resolução:
n: número de tentativas ⇒ n = 5
k: número de sucessos ⇒ k = 3
p: probabilidade de ocorrer face 6 ⇒ p = 1/6
q: probabilidade de não ocorrer face 6 ⇒ q = 1- p ⇒ q = 5/6

GEOMETRIA E MEDIDAS: GEOMETRIA PLANA: FIGURAS GEOMÉTRICAS, CONGRUÊNCIA, SEMELHANÇA, PERÍMETRO E


ÁREA. GEOMETRIA ESPACIAL: PARALELISMO, PERPENDICULARISMO ENTRE RETAS E PLANOS, ÁREAS E VOLUMES DOS
SÓLIDOS GEOMÉTRICOS: PRISMA, PIRÂMIDE, CILINDRO, CONE E ESFERA. GEOMETRIA ANALÍTICA NO PLANO: RETAS, CIR-
CUNFERÊNCIA E DISTÂNCIAS

Geometria plana
Aqui nos deteremos a conceitos mais cobrados como perímetro e área das principais figuras planas. O que caracteriza a geometria
plana é o estudo em duas dimensões.

Perímetro
É a soma dos lados de uma figura plana e pode ser representado por P ou 2p, inclusive existem umas fórmulas de geometria que apa-
rece p que é o semiperímetro (metade do perímetro). Basta observamos a imagem:

Observe que a planta baixa tem a forma de um retângulo.

92
MATEMÁTICA
Exemplo:
(CPTM - Médico do trabalho – MAKIYAMA) Um terreno retangular de perímetro 200m está à venda em uma imobiliária. Sabe-se que
sua largura tem 28m a menos que o seu comprimento. Se o metro quadrado cobrado nesta região é de R$ 50,00, qual será o valor pago
por este terreno?
(A) R$ 10.000,00.
(B) R$ 100.000,00.
(C) R$ 125.000,00.
(D) R$ 115.200,00.
(E) R$ 100.500,00.

Resolução:
O perímetro do retângulo é dado por = 2(b+h);
Pelo enunciado temos que: sua largura tem 28m a menos que o seu comprimento, logo 2 (x + (x-28)) = 2 (2x -28) = 4x – 56. Como ele
já dá o perímetro que é 200, então
200 = 4x -56  4x = 200+56  4x = 256  x = 64
Comprimento = 64, largura = 64 – 28 = 36
Área do retângulo = b.h = 64.36 = 2304 m2
Logo o valor da área é: 2304.50 = 115200
Resposta: D

• Área
É a medida de uma superfície. Usualmente a unidade básica de área é o m2 (metro quadrado). Que equivale à área de um quadrado
de 1 m de lado.

Quando calculamos que a área de uma determinada figura é, por exemplo, 12 m2; isso quer dizer que na superfície desta figura ca-
bem 12 quadrados iguais ao que está acima.

Planta baixa de uma casa com a área total

93
MATEMÁTICA
Para efetuar o cálculo de áreas é necessário sabermos qual a figura plana e sua respectiva fórmula. Vejamos:

(Fonte: https://static.todamateria.com.br/upload/57/97/5797a651dfb37-areas-de-figuras-planas.jpg)

Geometria espacial
Aqui trataremos tanto das figuras tridimensionais e dos sólidos geométricos. O importante é termos em mente todas as figuras pla-
nas, pois a construção espacial se dá através da junção dessas figuras. Vejamos:
Diedros
Sendo dois planos secantes (planos que se cruzam) π e π’, o espaço entre eles é chamado de diedro. A medida de um diedro é feita
em graus, dependendo do ângulo formado entre os planos.

Poliedros
São sólidos geométricos ou figuras geométricas espaciais formadas por três elementos básicos: faces, arestas e vértices. Chamamos
de poliedro o sólido limitado por quatro ou mais polígonos planos, pertencentes a planos diferentes e que têm dois a dois somente uma
aresta em comum. Veja alguns exemplos:

Os polígonos são as faces do poliedro; os lados e os vértices dos polígonos são as arestas e os vértices do poliedro.
Um poliedro é convexo se qualquer reta (não paralela a nenhuma de suas faces) o corta em, no máximo, dois pontos. Ele não possuí
“reentrâncias”. E caso contrário é dito não convexo.

Relação de Euler
Em todo poliedro convexo sendo V o número de vértices, A o número de arestas e F o número de faces, valem as seguintes relações
de Euler:
Poliedro Fechado: V – A + F = 2
Poliedro Aberto: V – A + F = 1

94
MATEMÁTICA
Para calcular o número de arestas de um poliedro temos que Não Poliedros
multiplicar o número de faces F pelo número de lados de cada face
n e dividir por dois. Quando temos mais de um tipo de face, basta
somar os resultados.
A = n.F/2

Poliedros de Platão
Eles satisfazem as seguintes condições:
- todas as faces têm o mesmo número n de arestas;
- todos os ângulos poliédricos têm o mesmo número m de ares-
tas;
- for válida a relação de Euler (V – A + F = 2).

Os sólidos acima são. São considerados não planos pois pos-


suem suas superfícies curvas.
Cilindro: tem duas bases geometricamente iguais definidas por
curvas fechadas em superfície lateral curva.
Cone: tem uma só base definida por uma linha curva fechada e
uma superfície lateral curva.
Esfera: é formada por uma única superfície curva.

Planificações de alguns Sólidos Geométricos

Poliedros Regulares
Um poliedro e dito regular quando:
- suas faces são polígonos regulares congruentes;
- seus ângulos poliédricos são congruentes;

Por essas condições e observações podemos afirmar que todos


os poliedros de Platão são ditos Poliedros Regulares.

Exemplo:
(PUC/RS) Um poliedro convexo tem cinco faces triangulares e
três pentagonais. O número de arestas e o número de vértices des-
te poliedro são, respectivamente:
(A) 30 e 40
(B) 30 e 24
(C) 30 e 8
(D) 15 e 25
(E) 15 e 9

Resolução:
O poliedro tem 5 faces triangulares e 3 faces pentagonais, logo,
tem um total de 8 faces (F = 8). Como cada triângulo tem 3 lados e
o pentágono 5 lados. Temos:

Fonte: https://1.bp.blogspot.com/-WWDbQ-Gh5zU/Wb7iCjR42BI/
AAAAAAAAIR0/kfRXIcIYLu4Iqf7ueIYKl39DU-9Zw24lgCLcBGAs/
s1600/revis%25C3%25A3o%2Bfiguras%2Bgeom%25C3%25A9tri-
cas-page-001.jpg

Resposta: E

95
MATEMÁTICA
Sólidos geométricos Resposta: B
O cálculo do volume de figuras geométricas, podemos pedir
que visualizem a seguinte figura: PIRÂMIDE: é um sólido geométrico que tem uma base e um
vértice superior.

a) A figura representa a planificação de um prisma reto;


b) O volume de um prisma reto é igual ao produto da área da
base pela altura do sólido, isto é:
V = Ab. a
Onde a é igual a h (altura do sólido)

c) O cubo e o paralelepípedo retângulo são prismas;


d) O volume do cilindro também se pode calcular da mesma
forma que o volume de um prisma reto.

Área e Volume dos sólidos geométricos


Exemplo:
PRISMA: é um sólido geométrico que possui duas bases iguais Uma pirâmide triangular regular tem aresta da base igual a 8
e paralelas. cm e altura 15 cm. O volume dessa pirâmide, em cm3, é igual a:
(A) 60
(B) 60
(C) 80
(D) 80
(E) 90

Resolução:
Do enunciado a base é um triângulo equilátero. E a fórmula
da área do triângulo equilátero é . A aresta da base é a = 8 cm e h
= 15 cm.
Cálculo da área da base:

Exemplo:
(PREF. JUCÁS/CE – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – INSTITUTO
NEO EXITUS) O número de faces de um prisma, em que a base é Cálculo do volume:
um polígono de n lados é:
(A) n + 1.
(B) n + 2.
(C) n.
(D) n – 1.
(E) 2n + 1.

Resolução:
Se a base tem n lados, significa que de cada lado sairá uma face.
Assim, teremos n faces, mais a base inferior, e mais a base su-
perior.
Portanto, n + 2

96
MATEMÁTICA
Resposta: D Resolução:
Em um cone equilátero temos que g = 2r. Do enunciado o raio
CILINDRO: é um sólido geométrico que tem duas bases iguais, é 8 cm, então a geratriz é g = 2.8 = 16 cm.
paralelas e circulares. g2 = h2 + r2
162 = h2 + 82
256 = h2 + 64
256 – 64 = h2
h2 = 192

Resposta: D

ESFERA: superfície curva, possui formato de uma bola.

CONE: é um sólido geométrico que tem uma base circular e


vértice superior.

TRONCOS: são cortes feitos nas superfícies de alguns dos sóli-


dos geométricos. São eles:

Exemplo:
Um cone equilátero tem raio igual a 8 cm. A altura desse cone,
em cm, é:

(A)

(B)

(C)

(D)

(E) 8

97
MATEMÁTICA
Exemplo:
(ESCOLA DE SARGENTO DAS ARMAS – COMBATENTE/LOGÍSTICA – TÉCNICA/AVIAÇÃO – EXÉRCITO BRASILEIRO) O volume de um
tronco de pirâmide de 4 dm de altura e cujas áreas das bases são iguais a 36 dm² e 144 dm² vale:
(A) 330 cm³
(B) 720 dm³
(C) 330 m³
(D) 360 dm³
(E) 336 dm³

Resolução:

AB=144 dm²
Ab=36 dm²

Resposta: E

Geometria analítica
Um dos objetivos da Geometria Analítica é determinar a reta que representa uma certa equação ou obter a equação de uma reta
dada, estabelecendo uma relação entre a geometria e a álgebra.

Sistema cartesiano ortogonal (PONTO)


Para representar graficamente um par ordenado de números reais, fixamos um referencial cartesiano ortogonal no plano. A reta x
é o eixo das abscissas e a reta y é o eixo das ordenadas. Como se pode verificar na imagem é o Sistema cartesiano e suas propriedades.

Para determinarmos as coordenadas de um ponto P, traçamos linhas perpendiculares aos eixos x e y.


• xp é a abscissa do ponto P;
• yp é a ordenada do ponto P;
• xp e yp constituem as coordenadas do ponto P.

Mediante a esse conhecimento podemos destacar as formulas que serão uteis ao cálculo.

98
MATEMÁTICA
Distância entre dois pontos de um plano Condição de alinhamento de três pontos
Por meio das coordenadas de dois pontos A e B, podemos lo- Consideremos três pontos de uma mesma reta (colineares),
calizar esses pontos em um sistema cartesiano ortogonal e, com A(x1, y1), B(x2, y2) e C(x3, y3).
isso, determinar a distância d(A, B) entre eles. O triângulo formado
é retângulo, então aplicamos o Teorema de Pitágoras.

Estes pontos estarão alinhados se, e somente se:

Ponto médio de um segmento

Por outro lado, se D ≠ 0, então os pontos A, B e C serão vértices


de um triângulo cuja área é:

onde o valor do determinante é sempre dado em módulo, pois


a área não pode ser um número negativo.

Inclinação de uma reta e Coeficiente angular de uma reta (ou


declividade)
À medida do ângulo α, onde α é o menor ângulo que uma reta
forma com o eixo x, tomado no sentido anti-horário, chamamos de
inclinação da reta r do plano cartesiano.

Baricentro
O baricentro (G) de um triângulo é o ponto de intersecção das
medianas do triângulo. O baricentro divide as medianas na razão
de 2:1.

Já a declividade é dada por: m = tgα

99
MATEMÁTICA
Cálculo do coeficiente angular Com o coeficiente angular, podemos utilizar qualquer um dos
Se a inclinação α nos for desconhecida, podemos calcular o co- dois pontos para determinamos a equação da reta. Temos A(1, 4),
eficiente angular m por meio das coordenadas de dois pontos da m = -3 e Q(x, y)
reta, como podemos verificar na imagem. y - y1 = m.(x - x1) ⇒ y - 4 = -3. (x - 1) ⇒ y - 4 = -3x + 3 ⇒ 3x +
y - 4 - 3 = 0 ⇒ 3x + y - 7 = 0

Equação reduzida da reta


A equação reduzida é obtida quando isolamos y na equação da
reta y - b = mx

Reta

Equação da reta
A equação da reta é determinada pela relação entre as abscis-
sas e as ordenadas. Todos os pontos desta reta obedecem a uma
mesma lei. Temos duas maneiras de determinar esta equação:
– Equação segmentária da reta
1) Um ponto e o coeficiente angular É a equação da reta determinada pelos pontos da reta que in-
terceptam os eixos x e y nos pontos A (a, 0) e B (0,b).
Exemplo:
Consideremos um ponto P(1, 3) e o coeficiente angular m = 2.
Dados P(x1, y1) e Q(x, y), com P ∈ r, Q ∈ r e m a declividade da
reta r, a equação da reta r será:

Equação geral da reta


Toda equação de uma reta pode ser escrita na forma:
ax + by + c = 0
2) Dois pontos: A(x1, y1) e B(x2, y2)
Consideremos os pontos A(1, 4) e B(2, 1). Com essas informa- onde a, b e c são números reais constantes com a e b não si-
ções, podemos determinar o coeficiente angular da reta: multaneamente nulos.

Posições relativas de duas retas


Em relação a sua posição elas podem ser:

A) Retas concorrentes: Se r1 e r2 são concorrentes, então seus


ângulos formados com o eixo x são diferentes e, como consequên-
cia, seus coeficientes angulares são diferentes.

100
MATEMÁTICA
C) Retas coincidentes: Se r1 e r2 são coincidentes, as retas cor-
tam o eixo y no mesmo ponto; portanto, além de terem seus coe-
ficientes angulares iguais, seus coeficientes lineares também serão
iguais.

B) Retas paralelas: Se r1 e r2 são paralelas, seus ângulos com o


eixo x são iguais e, em consequência, seus coeficientes angulares
são iguais (m1 = m2). Entretanto, para que sejam paralelas, é neces- Intersecção de retas
sário que seus coeficientes lineares n1 e n2 sejam diferentes Duas retas concorrentes, apresentam um ponto de intersecção
P(a, b), em que as coordenadas (a, b) devem satisfazer as equações
de ambas as retas. Para determinarmos as coordenadas de P, basta
resolvermos o sistema constituído pelas equações dessas retas.

Condição de perpendicularismo
Se duas retas, r1 e r2, são perpendiculares entre si, a seguinte
relação deverá ser verdadeira.

onde m1 e m2 são os coeficientes angulares das retas r1 e r2,


respectivamente.

101
MATEMÁTICA
Distância entre um ponto e uma reta Equação reduzida da circunferência
A distância de um ponto a uma reta é a medida do segmento Dados um ponto P(x, y) qualquer, pertencente a uma circunfe-
perpendicular que liga o ponto à reta. Utilizamos a fórmula a seguir rência de centro O(a,b) e raio r, sabemos que: d(O,P) = r.
para obtermos esta distância.

onde d(P, r) é a distância entre o ponto P(xP, yP) e a reta r .


Equação Geral da circunferência
Exemplo: A equação geral de uma circunferência é obtida através do de-
(UEPA) O comandante de um barco resolveu acompanhar a senvolvimento da equação reduzida.
procissão fluvial do Círio-2002, fazendo o percurso em linha reta.
Para tanto, fez uso do sistema de eixos cartesianos para melhor
orientação. O barco seguiu a direção que forma 45° com o sentido
positivo do eixo x, passando pelo ponto de coordenadas (3, 5). Este
trajeto ficou bem definido através da equação:
(A) y = 2x – 1 Exemplo:
(B) y = - 3x + 14 (VUNESP) A equação da circunferência, com centro no ponto
(C) y = x + 2 C(2, 1) e que passa pelo ponto P(0, 3), é:
(D) y = - x + 8 (A) x2 + (y – 3)2 = 0
(E) y = 3x – 4 (B) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 4
(C) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 8
Resolução: (D) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 16
xo = 3, yo = 5 e = 1. As alternativas estão na forma de equação (E) x2 + (y – 3)2 = 8
reduzida, então:
y – yo = m(x – xo) Resolução:
y – 5 = 1.(x – 3) Temos que C(2, 1), então a = 2 e b = 1. O raio não foi dado no
y–5=x–3 enunciado.
y=x–3+5 (x – a)2 + (y – b)2 = r2
y=x+2 (x – 2)2 + (y – 1)2 = r2 (como a circunferência passa pelo ponto P,
Resposta: C basta substituir o x por 0 e o y por 3 para achar a raio.
(0 – 2)2 + (3 – 1)2 = r2
Circunferência (- 2)2 + 22 = r2
É o conjunto dos pontos do plano equidistantes de um ponto 4 + 4 = r2
fixo O, denominado centro da circunferência. r2 = 8
A medida da distância de qualquer ponto da circunferência ao (x – 2)2 + (y – 1)2 = 8
centro O é sempre constante e é denominada raio. Resposta: C

102
MATEMÁTICA
Elipse TEOREMA DE PITÁGORAS
É o conjunto dos pontos de um plano cuja soma das distâncias Em todo triângulo retângulo, o maior lado é chamado de hipo-
a dois pontos fixos do plano é constante. Onde F1 e F2 são focos: tenusa e os outros dois lados são os catetos. Deste triângulo tira-
mos a seguinte relação:

“Em todo triângulo retângulo o quadrado da hipotenusa é igual


à soma dos quadrados dos catetos”.
a2 = b2 + c2

Exemplo:
Um barco partiu de um ponto A e navegou 10 milhas para o
Mesmo que mudemos o eixo maior da elipse do eixo x para oeste chegando a um ponto B, depois 5 milhas para o sul chegando
o eixo y, a relação de Pitágoras (a2 =b2 + c2) continua sendo válida. a um ponto C, depois 13 milhas para o leste chagando a um ponto D
e finalmente 9 milhas para o norte chegando a um ponto E. Onde o
barco parou relativamente ao ponto de partida?
(A) 3 milhas a sudoeste.
(B) 3 milhas a sudeste.
(C) 4 milhas ao sul.
(D) 5 milhas ao norte.
(E) 5 milhas a nordeste.

Resolução:

Equações da elipse
a) Centrada na origem e com o eixo maior na horizontal.

x 2 = 32 + 42
x2 = 9 + 16
b) Centrada na origem e com o eixo maior na vertical. x2 = 25
Resposta: E

103
MATEMÁTICA
Resolução:
TRIGONOMETRIA: RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS, FUN- Observando a figura, nós temos um triângulo retângulo, vamos
ÇÕES, FÓRMULAS DE TRANSFORMAÇÕES TRIGONOMÉ- chamar os vértices de A, B e C.
TRICAS, EQUAÇÕES E TRIÂNGULOS.

Trigonometria é a parte da matemática que estuda as relações


existentes entre os lados e os ângulos dos triângulos.

No triângulo retângulo
Em todo triângulo retângulo os lados recebem nomes espe-
ciais. O maior lado (oposto do ângulo de 90°) é chamado de Hipo-
tenusa e os outros dois lados menores (opostos aos dois ângulos
agudos) são chamados de Catetos. Deles podemos tirar as seguin-
tes relações: seno (sen); cosseno (cos) e tangente.

Como podemos ver h e 40 m são catetos, a relação a ser usada


é a tangente. Porém no enunciado foram dados o sen e o cos. Então,
para calcular a tangente, temos que usar a relação fundamental:

Resposta: A

Valores Notáveis
Como podemos notar, . Considere um triângulo retângulo BAC. Em resumo temos:

Em todo triângulo a soma dos ângulos internos é igual a 180°.


No triângulo retângulo um ângulo mede 90°, então:
90° + α + β = 180°
α + β = 180° - 90°
α + β = 90°

Quando a soma de dois ângulos é igual a 90°, eles são chama-


dos de Ângulos Complementares. E, neste caso, sempre o seno de
um será igual ao cosseno do outro.

Exemplo:
(FUVEST) A uma distância de 40 m, uma torre é vista sob um
ângulo , como mostra a figura.

Se dois ângulos são complementares, então o seno de um de-


Sabendo que sen20° = 0,342 e cos20° = 0,940, a altura da les é igual ao cosseno do complementar. As tangentes de ângulos
torre, em metros, será aproximadamente: complementares são inversas.
(A) 14,552
(B) 14,391 No triângulo qualquer
(C) 12,552 As relações trigonométricas se restringem somente a situações
(D) 12,391 que envolvem triângulos retângulos. Essas relações também ocor-
(E) 16,552 rem nos triângulos obtusos e agudos. Importante sabermos que:
sen x = sen (180º - x)
cos x = - cos (180º - x)

104
MATEMÁTICA
Lei (ou teorema) dos senos Observe que:
A lei dos senos estabelece relações entre as medidas dos la- O cosseno está associado ao eixo A (origem).
dos com os senos dos ângulos opostos aos lados. O seno está associado ao ângulo de 90º (ângulo reto).

Cada um dos semiplanos situados no círculo trigonométrico é


chamado de quadrante. Os sinais do seno e cosseno variam con-
forme os quadrantes da seguinte forma:

Lei (ou teorema) dos cossenos


Nos casos em que não podemos aplicar a lei dos senos, temos
o recurso da lei dos cossenos. Ela nos permite trabalhar com a
medida de dois segmentos e a medida de um ângulo. Dessa forma, O círculo trigonométrico pode ser medido em radianos ou em
se dado um triângulo ABC de lados medindo a, b e c, temos: graus. Veja os dois círculos em graus e radianos.
a² = b² + c² - 2.b.c.cosA
b² = a² + c² - 2.a.c.cosB
c² = a² + b² - 2.a.b.cosC

Exemplo:
Determine o valor do lado oposto ao ângulo de 60º. Observe
figura a seguir:

Resolução:
Pela lei dos cossenos
x² = 6² + 8² - 2 * 6 * 8 * cos 60º
x² = 36 + 64 – 96 * 1/2
x² = 100 – 48
x² = 52
√x² = √52
x = 2√13

Círculo trigonométrico
O ciclo trigonométrico é uma circunferência orientada de raio
1. A orientação é:

105
MATEMÁTICA
Arcos côngruos (ou congruentes) ATENÇÃO:
Dois arcos são côngruos (ou congruentes) quando têm a mes-
ma extremidade e diferem entre si apenas pelo número de voltas
inteiras.

Cosseno
Observando a figura temos:

1º quadrante: abscissa positiva e ordenada positiva → 0º < α


< 90º.
2º quadrante: abscissa negativa e ordenada positiva → 90º <
α < 180º.
3º quadrante: abscissa negativa e ordenada negativa → 180º
< α < 270º.
4º quadrante: abscissa positiva e ordenada negativa → 270º <
α < 360º. O ângulo α está associado ao arco AB. No triângulo retângulo
OMB, calculamos o cosseno de α:
Seno
Observando a figura temos:

Como o ciclo trigonométrico tem raio 1, para qualquer arco α,


temos que:
-1≤ cos α ≤ 1

ATENÇÃO:

Ao arco AB está associado o ângulo α; sendo o triângulo OBC


retângulo, podemos determinar o seno de α:

Tangente
Na figura, traçamos, no ciclo trigonométrico, uma reta parale-
la ao eixo dos senos, tangente ao ciclo no ponto A.

Observe que BC = OM, portanto podemos substituir BC por


OM, obtendo assim:

Como o ciclo trigonométrico tem raio 1, para qualquer arco α,


temos que:
1≤ sen α ≤ 1

106
MATEMÁTICA
No triângulo retângulo OAT, temos:

Como o raio é 1, então OA = 1


tg α = AT

Essa reta é chamada de eixo das tangentes. Observe que a tangente de α é obtida prolongando-se o raio OP até interceptar o eixo
das tangentes.

ATENÇÃO:

Relações Fundamentais da Trigonometria

Nestas relações, além do senx e cosx, temos: tg (tangente), cotg (cotangente), sec (secante) e cossec (cossecante).

107
MATEMÁTICA
Relações derivadas
Utilizando as definições de cotangente, secante e cossecante associadas à relação fundamental da trigonometria, extraímos formulas
que auxiliam na simplificação de expressões trigonométricas. São elas:

tg² α + 1 = sec² α , sendo α ≠ π/2 + kπ, K Z


1+ cotg² α = cossec² α , sendo α ≠ k.π, K Z

Redução para o primeiro quadrante

sen (90º - x) = cos x sen (90º + x) = cos x


cos (90º - x) = sen x cos (90º + x) = - sen x
tg (90º - x) = cotg x tg (90º -x) = - cotg x
sen (180º - x) = cos x sen (180º + x) = -sem x
cos (180º - x) = - cos x cos (180º + x) = - cos x
tg (180º - x) = - tg x tg (180º + x) = tg x
sen (270º - x) = - cos x sen (270º + x) = - cos x
cos (270º - x) = - sen x cos (270º + x) = sen x
tg (270º - x) = cotg x tg (270º + x) = - cotg x
sen (360º - x) = sen x
cos (360º - x) = cos x
tg (360º - x) = - tg x

Transformações trigonométricas
As fórmulas a seguir permitem calcular o cosseno, o a tangente da soma e da diferença de dois ângulos.

Exemplo:
(SANEAR – FISCAL - FUNCAB) Sendo cos x =1/2 com 0° < x < 90°, determine o valor da expressão E = sen² x + tg² x.
(A) 9/4
(B) 11/4
(C) 13/4
(D) 15/4
(E) 17/4

108
MATEMÁTICA
Resolução:

Resposta: D

Arcos Duplos
Utilizado quando as fórmulas do seno, cosseno e tangente do arco (a + b), fazemos b = a.

Arco Metade
Encontramos os valores que mede a/2, conhecendo os valores das funções trigonométricas do arco que mede a.

Funções trigonométricas de arco que mede a, em função da tangente do arco metade

109
MATEMÁTICA
Transformação da soma em produto Resolução:
As fórmulas a seguir nos permitirão transformar somas em
produtos.

R(t) = 3000 + 1500.cos(30°.t)


No mês de fevereiro: t = 2
R(2) = 3000 + 1500.cos(30°.2)
R(2) = 3000 + 1500. cos60°
R(2) = 3000 + 1500.1/2
R(2) = 3000 + 750 = 3.750

No mês de março: t = 3
R(3) = 3000 + 1500.cos(30°.3)
R(3) = 3000 + 1500.cos90°
R(3) = 3000 + 1500.0
R(3) = 3.000
Logo, a receita em março foi menor em: 3.750 – 3.000 = 750.
Equações e inequações trigonométricas No enunciado foi dito que a fórmulas está em milhares de reais,
Equação é onde a incógnita é uma função trigonométrica; po- portanto, R$ 750.000,0
rém nem todos os arcos satisfazem essas equações. Para determi- Resposta: D
nar esses arcos, recorremos ao ciclo trigonométrico sempre que
necessário. (PC/ES - PERITO CRIMINAL ESPECIAL – CESPE/UNB) Consideran-
do a função f(x) = senx - √3 cosx, em que o ângulo x é medido em
As inequações se caracterizam pela presença de algum dos si- graus, julgue o item seguinte:
nais de desigualdade. Como existem infinitos arcos com essas extre- f(x) = 0 para algum valor de x tal que 230º < x < 250º.
midades e no enunciado não é dado um intervalo para x, temos de (certo) (errado)
dar a solução utilizando uma expressão geral. Assim:
S = {x R | x = π/4 + k.2π ou x = 3π/4 + k.2π, K Z} Resolução:

O processo para se obter os arcos por simetria, que estão no Sendo , então para f(x) = 0, temos:
2º, 3º ou 4º quadrantes a partir de um arco α do 1º quadrante é o
seguinte:
• no 2º quadrante, subtraímos de π, ou seja, o arco será π - α;
• no 3º quadrante, somamos a π e o arco será π + α;
• no 4º quadrante, subtraímos de 2 π e o arco será 2 π - α.

Grande parte das equações trigonométricas é escrita na forma


de equações trigonométricas elementares ou equações trigonomé-
tricas fundamentais, representadas da seguinte forma: Verificando no ciclo quais ângulos tem este valor de tangente:
sen x = sen α
cos x = cos α
tg x = tg α

Já as inequações, temos 6 tipos de relações fundamentais:


- sen x > n (sen x ≥ n)
- sen x < n (sen x ≤ n)
- cos x > n (cos x ≥ n)
- cos x < n (cos x ≤ n)
- tg x > n (tg x ≥ n)
- tg x < n (tg x ≤ n)

Exemplos:
(FGV) Estima-se que, em 2009, a receita mensal de um hotel te-
nha sido dada (em milhares de reais) por R(t)=3000+1500.cos(πt/6),
em que t = 1 representa o mês de janeiro, t = 2 o mês de fevereiro e x = 60° ou x = 240°
assim por diante. A receita de março foi inferior à de fevereiro em: Resposta: Certo
(A) R$ 850.000,00
(B) R$ 800.000,00
(C) R$ 700.000,00
(D) R$ 750.000,00
(E) R$ 650.000,00

110
CIÊNCIAS NATURAIS

Portador da psiqué com a mesma ancestralidade do corpo, que


VISÃO UNIFICADA DO MUNDO FÍSICO, QUÍMICO E lhe permite ser sujeito, psiqué habitada por todo tipo de emoções
BIOLÓGICO, COM BASE NOS ASPECTOS DO FUNCIO- e estruturada pelo princípio do desejo, com arquétipos ancestrais e
NAMENTO E DA APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS ÀS coroada pelo o espírito que é aquele momento da consciência pelo
SITUAÇÕES ENCONTRADAS NA VIDA COTIDIANA qual se sente parte de um Todo maior, que o faz sempre aberto ao
outro e ao infinito; capaz de intervir na natureza, e assim de fazer
Em sua encíclica sobre “o Cuidado da Casa Comum” o Papa cultura, de criar e captar significados e valores e se indagar sobre o
Francisco submeteu a uma rigorosa crítica o clássico antropocen- sentido derradeiro do Todo e da Terra, hoje em sua fase planetária,
trismo de nossa cultura a partir de uma visão de uma ecologia in- rumo à noosfera pela qual mentes e corações convergirão numa
tegral, cosmocentrada, dentro da qual o ser humano comparece Humanidade unificada.
como parte do Todo e da natureza. Isso nos convida a revisarmos Ninguém melhor que Pascal (+1662) para expressar o ser com-
nossa compreensão do ser humano nos limites desta ecologia in- plexo que somos: “Que é o ser humano na natureza? Um nada
tegral. Cabe enfatizar que as contribuições das ciências da Terra diante do infinito, e um tudo diante do nada, um elo entre o nada e
e da vida, subjacentes ao texto papal, vem englobadas pela teoria o tudo, mas incapaz de ver o nada de onde é tirado e o infinito para
da evolução ampliada embora não a cita explicitamente. Elas nos onde é atraido”. Nele se cruzam os três infinitos: o infinitamen-
trouxeram visões complexas e totalizadoras, inserindo-nos como te pequeno, o infinitamente grande e o infinitamente complexo
um momento do processo global, físico, químico, biológico e cul- (Chardin). Sendo isso tudo, sentimo-nos inteiros mas incompletos
tural. e ainda nascendo pois percebemo-nos cheios de virtualidades que
Após todos estes conhecimentos nos perguntamos, não sem forçam por vir à tona. Estamos sempre na pré-história de nós mes-
certa perplexidade: quem somos, afinal enquanto humanos? mos. E apesar disso experimentamo-nos um projeto infinito que
Tentanto responder, vamos logo dizendo : o ser humano é uma reclama seu objeto adequado, também infinito, que costumamos
manifestação da Energia de Fundo, donde tudo provem (Vácuo chamar de Deus ou de outro nome.
Quântico ou Fonte Originária de todo Ser); um ser cósmico, parte E somos destinados à morte. Custa-nos acolher a morte como
de um universo, possivelmente, entre outros paralelos, articula- parte da vida e a dramaticidade do destino humano. Pelo amor,
do em onze dimensões (teoria das cordas); formado pelos mesmos pela arte e pela fé pressentimos que a morte não é um fim, mas
elementos físico-químicos e pelas mesmas energias que compõem uma invenção da própria vida para nos transfiguramos através
todos os seres; somos habitantes de uma galáxia média, uma entre dela. E suspeitamos que no balanço final das coisas, um pequeno
duzentas bilhões; circulando ao redor do Sol, estrela de quinta ca- gesto de amor verdadeiro e incondicional vale mais que toda a
tegoria, uma entre outras trezentas bilhões, situada a 27 mil anos matéria e a energia do universo juntas. Por isso, só vale falar, crer e
luz do centro da Via-Láctea, no braço interior da aspiral de Órion; esperar em Deus se Ele for sentido como prolongamento do amor,
morando num planeta minúsculo, a Terra, tida como um super or- na forma do infinito.
ganismo vivo que funciona como um sistema que se autoregula, Pertence à singularidade do ser humano não apenas apreen-
chamado Gaia. der uma Presença, Deus, perpassando todos os seres, senão entre-
Somos um elo da corrente sagrada da vida; um animal do ramo ter com ele um diálogo de amizade e de amor. Intui que Ele seja
dos vertebrados, sexuado, da classe dos mamíferos, da ordem dos o correspondente ao infinito desejo que sente, Infinito que lhe é
primatas, da família dos hominidas, do gênero homo, da espécie adequado e no qual pode repousar.
sapiens/demens; dotado de um corpo de 30 bilhões de células e Esse Deus não é um objeto entre outros, nem uma energia
40 bilhões de batérias, continuamente renovado por um sistema qualquer entre outras. Se assim fosse poderia ser detectado pela
genético que se formou ao largo de 3,8 bilhões de anos, a idade ciência. E não seria o Deus da experiência oceânia que não cabe em
da vida; portador de três níveis de cérebro com cerca cem bilhões nenhuma fórmula. Ele comparece como aquele suporte, cuja natu-
de neurônios: o reptiliano, surgido há 300 milhões de anos, que reza é Mistério, que tudo sustenta, alimenta e mantem na existên-
respondes pelos movimentos instintivos, ao redor do qual se for- cia. Sem Ele tudo voltaria ao nada ou ao Vácuo Quântico de onde
mou o cérebro límbico, responsável pela nossa afetividade, há 220 irrompeu. Ele é a força pela qual o pensamento pensa, mas que
milhões de anos, e por fim, completado pelo cérebro neo-cortical, não pode ser pensada. O olho que tudo vê mas que não pode ser
surgido há cerca de 7-8 milhões de anos, com o qual organizamos visto. Ele é o Mistério sempre conhecido e sempre por conhecer
conceptualmente o mundo. indefinidamente. Ele perpassa e penetra até as entranhas de cada
ser humano e do inteiro universo.
Podemos pensar, meditar e interiorizar essa complexa Reali-
dade, feita de realidades. Mas é nessa direção deve ser concebido
o ser humano. Quem ele é e qual é o seu destino derradeiro se
perde no Incognoscível, sempre de alguma forma cognocível, que é
o espaço do Mistério de Deus ou do Deus do Mistério. Somos seres
sempre sendo indefinidamente.

111
CIÊNCIAS NATURAIS
Por isso é uma equação que nunca se fecha e que permane- As forças eletromagnéticas são muito frequentes na Natureza.
ce sempre em aberto. Quem revelará quem somos? Ninguém nos As forças eletromagnéticas atuam no seio do núcleo atômico, nos
quadros do mundo assim como existe e de uma ecologia por mais átomos, nas moléculas, assim como entre as moléculas nos corpos
integral que se apresente. macroscópicos. Isto ocorre devido a que a composição de todos os
átomos entram partículas carregadas de eletricidade. A ação das
forças eletromagnéticas põe-se em evidência tanto a distâncias
ESTABELECIMENTO DE RELAÇÕES ENTRE OS VÁRIOS muito pequenas (dentro de um núcleo atômico) como muito gran-
FENÔMENOS E AS PRINCIPAIS LEIS E TEORIAS DA des, cósmicas (radiação eletromagnética dos astros).
FÍSICA, RELACIONANDO O CONHECIMENTO E A COM- O desenvolvimento da eletrodinâmica deu origem a várias ten-
PREENSÃO DE SEUS PRINCÍPIOS, LEIS E CONCEITOS tativas de idealizar um panorama eletromagnéti-co do Universo.
FUNDAMENTAIS À VIDA PRÁTICA Todos os acontecimentos que se verificam no Universo, segundo
tal panorama, obedecem às leis que regulam as interações eletro-
magnéticas
A Física permite-nos conhecer as leis gerais da Natureza que O panorama eletromagnético do Universo atingiu o ponto cul-
regulam o desenvolvimento dos processos que se verificam, tanto minante do seu desenvolvimento após a criação da teoria da rela-
no Universo circundante como no Universo em geral. tividade especial. Foi nessa altura que se tornou possível compre-
O objetivo da Física consiste em descobrir as leis ge-rais da ender a importância fundamental do valor finito da velocidade de
Natureza e esclarecer, com base nelas, processos concretos. Os propagação das interações eletromagnéticas, assim como criar os
cientistas, à medida que se aproximavam desse objetivo, iam com- novos conceitos de espaço e de tempo, escrever a nova equação re-
preendendo melhor o panorama grandioso a complexo da unidade lativista do movimento que substituiu as equações de Newton nos
universal da Natureza. O Universo não é um conjunto simples de casos de se tratar de grandes velocidades.
acontecimentos independentes, mas todos eles constituem mani- Repare-se que, enquanto na época de existência única do pa-
festações evidentes do Universo considerado como um todo.
norama mecânico do Universo os cientistas tentavam reduzir os
fenômenos eletromagnéticos aos processos mecânicos num meio
Panorama mecânico do Universo
especial hipotético (éter universal), nesta nova etapa, pelo contrá-
O panorama grandioso da unidade do Universo ideali-zado por
rio, os físicos tinham tendência para deduzir as leis que regulam o
Newton, com base na Mecânica, causou sempre e continua a causar
admiração. De acordo com o modelo de Newton, todo o Universo movimento das partículas com base na teoria eletromagnética. As
consta “de partículas duras, pesadas, impenetráveis e animadas de partículas constituintes da matéria eram consideradas como por-
movimento”. São “partículas elementares absolutamente duras: a ções concentradas de um campo eletromagnético.
sua dureza é infinitamente superior à dos corpos constituídos por Porém, foi impossível reduzir todos os fenômenos da Natureza
elas, tão duras que nunca sofrem desgaste nem ruptura”. apenas aos processos eletromagnéticos. A equação do movimento
As partículas diferem umas das outras apenas quan-titativa- das partículas e a lei da interação gravitacional não podem deduzir-
mente, isto é, pelas suas massas. Toda a riqueza, toda a diversidade -se da teoria do campo eletromagnético
qualitativa do Universo resulta das diferenças no movimento das Além disto, foram descobertas as partículas eletricamente neu-
partículas. A natureza, a essência interna das partículas como que trais, assim como as interações de novos tipos. A Natureza revelou-
estavam em segundo plano. -se mais complexa do que os cientistas supunham antes: não há
As leis que regulam o movimento dos corpos, descobertas por nenhuma lei geral do movimento nem força universal alguma que
Newton, e o seu caráter universal serviram de base para a idealiza- possam abranger a enor-me diversidade dos processos a fenôme-
ção deste panorama geral do Universo. À leis de Newton obedecem nos no Universo.
com exatidão tanto os grandes astros como as pequeníssimas par-
tículas de areia agitadas pelos ventos. O próprio vento obedece às Unidade da composição geral da matéria
mesmas leis, pois que consta de partículas de ar invisíveis a olho nu. A diversidade do Universo é tão grande que todos os corpos,
Durante muito tempo os cientistas consideraram que as leis da sem dúvida, não podem ser constituídos por partículas de uma só
Mecânica de Newton são as únicas leis fundamentais da Natureza. espécie. No entanto, a matéria de que são compostos astros, por
Assim, por exemplo, o físico francês L AGRANGE considerava que mais surpreendente que isto seja, é a mesma que entra na consti-
“não há nenhum homem mais feliz do que Newton: somente uma tuição da Terra.
vez cabe a um só homem a glória de idealizar o panorama do Uni- Os átomos de que constam todos os corpos do Universo são
verso”. No entanto, o panorama mecânico simples do Universo re- iguais. Os organismos vivos são constituídos pelos mesmos átomos
velou-se inconsistente. Durante o estudo dos processos eletromag- que os mortos.
néticos soube-se que os mesmos não obedecem às leis mecânicas Todos os átomos têm a mesma estrutura a constam de partícu-
de Newton. Maxwell descobriu um novo tipo de leis fundamentais
las elementares de três espécies.
que não se limitam apenas à mecânica de Newton. Trata-se das leis
Os átomos possuem núcleos constituídos por prótons a nêu-
que regulam o comportamento do campo eletromagnético.
trons rodeados por elétrons.
A interação que se verifica entre os núcleos a os elétrons é rea-
Panorama eletromagnético do Universo
Na Mecânica de Newton admite-se que os corpos interagem, lizada através do campo eletromagnético, cujos quantos são fótons.
diretamente através do vazio, uns sobre os outros, interação esta A interação entre prótons a nêutrons no seio dos núcleos reali-
que se realiza instantaneamente (teoria da interação a grandes dis- za-se geralmente através dos mésons pi, que constituem os quantos
tâncias). O conceito de forças, depois de criada a eletrodinâmica, do campo nuclear. A desintegração dos nêutrons dá origem à for-
sofreu alterações substanciais. Cada um dos corpos que entram em mação de neutrinos. Além disto, foram descobertas muitas outras
interação cria um campo eletromagnético que se propaga no es- partículas elementares cuja interação só se reveste de importância
paço com uma velocidade finita. As interações realizam-se através considerável quando possuem energias extraordinariamente gran-
desse campo (teoria da interação a pequenas distâncias). des.

112
CIÊNCIAS NATURAIS
Durante a primeira metade do século XX foi estabelecido o se- “Aqui estão encobertos segredos tão grandes a pensa-mentos
guinte fato fundamental: todas as partículas elementares são sus- tão elevados que, apesar das tentativas de cente-nas de sábios dos
ceptíveis de se transformarem reciprocamente umas nas outras. mais perspicazes, que durante milênios trabalharam para desven-
Depois da descoberta das partículas elementares a das suas dá-los, ainda não foram revelados, de forma que ainda é possível
transmutações, tornou-se evidente o caráter universal da compo- gozar o prazer e o regozijo proporcionado pelo trabalho criativo a
sição a da estrutura da matéria, assente na mate-rialidade de todas pelas descobertas”. Estas palavras de Galileu Galilei, ditas há mais
as partículas elementares. As partículas elementares, por muito di- de três sécu-los, são ainda muito atuais”.
ferentes que sejam, não são mais do que diversas formas concretas
de existência da matéria. Concepção científica do Universo
As leis fundamentais estabelecidas pela Física, quanto ao seu
Panorama físico atual do Universo caráter complexo e universal, vão muito para além dos fatos que
No entanto, a unidade do Universo não se limita ao caráter uni- dão origem ao estudo dos respectivos fenômenos. No entanto, as
versal da estrutura da matéria, mas sim se manifesta também nas leis físicas são tão certas e objetivas como os nossos conhecimen-
leis que regulam o movimento das partículas e a interação delas en- tos dos fenômenos simples observados a olho nu. Tais leis nunca
tre si. Apesar da surpreendente diversidade das interações dos cor- podem ser violadas, seja em que circunstâncias for.
pos entre si, na Natureza, de acordo com os conhecimentos atuais, É cada vez maior o número de pessoas que se dão con-ta de
existem apenas quatro tipos de forças, a saber: forças gravitacio- que as leis objetivas da Natureza excluem milagres e o conhecimen-
nais, eletromagnéticas, nucleares a as chamadas interações facas. to perfeito destas leis aumenta o poder do homem sobre a Natu-
reza.
Estas últimas manifestam-se somente durante as transmutações
Nos séculos passados a Humanidade depositou as suas me-
das partículas. Estes quatro tipos de forças podem observar-se tan-
lhores esperanças na crença no sobrenatural, em Deus. A religião
to nos espaços ilimitados do Universo, como em quaisquer corpos
contém idéias sobre o caráter limitado das possibilidades do ho-
a objetos na Terra (entre eles, nos organismos vivos), nos átomos a
mem, da existência da vontade divina que orienta os homens a um
núcleos atômicos, e, mesmo, durante todas as transmutações das determinado objetivo hipotético. Não há dúvida que o progresso da
partículas ele-mentares. ciência no domínio do esclarecimento da Natureza tem destruído a
Este câmbio radical, revolucionário dos conceitos clássicos pouco a pouco esse sistema filosófico
acerca do panorama físico do Universo foi possível depois da desco-
berta das propriedades quânticas da matéria. Após o aparecimento Física a Revolução Técnico-Científica
da Física Quântica, que descreve o movimento das partículas ele- Presentemente assistimos a uma grandiosa revolução técni-
mentares, tornou-se possível o esclarecimento de novos aspectos e co-científica que começou aproximadamente há um meio de sécu-
elementos do panorama físico universal do Universo. lo. Esta revolução causou alterações profundas e qualitativas em
A divisão da matéria em substância, com uma estru-tura des- numerosos domínios da ciência e técnica. A Astronomia, uma das
contínua, e em campo contínuo, perdeu hoje o seu sentido absolu- ciências mais antigas, está a sofrer mudanças radicais, devidas às
to. A cada campo dado correspondem os respectivos quantos: os grandes realizações alcançadas pela Humanidade na conquista do
fótons, quando se trata do campo eletromagnético, os mésons no espaço.
caso do campo nuclear, a assim sucessivamente. Todas as partícu- O aparecimento da Biologia Molecular a da Genética deu ori-
las, por sua vez, possuem propriedades ondulatórias. O dualismo gem a uma revolução na Biologia, ao passo que a instituição da
onda-partícula é próprio de todas as formas da matéria. O esclare- chamada grande Química tornou-se possível graças a mudanças ra-
cimento das propriedades corpusculares a ondulatórias, aparente- dicais na ciência Química. Os pro-cessos análogos desenvolvem-se
mente incompatíveis, por intermédio de uma teoria universal, foi também na Geologia, Meteorologia, Oceanologia a muitos outros
possível devido ao fato de que as leis do movime nto de todas as domínios da ciência moderna.
micropartículas, sem exceção, têm caráter estatístico (provável). São profundas as modificações qualitativas que se verificam
Isto torna impossível o prognóstico inequívoco do comportamento hoje em dia em todos os setores industriais. A revolução na produ-
dos objetos microscópicos. ção de energia, por exemplo, devesse à passagem do emprego das
Os princípios da Teoria Quântica são absolutamente universais, centrais termelétricas, cujo funcionamento assenta na utilização de
podendo aplicar-los tanto para a descrição do movimento de todas combustíveis de origem orgânica, para o uso das centrais elétricas
as partículas e a interação delas entre si, como para a análise das atômicas
Crescem as aplicações de materiais sintéticos com pro-prie-
suas transmutações. Pois bem, a Física moderna põe em evidência
dades novas e muito valiosas. A mecanização e auto-matização
a unidade universal da Natureza. No entanto, são muitos os pro-
complexas tornam inevitável uma revolução nos setores industrial
blemas, incluindo própria essência física da unidade universal do
a agrícola. Os transportes, a construção e as comunicações vão se
Universo, que não estão ainda definitivamente esclarecidos. Não
transformando em setores real-mente novos a eficazes da técnica
sabemos por que é que as partículas elementares são tão nume- moderna.
rosas, nem por que razão possuem massas e cargas diferentes e A revolução técnico-científica modificou radicalmente o papel
uma série de outras características específicas. Até hoje, todas estas que a ciência desempenha na vida da sociedade. A ciência constitui
grandezas foram avaliadas experimentalmente. Contudo, torna-se já uma força produtiva. De agora para o futuro, a produção dos bens
cada vez mais clara a relação entre diversos tipos de interações. As materiais necessários para a Humanidade dependerá do progresso
interações eletromagnéticas a as fracas são abrangidas já dentro da ciência.
dos limites de uma teoria comum. Os físicos conhecem já a estru- A revolução técnico-científica conduz necessariamente a Hu-
tura da maior parte das partículas elementares. Torna-se evidente manidade a uma grandiosa reorganização a ao aper-feiçoamento
que a Física das partículas elementares está em vésperas de realizar de todos os domínios da produção. A revolu-ção técnico-científica,
descobertas grandiosas. além disso, torna muito atual o pro-blema da proteção do meio am-
biente.

113
CIÊNCIAS NATURAIS
A Física é uma das ciências fundamentais. A hulha, o petróleo e o gás natural constituem, hoje em dia,
A Física influi consideravelmente sobre os mais variados ramos matéria-prima exclusiva para a chamada grande quí-mica. Queimá-
a setores da ciência, técnica a produção. Analisemos, então, alguns -los em grandes quantidades significa causar dano irreparável a este
fatos elucidativos da importância que a Física tem para os outros setor industrial moderno de grande importância.
domínios da ciência a técnica modernas. Portanto, torna-se indispensável o use do combustível atômico
No decurso de vários milênios toda a informação de que os as- urânio, tório) para o fornecimento de energia, sendo estas as van-
trônomos dispunham sobre os fenômenos astronômicos era-lhes tagens fundamentais da energética atômica em relação aos outros
dada pela luz visível. Pode-se dizer que os astrônomos observavam ramos da energética.
a estudavam esses fenômenos através de uma pequena fenda no As centrais elétricas termonucleares vão resolver, no futuro, to-
amplo espetro das radiações eletromagnéticas. Há trinta anos, gra- dos os problemas que afetam a Humanidade no domínio da energé-
ças ao desen-volvimento da Radiofísica, surgiu a Radioastronomia tica. Como já foi salientado, os fundamentos científicos da energé-
que permitiu ampliar os nossos conhecimentos sobre o Universo. tica atômica e termonuclear assentam totalmente nas realizações
A radioastronomia revelou-nos a existência de muitos novos cor- alcançadas pela Física dos núcleos atômicos.
pos cósmicos. A faixa da escala eletromagnética que corresponde à A técnica do futuro deixará de utilizar os materiais na-turais
banda de ondas de rádio tornou-se uma fonte adicional de conhe- para passar a usar materiais sintéticos com as pro-priedades dese-
cimentos astronômicos. jadas que garanta trabalho seguro a longa duração. Na obtenção de
É grande a quantidade de informação que nos trazem do es- tais materiais desempenharão um papel cada vez mais importante
paço cósmico as outras espécies de radiações eletro-magnéticas os métodos físicos de modificação da matéria (feixes de elétrons,
que, antes de atingirem a superfície terrestre, são absorvidas pela íons a de laser; campos magnéticos de intensidades extraordinaria-
atmosfera da Terra. A ofensiva do Ho-mem no espaço cósmico deu mente grandes; pressões e temperaturas elevadíssimas; ultra-som,
origem a novos domínios da astronomia: a astronomia ultravio- etc.). Os métodos físicos de modificação da matéria torna-ram pos-
leta, infravermelha, dos raios X, dos raios gama. Tornou-se muito sível a obtenção de materiais com características limites e a criação
grande a possibilidade de estudo dos raios cósmicos originais fora de novos métodos de trabalho das subs-tâncias, modificando radi-
da atmosfera. No decurso do desenvolvimento da revolução téc- calmente a tecnologia da produ-ção moderna.
nico-científica os astrônomos obtiveram pela primeira vez a possi- O setor industrial e a agricultura vão-se transformando em
bilidade de analisarem todas as espécies de partículas a radiações sistemas de produção complexa a automatizada. A automatização
oriundas do espaço cósmico. A quantidade de informação científica complexa assenta no emprego da aparelhagem eletrônica de con-
obtida pelos astrônomos durante as últimas décadas é muito su- trole a medição indispensável.
perior à obtida no decurso de toda a história do desenvolvimento Os fundamentos científicos dessa aparelhagem e a sua realiza-
da astro-nomia até hoje. Os métodos de investigação e a aparelha- ção prática estão organicamente ligadas à radioeletrônica, a Física
gem de registro utilizada pelos astrônomos são análogos aos que dos sólidos, a Física do núcleo atômico e a outros domínios da Física
se empregam na Física; a astronomia antiga vai-se transformando Moderna.
em astrofísica, uma nova ciência que se de-senvolve rapidamente. A Física Moderna tem importância radical para o desenvolvi-
Hoje em dia estão a ser lançados os fundamentos da chamada mento dos computadores. Todas as séries de computadores exis-
Astronomia dos Neutrinos, capaz de oferecer aos cientistas infor- tentes até hoje nasceram em laboratórios de Física.
A Física Moderna permite o desenvolvimento consequente da
mação acerca dos processos que se verificam no seio dos corpos
miniaturização, alcançar uma grande rapidez e o trabalho seguro
cósmicos, por exemplo, no interior do Sol. A criação da astronomia
dos computadores eletrônicos. O uso dos lasers a da holografia per-
dos neutrinos tornou-se possível apenas devido aos êxitos alcança-
mitirá aperfeiçoar ainda mais os computadores.
dos pela Física dos núcleos atômicos a das partículas elementares.
Texto adaptado de PRASS, A. R
A revolução técnico-científica na Biologia tem muito a ver com
o aparecimento da biologia molecular a da gené-tica, ciências bioló-
GRANDEZAS FÍSICAS
gicas que estudam os processos vitais ao nível molecular. Os meios
Na física, para descrever os fenômenos, muitas vezes uma ex-
a métodos fundamentais que se empregam na biologia molecular
plicação basta. Há alguns casos envolvendo quantidades que de-
para identificar e analisar os objetos microscópicos em estudo (mi- vem ser medidas, comparadas.
croscópios eletrô-nicos e protônicos, análise estrutural com raios X, As grandezas físicas são responsáveis por esta descrição quan-
análise neutrônica de átomos marcados, ultracentrífugas, etc.) são titativa dos fenômenos, pois quando alguém pergunta: qual a dis-
os mesmos que se usam na Física tância de São Paulo ao Rio de Janeiro? Não basta dizer se é longe,
Os biólogos, sem esses aparelhos a métodos nascidos nos labo- perto, ou logo ali, é necessário um número que represente esta
ratórios de Física, não poderiam ter alcançado tão grandes realiza- distância (quantidade), em uma unidade de medida que seja mais
ções no estudo dos processos que se desenvolvem nos organismos próxima da realidade do fenômeno (quilômetros, por exemplo).
vivos. Deste modo, a aplicação dos métodos de pesquisas próprios Imagina medir a distância de São Paulo ao Rio de Janeiro em mi-
da Física teve gran-de importância para a instituição e o desenvol- límetros? Além de estar fora de um contexto mais intuitivo, ficaria
vimento da biologia molecular e a genética. A Física moderna tam- muito difícil de medir.
bém desempenha um papel importante na reforma revolucionária Este número com a unidade de medida (5 km, por exemplo) é a
da química, geologia, Oceanologia a outras ciências naturais. chamada Grandeza Física.
A Física deu origem também a modificações radicais em todos Grandeza física também é definida como tudo que pode ser
os domínios da técnica. As grandes realizações da Física serviram de medido. O amor de um pai para com um filho pode ser medido?
base para a reconstrução da energé-tica, comunicações, transpor- Não! Logo não é uma grandeza física. A quantidade de refrigerante
tes, construção, setores indus-trial a agrícola. que será necessária para uma festa pode ser medida? Sim, em li-
A revolução na energética deve-se à fundação da ener-gética tros! Logo é uma grandeza física!
atômica. Os recursos de energia contidos no com-bustível atômico As grandezas físicas podem ser classificadas em diretas (funda-
são consideravelmente superiores aos de combustíveis de origem mentais) ou indiretas (derivadas), e ainda como escalares ou veto-
orgânica. riais. Veja a seguir as definições de cada uma delas:

114
CIÊNCIAS NATURAIS
• Diretas (ou fundamentais): são aquelas que apenas com uma medida já se obtém o resultado, não precisando envolver outra
grandeza física na medição. Um exemplo seria ao medir a altura de uma mesa, basta usar uma trena e já se obtém a medida. Ou medir o
tempo para ir ao mercado, bastando apenas usar um relógio e já se tem a medida desejada.
• Indiretas (ou derivas): são aquelas que envolvem mais de uma grandeza a ser medida e, por possuir duas grandezas físicas ou
mais, são chamadas também de derivadas, pois serão compostas de grandezas diretas (ou fundamentais). A velocidade é um exemplo.
Definida como a distância dividida pelo tempo, precisa-se calcular duas grandezas físicas, espaço e tempo, para depois dividi-las, obtendo
um novo resultado, uma nova grandeza física, derivada de duas grandezas fundamentais.
• Escalares: são aquelas em que basta o número e a unidade de medida para defini-la. Exemplos podem ser a medida de uma febre
de 40ºC, o tempo de caminhada de 30 minutos, 3 litros de água, 5 kg de arroz, entre outros.
• Vetoriais: são aquelas em que só o número e a unidade de medida não são suficientes, é necessário saber também a direção (ho-
rizontal, vertical, diagonal, etc.) e o sentido (direita, esquerda, para cima, para baixo, a noroeste, horário, anti-horário, etc.). Nas grandezas
físicas vetoriais a direção e o sentido faz toda a diferença, e, por isso, sempre haverá uma pergunta para fazer além da medida a ser feita,
por exemplo: Junior caminhou 6 m, mas para onde? Será necessário responder a pergunta. No caso, suponha-se que Junior caminhou 6m
da porta da casa até a beira do mar. Contudo se é dito que João tem 60 kg, já está claro, não há perguntas a se fazer, por isso que massa
é uma grandeza escalar e não vetorial.

Como já dito anteriormente, uma grandeza física terá uma quantidade (número) e uma unidade de medida (metros, segundos, horas,
por exemplo).
Para as unidades de medidas foi criado um padrão, não só para facilitar a comparação em diferentes regiões de um país ou entre paí-
ses, mas também para facilitar as relações comerciais, pois 5 kg (quilogramas) de batatas em Brasília tem que ter a mesma quantidade de
massa que 5 kg de batatas em São Paulo, ou seja, 1 kg é a mesma quantidade de massa nos dois lugares, não importando por qual número
é multiplicado. Para um certo comprimento de uma barra, foi denominado 1 metro. Desta forma não importa por qual valor é multiplicado,
o valor unitário do metro é o mesmo em qualquer lugar.
Por ser padronizado um valor unitário (apenas 1 unidade) de medida para cada grandeza, este padrão estabelecido chama-se unida-
de de medida.

Unidades de medida
Devido às características de cada povo, as grandezas eram medidas em diversas unidades. No caso do comprimento, podemos citar
algumas unidades de medida como jardas, polegadas, pés braças, metro, centímetro etc.
Com o desenvolvimento e maior integração das sociedades, surgiu a necessidade de padronizar as medidas das grandezas. No início
do século XIV, podia-se notar que a padronização tornara-se específica para cada tipo de atividade econômica, motivados, sobretudo, por
razões fiscais da autoridade política de cada região, cuja uniformização dificilmente ultrapassava os limites das cidades ou do país em que
estava sendo utilizada. Estabeleceu-se um sem-número de sistema de medidas.
Ao se observar a larga utilização do chamado  Sistema Internacional de Unidades (SI)  no cotidiano das pessoas, como reflexo das
relações econômicas, dos processos industriais de fabricação de produtos etc., pode não parecer mas a ideia de um sistema universal e
coerente de unidades, baseado em grandezas físicas constantes, é relativamente recente.
Em 1791, na França, foi criado um sistema padrão para ser usado no mundo todo, que é o chamado sistema métrico.
Para medida de comprimento, inicialmente, definiu-se 1 metro como sendo a distância entre o Polo Norte e o Equador terrestre,
dividido por 107.
Hoje, existe uma barra de platina guardada no Museu de Pesos e Medidas, em Paris, cujo comprimento é de um metro e serve como
referência para o metro padrão. Cada país utiliza-se de uma cópia dessa barra para se fazerem, por exemplo, as réguas e as trenas.

Sistema Internacional de Unidades


O sistema de unidades de medida mais utilizado nos dias atuais é o SI (Sistema Internacional de Unidades), que antigamente era cha-
mado de MKS (metro, quilograma e segundo).

115
CIÊNCIAS NATURAIS
Utilizamos, também, múltiplos e submúltiplos das grandezas físicas. Observe a tabela abaixo.

Principais grandezas

COMPRIMENTO
Metro (m): É o comprimento da trajetória percorrida pela luz no vácuo, durante um intervalo de tempo de 1/299.792.458 de segundo
(Unidade de Base ratificada pela 17ª CGPM – 1983). A velocidade da luz no vácuo é c = 299.792,458 km/s.
Unidades de comprimento tradicionais:
• Quilômetro (km): 1.000 m,
• palmo: 22 cm;
• braça: 2,2m;
• légua: 6 km;
• légua brasileira: 6,6 km.

Unidades de comprimento inglesas:


• Polegada (in): 2,54 cm ou 0,0254 m;
• pé (ft): 30,48 cm ou 0,3048 m;
• jarda (yd): 91,44 cm ou 0,9144 m;
• milha (mi): 1.609 m;
• milha náutica: 1.852 m.

Distâncias astronômicas:
• Ano-luz: distância percorrida pela luz no vácuo em 1 ano, igual a 9,46 trilhões de quilômetros ou 946 × 1010 km;
• parsec: 3,258 anos-luz ou 30,82 trilhões de quilômetros ou 3. 082 × 10¹o km;
• unidade astronômica (uA): distância média entre a Terra e o Sol igual a 150 milhões de quilômetros ou 150 × 106 km.

ÁREA
Metro quadrado (m²): área de um quadrado com lado igual a um metro.
Unidades de área tradicionais:
• quilômetro quadrado (km²): 1.000.000 m²;
• hectare (ha): 10.000 m²;
• alqueire mineiro: 48.400 m²;
• alqueire paulista: 24.200 m².

Unidades de área inglesas:


• polegada quadrada: 6,4516 cm² ou 0,00064516 m²;
• pé quadrado: 929,03 cm² ou 0,092903 m².

116
CIÊNCIAS NATURAIS
VOLUME Unidade de velocidade angular tradicional:
Metro cúbico (m³): cubo com arestas iguais a um metro. • Rotação por minuto (rpm): p/30 rad/s
Unidade de volume tradicional:
• Litro (l): 0,001 m³. ACELERAÇÃO
• Metro por segundo ao quadrado (m/s²): constante de va-
Unidades de volume inglesas: riação de velocidade.
• Galão inglês: 4,546 l ou 0,004546 m³; • Radiano por segundo ao quadrado (rad/s²): constante de
• Galão norte-americano: 3,785 l ou 0,003785 m³. variação de velocidade angular.

ÂNGULO PLANO FREQUÊNCIA


Radiano (rad ou rd): ângulo plano entre dois raios de um círculo • Hertz (Hz): número de ciclos completos por segundo (Hz
que forma um arco de circunferência com o comprimento igual ao s-¹)
do raio.
Unidades de ângulo plano tradicionais – FORÇA
• grau (º): /180 rad; Newton (N): força que imprime uma aceleração de 1 m/s² a
• minuto (‘): /10. 800; uma massa de 1 kg (kgm/s²), na direção da força.
• segundo (“): /648. 000 rad; Unidade de força tradicional:
• número : 3,1416. • Quilograma-força (kgf): 9,8N.

ÂNGULO SÓLIDO ENERGIA


Esterradiano (sr): ângulo sólido que, tendo o vértice no centro Joule (J): energia necessária para uma força de 1N produzir um
de uma esfera, leva a um corte em sua superfície com área igual a deslocamento de 1m (J N/m).
de um quadrado com lados iguais ao raio da esfera. Unidades de energia tradicionais:
• Watt-hora (Wh): 3. 600 J;
MASSA • quilowatt-hora (kWh): 3.600.000 J ou 3.600 kJ,
Quilograma (kg): massa do protótipo internacional do quilogra- • eletrovolt (eV): 1,6021 × 10 J;
ma, um padrão construído com uma liga de platina e irídio. • caloria (cal): 4,1 J;
Unidades de massa tradicionais: • quilocaloria (kcal): 4. 184 J.
• quilate: 0,2 g ou 0,002 kg;
• tonelada métrica (t): 1.000 kg. POTÊNCIA
Watt (W): potência necessária para exercer uma energia de 1
Unidades de massa inglesas: J durante um segundo (W J/s). O fluxo de energia (elétrica, sonora,
• libra ou pound (lb): 453,59 g ou 0,453 kg; térmica ou luminosa) também é medido em watt.
• tonelada inglesa: 1.016 kg; tonelada norte-americana: Unidade de potência tradicional:
907 kg; • Horse-power (HP) ou cavalo-vapor (cv): 735,5 W.
• onça (oz): 28,35 g ou 0,028 kg;
• onça troy: 31,10 g ou 0,031 kg. INTENSIDADE ENERGÉTICA
Watt por esterradiano (W/sr): intensidade do fluxo de energia
TEMPO no interior de um ângulo sólido igual a 1sr.
Segundo (s): tempo correspondente a 9.192. 631.770 ciclos de
radiações emitidas entre dois níveis de energia do átomo de césio PRESSÃO
133. Pascal (Pa): força constante de 1N sobre uma superfície plana
Unidades de tempo tradicionais: de 1m² (Pa N/m²).
• minuto (min): 60s; Unidades de pressão tradicionais:
• hora (h): 60min ou 3.600s; • Milímetro de mercúrio (mmHg): 133,32 Pa;
• dia (d): 24h ou 1.440min ou 86. 400s; • atmosfera (atm): 101. 325 Pa.
• ano sideral: 365d 6h 9min 9,5s;
• ano trópico: 365d 5h 48min 45,8s. CORRENTE ELÉTRICA
Ampère (A): corrente elétrica constante capaz de produzir uma
VELOCIDADE força igual a 2 × 10 N entre dois condutores de comprimento infini-
Metro por segundo (m/s): distância percorrida em um segun- to e seção transversal desprezível, situados no vácuo e com 1 m de
do. distância entre si.
Unidades de velocidade tradicionais:
• quilômetro por hora (km/h): 1/3,6 m/s ou 0,27777 m/s. CARGA ELÉTRICA
Coulomb (C): quantidade de eletricidade com intensidade
Unidades de velocidade inglesas: constante de 1A que atravessa a seção de um condutor durante 1s
• milha por hora (mi/h): 1,609 km/h ou 0,4469 m/s; (C sA).
• nó (milha náutica por hora): 1,852 km/h ou 0,5144 m/s. Unidade de carga elétrica tradicional:
• Ampère-hora (Ah): 3.600 C.
Velocidade da luz: 299. 792. 458 m/s.

VELOCIDADE ANGULAR
Radiano por segundo (rad/s): velocidade de rotação de um cor-
po.

117
CIÊNCIAS NATURAIS
DIFERENÇA DE POTENCIAL
Volt (V): tensão elétrica existente entre duas seções transversais de um condutor percorrido por uma corrente constante de 1A, quan-
do a frequência dissipada entre as duas seções é igual a 1W (V W/A).
RESISTÊNCIA ELÉTRICA
Ohm (Ω): resistência de um elemento de um circuito que, submetido a uma diferença de potencial de 1V entre seus terminais, faz
circular uma corrente constante de 1A ( V/A).

CAPACITÂNCIA ELÉTRICA
Farad (F): capacitância de um elemento de um circuito que, ao ser carregado com uma quantidade de eletricidade constante igual a
1C, apresenta uma tensão constante igual a 1V (F C/V).

INDUTÂNCIA ELÉTRICA
Henry (H): indutância de um elemento passivo de um circuito em cujos terminais se induz uma tensão constante de 1V quando per-
corrido por uma corrente que varia na razão de 1A por segundo (H Vs/A ou Ws).

TEMPERATURA
Kelvin (K): fração de 1/273,16 da temperatura termodinâmica do ponto tríplice da água, que corresponde às condições de temperatu-
ra e pressão em que a água em estado líquido, o vapor de água e o gelo estão em perfeito equilíbrio. O ponto zero da escala (0°K) é igual
ao zero absoluto (-273,15°C).
Unidades de temperatura tradicionais –
• Escala Celsius (°C): 0°C = 273°K e 1°C = 274°K;
• Escala Fahrenheit (F): 0°F = 255,33°K ou -17,77°C, 1°F = 255,78°K ou -17,22°C.

QUANTIDADE DE MATÉRIA
Mol (símbolo mol): quantidade de matéria de um sistema que reúne tantas entidades elementares (partículas que devem ser especi-
ficadas) quanto o número de átomos contidos em 0,012 kg de carbono.

INTENSIDADE LUMINOSA
Candela (cd): intensidade luminosa emitida em uma determinada direção por uma fonte de radiação monocromática com frequência
igual a 540 × 10¹² Hz e com uma intensidade energética de 1/683 watt por esterradiano.

FLUXO LUMINOSO
Lúmem (lm): fluxo luminoso com intensidade de 1cd emitido no interior de um ângulo sólido igual a 1sr (lm cd/sr).

ILUMINAMENTO
Lux (lx): iluminamento de uma superfície plana de 1 m² que recebe um fluxo luminoso perpendicular de 1lm (lx lm/m²).

INFORMÁTICA
• Bit: menor unidade de armazenamento de informações em computadores e sistemas informatizados.
• Byte: é a unidade básica de memória de computadores, igual a 8 bits contíguos.
• Kilobit (kbit): 1.024 bits de informação. Kilobyte (kbyte): 1.024 bytes. Megabytes: 1.048.576 bytes.

Múltiplos e submúltiplos
Na página do Inmetro podemos ver a tabela apresentada a seguir. Os múltiplos quilo, k, (mil, igual a 103 ), mega, M, (milhão, igual a
106 ) e giga, G, (bilhão, igual a 109 ) são bem comuns. Há outros comuns em física, mas menos empregados no nosso dia a dia. O crescimen-
to vertiginoso da capacidade de memória dos computadores, por exemplo, está tornando popular o próximo múltiplo dessa sequência, o
tera, T, (1012), com a palavra “terabytes”.

Múltiplos:

118
CIÊNCIAS NATURAIS
Submúltiplos:

Para formar o múltiplo ou submúltiplo de uma unidade, basta colocar o nome do prefixo desejado na frente do nome desta unidade.
O mesmo se dá com o símbolo.

Relações e múltiplos importantes

A unidade da esquerda é sempre 10 vezes maior que sua vizinha da direita.


Os múltiplos do metro mais importantes são o centímetro e o quilômetro.
1 km = 1000 m = 103 m
1 cm = 0,01 m = 10-2 m
Em relação, principalmente, ao volume, existem unidades fora do SI que são importantes como o litro (L).
1L = 1 dm3 = 10-3 m3

Massa
O múltiplo mais importante do grama é o quilograma (kg).
1 kg = 1000 g = 103 g

A unidade da esquerda é sempre 10 vezes maior que sua vizinha da direita.


Transformando-se uma medida de uma unidade maior para outra menor, deve-se dividir por 10 elevado ao número de níveis percor-
ridos, do contrário, deve-se multiplicar por 10 elevado ao número de níveis percorridos.
n → número de casas percorridas

Tempo
Em nossa sociedade dividimos o tempo de várias formas: segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, décadas, séculos, milênios e
etc. Sendo assim, no estudo da mecânica é essencial que saibamos converter essas diversas formas.
No SI, a unidade de tempo é o segundo (s).
1 min = 60 s
1 h = 60 min = 3600 s

119
CIÊNCIAS NATURAIS
Sistema Internacional de unidades, SI
O SI é definido a partir de 7 grandezas - e unidades - funda-
mentais:
1. distância, medida em metros, com símbolo m;
2. massa, medida em quilogramas, com símbolo kg;
3. tempo, medido em segundos, com símbolo s;
4. corrente elétrica, mediada em Ampères, símbolo A;
5. temperatura termodinâmica, medida em kelvins, com sím-
bolo K;
6. Quantidade de matéria, medida em mols, símbolo mol 1 ;
7. Intensidade luminosa, medida em candelas, símbolo cd.
Ordem de grandeza
Dizer a ordem de grandeza de um número significa indicar a Em mecânica vamos lidar mais com as unidades de distância,
potência de 10 (dez) mais adequada para representá-lo. Assim, a or- massa e tempo. Há várias unidades derivadas destas sete funda-
dem de grandeza do número 90 será 102, pois a potência de 10 mais mentais, como a unidade de velocidade (m/s), força (N) ou área (m2
perto de 90 é o número 100 (102). Porém, a ideia de “mais próximo” ). Algumas dessas unidades derivadas têm nomes especiais, como
não deve ser levada ao pé da letra, porque a ordem de grandeza a unidade de força, chamada de newton, mas que no fundo corres-
do número 40, por exemplo, é 102 apesar de 40 ser mais próximo ponde a kg.m/s2 , a unidade de energia, o joule (J), que correspon-
de 10. A seguir, veremos como calcular corretamente a ordem de de a kg.m2 /s2 ou ainda a unidade de carga elétrica, o Coulomb,
grandeza de um número. que equivale a A.s (a carga que passa por um fio condutor , em um
segundo, quando a corrente nesse fio é um ampère).
Notação Científica Há várias unidades muito usadas no dia a dia (e como conse-
Escrever uma medida na notação científica é escrevê-la com quência em problemas de física e engenharia), mas que não fazem
apenas um algarismo, diferente de ZERO, antes da vírgula e fazer o parte do SI, como calorias (unidade de energia), litro (unidade de
ajuste com potências de 10. volume), tonelada (unidade de massa), quilômetros por hora (uni-
Exemplo: Colocar em notação científica os seguintes números: dade de velocidade) ou o byte (unidade de memória de computa-
120 = 1,20 . 102 dor). Também, há outros sistemas de unidades, como o CGS, que
1523 = 1,523 . 103 adota para unidades fundamentais de distância, massa e tempo o
103,45 = 1,0345 . 102 centímetro, a grama e o segundo, e tem como unidade de força o
dina.
Algarismos Significativos
Os Algarismos Significativos de uma medida são os algarismos Relações entre as Grandezas Físicas
corretos mais o algarismo duvidoso, que será sempre o último. Normalmente a variação de uma grandeza acarreta a variação
Vejamos um exemplo com uma fita métrica: de outras grandezas com ela relacionadas. Esta interdependência
pode ser descrita e analisada por meio de equações e gráficos.

Grandezas diretamente proporcionais


São aquelas grandezas onde a variação de uma provoca a va-
riação da outra numa mesma razão. Se uma dobra a outra dobra, se
uma triplica a outra triplica, se uma é divida em duas partes iguais a
Você pode dizer que a medida do segmento acima é 3,7m. O outra também é divida à metade.
algarismo 3 é um algarismo correto, fornecido pelo aparelho com o
qual você está fazendo a medida. Grandezas inversamente proporcionais
O algarismo 7 decorreu de uma avaliação, por isso ele é o alga- Uma grandeza é inversamente proporcional quando operações
rismo duvidoso. Esta medida possui dois algarismos significativos. inversas são utilizadas nas grandezas. Por exemplo, se dobramos
uma das grandezas temos que dividir a outra por dois, se triplica-
Transformações de unidades: mos uma delas devemos dividir a outra por três e assim sucessi-
Para transformar uma unidade em outra, basta muitas vezes vamente. A velocidade e o tempo são considerados grandezas in-
consultar uma tabela, ou usar um “fator”, como o 3,6 no caso de versas, pois aumentarmos a velocidade, o tempo é reduzido, e se
conversão de m/s em km/h. No entanto agora queremos que você diminuímos a velocidade, o tempo aumenta.
aprenda como essas tabelas são construídas, ou como esses fato-
res são calculados. É isso que vamos cobrar em provinhas e pro- Análise dimensional
vas! Acostume-se a não usar a “regra de três”. Essa regra só pode A Análise dimensional é útil na previsão, verificação e resolução
ser usada quando as grandezas são diretamente proporcionais – o de equações que relacionam as diversas grandezas físicas. Este pro-
que nem sempre ocorre com transformações de unidades, princi- cedimento auxilia também a minimizar a necessidade de memori-
palmente se não temos um “fator de conversão”, mas informação zação das equações e fórmulas. Quando fazemos análise dimensio-
sobre a relação entre as unidades uma a uma. nal, estamos preocupados com as dimensões das grandezas físicas,
Transformar unidades é muito fácil: basta colocar, no lugar da e nos baseamos no fato de que os dois lados de uma expressão
unidade, o seu valor na nova unidade desejada. Depois basta fazer algébrica que representa uma lei física devem sempre ter a mesma
as contas. O resultado dessas contas é o tal “fator” de conversão, dimensão (ou seja, devem ser medidos nas mesmas unidades).
presente nas inúmeras tabelas disponíveis.

120
CIÊNCIAS NATURAIS
MECÂNICA -Tempo (Δt)
A Mecânica é o ramo da Física responsável pelo estudo dos -Aceleração ( a )
movimentos dos corpos, bem como suas evoluções temporais e
as equações matemáticas que os determinam. É um estudo de ex- Movimento Uniformemente Variado (MUV)
trema importância, com inúmeras aplicações cotidianas, como na Os exercícios que cobram MUV são geralmente associados a
Geologia, com o estudo dos movimentos das placas tectônicas; na enunciados de queda livre ou lançamentos verticais, horizontais ou
Medicina, com o estudo do mapeamento do fluxo de sangue; na oblíquos.
Astronomi,a com as análises dos movimentos dos planetas etc. É importante conhecer os gráficos do MUV e as fórmulas, como
As bases para o que chamamos de Mecânica Clássica foram a Equação de Torricelli (v²=v0²+2aΔS). O professor reforça ainda
lançadas por Galileu Galilei, Johannes Kepler e Isaac Newton. Já que os problemas elencados pelo Enem são contextualizados. “São
no século XX Albert Einstein desenvolveu os estudos da chamada questões de movimento uniformemente variado, mas associadas a
Mecânica Relativística, teoria que engloba a Mecânica Clássica e situações cotidianas.
analisa movimentos em velocidades próximas ou iguais à da luz.
A chamada Mecânica Quântica é o estudo do mundo subatômico, Movimento Retilíneo Uniforme (M.R.U)
moléculas, átomos, elétrons etc. No M.R.U. o movimento não sofre variações, nem de direção,
nem de velocidade. Portanto, podemos relacionar as nossas gran-
→ Mecânica Clássica dezas da seguinte forma:
A Mecânica Clássica é dividida em Cinemática e Dinâmica. ΔS= V.Δt
A Cinemática é o estudo matemático dos movimentos. As cau-
sas que os originam não são analisadas, somente suas classificações Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (M.R.U.V)
e comparações são feitas. O movimento uniforme, movimento uni- No M.R.U.V é introduzida a aceleração e quanto mais acele-
formemente variado e movimento circular são temas de Cinemá- rarmos (ou seja, aumentarmos ou diminuirmos a velocidade an-
tica. daremos mais, ou menos. Portanto, relacionamos as grandezas da
A Dinâmica é o estudo das forças, agente responsável pelo mo- seguinte forma:
vimento. As leis de Newton são a base de estudo da Dinâmica. ΔS= V₀.t + ½.a.t²

→ Mecânica Relativística No M.R.U.V. o deslocamento aumenta ou diminui conforme al-


A Mecânica Relativística mostra que o espaço e o tempo em ve- teramos as variáveis.
locidades próximas ou iguais à da luz não são conceitos absolutos, Pode existir uma outra relação entre essas variáveis, que é
mas, sim, relativos. Segundo essa teoria, observadores diferentes, dada pela formula:
um parado e outro em alta velocidade, apresentam percepções di- V²= V₀² + 2.a.ΔS
ferentes das medidas de espaço e tempo.
A Teoria da Relatividade é obra do físico alemão Albert Einstein Nessa equação, conhecida como Equação de Torricelli, não te-
e foi publicada em 1905, o chamado ano milagroso da Física, pois mos a variável do tempo, o que pode nos ajudar em algumas ques-
foi o ano da publicação de preciosos artigos científicos de Einstein. tões, quando o tempo não é uma informação dada, por exemplo.

→ Mecânica Quântica Impulso e quantidade de movimento


A Mecânica Clássica é um caso-limite da Mecânica Quântica, O impulso e a quantidade de movimento aparecem em ques-
mas a linguagem estabelecida pela Mecânica Quântica possui de- tões que tratam de colisões e pelo Teorema do impulso (I = ΔQ).
pendência da Mecânica Clássica. Em Quântica, o conceito básico de Uma dos modos em que a temática foi cobrada pelo exame foi em
trajetória (caminho feito por um móvel) não existe, e as medidas um problema que enunciava uma colisão entre carrinhos num trilho
são feitas com base nas interações de elétrons com objetos deno- de ar, em um experimento feito em laboratório, conta o professor.
minados de aparelhos.
Os conceitos estudados em Mecânica Quântica mexem profun- Choques ou colisões mecânicas
damente com nosso senso comum e propõem fenômenos que po- No estudo das colisões entre dois corpos, a preocupação está
dem nos parecer estranhos. Como exemplo, podemos citar o caso relacionada com o que acontece com a energia cinética e a quanti-
da posição e da velocidade de um elétron. Na Mecânica Clássica, dade de movimento (momento linear) imediatamente antes e após
as posições e as velocidades de um móvel são extremamente bem a colisão. As possíveis variações dessas grandezas classificam os ti-
definidas, mas, em Quântica, se as coordenadas de um elétron são pos de colisões.
conhecidas, a determinação de sua velocidade é impossível. Caso a
velocidade seja conhecida, torna-se impossível a determinação da Definição de sistema
posição do elétron. Um sistema é o conjunto de corpos que são objetos de estudo,
de modo que qualquer outro corpo que não esteja sendo estudado
CINEMÁTICA é considerado como agente externo ao sistema. As forças exercidas
A cinemática estuda os movimentos dos corpos, sendo princi- entre os corpos que compõem o sistema são denominadas de for-
palmente os movimentos lineares e circulares os objetos do nos- ças internas, e aquelas exercidas sobre os corpos do sistema por
so estudo que costumar estar divididos em Movimento Retilíneo um agente externo são denominadas de forças externas.
Uniforme (M.R.U) e Movimento Retilíneo Uniformemente Variado
(M.R.U.V)

Para qualquer um dos problemas de cinemática, devemos estar


a par das seguintes variáveis:
-Deslocamento (ΔS)
-Velocidade ( V )

121
CIÊNCIAS NATURAIS
Quantidade de movimento e as colisões
As forças externas são capazes de gerar variação da quantidade de movimento do sistema por completo. Já as forças internas podem
apenas gerar mudanças na quantidade de movimento individual dos corpos que compõem o sistema. Uma colisão leva em considera-
ção apenas as forças internas existentes entre os objetos que constituem o sistema, portanto, a quantidade de movimento sempre será a
mesma para qualquer tipo de colisão.

Energia cinética e as colisões


Durante uma colisão, a energia cinética de cada corpo participante pode ser totalmente conservada, parcialmente conservada ou
totalmente dissipada. As colisões são classificadas a partir do que ocorre com a energia cinética de cada corpo. As características dos ma-
teriais e as condições de ocorrência determinam o tipo de colisão que ocorrerá.

Coeficiente de restituição
O coeficiente de restituição (e) é definido como a razão entre as velocidades imediatamente antes e depois da colisão. Elas são deno-
minadas de velocidades relativas de aproximação e de afastamento dos corpos.

Tipos de colisão

• Colisão perfeitamente elástica


Nesse tipo de colisão, a energia cinética dos corpos participantes é totalmente conservada. Sendo assim, a velocidade relativa de
aproximação e de afastamento dos corpos será a mesma, o que fará com que o coeficiente de restituição seja igual a 1, indicando que toda
a energia foi conservada. A colisão perfeitamente elástica é uma situação idealizada, sendo impossível a sua ocorrência no cotidiano,
pois sempre haverá perca de energia.

• Colisão parcialmente elástica


Quando ocorre perda parcial de energia cinética do sistema, a colisão é classificada como parcialmente elástica. Desse modo, a ve-
locidade relativa de afastamento será ligeiramente menor que a velocidade relativa de aproximação, fazendo com que o coeficiente de
restituição assuma valores compreendidos entre 0 e 1.

• Colisão inelástica
Quando há perda máxima da energia cinética do sistema, a colisão é classificada como inelástica. Após a ocorrência desse tipo de
colisão, os objetos participantes permanecem grudados e executam o movimento como um único corpo. Como após a colisão não have-
rá afastamento entre os objetos, a velocidade relativa de afastamento será nula, fazendo com que o coeficiente de restituição seja zero.

A tabela a seguir pode ajudar na memorização das relações entre os diferentes tipos de colisões:

Gráficos na cinemática

Na cinemática, a variável independente é o tempo, por isso escolhemos sempre o eixo das abscissas para representar o tempo. O
espaço percorrido, a velocidade e a aceleração são variáveis dependentes do tempo e são representadas no eixo das ordenadas.

Para construir um gráfico devemos estar de posse de uma tabela. A cada par de valores correspondentes dessa tabela existe um ponto
no plano definido pelas variáveis independente e dependente.
Vamos mostrar exemplos de tabelas e gráficos típicos de vários tipos de movimento: movimento retilíneo e uniforme, movimento
retilíneo uniformemente variado.

122
CIÊNCIAS NATURAIS
Exemplo 1

MOVIMENTO RETILÍNEO E UNIFORME


Seja o caso de um automóvel em movimento retilíneo e uni-
forme, que tenha partido do ponto cujo espaço é 5km e trafega
a partir desse ponto em movimento progressivo e uniforme com
velocidade de 10km/h.
 
Considerando a equação horária do MRU s = so + vot, a equação
dos espaços é, para esse exemplo,
s = 5 + 10t
A velocidade podemos identificar como sendo: Note que:
v = 10km/h • As abscissas e as ordenadas estão indicadas com espaça-
E o espaço inicial: mentos iguais.
so = 5km • As grandezas representadas nos eixos estão indicadas com
as respectivas unidades.
Para construirmos a tabela, tomamos intervalos de tempo, por • Os pontos são claramente mostrados.
exemplo, de 1 hora, usamos a equação s(t) acima e anotamos os • A reta representa o comportamento médio.
valores dos espaços correspondentes: • As escalas são escolhidas para facilitar o uso; não é neces-
sário usar “todo o papel”
t(h) s(km) • com uma escala de difícil subdivisão.
0 5 Exemplo 2
1 15
MOVIMENTO UNIFORMEMENTE VARIADO
2 25
Considerando-se o movimento uniformemente variado, pode-
3 35 mos analisar os gráficos desse movimento dividindo-os em duas ca-
4 45 tegorias, as quais se distinguem pelo sinal da aceleração.
5 55 MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO POSITIVA
6 65 Neste caso, como a aceleração é positiva, os gráficos típicos do
  movimento acelerado são
Tabela 3 - MRU  

Agora fazemos o gráfico s x t.

MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO NEGATIVA


Sendo a aceleração negativa (a < 0), os gráficos típicos são

O gráfico da velocidade é muito simples, pois a velocidade é


constante, uma vez que para qualquer t, a velocidade se mantém
a mesma.

123
CIÊNCIAS NATURAIS
A curva que resulta do gráfico s x t tem o nome de parábola.

A título de exemplo, consideremos o movimento uniformemente variado associado à equação horária s = so + vot +at2/2, onde o espaço
é dado em metros e o tempo, em segundos, e obteremos:
s(t) = 2 + 3t - 2t2.

A velocidade inicial é, portanto:


vo = 3m/s
A aceleração:
ao = -4m/s2 (a < 0)

e o espaço inicial:
so = 2km

Para desenharmos o gráfico s x t da equação acima, construímos a tabela de s x t (atribuindo valores a t).

s(m) t(s)
2,0 0
3,0 0,5
3,125 0,75
3,0 1
2,0 1,5
0 2,0
-3,0 2,5
-7,0 3

A partir da tabela obtemos o gráfico s x t:

Para o caso da velocidade, temos a equação v = vo + at. Assim, para o movimento observado temos:
v = 3 - 4t

obtendo assim a tabela abaixo:

v(m/s) t(s)
3 0
-1 0,5
5 0,75

124
CIÊNCIAS NATURAIS
Obtendo o gráfico v x t:

Exemplo 3
Como exemplo de gráfico representando dados experimentais vamos usar os dados da tabela:

Tabela
Gráfico referente à tabela
Dados de um indivíduo andando

Note:
• Até o instante t = 4min pode-se dizer que os pontos podem ser representados por
• uma reta.
• Entre t = 4 e t = 5 houve uma alteração de comportamento.
• Não ligue os pontos em ziguezague utilizando segmentos de reta. Trace curvas
• médias lisas ou retas que representam comportamentos médios.

Observação: A reta traçada deixa dois pontos para baixo e dois para cima. A origem é um ponto experimental.

125
CIÊNCIAS NATURAIS
DINÂMICA Caso 4 – Caso Geral – Com base na lei dos Cossenos
A terceira área da mecânica que mais aparece no exame é a
dinâmica, com as Leis de Newton. Ela vem em exercícios que pedem
elementos como atrito e componentes da resultante, com a força
centrípeta e a aceleração centrípeta.
A prova pode pedir, por exemplo, para o candidato associar a
aceleração confortável para os passageiros de um trem com dimen-
sões curvas, que faz um caminho curvo. Isso está completamente
ligado à aceleração centrípeta.

As leis de Newton
A cinemática é o ramo da ciência que propõe um estudo so- A Segunda lei de Newton
bre movimento, sem, necessariamente se preocupar com as suas Quando há uma força resultante, caímos na segunda lei de
causas. Newton que diz que, nestas situações, o corpo irá sofrer uma ace-
Quando partimos para o estudo das causas de um movimento, leração. Força resultante e aceleração são duas grandezas físicas
aí sim, falamos sobre a dinâmica. Da dinâmica, temos três leis em intimamente ligadas e diretamente proporcionais, ou seja, se au-
que todo o estudo do movimento pode ser resumido. São as cha- mentarmos a força, aumentamos a aceleração na mesma propor-
madas leis de Newton: ção. Essa constante é a massa do corpo em que é aplicada a força
Primeira lei de Newton – a lei da inércia, que descreve o que resultante. Por isso, a segunda lei de Newton é representada mate-
ocorre com corpos que estão em equilíbrio. maticamente pela fórmula:
Segunda lei de Newton – o princípio fundamental da dinâmica,
que descreve o que ocorrer com corpos que não estão em equilí-
brio.
Terceira lei de Newton – a lei da ação e reação, que explica o
comportamento de dois corpos interagindo entre si.

Força Resultante A segunda lei de Newton também nos ensina que força resul-
A determinação de uma força resultante é definida pela inten- tante e aceleração serão vetores sempre com a mesma direção e
sidade, direção e sentido que atuam sobre o objeto. Veja diferentes sentido.
cálculos da força resultante:
Unidades de força e massa no Sistema Internacional:
Caso 1 – Forças com mesma direção e sentido. Força – newton (N).
Massa – quilograma (kg).

A terceira Lei de Newton


A terceira lei, também conhecida como lei da ação e reação
diz que, se um corpo faz uma força em outro, imediatamente ele
receberá desse outro corpo uma força de igual intensidade, igual
direção e sentido oposto à força aplicada, como é mostrado na fi-
gura a seguir.
Caso 2 – Forças perpendiculares.

ESTÁTICA
A Estática é o capítulo da Mecânica que estuda corpos que não
se movem, estáticos. A ausência de movimento é um caso especial
de aceleração nula, ou seja, pelas Leis de Newton, uma situação em
Caso 3 – Forças com mesma direção e sentidos opostos que todas as forças que atuam sobre um corpo se equilibram. Por-
tanto, a soma vetorial de todas as forças que agem sobre o corpo
deve ser nula.
Por exemplo, um edifício de apartamentos ou de escritórios
está sujeito à força peso de sua massa e dos móveis e utensílios
em seu interior, além da força peso da massa de todos os seus ocu-
pantes. Existem também outras forças: a carga do vento, da chuva
e eventualmente, em países frios, a carga da neve acumulada em
seu teto.

126
CIÊNCIAS NATURAIS
Todas essas forças devem ser absorvidas pelo solo e pelas fun-
dações do prédio, que exercem reações sobre ele de modo a sus-
tentá-lo, mantê-lo de pé e parado. A soma vetorial de todas essas
forças deverá ser nula.

1. Equilíbrio do Ponto Material


Define-se como ponto material todo corpo cujas dimensões,
para o estudo em questão, não são importantes, não interferem
no resultado final. Por exemplo, o estudo da trajetória de um atleta
de saltos ornamentais na piscina a partir de uma plataforma de 10 A essa tendência de giro dá-se o nome de momento da força, e
m. Se o estudo está focalizado na trajetória do atleta da plataforma é igual à força multiplicada pela distancia ao centro de giro. No caso
até a piscina, e não nos seus movimentos em torno de si mesmo, acima, supondo que o comprimento da barra seja x, o momento de
pode-se adotar o centro de massa do atleta, ignorar seu tamanho cada força seria:
e desenvolver o estudo. (Caso outros estudos, dos movimentos do
atleta em torno do seu centro de massa, sejam necessários, eles
poderão ser realizados posteriormente.)
Na Estática consideramos o ponto material como um corpo su-
ficientemente pequeno para podermos admitir que todas as forças
que agem sobre o corpo se cruzem num mesmo. Para que este pon-
to material esteja em equilíbrio a somatória vetorial das forças que
nele atuam tem necessariamente de ser nula. O momento total seria o dobro
Ou:

O sinal será definido pelo sistema de referência adotado: no


No caso do estudo se restringir ao plano, podemos adotar dois nosso caso, adotando um sistema em que os momentos sejam po-
eixos (x e y) como referência e estudar as componentes das forças: sitivos no sentido horário, o momento total seria negativo, pois o
corpo tende a girar no sentido anti-horário:

A unidade do momento de uma força é o newton∙metro ou


N∙m.
Então, para o corpo permanecer estático, além das duas equa-
ções do ponto:
2. Equilíbrio dos Corpos Rígidos
Quando as dimensões dos corpos não podem ser ignoradas
(não podemos considerar as forças todas se cruzando num mesmo
ponto), o estudo passa a considerar movimentos de rotação. Por
exemplo, na figura:

Uma terceira condição deve ser imposta: a somatória dos mo-


mentos deve ser nula:

Nota: considera-se que todas as forças e momentos pertençam


Sendo as forças de mesmo módulo, a resultante seria nula, mas ao mesmo plano.
isto seria insuficiente para o equilíbrio, pois existe uma tendência
de giro que pode ser representado por: 3. Alavancas
Ao se utilizar o princípio da estática e da somatória dos mo-
mentos nulos pode-se analisar uma das primeiras máquinas sim-
ples inventada pelo homem: a alavanca.
Veja o esquema abaixo onde a barra está equilibrada:

127
CIÊNCIAS NATURAIS

2. Pressão
A pressão é definida como a aplicação de uma força distribuída
sobre uma área:

Nesse exemplo, ao se imaginar uma gangorra apoiada na dis-


tância de 8 m nota-se que uma força de 50N provoca uma ação na
outra ponta de 200 N ampliando em 4 vezes a ação inicial. Para isto,
basta comparar os momentos das duas forças nas extremidades em
relação ao apoio, e constatar que eles se equilibram, pois têm o
mesmo valor e sinais opostos (a força à esquerda tende a fazer a
barra girar no sentido anti-horário e a da extremidade direita no
sentido horário). Assim:
50 N x 8 m= 200 N x 2 m
A unidade de medida da pressão é newton por metro quadrado
Com isso pode-se amplificar ações de forças com a utilização (N/m²). A pressão pode também ser exercida entre dois sólidos. No
dessa máquina simples, provavelmente pré-histórica. caso dos fluídos o newton por metro quadrado é também denomi-
nado pascal (Pa).
Hidrostática
A Hidrostática é a parte da Física que estuda os fluídos (tanto 3. Princípio de Stevin
líquidos como os gasosos) em repouso, ou seja, que não estejam O princípio de Stevin nos permite calcular a pressão em um
em escoamento (movimento). líquido em repouso, estando com sua superfície livre em contato
Além do estudo dos fluídos propriamente ditos, serão estuda- com a atmosfera:
das as forças que esses fluídos exercem sobre corpos neles imersos,
seja em imersão parcial, como no caso de objetos flutuantes, como
os totalmente submersos.

1. Massa Específica; Densidade


Ao se afirmar que a massa específica da água é de 1000 kg/m³
estamos informando que 1 m³ de água possui uma massa de 1000
kg. Isto nos permite deduzir a definição de massa específica, que é a
relação entre a massa e o volume ocupado por essa massa:

Uma das consequências do princípio de Stevin é:


“Em um líquido em equilíbrio, a pressões são iguais em todos
os pontos da mesma horizontal”.

4. Pressão atmosférica
No planeta Terra em qualquer parte de sua superfície os corpos
estão envoltos em um fluído gasoso, o ar. Como todo fluído ele cau-
sa uma pressão nos corpos nele imersos.
A massa específica é definida para corpos homogêneos. Já para
os corpos não homogêneos essa relação é denominada densidade: A pressão atmosférica deve ser expressa em Pa (N/m²). Mas
outras unidades podem ser encontradas:
– atmosfera (atm)
– milímetros de mercúrio (mmHg) ou centímetros de mercúrio
(cmHg)
– metros de coluna de água (mca).

Então, é possível relacionar as várias medidas comparando-se


os valores da pressão atmosférica ao nível do mar:
1 atm = 101325 Pa = 10,2 mca = 760 mmHg

128
CIÊNCIAS NATURAIS
5. Princípio de Pascal Gravitação Universal
O Princípio de Pascal afirma que: “Um acréscimo de pressão A Lei da Gravitação Universal estabelece que, se dois corpos
exercido em qualquer ponto de um fluído é transmitido para todo o possuem massa, eles sofrem a ação de uma força atrativa propor-
fluído”. Com esse princípio é possível construir e dimensionar ma- cional ao produto de suas massas e inversamente proporcional a
cacos hidráulicos, prensas hidráulicas, etc. sua distância.

Resumo sobre a Lei da Gravitação Universal


• Todos os corpos do universo atraem-se mutuamente com
uma força proporcional ao produto de suas massas e inversamente
proporcional ao quadrado de sua distância;
• A Lei da Gravitação Universal é definida em termos
da Constante de Gravitação Universal, cujo módulo é igual a
6,67408.10-11 N.kg²/m²;
• A Lei da Gravitação Universal foi descoberta e desenvolvi-
da pelo físico inglês Isaac Newton e foi capaz de prever os raios das
órbitas de diversos astros, bem como explicar teoricamente a lei
empírica descoberta por Johannes Kepler que relaciona o período
orbital ao raio da órbita de dois corpos que se atraem gravitacio-
nalmente.

Como a pressão é igual em todos os pontos do fluído e supon- Introdução à Gravitação Universal
do a área do pistão da direita sendo 5 vezes maior que o da esquer- A Lei da Gravitação Universal é uma lei física que foi descoberta
da tem-se: pelo físico inglês Isaac Newton. Ela é utilizada para calcular o módu-
lo da atração gravitacional existente entre dois corpos dotados de
massa. A força gravitacional é sempre atrativa e age na direção de
uma linha imaginária que liga dois corpos. Além disso, em respeito
à Terceira Lei de Newton, conhecida como Lei da Ação e Reação, a
força de atração é igual para os dois corpos interagentes, indepen-
dente de suas massas. De acordo com Isaac Newton:
Dessa maneira uma força F_1 será, no exemplo, amplificada
(F_2 ) cinco vezes. Esse seria a versão hidráulica da alavanca mecâ- “Dois corpos atraem-se por uma força que é diretamente
nica concebida por Arquimedes. proporcional ao produto de suas massas e inversamente propor-
cional ao quadrado da distância que os separa.”
6. Princípio de Arquimedes
Deve-se também a Arquimedes a definição da força de Empuxo Por meio da proposição da Lei da Gravitação Universal, foi pos-
gerada por um corpo imerso em um fluído. “A força de empuxo de sível predizer o raio das órbitas planetárias, o período de asteroi-
um corpo imerso em um fluído é igual ao peso do fluído deslocado”. des, eventos astronômicos como eclipses, determinação da massa
e raio de planetas e estrelas etc.

Fórmula da Gravitação Universal


A principal fórmula utilizada na gravitação universal estabelece
que o módulo da força gravitacional entre duas massas é propor-
cional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao
quadrado da distância entre elas. A expressão utilizada para o cál-
culo da força gravitacional é esta:

Se o empuxo for maior que a força peso do corpo, a tendência


do corpo é de subir com aceleração. No caso de o peso ser menor
que o empuxo, a tendência é de o corpo descer com aceleração. No Legenda:
caso do empuxo ser igual à força peso o corpo terá a tendência de
permanecer parado. |F| – módulo da força de atração gravitacional (N – Newton)
Nota: ao contrário do que se vê em muitos filmes e da crença G – constante de gravitação universal (6,67408.10-11N.kg²/m²)
geral, um submarino ao tentar emergir não solta subitamente toda M – massa gravitacional ativa (kg – quilogramas)
a água armazenada em seus tanques de lastro. Isso provocaria uma m – massa gravitacional passiva (kg – quilogramas)
subida acelerada difícil de ser controlada. A liberação do lastro de d² – distância entre as massas ao quadrado (m²)
seus tanques é feita de forma controlada, de modo a manter a for-
ça de empuxo igual à força peso, e com isto conseguir uma subida Chamamos de peso a força de atração gravitacional que uma
gradual, com velocidade constante. O controle é feito pela hélice de massa exerce sobre outra. Além disso, são denominadas de massa
propulsão em conjunto com as aletas controladoras de movimento gravitacional ativa e passiva a massa que produz um campo gravita-
vertical. cional ao seu redor e a massa que é atraída por tal campo gravita-
cional, respectivamente.

129
CIÊNCIAS NATURAIS
A força peso, ou simplesmente o peso de um corpo sujeito a
uma gravidade de módulo g, é dada por:

Legenda:
P – módulo da força peso (N – Newton)
m – massa gravitacional passiva (kg – quilogramas)
g – módulo da gravidade local (m/s² – metro por segundo ao
quadrado)

Comparando as duas equações acima, podemos perceber que


a gravidade de um corpo pode ser calculada pela fórmula a seguir:

Legenda:
v – velocidade de translação do corpo (m/s – metros por se-
gundo)
ω – velocidade angular (rad/s – radianos por segundo)
T – período de translação (s – segundos)
A fórmula acima mostra que a gravidade de um planeta, es-
trela ou qualquer que seja o corpo depende de sua massa (M), da
constante de gravitação universal (G) e do inverso do quadrado da A fórmula indica que a razão do quadrado do período de trans-
distância em que nos encontramos até o centro desse corpo (d), lação de um corpo em torno de sua massa gravitacional ativa (por
que, no caso de corpos esféricos, é o seu próprio raio. exemplo, a translação da Terra em torno do Sol) pelo cubo do raio
A Terra, por exemplo, possui massa de 5,972.1024 kg e raio mé- médio da órbita (distância média entre a Terra e Sol, por exemplo)
dio de 6371 km (6,371.106 m), logo, podemos calcular o valor médio tem módulo constante, que depende da constante de gravitação
da gravidade na sua superfície: universal (G) e da massa gravitacional ativa M (a massa do Sol, por
exemplo).

Constante de gravitação universal


A constante de gravitação universal é uma constante de pro-
porcionalidade de módulo igual a 6,67408.10-11N.kg²/m², presente na
Lei da Gravitação Universal e usada para igualar a razão do produ-
to da massa de dois corpos pelo quadrado de sua distância com o
módulo da força de atração entre eles. A constante de gravitação
universal é dada, em unidades do Sistema Internacional de Unida-
des, em N.m²/kg².
A constante da gravitação universal foi determinada entre 1797
Gravitação Universal e a Terceira Lei de Kepler e 1798 pelo experimento da balança de torção, realizado pelo físico
Um dos indicadores de sucesso da Lei da Gravitação Universal e químico britânico Henry Cavendish. O experimento tinha como
foi a sua capacidade de reproduzir a famosa relação matemática objetivo inicial a determinação da densidade da Terra, mas na épo-
descoberta empiricamente por Johannes Kepler, conhecida como ca também pôde determinar a constante da gravitação universal
Lei Harmônica: com menos de 1% de erro em relação ao valor conhecido atual-
mente.
Veja um exemplo:
A lua é um satélite natural que orbita o planeta Terra pela ação
da grande força gravitacional exercida pela gravidade terrestre. Sen-
do a massa da Terra igual a 5,972.1024 kg, a massa da lua 7,36.1022
kg e a distância média entre a Terra e a Lua igual a 384.400 km
Para tanto, basta recordar que a força de atração gravitacional (3,84.108 m), determine:
aponta sempre na direção que liga os dois corpos, tratando-se, por- Dados: G = 6,67408.10-11 N.m²/kg²
tanto, de um tipo de força central, assim como a força centrípeta, a) a força gravitacional que a Terra exerce sobre a Lua
que atua nos corpos em movimento circular. Assim: b) a força gravitacional que a Lua exerce sobre a Terra
c) o módulo da aceleração adquirida pela Lua e pela Terra

Resolução
a) Para calcular a atração gravitacional que a Terra exerce sobre
a Lua, usaremos a Lei da Gravitação Universal:

130
CIÊNCIAS NATURAIS

b) De acordo com a Terceira Lei de Newton, a Lei da Ação e Reação, se a Terra exerce uma força de ação sobre a Lua, esta deve exercer
uma força atrativa sobre a Terra de mesmo módulo e direção, porém, no sentido oposto, logo, a força que a Lua faz sobre a Terra também
é de 20.1019 N.
c) Se nos lembrarmos da Segunda Lei de Newton, que nos diz que o módulo da força resultante sobre um corpo é igual ao produto de
sua massa pela sua aceleração, podemos calcular a aceleração adquirida pela Lua e pela Terra facilmente. Observe:

Os valores de aceleração calculados acima mostram que, apesar de as forças de atração serem iguais para a Terra e para a Lua, a ace-
leração adquirida por cada uma é diferente. Além disso, fazendo a razão entre os dois valores, vemos que a aceleração que a Lua sofre é
cerca de 81 vezes maior que a sofrida pela Terra.

Quando o ser humano iniciou a agricultura, ele necessitou de uma referência para identificar as épocas de plantio e colheita.
Ao observar o céu, os nossos ancestrais perceberam que alguns astros descrevem um movimento regular, o que propiciou a eles obter
uma noção de tempo e de épocas do ano.
Primeiramente, foi concluído que o Sol e os demais planetas observados giravam em torno da Terra. Mas este modelo, chamado de
Modelo Geocêntrico, apresentava diversas falhas, que incentivaram o estudo deste sistema por milhares de anos.
Por volta do século XVI, Nicolau Copérnico (1473-1543) apresentou um modelo Heliocêntrico, em que o Sol estava no centro do uni-
verso, e os planetas descreviam órbitas circulares ao seu redor.
No século XVII, Johanes Kepler (1571-1630) enunciou as leis que regem o movimento planetário, utilizando anotações do astrônomo
Tycho Brahe (1546-1601).
Kepler formulou três leis que ficaram conhecidas como Leis de Kepler.

1ª Lei de Kepler - Lei das Órbitas


Os planetas descrevem órbitas elipticas em torno do Sol, que ocupa um dos focos da elipse.

131
CIÊNCIAS NATURAIS
2ª Lei de Kepler - Lei das Áreas Em que, na equação acima, T é o período de revolução do pla-
O segmento que une o sol a um planeta descreve áreas iguais neta ou o período de revolução do satélite, M é a massa do Sol
em intervalos de tempo iguais. e R é o raio da órbita. É interessante ressaltar que a equação acima
também nos permite determinar o valor da constante k da Terceira
Lei de Kepler (T2=k.R3):

Da mesma maneira, também é possível determinar a veloci-


dade com que o planeta descreve sua órbita, isto é, temos a pos-
sibilidade de determinar o valor da velocidade orbital de qualquer
planeta ou satélite.
Para isso, basta comparar a equação que define a lei da gravi-
tação universal com a equação da força centrípeta exercida sobre o
planeta, ou satélite, em movimento circular uniforme. Sendo assim,
teremos:

A equação acima nos fornece o módulo da velocidade orbital


de um planeta ao redor do Sol. Perceba que a massa do planeta em
órbita não influencia na velocidade orbital, ou seja, a velocidade
3ª Lei de Kepler - Lei dos Períodos orbital depende apenas do raio e da massa do Sol.
O quociente dos quadrados dos períodos e o cubo de suas dis-
tâncias médias do sol é igual a uma constante k, igual a todos os Movimento Oscilatório
planetas. Um movimento oscilatório acontece quando o sentido do mo-
vimento se alterna periodicamente, porém a trajetória é a mesma
para ambos os sentidos. É o caso dos pêndulos e das cordas de gui-
tarras e violões, por exemplo.
A figura abaixo representa uma corda em vibração, observe que
mesmo se deslocando para baixo e para cima do ponto de origem
Tendo em vista que o movimento de translação de um planeta ela sempre mantêm distâncias iguais de afastamento deste ponto.
é equivalente ao tempo que este demora para percorrer uma volta
em torno do Sol, é fácil concluirmos que, quanto mais longe o pla-
neta estiver do Sol, mais longo será seu período de translação e, em
consequência disso, maior será o “seu ano”.

A terceira lei de Kepler e a velocidade orbital


Em uma de suas leis propostas,  Johannes Kepler  afirma que
as órbitas descritas pelos planetas são elípticas. Sempre em nossos
estudos consideramos que essas órbitas são circulares, portanto, se
considerarmos que realmente as órbitas dos planetas são circula-
res, a Segunda Lei de Kepler nos diz que a velocidade do planeta é
constante. Isso se dá pelo fato de a velocidade ser proporcional às Se considerarmos que o corpo começa a vibrar partindo da li-
áreas varridas pelo raio vetor, sendo que, na circunferência, essas nha mais escura, cada vez que a corda passar por esta linha, após
áreas são iguais em intervalos de tempos iguais. percorrer todas as outras linhas consideradas, dizemos que ela
Sendo assim, esta afirmação nos permite estudar o movimento completou um ciclo, uma oscilação ou uma vibração.
dos planetas ao redor do Sol e nos permite também estudar o mo- Da mesma forma que para o movimento periódico, o intervalo
vimento dos satélites ao redor dos planetas de maneira bastante decorrido para que se complete um ciclo é chamado  período do
aproximada. Para isso, basta fazermos uso de expressões matemáti- movimento (T) e o número de ciclos completos em uma unidade de
cas do movimento circular uniforme e deduzir uma nova expressão tempo é a frequência de oscilação.
matemática para a terceira Lei de Kepler, obtendo: Se você já esteve em um prédio alto, deve ter percebido que
em dias de muito vento a sua estrutura balança. Não é só impres-
são! Algumas construções de grandes estruturas como edifícios e
pontes costumam balançar em decorrência do vento. Estas vibra-
ções, porém, acontecem com período de oscilação superior a 1
segundo, o que não causa preocupação. Uma construção só pode-
ria ser prejudicada caso tivesse uma vibração natural com período
igual à vibração do vento no local.

132
CIÊNCIAS NATURAIS
Movimento harmônico simples
Chamamos um movimento de harmônico quando este pode ser descrito por funções horárias harmônicas (seno ou cosseno), que são
assim chamadas devido à sua representação gráfica:

Função Seno

Função Cosseno

Quando isto acontece, o movimento é chamado Movimento Harmônico Simples (MHS).


Para que o estudo desse movimento seja simplificado, é possível analisá-lo como uma projeção de um movimento circular uniforme
sobre um eixo. Assim:

Função horária da elongação


Imagine uma partícula se deslocando sobre um circunferência de raio A que chamaremos amplitude de oscilação.

133
CIÊNCIAS NATURAIS
Colocando o eixo x no centro do círculo que descreve o Movimento Curvilíneo Uniforme e comparando o deslocamento no Movimen-
to Harmônico Simples:

Usando o que já conhecemos sobre MCU e projetando o deslocamento angular no eixo x podemos deduzir a função horária do deslo-
camento no Movimento Harmônico Simples:

Usando a relação trigonométrica do cosseno do ângulo para obter o valor de x:

Esta é a posição exata em que se encontra a partícula na figura mostrada, se considerarmos que, no MCU, este ângulo varia com o
tempo, podemos escrever φ em função do tempo, usando a função horária do deslocamento angular:

Então, podemos substituir esta função na equação do MCU projetado no eixo x e teremos a função horária da elongação, que calcula
a posição da partícula que descreve um MHS em um determinado instante t.

134
CIÊNCIAS NATURAIS
Força no movimento harmônico simples Então, podemos chegar a expressão:
Assim como visto anteriormente, o valor da aceleração para
uma partícula em MHS é dada por:

Então, pela 2ª Lei de Newton, sabemos que a força resultante


sobre o sistema é dada pelo produto de sua massa e aceleração,
logo:

Como sabemos, a frequência é igual ao inverso do período,


logo:

Como a massa e a pulsação são valores constantes para um


determinado MHS, podemos substituir o produto mω² pela cons-
tante k, denominada constante de força do MHS.
Obtendo: Exemplo:
(1) Um sistema é formado por uma mola pendurada vertical-
mente a um suporte em uma extremidade e a um bloco de massa
10kg. Ao ser posto em movimento o sistema repete seus movimen-
Com isso concluímos que o valor algébrico da força resultante tos após cada 6 segundos. Qual a constante da mola e a freqüencia
que atua sobre uma partícula que descreve um MHS é proporcional de oscilação?
à elongação, embora tenham sinais opostos. Para um sistema formado por uma massa e uma mola, a cons-
Esta é a característica fundamental que determina se um corpo tante k é equivalente à constante elástica da mola, assim:
realiza um movimento harmônico simples.
Chama-se a força que atua sobre um corpo que descreve MHS
de força restauradora, pois ela atua de modo a garantir o prossegui-
mento das oscilações, restaurando o movimento anterior.
Sempre que a partícula passa pela posição central, a força tem
o efeito de retardá-la para depois poder trazê-la de volta.

Ponto de equilíbrio do MHS


No ponto médio da trajetória, a elongação é numericamente
igual a zero (x=0), conseqüentemente a força resultante que atua
neste momento também é nula (F=0).
Este ponto onde a força é anulada é denominado  ponto de
equilíbrio do movimento.

Período do MHS
Grande parte das utilidades práticas do MHS está relacionado
ao conhecimento de seu período (T), já que experimentalmente é Lei de Hooke 
fácil de medi-lo e partindo dele é possível determinar outras gran- A lei de Hooke consiste basicamente na consideração de que
dezas. uma mola possui uma constante elástica k. Esta constante é obede-
Como definimos anteriormente: cida até um certo limite, onde a deformação da mola em questão se
k=mω² torna permanente. Dentro do limite onde a lei de Hooke é válida, a
mola pode ser comprimida ou elongada, retornando a uma mesma
A partir daí podemos obter uma equação para a pulsação do posição de equilíbrio.
MHS: Analiticamente, a lei de Hooke é dada pela equação:

F = -k.x

Neste caso, temos uma constante de proporcionalidade k e a


variável independente x. A partir da equação pode se concluir que a
Mas, sabemos que: força é negativa, ou seja, oposta a força aplicada. Segue que, quanto
maior a elongação, maior é a intensidade desta força, oposta a força
aplicada.

135
CIÊNCIAS NATURAIS
Veja o gráfico da lei de Hooke:

Note que as linhas em vermelho são as linhas que representam a força aplicada. Para a elongação da mola, ela é positiva, enquanto
que para a compressão da mola, ao longo do sentido negativo do eixo x, esta força assume valores negativos. Já a força de reação oferecida
pela mola assume valores negativos para a elongação e valores positivos para a compressão. Isso é muito fácil de observar cotidianamente.
É só colocar uma mola presa a um suporte, de modo que possa ser elongada ou comprimida na horizontal, conforme a figura 02.

Note que quando é aplicada uma força no sentido positivo do eixo x, a mola reagirá aplicando uma força de igual intensidade, porém
sentido contrário. No caso da compressão, a força aplicada é negativa, e a força de reação acaba por ser positiva, sempre contrária à força
aplicada.

Centro de Massa
Por Francisco José Correia de Alencar

Veja a figura a cima. Enquanto o cilindro, lançado para cima, gira, há um ponto seu que não gira, mas descreve uma trajetória para-
bólica. É o centro de massado cilindro.

136
CIÊNCIAS NATURAIS

Na figura anterior, o projétil descreve uma trajetória parabólica até explodir. Depois da explosão, cada fragmento tem trajetória dife-
rente, mas o centro de massa do projétil de antes da explosão mantém a trajetória parabólica.
O movimento de um corpo rígido, ou de um sistema de corpos rígidos, pode ser representado pelo movimento do centro de massa
desse corpo ou sistema. Pra isso, admite-se que toda a massa do corpo, ou do sistema, esteja concentrada no centro de massa e que nele
estejam aplicadas todas as forças externas.

Centro de massa
Considere um sistema de pontos materiais P1, P2,..., Pn e de massas m1, m2,..., mn, respectivamente. Vamos supor, por exemplo, que
estes pontos pertençam a um plano α. Admitamos, ainda, conhecidas as coordenadas de P1, P2,..., Pn em relação a um sistema cartesiano
ortogonal pertencente ao plano α (Figura): P1(x1, y1), P2 (x2, y2),...,     Pn (xn, yn).

O ponto C de coordenadas (xCM, yCM) obtidas através das médias ponderadas:

 
Recebe o nome de centro de massa do sistema de pontos materiais.

137
CIÊNCIAS NATURAIS
Propriedades do centro de massa
Se o sistema de pontos materiais admite um eixo (ou um centro de simetria), de modo que as massas dos pontos simétricos sejam
iguais, então o centro de massa pertence ao eixo (ou ao centro) de simetria.

Considere uma chapa homogênea, como por exemplo, a chapa homogênea em forma de T da Figura. Seu centro de massa C coincide
com o centro de massa dos pontos C’ e C” que são os centros de massa das chapas retangulares indicadas na figura. Pode-se generalizar a
propriedade anterior, subdividindo-se o sistema em mais de dois conjuntos parciais.

Estática dos Sólidos


Nem sempre é possível considerar um corpo como uma partícula pontual, em geral, quando estamos interessados não só no desloca-
mento de um objeto, mas também em sua rotação, a seguinte definição é importante:

Corpo rígido ou sólido


O modelo adotado para objetos extensos considera que o tamanho e a forma destes praticamente não se alteram quando submetidos
a forças externas, apesar das ligações moleculares reais não serem perfeitamente rígidas. Pontes, aviões e muitos outros objetos podem
ser considerados bons exemplos de corpos rígidos, estes se deformam pouco, e, sobre a ação de forças muito intensas, se quebram.
Os dois possíveis tipos de movimento de um corpo rígido podem ser definidos como:

Translação
É o movimento onde se modifica a posição de um objeto, ou seja, todos os pontos do corpo são movidos de uma distância fixa em
uma mesma direção.
Rotação
No movimento de rotação todos os pontos do corpo se movem em arcos de circunferências, cujos centros estão no mesmo eixo, cha-
mado de eixo de rotação.

Lei de Stevin 
Simon Stevin, físico e matemático belga, pesquisou o comportamento hidrostático da pressão e formulou o Princípio Fundamental da
Hidrostática.

Simon concluiu, através de experimentos, que a pressão realizada por um fluído (gases ou líquidos) depende da sua altura, ou seja,
depois de encontrar seu equilíbrio, a altura dos líquidos será igual.

Essa lei é válida, na verdade, para líquidos em repouso.


Um exemplo clássico e cotidiano é apresentado em diversos livros e também nas aulas de física. São os vasos comunicantes (a ligação
de dois ou mais recipientes por um conduto).

As caixas de distribuição de água das cidades são construídas com base nos vasos comunicantes. É comum observar que os reser-
vatórios de distribuição de água sempre estão localizados nos pontos mais altos da cidade. Isso acontece porque os princípios dos vasos
comunicantes afirmam que:

• A altura das colunas líquidas será sempre igual.


• Os pontos localizados em uma mesma profundidade possuem pressão também igual.

Obs.: Essas condições são aceitas quando analisado um único líquido.

138
CIÊNCIAS NATURAIS
Um outro exemplo comum é o uso de mangueira transparen-
te com água em seu interior, utilizada por pedreiros na construção
civil.

Essa engenhoca usa os princípios da hidrostática, especifica- • P = Pressão no ponto P (pa);


mente os vasos comunicantes, e serve para nivelar ou identificar se • PATM = Pressão atmosférica (pa);
a obra está num mesmo plano horizontal. • d = Densidade do líquido (kg/m3);
• g = Gravidade (m/s2);
Vasos comunicantes • H = Altura da coluna de líquido acima do ponto analisado.
Vasos comunicantes são recipientes geralmente em formato de
U que são utilizados para estudos relativos à densidade e pressão Por intermédio da lei de Stevin, pode-se observar que a pres-
exercidas por líquidos. são exercida por um líquido não depende do formato ou do volume
do recipiente no qual ele se encontra e que pontos de mesma altura
possuem mesma pressão. A imagem a seguir mostra um sistema de
vasos comunicantes formados por recipientes de formas e volumes
diferentes.

Nos vasos comunicantes, a pressão para pontos de mesma


altura é a mesma

Vasos comunicantes  são recipientes geralmente em formato


de U que são utilizados para analisar as relações entre as densida-
des de líquidos imiscíveis e executar estudos sobre a pressão exer-
cida por líquidos.
Repare que a altura da coluna de líquido e o tipo de líquido são
Lei de Stevin exatamente iguais para os três recipientes. Sendo assim, pode-se
A lei de Stevin propõe que a pressão exercida por um líquido concluir, por meio da lei de Stevin, que as pressões exercidas nos
depende apenas da densidade do líquido, da aceleração da gra- pontos 1, 2 e 3 são exatamente iguais (P1 = P2 = P3).
vidade e da altura da coluna de líquido existente acima do ponto
analisado. Mistura de líquidos
Quando dois líquidos imiscíveis são colocados em um recipien-
te em formato de U, pode-se aplicar a lei de Stevin para estabelecer
uma relação entre as densidades e as alturas das colunas de líqui-
do. Na imagem a seguir, dois líquidos com densidades D1 e D2 fo-
ram colocados em um recipiente. As alturas das colunas de líquido
são proporcionais às densidades dos fluidos.

A lei de Stevin pode ser usada para determinar a pressão exer-


cida pela água sobre o ponto P na figura acima.

139
CIÊNCIAS NATURAIS
Aplicando a lei de Stevin e sabendo que pontos de mesma altu-
ra possuem mesma pressão, teremos:

De acordo com essa relação, vemos que força e área são gran-
dezas diretamente proporcionais. Dessa forma, dizemos que o êm-
bolo menor recebe uma força de menor intensidade, enquanto que
o êmbolo de maior área recebe maior força.
Em decorrência da equação enunciada acima (Princípio de Pas-
cal), inúmeros equipamentos foram construídos de forma a facili-
Conclui-se que o produto das densidades pela altura da coluna tar o trabalho humano. Podemos encontrar a prensa hidráulica em
de líquido deve ser igual para cada um dos fluidos dentro do reci- freios hidráulicos, na direção de um automóvel, em aviões, máqui-
piente. A igualdade será mantida se o líquido de menor densidade nas pesadas, etc.
possuir a maior altura e vice-versa. Para o deslocamento do êmbolo podemos dizer que o decrés-
cimo de volume no êmbolo 1 é igual ao acréscimo do volume no
Prensa hidráulica êmbolo 2. Então, temos:
Não é comum, mas sempre que paramos em um posto de com- ∆V1= ∆V2
bustível, nos deparamos com elevadores enormes, como o da fi-
gura acima. Esse tipo de equipamento recebe o nome de elevador Sabendo que a variação do volume é dada em função da área e
hidráulico ou prensa hidráulica. Seu funcionamento se baseia no do deslocamento do êmbolo, temos:
Princípio de Pascal e ajuda a levantar grandes massas. ∆V = A.d
As prensas hidráulicas constituem-se de um tubo preenchido
por um líquido confinado entre dois êmbolos de áreas diferentes. Como a variação do volume é igual, temos:
Quando aplicamos uma força   no êmbolo de área A1, surge uma A1.d1= A2.A2
pressão na região do líquido em contato com esse êmbolo. Como
o incremento de pressão é transmitido integralmente a qualquer
ponto do líquido, podemos dizer que ele também atua no êmbolo Corpos flutuantes.
de A2 com uma força de intensidade   proporcional à área do êm- Os corpos ocos ou feitos de materiais menos densos que os
bolo 2. Vejamos a figura abaixo: líquidos, ficam numa situação chamada de  flutuação. Nessa con-
dição o Peso e o Empuxo são iguais, pois o corpo fica apenas par-
cialmente imerso no líquido. Dessa forma o volume de líquido des-
locado é menor que o volume do corpo. O estudo das condições
de flutuação é fundamental para a construção de embarcações de
qualquer espécie. Mesmo usando de materiais mais densos que a
água, os cascos contém em seu interior um considerável volume
de ar, situado abaixo da linha de flutuação, o que faz a densidade
relativa ser menor, permitindo ao mesmo transportar cargas úteis,
tanto de mercadorias quanto de passageiros.

Na figura podemos identificar:


F1 – força aplicada no êmbolo 1;
F2 – força que surge no êmbolo 2;
A1 – área da seção transversal do cilindro 1;
A2 – área da seção transversal do cilindro 2.

O acréscimo de pressão (Δp) é dado a partir do Princípio de


Pascal. Portanto, temos:
∆p1= ∆p2
Onde:

140
CIÊNCIAS NATURAIS
Empuxo 3) Corpo boiando:
O que é empuxo? Trata-se da força que surge em todo objeto Um objeto boia na superfície de um líquido sempre que sua
mergulhado em um fluido. Ele corresponde ao peso do volume de densidade é menor que a densidade do líquido. Nesse caso, o em-
líquido deslocado pelo corpo. puxo que atua sobre o corpo é maior que seu peso.
Empuxo é o nome dado à força exercida por um fluidosobre um
objeto mergulhado total ou parcialmente nele. Também conhecido Exemplo de aplicação
como Princípio de Arquimedes, o empuxo sempre apresenta dire- Os submarinos utilizados pelas Forças Armadas são um exem-
ção vertical e sentido para cima. plo clássico de aplicação do empuxo. Enquanto o submarino man-
Assim que um objeto qualquer é mergulhado em um fluido, ele tém-se flutuando na superfície da água, podemos afirmar que
começa a deslocá-lo. O empuxo corresponde ao peso do volume de o empuxo é igual ao peso e a embarcação mantém-se em equilíbrio.
líquido deslocado pelo objeto, sendo assim, podemos definir mate- Para submergir, o submarino enche alguns reservatórios com água,
maticamente o empuxo da seguinte forma: assim, seu peso torna-se superior ao empuxo e ele afunda.
E = PDES
E = mDES . g Linha de corrente
É uma linha contínua traçada no líquido, o lugar geométrico
Sabendo que a densidade é fruto da razão entre a massa e vo- dos pontos, que, num mesmo instante t considerado, mantém-
lume de uma substância, podemos escrever que: -se tangente em todos os pontos à velocidade V. Pode também ser
d = m/V → m = d.V definido como a família de curvas que, para cada instante de tem-
po, são as envolventes do campo de velocidades num fluido.
Reescrevendo a equação do empuxo, temos: A linha de corrente é correspondente diretamente à trajetória
E = dL. VDES. g da partícula no fluido.
Em particular, a linha de corrente que se encontra em contato
Para essa equação, temos que: com o ar, num canal, duto ou tubulação se denomina linha d’água.
dL= densidade do líquido; O conjunto de todas as linhas de corrente que passam por uma
VDES= volume de líquido deslocado; pequena curva fechada é definido como um tubo de corrente.
g = aceleração da gravidade.
Vazão
OBS.: O volume de líquido deslocado corresponde exatamente Vazão ou caudal (ou ainda, «débito») é o volume e/ou massa
ao volume imerso do objeto no líquido. de determinado fluido que passa por uma determinada seçãode
um conduto livre ou forçado, por unidade de tempo. Ou seja, vazão
Como surge o Empuxo? é a rapidez  com a qual um volume e/ou massa escoa.  Vazão cor-
O empuxo surge por causa da diferença de pressão existente responde à taxa de escoamento, ou seja, quantidade de material
entre a parte inferior e superior de um objeto mergulhado em um transportado através de conduto livre ou forçado, por unidade de
fluido. A pressão na parte inferior, em virtude da maior profundi- tempo.  Ainda outra definição é a de um fluxo volumétrico.
dade, é maior que a pressão na parte superior, o que resulta no Um conduto livre pode ser um canal, um rio ou uma tubulação.
surgimento de uma força vertical para cima, o empuxo. Um conduto forçado pode ser uma tubulação com pressão positiva
ou negativa. Assim, pode-se escrever a vazão.
Quem explicou o empuxo? Com a área a em m² e a velocidade de escoamento v em m/s,
Essa força foi explicada por  Arquimedes, matemático e en- vazão é dada em m³/s.
genheiro grego que foi incumbido por um rei de mostrar se a sua
coroa era de ouro maciço ou se havia impurezas misturadas a ela. Equação da Continuidade
Enquanto tomava banho em uma banheira, ele reparou que a água Antes de entender o que é a Equação da Continuidade, é ne-
saía da banheira quando ele entrava e que seu corpo estava sujeito cessário entender o conceito de fluxo.  O termo pode ser aplicado
a uma espécie de força. A partir daí, ele pôde desenvolver a sua nos mais variados contextos. A abordagem feita aqui é aquela ado-
ideia sobre o empuxo e enunciar que: tada do ponto de vista da Hidrodinâmica (Dinâmica dos Fluidos).
Se você pudesse ver cada partícula de ar atravessando a espi-
“Todo corpo mergulhado em um fluido sofre ação de uma ra, poderia observar linhas que representariam as trajetórias das
força vertical e para cima que corresponde ao volume de líquido partículas de ar. Em cada ponto, a tangente a cada linha daria a ve-
deslocado pelo corpo.” locidade das gotas de água naquele ponto. Veja a sequência das
figuras abaixo:
Casos de flutuação
1) Corpo afunda:
Se um objeto mergulhado em um fluido afunda, podemos afir-
mar que a sua densidade é maior que a do líquido e que o seu peso
é superior ao empuxo.

2) Corpo em equilíbrio
Se as densidades do corpo e do fluido forem iguais, o corpo
permanecerá em equilíbrio no líquido e podemos afirmar que o
empuxo é igual ao peso do corpo.

141
CIÊNCIAS NATURAIS

Pelas figuras, pode-se compreender Fluxo como sendo um campo vetorial através de uma superfície, isto é, a “quantidade” de algo
que, efetivamente, atravessa aquela superfície. Matematicamente, pode ser expresso da seguinte forma:  
A letra Φ representa o Fluxo,    é o vetor velocidade e A é o vetor área.

Um fato bastante corriqueiro mostra que é possível aumentar a velocidade da água que sai de uma mangueira de jardim fechando
parcialmente o bico da mangueira com o dedo. Esta alteração na velocidade está diretamente relacionada ao fato de alterarmos a secção
da área de saída de água da mangueira.
Observando a figura ao lado, é fato simples de compreender (principalmente quando consideramos o fluido incompressível) que a
quantidade de água que entra na mangueira com velocidade  1 deve ser a mesma que sai com velocidade  2, já que não há, no trans-
curso, nenhuma fonte nem sumidouro de fluido. Em outras palavras, o fluxo de líquido deve ser constante.
Sendo assim, pode-se escrever matematicamente:

Efetivamente, como o fluxo é constante:


Δt1 = Δt2
Logo, a equação fica reduzida à:
A1 . v1 = A2 . v2
Esta relação entre a velocidade do fluido e a área de secção por onde o fluido passa é chamada Equação da Continuidade.
De uma outra forma, a equação anterior pode ser escrita como:
A . v = constante

O produto anterior é chamado de Vazão (volume de fluido que passa por uma secção na unidade de tempo). No Sistema Internacional
de Unidades, é medido em m³/s (metro cúbico por segundo).
Para entender um pouco mais sobre as consequências desta equação, confira o vídeo:

Mas tem outra coisa: é comum alguns acreditarem que a água que sai da mangueira com maior velocidade em virtude da redução
da área tem sua pressão aumentada. No entanto acontece exatamente ao contrário. A pressão, nesta condição é menor. Mas isto é outra
história. É necessário analisarmos do ponto de vista da Equação de Bernoulli.

TERMOLOGIA
Termologia (termo = calor, logia = estudo) é a parte da Física encarregada de estudar o calor e seus efeitos sobre a matéria. A termolo-
gia está intimamente ligada à energia térmica, estudando a transmissão dessa energia e os efeitos produzidos por ela quando é fornecida
ou retirada de um corpo.
Temperatura é a grandeza que mede o estado de agitação das moléculas. Quanto mais quente estiver uma matéria, mais agitadas
estarão suas moléculas. Assim, a temperatura é o fator que mede a agitação dessas moléculas, determinando se uma matéria está quente,
fria, etc.
Calor é a energia que flui de um corpo com maior temperatura para outro de menor temperatura. Como sabemos, a unidade de re-
presentação de qualquer forma de energia é o joule (J), porém, para designar o calor, é adotada uma unidade prática denominada caloria,
em que 1 cal = 4,186 J.

142
CIÊNCIAS NATURAIS
Equilíbrio térmico é o estado em que a temperatura de dois ou Escala Kelvin
mais corpos são iguais. Assim, quando um corpo está em equilíbrio Também conhecida como escala absoluta, foi verificada pelo
térmico em relação a outro, cessam os fluxos de troca de calor en- físico inglês William Thompson (1824-1907), também conhecido
tre eles. Ex.: Quando uma xícara de café é deixada por certo tempo como Lorde Kelvin.
sobre uma mesa, ela esfriará até entrar em equilíbrio térmico com Esta escala tem como referência a temperatura do menor es-
o ambiente em que está. tado de agitação de qualquer molécula (0 K) e é calculada a partir
da escala Celsius.
TERMOMETRIA Por convenção, não se usa “grau” para esta escala, ou seja 0
Chamamos de Termologia a parte da física que estuda os fenô- K, lê-se zero kelvin e não zero grau kelvin. Em comparação com a
menos relativos ao calor, aquecimento, resfriamento, mudanças de escala Celsius:
estado físico, mudanças de temperatura, etc. -273 °C = 0 K
Termometria é a parte da termologia voltada para o estudo da 0 °C = 273 K
temperatura, dos termômetros e das escalas termométricas. 100 °C = 373 K

• Temperatura • Conversões entre escalas


Temperatura é a grandeza que caracteriza o estado térmico de Para que seja possível expressar temperaturas dadas em uma
um corpo ou sistema. certa escala para outra qualquer deve-se estabelecer uma conven-
Fisicamente o conceito dado a quente e frio é um pouco dife- ção geométrica de semelhança.
rente do que costumamos usar no nosso cotidiano. Podemos de- Por exemplo, convertendo uma temperatura qualquer dada em
finir como quente um corpo que tem suas moléculas agitando-se escala Fahrenheit para escala Celsius:
muito, ou seja, com alta energia cinética. Analogamente, um corpo
frio, é aquele que tem baixa agitação das suas moléculas.
Ao aumentar a temperatura de um corpo ou sistema pode-se
dizer que está se aumentando o estado de agitação de suas molé-
culas.
Ao tirarmos uma garrafa de água mineral da geladeira ou ao
retirar um bolo de um forno, percebemos que após algum tempo,
ambas tendem a chegar à temperatura do ambiente. Ou seja, a
água “esquenta” e o bolo “esfria”. Quando dois corpos ou sistemas
atingem o mesma temperatura, dizemos que estes corpos ou siste-
mas estão em equilíbrio térmico.

• Escalas Termométricas
Para que seja possível medir a temperatura de um corpo, foi
desenvolvido um aparelho chamado termômetro.
Pelo princípio de semelhança geométrica:
O termômetro mais comum é o de mercúrio, que consiste em
um vidro graduado com um bulbo de paredes finas que é ligado a
um tubo muito fino, chamado tubo capilar.
Quando a temperatura do termômetro aumenta, as molécu-
las de mercúrio aumentam sua agitação fazendo com que este se
dilate, preenchendo o tubo capilar. Para cada altura atingida pelo
mercúrio está associada uma temperatura.
A escala de cada termômetro corresponde a este valor de al-
tura atingida.

Escala Celsius
É a escala usada no Brasil e na maior parte dos países, oficiali-
zada em 1742 pelo astrônomo e físico sueco Anders Celsius (1701-
1744). Esta escala tem como pontos de referência a temperatura de
congelamento da água sob pressão normal (0 °C) e a temperatura
de ebulição da água sob pressão normal (100 °C).

Escala Fahrenheit
Outra escala bastante utilizada, principalmente nos países de
língua inglesa, criada em 1708 pelo físico alemão Daniel Gabriel
Fahrenheit (1686-1736), tendo como referência a temperatura de
uma mistura de gelo e cloreto de amônia (0 °F) e a temperatura do
corpo humano (100 °F).
Em comparação com a escala Celsius:
0 °C = 32 °F
100 °C = 212 °F

143
CIÊNCIAS NATURAIS
Exemplo:
Qual a temperatura correspondente em escala Celsius para a temperatura 100 °F?

Da mesma forma, pode-se estabelecer uma conversão Celsius-Fahrenheit:

E para escala Kelvin:

144
CIÊNCIAS NATURAIS
Algumas temperaturas:

CALORIMETRIA

Calor
Quando colocamos dois corpos com temperaturas diferentes em contato, podemos observar que a temperatura do corpo “mais quen-
te” diminui, e a do corpo “mais frio” aumenta, até o momento em que ambos os corpos apresentem temperatura igual.
Esta reação é causada pela passagem de energia térmica do corpo “mais quente” para o corpo “mais frio”, a transferência de energia
é o que chamamos calor.
Calor é a transferência de energia térmica entre corpos com temperaturas diferentes.
A unidade mais utilizada para o calor é caloria (cal), embora sua unidade no SI seja o joule (J). Uma caloria equivale a quantidade de
calor necessária para aumentar a temperatura de um grama de água pura, sob pressão normal, de 14,5 °C para 15,5 °C.
A relação entre a caloria e o joule é dada por:
1 cal = 4,186J

Partindo daí, podem-se fazer conversões entre as unidades usando regra de três simples.
Como 1 caloria é uma unidade pequena, utilizamos muito o seu múltiplo, a quilocaloria.
1 kcal = 10³cal

Calor sensível
É denominado calor sensível, a quantidade de calor que tem como efeito apenas a alteração da temperatura de um corpo.
Este fenômeno é regido pela lei física conhecida como Equação Fundamental da Calorimetria, que diz que a quantidade de calor sen-
sível (Q) é igual ao produto de sua massa, da variação da temperatura e de uma constante de proporcionalidade dependente da natureza
de cada corpo denominada calor específico.

Assim:

Onde:
Q = quantidade de calor sensível (cal ou J).
c = calor específico da substância que constitui o corpo (cal/g°C ou J/kg°C).
m = massa do corpo (g ou kg).
Δθ = variação de temperatura (°C).
É interessante conhecer alguns valores de calores específicos:

145
CIÊNCIAS NATURAIS

Substância c (cal/g°C) Quando:


Q>0: o corpo funde ou vaporiza.
Alumínio 0,219 Q<0: o corpo solidifica ou condensa.
Água 1,000
Álcool 0,590 Exemplo:
Qual a quantidade de calor necessária para que um litro de
Cobre 0,093
água vaporize? Dado: densidade da água=1g/cm³ e calor latente de
Chumbo 0,031 vaporização da água = 540 cal/g.
Estanho 0,055
Ferro 0,119
Gelo 0,550
Mercúrio 0,033
Ouro 0,031
Prata 0,056
Vapor d’água 0,480
Zinco 0,093

Quando: Assim:
Q>0: o corpo ganha calor.
Q<0: o corpo perde calor.
Exemplo:
Qual a quantidade de calor sensível necessária para aquecer
uma barra de ferro de 2kg de 20°C para 200 °C? Dado: calor especí-
fico do ferro = 0,119cal/g°C.
2 kg = 2000 g Curva de aquecimento
Ao estudarmos os valores de calor latente, observamos que
estes não dependem da variação de temperatura. Assim podemos
elaborar um gráfico de temperatura em função da quantidade de
calor absorvida. Chamamos este gráfico de Curva de Aquecimento:

Calor latente
Nem toda a troca de calor existente na natureza se detém a
modificar a temperatura dos corpos. Em alguns casos há mudança
de estado físico destes corpos. Neste caso, chamamos a quantidade
de calor calculada de calor latente.
A quantidade de calor latente (Q) é igual ao produto da massa
do corpo (m) e de uma constante de proporcionalidade (L).

Assim:
Trocas de Calor
Para que o estudo de trocas de calor seja realizado com maior
precisão, este é realizado dentro de um aparelho chamado calorí-
A constante de proporcionalidade é chamada calor latente de metro, que consiste em um recipiente fechado incapaz de trocar
mudança de fase e se refere a quantidade de calor que 1 g da subs- calor com o ambiente e com seu interior.
tância calculada necessita para mudar de uma fase para outra. Dentro de um calorímetro, os corpos colocados trocam calor
Além de depender da natureza da substância, este valor numé- até atingir o equilíbrio térmico. Como os corpos não trocam calor
rico depende de cada mudança de estado físico. com o calorímetro e nem com o meio em que se encontram, toda a
energia térmica passa de um corpo ao outro.
Por exemplo, para a água: Como, ao absorver calor Q>0 e ao transmitir calor Q<0, a soma
de todas as energias térmicas é nula, ou seja:
Calor latente de fusão 80cal/g ΣQ=0
(lê-se que somatório de todas as quantidades de calor é igual
Calor latente de vaporização 540cal/g a zero)
Calor latente de solidificação -80cal/g
Calor latente de condensação -540cal/g

146
CIÊNCIAS NATURAIS
Sendo que as quantidades de calor podem ser tanto sensível Definimos fluxo de calor (Φ) que a fonte fornece de maneira
como latente. constante como o quociente entre a quantidade de calor (Q) e o
intervalo de tempo de exposição (Δt):
Exemplo:
Qual a temperatura de equilíbrio entre uma bloco de alumínio
de 200g à 20°C mergulhado em um litro de água à 80°C? Dados ca-
lor específico: água=1cal/g°C e alumínio = 0,219cal/g°C.

Sendo a unidade adotada para fluxo de calor, no sistema inter-


nacional, o Watt (W), que corresponde a Joule por segundo, embo-
ra também sejam muito usada a unidade caloria/segundo (cal/s)
e seus múltiplos: caloria/minuto (cal/min) e quilocaloria/segundo
(kcal/s).

Exemplo:
Uma fonte de potência constante igual a 100W é utilizada para
aumentar a temperatura 100g de mercúrio 30°C. Sendo o calor es-
pecífico do mercúrio 0,033cal/g.°C e 1cal=4,186J, quanto tempo a
fonte demora para realizar este aquecimento?

Repare que, neste exemplo, consideramos a massa da água


como 1000g, pois temos 1 litro de água.

Capacidade térmica
É a quantidade de calor que um corpo necessita receber ou
ceder para que sua temperatura varie uma unidade.
Então, pode-se expressar esta relação por: Aplicando a equação do fluxo de calor:

Sua unidade usual é cal/°C.


A capacidade térmica de 1g de água é de 1cal/°C já que seu
calor específico é 1cal/g.°C.

Condução Térmica
Transmissão de Calor É a situação em que o calor se propaga através de um «condu-
Em certas situações, mesmo não havendo o contato físico en- tor». Ou seja, apesar de não estar em contato direto com a fonte de
tre os corpos, é possível sentir que algo está mais quente. Como calor um corpo pode ser modificar sua energia térmica se houver
quando chega-se perto do fogo de uma lareira. Assim, concluímos condução de calor por outro corpo, ou por outra parte do mesmo
que de alguma forma o calor emana desses corpos “mais quentes” corpo.
podendo se propagar de diversas maneiras. Por exemplo, enquanto cozinha-se algo, se deixarmos uma co-
Como já vimos anteriormente, o fluxo de calor acontece no lher encostada na panela, que está sobre o fogo, depois de um tem-
sentido da maior para a menor temperatura. po ela esquentará também.
Este trânsito de energia térmica pode acontecer pelas seguin- Este fenômeno acontece, pois, ao aquecermos a panela, suas
tes maneiras: moléculas começam a agitar-se mais, como a panela está em con-
• condução; tato com a colher, as moléculas em agitação maior provocam uma
• convecção; agitação nas moléculas da colher, causando aumento de sua ener-
• irradiação. gia térmica, logo, o aquecimento dela.

Fluxo de Calor Também é por este motivo que, apesar de apenas a parte infe-
Para que um corpo seja aquecido, normalmente, usa-se uma rior da panela estar diretamente em contato com o fogo, sua parte
fonte térmica de potência constante, ou seja, uma fonte capaz de superior também esquenta.
fornecer uma quantidade de calor por unidade de tempo.

147
CIÊNCIAS NATURAIS
Convecção Térmica Gás perfeito ou ideal
A convecção consiste no movimento dos fluidos, e é o princípio É considerado um gás perfeito quando são presentes as seguin-
fundamental da compreensão do vento, por exemplo. tes características:
O ar que está nas planícies é aquecido pelo sol e pelo solo, as- • o movimento das moléculas é regido pelos princípios da
sim ficando mais leve e subindo. Então as massas de ar que estão mecânica Newtoniana;
nas montanhas, e que está mais frio que o das planícies, toma o • os choques entre as moléculas são perfeitamente elásti-
lugar vago pelo ar aquecido, e a massa aquecida se desloca até os cos, ou seja, a quantidade de movimento é conservada;
lugares mais altos, onde resfriam. Estes movimentos causam, entre • não há atração e nem repulsão entre as moléculas;
outros fenômenos naturais, o vento. • o volume de cada molécula é desprezível quando compa-
Formalmente, convecção é o fenômeno no qual o calor se pro- rado com o volume total do gás.
paga por meio do movimento de massas fluidas de densidades di-
ferentes. Energia cinética de um gás
Devido às colisões entre si e com as paredes do recipiente, as
Irradiação Térmica moléculas mudam a sua velocidade e direção, ocasionando uma va-
É a propagação de energia térmica que não necessita de um riação de energia cinética de cada uma delas. No entanto, a energia
meio material para acontecer, pois o calor se propaga através de cinética média do gás permanece a mesma.
ondas eletromagnéticas. Novamente utilizando-se conceitos da mecânica Newtoniana
Imagine um forno microondas. Este aparelho aquece os ali- estabelece-se:
mentos sem haver contato com eles, e ao contrário do forno à gás,
não é necessário que ele aqueça o ar. Enquanto o alimento é aque-
cido há uma emissão de microondas que fazem sua energia térmica
aumentar, aumentando a temperatura.
O corpo que emite a energia radiante é chamado emissor ou
radiador e o corpo que recebe, o receptor. Onde:
n=número molar do gás (nº de mols)
Estudo dos gases R=constante universal dos gases perfeitos (R=8,31J/mol.K)
Com exceção dos gases nobres, que são formados por áto- T=temperatura absoluta (em Kelvin)
mos isolados a maioria dos gases são compostos moleculares. Fi-
sicamente, os gases possuem grande capacidade de compressão e O número de mols do gás é calculado utilizando-se sua massa
expansão, não possuindo nem forma nem volume definidos, pois molar, encontrado em tabelas periódicas e através da constante de
ocupam o volume a forma do recipiente que os contém. Avogadro.
Há uma diferença entre gás e vapor: o vapor é capaz de exis-
tir em equilíbrio com a substância em estado líquido e até mesmo
sólido; o gás, por sua vez, é um estado fluido impossível de se li-
quefazer.   Utilizando-se da relação que em 1mol de moléculas de uma
substância há moléculas desta substância.
Gases
Gases são fluidos no estado gasoso. A característica que os dife- Transformação Isotérmica
re dos fluidos líquidos é que, quando colocados em um recipiente, A palavra isotérmica se refere à mesma temperatura. Logo,
estes têm a capacidade de ocupá-lo totalmente. A maior parte dos uma transformação isotérmica de um gás ocorre quando a tempe-
elementos químicos não-metálicos conhecidos são encontrados no ratura inicial é conservada.
seu estado gasoso, em temperatura ambiente. A lei física que expressa essa relação é conhecida com Lei de
As moléculas do gás, ao se movimentarem, colidem com as ou- Boyle e é matematicamente expressa por:
tras moléculas e com as paredes do recipiente onde se encontram,
exercendo uma pressão, chamada de pressão do gás.
Esta pressão tem relação com o volume do gás e à temperatura Onde:
absoluta. p=pressão
Ao ter a temperatura aumentada, as moléculas do gás aumen- V=volume
tam sua agitação, provocando mais colisões.
Ao aumentar o volume do recipiente, as moléculas tem mais =constante que depende da massa, temperatura e nature-
espaço para se deslocar, logo, as colisões diminuem, diminuindo a za do gás.
pressão. Como esta constante é a mesma para um mesmo gás, ao ser
Utilizando os princípios da mecânica Newtoniana é possível es- transformado, é válida a relação:
tabelecer a seguinte relação:

Onde:
p=pressão
m=massa do gás
v=velocidade média das moléculas
V=volume do gás.

148
CIÊNCIAS NATURAIS
Exemplo: Transformação Isométrica
Certo gás contido em um recipiente de 1m³ com êmbolo exerce A transformação isométrica também pode ser chamada isocó-
uma pressão de 250Pa. Ao ser comprimido isotérmicamente a um rica e assim como nas outras transformações vistas, a isométrica se
volume de 0,6m³ qual será a pressão exercida pelo gás? baseia em uma relação em que, para este caso, o volume se man-
tém.
Regida pela Lei de Charles, a transformação isométrica é mate-
maticamente expressa por:

Onde:
p=pressão;
Transformação Isobárica T=temperatura absoluta do gás;
Analogamente à transformação isotérmica, quando há uma =constante que depende do volume, massa e da natureza
transformação isobárica, a pressão é conservada. do gás.;
Regida pela Lei de Charles e Gay-Lussac, esta transformação
pode ser expressa por: Como para um mesmo gás, a constante é sempre a mesma,
garantindo a validade da relação:

Onde:
V=volume;
T=temperatura absoluta;
=constante que depende da pressão, massa e natureza do Exemplo:
gás. Um gás que se encontra à temperatura de 200K é aquecido até
Assim, quando um mesmo gás muda de temperatura ou volu- 300K, sem mudar de volume. Se a pressão exercida no final do pro-
me, é válida a relação: cesso de aquecimento é 1000Pa, qual era a pressão inicial?

Exemplo:
Um gás de volume 0,5m³ à temperatura de 20ºC é aquecido até
a temperatura de 70ºC. Qual será o volume ocupado por ele, se esta
transformação acontecer sob pressão constante? Equação de Clapeyron
É importante lembrarmos que a temperatura considerada deve Relacionando as Leis de Boyle, Charles Gay-Lussac e de Charles
ser a temperatura absoluta do gás (escala Kelvin) assim, o primeiro é possível estabelecer uma equação que relacione as variáveis de
passo para a resolução do exercício é a conversão de escalas ter- estado: pressão (p), volume (V) e temperatura absoluta (T) de um
mométricas: gás.
Esta equação é chamada Equação de Clapeyron, em homena-
Lembrando que: gem ao físico francês Paul Emile Clapeyron que foi quem a estabe-
leceu.

Onde:
p=pressão;
Então: V=volume;
n=nº de mols do gás;
R=constante universal dos gases perfeitos;
T=temperatura absoluta.

Exemplo:
(1) Qual é o volume ocupado por um mol de gás perfeito sub-
metido à pressão de 5000N/m², a uma temperatura igual a 50°C?

Dado: 1atm=100000N/m² e

149
CIÊNCIAS NATURAIS
Para que este somatório seja calculado, são consideradas as
energias cinéticas de agitação , potencial de agregação, de ligação e
nuclear entre as partículas.
Nem todas estas energias consideradas são térmicas. Ao ser
fornecida a um corpo energia térmica, provoca-se uma variação na
energia interna deste corpo. Esta variação é no que se baseiam os
princípios da termodinâmica.

Se o sistema em que a energia interna está sofrendo variação


for um gás perfeito, a energia interna será resumida na energia de
Substituindo os valores na equação de Clapeyron: translação de suas partículas, sendo calculada através da Lei de Jou-
le:

Onde:
U: energia interna do gás;
n: número de mol do gás;
R: constante universal dos gases perfeitos;
T: temperatura absoluta (kelvin).
Lei geral dos gases perfeitos
Através da equação de Clapeyron é possível obter uma lei que Como, para determinada massa de gás, n e R são constantes, a
relaciona dois estados diferentes de uma transformação gasosa, variação da energia interna dependerá da variação da temperatura
desde que não haja variação na massa do gás. absoluta do gás, ou seja,
Considerando um estado (1) e (2) onde: Quando houver aumento da temperatura absoluta ocorrerá
uma variação positiva da energia interna .

• Quando houver diminuição da temperatura absoluta, há


uma variação negativa de energia interna .

• E quando não houver variação na temperatura do gás, a


Através da lei de Clapeyron: variação da energia interna será igual a zero .

Conhecendo a equação de Clepeyron, é possível compará-la a


equação descrita na Lei de Joule, e assim obteremos:

esta equação é chamada Lei geral dos gases perfeitos.


Termodinâmica
A Termodinâmica é a parte da Física que estuda principalmente Trabalho
a transformação de energia térmica em trabalho.
A utilização direta desses princípios em motores de combustão Trabalho de um gás
interna ou externa, faz dela uma importante teoria para os moto- Considere um gás de massa m contido em um cilindro com área
res de carros, caminhões e tratores, nas turbinas com aplicação em de base A, provido de um êmbolo.
aviões, etc.
Ao ser fornecida uma quantidade de calor Q ao sistema, este
Energia Interna sofrerá uma expansão, sob pressão constante, como é garantido
As partículas de um sistema têm vários tipos de energia, e a pela Lei de Gay-Lussac, e o êmbolo será deslocado.
soma de todas elas é o que chamamos Energia interna de um sis-
tema.

150
CIÊNCIAS NATURAIS

Diagrama p x V
É possível representar a transformação isobárica de um gás
através de um diagrama pressão por volume:

Assim como para os sistemas mecânicos, o trabalho do sistema


será dado pelo produto da força aplicada no êmbolo com o desloca-
mento do êmbolo no cilindro:

Comparando o diagrama à expressão do cálculo do trabalho


realizado por um gás , é possível verificar que o trabalho
realizado é numericamente igual à área sob a curva do gráfico (em
azul na figura).
Com esta verificação é possível encontrar o trabalho realizado
por um gás com pressão variável durante sua transformação, que
é calculado usando esta conclusão, através de um método de nível
acadêmico de cálculo integral, que consiste em uma aproximação
dividindo toda a área sob o gráfico em pequenos retângulos e tra-
pézios.

Assim, o trabalho realizado por um sistema, em uma tranfor-


mação com pressão constante, é dado pelo produto entre a pressão
e a variação do volume do gás.
Quando:
• o volume aumenta no sistema, o trabalho é positivo, ou
seja, é realizado sobre o meio em que se encontra (como por exem-
plo empurrando o êmbolo contra seu próprio peso);
• o volume diminui no sistema, o trabalho é negativo, ou
seja, é necessário que o sistema receba um trabalho do meio ex-
terno;
• o volume não é alterado, não há realização de trabalho
pelo sistema.

Exemplo: 1ª Lei da Termodinâmica


(1) Um gás ideal de volume 12m³ sofre uma transformação,
permenecendo sob pressão constante igual a 250Pa. Qual é o volu- Chamamos de 1ª Lei da Termodinâmica o princípio da conser-
me do gás quando o trabalho realizado por ele for 2kJ? vação de energia aplicada à termodinâmica, o que torna possível
prever o comportamento de um sistema gasoso ao sofrer uma
transformação termodinâmica.

151
CIÊNCIAS NATURAIS
Analisando o princípio da conservação de energia ao contexto da termodinâmica:
Um sistema não pode criar ou consumir energia, mas apenas armazená-la ou transferi-la ao meio onde se encontra, como trabalho,
ou ambas as situações simultaneamente, então, ao receber uma quantidade Q de calor, esta poderá realizar um trabalho e aumentar a
energia interna do sistema ΔU, ou seja, expressando matematicamente:

Sendo todas as unidades medidas em Joule (J).


Conhecendo esta lei, podemos observar seu comportamento para cada uma das grandezas apresentadas:

Exemplo:
(1) Ao receber uma quantidade de calor Q=50J, um gás realiza um trabalho igual a 12J, sabendo que a Energia interna do sistema antes
de receber calor era U=100J, qual será esta energia após o recebimento?

2ª Lei da Termodinâmica
Dentre as duas leis da termodinâmica, a segunda é a que tem maior aplicação na construção de máquinas e utilização na indústria,
pois trata diretamente do rendimento das máquinas térmicas.
Dois enunciados, aparentemente diferentes ilustram a 2ª Lei da Termodinâmica, os enunciados de Clausius e Kelvin-Planck:

• Enunciado de Clausius:
O calor não pode fluir, de forma espontânea, de um corpo de temperatura menor, para um outro corpo de temperatura mais alta.
Tendo como consequência que o sentido natural do fluxo de calor é da temperatura mais alta para a mais baixa, e que para que o fluxo
seja inverso é necessário que um agente externo realize um trabalho sobre este sistema.

• Enunciado de Kelvin-Planck:
É impossível a construção de uma máquina que, operando em um ciclo termodinâmico, converta toda a quantidade de calor recebido
em trabalho.
Este enunciado implica que, não é possível que um dispositivo térmico tenha um rendimento de 100%, ou seja, por menor que seja,
sempre há uma quantidade de calor que não se transforma em trabalho efetivo.

Maquinas térmicas
As máquinas térmicas foram os primeiros dispositivos mecânicos a serem utilizados em larga escala na indústria, por volta do século
XVIII. Na forma mais primitiva, era usado o aquecimento para transformar água em vapor, capaz de movimentar um pistão, que por sua
vez, movimentava um eixo que tornava a energia mecânica utilizável para as indústrias da época.
Chamamos máquina térmica o dispositivo que, utilizando duas fontes térmicas, faz com que a energia térmica se converta em energia
mecânica (trabalho).

152
CIÊNCIAS NATURAIS
Mas como constatado:

logo, podemos expressar o rendimento como:

O valor mínimo para o rendimento é 0 se a máquina não rea-


lizar nenhum trabalho, e o máximo 1, se fosse possível que a má-
quina transformasse todo o calor recebido em trabalho, mas como
visto, isto não é possível. Para sabermos este rendimento em per-
A fonte térmica fornece uma quantidade de calor que no centual, multiplica-se o resultado obtido por 100%.
dispositivo transforma-se em trabalho mais uma quantidade de
calor que não é capaz de ser utilizado como trabalho . Exemplo:
Um motor à vapor realiza um trabalho de 12kJ quando lhe é
Assim é válido que: fornecido uma quantidade de calor igual a 23kJ. Qual a capacida-
de percentual que o motor tem de transformar energia térmica em
trabalho?

Utiliza-se o valor absolutos das quantidade de calor pois, em


uma máquina que tem como objetivo o resfriamento, por exemplo,
estes valores serão negativos.
Neste caso, o fluxo de calor acontece da temperatura menor
para o a maior. Mas conforme a 2ª Lei da Termodinâmica, este flu-
xo não acontece espontaneamente, logo é necessário que haja um
trabalho externo, assim:

Ciclo de Carnot
Até meados do século XIX, acreditava-se ser possível a constru-
ção de uma máquina térmica ideal, que seria capaz de transformar
toda a energia fornecida em trabalho, obtendo um rendimento to-
tal (100%).
Para demonstrar que não seria possível, o engenheiro francês
Nicolas Carnot (1796-1832) propôs uma máquina térmica teórica
que se comportava como uma máquina de rendimento total, esta-
belecendo um ciclo de rendimento máximo, que mais tarde passou
a ser chamado Ciclo de Carnot.
Este ciclo seria composto de quatro processos, independente
da substância:

Rendimento das máquinas térmicas


Podemos chamar de rendimento de uma máquina a relação
entre a energia utilizada como forma de trabalho e a energia for-
necida:
Considerando:
=rendimento;

= trabalho convertido através da energia térmica fornecida;

=quantidade de calor fornecida pela fonte de aquecimento;

=quantidade de calor não transformada em trabalho.

153
CIÊNCIAS NATURAIS
• Uma expansão isotérmica reversível. O sistema recebe Conceito de Onda
uma quantidade de calor da fonte de aquecimento (L-M) Uma onda é um movimento causado por uma perturbação, e
• Uma expansão adiabática reversível. O sistema não troca esta se propaga através de um meio.
calor com as fontes térmicas (M-N) Um exemplo de onda é tido quando joga-se uma pedra em um
• Uma compressão isotérmica reversível. O sistema cede lago de águas calmas, onde o impacto causará uma perturbação na
calor para a fonte de resfriamento (N-O) água, fazendo com que ondas circulares se propagem pela superfí-
• Uma compressão adiabática reversível. O sistema não tro- cie da água.
ca calor com as fontes térmicas (O-L)

Numa máquina de Carnot, a quantidade de calor que é forneci-


da pela fonte de aquecimento e a quantidade cedida à fonte de res-
friamento são proporcionais às suas temperaturas absolutas, assim:

Assim, o rendimento de uma máquina de Carnot é:

Logo: Também existem ondas que não podemos observar a olho nu,
como, por exemplo, ondas de rádio, ondas de televisão, ondas ul-
travioleta e micro-ondas.
Além destas, existem alguns tipos de ondas que conhecemos
bem, mas que não identificamos normalmente, como a luz e o som.
Sendo: Mas o que elas têm em comum é que todas são energias pro-
pagadas através de um meio, e este meio não acompanha a propa-
= temperatura absoluta da fonte de resfriamento gação.

= temperatura absoluta da fonte de aquecimento Classificação das ondas


Conforme sua natureza as ondas são classificadas em:
Com isto se conclui que para que haja 100% de rendimento, • Ondas Mecânicas: são ondas que necessitam de um meio
todo o calor vindo da fonte de aquecimento deverá ser transforma- material para se propagar, ou seja, sua propagação envolve o trans-
do em trabalho, pois a temperatura absoluta da fonte de resfria- porte de energia cinética e potencial e depende da elasticidade do
mento deverá ser 0K. meio. Por isto não é capaz de propagar-se no vácuo. Alguns exem-
Partindo daí conclui-se que o zero absoluto não é possível para plos são os que acontecem em molas e cordas, sons e em superfí-
um sistema físico. cies de líquidos.
• Ondas Eletromagnéticas: são ondas geradas por cargas
Exemplo: elétricas oscilantes e sua propagação não depende do meio em que
Qual o rendimento máximo teórico de uma máquina à vapor, se encontram, podendo propagar-se no vácuo e em determinados
cujo fluido entra a 560ºC e abandona o ciclo a 200ºC? meios materiais. Alguns exemplos são as ondas de rádio, de radar,
os raios x e as microondas.

Todas as ondas eletromagnéticas tem em comum a sua veloci-


dade de propagação no vácuo, próxima a 300000km/s, que é equi-
valente a 1080000000km/h.

Por que as ondas do mar quebram?


Sabendo que as ondas em geral têm como característica
fundamental propagar energia sem que haja movimentação no
meio, como explica-se o fenômeno de quebra das ondas do mar,
causando movimentação de água, próximo à costa?
Em águas profundas as ondas do mar não transportam maté-
ONDULATÓRIA ria, mas ao aproximar-se da costa, há uma brusca diminuição da
Ondulatória é a parte da Física que estuda as ondas. Qualquer profundidade onde se encontram, provocando a quebra destas
onda pode ser estudada aqui, seja a onda do mar, ou ondas eletro- ondas e causando uma movimentação de toda a massa de água e
magnéticas, como a luz. a formação de correntezas.

154
CIÊNCIAS NATURAIS
Após serem quebradas, as ondas do mar deixam de comportar-se como ondas.Quanto a direção de propagação as ondas são classi-
ficadas como:
• Unidimensionais: que se propagam em apenas uma direção, como as ondas em cordas e molas esticadas;
• Bidimensionais: são aquelas que se propagam por uma superfície, como as água em um lago quando se joga uma pedra;
• Tridimensionais: são capazes de se propagar em todas as dimensões, como a luz e o som.

Quanto à direção da vibração as ondas podem ser classificadas como:


• Transversais: são as que são causadas por vibrações perpendiculares à propagação da onda, como, por exemplo, em uma corda:

• Longitudinais: são ondas causadas por vibrações com mesma direção da propagação, como as ondas sonoras.

Componentes de uma onda


Uma onda é formada por alguns componentes básicos que são:

Sendo A a amplitude da onda.


É denominado comprimento da onda, e expresso pela letra grega lambida (λ), a distância entre duas cristas ou dois vales consecutivos.
Chamamos período da onda (T) o tempo decorrido até que duas cristas ou dois vales consecutivos passem por um ponto e frequência
da onda (f) o número de cristas ou vales consecutivos que passam por um mesmo ponto, em uma determinada unidade de tempo.
Portanto, o período e a frequência são relacionados por:

A unidade internacionalmente utilizada para a frequência é Hertz (Hz) sendo que 1Hz equivale à passagem de uma crista ou de um
vale em 1 segundo.
Para o estudo de ondas bidimensionais e tridimensionais são necessários os conceitos de:
• frente de onda: é a fronteira da região ainda não atingida pela onda com a região já atingida;
• raio de onda: é possível definir como o raio de onda a linha que parte da fonte e é perpendicular às frentes de onda, indicando
a direção e o sentido de propagação.

155
CIÊNCIAS NATURAIS
Exemplo:
(1) Qual a frequência de ondas, se a velocidade desta onde é de
195m/s, e o seu comprimento de onda é de 1cm?
1cm=0,01m

Reflexão de ondas
É o fenômeno que ocorre quando uma onda incide sobre um
obstáculo e retorna ao meio de propagação, mantendo as caracte-
rísticas da onda incidente.
Velocidade de propagação das ondas Independente do tipo de onda, o módulo da sua velocidade
Como não transportam matéria em seu movimento, é previsí- permanece inalterado após a reflexão, já que ela continua propa-
vel que as ondas se desloquem com velocidade contínua, logo estas gando-se no mesmo meio.
devem ter um deslocamento que valide a expressão:
Reflexão em ondas unidimensionais
Esta análise deve ser dividida em oscilações com extremidade
fixa e com extremidade livre:
Que é comum aos movimentos uniformes, mas conhecendo a
estrutura de uma onda: Com extremidade fixa:
Quando um pulso (meia-onda) é gerado, faz cada ponto da
corda subir e depois voltar a posição original, no entanto, ao atin-
gir uma extremidade fixa, como uma parede, a força aplicada nela,
pelo princípio da ação e reação, reage sobre a corda, causando um
movimento na direção da aplicação do pulso, com um sentido inver-
so, gerando um pulso refletido. Assim como mostra a figura abaixo:

Podemos fazer que ΔS=λ e que Δt=T. Assim:

Esta é a equação fundamental da Ondulatória, já que é valida Para este caso costuma-se dizer que há inversão de fase já que
para todos os tipos de onda. o pulso refletido executa o movimento contrário ao do pulso inci-
dente.
É comum utilizar-se frequências na ordem de kHz (1quilohertz Com extremidade livre:
= 1000Hz) e de MHz (1megahertz = 1000000Hz) Considerando uma corda presa por um anel a uma haste idea-
lizada, portanto sem atrito.

156
CIÊNCIAS NATURAIS
Ao atingir o anel, o movimento é continuado, embora não haja Assim:
deslocamento no sentido do pulso, apenas no sentido perpendicu-
lar a este. Então o pulso é refletido em direção da aplicação, mas
com sentido inverso. Como mostra a figura:

Como afirma a 2ª Lei, os ângulos têm valor igual, portanto:

Então pode-se imaginar que a reflexão das ondas aconteça


como se fosse refletida em um espelho posto perpendicularmente
ao ponto de incidência.
Considere a reflexão de ondas circulares:

Para estes casos não há inversão de fase, já que o pulso refle-


tido executa o mesmo movimento do pulso incidente, apenas com
sentido contrário.
É possível obter-se a extremidade livre, amarrando-se a corda a
um barbante muito leve, flexível e inextensível.

Reflexão de ondas bidimensionais


Quando uma frente de onda, propagando-se em superfície lí- Refração de ondas
quida, incide sobre um obstáculo, cada ponto da frente reflete-se, É o fenômeno que ocorre quando uma onda passa de um meio
então é possível representá-las por seus raios de onda. para outro de características distintas, tendo sua direção desviada.
A reflexão dos raios de onda é regida por duas leis da reflexão, Independente de cada onda, sua frequência não é alterada na
que são apresentadas como: refração, no entanto, a velocidade e o comprimento de onda po-
• 1ª Lei da Reflexão: O raio incidente, o raio refletido e a dem se modificar.
reta perpendicular à superfície refletora no ponto de incidência es- Através da refração é possíveis explicar inúmeros efeitos, como
tão contidos sempre no mesmo plano; o arco-íris, a cor do céu no pôr-do-sol e a construção de aparelhos
• 2ª Lei da Reflexão: Os ângulos formados entre o raio inci- astronômicos.
dente e a reta perpendicular e entre o raio refletido e a reta perpen- A refração de ondas obedece duas leis que são:
dicular têm sempre a mesma medida. • 1ª Lei da Refração: O raio incidente, a reta perpendicular
à fronteira no ponto de incidência e o raio refratado estão contidos
no mesmo plano.
• Lei de Snell: Esta lei relaciona os ângulos, as velocidades
e os comprimentos de onda de incidência de refração, sendo mate-
maticamente expressa por:

157
CIÊNCIAS NATURAIS
Aplicando a lei:

Conforme indicado na figura:

Como exemplos da refração, podem ser usadas ondas propagando-se na superfície de um líquido e passando por duas regiões distin-
tas. É possível verificar experimentalmente que a velocidade de propagação nas superfícies de líquidos pode ser alterada modificando-se
a profundidade deste local. As ondas diminuem o módulo de velocidade ao se diminuir a profundidade.

Superposição de ondas
A superposição, também chamada interferência em alguns casos, é o fenômeno que ocorre quando duas ou mais ondas se encontram,
gerando uma onda resultante igual à soma algébrica das perturbações de cada onda.
Imagine uma corda esticada na posição horizontal, ao serem produzidos pulsos de mesma largura, mas de diferentes amplitudes, nas
pontas da corda, poderá acontecer uma superposição de duas formas:

Situação 1: os pulsos são dados em fase.

No momento em que os pulsos se encontram, suas elongações em cada ponto da corda se somam algebricamente, sendo sua ampli-
tude (elongação máxima) a soma das duas amplitudes:

158
CIÊNCIAS NATURAIS

Numericamente:

Após este encontro, cada um segue na sua direção inicial, com suas características iniciais conservadas.

Este tipo de superposição é chamado interferência construtiva, já que a superposição faz com que a amplitude seja momentaneamen-
te aumentada em módulo.

Situação 2: os pulsos são dados em oposição de fase.

Novamente, ao se encontrarem as ondas, suas amplitudes serão somadas, mas podemos observar que o sentido da onda de ampli-
tude é negativo em relação ao eixo vertical, portanto <0. Logo, o pulso resultante terá amplitude igual a diferença entre as duas
amplitudes:

159
CIÊNCIAS NATURAIS

Numericamente:

Sendo que o sinal negativo está ligado à amplitude e elongação da onda no sentido negativo.
Após o encontro, cada um segue na sua direção inicial, com suas características iniciais conservadas.

Este tipo de superposição é chamado interferência destrutiva, já que a superposição faz com que a amplitude seja momentaneamente
reduzida em módulo.

Superposição de ondas periódicas


A superposição de duas ondas periódicas ocorre de maneira análoga à superposição de pulsos.
Causando uma onda resultante, com pontos de elongação equivalentes à soma algébrica dos pontos das ondas sobrepostas.

A figura acima mostra a sobreposição de duas ondas com períodos iguais e amplitudes diferentes (I e II), que, ao serem sobrepostas,
resultam em uma onda com amplitude equivalente às suas ondas (III). Este é um exemplo de interferência construtiva.

160
CIÊNCIAS NATURAIS

Já este outro exemplo, mostra uma interferência destrutiva de duas ondas com mesma frequência e mesma amplitude, mas em opo-
sição de fase (I e II) que ao serem sobrepostas resultam em uma onda com amplitude nula (III).
Os principais exemplos de ondas sobrepostas são os fenômenos ondulatórios de batimento e ondas estacionárias.
• Batimento: Ocorre quando duas ondas periódicas de frequência diferente e mesma amplitude são sobrepostas, resultando em
uma onda com variadas amplitudes dependentes do soma de amplitudes em cada crista resultante.
• Ondas estacionárias: É o fenômeno que ocorre quando são sobrepostas duas ondas com mesma frequência, velocidade e com-
primento de onda, na mesma direção, mas em sentidos opostos.

Superposição de ondas bidimensionais


Imagine duas ondas bidimensionais circulares, geradas respectivamente por uma fonte F1 e F2, com, amplitudes e frequências iguais,
e em concordância de fase.

Considere a esquematização da interferência causada como:

161
CIÊNCIAS NATURAIS
Na figura a onda da esquerda tem cristas representadas por linhas contínuas pretas e vales por linhas tracejadas vermelhas e a onda
da direita tem cristas representadas por linhas contínuas verdes e vales por linhas tracejadas azuis.
Os círculos preenchidos representam pontos de interferência construtiva, ou seja, onde a amplitude das ondas é somada.
Os círculos em branco representam pontos de interferência destrutiva, ou seja, onde a amplitude é subtraída.

Ressonância
É o fenômeno que acontece quando um sistema físico recebe energia por meio de excitações de frequência igual a uma de suas fre-
quências naturais de vibração. Assim, o sistema físico passa a vibrar com amplitudes cada vez maiores.
Cada sistema físico capaz de vibrar possui uma ou mais frequências naturais, isto é, que são características do sistema, mais precisa-
mente da maneira como este é construído. Como por exemplo, um pêndulo ao ser afastado do ponto de equilíbrio, cordas de um violão
ou uma ponte para a passagem de pedestres sobre uma rodovia movimentada.
Todos estes sistemas possuem sua frequência natural, que lhes é característica. Quando ocorrem excitações periódicas sobre o siste-
ma, como quando o vento sopra com frequência constante sobre uma ponte durante uma tempestade, acontece um fenômeno de super-
posição de ondas que alteram a energia do sistema, modificando sua amplitude.
Conforme estudamos anteriormente, se a frequência natural de oscilação do sistema e as excitações constantes sobre ele estiverem
sob a mesma frequência, a energia do sistema será aumentada, fazendo com que vibre com amplitudes cada vez maiores.
Um caso muito famoso deste fenômeno foi o rompimento da ponte Tacoma Narrows, nos Estados Unidos, em 7 de novembro de
1940. Em um determinado momento o vento começou soprar com frequência igual à natural de oscilação da ponte, fazendo com que esta
começasse a aumentar a amplitude de suas vibrações até que sua estrutura não pudesse mais suportar, fazendo com que sua estrutura
rompesse.
O caso da ponte Tacoma Narrows pode ser considerado uma falha humana, já que o vento que soprava no dia 7 de Novembro de 1940
tinha uma frequência característica da região onde a ponte foi construída, logo os engenheiros responsáveis por sua construção falharam
na análise das características naturais da região. Por isto, atualmente é feita uma análise profunda de todas as possíveis características que
possam requerer uma alteração em uma construção civil.
Imagine que esta é uma ponte construída no estilo pênsil, e que sua frequência de oscilação natural é dada por:

Ao ser excitada periodicamente, por um vento de frequência:

A amplitude de oscilação da ponte passará a ser dada pela superposição das duas ondas:

162
CIÊNCIAS NATURAIS

Se a ponte não tiver uma resistência que suporte a amplitude do movimento, esta sofrerá danos podendo até ser destruída como a
ponte Tacoma Narrows.

Princípio de Huygens
Christian Huygens (1629-1695), no final do século XVII, propôs um método de representação de frentes de onda, onde cada ponto de
uma frente de onda se comporta como uma nova fonte de ondas elementares, que se propagam para além da região já atingida pela onda
original e com a mesma frequência que ela. Esta ideia é conhecida como Princípio de Huygens.

Para um considerado instante, cada ponto da frente de onda comporta-se como fonte das ondas elementares de Huygens.
A partir deste princípio, é possível concluir que, em um meio homogêneo e com as mesmas características físicas em toda sua exten-
são, a frente de onda se desloca mantendo sua forma, desde que não haja obstáculos.

163
CIÊNCIAS NATURAIS
Desta forma:

Difração de ondas
Partindo do Princípio de Huygens, podemos explicar um outro fenômeno ondulatório, a difração.
O fenômeno chamado difração é o encurvamento sofrido pelos raios de onda quando esta encontra obstáculos à propagação.
Imagine a situação em que uma onda se propaga em um meio, até onde encontra uma fenda posta em uma barreira.

Este fenômeno prova que a generalização de que os raios de onda são retilíneos é errada, já que a parte que atinge a barreira é refle-
tida, enquanto os raios que atingem a fenda passam por ela, mas nem todas continuam retas.
Se esta propagação acontecesse em linha reta, os raios continuariam retos, e a propagação depois da fenda seria uma faixa delimitada
pela largura da fenda. No entanto, há um desvio nas bordas.
Este desvio é proporcional ao tamanho da fenda. Para o caso onde esta largura é muito inferior ao comprimento de onda, as ondas
difratadas serão aproximadamente circulares, independente da forma geométrica das ondas incidentes.

Efeito Doppler
Efeito Doppler é um fenômeno ondulatório caracterizado pela mudança do comprimento de onda ou da frequência de uma onda
emitida por uma fonte que se movimenta em relação a um observador.

164
CIÊNCIAS NATURAIS
Efeito Doppler é um fenômeno físico ondulatório que ocorre
quando existe aproximação ou afastamento relativo entre uma
fonte de ondas e um observador. Esse fenômeno acontece pelo fato
de que a velocidade de propagação de uma onda, seja ela qual for,
depende exclusivamente do meio pelo qual essa onda propaga-se.
Assim, mesmo que a fonte das ondas ou o observador mova-se, a
velocidade de propagação da onda não será alterada. No entanto,
ocorrerá uma variação no comprimento de onda e na frequência da
onda captada pelo observador.
A velocidade de propagação de uma onda qualquer, seja uma
onda mecânica (sonora), seja uma onda eletromagnética (luz),
guarda uma relação de proporcionalidade com seu comprimento
de onda e com sua frequência de oscilação. Observe:

A imagem acima mostra uma fonte de ondas sonoras deslo-


v – velocidade de propagação da onda (m/s) cando-se e a deformação sofrida pelas frentes de onda do som
λ – comprimento de onda (m) emitido.
f – frequência de oscilação (Hz ou s-1)
Quem descobriu o efeito Doppler?
Imagine a seguinte situação: uma ambulância com sua sire- O efeito Doppler foi completamente descrito pelo físico aus-
ne ligada desloca-se em uma rua afastando-se de um observador tríaco  Johann  Christian  Doppler, em 1842. A comprovação expe-
e  aproximando-se de um outro observador. Observe a imagem rimental desse efeito foi feita três anos mais tarde por Buys Ballot.
abaixo: Para isso, Ballot realizou um curioso experimento no qual uma ban-
da emitia diversas notas musicais em cima de uma locomotiva em
movimento. Enquanto isso, um conjunto de observadores registra-
vam as notas ouvidas de acordo com as diferentes velocidades de
aproximação e de afastamento do trem.

Fórmula do efeito Doppler


A fórmula geral utilizada para calcular a mudança de frequência
no efeito Doppler é mostrada abaixo:

f’ – frequência observada (Hz)


Como a velocidade de propagação das ondas sonoras depen- f0 – frequência emitida (Hz)
de apenas do meio (nesse caso, o ar), a velocidade relativa entre v – velocidade da onda no meio (m/s)
as ondas sonoras e ambos observadores será igual, tanto em rela- v0 – velocidade do observador (m/s)
ção ao observador que se afasta quanto em relação ao observador vF – velocidade da fonte emissora das ondas (m/s)
que se aproxima da fonte das ondas. Dessa forma, para que a ve-
locidade permaneça constante para ambos os observadores, ocor- Para utilizarmos a fórmula mostrada acima, é necessário saber-
rem mudanças no comprimento de onda (espaço necessário para mos se há afastamento entre a fonte emissora das ondas e o ob-
a onda completar uma oscilação) e na sua frequência. Como essas servador. Para isso:
grandezas são inversamente proporcionais, pode-se dizer que: • Usamos o sinal de cima tanto no numerador (+) quanto
• O observador que vê a ambulância afastando-se ouvi- no denominador (-) se houver aproximação entre a fonte e o ob-
rá um som com maior  comprimento de  onda e menor  frequên- servador;
cia, portanto, mais grave; • Usamos o sinal de baixo tanto no numerador (-) quanto
• O observador que vê a ambulância aproximando-se ouvirá no numerador (+) se houver afastamento entre a fonte e o obser-
um som de maior frequência e menor comprimento de onda, por- vador.
tanto, mais agudo.

165
CIÊNCIAS NATURAIS
Efeito Doppler na medicina
O efeito Doppler é utilizado na medicina em diversos exames de imagem, como no ecocardiograma. Nesse exame, estudam-se as
propriedades anatômicas do coração em busca de anomalias em seu funcionamento. Para isso, utiliza-se uma fonte emissora de ultrassons
(sons com frequência superior a 20 000 Hz). Esses sons são absorvidos, refratados e refletidos pelos diferentes tecidos e pelo fluxo de
sangue, os quais se comportam como uma fonte secundária de ondas refletidas em movimento. Dessa forma, é possível mapear o bom-
beamento de sangue, observar o refluxo sanguíneo, etc.

No ecocardiograma com Doppler, captam-se as ondas sonoras refletidas pelo sangue, que se afasta ou se aproxima da fonte de ul-
trassom.

Efeito Doppler da luz


O efeito Doppler também é observado nas ondas eletromagnéticas, como a luz. Assim como no caso do som, a velocidade da luz não
depende de seu observador, somente do meio no qual ela propaga-se. Portanto:
• Quando há aproximação entre a fonte de ondas eletromagnéticas e um observador, este perceberá um aumento nas frequências
observadas e uma diminuição do comprimento de onda;
• Quando há afastamento entre a fonte de ondas eletromagnéticas e um observador, este perceberá uma diminuição nas frequ-
ências observadas e um aumento do comprimento de onda.

O efeito Doppler da luz é um fenômeno largamente observado na Astronomia. A luz visível emitida pelas estrelas distribui-se em uma
estreita faixa de frequência chamada espectro visível. Quando vemos a luz emitida por estrelas de galáxias distantes, observamos frequen-
temente aumentos na frequência da luz, chamados pelos astrônomos de blue-shift, já que a luz visível tende a aproximar-se da frequência
da cor azul. Nos casos em que as estrelas afastam-se da Terra, o fenômeno é chamado de red-shift.

Quando uma estrela aproxima-se do observador em alta velocidade, seu brilho aparenta tornar-se azulado; ao afastar-se, seu brilho
fica avermelhado.

166
CIÊNCIAS NATURAIS
Efeito Doppler no radar de trânsito
Uma das aplicações do efeito Doppler é nos radares semafóricos, utilizados para medir a velocidade dos veículos automotivos. Nesses
radares, emite-se um feixe de luz cuja frequência encontra-se na faixa do infravermelho. Então, mede-se o tempo necessário para o feixe
retornar à fonte. Como a velocidade da luz é constante, é possível medir a velocidade que a fonte secundária refletora da luz (veículo)
desloca-se a cada instante, mesmo a grandes distâncias.

Os radares de infravermelho são usados para medir a velocidade instantânea dos veículos.

Resumo sobre efeito Doppler


• O efeito Doppler surge sempre que há aproximação ou afastamento entre uma fonte de ondas mecânicas ou eletromagnéticas
e um observador.
• No caso de aproximação, a frequência observada é maior que a frequência emitida pela fonte.
• No caso de afastamento, a frequência observada é menor que a frequência emitida pela fonte.

Som, acústica e suas variáveis


Quando você fala, as pessoas que estão em variadas posições próximas a você geralmente podem ouvi-lo.
Você pode experimentar ficar no meio do pátio da escola, dar um grito e verificar a localização de quem escutou o seu grito.

Esse “espalhamento” do som ocorre porque o som é uma onda que se propaga de forma semelhante àquelas que se formam na su-
perfície lisa de um lago quando uma pedra cai ali. A grande diferença é que se propaga no espaço, em todas as direções.
A produção do som está relacionada com as vibrações de materiais: ao falarmos vibramos as nossas cordas vocais; vibramos as cor-
das de um violão ao tocá-lo, a “pele” de um tambor é vibrada quando a batucamos, etc.

167
CIÊNCIAS NATURAIS

Das fontes sonoras até as nossas orelhas as vibrações produzem ondas que se propagam no meio material: sólido, líquido e gasoso.
O som movimenta as moléculas de ar e estas batem uma nas outras, transferindo, dessa forma, sua energia para outra molécula. As
vibrações transmitidas são chamadas de ondas sonoras.
As ondas sonoras são ondas mecânicas. O som precisa do meio (a, água, etc.) para ser produzido. Para além da atmosfera, no espa-
ço, o silêncio é absoluto, porque no vácuo (onde não há matéria) o som não se propaga.
Todo corpo capaz de oscilar ou vibrar tem a sua frequência natural de vibração. Isso acontece porque o corpo é constituído por molé-
culas que vibram. Essas moléculas vibrando em conjunto determinam uma frequência natural de vibração do corpo.
Uma vara de bambu, um copo, uma ponte. Todos os corpos têm a sua frequência natural de vibração.
Agora, imagine o que acontecerá se, próximo a esses corpos, for emitido um som exatamente na frequência natural de vibração do
corpo? A amplitude de vibração das moléculas vai aumentando, aumentando, aumentando... E temos a ressonância.
O que acontece com o corpo ao entrar em ressonância? Se for uma estrutura rígida vai acabar rachando!
A ressonância é responsável pela sintonia das estações de rádio e pelo aquecimento dos alimentos no forno de micro-ondas: as
moléculas do alimento entram em ressonância com as micro-ondas, aumentando a sua agitação térmica e, portanto, sua temperatura.

Velocidade do som
A propagação do som não é instantânea. Podemos verificar esse fato durante as tempestades: o trovão chega aos nossos ouvidos
segundos depois do relâmpago, embora ambos os fenômenos (relâmpago e trovão) se formem ao mesmo tempo.
A propagação da luz, neste caso o relâmpago, também não é instantânea, embora sua velocidade seja superior à do som.

Assim, o som leva algum tempo para percorrer determinada distância. Além disso, a velocidade de sua propagação depende do meio
em que ele se propaga e da temperatura em que esse meio se encontra.

168
CIÊNCIAS NATURAIS
No ar, a temperatura de 15ºC a velocidade do som é de cerca de 340m/s. Essa Velocidade varia em 55cm/s para cada grau de tempe-
ratura acima de zero. A 20ºC, a Velocidade do som é 342m/s, a 0ºC, é de 331m/s.
Na água a 20ºC, a velocidade do som é de aproximadamente 1130m/s. Nos sólidos, a velocidade depende da natureza das substâncias.

Qualidades fisiológicas do som


A todo instante distinguimos os mais diferentes sons. Essa diferenças que nossos ouvidos percebem se devem às qualidades fisiológi-
cas do som: altura, intensidade e timbre.

Altura – mesmo sem conhecer música, é fácil distinguir o som agudo (ou fino) de um violino do som grave (ou grosso) de um violon-
celo. Essa qualidade que permite distinguir um som grave de um som agudo se chama altura.
Assim, costuma-se dizer que o som do violino é alto e o do violoncelo é baixo. A altura de um som depende da frequência, isto é, do
número de vibrações por segundo. Quanto maior a frequência mais agudo é o som e vice versa. Por sua vez, a frequência depende do
comprimento do corpo que vibra e de sua elasticidade. Quanto maior a atração e mais curta for uma corda de violão, por exemplo, mais
agudo será o som por ela emitido.

Você pode constatar também a diferença de frequências usando um pente que tenha dentes finos e grossos. Passando os dentes do
pente na ponta de um cartão você ouvirá dois tipos de som emitidos pelo cartão: o som agudo, produzido pelos dentes finos (maior fre-
quência), e o som grave, produzido pelos dentes mais grossos (menor frequência).

Intensidade – é a qualidade que permite distinguir um som forte de um som fraco. Ele depende da amplitude de vibração: quanto
maior a amplitude mais forte é o som e vice versa.
Na prática não se usa unidades de intensidade sonora, mas de nível de intensidade sonora, uma grandeza relacionada à intensidade
sonora e à forma como o nosso ouvido reage a essa intensidade. Essas unidades são o bel e o seu submúltiplo o decibel (dB), que vale 1
décimo do bel.
O ouvido humano é capaz de suportar sons de até 120dB, como é o da buzina estridente de um carro. O ruído produzido por um motor
de avião a jato a poucos metros do observador produz um som de cerca de 140dB, capaz de causar estímulos dolorosos ao ouvido humano.
A agitação das grandes cidades provocam a chamada poluição sonora composta dos mais variados ruídos: motores e buzinas de auto-
móveis, martelos de ar comprimido, rádios, televisores e etc. Já foi comprovado que uma exposição prolongada a níveis maiores que 80dB
pode causar dano permanente ao ouvido. A intensidade diminui à medida que o som se propaga ou seja, quanto mais distante da fonte,
menos intenso é o som.

169
CIÊNCIAS NATURAIS

Timbre – imagine a seguinte situação: um ouvinte que não entende de música está numa sala, ao lado da qual existe outra sala onde
se encontram um piano e um violino. Se uma pessoa tocar a nota dó no piano e ao mesmo tempo outra pessoa tocar a nota dó no violino,
ambas com a mesma força os dois sons terão a mesma altura (frequência) e a mesma intensidade. Mesmo sem ver os instrumentos, o ou-
vinte da outra sala saberá distinguir facilmente um som de outro, porque cada instrumento tem seu som caracterizado, ou seja, seu timbre.
Podemos afirmar, portanto, que timbre é a qualidade que nos permite perceber a diferença entre dois sons de mesma altura e inten-
sidade produzidos por fontes sonoras diferentes.

ELETROMAGNETISMO
O eletromagnetismo é a área da Física responsável por analisar e estudar as propriedades magnéticas e elétricas da matéria. Sobretu-
do, em particular, as relações entre tais propriedades.
Segundo uma lenda da Grécia, um pastor, de nome Magnes, ficou muito surpreso ao perceber como a bola de ferro que estava em seu
cajado ficava atraída por uma pedra específica e bem misteriosa: o âmbar – ou “elektron” do grego. Essa pequena história, independente
de ser fato ou ficção, expõe claramente o interesse que o homem tem, desde sempre, pelos fenômenos relativos à área da eletromagné-
tica.

170
CIÊNCIAS NATURAIS
A seguir explicaremos um pouco mais sobre os fenômenos que Em 1897, o eletromagnetismo foi finalmente comprovado, no
envolvem esse tópico científico, bem como sua importância para a momento em que a descoberta do elétron foi feita por Sir Joseph
nossa vida, nos dias de hoje. John Thomson. Assim, pode-se verificar a força magnética no mo-
Desde o tempo em que as primeiras descobertas inovadoras vimento orbital comum a elétrons, que ficavam ao redor de núcleo
do grande cientista Isaac Newton começaram a ser divulgadas, che- de átomos.
gou-se a uma interpretação, amplamente aceita naquele momento, O eletromagnetismo é utilizado, hoje em dia, em múltiplas fi-
de causalidade do universo. Segundo essa visão, todo efeito que nalidades, tais como:
pudesse ser observado, deveria obedecer a forças que estivessem • Construção de geradores de energia elétrica;
sendo exercidas por objetos a uma distância relativa. • Radiografias,
Nessa época, portanto, ganha luz a teoria eletromagnética, que • Fornos de microondas, entre muitos outros.
afirmava justamente que quaisquer repulsões de cunho magnético
e/ou elétrico são resultado de ação de corpos a alguma distância. Você faz bastante uso da eletricidade em seu dia-a-dia, não é
Era imprescindível, portanto, que fosse encontrada a causa mesmo? Mas já parou para pensar na falta que ela faria na sua vida,
de tais forças, com base na teoria da massa gravitacional, de Isaac se não existisse?
Newton, ao mesmo tempo em que se poderia explicar, com rigor, Se faltar energia elétrica à noite, ficamos sem luz elétrica e tudo
exatamente tais mecanismos de relação eletromagnética entre cor- pára: a televisão, o chuveiro elétrico, o ventilador, alguns aparelhos
pos e objetos. de telefone, o aparelho de som, o computador, o microondas, os
elevadores etc.

Alguns aparelhos funcionam com a energia recebida das es-


tações distribuidoras de energia elétrica; basta ligá-los na tomada.
Mas há muitos outros aparelhos que funcionam utilizando energia
elétrica sem termos de ligá-los diretamente na tomada, como o ce-
lular, o rádio, os walkmans ou iPODs e as calculadoras; eles recebem
O estudioso Ampère, que se dedicava àquela altura a corren- energia de pilhas e baterias.
tes elétricas, expos uma teoria bastante interessante: existência de Outro tipo de energia muito usada em nosso cotidiano é a
determinadas partículas de eletricidade, que fossem elementares energia magnética. Graças ao magnetismo, podemos ter registros
e, ao se movimentar enquanto estivessem nas substâncias, auxi- armazenados em fitas cassetes e fitas de vídeo, podemos usar as
liariam a provocar relação magnética. Contudo, mesmo que fosse bússolas para nos localizarmos etc.
uma teoria interessante, Ampère jamais conseguiu comprovar a A revolução que a humanidade experimentou advinda das apli-
existência das partículas. cações da eletricidade e do magnetismo se intensificou quando os
Faraday, a seguir, acabou trazendo uma outra noção, que aju- cientistas perceberam a relação entre ambos.
dou a avançar com os estudos sobre o tema. Trata-se da noção de
campo. Cargas elétricas
Segundo esse conceito, qualquer espaço detém uma série de Cargas elétricas são de dois tipos: positivas e negativas
linhas de força, isto é, correntes que não podem ser vistas a olho nu. Uma matéria é constituída de átomos. Os átomos, por sua vez,
Mesmo assim, essas forças seriam as administradoras do movimen- são constituídos de partículas ainda menores: prótons, nêutrons e
to de todo objeto, sendo criadas, também, pela presença de cada elétrons.
um dos corpos em um mesmo momento. Os prótons e os nêutrons situam-se no núcleo do átomo. Os
Desse modo, uma carga de eletricidade, móvel, faz com que se- elétrons giram e torno do núcleo, numa região chamada eletrosfe-
jam produzidas perturbações eletromagnéticas no espaço ao redor. ra. Os prótons e os elétrons possuem uma propriedade denomina-
Assim, qualquer carga mais próxima é capaz de identificar a presen- da carga elétrica, que aparece na natureza em dois tipos. Por isso
ça justamente pelas linhas de força do campo. Matematicamente, a do próton foi convencionada como positiva e a do elétron como
essa ideia foi desenvolvida pelo inglês James Clerk Maxwell, o que negativa.
ajudou a por abaixo a ideia, muito forte naquele tempo, de que
forças agiam sob uma espécie de “controle remoto”.

171
CIÊNCIAS NATURAIS

Corpos carregados
Quando um corpo perde elétrons dizemos que ele está positivamente carregado.
Quando ganha elétrons dizemos que ele está negativamente carregado. Quando o número de elétrons em um corpo é igual ao núme-
ro de prótons, dizemos que o corpo está neutro.
Um experimento relacionado aos primórdios do estudo da eletricidade pode ser realizado com um bastão de vidro pendurado por um
barbante. Se atritarmos esse bastão em um pedaço de lã, notaremos que ambos se atrairão mutuamente.
Agora se atritarmos o bastão de vidro no tecido de lã e o deixarmos pendurado, aproximando dele outro bastão de vidro que tenha
sido friccionado em outro pedaço de lã, notaremos que os bastões se repelem.

Essas observações demonstraram a ocorrência de fenômenos elétricos. Os cientistas consideram que, ao atritarmos os materiais vidro
e lã, o bastão de vidro passa a ser portador de carga elétrica positiva e o pedaço de lã passa a ser portador de carga elétrica negativa. Os
sinais de positivo e negativo atribuídos a essas cargas são uma convenção científica.

Cargas elétricas interagem


Muito materiais adquirem carga elétrica quando atritados em outros. Nesse processo um dos materiais adquire carga elétrica positiva,
e o outro, carga elétrica negativa.
Por meio de experimentos semelhantes aos descritos anteriormente com o vidro e a lã, os cientistas concluíram que cargas elétricas
de sinais diferentes se atraem e que cargas elétricas de sinais iguais se repelem. Quando vidro e lã são friccionados, passam a ter cargas
elétricas de sinais diferentes e, portanto, passam a se atrair. Já os dois bastões de vidro, quando adquirem cargas elétricas de mesmo sinal,
passam a se repelir.

A interação elétrica obedece o princípio da ação e reação


A interação entre dois corpos portadores de cargas elétricas obedece à Terceira Lei de Newton (Princípio da ação e reação). Sobre cada
um dos dois corpos atua uma força que se deve a presença do outro. As duas forças tem a mesma intensidade (mesmo módulo) e a mesma
direção (mesma linha de atuação), mas diferentes sentidos.

172
CIÊNCIAS NATURAIS
Se os dois corpos apresentam cargas de sinais opostos, as forças tendem a fazê-los de aproximar. Por outro lado, se os dois corpos
possuem carga de mesmo sinal, as forças tendem a fazê-los se afastar.

Eletrização por atrito


Diferentes materiais têm diferentes tendências à eletrização. Quando vidro de lã são atritados, dizemos que ambos materiais adqui-
rem carga elétrica pelo processo de eletrização por atrito.
Com base em muitos experimentos similares, foi possível aos cientistas determinarem a tendência dos materiais a adquirir carga elé-
trica positiva ou negativa, quando atritados uns com os outros.
Essa tendência pode ser expressa por meio de uma sequência como a mostrada abaixo.

Condutores elétricos
Imagine duas esferas de metal, um pouco afastadas entre si, uma delas eletrizada com carga positiva e a outra não-eletrizada. Se um
bastão de metal tocar as duas esferas simultaneamente, verifica-se que parte da carga elétrica é transferida para a outra esfera. Porém, se
utilizarmos um bastão de madeira, a carga permaneceria na esfera eletrizada, e a outra não receberia nem um pouco dessa carga.

Esse experimento evidencia que o metal é o material condutor elétrico e a madeira é um material isolante elétrico.
De fato, os condutores elétricos mais conhecidos são os metais como o cobre, o ferro o alumínio, o ouro e a prata. Entre eles, o
cobre, metal de aspecto marrom-avermelhado, é usado na fiação elétrica das casas. Entre os isolantes elétricos podemos citar, além da
madeira, os plásticos em geral, o ar (a temperatura e pressão ambientes), as borrachas e o isopor (que na verdade, é um tipo de plástico).
A grande maioria dos metais conhecidos se encaixa em um desses dois grupos: condutor elétrico e isolantes elétrico. Há, contudo,
certos materiais que não se enquadram bem em nenhuma dessas duas categorias, mas sim em um grupo intermediário, conhecidos como
semi-condutores. Dois exemplos são o silício e o germânio, empregados na indústria para elaborar alguns componentes usados em apa-
relhos eletrônicos.

Eletrização por contato


Quando um corpo eletrizado toca um corpo eletricamente neutro (isto é, sem carga elétrica), parte de sua carga é transferida para ele,
que também passa a ficar eletrizado. Esse processo é a eletrização por contato.

Corrente elétrica
Vimos que os elétrons se deslocam com facilidade em corpos condutores. O deslocamento dessas cargas elétricas é chamado de
corrente elétrica.
A corrente elétrica é responsável pelo funcionamento dos aparelhos elétricos; estes somente funcionam quando a corrente passa por
eles.
Somente é possível a passagem de corrente por um aparelho se este pertencer a um circuito fechado.

173
CIÊNCIAS NATURAIS
Um circuito constituído de lâmpada, pilha e fios, quando liga- Leis de Kirchhoff
dos corretamente, formam um circuito fechado. Quando ligamos As Leis de Kirchhoff são utilizadas para encontrar as intensida-
os aparelhos elétricos em nossa casa e eles funcionam, podemos des das correntes em circuitos elétricos que não podem ser reduzi-
garantir que fazem parte de um circuito fechado quando passa cor- dos a circuitos simples.
rente elétrica através de seus fios. Constituídas por um conjunto de regras, elas foram concebidas
em 1845 pelo físico alemão Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887),
Entendendo a corrente elétrica quando ele era estudante na Universidade de Königsberg.
Antes de definirmos corrente elétrica, vamos imaginar a se- A 1ª Lei de Kirchhoff é chamada de Lei dos Nós, que se aplica
guinte situação: você está em uma estação de trem urbano ou de aos pontos do circuito onde a corrente elétrica se divide. Ou seja,
metrô, no qual o passageiro passa por roletas para ter acesso aos nos pontos de conexão entre três ou mais condutores (nós).
trens. Sua finalidade ali é avaliar a quantidade de pessoas que pas- Já a 2ª Lei é chamada de Lei das Malhas, sendo aplicada aos ca-
sam por minuto. minhos fechados de um circuito, os quais são chamados de malhas
Obter essa informação é simples: basta contar quantas pessoas
passam em um minuto. Por exemplo, se contou 100 pessoas, você
responderá que passam 100 pessoas por minuto. Para atingir uma
média melhor, você pode contar por mais tempo. Digamos que te-
nha contado 900 pessoas em 10 minutos.
Portanto, sua média agora será 900/10 = 90 pessoas por mi-
nuto.
Então alguém lhe pede que avalie a massa média das pessoas
que passam por minuto pelas roletas. Você aceita o desafio.
Se a massa médias das pessoas no Brasil é 70 Kg (podemos ver
isso ao ler placas de elevadores de prédios, que sempre consideram
a massa de uma pessoa igual a 70 kg. Essas placas de advertência
fixadas nas cabines afirmam: “Capacidade máxima: 10 pessoas ou
700 kg”).
Massa média

Lei dos Nós


A Lei dos Nós, também chamada de primeira lei de Kirchhoff,
indica que a soma das correntes que chegam em um nó é igual a
Essa ideia é similar à usada para definir a intensidade de soma das correntes que saem.
corrente elétrica (i). Sabe-se que a carga de um elétron é igual a Esta lei é consequência da conservação da carga elétrica, cuja
1,6.10- 19 C . soma algébrica das cargas existentes em um sistema fechado per-
manece constante.
Se você conseguisse contar a quantidade de elétrons (n) que
atravessa uma região plana de um fio em 1 segundo poderia afirmar Exemplo
que a intensidade da corrente elétrica é: Na figura abaixo, representamos um trecho de um circuito per-
corrido pelas correntes i1, i2, i3 e i4.
Indicamos ainda o ponto onde os condutores se encontram
(nó):

Se contasse por um período qualquer, e representando a


carga do elétron (1,6.10- 19 C) pela letra e, poderia afirmar:

Esta é a expressão matemática associada à intensidade da cor-


rente elétrica.
A unidade de intensidade de corrente elétrica é o Coulomb
por segundo, denominada ampère (A). A corrente elétrica pode ser
contínua ou alterada.
Na corrente contínua, observada nas pilhas e baterias, o fluxo
dos elétrons ocorre sempre em um único sentido.
Na corrente alternada, os elétrons alternam o sentido do seu
movimento, oscilando para um lado e para o outro. É esse tipo de Neste exemplo, considerando que as correntes i1 e i2 estão che-
corrente que se estabelece ao ligarmos os aparelhos na nossa rede gando ao nó, e as correntes i3 e i4 estão saindo, temos:
doméstica. A razão de a corrente ser alternada está relacionada a i1 + i 2 = i 3 + i 4
forma como a energia elétrica é produzida e distribuída para nossas
casas. Em um circuito, o número de vezes que devemos aplicar a Lei
dos Nós é igual ao número de nós do circuito menos 1. Por exemplo,
se no circuito existir 4 nós, vamos usar a lei 3 vezes (4 - 1).

174
CIÊNCIAS NATURAIS
Lei das Malhas Passo a Passo
A Lei das Malhas é uma consequência da conservação da ener- Para aplicar as Leis de Kirchhoff devemos seguir os seguintes
gia. Ela indica que quando percorremos uma malha em um dado passos:
sentido, a soma algébrica das diferenças de potencial (ddp ou ten- 1º Passo: Definir o sentido da corrente em cada ramo e esco-
são) é igual a zero. lher o sentido em que iremos percorrer as malhas do circuito. Es-
Para aplicar a Lei das Malhas, devemos convencionar o sentido sas definições são arbitrárias, contudo, devemos analisar o circuito
que iremos percorrer o circuito. para escolher de forma coerente esses sentidos.
A tensão poderá ser positiva ou negativa, de acordo com o sen- • 2º Passo: Escrever as equações relativas a Lei dos Nós e
tido que arbitramos para a corrente e para percorrer o circuito. Lei das Malhas.
Para isso, vamos considerar que o valor da ddp em um resistor • 3º Passo: Juntar as equações obtidas pela Lei dos Nós e
é dado por R . i, sendo positivo se o sentido da corrente for o mes- das Malhas em um sistema de equações e calcular os valores des-
mo do sentido do percurso, e negativo se for no sentido contrário. conhecidos. O número de equações do sistema deve ser igual ao
número de incógnitas.
Para o gerador (fem) e receptor (fcem) utiliza-se o sinal de en-
trada no sentido que adotamos para a malha. Ao resolver o sistema, encontraremos todas as correntes que
Como exemplo, considere a malha indicada na figura abaixo: percorrem os diferentes ramos do circuito.
Se algum dos valores encontrados for negativo, significa que a
sentido da corrente escolhido para o ramo tem, na verdade, sentido
contrário.
Exemplo
No circuito abaixo, determine as intensidades das correntes em
todos os ramos.

Solução
Aplicando a lei das malhas para esse trecho do circuito, tere- Primeiro, vamos definir um sentido arbitrário para as correntes
mos: e também o sentido que iremos seguir na malha.
UAB + UBE + UEF + UFA = 0 Neste exemplo, escolhemos o sentido conforme esquema abai-
xo:
Para substituir os valores de cada trecho, devemos analisar os
sinais das tensões:
• ε1: positivo, pois ao percorrer o circuito no sentido horário
(sentido que escolhemos) chegamos pelo polo positivo;
• R1.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no
mesmo sentido que definimos o sentido de i1;
• R2.i2: negativo, pois estamos percorrendo o circuito no
sentido contrário que definimos para o sentido de i2;
• ε2: negativo, pois ao percorrer o circuito no sentido horá-
rio (sentido que escolhemos), chegamos pelo polo negativo;
• R3.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no
mesmo sentido que definimos o sentido de i1;
• R4.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no O próximo passo é escrever um sistema com as equações esta-
mesmo sentido que definimos o sentido de i1; belecidas usando a Lei dos Nós e das Malhas. Sendo assim, temos:
Por fim, vamos resolver o sistema. Começando substituindo i3
Considerando o sinal da tensão em cada componente, pode- por i1 - i2 nas demais equações:
mos escrever a equação desta malha como: Resolvendo o sistema por soma, temos:
ε1 + R1.i1 - R2.i2 - ε2 + R3.i1 + R4.i1 = 0 Agora vamos encontrar o valor de i1, substituindo na segunda
equação o valor encontrado para i2:
Finalmente, vamos substituir esses valores encontrados na pri-
meira equação, para encontrar o valor de i3:

Assim, os valores das correntes que percorrem o circuito são:


3A, 8A e 5A.

175
CIÊNCIAS NATURAIS
Diferença de potencial Devido a diferença de potencial, podemos levar choques.
Ao abandonarmos um corpo a certa altura, ele sempre cai. Isso Como o nosso corpo é bom condutor de eletricidade, se tocarmos
ocorre porque existe uma diferença de energia potencial entre o em dois pontos que existe diferença de potencial, uma corrente
local em que o corpo estava e o solo. atravessará o nosso corpo. Dependendo da intensidade dessa cor-
Em uma pilha comum ocorre algo semelhante. A pilha assim rente e do caminho que ela percorrer no corpo um choque pode até
como a tomada de nossa casa, a bateria do carro ou do celular, en- mesmo levar à morte.
fim, qualquer gerador de energia elétrica, é um dispositivo no qual
se conseguiu estabelecer dois de seus pontos: um que precisa de
elétrons e o outro que os tem sobrando.
Em uma pilha, no ponto denominado pólo negativo há elé-
trons sobrando, e no pólo positivo há falta de elétrons. Se ligásse-
mos esses pontos por meio de um fio condutor, os elétrons entra-
riam em movimento e uma corrente surgiria no fio.

Devemos tomar muito cuidado com fios de alta tensão. A ten-


são nesses cabos chega a milhares de volts! Por isso, não brinque
próximo a postes de energia elétrica.

E por que, você deve se perguntar, os pássaros que pousam


nesses cabos não são eletrocutados?

Por isso, nessa situação há energia potencial armazenada na


pilha, de modo muito parecido com o que possui um objeto situado
a uma altura h do chão: é só soltá-lo, que ele entra em movimento.
Da mesma forma, ao ligar um fio à pilha, uma corrente surge no fio.
A unidade de tensão no Sistema Internacional é indicada pelo Isso não ocorre porque suas patinhas são muito próximas uma
volt (V). das outras, sendo muito pequena a diferença de potencial entre
A pilha mais usada é a de 1,5 V. Uma bateria de carro fornece elas.
12 V. Com as pessoas, a situação é diferente. Nunca toque em fios
O computador trabalha com uma fonte de 5 V. As tomadas de de alta tensão, pois se tocar em um cabo e, ao mesmo tempo, tocar
nossa casa fornecem tensão de 110V ou 220 V, dependendo da re- em outro ponto do cabo ou em outro objeto, você poderá levar um
gião do País. É muito prudente observar a tensão local antes de ligar choque elétrico intenso, possivelmente fatal, se houver diferença
os aparelhos às tomadas. Se ligarmos aparelhos programados para de potencial significativa entre os pontos tocados.
funcionar a 110 V em uma tomada de 220V, eles podem queimar e
até provocar acidentes graves. Resistência elétrica
Em geral, basta ajustar nos aparelhos uma chave para que Sabemos que os materiais apresentam graus de dificuldade
essa situação se resolva; mas nem sempre essa chave existe, por para a passagem da corrente elétrica. Esse grau de dificuldade é de-
isso tome cuidado! nominado resistência elétrica. Mesmo os metais, que em geral são
bons condutores, apresentam resistência. A unidade de medida da
resistência é o ohm ( ).
Os dispositivos que são usados em um circuito elétrico são
denominados resistores. Os resistores são usados em um circuito
para aumentar ou diminuir a intensidade da corrente elétrica que
o percorre.

Podemos comparara a resistência elétrica àquelas barreiras


que encontramos nas pistas de atletismo para a corrida com obs-
táculos. Quanto mais obstáculos mais lenta é a velocidade média
dos corredores. Em um circuito acontece da mesma forma: quanto
mais resistência elétrica, menor é a corrente que atravessa o fio
condutor.
A aplicação mais comum dos resistores é converter energia elé-
trica em energia térmica. Isso ocorre porque os elétrons que se mo-
vem no resistor colidem com a rede cristalina que o forma, gerando
calor. Esse fenômeno é denominado efeito joule em nosso dia-a-
-dia: em chuveiros elétricos, ferros de passar roupa, em fogões elé-
tricos, etc. Observem que todos esses aparelhos “fornecem calor”.

176
CIÊNCIAS NATURAIS

A própria lâmpada incandescente converte mais energia elétrica em energia térmica do que em energia luminosa, sendo essa última
a sua grande finalidade: 85 % da energia que consome é transformada em calor. Ao contrário, as lâmpadas fluorescentes, consideradas
“lâmpadas frias”, têm uma parte bem menor da energia elétrica convertida em calor e por isso são econômicas.

Primeira lei de Ohm


Observou-se experimentalmente em alguns resistores, que a corrente estabelecida em um circuito é diretamente proporcional à
tensão aplicada e inversamente proporcional à resistência dos dispositivos do circuito e dos fios que os conectavam. Ou seja: quanto
maior a tensão do gerador, maior a corrente e quanto maior a resistência, menor a corrente. Essa relação é expressa matematicamente
por:

em que: U é a tensão
R é a resistência
i é a corrente

Vejamos um exemplo:
Uma pequena lâmpada está submetida a uma tensão de 12 V. Sabendo que a sua resistência, é de determine a corrente que
percorre a lâmpada.

Sabemos que .

Como ,

Temos que:

Potência elétrica
Talvez você tenha reparado, nas etiquetas dos aparelhos ou dispositivos elétricos que compramos que existe uma etiqueta especifi-
cando: 100 (Watt), 500 W, 1000 W etc. Mas, afinal, o que significa essa informação?
Vimos em mecânica o conceito de potência: energia/tempo. A energia elétrica que é convertida nesses aparelhos para várias finali-
dades e usos distintos, como gerar movimento (motores), gerar calor (resistores), gerar energia luminosa (lâmpadas), dividida pelo tempo
que está em uso, é a potência elétrica, que, assim como na mecânica, medimos em Watts (joules/segundo

177
CIÊNCIAS NATURAIS

A potência é diretamente proporcional à tensão e à corrente.

Matematicamente, temos:

Por exemplo, num chuveiro elétrico de 2200 W, ligado à rede de 110V, podemos calcular a corrente que o percorre:

Os ímãs
O magnetismo é conhecido há cerca de 2500 anos. Em uma região chamada Magnésia, na antiga Grécia (esta região hoje faz parte da
Turquia), foi encontrada uma rocha com o poder de atrair pedaços de ferro.
Os antigos gregos lhe deram o nome de magnetita (um tipo de minério de ferro).

A magnetita atualmente é mais conhecida como pedra-ímã ou simplesmente ímã.


Forças magnéticas
Por meio dos experimentos, constatou-se que o imã tem a propriedade de atrair certos materiais. Essa propriedade é denominada de
magnetismo.
A força magnética do imã atua sobre certos metais como o ferro, o níquel e o cobalto, isto é, sobre os materiais denominados ferro-
magnéticos. Nem todos os metais são ferromagnéticos. Os metais das medalhas olímpicas, por exemplo, o ouro, a prata e o cobre não são
atraídos pelos imãs.
Ao colocar a folha de papel com limalha de ferro sobre o imã, nela fica representada a área de influência desse imã.

178
CIÊNCIAS NATURAIS

Com esse conhecimento básico, os chineses criaram a bússola,


que, desde o século XI, tem sido usada para orientar navegadores
e pilotos.
Nos séculos XV e XVI, época das grandes navegações, a bússo-
la, desempenhou papel fundamental na orientação pelos mares até
então desconhecidos.

As extremidades do imã – regiões onde as forças magnéticas Eletroímãs


agem mais intensamente – são denominadas polos. A existência Há um tipo muito interessante de imã chamado eletroímã. É
desses polos é uma das importantes características dos imãs. um dispositivo no qual a eletricidade percorre um fio enrolado em
O imã apresenta sempre dois polos. um pedaço de ferro e que se comporta como um imã.
Se o quebrarmos em duas partes, cada uma delas apresentará Você pode construir um eletroímã em casa: Um eletroímã co-
novamente dois polos. Portanto, não conseguiremos nunca isolar meça com uma pilha ou bateria (ou alguma outra fonte de energia)
um dos polos do imã. e um fio. O que a pilha produz são os elétrons.

Podendo se movimentar livremente, um imã se alinha com a


direção geográfica Norte-Sul. Se você olhar qualquer pilha D (uma pilha de lanterna, por
Convencionou-se que a parte do imã que aponta para o Norte exemplo), dá para ver que há duas extremidades, uma marcada
geográfico da Terra seria denominada polo Norte do ímã. Normal- com um sinal de mais (+) e outra marcada com o sinal de menos
mente, essa parte é pintada de vermelho. A outra parte é o polo (-). Os elétrons estão agrupados na extremidade negativa da pilha
Sul do imã. e, podem fluir para a extremidade positiva, com o auxílio de um fio.
Se você conectar um fio diretamente entre os terminais positi-
vo e negativo de uma pilha, três coisas irão acontecer:
1. os elétrons irão fluir do lado negativo da pilha até o lado
positivo o mais rápido que puderem;

2. a pilha irá descarregar bem rápido (em questão de minutos).


Por esse motivo, não costuma ser uma boa ideia conectar os 2 ter-
minais de uma pilha diretamente um ao outro, normalmente, você
conecta algum tipo de carga no meio do fio. Essa carga pode ser um
motor, uma lâmpada, um rádio;
3. um pequeno campo magnético é gerado no fio. É esse pe-
queno campo magnético que é a base de um eletroímã.

Campo Magnético
É a região próxima a um ímã que influencia outros ímãs ou ma-
teriais ferromagnéticos e paramagnéticos, como cobalto e ferro.
Compare campo magnético com campo gravitacional ou campo
elétrico e verá que todos estes têm as características equivalentes.

179
CIÊNCIAS NATURAIS
Também é possível definir um vetor que descreva este campo, Efeitos de um campo magnético sobre cargas
chamado vetor indução magnética e simbolizado por  . Se pu- Como os elétrons e prótons possuem características magnéti-
dermos colocar uma pequena bússola em um ponto sob ação do cas, ao serem expostos à campos magnéticos, interagem com este,
campo o vetor   terá direção da reta em que a agulha se alinha e sendo submetidos a uma força magnética  .
sentido para onde aponta o polo norte magnético da agulha. Supondo:
Se pudermos traçar todos os pontos onde há um vetor indução • campos magnéticos estacionários, ou seja, que o vetor
magnética associado veremos linhas que são chamadas linhas de campo magnético   em cada ponto não varia com o tempo;
indução do campo magnético. estas são orientados do polo norte • partículas com uma velocidade inicial   no momento da
em direção ao sul, e em cada ponto o vetor   tangencia estas li- interação;
nhas. • e que o vetor campo magnético no referencial adotado é 
;
Podemos estabelecer pelo menos três resultados:

Carga elétrica em repouso


“Um campo magnético estacionário não interage com cargas
em repouso.”
Tendo um Ímã posto sobre um referencial arbitrário R, se uma
partícula com carga q for abandonada em sua vizinhança com ve-
locidade nula não será observado o surgimento de força magnética
sobre esta partícula, sendo ela positiva, negativa ou neutra.

Carga elétrica com velocidade na mesma direção do campo


“Um campo magnético estacionário não interage com cargas
que tem velocidade não nula na mesma direção do campo magné-
tico.”
Sempre que uma carga se movimenta na mesma direção do
campo magnético, sendo no seu sentido ou contrário, não há apare-
cimento de força eletromagnética que atue sobre ela. Um exemplo
deste movimento é uma carga que se movimenta entre os polos de
As linhas de indução existem também no interior do ímã, por- um Ímã. A validade desta afirmação é assegurada independente-
tanto são linhas fechadas e sua orientação interna é do polo sul ao mente do sinal da carga estudada.
polo norte. Assim como as linhas de força, as linhas de indução não
podem se cruzar e são mais densas onde o campo é mais intenso. Carga elétrica com velocidade em direção diferente do campo
elétrico
Campo Magnético Uniforme Quando uma carga é abandonada nas proximidades de um
De maneira análoga ao campo elétrico uniforme, é definido campo magnético estacionário com velocidade em direção diferen-
como o campo ou parte dele onde o vetor indução magnética  te do campo, este interage com ela. Então esta força será dada pelo
é igual em todos os pontos, ou seja, tem mesmo módulo, direção produto entre os dois vetores,   e   e resultará em um terceiro
e sentido. Assim sua representação por meio de linha de indução é vetor perpendicular a ambos, este é chamado um produto vetorial
feita por linhas paralelas e igualmente espaçadas. e é uma operação vetorial que não é vista no ensino médio.
Mas podemos dividir este estudo para um caso peculiar onde a
carga se move em direção perpendicular ao campo, e outro onde a
direção do movimento é qualquer, exceto igual a do campo.

• Carga com movimento perpendicular ao campo


Experimentalmente pode-se observar que se aproximarmos
um ímã de cargas elétricas com movimento perpendicular ao cam-
po magnético, este movimento será desviado de forma perpendicu-
lar ao campo e à velocidade, ou seja, para cima ou para baixo. Este
será o sentido do vetor força magnética.
Para cargas positivas este desvio acontece para cima:

A parte interna dos imãs em forma de U aproxima um campo


magnético uniforme.

180
CIÊNCIAS NATURAIS

E para cargas negativas para baixo.

A intensidade de  será dada pelo produto vetorial  , que para o caso particular onde   e  são perpendiculares é calculado
por:

A unidade adotada para a intensidade do Campo magnético é o tesla (T), que denomina  , em homenagem ao físico iugoslavo
Nikola Tesla.

Consequentemente a força será calculada por:

Medida em newtons (N)


• Carga movimentando-se com direção arbitrária em relação ao campo
Como citado anteriormente, o caso onde a carga tem movimento perpendicular ao campo é apenas uma peculiaridade de interação
entre carga e campo magnético. Para os demais casos a direção do vetor   será perpendicular ao vetor campo magnético   e ao vetor
velocidade  .

181
CIÊNCIAS NATURAIS
Lei de Lenz
Segundo a lei proposta pelo físico russo Heinrich Lenz, a partir
de resultados experimentais, a corrente induzida tem sentido opos-
to ao sentido da variação do campo magnético que a gera.
• Se houver diminuição do fluxo magnético, a corrente indu-
zida irá criar um campo magnético com o mesmo sentido do fluxo;
• Se houver aumento do fluxo magnético, a corrente indu-
zida irá criar um campo magnético com sentido oposto ao sentido
do fluxo.

Se usarmos como exemplo, uma espira posta no plano de uma


página e a submetermos a um fluxo magnético que tem direção
perpendicular à página e com sentido de entrada na folha.
• Se   for positivo, ou seja, se a fluxo magnético aumen-
tar, a corrente induzida terá sentido anti-horário;
• Se   for negativo, ou seja, se a fluxo magnético dimi-
nuir, a corrente induzida terá sentido horário.

Lei de Faraday-Neumann
Também chamada de lei da indução magnética, esta lei, ela-
borada a partir de contribuições de Michael Faraday,  Franz Ernst
Neumann e Heinrich Lenz entre 1831 e 1845, quantifica a indução
eletromagnética.
Para o cálculo da intensidade do campo magnético se conside- A lei de Faraday-Neumann relaciona a força eletromotriz ge-
ra apenas o componente da velocidade perpendicular ao campo, ou rada entre os terminais de um condutor sujeito à variação de fluxo
seja,  , sendo   o ângulo formado entre   e   então substi- magnético com o módulo da variação do fluxo em função de um
tuindo v por sua componente perpendicular teremos: intervalo de tempo em que esta variação acontece, sendo expressa
matematicamente por:

Aplicando esta lei para os demais casos que vimos anterior-


mente, veremos que: O sinal negativo da expressão é uma consequência da Lei de
• se v = 0, então F = 0 Lenz, que diz que a corrente induzida tem um sentido que gera um
• se   = 0° ou 180°, então sen  = 0, portanto F = 0 fluxo induzido oposto ao fluxo indutor.

Transformadores
• se   = 90°, então sen  = 1, portanto  . Os transformadores de tensão, chamados normalmente de
transformadores, são dispositivos capazes de aumentar ou reduzir
Regra da mão direita valores de tensão.
Um método usado para se determinar o sentido do vetor   é Um transformador é constituído por um núcleo, feito de um
a chamada regra da mão direita espalmada. Com a mão aberta, se material altamente imantável, e duas bobinas com número dife-
aponta o polegar no sentido do vetor velocidade   e os demais rente de espiras isoladas entre si, chamadas primário (bobina que
dedos na direção do vetor campo magnético. recebe a tensão da rede) e secundário (bobina em que sai a tensão
transformada).
Para cargas positivas, vetor    terá a direção de uma linha O seu funcionamento é baseado na criação de uma corrente
que atravessa a mão, e seu sentido será o de um vetor que sai da induzida no secundário, a partir da variação de fluxo gerada pelo
palma da mão. primário.

Para cargas negativas, vetor   terá a direção de uma linha A tensão de entrada e de saída são proporcionais ao número de
que atravessa a mão, e seu sentido será o de um vetor que sai do espiras em cada bobina. Sendo:
dorso da mão, isto é, o vetor que entra na palma da mão.
Indução Eletromagnética
Quando uma área delimitada por um condutor sofre varia-
ção de fluxo de indução magnética é criado entre seus terminais
uma força eletromotriz (fem) ou tensão. Se os terminais estiverem Onde:
ligados a um aparelho elétrico ou a um medidor de corrente esta
força eletromotriz ira gerar uma corrente, chamada corrente indu- •  é a tensão no primário;
zida. •
Este fenômeno é chamado de indução eletromagnética, pois é • é a tensão no secundário;
causado por um campo magnético e gera correntes elétricas. •
A corrente induzida só existe enquanto há variação do fluxo, • é o número de espiras do primário;
chamado fluxo indutor •

182
CIÊNCIAS NATURAIS
εm é a amplitude máxima da força eletromotriz e ω é a frequ-
• é o número de espiras do secundário. ência angular em rad/s. Conforme mudam os valores do tempo, a
amplitude da força eletromotriz também muda. Para os diferentes
Por esta proporcionalidade concluímos que um transformador n inteiros a partir de 0, a força eletromotriz é nula. Os valores mí-
reduz a tensão se o número de espiras do secundário for menor que nimos ocorrem para os n.π, com n variando de 0 a ∞. Os valores
o número de espiras do primário e vice-verso. máximos da força eletromotriz ocorrem para os (n + ½).π, com n
Se considerarmos que toda a energia é conservada, a potência inteiros variando de 0 a ∞.
no primário deverá ser exatamente igual à potência no secundário, Imediatamente após aplicada a tensão, a corrente elétrica varia
assim: de maneira irregular com o tempo. Este é o chamado efeito tran-
siente. Após cessar o transiente, a corrente elétrica  oscila de ma-
neira senoidal da mesma forma que a tensão aplicada.
A expressão para a intensidade da corrente elétrica tem a mes-
ma forma da equação para a tensão, embora agora seja necessário
introduzir a constante de fase Φ, entre a força eletromotriz e a cor-
rente. Deste modo, podemos escrever:
i = im. sen(ωt – Φ)
Corrente Alternada
Chama-se corrente elétrica o movimento ordenado das cargas Para a análise das correntes alternadas, usa-se um circuito RLC
elétricas em um condutor. Estas cargas são aceleradas pela diferen- com ambos os componentes, resistor, indutor e capacitor em série,
ça de potencial a que estão submetidas. Se a diferença de potencial conectados a uma fonte de força eletromotriz alternada. O símbolo
for constante, o movimento das cargas elétricas terá um único sen- utilizado para corrente alternada, assim como para força eletromo-
tido e velocidade constante, em circuitos comuns com certa resis- triz alternada ε, é representado pelo símbolo ~:
tência. Ou seja, neste caso o fluxo de cargas elétricas em uma área
de seção transversal é constante ao longo do tempo. O sentido real
da corrente elétrica é o sentido do movimento dos elétrons, confor-
me mostra a figura abaixo:

Mas o sentido convencional adotado no meio científico é o sen-


tido do movimento das cargas positivas:
ÓPTICA
Óptica é o ramo da física que estuda os fenômenos relaciona-
dos à luz. Devido ao fato do sentido da visão ser o que mais con-
tribui para a aquisição do conhecimento, a óptica é uma ciência
bastante antiga, surgindo a partir do momento em que as pessoas
começaram a fazer questionamentos sobre o funcionamento da vi-
são e sua relação com os fenômenos ópticos.
Os princípios fundamentais da óptica são:
1º - Princípio da Propagação Retilínea: a luz sempre se propa-
Porém, se a diferença de potencial variar com o tempo, o fluxo ga em linha reta;
de cargas elétricas vai mudar, de acordo com a variação na tensão. 2º - Princípio da Independência de raios de luz: os raios de luz
Quando esta variação da tensão oscila entre valores positivos e ne- são independentes, podendo até mesmo se cruzarem, não ocasio-
gativos, ou seja, a polaridade alterna-se entre positiva e negativa, nando nenhuma mudança em relação à direção dos mesmos;
pode-se dizer que a corrente elétrica gerada é uma corrente alter- 3º - Princípio da Reversibilidade da Luz: a luz é reversível. Por
nada. exemplo, se vemos alguém através de um espelho, certamente essa
pessoa também nos verá. Assim, os raios de luz sempre são capazes
As  correntes elétricas alternadas  em geral obtidas variam de de fazer o caminho na direção inversa.
forma senoidal com o tempo. Ou seja, oscila senoidalmente entre
valores máximos e mínimos. A expressão para a força eletromo- A luz pode ser propagada em três diferentes tipos de meios.
triz tem a forma: Os meios transparentes permitem a passagem ordenada dos
ε = εm . senω . t raios de luz, dando a possibilidade de ver os corpos com nitidez.
Exemplos: vidro polido, ar atmosférico, etc.
Nos meios translúcidos a luz também se propaga, porém de
maneira desordenada, fazendo com que os corpos sejam vistos sem
nitidez. Exemplos: vidro fosco, plásticos, etc.

183
CIÊNCIAS NATURAIS
Os meios opacos são aqueles que impedem completamente
a passagem de luz, não permitindo a visão de corpos através dos
mesmos. Exemplos: portas de madeira, paredes de cimento, pes- Feixe de luz
soas, etc. É um conjunto de infinitos raios de luz; um feixe luminoso pode
Quando os raios de luz incidem em uma superfície, eles podem ser:
ser refletidos regular ou difusamente, refratados ou absorvidos • Cônico convergente: os raios de luz convergem para um
pelo meio em que incidem. A reflexão regular ocorre quando um ponto;
raio de luz incide sobre uma superfície e é refletido de forma cilín-
drica, diferentemente da reflexão difusa, onde os feixes de luz são
refletidos em todas as direções.
A refração da luz ocorre quando os feixes de luz mudam de
velocidade e de direção quando passam de um meio para outro.
A absorção é o fenômeno onde as superfícies absorvem parte ou
toda a quantidade de luz que é incidida.

FUNDAMENTOS
• Cônico divergente: os raios de luz divergem a partir de um
Luz - Comportamento e princípios ponto;
A luz, ou luz visível como é fisicamente caracterizada, é uma
forma de energia radiante. É o agente físico que, atuando nos ór-
gãos visuais, produz a sensação da visão.

Para saber mais...


Energia radiante é aquela que se propaga na forma de ondas
eletromagnéticas, dentre as quais se pode destacar as ondas de
rádio, TV, micro-ondas, raios X, raios gama, radar, raios infraver-
melho, radiação ultravioleta e luz visível.
Uma das características das ondas eletromagnéticas é a sua • Cilíndrico paralelo: os raios de luz são paralelos entre si.
velocidade de propagação, que no vácuo tem o valor de aproxima-
damente 300 mil quilômetros por segundo, ou seja:

Podendo ter este valor reduzido em meios diferentes do vá-


cuo, sendo a menor velocidade até hoje medida para tais ondas
quando atravessam um composto chamado condensado de Bose-
-Einstein, comprovada em uma experiência recente.
Fontes de luz
A luz que percebemos tem como característica sua frequência Tudo o que pode ser detectado por nossos olhos, e por outros
que vai da faixa de (vermelho) até (violeta). instrumentos de fixação de imagens como câmeras fotográficas, é a
Esta faixa é a de maior emissão do Sol, por isso os órgãos visuais de luz de corpos luminosos que é refletida de forma difusa pelos cor-
todos os seres vivos estão adaptados a ela, e não podem ver além pos que nos cercam.
desta, como por exemplo, a radiação ultravioleta e infravermelha. Fonte de luz são todos os corpos dos quais se podem receber
luz, podendo ser fontes primárias ou secundárias.
Divisões da Óptica • Fontes primárias: Também chamadas de corpos lumino-
Óptica Física: estuda os fenômenos ópticos que exigem uma sos, são corpos que emitem luz própria, como por exemplo, o Sol,
teoria sobre a natureza das ondas eletromagnéticas. as estrelas, a chama de uma vela, uma lâmpada acesa,...
• Fontes secundárias: Também chamadas de corpos ilumi-
Óptica Geométrica: estuda os fenômenos ópticos em que apre- nados, são os corpos que enviam a luz que recebem de outras fon-
sentam interesse as trajetórias seguidas pela luz.  Fundamenta-se tes, como por exemplo, a Lua, os planetas, as nuvens, os objetos
na noção de raio de luz e nas leis que regulamentam seu compor- visíveis que não têm luz própria,...
tamento. O estudo em nível de Ensino Médio restringe-se apenas a Quanto às suas dimensões, uma fonte pode ser classificada
esta parte da óptica. como:
• Pontual ou puntiforme: uma fonte sem dimensões consi-
• Conceitos básicos deráveis que emite infinitos raios de luz.

Raios de luz
São a representação geométrica da trajetória da luz, indicando
sua direção e o sentido da sua propagação. Por exemplo, em uma
fonte puntiforme são emitidos infinitos raios de luz, embora apenas
alguns deles cheguem a um observador.
Representa-se um raio de luz por um segmento de reta orienta-
do no sentido da propagação.

184
CIÊNCIAS NATURAIS
Reflexão difusa
A luz que incide sobre a superfície volta ao mesmo meio, de
forma irregular, ou seja, os raios incidentes são paralelos, mas os
refletidos são irregulares. Ocorre em superfícies rugosas, e é res-
ponsável pela visibilidade dos objetos.

Refração
A luz incide e atravessa a superfície, continuando a se propagar
no outro meio. Ambos os raios (incidentes e refratados) são parale-
los, no entanto, os raios refratados seguem uma trajetória inclinada
em relação aos incididos. Ocorre quando a superfície separa dois
meios transparentes.
• Extensa: uma fonte com dimensões consideráveis em re-
lação ao ambiente. Absorção
A luz incide na superfície, no entanto não é refletida e nem
refratada, sendo absorvida pelo corpo, e aquecendo-o. Ocorre em
corpos de superfície escura.

Ampliação
Ampliação óptica é a razão entre o tamanho aparente de um
objeto (ou seu tamanho em uma imagem) e seu tamanho verdadei-
ro, então é um número adimensional
• Linear — Para imagens reais, como as projetadas em uma
tela, tamanho significa uma dimensão linear (medida, por exemplo,
em milimetros ou polegadas
• Ampliação angular — Para instrumentos ópticos com uma
Meios de propagação da luz lente ocular, a dimensão linear da imagem vista na lente (imagem
Os diferentes meios materiais comportam-se de forma diferen- virtual em distância infinita) não pode ser dada, então tamanho
te ao serem atravessados pelos raios de luz, por isso são classifica- significa o ângulo subtendido pelo objeto no ponto focal (tamanho
dos em: angular). Estritamente falando, um poderia usar a tangente daquele
ângulo (na prática, isso só faz diferença se o ângulo é maior que
- Meio transparente poucos graus). Então, ampliação angular é dada por:
É um meio óptico que permite a propagação regular da luz, ou
seja, o observador vê um objeto com nitidez através do meio. Exem-
plos: ar, vidro comum, papel celofane, etc...

- Meio translúcido
É um meio óptico que permite apenas uma propagação irregu-
lar da luz, ou seja, o observador vê o objeto através do meio, mas Onde:
sem nitidez.
é o ângulo subtendido pelo objeto no ponto focal da frente
da lente objetiva e é o ângulo subtendido pela imagem pelo ponto
focal «de trás» da lente ocular.

• Exemplo: o tamanho angular da lua cheia é 0.5°. Em binó-


culos com ampliação de 10x o ângulo subtendido parece ser de 5°.
Por convenção, para lupas e microscópios ópticos, onde o ta-
manho do objeto é uma dimensão linear e o tamanho aparente é
um ângulo, a ampliação é a razão entre o tamanho aparente visto
pela lente ocular e o tamanho angular do objeto visto quando posto
a distância convencional do observador de 25 cm do olho.
- Meio opaco Ampliação óptica é geralmente referido como “poder” (por
É um meio óptico que não permite que a luz se propague, ou exemplo “poder de 10x”), no entanto isso pode gerar confusão com
seja, não é possivel ver um objeto através do meio. poder óptico.

• Fenômenos ópticos
Ao incidir sobre uma superfície que separa dois meios de pro-
pagação, a luz sofre algum, ou mais do que um, dos fenômenos a
seguir:
Reflexão regular
A luz que incide na superfície e retorna ao mesmo meio, re-
gularmente, ou seja, os raios incidentes e refletidos são paralelos.
Ocorre em superfícies metálicas bem polidas, como espelhos.

185
CIÊNCIAS NATURAIS
Princípio da independência dos raios de luz • Fonte de luz puntiforme
Quando os raios de luz se cruzam, estes seguem independente-
mente, cada um a sua trajetória.

• Fonte de luz extensa

Princípio da propagação retilínea da luz


Todo o raio de luz percorre trajetórias retilíneas em meios
transparentes e homogêneos.

Para saber mais...


Um meio homogêneo é aquele que apresenta as mesmas ca-
racterísticas em todos os elementos de volume. Câmara escura de orifício
Um meio isótropo, ou isotrópico, é aquele em que a velocida- Uma câmara escura de orifício consiste em um equipamento
de de propagação da luz e as demais propriedades ópticas inde- formado por uma caixa de paredes totalmente opacas, sendo que
pendem da direção em que é realizada a medida. no meio de uma das faces existe um pequeno orifício.
Um meio ordinário é aquele que é, ao mesmo tempo, trans- Ao colocar-se um objeto, de tamanho o, de frente para o orifí-
parente, homogêneo e isótropo, como por exemplo, o vácuo. cio, a uma distância p, nota-se que uma imagem refletida, de tama-
nho i, aparece na face oposta da caixa, a uma distância p’, mas de
A dispersão óptica (chamada também de dispersão cromáti- foma invertida. Conforme ilustra a figura:
ca por causa das diferentes cores associadas aos comprimentos de
onda) é um resultado direto da refração e importantíssimo para o
nosso cotidiano.
Esse fenômeno é, de certa forma, famoso por conta do arco-
-íris, que é o exemplo mais comum da dispersão cromática. Como
visto na figura ao lado, um feixe de luz branca (formado por todas
ou quase todas as cores) é separado em feixes de cores diferentes
por causa da dispersão. O índice de refração é uma propriedade
que muda de um meio para outro; logo, a dispersão cromática é
mais acentuada em alguns materiais do que outros.
Desta forma, a partir de uma semelhança geométrica pode-se
Difração e interferencia expressar a seguinte equação:
A Óptica Física (interferência e difração) estuda os comprimen-
tos de onda luz (como onda) comparáveis às dimensões dos objetos
estudados.
A difração é o espalhamento da onda.
Quando uma onda encontra um obstáculo que possui uma
abertura de dimensões comparáveis ao comprimento de onda, par- Esta é conhecida como a equação da câmara escura.
te da onda que passa pela abertura se espalha – é difratada – na
região que fica do outro lado do obstáculo. Polarização da Luz
Interferência é um fenômeno descrito pelo cientista inglês As ondas polarizadas podem ser produzidas a partir de ondas
Thomas Young, sendo que este fenômeno representa a superpo- não polarizadas através de fenômenos como:  absorção, espalha-
sição de duas ou mais ondas num mesmo ponto.Esta superposição mento, reflexão e birrefringência.
pode ter um caráter de aniquilação, quando as fases não são as Existem diversas substâncias, materiais que ao serem atingidos
mesmas (interferência destrutiva) ou pode ter um caráter de refor- pelos feixes de luz deixam passar apenas uma parte da onda lu-
ço quando estão em fase (interferência construtiva). minosa, esse acontecimento é denominado como polarização da
luz. A luz que antes estava perturbada, se propagando em diversos
Sombra e penumbra planos e passa a propagar em apenas um único plano.
Quando um corpo opaco é colocado entre uma fonte de luz e
um anteparo, é possível delimitar regiões de sombra e penumbra.
A sombra é a região do espaço que não recebe luz direta da
fonte. Penumbra é a região do espaço que recebe apenas parte da
luz direta da fonte, sendo encontrada apenas quando o corpo opa-
co é posto sob influência de uma fonte extensa. Ou seja:

186
CIÊNCIAS NATURAIS
Chama-se filtro de luz a peça, normalmente acrílica, que deixa
passar apenas um das cores do espectro solar, ou seja, um filtro
vermelho, faz com que a única cor refratada de forma seletiva seja
a vermelha.
Para saber mais...
É muito comum o uso de filtros de luz na astronomia para
observar estrelas, já que estas apresentam diferentes cores, con-
forme sua temperatura e distância da Terra, principalmente.

Ponto imagem e ponto objeto


Chama-se ponto objeto, relativamente a um sistema óptico, o
vértice do feixe de luz que incide sobre um objeto ou uma superfí-
cie, sendo dividido em três tipos principais:
• Ponto objeto real (POR): é o vértice de um feixe de luz di-
vergente, sendo formado pelo cruzamento efetivo dos raios de luz.
• Ponto objeto virtual (POV): é o vértice de um feixe de luz
convergente, sendo formado pelo cruzamento imaginário do pro-
Exemplo de filtros de polarização posicionados sobre uma longamente dos raios de luz.
página de revista, com ângulo não perpendicular. • Ponto objeto impróprio (POI): é o vértice de um feixe de
luz cilíndrico, ou seja, se situa no infinito.
Os filtros polarizadores trabalham como uma fenda, onde a luz Chama-se ponto imagem, relativamente a um sistema óptico,
normal que incide ao atravessar passe em somente um plano. Caso o vértice de um feixe de luz emergente, ou seja, após ser incidido.
sejam utilizados dois polarizadores como na figura 1 e seja feito o • Ponto imagem real (PIR): é o vértice de um feixe de luz
alinhamento dos mesmos em ângulo não perpendicular, ou seja, emergente convergente, sendo formado pelo cruzamento efeitivo
que os ângulos não estejam defasados de 90°, a luz que passar pelo dos raios de luz.
primeiro e atinge o segundo filtro, poderemos ver o texto um pou- • Ponto imagem virtual (PIV): é o vértice de um feixe de luz
co mais escuro, devido a polarização, mas em todo caso é possível emergente divergente, sendo formado pelo cruzamento imaginário
observar o texto. do prolongamento dos raios de luz.
• Ponto imagem impróprio (PII): é o vértice de um feixe de
Tipos de reflexão e refração luz emergente cilíndrico, ou seja, se situa no infinito.
Reflexão é o fenômeno que consiste no fato de a luz voltar a se
propagar no meio de origem, após incidir sobre uma superfície de Sistemas ópticos
separação entre dois meios. Há dois principais tipos de sistemas ópticos: os refletores e os
Refração é o fenômeno que consiste no fato de a luz passar de refratores.
um meio para outro diferente. O grupo dos sistemas ópticos refletores consiste principalmen-
Durante uma reflexão são conservadas a frequência e a veloci- te nos espelhos, que são superfícies de um corpo opaco, altamente
dade de propagação, enquanto durante a refração, apenas a frequ- polidas e com alto poder de reflexão.
ência é mantida constante.

Reflexão e refração regular


Acontece quando, por exemplo, um feixe cilíndrico de luz atin-
ge uma superfície totalmente lisa, ou tranquila, desta forma, os fei-
xes refletidos e refratados também serão cilíndricos, logo os raios
de luz serão paralelos entre si.

Reflexão e refração difusa


Acontece quando, por exemplo, um feixe cilíndrico de luz atinge
uma superfície rugosa, ou agitada, fazendo com que os raios de luz
refletidos e refratados tenham direção aleatória por todo o espaço.

Reflexão e refração seletiva No grupo dos sistemas ópticos refratores encontram-se os


A luz branca que recebemos do sol, ou de lâmpadas fluorescen- dioptros, que são peças constituídas de dois meios transparentes
tes, por exemplo, é policromática, ou seja, é formada por mais de separados por uma superfície regular. Quando associados de for-
uma luz monocromática, no caso do sol, as sete do arco-íris: verme- ma conveniente os dioptros funcionam como utensílios ópticos de
lho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta. grande utilidade como lentes e prismas.
Sendo assim, um objeto ao ser iluminado por luz branca “sele-
ciona” no espectro solar as cores que vemos, e as refletem de forma
difusa, sendo assim, vistas por nós.
Se um corpo é visto branco, é porque ele reflete todas as cores
do espectro solar.
Se um corpo é visto vermelho, por exemplo, ele absorve todas
as outras cores do espectro, refletindo apenas o vermelho.
Se um corpo é “visto” negro, é por que ele absorve todas as
cores do espectro solar.

187
CIÊNCIAS NATURAIS
Espelho Plano
Um espelho plano é aquele em que a superfície de reflexão é
totalmente plana.
Os espelhos planos têm utilidades bastante diversificadas,
desde as domésticas até como componentes de sofisticados instru-
mentos ópticos.
Representa-se um espelho plano por:

Sistemas ópticos estigmáticos, aplanéticos e ortoscópicos


• Um sistema óptico é estigmático quando cada ponto obje-
to conjuga apenas um ponto imagem.
• Um sistema óptico é aplanético quando um objeto plano
e frontal também conjuga uma imagem plana e frontal.
• Um sistema óptico é ortoscópico quando uma imagem é
conjugada semelhante a um objeto.
O único sistema óptico estigmático, aplanético e ortoscópico
para qualquer posição do objeto é o espelho plano.

REFLEXÃO DA LUZ
Reflexão é o fenômeno que consiste no fato de a luz voltar a
se propagar no meio de origem, após incidir sobre um objeto ou As principais propriedades de um espelho plano são a simetria
superfície. entre os pontos objeto e imagem e que a maior parte da reflexão
É possível esquematizar a reflexão de um raio de luz, ao atingir que acontece é regular.
uma superfície polida, da seguinte forma:
Para saber mais...
Os espelhos geralmente são feitos de uma superfície me-
tálica bem polida. É comum usar-se uma placa de vidro, onde
se deposita uma fina camada de prata ou alumínio em uma das
faces, tornando a outra um espelho.

Construção das imagens em um espelho plano


Para se determinar a imagem em um espelho plano, basta ima-
ginarmos que o observador vê um objeto que parece estar atrás
do espelho. Isto ocorre porque o prolongamento do raio refletido
passa por um ponto imagem virtual (PIV), “atrás” do espelho.
Nos espelhos planos, o objeto e a respectiva imagem têm sem-
pre naturezas opostas, ou seja, quando um é real o outro deve ser
virtual. Portanto, para se obter geometricamente a imagem de um
objeto pontual, basta traçar por ele, através do espelho, uma reta e
AB = raio de luz incidente marcar simétricamente o ponto imagem.
BC = raio de luz refletido
N = reta normal à superfície no ponto B Translação de um espelho plano
T = reta tangente à superfície no ponto B Considerando a figura:
i = ângulo de incidência, formado entre o raio incidente e a reta
normal.
r = ângulo refletido, formado entre o raio refletido e a reta nor-
mal.

Leis da reflexão
Os fenômenos em que acontecem reflexão, tanto regular quan-
to difusa e seletiva, obedecem a duas leis fundamentais que são:

1ª lei da reflexão
O raio de luz refletido e o raio de luz incidente, assim como a
reta normal à superfície, pertencem ao mesmo plano, ou seja, são
coplanares.

2ª Lei da reflexão
O ângulo de reflexão (r) é sempre igual ao ângulo de incidência
(i).

188
CIÊNCIAS NATURAIS
A parte superior do desenho mostra uma pessoa a uma dis- Sendo o ângulo formado entre os espelhos.
tância do espelho, logo a imagem aparece a uma distância em Por exemplo, quando os espelhos encontra-se perpendicular-
relação ao espelho. mente, ou seja =90°:
Na parte inferior da figura, o espelho é transladado para a
direita, fazendo com que o observador esteja a uma distância do
espelho, fazendo com que a imagem seja deslocada x para a direita.
Pelo desenho podemos ver que:

Portanto, nesta configuração são vistas 3 pontos imagem.


Que pode ser reescrito como:
Espelhos esféricos
Chamamos espelho esférico qualquer calota esférica que seja
polida e possua alto poder de reflexão.
Mas pela figura, podemos ver que:

Logo:

Assim pode-se concluir que sempre que um espelho é transla-


dado paralelamente a si mesmo, a imagem de um objeto fixo sofre
translação no mesmo sentido do espelho, mas com comprimento
equivalente ao dobro do comprimento da translação do espelho.
Se utilizarmos esta equação, e medirmos a sua taxa de varia-
ção em um intervalo de tempo, podemos escrever a velocidade de É fácil observar-se que a esfera da qual a calota acima faz parte
translação do espelho e da imagem da seguinta forma: tem duas faces, uma interna e outra externa. Quando a superfície
refletiva considerada for a interna, o espelho é chamado côncavo.
Já nos casos onde a face refletiva é a externa, o espelho é chamado
convexo.

Ou seja, a velocidade de deslocamento da imagem é igual ao


dobro da velocidade de deslocamento do espelho.
Quando o observador também se desloca, a velocidade ao ser
considerada é a a velocidade relativa entre o observador e o espe-
lho, ao invés da velocidade de translação do espelho, ou seja:

Associação de dois espelhos planos


Dois espelhos planos podem ser associados, com as superfícies Reflexão da luz em espelhos esféricos
refletoras se defrontando e formando um ângulo entre si, com Assim como para espelhos planos, as duas leis da reflexão tam-
valores entre 0° e 180°. bém são obedecidas nos espelhos esféricos, ou seja, os ângulos de
Por razões de simetria, o ponto objeto e os pontos imagem fi- incidência e reflexão são iguais, e os raios incididos, refletidos e a
cam situados sobre uma circunferência. reta normal ao ponto incidido.
Para se calcular o número de imagens que serão vistas na asso-
ciação usa-se a fórmula:

189
CIÊNCIAS NATURAIS
Aspectos geométricos dos espelhos esféricos No caso dos espelhos convexos, a continuação do raio refletido
Para o estudo dos espelhos esféricos é útil o conhecimento dos é que passa pelo foco. Tudo se passa como se os raios refletidos se
elementos que os compõe, esquematizados na figura abaixo: originassem do foco.

• C é o centro da esfera;
• V é o vértice da calota; Determinação de imagens
• O eixo que passa pelo centro e pelo vértice da calota é Analisando objetos diante de um espelho esférico, em posição
chamado eixo principal. perpendicular ao eixo principal do espelho podemos chegar  a algu-
• As demais retas que cruzam o centro da esfera são chama- mas conclusões importantes.
das eixos secundários. Um objeto pode ser real ou virtual. No caso dos espelhos, dize-
• O ângulo , que mede a distância angular entre os dois ei- mos que o objeto é virtual se ele se encontra “atrás” do espelho. No
xos secundários que cruzam os dois pontos mais externos da calota, caso de espelhos esféricos a imagem de um objeto pode ser maior,
é a abertura do espelho. menor ou igual ao tamanho do objeto. A imagem pode ainda apa-
• O raio da esfera R que origina a calota é chamado raios de recer invertida em relação ao objeto. Se não houver sua inversão
curvatura do espelho. dizemos que ela é direita.

Um sistema óptico que consegue conjugar a um ponto obje- Equação fundamental dos espelhos esféricos
to, um único ponto como imagem é dito estigmático. Os espelhos
esféricos normalmente não são estigmáticos, nem aplanéticos ou
ortoscópicos, como os espelhos planos.
No entanto, espelhos esféricos só são estigmáticos para os
raios que incidem próximos do seu vértice V e com uma pequena
inclinação em relação ao eixo principal. Um espelho com essas pro-
priedades é conhecido como espelho de Gauss.
Um espelho que não satisfaz as condições de Gauss (incidência
próxima do vértice e pequena inclinação em relação ao eixo princi-
pal) é dito astigmático. Um espelho astigmático conjuga a um ponto
uma imagem parecendo uma mancha.

Focos dos espelhos esféricos


Para os espelhos côncavos de Gauss, pode-se verificar que to-
dos os raios luminosos que incidirem ao longo de uma direção para- Dadas a distância focal e posição do objeto, é possível deter-
lela ao eixo secundário passam por (ou convergem para) um mesmo minar analiticamente a posição da imagem através da equação de
ponto F - o foco principal do espelho. Gauss, que é expressa por:

Equação dos pontos conjugados


No estudo das características dos espelhos esféricos vimos
que é possível construir graficamente a imagem conjugada por um
dado espelho esférico. Nesse momento, vamos determinar algebri-
camente a imagem formada em um espelho esférico côncavo, sua
posição e altura. Para isso, basta conhecer a posição e a altura do
objeto.

190
CIÊNCIAS NATURAIS
Um sistema de coordenadas conveniente é o chamado  refe- Para a demonstração da equação de Gauss, vamos considerar
rencial de Gauss, um referencial cartesiano que se faz coincidir com um objeto   e sua correspondente imagem   conjugada
o esquema de espelho, de forma que: por um espelho esférico côncavo, conforme a figura abaixo. 
- O eixo das abscissas coincide com o eixo principal do espelho
- O eixo das ordenadas coincide com o espelho
- A origem coincide com o vértice do espelho
O eixo das abscissas é orientado em sentido contrário ao da luz
incidente, de modo que os elementos reais tenham abscissas posi-
tivas, e os elementos virtuais tenham abscissas negativas. Na figura
abaixo, para um espelho côncavo de Gauss (cuja parte refletora é a
interna, indicando por p a abscissa do objeto e por p’ a abscissa da
imagem), temos:

Objeto AB e sua correspondente imagem A’B’ em um espelho


esférico.
Os triângulos ABV e A’B’V são semelhantes:

mas VB’ = p’ e VB = p. Portanto, 

Objeto real: p > 0; objeto virtual: p < 0; imagem real: p’ > 0;


imagem virtual: p’ < 0. 
Com as convenções adotadas, o foco principal tem abscissa po-
sitiva se o espelho é côncavo – foco real; e negativa para os espe-
lhos convexos – foco virtual.
- Espelho côncavo: f > 0 Os triângulos FDV e FA’B’ também são semelhantes. Mas DV =
- Espelho convexo: f < 0 AB, FB’ = p’- f e FV = f. Logo, 

A equação que relaciona as abscissas do objeto (p), da imagem


(p’) e do foco (f) é chamada de equação de Gauss ou equação dos
pontos conjugados:

Das equações (I) e (II), 

Dividindo ambos os membros por pp’f, temos:

Portanto, 

191
CIÊNCIAS NATURAIS
REFRAÇÃO DA LUZ
Refração da luz é o fenômeno em que ela é transmitida de um meio para outro diferente. Nesta mudança de meios a frequência da
onda luminosa não é alterada, embora sua velocidade e o seu comprimento de onda sejam. Com a alteração da velocidade de propagação
ocorre um desvio da direção original.

Cor e frequência
No intervalo do espectro eletromagnético que corresponde à luz visível, cada frequência equivale à sensação de uma cor.
Conforme a frequência aumenta, diminui o comprimento de onda, assim como mostra a tabela e o trecho do espectroeletromagnético
abaixo.

Quando recebemos raios de luz de diferentes frequências podemos perceber cores diferentes destas, como combinações. A luz branca
que percebemos vinda do Sol, por exemplo, é a combinação de todas as sete cores do espectro visível.

Luz mono e policromática


De acordo com sua cor, a luz pode ser classificada como monocromática ou policromática.
Chama-se luz monocromática aquela composta de apenas uma cor, como por exemplo a luz amarela emitida por lâmpadas de sódio.
Chama-se luz policromática aquela composta por uma combinação de duas ou mais cores monocromáticas, como por exemplo a luz
branca emitida pelo sol ou por lâmpadas comuns.
Usando-se um prisma, é possível decompor a luz policromática nas luzes monocromáticas que a formam, o que não é possível para as
cores monocromáticas, como o vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta.
Um exemplo da composição das cores monocromáticas que formam a luz branca é o disco de Newton, que é uma experiência com-
posta de um disco com as sete cores do espectro visível, que ao girar em alta velocidade, “recompõe” as cores monocromáticas, formando
a cor policromática branca.

192
CIÊNCIAS NATURAIS

Cor de um corpo
Ao nosso redor é possível distinguir várias cores, mesmo quando estamos sob a luz do Sol, que é branca.
Esse fenômeno acontece pois quando é incidida luz branca sobre um corpo de cor verde, por exemplo, este absorve todas as outras
cores do espectro visível, refletido de forma difusa apenas o verde, o que torna possível distinguir sua cor.
Por isso, um corpo de cor branca é aquele que reflete todas as cores, sem absorver nenhuma, enquanto um corpo de cor preta absorve
todas as cores sobre ele incididas, sem refletir nenhuma, o que causa aquecimento.

Luz - Velocidade
Há muito tempo sabe-se que a luz faz parte de um grupo de ondas, chamado de ondas eletromagnéticas, sendo uma das característi-
cas que reune este grupo a sua velocidade de propagação.
A velocidade da luz no vácuo, mas que na verdade se aplica a diversos outros fenômenos eletromagnéticos como raios-x, raios gama,
ondas de rádio e tv, é caracterizada pela letra c, e tem um valor aproximado de 300 mil quilômetros por segundo, ou seja:

No entanto, nos meios materiais, a luz se comporta de forma diferente, já que interage com a matéria existente no meio. Em qualquer
um destes meios a velocidade da luz v é menor que c.
Em meios diferentes do vácuo também diminui a velocidade conforme aumenta a frequência. Assim a velocidade da luz vermelha é
maior que a velocidade da luz violeta, por exemplo.

Índice de refração absoluto


Para o entendimento completo da refração convém a introdução de uma nova grandeza que relacione a velocidade da radiação mono-
cromática no vácuo e em meios materiais, esta grandeza é o índice de refração da luz monocromática no meio apresentado, e é expressa
por:

Onde n é o índice de refração absoluto no meio, sendo uma grandeza adimensional.


É importante observar que o índice de refração absoluto nunca pode ser menor do que 1, já que a maior velocidade possível em um
meio é c, se o meio considerado for o próprio vácuo.
Para todos os outros meios materiais n é sempre maior que 1.
Alguns índices de refração usuais:

193
CIÊNCIAS NATURAIS
Índice de refração relativo entre dois meios Onde:
Chama-se índice de refração relativo entre dois meios, a rela- • Raio 1 é o raio incidente, com velocidade e comprimento
ção entre os índices de refração absolutos de cada um dos meios, de onda característico;
de modo que: • Raio 2 é o raio refratado, com velocidade e comprimento
de onda característico;
• A reta tracejada é a linha normal à superfície;
• O ângulo formado entre o raio 1 e a reta normal é o ângulo
Mas como visto: de incidência;
• O ângulo formado entre o raio 2 e a reta normal é o ângulo
de refração;
• A fronteira entre os dois meios é um dioptro plano.
Então podemos escrever:
Conhecendo os elementos de uma refração podemos entender
o fenômeno através das duas leis que o regem.

1ª Lei da Refração
A 1ª lei da refração diz que o raio incidente (raio 1), o raio refra-
Ou seja: tado (raio 2) e a reta normal ao ponto de incidência (reta tracejada)
estão contidos no mesmo plano, que no caso do desenho acima é
o plano da tela.

2ª Lei da Refração - Lei de Snell


Observe que o índice de refração relativo entre dois meios A 2ª lei da refração é utilizada para calcular o desvio dos raios
pode ter qualquer valor positivo, inclusive menores ou iguais a 1. de luz ao mudarem de meio, e é expressa por:

Refringência
Dizemos que um meio é mais refringente que outro quando
seu índice de refração é maior que do outro. Ou seja, o etanol é
mais refringente que a água. No entanto, sabemos que:
De outra maneira, podemos dizer que um meio é mais refrin-
gente que outro quando a luz se propaga por ele com velocidade
menor que no outro.

Leis da Refração da Luz Além de que:


Chamamos de refração da luz o fenômeno em que ela é trans-
mitida de um meio para outro diferente.
Nesta mudança de meios a frequência da onda luminosa não
é alterada, embora sua velocidade e o seu comprimento de onda
sejam. Ao agruparmos estas informações, chegamos a uma forma
Com a alteração da velocidade de propagação ocorre um des- completa da Lei de Snell:
vio da direção original.
Para se entender melhor este fenômeno, imagine um raio de
luz que passa de um meio para outro de superfície plana, conforme
mostra a figura abaixo:

194
CIÊNCIAS NATURAIS
Reflexão total da luz
A reflexão total da luz é um fenômeno óptico que ocorre quando a luz incide sobre uma superfície com o ângulo-limite L e é comple-
tamente refletida.
Quando a luz incide sobre uma superfície de separação entre dois meios, uma parte dela sofre refração e a outra, reflexão, conforme
mostra a figura a seguir:

Diagrama demonstrando o comportamento da luz ao incidir sobre a superfície entre


dois meios de índices de refração diferentes

A figura mostra a reflexão e a refração quando a luz passa de um meio menos refringente para um meio mais refringente, por exemplo,
passa do ar para a água.
Veja agora o que acontece quando a luz passa do meio mais refringente para outro menos refringente. Podemos considerar como
exemplo a luz passando da água para o ar. Observe o que acontece na figura, em que a fonte de luz é colocada embaixo de um aquário
com água:

A partir do ponto P, a luz é totalmente refletida

195
CIÊNCIAS NATURAIS
Observe que todos os raios de luz que atravessam o aquário, nos pontos à esquerda do ponto P, têm uma parte refletida e outra refra-
tada. Mas quando o ângulo entre os raios de luz incidentes e a reta normal à superfície do aquário é igual a L, o ângulo-limite, não ocorre
mais a refração, e sim a reflexão total da luz.
Veja agora um diagrama representando a reflexão total da luz:

A figura mostra que, quando o ângulo de incidência é igual a L, o ângulo de reflexão é 90º

O ângulo-limite é definido como o “menor ângulo de incidência da luz em uma superfície de separação entre dois meios a partir dos
quais ela é totalmente refletida”. Ele pode ser calculado a partir da lei de Snell-Descartes:
n1 . Sen i = n2 . Sen r
Sendo:
n1 – índice de refração do meio 1;
n2 – índice de refração do meio 2;
i – ângulo de incidência
r – ângulo de reflexão.

No caso da reflexão total da luz, sabemos que n1 > n2, uma vez que esse fenômeno ocorre apenas quando a luz passa de um meio mais
refringente para outro menos refringente. Além disso, o ângulo de incidência i é o ângulo-limite L, e o ângulo de reflexão é 90º:
i = L e r = 90

Substituindo esses dados na Lei de Snell-Descartes, teremos:


n1 . Sen L = n2 . Sen 90º

Sen 90º = 1, portanto:


n1 . Sen L = n2 . 1
Sen L = n2
n
          1

Uma consequência da reflexão total da luz é a impressão que temos de que a superfície do asfalto está molhada em dias quentes, fato
que caracteriza um tipo de miragem. A luz proveniente do Sol atravessa várias camadas de ar com temperaturas diferentes. O ar que está
perto do asfalto é mais quente e, acima dele, existe outra camada de ar com temperatura um pouco menor. Essa diferença de temperatura
faz com que o ar tenha densidades diferentes e, consequentemente, as duas camadas terão índices de refração diferentes.
Os raios de luz incidem na camada de ar mais quente, passando primeiro pela camada mais fria e com maior índice de refração. De-
pendendo do ângulo de visão do observador, a luz refletirá na superfície de separação entre essas duas camadas a imagem do céu, dando
a impressão de que o asfalto está molhado.

Dioptro
É todo o sistema formado por dois meios homogêneos e transparentes.
Quando esta separação acontece em um meio plano, chamamos então, dioptro plano.
A figura abaixo representa um dioptro plano, na separação entre a água e o ar, que são dois meios homogêneos e transparentes.

196
CIÊNCIAS NATURAIS
A aplicação usual dos prismas ópticos é seu uso para separar a
luz branca policromática nas sete cores monocromáticas do espec-
tro visível, além de que, em algumas situações poder refletir tais
luzes.

Funcionamento do prisma
Quando a luz branca incide sobre a superfície do prisma, sua
velocidade é alterada, no entanto, cada cor da luz branca tem um
índice de refração diferente, e logo ângulos de refração diferentes,
chegando à outra extremidade do prisma separadas.

Tipos de prismas
o Prismas dispersivos são usados para separar a luz em suas
cores de espectro.
Formação de imagens através de um dioptro o Prismas refletivos são usados para refletir a luz.
Considere um pescador que vê um peixe em um lago. O peixe o Prismas polarizados podem dividir o feixe de luz em com-
encontra-se a uma profundidade H da superfície da água. O pesca- ponentes de variadas polaridades.
dor o vê a uma profundidade h. Conforme mostra a figura abaixo:
LENTES ESFÉRICAS
Chamamos lente esférica o sistema óptico constituido de três
meios homogêneos e transparentes, sendo que as fronteiras entre
cada par sejam duas superfícies esféricas ou uma superfície esféri-
ca e uma superfície plana, as quais chamamos faces da lente.
Dentre todas as aplicações da óptica geométrica, a que mais se
destaca pelo seu uso no cotidiano é o estudo das lentes esféricas,
seja em sofisticados equipamentos de pesquisa astronômica, ou em
câmeras digitais comuns, seja em lentes de óculos ou lupas.
Chamamos lente esférica o sistema óptico constituido de três
meios homogêneos e transparentes, sendo que as fronteiras entre
cada par sejam duas superfícies esféricas ou uma superfície esférica
e uma superfície plana, as quais chamamos faces da lente.
Para um estudo simples consideraremos que o segundo meio
A fórmula que determina estas distância é: é a lente propriamente dita, e que o primeiro e terceiro meios são
extamente iguais, normalmente a lente de vidro imersa em ar.

Tipos de lentes
Prisma Dentre as lentes esféricas que são utilizadas, seis delas são de
Um prisma é um sólido geométrico formado por uma face su- maior importância no estudo de óptica, sendo elas:
perior e uma face inferior paralelas e congruentes (também cha-
madas de bases) ligadas por arestas. As laterais de um prisma são - Lente biconvexa
paralelogramos.
No entanto, para o contexto da óptica, é chamado prisma o
elemento óptico transparente com superfícies retas e polidas que
é capaz de refratar a luz nele incidida. O formato mais usual de um
prisma óptico é o de pirâmide com base quadrangular e lados trian-
gulares.

É convexa em ambas as faces e tem a periferia mais fina que a


região central, seus elementos são:

197
CIÊNCIAS NATURAIS





- Lente plano-convexa Lentes convergentes


Em uma lente esférica com comportamento convergente, a luz
que incide paralelamente entre si é refratada, tomando direções
que convergem a um único ponto.
Tanto lentes de bordas finas como de bordas espessas podem
ser convergentes, dependendo do seu índice de refração em rela-
ção ao do meio externo.
O caso mais comum é o que a lente tem índice de refração
maior que o índice de refração do meio externo. Nesse caso, um
exemplo de lente com comportamento convergente é o de uma len-
te biconvexa (com bordas finas):

É plana em uma das faces e convexa em outra, tem a perferia


mais fina que a região central, seus elementos são:

• Já o caso menos comum ocorre quando a lente tem menor ín-


dice de refração que o meio. Nesse caso, um exempo de lente com
• comportamento convergente é o de uma lente bicôncava (com bor-
das espessas):

- Lente côncavo-convexa

Lentes esféricas divergentes


Em uma lente esférica com comportamento divergente, a luz
que incide paralelamente entre si é refratada, tomando direções
Tem uma de suas faces côncava e outra convexa, tem a perife- que divergem a partir de um único ponto.
ria mais fina que a região central. Seus elementos são: Tanto lentes de bordas espessas como de bordas finas podem
ser divergentes, dependendo do seu índice de refração em relação
• ao do meio externo.
O caso mais comum é o que a lente tem índice de refração
• maior que o índice de refração do meio externo. Nesse caso, um
exemplo de lente com comportamento divergente é o de uma lente
• bicôncava (com bordas espessas):

198
CIÊNCIAS NATURAIS
Vergência
Dada uma lente esférica em determinado meio, chamamos
vergência da lente (V) a unidade caracterizada como o inverso da
distância focal, ou seja:

A unidade utilizada para caracterizar a vergência no Sistema In-


ternacional de Medidas é a dioptria, simbolizado por di.
Um dioptria equivale ao inverso de um metro, ou seja:

Já o caso menos comum ocorre quando a lente tem menor


índice de refração que o meio. Nesse caso, um exempo de lente
com comportamento divergente é o de uma lente biconvexa (com Uma unidade equivalente a dioptria, muito conhecida por
bordas finas): quem usa óculos, é o “Grau”.
1di = 1grau

Quando a lente é convergente usa-se distância focal positiva


(f>0) e para uma lente divergente se usa distância focal negativa
(f<0).
Por exemplo:
1) Considere uma lente convergente de distância focal 25cm =
0,25m.

Neste caso, é possível dizer que a lente tem vergência de +4di


ou que ela tem convergência de 4di.
2) Considere uma lente divergente de distância focal 50cm =
Vergência 0,5m.

Focos de uma lente

- Focos principais
Uma lente possui um par de focos principais: foco principal ob-
jeto (F) e foco principal imagem (F’). Ambos localizam-se a sobre o Neste caso, é possível dizer que a lente tem vergência de -2di
eixo principal e são simétricos em relação à lente, ou seja, a distân- ou que ela tem divergência de 2di.
cia OF é igual a distância OF’.
Associação de lentes
- Foco imagem (F’) Duas lentes podem ser colocadas de forma que funcionem
É o ponto ocupado pelo foco imagem, podendo ser real ou vir- como uma só, desde que sejam postas coaxialmente, isto é, com
tual. eixos principais coincidentes. Neste caso, elas serão chamadas de
justapostas, se estiverem encostadas, ou separadas, caso haja uma
- Foco objeto (F) distância d separando-as.
É o ponto ocupado pelo foco objeto, podendo ser real ou vir- Estas associações são importantes para o entendimento dos
tual. instrumentos ópticos.
Quando duas lentes são associadas é possível obter uma len-
Distância focal te equivalente. Esta terá a mesma característica da associação das
É a medida da distância entre um dos focos principais e o cen- duas primeiras.
tro óptico, esta medida é caracterizada pela letra f. Lembrando que se a lente equivalente tiver vergência positiva
será convergente e se tiver vergência negativa será divergente.
Pontos antiprincipais
São pontos localizados a uma distância igual a 2f do centro óp-
tico (O), ou seja, a uma distância f de um dos focos principais (F ou
F’). Esta medida é caracterizada por A (para o ponto antiprincipal
objeto) e A’ (para o ponto antiprincipal imagem).

199
CIÊNCIAS NATURAIS
Associação de lentes justapostas Instrumentos ópticos
Quando duas lentes são associadas de forma justaposta, utili- Os instrumentos ópticos baseiam-se em princípios da óptica e
za-se o teorema das vergências para definir uma lente equivalente. têm a finalidade de facilitar a visualização de determinados objetos.
Como exemplo de associação justaposta temos:

Este teorema diz que a vergência da lente equivalente à asso-


ciação é igual à soma algébrica das vergências das lentes compo-
nentes. Ou seja:

Que também pode ser escrita como:

Associação de lentes separadas


Quando duas lentes são associadas de forma separada, utiliza- O microscópio é um instrumento óptico que tem como finali-
-se uma generalização do teorema das vergências para definir uma dade a ampliação de objetos
lente equivalente.
Um exemplo de associação separada é: Os instrumentos ópticos são utilizados no nosso cotidiano e
baseiam-se nos princípios da óptica para permitir, facilitar ou aper-
feiçoar a visualização de determinados objetos, que vão desde se-
res minúsculos, como alguns tipos de bactérias, até enormes plane-
tas e estrelas.

Existe uma infinidade de instrumentos ópticos, podemos ci-


tar: microscópio, telescópio, projetores, lupa, câmera fotográfica,
óculos, lentes etc. Veja a seguir como ocorre o funcionamento de
alguns dos instrumentos ópticos que são utilizados no nosso coti-
diano.

O olho humano
A generalização do teorema diz que a vergência da lente equi- É formado basicamente por três partes:
valente à tal associação é igual a soma algébrica das vergências dos Cristalino: funciona como uma lente biconvexa. Ele está situa-
componentes menos o produto dessas vergências pela distância do na região anterior do globo ocular;
que separa as lentes. Desta forma:
Retina: localizada no “fundo” do globo ocular e funciona como
um anteparo sensível à luz;
Nervo óptico: parte que recebe as sensações luminosas rece-
bidas pela retina.
Que também pode ser escrito como: Quando olhamos para um objeto, a imagem é percebida pelo
cristalino, que forma uma imagem real e invertida, ou seja, de “ca-
beça para baixo”. Essa imagem deve ser focalizada exatamente
sobre a retina para que seja enxergada nitidamente. A imagem é
“enviada” para o cérebro através do nervo óptico. O cérebro, ao
receber a imagem, processa sua inversão, de forma que possamos
observar o objeto em sua posição real.

200
CIÊNCIAS NATURAIS
Para que a imagem formada pela lupa seja nítida, é necessário
que o objeto seja colocado entre o foco F e o centro óptico. Caso
contrário, a imagem forma-se desfocada.

As principais partes do olho humano


A imagem formada pela lupa é maior que o objeto
Se a imagem recebida pelo cristalino não se formar exatamente
sobre a retina, então a pessoa não enxergará nitidamente os obje-
tos, o que caracteriza um defeito da visão. De acordo com a posição FÍSICA MODERNA
onde a imagem é formada, podemos classificar três tipos de defei- Todo o corpo emite e absorve radiação. Quando a temperatura
tos da visão. São eles: do corpo é maior que a do ambiente onde ele está inserido, a taxa
de emissão é maior que a taxa de absorção. Quando a temperatura
Miopia: a imagem do objeto forma-se antes da retina, pois o do corpo é menor que a do ambiente onde ele se encontra, a taxa
globo ocular das pessoas que apresentam esse defeito é mais alon- de emissão é menor que a taxa de absorção. Um corpo só não emite
gado. Nesse caso, a pessoa enxerga os objetos sem nitidez. Para radiação térmica se sua temperatura for o zero absoluto, ou seja: 0
corrigir o problema, é necessário utilizar óculos com lentes diver- K (zero kelvin).
gentes. Toda matéria que se encontra em um estado solido ou líquido,
também conhecido como matéria condensada, emite um espectro
Hipermetropia: As pessoas com esse problema na visão apre- contínuo de freqüências. Ou seja, não existem espaços vazios no
sentam o globo ocular mais curto que o normal, o que faz com que espectro.
a imagem se forme atrás da retina. Esse defeito é corrigido com o Quando um corpo se encontra a temperatura ambiente ele é
uso de óculos com lentes convergentes. visto pela radiação que ele reflete na faixa de freqüência da luz vi-
sível. Se estiver a temperaturas altíssimas, em torno de mil kelvins,
Presbiopia: Chamado popularmente de “vista cansada”, é um ele emite luz visível própria em intensidade suficiente para ser de-
problema que ocorre em virtude do envelhecimento natural do tectada pela visão humana.
nosso organismo, quando o cristalino fica mais rígido e não acomo- É definido como corpo negro todo aquele que emite um espec-
da imagens de objetos próximos. Nesse caso, a imagem forma-se tro de radiação universal que depende apenas de sua temperatura,
atrás da retina. Esse problema também pode ser corrigido por len- não de sua composição. Este tipo de corpo absorve toda a radiação
tes convergentes. que incide sobre eles. Daí a denominação corpo negro. Observe a
figura 01:
Máquina fotográfica
É um instrumento óptico que projeta e armazena uma imagem
sobre um anteparo e funciona de forma semelhante ao olho hu-
mano. Possui um sistema de lentes, denominado objetiva, que se
comporta como uma lente convergente e forma uma imagem real
e invertida do material fotografado. Para que a imagem fique nítida
sobre o filme fotográfico, a câmera possui uma série de sistemas
que aproximam ou afastam a objetiva, focalizando a imagem.
Se essa focalização não for bem feita, a imagem não se forma
sobre o filme e, portanto, não fica nítida. Quando se aciona o bo-
tão para a foto, o diafragma da câmera é aberto, permitindo que a
luz proveniente do objeto incida sobre o filme. Como o filme foto-
gráfico é fabricado com um material sensível à luz, ele “gravará” a
imagem recebida.

A lupa
É o instrumento óptico mais simples, sendo constituída por
uma lente convergente que produz uma imagem virtual e ampliada
de um objeto.

201
CIÊNCIAS NATURAIS

Figura 01: representação de um corpo negro perfeito que não reflete a radiação, considerando-o a temperatura de 0K.

Na figura 02 uma temperatura alta:

Figura 02: representação de um corpo negro a uma temperatura alta, próxima de 10³K.

Neste caso, o corpo emite radiação na faixa de freqüência da luz visível.


É observado experimentalmente que a intensidade da radiação emitida é maior para as freqüências maiores quando a temperatura é
mais alta. Ou seja, quanto maior a temperatura, há mais abundância de radiação de alta freqüência sendo emitidas pelo corpo em questão.
Uma situação bem comum que pode ser observada no cotidiano é o aquecimento de um objeto de ferro, por exemplo, a uma temperatura
próxima de 10³K.
Das observações experimentais surgiu uma grandeza chamada radiância espectral RT(f) que é definida pela quantidade de radiação
emitida pela superfície de um corpo em um intervalo de freqüências df a uma temperatura T por unidade de tempo. Observe a figura 03:

Figura 03: radiância espectral do corpo negro em função da frequência de radiação. A frequência de radiância máxima ocorre para
frequências mais altas, quanto mais alta for a temperatura do corpo. No gráfico, três exemplos de curvas possíveis.

202
CIÊNCIAS NATURAIS
A interpretação deste gráfico nos leva a determinar a tempera- Quando se faz um experimento com partículas em fenda única,
tura de corpos em função de sua radiância espectral. Ou seja, cor- observa-se uma região de máxima incidência de partículas, confor-
pos mais quentes tendem a emitir luz branca enquanto que corpos me mostra a figura 01.
a temperaturas baixas emitem ondas de infravermelho, conforme
distribuição no espectro eletromagnético.

Efeito fotoelétrico
O  efeito fotoelétrico ocorre quando uma placa metálica é
exposta a uma radiação eletromagnética  de frequência alta, por
exemplo, um feixe de luz, e este arranca elétrons da placa metálica.
O efeito fotoelétrico parece simples, mas intrigou bastantes
cientistas, só em 1905 Einstein explicou devidamente este efeito e
com isso ganhou o Prêmio Nobel.
Uma das dúvidas que se tinha a respeito era que quanto mais
se diminuía a intensidade do feixe de luz o efeito ia desaparecendo
e a respeito da frequência da fonte luminosa também intrigava mui-
to os cientistas, pois ao reduzir a frequência da fonte abaixo de um
certo valor o efeito desaparecia (chamado de frequência de corte), Figura 01: as partículas são colimadas por uma fenda e inci-
ou seja, para frequências abaixo deste valor independentemente dem no anteparo formando um padrão de interferência com uma
de qualquer que fosse a intensidade, não implicava na saída de ne- franja apenas.
nhum único elétron que fosse da placa metálica.
Mais tarde Einstein com a  teoria dos fótons explicou que, a Quando a onda incide em um colimador com duas fendas ob-
intensidade de luz é proporcional ao número de fótons e que como serva-se um padrão de interferência com várias franjas. Isto ocorre
consequência determina o número de elétrons a serem arrancados devido ao fato de que há uma interferência construtiva quando a
da superfície da placa metálica e, quanto maior a frequência maior intensidade máxima da onda da luz emergente de uma fenda coin-
é a energia adquirida pelos elétrons assim eles saem da placa e cide com o máximo da onda emergente da outra fenda. Isso ocorre
abaixo da frequência de corte, os elétrons não recebem nenhum porque há uma diferença de caminho da luz emergente de cada
tipo de energia, assim não saem da placa. fenda. O mesmo acontece com os mínimos e forma o padrão de
interferência da figura 02.

Placa metálica incidida por luz e perdendo elétrons devido o


efeito fotoelétrico.

Dualidade onda-partícula
Ao longo dos tempos o ser humano e os animais evoluíram de
forma a ter uma sensibilidade maior para a luz visível. O estudo dos
fenômenos ópticos é fascinante, pois os variados tipos de imagens
podem trazer diversos tipos de emoções ao ser humano e mesmo Figura 02: várias franjas de intensidade luminosa máxima no
aos animais. Mas a evolução vem da necessidade destes seres ob- centro.
terem informações do meio em que vivem.
Na   história da humanidade alguns estudos resultaram em Quando a mesma experiência é realizada com partículas, o pa-
grandes descobertas. Primeiramente, com relação à luz, estudou- drão deve ser formado apenas por duas raias de máxima intensi-
-se a possibilidade dela se propagar em linha reta. Mais tarde, Isaac dade. Mas não é isto que se observa se a mesma experiência for
Newton decompõe a luz em várias cores e também consegue de- realizada com prótons,  nêutrons ou elétrons. O que se observa é
monstrar que várias cores compõe a luz branca. um padrão de interferência! É isto que intriga os físicos: a luz se
Muitas discussões foram feitas com relação à luz. Quando se fala comporta ora como onda, ora como partícula. E as partículas se
em propagação automaticamente considera-se um deslocamento comportam como onda em determinadas situações.
com certa velocidade. Mas velocidade do quê? De uma onda ou de
uma partícula? Fonte:
Primeiramente, faz-se necessário fazer algumas considerações: www.fisicaevestibular.com.br/www.mundoeducacao.bol.uol.
Uma  onda é uma perturbação que se propaga em um meio. com.br/www.brasilescola.uol.com.br/www.sofisica.com.br/www.
No caso de uma onda eletromagnética a perturbação é do campo exercicios.brasilescola.uol.com.br/www.todamateria.com.br/www.
elétrico e do campo magnético. É um argumento plausível pra ex- mundoeducacao.bol.uol.com.br/www.colegioweb.com.br/www.
plicar a luz. guiadoestudante.abril.com.br/www.infoescola.com/www.brasiles-
Mas alguns experimentos realizados no fim do século XIX mu- cola.uol.com.br/www.alunosonline.uol.com.br/www.mesoatomic.
dam um pouco essa concepção com relação a este importante ente com/www.alunosonline.uol.com.br/www.coladaweb.com/www.
físico. Entre os mais relevantes, podem ser citados o efeito fotoelé- proenem.com.br/ www.edisciplinas.usp.br
trico, o espalhamento Compton e a produção de raios X.

203
CIÊNCIAS NATURAIS
Fórmula eletrônica ou de Lewis
IDENTIFICAÇÃO DE COMPOSTOS QUÍMICOS, COR- A fórmula eletrônica de Lewis mostra os elementos, o número
RELACIONANDO ESTRUTURAS, PROPRIEDADES E de átomos envolvidos, os elétrons da camada de valência de cada
UTILIZAÇÃO TECNOLÓGICAS átomo e a formação de pares eletrônicos.

Fórmulas Estruturais
Os compostos químicos podem ser representados de diversas
formas, no entanto cada um tem sua estrutura diferenciada, pois
depende de quantos elétrons possuem na camada de valência, en-
tre outras particularidades. Dentre diversas maneiras de represen-
tar uma molécula existe a fórmula estrutural apresentada a seguir.

Fórmula Estrutural
Esse é o tipo de apresentação detalhada de como os átomos
de uma molécula estão ligados entre si. Por exemplo, a molécula
de água, onde dois átomos de Hidrogênio se unem a um átomo de
Oxigênio. O átomo de oxigênio possui seis elétrons na sua camada de
valência, que são representados por seis pontos na fórmula eletrô-
nica de Lewis.

O químico norte-americano Gilbert N. Lewis (1875-1946) pro-


pôs a regra do octeto, que diz:
“Os átomos de diferentes elementos estabelecem ligações quí-
micas, doando, recebendo ou compartilhando elétrons, a fim de
adquirirem a configuração eletrônica de gás nobre, isto é, com 8
Na fórmula estrutural além de fornecer o número de átomos elétrons na última camada (ou com 2 elétrons no caso daqueles
ligados, pode observar também como eles estão ligados entre si. átomos que possuem apenas uma camada eletrônica, como ocorre
com o hidrogênio).”
Tipos de fórmula estrutural Em 1916, Lewis sugeriu que para ficarem estáveis, atingindo
o octeto ou o dueto, os elementos que compõem as substâncias
Fórmula Condensada moleculares realizam um compartilhamento de pares de elétrons.
Nesse tipo de fórmula as ligaçõesentre os átomos não são re- Essas substâncias são formadas apenas por átomos de hidrogênio,
presentadas. Exemplo de fórmula condensada: ametais e semimetais, todos com a tendência de receber elétrons.
Hexano: (C6H14) Por isso, não tem como nenhum deles doar algum elétron (como
CH3 CH2 CH2 CH2 CH2 CH3 ocorre com os metais nas ligações iônicas), mas todos precisam re-
No entanto, se algum índice se repetir deve-se colocá-lo entre ceber, de modo que compartilhem seus elétrons por meio de uma
colchetes e indicar quantas vezes ele aparece na fórmula: ligação covalente ou molecular.
CH3 [CH2]4 CH3 Assim, Gilbert Lewis propôs uma forma de representar a ligação
covalente ou molecular, que ficou sendo conhecida como fórmula
Fórmula Condensada Linear de Lewis. Ela também é chamada de fórmula eletrônicaou, ainda,
Os carbonos são representados em forma de linhas em zigue- fórmula eletrônica de Lewis, porque a sua principal característica é
zague. Cada extremidade da linha há um carbono. Como o carbono que ela mostra os elétrons na camada de valência de cada átomo
faz quatro ligações o restante é hidrogênio. Exemplo: Na ponta e no e a formação dos pares eletrônicos.
fim da reta, o carbono está fazendo três ligações então há três hi- Cada elétron é representado por um ponto, que fica ao redor
drogênios. No fim e início de cada reta o carbono está fazendo duas do símbolo do elemento químico correspondente. Apenas os elé-
ligações por isso tem dois hidrogênios. trons da camada de valência é que ficam ao redor do elemento.
Como mostra a tabela abaixo, para sabermos a quantidade de
elétrons da camada de valência, basta saber a família da Tabela Pe-
riódica:

204
CIÊNCIAS NATURAIS
Essa é a fórmula eletrônica de Lewis da molécula de gás hidro-
gênio.
O oxigênio possui seis elétrons na sua camada eletrônica, assim
cada um precisa receber mais dois elétrons para ficar estável, com
oito elétrons. Por isso, a fórmula eletrônica de Lewis da molécula
de gás oxigênio é:

Veja que são duas ligações, pois há dois pares compartilhados.


Veja outros exemplos de fórmulas eletrônicas de substâncias
moleculares abaixo:

Reatividade dos metais


Os metais em geral são muito reativos, eles reagem com a
água, com ácidos, com bases, entre outros. Vejamos exemplos de
cada uma dessas ocorrências:

Reação com ácidos


O ouro é um exemplo de metal que sofre esse tipo de reação,
mas possui uma condição: não reage com ácidos isolados. Para que
o ataque aconteça é preciso uma mistura de ácidos, é a chamada
água régia. Esta solução se forma da junção de ácido clorídrico (HCl)
e ácido nítrico (HNO3). Acompanhe a reação:

Au (s) + 3 HNO3 (aq) + 4 HCl (aq) → HAuCl4 (aq) + 3 H2O (l) + 3


NO2 (g)

Na fórmula de Lewis, cada par de elétrons compartilhado re- Reação com água
presenta uma ligação química (covalente), em que os elétrons se A água reage com alguns metais originando como produto gás
encontram na região da eletrosfera que é comum a cada par de hidrogênio (H2) e hidróxido de sódio (NaOH). Estes metais são per-
átomos que estão unidos.Por isso, na representação, eles são colo- tencentes à classe de Metais alcalinos e Metais alcalino-terrosos,
cados lado a lado. como: Lítio (Li), Bário (Ba), Césio (Cs), Potássio (K), Rádio (Ra), Cálcio
Por exemplo, vamos descobrir qual é a fórmula de Lewis para o (Ca), Estrôncio (Sr), entre outros.
gás hidrogênio, cuja fórmula molecular é: H2. Equação do processo:
Cada átomo de hidrogênio possui apenas um elétron na cama- 2 Ba (s) + 2 H2O (l) → 2 BaOH (aq) + H2 (g)
da de valência, pois esse elemento pertence à família 1 da Tabela
Periódica. Cada um precisa receber mais um elétron, para ficar está- Reação com bases
vel, com dois elétrons na camada eletrônica K. Assim, eles compar- Somente alguns metais possuem a propriedade de reagir com
tilham seus elétrons e ambos ficam com dois. Veja: bases, são eles: Zinco (Zn), Chumbo (Pb), Estanho (Sn), Alumínio
(Al).
Zn (s) + 2 NaOH (aq) → Na2ZnO2 (aq) + H2 (g)
O produto será um sal e gás hidrogênio (H2).

205
CIÊNCIAS NATURAIS
Eletronegatividade: Ligações iônicas:
Representa a tendência que um átomo tem de atrair elétrons Uma ligação iônica se forma pela transferência definitiva de um
para si em uma ligação química covalente em uma molécula isolada. ou mais elétrons de um elemento para outro, com a formação de
Os valores das eletronegatividades dos elementos foram de- íons. O átomo do elemento que doa os elétrons adquire carga posi-
terminados pela escala de Pauling. Foi observado que, conforme o tiva, tornando-se um cátion, e o átomo do elemento que recebe os
raio aumentava, menor era atração do núcleo pelos elétrons com- elétrons se torna negativo, sendo chamado de ânion.
partilhados na camada de valência. Por isso, a eletronegatividade Visto que em toda ligação iônica há a presença de íons com
também aumenta no sentido contrário ao aumento do raio atômi- excesso de cargas elétricas opostas (positiva e negativa), essas liga-
co, sendo que varia na Tabela Periódica de baixo para cima e da ções sempre serão polares.
esquerda para a direita:
Ligações covalentes:
A ligação covalente se dá pelo compartilhamento de pares de
elétrons.
Se ela ocorrer entre átomos de um mesmo elemento químico,
a ligação será apolar.
Por exemplo, abaixo temos a ligação covalente entre dois áto-
mos de oxigênio, formando uma molécula de gás oxigênio, O2. Vis-
to que ela é formada por átomos do mesmo elemento, não há dife-
rença de eletronegatividade entre eles e os elétrons serão atraídos
da mesma forma pelos dois núcleos. Com isso, não há o acúmulo de
carga elétrica em nenhum dos polos da molécula, sendo, portanto,
apolar:

Ordem de crescimento da eletronegatividade na Tabela Peri-


ódica

Polaridade das ligações

Outros exemplos de ligações covalentes apolares são: H2, F2,


N2e C?2.
Se a ligação covalente ocorrer entre átomos de elementos quí-
micos diferentes, a ligação será polar.
Por exemplo, a seguir temos a ligação covalente que forma a
molécula de cloreto de hidrogênio, HC?. O cloro é mais eletrone-
gativo que o hidrogênio, por isso ele atrai os elétrons para si com
maior intensidade, adquirindo um “caráter” negativo, simbolizado
por δ-, enquanto o átomo de hidrogênio adquire um “caráter” po-
A ligação covalente do HCl é apolar. A nuvem eletrônica está sitivo, δ+. Esse dipolo elétrico que é formado devido à diferença de
mais deslocada no sentido do cloro, pois ele é mais eletronegativo eletronegatividade entre os elementos faz com que a ligação seja
que o hidrogênio polar:
Os compostos no cotidiano apresentam diferentes proprie-
dades, tais como estado de agregação (sólido, líquido e gasoso) à
temperatura ambiente, pontos de fusão e ebulição e solubilidade.
Falando, por exemplo, da solubilidade, algumas substâncias dissol-
vem em uns solventes, mas em outros não. O álcool etílico dissolve
em água e na gasolina, mas a gasolina não se dissolve em água.
Essas diferenças ocorrem, entre outros fatores, porque, numa
molécula, diferentes ligações podem ocorrer, sendo que algumas
serão polares e outras apolares. Vamos ver como identificar se uma
ligação química é polar ou apolar:

206
CIÊNCIAS NATURAIS

As setas indicadas, que mostram o sentido do crescimento da


eletronegatividade dos elementos (da esquerda para a direita e de
cima para baixo), e a parte mais escura indicam os elementos mais
eletronegativos. Considerando esses elementos mais importantes,
a escala pode ser representada simplificadamente por:

É importante ressaltar que, nas ligações covalentes polares, de-


ve-se representar o polo negativo por δ- e o polo positivo por δ+,
e não pelos sinais (+) e (-), porque isso passaria a ideia errada de
que a espécie química é constituída de cátions e ânions, isto é, que
a ligação é iônica. A letra delta indica que se trata de uma ligação Assim, entre as ligações covalentes polares de HF, HC? e HBr, a
covalente, cuja distribuição de carga não é uniforme. de maior polaridade é a do HF, pois o hidrogênio e o flúor estão nas
Outros exemplos de ligações covalentes polares são: HF e HBr. extremidades da escala, ou seja, a diferença de eletronegatividade
entre eles é a maior. Depois, a polaridade mais intensa é a do HC?
Resumidamente, temos então: e, por último, a do HBr.
Essa diferença de eletronegatividade (?) pode ser calculada.
Por exemplo, no caso das ligações covalentes apolares, esse valor
é igual a zero:
C? ? C?
? = 3,0 -3,0= zero
? = 3,0 -3,0= zero
Já nas ligações polares, este valor será diferente de zero. Se ele
for menor ou igual a 1,6, a ligação será predominantemente cova-
lente, como nos casos abaixo:
H ? C? I ? F
2,13,0 2,54,0
? = 3,0 – 2,1 = 0,9 ? = 4,0 – 2,5 = 1,5 (essa ligação é mais polar
que a anterior)
A polaridade das ligações aumenta neste sentido: No entanto, se o valor da diferença de eletronegatividade (?)
for maior que 1,6, a ligação será predominantemente iônica. Exem-
plos:
Na+C?- K+ F-
0,93,0 0,8 4,0
? = 3,0 – 0,9 = 2,1 ? = 4,0 – 0,8 = 3,2
Outro fato importante a se observar é que a carga parcial (δ)
dos átomos de cada elemento não pode ser definida como um úni-
Mas, entre as ligações covalentes polares, qual apresenta co valor, mas ela pode variar, dependendo de qual elemento está
maior polaridade? ligado a ele. Por exemplo, o hidrogênio possui caráter zero (δ0) na
A polaridade de uma ligação aumenta proporcionalmente ao molécula de H2, enquanto na molécula de HC?, sua carga é de +1
aumento da diferença de eletronegatividade entre os átomos dos (δ+1).
elementos que participam da ligação.
Por meio de medidas experimentais, o cientista Linus Pauling
criou uma escala de eletronegatividade para os elementos da Tabe-
la Periódica, que pode ser vista a seguir:

207
CIÊNCIAS NATURAIS
Geometria molecular e polaridade de moléculas
Os compostos são classificados em compostos iônicos e compostos moleculares.
Os compostos iônicos são aqueles que possuem uma ou mais ligações iônicas, mesmo que apresente várias ligações covalentes.
Na ligação iônica, as forças de atração são consequência da transferência completa de um ou mais elétrons de um átomo para outro
sendo que um deles adquire carga positiva e o outro, negativa, surgindo as forças responsáveis pela ligação. A maioria dos compostos
iônicos são sólidos, nas temperatura e pressão ambientes, porque a força de atração elétrica mantém os cátions e os ânions firmemente
ligados uns aos outros.
Os compostos moleculares são aqueles que possuem somente ligações covalentes entre seus átomos. A menor partícula deste com-
posto denomina-se molécula.
Na ligação covalente a transferência de elétrons nunca é completa, pois estes são compartilhados e neste caso a força de atração entre
o par de elétrons (carga negativa) e o núcleo (carga positiva) é o que mantêm os átomos unidos.

Polaridade
A polaridade de uma molécula está diretamente vinculada à polaridade das ligações entre seus átomos constituintes e também a sua
geometria. A molécula polar é uma molécula com momento de dipolo diferente de zero enquanto uma molécula não-polar ou apolar tem
momento dipolo elétrico igual a zero. Cada ligação de uma molécula poliatômica pode ser polar, mas a molécula como um todo pode ser
não-polar ou apolar se os dipolos das ligações individuais se cancelarem.
Experimentalmente, quando uma molécula se orienta na presença de um campo elétrico externo é considerada polar, caso contrário
é apolar.
Diferentes materiais têm diferentes tendências de ceder ou receber elétrons. Ao atritar vigorosamente dois materiais, estamos forne-
cendo energia para que haja transferência de elétrons de um material para outro. O material que recebeu elétrons fica com carga negativa
e o que cedeu com carga positiva. A seqüência dos materiais em função da tendência de receber ou ceder elétrons é mostrada pela série
triboelétrica. Ao atritar dois materiais quaisquer de uma série triboelétrica, aquele que estiver posicionado à esquerda ficará eletrizado
positivamente e aquele que estiver posicionado à direita ficará eletrizado negativamente.

Ponto de Fusão
O ponto de fusão (PF) de um composto é a temperatura na qual este composto no estado sólido se transforma em líquido. O ponto
de fusão está relacionado com as interações entre partículas (átomos, íons e moléculas). Compostos que possuem fortes interações entre
partículas, terão maiores pontos de fusão.

1. Polaridade
Os compostos iônicos são constituídos por íons positivos e negativos, dispostos de maneira regular formando um retículo cristalino.
Para que ocorra a fusão do retículo precisamos de uma considerável energia, por isso os compostos iônicos possuem elevado ponto de
fusão e ebulição, geralmente são sólidos e muito duros.
Quanto mais fortes forem as interações intermoleculares, maior o ponto de fusão. Compostos contendo moléculas polares possui
ponto de fusão mais alto que moléculas apolares.

Condução de corrente elétrica


Para que haja condução de corrente elétrica é necessária a presença de elétrons livres, com mobilidade. Os compostos iônicos não
conduzem corrente na fase sólida (quando os elétrons estão firmemente ligados uns aos outros), mas conduzem na fase líquida ou em
solução aquosa, quando os íons adquirem mobilidade.
O composto que se dissolve originando uma solução que conduz corrente elétrica (solução eletrolítica) é chamado de eletrólito.

Geometria molecular
A geometria molecular baseia-se na forma espacial que as moléculas assumem pelo arranjo dos átomos ligados. Assim, cada molécu-
la apresenta uma forma geométrica característica da natureza das ligações (iônicas ou covalentes) e dos constituintes (como elétrons de
valência e eletronegatividade).

Teoria da Repulsão dos Pares Eletrônicos


A teoria da repulsão dos pares eletrônicos de valência (TRPEV) aponta que os pares eletrônicos (elétrons de valência, ligantes ou não)
do átomo central se comportam como nuvens eletrônicas que se repelem e, portanto, tendem a manter a maior distância possível entre si.
Mas, como as forças de repulsão eletrônica não são suficientes para que a ligação entre os átomos seja desfeita, essa distância é verificada
no ângulo formado entre eles.

Formas Geométricas
Para que se torne mais fácil a determinação da geometria (e, estrutura) de uma molécula, deve-se seguir os seguintes passos:
1. Contagem do número total de elétrons de valência (levando em consideração a carga, se for um íon);
2. Determinação do átomo central (geralmente, o menos eletronegativo e com o maior número de ligações);

208
CIÊNCIAS NATURAIS
3. Contagem do número de elétrons de valência dos átomos ligantes;
4. Cálculo do número de elétrons não ligantes (diferença entre número total e o número de elétrons dos átomos ligantes com a
camada de valência totalmente completa);
5. Aplicação do modelo da TRPEV.
Desse modo, as geometrias mais comuns obtidas (observando-se, principalmente, os pares eletrônicos não ligantes) são:

Geometria Pares eletrônicos totais Pares eletrônicos não ligantes Pares eletrônicos ligantes
2 0 2
Linear 5 3 2
6 4 2
Triangular 3 0 3
Angular 34 12 22
Tetraédrica 4 0 4
Piramidal 4 1 3
Bipiramidal 5 0 5
Octaétrica 6 0 6

Obs.: toda molécula biatômica assume geometria linear. E, apenas as geometrias linear, triangular e angular são planas: as outras são
espaciais.

Modelos Moleculares

Geometria linear

Geometria triangular

Geometria angular

209
CIÊNCIAS NATURAIS
Geometria tetraédrica A partir da análise da polaridade das moléculas, por exemplo,
podemos explicar o fato de encontrarmos a substância dióxido de
carbono (CO2) no estado gasoso, à temperatura ambiente, e a água
(H2O) no estado líquido. Outra importância de analisar a polaridade
das moléculas é entender por que a água apresenta uma grande
facilidade em dissolver o ácido clorídrico HCl, enquanto o mesmo
não ocorre com o dióxido de carbono.
A polaridade das moléculas está relacionada com o fato de o
composto apresentar ou não áreas com cargas diferentes (positiva
e negativa). As moléculas com polos são denominadas polares, e as
que não os apresentam são as apolares.
Para determinar a polaridade das moléculas, é importante co-
Geometria piramidal nhecer os seguintes aspectos:
• Diferença de eletronegatividade entre os átomos;
• Geometria da molécula: indica o posicionamento dos áto-
mos na molécula;
• Vetor momento dipolar: seta que indica o sentido da atra-
ção dos elétrons na ligação.

Determinação da polaridade por meio do vetor momento di-


polar resultante
1º Exemplo: determinar a polaridade na molécula de tricloreto
de fósforo (PCl3).

Geometria bipiramidal

Fórmula estrutural do PCl3

A molécula de tricloreto de fósforo apresenta geometria pira-


midal, na qual há dois átomos de cloro nas diagonais inferiores e um
átomo de cloro na região inferior.
O átomo de cloro é mais eletronegativo do que o átomo de
fósforo, logo, nessa molécula, três vetores momento dipolar saem
do fósforo em direção aos átomos de cloro.

Geometria octaédrica

Polaridade das moléculas

Vetores momento dipolar na molécula do PCl3

Como existem dois vetores diagonais, é necessário realizar a


sua decomposição utilizando a regra do paralelogramo, na qual for-
ma-se essa figura geométrica a partir dos dois vetores (unindo suas
As moléculas de água são polares pontas). Dessa forma, surge um único vetor momento dipolar (seta
rosa).
A polaridade das moléculas é um tópico importante no estudo
da Química, pois nos ajuda a entender como as moléculas de uma
ou mais substâncias interagem, o que pode determinar a solubilida-
de ou o ponto de fusão e ebulição dessas substâncias.

210
CIÊNCIAS NATURAIS
Determinar a polaridade a partir da relação entre nuvens ele-
trônicas e ligantes
Nessa forma de determinar a polaridade das moléculas, com-
paramos o número de nuvens presentes no átomo central com o
número de ligantes, que estão ligados a ele:
• Se o número de ligantes iguais for igual ao número de nu-
vens no átomo central, a molécula é apolar;
• Se o número de ligantes iguais for diferente do número de
nuvens no átomo central, a molécula é polar.
1º Exemplo: determinar a polaridade na molécula de amônia
Decomposição dos vetores diagonais na molécula do PCl3 (NH3).
Após essa decomposição, fica evidente que a molécula do PCl3
possui, na realidade, dois vetores para baixo que, ao serem so-
mados (por terem mesma direção e sentido), fornecem um vetor
momento dipolar resultante diferente de 0. Assim, trata-se de uma
molécula polar.
2º Exemplo: determinar a polaridade na molécula de trifluore-
to de boro (BF3).
Fórmula estrutural da amônia

A amônia é uma molécula que apresenta geometria piramidal


e possui três átomos de hidrogênio ligados ao átomo central por
meio de ligações sigma (já que o hidrogênio só realiza uma ligação),
nas quais há um elétron de cada um dos átomos envolvidos.
Entretanto, o átomo de nitrogênio pertence à família VA, por-
tanto, apresenta cinco elétrons na camada de valência, dos quais
Fórmula estrutural do BF3 três estão sendo utilizados nas ligações sigma, sobrando, então, um
par de elétrons, ou seja, uma nuvem eletrônica.
Por essa razão, a amônia apresenta três ligantes iguais (os hi-
drogênios) e quatro nuvens eletrônicas (três ligações sigma e uma
nuvem que sobra no nitrogênio), o que configura uma molécula
polar.
2º Exemplo: determinar a polaridade na molécula de trifluo-
reto de boro (BF3).

Vetores momento dipolar na estruturado BF3

Como existem dois vetores diagonais, também será necessário


realizar a sua decomposição utilizando a regra do paralelogramo.
Dessa forma, surge um único vetor momento dipolar. Fórmula estrutural da trifluoreto de boro (BF3)

O trifluoreto de boro é uma molécula que apresenta geometria


trigonal e possui três átomos de flúor ligados ao átomo central por
meio de ligações sigma (já que o flúor só realiza uma ligação), nas
quais há um elétron de cada um dos átomos envolvidos.
Porém, o átomo de boro pertence à família IIIA e, por essa ra-
zão, apresenta três elétrons na camada de valência, os quais são to-
dos utilizados nas ligações, não sobrando, então, nenhum elétron.
Portanto, o trifluoreto de boro apresenta três ligantes iguais
(os átomos de flúor) e três nuvens eletrônicas, caracterizando uma
molécula apolar.
Decomposição dos vetores diagonais na molécula do BF3 Relação entre polaridade e solubilidade
As moléculas que apresentam a mesma característica com rela-
Após a decomposição, fica evidente que a molécula do BF3 pos- ção à polaridade têm a tendência de dissolverem-se, o que significa
sui, na realidade, dois vetores, um para baixo e um para cima, os que semelhante dissolve semelhante:
quais serão anulados por terem mesma direção e sentido opostos. • Composto polar dissolve outro composto polar;
Assim, o vetor momento dipolar resultante dessa molécula é igual a • Composto apolar dissolve outro composto apolar.
0, ou seja, trata-se de uma molécula apolar.

211
CIÊNCIAS NATURAIS
Relação entre polaridade e forças intermoleculares
De acordo com a caraterística polar da molécula, ela interage com suas moléculas, ou com as moléculas de outras substâncias, por
meio de diferentes forças intermoleculares:
• Dipolo induzido: ocorre entre moléculas apolares;
• Dipolo permanente: ocorre entre moléculas polares;
• Ligação de hidrogênio: ocorre entre moléculas apolares.
Além disso, quanto maior a intensidade da força intermolecular, maior será o ponto de fusão e o ponto de ebulição, fato que influi
diretamente no estado físico em que podemos encontrar uma substância.

Forças intermoleculares
As forças intermoleculares são aquelas responsáveis por manter moléculas unidas na formação dos diferentes compostos, elas se
classificam em:
Força dipolo-induzido: é causada pelo acúmulo de elétrons em determinada região da molécula.
As interações intermoleculares presentes nas moléculas apolares são as dipolo-induzido, mas não ocorrem o tempo todo, a distribui-
ção de elétrons na eletrosfera dessas moléculas é uniforme. Contudo, em algum instante ocorre um acúmulo de cargas δ + e δ- (pólos) nas
extremidades, é aí que as forças dipolo-induzido aparecem, e como o próprio nome já diz, elas induzem as moléculas vizinhas a também
entrarem em desequilíbrio.
Veja exemplos de compostos apolares cujas moléculas interagem através de forças dipolo-induzido:

Cl2, CO2, CH4, H2, O2

Forças dipolo-dipolo: força intermolecular presente em compostos polares.


δ + δ-δ + δ- δ + δ-
H ? Br ------------------------- H ? Br --------------------- H ? Br

Repare que nas moléculas de ácido bromídrico (HBr) existem pólos δ + e δ-, são eles os responsáveis por esta molécula ser polar.
Exemplos de compostos polares em que ocorre interação dipolo-dipolo:
H2S, CO, SO2, HCl
Ligações de hidrogênio: essa é a interação mais forte que ocorre entre moléculas, é comparada à força dipolo-dipolo bem mais inten-
sificada. Esta ligação ocorre entre moléculas que contêm átomos de hidrogênio ligados a átomos de nitrogênio, flúor, oxigênio, ou seja,
elementos muito eletronegativos, por isso os pólos δ + e δ- ficam mais acentuados.
A molécula de água é um exemplo clássico das ligações de hidrogênio, onde átomos de H se unem fortemente aos átomos de H de
outras moléculas para formar a cadeia de H20.

Veja qual força intermolecular é mais intensa através da figura abaixo:

A seta indica a ordem crescente da intensidade de interação.

Número de Oxidação (Nox)


Diversas transformações químicas ocorrem através de reações de oxirredução. E muitas delas possuem aplicações para nós, desde
usos industriais, como na produção de ferro, queima de combustível para gerar energia, extração de metais de minérios, etc. até usos do-
mésticos, em pilhas e baterias, alvejantes e produtos de limpeza, dentre outros. Além disso, muitos processos metabólicos essenciais para
manutenção da vida são reações de oxirredução, como a respiração, a produção de energia pela quebra da glicose, a fotossíntese, etc. Mas
como é possível identificar se uma reação é redox?
Uma reação é considerada de oxirredução quando há transferência de elétrons de uma espécie a outra, para isso foi criado o número
de oxidação, ou Nox. Ele foi definido de forma que, quando ocorre uma oxidação, haverá aumento do número de oxidação, e quando
houver redução, haverá diminuição, facilitando o reconhecimento de uma reação redox. O Nox de um elemento é a carga elétrica que
ele adquire quando faz uma ligação iônica ou a carga parcial (δ) que ele adquire quando faz uma ligação covalente, que irá depender da
eletronegatividade do elemento, isto é, se na ligação covalente ele atrairá mais ou menos elétrons para si e dos outros elementos que
formam o composto.
Sendo assim, alguns elementos apresentarão números de oxidação diferentes, dependendo do composto que ele está constituindo.
Outros, porém, por serem bastante eletronegativos ou eletropositivos, apresentarão um mesmo Nox em diversos compostos distintos,
são elementos que seguem um certo padrão. Então, para determinar o número de oxidação dos elementos de um composto, partimos
primeiro daqueles que já são conhecidos, de acordo com a tabela abaixo.

212
CIÊNCIAS NATURAIS

Principais Nox
Metais Alcalinos (família 1A) + Prata (Ag) Em substâncias compostas +1
Metais Alcalino-terrosos (família 2A) + Zinco (Zn) Em substâncias compostas +2
Alumínio (Al) Em substâncias compostas +3
Enxofre (S) Em sulfetos (quando for o elemento mais eletronegativo) -2
Em halogenetos (quando for o elemento mais eletronega-
Halogênios (família 7A) -1
tivo)
Ligado a ametais (mais eletronegativos que ele) +1
Hidrogênio (H)
Ligado a metais (menos eletronegativos que ele) -1
Maioria das substâncias compostas -2
Em peróxidos -1
Oxigênio (O)
Em superperóxidos -1/2
Em fluoretos +1

O próximo passo, então, é determinar os Nox dos elementos restantes, sabendo que:
• A soma de todos os Nox dos elementos de um composto sempre dá igual a zero; pois trata-se de uma substância neutra.
• A soma de todos os Nox dos elementos em um íon composto é sempre igual à carga do íon.
• O Nox de substâncias simples é sempre igual a zero. (Exemplos: N2, H2, Na, Fe, etc.)
• O Nox de íons é igual a sua carga. (Exemplos: Na+ possui Nox = +1; S2- possui Nox = -2).

Assim, quando temos uma reação de oxirredução para se determinar os Nox, iniciamos com os das substâncias simples e de íons
simples. Para substâncias e íons compostos, determinamos os Nox de elementos conhecidos para depois encontrar os valores dos outros
elementos, fazendo uma equação simples, na qual a soma de todos os números de oxidação dos elementos do composto é igual a zero
(substância composta) ou à carga do íon (íon composto).

Exemplos
HCl
Hidrogênio ligado a ametal → nox +1
Cloro → halogênio → nox -1
O HCl é uma substância composta e neutra, logo a soma dos nox é igual a zero.
HClO
Hidrogênio ligado a ametal → nox +1
Cl → ?
Oxigênio → nox -2
Da mesma forma, o HClO é uma substância composta e neutra, logo a soma dos nox é igual a zero:
nox H + nox Cl + nox O = 0
1 + x + (-2) = 0
logo o nox do Cloro será +1
OBSERVAÇÃO: um átomo que não se encaixe nas regras (como o Cloro) não precisa ter o mesmo NOX em todas as moléculas. Acima
notamos que no HCl o nox do Cloro é -1 , e no HClO, seu nox é +1.
CaCO3
Neste caso, precisamos multiplicar o nox das regras, pelo numero de átomos do elemento na molécula.
nox oxigênio = -2 . 3 = -6
nox cálcio = metal alcalino-terroso = +2
Para descobrir o nox do carbono:
(-2 . 3) + 2 + x = 0
-6 + 2 + x = 0
Logo o nox do carbono é +4.1

1Fonte: www.alunosonline.uol.com.br/www.brasilescola.uol.com.br

213
CIÊNCIAS NATURAIS
léculas estão alinhadas com seus eixos longos inclinados em relação
APLICAÇÕES MODERNAS DE MATERIAIS E DE SUBS- às camadas nas quais as moléculas estão em-pilhadas. Os cristais
TÂNCIAS QUÍMICAS líquidos colestéricos têm sido usados para monitorar variações de
temperatura em situações em que os métodos convencionais não
Desde o início da era moderna da química no século XIX, um são praticáveis. Por exem-plo, eles podem detectar pontos quentes
dos mais importantes objetivos da pesquisa em química tem sido em circuitos microeletrônicos, capazes de apontar a presença de fa-
a descoberta e o desenvolvimento de materiais com propriedades lhas. Eles podem também ser acomodados dentro de termômetros
químicas úteis. Avanços futu-ros na tecnologia dependerão mais do para medir a temperatura na pele de crianças
que nunca da des-coberta e do desenvolvimento de materiais com
proprie-dades novas e valiosas. Os químicos têm contribuído para a Polímeros
ciência de materiais inventando substâncias completamen-te novas A abordagem da química até esse ponto tem se detido basica-
e desenvolvendo meios para o processamento de materiais natu- mente em moléculas de massa molecular regularmente baixa. En-
rais para formar fibras, filmes, revestimentos adesivos e substâncias tretanto, na natureza encontramos muitas substâncias com massa
com propriedades elétricas, magnéticas ou óticas especiais. Neste molecular muito alta, chegando a milhões deu. O amido e a celu-
capítulo abordaremos as propriedades e aplicações de vários tipos lose existem em abundância em plantas; as proteínas e os ácidos
de materiais que têm papéis importantes na sociedade moderna. O nucleicos são encontrados tanto em plantas quanto em animais. Em
objetivo é mostrar como podemos entender muitas propriedades 1827, Jons Jakob Berzelius inventou a palavra polímero (do grego
físicas e químicas especiais aplicando os princípios abordados nos polys, ‘muitos’, e meros, ‘partes’) para denomi-nar substâncias de
capítulos anteriores. massa molecular alta formadas a partir da polimerização (união) de
Quando um sólido é aquecido até seu ponto de fusão, a ener- monômeros, moléculas com massa molecular baixa.
gia térmica adicionada vence as forças intermoleculares de atração Por um longo período, os humanos processaram polímeros
que fornecem ordem molecular ao sólido. O líquido que se forma naturais, como lã, couro e borracha natural, para formar materiais
é caracterizado por orientações moleculares aleatórias e considerá- úteis. Durante os últimos 60 anos ou mais, os químicos têm apren-
vel movimento mole-cular. Entretanto, algumas substâncias exibem dido a formar polímeros sintéticos pela polimerização de monôme-
comporta-mento mais complexo à medida que os respectivos sóli- ros por meio de reações químicas controladas. A grande maioria
dos são aquecidos. desses polímeros sintéticos tem esqueleto de ligações carbono–car-
Em 1888, Frederick Reinitzer, um botânico austríaco, descobriu bono porque os átomos de carbono têm habilidade excepcional em
que um composto orgânico que estava estu-dando, o benzoato de formar ligações fortes e estáveis entre si.
colesterila, tem propriedades inte-ressantes e incomuns. Quando Os cristais líquidos são bastante utilizados em dispositivos de
aquecida, a substância funde-se a 145°C para formar um líquido visores de cristal líquido (LCD) controlados eletricamente em reló-
leitoso e viscoso; a 179°C o líquido leitoso repentinamente se tor- gios, calculadoras e telas de computador. Essas aplicações são pos-
na límpido. Quando a substância é resfriada, o processo inverso síveis devido a uma variação do campo elétrico na orientação das
ocorre: o líquido transparente torna-se viscoso e leitoso a 179°C moléculas do cristal líquido, afetando, assim, as propriedades óticas
e o líquido viscoso se solidifica a 145°C. O trabalho de Reinit-zer do dispositivo.
representa o primeiro relatório sistemático sobre o que podemos Os LCDs possuem uma variedade de desenhos, mas a estrutura
chamar cristal líquido. é típica. Uma camada fina (5– 20 μm) de material líquido cristalino é
Desde a época de sua descoberta, em 1888, até 30 anos atrás, colocada entre eletrodos de vidro transparente que conduzem ele-
os cristais líquidos foram basicamente uma curiosi-dade de labora- tricidade. A luz ordinária passa por um polarizador vertical que per-
tório. Hoje são muito usados como sensores de pressão e tempera- mite passar apenas a luz no plano vertical. Mediante um processo
tura e como visores de dispositivos elétricos, como relógios digitais, especial as moléculas do cristal líquido são orientadas de tal forma
calculadoras, notebooks e palm tops. Os cristais líquidos podem ser que as moléculas na lâmina frontal ordenadas verticalmen-te, e as
usados para essas aplicações porque as forças intermoleculares fra- da lâmina de baixo, orientadas horizontalmente.
cas que mantêm as moléculas unidas em um cristal líquido são fa- As moléculas entre as duas variam na orientação de maneira
cilmente afetadas por variações na temperatura, pressão e campos regular. Os visores desse tipo são chamados ‘nemáticos torcidos’. O
magnéticos. plano de polarização da luz é girado em 90o à medida que ele passa
As substâncias que formam cristais líquidos são geralmente pelo dispositivo, ficando na orientação correta para passar no po-
compostas de moléculas longas na forma de tubos. Na fase líqui- larizador horizontal. Em um visor de relógio um espelho reflete de
da normal, essas moléculas estão orientadas aleatoriamente. As volta a luz e a luz retoma seu caminho; o dispositivo então parece
fases líquidas cristalinas, em contraste, exibem certa organização brilhar. Quando uma voltagem é aplicada às lâminas, as moléculas
das moléculas. Dependendo da natureza da organização, os cristais do líquido cristalino alinham-se com a volta-gem. Os raios de luz
líquidos podem ser classificados como nemáticos, esméticos ou co- são orientados apropriadamente para passar através do polarizador
lestéricos. horizontal, e o dispositivo parece escuro.
Na fase líquida cristalina nemática as moléculas estão alinhadas As telas de computadores empregam a iluminação por trás em
ao longo de seus eixos longos, mas não existe organização em re- vez de luz refletida, mas o princípio é o mesmo. A tela de computa-
lação aos lados das moléculas. O arranjo das moléculas é parecido dor é dividida em um grande número de pequenas células, com as
com o de uma mão cheia de lápis cujas pontas não estão alinhadas. voltagens em pontos da superfície da tela controladas por transis-
Nas fases líquidas cristalinas esméticas as moléculas exibem tores feitos de filmes finos de silício amorfo. Filtros de cor azul-ver-
organização adicional além daquela da fase nemá-tica. As fases de-vermelha são empregados para fornecer todas as cores. Todo o
esméticas lembram uma mão cheia de lápis cujas pontas estão visor é reabastecido à frequência de aproximadamente 60 Hz, de
mais próximas do alinhamento. Existem diferentes tipos de fases forma que o visor pode mudar rapidamente em relação ao tempo
esméticas, designadas pelas letras A, B, C etc. Na fase esmética A de resposta do olho humano. Visores desse tipo são avanços nota-
as moléculas estão arranjadas em camadas, com seus eixos longos velmente técnicos, baseados na combinação de descobertas cientí-
perpendiculares às camada. Outras fases esméticas exibem diferen- ficas básicas e engenharia criativa.
tes tipos de alinhamentos. Por exemplo, na fase esmética C as mo-

214
CIÊNCIAS NATURAIS
As fórmulas estruturais simples dadas para o polietileno e ou-
tros polímeros são enganosas. Como cada átomo de carbono está
rodeado por quatro ligações, os átomos são arranjados de maneira
tetraédrica, de forma que a cadeia não seja reta como tínhamos re-
presentado. Além dis-so, os átomos estão relativamente livres para
girar ao redor das ligações simples C — C. Emvez de ser retas e rígi-
das, as cadeias são flexíveis e dobram-se com facilidade. A exi-bili-
dade nas cadeias moleculares faz com que os materiais poliméricos
sejam muito flexíveis
Tanto os polímeros sintéticos quanto os naturais geral-mente
consiste em uma coleção de macromoléculas de di-ferentes massas
moleculares. Dependendo das condições de formação, as massas
moleculares podem ser distribuí-das por uma faixa muito grande
ou ser agrupadas mui-to próximas de um valor médio. Em parte
devido a essa distribuição nas massas moleculares, os polímeros
são, em geral, materiais amorfos (não-cristalinos). Em vez de exibir
fases cristalinas bem-definidas com pontos de fusão nítidos, amo-
lecem em uma faixa de temperaturas. Entretanto, eles podem pos-
suir uma ordem de limite curto em algumas regiões do sólido, com
Muitos polímeros podem ser formulados e processados para cadeias alinhadas em redes regula-res. A extensão de tal organiza-
ter resistência estrutural suficiente, rigidez e estabilidade ao calor ção é indicada pelo grau de cristalinidade do polímero. Esta pode,
para substituir metais, vidros e outros materiais em várias aplica- frequentemente, ser ampliada por estiramento ou puxão mecânico
ções. Os suportes para motores elétricos e utensílios de cozinha, para alinhar as cadeias à medida que o polímero fundido é passado
como cafeteiras e abridores de lata elétricos, por exemplo, são ago- por pequenos buracos. As forças intermoleculares entre as ca-deias
ra comumente fabricados a partir de polímeros especialmente for- poliméricas as mantêm unidas em regiões cristalinas organizadas,
mulados. Os polímeros de engenharia são fabricados sob medida tornando o polímero mais denso, mais duro, menos solúvel e mais
para aplicações específicas pela escolha dos polímeros, mistura de resistente ao calor.
polímeros e modificações nas etapas de processamento. Eles geral- A estrutura linear simples do polietileno é útil para as intera-
mente têm cus-tos mais baixos ou performance superior sobre os ções intermoleculares que levam à cristalinidade. Entretanto, o grau
materiais que eles substituem. Além disso, modelar e colorir as pe- de cris-talinidade no polietileno depende muito da massa mole-cu-
ças específicas, bem como suas montagens para fabricar o produto lar média. A polimerização resulta em uma mistura de macromolé-
final, é normalmente mais fácil culas (moléculas grandes) com n variável e, por isso, com massas
Os automóveis modernos fornecem muitos exemplos da in- moleculares variáveis. O chamado polie-tileno de baixa densidade,
vasão dos polímeros de engenharia no projeto e construção de usado na formação de filmes e folhas, tem massa molecular média
automóveis. O interior dos carros vem há muito sendo fabricado na faixa de 104 u e ramificações de cadeia amplas, isto é, existem
principalmente com material plástico. Com o desenvol-vimento de cadeias laterais fora da cadeia principal do polímero, como ramais
materiais de alto desempenho, progresso significante tem sido feito curtos que se dividem a partir da linha férrea principal. Esses ramais
na introdução de polímeros de engenharia como componentes de inibem a formação de regiões cristalinas, reduzindo a densidade do
motor e peças da estrutura do carro. O uso de polímeros de enge- material. O polietileno de alta densidade, usado para fazer garrafas,
nharia nessa aplicação elimina trabalhos em máquinas e várias eta- tambores e canos, tem massa molecular média na faixa de 106 u.
pas de montagem. O sistema de injeção, feito de náilon, é estável Essa forma tem menos ramificações e maior grau de cristalinidade.
a altas temperaturas. As peças da carroceria do carro podem ser Um exemplo importante de reticulação é a vulcanização da
fabricadas a partir de polímeros de engenharia geralmente menos borracha natural, processo descoberto por Charles Goodyear em
pesados que os componentes que eles substituem, otimizando as- 1839. A borracha natural é formada a partir de uma resina líquida
sim a economia de combustível. Os pára-lamas do novo Fusca da derivada do córtex mais interno da árvore Hevea brasiliensis. Qui-
Volkswagen, por exemplo, são feitos de náilon reforça-do com um micamente, é um polímero do isopreno, C5H8.
segundo polímero, éter de polifenileno (ppe) A borracha natural não é umplástico útil porque é muito macia
Os plásticos são materiais que podem ser fabricados em vários e muito reativa quimicamente. Goodyear descobriu acidentalmente
formatos, geralmente por aplicação de calor e pressão. Os materiais que adicionar enxofre à borracha e, em seguida, aquecer a mistura
termoplásticos podem ser remodelados. Por exemplo, recipientes faz com que a borracha fique mais dura, além de reduzir a susce-
plásticos para leite são feitos a partir de polietileno de massa mo- tibilidade à oxidação ou ao ataque químico. O enxofre transforma
lecular alta. Esses recipientes podem ser fundidos, e o polímero a borracha em um polímero termocurado, reticulando as cadeias
reciclado é destinado a outro uso. Em contraste, um plástico termo- po-liméricas por reações em algumas das ligações duplas. A reticu-
curado é modelado por processos químicos; em consequência, não lação de aproximadamente 5% das ligações duplas cria uma borra-
pode ser remodelado facilmente. cha flexível e resistente. Quando a borracha é esticada, as ligações
Um elastômero é um material que exibe comportamento de cruzadas ajudam a prevenir que as cadeias deslizem; dessa forma, a
borracha e elástico. Quando é esticado ou dobrado, retorna à forma borracha retém sua elasticidade.
original na ocasião da retirada da força deformante, desde que ele
não tenha sido distorcido além de seu limite elástico. Alguns polí-
meros, como o náilon e o poliéster, também podem ser modelados
em fibras que, como os cabelos, são muito longas se comparadas
com sua área transversal, e não são elásticas. Essas fibras podem
ser usadas para fabricar tecidos e cordões e ser adaptadas para rou-
pas, cadarço, tecidos de pneus e outros objetos úteis.

215
CIÊNCIAS NATURAIS
Biomateriais - Substituições de bacia Mais de 750 mil cirurgias envolvendo
Um biomaterial é qualquer material que tem aplica-ção biomé- substituição de juntas naturais por juntas artificiais são realizadas a
dica. O material poderá ter uso terapêutico, por exemplo, no tra- cada ano. Aproximadamente 200 mil delas são substituições totais
tamento de ferimento ou doença. Ou po-derá ter uso diagnóstico, de juntas da bacia. Muitas dessas substituições são impulsionadas
como parte de um sistema para identificar doença ou para monito- pela artrite debilitante. Uma substituição de junta de bacia é pla-
rar certa quantidade como o nível de glicose no sangue. Quer o uso nejada para fornecer mobilidade da junta e suporte estrutural. Ela
seja tera-pêutico ou diagnóstico, o biomaterial estará em contato deve ser estável sob carga considerável, resistente ao desgaste e ter
com fluidos biológicos, devendo esse material ter proprie-dades biocompatibilidade
que satisfaçam as exigências daquela aplicação. Por exemplo, um
polímero empregado para formar uma lente de contato descartável Cerâmicas
deve ser macio e ter superfície facil-mente umedecida, enquanto o Cerâmicas são materiais inorgânicos sólidos, não-metálicos.
polímero usado para obtu-rar um dente deve ser duro e resistente Elas podem ser cristalinas ou não-cristalinas.
a desgaste. As cerâmicas não-cristalinas incluem vidro e outros poucos ma-
teriais com estruturas amorfas. Elas podem possuir uma estrutura
Biocompatibilidade com ligações covalentes, ligações iônicas ou alguma combinação
Os sistemas vivos, especialmente os animais maiores, têmum- das duas. Normalmente são duras e quebradiças, estáveis a tempe-
conjunto complexo de prote-ções contra as invasões de outros orga- raturas muito altas.
nismos. O corpo tem uma extraordinária habilidade em determinar Os materiais cerâmicos incluem objetos corriqueiros como lou-
se um objeto é material do próprio corpo ou se é um objeto es- ças, porcelana, cimento, telhas, tijolos refratários usados em fornos
tranho. Qualquer substância estranha ao corpo tem o potencial de e isolantes em velas de ignição.Os materiais cerâmicos possuem
gerar uma resposta do sistema imunológico. Objetos de tamanho variedade de formas químicas, incluindo os silicatos (sílica, SiO2,
molecular são encontrados pelos anticorpos e rejeitados, enquanto com óxi-dos metálicos), os óxidos (oxigênio e metais), os carbetos
objetos maiores induzem a uma reação inflamatória ao redor deles. (carboneto e metais), os nitret os (nitrogênio e metais) e os alu-
Alguns materiais são mais biocompatíveis, isto é, eles são mais ra- minatos (alumina, Al2O3, com óxidos metálicos). Apesar de muitos
pidamente integrados ao organismo sem reações inflamatórias. Os materiais cerâmicos conterem íons metálicos, al-guns não contêm.
fatores determinantes mais importantes são a natureza química e a
textura física da superfície de um objeto. Aplicações da Cerâmica
As cerâmicas, principalmente os novos compósitos ce-râmicos,
Exigências físicas são muito utilizadas na indústria de ferramentas de corte. Por exem-
Um biomaterial frequentemente necessita satisfazer deman- plo, a alumina reforçada com filetes (fibras extremamente finas) de
das severas. Os tubos que devem ser usados para substituir uma carbeto de silício é usada para cortar e modelar com máquinas ferro
artéria defeituosa devem ser flexíveis e não podem fechar quando e ligas mais duras à base de níquel. Os materiais cerâmicos têm im-
dobrados ou ao sofrer outras distorções. Os materiais usados nas portante papel na indústria eletrônica. Os circuitos integrados se-
substitui-ções de juntas devem ser resistentes ao desgaste. mi-condutores são em geral montados em um substrato cerâ-mico,
Uma válvula cardíaca artificial deve abrir e fechar de 70 a 80 normalmente alumina
vezes por minuto, dia após dia, por muitos anos. Se se supõe uma Algumas cerâmicas, particularmente o quartzo (SiO2 cristali-
expectativa de vida de 20 anos para uma válvula, isso significa apro- no), são piezoelétricos, o que significa que geram um potencial elé-
ximadamente 750 milhões de ciclos de abertura e fechamento! Ao trico quando sujeitos a esforço mecânico. Essa propriedade permi-
contrário de uma válvula em um motor de carro, o defeito em uma te-nos usar materiais piezoelétricos para controlar frequências em
válvula cardíaca. circuitos eletrônicos, como em relógios de quartzo e geradores de
Exemplos de aplicações dos biomateriais. ultrassom.
Podemos melhor apreciar os tipos de problemas encontrados Os materiais cerâmicos são usados na fabricação de la-drilhos
no uso de biomateriais considerando alguns casos específicos. cerâmicos para a superfície do ônibus espacial, para protegê-lo de
- Substituição e reparos cardíacos superaquecimento ao reentrar na atmosfera terrestre. Os azulejos
- Implantes Vasculares são feitos de fibras curtas de sílica de alta pureza reforçada com
- Tecidos Artificiais: De maneira ideal, o tecido ‘artificial cres- fibras de borossilicato de alu-mínio.
ceria a partir de células tiradas do paciente. Quando isso não for O material é produzido em blocos, sinterizado a tem-peratura
possível, por exemplo, com vítimas de quei-maduras, as células do acima de 1.300°C, e cortado em ladrilhos. Os ladrilhos têm densi-
tecido vêm de outra fonte. Se o enxerto de pele não for formado dade de apenas 0,2 g/cm3 e, mesmo assim, eles são capazes de
a partir das células do próprio paciente, medicamentos que supri- manter a capa de alumínio do ônibus abaixo de 180°C, enquanto
mem o sistema imune de defesa devem ser usados, ou medidas sustentam temperatura superficial de 1.250°C
devem ser tomadas para modificar o novo alinhamento de células
a fim de prevenir a rejeição do tecido. O desafio no desenvolvimen- Filmes Finos
to de tecidos artificiais é conseguir que as células se organizem do Os filmes finos foram usados pela primeira vez com in-tenções
mesmo modo que nos seres vivos. O primeiro passo para atingir decorativas. No século XVII, os artistas aprenderam como pintar um
esse objetivo é fornecer uma armação apropriada onde as células desenho em um objeto cerâmico com uma solução de sal de prata;
possam crescer, uma armação que as manterá em contato entre si a seguir, aqueciam a pintura para decompor o sal, deixando um fil-
e permitirá que se organizem. Tal armação deve ser biocompatível; me fino de prata metálica. Os filmes finos são usados na atualidade
as células devem aderir à armação e diferenciar-se (isto é, desenvol- com a finalidade de decoração ou de proteção: para fabricar condu-
ver-se em células de tipos diferentes) à medida que a cultura cresce. tores, re-sistores e outros tipos de filmes em circuitos microeletrô-
A armação deve também ser mecanicamente forte e biodegradável. -nicos; para fabricar dispositivos fotovoltaicos para conver-são de
energia solar em eletricidade e para muitas outras aplicações (Figu-
ra 12.31). Um filme fino pode ser feito de qualquer tipo de material,
incluindo metais, óxidos metáli-cos ou substâncias orgânicas.

216
CIÊNCIAS NATURAIS
O termo filme fino não tem definição precisa. Em ge-ral, refe- •Nos alimentos: os alimentos naturais precisam dos produtos
re-se a filmes com espessura variando de 0,1 μma aproximadamen- químicos que fertilizam a terra para sua produção. Os pesticidas
te 300 μm. Normalmente ele não se refere a revestimentos como também são de grande importância na tarefa de garantir a quali-
tintas e vernizes, os quais em ge-ral são mais espessos. Para um dade dos alimentos, pois sua ação combate as pragas impedindo a
filme fino ser útil, ele deve possuir todas ou a maioria das seguintes disseminação de doenças e destruição das plantações.
propriedades: (a) deve ser quimicamente estável no ambiente no •No vestuário: a maioria das roupas que usamos apresenta fios
qual será usado; (b) deve ser bem aderente à superfície que ele artificiais (náilon, poliéster) misturados a fibras naturais (algodão,
cobre (o substrato); (c) deve ter espessura uniforme; (d) deve ser lã).
quimicamente puro ou de composição química controlá-vel; e (e) •Na saúde: o desenvolvimento da indústria farmacêutica e da
deve ter baixa densidade de imperfeições. Além dessas caracterís- medicina fortalece a saúde humana, aumentando a expectativa de
ticas gerais, as propriedades especiais po-dem ser necessárias para vida do homem.
determinadas aplicações. O filme pode ser um isolante ou um se- •No desenvolvimento econômico e tecnológico: a indústria
micondutor, por exemplo, e possuir propriedades óticas ou magné- química transforma elementos presentes na natureza em produtos
ticas especiais. úteis ao homem. Desde a fabricação de bens como computadores
Os filmes finos são usados em microeletrônica como condu- e automóveis até itens como plásticos, vidros, papel e tintas são
tores, resistores e capacitores. Eles são bastante utili-zados como resultados de transformações químicas.
revestimentos óticos em lentes para reduzir a quantidade de luz Muitas substâncias químicas são comuns no nosso dia a dia,
refletida a partir da superfície das lentes e para protegê-las. Os fil- por exemplo:
mes metálicos finos têm sido usa-dos por um longo período como •Acetona (propanona)
revestimentos protetores em metais. Eles geralmente são deposi- •Sal de cozinha (cloreto de sódio)
tados a partir de so-luções pelo uso de correntes elétricas, como •Água oxigenada (peróxido de hidrogênio)
nas galvanizações de prata e de ‘cromagem’. As superfícies metáli- •Álcool (etanol)
cas de ferramentas são revestidas com filmes cerâmicos finos para •Formol (metanal)
aumentar as respectivas durezas. Apesar de não ser evidente para •Soda cáustica (hidróxido de sódio)
•Ácido acético (componente do vinagre)
o consumidor, quase todas as garrafas de vi-dro compradas são re-
Apesar de todo progresso e bem estar proporcionado pela quí-
vestidas com um ou mais filmes finos. Os filmes são aplicados ao
mica, há uma insistente crítica sobre essa ciência, que ainda é res-
vidro para reduzir arranhões e desgaste; também aumentam a lu-
ponsabilizada por desastres ecológicos e poluição existente no pla-
bricidade, isto é, a facilidade com que uma garrafa pode deslizar
neta, quando na verdade é a inadequada atividade humana que faz
sobre outra. O filme fino mais comum para essa aplicação é o óxido uso da química produzindo efeito nocivo sobre o meio ambiente.
de estanho(IV), SnO2. Fonte: educacao.globo.com
Texto adaptado de OLIVEIRA, F. C

Química no Cotidiano REALIZAÇÃO DE CÁLCULOS ENVOLVENDO VARIÁVEIS,


A química pode ser definida como a ciência que estuda a natu- TABELAS, EQUAÇÕES, GRÁFICOS, A PARTIR DE LEIS
reza da matéria, suas propriedades e transformações. Ela está pre- E DE PRINCÍPIOS DE CONHECIMENTOS QUÍMICOS
sente em no nosso dia a dia, em todos os materiais que nos cerca, RELACIONADOS À VIDA DIÁRIA
e em todos os seres vivos.
O nosso corpo, por exemplo, é formado por diversas substân- Podemos dizer que tudo a nossa volta é Química, pois todos
cias em constante transformação que possibilitam o ser humano os materiais que nos cercam passaram ou passam por algum tipo
continuar vivo. Sem essas reações não haveria vida. Ao consumir- de transformação. A Química é uma ciência em pleno desenvolvi-
mos alimentos, água, entre outros, o nosso sistema digestivo pro- mento e suas aplicações podem ser percebidas em muitos eventos
duz substâncias químicas capazes de transformar esses materiais comuns que se passam co-nosco e ao nosso redor. Dessa forma ao
ingeridos em nutrientes necessários para diversas funções do or- abordar a Química no cotidiano, se faz necessário trabalhar Quími-
ganismo, como produção de energia, manutenção dos órgãos, teci- ca de ma-neira contextualizada. A importância da contextualização
dos, ossos, etc. Em todas as ações comandadas pelo nosso cérebro, dos temas químicos sociais é evidenciada, pelo interesse desperta-
como por exemplo, nossas emoções, o que ocorre é química. do nos alunos quando se trata de assuntos vinculados diretamente
Uma árvore, quando é exposta à luz do sol, começa o processo ao seu cotidiano.
da fotossíntese, que é a absorção da energia luminosa e sua trans- A Química é uma ciência agradável de ser estudada e cujos re-
formação em energia, indispensável para a vida das plantas. A fo- flexos podem ser sentidos no dia-dia, como por exemplo: Talvez o
tossíntese é de extrema importância para a manutenção do equi- exemplo mais ligado a nosso cotidia-no seja o funcionamento de
líbrio biológico nos diversos ecossistemas de nosso planeta. Tudo nosso próprio organismo. O corpo humano é um “laboratório” em
que ocorre durante este processo é química. que ocorrem, duran-te todo o tempo, fenômenos químicos muito
sofisticados, sendo que o mesmo é formado por inúmeras substân-
A equação da fotossíntese pode ser representada da seguinte
cias em constante transformação, que possibilitam a movimenta-
maneira:
ção, os sentidos (visão, audição, olfato, tato, gosto), a digestão, a
6 CO2 + 6 H2O → C6H12O6 + 6 O2
respiração e o nosso pensamento. Ingerimos vários materiais: ali-
mentos, água, ar (pela respiração) etc. Há várias transformações
A água que é um elemento essencial à vida só torna-se potável desses materiais, no estômago, nos intestinos, auxiliadas por “pro-
através de muitos processos químicos, que tratam a água imprópria dutos químicos” específicos existentes no suco gástrico, na bile (do
para o consumo garantindo o abastecimento à população. fígado);
Outros exemplos que provam como a química está presente
em nosso cotidiano podem ser citados:

217
CIÊNCIAS NATURAIS
Há recombinação dos alimentos para a manutenção de nossos informados e cons-cientes. Quanto mais pessoas perceberem que a
ossos, tecidos, órgãos; Após inúmeras transformações, o organismo Química é uma ciência que ajuda a compreender melhor o mundo
elimina os produtos residuais, por meio das fe-zes, urina e suor etc. em que vivemos e que, se os conhecimentos químicos forem usa-
Na limpeza de casa, usamos diversas substâncias, como deter- dos com sabedoria e ética, haverá, sem dúvida, uma melhoria das
gentes, alvejantes, desinfetantes. Em nossa higiene pessoal, usa- condições de vida de todos os cidadãos. Foi graças à evolução Teóri-
mos sabonete, sabões, xampu, creme dental, além da água, que ca da Química que uma série de substâncias corriqueiras no mundo
passa por vários tratamentos antes de chegar às nossas residências; atual puderam ser atin-gidas. Assim, dos chips usados nos compu-
- A maioria das roupas que usamos apresenta fios artificiais tadores às pró-teses metálicas ou plásticas cada vez mais usadas na
(náilon, poliéster) mistura-dos a fibras naturais (algodão, lã); me-dicina, do isopor aos combustíveis usados nos transportes, tudo
- Nossos alimentos natu-rais (frutas, verduras) precisam de fer- está fundamentado no conhecimento químico, que é conquista da
tilizantes e pesticidas para sua produção; pesquisa e do estudo feito por inúmeras gerações de cientistas. Es-
- Os materiais empregados na constru-ção de casas, prédios, tudar a Química não só nos permite compreender os fenômenos
automóveis, aviões, embarcações, computadores e eletrodomésti- atuais. O conhecimento nos ajuda a entender o complexo meio so-
cos constituem exemplos que se relacionam com as indústrias de cial em que vivemos. A ciência avança em função das necessidades
processos químicos, nas suas mais diferentes modalidades e espe- geradas pela sociedade, como por exemplo: desnutrição falta de
cialidades; ener-gia, poluição e etc. Por sua vez, o aperfeiçoamento tecnoló-
-A maioria dos meios de transporte tem combustível a gaso- -gico contribui para o desenvolvimento das Ciências e está também
lina, o querosene, etc., que são extraídos do petróleo, e este é o associado ao desenvolvimento científico.
resultado de uma transformação natural que levou milhões de A Química tem garantido ao ser humano uma vida mais longa
anos; São muitos os produtos industrializados cuja obtenção de- e confortável. O seu desenvolvimento tem permitido a busca para
pende de transformações químicas: plásticos, vidros, tintas, cimen- solução de problemas ambientais, o tratamento de doenças an-
to, papel, fotografia, borracha, álcool, açúcar, sal, metais, cigarros,
tes incuráveis, o aumento da produ-ção agrícola, a construção de
cola; A expectativa de vida do homem aumentou muito graças ao
prédios mais resistentes, a produção de materiais que permitem a
desenvolvimento de medicamentos que são substâncias extraídas
confecção de novos equipamentos. A ciência, a tecnologia e a so-
da natureza ou fabricadas artificialmente como (analgésicos, anti-
ciedade têm caminhado na busca de soluções de grandes proble-
bióticos e antiinfiamatórios) e da medicina, dosadas, purificadas e
comercializadas. Em nosso dia-dia é muito frequente encontrarmos mas, mas também têm provocado consequências desastrosas para
devidamente indicações de substâncias quími-cas em bulas de re- a vida humana no planeta. Diariamente lemos notícias mostrando
médio, nas embalagens de alimentos, nas etiquetas de roupas e em o paradoxo do desenvolvimento científico e tecnológico, que tanto
tantos outros objetos. traz benefícios para a sociedade como também riscos para a própria
A partir desses exemplos, percebemos que a Química propor- sobrevivência humana. Segundo Albert Einstein, citado por Santos.
cionou progresso, desenvolvimento e bem-estar para nossa vida. “A ciência não tem sentido senão quando serve aos interesses da
Do mesmo modo que as substâncias quí-micas podem contribuir humanidade”. Para mudar essa situação, todos nós, cidadãos, deve-
para o bem-estar da humanidade, elas também podem, se usadas ríamos buscar desenvolver ações em nossa comunidade para que
incorretamente (por ignorância, incompetência, ganância ou ideo- as aplicações da Ciência e da tecnologia na sociedade possam pro-
logias 29 duvidosas), acarretar doenças, poluição do ar (fumaça das teger a vida das gerações futuras e propiciar condições para que
chaminés) e das águas, desequilíbrios ecológicos, desastres ecológi- todos tenham acesso aos seus benefícios
cos como (derramamento de petróleo nos mares e envenenamen-
to) e mortandade de plantas e animais. Apesar de toda importância A QUÍMICA COMO CARÁTER INTERDISCIPLINAR
desta ciência e de suas aplicações, é comum ouvirmos comentários A Química possui caráter aplicado. Muitas vezes, para a reso-
que depreciam essa ciência ou a empregam de maneira imprópria, lução de um problema prático. Muitas vezes é necessário que ela
há muita confusão no que diz respeito à palavra Química, colocan- atue em conjunto com outras ciências. Ao sealiar à Engenharia, a
do-a como sinônimo de substâncias tóxicas, veneno ou poluição. Química tem propiciado a elaboração de novos materiais, como,
Esses fatos, infelizmente, encobrem as importantes conquis-tas do por exemplo, as cerâmicas que suportam altas temperaturas, os
homem pelo conhecimento químico. Na verdade, o problema não plásticos altamente resistentes e os materiais supercondutores. A
está na Química, mas no se uso, ela, em si, não é boa nem má. Ain- Medicina, talvez a mais antiga das ciências associadas à Química,
da são muitos aqueles que, movidos por interesse pessoais ou de é uma área das maiores beneficiadas como os modernos avanços
grupos, utilizam-na para conquistar ou manter privilégios. Mudar dessa área. Atualmente são descobertas centenas de novas subs-
essa situação não é papel do químico, mas de toda sociedade, que tâncias que podem atuar como medicamento. Todas essas fascinan-
deve ser crítica e participativa, exigindo que o conhecimento pro- tes aplicações que foram descritas represen-tam apenas parte do
mova uma qualidade de vida cada vez melhor e que permita uma
que existe em termos de avanço científico e tecnológico ligado à
coexistência harmoniosa entre o homem e o meio ambiente.
Química. È importantíssimo sa-lientar que nenhum progresso nesse
campo será possível se os conceitos básicos da Química não forem
A QUÍMICA NA SOCIEDADE
bem com-preendidos e também não forem integrados e articulados
A vida entre si já é um fantástico processo químico, no qual as
transformações das substâncias nos permitem andar, pensar, sentir. a outras áreas do saber.
As diversas sensações biológicas, como dor, cãibra e apetite, e as di-
versas reações psicológicas, como medo, alegria e felicidade, estão A QUÍMICA APRESENTA CARÁTER EXPERIMENTAL
associadas ás substanciais presentes em nosso organismo. O nosso Assim como acontece com outras ciências naturais (Física, Bio-
cor-po é um verdadeiro laboratório de transformações quími-cas. logia, etc). A Química baseia-se na observação de fatos (fenôme-
Estudar a Química é importante que cada cidadão se preocupe não nos) da natureza. Mais do que isso, a pesquisa química envolve a
só com os fatos de interesse próprio, mas também de interesses execução de experiências em laboratório e a cuidadosa observação
da sociedade. As informações científicas ajudam-no a compreender e interpretação dos resultados. Quando um cientista realiza algu-
os acontecimentos e a nos posicionar perante eles, como cidadãos mas experiências e obtém resultados importantes, geralmente ele

218
CIÊNCIAS NATURAIS
os publica em revis-tas especializadas de circulação mundial. Sua Fornece ainda, matérias para a física e para a indústria, mo-
descrição deve ser precisa o suficiente para que outros cientistas delos e substratos a biologia e farmacologia, propriedades e pro-
possam reproduzi-la e chegar aos mesmos resultados. Caso contrá- cedimentos para outras ciências e tecnologias. Graças à química o
rio, suas conclusões não serão aceitas pela comunidade científica nosso mundo se tornou um lugar mais confortável para se viver.
mundial. Assim, uma preocupação importante re-lacionada com Nossos carros, casas, roupas transbordam criatividade química. O
as experiências é a sua reprodutividade. A Química ao que tange o nosso futuro energético dependerá da Química, assim como atin-
processo de Ensino aprendizagem deve ser abordada valorizando gir um dos ob-jetivos do milênio, que é prover água e saneamento
seu caráter experimental, no qual as aulas práticas representam e básico seguro para toda a humanidade. Um mundo sem a Ciência
reproduzem as teo-rias e leis criadas por cientistas, devendo estas Química seria um mundo sem materiais sintéticos, e isso significa
ter significado aos educandos, sendo por isso necessário utiliza-las. sem telefones, sem computadores e sem cinema. Seria também um
Portanto, não havendo uma articulação entre os dois tipos de ati- mundo sem aspirina ou detergentes, shampoo ou pasta de dente,
vidades, isto é, a teoria e a prática, os conteúdos não serão muito sem cosméticos, contracepti-vos, ou papel- e, assim sem jornal ou
relevantes à formação do indivíduo ou contri-buirão muito pouco livros, colas ou tintas. Enfim, sem o desenvolvimento proporciona-
ao desenvolvimento cognitivo deste. Porém, ao que parece, o en- do pela ciência química, a vida hoje, seria chata, curta e dolorida!
sino de Química não tem oferecido condições para que o aluno a Enquanto a Física decodifia as leis do universo e a biologia decifra
compreenda en-quanto conceitos e nem quanto a sua aplicação no as do mundo vivo, a Química desvenda os segredos da maté-ria e
dia-a-dia. Pode-se observar com professores, que perguntas so-bre de suas transformações.
A vida é sua mais elevada forma de expressão. A Química exer-
a função e a importância da experimentação na ciência, levam a
ce, portanto um papel primordial em nossa com-preensão dos fe-
três tipos básicos de resposta: as de cunho episte-mológico, que
nômenos materiais, em nossa capacidade de agir sobre eles, para
assumem que a experimentação serve para comprovar a teoria, re-
muda-los e controla-los. E as trans-formações materiais que fare-
velando a visão tradicional de ciências; as de cunho cognitivo, que
mos- como humanos- refleti-rão o melhor ou pior de nós. Todavia,
supõem que as atividades experimentais podem facilitar a compre- por mais que pareça, o químico não é um mágico da matéria, ca-
ensão do conteúdo; e as de cunho motovocacional, que acreditam paz de “ilusio-nar” com novas formas da matéria, premeditadas ou
que as aulas práticas ajudam a despertar a curiosidade ou o interes- ines-peradas, a partir do que nos cerca. O químico é um forjador
se pelo estudo. racional e criativo, um arquiteto na escala das moléculas, e dentre
tudo isso o cálculo estequiométrico se faz presente o tempo todo.
Cálculo estequiométrico Percebemos ai sua importância.
Equação química, reação e reagentes Texto adap-tado de Clementina, C. M.
O cálculo estequiométrico, ou cálculo das medidas apropria-
das, é um dos maiores passos dados pela huma-nidade no campo
científico e é o cerne da química quan-titativa.
Lavoisier (1743-1794), o pai da química moderna, foi capaz de COMPREENSÃO DA ORGANIZAÇÃO DA VIDA EM SEUS
associar todos os conhecimentos qualitativos da sua época à exati- DIFERENTES NÍVEIS DE EXPRESSÃO
dão da matemática.
Para tanto, desenvolveu vários equipamentos de medição, en- Composição química da célula
tre eles a balança analítica de laboratório, permitindo ao químico As substâncias orgânicas e inorgânicas que fazem parte da
medir ou calcular as massas dos reagentes e produtos envolvidos composição química da célula garantem o funcionamento adequa-
em uma reação química. do dessa unidade funcional dos seres vivos.
Atualmente, o cálculo estequiométrico é utilizado em várias Todos os seres vivos possuem moléculas e elementos que são
atividades, tais como: pela indústria que deseja saber quanto de essenciais para a sua composição e para o seu metabolismo. É uma
matéria-prima (reagentes) deve utilizar para obter uma determina- grande variedade de substâncias orgânicas e inorgânicas que fa-
da quantidade de produtos, pelo médico que quer calcular quanto zem parte dessa composição. Aqui conheceremos um pouco dessas
de determinada substância deve ministrar para cada paciente, en- substâncias.
tre inúmeras outras.
Para que esse cálculo seja correto é necessário seguir os se- → Substâncias orgânicas
Proteínas: presentes em todas as estruturas celulares. São for-
guintes passos:
madas por aminoácidos e sua presença é indispensável para o me-
1º passo - Montar e balancear a equação química;
tabolismo do organismo. As proteínas formam as enzimas;
2º passo - Escrever a proporção em mols (coefficientes da
Vitaminas: podem ser hidrossolúveis (solúveis em água) ou
equação balanceada);
lipossolúveis (solúveis em lipídios). São necessárias em pequenas
3º passo - Adaptar a proporção em mols às unida-des usadas quantidades pelo organismo, e sua falta pode causar doenças. As
no enunciado do exercício (massa, volume nas CNTP, n° de molé- vitaminas são adquiridas por meio de uma alimentação variada.
culas etc); Carboidratos ou Glicídios ou Açúcares: são fundamentais, pois
4º passo - Efetuar a regra de três com os dados do exercício dão energia às células e ao organismo. São de três tipos: monos-
sacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos. Alguns têm função es-
A ciência química não é somente descoberta. É também, e es- trutural, como celulose e quitina; e de reserva, como o amido e
pecialmente, criação e transformação. Sem a atividade dos quími- glicogênio.
cos de todas as épocas, algumas conquistas espetaculares jamais Lipídios: insolúveis em água, atuam como reserva de energia,
teriam acontecido como os avanços no tratamento de doenças, a isolante térmico etc. São classificados em glicerídeos, ceras, este-
exploração espacial e as maravilhas atuais da tecnologia. A química roides, fosfolipídios e carotenoides. Compõem estruturas celulares.
presta uma contribuição essencial à humanidade com alimentos e → Substâncias inorgânicas
medicamentos, com roupas e moradia, com energia e matérias-pri-
mas, com transportes e comunicações.

219
CIÊNCIAS NATURAIS
Sais minerais: formados por íons. Algumas de suas funções são: Organização Celular – Componentes
formar o esqueleto, participar da coagulação sanguínea, transmis- Organização celular refere-se aos componentes de uma célula
são de impulsos nervosos etc. Sua falta pode afetar o metabolismo e como estas peças individuais estão dispostas dentro da célula. As
e levar à morte. células são os menores níveis de organização dos organismos vivos.
Água: substância encontrada em maior quantidade nos seres As células são divididas em vários compartimentos, cada um
vivos. Pode dissolver diversas substâncias, por isso, é classificada com uma estrutura característica, composição bioquímica e função.
como solvente universal. No corpo humano, representa cerca de Estes compartimentos são chamados organelas. Eles são deli-
70% do peso corporal. Participa de inúmeras reações químicas em mitados por membranas compostas por bicamadas de fosfolípidos
nosso organismo. A água é fundamental para a vida! e um número de proteínas especializadas para cada tipo de orga-
nela.
Organização Celular Todas as células eucarióticas têm um núcleo rodeado por um
Níveis de organização invólucro nuclear e uma membrana de plasma que faz fronteira
Em organismos unicelulares, a única célula executa todas as com toda a célula.
funções da vida. Ela funciona de forma independente. A maioria das células eucarióticas também têm retículo endo-
No entanto, muitos organismos unicelulares e multicelulares plasmático, um aparelho de Golgi, lisossomos, mitocôndria e pero-
tem vários níveis de organização dentro deles. xissomos.
As células individuais podem executar funções específicas e As células vegetais possuem cloroplastos para a fotossíntese
também trabalhar juntos para o bem de todo o organismo. para além das organelas que ambos eles e possuem células ani-
As células se tornam dependentes um das outras. mais. Estes organelos são suspensas numa matriz citoplásmica
Organismos multicelulares têm as seguintes 5 níveis de organi- gellike composta por três tipos de polímeros de proteína chamados
zação que vão desde a mais simples ao mais complexo: filamentos de actina, microtúbulos e filamentos intermédios.
Além de manter a célula em conjunto, os filamentos de actina
NÍVEL 1 – Células e microtúbulos atuam como faixas para vários tipos diferentes de
São a unidade básica da estrutura e função nos seres vivos. proteínas do motor que são responsáveis pela motilidade celular e
Pode servir uma função específica dentro do organismo organelos movimentos dentro do citoplasma.
Exemplos- células sanguíneas, células nervosas, células ósseas,
etc.

NÍVEL 2 – tecidos
Composto de células que são semelhantes em estrutura e fun-
ção e que trabalham juntos para realizar uma atividade específica
Exemplos – sangue, nervoso, ossos, etc. Os seres humanos têm
4 tecidos básicos: conectivo, epitelial, musculares e nervosas.

Nível 3 – Órgãos
Composta de tecidos que trabalham juntos para executar uma
atividade específica
Exemplos – coração, cérebro, pele, etc.

Nível 4 – Sistemas de Órgãos


Grupos de dois ou mais tecidos que funcionam em conjunto
para efetuar uma função específica para o organismo.
Exemplos – sistema circulatório, sistema nervoso, sistema es-
quelético, etc.
O corpo humano tem 11 sistemas de órgãos – circulatório, di-
gestivo, endócrino, excretores (urinário), imunológico (linfáticos),
tegumentar, muscular, nervoso, reprodutivo, respiratório, e esque-
léticos. Todas as células animais contêm quatro componentes básicos.

NÍVEL 5 – Organismos O exterior de uma célula é conhecida como a membrana do


Seres vivos inteiros que podem realizar todos os processos bá- plasma.
sicos da vida. O que significa que pode ter em materiais, liberar Dentro desta camada de uma substância semelhante a líquido
energia a partir de alimentos, resíduos de lançamento, crescer, res- chamado citoplasma, que contém todos os outros componentes
pondem ao ambiente, e se reproduzir. celulares.
Normalmente fez-se de sistemas de órgãos, mas um organis- Os outros dois componentes primários de uma célula são ADN
mo pode ser constituído por apenas uma célula, tal como bactérias e ribossomas.
ou protistas. Moléculas de DNA segurar a informação genética, enquanto
Exemplos – bactérias, ameba, cogumelo, girassol, humano. os ribossomos são os locais primários para a síntese de proteínas.
As células podem ou não podem conter um núcleo. Se este
Os níveis de organização na ordem correta, em seguida, são: componente está incluído, em seguida, a célula é uma célula cha-
células -> Tecidos -> Órgãos -> sistemas de órgãos -> ORGANISMOS mada eucariótica.

As células procarióticas, por outro lado, não contêm um nú-


cleo.

220
CIÊNCIAS NATURAIS
PROCARIOTOS X EUCARIOTOS As células eucarióticas, por definição e em contraste com as
células procarióticas, possuem um núcleo (caryon, em Grego) que
contém a maioria do DNA celular envolvido por uma dupla cama-
da lipídica. O DNA é assim mantido num compartimento separado
dos outros componentes celulares que se situam num citoplasma,
onde a maioria das reações metabólicas ocorrem. No citoplasma,
no entanto, organelas distintas podem ser reconhecidas. Dentre
elas, duas são proeminentes, os cloroplastos (nas células vegetais)
e as mitocôndrias (animais e vegetais), envoltas numa bicamada de
membrana que é distinta da membrana nuclear. Ambas as organe-
las possivelmente têm origem simbiótica.

Desenho representando uma célula eucariótica animal típica

A microscopia eletrônica demonstrou que existem fundamen-


talmente duas classes de células: as procarióticas , cujo material
genético não está separado do citoplasma por uma membrana e as
eucarióticas, com um núcleo bem individualizado e delimitado pelo
envoltório nuclear. Embora a complexidade nuclear seja utilizada Eletromicrografia de uma bactéria (Procarioto)
para dar nome as duas classes de células, há outras diferenças im-
portantes entre procariontes e eucariontes. Apesar de possuírem uma estrutura relativamente simples, as
Do ponto de vista evolutivo (ver origem das células no capítu- células procarióticas são bioquimicamente versáteis e diversas: por
lo anterior), considera-se que os procariontes são ancestrais dos exemplo todas as principais metabólicas são encontradas em bac-
eucariontes. Os procariontes surgiram há cerca de 3 bilhões de térias, incluindo os três processos para obtenção de energia: glicó-
anos ao passo que os eucariontes há 1 bilhão de anos. E apesar lise, respiração e fotossíntese.
das diferenças entre as células eucarióticas e procarióticas, existem
semelhanças importantes em sua organização molecular e em sua
função. Por exemplo, veremos que todos os organismos vivos uti- INTERPRETAÇÃO DA BIODIVERSIDADE MANIFESTA
lizam o mesmo código genético e uma maquinaria similar para a AS ESTRUTURAS ESPECIALIZADAS DE PLANTAS E DE
síntese de proteínas. ANIMAIS
As células procarióticas caracterizam-se pela probreza de mem-
branas, que nelas quase se reduzem à membrana plasmática. Os
seres vivos que têm células procarióticas compreendem as bacté- A sistemática é a ciência dedicada a inventariar e descrever a
rias e as cianofíceas ou algas azuis. biodiversidade e compreender as relações filogenéticas entre os
organismos.
Inclui a taxonomia (ciência da descoberta, descrição e classifi-
cação das espécies e grupo de espécies, com suas normas e prin-
cípios) e também a filogenia (relações evolutivas entre os organis-
mos). Em geral, diz-se que compreende a classificação dos diversos
organismos vivos. Em biologia, os sistematas são os cientistas que
classificam as espécies em outros táxons a fim de definir o modo
como eles se relacionam evolutivamente.
O objetivo da classificação dos seres vivos, chamada taxonomia,
foi inicialmente o de organizar as plantas e animais conhecidos em
categorias que pudessem ser referidas. Posteriormente a classifi-
cação passou a respeitar as relações evolutivas entre organismos,
organização mais natural do que a baseada apenas em caracterís-
ticas externas.
Para isso se utilizam também características ecológicas, fisioló-
Eletromicrografia de uma Célula Eucariótica (Notar Núcleo, gicas, e todas as outras que estiverem disponíveis para os táxons
Mitocôndrias, Lisossomos, Complexo de Golgi) em questão. é a esse conjunto de investigações a respeito dos tá-
xons que se dá o nome de Sistemática. Nos últimos anos têm sido
tentadas classificações baseadas na semelhança entre genomas,
com grandes avanços em algumas áreas, especialmente quando se
juntam a essas informações aquelas oriundas dos outros campos
da Biologia.

221
CIÊNCIAS NATURAIS
A classificação dos seres vivos é parte da sistemática, ciência que estuda as relações entre organismos, e que inclui a coleta, preserva-
ção e estudo de espécimes, e a análise dos dados vindos de várias áreas de pesquisa biológica.
O primeiro sistema de classificação foi o de Aristóteles no século IV a.C., que ordenou os animais pelo tipo de reprodução e por terem
ou não sangue vermelho. O seu discípulo Teofrasto classificou as plantas por seu uso e forma de cultivo.
Nos séculos XVII e XVIII os botânicos e zoólogos começaram a delinear o atual sistema de categorias, ainda baseados em característi-
cas anatômicas superficiais. No entanto, como a ancestralidade comum pode ser a causa de tais semelhanças, este sistema demonstrou
aproximar-se da natureza, e continua sendo a base da classificação atual. Lineu fez o primeiro trabalho extenso de categorização, em
1758, criando a hierarquia atual.
A partir de Darwin a evolução passou a ser considerada como paradigma central da Biologia, e com isso evidências da paleontologia
sobre formas ancestrais, e da embriologia sobre semelhanças nos primeiros estágios de vida. No século XX, a genética e a fisiologia tor-
naram-se importantes na classificação, como o uso recente da genética molecular na comparação de códigos genéticos. Programas de
computador específicos são usados na análise matemática dos dados.
Em fevereiro de 2005 Edward Osborne Wilson, professor aposentado da Universidade de Harvard, onde cunhou o termo biodiversi-
dade e participou da fundação da sociobiologia, ao defender um “projeto genoma” da biodiversidade da Terra, propôs a criação de uma
base de dados digital com fotos detalhadas de todas a espécies vivas e a finalização do projeto Árvore da vida. Em contraposição a uma
sistemática baseada na biologia celular e molecular, Wilson vê a necessidade da sistemática descritiva para preservar a biodiversidade.
Do ponto de vista econômico, defendem Wilson, Peter Raven e Dan Brooks, a sistemática pode trazer conhecimentos úteis na biotec-
nologia, e na contenção de doenças emergentes. Mais da metade das espécies do planeta é parasita, e a maioria delas ainda é desconhe-
cida.
De acordo com a classificação vigente as espécies descritas são agrupadas em gêneros. Os gêneros são reunidos, se tiverem algumas
características em comum, formando uma família. Famílias, por sua vez, são agrupadas em uma ordem. Ordens são reunidas em uma
classe. Classes de seres vivos são reunidas em filos. E os filos são, finalmente, componentes de alguns dos cinco reinos (Monera, Protista,
Fungi, Plantae e Animalia).

ANÁLISE DO POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE ECOSSISTEMAS NATURAIS

Os principais ecossistemas brasileiros são: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Mata dos Cocais, Pantanal, Mata de Araucá-
rias, Mangue e Pampas.
O ecossistema refere-se ao conjunto formado por comunidades bióticas e fatores abióticos que interagem em uma determinada
região.

222
CIÊNCIAS NATURAIS
Qualquer ambiente onde há interação entre os fatores abióticos e os seres vivos é um ecossistema.

O Brasil possui um vasto território, os tipos de clima e de solo são muito variados, o que confere diferentes condições ambientais.
Esses fatores propiciam o surgimento de diferentes ecossistemas. Veja a seguir as principais características e imagens dos ecossiste-
mas brasileiros.

Amazônia:
A Amazônia constitui a maior área remanescente de florestas tropicais do mundo. Ela ocupa cerca de 49,29% do território brasileiro.

Localização:
Abrange os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia e uma porção do Mato Grosso, Maranhão e Tocantins.

Condições climáticas:
Clima quente e úmido, com temperaturas variando entre 20ºC a 41ºC durante o ano. As precipitações pluviométricas são superiores
a 1800 mm/ano. A umidade na região apresenta índices de 80 a 100%.

Flora:
Castanheira-do-pará, a seringueira, a sumaúma, o guaraná e uma diversidade de plantas epífitas.

Fauna
Insetos, anfíbios, jiboias, sucuris, bichos-preguiça, peixe-boi, botos, onças-pintadas e pirarucu.

Caatinga
A Caatinga representa 10% do território brasileiro. Uma de suas principais características são suas plantas que se adaptaram à falta
de água do ambiente.
A sobrevivência das plantas da Caatinga é sua resistência em períodos de seca, visto que elas armazenam água em seus troncos e
folhas.

Localização:
Abrange os estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia e Norte de Minas
Gerais.

223
CIÊNCIAS NATURAIS
Condições climáticas: Mata dos Cocais
Clima semi-árido, com índices pluviométricos entre 500 mm a A Mata dos Cocais é considerada uma “mata de transição” e
700 mm anuais e temperatura entre 24ºC a 26ºC. está localizada entre as florestas úmidas da Amazônia e a Caatinga.
Este ecossistema já foi muito explorado, ainda no período colo-
Flora: nial,para extração de produtos específicos, como o óleo de babaçu
A vegetação é formada por plantas adaptadas ao clima seco. e a cera de carnaúba. Com o passar do tempo as plantações de soja
As plantas possuem folhas transformadas em espinhos, cutículas tomaram uma dimensão extensa, o que contribui com a destruição
impermeáveis e caules que armazenam água. Essas características do ambiente.
correspondem às plantas xeromórficas. Como exemplos, estão as
cactáceas (mandacaru e facheiro). Localização:
Abrange os estado do Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte.
Fauna Condições climáticas: Apresenta índices elevados de chuva,
Alguns animais típicos da Caatinga são o preá, veado, calango, com 1500 mm a 2200 mm. A temperatura média anual é de 26ºC.
iguanas, onças e macaco-preto.
Flora:
Cerrado A espécie mais característica desse ecossistemas é a palmei-
O Cerrado é um bioma do tipo savana, com árvores espaçadas ra Orbignya martiana, o babaçu. Essa palmeira possui importância
uma das outras e de pequeno porte. econômica para a população, pois de suas sementes se extrai um
Este é considerado um dos ecossistemas brasileiros que mais óleo e as folhas são usadas para cobertura de casas.
vem sofrendo com o desmatamento causado pelo avanço das plan-
tações agrícolas. Fauna:
Apresenta diversas espécies de aves, mamíferos, répteis, anfí-
Localização: bios, insetos, Os animais característicos são a arara-vermelha, ga-
Ocupa a região central do Brasil. Abrange os estado de Minas vião-rei, ariranha, gato-do-mato, macaco-prego, lobo-guará, boto,
Gerais, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e oeste jacu, paca, cotias, acará-bandeira, dentre outros.
de São Paulo e Paraná.
Pantanal
Condições climáticas: O pantanal é considerado a maior planície inundada do Brasil.
O clima é relativamente quente. As temperaturas anuais va- Isso ocorre em alguns períodos do ano, onde determinadas áreas
riam de 21ºC a 27ºC. Possui uma época seca, com possibilidade da podem ficar parcialmente ou totalmente submersas.
vegetação pegar fogo naturalmente. É um dos biomas com maior diversidade de animais e plantas.

Flora: Localização:
As árvores possuem uma casca grossa, troncos retorcidos e ra- Oeste de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
ízes profundas. Existe um predomínio de gramíneas e plantas her-
báceas. Destacam-se o ipê, peroba-do-campo e pequi. Condições climáticas:
Clima Tropical Continental. No verão, as temperaturas atingem
Fauna: 32ºC, enquanto no inverno, chegam a 21ºC.
Alguns animais característicos são os gambás, tamanduás, lo-
bo-guará, cutias, antas, tatus e suçuarana. Flora:
Apresenta poucas espécies endêmicas, ou seja, próprias deste
Mata Atlântica ecossistema. A palmeira carandá é a mais representativa.
Também chamada de floresta Atlântica, é um dos ecossistemas
mais devastados do Brasil. Fauna:
Estima-se que existam apenas 5% da sua vegetação original. A fauna é diversificada. Existem moluscos, crustáceos e peixes,
Aproximadamente 70% da população brasileira vivem na área des- como o dourado, pau, jaú, surubim e piranhas. Além de tuiuiús, so-
se bioma. cós, sara-curas, jacarés, capivaras, onças e veados.

Localização: Mata de Araucárias


Estende-se do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. Recebe esse nome uma vez que a região está repleta de pinhei-
Condições climáticas: Clima subtropical úmido ao sul e tropical ro-do-paraná (Araucaria angustifolia), conhecido como Araucária.
úmido ao norte. A Mata das Araucárias apresenta, de forma bem definida, as
diferentes estações do ano, ou seja, os invernos são frios e os ve-
Flora: rões são quentes
As plantas apresentam folhas largas e perenes. A vegetação é
rica em plantas epífitas. As plantas características deste ecossiste- Localização:
ma são os ipês, pau-brasil, jacarandá, jequitibás e palmeiras. Abrange os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pa-
raná e São Paulo.
Fauna:
Os animais representativos da Mata Atlântica são as jaguatiri- Condições climáticas:
cas, saguis, mico-leão-dourado, tucanos e papagaios. Apresenta temperaturas baixas no inverno. O índice pluviomé-
trico é de 1400 mm anuais.

224
CIÊNCIAS NATURAIS
Flora:
A espécie mais representativa é a Araucária, que pode atingir A VIDA EM SEU CONTEXTO ECOLÓGICO. OS FUNDA-
até 25 m de altura. Também podem ser encontradas samambaias MENTOS DA ECOLOGIA: A BIOSFERA, A GRANDE TEIA
e plantas epífitas. DA VIDA

Fauna: Ecologia é uma palavra que vem dos termos gregos oikos, que
Existem de mamíferos, aves, répteis e insetos. significa casa, e logos, que significa estudo. Analisando o significado
da palavra, podemos concluir que a Ecologia estuda o meio onde
Manguezais os seres vivos vivem. Entretanto, essa ciência é bastante complexa,
Os manguezais são biomas litorâneos com vegetação arbustiva sendo responsável por estudar também a interação dos seres vivos
que se desenvolve em um solo lodoso e salgado. entre si e com o meio em que vivem.
Para o meio ambiente, este é um importante ecossistema pois Para compreender bem a Ecologia e suas várias áreas de abor-
ele evita o assoreamento das praias, funcionado como uma bar- dagem, é necessário conhecer alguns conceitos básicos.
reira. A seguir descreveremos o significado dos principais termos em
Ecologia, para compreendê-la bem e realizar sua importância para
Localização: os estudos biológicos.
Estende-se por toda a costa brasileira. Entretanto, pode pene-
tram vários quilômetros no continente, seguindo o curso de rios, Conceitos básicos de Ecologia
cujas águas encontram, as águas salgadas durante a maré cheia.
Biomassa Quantidade de matéria
Flora: orgânica de um grupo de
Existem três espécies principais de mangue, o Mangue-verme- organismos em um local
lho, com predomínio da espécie Rhizophora mangle; Mangue-bran- específico.
co, com predomínio da espécie Laguncularia racemosa eo Mangue-
-preto, com predomínio da espécie Avicennia schaueriana. Biosfera Conjunto de todos os ecos-
sistemas do planeta.
Fauna: Cadeia alimentar Sequência linear na qual
Predominam caranguejos, moluscos e aves, como as garças. a energia dos alimentos é
passada de um nível trófico
Pampas para outro.
Também chamado de campos ou campos sulinos. Representa
Canibalismo Relação ecológica onde um
um tipo de pradaria.
indivíduo alimenta-se de
Ocorre em locais onde a região de relevo apresenta topos ar-
outro da mesma espécie.
redondados. A pecuária é considerada a principal atividade econô-
mica. Colônia Relação ecológica entre
indivíduos de uma mes-
Localização: ma espécie, em que os
Predomina no Norte do Rio Grande do Sul. organismos trabalham de
maneira cooperativa e en-
Condições climáticas: contram-se unidos anato-
O clima do Pampa é subtropical com as quatro estações do ano micamente.
bem definidas. Comensalismo Relação ecológica entre in-
divíduos de espécies dife-
Flora: rentes, em que um organis-
Predomínio de gramíneas e arbustos. Algumas plantas são mo beneficia-se enquanto
louro-pardo, cedro, capim-forquilha, grama-tapete, pau-de-leite, o outro não é beneficiado,
unha-de-gato, babosa-do-campo, cactáceas, timbaúva, araucárias, nem prejudicado por essa
algarrobo, palmeira anã. interação.
Fauna: Componentes abióticos São componentes sem vida
onça-pintada, jaguatirica, macaco-prego, guariba, tamanduá, de um ecossistema, tais
ema, perdigão, perdiz, quero-quero, joão-de-barro, veado-campei- como água, gases, solo e
ro, preá, tuco-tucos, tucanos, saíras, gaturamos. umidade.
Componentes bióticos São componentes vivos de
um ecossistema, tais como
vegetais, fungos, protozoá-
rios e animais.
Comunidade Todos os seres vivos que
vivem em determinados
região e período de tempo.

225
CIÊNCIAS NATURAIS

Comunidade clímax Comunidade clímax é o úl- Relação interespecífica Relação ecológica entre
timo estágio da sucessão indivíduos de espécies di-
ecológica, em que se ob- ferentes.
serva o auge da diversida- Relação intraespecífica Relação ecológica entre
de de um ecossistema. indivíduos de uma mesma
Comunidade pioneira Primeiras espécies a es- espécie.
tabelecerem-se em uma Sociedade Relação ecológica entre
área. indivíduos de uma mesma
Ecossistema Nome dado ao conjunto de espécie, em que vivem de
seres vivos de uma área e maneira cooperativa em
todos os fatores abióticos prol do sucesso do grupo.
com os quais esses indiví- Sucessão ecológica Sequência de alterações
duos interagem. graduais na comunidade
Espécie Segundo o conceito bioló- de um ecossistema.
gico de espécie, indivíduos Sucessão ecológica primá- Sucessão ecológica que
de uma mesma espécie são ria ocorre em uma área onde
aqueles capazes de cruzar- não existia uma comunida-
-se na natureza e produzir de anteriormente.
indivíduos férteis.
Sucessão ecológica secun- Sucessão ecológica que
Espécie invasora Espécie que se mantém dária ocorre em local onde uma
fora do seu local natural de comunidade encontrava-
origem. -se, mas foi eliminada por
Habitat Habitat é o local onde uma algum distúrbio.
determinada espécie vive. Teia alimentar Várias cadeias alimentares
Herbivoria Relação ecológica em que interligadas.
um organismo alimenta-se
de um vegetal ou alga. Biosfera
Mutualismo Relação ecológica entre A biosfera é a camada da Terra que reúne todos os ecossiste-
indivíduos de espécies di- mas existentes. Ela corresponde ao local onde são encontrados os
ferentes, em que os envol- seres vivos.
vidos na relação são bene- O termo biosfera deriva do grego bíos, vida e sfaira, esfera, ou
ficiados. seja, é a esfera da vida.
A ecosfera é sinônimo de biosfera, ambos os termos referem-se
Nicho ecológico O modo como uma espécie à camada da Terra habitada pelos seres vivos. Entretanto, ecosfera
vive. Corresponde a todos é mais utilizado para dar ênfase nas inter-relações entre os seres
os recursos (bióticos e abi- vivos e o ambiente não vivo.
óticos) que são utilizados
por uma espécie no am-
biente que vive.
Parasitismo Relação ecológica entre
indivíduos de espécies di-
ferentes, em que um orga-
nismo (parasita) retira de
outro (hospedeiro) os re-
cursos que necessita para
sua sobrevivência.
População Conjunto de indivíduos de
uma mesma espécie que
vivem em uma mesma
área em determinado perí-
odo de tempo.
Relação ecológica Relações ecológicas são as
interações existentes entre
os seres vivos que vivem
em um determinado am-
biente. As relações podem
ser entre indivíduos de
uma mesma espécie ou de
espécies diferentes.

226
CIÊNCIAS NATURAIS
Características
Acredita-se que a espessura da biosfera não seja superior a 19 AS ESTRATÉGIAS ECOLÓGICAS DE SOBREVIVÊNCIA
km. É dentro desse limite que são encontradas as condições am-
bientais favoráveis para a sobrevivência dos seres vivos.
Assim, a biosfera abrange desde a mais profunda região dos
oceanos até a mais elevada altitude onde possa existir vida. Em qualquer habitat existe uma capacidade limite de recursos
A biosfera se relaciona com as outras camadas do planeta Ter- disponíveis para a sobrevivência das espécies. Este limite designa-
ra. Todas as camadas estão relacionadas entre si: -se por capacidade de carga (K) ou capacidade limite de um meio.
• Litosfera: é a camada sólida, formada pelo solo e rochas; Os recursos existentes têm de ser repartidos pelas espécies de toda
• Hidrosfera: é a camada líquida, formada pelos rios, lagos e a comunidade e podem ser recursos como espaço disponível, ali-
oceanos; mento, território de caça ou território de reprodução, para enume-
• Atmosfera: é a camada gasosa; rar apenas alguns. Como as diversas espécies se instalam num de-
• Biosfera: é a camada habitada pelos seres vivos que integra terminado habitat em diferentes fases da colonização desse espaço
os ambientes terrestre, aéreo e aquático. (esta colonização de um espaço efectuado de forma faseada por
diferentes espécies, é designada por sucessão ecológica) terão de ir
preenchendo os nichos ecológicos disponíveis que melhor se ade-
quam à sua sobrevivência, adaptando-se, assim, às espécies que se
encontram previamente instaladas.
Assim, por exemplo, se um determinado animal tem poucos
recursos para se defender dum eventual tipo de predadores, é pro-
vável que se adapte a um estilo de vida em que se tenha de con-
frontar o menos possível com eles. É o caso dos animais noctívagos,
por exemplo, animais que têm o seu pico de actividade durante o
período nocturno. Estes animais ocupam o nicho ecológico disponí-
vel noite provavelmente porque no nicho ecológico dia não garan-
tiam a sua sobrevivência ou todo esse nicho já estava ocupado por
espécies melhor competidoras e melhor adaptadas às condições
ambientais do habitat.
É natural e comum que as espécies adoptem estratégias de
sobrevivência através das quais maximizem a sua capacidade de
utilizar os recursos disponíveis no meio ambiente em que se inse-
rem. O que define aquilo que está disponível para que uma espé-
cie colonize um espaço são as condições abióticas do meio (clima,
Divisão da biosfera tipo de solo, etc.) e as bióticas (número de espécies já instaladas ou
A biosfera é o conjunto de todos os ecossistemas. Ela pode ser determinadas características dessas espécies, tais como, a forma
dividida em categorias menores, chamadas biociclos. Cada biociclo como utilizam os recursos, etc.).
é composto por diferentes biomas. Assim, existem fundamentalmente dois tipos de estratégias de
Existem três tipos de biociclos: vida ou de sobrevivência utilizadas pelas espécies: a estratégia r e a
• Epinociclo: é a porção terrestre da biosfera. Formado pelos estratégia K. De acordo com o modelo de crescimento populacional
biomas terrestres como as florestas, savanas, campos e desertos, logístico, K é a capacidade de carga do meio, e r representa a taxa
além dos seres vivos que habitam esses ambientes; de crescimento populacional. Segundo este modelo, uma popula-
• Talassociclo: é a porção aquática marinha da biosfera. É for- ção poderá crescer até um limite determinado pela capacidade de
mado pelos oceanos e seres vivos que o habitam. carga do meio, ou seja, de acordo com a quantidade de recursos
• Limnociclo: é a porção constituída por água doce. É formado ecológicos disponíveis. A partir desse limite, o tamanho duma po-
pelos rios, riachos, córregos e lagos, como pelos seres vivos encon- pulação tende a manter-se num valor estável. Para as espécies da
trados nesses ambientes. estratégia K, a capacidade de carga é um factor limitante do cres-
cimento populacional e, portanto, tendem a manter um efectivo
Relação entre o homem e a biosfera populacional estável ao longo do tempo. Para as espécies da estra-
As atividades humanas são as que mais afetam o equilíbrio da tégia r, a capacidade de carga do meio não é um factor limitante,
biosfera. Com isso, todas as relações existentes são prejudicadas, sendo que, são espécies que muitas vezes aproveitam ‘janelas de
dando origem aos desequilíbrios ambientais. oportunidade’ limitadas no tempo, durante as quais as condições
Com o objetivo de diminuir os efeitos da degradação ambien- do meio envolvente são favoráveis à sua reprodução e crescimen-
tal, foi criado o programa “O Homem e a Biosfera”, da Organização to. Contrariamente às espécies da estratégia K, não são boas com-
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). petidoras e investem, por isso, num maior número de descenden-
Esse programa atua em nível internacional e objetiva a criação tes em detrimento da longevidade dos mesmos.
de áreas protegidas denominadas de Reservas da Biosfera.
Nessas áreas são realizadas pesquisas científicas e experimen-
tação de atividades voltadas à sustentabilidade dos recursos natu-
rais.
Atualmente, existem 669 Reservas da Biosfera em todo o mun-
do. No Brasil, são sete: da Mata Atlântica, do Cinturão Verde de SP,
do Cerrado, do Pantanal, da Caatinga, da Amazônia Central e da Ser-
ra do Espinhaço (MG).

227
CIÊNCIAS NATURAIS
Vejamos, por exemplo, uma espécie de peixe que utiliza uma
zona do oceano onde se depara frequentemente com predadores.
A forma encontrada por este tipo de organismos para se acautela-
rem dos efeitos da predação no seu efectivo populacional é a adop-
ção de uma estratégia reprodutiva baseada na abundância. Já que
a probabilidade das crias serem ingeridas por predadores diversos
é elevada, as espécies da estratégia r investem a sua energia em ge-
rar um número elevado de descendentes, neste caso, em produzir
um elevado número de ovos. Deste modo, é garantido que alguns
indivíduos irão sobreviver e dar continuidade à espécie.
Outra variante da estratégia r pode ser a forma como o meio
é colonizado. Frequentemente, em habitats tropicais, existe uma
densa ocupação do território por um elevado número de espécies.
Note-se que os habitats tropicais são dos locais do planeta com
maior biodiversidade. Neste tipo de locais de elevada densidade de
espécies, não existe praticamente espaço disponível para a instala-
ção de novos organismos ou espécies. A queda de uma árvore no
meio da floresta tropical é um exemplo de uma ‘janela de oportu-
nidade’ que surge para novas colonizações. Esta abertura de uma
clareira no solo da floresta será uma oportunidade para que uma
Gráfico representativo das curvas de crescimento populacional das tais ‘espécies oportunistas’ colonize de forma rápida e imediata
de espécies que adoptam a estratégia r e a estratégia K. Pela aná- esse espaço que surge súbita e inesperadamente disponível, antes
lise do gráfico, verifica-se que as espécies que adoptam a estraté- que outra espécie o faça.
gia de vida K são caracterizadas por um crescimento populacional Entre os organismos que fazem parte do grupo de espécies que
crescente até atingirem o valor máximo de capacidade de carga do adoptam a estratégia r podemos encontrar os insectos, os ratos ou
meio (K). Quando atingem esse valor, mantém-se com uma densi- determinados tipos de plantas com requisitos ecológicos pouco es-
dade populacional estável ao longo do tempo. Já as espécies carac- pecializados e que sobrevivem numa alargada gama de condições
terísticas da estratégia r, aproveitam essencialmente as ‘janelas de ambientais, podendo ser boas colonizadoras de ambientes nos
oportunidade’ que surgem, durante as quais as condições do meio quais espécies de plantas mais especializadas não sobreviveriam.
são favoráveis à reprodução e crescimento populacional. Assim,
verifica-se no gráfico que estas espécies têm picos periódicos de Estratégia K
crescimento populacional alternados por episódios de decréscimo As espécies da estratégia K são, contrariamente às da estraté-
populacional durante os quais as condições do meio deixam de ser gia r, espécies que se caracterizam por encontrarem no seu meio
favoráveis. ambiente condições mais estáveis e favoráveis à sua sobrevivência,
ocupando geralmente níveis tróficos mais elevados e tendo ciclos
Estratégia r de vida mais longos. Provavelmente, por não estarem tão ocupa-
Este tipo de estratégia é geralmente utilizado por espécies que das com a sobrevivência, estas espécies investem mais energia nos
ocupam níveis tróficos mais basais e com ciclos de vida mais curtos. cuidados parentais do que na produção de um elevado número de
É também uma estratégia utilizada pelas espécies designadas por crias. Assim, animais como o elefante, um exemplo característico
espécies oportunistas que são espécies capazes de colonizar um deste tipo de estratégia, têm períodos de gestação longos e apenas
habitat disponível de forma muito rápida. uma cria por parto. A arara azul e amarela, por exemplo, é outra
Temos de pensar no mundo vivo como uma luta pela sobrevi- espécie que adopta esta estratégia, produzindo poucos ovos e des-
vência e pelos recursos vitais. Contrariamente ao mundo natural, o cendentes com maior longevidade.
nosso mundo humano é relativamente previsível do ponto de vista As espécies da estratégia K são normalmente espécies compe-
da sobrevivência. Sabemos que desde que tenhamos dinheiro po- tidoras em nichos já bem ocupados, que investem mais na qualida-
demos entrar numa loja e comprar comida. Podemos reproduzir- de da prole do que na quantidade de descendentes. Desta forma,
-nos em qualquer altura do ano sem receio de que as condições garantem a sobrevivência e a longevidade dos indivíduos. Encon-
climáticas afectem a sobrevivência dos recém-nascidos porque tram-se normalmente neste grupo espécies os grandes mamíferos,
criámos condições artificiais para nos protegermos, por exemplo, os ursos ou os lobos, para mencionar alguns exemplos.
das variações da temperatura exterior. No meio natural esta previ-
sibilidade de condições de subsistência não ocorre. Os seres vivos
têm de lutar todos os dias pela sua subsistência e protegerem-se o INTERFERÊNCIA DO HOMEM NA DINÂMICA DOS
melhor possível da instabilidade do meio envolvente. Para algumas ECOSSISTEMAS
espécies, nomeadamente as tais espécies que utilizam a estratégia
de sobrevivência r, o meio ambiente em que se inserem é tão ins-
tável ou tão repleto de ameaças, que elas têm de aproveitar as cha- Habitando sobre a Terra há poucos milhares de anos, um ins-
madas ‘janelas de oportunidade’ que surgem para garantir a sobre- tante apenas da história do planeta, o homem é, todavia, o animal
vivência da espécie, ou acautelar-se num meio pouco hospitaleiro. que mais profundamente vem transformando o ambiente que o
rodeia.
Tudo terá começado há cerca de 9000 anos, quando ergueu
as primeiras construções. Daí até ao momento presente, mudou o
mundo. Começou a praticar a agricultura, seleccionando espécies e
combatendo outras; desenvolveu métodos para modificar as plan-
tas segundo as suas conveniências; domesticou animais e trans-

228
CIÊNCIAS NATURAIS
formou-os, por necessidade ou prazer. Introduziu novos animais Epidemia
e plantas em sítios em que não existiam, provocando profundas É uma doença infecciosa e transmissível que ocorre numa co-
transformações nos ecossistemas. Provocou o desaparecimento munidade ou região e pode se espalhar rapidamente entre as pes-
de espécies em vastas regiões e favoreceu o surgimento de outras. soas de outras regiões, originando um surto epidêmico. Isso poderá
Criou habitats artificiais (como as monoculturas e as cidades) onde ocorrer por causa de um grande desequilíbrio (mutação) do agente
se instalaram e a que se adaptaram uma enorme diversidade de transmissor da doença ou pelo surgimento de um novo agente (des-
animais. Espalhou insecticidas por toda a Terra, com isso alterando conhecido).
os ecossistemas. Produziu inúmeros detritos, desde os lixos urba- A gripe aviária, por exemplo, é uma doença “nova” que se ini-
nos, aos gases fabris que foi despejando na Natureza, julgando que ciou como surto epidêmico. Assim, a ocorrência de um único caso
o mundo é tão grande que, de alguma maneira, todos os venenos de uma doença transmissível (ex.: poliomielite) ou o primeiro caso
gerados pela sua actividade desaparecerão. Capturou espécies ani- de uma doença até então desconhecida na área (ex.: gripe do fran-
mais precisas em tal quantidade que desequilibrou as populações, go) requerem medidas de avaliação e uma investigação completa,
quebrando ciclos naturais. Está a destruir as florestas tropicais. pois, representam um perigo de originarem uma epidemia.
“Mas se o poder do homem para mudar a face da Terra é hoje Com o tempo e um ambiente estável a ocorrência de doença
imenso, amanhã será, por certo, ainda maior.” passa de epidêmica para endêmica e depois para esporádica
Quando o meio ambiente não é capaz de fornecer as condições
exigidas para a vida - nutrição, reprodução e protecção - ele se tor- Endemia é uma doença infecciosa que ocorre em um dado ter-
na impróprio à sobrevivência do ser vivo. O sapo-boi, por exemplo, ritório, e que permanece provocando novos casos frequentemente.
destrói certos besouros que prejudicam o cultivo da cana-de-açú- Já epidemia é o grande número de casos de uma doença num curto
car. espaço de tempo.
Entretanto, ele também se alimenta de insectos destruidores Exemplos de endemia no Brasil são as áreas afetadas por fe-
de moscas transmissoras de doenças. Como o sapo-boi prolífera bre amarela na Amazônia e áreas afetadas pela Dengue, como o
com facilidade (vive 40 anos e põe 40 mil ovos por ano), é perigoso sul da Bahia e a região sudeste. Estas regiões são denominadas fai-
colocá-lo em regiões onde não existam outras espécies que possam xas endêmicas, pois estas doenças possuem um alto grau de conti-
devorá-lo, pois desta forma o equilíbrio ecológico não será manti- nuidade, na mesma região. Há outros exemplos de endemias pelo
do. É, por um outro lado, o sapo-boi que é tão bom para a agricultu- mundo, como a malária e a AIDS em várias regiões da África, e a
ra, é também o responsável indirecto pela proliferação de doenças. tuberculose em diversas partes do mundo. Quando se viaja para
O próprio homem se encarrega de quebrar o ciclo natural da uma área endêmica, é recomendável prevenir-se, se houver vacinas
sobrevivência. E em nome do conforto, do bem estar - e mais, do ou medicamentos para a doença de tal faixa.
poder - o homem está transformado o seu meio ambiente, trazen-
do a poluição e provocando tragédias ecológicas. Caracterizar um agente epidêmico depende de vários fatores,
Isso porque não está sabendo explorar adequadamente os re- como a suscetibilidade da população exposta, experiência prévia
cursos renováveis e não-renováveis da natureza. Até meados do com o agente, intensidade do agente, o tempo, o local e o com-
século 19, a actividade do homem não concorria de forma tão acen- portamento do agente com relação à população. Doenças novas ou
tuada para provocar mudanças drásticas que pudessem alterar a que há muito tempo não apresentem casos, quando aparecem ou
biosfera. A partir de revolução industrial, entretanto, e das grandes reaparecem já podem ser consideradas surtos epidêmicos, mesmo
guerras mundiais, é que essas transformações começaram a ser sem a contaminação em massa.
sentidas com intensidade. É nessa época que a Inglaterra começa a
conhecer os problemas de poluição do ar e da água. O termo epidemia não se refere apenas a doenças infectocon-
A medida que o homem foi adaptando o meio ambiente às suas tagiosas, mas a qualquer doença que apresente muitos casos em
exigências progressistas, criando vacinas, meios de transportes, uma população. É denominada epidemia toda doença que afeta
novas habitações, aparelhos sofisticados, novas formas de energia, uma grande quantidade de pessoas dentro de uma população ou
explorando desordenadamente os recursos naturais, foi causando região, e se estas proporções se tornam muito grandes, é caracteri-
impactos e poluindo o ambiente. zada uma pandemia.

De acordo com o evoluir da história da humanidade, várias


SAÚDE E VIDA: EPIDEMIAS E ENDEMIAS NO BRASIL epidemias foram registradas. Doenças como a Varíola, a Malária,
a Tuberculose, o Tifo Epidêmico, a Poliomielite, a Febre Amarela e,
mais recentemente, a AIDS, assolaram a população mundial em di-
Endemia ferentes épocas.
É qualquer doença doença localizada em um espaço limitado A Varíola, doença causada por vírus que começou a infectar
denominado “faixa endêmica”. Significa que endemia é uma do- humanos há milhares de anos, causa febre alta, dores no corpo e
ença que se manifesta apenas numa determinada região, de causa erupções na pele.
local, não atingindo nem se espalhando para outras comunidades. A transmissão da doença pode ser por contato com a pele de
Enquanto a epidemia se espalha por outras localidades, a en- alguém infectado, ou pelo ar, em locais fechados. Durante a desco-
demia tem duração continua porém, restrito a uma determinada berta das Américas, por volta de 1500, os conquistadores europeus
área. trouxeram consigo o vírus da Varíola, que assolou boa parte da po-
No Brasil, existem áreas endêmicas. A título de exemplo, pode pulação Inca e Asteca. O último caso de infecção natural por Varíola
ser citada a febre amarela comum Amazônia. No período de infes- aconteceu em 1977, a doença hoje só existe em laboratório.
tação da doença, as pessoas que viajam para tal região precisam ser A Malária tem registros na humanidade há mais de quatro mil
vacinadas. A dengue é outro exemplo de endemia, pois são regis- anos. A doença é transmitida por um mosquito, que se prolifera
trados focos da doença em um espaço limitado, ou seja, ela não se em águas paradas, que ao picar a pele do ser humano deposita um
espalha por toda uma região, ocorre apenas onde há incidência do protozoário na corrente sanguínea que se aloja nos glóbulos ver-
mosquito transmissor da doença. melhos e os destrói. Alguns dos principais sintomas da malária são:

229
CIÊNCIAS NATURAIS
febre, calafrios, sudorese, dores de cabeça e musculares. A Malária Apesar dos grandes avanços tecnológicos e científicos que mar-
continua representando um sério fator epidêmico, principalmente caram o século 20, um olhar para o passado e para o panorama que
na África subsaariana. o futuro promete, infelizmente comprova que não só foi impossível
A Tuberculose destruiu populações e diversos momentos da acabar com muitas dessas doenças, como também surgiram epide-
história da humanidade. A doença é causada por uma bactéria, e é mias novas capazes de alastrar-se pelo mundo globalizado.
transmitida pelo ar. A bactéria chega aos pulmões, causando dores Vários são os fatores que tornam uma epidemia persistente. O
no peito, fraqueza, emagrecimento e tosse com sangue. Em casos primeiro é a capacidade de o vírus ser incorporado em nossas célu-
mais graves pode atingir o cérebro, os rins ou a coluna vertebral. las e lá ficar em forma latente ou ir-se replicando. A aids tem a pecu-
Apesar dos atuais tratamentos modernos, a tuberculose continua liaridade de invadir o sistema de defesa, o que torna quase impos-
infectando muitas pessoas todo ano, e fatores agravantes, como o sível curá-la definitivamente. Já o da pneumonia asiática penetra
vírus HIV faz com que portadores do mesmo sejam mais suscetíveis na mucosa e a agride, mas o sistema de defesa consegue eliminá-lo
a desenvolver a forma grave da tuberculose, e chegar a óbito muitas das células e os vírus das hepatitesBeCpenetram nas células do fíga-
vezes. do, são incorporados pelo sistema genético e lá se escondem.
O Tifo Epidêmico atingiu a humanidade durante muitos anos, Outro fator importante a destacar é que a epidemia geralmen-
matando milhares de pessoas. A doença, causada por um micróbio te funciona como uma grande vacina. Ela se manifesta numa região,
existente em piolhos, apresenta inicialmente sintomas como dor de tem efeito devastador, alto índice de mortalidade e, de repente, vai
embora. Além das pessoas que ficaram doentes, foram hospitaliza-
cabeça, falta de apetite, náuseas e febre. Logo pode evoluir e afetar
das ou permaneceram em casa acamadas, muitas outras entraram
a circulação sanguínea, causando gangrena em algumas partes do
em contato com o vírus ou com formas atenuadas dele, não adoe-
corpo, pneumonia e insuficiência renal, e a febre alta pode evoluir
ceram, criaram defesas e, assim, a maioria da população ficou imu-
para um coma e insuficiência cardíaca. Uma vacina foi desenvol-
ne. No entanto, crianças que nasceram e cresceram depois dessa
vida durante a Segunda Guerra Mundial, e o Tifo Epidêmico hoje experiência começam a constituir um grupo sem defesa, vulnerável
é bastante controlado, apresentando remotos casos em áreas da a novo surto epidêmico.
América do Sul, África e Ásia. Atualmente, isso não é tão comum porque apareceram vacinas
A Poliomielite atingiu os humanos durante milhares de anos, e tratamentos. Todavia, se analisarmos o histórico das epidemias,
paralisando milhões de crianças. A doença é causada pelo Polio- veremos que existiram modelos matemáticos capazes de prever a
vírus, que ataca o sistema nervoso humano. Os sintomas iniciais periodicidade das doenças. Era possível prever, por exemplo, que o
são dor de cabeça, dor e rigidez nos membros, vômito e febre. Não sarampo reaparecia a cada cinco ou sete anos.
existe cura efetiva para a Poliomielite, mas a vacina, aperfeiçoada No Brasil, o retorno dadenguepegou todo mundo de surpre-
na década de 1950, garantiu o controle e extinção da doença em sa, embora fosse um episódio relativamente previsível. No século
boa parte do mundo. Apenas alguns países subdesenvolvidos ainda 20, a industrialização e consequente aumento do lixo industrial, o
apresentam casos da doença. significativo crescimento populacional, a urbanização descontrola-
A Febre Amarela, doença transmitida por picada de mosquitos, da favoreceram o aparecimento dos reservatórios de mosquitos.
tem como principais sintomas dores de cabeça, muscular, nas cos- Bastou o vírus da dengue chegar que tudo estava pronto para sua
tas, febre e comumente insuficiência hepática, que causa icterícia, proliferação e a doença reapareceu.
o que dá nome à doença. Apesar da vacina e dos programas de pre- E tem mais: alguns vírus foram descobertos em nossa flora.
venção, a doença ainda assola regiões da América do Sul e da África. Nosso país possui um nicho ecológico não invadido pelo homem
Por fim a AIDS, doença que surgiu nos anos 80, causada pelo que, por certo, deve albergar vírus ainda não conhecidos.
vírus HIV, Vírus da Imunodeficiência Humana. O contágio se dá pelo Na década de 1990, apareceu em Araçatuba, no Estado de São
contato com líquidos do corpo infectados, como sangue e sêmen. Paulo, um vírus novo que acometia as vacas e passava para as pes-
Com o sistema imunológico afetado, quaisquer infecções que nor- soas que as ordenhavam.
malmente não apresentam grande ameaça à saúde, tornam-se um
potencial fator mortal. Em alguns países da África a doença já se As epidemias e a situação da saúde pública no Brasil
tornou epidemia, pelos altos índices de prostituição e por mitos po- Nos últimos anos, novas doenças estão surgindo e doenças
pulares, como, por exemplo, o de que uma pessoa infectada que consideradas erradicadas no passado estão voltando a aparecer em
forma de surtos e epidemias. A Febre amarela, a tuberculose, a gri-
mantém relação sexual com outra virgem cura-se da doença.
pe suína, a dengue, a esquistossomose e a leishmaniose são alguns
Estes fatores contribuem para a transmissão acelerada da do-
exemplos de doenças que estão sendo notificadas em números ex-
ença. Não há cura para a AIDS, no entanto há medicamentos que
pressivos no Brasil nos últimos anos. Além dessas, surtos de cólera,
controlam o vírus, e a recomendação é sempre a mesma, o uso de
malária, sarampo, meningite, entre outras doenças que podem se
preservativos para evitar o contágio por relação sexual, e o uso de espalhar rapidamente representam uma ameaça à saúde pública
agulhas descartáveis, para evitar o contágio por contato com san- mundial.
gue infectado. A malária, por exemplo, reapareceu em regiões nas quais acre-
As doenças epidêmicas muitas vezes são também endêmicas. ditava-se que havia sido eliminada e está se espalhando para áreas
As atuais condições sanitárias de muitas partes do mundo evitam os não afetadas anteriormente. O cólera, depois de quase um século,
surtos epidêmicos, e a avançada tecnologia permite controlar rápi- está reaparecendo na América Latina. Outra doença preocupante
da e satisfatoriamente quando ocorre algum surto. No entanto, há é a febre amarela, que de tempos em tempos reemerge no Brasil e
muitas localidades que ainda sofrem com fatores já erradicados em provoca surtos, como o que ocorreu entre 2007 e 2009, quando se
outras partes do mundo. O recomendável sempre é a prevenção. expandiu para as regiões Sudeste e Sul do país, causando mais de
A descoberta dos antibióticos criou a ilusão de que as doen- 100 casos da doença com alta letalidade.
ças contagiosas seriam controladas depois de certo tempo. Imagi- Essas doenças, chamadas de emergentes e reemergentes, vêm
návamos que as epidemias iriam desaparecendo gradativamente e sendo frequentemente notificadas no Brasil e em diferentes países,
chegaria o dia em que a humanidade estaria livre desse mal para causando grandes perdas econômicas e constituindo fator de gran-
sempre. Quanto engano! de relevância para as ações de vigilância epidemiológica. Doenças

230
CIÊNCIAS NATURAIS
emergentes são doenças que vêm surgindo nos últimos anos ou que tal também pode contribuir de forma significativa para o apareci-
já existiam e que vem aumentando sua incidência ultimamente. A mento de novas doenças, pois cria as condições favoráveis para a
AIDS é um exemplo de uma doença emergente. As doenças reemer- proliferação dos vetores.
gentes são aquelas que reaparecem após um período de declínio A situação é mais grave em regiões carentes de abastecimento
significativo ou apresentam risco de aumento no futuro próximo. de água potável e de saneamento ambiental. Pelo menos 30 mi-
A gripe suína e o dengue são exemplos de doenças reemergentes. lhões de brasileiros não têm acesso à água tratada e mais da meta-
Muitas doenças emergentes e reemergentes são zoonoses, ou de da população não tem o esgoto coletado. Locais com problemas
seja, doenças ou infecções que se transmitem naturalmente entre na coleta de lixo também são considerados críticos em relação à
os animais vertebrados e o homem, ou vice-versa. As zoonoses são incidência de doenças.
conhecidas por causar os maiores problemas de Saúde Pública no De acordo com Dados do Levantamento Rápido doAedes ae-
Brasil atualmente. gypti, divulgados pelo governo federal em novembro de 2015: No
Para esclarecer alguns termos utilizados muitas vezes de forma Nordeste, 82% dos depósitos de larvas de mosquito foram encon-
errada, segue abaixo algumas definições importantes: trados em reservatórios de água, boa parte deles improvisada para
Surto:é definido como o aumento repentino do número de ca- solucionar os problemas de abastecimento. O lixo é o depósito pre-
sos de uma doença em uma região específica. É uma ocorrência dominante nas regiões Sul (49,2%) e Norte (35,8%). No Sudeste, os
restrita a um espaço extremamente delimitado, como por exemplo domicílios correspondem a mais da metade dos focos de reprodu-
num colégio, edifício, bairro. Para ser considerado surto, o aumento ção do vetor.
de casos deve ser maior do que o esperado pelas autoridades de O avanço da agricultura e da pecuária também está propor-
vigilância epidemiológica. cionando o contato entre as populações humanas e seus animais
Epidemia:se caracteriza quando um surto de determinada domésticos com as populações de animais silvestres no seu habitat.
ocorre em diversas regiões. Uma epidemia a nível municipal acon- Este contato facilitou a disseminação de agentes infecciosos e para-
tece quando diversos bairros apresentam uma doença, a epidemia sitários para novos hospedeiros e ambientes. As zoonoses surgem
a nível estadual acontece quando diversas cidades apresentam ca- como consequências dessas interações.
sos e a epidemia nacional acontece quando há casos em diversas Além desses fatores, a globalização também é considerada de
regiões e estados do país. grande importância para a transmissão de doenças nas popula-
Pandemia:é uma epidemia que atinge grandes proporções, po- ções atualmente. A circulação de pessoas e mercadorias favorece
dendo se espalhar por um ou mais continentes ou por todo o mun- a transmissão rápida de agentes patogênicos para várias regiões do
do, causando mortes ou destruindo cidades e regiões. A gripe suína planeta em curto espaço de tempo, assim como a importação de
foi a primeira pandemia do século 21, segundo a OMS (Organiza- animais pode trazer novos agentes de doença ao contato humano.
ção Mundial da Saúde). Em 2009, quando a Organização Mundial O problema é grande e a solução só será possível com uma in-
tegração de ações entre a população e o Poder Público. Além de
de Saúde registrou casos nos seis continentes do mundo, a doença
uma reformulação nas políticas públicas de saúde e de mais aten-
passou de uma epidemia para pandemia. A AIDStambém é conside-
ção dos órgãos competentes, o Brasil precisa resolver problemas
rada uma pandemia.
estruturais básicos, como universalizar o acesso à água tratada,
Em Marília e região, enfrentamos uma epidemia de dengue re-
destinar o lixo de forma adequada e ampliar a oferta de saneamen-
centemente e o surto de gripe suína que teve início no mês passado
to básico em todo o território. O enfrentamento a essas doenças
vem causando pânico na população. O problema é que não temos
requer um programa de vigilância epidemiológica permanente, pois
perspectiva de uma solução imediata para controlar a disseminação
deve-se tratar a causa, ou seja, atuar na prevenção e não apenas na
dessas doenças e nada nos garante que a situação não vai piorar.
doença. Enquanto o nosso sistema de saúde não atuar na preven-
Em nosso país, as políticas públicas não cumprem o que manda ção e instituir um sistema de vigilância contínuo, essas epidemias
a Constituição Federal de 1988, que estabelece a vida como sendo serão recorrentes.
o bem maior dos direitos fundamentais e institui em seu art. 196
que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Todos os Fontes: https://marilianoticia.com.br/as-epidemias-e-situacao-da-
estados brasileiros enfrentam atualmente uma grave crise na saúde -saude-publica-no-brasil/
pública e encontram-se em situação de total decadência. https://drauziovarella.uol.com.br/entrevistas-2/epidemias-2/
A realidade do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil é de https://www.infoescola.com/doencas/principais-endemias-e-epi-
total descaso com a população, com a falta de investimentos, carên- demias/
cia de recursos humanos e péssimas condições de estruturas físicas
dos hospitais e Unidades Básicas de Saúde. A dificuldade no acesso CORONAVÍRUS
e a ineficácia dos serviços prestados são comprovados através da Os coronavírus são uma família de vírus, conhecida há muito
dificuldade de atendimento médico e realização de exames labo- tempo, responsável por desencadear desde resfriados comuns a
ratoriais, além da falta de medicamentos disponíveis para doenças síndromes respiratórias graves, como é o caso da Síndrome Respira-
como diabetes e hipertensão. tória Aguda Grave (Sars) e a Síndrome Respiratória do Oriente Mé-
Mas a culpa é só do governo? Na verdade, os surtos, epidemias dio (Mers). A transmissão desses vírus pode ocorrer de uma pessoa
e pandemias são causados por uma conjunção de fatores que favo- para outra por meio do contato próximo com o doente. Recente-
recem a disseminação das doenças, principalmente as infecciosas e mente, um novo tipo de coronavírus foi descoberto, o 2019-nCoV, o
causadas por vírus. Além dos fatores relacionados ao desempenho qual tem causado mortes e também bastante preocupação.
do setor de saúde, outros fatores podem favorecer a ocorrência Vale salientar que os coronavírus são vírus zoonóticos, ou seja,
dessas doenças, como os fatores demográficos, sociais e políticos, podem ser transmitidos entre o ser humano e outros animais. Po-
fatores econômicos, fatores relacionados às mudanças e adaptação rém, isso não ocorre com todos os coronavírus, sendo conhecidos
dos micro-organismos e os fatores ambientais. alguns tipos que circulam apenas entre os animais.
A forma de ocupação desordenada dos centros urbanos e os
hábitos de suas populações devem ser considerados, pois influen- → Sintomas de doenças causadas pelos coronavírus
ciam a disseminação de doenças infecciosas. A degradação ambien- - Tosse;

231
CIÊNCIAS NATURAIS
- Dificuldade respiratória; Inicialmente, acreditou-se que a doença era transmitida apenas
- Falta de ar; de animais para humanos. Entretanto, após o aumento do número
- Febre. de casos, descobriu-se que a transmissão poderia ocorrer também
de uma pessoa para outra. Os sintomas da infecção causada pelo
Em casos de síndromes respiratórias mais graves, podem ocor- novo coronavírus são: febre, dificuldade respiratória, tosse e falta
rer insuficiência renal e até mesmo morte. de ar. Os casos mais graves podem evoluir para insuficiência renal
e síndrome respiratória aguda grave. Vale destacar que, de acordo
→ Prevenção do coronavírus com uma pesquisa realizada na China, os principais fatores de risco
Para se prevenir de doenças causadas por coronavírus, as prin- para a morte por COVID-19 são a idade avançada e problemas de
cipais medidas são: coagulação.
- Evitar contato próximo com pessoas que apresentam infec- A recomendação para se prevenir da doença é lavar as mãos re-
ções respiratórias; gularmente, fazer a higienização das mãos utilizando álcool em gel
- Lavar bem as mãos; e evitar tocar nos olhos, nariz e boca. Recomenda-se também evitar
- Evitar tocar os olhos, nariz e boca sem ter higienizado as mãos; contato próximo com pessoas com sintomas de doenças respirató-
- Evitar compartilhamento de objetos de uso pessoal, tais como rias. As máscaras só são recomendadas para pessoas com sintomas
copos e talheres; respiratórios, como tosse e dificuldade respiratória, e para profis-
- Evitar contato com animais doentes; sionais de saúde que cuidarão de pessoas com esses sintomas. Caso
- Cozinhar bem ovos e carne. não tenha nenhum sintoma respiratório, o uso da máscara não é
necessário.
→ Síndromes respiratórias agudas graves causadas por coro-
navírus
A Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) e a Síndrome Res- NATUREZA MUTÁVEL E O CONTEXTO DE TRANSFOR-
piratória do Oriente Médio (Mers) são duas ocorrências graves cau- MAÇÕES CONTÍNUAS
sadas pelo coronavírus.
A Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) foi identificada
pela primeira vez na China, em 2002. Essa doença espalhou-se ra- O homem é responsável por muitas das transformações que a
pidamente e causou a morte de mais de 800 pessoas. A epidemia natureza sofre.
global da doença foi controlada em 2003. Os sintomas da Sars são Tudo o que está ao nosso redor advém da natureza. Ela é a
febre, tosse e dificuldade respiratória, evoluindo rapidamente para condição fundamental para a sobrevivência humana, desde seu es-
insuficiência respiratória. Não há casos da doença desde 2004. Hoje tágio natural até a sua transformação executada pela ação humana,
se sabe que a transmissão da doença apresentava relação com ga- a chamada segunda natureza.
tos selvagens que continham o vírus. Todas as modificações ocorridas na natureza são realizadas a
A Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers) foi identifica- partir do trabalho humano, criando assim relações de interdepen-
da pela primeira vez na Arábia Saudita, no ano de 2012. Os sintomas dência social: homem x homem e homem x natureza.
são semelhantes aos de outras doenças causadas por coronavírus, As relações sociais confrontam a convivência humana, pois o
ou seja, febre, tosse e falta de ar. Alguns pacientes também rela- homem, como um ser social, necessita do outro, porque na socie-
taram sintomas gastrointestinais. Hoje se sabe que o vírus ligado dade cada indivíduo cumpre uma função, por mais simples que ela
à Mers tinha nos dromedários um importante reservatório. Esses seja.
animais eram, portanto, os transmissores da doença. Já a relação homem-natureza é realizada em razão da depen-
dência humana dos recursos que a natureza oferece, para que, com
→ Coronavírus (COVID-19) a força de trabalho, a primeira natureza seja transformada em se-
O SARS-CoV-2 é o coronavírus mais recentemente descoberto. gunda.
Inicialmente recebeu a denominação de 2019-nCoV, mas, no dia 11 A interferência do homem na natureza é indispensável para a
de fevereiro de 2020, passou a ser chamado de SARS-CoV-2. O vírus continuidade do funcionamento da sociedade, mas por outro lado
foi isolado no dia 7 de janeiro de 2020 e detectado primeiramen- é preciso lembrar que a natureza e seus recursos são esgotáveis e
te na cidade chinesa de Wuhan. Antes dessa identificação, a China que ela necessita de respeito e cuidados especiais. Por vezes perce-
já havia informado a Organização Mundial de Saúde, no dia 31 de bemos que o homem esquece que faz parte da natureza.
dezembro de 2019, da ocorrência de uma pneumonia de causa des-
conhecida.
A primeira morte ocorrida em decorrência desse novo vírus A TECNOLOGIA A SERVIÇO DO DESENVOLVIMENTO
aconteceu no dia 11 de janeiro de 2020. Rapidamente a doença, SOCIAL E DA MANUTENÇÃO DA VIDA NO PLANETA
que ficou conhecida por COVID-19, alastrou-se pelo planeta. Em
março de 2020, todos os continentes já haviam sido afetados. Isso
levou a OMS a declarar, no dia 11 de março de 2020, que a CO-
VID-19 é, sim, uma pandemia. Inovações tecnológicas que proporcionam (ou vão proporcio-
Até o dia 31 de março de 2020, foram registrados pela OMS nar) diversos benefícios para o meio ambiente:
44.494 mil mortes decorrentes da doença e 846.576 mil casos con-
firmados. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, até o 1. Tecnologia da Informação
dia 31 de março, 5.717 casos foram confirmados pelo Ministério O uso de satélites combinado à popularização da internet per-
da Saúde e 201 mortes ocorreram no país até a data. No mundo, a mitiu que pessoas de todo o mundo evitassem deslocamentos, an-
letalidade do vírus é de cerca de 4,7%. tes vistos como imprescindíveis. O próprio uso do GPS e de outros
aplicativos de geolocalização contribuem de maneira decisiva para
a redução da emissão de CO2.

232
CIÊNCIAS NATURAIS
“Na área da agricultura, a utilização desses softwares ajuda na Dimensões
diminuição do uso de insumos, fertilizantes e pesticidas. Também é O conceito de tecnologia social pode ser desdobrado em qua-
possível economizar diversas etapas no processo de plantio, o que tro dimensões fundamentais, que não apenas definem melhor o
significa menos gases lançados na atmosfera”, explica José Maria da que é e o que compreende a tecnologia social, como balizam seu
Silveira, professor do Instituto de Economia da Unicamp. desenvolvimento.
A primeira dimensão é a do conhecimento, na qual a tecnologia
2. Energia Solar social se pauta em partir de problemas sociais, ser feita de forma
A energia elétrica é imprescindível para facilitar a vida das organizada e sistematizada e trazer inovação para comunidades.
pessoas. No entanto, sua produção pode representar uma agres- Em seguida, há a dimensão de participação, cidadania e de-
são considerável ao meio ambiente, tanto no caso das termoelé- mocracia: a tecnologia social adota metodologia participativa e de-
tricas, que utilizam a queima de combustíveis fósseis, como no das mocrática, enfatiza a cidadania e impulsiona sua disseminação no
hidrelétricas, que geram enormes impactos na região onde são ambiente em que está inserida.
instaladas (embora grandes avanços também estejam reduzindo o A terceira dimensão é a da educação: a tecnologia social realiza
impacto dessas fontes). um processo pedagógico, desenvolvendo pontes entre saberes po-
Por ser uma energia abundante e inesgotável, a energia solar pulares e científicos.
mostra-se uma ótima opção para a universalização da eletricidade. Por fim, há a dimensão da relevância social, visto que a tecno-
Pelo seu clima propício em nosso país, a previsão é que em alguns logia social sempre busca a eficácia na solução de problemas co-
anos as placas solares tornem-se algo comum nos domicílios e até munitários, é ambientalmente sustentável e visa a transformação
que pequenos investidores “vendam” esse tipo de energia. da sociedade.

3. Biocombustíveis Aplicações
Ainda no ramo de fontes de energia sustentáveis, o Brasil apre- A tecnologia social tem uma série de aplicações possíveis: da
senta uma produção significativa de etanol. “O cultivo de cana de segurança alimentar à inclusão de pessoas com deficiência, ela
açúcar cresceu bastante nos últimos tempos. São mais de 400 usi- pode causar profundas transformações em diversos nichos sociais,
nas sucroalcooleiras em todo o país”, ressalta Anapatrícia Morales áreas e segmentos.
Vilha. Não se trata de tecnologias desconhecidas ou difíceis de imagi-
Além de ser uma fonte renovável de energia, a produção de nar; muitas vezes, a tecnologia social é algo essencialmente simples
etanol a partir da cana apresenta uma balanço nulo de produção de de ser implantado, justamente para facilitar sua implementação e
CO2. Isso porque durante sua fase de crescimento, a planta seques- replicação em meios com poucos recursos técnicos e financeiros.
tra a mesma quantidade de gás emitido durante a fase de fabrica- Um bom exemplo de tecnologia social simples e facilmente re-
ção e utilização do combustível. produtível é o soro caseiro, que, feito com três ingredientes de fácil
acesso, ajuda enormemente a prevenir desidratação e deficiências
4. Tratamento da água minerais em algumas situações, e vem sendo usado largamente há
O uso de tecnologia para a purificação de águas residuais é uma décadas no Brasil.
das principais tendências do momento. De acordo com o grupo* de Aumentando um pouco o nível de complexidade, podemos
docentes da Unicamp, um bom exemplo refere-se à utilização de citar também as cisternas de placas para regiões sem chuvas, ca-
processos oxidativos avançados no tratamento de esgotos, capaz de ta-vento de PVC que gera energia eólica, técnicas de recuperação
promover a degradação de vários poluentes, resultando, assim, em artesanal de nascentes de rios, entre outros.
uma água de excelente qualidade. Os temas possíveis para a tecnologia social são inúmeros: ali-
mentação, educação, desenvolvimento local, agricultura familiar,
Tecnologias sociais economia solidária, igualdade e reparação social, moradia popu-
As inovações tecnológicas são parte da nossa realidade; da uni- lar… em todos os espaços há lugar para o desenvolvimento de tec-
versidade ao setor empresarial, é cada vez mais imperativo investir nologias sociais.
em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, o que pode se apli-
car a todo tipo de finalidade. Em todos os lugares
No entanto, cresce cada vez mais o desenvolvimento de um ni- Podendo contar com diferentes atores – empresas, cooperati-
cho específico de tecnologia: a tecnologia social, voltada para pro- vas, associações civis, comunidades, poder público e instituições de
vocar transformações positivas na vida de quem mais precisa delas. ensino são alguns exemplos – , a tecnologia social atrai todo tipo de
interessados.
Conceito É muito comum que as tecnologias sociais sejam objetivos de
Embora esteja intrinsecamente ligado à própria história da pesquisa e desenvolvimento de universidades, em projetos para
tecnologia em si, o conceito de tecnologia social só foi claramen- apoiar comunidades e resolver problemas, mas a iniciativa privada
te definido há aproximadamente duas décadas, por entidades que também investe na área.
trabalhavam com o tema e o então nascente Instituto de Tecnologia O investimento de empresas em tecnologias sociais representa
Social (ITS). não apenas uma contrapartida social, mas também um importante
Segundo o próprio ITS, a tecnologia social é qualquer “conjun- ganho de imagem e até mesmo uma forma de gerar novos negó-
to de técnicas, metodologias transformadoras, desenvolvidas e/ou cios para as corporações, que se mantém cada vez mais atentas ao
aplicadas na interação com a população e apropriadas por ela, que tema.
representam soluções para inclusão social e melhoria das condições Comunidades de todos os tipos também têm se interessado
de vida”. em buscar parceiros para o desenvolvimento de tecnologias sociais,
Ou seja: a tecnologia social é aquela que tem o objetivo primor- a fim de resolver problemas que enfrentam. Em suma, diversos ato-
dial de transformar uma realidade social, ao contrário da tecnologia res contracenam no cenário da tecnologia social de maneira cada
convencional, normalmente atrelada a processos que objetivam a vez mais ativa.
geração de lucro.

233
CIÊNCIAS NATURAIS
Uma das etapas da preparação do couro de tilápia é a esteri-
lização por meio de radiação ionizante de bombas de cobalto 60.
QUESTÕES Esse átomo neutro possui
(A) 60 nêutrons.
(B) 33 nêutrons.
1. (FCC - Professor B (SEDU ES)/Ensino Fundamental e Médio/ (C) 30 nêutrons.
Química/2022) O modelo atômico de Dalton foi adequado para ex- (D) 33 elétrons.
plicar satisfatoriamente: (E) 60 elétrons.
I. as leis ponderais de Lavoisier e Proust.
II. os experimentos de Faraday sobre eletrólise. 5. (FCC - Químico (SABESP)/2018) O elemento com número
III. a radioatividade natural do elemento urânio. atômico 53 está classificado na tabela periódica como
Está correto o que consta APENAS de (A) halogênio.
(A) I. (B) metal alcalino terroso.
(B) II. (C) calcogênio.
(C) III. (D) gás nobre.
(D) I e II. (E) elemento de transição.
(E) II e III.
6. (FCC - Químico (SABESP)/2018) A ocorrência de um fenôme-
2. (FCC - Professor (SEC BA)/Padrão P/Ciências da Natureza: no químico é a
Química/2018) (A) separação das frações de petróleo.
Entre os cientistas relacionados abaixo, o primeiro a propor um (B) dissolução de nitrato de sódio em água.
modelo atômico que considerava a natureza elétrica dos átomos foi (C) formação de vapor violeta quando cristais de iodo são aque-
(A) Dalton. cidos.
(B) Mendeleev. (D) efervescência de um comprimido de antiácido na água.
(C) Lavoisier. (E) trituração de carvão para obtenção de carvão ativo.
(D) Thomson.
(E) Rutherford. 7. (FCC - Engenheiro (SABESP)/Química/2014) O mol é a unida-
de de medida fundamental e amplamente utilizada no preparo de
3. (FCC - Vestibular (UNILUS)/Medicina/2021/”2022”) soluções. Um mol representa
O nióbio é o elemento químico que ocupa o número 41 da ta- (A) uma medida de densidade molecular.
bela periódica, acima do tântalo e ao lado do molibdênio. Assim (B) a unidade padrão de massa atômica de uma molécula ou
como estes, o nióbio oferece características especiais ao aço e a átomo.
outras ligas metálicas. Bastam 100 gramas para fazer com que 1 to- (C) o número de equivalentes-grama por litro nas condições
nelada de aço fique mais resistente, maleável ou condutor. ideais de pressão e temperatura.
O nióbio, no estado fundamental, possui ....I.... elétrons. Na ta- (D) a quantidade de matéria de um sistema que contém tan-
bela periódica, está no grupo do elemento ....II.... e no período do tas entidades elementares quantos são os átomos contidos em
elemento ....III.... . 0,012 quilograma de carbono 12.
As lacunas I, II e III são preenchidas correta e respectivamente (E) uma relação entre massa e volume.
por:
(A) 41 − tântalo − molibdênio 8. (FCC - Professor de Educação Básica (SEE MG)/Nível I Grau A/
(B) 41 − molibdênio − tântalo Química/2012) São exemplos de transformações químicas:
(C) 40 − tântalo − molibdênio (A) formação de orvalho, formação da ferrugem, cozimento
(D) 40 − molibdênio − molibdênio dos alimentos.
(E) 40 − tântalo − tântalo (B) sublimação do iodo, fusão do enxofre, amadurecimento de
uma fruta.
4. (FCC - Professor (SEC BA)/Padrão P/Ciências da Natureza: (C) aquecimento de um fio de platina, queima de uma fita de
Química/2018) magnésio, pulverização do sal de cozinha.
(D) queima de uma fita de magnésio, amadurecimento de uma
fruta, cozimento dos alimentos.

9. (FCC - Professor de Educação Básica (PM MG)/Química/2012)


São exemplos de transformações químicas:
(A) formação de orvalho, formação da ferrugem, cozimento
dos alimentos.
(B) sublimação do iodo, fusão do enxofre, amadurecimento de
uma fruta.
(C) aquecimento de um fio de platina, queima de uma fita de
magnésio, pulverização do sal de cozinha.
(D) queima de uma fita de magnésio, amadurecimento de uma
fruta, cozimento dos alimentos.

234
CIÊNCIAS NATURAIS
10 (FCC - Professor B (SEDU ES)/Química/2016) N2 é o gás at- 14. (FCC - Operador Transporte Metroviários (METRO SP)/2016)
mosférico mais abundante da atmosfera, porém, por sua estabili- Um cilindro, com pistão móvel sem atrito, contém 6,0 L de hidrogê-
dade, animais e a maioria das plantas não conseguem metaboli- nio, à pressão de 1,0 atm e temperatura de 27 °C. O gás sofre uma
zá-lo. Uma maneira de transformar o nitrogênio da natureza num transformação até que a pressão resulte 0,5 atm e a temperatura
elemento aproveitável pelas plantas é o que as fábricas de fertili- passe a 177 °C.
zantes fazem, por exemplo, quando produzem o sulfato de amônio, Neste novo estado, o volume do gás é, em L,
(NH4)2SO4. As ligações químicas que formam o gás nitrogênio e o íon (A) 36.
amônio são, respectivamente, (B) 18.
(A) iônica e iônica. (C) 2,0.
(B) covalente apolar e covalente polar. (D) 3,0.
(C) covalente apolar e iônica. (E) 9,0.
(D) iônica e covalente apolar.
(E) covalente polar e covalente apolar. 15. (FCC - Perito (DPT BA)/Técnico de Polícia Civil/2014) Foi ti-
rada a radiografia do pé de um atleta. Verifica-se que as regiões
11. (FCC - Professor (SEC BA)/Padrão P/Ciências da Natureza: correspondentes aos ossos são claras. Isto se deve ao fato de que,
Física/2018) Isaac Newton, em seu famoso livro Philosophiae Na- nos corpos constituídos por átomos mais pesados, os raios X sofrem
turalis Principia Mathematica, enuncia a segunda lei da mecânica (A) maior absorção.
afirmando que a variação da quantidade de movimento de um ob- (B) menor absorção.
jeto é proporcional à força motora imprimida a ele. Hoje, no Ensino (C) maior reflexão.
Médio, enuncia-se essa lei afirmando que a resultante das forças (D) menor reflexão.
aplicadas a um objeto puntiforme é igual ao produto de sua massa (E) difração.
pela aceleração por ele adquirida.
Essas duas afirmações só são equivalentes quando a 16.(FCC - Professor Substituto (Pref Santos)/Geografia/Ensino
(A) resultante das forças aplicadas ao objeto é constante. Fundamental II/2005) O brasileiro precisaria reduzir o lixo na ca-
(B) aceleração adquirida pelo objeto é constante. beça, mudar seus hábitos culturais. Será que eu preciso comprar
(C) massa do objeto não varia. tomate em lata? Será que eu preciso de tanta roupa de grife? Preci-
(D) velocidade do objeto aumenta. samos repensar nosso modelo de vida.
(E) resultante das forças aplicadas e a aceleração do objeto têm (Maurício Waldman in www.dgabc.com.br/Setecidades/Seteci-
mesma direção. dades0.idc?conta1=308855, acessado em 19/11/2005)
De acordo com o texto, a prática ecológica
12. (FCC - Controlador de Sistemas de Saneamento (SA- (A) é incompatível com a vida urbana, baseada no consumo de
BESP)/2018) A ausência de movimento é um caso especial de ace- bens.
leração nula, ou seja, pelas Leis de Newton, uma situação em que (B) deve centrar-se no esforço de educação ambiental para o
todas as forças que atuam sobre um corpo se equilibram. Portanto, consumo.
a soma vetorial de todas as forças que agem sobre o corpo deve (C) deve envolver também mudanças na esfera particular e
ser nula. subjetiva (cultural).
A definição supracitada refere-se ao ramo da física denomina- (D) é essencialmente ideológica, pois os problemas são indivi-
do duais.
(A) eletromagnetismo. (E) visa combater o atraso cultural por trás de nossas formas
(B) termodinâmica. de consumo.
(C) mecânica dos fluidos.
(D) ondulatória. 17.(FCC - Professor B (SEDU ES)/Ensino Fundamental e Médio/
(E) estática. Biologia Ciências/2022) De acordo com o princípio de Gause, duas
espécies podem ter o/a mesmo/a ...I... mas nunca o mesmo ...II... .
13.(FCC - Professor B (SEDU ES)/Ensino Fundamental e Médio/ Preenchem, correta e respectivamente, as lacunas I e II:
Física/2022) Em um calorímetro de capacidade térmica 30 cal/ºC, (A) habitat e nicho
que contém 1,0 kg de água, ambos a 30 °C, coloca-se 600 g de gelo, (B) população e nível trófico
inicialmente a –20 °C. (C) nicho e habitat
Dados: (D) população e habitat
Calor especifico da água 1,0 cal/g .°C (E) nicho e nível trófico
Calor especifico do gelo 0,5 cal/g .°C
Calor latente de fusão do gelo 80 cal/g 18.(FCC - Biólogo (SABESP)/2018) Entre as tendências espera-
Desprezando as perdas de calor, após o equilíbrio térmico tem- das em um processo de sucessão ecológica cita-se o aumento
-se que (A) da razão produção/respiração como resultado do investi-
(A) a temperatura final é de 8 °C. mento em manutenção de biomassa.
(B) o módulo do calor cedido pelo calorímetro de 30 a 0 °C foi (B) do número de interações interespecíficas em virtude do au-
1.900 cal. mento do número de indivíduos.
(C) o gelo necessitou de 6.000 cal para se fundir totalmente. (C) da energia direcionada à reprodução, visto que o tamanho
(D) a temperatura final de 0 °C, com aproximadamente 311,2 dos indivíduos tende a aumentar.
g de gelo. (D) da exportação de material, uma vez que há maior quantida-
(E) a temperatura final de 0 °C, com aproximadamente 1.311,2 de de biomassa no sistema.
g de água líquida. (E) da diversidade de espécies, refletindo tanto aumento de ri-
queza como de equitatividade.

235
CIÊNCIAS NATURAIS
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GABARITO
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1 A
2 D ______________________________________________________

3 A ______________________________________________________
4 B ______________________________________________________
5 A
______________________________________________________
6 D
7 D ______________________________________________________
8 D ______________________________________________________
9 D
______________________________________________________
10 B
______________________________________________________
11 C
12 E ______________________________________________________
13 E ______________________________________________________
14 B
______________________________________________________
15 A
16 C ______________________________________________________
17 A ______________________________________________________
18 E
______________________________________________________

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ANOTAÇÕES
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236
ATUALIDADES (DIGITAL)

e mercadorias disponibilizados em praticamente todas as partes do


GLOBALIZAÇÃO: CONCEITOS, EFEITOS E IMPLICAÇÕES planeta. As fábricas, em muitos casos, migram das sociedades in-
SOCIAIS, ECONÔMICAS, POLÍTICAS E CULTURAIS dustrializadas para os países periféricos em busca de mão de obra
barata, matérias-primas acessíveis e, claro, maior mercado consu-
Quando falamos em geografia politica e econômica, pensamos midor, isso sem falar na redução ou isenção de impostos.
em globalização. Outro efeito da Globalização foi a formação dos mercados re-
Uma das características da globalização é a crescente integra- gionais, por meio dos blocos econômicos. Esses acordos entre os
ção econômica em escala planetária, devido ao aumento das trocas países facilitaram os processos de negociação para aberturas eco-
comerciais e financeiras, que consolida a formação de um mercado nômicas e entrada de pessoas e bens para consumo.
mundial influenciado pelas empresas transnacionais.
Nesse contexto, ganhou notoriedade a Organização Mundial Apesar de amplamente difundida, há muitos protestos e críti-
do Comércio (OMC), instituição internacional que visa fiscalizar e cas à globalização, sobretudo ressaltando os seus pontos negativos.
regulamentar o comércio mundial. As principais posições defendem que esse processo não é democrá-
A globalização é o processo de interligação e interdependência tico, haja vista que os produtos, lucros e desenvolvimentos ocorrem
entre as diferentes sociedades e resulta em uma intensificação das predominantemente nos países desenvolvidos e nas elites das so-
relações comerciais, econômicas, políticas, sociais e culturais entre ciedades, gerando margens de exclusão em todo o mundo. Críticas
países, empresas e pessoas. Esse fenômeno é possibilitado pelo também são direcionadas à padronização cultural ou hegemoniza-
avanço das técnicas, com destaque para os campos das telecomuni- ção de valores, em que o modo de vida eurocêntrico difunde-se no
cações e dos transportes. cerne do pensamento das sociedades.
A expressão “globalização” foi criada na década de 1980. No De toda forma, a Globalização está cada vez mais consolidada
entanto, não podemos dizer que ela seja um processo recente, uma no mundo atual, embora existam teóricos que, frequentemente, re-
vez que teria se iniciado ao longo dos séculos XV e XVI, com a ex- afirmam a sua reversibilidade, sobretudo em ocasiões envolvendo
pansão ultramarina europeia, que iniciava uma era de integração revoltas contra o seu funcionamento ou o próprio colapso do sis-
plena entre o continente europeu e as demais partes do planeta. tema financeiro. O seu futuro, no entanto, ainda está à mercê não
Por outro lado, foi apenas na segunda metade do século XX que tão somente das técnicas e da economia, mas também dos eventos
esse fenômeno encontrou a sua forma mais consolidada. políticos que vão marcar o mundo nas próximas décadas.
Podemos dizer que o mundo só alcançou o nível atual de inte- O Enem apresenta uma tendência de abordar temas que pos-
gração graças aos desenvolvimentos realizados, como já dissemos, suam certa atualidade, ou seja, que se relacionem com eventos ou
no âmbito dos transportes e das comunicações. Esses meios são acontecimentos que sejam de relevância para o contexto atual da
importantes por facilitarem o deslocamento e a rápida obtenção de sociedade. Por esse motivo, além de estudar os temas básicos da
informações entre pontos remotos entre si. Tais avanços, por sua Geografia, é preciso sempre estar informado através do acompa-
vez, ocorreram graças à III Revolução Industrial, também chamada nhamento de notícias tanto na mídia televisiva quanto na impressa
de Revolução técnico-científica informacional, que propiciou o de- e, também, na internet.
senvolvimento de novas tecnologias, como a computação eletrôni- Nesse sentido, a Globalização emerge como um dos principais
ca, a biotecnologia e inúmeras outras formas produtivas. temas a serem abordados pela banca examinadora, haja vista que
Outro fator que também pode ser tido como uma das causas todos os seus conceitos e efeitos podem ser visualizados direta ou
da Globalização é o desenvolvimento do Capitalismo Financeiro, a indiretamente nas sociedades do mundo contemporâneo. Portan-
fase do sistema econômico marcada pela fusão entre empresas e to, a globalização no Enem é uma oportunidade de compreender as
bancos e pela divisão das instituições privadas em ações. Hoje em relações geopolíticas e sociais à luz dos estudos da Geografia.
dia, o mercado financeiro, por meio das bolsas de valores, operam A globalização é, de modo geral, vista como o processo de
em redes internacionais, com empresas de um país investindo em integração e inter-relação mundial envolvendo a economia, a cul-
vários lugares, alavancando o nível de interdependência econômi- tura, a informação e, claro, os fluxos de pessoas. Esse fenômeno
ca. instrumentaliza-se pela difusão e avanço dos meios de transporte
A título de comparação, a carta de Pero Vaz de Caminha ao rei e comunicação, haja vista que regiões distantes, antes tidas como
de Portugal sobre o descobrimento do Brasil levou alguns meses isoladas umas das outras, integram-se plenamente.
para chegar ao seu destino. Em 1865, o assassinato do presidente O termo Globalização, apesar de ser considerado por muitos
dos Estados Unidos, Abraham Lincon, foi informado duas semanas um processo gradativo que se iniciou com a expansão marítima eu-
depois na Europa. Já em 11 de setembro de 2001, os atentados ter- ropeia, difundiu-se no meio intelectual apenas a partir da década
roristas às torres gêmeas do World Trade Center foram acompanha- de 1980. Assim, a sua consolidação ocorreu na segunda metade do
dos em tempo real, com o mundo vendo ao vivo o desabamento século XX em diante, com a difusão do neoliberalismo, a propaga-
dos prédios. ção de tecnologias, a integração econômica e comercial entre os
Um dos mais notáveis efeitos da Globalização é, sem dúvidas, países, a formação e expansão dos blocos econômicos e o fortale-
a formação e expansão das multinacionais, também conhecidas cimento das instituições internacionais, tais como a OTAN e a ONU.
como empresas globais. Essas instituições possuem seus serviços

237
ATUALIDADES (DIGITAL)
Além disso, os principais agentes da globalização são, sem dúvidas, No entanto, os deslocamento de pessoas pode gerar o ódio ao
as empresas transnacionais, também conhecidas como multinacio- estrangeiro, a xenofobia. Do mesmo modo, narcotraficantes e ter-
nais ou globais. roristas têm o acesso à tecnologia e a utilizam para cometer seus
crimes.
Globalização e Economia
Agropecuária

Sistemas Agrícolas
Sistemas agrícolas são classificações utilizadas para a produção
agrícola e pecuária. Há dois sistemas, o intensivo e o extensivo.
Para definir se o sistema agrícola é intensivo ou extensivo são
considerados os pontos da produção em qualquer tamanho de pro-
priedade.
O sistema é revelado por resultados como a produtividade por
hectare e o investimento na produção.

Sistema Intensivo
No modelo da agricultura brasileira, o sistema intensivo é o
mais praticado. Por ele, são aplicadas técnicas modernas de previ-
são que englobam o preparo do solo, a forma de cultivo e a colheita.
A produtividade não está somente no rendimento obtido dire-
Os países dominam as grandes empresas ou as grandes empresas to do solo, mas do seu redimensionamento para resultar na maior
dominam os países? produção possível por metro quadrado (a chamada produtividade
média por hectare).
As empresas transacionais que comercializam no mundo todo No período de colheita, as perdas são equacionadas para que
são os principais agentes da globalização econômica. atinjam o mínimo. O mesmo vale para o armazenamento.
É certo que ainda falamos de governo e nação, no entanto, es- Esse sistema é criticado porque agride o meio ambiente por
tes deixaram de representar o interesse da população. Agora, os conta de fatos como: desmatamento para implantação de mono-
Estados defendem, sobretudo, as empresas e bancos. culturas ou pasto, uso de agrotóxicos, erosão e empobrecimento do
Na maior parte das vezes são as empresas americanas, euro- solo após sucessivos plantios.
peias e grandes conglomerados asiáticos que dominam este pro-
cesso. Sistema Extensivo
O sistema extensivo é o que menos agride o meio ambiente. É
Globalização e Neoliberalismo o sistema tradicional em que são utilizadas técnicas rudimentares
A globalização econômica só foi possível com o neoliberalis- que garantem a recuperação do solo e a produção em baixa escala.
mo adotado nos anos 80 pela Grã-Bretanha governada por Mar- Em geral, o sistema extensivo é usado pelo modelo denomina-
garet Thatcher (1925-2013) e os Estados Unidos, de Ronald Reagan do agricultura familiar e, ainda, pela agricultura orgânica.
(1911-2004). No primeiro, a produção é destinada à subsistência e somen-
O neoliberalismo defende que o Estado deve ser apenas um te o excedente é vendido. Há o uso de agrotóxicos, mas em baixa
regulador e não um impulsor da economia. Igualmente aponta a escala.
flexibilidade das leis trabalhistas como uma das medidas que é pre- Já o modelo de agricultura orgânica dispensa o uso de agrotóxi-
ciso tomar a fim de fortalecer a economia de um país. cos, privilegia alimentos saudáveis e permite a exploração racional
Isto gera uma economia extremamente desigual onde somente do solo.
os gigantes comerciais tem mais adaptação neste mercado. Assim,
muita gente fica para trás neste processo. Agricultura moderna
A agricultura moderna faz uso de várias tecnologias, como os
Globalização e Exclusão tratores, colhedeiras, ceifadeiras, adubo, fertilizantes, etc. Além
Uma das faces mais perversas da globalização econômica é a disso, também seleciona sementes modificadas geneticamente. No
exclusão. Isto porque a globalização é um fenômeno assimétrico e entanto, ela não se limita ao uso de máquinas; há também uso de
nem todos os países ganharam da mesma forma. biotecnologia.
Um dos grandes problemas atuais é a exclusão digital. Aqueles Ela se baseia no aumento da sua produção à medida em que
que não têm acesso às novas tecnologias (smartphones, computa- incrementa tecnologia. Isso nos leva ao importante conceito de pro-
dores) estão condenados a ficarem cada vez mais isolados. dutividade agrícola, que se diferencia de produtividade industrial. O
primeiro é a relação entre a produção realizada e a área cultivada.
Globalização Cultural Quando falamos de geografia agrária, podemos aumentar a produ-
Toda essa movimentação populacional e também financeira tividade sem aumentar a área plantada.
acaba provocando mudanças culturais. Uma delas é a aproximação Esse tipo de agricultura é capitalizada, baseada em grandes
entre culturas distintas, o que chamamos de hibridismo cultural. investimentos. Por isso, a forma mais concreta de se falar em geo-
Agora, através da internet, se pode conhecer em tempo real grafia agrária moderna é através dos famosos complexos agroindus-
costumes tão diferentes e culturas tão distantes sem precisar sair triais. Existe uma troca constante entre a indústria tecnológica e a
de casa. agropecuária, na qual a primeira oferece tecnologia e a outra ajuda
com capital. Por fim, ainda temos o sistema financeiro, responsável
por bancar toda essa cadeia produtiva.

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ATUALIDADES (DIGITAL)
Agricultura tradicional Os maiores rebanhos de suínos no planeta estão na China, Es-
Ao contrário da agricultura moderna, a agricultura tradicional tados Unidos, Rússia e Brasil.
faz uso de métodos ultrapassados e de mão de obra em larga esca-
la. No entanto, há um caso particular, cujo o uso extenso de mão Tipos de criação caprina
de obra na versão moderna é necessário, que é a fruticultura. Se ti- - Extensiva - criação de cabras para a produção de carne, mais
vermos uma produção agrícola de fruticultura, nos dois casos serão comum em regiões de relevo acidentados e de climas semiáridos
empregadas muita mão de obra, uma vez que certas partes dessa ou áridos.
produção não podem ser mecanizadas, por exemplo, a colheita das - Intensiva - produção estabulada de cabritos para o aproveita-
frutas. mento da pele e da carne e de cabras fornecedoras de leite.
Outra diferença em relação à agricultura moderna, é que na A China, a Índia e a Itália são os grandes produtores.
tradicional é necessário incorporar terras para aumentar a produ-
ção. Então, tal tipo de é considerada de baixa produtividade e capaz Tipos de criação asinina
de gerar tantos impactos ambientais quanto a moderna. A agricul- - Extensiva - jumentos e jegues destinados para corte ou para o
tura tradicional é típica dos países em desenvolvimento, o que não uso na tração animal (carroças puxadas por jumentos são um exem-
significa que não seja praticada na geografia agrária dos países de- plo de tração animal).
senvolvidos. O mesmo ocorre com a moderna; embora seja pratica- - Intensiva - para selecionar reprodutores.
da mais amplamente nos países desenvolvidos, também é praticada
em menor escala em alguns países em desenvolvimento. Tipos de criação equina
- Extensiva - criação de éguas e cavalos para tração, montaria
Pecuária ou corte.
Na pecuária, o rendimento também é avaliado para definir o - Intensiva - estabulada e com o propósito de selecionar e pre-
sistema aplicado. Da mesma maneira que ocorre com a agricultura, parar éguas e cavalos para atividades esportivas (“corrida de cava-
o modo de produção intensivo é direcionado para resultados ele- lo” e “partidas de polo”).
vados.
A produção de gado pode ser a pasto ou em sistema de confi- Muares
namento e a densidade de cabeças deve ser a maior possível. Burros e bestas ou mulas originadas pelo cruzamento entre
Para melhor desempenho da produção pecuária são avaliados equinos e asininos.
os investimentos em: qualidade do solo, rendimento do pasto, con-
formação de carcaça (quando o gado de corte oferece maior quan- Avicultura
tidade de carne), oferta de leite e genética de qualidade. É a criação de aves para o corte e para a produção de ovos.
Nas áreas rurais de quase todos os países do globo são criados gali-
Tipos de pecuária nhas e frangos, gansos, marrecos, codornas, perus e patos. O mais
Denomina-se de pecuária a criação e reprodução de animais importante rebanho de aves, quantitativamente e quanto ao valor
com finalidades econômicas. Os animais assim criados e reproduzi- econômico, consiste nos galináceos (frangos e galinhas).
dos são conhecidos como gado.
Diversos são os tipos de gado: os bovinos, os ovinos, os suínos, Tipos de criação galinácea
os caprinos, os asininos, os equinos e os muares. - Extensiva - destinada ao corte sendo a carne consumida pelo
próprio produtor ou enviada para frigoríficos com a objetivo de
Tipos de criação bovina aproveitamento econômico.
- Extensiva - gado solto nas pastagens onde são criados novi- - Intensiva - criação feita em granjas e fundamentalmente vol-
lhos e engordados o “gado de corte”, bois que servem para a produ- tada para a produção de ovos.
ção de carnes para mercado.
- Intensiva - gado criado em estábulos, normalmente vacas Outras atividades
para a produção de leite. Na criação intensiva, a utilização de rações Piscicultura - criação e reprodução de peixes e crustáceos em
adequadas e os cuidados veterinários possibilitam a inseminação cativeiro (no Chile, destaca-se a criação de salmão; no Brasil está
artificial e a seleção de touros e de raças. bastante difundida a criação de trutas).
Os maiores rebanhos bovinos do mundo estão localizados na Sericicultura - criação de casulos de bichos-da-seda, ampla-
Índia, nos Estados Unidos, na Rússia, no Brasil, na Austrália e na mente praticada na Ásia (China, Japão, República da Coreia ou Co-
Argentina. reia do Sul e na República Democrática da Coreia ou Coreia do Nor-
Um tipo de gado bovino muito produzido hoje é o búfalo, prin- te, os maiores produtores mundiais de seda).
cipalmente na Índia, na China, no Paquistão e nos Estados Unidos.
Estrutura agrária
Tipos de criação ovina A expressão estrutura agrária é usada em sentido amplo, signi-
- Intensiva - criação de ovelhas para a produção de lã, principal- ficando a forma de acesso à propriedade da terra e à exploração da
mente na Austrália, na Nova Zelândia e na Rússia. mesma, indicando as relações entre os proprietários e os não pro-
- Extensiva - ovelhas de corte para a produção de carne. prietários, a forma como as culturas se distribuem pela superfície
da Terra (morfologia agrária) e como a população se distribui e se
Tipos de criação suína relaciona aos meios de transportes e comunicações (habitat rural).
- Extensiva - criação de porcos para a produção de banha e de A estrutura agrária são as características do espaço que são:
carnes para consumo do próprio produtor. Nesse tipo de criação, Estrutura fundiária- concentração de terras(muitas terras pouco uti-
pouco são os cuidados técnicos e com a higiene. lizada) Produção agrícola- exportação no caso do Brasil Relações de
- Intensiva - porcos estabulados com cuidados científicos e mui- trabalho- mão de obra , máquinas fazendo o trabalho que um dia
ta higiene; destinados a produção de couro e carnes para indústrias foi feito pelo homem
e frigoríficos.

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ATUALIDADES (DIGITAL)
A Fome no mundo – Produção, distribuição e consumo volução Industrial, mas - e sobretudo - ao imperativo dos negócios.
de alimentos A tremenda crise de 1929 teve tamanha amplitude justamente por
Em várias partes do mundo persistem os problemas de saúde ser resultado de um mundo globalizado, ou seja, ocidentalizado,
ligados à falta de alimentos. Segundo a Organização Mundial de face à expansão do Capitalismo. E o papel da informação mundia-
Saúde (OMS) a subnutrição ainda é causa indireta de cerca de 30% lizada foi decisivo na mundialização do pânico. Ao entrarmos nos
das mortes de crianças no mundo. Afetando o desenvolvimento fí- anos 80/90, o Capitalismo, definitivamente hegemônico com a ru-
sico e mental de milhões de crianças, a subalimentação também ína do chamado Socialismo Real, ingressou na etapa de sua total
compromete seu desenvolvimento intelectual e profissional, dimi- euforia triunfalista, sob o rótulo de Neo-Liberalismo. Tais são os
nuindo o número de cidadãos preparados para contribuir com o nossos tempos de palavras perfumadas: reengenharia, privatização,
desenvolvimento de seus países. economia de mercado, modernidade e - metáfora do imperialismo
Este é o ciclo vicioso a que são condenadas regiões pobres em - globalização.
todo o mundo: falta de acesso a alimentos gera subnutrição. Esta A classe trabalhadora, debilitada por causa do desemprego,
prejudica o desenvolvimento intelectual e profissional de parte resultante do maciço investimento tecnológico, ou está jogada no
da população. Na falta de cidadãos preparados, o crescimento da desamparo , ou foi absorvida pelo setor de serviços, uma econo-
economia fica comprometido e desta forma não geram-se menos mia fluida e que não permite a formação de uma consciência de
recursos para produzir ou comprar alimentos para toda a população classe. O desemprego e o sucateamento das conquistas sociais de
– principalmente aquela mais necessitada. Por isso, é preciso que os outros tempos, duramente obtidas, geram a insegurança coletiva
países detentores de tecnologia agrícola desenvolvida atuem nes- com todas as suas mazelas, em particular, o sentimento de impo-
tes países na transferência de conhecimentos. tência, a violência, a tribalização e as alienações de fundo místico
A fome ainda presente no século XXI não é por falta de alimen- ou similares. No momento presente, inexistem abordagens racio-
tos. A produção mundial de comida é suficiente para abastecer os nais e projetos alternativos para as misérias sociais, o que alimenta
atuais 7,3 bilhões de habitantes da Terra. Se parte da população irracionalismos à solta.
dos países menos desenvolvidos não tem acesso a quantidades su- A informação mundializada de nossos dias não é exatamente
ficientes de comida, isto se deve a fatores como insuficiente pro- troca: é a sutil imposição da hegemonia ideológica das elites. Cria
dução local; falta de recursos do país para adquirir alimentos no a aparência de semelhança num mundo heterogêneo - em qual-
mercado internacional; e elevação dos preços internacionais devido quer lugar, vemos o mesmo McDonald`s, o mesmo Ford Motors, a
a ações especulativas, entre outros. mesma Mitsubishi, a mesma Shell, a mesma Siemens. A mesma in-
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricul- formação para fabricar os mesmos informados. Massificação da in-
tura (FAO) alerta que a população mundial deverá atingir 9 bilhões formação na era do consumo seletivo. Via informação, as elites (por
em 2050, o que incrementará a procura por alimentos. Segundo os que não dizer: classes dominantes?) controlam os negócios, fixam
especialistas, para fazer frente a esta demanda, o mundo deverá regras civilizadas para suas competições e concorrências e vendem
atacar este problema em três frentes principais. Primeiro, aumentar a imagem de um mundo antisséptico, eficiente e envernizado.
a produção de produtos agrícolas, sem comprometer os recursos A alta tecnologia, que deveria servir à felicidade coletiva, está
naturais, não avançando sobre áreas de vegetação natural. Isto sig- servindo a exclusão da maioria. Assim, não adianta muito exaltar as
nifica que o Brasil, por exemplo, precisará investir muito mais em conquistas tecnológicas crescentes - importa questionar a que - e a
pesquisa e tecnologia – o que em parte já vem fazendo – para obter quem - elas servem. A informação global é a manipulação da infor-
uma melhor produtividade das áreas agrícolas já existentes. mação para servir aos que controlam a economia global. E controle
O segundo aspecto a ser considerado é a melhoria dos sistemas é dominação. Paralelamente à exclusão social, temos o individualis-
de armazenagem e distribuição das colheitas. Dados apontam que mo narcisístico, a ideologia da humanidade descartável, o que favo-
cerca de 30% dos produtos agrícolas mundiais são perdidos entre o rece a cultura do efêmero, do transitório - da moda.
campo e o ponto de venda do produto. Será necessário, na maioria De resto, se o trabalho foi tornado desimportante no imagi-
dos países produtores, construir mais silos e armazéns, ampliar a nário social, ofuscado pelo brilho da tecnologia e das propagandas
rede rodoviária, ferroviária e ampliar e modernizar as instalações que escondem o trabalho social detrás de um produto lustroso,
portuárias. pronto para ser consumido, nada mais lógico que desvalorizar o
A última providência sugerida pelos estudiosos é reduzir a trabalhador - e, por extensão, a própria condição humana. Ou será
perda de alimentos nos pontos de venda e entre os consumidores. possível desligar trabalho e humanidade? É a serviço do interesse
Segundo um relatório elaborado pela FAO, depois de comprados, de minorias que está a globalização da informação.
aproximadamente 50% dos alimentos são jogados fora, tanto na Eu- Ela difunde modas e beneficia o consumo rápido do descartá-
ropa quanto nos Estados Unidos. No Brasil aproxima 70.000 tonela- vel - e o modismo frenético e desenfreado é imperativo às grandes
das (aproximadamente 2.800 carretas) de alimentos acabam no lixo empresas, nesta época pós- keynesiana, em que, ao consumo de
a cada ano no Brasil. Compra de produtos em excesso, mal acon- massas, sucedeu a ênfase no consumo seletivo de bens descartá-
dicionamento são fatores que fazem com que milhões de famílias veis. Cumpre à informação globalizada vender a legitimidade de
descartem quantidade imensas de alimentos, sem reaproveitá-las. tudo isso, impondo padrões uniformes de cultura, valores e com-
No futuro serão necessárias campanhas em todos os países – prin- portamentos - até no ser “diferente” (diferente na aparência para
cipalmente os ricos – incentivando e ensinando o reaproveitamento continuar igual no fundo). Por suposto, os padrões de consumo e
de alimentos. Se os alimentos forem melhor manuseados e aprovei- alienação, devidamente estandartizados, servem ao tédio do urba-
tados, haverá comida para todos. nóide pós-moderno.
Nunca fomos tão informados. Mas nunca a informação foi tão
Globalização e sua influencia na economia direcionada e controlada. A multiplicidade estonteante de informa-
Acima já falamos um pouco sobre o conceito da globalização, ções oculta a realidade de sua monotonia essencial - a democrati-
então aqui, falaremos sobre o papel da globalização na economia. zação da informação é aparente, tal como a variedade. No fundo,
Ao longo do século XX, a globalização do capital foi conduzindo tudo igual. Estamos - e tal é a pergunta principal - melhor informa-
à globalização da informação e dos padrões culturais e de consumo. dos? Controlada pelas elites que conhecemos, a informação globa-
Isso deveu-se não apenas ao progresso tecnológico, intrínseco à Re- lizada é instrumento de domesticação social.

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ATUALIDADES (DIGITAL)
Principais tendências da globalização nais e pelos governos dos seus países de origem. A partir de 1985
A crescente hegemonia do capital financeiro esses investimentos praticamente triplicaram e vêm crescendo em
O crescimento do sistema financeiro internacional constitui ritmos mais acelerados do que o comércio e a economia mundial.
uma das principais características da globalização. Um volume cres- Por meio desses investimentos as transnacionais operam pro-
cente de capital acumulado é destinado à especulação propiciada cessos de aquisição, fusão e terceirização segundo suas estratégias
pela desregulamentação dos mercados financeiros. de controle do mercado e da produção. A maior parte desses fluxos
Nos últimos quinze anos o crescimento da esfera financeira foi de investimentos permanece concentrada nos países avançados,
superior aos índices de crescimento dos investimentos, do PIB e do embora venha crescendo a participação dos países em desenvolvi-
comércio exterior dos países desenvolvidos. Isto significa que, num mento nos últimos cinco anos. A China e outros países asiáticos, são
contexto de desemprego crescente, miséria e exclusão social, um os principais receptores dos investimentos direitos.
volume cada vez maior do capital produtivo é destinado à especu- O Brasil ocupa o segundo lugar dessa lista, onde destacam-se
lação. os investimentos para aquisição de empresas privadas brasileiras
O setor financeiro passou a gozar de grande autonomia em re- (COFAP, Metal Leve etc.) e nos programas de privatização, em parti-
lação aos bancos centrais e instituições oficiais, ampliando o seu cular nos setores de infraestrutura.
controle sobre o setor produtivo. Fundos de pensão e de seguros
passaram a operar nesses mercados sem a intermediação das insti- Liberalização e Regionalização do Comércio
tuições financeiras oficiais. O perfil altamente concentrado do comércio internacional tam-
O avanço das telecomunicações e da informática aumentou a bém é indicativo do caráter excludente da globalização econômica.
capacidade dos investidores realizarem transações em nível global. Cerca de 1/3 do comércio mundial é realizado entre as matrizes e
Cerca de 1,5 trilhões de dólares percorre as principais praças finan- filiais das empresas transnacionais e 1/3 entre as próprias trans-
ceiras do planeta nas 24 horas do dia. Isso corresponde ao volume nacionais. Os acordos concluídos na Rodada Uruguai do GATT e a
do comércio internacional em um ano. criação da OMC mostraram que a liberação do comércio não resul-
Da noite para o dia esses capitais voláteis podem fugir de um tou no seu equilíbrio, estando cada vez mais concentrado entre os
país para outro, produzindo imensos desequilíbrios financeiros e países desenvolvidos.
instabilidade política. A crise mexicana de 94/95 revelou as conse- A dinâmica do comércio no Mercosul traduz essa tendência. Na
qüências da desregulamentação financeira para os chamados mer- realidade a integração do comércio nessa região, a exemplo do que
cados emergentes. Foram necessários empréstimos da ordem de ocorre com o Nafta e do que se planeja para a Alca em escala conti-
38 bilhões de dólares para que os EUA e o FMI evitassem a falência nental, tem favorecido, sobretudo a atuação das empresas transna-
do Estado mexicano e o início de uma crise em cadeia do sistema cionais, que constituem o carro chefe da regionalização.
financeiro internacional. O aumento do comércio entre os países do Mercosul nos últi-
Ao sair em socorro dos especuladores, o governo dos Estados mos cinco anos foi da ordem de mais de 10 bilhões de dólares. Isto
Unidos demonstrou quem são os seus verdadeiros parceiros no se deve em grande parte às facilidades que os produtos e as empre-
Nafta. Sob a forma da recessão, do desemprego e do arrocho dos sas transnacionais passaram a gozar com a eliminação das barreiras
salários, os trabalhadores mexicanos prosseguem pagando a conta tarifárias no regime de união aduaneira incompleta que caracteriza
dessa aventura. Nos períodos “normais” a transferência de riquezas o atual estágio do Mercosul.
para o setor financeiro se dá por meio do serviço da dívida públi- No mesmo período, o Mercosul acumulou um déficit de mais
ca, através da qual uma parte substancial dos orçamentos públicos de 5 bilhões de dólares no seu comércio exterior. Este resultado re-
são destinados para o pagamento das dívidas contraídas junto aos flete as consequências negativas das políticas nacionais de estabili-
especuladores. O governo FHC destinou para o pagamento de juros zação monetária ancoradas na valorização do câmbio e na abertura
da dívida pública um pouco mais de 20 bilhões de dólares em 96. indiscriminada do comércio externo praticadas pelos governos FHC
e Menem.
Novo Papel das Empresas Transnacionais O empenho das centrais sindicais para garantir os direitos
As empresas transnacionais constituem o carro chefe da glo- sociais no interior desses mercados tem encontrado enormes re-
balização. Essas empresas possuem atualmente um grau de liber- sistências. As propostas do sindicalismo de adoção de uma Carta
dade inédito, que se manifesta na mobilidade do capital industrial, Social do Mercosul, de democratização dos fóruns de decisão, de
nos deslocamentos, na terceirização e nas operações de aquisições fundos de reconversão produtiva e de qualificação profissional têm
e fusões. A globalização remove as barreiras à livre circulação do sido rechaçadas pelos governos e empresas transnacionais.
capital, que hoje se encontra em condições de definir estratégias A liberalização do comércio e a abertura dos mercados nacio-
globais para a sua acumulação. nais têm produzido o acirramento da concorrência. A super explo-
Essas estratégias são na verdade cada vez mais excludentes. O ração do trabalho é cada vez mais um instrumento dessa disputa. O
raio de ação das transnacionais se concentra na órbita dos países trabalho infantil e o trabalho escravo são utilizados como vantagens
desenvolvidos e alguns poucos países periféricos que alcançaram comparativas na guerra comercial.
certo estágio de desenvolvimento. No entanto, o caráter setorial e Essa prática, conhecida como dumping (rebaixamento) social,
diferenciado dessa inserção tem implicado, por um lado, na consti- consiste precisamente na violação de direitos fundamentais, utili-
tuição de ilhas de excelência conectadas às empresas transnacio- zando a superexploração dos trabalhadores como vantagem com-
nais e, por outro lado, na desindustrialização e o sucateamento de parativa na luta pela conquista de melhores posições no mercado
grande parte do parque industrial constituído no período anterior mundial. Nesse contexto, as conquistas sindicais são apresentadas
por meio da substituição de importações. pelas empresas como um custo adicional que precisa ser eliminado
As estratégias globais das transnacionais estão sustentadas no (“custo Brasil”, “custo Alemanha” etc.).
aumento de produtividade possibilitado pelas novas tecnologias e
métodos de gestão da produção. Tais estratégias envolvem igual- Blocos econômicos e comércio mundial.
mente investimentos externos diretos realizados pelas transnacio- As transformações econômicas mundiais ocorridas nas últimas
décadas, sobretudo no pós segunda guerra mundial, são funda-
mentais para entendermos as dinâmicas de poder estabelecidas

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ATUALIDADES (DIGITAL)
pelo grande capital e, também, pelas grandes corporações trans- comércio mundiais. Mas, a formação destas organizações suprana-
nacionais. Além delas, não podemos deixar de mencionar a impor- cionais fez com que o estado passasse a garantir a paz e o cresci-
tância crescente das instituições supranacionais, que atuam como mento em períodos de grave crise econômica. Assim, a iniciativa
verdadeiros agentes neste jogo de interesses, como por exemplo, o de maior sucesso até hoje foi a experiência vivida pelos europeus.
Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial, entre ou- A União Europeia iniciou-se como uma simples entidade eco-
tros. nômica setorial, a chamada CECA (Comunidade Europeia do Carvão
e do Aço, surgida em 1951) e depois, expandiu-se por toda a econo-
mia como “Comunidade Econômica Europeia” até atingir a confor-
mação atual, que extrapola as questões econômicas perpassando
por aspectos políticos e culturais.
Além da União Europeia, podemos citar o NAFTA (North Ameri-
can Free Trade Agreement, surgido em 1993); o Mercosul (Mercado
Comum do Sul, surgido em 1991); o Pacto Andino; a SADC (Comu-
nidade de Desenvolvimento da África Austral, surgida em 1992),
entre outros. A busca pela ampliação destes blocos econômicos
mostra que o jogo de poder exercido pelas nações tenta garantir as
áreas de influência das mesmas, controlando mercados e estabele-
cendo parcerias com nações que despertem o interesse dos blocos
econômicos.
Além disso, o jogo de poder também está presente interna-
Nova York, uma das cidades mais globalizadas do mundo (Foto: Wi- mente aos blocos, ou seja, existem países líderes dentro do bloco,
kimedia Commons) que acabam submetendo os outros países do acordo aos seus inte-
resses. Assim, nem sempre a constituição de um bloco econômico é
O cenário que se afigura com a chegada destes novos agentes benéfica a todos os membros; por exemplo, a constituição do NAF-
econômicos é imprescindível para compreendermos o significado TA (México, Canadá e EUA) fez com que a frágil economia mexicana
da chamada globalização econômica. Esta tem como características: aumentasse ainda mais sua dependência em relação aos EUA, o Ca-
-A ruptura de fronteiras, ou seja, tal ruptura é atribuída à dinâ- nadá, por sua vez, passou a ser considerado uma extensão dos EUA,
mica do capital, que circula livremente pelo globo, sem respeitar a dada sua subordinação à economia de seu vizinho.
delimitação de fronteiras territoriais;
-Perda da soberania local, ou seja, países, estados e cidades Divisão internacional de Trabalho
tem que se submeter à lógica do capital para conseguir gerar lucro Recebe o nome de Divisão internacional de Trabalho (DIT), a
em seus orçamentos; prática de repartir as atividades e serviços entre os inúmeros países
-Expansão da dinâmica do capital, fato que se relaciona à rup- do mundo. Trata-se de uma divisão produtiva em âmbito interna-
tura de fronteiras, ou seja, o capital se dirige agora também à pe- cional, onde os países emergentes ou em desenvolvimento, expor-
riferia do capitalismo, uma vez que as transnacionais compreende- tadores de matéria-prima, com mão-de-obra barata e de industria-
ram que a exploração (no sentido de explorar a força de trabalho lização quase sempre tardia, oferecem aos países industrializados,
diretamente) dos países subdesenvolvidos promoveria grandes economicamente mais fortes, um leque de benefícios e incentivos
lucros para estes. para a instalação de indústrias, tais como a isenção parcial ou total
Com o crescimento expressivo da atuação do capital em nível de impostos, mão-de-obra abundante, leis ambientais frágeis, entre
mundial, chegou-se a questionar o papel do Estado, isto é, o Esta- outras facilidades.
do seria de fato um agente importante neste processo ou atuaria Um dos principais conceitos da DIT é que nenhum país conse-
como um impeditivo para a livre circulação do capital, uma vez que gue ser competitivo em todos os setores, e de fato, acabam por se
poderia criar regras ou leis que inviabilizariam a livre circulação do direcionar suas economias. No fundo, o objetivo é o mesmo da divi-
capital? Segundo este raciocínio, as transnacionais estariam coman- são de tarefas numa fábrica, o de gerar um elevado grau de especia-
dando a dinâmica econômica mundial em detrimento dos Estados. lização para que a produção seja mais eficiente, exatamente como
Vale destacar que muitas empresas transnacionais passaram a de- Adam Smith em sua Riqueza das Nações já afirmava no século XVIII.
sempenhar papéis que antes eram oferecidos pelo Estado, como O processo de DIT se expandiu na mesma proporção do capi-
serviços ligados à infraestrutura básica (exemplo: transporte e sa- talismo no mundo moderno, expressando as diferentes fases da
neamento básico). evolução histórica do capitalismo, desde a ligação entre metrópo-
No entanto, as sucessivas crises geradas pelo capitalismo mos- les e colônias, chegando às relações em que países desenvolvidos
traram que o papel do Estado não se apagou, como pensavam al- se agregam aos subdesenvolvidos. A é geralmente dividida em três
guns, pelo contrário, em momentos de crise financeira, o Estado é fases, obedecendo à dinâmica econômica e política do período his-
chamado a ajudar as empresas em dificuldade econômica. Portan- tórico em que elas existiram.
to, o papel do Estado no contexto de globalização reestruturou-se, A primeira DIT corresponde ao final do século XV e ao longo do
passando este a atuar como um salvador dos excessos e econômi- século XVI, no qual o capitalismo estava em fase inicial, chamada
cos promovidos pelas empresas nacionais ou internacionais, con- de capitalismo comercial. Era caracterizado pela produção manual
trolando taxas de juros, câmbios, manutenção de subsídios em se- a partir da extração de matérias-primas e acúmulo de minérios e
tores estratégicos, bem como fiscalizando, direta e indiretamente, metais preciosos por parte das nações (metalismo).
os recursos energéticos. A segunda DIT ocorre no século XVI, mas principalmente a par-
tir do século XVII, com a Primeira e a Segunda Revolução Indus-
A Formação dos Blocos Econômicos trial. As colônias e os países subdesenvolvidos passaram a fornecer
O surgimento dos blocos econômicos coincide com a mudança também produtos agrícolas, assim como vários tipos de minerais e
exercida pelo Estado. Em um primeiro momento, a ideia dos blocos especiarias.
econômicos era de diminuir a influência do Estado na economia e

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ATUALIDADES (DIGITAL)
Finalmente, a terceira DIT ou “Nova DIT” surge no século XX, seguição de minorias culturais são práticas oficiais. Muitas vezes,
com a revolução técnico-científica-informacional e a consolidação ainda que exista uma política multiculturalista oficial, a perseguição
do capitalismo financeiro, que permite a expansão das grandes é praticada por pessoas comuns, inflamadas por um sentimento de
multinacionais pelo mundo. Nesse período, os países subdesenvol- nacionalismo e rejeição ao outro. Os ataques violentos organizados
vidos iniciam seus processos tardios de industrialização, entre eles o por civis aos abrigos de refugiados de origem árabe na Alemanha
Brasil. Tal acontecimento foi possível graças à abertura do mercado são um exemplo disso.
financeiro desses países e pela instalação de empresas multinacio- O multiculturalismo emerge a partir das reivindicações de mi-
nais ou globais, oriundas, quase sempre, de países desenvolvidos. norias étnicas que sofrem de opressão histórica em seus territó-
Uma das críticas à DIT é que seu processo se dá de maneira rios, como os negros e as populações indígenas por todo continen-
desigual, onde os países industrializados costumam levar vanta- te americano, incluindo o Brasil. O debate em torno desse tema é
gem no comércio global. Além disso, as empresas transnacionais muito importante e traz à tona a forma como lidamos, enquanto
buscam seus próprios interesses, sem considerar as consequências sociedade, com as diferenças étnicas, culturais e religiosas que nos
sociais, econômicas e ambientais nos países onde suas filiais estão cercam.
instaladas.
Como acontece esta diversidade cultural?
A diversidade cultural num certo local acontece quando pes-
MULTICULTURALIDADE, PLURALIDADE E DIVERSIDA- soas de culturas distintas são obrigadas a relacionar-se e a convi-
DE CULTURAL verem. Este fenômeno deve-se à imigração, que leva à criação de
grupos sociais distintos nos países acolhedores. Estes grupos são
Entende-se por multiculturalismo tanto os estudos acadêmicos muitas vezes marginalizados pelos habitantes do país acolhedor, o
quanto as políticas institucionais que se desenvolvem em torno das que leva os imigrantes a isolarem-se, o que geralmente origina o
questões trazidas pela emergência das sociedades multiculturais. racismo e outras formas de recusa.
Uma sociedade multicultural é aquela que, em um mesmo territó-
rio, abriga povos de origens culturais distintas entre si. As relações Aspectos positivos e negativos da Multiculturalidade
entre esses grupos podem ser aceitação e tolerância ou de conflito Aspectos positivos: a Multiculturalidade leva à relação de vá-
e rejeição. Isso vai depender da história da sociedade em questão, rias pessoas diferentes, ou seja, ao contato de várias culturas dife-
das políticas públicas propostas pelo Estado e, principalmente, do rentes e isso pode ser tomado como um aspecto positivo na medida
modo específico como a cultura dominante do território é imposta do enriquecimento pessoal de cada pessoa.
ou se impõem para todas as outras. A convivência entre culturas Aspectos negativos: existem culturas preconceituosas relativa-
diferentes não é uma questão nova, mas que se se intensificou nos mente a outros tipos de culturas o que pode gerar conflitos entre
últimos anos devido a acontecimentos marcantes. os povos.
Não é possível entender o multiculturalismo fora do contexto
do fenômeno da globalização. O desenvolvimento acelerado dos O que é Pluralidade:
meios de transporte e das tecnologias de comunicação aproxima- Pluralidade é um substantivo feminino da língua portuguesa
ram diferentes regiões do mundo, criando redes industriais e finan- que significa algo que possui em grande quantidade, o mais amplo,
ceiras complexas e uma economia multinacional, interdependente geral e múltiplo.
e insubmissa às fronteiras nacionais. Com o fim da Guerra Fria, os A pluralidade está relacionada com a diversidade de coisas ou
Estados Unidos passam a hegemonizar culturalmente todo o plane- pessoas reunidas em um mesmo espaço físico. Também pode signi-
ta. Seus produtos, filmes, músicas e formas de ver as coisas se es- ficar as diversas hipóteses disponíveis para solucionar determinada
palham globalmente gerando o que se chama de “americanização” situação (pluralidade de alternativas).
do mundo. Frente a esse fenômeno de hegemonização dos padrões O termo é usado para demonstrar algo que estar em maior
culturais globais, as culturas tradicionais se fortaleceram, reagindo quantidade, quando são muitos ou vários. Exemplo: pluralidade de
contra a massificação dos modos de ser. Por outro lado, apesar da votos, pluralidade de moedas e etc.
massificação, vemos que essas comunidades culturais locais são ca-
pazes de se apropriar de partes da cultura americana, transforman- Pluralidade cultural
do-as em uma algo novo e diferente do original. No Brasil, o funk e A pluralidade cultural está relacionada com a multiculturalida-
rap são um exemplo claro dessa possibilidade. de de uma nação, ou seja, quando encontram-se reunidos em um
Outros processos importantes que influenciam no surgimento mesmo espaço vários tipos de manifestações culturas e tradições
das sociedades multiculturais, são as lutas pela independência que diferentes.
ocorrem nas colônias europeias da segunda metade do século XX, No Brasil, devido a sua “multi-colonização”, formou-se uma
especialmente na África e na Ásia. O cenário pós-colonizal gera um pluralidade de culturas vindas de praticamente todas as partes do
processo de resgate das culturas tradicionais locais e, ao mesmo mundo.
tempo, pela ligação histórica, desencadeia um movimento migra- A pluralidade cultural de um país é caracterizada pela aceitação
tório para os países colonizadores. Também os conflitos de ordem da sua diversidade cultural. Em um país monocultural, por exemplo,
étnica, religiosa e política, além das deficiências econômicas, são existem restrições quanto a liberdade de expressão das culturas e
fatores que aumentam o fluxo migratório. Incentivado por tudo isso tradições estrangeiras, sendo até mesmo consideradas alvos de
e pelo próprio cenário criado pela globalização, esse movimento perseguições.
migratório transforma de modo profundo as nações que receberam
os imigrantes, colocando em cheque a capacidade dos estados mo- Diversidade cultural
dernos de gerirem sua nova configuração multicultural. A diversidade cultural refere-se aos diferentes costumes de
Alguns países democráticos têm buscado promover a aceitação uma sociedade, entre os quais podemos citar: vestimenta, culiná-
e incorporação de culturas diferentes em seus territórios, valorizan- ria, manifestações religiosas, tradições, entre outros aspectos. O
do a possibilidade de se constituírem enquanto nações pluriétnicas. Brasil, por conter um extenso território, apresenta diferenças climá-
No entanto, em outros países, a negação de direitos sociais e a per- ticas, econômicas, sociais e culturais entre as suas regiões.

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ATUALIDADES (DIGITAL)
Os principais disseminadores da cultura brasileira são os colo- vara. Na culinária estão presentes: churrasco, chimarrão, camarão,
nizadores europeus, a população indígena e os escravos africanos. pirão de peixe, marreco assado, barreado (cozido de carne em uma
Posteriormente, os imigrantes italianos, japoneses, alemães, polo- panela de barro), vinho.
neses, árabes, entre outros, contribuíram para a pluralidade cultu-
ral do Brasil.
Nesse contexto, alguns aspectos culturais das regiões brasilei- TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO:
ras serão abordados. CONCEITOS, EFEITOS E IMPLICAÇÕES SOCIAIS, ECO-
NÔMICAS, POLÍTICAS E CULTURAIS
Região Nordeste
Entre as manifestações culturais da região estão danças e fes- Tecnologia da informação e comunicação (TIC) pode ser defi-
tas como o bumba meu boi, maracatu, caboclinhos, carnaval, ciran- nida como um conjunto de recursos tecnológicos, utilizados de for-
da, coco, terno de zabumba, marujada, reisado, frevo, cavalhada e ma integrada, com um objetivo comum. As TICs são utilizadas das
capoeira. Algumas manifestações religiosas são a festa de Iemanjá e mais diversas formas, na indústria (no processo de automação), no
a lavagem das escadarias do Bonfim. A literatura de Cordel é outro comércio (no gerenciamento, nas diversas formas de publicidade),
elemento forte da cultura nordestina. O artesanato é representa- no setor de investimentos (informação simultânea, comunicação
do pelos trabalhos de rendas. Os pratos típicos são: carne de sol, imediata) e na educação (no processo de ensino aprendizagem, na
peixes, frutos do mar, buchada de bode, sarapatel, acarajé, vatapá, Educação a Distância).
cururu, feijão-verde, canjica, arroz-doce, bolo de fubá cozido, bolo O desenvolvimento de hardwares e softwares garante a ope-
de massa de mandioca, broa de milho verde, pamonha, cocada, ta- racionalização da comunicação e dos processos decorrentes em
pioca, pé de moleque, entre tantos outros. meios virtuais. No entanto, foi a popularização da internet que po-
tencializou o uso das TICs em diversos campos.
Região Norte Através da internet, novos sistemas de comunicação e informa-
A quantidade de eventos culturais do Norte é imensa. As duas ção foram criados, formando uma verdadeira rede. Criações como
maiores festas populares do Norte são o Círio de Nazaré, em Belém o e-mail, o chat, os fóruns, a agenda de grupo online, comunidades
(PA); e o Festival de Parintins, a mais conhecida festa do boi-bumbá virtuais, web cam, entre outros, revolucionaram os relacionamen-
do país, que ocorre em junho, no Amazonas. Outros elementos cul- tos humanos.
turais da região Norte são: o carimbó, o congo ou congada, a folia Através do trabalho colaborativo, profissionais distantes geo-
de reis e a festa do divino. graficamente trabalham em equipe. O intercâmbio de informações
A influência indígena é fortíssima na culinária do Norte, base- gera novos conhecimentos e competências entre os profissionais.
ada na mandioca e em peixes. Outros alimentos típicos do povo Novas formas de integração das TICs são criadas. Uma das áre-
nortista são: carne de sol, tucupi (caldo da mandioca cozida), tacacá as mais favorecidas com as TICs é a educacional. Na educação pre-
(espécie de sopa quente feita com tucupi), jambu (um tipo de erva), sencial, as TICs são vistas como potencializadoras dos processos de
camarão seco e pimenta-de-cheiro. ensino – aprendizagem. Além disso, a tecnologia traz a possibilida-
de de maior desenvolvimento – aprendizagem - comunicação entre
Região Centro-Oeste as pessoas com necessidades educacionais especiais.
A cultura do Centro-Oeste brasileiro é bem diversificada, re- As TICs representam ainda um avanço na educação a distância.
cebendo contribuições principalmente dos indígenas, paulistas, Com a criação de ambientes virtuais de aprendizagem, os alunos
mineiros, gaúchos, bolivianos e paraguaios. São manifestações cul- têm a possibilidade de se relacionar, trocando informações e expe-
turais típicas da região: a cavalhada e o fogaréu, no estado de Goi- riências. Os professores e/ou tutores tem a possibilidade de realizar
ás; e o cururu, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A culinária trabalhos em grupos, debates, fóruns, dentre outras formas de tor-
regional é composta por arroz com pequi, sopa paraguaia, arroz car- nar a aprendizagem mais significativa. Nesse sentido, a gestão do
reteiro, arroz boliviano, maria-isabel, empadão goiano, pamonha, próprio conhecimento depende da infraestrutura e da vontade de
angu, cural, os peixes do Pantanal - como o pintado, pacu, dourado, cada indivíduo.
entre outros. A democratização da informação, aliada a inclusão digital, pode
se tornar um marco dessa civilização. Contudo, é necessário que se
Região Sudeste diferencie informação de conhecimento. Sem dúvida, vivemos na
Os principais elementos da cultura regional são: festa do divi- Era da Informação.
no, festejos da páscoa e dos santos padroeiros, congada, cavalha-
das, bumba meu boi, carnaval, peão de boiadeiro, dança de velhos, Por que ela é tão importante nos dias atuais?
batuque, samba de lenço, festa de Iemanjá, folia de reis, caiapó. Não é novidade que a internet revolucionou a maneira como o
A culinária do Sudeste é bem diversificada e apresenta forte homem lida com diversos aspectos de seu cotidiano, exercendo um
influência do índio, do escravo e dos diversos imigrantes europeus forte impacto sobre os meios de comunicação. Antes dela, a comu-
e asiáticos. Entre os pratos típicos se destacam a moqueca capixaba, nicação — seja empresarial, seja pessoal — era feita basicamente
pão de queijo, feijão-tropeiro, carne de porco, feijoada, aipim frito, pelo telefone, telegrama e cartas.
bolinho de bacalhau, picadinho, virado à paulista, cuscuz paulista, Com a popularização da internet, potencializou-se o uso das
farofa, pizza, etc. TICs em diversas áreas. Diversos recursos e ferramentas foram cria-
dos e isso transformou-se em uma grande rede mundial. Afinal, não
Região Sul restam dúvidas de que o e-mail, chats, fóruns, redes sociais, mensa-
O Sul apresenta aspectos culturais dos imigrantes portugueses, gens instantâneas e webcam modificaram profundamente o nosso
espanhóis e, principalmente, alemães e italianos. As festas típicas modo de interagir com o mundo.
são: a Festa da Uva (italiana) e a Oktoberfest (alemã). Também in-
tegram a cultura sulista: o fandango de influência portuguesa, a ti-
rana e o anuo de origem espanhola, a festa de Nossa Senhora dos
Navegantes, a congada, o boi-de-mamão, a dança de fitas, boi na

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ATUALIDADES (DIGITAL)
Portanto, a tecnologia da informação e comunicação é, de fato, A TIC entrega aos indivíduos uma série de recursos que permi-
um grande avanço. Trata-se de uma tendência que desempenha um tem uma melhor comunicação entre as pessoas, diminuindo bar-
papel fundamental para o desenvolvimento empresarial, permitin- reiras geográficas e levando mais informação e interação a diversos
do que pessoas trabalhem remotamente e troquem informações cantos do planeta.
mesmo estando geograficamente separadas. Dessa forma, é possível concluir que a tecnologia da informa-
ção e comunicação gera impactos econômicos e sociais positivos
Quais são as vantagens proporcionadas pela TIC? ao transformar o modo como a comunicação é desenvolvida, com
Conforme dissemos, inúmeros setores da sociedade podem a utilização constante de tecnologias e recursos cada vez mais mo-
desfrutar os avanços proporcionados pela TIC. Mas é preciso enfa- dernos e eficientes.
tizar o quanto ela contribui para a melhoria das empresas e da área Como você pode perceber ao longo desse post, a tecnologia da
de educação. informação e comunicação, apesar de ser um conceito ainda pou-
co difundido, já faz parte de nosso cotidiano. É possível desfrutar
Proporciona mais integração no cotidiano corporativo de seus benefícios dentro do ambiente empresarial e também em
Uma das vantagens mais expressivas da tecnologia da informa- nosso dia a dia, seja em nossas relações sociais, seja no processo de
ção e comunicação é, sem dúvidas, a maior integração que ela traz aprendizagem.
ao ambiente corporativo.
Ferramentas como a videoconferência e as mensagens instan- Transformações sociais na contemporaneidade
tâneas proporcionaram mais mobilidade corporativa, transforma-
ram a comunicação empresarial e permitiram que diversos funcio- Cidadania como elemento de mudança social
nários troquem ideias e informações, mesmo estando em locais A luta por direitos pode ser considerada uma das principais
diferentes. engrenagens da história, no decorrer das civilizações os detentores
e os desprovidos vivem em relações complexas geralmente ligadas
Aprimora os processos de aprendizagem a questões de poder. Liberdade, democracia, propriedade, muitos
No que diz respeito à educação, resta claro que a inclusão de são os objetivos de cada grupo, que invariavelmente se chocam,
computadores e diversos aplicativos voltados para esse segmento dando início a mudanças históricas profundas e alterando com
aprimoram o processo de aprendizagem e facilitam que a educação maior ou menor impacto diversos aspectos da vida humana.
chegue a todos os indivíduos, inclusive por meio da inclusão digital. A cidadania pode então ser percebida como a busca do indiví-
Nesse cenário, as videoaulas e os cursos a distância (EAD) duo e da sociedade pelos direitos que outros grupos já gozam ou
foram um grande avanço para a educação, levando informação a por reivindicações em dissonância com a tradição vigente. De acor-
qualquer lugar que tenha acesso à internet. do com a percepção mais comum ela também é vista sob o clássico
aspecto de direitos e deveres do cidadão para com o Estado. Essa
Contribui para a redução de custos empresariais percepção apesar de reducionista é válida, pois é justamente a polí-
A tecnologia é, sem dúvidas, uma grande aliada do empreende- tica o instrumento mais comum e eficaz para a mudança social. Não
dor contemporâneo. Seja qual for o seu porte e ramo de atuação, é atoa essas mudanças virão no bojo de grandes revoluções.
possível reduzir custos operacionais com o uso de recursos trazidos O conceito moderno de cidadania foi forjado entre os séculos
pelas TICs. XVII e XIX, no decorrer da Revolução Gloriosa (1688-1689), da Re-
Podemos citar como exemplo as alternativas ao uso do telefo- volução Americana (1776) e da Revolução Francesa (1789-1799). Os
ne. A tecnologia conhecida como VoIP utiliza a internet para realizar três acontecimentos foram movidos por uma classe em ascensão
as chamadas e, assim, reduz consideravelmente o custo da conta de no Ocidente, a burguesia, que dentro da sociedade capitalista pos-
telefone empresarial. suía aquilo de mais importante, a propriedade privada dos meios
Além disso, softwares de auditoria e gestão telefônica são fru- de produção. Em todos os casos o alvo fora a nobreza (interna
tos de um trabalho conjunto entre a tecnologia da informação e o ou externa como no caso americano), a casta social mais elevada
setor de telecomunicações e trazem bons resultados às empresas, e com maior número de privilégios, sem contar as animosidades
especialmente no que diz respeito a um controle maior do uso do existentes também com o clero, que em determinados momentos e
telefone em ambientes corporativos. lugares, como a França pré-revolucionária, mantinha grande poder
Quais são os impactos econômicos e sociais dessa tendência e influência nas decisões políticas.
de mercado? Ao alijar a classe burguesa de direitos políticos os nobres ti-
Para finalizar o post de hoje, não podemos deixar de abordar veram decisivos reveses, amargando o início da crise política do
os impactos positivos que a tecnologia da informação e comunica- Antigo Regime. Não é coincidência que o primeiro monarca a cair
ção gera. É possível perceber que a sociedade de modo geral evolui foi justamente o da Inglaterra, local onde a classe em ascensão en-
bastante com a utilização dessas ferramentas. frentara a monarquia e vencera, impondo aos nobres um papel de
Do ponto de vista econômico, ressalta-se que os lucros empre- menor importância frente ao parlamento, foi também o primeiro
sariais se ampliam e o mercado como um todo tende a evoluir. Com país onde aconteceu a Revolução Industrial (XVIII – XIX), evento que
tantos recursos sendo aplicados, é natural que as empresas cres- possibilitou a burguesia a se tornar a classe social dominante.
çam de maneira saudável. A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, foi
Ademais, tais tecnologias contribuem para o estabelecimento a resposta da burguesia francesa para com a estrutura social de seu
de uma concorrência mais qualificada. Os empreendimentos con- país, sendo impregnada de ideais iluministas e influenciada pela Re-
seguem modernizar seus produtos e serviços, sendo, portanto, o volução Americana.
consumidor final um dos maiores beneficiários. Como esperado a classe privilegiada reagiu à altura dos acon-
Os impactos sociais também são evidentes. Afinal, não há como tecimentos, criando a chamada Santa Aliança durante o Congresso
negar que a sociedade passa a ter acesso a ferramentas que têm a de Viena, um grupo internacional que reuniu monarquias europeias
capacidade de tornarem o seu dia a dia mais eficiente e confortável. comprometidas na defesa do Antigo Regime, logo após a queda de
Napoleão.

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ATUALIDADES (DIGITAL)
A disputa entre as classes dominantes continuaria ao longo do parte do mundo. O Parlamento brasileiro na atualidade é fortemen-
XIX, porém, a ideia de igualdade e liberdade também se mostrava te influenciado por grupos que defendem interesses privados, que
tentadora para as classes ainda desfavorecidas, camponeses e pro- parecem não estar preocupados em legislar em prol de um coletivo.
letários logo também entrariam para os livros de história, buscan- Frentes parlamentares como a bancada evangélica, a bancada do
do eles mesmos o reconhecimento e a influência que a burguesia agronegócio e a bancada que reúne o setor armamentista e defen-
alcançara. sores da chamada “linha dura”, conhecidas respectivamente como
Entender o sentido da cidadania na contemporaneidade e as bancadas da bíblia, do boi e da bala são quase dominantes e com
fortes implicações causadas pelas novas tecnologias de informa- grande peso para a aprovação de qualquer projeto, desse modo
ção e comunicação, se apresentam como objetivos difíceis, mas ampliando sua influência também sobre o executivo que precisa
importantes. Como uma condição em constante transformação, a negociar para continuar governando.
cidadania é apropriada por diversos atores sociais, cada qual com A cidadania no mundo contemporâneo pode ser percebida en-
suas próprias expectativas e modus operandi. Na atualidade são as tão como uma luta por direitos frente aos interesses do Estado e
minorias que se apresentam como principais porta-vozes da cida- das elites econômicas, sendo que as minorias têm como principais
dania e de sua possibilidade de mudança, uma vez que são esses norteadores os movimentos sociais. A participação nas decisões
determinados grupos os mais atingidos pela violência, intolerância políticas seria a característica principal, tendo grupos obtendo con-
e falta de políticas públicas adequadas. quistas em várias áreas, como as cotas para negros nas instituições
Negros, homossexuais, mulheres, idosos, pobres e outros gru- públicas de ensino superior, que procuram corrigir erros históricos
pos sociais são minorias em direitos, muitas vezes tratados como como a escravidão e minimizar suas sequelas sociais.
cidadãos de segunda classe, num comportamento que se sucede Castells (1999) falou sobre a “inércia conservadora do poder”
ao longo do tempo pelo Estado e pelas elites. Uma das principais e as estruturas que sustentam o status quo. O Estado é então per-
características em tal comportamento está na ação de calar o in- cebido como estrutura de manutenção do poder e propagador de
divíduo, esvaziando seu discurso e negando-lhe a voz na busca por narrativas elitistas, tendo no conservadorismo, sob a bandeira da
mais direitos, mas na Era da Informação as vozes descontentes se tradição, um guia diante das mudanças propagadas largamente
fazem ouvir pelos diversos mecanismos possibilitados pela revolu- graças a revolução informacional. De tal forma, certos direitos são
ção digital, sobretudo a internet, a principal e mais impactante das negados pois entram em choque direto com uma política pública
ferramentas eletrônicas. A participação social na política é hoje um baseada em moralismo religioso e fundamentalismo econômico. Às
requisito das sociedades verdadeiramente democráticas, canais de mulheres, é negado o direito ao aborto, tratado como uma questão
diálogo e denúncias são criados no intuito de democratizar a cida- de ética ao invés de uma questão de saúde pública, enquanto o Bol-
dania, num embate entre avanço social e tradicionalismo. sa Família é discutido num sentido moralizador sobre o trabalho ao
invés da discussão ser em torno de sua eficácia econômica e social.
A mudança civilizacional corresponderá também a uma muta- A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, é um
ção sociológica. Na opinião de Léo Scheer, o conceito de democracia marco nas lutas por direitos em todo o mundo, servindo de base
terá sentidos diferentes, de acordo com as ferramentas tecnológicas para documentos posteriores e contribui para uma visão global de
que estaremos a utilizar como o televisor, o computador e o telefo- justiça social. Desde então diversos países e organismos internacio-
ne. Do cruzamento desta “arquitectura” entre sociedades da comu- nais zelam pelo respeito à dignidade humana, tais como o Sistema
nicação, informação e comutação nascerá uma outra sociedade, a Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos, integrado por
virtual, onde as configurações e os mecanismos políticos terão ne- órgãos especiais da Organização dos Estados Americanos, o Conse-
cessariamente que ser diferentes. Mutatis Mutandis, com as novas lho da Europa e o Tribunal Europeu de Direitos Humanos.
tecnologias passar-se-á do modelo de democracia clássica onde as Maria Benevides atenta para a importância da educação sobre
noções de espaço e tempo tiveram uma relevância singular, para os direitos humanos, mostrando que esses estão intrinsecamente
uma nova ordem mediática em que o “espaço público” será domi- ligados a cidadania e a democracia e que seus valores foram mais
nado por uma realidade simbólica e virtual, em que à desconven- facilmente assimilados nos países desenvolvidos, sofrendo maior
cionalização das fronteiras dos antigos Estados -Nação se associará resistência em países periféricos, possuidores de sistemas educa-
a desvinculação do indivíduo à comunidade social tradicional. Se- cionais deficientes e fortemente influenciados pelo sensacionalis-
gundo Scheer, a nova democracia já não necessitará da afirmação mo midiático. Ainda para a pesquisadora, a especificidade brasileira
do voto eleitoral para exprimir a sua vontade política, mas apenas marcada pela extrema desigualdade é terreno propício para discur-
da ‘enunciação por parte de cada um das narrativas das quais é sos de ódio e segregação.
portador, sem necessidade de canalização ou de conformação dos
sinais postos assim em circulação’. (SCHEER, 1997, p.44 apud GAR- O tema dos DH, hoje, permanece prejudicado pela manipula-
CIA, 2004, p. 121) ção da opinião pública, no sentido de associar direitos humanos
com a bandidagem, com a criminalidade. É uma deturpação. Por-
Segundo os autores, a percepção sobre democracia provavel- tanto, é voluntária, ou seja, há interesses poderosos por trás des-
mente estará diretamente ligada ao tipo de tecnologia em voga e sa associação deturpadora. Somos uma sociedade profundamente
as alterações que essa trará nas relações sociais. Com as novidades marcada pelas desigualdades sociais de toda sorte, e além disso,
tecnológicas sendo alteradas constantemente é de se esperar que somos a sociedade que tem a maior distância entre os extremos,
os conceitos de democracia e cidadania, além da habitual caracte- a base e o topo da pirâmide sócio-econômica. Nosso país é cam-
rística fluída, passem por mudanças de maneira mais constante e peão na desigualdade e distribuição de renda. As classes populares
acelerada. Os processos de virtualização da informação e da opi- são geralmente vistas como “classes perigosas”. São ameaçadoras
nião afetam diretamente os alicerces das relações de poder entre pela feiúra da miséria, são ameaçadoras pelo grande número, pelo
Estado, elite e minorias, possibilitando novas formas de romper medo atávico das “massas”. Assim, de certa maneira, parece ne-
com a tradição e conquistar direitos há muito negados. cessário às classes dominantes criminalizar as classes populares
A desassociação entre democracia e voto preconizada por associando-as ao banditismo, à violência e à criminalidade; porque
Scheer, e hoje visível, é um sintoma da crise política de represen- esta é uma maneira de circunscrever a violência, que existe em toda
tatividade da qual não apenas o Brasil sofre, mas também grande

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a sociedade, apenas aos “desclassificados”, que, portanto, merece- as grandes forças econômicas globais não possuem interesse em
riam todo o rigor da polícia, da suspeita permanente, da indiferença indivíduos que não possam gerar lucro, dessa forma a globalização
diante de seus legítimos anseios. (BENEVIDES, 2013, p. 40) supervaloriza o Capital em detrimento do homem.
A Guerra Civil Síria é um conflito iniciado em 2011 e que cha-
Pode se afirmar que a deturpação das informações é um mal mou a atenção de todo o mundo devido as especificidades de seu
que grassa na contemporaneidade, uma vez que os fatos deixam caso. Em uma região onde conflitos são quase constantes a mídia
de ser provas e as estatísticas perdem relevância diante do senso internacional tende a dar ênfase apenas as notícias que envolvem o
comum, em uma realidade onde a informação é controlada por Estado de Israel, porém, a questão síria superou a barreira comum
poucos grandes grupos midiáticos, que representam o pensamento de tolerância a violência a que o Ocidente possui, gerando reações
de apenas pequena parte da população, perpetuando uma narra- que vão desde a crítica retórica até ações mais invasivas. A impre-
tiva injusta sobre os negros e os pobres, segregando-os a cidadãos visibilidade da história se faz mais visível e cruel nesse caso, entre
de segunda classe, com menos direitos e em constante estado de os antecedentes da guerra civil está a já afamada Primavera Árabe,
vigilância. movimento que começou em 2010 na Tunísia e se alastrou por di-
A ideia vigente e popular na sociedade brasileira atual quanto a versas regiões das África e da Ásia, tendo como objetivo a queda
questão dos crimes vai direto para a parte punitiva, sem considerar de ditaduras em países islâmicos que cerceavam os direitos de suas
tanto os fatos sociais que influenciam nas altas taxas de crimina- populações, fazendo uso de técnicas tradicionais como greves e
lidade, como a má educação, o desrespeito sistemático aos direi- inovadoras como o engajamento online massivo.
tos humanos e a cultura de segregação que persiste ao tempo. O Conquistas duradouras como as da Tunísia e pontuais como
foco na punição logo cede lugar à normalização, tal como explicou as do Egito perderam seu clamor midiático diante dos novos fatos
Foucault em “Vigiar e Punir” ao se debruçar sobre a questão da vindos da Síria por meio de grandes veículos de comunicação, an-
disciplinarização dos corpos, marcados pela arquitetura panóptica corado por Moscou, o presidente sírio Basshar al-Assad se sentiu
da sociedade moderna. confortável para massacrar os ecos de contestação em seu país, de-
sencadeando uma feroz resistência da população e de desertores,
“Então, é por isso que se dá, nos meios de comunicação de mas- que formaram o Conselho Nacional Sírio. Longe de estarem apenas
sa, ênfase especial à violência associada à pobreza, à ignorância e seguindo uma tendência o povo sírio tinha motivos para se revoltar,
à miséria. É o medo dos de baixo - que, um dia, podem se revoltar tendo seus direitos civis sido retirados em 1962 e desde então fica-
- que motiva os de cima a manterem o estigma sobre a ideia de do sob a tutela de um tirano.
direitos humanos. ” (BENEVIDES, 2013, p. 40) A Guerra Civil Síria mudou drasticamente de panorama a partir
de 2013, com o envolvimento do Estado Islâmico (EI) no conflito.
A autora ao discorrer sobre as diferenças fundamentais entre Somando-se a isso estão também a crise migratória na Europa e a
direitos humanos e cidadania, afirma que essa última é uma ideia expansão da extrema direita pelo velho continente, sendo impor-
política intimamente ligada ao Estado Nação que apresenta carac- tante refletir sobre estas questões sob o prisma dos direitos huma-
terísticas próprias em cada lugar e cultura. Os direitos humanos por nos, da globalização e das novas tecnologias.
sua vez teriam como característica principal uma universalidade O EI revolucionou o modo de fazer terrorismo graças ao intenso
que ultrapassa tempo e fronteiras, estando intimamente conecta- uso de ferramentas digitais para cooptar membros em todo o mun-
dos à dignidade humana, uma moral universal que independe de do, tática tão bem-sucedida que se tornou um assunto de extrema
julgamento cultural e que se posta à frente de ideologias e quais- importância em diversos países, tendo entre as nacionalidades dos
quer diferenças de hábitos ou pensamentos. Ela também os identi- interessados em integrar o grupo, um brasileiro. Além da propagan-
fica como “naturais”, pois se baseiam no respeito pelo ser humano, da o grupo jihadista também é notório pela extrema violência utili-
sem necessitar de documentos escritos para sua vigência. zada contra seus adversários e a população civil de seus territórios
É comum que em tempos de globalização os Direitos humanos dominados, cometendo crimes de guerra sistemáticos e levando o
sejam vistos por muitos como uma moral única e universal que deve pânico a região.
ser protegida, também é natural que muitos os vejam com descon- A crise migratória na Europa começa antes mesmo do início
fiança, já tão acostumados a diminuir a vida humana em estatísticas da Primavera Árabe, porém, se tornou mais grave em 2013, com
e narrativas incompletas. Na contemporaneidade, onde um jovem o incidente na costa da Ilha de Lampedusa que resultou em 360
de Islamabad pode conversar livremente com outra jovem em Tel mortos e uma ampla cobertura da mídia mundial, atentando para
Aviv pela internet, fica muito difícil para qualquer Estado justificar a crise humanitária que estava em andamento. Aqui vale lembrar
porque certas leis se aplicam em seu território e ao mesmo tempo que esses seres humanos fugiam de seus países de origem devido
são consideradas injustas em outros. As mulheres sauditas, proi- as terríveis condições a que eram impostos, despojados dos direi-
bidas de dirigir, sabem que em todo o Ocidente e em regiões mais tos de cidadãos eles só podem contar com os direitos humanos e
tolerantes do mundo muçulmano outras pessoas de seu gênero a “benevolência” europeia em busca de um futuro. Se faz necessá-
possuem muito mais do que o direito de dirigir e se esforçam para rio entender os direitos humanos como os direitos dos cidadãos do
alcançar tais direitos em um país onde a modernização se restringe mundo, que apesar das imensas diferenças possuem em comum a
a construção de arranha-céus e outras edificações suntuosas. humanidade, sendo essa o suficiente para que sejam tratados com
Para entender o sentido contemporâneo de cidadania é preciso dignidade. Se o capital tem passe-livre pelo globo, os direitos deve-
entender sua relação com os direitos humanos. Num mundo onde riam também ignorar fronteiras, sendo nonsense o fato de que um
as fronteiras são cada vez menos decisivas, o ser humano adquire container pode viajar mais livremente pelo mundo do que um ser
a possibilidade e a capacidade de pensar sobre diversas questões humano. A globalização dos direitos, pautada no multiculturalismo,
a partir de pontos de vistas de outras culturas, a globalização pos- é uma exigência para que pessoas em condições desumanas como
sibilitou acima de tudo o enfraquecimento das linhas imaginárias os imigrantes possam ter alguma esperança.
para o Capital, sobretudo na forma de serviços e mercadoria, po- Diante de graves crises globais, a extrema direita tem avança-
rém, o ser humano não pode desfrutar dessa realidade por inteiro, do de maneira alarmante pelo Ocidente. O discurso fascista possui
grande público nos Estados Unidos, onde o candidato pelo Partido
Republicano pela presidência dos Estados Unidos, Donald Trump,

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tem conseguido alcançar uma receptividade imensa com o eleito- escalada democrática mundial, hoje se encontra como um estado
rado conservador, dando voz à “América profunda” que se ressente de mudança permanente do sistema político, atualmente em des-
do governo do presidente Barack Obama. O discurso do ódio tam- crédito nas mais variadas regiões.
bém foi capaz de inflamar o Brasil, tão conhecido até antes de 2013 A democracia representativa ainda é o melhor modelo de go-
como um país apático politicamente, o ataque as minorias e ao Es- vernança criado pelo ser humano, mas as críticas ao modelo se
tado Laico se tornaram frequentes e o ódio irracional à esquerda é acumulam cada vez mais ao passar do tempo. Na realidade con-
financiado por partidos políticos e por uma Grande mídia altamente temporânea, os alicerces democráticos forjados no passado já não
engajada. comportam as demandas da Sociedade da Informação, o cidadão
Mas é na Europa onde o discurso fascista mais assusta, pela não se sente representado pelos políticos eleitos, configurando
especificidade local, tendo grandes concentrações de muçulmanos uma crise maior, a do Estado Nacional, cujas consequências ainda
em diversos países, como na França, e pelo risco sempre presente são imprevisíveis. Tais alicerces foram sedimentados sob a lógica do
de ataques terroristas por parte de grupos jihadistas. O desprezo capitalismo industrial, engessada sob demandas populares que já
aos direitos humanos e a xenofobia levam os líderes extremistas não representam os anseios de uma sociedade em constante trans-
a ganhar cada vez mais poder e influência, fazendo largo uso da formação.
xenofobia e de nacionalismo, fechando o espaço para o diálogo e O avanço das novas Tecnologias de Informação e Comunica-
aumentando a tensão sobre a coesão social. ção influenciam a presente realidade política tanto quanto os mais
Na esteira de tais acontecimentos se destacam principalmen- variados aspectos da vida humana, o cidadão conectado não se
te, os grandes líderes internacionais que reconhecem os problemas satisfaz em apenas receber a informação, ele a analisa, transmite,
já discutidos e procuram soluções moderadas, tais como Barack cria e em alguns casos até a distorce. O termo massa não consegue
Obama e a chanceler alemã Angela Merkel e também organismos abranger esse novo e importante ator social, pessoas conectadas
internacionais de proteção aos direitos humanos, como o Comitê à internet que comentam nos mais variados canais disponíveis, in-
Internacional da Cruz Vermelha, a Anistia Internacional e o Human fluenciando e sendo influenciados, são a Multidão. As massas se ca-
Rights Watch. racterizam pela anulação das diferenças, abre-se mão do intrínseco
Não é de se espantar que a inclusão digital seja hoje conside- em favor do coletivo, evitando-se uma aproximação profunda e real
rada um direito, se o corpo ainda está cercado de fronteiras que para que o grupo tenha a coesão necessária. O termo Multidão de
limitam sua vida ao determinismo de seu nascimento geográfico, Antônio Negri e Michael Hardt é mais eficaz para se classificar essa
o ser virtual pode estar em contato com as mais diversas culturas parcela da população, num cenário que deixou a sociedade mais
e ampliar seu pensamento baseado em diferentes modos de viver, complexa e difícil de ser analisada.
rompendo as limitações políticas e territoriais pautadas em interes- A multidão designa um sujeito social ativo, que age com base
se econômico e intolerância ao “outro”. naquilo que as singularidades têm em comum. A multidão é um
A globalização do indivíduo ainda é uma realidade distante, sujeito social internamente diferente e múltiplo cuja constituição
mas a percepção sobre as diferentes culturas é hoje real e presente. e ação não se baseiam na identidade ou na unidade (nem muito
Governos ao redor do mundo procuram responder ou esmagar os menos na indiferença), mas naquilo que tem em comum. (NEGRI;
anseios sociais de várias formas, a maior parte do Ocidente aposta HARDT. 2005, p. 140)
na democracia institucional, com um modelo de representatividade Diante dos atuais desafios o Estado e seu aparato institucional,
que dá sinais de esgotamento, as ditaduras por sua vez procuram a sociedade, os movimentos sociais e a Multidão conectada, seu
responder aos novos tempos como podem, Estados mais precários estrato que mais cresce em importância devido ao número cada
apostam em uma maior rigidez, outros como a China procuram vez maior de pessoas com acesso à internet, se reconfiguram para
uma resposta mais sofisticada para o controle civil, usando da tec- atingir seus objetivos de modo mais eficaz. Nesse contexto a demo-
nologia para vigiar seus cidadãos e limitar sua liberdade. Nesse con- cracia deve ser vista de modo fluído, em constante reconstrução,
texto, aparecem condições para que o indivíduo não mais se veja com o intuito de se adaptar as diferentes exigências e expectativas
representado pois ele procura uma realidade que percebe nas telas dos atores envolvidos.
de seus dispositivos eletrônicos, que lhe parece mais humana. No As transformações pelas quais as sociedades contemporâneas
turbilhão de culturas, códigos e ideologias que o mundo globalizado têm passado afetam diretamente o modelo político comum no Oci-
conectou, a cidadania, muitas vezes apenas teórica, de seus lares dente, as relações entre Estado e sociedade nunca sofreram tantas
soa provinciana diante de inúmeras possibilidades, para as culturas mudanças desde a Revolução Francesa. A informação ganhou uma
que se chocam em seus hábitos e pensamentos só resta se guiar relevância jamais vista, agora não apenas mais um mecanismo de
pelos direitos universais, aqueles ao qual o próprio inimigo possui poder nas mãos de apenas alguns grandes grupos midiáticos (ape-
e devem ser respeitados por valorizarem o humano acima do inte- sar destes possuírem ainda uma enorme influência), mas um bem à
resse. disposição dos indivíduos conectados.

Democracia na contemporaneidade Sobre tais transformações, ANTOUN (2003, p. 15-16) afirma:


A democracia goza de grande popularidade desde o fim da Se- O entendimento das redes nos permite, hoje, devolver ao
gunda Guerra Mundial em 1945, após a derrota dos regimes totali- pensamento a realidade do espaço, sua cidadania real no seio do
tários europeus, o modelo democrático tornou-se o regime político mundo, afirmando que o assim chamado ‘espaço real’ é apenas um
hegemônico no Ocidente. No Oriente, porém, apenas com o fim da caso do ciberespaço, e que o espaço virtual é aquele que de fato
Guerra Fria os valores democráticos foram assimilados e, ainda as- nós sempre habitamos. Neste mundo a renovação da democracia
sim, em apenas uma parte da região. O desmonte da União Soviéti- torna-se possível porque a multidão armada com as TIC e a CMC1
ca seguido do sucesso dos Tigres asiáticos somaram-se ao processo faz o problema da cidadania pós-moderna e da segurança pública
globalizador cada vez mais veloz e tudo indicava que a democracia convergirem na direção da organização das comunidades virtuais,
seria um rumo natural para a civilização. Mas o legado ateniense apontando para seus novos modos de se auto organizar e garantir
sofreria com as desilusões de uma nova era, as críticas vieram de a ampla discussão e participação na resolução dos próprios proble-
dentro para fora e o que antes se configurava como uma utópica mas.

248
ATUALIDADES (DIGITAL)
As NTIC surgem a partir da chamada Terceira Revolução Indus- Ainda que alguns argumentem afirmando que a informação
trial, um fenômeno que tem início da década de setenta também sempre existiu, publicada em Diário Oficial e etc, em tempo algum
conhecida como Revolução informacional, pois torna a informa- se tem notícia do alcance de um meio de comunicação como a In-
ção um elemento imprescindível para as relações humanas. Novas ternet. O cidadão que tem mais informações é mais capaz de emitir
tecnologias como a internet, a telefonia móvel e o acesso remoto juízos de valor e opiniões sobre as questões da sociedade. A divulga-
tornaram o cidadão um ator social com poder além do voto, sua ção de informações governamentais via governo eletrônico permite
opinião agora se faz ouvir cotidianamente e no tempo real, mas a geração de conhecimento. E conhecimento é poder. Disseminar
sempre que um determinado tema ganha atenção suficiente de um conhecimento implica disseminar o poder político, descentralizar o
grande número de indivíduos, dando a essa multidão uma oportu- poder decisório. (GARCIA et al., 2004, p. 08-09)
nidade de exprimir sua vontade. “A ‘revolução eletrônica’ transfor-
mou a informação em uma arma e o Estado, global ou local, está Apesar do interesse estatal em disseminar mecanismos de im-
sempre envolto, pós-modernamente, nas guerras da informação. portância para a transparência, uma verdadeira democracia eletrô-
[...] ” (ANTOUN, 2002, p. 14). nica esbarra no problema da inclusão digital. Se o acesso ao ciberes-
paço é hoje uma forma indispensável para o exercício da cidadania
Diante de tal cenário e a baixa expectativa quanto a democracia e o fazer democrático, aqueles que estão à margem, possivelmente
representativa, o Estado tem procurado ferramentas para atender devido a questões de ordem econômica ou mesmo simples desinte-
as demandas do presente, tendo duas iniciativas principais nesse resse, ficarão ainda mais distantes da gestão pública, aumentando
contexto, tornando o acesso a informações sobre a gerência pública ainda mais a exclusão. Num país como o Brasil, onde a desigualdade
mais acessível e procurando uma maior inserção da população no possui índices elevados, torna-se uma realidade o aumento do fos-
meio eletrônico, através de programas (principalmente educacio- so entre os diferentes extratos sociais.
nais) voltados para a inclusão digital.
No Brasil a Lei de Acesso à informação (LAI)2, em vigor desde A inclusão digital se torna fator determinante rumo a uma de-
2012, foi um importante passo rumo aos direitos do cidadão, ga- mocracia plena e inclusiva, os mais variados países têm adotado
rantindo o direito de aquisição de informações públicas com maior medidas para levar o conhecimento e a utilização das novas tecno-
agilidade e menos burocracia. A participação da população na ges- logias para o maior número de pessoas. “A construção de uma nova
tão pública é fundamental para uma democracia saudável, o Estado civilização sobre os escombros da velha envolve o projeto de novas
não deve ser entendido como uma grande máquina kafkiana que estruturas políticas mais apropriadas em muitas nações ao mesmo
se apresenta de forma indiferente aos anseios sociais. Tais inicia- tempo” (TOFFLER, 1992, p. 410).
tivas evidenciam os esforços, sobretudo, do Poder Executivo, para
responder as demandas atuais, entendendo a coisa pública como No Brasil não é diferente, o Governo Federal vem implantan-
uma estrutura que precisa encaixar o cidadão para além das obri- do diversos programas com esse intuito, geralmente ligados à área
gações. O direito à informação passa a ser realmente sentido como educacional, visando as novas gerações e aumentando o número de
um direito humano legítimo e atua para tornar a relação Estado e nativos digitais. Como um direito humano a informação não pode
sociedade mais justa. mais ser encarada apenas num aspecto econômico, assim como a
Somam-se a Lei de acesso à Informação iniciativas como os saúde ou a segurança, ela é um bem imprescindível e o Estado deve
portais de transparência, que atualmente não se restringem apenas estar preparado para assegurar esse direito das mais diversas for-
ao Poder Executivo, como por exemplo o e-Cidadania do Senado mas.
Federal, a Câmara Aberta da Câmara dos Deputados do Brasil, além Analisando questões relativas a Democracia digital é pertinen-
do Portal de transparência do Poder Judiciário. Tais propostas vão te levar em consideração o pensamento de Sabbatini. Para ele, o
além de cumprir a LAI, elas procuram remodelar o próprio modo fator emocional pode se tornar um grave problema, uma vez que
de governar e estão diretamente ligadas a ideias como o Governo decisões individualistas atrapalham no diálogo e trazem estragos ao
eletrônico e a Democracia eletrônica. tecido social. Apenas uma parte da população teria voz no meio ele-
O Governo eletrônico é o resultado atual das discussões acerca trônico e esse grupo tenderia a relevar os assuntos de seu interesse
da governança pública, é a aplicação das NTIC, para prestar servi- e tratá-los com parcialidade. Tais questões não possuem respostas
ços ao cidadão da maneira mais eficiente possível. Sua proposta é fáceis e como um processo em andamento, só resta aprender com
importante, pois a acessibilidade a informações de gerenciamento os erros e procurar melhorias para um melhor desempenho na
governamental sempre foi nebulosa ao longo do tempo e o simples construção do projeto de governança digital.
fato de existir tal iniciativa já demonstra que o Estado percebeu que Cabe nesse ponto refletir sobre o papel do Estado no mundo
seu funcionamento necessita estar diretamente ligado à opinião atual, em meio aos dilemas políticos, que muitas vezes são resumi-
pública. dos na questão acerca de um Estado diminuto ou grande. Como em
tantas outras coisas o Estado também está em constante transfor-
Governo Eletrônico – e-gov, sob forma abreviada – [...] É rein- mação, ele já se configurou na forma de grandes Impérios territo-
terpretação e revolução da gestão do poder público, ora sustentado riais e em monarquias absolutistas, no mundo Ocidental do século
por tecnologias informacionais, cujo intuito é dar suporte para que XXI essa entidade geralmente se apresenta na forma de Repúblicas
o Governo acompanhe a evolução dos tempos. (GARCIA et al., 2004, democráticas, excetuando-se algumas monarquias europeias. É
p. 03) quase impossível pensar na civilização sem a figura do Estado, em
uma época de descrença na política é interessante notar que desde
A Democracia eletrônica é o produto final das medidas des- sua criação o anarquismo nunca foi tão impopular, talvez fruto de
centralizadoras, a maior facilidade de acesso à informação somado uma noção coletiva sobre a certeza da necessidade de um poder
às iniciativas públicas de transparência oferecem ao indivíduo um central que, intervencionista ou não, é ainda responsável por as-
status único na história do Estado moderno. O cidadão tem ao seu pectos imprescindíveis sobre a sociedade e que uma transformação
dispor a ferramenta mais poderosa da atualidade, a informação. e não uma ruptura completa deve ser o intuito de nações demo-
cráticas.

249
ATUALIDADES (DIGITAL)
É tendo em mente os novos avanços da emancipação humana rativas. É como se fosse um êxodo da soberania. Esse conjunto de
que devemos tentar pensar, não ‘o fim do Estado’, mas ‘outro Esta- dispositivos cooperativos de redes torna-se potência democrática e
do’, um que admita plenamente os seus outros, um que emerja da limite da soberania imperial. (SILVESTRIN, 2014, p. 50)
sociedade, embora esteja ao seu serviço, em vez de estar sobrancei-
ra a ela, como se transcendência autoritária e burocrática. Podemos A democracia ainda é a melhor forma de acesso ao poder para
apostar que, no futuro, o Estado, que já assumiu tanta forma (teo- a coletividade, a única forma do poder emanar do povo, além das
cracia faraônica, império do meio, democracia ateniense, república elites. As transformações sociais são impulsionadas pelo debate e o
romana, monarquia europeia, califado, Estado-nação, fascismo, embate entre as partes envolvidas, as novas tecnologias impulsio-
sovietismo, Estado islâmico, federalismo, Estados Unidos, união Eu- nam e agilizam essas transformações, criando um ambiente propí-
ropeia...), continuará a metamorfosear-se. (LEVY, 2003, p. 174-175) cio para a mudança, uma vez que possibilitam ao indivíduo meca-
nismos para desafiar as estruturas de poder vigentes.
Talvez a forma mais comum de se atacar o Estado atualmen- As mesmas tecnologias também podem ajudar a fomentar a
te seja através da democracia direta, apesar de possuir elementos intolerância e a violência, seja no uso das redes sociais pelo Estado
pontualmente louváveis, fica claro que tal forma de governança Islâmico para cooptar membros, ou mesmo de indivíduos em so-
pode desembocar em uma ditadura da maioria. Tal instrumento é ciedades plenamente democráticas exprimirem pensamentos pre-
geralmente apresentado como uma forma de minimizar a falta de conceituosos ou mesmo fascistas. A internet potencializa tanto o
interação entre governos e população, além de paliativo para o sen- discurso de ódio quanto o progressista, sendo uma ferramenta que
timento de pouca representatividade dos políticos eleitos. insere os mais diversos pensamentos e ideologias no ciberespaço,
A democracia direta se faz impossível pelos canais políticos aumentando as chances de diálogo e de competição, seu impac-
tradicionais, mesmo com a expansão das potencialidades surgidas to mal pode ser medido no presente e seu legado é já tão vasto
com as novas tecnologias, os malefícios que ela pode causar são que conjecturas tornam-se insuficientes. A única certeza é que a
muito altos. O debate político deve ser pautado na razão e corrobo- mudança chegará, cada vez mais rápida, tornando o limiar entre
rado por fatos, a entrega das decisões a um espaço que privilegia presente e futuro cada vez mais sutil.
debates rasos e pouca reflexão pode ser catastrófico, em primeiro
lugar para as minorias e, em segundo, para a sociedade em geral, A Multidão na sociedade de controle
pois o minguar da tolerância é o primeiro sinal de que a democracia Entre as diversas mudanças causadas pelo advento das NTICs,
corre riscos. aquelas relativas as relações de poder são particularmente as mais
Seria impossível pensar em tantas questões se não fosse o impactantes, uma vez que alteram toda a estrutura de uma socie-
avanço avassalador da internet na vida humana, sem dúvida a tec- dade. Se faz importante discutir os novos mecanismos de controle,
nologia mais revolucionária da Terceira Revolução Industrial. As ao qual Deleuze já alertava, entendendo tanto o Estado quanto o
noções de tempo e espaço se tornaram fluídas e quase todos os Mercado como entidades invasivas em diversos momentos da vida.
aspectos da vida humana estão ligadas a essa tecnologia, mesmo Também entendendo o povo segundo a categoria de Multidão,
questões tão íntimas como o sexo e a morte são diretamente afeta- numa relação complexa com as forças externas que com ele atuam,
das por tal ferramenta. Não é surpresa que também a política seja onde em dado momento é manipulável e em outros se torna um
fortemente influenciada, a internet possibilita a construção de uma mecanismo de ruptura, seja com a tradição ou com os mecanismos
nova democracia, baseada na interação. do poder.

Oferecendo a Internet ao mundo, a comunidade cientifica lhe A literatura de ficção científica, há muito tempo vêm espe-
ofertou a infraestrutura técnica de uma inteligência coletiva que é, culando sobre um “futuro” onde o Estado se torna uma entidade
sem dúvida, sua mais bela descoberta. Ela transmitiu assim para o opressora de direitos, cerceando os indivíduos das mais diversas for-
resto da humanidade sua melhor invenção, aquela de seu próprio mas, desde o clássico 1984 de George Orwell, a obras como Fahre-
modo de sociabilidade, de seu tipo humano e de sua comunicação. nheit 451 de Ray Bradbury e o antes cult e agora afamado V de
Essa inteligência coletiva refinada há séculos é perfeitamente en- Vingança de Alan Moore. O ponto em comum em todos é a figura
carnada pelo caráter livre, sem fronteiras, interconectado, coopera- estatal no comando da vigilância permanente, a escolha pode ser
tivo e competitivo da Web e das comunidades virtuais. (LÉVY, 2001, entendida devido a ação histórica de repressão ao ser humano tal
p. 79.) como estudada por Michel Foucault em sua análise das sociedades
disciplinares, tendo surgido entre os séculos XVII e XVIII e chegan-
É no ciberespaço que as notícias mais disseminadas serão es- do ao auge no século XX, e posteriormente por Gilles Deleuze, que
colhidas e comentadas, seu poder desafia até grandes conglomera- ficaram conhecidas como sociedades de controle. “O indivíduo não
dos midiáticos, oferecendo canais com uma visão distinta das tra- cessa de passar de um espaço fechado a outro, cada um com suas
dicionais ferramentas informacionais. O poder sobre a informação leis: primeiro a família, depois a escola [...], depois a fábrica [...], de
oferece a chance dá Multidão impor pautas políticas e reverberar vez em quando o hospital, eventualmente a prisão, que é o meio de
sua vontade em tempo real, impactando o centro do poder, uma confinamento por excelência” (Deleuze, 1990, p. 219).
vez que barreiras geográficas não são mais um empecilho e o meio
virtual um espaço cada vez mais comum de se informar e ser infor- Nas sociedades disciplinares o poder disciplinador, simbolizado
mado. pela arquitetura do panóptico, presentifica-se no interior das insti-
tuições, como as prisões, os hospitais, as escolas, os quartéis, com o
A multidão, conjunto de singularidades, pela cooperação, tor- objetivo de instaurar a disciplina e, consequentemente, um padrão
na-se altamente produtora de subjetividade. Uma subjetividade comportamental rotineiro. No modelo social de Deleuze, o controle
nova, livre de qualquer representação, que acaba com a relação de passa do âmbito local – restrito à extensão dos olhos e dos ouvidos
biopoder ou dominação-representação e se torna potência, potên- humanos – para um âmbito supra-local, estendendo-se para todos
cia constituinte de um novo porvir. Elimina-se, com isso, a relação os espaços da vida pública. Não há mais espaço restrito para que o
soberana, baseada no poder e na corrupção das relações coope- poder se faça sentir, pelo contrário, ele se faz presente em todos os
lugares. Por conseguinte, é mais perverso, mais controlador, porque

250
ATUALIDADES (DIGITAL)
se sustenta no aparato das novas tecnologias de informação. O sím- detrimento da ação individual na história. Segundo José Carlos Reis
bolo do controle agora não é mais o panóptico, mas a web, a rede (2013), Bloch deu preferência ao estudo do tempo, das estruturas
digital de comunicação mundial, que concentra toda a informação e do coletivo.
dos indivíduos em bancos de dados. O princípio da docilidade conti-
nua, no entanto, o mesmo, pois os indivíduos entregam voluntaria- Como Durkheim, e diferente de Febvre, o ponto de partida da
mente seus dados a vigilância. (AGUERO, 2008, p. 35 – 36) história blochiana era a sociedade e não o indivíduo. Seu realismo
social, continua Rhodes, insistia em aprender o todo social antes de
O “futuro” imaginado pela especulação literária se faz presente querer aprender as partes. Este todo, composto de interações indi-
na sociedade da informação, porém, com características diferentes viduais, era concebido como não redutível à vontade dos indivídu-
da ficção. Para Foucault as sociedades disciplinares serviram para os-membros. O indivíduo é que é reduzido à mera expressão da vida
manter o controle sobre a mente e o corpo. Posteriormente surgem coletiva. Assim como Durkheim, Bloch considerava que a estrutura
mecanismos que transformam a arquitetura de dominação discipli- social, a solidariedade, a ordem ou coesão social são as realidades
nar, dando origem as sociedades de controle, um novo modelo de básicas onde se encontram os princípios explicadores da sociedade.
exercer o poder que se aprofunda a partir do fim da 2º Guerra Mun- [...] O específico desta ‘consciência coletiva’ é a sua lentidão na mu-
dial e se encontra em andamento. “Encontramo-nos numa crise dança. Ela é um consenso, que envolve todos os membros da socie-
generalizada de todos os meios de confinamento, prisão, hospital, dade, oferecendo-lhes valores e normas da vida. É uma consciência
fábrica, escola, família. ” (Deleuze, 1990, p 220). pré-fabricada pronta para o uso individual e que aparece ao indiví-
duo como algo dado e natural. Mas trata-se de uma construção de
[...] a sociedade disciplinar é aquela na qual o comando social longa duração. (RHODES, 1978 apud REIS, 2013, p. 265)
é construído mediante uma rede difusa de dispositivos ou apare-
lhos que produzem e regulam os costumes, os hábitos e as práticas A sociologia e a história procuraram romper com a tradição
produtivas. [Na sociedade de controle] os mecanismos de comando do ídolo, dando voz a coletividade na história, seja na sociedade
[são] distribuídos por corpos e cérebros dos cidadãos. Os comporta- de corpos medieval ou na sociedade de massas do século XX, tão
mentos de integração e de exclusão próprios do mando são, assim, influenciável ideologicamente que muitas vezes foi capaz de se ali-
cada vez mais interiorizados nos próprios súditos. O poder agora é nhar aos discursos totalitaristas da época. A historiografia continua-
exercido mediante máquinas que organizam diretamente o cérebro ria avançado nos estudos sobre o indivíduo e o coletivo, sendo que
(em sistemas de bem-estar, atividades monitoradas, etc.) no obje- se na primeira geração do movimento francês houve uma grande
tivo de um estado de alienação independente do sentido da vida e recusa aos modelos biográficos que se fechavam em torno da vida
do desejo de criatividade. (NEGRI; HARDT, 2001, p. 42 – 43, apud do biografado, novos autores por sua vez foram abrindo o caminho
AGUERO, 2008, p. 36) para uma redescoberta da escrita biográfica, tendo já na terceira
geração dos Annales algumas obras importantes de Georges Duby e
O primeiro e principal ponto de ruptura entre ficção e reali- Jacques Le Goff indo nesse sentido.
dade se dá no protagonismo dos atores envolvidos na sociedade A redescoberta do indivíduo na história procurava usar da vida
de controle. Apesar de ainda possuir grande poder, o Estado perde de um personagem histórico para se contar ou descrever uma es-
seu protagonismo diante do Mercado, que no seu modo natural de trutura maior, desarticulando a visão romântica de um “herói” que
ação consegue convencer de maneira muito mais fácil os indivíduos há muito já se tornara ineficiente para a historiografia. Essa ten-
de abrirem mão de seus direitos. A coerção estatal caracterizada dência passa a ser seguida por historiadores europeus, como Chris-
pelo poder judiciário e pelo monopólio da força se encontra em cri- topher Hill e Carlo Ginzbourg, que têm em sua obra de micro histó-
se e não dispõe de legitimidade suficiente para impor mecanismos ria “O queijo e os vermes”, um exemplo perfeito do que a história
de controle tão vastos, como é o caso da NSA, uma iniciativa que biográfica é capaz de fazer quando escrita para a conscientização de
seguiu adiante pelo fato de alerta constante quanto a ataques ter- processos e estruturas maiores.
roristas.
O segundo ponto é relativo ao protagonismo do indivíduo, an- Fiel à concepção de história-problema da Escola dos Annales,
tes um ser que se difere e se afasta da massa, carregando em seu minha primeira dificuldade consistiu em definir uma problemática
pensamento uma forte carga humanista ou mesmo anárquica. Seja que me permitisse apreender o indivíduo São Luís em interação com
Winston Smith, Guy Montag ou V, o indivíduo carrega em si o peso a sociedade do século XIII, evitando o que o sociólogo Pierre Bour-
de uma luta solitária, sempre ao lado de uma figura feminina que dieu chamou de a “ilusão biográfica”, que pretende que se consi-
os inspiram a lutar. Mais uma vez é olhando para a história que se dere a vida de um grande homem como alguém com um destino
compreende tais escolhas, as grandes personalidades que reuniram já traçado, excluindo as eventualidades da vida. Eu, ao contrário,
em si uma grande carga de simbolismo devido ao que fizeram ou o limitei-me a mostrar as hesitações, as decisões e os momentos cru-
que representavam foram decisivas na construção da história dos ciais da vida de São Luís, a partir da sua infância de rei. Porque se
ídolos individuais, tão criticada pelo movimento dos Annales e que o homem constrói sua vida, ele também é construí- do por ela. (LE
deixou sequelas na mentalidade coletiva. GOFF, entrevista, 1996).
Além da ficção, a historiografia influenciou fortemente na visão
que se têm sobre a liderança, exaltando tanto uma única figura que Com a visão do herói histórico superada, a atenção acadêmica
termina anulando todos os indivíduos reunidos em um determina- voltou-se para o coletivo, ganhando roupagens novas de diferentes
do processo histórico. Essa tendência persistiu até o aparecimento intelectuais. Destaca-se no presente trabalho a categoria de Multi-
de uma nova geração de historiadores franceses que mudariam os dão, que seria um “conjunto de singularidades” estando “sempre
parâmetros historiográficos dominantes, eclipsados nas figuras de em movimento” (Negri, 2004), como um ator social ela é politica-
Lucien Febvre e Marc Bloch, esse último um dos fundadores da Es- mente engajada, assimilando ideias diversas que representam as
cola dos Annales, que influenciado por Émile Durkheim, deixou sua mais distintas camadas sociais e mantendo uma complexa relação
marca na historiografia ao dar maior importância aos grupos em com o Mercado e o Estado.

251
ATUALIDADES (DIGITAL)
A consciência da força coletiva não é uma novidade para os in- com os Estados Nacionais, sindicatos locais e mesmo entusiastas
divíduos, essa força é exercida historicamente desde a antiguidade, da liberdade, que veem na iniciativa um cerceamento do direito de
a diferença está nos mecanismos disponíveis a população, as NTICs privacidade de ir e vir.
possibilitam as ferramentas de alienação e dominação tanto quanto As querelas entre justiça e empresas tecnológicas não se res-
as de lucidez e liberdade. “Do ponto de vista sociológico, o poder tringiram apenas ao Uber, no Brasil o aplicativo WhatsApp, per-
constituinte da multidão aparece como cooperação e comunicação tencente ao Facebook, dispõe de grande número de usuários que
em redes, trabalho social formado pelo comum. ” (Andreotti, 2008, fazem dele o principal canal para se comunicar e até mesmo trans-
p. 02-03). mitir e receber notícias em tempo real. O aplicativo foi suspenso por
algumas horas, através de decisão judicial em 2015 e 2016, devido
Mercado, Estado e Multidão se configuram então como as a recusa em cooperar em investigações sobre pedofilia no Brasil. A
grandes forças nas relações de poder na sociedade da informação. reação dos usuários foi da indignação ao escárnio, traduzidas nos
Usando os mecanismos a sua disposição cada ator procura atingir já comuns memes de internet, que inundaram as principais redes
seus objetivos, o Mercado usa o marketing para convencer, o Estado sociais mostrando o descontentamento popular com as decisões.
usa o monopólio da força e a justiça legitimada para a coerção e a Cabe aqui discutir os principais pontos levantados em tais epi-
Multidão usa a seu favor o número de indivíduos para transformar sódios, a questão da privacidade, que vai desde o direito individual
a sua realidade, esse “monstro revolucionário chamado Multidão” até o uso de dados dos clientes e também a questão judicial, que
(Negri, 2004), tem a capacidade de influir nas decisões políticas e na envolve o poder de ação do Estado e suas limitações, que vão desde
direção econômica das empresas. questões técnicas até os problemas das fronteiras nacionais.
Em plena sociedade de controle se faz necessário pensar sobre A venda de dados dos usuários é uma prática comum entre
as relações estabelecidas por tais forças, entendendo que mesmo as gigantes tecnológicas, o Facebook também faz uso da prática,
em uma aparente situação de desvantagem a Multidão procura for- garantindo o lucro necessário para sustentar sua gigantesca plata-
mas de resistência diante da invasiva ação de controle imposta a forma online. O uso recorrente dessas vendas expõe os usuários
ela. a variados tipos de marketing eletrônicos invasivos, tornando-os
meros consumidores que pretendesse atingir através de dados. O
É verdade que os Estados mais poderosos podem agir de forma WhatsApp, por sua vez, depende fortemente da confiança de seus
marginal sobre as condições, favoráveis ou desfavoráveis, do desen- usuários no tocante as informações pessoais, criando criptografias
volvimento do ciberespaço. Mas são notoriamente impotentes para avançadas para burlar não apenas pessoas com interesses ilegais
orientar de forma precisa o desenvolvimento de um dispositivo de como também a polícia. Se por um lado a multinacional de Zucke-
comunicação que já se encontra hoje inextricavelmente ligado ao berg está pronta para oferecer dados de seus clientes, de outro
funcionamento da economia e da tecnociência planetárias. (LEVY, nega o acesso da justiça a informações importantes em investiga-
1999, p.227) ções. Para cada ramo do negócio existe um conjunto de regras di-
ferentes, adaptando-se as necessidades e exigências de seus usu-
No Brasil a presente (e justificável) preocupação sobre o con- ários. A maleabilidade é mais um atributo do Mercado, sendo que
trole do Estado evita uma maior atenção sobre as forças do Mer- os mecanismos tradicionais do Estado ainda não estão adaptados o
cado, atuantes sobre a vida pessoal e transformando as ideias es- suficiente para resolver tais questões.
tabelecidas sobre liberdade individual. Lévy mostra a dificuldade A jornalista Naomi Klein (2002), mostrou que as transnacionais
do poder estatal para exercer de forma direta sobre o ciberespaço, procuram evitar o peso das justiças locais através da vantajosa es-
como já dito falta legitimidade, que só se faz presente nos casos trutura que possuem no mundo pós-fordismo. Em sua obra, “Sem
que envolvem o poder judiciário. É preciso refletir sobre a atuação Logo”, a canadense disserta sobre o poder das grandes transnacio-
do capital privado, que desestabiliza fronteiras e Estados, mudan- nais num mundo sem barreiras para o capital e analisa o estado
do até mesmo o pensamento sobre a privacidade. A privacidade se atual dos empregos na era de dominação do pensamento econô-
tornou uma mercadoria e para entender o poder quase onipresente mico neoliberal. Dando atenção a toda a cadeia produtiva, desde o
das empresas na vida do homem é preciso atentar para a realidade trabalho manual do sistema fabril em países de terceiro mundo, até
tecnológica. o setor varejista do mundo desenvolvido.
O crescimento espantoso da telefonia móvel convergiu com o O discurso de Klein se mescla ao de Luciano Gallino ao enten-
aparecimento de novos aparelhos para a conexão com a internet, der o pensamento neoliberal como hegemônico na sociedade da
como o tablet, essa nova realidade tecnológica permitiu um gran- informação, o “Estado minimalista” é a consequência direta disso,
de avanço para a conexão sem fio, “Com a internet acessível pelo deixando sequelas graves para a sociedade (Klein, 2002).
celular, a rede e todos seus serviços tornam-se móveis. [...], os apa- Para manter a competitividade as multinacionais procuram
relhos se tornaram também possibilidades de estado de conexão realocar a sua produção fabril para países onde a mão de obra ex-
permanente [...]” (Rodrigues, 2010, p. 78). Essas mudanças inega- cedente e barata esteja menos organizada em sindicatos e prote-
velmente trouxeram grandes avanços, como canais diretos para o gida por leis, desse modo podem tirar o maior proveito da força
compartilhamento de informações, geralmente pelo aplicativo de de trabalho local, garantindo altos lucros. A autora é perspicaz ao
mensagens instantâneas WhatsApp e a possibilidade do acesso de analisar as multinacionais através do prisma da marca. As empresas
inúmeras fontes de notícias. Mas também trouxeram o problema entenderam que antes de vender um produto elas vendem uma
da superinformação e do controle dos indivíduos, desde a sua loca- ideia, basta ver as imensas filas nas lojas da APPLE ao redor do mun-
lização espacial até as suas afinidades para entretenimento, consu- do sempre que alguma novidade tecnológica é lançada. A sede do
mo e relações pessoais. consumidor por marcas não tem fim, pois elas não representam a
A empresa transnacional, Uber, sediada em São Francisco, é compra de um item necessário e sim um desejo de posse, desejo
um notório exemplo das mudanças trazidas pelo uso das NTICs nos esse tão bem analisado por Erich Fromm em “Psicanálise da socie-
mais variados campos. Oferecendo transporte privado alternativo dade contemporânea”. O que os membros da Escola de Frankfurt
aos táxis, através de um aplicativo chamado E-hailing, a empresa não poderiam supor é o quão longe as engrenagens máximas do
se expande globalmente e ao mesmo tempo em que gera atritos

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ATUALIDADES (DIGITAL)
capitalismo seriam capazes de ir pelo lucro, desafiando Estados e Para Charles Maier, a consciência de classe só faz enfraquecer
modificando leis, passando por cima até do sentimento ideológico num mundo onde os sindicatos são perseguidos e o trabalhador
máximo do século XX, o nacionalismo. alvejado de seus direitos. Mas na porção desenvolvida do mundo
é necessário maquiar a exploração, pois não está se falando mais
[...]estamos rodeados de coisas de cuja natureza e origem não do “outro”, do distante asiático que pode viver com tão pouco. O
sabemos. O telefone, o rádio, o toca-discos e todas as outras máqui- trabalho temporário então aparece como uma alternativa para se
nas complicadas são quase tão misteriosas para nós quanto o se- extrair dos jovens sua força de trabalho e não o remunerar decente-
riam ´para um homem de uma cultura primitiva; sabemos usá-los, mente, nesse sentido os setores midiáticos também se despontam,
isto é, sabemos que botão apertar, porém não sabemos segundo mostrando que não é somente a lógica fabril a que é controlada
que princípio funcionam, salvo nos termos vagos de algo que em pelo pensamento neoliberal. As promessas de que o trabalho o co-
outro tempo aprendemos na escola. E as coisas que não se baseiam locará na classe média e que não fará de você um simples trabalha-
em princípios científicos difíceis nos são igualmente estranhas. Não dor necessitado atrai muitos em busca de melhorar sua vida, mas a
sabemos como se faz o pão, como se tecem as fazendas, como se Starbucks e o Wal-Mart são tão comprometidas com a eficiência e o
constrói uma mesa, como se faz o vidro. Consumimos como produ- lucro quanto a fabricante de roupas próxima a Manila.
zimos, sem uma relação concreta com os objetos que manejamos; Naomi Klein demostra a relação dialética entre as empresas e
vivemos em um mundo de coisas, e nossa única relação com elas seus empregados, o mercado consumidor é indispensável, mas os
consiste em saber manejá-las e consumi-las. (FROMM, 1970, p. 136) trabalhadores não podem ser um peso nos gastos financeiros. A li-
gação com a indústria tecnológica do Vale do Silício e Seattle mostra
As marcas possuem um significado, investir no fortalecimen- que mesmo altamente especializada a mão de obra pode e vai ser
to e difusão dessa não é barato, cabe as empresas então arrochar submetida a lógica neoliberal do Just in time.
ainda mais os salários e tomar medidas gerenciais para que o inves- A globalização levou a disputa comercial a um nível mundial,
timento seja direcionado ao marketing, setor no qual o nome do não importa se esteja em Vancouver ou Jacarta, as leis do merca-
produto pode crescer, sem estar ligado ao “sujo” trabalho fabril. É do irão influir sobre sua vida, seu nascimento apenas incidirá no
importante lembrar que a fábrica foi classificada por Foucault como grau de exploração usado sobre você. Klein consegue demonstrar
um dos espaços fechados, um símbolo da sociedade disciplinar que com exatidão que as multinacionais sofreram transformações im-
não se encaixa mais no mundo do capitalismo informacional. Longe portantes ao longo do tempo, criando entidades transnacionais que
de seus países de origem, as fábricas podem se aproveitar de leis impactam a vida humana de diversas maneiras, sem se preocupar
locais, como as das Filipinas e da Indonésia, pagando um rendimen- com fronteiras, direitos trabalhistas ou mesmo em muitos casos a
to bem abaixo do exigido na Europa ou nos Estados Unidos. Sobra dignidade humana.
a esses lugares a sede empresarial, que agrega os valores da nova A mudança no pensamento dos dirigentes empresariais alte-
sociedade, tendo como características a “flexibilidade” e a “capa- rou fortemente a realidade dos trabalhadores fabris. As zonas de
cidade de adaptação” (Rodrigues, 2010). A terceirização permitiu exportação são os locais onde a competitividade no século XXI che-
as grandes marcas se distanciar desse modelo fabril altamente ex- ga ao seu máximo, lá os trabalhadores são submetidos a jornadas
ploratório, não importa que as condições de trabalho nas Filipinas intermináveis de trabalho e direitos humanos são desrespeitados
sejam vergonhosas, a Nike e a Reebok não têm nada a ver com isso, sistematicamente em prol da produção. As alegações futuristas
essas fábricas estão sob o comando de asiáticos, mas diferentes dos alarmantes de autores como Rifkin estavam erradas, os trabalhado-
antigos tigres asiáticos, que em sua época puderam aproveitar do res assalariados não foram trocados por robôs, eles foram trocados
grande número de indústrias, aumento o salário de seu povo e co- por outros trabalhadores que não possuem a mínima proteção tra-
brando impostos para investir no país. balhista, eles são mais eficientes do que robôs, se derem “proble-
Com o intuito de baratear seus produtos as grandes multina- ma” podem ser despedidos, um robô precisaria de manutenção e
cionais procuraram realocar seu setor fabril em países de terceiro acima de tudo seres humanos dependendo do local do globo onde
mundo, onde as condições sociais permitem uma exploração lucra- nasceram, são baratos. Hobsbawn indicou que para o empresário o
tiva do trabalhador. Diferente do ocorrido nos antigos tigres asiáti- ser humano é o problema na linha de produção, as tentativas cons-
cos, Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong, os novos alvos tantes e bem-sucedidas de limitar o trabalhador mostram que o
não recebem troca de tecnologia e nem aumentam os impostos marxista estava correto.
cobrados, deixando de tirar seus trabalhadores da pobreza e nem A terceirização permitiu as grandes marcas se distanciar desse
dando ao Estado rendimentos suficientes para investir em infraes- modelo fabril altamente exploratório, não importa que as condi-
trutura. Para Kindleberger, as multinacionais não devem lealdade a ções de trabalho nas Filipinas sejam vergonhosas, a Nike e a Reebok
nenhuma nação, este pensamento indica que o mundo inteiro se não têm nada a ver com isso, essas fábricas estão sob o comando de
tornou seu quintal de negócios, são “Estados apátridas” como diz asiáticos e sob a jurisdição, muitas vezes especial, desses territórios.
Naomi Klein (2002). A autora se detém longamente sobre as condições de trabalho
Para a Sociedade da informação uma marca deve representar nas ZPE, sobretudo analisando o caso nas Filipinas, os testemunhos
algo, ela deve ser atraente e ter conceito. O produto em si é joga- só comprovam a lógica do capitalismo selvagem exercido sobre os
do para segundo plano, aqueles mesmos consumidores nas filas da povos subdesenvolvidos. Porém, a cadeia produtiva apenas começa
APPLE não estão lá porque o novo IPHONE traz muitas novidades na fábrica, é preciso ainda vender o produto e a marca e para isso é
e, sim, porque querem continuar se sentindo ligados aquela mar- necessária mão de obra local nos países com maior renda. Os encar-
ca que representa algo a eles. “Bebemos rótulos: com uma garrafa regados de vender o produto também são explorados, preferindo
de Coca-Cola, bebemos o desenho das belas jovens que a bebem os jovens em detrimento dos mais velhos e arrochando salários.
no anúncio [...] Com o que menos bebemos é com nosso paladar” As zonas de processo e exportação ganharam força sobretudo
(Fromm, 1970, p. 135 - 136). Nesse panorama para se manter com- na China, uma gigantesca fábrica mundial que vende seu povo para
petitivo é preciso de publicidade, a parte fabril do negócio se torna atrair as multinacionais, o caso da China pode ser visto como em-
então a parte no qual os cortes devem ser realizados, é nessa etapa blemático, sem dúvidas o tamanho da população tem um impacto
então onde ocorrem os maiores cortes de gastos. gigantesco para que o cenário chegasse a tal ponto, porém foi um
Estado forte capaz de calar os anseios do trabalhador que gerou

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ATUALIDADES (DIGITAL)
um ambiente tão propício para as ZPE. O Estado abre uma exceção Informação e poder: O papel da Grande mídia na atualidade
nessas regiões, tornando-as “ilhas” onde a lei normalmente esta- A informação no século XXI tornou-se tão fundamental que
belecida não se aplica. Na China onde a liberdade de expressão é ela já é percebida como um direito e também como um requisito
controlada esse tipo de negócio só tende a prosperar, pelo menos para a vida em sociedade, a ponto de muitas vezes ser confundida
até Pequim decidir que seu povo merece uma remuneração huma- equivocadamente com o conhecimento. Além da influência que as
namente descente. mídias, em especial as digitais, possuem junto à sociedade e gover-
As forças do Mercado operam de forma internacional, driblan- nos, ela também tem impacto gigantesco sobre a cultura. A mídia
do barreiras impostas pelo Estado e as questões relativas a justiça. tradicional ainda é o principal canal de informações para a socieda-
Se a força das empresas frente aos governos é evidente, o poder de de, jornais, revistas e TV dominam a pauta de notícias, impondo os
atração sobre a Multidão muitas vezes é sutil, através do marketing assuntos que determinam serem os mais importantes no momen-
o público é rebaixado a mero consumidor, um replicador do estilo to. Grandes conglomerados midiáticos pelo mundo possuem tanto
de vida do capitalismo informacional (Rodrigues, 2002), conectado poder que uma grande parcela das mídias mainstream pertencem a
ao emprego em tempo integral graças aos dispositivos móveis e lu- algum deles. No Brasil, a chamada mídia tradicional ainda é o princi-
dibriado pelo excesso de informação geradas nas redes. pal canal de informações para a sociedade, jornais, revistas e TV do-
A compulsão pelo consumo é cada vez maior, pois, por um lado minam a pauta de notícias, impondo muitas vezes os assuntos que
consumir se tornou um fim em si mesmo, apenas para satisfazer um determinam serem os mais importantes no momento. Entretanto,
desejo interno incutido pela propaganda, que é onipresente na vida a nova realidade tecnológica digital ao possibilitar que qualquer
contemporânea. Por outro lado, em países onde existem grandes indivíduo seja igualmente um produtor e repassador de informa-
desigualdades sociais o ato de consumir é relacionado com a pró- ção, forneceu mecanismos acessíveis contrários a hegemonia dos
pria cidadania, como é o caso do Brasil. grandes grupos midiáticos, o que tem contribuído para a grave crise
financeira e identitária do jornalismo tradicional, por exemplo, e a
O homem moderno, caso ousasse falar claramente de sua con- problematização da produção cultural advinda e veiculada somente
cepção do céu descreveria uma visão que pareceria a maior loja de por estes grupos.
departamentos do mundo, apresentando coisas e engenhocas no- Como a informação sempre esteve intimamente ligada às rela-
vas, e êle entre elas com dinheiro bastante para compra-las. Anda- ções de poder, a mídia mainstream junto a escola tem sido os dois
ria boquiaberto por esse céu de engenhocas e mercadorias, sendo principais difusores do pensamento dominante. Nesse sentido é
condição apenas a de que existisse número cada vez maior de coisas mais do que natural que a imprensa represente os anseios das elites
novas para êle comprar, e talvez também a de os seus vizinhos se- nacionais. Grupos como Bertlsmann, News Corporation, The Walt
rem um pouco menos privilegiados do que êle...[...] (FROMM, 1970, Disney Company, Vivendi, CBS Corporation, Viacom, Time Warner,
p.137) Sony Corporation e NBCUniversal controlam um número significa-
tivo de alguns dos mais respeitados e famosos meios de comunica-
Felizes em distribuir seus dados para as grandes corporações, ção, pertencem a algum deles, por exemplo, as redes CNN, RTL, FOX
os usuários de aplicativos e redes sociais não se sentem, em sua News e ABC além dos jornais The New York Times, New York Post,
maioria, invadidos em sua privacidade. Falta o entendimento que The Daily Telegraph, The Sun e The Times.
na atualidade, dados pessoais são quase tão relevantes quanto a No Brasil a concentração de mídia também é uma realidade,
força de trabalho, eles geram altos lucros e poucos problemas com a tendo como maiores exemplos o Grupo GLOBO, o Grupo ABRIL,
opinião pública. A grande mobilização internacional para condenar o Grupo Folha e o Grupo RBS. Juntas elas concentram os maiores
as atividades de espionagem da NSA se deu principalmente, pela difusores de informação e opinião do país, possuindo emissoras,
magnitude em que era feita, pelos poderosos líderes internacionais rádios, jornais, revistas, gravadoras, sites de notícias e estúdios ci-
que atingiu e por ter vindo do Estado, em um país onde grande nematográficos, como a Rede Globo, Globo News, a Rádio CBN, Jor-
parte da população sente o poder estatal de maneira desconfiada, nal O Globo, Extra, Valor Econômico, Zero Hora, Folha de S. Paulo,
vendo apenas uma grande máquina que cobra impostos e controle. Época, Veja, Exame, UOL, G1, além de institutos de pesquisa como
Na sociedade de controle atual do Ocidente, é o Mercado a o Datafolha. Conforme Altamiro Borges, em seu livro A ditadura da
força que mais invade a liberdade e a privacidade, enquanto o Es- mídia (2009), para a construção do modelo midiático vigente no
tado é pressionado na direção de abrir seus dados para a consulta Brasil, não foi privilegiado o investimento em um sistema público
popular e em criar uma estrutura eletrônica organizada capaz de de radiodifusão. Ao contrário foi copiado
lidar com essas questões, as megaempresas convocam o indivíduo
a abrir sua vida e deixar suas informações no ciberespaço, para no [...] o modelo privado dos EUA, mas sem as ressalvas legais
fim gerarem lucro. vigentes neste país de 1943, que coibiram os monopólios que só
A Multidão, porém, não se mostra completamente apática a foram atacados no reinado neoliberal de Bush. A ausência de legis-
tais atitudes. Resistências aos novos modelos de cerceamento se lações reguladoras e a relação promíscua com o Estado permitiram
fazem presentes pelo mundo. Em 2014 a União Europeia sancionou um tipo sui generis de concentração com a chamada propriedade
a lei do direito ao esquecimento, ampliando direitos sobre a priva- cruzada, na qual os “donos da mídia” garantem a posse de diferen-
cidade e atingindo diretamente gigantes da internet como Google, tes meios – jornais, revistas, rádios, televisões, internet. No Brasil,
Microsoft e Yahoo. O uso de bancos de dados de usuários para a o modelo privado e a propriedade cruzada resultaram numa mí-
venda é um tema ainda pouco discutido, mas a decisão da Corte de dia extremamente concentrada e historicamente antidemocrática.
Justiça Europeia abre caminhos para a criação de eventuais meca- (BORGES, 2009, p. 56)
nismos para a proteção de informações pessoais. Além da justiça A concentração midiática, que está na mão de poucas famílias
os usuários procuram maneiras próprias de lidar com a superexpo- brasileiras, teve seu acabamento no período da ditadura de 64. Na-
sição, a criação do Tor para navegação anônima e a luta pela pre- quele contexto, o projeto de integração nacional visado pelos mili-
servação da neutralidade da rede são outros exemplos do que a tares, conforme o Relatório do Instituto de Estudos e Pesquisas em
articulação dos usuários é capaz de fazer. Comunicação,

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ATUALIDADES (DIGITAL)
[...] adquiriu materialidade e encontrou sua melhor tradução para Kucinski a mesma imprensa, liderada pela Rede Globo e a Re-
no modelo constituído pela Rede Globo. Ao longo de quase quatro vista Veja, derrubou Collor ao promover a campanha pelo Impea-
décadas, enquanto expandiam-se país adentro [...] as redes de TV chment.
aberta forjaram um mapa do Brasil baseado nos interesses políticos
e comerciais privados de seus proprietários [...] Células desses in- O resultado duradouro e nefasto do episódio não foi a autocrí-
teresses foram disseminadas em cada recanto do País sob a forma tica. Ao contrário, foi a percepção pelos principais grupos de mídia
de grupos afiliados às redes. O resultado foi a criação de um Brasil de massa do país de seu poder de eleger ou derrubar presidentes.
refém das grandes empresas da mídia, imunes a qualquer forma de Desde então, nossa mídia de massa não se limita a reportar a nossa
controle público, comandadas de forma vertical e sustentadas em história – quer determinar os rumos de nossa história. (Observató-
alianças regionais que reproduzem e amplificam ideias, concepções rio da Imprensa, 2011).
e valores para 170 milhões de habitantes. (Carta Capital, 2012, p. 1)
É fácil compreender o atual desinteresse e desconfiança de
Após a falência das famílias Bloch (Manchete,) Levy (Gazeta, parte da sociedade pela mídia. De um lado as NTICs tornaram o
Nascimento (Jornal do Brasil), outrora proprietárias das mídias, a processo de produção e recepção de informações muito mais di-
situação da concentração familiar é a seguinte: Marinho (Globo), nâmico e democrático, e de outro a percepção da falta de impar-
Abravanel (SBT), Saad (Bandeirantes), Civita (Abril), Frias (Folha), cialidade tem contribuído para a ruína da confiança dos leitores e
Mesquita (Estado) - que está em crise -, e também recentemen- telespectadores.
te despontou a emissora Record, ligada à família Macedo, dona da Para Carla Rodrigues (2013) a tradicional indústria da informa-
Igreja Universal. Neste quadro, as Organizações Globo predomi- ção não foi capaz de se adaptar as novas demandas da sociedade
nam. As seis principais redes de TV aberta (Globo, Record, SBT, Ban- pós-fordismo. Os mecanismos intrínsecos de funcionamento do
deirantes, Rede TV! e CNT) compõem o principal veículo brasileiro jornalismo são opostos a exigências (novos valores) como “descen-
de comunicação e respondem por cerca de 56% das verbas publici- tralização, flexibilidade e mobilidade”. Através de um documento3
tárias públicas; a essas redes estão associadas gerado pelo Centro de Jornalismo Digital da Universidade de Co-
lúmbia, a autora reflete sobre problemas atuais do jornalismo. So-
140 grupos afiliados, os principais de cada região, e abrangem bre o jornalismo pós-industrial, a autora afirma
um total de 667 veículos, entre emissoras de tevê, rádio e jornais.
Os grupos cabeças-de-rede, que geram a programação de televi- [...] um dos muitos motivos da crise do jornalismo pós-indus-
são, buscam nos afiliados sustentação nas regiões e amplitude de trial é a impossibilidade da indústria de a informação tradicional
presença no mercado. Em troca, dão fôlego econômico e uma face funcionar a partir desses novos valores, já que uma de suas princi-
institucional a projetos empresariais e políticos regionais. (Carta Ca- pais características é uma estrutura fortemente hierarquizada, cen-
pital, 2012, p. 1) tralizada, que pretenda garantir o controle dos processos internos
e, sobretudo, o controle daquilo que será veiculado. No vocabulário
Praticamente esses grupos afiliados pertencem, por sua vez, industrial, as relações funcionam no modelo fordista, reproduzindo
às grandes famílias oligárquicas políticas regionais. Esta é uma das rotinas e processos industriais necessários para a realização de pro-
facetas da relação informação-poder na sociedade brasileira, pois dutos de informação. (Rodrigues, 2013, p. 138)
estes “667 veículos ligados às seis redes privadas nacionais são a
base de um sistema de poder econômico e político que se ramifica O modelo antiquado da estrutura jornalística está levando a
por todo o Brasil e se enraíza fortemente nas regiões. ” (Carta Capi- mídia tradicional a perder cada vez mais espaço diante de novas ini-
tal, 2012) Por exemplo, a família do senador José Sarney comanda ciativas pela internet, o que ameaça a hegemonia de grupos tradi-
o Sistema Mirante de Comunicação, afiliada à Globo, no Maranhão; cionais sobre a informação. Diante desse quadro grandes jornais co-
a família do senador/Pará Jader Barbalho comanda a Rede Brasil meçaram a investir pesadamente em versões online, que cada vez
Amazônia, afiliada à Bandeirantes; a família de Antonio Carlos Ma- mais adquirem importância e ajudam na manutenção dos lucros,
galhães comanda a Rede Bahia de Comunicação, afiliada à Globo, mesmo as emissoras de TV também procuram uma maior dinâmica
na Bahia; a família do deputado federal Albano Franco comanda a com as redes sociais, ao perceberem que atualmente a multidão de
Rádio Televisão Sergipe e Sistema Atalaia de Comunicação, afiliadas conectados é capaz de indicar pautas do dia, além de possuir voz
à Globo e SBT; a família do senador Fernando Collor comanda a Or- para questionar o comportamento e as decisões da grande mídia.
ganização Arnon de Mello, afiliada à Globo, nas Alagoas. Para Rodrigues (2013) outro fator fundamental é a perda por
parte dos profissionais da informação do “privilégio de produzir in-
O cientista político Bernardo Kucinski crê na mídia como uma formações”, uma vez que as NTICs possibilitam a qualquer um com
das grandes forças do tempo presente, retendo poder suficiente acesso à internet a produção, disseminação e a capacidade de opi-
para derrubar governos e alterar a opinião pública das mais diver- nar sobre informações, muitas vezes num ritmo mais veloz do que
sas formas. O autor cita três exemplos históricos de tais poderes, a uma redação de jornal.
campanha liderada pelo jornalista Carlos Lacerda que pôs fim a Era A conclusão diante desses novos fatos por parte do documento
Vargas em 1954, A renúncia de Richard Nixon em 1974 devido ao de Colúmbia foi “[...] uma redução da qualidade das notícias [...]”
escândalo Watergate, denunciado pelos jornalistas Bob Woodward (Rodrigues, 2013, p. 139). Analisar esse quadro é de extrema im-
e Carl Bernstein do Washington Post, além de em 1973 a imprensa portância para a compreensão não apenas da crise jornalística,
chilena ter participado da derrubada do presidente Salvador Allen- mas também das políticas nacionais, pois entre os muitos impac-
de e ajudado na ascensão do ditador Augusto Pinochet (Kucinski, tos dessa baixa qualidade está o posicionamento e a influência da
2011). grande mídia familiar brasileira em programas de cunho conserva-
dor e mesmo de claro reacionarismo. Tomando o Brasil atual como
No Brasil a imprensa foi decisiva para a estrutura de manuten- exemplo é possível identificar essa baixa qualidade nas matérias
ção do regime militar, além de ter participado decisivamente na jornalísticas, porém, além dos problemas já citados um outro fator
eleição do presidente Fernando Collor de Mello em 1989. Ainda se apresenta, a intenção deliberada de confundir o leitor e leva-lo

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ATUALIDADES (DIGITAL)
a um conhecimento truncado, que pode ser mais nefasto do que a de de objetivos também está associada ao próprio mecanismo da
ignorância, o que contradiz qualquer bom senso ditado pela ética Multidão, que abriga diferentes visões de mundo e os mais distintos
jornalística. anseios sociais.
No intuito de garantir uma parcela de leitores assíduos, gran-
des veículos de comunicação procuram exaltar alguns posiciona- “O poder é um fenômeno social no qual uma vontade, individu-
mentos reacionários sobre certas parcelas da sociedade, muitas al ou coletiva, se manifesta com capacidade de estabelecer uma re-
vezes relacionando a pobreza com a violência e o estupro a uma lação da qual resulta a produção de efeitos desejados, que de outra
suposta conduta sexual feminina que incitaria esse tipo de crime. maneira não ocorreriam espontaneamente. ” (Moreira, 1996 apud
Também apoiam de modo nem sempre sutil, iniciativas econômicas Silveira, 2000)
e políticas visivelmente negativas para a maior parte da população,
como redução dos direitos trabalhistas, redução da maioridade pe- A visão sobre as manifestações de 2013 por parte da grande
nal e liberação do porte de armas. Num processo de fidelização das mídia brasileira foi em geral negativa, o lado contestatório foi igno-
massas, veículos da mídia familiar como O Globo, Época, Veja, Esta- rado em detrimento de uma grande visibilidade das ações dos Bla-
do de S. Paulo e Folha de S. Paulo, procuram dar mais espaço para ck Blocks, tentando associar as manifestações ao vandalismo. Não
pautas que atendam os anseios de grupos mais conservadores, ao sem motivos grandes veículos de informação como a Rede Globo e
mesmo tempo que reafirmam uma suposta neutralidade política, a revista Veja foram largamente hostilizados nos eventos, demons-
mesmo que isso implique na redução da qualidade das notícias. trando o descontentamento na forma com a qual a mídia retrata
Um tipo de jornalismo que, para ter vendagem, não se pauta pela certos assuntos.
ética jornalística na construção da informação: capas vergonhosas, As eleições presidenciais de 2014 também foram polêmicas, o
manchetes que induzem uma dada interpretação do fato que não é espírito de junho ainda estava vivo, mas foi trabalhado pelas for-
dito e mesmo contradito pelo texto que se segue. Por exemplo, na ças do poder, tendo perdido muito de sua força diante da falta de
história recente da cobertura jornalística da política nacional apare- comprometimento do Estado em alterar a realidade nacional. Se
cem fatos noticiados em grandes manchetes que induzem o leitor a em muitos momentos a onda contestatória gritava contra o siste-
certa interpretação que, por vezes, não condiz e mesmo contradiz ma partidário, em 2014 esse sentimento se encaminhou para uma
o dito pelo texto que segue a manchete, numa clara intenção de irrefreável polarização, trazendo novamente os velhos partidos na
manipulação. Como ilustração basta recordar a história do cientista disputa pelo poder.
político ligados aos direitos humanos, Leonardo Sakamoto, destro- A mídia brasileira apoiou o candidato do PSDB Aécio Neves,
çado por leitores a parti de notícia falsa em jornal mineiro (http:// para tal iniciou uma campanha contra o PT, o ex presidente Luís
blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2016/02/03/dez-impac- Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Roussef. A Veja foi acusada
tos-imediatos-causados-por-uma-mentira-difundida-pela-rede/) de conspirar abertamente, tendo levado as bancas uma edição que
ou inverdades publicadas pelo jornal o Globo contra Lula em 2015 atacava ferozmente o PT pouco tempo antes da eleição que decidi-
(http://www.institutolula.org/as-cinco-vezes-em-que-o-globo-ten- ria o segundo turno, no fim Roussef saiu vencedora com o resultado
tou-enganar-seu-leitor-em-2015) ou sobre o prefeito de São Paulo apertado de 51, 64%, correspondendo a 54.501.118 votos.
Fernando Haddad (http://jornalggn.com.br/fora-pauta/a-menti- O saldo da eleição foi de um Partido dos Trabalhadores4 enfra-
ra-pela-edicao-esperta-de-manchetes) ou a errata publicada pelo quecido, uma direita que não aceitava a derrota nas urnas e uma
jornal o Globo, por obrigação judicial, em relação a um dos filhos de esquerda fragmentada, com alta desconfiança da mídia. A partir de
Lula (http://www.ocafezinho.com/2015/11/08/globo-publica-erra- 2015 a grande imprensa passou a fomentar uma campanha contra
ta-admitindo-que-mentiu-sobre-filho-de-lula/). os dois principais líderes do PT, apoiados pelo empresariado e por
O processo político singular no qual o Brasil se encontra desde uma classe média com tendências cada vez mais fascistas. O resul-
2013 envolve as crises do Estado Nacional, das instituições, de re- tado dessa campanha desembocaria no processo de impeachment,
presentatividade e do jornalismo, além da nova realidade com as com graves repercussões políticas e um grande impacto na imagem
NTICs. Três eventos marcantes foram decisivos para demonstrar do Brasil dentro e fora de suas fronteiras.
esses problemas, as manifestações em junho de 2013, as eleições Em 2016 o clima de polarização política era alarmante, os gritos
presidenciais de 2014 e o processo de impeachment em 2016. de 2013 contra os partidos se transformaram em ecos distantes,
As Jornadas de junho foram um movimento espontâneo da pois a partidarização (muitas vezes velada) se tornou uma espécie
população desencadeado a partir dos aumentos das passagens de de obrigatoriedade frente aos acontecimentos. As bolhas ideológi-
ônibus em vários locais do país, no qual a Multidão em toda sua plu- cas formadas pelo Facebook agravaram ainda mais um debate que
ralidade mostrou sua veia contestatória ao ir para as ruas para con- não acontecia, pois ambos os lados não estavam mais dispostos a
testar não apenas sobre o transporte público, mas também sobre o argumentar com sensatez, logo as inciativas contra Roussef e seu
estado da saúde, da educação, da corrupção generalizada e outros partido se transformaram em uma campanha anti-esquerda fomen-
temas. A população conectada observava de longe a Primavera Ára- tada sobretudo pela mídia. Um levantamento5 realizado pelo Gru-
be, num contexto mundial de críticas sobre diversos governos. po de Pesquisa em Políticas Públicas de Acesso à Informação da USP
A informação se tornou elemento fundamental para desafiar as (GPOPAI USP), mostrou que a guerra pela narrativa havia se insta-
relações de poder estabelecidas, as NTICs possibilitaram um novo lado, os discursos contra e pró impeachment6 dominavam as redes
olhar sobre a cidadania e aumentaram os anseios de mudanças so- sociais e as páginas de revistas e jornais, num monitoramento que
ciais (Silveira, 2000). As jornadas receberam críticas parecidas com havia se iniciado quatro dias antes da votação pelo impeachment
as do movimento Occupy Wall St., devido à falta de lideranças e na Câmara dos deputados. O levantamento apontou que parte das
objetivos claros. Os movimentos atuais que tem sua irrupção pela notícias mais compartilhadas no Facebook entre os dias terça-feira
internet contam sobretudo com a espontaneidade, a lógica do in- (12/4) e sábado (16/4) eram falsas. Foram verificadas 6,1 milhões
divíduo a frente dos outros, o líder/herói já não faz mais sentido de compartilhamentos na rede social e segundo o grupo mais de
para essas pessoas, numa realidade onde todos podem expor suas 200 mil pessoas visualizaram tais conteúdos.
opiniões e atingir um grande número de pessoas. Já a multiplicida- Para aqueles que se identificam pelo espectro da esquerda po-
lítica ou simplesmente enxergavam as ações pela remoção da presi-
dente como um golpe coube apenas tentar encontrar novas fontes

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ATUALIDADES (DIGITAL)
de notícias, alguns buscando a narrativa que privilegiava o seu lado, ao propor algumas reformas da pauta política vencida nas últimas
outros buscando independência e ética jornalística. Nesse sentido a quatro eleições presidenciais, que diminuiriam ou prejudicariam a
blogosfera foi um refúgio para os progressistas, onde espaços como saúde, a educação os direitos humanos, por exemplo, que não se-
blog do Sakamoto e Socialista morena, jornais eletrônicos como riam populares, mesmo em um Brasil mais conservador. Para tal,
Diário do Centro do Mundo (http://www.diariodocentrodomundo. está sendo preciso usar os meios à disposição para convencer a po-
com.br/), Jornal GGN (http://jornalggn.com.br/), Revista Fórum pulação sobre a necessidade e legalidade do impeachment da pre-
(http://www.revistaforum.com.br/), jornal 24/7 (http://www.bra- sidenta Dilma Roussef, em 2016, fato que, para crescente parcela da
sil247.com/) que, dentre outros, cresceram e passaram a ser locais população, está tornando evidente que os interesses do Mercado e
onde uma narrativa distinta pode se consolidar em detrimento das da grande mídia prevaleceram sobre os votos da democracia.
narrativas da grande mídia familiar brasileira sobre o poder. A mídia brasileira, diferente da americana, possui grande de-
Em consequência, para uma parte da população o jornalismo pendência de dinheiro público para sua sustentação. Grande parte
tradicional da grande mídia familiar brasileira já não os representa, dos políticos possui rádios, jornais e canais de TV, como a dinastia
mas sim uma camada social ligada ao poder e aos setores populares Magalhães na Bahia e os Sarney no Maranhão. Além do trio religião,
usados como massa de manobra. TV e política, cada vez mais popular no país, numa afronta gritante
As sistemáticas crises que abateram o Brasil desde 2013 já exis- a constituição.
tiam há algum tempo, porém foi a partir do momento onde a Mul-
tidão mostrou sua força que essas crises se tornaram mais agudas. [...] a ligação entre mídia e poder, resultado de uma política de
Com o status quo sendo constantemente desafiado por parcelas concessões oligárquica, centralizada e nem um pouco democrática.
não caladas da população brasileira, coube às forças reacionárias
criar um discurso que centrava os problemas do País na administra- De fato, a indústria da informação no Brasil é tão dependente
ção petista, que se apresentou como o partido o maior, mais forte e de verbas públicas que chega a ser difícil chama-la de indústria. Os
estruturado grupo de esquerda nacional e que liderou o presiden- dados mais recentes mostram que apenas 10 veículos de comuni-
cialismo de coalizão nas últimas quatro eleições. Um exemplo im- cação concentravam 70% dos R$ 161 milhões que o atual governo
portante do reacionarismo que marca o governo interino contrário repassou aos veículos [...] a mídia mantém uma relação quase in-
à presidente Dilma Roussef é o Projeto Escola Sem Partido8, que cestuosa com os centros do poder, característica de um sistema que
supostamente visaria combater a catequização ideológica por parte nunca foi realmente questionado desde o fim da ditadura militar.
dos professores de esquerda sobre os estudantes, se a mídia já es- (Rodrigues, 2013, p. 141)
tava entregue ao poder desde seu nascimento, a escola, porém, é
um ambiente de multiplicidade e mais difícil de ser controlado, que É possível afirmar que o desencantamento do processo político
abarca ideologias distintas e nela existe um importante ator social, e a desconfiança sobre grande parte dos veículos midiáticos estão
o professor, que se distingue dos demais por possuir em geral uma acelerando a crise da indústria da informação no Brasil. Fontes de
ampla consciência de classe. informação alternativas têm adquirido cada vez mais espaço para
muitos brasileiros, sendo cada vez mais compartilhadas nas redes
Para o exercício continuado do poder, faz-se fundamental dis- sociais, o que ajuda na construção de um pensamento/narrativa em
por dos meios de comunicação de massa comprometidos com a ma- contraposição ao formulado e disseminado pelos grandes grupos
nutenção do “sistema” e de um sistema educacional que perpetue o midiáticos brasileiros.
pensamento dominante, de forma que o condicionamento seja cada Mesmo com a quase hegemonia da indústria da informação
vez mais implícito que explícito. O poder da imprensa, do rádio e da tradicional existe certa negação ao stablishment que perpassa vi-
televisão deriva, como o da religião, da organização; seu principal sões ideológicas, as organizações GLOBO, por exemplo, sofrem
instrumento de imposição, como o da religião, é a crença – o condi- grande resistência da esquerda pela defesa do Estado mínimo e por
cionamento social. (Silveira, 2000, p. 04) apoiar medidas repressivas que atinjam diretamente a população
mais carente. Uma parte da direita, de cunho mais religioso, a críti-
Outro exemplo são as políticas liberais que, muitas vezes de tão ca por ser mais aberta em questões sociais que envolvem gênero e
impopulares necessitam um engodo para que a população aceite mesmo os direitos humanos. Essas questões até o presente nunca
retrocessos, como por exemplo, os acontecimentos políticos como foram o suficiente para gerar algo mais concreto, mas a resistência
o 11 de setembro foram usados em favor do discurso neoliberal, ao maior símbolo da oligarquia midiática do país começa a alterar a
somando-se a isso o “estado de choque” que está sempre pondo a disputa pelo poder na mídia, tendo a audiência televisiva mudado
democracia e os direitos humanos em cheque (Klein, 2008). A crí- muito nos últimos anos, abrindo espaço para novos concorrentes.
tica de Naomi Klein é dirigida ao economista Milton Friedman, no- Não é possível afirmar sobre uma futura recusa a mídia tradi-
tório membro da Escola de Chicago, disseminadora do pensamento cional no mesmo modo como acontece hoje com os partidos, uma
neoliberal. Em contrapartida a esse modelo econômico diversos vez que a capacidade e flexibilidade da mídia de se reinventar são
economistas como Joseph Stiglitz, Armatya Sem e Paul Krugman superiores à dos partidos políticos. O jornalismo profissional ainda
dedicaram seus estudos a um modelo keynesiano. Na situação atu- é e continuará sendo por muito tempo a principal fonte de infor-
al do Brasil, no contexto do governo interino de Michel Temer, a mações, e a maneira pela qual a notícia é construída ganhará cada
disputa entre as duas visões de gerenciamento econômico está no vez mais relevância numa realidade onde a superabundância de in-
centro da disputa pelo poder político, de um lado o neoliberalis- formações já se faz presente e tem sido cada vez mais criticada e
mo que prevê cortes de gastos em áreas como a seguridade social, observada.
educação e saúde, além de pouca ou nenhuma regulamentação so- A liberdade jornalística está diretamente relacionada à demo-
bre o mercado e do outro um Estado mais atuante na economia, cracia, sendo que a sua existência ou não serve de termômetro
que deseja certo grau de regulação do mercado, cria programas de para medir a qualidade democrática de vários países. Ramos como
assistência social e favorece ações afirmativas. O governo interino, o jornalismo investigativo são imprescindíveis para o bom funcio-
mesmo em sua interinidade, modificou profundamente a estrutura namento de uma nação, sendo visto por muitos como uma arma
do governo da presidenta Dilma Roussef, ao mudar ministros, ex- diretamente contra os abusos e ilicitudes do Estado e em alguns
tinguir ministérios e secretarias, fundir ministérios e, sobretudo,

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ATUALIDADES (DIGITAL)
casos do Mercado. A partir do documento da Universidade de Co- dificaram o comportamento humano, Chomsky percebe essas mu-
lumbia citado anteriormente, Rodrigues discute a importância do danças e a influência delas sobre a direção dos Estados, sua visão
jornalismo no presente. sobre o “Terrorismo de Estado” converge com a ideia de “Estado de
choque” de Klein, onde discursos que possibilitem a violência do
[...] eles querem dizer que nem todo jornalismo importa, e que Estado sobre a população civil ou outras nações são construídos e
muito do que é produzido hoje é simples entretenimento ou diver- difundidos pela indústria da informação, sendo mais um exemplo
são. Por isso, para definir jornalismo adotam a famosa frase: ‘No- da real ligação entre o informar e o poder estabelecido. Para Klein
tícia é alguma coisa que alguém em algum lugar não quer que seja o modelo neoliberal abre uma exceção para o Estado mínimo na
impresso. O resto é publicidade’. (Rodrigues, 2013, p. 141) área da segurança, parte da imprensa parte então a construir uma
A mudança na indústria da informação já afeta de modos sin- narrativa que legitime um Estado policial, preparado para coibir as
gulares os leitores, hoje já existe uma exigência relativa a análise reivindicações da população em geral e mais fortemente aquelas
da informação, já não basta saber que algo aconteceu, é preciso parcelas ligadas aos movimentos sociais, realidade que pode ser
interpretar o fato, apresentar suas fontes e ser capaz de argumentar vista atualmente com a excessiva brutalidade das forças de segu-
com o ponto de vista diretamente contrário. Se as cidades são es- rança de São Paulo sobre estudantes que decidiram ocupar os es-
paços de separação, onde os indivíduos convivem em determinados paços escolares na cidade.
nichos caracterizados por condição econômica e outros fatores, no Ainda é impossível responder sobre o futuro da mídia tradicio-
espaço online essas divisões se tornam mais fluídas, possibilitando nal ao que já é conhecido como Quarta Revolução Industrial, uma
uma maior interação entre os indivíduos, pois mesmo nas bolhas vez que a lógica pós-fordista tende a se tornar a nova visão hege-
ideológicas das redes sociais o pluralismo de visões políticas se faz mônica no Mercado. Ao longo da história moderna, o capitalismo
presente. O confronto inevitável leva os internautas aos debates, ensinou que é mais fácil assimilar o inimigo do que derrotá-lo, desse
“armados” da melhor maneira possível para tentar convencer o modo é possível que novas estruturas de poder sejam tecidas no
“outro” com seu pensamento distinto. ciberespaço, de modo que os mesmos privilegiados continuem a
O processo de fidelização das massas como recurso para man- determinar o fazer jornalístico e informacional. Neste sentido, é im-
ter ou aumentar a audiência também tem causado impactos, cons- portante atentar para a grande consciência de classe que as elites
truindo uma sociedade anti-intelectual, mediante a superficialida- possuem, a qual permite a construção de reações eficazes a curto
de do que é veiculado. O resultado, a longo prazo, poderá ser o prazo sobre as mudanças do presente, vislumbrando possibilidades
aparecimento de uma sociedade incapaz de sustentar o debate de- na resolução da crise jornalística que privilegiam a questão dos lu-
mocrático, a negação do conhecimento acadêmico e uma rejeição cros sobre a da ética, investindo cada vez mais no setor digital e
nociva aos direitos humanos. acelerando o processo de fidelização das massas, alimentando a
As análises de Rodrigues sobre as mudanças no pensamento polarização política e aumentando o desgaste sobre a democracia.
e no comportamento humano podem ser comparadas ao pensa-
mento de Karl Polanyi, para quem uma natureza pré-moderna foi O Estado na Era da Informação: O espaço público na revolu-
modificada no decurso da construção da economia de mercado. As ção digital
relações entre economia e sociedade são mais estreitas do que se
normalmente supõe, a partir da década de setenta a Europa e os Cidades: Os desafios do espaço urbano em tempos globali-
Estados Unidos passaram a aplicar uma forma de economia contrá- zados
ria aos princípios Keynesianos, que caracterizaria a sociedade pós- O espaço urbano tem estado em constante transformação ao
-industrial. As mudanças não se restringiram apenas ao Mercado, longo da história, adaptando-se ou moldando as relações sociais e
a mentalidade coletiva foi afetada diretamente, sendo facilmente econômicas. Mesmo estando à sombra dos Estados Nacionais, as
observável o gerenciamento das forças econômicas sobre a política cidades sempre conseguiram influir de maneira decisiva nos acon-
e a cultura, (Polanyi, 1944). tecimentos, promovendo mudanças profundas nas sociedades e se
Se o modelo econômico é capaz de alterar de maneira tão tornando o centro principal da vida humana.
acentuada as estruturas sociais como defendem Rodrigues, Polanyi Se a municipalidade é diminuta e dependente das demais re-
e Fromm, é de se esperar que seus instrumentos de ação sejam efi- des estadual e federal, sobre as quais não possui quase nenhum po-
cazes em seu objetivo de moldar a mentalidade para uma adapta- der de controle, as cidades também se apresentam como o cosmos
ção no comportamento que seja mais útil para o modelo vigente e perfeito para a interação do indivíduo com o poder público, tendo
prepará-las para mudanças que normalmente seriam consideradas esse espaço autonomia suficiente para planejar e direcionar o seu
inaceitáveis sem um completo e elaborado exercício de convenci- futuro. Já o poder central apresenta-se como distante e excessiva-
mento e distorção da realidade. mente burocrático, o que dificulta a aproximação do cidadão.
A indústria da informação então se coloca como instrumento Entender a cidade contemporânea como um ator essencial na
de manutenção das estruturas sociais vigentes, defendendo o dis- dinâmica entre o indivíduo e o Estado se faz cada vez mais neces-
curso neoliberal e influenciando as decisões políticas que poderiam sário, tendo em vista a evolução histórica desses espaços e suas
resultar em uma mudança drástica na realidade. Como vários ou- estratégias atuais para promover o desenvolvimento das mais di-
tros aspectos da vida humana esse ramo industrial se encontra em versas formas. Como polo de excelência do fazer democrático e da
uma grave crise que já altera de maneira indubitável seu posicio- cidadania a cidade pode ser problematizada em seus aspectos eco-
namento dentro das complexas redes de relações de poder tecidas nômicos, culturais e sociais, pois é nela onde o indivíduo goza de
desde a crise do petróleo na década de setenta. seus direitos e procura mudar as estruturas de dominação erigidas
Para Noam Chomsky os anos sessenta foram um momento sin- para o conter.
gular nas lutas pelos direitos sociais, com forte posicionamento dos Para o arquiteto e historiador Guilherme Wisnik (2009), a cida-
movimentos sociais nos mais diversos fronts. Sendo ainda estrutu- de é um lugar de conflitos, pois a harmonia total no espaço público
rada pelo Estado de bem-estar social, o mito do sonho americano é uma ideia utópica. Sendo o espaço urbano o local propício para as
pode prosperar com força, pois existiam mecanismos capazes de novas disputas e táticas de resistência na era da informação.
gerar modificações reais na vida da população. A mudança econô-
mica para o neoliberalismo desencadeou já citadas forças que mo-

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ATUALIDADES (DIGITAL)
O choque direto entre cidadãos e o Estado é classicamente re- Rudolph Giuliani foi prefeito de Nova York de 1994 a 2001,
presentado pelas lutas nas ruas da cidade, a transformação de Paris nesse período procurou combater a grande violência presente na
realizada pelo arquiteto Georges-Eugène Haussmann no século XIX cidade desde a década de oitenta, empregando novas táticas de
possuía claros fins estratégicos em limitar o sucesso de levantes po- combate à violência e procurando revitalizar a economia local. O
pulares. político republicano teve sucesso em sua empreitada, modelando
a imagem da cidade como moderna e globalizada, servindo de re-
A haussmanização (...) é uma resposta: ela se enraíza nas pres- ferência para a gestão pública local. Nova York continuaria ditando
sões múltiplas que agitam a cidade no início do século, pressão de- tendências, em 2013 Michael Bloomberg iniciaria o primeiro de três
mográfica e pressão econômica que impulsionam o jogo dos valores mandatos como prefeito da cidade, dando continuidade às políti-
urbanos, o preço do solo ou dos imóveis. A doença e o medo social, cas de segurança pública de seu antecessor e aplicando medidas
a cólera e a revolta não são senão a parte mais visível de uma cida- de saúde pública polêmicas, que incluíam restrições ao fumo e co-
de que crepitava por todos os lados. (RONCAYOLO, La Production, midas transgênicas, a proibição do cigarro em estabelecimentos de
p.74 apud PESAVENTO, 1999, p. 89) alimentação foi amplamente imitada ao redor do mundo.
Em 2014 os democratas conseguiram eleger Bill de Blasio como
Para Pesavento (1999), a transformação da capital francesa prefeito, trazendo críticas ao modelo de segurança das gestões an-
possui ecos das cidades barrocas, como Roma do século XVI, sendo teriores, prometendo aumentar os impostos dos mais ricos e com-
que ideias parecidas já tinham sido adotadas por Luís XVI no século bater a desigualdade, estando atento às demandas dos novos tem-
XVIII. O modelo parisiense foi imitado e reinventado em diversas pos e deixando Nova York à frente das grandes discussões políticas
partes do mundo, adaptando-se as necessidades dos governantes para as cidades.
locais. O sucesso de Nova York sobre a alta criminalidade e mesmo
Há muito tempo as cidades já possuem uma ligação direta ba- sobre as sequelas dos atentados terroristas de 11 de setembro,
seada na influência, a Paris de Napoleão III representava um modelo advém da capacidade de seus gestores criar mecanismos de res-
civilizatório a ser seguido e as demais metrópoles estavam atentas posta aos problemas urbanos contemporâneos, além da força de
tanto as questões sobre segurança e higiene como o embelezamen- vontade política para a manutenção do status de grande metrópole
to artificial do espaço, influenciado pelo Darwinismo social9, um global ao qual Nova York goza. A criação de políticas próprias para
sistema de pensamento que subverteu as ideias de Charles Darwin os problemas comuns das grandes cidades se faz extremamente
procurando justificar o controle de indivíduos por outros. necessária numa realidade onde as NTIC deixaram o cidadão mais
Como exemplo do intercâmbio de ideias e da influência da Pa- preparado para exigir da gestão pública o compromisso no comba-
ris de Hausmann sobre outras cidades pode-se destacar o Rio de Ja- te as mazelas sociais. Estar atento as mudanças e ser capaz de se
neiro do início de século XX. O engenheiro Pereira Passos foi o pre- reinventar sem perder o lado positivo de sua tradição é o grande
feito da cidade entre 1902 e 1906, altura em que realizou mudanças desafio das metrópoles mundiais que desejam um lugar no seleto
profundas no Rio, deixando um legado ambíguo para a cidade. grupo de cidades influentes sobre o planeta.
A ideia de civilização presente no ideário de Pereira Passos era O caso de Nova York é exemplar, mas não único. Tóquio pos-
atinente a uma série de valores desenvolvidos pela sociedade eu- sui um sistema administrativo singular, atento a realidade da região
ropeia ao longo da modernidade. Consistia fundamentalmente na metropolitana mais populosa do mundo. Lideranças municipais
manutenção de uma civilidade urbana burguesa – na qual a ideia possuem certo grau de autonomia, principalmente no que se re-
de individualidade e de uso regulamentado do espaço público pelos fere aos serviços públicos, já questões legislativas ficam a cargo do
agentes privados da cidade jogavam um papel fundamental; no fo- poder provincial. Londres por sua vez ocupa um lugar de destaque
mento à atividade estética e cultural, na reverência a um passado e nas finanças internacionais, além de possuir uma grande e eficiente
no respeito à lei e à ordem pública estabelecidas pelo Estado atra- infraestrutura urbana, sobretudo em relação ao sistema de metrô e
vés de uma elite política ilustrada. (AZEVEDO, 2003, p. 23) aviação civil. Além de ter ao seu dispor o eficiente sistema de saúde
pública inglesa a cidade também é conhecida pelo perfil multicul-
As modificações ocorridas no Rio de Janeiro buscavam redefinir tural, tendo eleito em 2016 Sadiq Khan, um muçulmano de origem
a cidade nos moldes das grandes metrópoles europeias, mais pró- paquistanesa, para o cargo de prefeito.
ximas do ideal de civilização vigente na época. A ideia de cidades As características citadinas ajudam a compor os perfis particu-
como modelo de desenvolvimento a ser seguido é recorrente na lares de cada região, fornecendo uma “personalidade” as cidades,
história, porque algumas urbes privilegiadas que influenciam na ar- destacando-as das demais e dando a elas um status que em inúme-
quitetura e na gestão pública de diversas regiões. ros casos supera o de diversas nações. Poder-se-ia dizer que Paris é
Na atualidade grandes metrópoles como Nova York, Londres e mais famosa do que a França, seus boulevares são mais conhecidos
Tóquio são os exemplos máximos de cidades modernas e globaliza- que as províncias francesas, seus museus e monumentos históricos
das, possuindo bolsas de valores de impacto internacional, grande ajudam a convergir o forte movimento turístico tão característico
número de transações financeiras, mão de obra altamente qualifi- da cidade. O perfil do cidadão parisiense é usado como simplifica-
cada e a presença de multinacionais. Essas cidades se destacam não ção para se entender todos os franceses, uma vitrine nacional tão
apenas pela sua infraestrutura para os negócios, mas também pelo influente que aglutina toda a atenção para si.
seu caráter multicultural e por criarem políticas públicas diretamen- A construção da ideia do espaço urbano como um centro autô-
te voltadas para a realidade local da municipalidade. nomo é antiga, o exemplo clássico é a cidade-Estado grega, um mo-
A cidade de Nova York mantém há muitos anos o título de delo administrativo da Grécia antiga em que cidades como Atenas,
maior cidade do mundo, sua influência é vasta e se pode compará- Esparta, Corinto, Tebas e etc., conviviam como autênticos microes-
-la com a de Paris do século XIX. Para chegar a se tornar o modelo tados, cada qual com seu próprio governo e leis. As cidades da Liga
de referência de cidade global teve que através de sucessivas admi- Hanseática também se destacaram, sendo que no período medieval
nistrações traçar planos para driblar os desafios urbanos modernos, controlavam uma extensa rede comercial que só entraria em declí-
tendo alguns de seus líderes políticos se destacado nesse processo. nio com o início das Grandes Navegações. A partir do surgimento

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dos Estados nacionais as cidades passaram a ter um papel coadju- Castells mostra que o desenvolvimento das metrópoles asiáti-
vante na política, com raras exceções como as cidades da península cas se deu de forma diferente daquela das cidades europeias, de-
itálica e de algumas regiões do Sacro Império Romano-Germânico. monstrando a existência de uma competição tão acirrada quanto a
Se a realidade da Idade Moderna favoreceu os Estados centra- existente entre os países e que existem diversas formas para alcan-
lizados, a globalização parece favorecer as dinâmicas flexíveis das çar um patamar mais elevado entre as cidades globais. O sucesso
cidades contemporâneas. Num mundo de fronteiras enfraquecidas asiático também se deve ao alinhamento entre o governo central
a rigidez das nações se torna um empecilho para as forças do Mer- em determinadas regiões para impulsionar o desenvolvimento vi-
cado, as grandes multinacionais procuram a flexibilidade necessária sando também o favorecimento do país. Dubai é um exemplo do
para maximizar os lucros, e entendem as cidades como plataformas que o alinhamento entre tais poderes é capaz de realizar, colocando
perfeitas para sua instalação, garantindo competitividade e uma a cidade em disputa direta com os mais influentes centros econô-
área de negócios mais abrangente. micos do mundo, atraindo a atenção internacional para todos os
Diante do ressurgimento do protagonismo das cidades é na- Emirados Árabes Unidos. A Arábia Saudita tem se esforçado para re-
tural que o número de estudos sobre elas tenha aumentado e se modelar sua capital Riad, tentando atrair para si uma imagem mais
desenvolvido das últimas décadas, demonstrando que esse antigo moderna, em franca dissonância com a realidade do país, servindo
ator social e político volta ao centro das discussões de poder, servin- como um produto de marketing, de maneira artificial e exagerada-
do muitas vezes como um termômetro da riqueza, desenvolvimen- mente grandiosa.
to e cultura de um país. A “personalidade” de uma cidade não pode ser erigida de ma-
O estudo mais abrangente sobre as regiões metropolitanas e neira artificial, ela é construída através da história pelos seus ha-
a criação do termo megacidades são exemplos de um aumento na bitantes, fazendo da memória e da experiência do modo de vida
visibilidade do poder municipal. Porém foi o termo cidade global, urbano particular seus arcabouços principais. A Revolução dos
originado do pensamento de Patrick Geddes, já no início do século Guarda-chuvas, como ficou conhecido uma série de protestos em
XX, que se tornaria o mais afamado. A releitura da socióloga Saskia Hong Kong no ano de 2014, foi uma tentativa por parte da popu-
Sassen na década de 1990 se tornou influente no cenário interna- lação Honconguêsa de impedir reformas eleitorais por parte do
cional, definindo as características que tais cidades deveriam pos- governo em Pequim, que visavam atingir as eleições locais, dimi-
suir para almejar o título de global. nuindo consideravelmente a liberdade da região. Hong Kong é
uma cidade singular na China, sendo uma das duas únicas regiões
“[...] um dos setores em crescimento de relevância na economia administrativas especiais no país, exemplo da ideia de “um país,
global, os serviços, passa a ser o ponto de concentração e compe- dois sistemas”, idealizado por Den Xiaoping, naquela altura secre-
tição nos termos de Sassen– firmas jurídicas, propaganda, relações tário-geral do Partido Comunista Chinês. Hong Kong esteve sob o
públicas, imobiliárias, turismo e entretenimento, [...]. ” (SASSEN, domínio imperial britânico desde a Guerra do Ópio, no século XIX,
2001 apud MALTA, 2008, p. 02). No século XVIII Manchester era tendo sido devolvida à China em 1997, sob condições especiais. A
capaz de rivalizar em importância com Londres, devido ao seu par- autonomia política da região demonstra a existência de um enclave
que industrial em desenvolvimento durante a Revolução Industrial. democrático dentro do território chinês, muito menos tolerante a
No século XXI as grandes indústrias mudaram-se para regiões mais interferência direta de Pequim, daí a reação revolucionária diante
afastadas dos grandes centros, sendo que cidades como a capital in- de propostas restritivas a liberdade.
glesa preferem atrair escritórios de grandes empresas e instituições A gerência de uma cidade não raramente entra em conflito
financeiras. A nova dinâmica econômica faria vítimas como Detroit, com a posição do poder central, Castells (1996) observa que as ci-
nos Estados Unidos, que perderia sua favorável posição diante da dades americanas tiveram um protagonismo na área econômica a
flexibilidade de novos mercados como o japonês. partir da década de setenta, com o neoliberalismo sob o coman-
do de Ronald Reagan, indo até a era de George W. Bush. Naquele
Em outros continentes, o protagonismo econômico das cidades contexto, programas de assistência social foram sendo extintos e a
é ainda mais evidente, especialmente na Ásia: Seul, Taipei, Hong- desindustrialização, já citada no caso de Detroit, acabou por afetar
-Kong, Cingapura, Bangcoc, Shangai, Hanói etc. Difundem-se as fortemente os empregos. O autor chama a atenção para a reação
estatísticas econômicas das cidades e nelas se dá uma forte com- de certas cidades diante desse quadro, dando destaque para as
plementaridade entre o governo da cidade e o conjunto dos agentes cidades de Los Angeles, São Francisco, Seattle e a própria Detroit,
econômicos, todos orientados para os mercados externos. As cida- além de estados como a Flórida e o Wisconsin. As reações dessas
des asiáticas demonstraram que, no mundo da economia global, a regiões diante de políticas neoliberais iam desde ações econômicas
velocidade da informação sobre os mercados internacionais e de até soluções para os problemas urbanos como extrema violência e
adaptação aos mesmos, a flexibilidade das estruturas produtivas infraestrutura deficiente.
e comerciais e a capacidade de inserir-se em redes, determinam o
sucesso ou o fracasso, muito mais do que as posições adquiridas no Cidades como Los Angeles, São Francisco, Detroit, Seattle etc.
passado, o capital acumulado, as riquezas naturais ou a situação — assim como os estados da Flórida e Wisconsin — demonstraram,
geográfica. O segredo reside na velocidade de inovação do conjunto simultaneamente, mediante planificação estratégica e cooperação
das pequenas e médias empresas articuladas com as grandes em público-privada, o potencial negativo da aberrante política neolibe-
rede com o exterior e com poder político no interior. Este último as- ral e a capacidade de resposta das cidades. A grande manifestação
segura importantes funções de informação e promoção, e dá ga- convocada pelos prefeitos, que reuniu em Washington meio milhão
rantias de ordenamento e prestação de serviços do sistema cidade, de pessoas, anunciou, em 1992, o declínio de Bush e o início de no-
visto que, logicamente, o tecido econômico e o tecido urbano se vas políticas para as cidades: novas infra-estruturas, “enterprises
confundem. O poder político urbano, no caso das cidades asiáticas, zones”, relançamento de programas sociais baseados na geração
desenvolveu, ao contrário da Europa, um modelo com baixos custos de emprego, na educação, na assistência sanitária pública, na pro-
gerais, porém com altos custos sociais, o que parece não poder ser teção do meio ambiente urbano etc. (CASTELLS, 1996, p. 03)
suportável por muito tempo, pois sua persistência introduz fatores
de dissuasão para a atratividade da cidade e não qualifica suficien-
temente os recursos humanos. (CASTELLS, 1996, p. 02)

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Somando-se aos exemplos citados é importante incluir o es- beleza local. Porém, também aumentam as chances para que o lado
tado da Califórnia como região que, diferente dos estados brasilei- negativo da cidade seja exposto de modo global, como já acontece
ros, goza de grande dose de autonomia para gerir seu território. em torno da questão do surto de Zica, a alta taxa de criminalidade e
Também afetada pela diminuição do Estado na década de seten- os problemas relativos a estrutura urbana.
ta, a Califórnia procurou se reinventar para driblar os problemas Os projetos municipais de desenvolvimento atualmente se de-
econômicos, atraindo grandes empresas de tecnologia, apostando frontam com a questão em torno da revolução informacional, com
fortemente em energia renovável e na educação, simbolizada pela novas demandas para a integração e uso das redes.
Universidade do Estado da Califórnia, uma instituição pública que é
recordista de Prêmios Nobel. A cidade é constituída por redes, sejam elas intangíveis, como
as redes sociais, econômicas ou políticas, ou físicas e materiais,
[...] a sensação de crise que provocou, em algumas cidades, como as redes viárias, ferroviárias, de água ou de luz. A sociedade
uma reação conjunta do governo local e dos principais agentes contemporânea viu o nascimento de uma nova grande rede, que
econômicos na realização de uma transformação da infraestrutura excedeu os limites urbanos e até mesmo as barreiras nacionais:
urbana para facilitar a passagem do modelo industrial tradicional a Internet. Observa-se na cidade informacional a digitalização de
para o de centro terciário qualificado. muitas dessas redes, transconfigurando-as de materiais para bits
e bytes. Em seu conjunto compõem uma grande rede virtual, po-
Este é o caso de Birmingham: mediante um Plano Estratégico tencializando assim o fluxo do que vem sendo considerado o mais
que obteve um importante apoio da Comunidade Européia, Birmin- importante insumo desta era: a informação. (JAMBEIRO; SOUZA,
gham renovou o seu centro urbano e converteu-se na mais dinâmica 2005, p. 12)
cidade inglesa. Outras cidades, como Amsterdã ou Lyon, se adian-
taram à crise e, mediante vastos planos estratégicos, promoveram Os autores apontam para a realidade contemporânea, onde di-
as mudanças de infra-estrutura e imagem para se adequarem às versas redes se entrecruzam para formar a cidade contemporânea,
novas demandas da economia global e da competitividade interna- de fato o uso da internet já é tão disseminado que não é mais pos-
cional. Em outros casos, a impotência do governo local impediu a sível se referir ao espaço virtual como o oposto da realidade. Para
conversão das propostas estratégicas em linhas de atuação, como o Egler as redes virtuais se compõem ao lado, não do real, mas do vi-
“Projetto Milano”. (CASTELLS, 1996, p. 04) tal, assegurando a existência das redes como uma realidade irrever-
sível e inseparável da rede vital, complementando-se na construção
Momentos de crise não são os únicos a inspirar cidades rumo do espaço urbano atual.
a um planejamento de longo prazo, pois eventos internacionais são
de grande impacto para o desenvolvimento urbano. Dois eventos A metáfora da rede é muito oportuna, porque representa uma
principais podem ser destacados como os mais relevantes para a articulação de nós, conectando elementos singulares que se arti-
mudança estrutural de uma cidade ou mesmo para a tentativa de culam para formar uma totalidade. Os fluxos de comunicação for-
um país de criar em torno de si uma imagem positiva, são eles a Ex- mam um tecido atemporal e aterritorial que define novas formas de
posição Universal e os Jogos Olímpicos de Verão. Esse último gran- aglomeração de objetos e pessoas. Por isso o espaço na sociedade
de impacto na imagem de suas anfitriãs, fortemente usado ao longo informatizada deve ser percebido como uma sobreposição de redes
da história por diversos líderes e países em busca de repercussão vitais e virtuais que tem objetos compartilhados de ação para o de-
internacional e símbolo de disputa durante a Guerra Fria. senvolvimento de objetivos econômicos, políticos e culturais. Pode-
As cidades, como verdadeiras protagonistas dos jogos olím- mos ver, então, que a rede virtual forma um novo tecido social que
picos, recebem grande destaque, esse momento foi largamente se sobrepõe à rede vital, transformando-o. Está claro que existem
aproveitado em algumas ocasiões, um exemplo paradigmático é redes que se formam e funcionam dentro da Internet, mas apenas
Barcelona, nas Olimpíadas de Verão de 1992. O forte investimento dentro delas; para nós interessa observar as diferentes origens que
em infra-estrutura combinado com o marketing certeiro, que focava conformam as redes. O fato é que não é possível separar uma da
na historicidade e cultura local, deixaram legados duradouros na outra e esse é um ponto indubitável para sustentar nossa posição
região. A cidade espanhola ganhou projeção internacional, seus no debate. (EGLER, 2009, p. 02)
monumentos passaram a ser admirados mundialmente e alcançou
uma posição de destaque capaz de rivalizar com a capital Madri. A mesma autora ainda analisa a diversidade das redes, aten-
Outros exemplos notáveis são, Los Angeles, 1984; Seul, 1988; tando para a conexão entre o público e o privado, formando inicia-
Atlante, 1996; Sidney, 2000. Todas essas cidades se beneficiaram tivas comuns para o sucesso do desenvolvimento regional, fazendo
amplamente das olimpíadas, sendo o evento um catalizador para o também do capital um investidor importante para a cidade. “[...]as
desenvolvimento regional. novas tecnologias permitem uma mediação interativa entre Esta-
A cidade do Rio de Janeiro também procura obter saldos po- do, capital e sociedade; e permite a realização de políticas urbanas,
sitivos do evento, apesar do ceticismo quanto o legado da infraes- tanto para o exercício da dominação como da libertação. ” (EGLER,
trutura, possivelmente a cidade conseguirá elevar o seu soft power, 2009, p.11)
característica que faz da cidade a mais conhecida do Brasil pelo
mundo e um chamariz turístico para o país. Para Castells (1992) a cidade informacional é o espaço privile-
Assim como na era de Pereira Passos, o Rio de Janeiro se pre- giado onde os cidadãos passam a interagir com o poder político de
para para mudanças estruturais importantes. É possível perceber modo diferenciado, graças as NTIC e os grandes avanços nos canais
semelhanças com o passado ao notar que as áreas mais destacadas de comunicação entre o Estado e a população. Transformações de
para os jogos são já regiões nobres com alto índice de desenvolvi- cunho social, político, econômico e cultural se tornam realidade
mento, além disso mais uma vez a região portuária se destaca como frente a liquidez contemporânea, que afeta hierarquias e altera a
o local central para a mudança estética da cidade. burocracia.
Um evento internacional da magnitude dos jogos olímpicos
possibilita a continuação do projeto de construção de uma identida-
de municipal que inclui uma ideia de multiculturalismo e de brande

261
ATUALIDADES (DIGITAL)
O cerne da questão é refletir sobre a perda de centralidade vin- As novas tecnologias de comunicação e informação têm trans-
culada à emergência das tecnologias que, ao criarem formas alter- formado vários segmentos da sociedade contemporânea, fazendo
nativas de ação, comunicação e mobilização social, promovem um com que diversos analistas tenham sugerido classificar a época
reordenamento da forma de organização hierárquica, verticalizada como sociedade pós-industrial, sociedade pós-moderna, sociedade
e autoritária do Estado. Trata-se, pois, de conhecer o modo como da informação ou informacional, cibercultura, sociedade em rede
se transformam as relações de interação entre Estado e socieda- etc. Embora a compreensão da condição contemporânea não seja
de pela mediação de tecnologias de comunicação e informação. unânime, podemos dizer com alguma coerência que o que está em
(EGLER, 2009, p.15) jogo são modificações espaço-temporais profundas que alteram,
As mudanças sociais hoje têm como seu epicentro as cidades, remodelam e inovam a dinâmica social. Trata-se do surgimento da-
essas se reconfiguram procurando adaptar-se com sucesso as exi- quilo que o sociólogo polonês Zygmunt Bauman chamou de “mo-
gências de um mundo globalizado e de uma Multidão conectada, dernidade líquida”. (LEMOS, 2007, p. 130)
capaz de expressar por diversos canais seus desejos e frustrações
sobre a administração pública. As transformações se dão principalmente da mescla dos espa-
Segundo Lemos (2001) a cidade digital é um complemento a ços vital e virtual, produzindo uma cidade atrelada a cibercultura
estrutura física urbana, garantindo redes que permitem o fluxo da e mostrando de maneira mais incisiva as modificações nas noções
informação e da realidade sociopolítica. Vital e Virtual se confluem de tempo e espaço geradas pelas novas tecnologias. As transfor-
garantindo espaços de ação para as pessoas, fazendo da cidade con- mações sociais em curso estão diretamente ligadas a essa nova re-
temporânea o espaço central para as mudanças sociais. alidade, “[...] questões como cidades virtuais, governo eletrônico,
cibercidadania, exclusão e inclusão digital, ciberdemocracia, ques-
Cidades: A cidade contemporânea como o território da Mul- tões essas urgentes para a compreensão da cibercultura do século
tidão XXI.” (LEMOS, 2007, p.132)
A cidade digital é mais um termo para se compreender as nu-
merosas e profundas transformações que ocorrem no espaço urba- É a realidade pós-industrial que forja a nova dinâmica urbana, a
no, diversas questões se apresentam diante de um cenário globali- informação se torna um elemento privilegiado, bem como as novas
zado, que vê na tecnologia uma oportunidade para superar velhos formas de comunicação que possibilitam ao indivíduo acompanhar
problemas e encontrar soluções adequadas para uma adaptação a liquidez contemporânea.
inevitável acerca dos novos modos de gerenciamento do território. A conectividade é um tema recente no debate sobre o urba-
Mobilidade urbana, segurança pública, conectividade e reno- no, mas demais tópicos são tradicionais para o entendimento da
vação da cidadania são alguns pontos que fazem da cidade um qua- dinâmica urbana, a segurança, por exemplo, é um tema comum as
dro menor das questões políticas que atualmente dominam a pauta cidades, ela também tem o seu papel na modificação do espaço e
de notícias. É nessa cidade digital onde a contestação as estruturas agir do indivíduo.
de poder se dá de modo mais enfático, também é nesse espaço
onde o indivíduo se articula procurando exercer seus direitos e sua A cidade tornou-se tão violenta que as pessoas preferem perder
vontade. É importante então entender como a cidade digital afeta a liberdade, em troca da pretensa garantia de segurança. A escolha
o cotidiano da população e qual o seu papel diante das transforma- perversa é a de que preferimos não ser cidadãos livres, mas estar-
ções sociais em curso. mos protegidos. Os territórios-fortaleza nas cidades transformam
O presente tecnológico que modifica a cidade tem sido muito espaços públicos e privados em lugares de aprisionamento. Muitas
estudado, gerando diversas interpretações e nomes para o fenôme- iniciativas vigilantes criam o quadro geral de aprisionamento coleti-
no, cidades digitais, cidade informacional, cidade-ciborgue, ciberci- vo no qual os habitantes das cidades não só se acostumaram, como
dade, muitos são os termos para compreendê-las. Para Lemos esse passaram a julgar racionalmente desejável, face ao sentimento de
novo tipo de cidade se baseia no entrecruzamento de tecnologias segurança proporcionado. Nas cidades violentamente protegidas
fundamentais. e vigiadas, o próprio corpo tende a tornar-se também hermético
e impermeável a outros corpos. Considerando que as cidades são
[...] é a cidade da cibercultura, preenchida e complementada feitas das relações que as constituem, torna-se coerente pensar na
por novas redes telemáticas — e as tecnologias daí derivadas, in- metáfora da cidade como um corpo que se esquarteja, buscando
ternet fixa, wireless, celular, satélites etc. — que se somam às re- tornar-se imune a si mesmo. (CARRANO, 2002, p. 05 – 06)
des de transporte, de energia, de saneamento, de iluminação e de
comunicação. Devemos compreender a cidade-ciborgue como um A violência urbana é hoje um elemento fundamental para se
híbrido, composto de redes sociais, infra-estruturas físicas, redes compreender a dinâmica da cidade contemporânea. É na metró-
imaginárias (Westwood e Williams 1997), constituindo um orga- pole onde os mais variados tipos de indivíduos são compelidos a
nismo complexo, cuja dinâmica está atrelada às novas tecnologias interagir, numa convergência de comportamentos, pensamentos
da cibercultura, próximo da metáfora do ciborgue (Lemos 1999). A políticos, ideologias e expressões culturais, que por um lado trazem
cidade sempre foi um artifício e hoje essa artificialidade está presa diversidade a cidade e por outro afloram a desconfiança em relação
nas garras do digital. (LEMOS, 2007, p. 130 – 131) ao “diferente”.
A hierarquização social inerente ao capitalismo se revela de
É impossível desassociar o espaço urbano da realidade digital, modo brutal na cidade, os excluídos andam ao mesmo lado dos me-
as transformações pelas quais as cidades estão passando são o re- nos afortunados e dos mais abastados. Espaços se tornam símbolos
flexo de uma nova realidade, que se sedimenta de forma contrária do status de seus habitantes, áreas nobres e carentes vão sendo
as visões sociais e econômicas do passado. Se os mais diversos as- constituídas e geram uma parte importante da identidade urbana.
pectos da vida humana sofrem influência das NTIC é natural que o O local onde se habita ou se trabalha passa então a se tornar um
espaço onde se dá a vivência humana também seja alterado. indício da posição social do indivíduo, em muitos casos é levado em
consideração para se estabelecer a conduta moral de alguém.

262
ATUALIDADES (DIGITAL)
Dentro de dinâmicas tão complexas a sociedade ergue aparatos de venda em toda espécie de estratégia de marketing. O lema “lei e
físicos para segregar seus habitantes, desde as tentativas de afastar ordem”, cada vez mais reduzido à promessa de segurança pessoal
os mendigos até a implantação do estado de sítio permanente em (mais exatamente corporal), se tornou uma grande, talvez a maior,
comunidades carentes. A implantação de sistemas de segurança ba- bandeira nos manifestos políticos e nas campanhas eleitorais, en-
seados no controle por câmeras é cada vez mais comum, chegando quanto a exibição de ameaças à segurança pessoal se tornou um
a seu ápice na cidade de Londres, que possui a alcunha de “mais grande, talvez o maior, trunfo na guerra de audiência dos meios de
vigiada” do planeta. comunicação de massa, reabastecendo constantemente o capital
A mídia tem papel fundamental para a percepção cotidiana da do medo e ampliando ainda mais o sucesso tanto de seu marketing
violência, dedicando grande parte da programação sobre o assun- quanto de seu uso político. (BAUMAN, 2007, p. 18 – 19)
to, muitas vezes de modo duvidoso, como o “programa do Datena”
e similares de menor audiência. A violência se torna espetáculo Diante de tais fatos fica claro que o espaço urbano é o terreno
como no 11 de setembro e nos frequentes assassinatos em massa onde os setores populares vivem o dilema acerca da aproximação
da sociedade americana, onde políticos oportunistas passam a ter do “outro”. Se o “outro” representa uma possível ameaça de violên-
a oportunidade de ganhar um espaço no “show”, desqualificando cia ou choque de visões, ele também pode representar a oportu-
os debates sobre os fatos e procurando capitalizar em votos sobre nidade a fraternidade e a necessária interação entre os indivíduos.
tragédias.
[...]os sujeitos sociais se articulam a atores que adquirem visibi-
Os medos nos estimulam a assumir uma ação defensiva. Quan- lidade nas conjunturas políticas. Os sujeitos sociais, porém, corres-
do isso ocorre, a ação defensiva confere proximidade e tangibilida- pondem a longos e amplos processos de estruturação das relações
de ao medo. São nossas respostas que reclassificam as premonições societárias. Existem laços vividos entre sujeitos e atores sociais e
sombrias como realidade diária, dando corpo à palavra. O medo políticos, construídos por experiências compartilhadas que não se
agora se estabeleceu, saturando nossas rotinas cotidianas; pratica- esgotam nos atos imediatos. Daí a resistência demonstrada por mo-
mente não precisa de outros estímulos exteriores, já que as ações vimentos que possuem raízes profundas na experiência social e na
que estimula, dia após dia, fornecem toda a motivação e toda a memória de um povo. (RIBEIRO, 2012, p. 203)
energia de que ele necessita para se reproduzir. Entre os mecanis-
mos que buscam aproximar-se do modelo de sonhos do moto-per- A interação surge então como o elemento principal na cons-
pétuo, a auto-reprodução do emaranhado do medo e das ações ins- tituição da Multidão na cidade contemporânea, sendo perseguida
piradas por esse sentimento está perto de reclamar uma posição de pelos atores sociais mesmo em meio aos desafios cotidianos do
destaque. (BAUMAN, 2007, p. 15) território. O desejo de mudanças reais e profundas acirram as co-
alizações urbanas, pressionando o poder público e impactando a o
É preciso então compreender as forças que aglutinam e as que espaço público, respostas naturais para as demandas sociais da atu-
segregam os habitantes dentro da metrópole. A cidade é o nicho alidade, que encontra no engajamento social sua expressão mais
da Multidão, como já dito é nela que se dá a convergência com o emblemática.
“outro”, possibilitando a união dos indivíduos em torno de diferen- A ação gerida e administrada e, portanto, articulada à repro-
tes causas, na cidade digital esses indivíduos têm maior acesso as dução da sociedade de consumo (pós-industrial, de massa) e a ação
NTIC, como a internet e a telefonia móvel, além de uma considerá- espontânea ou fluidamente organizada de reivindicação e protesto
vel infraestrutura urbana em relação as regiões mais afastadas dos constituem dois grandes cenários traçados por análises dirigidas à
centros. Essas possibilidades tecnológicas auxiliam na organização compreensão dos desafios representados pela grande cidade, pela
dos indivíduos, dando a Multidão os elementos necessários para metrópole moderna. A partir destes dois veios, podemos reconhecer
cobrar do Estado suas reivindicações a elaboração de expectativas, pelo pensamento crítico, em direção
Se as NTIC são o elemento aglutinador, o medo se apresenta à revitalização da esfera pública, à ampliação da democracia, ao
como o elemento segregador. A violência estigmatiza o cidadão, in- resgate da cidadania ou, em sentido inverso, na declaração de um
fluindo na hierarquização social e evidenciando as dicotomias do crescente temor de que o futuro se apresente na forma de um mer-
pensamento. Um exemplo dessa evidenciação pode ser vista na re- gulho irreversível no cotidiano alienado ou, na barbárie [...] (RIBEI-
percussão sobre o caso do estupro coletivo cometido a uma jovem RO, 2012, p. 138)
de uma menina de 16 anos na cidade do Rio de Janeiro em 21 de
maio de 2016. Nesse caso as opiniões divergentes sobre a conduta Para que a cidade contemporânea possa proporcionar os me-
feminina e sua relação com o estupro dividiram a opinião pública, canismos necessários para a possibilidade de mudanças sociais é
mostrando também que até mesmo os profissionais de segurança preciso que ela esteja inserida na nova realidade tecnológica do
baseiam seu trabalho sobre pressupostos preconceituosos como presente. Nesse sentido questões como a inclusão digital se tornam
ficou claro na conduta do delegado Alessandro Thiers, da Delega- extremamente importantes, pois possibilitam a ação da Multidão
cia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), que durante os dentro de seu território por excelência, a cidade digital.
depoimentos fez perguntas relativas a vida sexual da jovem, ques-
tões que não são pertinentes ao processo de investigação, sendo
afastado do caso.
A violência também é apropriada pela Mídia, pelo Estado e por
seguimentos do mercado que veem oportunidade de lucro em tal
realidade. A guerra pela audiência televisiva, o uso excessivo da
violência policial e o segmentado de vendas de artigos relativos à
segurança pessoal ganham terreno fértil em tal realidade.
Tal como o dinheiro vivo pronto para qualquer tipo de investi-
mento, o capital do medo pode ser usado para se obter qualquer es-
pécie de lucro, comercial ou político. E é. Isso acontece também com
a segurança pessoal que se tornou um grande, talvez o maior, ponto

263
ATUALIDADES (DIGITAL)
Os textos 1 e 2 fazem referência à União Europeia, que dentre
EXERCÍCIOS os desafios apresentados atualmente, destaca-se
(A) a disputa diplomática com os EUA, que sob o governo de
1. Atualmente, muitos fatos têm ocorrido de maneira expres- Donald Trump, tem pressionado a Europa a se fechar para os
siva e dinâmica: pessoas migram de um país para outro em busca mercados asiáticos.
de empregos e melhores condições de vida, empresas de países de- (B) a complicada relação de dependência dos recursos ener-
senvolvidos instalam-se em países subdesenvolvidos em busca de géticos provenientes da Ucrânia, problema este que teve seu
espaços maiores e mais baratos e também de mão de obra barata, ápice na anexação da Crimeia pela Rússia.
indústrias distribuem as etapas de produção em vários países a fim (C) a eleição de governos nacionais que tem se revelado contrá-
de baratear os custos. Tudo isso acontece devido a um fenômeno rios aos ideais formulados décadas atrás, colocando em risco a
que ocorre há muitos anos e recebe o nome de: permanência do bloco.
(A) Blocos Econômicos (D) a questão da xenofobia e a crescente resistência quanto à
(B0 Regionalização livre circulação de pessoas entre os países membros, fatores
(C) Capitalização que, inclusive, motivaram a ocorrência do Brexit.
(D) Colonização
(E) Globalização 4. Começando pelos mais conservadores – e/ ou otimistas –
em relação aos processos de globalização, podemos destacar Keni-
2. Ao refletir sobre o território de um país e seu papel num chi Ohmae, verdadeiro guru dos globalistas, consultor de grandes
espaço globalizado, Santos e Silveira (2006) afirmam que há algu- empresas e governos nacionais. Para Ohmae (1996), a região vê-se
mas áreas nos territórios nacionais que possuem uma presença revigorada com a perda de poder dos Estados-nações e a consolida-
mais plena da globalização, caracterizadas pela sua inserção numa ção de um mundo global.
cadeia produtiva global, pelas relações distantes e, frequentemen-
HAESBAERT, R. Regional-Global: dilemas da região e da regionalização
te, estrangeiras que criam e, também, pela sua lógica extravertida.
na geografia contemporânea. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.
Todavia, a base desse processo é o espaço nacional cuja regulação
(Adaptado).
continua sendo nacional, ainda que guiada em função dos interes-
ses de empresas globais.
Assinale a alternativa que contemple corretamente a crítica
SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início do
que Haesbaert faz do debate regional-global:
século XXI. 9ª edição. Rio de Janeiro: Record, 2006.
(A) Pensar em região e nos processos de regionalização é um
importante fator de análise para dinâmicas efetivamente vivi-
Levando em consideração as afirmações de Santos e Silveira das e produzidas por grupos sociais. Mas com a globalização, as
(2006), pode-se definir essas áreas mais globalizadas do território estratégias de planejamento dos territórios deveriam ter parti-
de um país como? cipação de grupos hegemônicos.
(A) A região globalizada. (B) A trajetória do conceito de “região”, além da amplitude que
(B) O espaço regional de um espaço globalizado. adquire no senso comum, é de grande polissemia e confusão.
(C) O espaço nacional da economia internacional. Entretanto, mesmo considerando a maior difusão do conceito
(D) O espaço nacional centralizado. de território, qualquer proposta de “recorte regional” deve ser
compreendida como um ato de poder.
3. TEXTO 1 (C) Para o autor, o debate contemporâneo sobre região não
A mundialização da economia capitalista gerou a segmentação deveria ignorar os clássicos da Geografia Francesa, como Paul
do espaço econômico mundial. Essa característica geográfica se ex- Vidal de La Blache, que criaram duas concepções distintas de
pressa no final do século XX na formação de blocos econômicos em região: físico-natural e região-econômica.
todo o mundo. (D) O autor reitera que os processos da globalização extingui-
A Comunidade Econômica Europeia (CEE) constitui-se no exem- ram as fronteiras nacionais, dotando os “espaços regionais”
plo mais avançado desse processo de formação e unificação eco- com papeis definitivos ante o Estado-nação.
nômica. Desde o ano de 1993 a CEE forma um espaço econômico,
financeiro e monetário único. Portanto, constitui-se em um espaço 5. Leia o fragmento a seguir.
onde as suas fronteiras nacionais não são obstáculos à livre circula- “Segundo as Nações Unidas, em 2017, pelo menos 1,8 milhão
ção das mercadorias e das pessoas. de sírios foram forçados a fugir de onde viviam, muitas vezes por
causa de conflitos.
OLIVEIRA, A. U. A mundialização do capitalismo e a geopolítica mun-
Esse processo de deslocamento pode ser explicado a partir do
dial no final do século XX. In: ROSS, J. L. S. (Org.). Geografia do Brasil.
conceito de __________, ou seja, um desenraizamento no sentido
6. ed. São Paulo: Edusp, 2014.
de uma destruição tanto no sentido físico e político quanto em um
sentido econômico e __________.
TEXTO 2 Um dos exemplos mais contundentes é o dos __________, es-
A poucos dias da comemoração do centenário do final da Pri- ses “novos nômades” cada vez mais numerosos, onde efetivamente
meira Guerra Mundial, o presidente da França, Emmanuel Macron, só resta como alento, em meio à total insegurança e fragilidade, a
alertou que a Europa vive o risco de um desmembramento devido luta pela sobrevivência física cotidiana.”
ao nacionalismo, assim como no período entre guerras.
Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ ultimas-noticias/
efe/2018/11/01/macron-alertapara-risco-de-nacionalismo-simi-
lar-ao-do-periodoentreguerras.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em:
25/11/2018.

264
ATUALIDADES (DIGITAL)
Assinale a opção cujos termos completam corretamente as la- É correto o que se afirma em
cunas do fragmento acima. (A) I e II apenas.
(A) diáspora – geográfico – povos isolados (B) I, II e III.
(B) globalização – cultural – acampamentos de refugiados (C) I e III apenas.
(C) desterritorialização – social – povos isolados (D) II e III apenas.
(D) desterritorialização – cultural – acampamentos de refugia-
dos 9. “O mundo estaria se ‘desterritorializando’? Sob o impacto
(E) diáspora – cultural – grupos separatistas dos processos de globalização que ‘comprimiram’ o espaço e o tem-
po, (...) o que restaria de nossos ‘territórios’, de nossa ‘geografia’?
6. Leia o fragmento a seguir.
“Os mercados de capitais são globalmente interdependentes. Fonte: HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização – do fim dos
O capital é gerenciado vinte e quatro horas por dia em mercados territórios à multiterritorialidade. 2ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand
financeiros globalmente integrados, funcionando em tempo real Brasil, 2006. pp. 19 e 20.
pela primeira vez na história. As novas tecnologias permitem que o
capital seja transportado de um lado para o outro entre economias Na geografia, o debate contemporâneo sobre territorialização,
em curtíssimo prazo”. CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. desterritorialização e reterritorialização conclui acerca
São Paulo: Paz & Terra. 1999. (A) de uma tendência ao enfraquecimento dos controles terri-
Com relação à circulação de capitais, mercadorias e informa- toriais, em consequência de uma rearticulação das velocidades
ções, analise as afirmativas a seguir. na sociedade do movimento.
I. O fluxo de investimento externo direto encontra-se distribuí- (B) do predomínio da fluidez sobre a estabilidade, resultando
do entre países desenvolvidos e emergentes de forma equilibrada. numa sociedade de fluxos sem necessidade de base material.
II. O fluxo de capitais especulativos e as principais bolsas de va- (C) do aumento da hibridização cultural e, portanto, de uma
lores se concentram nos países desenvolvidos e em alguns poucos multiplicidade de identidades que esvazia o território.
países emergentes. (D) da formação de uma multiplicidade de territorialidades,
III. O fluxo mundial de mercadorias se concentra nos países de- que vai dos limites fixos do gueto aos mais flexíveis territórios
senvolvidos, especialmente entre os países que compõem o G-8. rede.

Está correto o que se afirma em 10. No que diz respeito ao real sentido da globalização e da
(A) I, apenas. ordem mundial contemporânea, é correto afirmar que
(B) II, apenas. (A) o extraordinário progresso das ciências e das técnicas, que
(C) I e II, apenas. permite tornar o mundo socialmente mais justo e igualitário, é
(D) II e III, apenas. uma grande conquista da globalização.
(E) I, II e III. (B) a globalização é o estágio supremo da internacionalização
da economia e seu maior destaque é a garantia de que a maior
7. O processo da Globalização não possuí uma data exata de parte dos países do mundo participe dessa dinâmica de manei-
início, mas, para muitos autores, a década de 90 do século XX seria ra proporcional.
um momento importante na sua consolidação. Entre as alternativas (C) a produção globalizada e a informação globalizada permi-
a seguir, assinale a que apresenta a melhor característica sobre a tem às firmas globais obterem um lucro em escala mundial e
Globalização. isso constitui o verdadeiro motor da atividade econômica con-
(A) Surgimento de uma divisão bélica entre Estados Unidos e temporânea.
Rússia. (D) com a consolidação do processo de globalização, pode-se
(B) Aumento da integração econômica entre os países. viver em um espaço sem fronteiras, isto é, uma aldeia global
(C) Perda significativa do mercado financeiro mundial. onde todos podem conhecer extensivamente e profundamen-
(D) Fim do uso da língua inglesa como comunicação interna- te o planeta.
cional.
(E) Diminuição das trocas comerciais internacionais
GABARITO
8. O agronegócio globalizado é uma variável chave para com-
preender as contradições materializadas no campo brasileiro no
1 E
início do século XXI. Atente para o que se diz a seguir sobre essa
temática. 2 C
I. É cada vez mais presente na agricultura brasileira um sistema 3 D
produtivo “empresarial”, que envolve aquisição e arrendamento de
terras para a produção de agrocombustíveis, grãos e florestas plan- 4 B
tadas. 5 D
II. O arranjo territorial da reestruturação produtiva da agricul-
6 D
tura no Brasil vai se organizar de maneira seletiva, privilegiando de-
terminadas “manchas” de expansão agroindustrial. 7 B
III. Quanto mais desenvolvida for a atividade agrícola na qual 8 A
são implementados os pacotes tecnológicos direcionados ao au-
mento da produção, maior será sua dependência das condições 9 D
climáticas. 10 C

265
ATUALIDADES (DIGITAL)

ANOTAÇÕES

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266
INFORMÁTICA

• Iniciando um novo documento


CONCEITOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO DE APLICA-
TIVOS PARA EDIÇÃO DE TEXTOS (WORD, WRITER),
PLANILHAS (EXCEL, CALC) E APRESENTAÇÕES (POWER-
POINT, IMPRESS); MICROSOFT OFFICE (VERSÃO 2007 E
SUPERIORES) E LIBREOFFICE (VERSÃO 5.0 E SUPERIO-
RES)

Microsoft Office

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do


Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formatações
desejadas.

• Alinhamentos
Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo para
atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os alinha-
mentos automáticos disponíveis na plataforma do Word.

GUIA PÁGINA TECLA DE


ALINHAMENTO
INICIAL ATALHO
O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para
uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas Justificar (arruma a
em geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos – direito e a esquerda de Ctrl + J
Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações – acordo com a margem
PowerPoint. A seguir verificamos sua utilização mais comum:
Alinhamento à direita Ctrl + G
Word
O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele Centralizar o texto Ctrl + E
podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos
Alinhamento à es-
então apresentar suas principais funcionalidades. Ctrl + Q
querda
• Área de trabalho do Word
• Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo
Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área de
com a necessidade.
trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos básicos
de nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou pontuação),
se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos recursos auto-
máticos.

267
INFORMÁTICA

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO Excel


O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para cál-
Tipo de letra culos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos,
dentre outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia
a dia do uso pessoal e empresarial.
Tamanho São exemplos de planilhas:
– Planilha de vendas;
– Planilha de custos.
Aumenta / diminui tamanho
Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-
Recursos automáticos de caixa- tomaticamente.
-altas e baixas
• Mas como é uma planilha de cálculo?
Limpa a formatação – Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados são
calculados automaticamente mediante a aplicação de fórmulas es-
pecíficas do aplicativo.
• Marcadores – A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se- entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )
guinte forma:

Podemos então utilizar na página inicial os botões para operar


diferentes tipos de marcadores automáticos:

• Outros Recursos interessantes:

GUIA ÍCONE FUNÇÃO – Podemos também ter o intervalo A1..B3

- Mudar
Forma
Página - Mudar cor
inicial de Fundo
- Mudar cor
do texto

- Inserir
Tabelas
Inserir
- Inserir
Imagens

– Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na cé-


Verificação e lula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de
Revisão correção ortográ- uma planilha.
fica

Arquivo Salvar

268
INFORMÁTICA
• Formatação células Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escre-
ver conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até
mesmo excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos as
caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa inferior,
também alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor.

• Fórmulas básicas

ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY) Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mesmo


tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o PowerPoint,
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY) o Word e o Excel, o que faz deles programas bastante parecidos,
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY) no que diz respeito à formatação básica de textos. Confira no tópi-
co referente ao Word, itens de formatação básica de texto como:
DIVISÃO =(célulaX/célulaY)
alinhamentos, tipos e tamanhos de letras, guias de marcadores e
recursos gerais.
• Fórmulas de comum interesse Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso amplamente
utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas que mudam
MÉDIA (em um interva- a aparência básica de nossos slides, melhorando a experiência no
=MEDIA(célula X:célulaY)
lo de células) trabalho com o programa.
MÁXIMA (em um inter-
=MAX(célula X:célulaY)
valo de células)
MÍNIMA (em um inter-
=MIN(célula X:célulaY)
valo de células)

PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresenta-
ções personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série
de recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui
veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

• Área de Trabalho do PowerPoint

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vários


no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniaturas, pe-
las quais podemos navegador, alternando entre áreas de trabalho.
A edição em cada uma delas, é feita da mesma maneira, como já
apresentado anteriormente.

269
INFORMÁTICA
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nuvem,
desta forma documentos, configurações pessoais e aplicativos po-
dem ser gravados no Skydrive, permitindo acesso através de smar-
tfones diversos.

• Atualizações no Word
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários
trabalhar com o toque na tela (TouchScreen);
– As imagens podem ser editadas dentro do documento;
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos extensos
agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa na leitura;
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente;
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem como
editar PDF(s).

• Atualizações no Excel
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto
de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.

• Atualizações no PowerPoint
Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro – O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do Offi-
slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se ce2013 tem um grande número de templates para uso de criação
fizerem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de de apresentações profissionais;
uma posição para outra utilizando o mouse. – O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados – Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o
no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas destaque de uma determinada área durante a apresentação;
para passagem entre elementos das apresentações. – No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide
antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa
de apresentações.

Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar junta-
mente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso que
permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente em um
mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras fer-
ramentas, tais como Skype. O pacote Office 2016 também roda em
smartfones de forma geral.
Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma apre-
sentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la bastando • Atualizações no Word
clicar no ícone correspondente no canto inferior direito. – No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo
tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos,
mas no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar
quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os
documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo de
pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a pes-
quisa inteligente;
– É possível escrever equações como o mouse, caneta de to-
que, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando assim
Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade a digitação de equações.
de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações, le-
vando a experiência dos usuários a outro nível. • Atualizações no Excel
– O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
Office 2013 riores, mas agora com uma maior integração com dispositivos mó-
A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explorar veis, além de ter aumentado o número de gráficos e melhorado a
a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está disponível questão do compartilhamento dos arquivos.
nas versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensíveis ao toque
(TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas em equipamen-
tos com telas simples funciona normalmente.

270
INFORMÁTICA
• Atualizações no PowerPoint • Atualizações no Excel
– O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos ante- – Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como
riores, agora com uma maior integração com dispositivos moveis, destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de
além de ter aumentado o número de templates melhorado a ques- algum mapa que deseja construir.
tão do compartilhamento dos arquivos;
– O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos
3D na apresentação.

Office 2019
O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não hou-
ve uma mudança tão significativa. Agora temos mais modelos em
3D, todos os aplicativos estão integrados como dispositivos sensí-
veis ao toque, o que permite que se faça destaque em documentos.

• Atualizações no Word
– Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor
desenvolvimento de documentos;

• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta
de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

– Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz alta”.


Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.

271
INFORMÁTICA
Office 365 Área de trabalho do Writer
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura Nesta área podemos digitar nosso texto e formatá-lo de acordo
semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário com a necessidade. Suas configurações são bastante semelhantes
sua instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o às do conhecido Word, e é nessa área de trabalho que criaremos
Word, Excel e PowerPoint. nossos documentos.

Observações importantes:
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as me-
lhorias citadas constam nele;
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é res-
ponsável por isso;
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre atu-
alizados.

LIBREOFFICE OU BROFFICE
Iniciando um novo documento

LibreOffice é uma suíte de aplicativos voltados para atividades Conhecendo a Barra de Ferramentas
de escritório semelhantes aos do Microsoft Office (Word, Excel,
PowerPoint ...). Vamos verificar então os aplicativos do LibreOffice: Alinhamentos
Writer, Calc e o Impress). Ao digitar um texto frequentemente temos que alinhá-lo para
O LibreOffice está disponível para Windows, Unix, Solaris, Linux atender as necessidades do documento em que estamos trabalha-
e Mac OS X, mas é amplamente utilizado por usuários não Win- mos, vamos tratar um pouco disso a seguir:
dows, visto a sua concorrência com o OFFICE.
Abaixo detalharemos seus aplicativos:

LibreOffice Writer
O Writer é um editor de texto semelhante ao Word embutido
na suíte LibreOffice, com ele podemos redigir cartas, livros, aposti- GUIA PÁGINA
las e comunicações em geral. ALINHAMENTO TECLA DE ATALHO
INCIAL
Vamos então detalhar as principais funcionalidades.
Alinhamento a
Control + L
esquerda
Centralizar o texto Control + E

Alinhamento a direita Control + R

Justificar (isto é
arruma os dois lados,
direita e esquerda Control + J
de acordo com as
margens.

272
INFORMÁTICA
Formatação de letras (Tipos e Tamanho) Área de trabalho do CALC
Nesta área podemos digitar nossos dados e formatá-los de
acordo com a necessidade, utilizando ferramentas bastante seme-
lhantes às já conhecidas do Office.

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

Tamanho da letra

Aumenta / diminui tamanho

Itálico

Sublinhado

Taxado

Sobrescrito

Subescrito

Marcadores e listas numeradas Vamos à algumas funcionalidades


Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se- — Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
guinte forma:

OU GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra
Nesse caso podemos utilizar marcadores ou a lista numerada
na barra de ferramentas, escolhendo um ou outro, segundo a nossa Tamanho da letra
necessidade e estilo que ser aplicado no documento.
Aumenta / diminui
tamanho

Itálico

Outros Recursos interessantes: Cor da Fonte

Cor Plano de Fundo


ÍCONE FUNÇÃO
Mudar cor de Fundo Outros Recursos interessantes
Mudar cor do texto
Inserir Tabelas ÍCONE FUNÇÃO
Inserir Imagens
Inserir Gráficos Ordenar
Inserir Caixa de Texto Ordenar em ordem
crescente
Verificação e correção ortográfica Auto Filtro
Inserir Caixa de Texto
Inserir imagem
Salvar
Inserir gráfico

LibreOffice Calc Verificação e correção


O Calc é um editor de planilhas semelhante ao Excel embutido ortográfica
na suíte LibreOffice, e com ele podemos redigir tabelas para cálcu-
los, gráficos e estabelecer planilhas para os mais diversos fins. Salvar

273
INFORMÁTICA
Cálculos automáticos Formatação células
Além das organizações básicas de planilha, o Calc permite a
criação de tabelas para cálculos automáticos e análise de dados e
gráficos totais.
São exemplos de planilhas CALC.
— Planilha para cálculos financeiros.
— Planilha de vendas
— Planilha de custos

Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-


tomaticamente. Mas como funciona uma planilha de cálculo? Veja:

Fórmulas básicas
— SOMA
A função SOMA faz uma soma de um intervalo de células. Por
exemplo, para somar números de B2 até B6 temos
=SOMA(B2;B6)

A unidade central de uma planilha eletrônica é a célula que — MÉDIA


nada mais é que o cruzamento entre a linha e a coluna. Neste exem- A função média faz uma média de um intervalo de células. Por
plo coluna A, linha 2 ( Célula A2 ) exemplo, para calcular a média de B2 até B6 temos
Podemos também ter o intervalo A1..B3 =MÉDIA(B2;B6)

LibreOffice impress
O IMPRESS é o editor de apresentações semelhante ao Power-
Point na suíte LibreOffice, com ele podemos redigir apresentações
para diversas finalidades.
São exemplos de apresentações IMPRESS.
— Apresentação para uma reunião;
— Apresentação para uma aula;
— Apresentação para uma palestra.

A apresentação é uma excelente forma de abordagem de um


tema, pois podemos resumir e ressaltar os principais assuntos abor-
dados de forma explicativa. As ferramentas que veremos a seguir
facilitam o processo de trabalho com a aplicação. Confira:

Para inserirmos dados basta posicionarmos o cursor na célula e


digitarmos, a partir daí iniciamos a criação da planilha.

274
INFORMÁTICA
Área de trabalho Itens demarcados na figura acima:
Ao clicarmos para entrar no LibreOffice Impress vamos nos de- — Texto: Largura, altura, espaçamento, efeitos.
parar com a tela abaixo. Nesta tela podemos selecionar um modelo — Caractere: Letra, estilo, tamanho.
para iniciar a apresentação. O modelo é uma opção interessante — Parágrafo: Antes, depois, alinhamento.
visto que já possui uma formatação prévia facilitando o início e de- — Marcadores e numerações: Organização dos elementos e
senvolvimento do trabalho. tópicos.

Outros Recursos interessantes:

ÍCONE FUNÇÃO
Inserir Tabelas
Inserir Imagens
Inserir Gráficos
Inserir Caixa de Texto
Verificação e correção
ortográfica

Neste momento já podemos aproveitar a área interna para es- Salvar


crever conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas, ou
até mesmo excluí-las.
Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo obtendo vários no
No exemplo a seguir perceba que já escrevi um título na caixa
mesmo formato, e podemos apenas alterar o texto e imagens para
superior e um texto na caixa inferior, também movi com o mouse os
criar os próximos.
quadrados delimitados para adequá-los melhor.

Formatação dos textos:

275
INFORMÁTICA

SISTEMAS OPERACIONAIS WINDOWS 7, WINDOWS


10 E LINUX. ATALHOS DE TECLADO, ÍCONES, ÁREA DE
Percebemos agora que temos uma apresentação com dois sli- TRABALHO E LIXEIRA
des padronizados, bastando agora alterá-los com os textos corre-
tos. Além de copiar podemos movê-los de uma posição para outra,
trocando a ordem dos slides ou mesmo excluindo quando se fizer WINDOWS 7
necessário.

Transições
Um recurso amplamente utilizado é o de inserir as transições,
que é a maneira como os itens dos slides vão surgir na apresenta-
ção. No canto direito, conforme indicado a seguir, podemos selecio-
nar a transição desejada:

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

A partir daí estamos com a apresentação pronta, bastando cli-


car em F5 para exibirmos o trabalho em tela cheia, também aces-
sível no menu “Apresentação”, conforme indicado na figura abaixo.

276
INFORMÁTICA
Área de trabalho do Windows 7

No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro arqui-


vos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, Área de transferência
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc. A área de transferência é muito importante e funciona em se-
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina- gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
da pasta ou arquivo propriamente dito. tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.

– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,


estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc.

277
INFORMÁTICA
Uso dos menus Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.

Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.
Programas e aplicativos
• Media Player
• Media Center
• Limpeza de disco
• Desfragmentador de disco
• Os jogos do Windows.
• Ferramenta de captura
• Backup e Restore

Interação com o conjunto de aplicativos


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.

Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-


turador de Tela , simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
parte desejada e colar em outro lugar.

278
INFORMÁTICA

WINDOWS 8

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-


portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
pia de segurança.

279
INFORMÁTICA
No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos. – Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
Arquivos e atalhos área de transferência.
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos. Manipulação de arquivos e pastas
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc. executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina- tas, criar atalhos etc.
da pasta ou arquivo propriamente dito.

Uso dos menus

Área de trabalho do Windows 8


Programas e aplicativos

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários Interação com o conjunto de aplicativos
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc. Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, tendermos melhor as funções categorizadas.
estamos copiando dados para esta área intermediária.

280
INFORMÁTICA
Facilidades Transferência
O recurso de transferência fácil do Windows 8 é muito impor-
tante, pois pode ajudar na escolha de seus arquivos para serem sal-
vos, tendo assim uma cópia de segurança.

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-


turador de Tela, simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.

A lista de aplicativos é bem intuitiva, talvez somente o Skydrive


mereça uma definição:
• Skydrive é o armazenamento em nuvem da Microsoft, hoje
portanto a Microsoft usa o termo OneDrive para referenciar o ar-
mazenamento na nuvem (As informações podem ficar gravadas na
internet).

WINDOWS 10

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
Jogos nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Temos também jogos anexados ao Windows 8. Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.

281
INFORMÁTICA
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. Manipulação de arquivos e pastas
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc. pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina- executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
da pasta ou arquivo propriamente dito. tas, criar atalhos etc.

Área de trabalho

Uso dos menus

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na Programas e aplicativos e interação com o usuário
área de transferência. Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.
– Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo
para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma
excelente experiência de entretenimento, nele pode-se administrar
bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media center.

282
INFORMÁTICA

Inicialização e finalização

– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Win-


dows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos LINUX
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi- O Linux não é um ambiente gráfico como o Windows, mas po-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza demos carregar um pacote para torná-lo gráfico assumindo assim
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com uma interface semelhante ao Windows. Neste caso vamos carregar
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez. o pacote Gnome no Linux. Além disso estaremos também usando a
distribuição Linux Ubuntu para demonstração, pois sabemos que o
Linux possui várias distribuições para uso.

Vamos olhar abaixo o

Linux Ubuntu em modo texto:

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-


portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
pia de segurança.

283
INFORMÁTICA
Linux Ubuntu em modo gráfico (Área de trabalho):

Perceba que usamos um comando para criar um lançador, mas


nosso objetivo aqui não é detalhar comandos, então a forma mais
rápida de pesquisa de aplicativos, pastas e arquivos é através do
Conceito de pastas e diretórios botão:
Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).

Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Desta forma já vamos direto ao item desejado

Área de transferência
Perceba que usando a interface gráfica funciona da mesma for-
ma que o Windows.
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos. estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
Arquivos e atalhos estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização, área de transferência.
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. Manipulação de arquivos e pastas
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, No caso da interface gráfica as funcionalidades são semelhan-
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc. tes ao Windows como foi dito no tópico acima. Entretanto, pode-
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina- mos usar linha de comando, pois já vimos que o Linux originalmen-
da pasta ou arquivo propriamente dito. te não foi concebido com interface gráfica.

No caso do Linux temos que criar um lançador que funciona


como um atalho, isto é, ele vai chamar o item indicado.

Na figura acima utilizamos o comando ls e são listadas as pastas


na cor azul e os arquivos na cor branca.

284
INFORMÁTICA
Uso dos menus
Como estamos vendo, para se ter acesso aos itens do Linux são necessários diversos comandos. Porém, se utilizarmos uma interface
gráfica a ação fica mais intuitiva, visto que podemos utilizar o mouse como no Windows. Estamos utilizando para fins de aprendizado a
interface gráfica “GNOME”, mas existem diversas disponíveis para serem utilizadas.

Programas e aplicativos
Dependendo da distribuição Linux escolhida, esta já vem com alguns aplicativos embutidos, por isso que cada distribuição tem um
público alvo. O Linux em si é puro, mas podemos destacar duas bem comuns:
• Firefox (Navegador para internet);
• Pacote LibreOffice (Pacote de aplicativos semelhante ao Microsoft Office).

ORGANIZAÇÃO E GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES, ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS

Pasta
São estruturas que dividem o disco em várias partes de tamanhos variados as quais podem pode armazenar arquivos e outras pastas
(subpastas)1.

1 https://docente.ifrn.edu.br/elieziosoares/disciplinas/informatica/aula-05-manipulacao-de-arquivos-e-pastas

285
INFORMÁTICA
Arquivo
É a representação de dados/informações no computador os quais ficam dentro das pastas e possuem uma extensão que identifica o
tipo de dado que ele representa.

Extensões de arquivos

Existem vários tipos de arquivos como arquivos de textos, arquivos de som, imagem, planilhas, etc. Alguns arquivos são universais
podendo ser aberto em qualquer sistema. Mas temos outros que dependem de um programa específico como os arquivos do Corel Draw
que necessita o programa para visualizar. Nós identificamos um arquivo através de sua extensão. A extensão são aquelas letras que ficam
no final do nome do arquivo.
Exemplos:
.txt: arquivo de texto sem formatação.
.html: texto da internet.
.rtf: arquivo do WordPad.
.doc e .docx: arquivo do editor de texto Word com formatação.

É possível alterar vários tipos de arquivos, como um documento do Word (.docx) para o PDF (.pdf) como para o editor de texto do
LibreOffice (.odt). Mas atenção, tem algumas extensões que não são possíveis e caso você tente poderá deixar o arquivo inutilizável.

Nomenclatura dos arquivos e pastas


Os arquivos e pastas devem ter um nome o qual é dado no momento da criação. Os nomes podem conter até 255 caracteres (letras,
números, espaço em branco, símbolos), com exceção de / \ | > < * : “ que são reservados pelo sistema operacional.

Bibliotecas
Criadas para facilitar o gerenciamento de arquivos e pastas, são um local virtual que agregam conteúdo de múltiplos locais em um só.
Estão divididas inicialmente em 4 categorias:
– Documentos;
– Imagens;
– Músicas;
– Vídeos.

286
INFORMÁTICA

Windows Explorer
O Windows Explorer é um gerenciador de informações, arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da Microsoft2.
Todo e qualquer arquivo que esteja gravado no seu computador e toda pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer.
Possui uma interface fácil e intuitiva.
Na versão em português ele é chamado de Gerenciador de arquivo ou Explorador de arquivos.
O seu arquivo é chamado de Explorer.exe
Normalmente você o encontra na barra de tarefas ou no botão Iniciar > Programas > Acessórios.

Na parte de cima do Windows Explorer você terá acesso a muitas funções de gerenciamento como criar pastas, excluir, renomear, ex-
cluir históricos, ter acesso ao prompt de comando entre outras funcionalidades que aparecem sempre que você selecionar algum arquivo.
A coluna do lado esquerdo te dá acesso direto para tudo que você quer encontrar no computador. As pastas mais utilizadas são as de
Download, documentos e imagens.

Operações básicas com arquivos do Windows Explorer


• Criar pasta: clicar no local que quer criar a pasta e clicar com o botão direito do mouse e ir em novo > criar pasta e nomear ela. Você
pode criar uma pasta dentro de outra pasta para organizar melhor seus arquivos. Caso você queira salvar dentro de uma mesma pasta um
arquivo com o mesmo nome, só será possível se tiver extensão diferente. Ex.: maravilha.png e maravilha.doc
Independente de uma pasta estar vazia ou não, ela permanecerá no sistema mesmo que o computador seja reiniciado
• Copiar: selecione o arquivo com o mouse e clique Ctrl + C e vá para a pasta que quer colar a cópia e clique Ctrl +V. Pode também
clicar com o botão direito do mouse selecionar copiar e ir para o local que quer copiar e clicar novamente como o botão direito do mouse
e selecionar colar.
• Excluir: pode selecionar o arquivo e apertar a tecla delete ou clicar no botão direito do mouse e selecionar excluir
• Organizar: você pode organizar do jeito que quiser como, por exemplo, ícones grandes, ícones pequenos, listas, conteúdos, lista com
detalhes. Estas funções estão na barra de cima em exibir ou na mesma barra do lado direito.
• Movimentar: você pode movimentar arquivos e pastas clicando Ctrl + X no arquivo ou pasta e ir para onde você quer colar o arquivo
e Clicar Ctrl + V ou clicar com o botão direito do mouse e selecionar recortar e ir para o local de destino e clicar novamente no botão direito
do mouse e selecionar colar.

2 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/05/conceitos-de-organizacao-e-de-gerenciamento-de-informacoes-arquivos-pastas-e-programas/

287
INFORMÁTICA
Localizando Arquivos e Pastas
No Windows Explorer tem duas:
Tem uma barra de pesquisa acima na qual você digita o arquivo ou pasta que procura ou na mesma barra tem uma opção de Pesquisar.
Clicando nesta opção terão mais opções para você refinar a sua busca.

Arquivos ocultos
São arquivos que normalmente são relacionados ao sistema. Eles ficam ocultos (invisíveis) por que se o usuário fizer alguma alteração,
poderá danificar o Sistema Operacional.
Apesar de estarem ocultos e não serem exibido pelo Windows Explorer na sua configuração padrão, eles ocupam espaço no disco

CONCEITOS BÁSICOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS


ASSOCIADOS À INTERNET E INTRANET

Tipos de rede de computadores


• LAN: Rele Local, abrange somente um perímetro definido. Exemplos: casa, escritório, etc.

288
INFORMÁTICA
• MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por exem- • Sites
plo. Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é
chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar
web sites para operações diversas.

• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde
o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente aponta
para uma determinada página, pode apontar para um documento
qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns


dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Explorer,
Mozilla Firefox e Google Chrome.

Internet Explorer 11

• WAN: É uma rede com grande abrangência física, maior que


a MAN, Estado, País; podemos citar até a INTERNET para entender-
mos o conceito.

• Identificar o ambiente

O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Micro-


soft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador sim-
plificado com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que
Navegação e navegadores da Internet protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um en-
• Internet dereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção www.gov.br/pt-br/
global de computadores, celulares e outros dispositivos que se co- – Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No
municam. exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.
• Procedimentos de Internet e intranet – Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diversas – Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como:
informações, para trabalho, laser, bem como para trocar mensa- imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre
gens, compartilhar dados, programas, baixar documentos (down- outras.
load), etc.
Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da inter-
net muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos
que possibilitam ricas experiências para os usuários.

289
INFORMÁTICA
• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica automa-
ticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura:


1. Voltar/Avançar página
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente;

2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;

3. Ícones para manipulação do endereço da URL


Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários

6. Adicionar à barra de favoritos

Mozila Firefox

Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, objeto de nosso estudo:

290
INFORMÁTICA
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página
visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo que ao
digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é
acionado e exibe os resultados.

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do Firefox Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

5 Barra de Endereços
1 Botão Voltar uma página
6 Ver históricos e favoritos
2 Botão avançar uma página
Mostra um painel sobre os favoritos
7 3 Botão atualizar a página
(Barra, Menu e outros)
Sincronização com a conta FireFox (Va- 4 Barra de Endereço.
8
mos detalhar adiante)
Mostra menu de contexto com várias 5 Adicionar Favoritos
9
opções
6 Usuário Atual
– Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais na Exibe um menu de contexto que iremos
internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus dados 7
relatar seguir.
como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazenadas, etc.,
sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta estar logado O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostuma-
com o seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao utilizar um computa- dos ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, percebe-
dor público sempre desative a sincronização para manter seus da- mos que o Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado
dos seguros após o uso. em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais comum
atualmente, a seguir conferimos um pouco mais sobre suas funcio-
Google Chrome nalidades.

• Favoritos
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para adi-
cionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à direita
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido, e
pronto.
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Fa-
voritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua lista.
Para removê-lo, basta clicar em excluir.
O Chrome é o navegador mais popular atualmente e disponi-
biliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram implementa-
das por concorrentes.
Vejamos:

• Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas tam-
bém como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aberta, se qui-
sermos abrir outra para digitar ou localizar outro site, temos o sinal
(+).

291
INFORMÁTICA

• Histórico
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao
Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para aces-
sá-lo, podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do
teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, • Sincronização
onde podemos pesquisá-lo por parte do nome do site ou mesmo Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é im-
dia a dia se preferir. portante para manter atualizadas nossas operações, desta forma,
se por algum motivo trocarmos de computador, nossos dados esta-
rão disponíveis na sua conta Google.
Por exemplo:
– Favoritos, histórico, senhas e outras configurações estarão
disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Google.

No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do


usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e desativar.

• Pesquisar palavras
Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos
o atalho do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual
podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado. Safari

• Salvando Textos e Imagens da Internet


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum
site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Nes-
te caso, o Chrome possui um item no menu, onde podemos ver o
progresso e os downloads concluídos.

O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras fun-


ções implementadas.

292
INFORMÁTICA
Vejamos:

• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

293
INFORMÁTICA
Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bas- • Pesquisar palavras
tante comuns. Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em
Vejamos algumas de suas funcionalidades: busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos o
atalho do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual po-
• Lista de Leitura e Favoritos demos digitar parte do que procuramos, e será localizado.
No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para pos-
terior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endere- • Salvando Textos e Imagens da Internet
ços. Para adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.
pronto.
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você • Downloads
pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para remo- Fazer um download é quando se copia um arquivo de um al-
vê-lo, basta clicar em excluir. gum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.).
Neste caso, o Safari possui um item no menu onde podemos ver o
progresso e os downloads concluídos.

Correio Eletrônico
O correio eletrônico, também conhecido como e-mail, é um
serviço utilizado para envio e recebimento de mensagens de texto
• Histórico e Favoritos e outras funções adicionais como anexos junto com a mensagem.
Para envio de mensagens externas o usuário deverá estar co-
nectado a internet, caso contrário ele ficará limitado a sua rede lo-
cal.
Abaixo vamos relatar algumas características básicas sobre o
e-mail
– Nome do Usuário: é o nome de login escolhido pelo usuário
na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é
nome do usuário;
– @ : Símbolo padronizado para uso em correios eletrônicos;
– Nome do domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria
das vezes, a empresa;

Vejamos um exemplo: joaodasilva@gmail.com.br / @hotmail.


com.br / @editora.com.br
– Caixa de Entrada: Onde ficam armazenadas as mensagens
recebidas;
– Caixa de Saída: Onde ficam armazenadas as mensagens ainda
não enviadas;

294
INFORMÁTICA
– E-mails Enviados: Como o próprio nome diz, é onde ficam os • Anexação de arquivos
e-mails que foram enviados;
– Rascunho: Guarda as mensagens que você ainda não termi-
nou de redigir;
– Lixeira: Armazena as mensagens excluídas.

Ao escrever mensagens, temos os seguintes campos:


– Para: é o campo onde será inserido o endereço do destinatá-
rio do e-mail;
– CC: este campo é usado para mandar cópias da mesma men-
sagem. Ao usar esse campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos;
– CCO: sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no
entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos da
mensagem; Uma função adicional quando criamos mensagens é de ane-
– Assunto: campo destinado ao assunto da mensagem; xar um documento à mensagem, enviando assim juntamente com
o texto.
– Anexos: são dados que são anexados à mensagem (imagens,
programas, música, textos e outros); • Boas práticas para anexar arquivos à mensagem
– Corpo da Mensagem: espaço onde será escrita a mensagem. – E-mails tem limites de tamanho, não podemos enviar coisas
que excedem o tamanho, estas mensagens irão retornar;
• Uso do correio eletrônico – Deveremos evitar arquivos grandes pois além do limite do
– Inicialmente o usuário deverá ter uma conta de e-mail; e-mail, estes demoram em excesso para serem carregados.
– Esta conta poderá ser fornecida pela empresa ou criada atra- Computação de nuvem (Cloud Computing)
vés de sites que fornecem o serviço. As diretrizes gerais sobre a cria-
ção de contas estão no tópico acima; • Conceito de Nuvem (Cloud)
– Uma vez criada a conta, o usuário poderá utilizar um cliente
de e-mail na internet ou um gerenciador de e-mail disponível;
– Atualmente existem vários gerenciadores disponíveis no
mercado, tais como: Microsoft Outlook, Mozila Thunderbird, Opera
Mail, Gmail, etc.;
– O Microsoft outlook é talvez o mais conhecido gerenciador
de e-mail, dentro deste contexto vamos usá-lo como exemplo nos
tópicos adiante, lembrando que todos funcionam de formas bas-
tante parecidas.

• Preparo e envio de mensagens

A “Nuvem”, também referenciada como “Cloud”, são os servi-


ços distribuídos pela INTERNET que atendem as mais variadas de-
mandas de usuários e empresas.

• Boas práticas para criação de mensagens


– Uma mensagem deverá ter um assunto. É possível enviar
mensagem sem o Assunto, porém não é o adequado;
– A mensagem deverá ser clara, evite mensagens grandes ao
extremo dando muitas voltas;
– Verificar com cuidado os destinatários para o envio correto
de e-mails, evitando assim problemas de envios equivocados.

295
INFORMÁTICA
A internet é a base da computação em nuvem, os servidores remotos detêm os aplicativos e serviços para distribuí-los aos usuários
e às empresas.
A computação em nuvem permite que os consumidores aluguem uma infraestrutura física de um data center (provedor de serviços
em nuvem). Com acesso à Internet, os usuários e as empresas usam aplicativos e a infraestrutura alugada para acessarem seus arquivos,
aplicações, etc., a partir de qualquer computador conectado no mundo.
Desta forma todos os dados e aplicações estão localizadas em um local chamado Data Center dentro do provedor.
A computação em nuvem tem inúmeros produtos, e esses produtos são subdivididos de acordo com todos os serviços em nuvem,
mas os principais aplicativos da computação em nuvem estão nas áreas de: Negócios, Indústria, Saúde, Educação, Bancos, Empresas de
TI, Telecomunicações.
• Armazenamento de dados da nuvem (Cloud Storage)

A ideia de armazenamento na nuvem ( Cloud Storage ) é simples. É, basicamente, a gravação de dados na Internet.
Este envio de dados pode ser manual ou automático, e uma vez que os dados estão armazenados na nuvem, eles podem ser acessados
em qualquer lugar do mundo por você ou por outras pessoas que tiverem acesso.
São exemplos de Cloud Storage: DropBox, Google Drive, OneDrive.
As informações são mantidas em grandes Data Centers das empresas que hospedam e são supervisionadas por técnicos responsáveis
por seu funcionamento. Estes Data Centers oferecem relatórios, gráficos e outras formas para seus clientes gerenciarem seus dados e
recursos, podendo modificar conforme a necessidade.
O armazenamento em nuvem tem as mesmas características que a computação em nuvem que vimos anteriormente, em termos de
praticidade, agilidade, escalabilidade e flexibilidade.
Além dos exemplos citados acima, grandes empresas, tais como a IBM, Amazon, Microsoft e Google possuem serviços de nuvem que
podem ser contratados.

CORREIO ELETRÔNICO

O Microsoft Outlook é um gerenciador de e-mail usado principalmente para enviar e receber e-mails. O Microsoft Outlook também
pode ser usado para administrar vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de calendário e entradas, tarefas, contatos e
anotações.

296
INFORMÁTICA
Funcionalidades mais comuns:

PARA FAZER ISTO ATALHO CAMINHOS PARA EXECUÇÃO


1 Entrar na mensagem Enter na mensagem fechada ou click Verificar coluna atalho
2 Fechar Esc na mensagem aberta Verificar coluna atalho
3 Ir para a guia Página Inicial Alt+H Menu página inicial
4 Nova mensagem Ctrl+Shift+M Menu página inicial => Novo e-mail
5 Enviar Alt+S Botão enviar
6 Delete Excluir (quando na mensagem fechada) Verificar coluna atalho
7 Pesquisar Ctrl+E Barra de pesquisa
Barra superior do painel da mensa-
8 Responder Ctrl+R
gem
Barra superior do painel da mensa-
9 Encaminhar Ctrl+F
gem
Barra superior do painel da mensa-
10 Responder a todos Ctrl+Shift+R
gem
11 Copiar Ctrl+C Click direito copiar
12 Colar Ctrl+V Click direito colar
13 Recortar Ctrl+X Click direito recortar
14 Enviar/Receber Ctrl+M Enviar/Receber (Reatualiza tudo)
15 Acessar o calendário Ctrl+2 Canto inferior direito ícone calendário
16 Anexar arquivo ALT+T AX Menu inserir ou painel superior
Mostrar campo cco (cópia
17 ALT +S + B Menu opções CCO
oculta)

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é nome
do usuário;
• @ – Símbolo padronizado para uso;
• Nome do domínio – domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa. Vejamos um exemplo real: joaodasil-
va@solucao.com.br;
• Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
• Caixa de Saída – Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
• E-mails Enviados – Como próprio nome diz, e aonde ficam os e-mails que foram enviados;
• Rascunho – Guarda as mensagens que ainda não terminadas;
• Lixeira – Armazena as mensagens excluídas;

Escrevendo e-mails
Ao escrever uma mensagem, temos os seguintes campos:
• Para – é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
• CC – este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos.
• CCO – sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos;
• Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
• Anexos – são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros.)
• Corpo da Mensagem – espaço onde será escrita a mensagem.

297
INFORMÁTICA
Contas de e-mail
É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está
apto a receber e enviar mensagens, ou até mesmo guarda-las con-
forme a necessidade.

Adicionar conta de e-mail


Siga os passos de acordo com as imagens:

Enviar
De acordo com a imagem a seguir, o botão Enviar fica em evi-
dência para o envio de e-mails.

Encaminhar e responder e-mails


A partir daí devemos seguir as diretrizes sobre nomes de e-mail, Funcionalidades importantes no uso diário, você responde a
referida no item “Endereços de e-mail”. e-mail e os encaminha para outros endereços, utilizando os botões
indicados. Quando clicados, tais botões ativam o quadros de texto,
Criar nova mensagem de e-mail para a indicação de endereços e digitação do corpo do e-mail de
resposta ou encaminhamento.

Ao clicar em novo e-mail é aberto uma outra janela para digita-


ção do texto e colocar o destinatário, podemos preencher também
os campos CC (cópia), e o campo CCO (cópia oculta), porém esta
outra pessoa não estará visível aos outros destinatários.

298
INFORMÁTICA
Adicionar, abrir ou salvar anexos
A melhor maneira de anexar e colar o objeto desejado no corpo
do e-mail, para salvar ou abrir, basta clicar no botão corresponden-
te, segundo a figura abaixo:

Adicionar assinatura de e-mail à mensagem


Um recurso interessante, é a possibilidade de adicionarmos
assinaturas personalizadas aos e-mails, deixando assim definida a Imprimir uma mensagem de e-mail
nossa marca ou de nossa empresa, de forma automática em cada Por fim, um recurso importante de ressaltar, é o que nos pos-
mensagem. sibilita imprimir e-mails, integrando-os com a impressora ligada ao
computador. Um recurso que se assemelha aos apresentados pelo
pacote Office e seus aplicativos.

COMPUTAÇÃO EM NUVEM

Quando se fala em computação nas nuvens, fala-se na possibi-


lidade de acessar arquivos e executar diferentes tarefas pela inter-
net3. Ou seja, não é preciso instalar aplicativos no seu computador
para tudo, pois pode acessar diferentes serviços on-line para fazer o
que precisa, já que os dados não se encontram em um computador
específico, mas sim em uma rede.
Uma vez devidamente conectado ao serviço on-line, é possível
desfrutar suas ferramentas e salvar todo o trabalho que for feito
para acessá-lo depois de qualquer lugar — é justamente por isso
que o seu computador estará nas nuvens, pois você poderá acessar
os aplicativos a partir de qualquer computador que tenha acesso à
internet.
Basta pensar que, a partir de uma conexão com a internet, você
pode acessar um servidor capaz de executar o aplicativo desejado,
que pode ser desde um processador de textos até mesmo um jogo
ou um pesado editor de vídeos. Enquanto os servidores executam
um programa ou acessam uma determinada informação, o seu
computador precisa apenas do monitor e dos periféricos para que
você interaja.
3 https://www.tecmundo.com.br/computacao-em-nuvem/738-o-que-e-com-
putacao-em-nuvens-.htm

299
INFORMÁTICA
Vantagens: Para quem gosta de editar documentos como Word, Excel e
– Não necessidade de ter uma máquina potente, uma vez que PowerPoint diretamente do gerenciador de arquivos do serviço,
tudo é executado em servidores remotos. o OneDrive disponibiliza esse recurso na nuvem para que seja dis-
– Possibilidade de acessar dados, arquivos e aplicativos a partir pensada a necessidade de realizar o download para só então poder
de qualquer lugar, bastando uma conexão com a internet para tal modificar o conteúdo do arquivo.
— ou seja, não é necessário manter conteúdos importantes em um
único computador. iCloud
O iCloud, serviço de armazenamento da Apple, possuía em um
Desvantagens: passado recente a ideia principal de sincronizar contatos, e-mails,
– Gera desconfiança, principalmente no que se refere à segu- dados e informações de dispositivos iOS. No entanto, recentemente
rança. Afinal, a proposta é manter informações importantes em a empresa também adotou para o iCloud a estratégia de utilizá-lo
um ambiente virtual, e não são todas as pessoas que se sentem à como um serviço de armazenamento na nuvem para usuários iOS.
vontade com isso.– Como há a necessidade de acessar servidores De início, o usuário recebe 5 GB de espaço de maneira gratuita.
remotos, é primordial que a conexão com a internet seja estável e Existem planos pagos para maior capacidade de armazena-
rápida, principalmente quando se trata de streaming e jogos. mento também.

Exemplos de computação em nuvem


Dropbox
O Dropbox é um serviço de hospedagem de arquivos em nu-
vem que pode ser usado de forma gratuita, desde que respeitado o
limite de 2 GB de conteúdo. Assim, o usuário poderá guardar com
segurança suas fotos, documentos, vídeos, e outros formatos, libe-
rando espaço no PC ou smartphone.

No entanto, a grande vantagem do iCloud é que ele possui um


sistema muito bem integrado aos seus aparelhos, como o iPhone.
A ferramenta “buscar meu iPhone”, por exemplo, possibilita que
o usuário encontre e bloqueie o aparelho remotamente, além de
poder contar com os contatos e outras informações do dispositivo
caso você o tenha perdido.

Google Drive
Apesar de não disponibilizar gratuitamente o aumento da ca-
pacidade de armazenamento, o Google Drive fornece para os usuá-
rios mais espaço do que os concorrentes ao lado do OneDrive. São
Além de servir como ferramenta de backup, o Dropbox tam- 15 GB de espaço para fazer upload de arquivos, documentos, ima-
bém é uma forma eficiente de ter os arquivos importantes sempre gens, etc.
acessíveis. Deste modo, o usuário consegue abrir suas mídias e do-
cumentos onde quer que esteja, desde que tenha acesso à Internet.

OneDrive
O OneDrive, que já foi chamado de SkyDrive, é o serviço de ar-
mazenamento na nuvem da Microsoft e oferece inicialmente 15 GB
de espaço para os usuários4. Mas é possível conseguir ainda mais
espaço gratuitamente indicando amigos e aproveitando diversas
promoções que a empresa lança regularmente.
Para conseguir espaço ainda maior, o aplicativo oferece planos
pagos com capacidades variadas também. Uma funcionalidade interessante do Google Drive é o seu ser-
viço de pesquisa e busca de arquivos que promete até mesmo re-
conhecer objetos dentro de imagens e textos escaneados. Mesmo
que o arquivo seja um bloco de notas ou um texto e você queira
encontrar algo que esteja dentro dele, é possível utilizar a busca
para procurar palavras e expressões.
Além disso, o serviço do Google disponibiliza que sejam feitas
edições de documentos diretamente do browser, sem precisar fazer
o download do documento e abri-lo em outro aplicativo.

4 https://canaltech.com.br/computacao-na-nuvem/comparativo-os-principais-
-servicos-de-armazenamento-na-nuvem-22996/

300
INFORMÁTICA
Tipos de implantação de nuvem O provedor em nuvem cuida de toda a configuração, planeja-
Primeiramente, é preciso determinar o tipo de implantação de mento de capacidade e gerenciamento de servidores para você e
nuvem, ou a arquitetura de computação em nuvem, na qual os ser- sua equipe.
viços cloud contratados serão implementados pela sua gestão de As arquiteturas sem servidor são altamente escalonáveis e
TI5. controladas por eventos: utilizando recursos apenas quando ocorre
Há três diferentes maneiras de implantar serviços de nuvem: uma função ou um evento que desencadeia tal necessidade.
– Nuvem pública: pertence a um provedor de serviços cloud
terceirizado pelo qual é administrada. Esse provedor fornece recur- SaaS (software como serviço)
sos de computação em nuvem, como servidores e armazenamento O SaaS é um método para a distribuição de aplicativos de sof-
via web, ou seja, todo o hardware, software e infraestruturas de su- tware pela Internet sob demanda e, normalmente, baseado em as-
porte utilizados são de propriedade e gerenciamento do provedor sinaturas.
de nuvem contratado pela organização. Com o SaaS, os provedores de computação em nuvem hospe-
– Nuvem privada: se refere aos recursos de computação em dam e gerenciam o aplicativo de software e a infraestrutura subja-
nuvem usados exclusivamente por uma única empresa, podendo cente.
estar localizada fisicamente no datacenter local da empresa, ou Além de realizarem manutenções, como atualizações de sof-
seja, uma nuvem privada é aquela em que os serviços e a infra- tware e aplicação de patch de segurança.
estrutura de computação em nuvem utilizados pela empresa são Com o software como serviço, os usuários da sua equipe po-
mantidos em uma rede privada. dem conectar o aplicativo pela Internet, normalmente com um na-
– Nuvem híbrida: trata-se da combinação entre a nuvem públi- vegador da web em seu telefone, tablet ou PC.
ca e a privada, que estão ligadas por uma tecnologia que permite o
compartilhamento de dados e aplicativos entre elas. O uso de nu-
vens híbridas na computação em nuvem ajuda também a otimizar QUESTÕES
a infraestrutura, segurança e conformidade existentes dentro da
empresa.
1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem como
Tipos de serviços de nuvem principal função a digitalização de imagens e textos, convertendo as
A maioria dos serviços de computação em nuvem se enquadra versões em papel para o formato digital, é denominado
em quatro categorias amplas: (A) joystick.
– IaaS (infraestrutura como serviço); (B) plotter.
– PaaS (plataforma como serviço); (C) scanner.
– Sem servidor; (D) webcam.
– SaaS (software como serviço). (E) pendrive.

Esses serviços podem ser chamados algumas vezes de pilha 2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um
da computação em nuvem por um se basear teoricamente sobre novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorressem
o outro. erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apresentou
baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione a alterna-
IaaS (infraestrutura como serviço) tiva que contém a placa de expansão que poderá ser trocada ou
A IaaS é a categoria mais básica de computação em nuvem. adicionada para resolver o problema constatado por João.
Com ela, você aluga a infraestrutura de TI de um provedor de servi- (A) Placa de som
ços cloud, pagando somente pelo seu uso. (B) Placa de fax modem
A contratação dos serviços de computação em nuvem IaaS (C) Placa usb
(infraestrutura como serviço) envolve a aquisição de servidores e (D) Placa de captura
máquinas virtuais, armazenamento (VMs), redes e sistemas opera- (E) Placa de vídeo
cionais.
3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de pe-
PaaS (plataforma como serviço) riféricos utilizados em um computador, como os periféricos de saída
PaaS refere-se aos serviços de computação em nuvem que for- e os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que apresenta
necem um ambiente sob demanda para desenvolvimento, teste, um exemplo de periférico somente de entrada.
fornecimento e gerenciamento de aplicativos de software. (A) Monitor
A plataforma como serviço foi criada para facilitar aos desen- (B) Impressora
volvedores a criação de aplicativos móveis ou web, tornando-a mui- (C) Caixa de som
to mais rápida. (D) Headphone
Além de acabar com a preocupação quanto à configuração ou (E) Mouse
ao gerenciamento de infraestrutura subjacente de servidores, ar-
mazenamento, rede e bancos de dados necessários para desenvol-
vimento.

Computação sem servidor


A computação sem servidor, assim como a PaaS, concentra-se
na criação de aplicativos, sem perder tempo com o gerenciamento
contínuo dos servidores e da infraestrutura necessários para isso.

5 https://ecoit.com.br/computacao-em-nuvem/

301
INFORMÁTICA
4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computado- 10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões do
res, Internet, os serviços de comunicação e informação são disponi- Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, não é
bilizados por meio de endereços e links com formatos padronizados uma versão oficial do Microsoft Windows
URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de ende- (A) Windows 7
reço válido na Internet é: (B) Windows 10
(A) http:@site.com.br (C) Windows 8.1
(B) HTML:site.estado.gov (D) Windows 9
(C) html://www.mundo.com (E) Windows Server 2012
(D) https://meusite.org.br
(E) www.#social.*site.com 11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente do
Windows:
5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido- (A) Windows Gold.
res e armazenamento compartilhados, com software disponível e (B) Windows 8.
localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso (C) Windows 7.
presencial, chamamos esse serviço de: (D) Windows XP.
(A) Computação On-Line.
(B) Computação na nuvem. 12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e
(C) Computação em Tempo Real. Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não exe-
(D) Computação em Block Time. cuta?
(E) Computação Visual (A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
(B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos (C) Capturar uma janela inteira
de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen- (D) Capturar uma seção retangular da tela.
tos associados à Internet, julgue o próximo item. (E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou
Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter- uma caneta eletrônica
net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o
áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no 13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8,
Youtube (http://www.youtube.com). assinale a alternativa INCORRETA:
( ) Certo (A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos
( ) Errado pela Microsoft.
7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, a (B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na interfa-
execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode provocar ce do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sem-
danos ao computador do usuário. pre visível ao usuário.
( ) Certo (C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows
( ) Errado 7 dentro do Windows 8.
(D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um e-mail Kapersky.
com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acusa existên- (E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computado-
cia de vírus. res x86 e 64 bits.
Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ser
adotado no exemplo acima. 14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema multi-
(A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-lo tarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, entre as
ao administrador de rede. quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora.
(B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o tipo ( ) Certo
de vírus. ( ) Errado
(C) Apagar o e-mail, sem abri-lo.
(D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de moni- 15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo de
toramento. um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
(E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a (A) init 0.
analisá-lo posteriormente. (B) init 6.
(C) exit
9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windows (D) ls.
7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não possui ver- (E) cd.
são para processadores de 64 bits.
( ) Certo 16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou
( ) Errado minúsculas
( ) Certo
( ) Errado

302
INFORMÁTICA
17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo
11 A
(A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas eletrô-
nicas para cálculos numéricos, além de servir para a produção 12 B
de textos organizados por linhas e colunas identificadas por nú- 13 D
meros e letras.
(B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração 14 CERTO
e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT. 15 D
(C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, é
16 CERTO
útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recursos
que o Excel. 17 A
(D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa- 18 D
gens de correio eletrônico.
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio 19 CERTO
e recebimento de páginas web. 20 CERTO

18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apresen-


ta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba “Pági-
na Inicial” do Word 2010. ANOTAÇÕES
(A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
(B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra parte
do documento. ______________________________________________________
(C) Definir o alinhamento do texto.
(D) Inserir uma tabela no texto ______________________________________________________

19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint ______________________________________________________


2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse apli-
______________________________________________________
cativo.
A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?. ______________________________________________________

______________________________________________________

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______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
( ) Certo
( ) Errado ______________________________________________________

20. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos so- ______________________________________________________


noros à apresentação em elaboração.
( ) Certo ______________________________________________________
( ) Errado
______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 C ______________________________________________________
2 E ______________________________________________________
3 E
______________________________________________________
4 D
______________________________________________________
5 B
6 ERRADO ______________________________________________________
7 CERTO ______________________________________________________
8 C
______________________________________________________
9 CERTO
10 D _____________________________________________________

303
INFORMÁTICA
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304
DIREITO CONSTITUCIONAL

• Princípio Federativo
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO Significa que a União, os Estados-membros, o Distrito Federal
BRASIL: PODER CONSTITUINTE e os Municípios possuem autonomia, caracteriza por um determi-
nado grau de liberdade referente à sua organização, à sua adminis-
Canotilho afirma que o poder constituinte tem suas raízes em tração, à sua normatização e ao seu Governo, porém limitada por
uma força geral da Nação. Assim, tal força geral da Nação atribui ao certos princípios consagrados pela Constituição Federal.
povo o poder de dirigir a organização do Estado, o que se conven-
cionou chamar de poder constituinte. • Princípio Republicano
Munido do poder constituinte, o povo atribui parcela deste a É uma forma de Governo fundada na igualdade formal entre
órgãos estatais especializados, que passam a ser denominados de as pessoas, em que os detentores do poder político exercem o
Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). comando do Estado em caráter eletivo, representativo, temporário
Portanto, o poder constituinte é de titularidade do povo, mas e com responsabilidade.
é o Estado, por meio de seus órgãos especializados, que o exerce.
• Princípio do Estado Democrático de Direito
• Poder Constituinte Originário O Estado de Direito é aquele que se submete ao império da lei.
É aquele que cria a Constituição de um novo Estado, Por sua vez, o Estado democrático caracteriza-se pelo respeito ao
organizando e estabelecendo os poderes destinados a reger os princípio fundamental da soberania popular, vale dizer, funda-se na
interesses de uma sociedade. Não deriva de nenhum outro poder, noção de Governo do povo, pelo povo e para o povo.
não sofre qualquer limitação na órbita jurídica e não se subordina a
nenhuma condição, por tudo isso é considerado um poder de fato • Princípio da Soberania Popular
ou poder político. O parágrafo único do Artigo 1º da Constituição Federal reve-
la a adoção da soberania popular como princípio fundamental ao
• Poder Constituinte Derivado prever que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio
Também é chamado de Poder instituído, de segundo grau ou de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Cons-
constituído, porque deriva do Poder Constituinte originário, encon- tituição”.
trando na própria Constituição as limitações para o seu exercício,
por isso, possui natureza jurídica de um poder jurídico. • Princípio da Separação dos Poderes
A visão moderna da separação dos Poderes não impede que
• Poder Constituinte Derivado Decorrente cada um deles exerça atipicamente (de forma secundária), além de
É a capacidade dos Estados, Distrito Federal e unidades da sua função típica (preponderante), funções atribuídas a outro Po-
Federação elaborarem as suas próprias Constituições (Lei Orgânica), der.
no intuito de se auto-organizarem. O exercente deste Poder são as Vejamos abaixo, os dispositivos constitucionais corresponden-
Assembleias Legislativas dos Estados e a Câmara Legislativa do Dis- tes ao tema supracitado:
trito Federal.
TÍTULO I
• Poder Constituinte Derivado Reformador DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Pode editar emendas à Constituição. O exercente deste Poder
é o Congresso Nacional. Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti-
tui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS I - a soberania;
II - a cidadania
Forma, Sistema e Fundamentos da República III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
• Papel dos Princípios e o Neoconstitucionalismo V - o pluralismo político.
Os princípios abandonam sua função meramente subsidiária Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por
na aplicação do Direito, quando serviam tão somente de meio de meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
integração da ordem jurídica (na hipótese de eventual lacuna) e ve- Constituição.
tor interpretativo, e passam a ser dotados de elevada e reconhecida Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos en-
normatividade. tre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

305
DIREITO CONSTITUCIONAL
Objetivos Fundamentais da República • Direitos Fundamentais de Segunda Geração
Os Objetivos Fundamentais da República estão elencados no Possuem as seguintes características:
Artigo 3º da CF/88. Vejamos: a) surgiram no início do século XX;
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fede- b) apareceram no contexto do Estado Social, em oposição ao
rativa do Brasil: Estado Liberal;
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; c) estão ligados ao ideal de igualdade;
II - garantir o desenvolvimento nacional; d) são direitos positivos, que passaram a exigir uma atuação
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi- positiva do Estado;
gualdades sociais e regionais; e) correspondem aos direitos sociais, culturais e econômicos.
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. • Direitos Fundamentais de Terceira Geração
Em um próximo momento histórico, foi despertada a preocu-
Princípios de Direito Constitucional Internacional pação com os bens jurídicos da coletividade, com os denominados
Os Princípios de Direito Constitucional Internacional estão interesses metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogê-
elencados no Artigo 4º da CF/88. Vejamos: neos), nascendo os direitos fundamentais de terceira geração.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas rela-
ções internacionais pelos seguintes princípios: Direitos Metaindividuais
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos; Natureza Destinatários
III - autodeterminação dos povos; Difusos Indivisível Indeterminados
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados; Determináveis ligados
VI - defesa da paz; Coletivos Indivisível por uma relação
VII - solução pacífica dos conflitos; jurídica
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; Individuais Determinados ligados
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humani- Divisível
Homogêneos por uma situação fática
dade;
X - concessão de asilo político. Os Direitos Fundamentais de Terceira Geração possuem as se-
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a in- guintes características:
tegração econômica, política, social e cultural dos povos da América a) surgiram no século XX;
Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana b) estão ligados ao ideal de fraternidade (ou solidariedade),
de nações. que deve nortear o convívio dos diferentes povos, em defesa dos
Referências Bibliográficas: bens da coletividade;
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- c) são direitos positivos, a exigir do Estado e dos diferentes
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. povos uma firme atuação no tocante à preservação dos bens de
interesse coletivo;
d) correspondem ao direito de preservação do meio ambiente,
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: DOS
de autodeterminação dos povos, da paz, do progresso da humani-
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS, DA
dade, do patrimônio histórico e cultural, etc.
NACIONALIDADE, DOS DIREITOS POLÍTICOS
• Direitos Fundamentais de Quarta Geração
Distinção entre Direitos e Garantias Fundamentais Segundo Paulo Bonavides, a globalização política é o fator his-
Pode-se dizer que os direitos fundamentais são os bens jurídi- tórico que deu origem aos direitos fundamentais de quarta gera-
cos em si mesmos considerados, de cunho declaratório, narrados ção. Eles estão ligados à democracia, à informação e ao pluralismo.
no texto constitucional. Por sua vez, as garantias fundamentais são Também são transindividuais.
estabelecidas na mesma Constituição Federal como instrumento de
proteção dos direitos fundamentais e, como tais, de cunho assecu- Direitos Fundamentais de Quinta Geração
ratório. Paulo Bonavides defende, ainda, que o direito à paz represen-
taria o direito fundamental de quinta geração.
Evolução dos Direitos e Garantias Fundamentais
Características dos Direitos e Garantias Fundamentais
• Direitos Fundamentais de Primeira Geração São características dos Direitos e Garantias Fundamentais:
Possuem as seguintes características: a) Historicidade: não nasceram de uma só vez, revelando sua
a) surgiram no final do século XVIII, no contexto da Revolução índole evolutiva;
Francesa, fase inaugural do constitucionalismo moderno, e domina- b) Universalidade: destinam-se a todos os indivíduos, indepen-
ram todo o século XIX; dentemente de características pessoais;
b) ganharam relevo no contexto do Estado Liberal, em oposição c) Relatividade: não são absolutos, mas sim relativos;
ao Estado Absoluto; d) Irrenunciabilidade: não podem ser objeto de renúncia;
c) estão ligados ao ideal de liberdade; e) Inalienabilidade: são indisponíveis e inalienáveis por não
d) são direitos negativos, que exigem uma abstenção do Estado possuírem conteúdo econômico-patrimonial;
em favor das liberdades públicas; f) Imprescritibilidade: são sempre exercíveis, não desparecen-
e) possuíam como destinatários os súditos como forma de pro- do pelo decurso do tempo.
teção em face da ação opressora do Estado;
f) são os direitos civis e políticos.

306
DIREITO CONSTITUCIONAL
Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais Direito à Igualdade
Todas as pessoas físicas, sem exceção, jurídicas e estatais, são A igualdade, princípio fundamental proclamado pela Constitui-
destinatárias dos direitos e garantias fundamentais, desde que ção Federal e base do princípio republicano e da democracia, deve
compatíveis com a sua natureza. ser encarada sob duas óticas, a igualdade material e a igualdade
formal.
Eficácia Horizontal dos Direitos e Garantias Fundamentais A igualdade formal é a identidade de direitos e deveres conce-
Muito embora criados para regular as relações verticais, de su- didos aos membros da coletividade por meio da norma.
bordinação, entre o Estado e seus súditos, passam a ser emprega- Por sua vez, a igualdade material tem por finalidade a busca
dos nas relações provadas, horizontais, de coordenação, envolven- da equiparação dos cidadãos sob todos os aspectos, inclusive o
do pessoas físicas e jurídicas de Direito Privado. jurídico. É a consagração da máxima de Aristóteles, para quem o
princípio da igualdade consistia em tratar igualmente os iguais e
Natureza Relativa dos Direitos e Garantias Fundamentais desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam.
Encontram limites nos demais direitos constitucionalmente Sob o pálio da igualdade material, caberia ao Estado promover
consagrados, bem como são limitados pela intervenção legislativa a igualdade de oportunidades por meio de políticas públicas e leis
ordinária, nos casos expressamente autorizados pela própria Cons- que, atentos às características dos grupos menos favorecidos, com-
tituição (princípio da reserva legal). pensassem as desigualdades decorrentes do processo histórico da
formação social.
Colisão entre os Direitos e Garantias Fundamentais
O princípio da proporcionalidade sob o seu triplo aspecto (ade- Direito à Privacidade
quação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito) é a Para o estudo do Direito Constitucional, a privacidade é gênero,
ferramenta apta a resolver choques entre os princípios esculpidos do qual são espécies a intimidade, a honra, a vida privada e a ima-
na Carta Política, sopesando a incidência de cada um no caso con- gem. De maneira que, os mesmos são invioláveis e a eles assegura-
creto, preservando ao máximo os direitos e garantias fundamentais -se o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
constitucionalmente consagrados. de sua violação.

Os quatro status de Jellinek Direito à Honra


a) status passivo ou subjectionis: quando o indivíduo se encon- O direito à honra almeja tutelar o conjunto de atributos perti-
tra em posição de subordinação aos poderes públicos, caracterizan- nentes à reputação do cidadão sujeito de direitos, exatamente por
do-se como detentor de deveres para com o Estado; tal motivo, são previstos no Código Penal.
b) status negativo: caracterizado por um espaço de liberdade
de atuação dos indivíduos sem ingerências dos poderes públicos; Direito de Propriedade
c) status positivo ou status civitatis: posição que coloca o indi- É assegurado o direito de propriedade, contudo, com
víduo em situação de exigir do Estado que atue positivamente em restrições, como por exemplo, de que se atenda à função social da
seu favor; propriedade. Também se enquadram como espécies de restrição do
d) status ativo: situação em que o indivíduo pode influir na for- direito de propriedade, a requisição, a desapropriação, o confisco
mação da vontade estatal, correspondendo ao exercício dos direi- e o usucapião.
tos políticos, manifestados principalmente por meio do voto. Do mesmo modo, é no direito de propriedade que se assegu-
ram a inviolabilidade do domicílio, os direitos autorais (propriedade
Referências Bibliográficas: intelectual) e os direitos reativos à herança.
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- Destes direitos, emanam todos os incisos do Art. 5º, da CF/88,
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. conforme veremos abaixo:

Os direitos individuais estão elencados no caput do Artigo 5º TÍTULO II


da CF. São eles: DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

Direito à Vida CAPÍTULO I


O direito à vida deve ser observado por dois prismas: o direito DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
de permanecer vivo e o direito de uma vida digna.
O direito de permanecer vivo pode ser observado, por exem- Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
plo, na vedação à pena de morte (salvo em caso de guerra decla- qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
rada). residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
Já o direito à uma vida digna, garante as necessidades vitais igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
básicas, proibindo qualquer tratamento desumano como a tortura, I- homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, etc. termos desta Constituição;
II- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
Direito à Liberdade coisa senão em virtude de lei;
O direito à liberdade consiste na afirmação de que ninguém III- ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desu-
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em vir- mano ou degradante;
tude de lei. Tal dispositivo representa a consagração da autonomia IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano-
privada. nimato;
Trata-se a liberdade, de direito amplo, já que compreende, V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
dentre outros, as liberdades: de opinião, de pensamento, de loco- além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
moção, de consciência, de crença, de reunião, de associação e de
expressão.

307
DIREITO CONSTITUCIONAL
VI- é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo XXVIII- são assegurados, nos termos da lei:
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for- a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e
ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência desportivas;
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das
VIII- ninguém será privado de direitos por motivo de crença reli- obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér-
giosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para pretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir XXIX- a lei assegurará aos autores de inventos industriais privi-
prestação alternativa, fixada em lei; légio temporário para sua utilização, bem como às criações indus-
IX - é livre a expressão de atividade intelectual, artística, cientí- triais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros
fica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi-
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ima- mento tecnológico e econômico do País;
gem das pessoas, assegurado o direito à indenização por dano ma- XXX- é garantido o direito de herança;
terial ou moral decorrente de sua violação; XXXI- a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será
XI- a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran- brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável à lei pessoal
te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por do de cujus;
determinação judicial; XXXII- o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con-
XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações sumidor;
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no úl- XXXIII- todos têm direito a receber dos órgãos públicos informa-
timo caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei ções de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral,
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução proces- que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
sual penal; ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
XIII- é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, sociedade e do Estado;
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; XXXIV- são a todos assegurados, independentemente do paga-
XIV- é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado mento de taxas:
o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi-
XV- é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permane- b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa
cer ou dele sair com seus bens; de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
XVI- todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo- XXXV- a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde ou ameaça a direito;
que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o XXXVI- a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com- perfeito e a coisa julgada;
petente; XXXVII- não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XVII- é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada XXXVIII- é reconhecida a instituição do júri, com a organização
a de caráter paramilitar; que lhe der a lei, assegurados:
XVIII- a criação de associações e, na forma da lei, a de coope- a) a plenitude da defesa;
rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência b) o sigilo das votações;
estatal em seu funcionamento; c) a soberania dos veredictos;
XIX- as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi- d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra
das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo- a vida;
-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; XXXIX- não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
XX- ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma- sem prévia cominação legal;
necer associado; XL- a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XXI- as entidades associativas, quando expressamente autori- XLI- a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos
zadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou e liberdades fundamentais;
extrajudicialmente; XLII- a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
XXII- é garantido o direito de propriedade; critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XXIII- a propriedade atenderá a sua função social; XLIII- a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecen-
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me- tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion-
diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
previstos nesta Constituição; podendo evitá-los, se omitirem;
XXV- no caso de iminente perigo público, a autoridade compe- XLIV- constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de gru-
tente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro- pos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
prietário indenização ulterior, se houver dano; Estado Democrático;
XXVI- a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des- XLV- nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo
de que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis- bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, XLVI- a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei- outras, as seguintes:
ros pelo tempo que a lei fixar; a) privação ou restrição de liberdade;

308
DIREITO CONSTITUCIONAL
b) perda de bens; LXIX- conceder-se-á mandado de segurança para proteger di-
c) multa; reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
d) prestação social alternativa; data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
e) suspensão ou interdição de direitos; autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri-
XLVII- não haverá penas: buições de Poder Público;
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do LXX- o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
artigo 84, XIX; a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) de caráter perpétuo; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal-
c) de trabalhos forçados; mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
d) de banimento; defesa dos interesses de seus membros ou associados;
e) cruéis; LXXI- conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
XLVIII- a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à naciona-
XLIX- é assegurado aos presos o respeito à integridade física e lidade, à soberania e à cidadania;
moral; LXXII- conceder-se-á habeas data:
L- às presidiárias serão asseguradas condições para que pos- a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
sam permanecer com seus filhos durante o período de amamenta- pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
ção; de entidades governamentais ou de caráter público;
LI- nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e dro- LXXIII- qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
gas afins, na forma da lei; popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
LII- não será concedida extradição de estrangeiro por crime po- entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
lítico ou de opinião; ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
LIII- ninguém será processado nem sentenciado senão por au- autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
toridade competente; da sucumbência;
LIV- ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o LXXIV- o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita
devido processo legal; aos que comprovarem insuficiência de recursos;
LV- aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos LXXV- o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, as-
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, sim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
com os meios e recursos a ela inerentes; LXXVI- são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na for-
LVI- são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ma da lei:
ilícitos; a) o registro civil de nascimento;
LVII- ninguém será considerado culpado até o trânsito em julga- b) a certidão de óbito.
do da sentença penal condenatória; LXXVII- são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data
LVIII- o civilmente identificado não será submetido à identifica- e, na forma da lei, os atos necessário ao exercício da cidadania;
ção criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; LXXVIII- a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse-
LIX- será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
esta não for intentada no prazo legal; celeridade de sua tramitação.
LX- a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; dados pessoais, inclusive nos meios digitais. (Incluído pela Emenda
LXI- ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or- Constitucional nº 115, de 2022)
dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, §1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi- têm aplicação imediata.
litar, definidos em lei; §2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
LXII- a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
ou à pessoa por ele indicada; Federativa do Brasil seja parte.
LXIII- o preso será informado de seus direitos, entre os quais o §3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí- humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
lia e de advogado; Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
LXIV- o preso tem direito a identificação dos responsáveis por §4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
sua prisão ou por seu interrogatório policial; Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
LXV- a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autori- O tratado foi equiparado no ordenamento jurídico brasileiro às
dade judiciária; leis ordinárias. Em que pese tenha adquirido este caráter, o men-
LXVI- ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a cionado tratado diz respeito a direitos humanos, porém não possui
lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; característica de emenda constitucional, pois entrou em vigor em
LXVII- não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável nosso ordenamento jurídico antes da edição da Emenda Constitu-
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimen- cional nº 45/04. Para que tal tratado seja equiparado às emendas
tícia e a do depositário infiel; constitucionais deverá passar pelo mesmo rito de aprovação destas.
LXVIII- conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda- Referências Bibliográficas:
de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.

309
DIREITO CONSTITUCIONAL
Remédios e Garantias Constitucionais Basicamente, pode-se dizer que o mandado de injunção é ajui-
As ações constitucionais dispostas no Artigo 5º da CF também zado em face das normas de eficácia limitada, que são aquelas que
são conhecidas como remédios constitucionais, porque servem possuem aplicabilidade indireta, mediata e reduzida (não direta,
para “curar a doença” do descumprimento de direitos fundamen- não imediata e não integral), pois exigem norma infraconstitucio-
tais. nal, que, até hoje, não existe.
Em outras palavras, são instrumentos colocados à disposição É regulado pela Lei 13.300/2016.
dos indivíduos para garantir o cumprimento dos direitos fundamen-
tais. • Ação Popular
A ação popular é o remédio constitucional ajuizado por qual-
• Habeas Corpus quer cidadão, que tenha por objetivo anular ato lesivo ao patrimô-
O habeas corpus é a ação constitucional que tutela o direito nio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralida-
fundamental à liberdade ambulatorial, ou seja, o direito de ir, vir e de administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
estar/permanecer em algum lugar. cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
De acordo com o texto constitucional, o habeas corpus pode judiciais e do ônus da sucumbência.
ser: A ação popular será regulamentada infraconstitucionalmente
→ Preventivo: “sempre que alguém se achar ameaçado de so- pela Lei 4.717/65.
frer”;
→ Repressivo: “sempre que alguém sofrer”. Direitos Constitucionais-Penais e Garantias Constitucionais do
Processo
Ambos em relação a violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. • Direitos Constitucionais Penais
A Constituição Federal de 1988, no capítulo referente aos direi-
• Habeas Data tos e deveres individuai e coletivos, definiu vários princípios consti-
O habeas data é a ação constitucional impetrada por pessoa tucionais penais, garantidores de garantias aos cidadãos quando o
física ou jurídica, que tenha por objetivo assegurar o conhecimento Estado é obrigado a colocar em prática o jus puniendi, para que não
de informações sobre si, constantes de registros ou banco de dados existam arbitrariedades e nem regimes de exceção1. São eles:
de entidades governamentais ou de caráter público, ou para retifi- Dignidade da pessoa humana, Igualdade ou isonomia, Legali-
cação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, dade e anterioridade, Irretroatividade da lei penal, Personalidade
judicial ou administrativo. da pena, Individualização da pena, Humanidade, Intervenção míni-
Esse remédio constitucional está regulamentado pela Lei ma, Alteridade, Culpabilidade, Proporcionalidade, Ofensividade ou
9.507/97, que disciplina o direito de acesso a informações e o rito lesividade, Insignificância e Adequação social.
processual do habeas data. Tais princípios são norteadores da atuação Estatal no campo
penal, para a garantia de um processo imparcial e justo, afastando
• Mandado de Segurança qualquer punição exacerbada e desmedida quando da aplicação da
O mandado de segurança individual é a ação constitucional im- pena e garantidor do devido processo legal, amparado no contradi-
petrada por pessoa física ou jurídica, ou ente despersonalizado, que tório e na ampla defesa. Fundamentos de um Estado Democrático
busca a tutela de direito líquido e certo, não amparado por habeas de Direito.
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou Assim, a observância dos princípios constitucionais penais é de
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica suma importância para a garantia dos direitos fundamentais e para
no exercício de atribuições do Poder Público. a aplicação da lei penal, sendo, pois, repetido no Código Penal e nas
Observa-se, portanto, que o mandado de segurança tem cabi- demais leis, como forma de concretização da Justiça.
mento subsidiário. É disciplinado pela Lei 12.016/09.
• Garantias Constitucionais do Processo
• Mandado de Segurança Coletivo No art. 5º da Constituição da República, entre os direitos fun-
O mandado de segurança coletivo é a ação constitucional im- damentais, estão estabelecidos os princípios constitucionais básicos
petrada por partido político com representação no Congresso Na- do processo justo, quais sejam: a garantia de pleno acesso à justiça,
cional, organização sindical, entidade de classe ou associação legal- a garantia do juiz natural (não haverá juízo ou Tribunal de exceção),
mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano (em ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
defesa dos interesses de seus membros ou associados), que busca competente, a garantia do devido processo legal, do contraditório e
a tutela de direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus da ampla defesa, a vedação das provas ilícitas, a garantia de publici-
ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso dade dos atos processuais (exigência de fundamentação de todas as
de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no decisões judiciais), o dever de assistência jurídica integral e gratuita
exercício de atribuições do Poder Público. a todos que comprovarem insuficiência de recursos, a garantia de
duração razoável do processo e da adoção de meios para assegurar
• Mandado de Injunção a celeridade de sua tramitação2.
O mandado de injunção é a ação constitucional impetrada por Possível, ainda, apontar-se outros princípios constitucionais do
pessoa física ou jurídica, ou ente despersonalizado, que objetive sa- processo justo, como o direito à representação técnica e à paridade
nar a falta de norma regulamentadora que torne inviável o exercício de armas.
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas ineren-
tes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. 1 http://iccs.com.br/dos-principios-constitucionais-penais-rodrigo-otavio-dos-
-reis-chediak/
2 COSTA, Miguel do Nascimento. Das garantias constitucionais e o devido
processo no Estado liberal aos direitos fundamentais e o processo justo no
Estado Democrático de Direito. Revista da AJURIS – Porto Alegre, v. 42, n. 139,
dezembro, 2015.

310
DIREITO CONSTITUCIONAL
O modelo mínimo de processo, no Estado Democrático de Di- XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re-
reito, portanto, somente pode ser buscado na Constituição. A fiel muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre-
observância do direito ao processo justo é condição indispensável sa, conforme definido em lei;
para produzir decisões justas, ou seja, trata-se de elemento neces- XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalha-
sário, embora não único e suficiente, para se assegurar justiça ao dor de baixa renda nos termos da lei;
caso concreto. XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas
O direito ao processo justo, portanto, constitui direito à orga- diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de
nização de um processo justo, tarefa do legislador infraconstitucio- horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
nal, do administrador da justiça e do órgão jurisdicional. Assim, a coletiva de trabalho;
consecução do direito ao processo justo depende de sua própria XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
viabilização pelo Estado Democrático de Direito, mediante a edição ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
de normas, a administração da estrutura judicante e pela própria XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do-
atuação jurisdicional. mingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni-
Referências Bibliográficas: mo, em cinquenta por cento à do normal;
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitu- XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
cional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador: terço a mais do que o salário normal;
Editora JusPODIVM. XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
com a duração de cento e vinte dias;
Os direitos sociais são prestações positivas proporcionadas XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas cons- XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante in-
titucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais centivos específicos, nos termos da lei;
fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações so- XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
ciais desiguais. São, portanto, direitos que se ligam ao direito de mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
igualdade. Estão previstos na CF nos artigos 6 a 11. Vejamos: XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor-
mas de saúde, higiene e segurança;
CAPÍTULO II XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas,
DOS DIREITOS SOCIAIS insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria;
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nas-
o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ- cimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada trabalho;
pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015) XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilida- XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre-
de social terá direito a uma renda básica familiar, garantida pelo gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
poder público em programa permanente de transferência de renda, incorrer em dolo ou culpa;
cujas normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, ob- XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
servada a legislação fiscal e orçamentária. (Incluído pela Emenda trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha-
Constitucional nº 114, de 2021) dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de contrato de trabalho;
outros que visem à melhoria de sua condição social: a) (Revogada).
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária b) (Revogada).
ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e
indenização compensatória, dentre outros direitos; de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário
III - fundo de garantia do tempo de serviço; e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa- intelectual ou entre os profissionais respectivos;
mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
para qualquer fim; XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do empregatício permanente e o trabalhador avulso.
trabalho; Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado-
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII,
ou acordo coletivo; XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplifi-
percebem remuneração variável; cação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e aces-
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral sórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os
ou no valor da aposentadoria; previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; integração à previdência social.
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado
retenção dolosa; o seguinte:

311
DIREITO CONSTITUCIONAL
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a funda- Os direitos sociais são divididos em:
ção de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, veda-
das ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização Direitos relativos aos trabalhadores
sindical; Direitos relativos ao salário, às condições de trabalho, à liber-
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, dade de instituição sindical, o direito de greve, entre outros (CF, ar-
em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou eco- tigos 7º a 11).
nômica, na mesma base territorial, que será definida pelos traba-
lhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à Direitos relativos ao homem consumidor
área de um Município; Direito à saúde, à educação, à segurança social, ao desenvolvi-
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coleti- mento intelectual, o igual acesso das crianças e adultos à instrução,
vos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou à cultura e garantia ao desenvolvimento da família, que estariam no
administrativas; título da ordem social.
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratan-
do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio Referências Bibliográficas:
do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in- DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
dependentemente da contribuição prevista em lei; cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a
sindicato; Os direitos referentes à nacionalidade estão previstos dos Arti-
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações gos 12 a 13 da CF. Vejamos:
coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas CAPÍTULO III
organizações sindicais; DA NACIONALIDADE
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par-
tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação Art. 12. São brasileiros:
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do I - natos:
mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga- pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei-
as condições que a lei estabelecer. ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa-
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos traba- tiva do Brasil;
lhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os inte- c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
resses que devam por meio dele defender. sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas nacionalidade brasileira;
da lei. II - naturalizados:
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e em- a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
pregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus inte- exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi-
resses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
deliberação. b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é as- República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterrup-
segurada a eleição de um representante destes com a finalidade tos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empre- brasileira.
gadores. § 1º Aos portugueses com residência permanente no País,
se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos
Os direitos sociais regem-se pelos princípios abaixo: os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
• Princípio da proibição do retrocesso: qualifica-se pela impos- Constituição.
sibilidade de redução do grau de concretização dos direitos sociais § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
já implementados pelo Estado. Ou seja, uma vez alcançado deter- natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
minado grau de concretização de um direito social, fica o legislador § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
proibido de suprimir ou reduzir essa concretização sem que haja I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
a criação de mecanismos equivalentes chamados de medias com- II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
pensatórias. III - de Presidente do Senado Federal;
• Princípio da reserva do possível: a implementação dos di- IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
reitos e garantias fundamentais de segunda geração esbarram no V - da carreira diplomática;
óbice do financeiramente possível. VI - de oficial das Forças Armadas.
• Princípio do mínimo existencial: é um conjunto de bens e VII - de Ministro de Estado da Defesa.
direitos vitais básicos indispensáveis a uma vida humana digna, § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro
intrinsecamente ligado ao fundamento da dignidade da pessoa que:
humana previsto no Artigo 1º, III, CF. A efetivação do mínimo I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
existencial não se sujeita à reserva do possível, pois tais direitos se virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
encontram na estrutura dos serviços púbicos essenciais. II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
trangeira;

312
DIREITO CONSTITUCIONAL
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao Distinção entre Brasileiros Natos e Naturalizados
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para A CF/88 em seu Artigo 12, §2º, prevê que a lei não poderá fa-
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. zer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, com exceção às
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Fe- seguintes hipóteses:
derativa do Brasil. Cargos privativos de brasileiros natos → Artigo 12, §3º, CF;
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, Função no Conselho da República → Artigo 89, VII, CF;
o hino, as armas e o selo nacionais. Extradição → Artigo 5º, LI, CF; e
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter Direito de propriedade → Artigo 222, CF.
símbolos próprios.
Perda da Nacionalidade
A Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de Direito Público O Artigo 12, §4º da CF refere-se à perda da nacionalidade, que
interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da di- apenas poderá ocorrer nas duas hipóteses taxativamente elencadas
mensão pessoal do Estado (o seu povo). na CF, sob pena de manifesta inconstitucionalidade.

Considera-se povo o conjunto de nacionais, ou seja, os brasilei- Dupla Nacionalidade


ros natos e naturalizados. O Artigo 12, §4º, II da CF traz duas hipóteses em que a opção
por outra nacionalidade não ocasiona a perda da brasileira, passan-
Espécies de Nacionalidade do o nacional a possuir dupla nacionalidade (polipátrida).
São duas as espécies de nacionalidade:
a) Nacionalidade primária, originária, de 1º grau, involuntá- Polipátrida → aquele que possui mais de uma nacionalidade.
ria ou nata: é aquela resultante de um fato natural, o nascimento. Heimatlos ou Apátrida → aquele que não possui nenhuma na-
Trata-se de aquisição involuntária de nacionalidade, decorrente do cionalidade.
simples nascimento ligado a um critério estabelecido pelo Estado
na sua Constituição Federal. Descrita no Artigo 12, I, CF/88. Idioma Oficial e Símbolos Nacionais
b) Nacionalidade secundária, adquirida, por aquisição, de 2º Por fim, o Artigo 13 da CF elenca o Idioma Oficial e os Símbolos
grau, voluntária ou naturalização: é a que se adquire por ato voliti- Nacionais do Brasil.
vo, depois do nascimento, somado ao cumprimento dos requisitos
constitucionais. Descrita no Artigo 12, II, CF/88. Referências Bibliográficas:
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
O quadro abaixo auxilia na memorização das diferenças entre cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
as duas:
Os Direitos Políticos têm previsão legal na CF/88, em seus Arti-
Nacionalidade gos 14 a 16. Seguem abaixo:

Primária Secundária CAPÍTULO IV


Nascimento + Requisitos Ato de vontade + Requisitos DOS DIREITOS POLÍTICOS
constitucionais constitucionais
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio univer-
Brasileiro Nato Brasileiros Naturalizado sal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos
termos da lei, mediante:
• Critérios para Adoção de Nacionalidade Primária I - plebiscito;
O Estado pode adotar dois critérios para a concessão da nacio- II - referendo;
nalidade originária: o de origem sanguínea (ius sanguinis) e o de III - iniciativa popular.
origem territorial (ius solis). § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
O critério ius sanguinis tem por base questões de hereditarie- I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
dade, um vínculo sanguíneo com os ascendentes. II - facultativos para:
O critério ius solis concede a nacionalidade originária aos nas- a) os analfabetos;
cidos no território de um determinado Estado, sendo irrelevante a b) os maiores de setenta anos;
nacionalidade dos genitores. c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
A CF/88 adotou o critério ius solis como regra geral, possibili- § 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e,
tando em alguns casos, a atribuição de nacionalidade primária pau- durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.
tada no ius sanguinis. § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
Portugueses Residentes no Brasil II - o pleno exercício dos direitos políticos;
O §1º do Artigo 12 da CF confere tratamento diferenciado aos III - o alistamento eleitoral;
portugueses residentes no Brasil. Não se trata de hipótese de natu- IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
ralização, mas tão somente forma de atribuição de direitos. V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de:
Portugueses Equiparados a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Re-
pública e Senador;
Igual os Direitos Se houver 1) Residência permanente no b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e
dos Brasileiros Brasil; do Distrito Federal;
Naturalizados 2) Reciprocidade aos c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual
brasileiros em Portugal. ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;

313
DIREITO CONSTITUCIONAL
d) dezoito anos para Vereador. De acordo com José Afonso da Silva, os direitos políticos, rela-
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. cionados à primeira geração dos direitos e garantias fundamentais,
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado consistem no conjunto de normas que asseguram o direito subjetivo
e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou de participação no processo político e nos órgãos governamentais.
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um São instrumentos previstos na Constituição e em normas infra-
único período subsequente. constitucionais que permitem o exercício concreto da participação
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da do povo nos negócios políticos do Estado.
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os
Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses Capacidade Eleitoral Ativa
antes do pleito. Segundo o Artigo 14, §1º da CF, a capacidade eleitoral ativa é o
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o direito de votar nas eleições, nos plebiscitos ou nos referendos, cuja
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau aquisição se dá com o alistamento eleitoral, que atribui ao nacional
ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de a condição de cidadão (aptidão para o exercício de direitos políticos).
Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os
haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se Alistamento Eleitoral e Voto
já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes Obrigatório Facultativo Inalistável – Artigo 14, §2º
condições: Maiores de 18 e Maiores de 16 Estrangeiros (com
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se menores de 70 e menores de exceção aos portugueses
da atividade; anos 18 anos equiparados, constantes no
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela Maiores de 70 Artigo 12, §1º da CF)
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato anos Conscritos (aqueles
da diplomação, para a inatividade. Analfabetos convocados para o serviço
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de militar obrigatório)
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a
probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato • Características do Voto
considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e O voto no Brasil é direito (como regra), secreto, universal, com
legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico valor igual para todos, periódico, personalíssimo, obrigatório e livre.
ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na adminis-
tração direta ou indireta. Capacidade Eleitoral Passiva
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Também chamada de Elegibilidade, a capacidade eleitoral pas-
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída siva diz respeito ao direito de ser votado, ou seja, de eleger-se para
a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou cargos políticos. Tem previsão legal no Artigo 14, §3º da CF.
fraude. O quadro abaixo facilita a memorização da diferença entre as
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo duas espécies de capacidade eleitoral. Vejamos:
de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de
manifesta má-fé.
§ 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições Capacidade Eleitoral Ativa Capacidade Eleitoral Passiva
municipais as consultas populares sobre questões locais aprovadas Alistabilidade Elegibilidade
pelas Câmaras Municipais e encaminhadas à Justiça Eleitoral até
90 (noventa) dias antes da data das eleições, observados os limites Direito de votar Direito de ser votado
operacionais relativos ao número de quesitos. (Incluído pela Emen-
da Constitucional nº 111, de 2021) Inelegibilidades
§ 13. As manifestações favoráveis e contrárias às questões A inelegibilidade afasta a capacidade eleitoral passiva (direito
submetidas às consultas populares nos termos do § 12 ocorrerão de ser votado), constituindo-se impedimento à candidatura a man-
durante as campanhas eleitorais, sem a utilização de propaganda datos eletivos nos Poderes Executivo e Legislativo.
gratuita no rádio e na televisão. (Incluído pela Emenda Constitucio-
nal nº 111, de 2021) • Inelegibilidade Absoluta
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou Com previsão legal no Artigo 14, §4º da CF, a inelegibilidade ab-
suspensão só se dará nos casos de: soluta impede que o cidadão concorra a qualquer mandato eletivo
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em e, em virtude de natureza excepcional, somente pode ser estabele-
julgado; cida na Constituição Federal.
II - incapacidade civil absoluta; Refere-se aos Inalistáveis e aos Analfabetos.
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du-
rarem seus efeitos; • Inelegibilidade Relativa
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação Consiste em restrições que recaem à candidatura a determi-
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; nados cargos eletivos, em virtude de situações próprias em que se
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. encontra o cidadão no momento do pleito eleitoral. São elas:
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor → Vedação ao terceiro mandato sucessivo para os Chefes do
na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra Poder Executivo (Artigo 14, §5º, CF);
até um ano da data de sua vigência. → Desincompatibilização para concorrer a outros cargos, apli-
cada apenas aos Chefes do Poder Executivo (Artigo 14, §6º, CF);

314
DIREITO CONSTITUCIONAL
→ Inelegibilidade reflexa, ou seja, inelegibilidade relativa por mo- Também chamado de Estado Simples, é aquele dotado de um
tivos de casamento, parentesco ou afinidade, uma vez que não incide único centro com capacidade legislativa, administrativa e judiciá-
sobre o mandatário, mas sim perante terceiros (Artigo 14, §7º, CF). ria, do qual emanam todos os comandos normativos e no qual se
concentram todas as competências constitucionais (exemplos: Uru-
Condição de Militar guai, e Brasil Colônia, com a Constituição de 1824, até a Proclama-
O militar alistável é elegível, desde que atenda as exigências ção da República, com a Constituição de 1891).
previstas no §8º do Artigo 14, da CF, a saber:
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se O Estado Unitário pode ser classificado em:
da atividade; a) Estado unitário puro ou centralizado: casos em que haverá
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela somente um Poder Executivo, um Poder Legislativo e um Poder Ju-
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato diciário, exercido de forma central;
da diplomação, para a inatividade. b) Estado unitário descentralizado: casos em que haverá a for-
mação de entes regionais com autonomia para exercer questões
Observa-se que a norma restringe a elegibilidade aos militares administrativas ou judiciárias fruto de delegação, mas não se con-
alistáveis, logo, os conscritos, que são inalistáveis, são inelegíveis. O cede a autonomia legislativa que continua pertencendo exclusiva-
quadro abaixo serve como exemplo: mente ao poder central.

Militares – Exceto os Conscritos • Estado Federativo – Federação


Também chamados de federados, complexos ou compostos,
Menos de 10 anos Registro da candidatura → Inatividade são aqueles em que as capacidades judiciária, legislativa e admi-
Mais de 10 anos Registro da candidatura → Agregado nistrativa são atribuídas constitucionalmente a entes regionais, que
Na diplomação → Inatividade passam a gozar de autonomias próprias (e não soberanias).
Nesse caso, as autonomias regionais não são fruto de delega-
Privação dos Direitos Políticos ção voluntária, como ocorre nos Estados unitários descentralizados,
De acordo com o Artigo 15 da CF, o cidadão pode ser privado mas se originam na própria Constituição, o que impede a retirada
dos seus direitos políticos por prazo indeterminado (perda), sendo de competências por ato voluntário do poder central.
que, neste caso, o restabelecimento dos direitos políticos depende- O quadro abaixo facilita este entendimento. Vejamos:
rá do exercício de ato de vontade do indivíduo, de um novo alista-
mento eleitoral. Formas de Estado
Da mesma forma, a privação dos direitos políticos pode se dar
Unitário
por prazo determinado (suspensão), em que o restabelecimento se
dará automaticamente, ou seja, independentemente de manifesta- Único centro de onde emana o poder estatal
ção do suspenso, desde que ultrapassado as razões da suspensão. Puro Descentralizado
Vejamos:
Não há delegação de Há delegação de competências
competências
Privação dos Direitos Políticos
Federado
Perda Suspensão
O exercício do poder estatal é atribuído constitucionalmente a
Privação por prazo Privação por prazo entes regionais autônomos
indeterminado determinado
Restabelecimento dos direitos Restabelecimento dos • Confederação
políticos depende de um novo direitos políticos se dá Se caracteriza por uma reunião dissolúvel de Estados sobera-
alistamento eleitoral automaticamente nos, que se unem por meio de um tratado internacional. Aqui, per-
cebe-se o traço marcante da Confederação, ou seja, a dissolubilida-
Referências Bibliográficas: de do pacto internacional pelos Estados soberanos que o integram,
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- a partir de um juízo interno de conveniência.
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. Observe a ilustração das diferenças entre uma Federação e
uma Confederação:

DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO: POLÍTICO-


ADMINISTRATIVA, DA UNIÃO, DOS ESTADOS Federação Confederação
FEDERADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS Formada por uma Constituição Formada por um trato
TERRITÓRIOS internacional
Os entes regionais gozam de Os Estados que o integram
Formas de Estado - Estado Unitário, Confederação e Federa- autonomia mantêm sua soberania
ção
A forma de Estado relaciona-se com o modo de exercício do po- Indissolubilidade do pacto Dissolubilidade do pacto
der político em função do território do Estado. Verifica-se no caso federativo internacional
concreto se há, ou não, repartição regional do exercício de poderes
autônomos, podendo ser criados, a partir dessa lógica, um modelo O Federalismo Brasileiro
de Estado unitário ou um Estado Federado. Observe a disposição legal do Artigo 18 da CF:

• Estado Unitário

315
DIREITO CONSTITUCIONAL
TÍTULO III Repartição de Competências Constitucionais
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO A Repartição de competências é a técnica de distribuição de
competências administrativas, legislativas e tributárias aos entes
CAPÍTULO I federativos para que não haja conflitos de atribuições dentro do
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA território nacional.
Competência é a capacidade para emitir decisões dentro de um
Art. 18. A organização político-administrativa da República Fe- campo específico.
derativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Fede- A Constituição trabalha com três naturezas de competência, a
ral e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constitui- administrativa, legislativa e a tributária.
ção. → Competência administrativa ou material: refere-se à execu-
§ 1º Brasília é a Capital Federal. ção de alguma atividade estatal, ou seja, é a capacidade para atuar
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, concretamente sobre a matéria;
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem → Competência legislativa: atribui iniciativa para legislar sobre
serão reguladas em lei complementar. determinada matéria, ou seja, é a capacidade para estabelecer nor-
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou mas gerais e abstratas sobre determinado campo;
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos → Competência tributária: refere-se ao poder de instituir tri-
Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população butos.
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso
Nacional, por lei complementar. • Técnica da Repartição de Competência
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento Trata-se da predominância do interesse, segundo a qual, à
de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período União caberão as matérias de interesse nacional (Artigos 21 e 22 da
determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de CF), aos Estados-membros, o interesse regional, e aos municípios,
consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios as questões de predominante interesse local (Artigo 30 da CF).
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, Para tanto, a Constituição enumerou expressamente as com-
apresentados e publicados na forma da lei. petências da União e dos municípios, resguardando aos Estados-
-membros a chamada competência residual, remanescente, não
Nos termos do supracitado Artigo 18, a organização político- enumerada ou não expressa (Artigo 25, §1º da CF).
-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a Acresça-se que, para o Distrito Federal, a Constituição atribuiu
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autô- as competências previstas para os estados e os municípios, denomi-
nomos (não soberanos). Trata-se de norma que reflete a forma fe- nada de competência cumulativa (Artigo 32, § 1º da CF).
derativa de Estado.
Ser ente autônomo dentro de um federalismo significa a pos- Organização do Estado – União
sibilidade de implementar uma gestão particularizada, mas sempre A União é a pessoa jurídica de Direito Público interno, parte
respeitando os limites impostos pelos princípios e regras do Estado integrante da Federação brasileira dotada de autonomia. Possui ca-
federal. Daí, têm-se os seguintes elementos: pacidade de auto-organização (Constituição Federal), autogoverno,
→ Auto-organização: permite aos Estados-membros criarem auto legislação (Artigo 22 da CF) e autoadministração (Artigo 20 da
as Constituições Estaduais (Artigo 25 da CF) e aos Municípios firma- CF).
rem suas Leis Orgânicas (Artigo 29 da CF); A União tem previsão legal na CF, dos Artigos 20 a 24. Vejamos:
→ Auto legislação: os entes da federação podem estabelecer
normas gerais e abstratas próprias, a exemplos das leis estaduais e CAPÍTULO II
municipais (Artigos 22 e 24 da CF); DA UNIÃO
→ Auto governo: os Estados membros terão seus Governado-
res e Deputados estaduais, enquanto os Municípios possuirão Pre- Art. 20. São bens da União:
feitos e Vereadores, nos termos dos Artigos 27 a 29 da CF; I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
→ Auto administração: os membros da federação podem pres- atribuídos;
tar e manter serviços próprios, atendendo às competências admi- II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,
nistrativas da CF, notadamente de seu Artigo 23. das fortificações e construções militares, das vias federais de comu-
nicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
• Vedação aos Entes Federados III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de
Consoante ao Artigo 19 da CF, destaca-se que a autonomia dos seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites
entes da federação não é limitada, e sofre as seguintes vedações: com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
aos Municípios: IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, em- países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluí-
baraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus repre- das, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas
sentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e
da lei, a colaboração de interesse público; as referidas no art. 26, II;
II - recusar fé aos documentos públicos; V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;

316
DIREITO CONSTITUCIONAL
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões
e pré-históricos; públicas e de programas de rádio e televisão;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. XVII - conceder anistia;
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as cala-
Distrito Federal e aos Municípios a participação no resultado da midades públicas, especialmente as secas e as inundações;
exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos
fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso;
no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusi-
zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa ve habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
exploração. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 102, de XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional
2019) de viação;
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e
longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, de fronteiras;
é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer
ocupação e utilização serão reguladas em lei. natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o
Art. 21. Compete à União: enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes prin-
organizações internacionais; cípios e condições:
II - declarar a guerra e celebrar a paz; a) toda atividade nuclear em território nacional somente será
III - assegurar a defesa nacional; admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que for- Nacional;
ças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma- b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercializa-
neçam temporariamente; ção e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso agrícolas e
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven- industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de
ção federal; 2022)
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, a co-
bélico; mercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso
VII - emitir moeda; médicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as 2022)
operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da
câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência existência de culpa;
privada; XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordena- XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da
ção do território e de desenvolvimento econômico e social; atividade de garimpagem, em forma associativa.
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão pessoais, nos termos da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional
ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, nº 115, de 2022)
que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um ór- Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
gão regulador e outros aspectos institucionais; I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
ou permissão: II - desapropriação;
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita- em tempo de guerra;
mento energético dos cursos de água, em articulação com os Esta- IV - águas, energia, informática, telecomunicações e
dos onde se situam os potenciais hidro energéticos; radiodifusão;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor- V - serviço postal;
tuária; VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por- metais;
tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de va-
de Estado ou Território; lores;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna- VIII - comércio exterior e interestadual;
cional de passageiros; IX - diretrizes da política nacional de transportes;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima,
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Públi- aérea e aeroespacial;
co do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos XI - trânsito e transporte;
Territórios; XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como XIV - populações indígenas;
prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de
serviços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada pela estrangeiros;
Emenda Constitucional nº 104, de 2019) XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geo- para o exercício de profissões;
grafia, geologia e cartografia de âmbito nacional;

317
DIREITO CONSTITUCIONAL
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le-
Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, gislar concorrentemente sobre:
bem como organização administrativa destes; I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e ur-
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia banístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
nacionais; II - orçamento;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança III - juntas comerciais;
popular; IV - custas dos serviços forenses;
XX - sistemas de consórcios e sorteios; V - produção e consumo;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, de-
garantias, convocação, mobilização, inatividades e pensões das po- fesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e
lícias militares e dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada controle da poluição;
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turís-
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e tico e paisagístico;
ferroviária federais; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consu-
XXIII - seguridade social; midor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; e paisagístico;
XXV - registros públicos; IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia,
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela Emenda
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as Constitucional nº 85, de 2015)
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas
e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, causas;
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas XI - procedimentos em matéria processual;
e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa maríti- XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
ma, defesa civil e mobilização nacional; XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de
XXIX - propaganda comercial. deficiência;
XXX - proteção e tratamento de dados pessoais. (Incluído pela XV - proteção à infância e à juventude;
Emenda Constitucional nº 115, de 2022) XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias ci-
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Esta- vis.
dos a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da
neste artigo. União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. (Vide Lei nº 13.874,
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distri- de 2019)
to Federal e dos Municípios: § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições não exclui a competência suplementar dos Estados. (Vide Lei nº
democráticas e conservar o patrimônio público; 13.874, de 2019)
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garan- § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
tia das pessoas portadoras de deficiência; exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor peculiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais
notáveis e os sítios arqueológicos; suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. (Vide
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de Lei nº 13.874, de 2019)
obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à Organização do Estado – Estados
ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação dada pela Os Estados-membros são pessoas jurídicas de Direito Público
Emenda Constitucional nº 85, de 2015) interno, dotados de autonomia, em razão da capacidade de auto-
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual- -organização (Artigo 25 da CF), autoadministração (Artigo 26 da CF),
quer de suas formas; autogoverno (Artigos 27 e 28 da CF) e auto legislação (Artigo 25 e
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; parágrafos da CF).
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abaste- Os dispositivos constitucionais referentes ao tema vão dos Ar-
cimento alimentar; tigos 25 a 28:
IX - promover programas de construção de moradias e a melho-
ria das condições habitacionais e de saneamento básico; CAPÍTULO III
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginali- DOS ESTADOS FEDERADOS
zação, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constitui-
de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus ções e leis que adotarem, observados os princípios desta Constitui-
territórios; ção.
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segu- § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes
rança do trânsito. sejam vedadas por esta Constituição.
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Muni- concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei,
cípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-es- vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
tar em âmbito nacional.

318
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir CAPÍTULO IV
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, DOS MUNICÍPIOS
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para
integrar a organização, o planejamento e a execução de funções Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois
públicas de interesse comum. turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, aten-
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes didos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição
e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorren- do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
tes de obras da União; I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo reali-
seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios zado em todo o País;
ou terceiros; II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Mu-
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa cor- nicípios com mais de duzentos mil eleitores;
responderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do
Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de ano subsequente ao da eleição;
tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze. IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observa-
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, do o limite máximo de:
aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze
eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mil) habitantes;
mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas. b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes;
de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo, c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000
setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes;
Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000
§ 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) habitantes;
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de 80.000
regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte mil) habi-
secretaria, e prover os respectivos cargos. tantes;
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de 120.000
legislativo estadual. (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento sessenta mil)
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Es- habitantes;
tado, para mandato de 4 (quatro) anos, realizar-se-á no primeiro g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000 (trezen-
outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do tér- tos mil) habitantes;
mino do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em 6 de h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, o disposto 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (quatrocentos e
no art. 77 desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Consti- cinquenta mil) habitantes;
tucional nº 111, de 2021) i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até 600.000
ou função na administração pública direta ou indireta, ressalvada (seiscentos mil) habitantes;
a posse em virtude de concurso público e observado o disposto no j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de
art. 38, I, IV e V. 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e cinquenta mil) habitantes;
dos Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de
Assembleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até 900.000
§ 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (novecentos mil) habitantes;
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
Organização do Estado – Municípios 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um milhão
Sobre os Municípios, prevalece o entendimento de que são en- e cinquenta mil) habitantes;
tes federativos, uma vez que os artigos 1º e 18 da CF, são expressos m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
ao elencar a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até 1.200.000
como integrantes da Federação brasileira. (um milhão e duzentos mil) habitantes;
Como pessoa política também dotada de autonomia, possuem n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
auto-organização (Artigo 29 da CF), auto legislação (Artigo 30 da 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até 1.350.000
CF), autogoverno (Incisos do Artigo 29 da CF) e autoadministração (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes;
(Artigo 30 da CF). o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000
A previsão legal sobre os Municípios está prevista na CF, dos (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes e de até
Artigos 29 a 31. Vejamos: 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes;
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até
1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes;

319
DIREITO CONSTITUCIONAL
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico
de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de,
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes; pelo menos, cinco por cento do eleitorado;
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, pa-
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de até rágrafo único.
3.000.000 (três milhões) de habitantes; Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal,
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com ina-
3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000 (quatro tivos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao
milhões) de habitantes; somatório da receita tributária e das transferências previstas no §
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de 5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exer-
4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 5.000.000 (cinco cício anterior:
milhões) de habitantes; I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de até
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais 100.000 (cem mil) habitantes;
de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 6.000.000 (seis II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre
milhões) de habitantes; 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes;
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população entre
6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000 (sete mi- 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) habitantes;
lhões) de habitantes; IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) e
de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 (oito 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
milhões) de habitantes; e V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população entre
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de habi-
8.000.000 (oito milhões) de habitantes; tantes;
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Mu- VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Muni-
nicipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, observado cípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e um) ha-
o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; bitantes.
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câ- § 1º A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por
maras Municipais em cada legislatura para a subsequente, obser- cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com
vado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabe- o subsídio de seus Vereadores.
lecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos: § 2º Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal:
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo;
dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio dos De- II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou
putados Estaduais; III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Or-
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, o çamentária.
subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cento § 3º Constitui crime de responsabilidade do Presidente da
do subsídio dos Deputados Estaduais; Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo.
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes, Art. 30. Compete aos Municípios:
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por I - legislar sobre assuntos de interesse local;
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres-
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habi- IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação
tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessenta estadual;
por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o sub- são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o
sídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e
VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen-
não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita tal;
do Município; VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município; VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territo-
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, rial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e
similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para os da ocupação do solo urbano;
membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local,
Estado para os membros da Assembleia Legislativa; observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder
XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câ- Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas
mara Municipal; de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
XII - cooperação das associações representativas no planeja- § 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com
mento municipal; o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou
dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.

320
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes,
as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de além do Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá
prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do
Municipal. Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência
anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame deliberativa.
e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos
termos da lei. Intervenção Federal e Estadual
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de É uma excepcional possibilidade de supressão temporária da
Contas Municipais. autonomia política de um ente federativo. Suas hipóteses integram
um rol taxativo previsto na Constituição Federal.
Organização do Estado - Distrito Federal e Territórios
CAPÍTULO VI
• Distrito Federal DA INTERVENÇÃO
O Distrito Federal é o ente federativo com competências par-
cialmente tuteladas pela União, conforme se extrai dos Artigos 21, Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Fe-
XIII e XIV, e 22, VII da CF. deral, exceto para:
Por ser considerado um ente político dotado de autonomia, I - manter a integridade nacional;
possui capacidade de auto-organização (Artigo 32 da CF), autogo- II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação
verno (Artigo 32, §§ 2º e 3º da CF), autoadministração (Artigo 32, §§ em outra;
1º e 4º da CF) e auto legislação (Artigo 32, § 1º da CF). III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas uni-
CAPÍTULO V dades da Federação;
DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois
SEÇÃO I anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
DO DISTRITO FEDERAL b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas
nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitu-
mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legisla- cionais:
tiva, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta a) forma republicana, sistema representativo e regime demo-
Constituição. crático;
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências b) direitos da pessoa humana;
legislativas reservadas aos Estados e Municípios. c) autonomia municipal;
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas d) prestação de contas da administração pública, direta e in-
as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a direta.
dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impos-
duração. tos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
o disposto no art. 27. públicos de saúde.
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União
Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da polícia militar nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
e do corpo de bombeiros militar. (Redação dada pela Emenda I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
Constitucional nº 104, de 2019) consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
• Territórios III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita muni-
Os Territórios possuem natureza jurídica de autarquias territo- cipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e
riais integrantes da Administração indireta da União. Por isso, não serviços públicos de saúde;
são dotados de autonomia política. IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para
assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Es-
SEÇÃO II tadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão
DOS TERRITÓRIOS judicial.
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judi- I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou
ciária dos Territórios. do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supre-
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos mo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judi-
quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste ciário;
Título. II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de
§ 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de
Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
União. III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de represen-
tação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII,
e no caso de recusa à execução de lei federal.

321
DIREITO CONSTITUCIONAL
IV - (Revogado). Passemos ao conceito de cada um deles:
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude,
o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o • Princípio da Legalidade
interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional De acordo com este princípio, o administrador não pode agir
ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro ou deixar de agir, senão de acordo com a lei, na forma determinada.
horas. O quadro abaixo demonstra suas divisões.
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a
Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no Princípio da Legalidade
mesmo prazo de vinte e quatro horas.
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a A Administração Pública
apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa, Em relação à Administração somente pode fazer o que a
o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se Pública lei permite → Princípio da
essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade. Estrita Legalidade
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades O Particular pode fazer tudo
afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal. Em relação ao Particular
que a lei não proíbe

Referências Bibliográficas: • Princípio da Impessoalidade


BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitu- Em decorrência deste princípio, a Administração Pública deve
cional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador: servir a todos, sem preferências ou aversões pessoais ou partidá-
Editora JusPODIVM. rias, não podendo atuar com vistas a beneficiar ou prejudicar de-
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- terminadas pessoas, uma vez que o fundamento para o exercício de
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. sua função é sempre o interesse público.

DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: DISPOSIÇÕES GERAIS, • Princípio da Moralidade


DOS SERVIDORES PÚBLICOS, DOS MILITARES DOS Tal princípio caracteriza-se por exigir do administrador público
ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS um comportamento ético de conduta, ligando-se aos conceitos de
probidade, honestidade, lealdade, decoro e boa-fé.
A moralidade se extrai do senso geral da coletividade represen-
Disposições gerais e servidores públicos tada e não se confunde com a moralidade íntima do administrador
A expressão Administração Pública em sentido objetivo traduz (moral comum) e sim com a profissional (ética profissional).
a ideia de atividade, tarefa, ação ou função de atendimento ao inte- O Artigo 37, § 4º da CF elenca as consequências possíveis, devi-
resse coletivo. Já em sentido subjetivo, indica o universo dos órgãos do a atos de improbidade administrativa:
e pessoas que desempenham função pública.
Conjugando os dois sentidos, pode-se conceituar a Administra-
ção Pública como sendo o conjunto de pessoas e órgãos que de- Sanções ao cometimento de atos de improbidade
sempenham uma função de atendimento ao interesse público, ou administrativa
seja, que estão a serviço da coletividade. Suspensão dos direitos políticos (responsabilidade política)

Princípios da Administração Pública Perda da função pública (responsabilidade disciplinar)


Nos termos do caput do Artigo 37 da CF, a administração públi- Indisponibilidade dos bens (responsabilidade patrimonial)
ca direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, Ressarcimento ao erário (responsabilidade patrimonial)
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
• Princípio da Publicidade
As provas de Direito Constitucional exigem com frequência a
O princípio da publicidade determina que a Administração Pú-
memorização de tais princípios. Assim, para facilitar essa memori-
blica tem a obrigação de dar ampla divulgação dos atos que pratica,
zação, já é de praxe valer-se da clássica expressão mnemônica “LIM-
salvo a hipótese de sigilo necessário.
PE”. Observe o quadro abaixo:
A publicidade é a condição de eficácia do ato administrativo e
tem por finalidade propiciar seu conhecimento pelo cidadão e pos-
Princípios da Administração Pública sibilitar o controle por todos os interessados.
L Legalidade
• Princípio da Eficiência
I Impessoalidade Segundo o princípio da eficiência, a atividade administrativa
M Moralidade deve ser exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional,
evitando atuações amadorísticas.
P Publicidade Este princípio impõe à Administração Pública o dever de agir
E Eficiência com eficiência real e concreta, aplicando, em cada caso concreto, a
medida, dentre as previstas e autorizadas em lei, que mais satisfaça
LIMPE
o interesse público com o menor ônus possível (dever jurídico de
boa administração).
Em decorrência disso, a administração pública está obrigada a
desenvolver mecanismos capazes de propiciar os melhores resul-
tados possíveis para os administrados. Portanto, a Administração
Pública será considerada eficiente sempre que o melhor resultado
for atingido.

322
DIREITO CONSTITUCIONAL
Disposições Gerais na Administração Pública X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
O esquema abaixo sintetiza a definição de Administração Pú- trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por
blica: lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, asse-
gurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
Administração Pública de índices;
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun-
Direta Indireta ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
Autarquias (podem ser qualificadas como fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
agências reguladoras) Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
Federal mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen-
Fundações (autarquias e fundações
Estadual sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
podem ser qualificadas como agências
Distrital ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na-
executivas)
Municipal tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Mi-
Sociedades de economia mista
Empresas públicas nistros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal,
Entes Cooperados o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o
Não integram a Administração Pública, mas prestam serviços de subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Le-
interesse público. Exemplos: SESI, SENAC, SENAI, ONG’s gislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, li-
mitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do sub-
As disposições gerais sobre a Administração Pública estão elen- sídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
cadas nos Artigos 37 e 38 da CF. Vejamos: no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;
CAPÍTULO VII XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu-
tivo;
SEÇÃO I XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
DISPOSIÇÕES GERAIS pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
serviço público;
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- não serão computados nem acumulados para fins de concessão de
pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora- acréscimos ulteriores;
lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em-
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
como aos estrangeiros, na forma da lei; XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de apro- exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, qualquer caso o disposto no inciso XI:
de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, a) a de dois cargos de professor;
na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois saúde, com profissões regulamentadas;
anos, prorrogável uma vez, por igual período; XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo- e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro- economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta
vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa- ou indiretamente, pelo poder público;
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira; XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais te-
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi- rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência
dores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e per- XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
centuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribui- autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo-
ções de direção, chefia e assessoramento; mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso- caso, definir as áreas de sua atuação;
ciação sindical; XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria-
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior,
definidos em lei específica; assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro-
sua admissão; cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de- todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
terminado para atender a necessidade temporária de excepcional de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter-
interesse público; mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações.

323
DIREITO CONSTITUCIONAL
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo,
Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona- fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito,
mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como
terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo
atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar § 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal ser readaptado para exercício de cargo cujas atribuições e
de autoridades ou servidores públicos. responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, enquanto
nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos permanecer nesta condição, desde que possua a habilitação e o
da lei. nível de escolaridade exigidos para o cargo de destino, mantida
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na a remuneração do cargo de origem. (Incluído pela Emenda
administração pública direta e indireta, regulando especialmente: Constitucional nº 103, de 2019)
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos § 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública,
ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o
dos serviços; rompimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição.
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X § 15. É vedada a complementação de aposentadorias de
e XXXIII; servidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que
ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a § 16. Os órgãos e entidades da administração pública, individual
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e ou conjuntamente, devem realizar avaliação das políticas públicas,
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado e dos resultados
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para alcançados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que nº 109, de 2021)
causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica
ressarcimento. e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as se-
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado guintes disposições:
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital,
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera-
de cargo ou emprego da administração direta e indireta que ção;
possibilite o acesso a informações privilegiadas. III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili-
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não
ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício
de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos
dispor sobre: os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
I - o prazo de duração do contrato; V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previ-
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi- dência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo
tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; de origem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
III - a remuneração do pessoal.” 2019)
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às
sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem Servidores Públicos
recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios Os servidores públicos são pessoas físicas que prestam serviços
para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral. à administração pública direta, às autarquias ou fundações públi-
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de cas, gerando entre as partes um vínculo empregatício ou estatutá-
aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a rio. Esses serviços são prestados à União, aos Estados-membros, ao
remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os Distrito Federal ou aos Municípios.
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eleti- As disposições sobre os Servidores Públicos estão elencadas
vos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação dos Artigos 39 a 41 da CF. Vejamos:
e exoneração.
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites
remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as
parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.

324
DIREITO CONSTITUCIONAL
SEÇÃO II I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em
DOS SERVIDORES PÚBLICOS que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese
em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces-
instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo;
planos de carreira para os servidores da administração pública dire- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ta, das autarquias e das fundações públicas. II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta
instituirão conselho de política de administração e remuneração de e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;
pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po- III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade,
deres. se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na
componentes do sistema remuneratório observará: idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons-
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os
cargos componentes de cada carreira; demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo
II - os requisitos para a investidura; ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103,
III - as peculiaridades dos cargos. de 2019)
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores
de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência
para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela
convênios ou contratos entre os entes federados. Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o § 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria
disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação
XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
admissão quando a natureza do cargo o exigir. § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os para concessão de benefícios em regime próprio de previdência
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão social, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, § 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. diferenciados para aposentadoria de servidores com deficiência,
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor equipe multiprofissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda
remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer Constitucional nº 103, de 2019)
caso, o disposto no art. 37, XI. § 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente
empregos públicos. penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda
provenientes da economia com despesas correntes em cada Constitucional nº 103, de 2019)
órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento § 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
de programas de qualidade e produtividade, treinamento e do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades
do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos
produtividade. e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes,
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação.
carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima
temporário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da
cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, complementar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela
mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) de mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência previdência social, aplicando-se outras vedações, regras e condições
social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional para a acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no
nº 103, de 2019) Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)

325
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se jus a um abono de permanência equivalente, no máximo, ao
tratar da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o valor da sua contribuição previdenciária, até completar a idade
benefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do para aposentadoria compulsória. (Redação dada pela Emenda
respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a Constitucional nº 103, de 2019)
hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente § 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de
de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora desse
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes, ór-
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para gãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsá-
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme veis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros
critérios estabelecidos em lei. e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou § 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
municipal será contado para fins de aposentadoria, observado § 21. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional
o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço nº 103, de 2019)
correspondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação § 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) previdência social, lei complementar federal estabelecerá, para os
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem que já existam, normas gerais de organização, de funcionamento
de tempo de contribuição fictício. e de responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total aspectos, sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da 2019)
acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o
outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti-
previdência social, e ao montante resultante da adição de proventos tucional nº 103, de 2019)
de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re-
desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
regime próprio de previdência social, no que couber, os requisitos IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela
e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) V - condições para instituição do fundo com finalidade previ-
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recur-
de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e sos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de
exoneração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, qualquer natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
ou de emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. 2019)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) VI - mecanismos de equacionamento do déficit atuarial; (Incluí-
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios do pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
instituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob-
de previdência complementar para servidores públicos ocupantes servados os princípios relacionados com governança, controle inter-
de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do no e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
Regime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias de 2019)
e das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles
o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indiretamen-
103, de 2019) te, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucional
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 nº 103, de 2019)
oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribuição IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela
definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição
de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser-
nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do concurso público.
correspondente regime de previdência complementar. § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados, II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
na forma da lei. rada ampla defesa;
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se
igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com
respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo remuneração proporcional ao tempo de serviço.
que tenha completado as exigências para a aposentadoria
voluntária e que opte por permanecer em atividade poderá fazer

326
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o SEÇÃO III
servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS
proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento TERRITÓRIOS
em outro cargo.
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bom-
obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão beiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e
instituída para essa finalidade. disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Ter-
ritórios.
• Estabilidade § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e
A estabilidade é a garantia que o servidor público possui de dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições
permanecer no cargo ou emprego público depois de ter sido apro- do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo
vado em estágio probatório. a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º,
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, a estabilidade inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos
poder ser definida como a garantia constitucional de permanência governadores.
no serviço público, do servidor público civil nomeado, em razão de § 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito
concurso público, para titularizar cargo de provimento efetivo, após Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica
o transcurso de estágio probatório. do respectivo ente estatal.
A estabilidade é assegurada ao servidor após três anos de efe- § 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e
tivo exercício, em virtude de nomeação em concurso público. Esse dos Territórios o disposto no art. 37, inciso XVI, com prevalência
é o estágio probatório citado pela lei. da atividade militar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 101,
Passada a fase do estágio, sendo o servidor público efetivado, de 2019)
ele perderá o cargo somente nas hipóteses elencadas no Artigo 41,
§ 1º da CF. Das Regiões
Haja vista o tema ser muito cobrado nas provas dos mais varia- De acordo com a CF/88 as políticas da União podem se dar de
dos concursos públicos, segue a tabela explicativa: forma regionalizada e a disposição legal do Art. 43 visa reduzir as
desigualdades regionais. Este tema será regulado por Lei Comple-
Estabilidade do Servidor mentar.
Diz o Art. 43 da CF/88:
Requisitos para Cargo de provimento efetivo/ocupado em
aquisição de razão de concurso público SEÇÃO IV
Estabilidade 3 anos de efetivo exercício DAS REGIÕES
Avaliação de desempenho por comissão
instituída para esta finalidade Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular
Hipóteses em Em virtude de sentença judicial transitada em sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando a
que o servidor julgado seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais.
estável pode Mediante processo administrativo em que lhe § 1º - Lei complementar disporá sobre:
perder o cargo seja assegurada ampla defesa I - as condições para integração de regiões em desenvolvimen-
Mediante procedimento de avaliação to;
periódica de desempenho, na forma de lei II - a composição dos organismos regionais que executarão, na
complementar, assegurada ampla defesa forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos nacionais
Em razão de excesso de despesa de desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente com
estes.
Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios § 2º - Os incentivos regionais compreenderão, além de outros,
A CF/88 impôs aos Militares, regime especial e diferenciado do na forma da lei:
servidor civil. Os direitos e deveres dos militares e dos civis não se I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos
misturam a não ser por expressa determinação constitucional. e preços de responsabilidade do Poder Público;
Não pode o legislador infraconstitucional cercear direitos ou II - juros favorecidos para financiamento de atividades priori-
impor deveres que a Constituição Federal não trouxe de forma taxa- tárias;
tiva, tampouco não se pode inserir deveres dos servidores civis aos III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos
militares de forma reflexa. federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas;
A Emenda Constitucional nº 101/19, promulgada pelo Congres- IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos
so Nacional, permite acúmulo de cargos públicos nas áreas de saú- rios e das massas de água represadas ou represáveis nas regiões de
de e educação por militares. Através da referida Emenda, os Milita- baixa renda, sujeitas a secas periódicas.
res poderão exercer funções de professor ou profissional da saúde § 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará
desde que haja compatibilidade de horário. Ou seja, aplicou-se a a recuperação de terras áridas e cooperará com os pequenos
tais profissionais o disposto no art. 37, inciso XVI, da CF/88. e médios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas
Desde a promulgação da CF/88, o exercício simultâneo de glebas, de fontes de água e de pequena irrigação.
cargos era permitido apenas para servidores públicos civis e para
militares das Forças Armadas que atuam na área de saúde. A acu- Referências Bibliográficas:
mulação passou a ser possível, desde que haja compatibilidade de BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitu-
horários. cional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador:
Vejamos as disposições do Art. 42 da CF/88: Editora JusPODIVM.
NADAL, Fábio; e SANTOS, Vauledir Ribeiro. Administrativo – Série Resu-
mo. 3ª edição. São Paulo: Editora Método.

327
DIREITO CONSTITUCIONAL
Vejamos nosso quadro sinótico:
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES: PODER
LEGISLATIVO, CONGRESSO NACIONAL, ATRIBUIÇÕES
DO CONGRESSO NACIONAL, DA CÂMARA DOS Congresso Nacional
DEPUTADOS, DO SENADO FEDERAL Câmara dos Deputados Senado Federal (Artigo 46 da CF)
(Artigo 45 da CF)
Funções Típicas e Atípicas 513 membros 81 membros
O Poder Legislativo possui as funções típicas de elaborar nor-
mas gerais e abstratas (leis) e exercer a atividade fiscalizatória. Esta Representantes do povo Representantes dos estados/DF
fiscalização engloba tanto a econômico-financeira (Artigos 70 a 75 Caracteriza o princípio Caracteriza o princípio federativo
da CF), bem como a político-administrativa, por intermédio de suas republicano
Comissões, em especial, a Comissão Parlamentar de Inquérito (Ar-
Eleição pelo sistema Eleição pelo sistema majoritário
tigo 58, § 3º, da CF).
proporcional
Como funções atípicas o Poder Legislativo administra e julga.
Administra quando, por exemplo, nomeia, exonera, ou promove os Mandato de 4 anos Mandato de 8 anos (Artigo 46, §
seus servidores. Julga quando o Senado Federal decide acerca da 1º, da CF)
ocorrência ou não de crime de responsabilidade cometido por cer- Sucessivas reeleições Sucessivas reeleições
tas autoridades previstas na Constituição (Artigo 52, I, II e parágrafo
único). Mínimo de 8 e máximo de 3 senadores por estado/DF (Artigo
O Poder Legislativo no âmbito da Federação está assim confi- 70 por estado/DF (Artigo 46, § 1º, da CF).
gurado: 45, § 1º da CF) Cada senador será eleito com 2
suplentes (Artigo 46, § 3º, da CF)
Poder Legislativo Idade mínima: 21 anos Idade mínima: 35 anos (Artigo 14,
(Artigo 14, § 3º, VI, c, da § 3º, VI, a, da CF)
União Congresso Nacional (Artigo 44 e seguintes CF)
da CF)
Territórios se houver Recomposição alternada de 1/3 e
Estados-Membros Assembleias Legislativas (Artigo 27 da CF) elegem 4 deputados 2/3 dos Senadores a cada 4 anos
Distrito Federal Câmara Legislativa (Artigo 32, § 3º, da CF) (Artigo 45, § 2º, da CF) (Artigo 46, § 2º, da CF)
Municípios Câmaras Municipais (Artigo 29 da CF)
Seguem abaixo os dispositivos constitucionais correspondentes:
Congresso Nacional
TÍTULO IV
O Congresso Nacional é formado pela Câmara dos Deputados
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
e pelo Senado Federal, ou seja, sistema bicameral (Artigo 44, caput,
(REDAÇÃO DADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 80, DE
da CF).
2014)
Câmara dos Deputados
CAPÍTULO I
É composta por representantes do povo, eleitos pelo sistema
DO PODER LEGISLATIVO
proporcional em cada estado, em cada território e no Distrito
Federal, para um mandato de 4 anos, permitidas sucessivas
SEÇÃO I
reeleições (Artigo 45, caput, da CF).
DO CONGRESSO NACIONAL
À luz do § 1º do Artigo 45, da CF, nenhum Estado e o Distrito
Federal terá menos do que 8 nem mais do que 70 deputados
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional,
federais, levando-se em conta a população de cada ente federativo.
que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
Já os territórios federais, caso existentes, terão 4 deputados fe-
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro
derais (Artigo 45, § 2º, da CF).
anos.
Conforme dispõe a Lei Complementar nº 78, de 30/12/93, que
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representan-
disciplina a fixação do número de deputados, nos termos do Artigo
tes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em
45, § 1º, da CF, uma vez estabelecido o número de deputados fe-
cada Território e no Distrito Federal.
derais, será definido o número de deputados estaduais, conforme
§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação
preceitua o Artigo 27 da CF.
por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei
complementar, proporcionalmente à população, procedendo-
Senado Federal
se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que
Compõe-se de representantes dos estados e do Distrito Fede-
nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou
ral, de forma paritária, eleitos segundo o princípio majoritário, para
mais de setenta Deputados.
um mandato de 8 anos, sendo que em cada eleição, que ocorre a
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.
cada 4 anos, serão eleitos, alternadamente, um terço e dois terços
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Es-
dos membros dessa Casa Legislativa (Artigo 46, caput e seu § 2º).
tados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.
Cada estado e o Distrito Federal possuem 3 senadores, eleitos,
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores,
cada qual, com dois suplentes, totalizando 81 (Artigo 46, §§ 1º e 3º
com mandato de oito anos.
da CF).
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será
renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois
terços.

328
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes. X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as delibe- Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração
rações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maio- indireta;
ria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros. XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em
face da atribuição normativa dos outros Poderes;
SEÇÃO II XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL emissoras de rádio e televisão;
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presi- da União;
dente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a ativi-
49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da dades nucleares;
União, especialmente sobre: XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas; XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aprovei-
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, tamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas mi-
operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado; nerais;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de de- públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.
senvolvimento; XVIII - decretar o estado de calamidade pública de âmbito nacio-
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e nal previsto nos arts. 167-B, 167-C, 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta
bens do domínio da União; Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qual-
Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Legisla- quer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou
tivas; quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidên-
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal; cia da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre
VIII - concessão de anistia; assunto previamente determinado, importando crime de responsa-
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Públi- bilidade a ausência sem justificação adequada.
co e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização § 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado
judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal; Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Comissões,
X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa respectiva,
funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; para expor assunto de relevância de seu Ministério.
XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da administra- § 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
ção pública; poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Ministros
XII - telecomunicações e radiodifusão; de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições fi- artigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o
nanceiras e suas operações; não - atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mo- de informações falsas.
biliária federal.
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Fe- SEÇÃO III
deral, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
153, § 2º, I.
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos in- I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de
ternacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os
patrimônio nacional; Ministros de Estado;
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a ce- II - proceder à tomada de contas do Presidente da República,
lebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo terri- quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessen-
tório nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados ta dias após a abertura da sessão legislativa;
os casos previstos em lei complementar; III - elaborar seu regimento interno;
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, cria-
se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; ção, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autori- seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remune-
zar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; ração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem orçamentárias;
do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do
VI - mudar temporariamente sua sede; art. 89, VII.
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Se-
nadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, SEÇÃO IV
153, III, e 153, § 2º, I; DO SENADO FEDERAL
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da
República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Re-
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da pública nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de
República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica
governo; nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;

329
DIREITO CONSTITUCIONAL
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, Artigo 53, § 7º da CF → Incorporação às Forças Armadas;
os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacio- Artigo 53, § 8º da CF → Estado de sítio: limitação de sua sus-
nal do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Ad- pensão pela Constituição.
vogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;
III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pú- • Imunidades
blica, a escolha de: Imunidades são prerrogativas outorgadas pela Constituição aos
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; ocupantes de mandatos eletivos com a finalidade de assegurar-lhes
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Pre- proteção no exercício de suas atribuições constitucionais.
sidente da República; – Imunidade Material: afasta a possibilidade de responsabili-
c) Governador de Território; zação civil e penal do congressista por suas manifestações, desde
d) Presidente e diretores do banco central; que emanadas no desempenho da atividade congressual (Artigo 53,
e) Procurador-Geral da República; caput, da CF).
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; – Imunidade Formal: são garantias atribuídas aos parlamenta-
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em res com relação ao trâmite dos processos-crimes em que figuram
sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de ca- como réus e prisões contra si decretadas, a partir de sua diploma-
ráter permanente; ção (Artigo 53, §§ 1º ao 5º, da CF).
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de in-
teresse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e Vejamos os dispositivos constitucionais correspondentes:
dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites glo- SEÇÃO V
bais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES
do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penal-
de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Fede- mente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
ral e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades contro- § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma,
ladas pelo Poder Público federal; serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de ga- § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso
rantia da União em operações de crédito externo e interno; Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte
dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada seus membros, resolva sobre a prisão.
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exone- crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará
ração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela
de seu mandato; representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até
XII - elaborar seu regimento interno; a decisão final, sustar o andamento da ação.
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva
criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento
de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva re- pela Mesa Diretora.
muneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de dire- § 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto
trizes orçamentárias; durar o mandato.
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do § 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a
art. 89, VII. testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tribu- do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram
tário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desem- ou deles receberam informações.
penho das administrações tributárias da União, dos Estados e do § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e
Distrito Federal e dos Municípios. Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra,
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcio- dependerá de prévia licença da Casa respectiva.
nará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão
a condenação, que somente será proferida por dois terços dos vo- durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o
tos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de
anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam
sanções judiciais cabíveis. incompatíveis com a execução da medida.
Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:
Vedações, Garantias e Imunidades Parlamentares I - desde a expedição do diploma:
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito pú-
• Vedações blico, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou
Aos parlamentares federais, é vedado o exercício de algumas empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato
atividades, em decorrência das relevantes atribuições constitucio- obedecer a cláusulas uniformes;
nais que possuem, à luz do que dispõe o Artigo 54 da CF. b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado,
inclusive os de que sejam demissíveis “ad nutum”, nas entidades
• Garantias constantes da alínea anterior;
Artigo 53, § 6º da CF → Isenção do dever de testemunhar: é o II - desde a posse:
chamado sigilo da fonte;

330
DIREITO CONSTITUCIONAL
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que Comissões Parlamentares e Comissões Parlamentares de In-
goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito quérito (CPIs)
público, ou nela exercer função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis “ad nu- • Comissões e Mesas
tum”, nas entidades referidas no inciso I, “a”; A Constituição Federal faculta ao Congresso Nacional e suas
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das enti- Casas Legislativas (Câmara e Senado) a criação de Comissões per-
dades a que se refere o inciso I, “a”; manentes e temporárias, que deverão ser constituídas na forma e
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público ele- com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de
tivo. que resultar sua criação (Artigo 58, caput, da CF).
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: Por seu turno, as Mesas são órgãos de direção superior da Câ-
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo mara dos Deputados, do Senado Federal e do Congresso Nacional,
anterior; cuja composição possui mandato de dois anos, sendo vedada a ree-
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro leição para o mesmo cargo (Artigo 57, § 4º, da CF).
parlamentar;
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à • Comissão Parlamentar de Inquérito
terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo Tem como fundamento a função típica fiscalizatória do Poder
licença ou missão por esta autorizada; Legislativo e é uma consequência direta e imediata da adoção do
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; sistema de freios e contrapesos previsto na Constituição.
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos São criadas com a finalidade de apurar fato determinado rele-
nesta Constituição; vante para a sociedade e a sua previsão constitucional encontra-se
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em no Artigo 58, § 3º, da CF.
julgado. Vamos aos dispositivos constitucionais correspondentes:
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos
casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas SEÇÃO VI
asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de DAS REUNIÕES
vantagens indevidas.
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Ca-
decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por pital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22
maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de de dezembro.
partido político representado no Congresso Nacional, assegurada § 1º As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas
ampla defesa. para o primeiro dia útil subsequente, quando recaírem em sábados,
§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será domingos ou feriados.
declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante § 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação
provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.
representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. § 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição, a
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão
ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá conjunta para:
seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os I - inaugurar a sessão legislativa;
§§ 2º e 3º. II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços
Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador: comuns às duas Casas;
I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Ter- III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente
ritório, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de da República;
Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária; IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias,
para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para
neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por ses- a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para
são legislativa. mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo
§ 1º O suplente será convocado nos casos de vaga, de cargo na eleição imediatamente subsequente.
investidura em funções previstas neste artigo ou de licença superior § 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo
a cento e vinte dias. Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos,
§ 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na
para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses para o término Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
do mandato. § 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-
§ 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá se-á:
optar pela remuneração do mandato. I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação
de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autori-
zação para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e
a posse do Presidente e do Vice-Presidente da República;
II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara
dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria
dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse
público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a apro-
vação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso
Nacional.

331
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional Fase Introdutória – Iniciativa de Lei por Parlamentar e Extra-
somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, parlamentar
ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamento de A Fase Introdutória tem início quando um dos legitimados pela
parcela indenizatória, em razão da convocação. CF (Art. 61, caput) toma a iniciativa de apresentar um projeto de lei
§ 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de a uma das Casas do Congresso Nacional.
convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas Esta iniciativa, também chamada de proposição, disposição,
automaticamente incluídas na pauta da convocação. competência legiferante ou competência legislativa, pode ser clas-
sificada em parlamentar, extraparlamentar, privativa, concorrente
SEÇÃO VII ou popular.
DAS COMISSÕES A Iniciativa Parlamentar, como o próprio nome sugere, é aque-
la realizada pelos membros do Congresso Nacional. Noutro giro, a
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões Iniciativa Extraparlamentar ocorre quando a Constituição confere
permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atri- a legitimidade para proposição legislativa a órgãos dos Poderes Exe-
buições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar cutivo e Judiciário.
sua criação.
§ 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é Fase Constitutiva
assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional O projeto de lei será apresentado a uma das Casas do Congres-
dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da so Nacional, que atuará como Casa iniciadora, cumprindo a outra
respectiva Casa. Casa Legislativa a função de Casa Revisora.
§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, Nas Casas do Congresso Nacional funcionará parcela da fase
cabe: constitutiva, formada pela discussão, votação, além de possível
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do re- análise de veto. Após a deliberação parlamentar, a fase constitutiva
gimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um encerrar-se-á com a deliberação executiva, por meio da sanção ou
décimo dos membros da Casa; do veto presidencial.
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade ci-
vil; Deliberação Parlamentar
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações so- A deliberação parlamentar refere-se a discussão, votação e,
bre assuntos inerentes a suas atribuições; eventualmente, a análise do veto.
IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas
de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou en- Regime de Urgência (Processo Legislativo Sumário)
tidades públicas; O Processo Legislativo Sumário é deflagrado quando o Presi-
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; dente da República solicita urgência na apreciação de projetos de
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e lei de sua iniciativa (privativa ou concorrente).
setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. Observe o quadro abaixo:
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão
poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além Processo Legislativo Sumário – Artigo 64, § 1º, da CF
de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão
criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em Projetos de lei de iniciativa
conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço privativa ou concorrente do
de seus membros, para a apuração de fato determinado e por Requisitos Presidente da República;
prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas Pedido de urgência pelo
ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou Presidente da República.
criminal dos infratores.
§ 4º Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa Deliberação Executiva
do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão A deliberação executiva refere-se à sanção ou veto.
ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no
regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, Fase Complementar
a proporcionalidade da representação partidária. Refere-se a promulgação e publicação.

O Processo Legislativo é o conjunto de atos (iniciativa, dis- A lei nasce com a sanção ou, excepcionalmente, com a rejeição
cussão, votação, emenda, sanção, veto, derrubada do veto, pro- do veto. Com a promulgação, ocorre a sua inserção no ordenamen-
mulgação, publicação) realizados pelo Congresso Nacional e pela to jurídico e a produção de seus efeitos se dá com a publicação.
Presidência da República, visando à elaboração de emendas à Cons-
tituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medi-
das provisórias, decretos legislativos e resoluções.

Processo Legislativo Ordinário


É o procedimento exigido para a elaboração das leis ordinárias
e das leis complementares, que de decompõe em três fases: intro-
dutória, constitutiva e complementar.

332
DIREITO CONSTITUCIONAL
O quadro abaixo resume as fases do Processo Legislativo Or- IV - leis delegadas;
dinário. V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
Processo Legislativo Ordinário VII - resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração,
Fase Introdutória Iniciativa do projeto de lei redação, alteração e consolidação das leis.
Deliberação parlamentar → discussão,
votação e, eventualmente, a análise do SUBSEÇÃO II
Fase Constitutiva DA EMENDA À CONSTITUIÇÃO
veto.
Deliberação executiva → sanção ou veto.
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante propos-
Fase Complementar Promulgação e publicação da lei ta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Depu-
Espécies Normativas: Lei Complementar e Lei Ordinária tados ou do Senado Federal;
Todo o processo legislativo ordinário aplica-se, igualmente, à II - do Presidente da República;
aprovação de leis ordinárias e leis complementares. A única distin- III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unida-
ção está no quórum de aprovação, que, para as leis complementa- des da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria
res, é de maioria absoluta, conforme o Artigo 69, da CF. relativa de seus membros.
Não há hierarquia entre lei ordinária e lei complementar, uma § 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de
vez que ambas retiram seu fundamento de validade direto da Cons- intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
tituição Federal. § 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do
A diferença entre ambas encontra-se na reserva de matéria, ou Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se
seja, as matérias que devem ser veiculadas por lei complementar obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
estão exaustivamente previstas na Constituição, por sua vez, onde § 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas
a Carta Política for silente, interpreta-se que a matéria deve ser tra- da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo
tada por lei ordinária. número de ordem.
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda
Espécies Normativas tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
• Medida Provisória II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
Em caso de relevância e urgência, o Presidente poderá adotar III - a separação dos Poderes;
medidas provisórias, com força de lei (possui natureza jurídica de IV - os direitos e garantias individuais.
lei em sentido material, pois é um ato normativo primário sob con- § 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou
dição resolutiva), devendo submetê-las de imediato ao Congresso havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na
Nacional por meio de mensagem. mesma sessão legislativa.

• Lei Delegada SUBSEÇÃO III


As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da Repúbli- DAS LEIS
ca, devendo solicitar a delegação ao Congresso Nacional, que, por
resolução, especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício. Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a
qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Sena-
• Decreto Legislativo do Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República,
São atos normativos primários mediante os quais são executa- ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procura-
das as competências exclusivas do Congresso Nacional. dor-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previs-
tos nesta Constituição.
• Resolução § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as
As resoluções são atos normativos primários (Artigo 59, VII, da leis que:
CF) que materializam as competências privativas da Câmara e do I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
Senado. II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na adminis-
Os dispositivos constitucionais referentes ao Processo Legisla- tração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;
tivo encontram-se elencados do Artigos 59 a 69 da CF, conforme b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária
seguem: e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos
Territórios;
SEÇÃO VIII c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídi-
DO PROCESSO LEGISLATIVO co, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da
SUBSEÇÃO I União, bem como normas gerais para a organização do Ministério
DISPOSIÇÃO GERAL Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e
dos Territórios;
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração
I - emendas à Constituição; pública, observado o disposto no art. 84, VI;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;

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DIREITO CONSTITUCIONAL
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimen- § 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto
to de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em
transferência para a reserva. vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista:
Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da Repúbli-
um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por ca, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º;
cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos II - nos projetos sobre organização dos serviços administrativos
eleitores de cada um deles. da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Fede-
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da Re- rais e do Ministério Público.
pública poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, deven- Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa
do submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tri-
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: bunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados.
I – relativa a: § 1º O Presidente da República poderá solicitar urgência para
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políti- apreciação de projetos de sua iniciativa.
cos e direito eleitoral; § 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado
b) direito penal, processual penal e processual civil; Federal não se manifestarem sobre a proposição, cada qual
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão
carreira e a garantia de seus membros; todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e exceção das que tenham prazo constitucional determinado, até que
créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. se ultime a votação.
167, § 3º; § 3º A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara
II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança dos Deputados far-se-á no prazo de dez dias, observado quanto ao
popular ou qualquer outro ativo financeiro; mais o disposto no parágrafo anterior.
III – reservada a lei complementar; § 4º Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do
IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de código.
Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração pela outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à
de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado,
só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido se o rejeitar.
convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa ini-
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e ciadora.
12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação envia-
lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma rá o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o
vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por sancionará.
decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. § 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no
§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse
medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias
do Congresso Nacional. úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de
§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos
Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo do veto.
prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais. § 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo,
§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta de parágrafo, de inciso ou de alínea.
e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de § 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente
urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congres- da República importará sanção.
so Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas § 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta
as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver trami- dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo
tando. voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores.
§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência § 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para
de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de promulgação, ao Presidente da República.
sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas § 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o
do Congresso Nacional. veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas
§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na as demais proposições, até sua votação final.
Câmara dos Deputados. § 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores horas pelo Presidente da República, nos casos dos § 3º e § 5º, o
examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual
de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.
uma das Casas do Congresso Nacional. Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente
§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legisla-
medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido tiva, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qual-
sua eficácia por decurso de prazo. quer das Casas do Congresso Nacional.
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da
até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos
praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.

334
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência Tribunais de Contas dos Estados (TCEs) e Tribunais e Conse-
exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da lhos de Contas dos Municípios
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada No que couber, as regras estabelecidas para o Tribunal de
à lei complementar, nem a legislação sobre: Contas da União (TCU) deverão ser observadas pelos Tribunais de
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a Contas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (Artigo 75,
carreira e a garantia de seus membros; caput, da CF).
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e Segue abaixo os Artigos pertinentes da CF:
eleitorais;
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. SEÇÃO IX
§ 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e
os termos de seu exercício. Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, ope-
§ 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo racional e patrimonial da União e das entidades da administração
Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade,
emenda. aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo
Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
absoluta. controle interno de cada Poder.
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurí-
Referências Bibliográficas: dica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza
pecuniária.
Tribunal de Contas da União (TCU) e Fiscalização Contábil, Fi- Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional,
nanceira e Orçamentária da União será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual
Conforme já visto neste, além da função típica de legislar, ao compete:
Poder Legislativo também foi atribuída função fiscalizatória. I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da
Sabe-se que, de modo geral, todo poder deverá manter, de for- República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em
ma integrada, sistema de controle interno fiscalizatório, conforme sessenta dias a contar de seu recebimento;
estabelece o Artigo 74, caput, da CF. II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis
Em relação ao Legislativo, além do controle interno (inerente por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e in-
a todo poder), também realiza controle externo, através da fiscali- direta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas
zação contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa
da União e das entidades da administração direta (pertencentes ao a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
Executivo, Legislativo e Judiciário) e indireta, levando-se em consi- erário público;
deração a legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de
subvenções e renúncia de receitas (Artigo 70, caput, da CF). admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e
A CF/88 consagra, dessa forma, um sistema harmônico, inte- indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
grado e sistêmico de perfeita convivência entre os controles inter- Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
nos de cada poder e o controle externo exercido pelo Legislativo, comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas
com o auxílio do Tribunal de Contas (Artigo 74, IV, da CF). e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
Esse sistema de atuação conjunta é reforçado pela regra conti- fundamento legal do ato concessório;
da no Artigo 74, § 1º, da CF, na medida em que os responsáveis pelo IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do
controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregula- Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e au-
ridade ou ilegalidade, dela deverão dar ciência ao TCU, sob pena de ditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional
responsabilidade solidária. e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo,
Portanto, o controle externo será realizado pelo Congresso Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
Nacional, auxiliado pelo Tribunal de Contas, cuja competência está V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais
expressa no Artigo 71 da CF. de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta,
Dentre as várias competências atribuídas ao Tribunal de Con- nos termos do tratado constitutivo;
tas, encontra-se a de auxiliar o Legislativo (Congresso Nacional), no VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela
controle externo das contas do Executivo. União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
O Tribunal de Contas decide administrativamente, não produ- congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
zindo nenhum ato marcado pela definitividade, ou fixação do direi- VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacio-
to no caso concreto, no sentido de afastamento da pretensão resis- nal, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas
tida. Portanto, o Tribunal de Contas não integra o Poder Judiciário. Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
O Tribunal de Contas, apesar de ser autônomo, não tendo qual- operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspe-
quer vínculo de subordinação ao Legislativo, é auxiliar deste. A fis- ções realizadas;
calização em si é realizada pelo Legislativo. O Tribunal de Contas, VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de des-
como órgão auxiliar, apenas emite pareces técnicos. pesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que
estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano
causado ao erário;
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro-
vidências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada
ilegalidade;

335
DIREITO CONSTITUCIONAL
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, co- II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à
municando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimo-
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou nial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como
abusos apurados. da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garan-
diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, tias, bem como dos direitos e haveres da União;
ao Poder Executivo as medidas cabíveis. IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão insti-
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo tucional.
de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem
anterior, o Tribunal decidirá a respeito. conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de
ou multa terão eficácia de título executivo. responsabilidade solidária.
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato
e anualmente, relatório de suas atividades. é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.
166, §1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no
sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais
aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsá- de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais
vel que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessá- e Conselhos de Contas dos Municípios.
rios. Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os
§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete Con-
insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento selheiros.
conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.
§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, Referências Bibliográficas:
se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave lesão DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação. cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Mi- LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 11 edição – São
nistros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e Paulo: Editora Método.
jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber,
as atribuições previstas no art. 96.
§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão DO PODER EXECUTIVO, DO PRESIDENTE E DO
nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos: VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA (ATRIBUIÇÕES
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA)DO CONSELHO DA
idade; REPÚBLICA E DO CONSELHO DE DEFESA NACIONAL
II - idoneidade moral e reputação ilibada;
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e Presidente da República, Vice-Presidente da República e Mi-
financeiros ou de administração pública; nistros de Estado
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva ati-
vidade profissional que exija os conhecimentos mencionados no in- • Presidente e Vice-Presidente
ciso anterior. O Poder Executivo, em âmbito federal, é exercido pelo Presi-
§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão dente da República, auxiliado pelos ministros de Estado.
escolhidos: Como função típica, compete ao Poder Executivo administrar a
I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do coisa pública. Atipicamente, o mesmo legisla (medidas provisórias,
Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e leis delegadas e decretos autônomos) e julga (processos adminis-
membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista trativos).
tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e mere- Segue abaixo os artigos 76 a 86 da CF:
cimento;
II - dois terços pelo Congresso Nacional. CAPÍTULO II
§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as DO PODER EXECUTIVO
mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e
vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando- SEÇÃO I
se lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
do art. 40.
§ 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da Repú-
mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando no exercício blica, auxiliado pelos Ministros de Estado.
das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da Repú-
Federal. blica realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de ou-
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, tubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em se-
de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade gundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato
de: presidencial vigente.
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano pluria- § 1º A eleição do Presidente da República importará a do Vice-
nual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da -Presidente com ele registrado.
União;

336
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que, regis- VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus
trado por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não representantes diplomáticos;
computados os em branco e os nulos. VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujei-
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na pri- tos a referendo do Congresso Nacional;
meira votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias após a pro- IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
clamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais vota- X - decretar e executar a intervenção federal;
dos e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Na-
válidos. cional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a si-
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, de- tuação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;
sistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se ne-
os remanescentes, o de maior votação. cessário, dos órgãos instituídos em lei;
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear
segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, quali- os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promo-
ficar-se-á o mais idoso. ver seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão privativos;
posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Minis-
de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, pro- tros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Go-
mover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integri- vernadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o pre-
dade e a independência do Brasil. sidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para determinado em lei;
a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do
maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago. Tribunal de Contas da União;
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e su- XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Consti-
ceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. tuição, e o Advogado-Geral da União;
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de ou- XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos
tras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, au- do art. 89, VII;
xiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho
especiais. de Defesa Nacional;
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Pre- XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autori-
sidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente zado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocor-
chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos rida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições,
Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congres-
República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última so Nacional;
vaga. XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que
presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele per-
depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. maneçam temporariamente;
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o pro-
período de seus antecessores. jeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de 4 (quatro) previstos nesta Constituição;
anos e terá início em 5 de janeiro do ano seguinte ao de sua eleição. XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021) sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas refe-
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não po- rentes ao exercício anterior;
derão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma
período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo. da lei;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos
SEÇÃO II do art. 62;
DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.
XXVIII - propor ao Congresso Nacional a decretação do estado
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: de calamidade pública de âmbito nacional previsto nos arts. 167-
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; B, 167-C, 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição. (Incluído
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
superior da administração federal; Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte,
nesta Constituição; aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; respectivas delegações.
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI – dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal,
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção
de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

337
DIREITO CONSTITUCIONAL
SEÇÃO III Imunidade, Crimes Comuns, Crimes de Responsabilidade (Lei
DA RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA nº 1.079 de 1950) e Impeachment

Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente • Imunidades do Presidente


da República que atentem contra a Constituição Federal e, especial- O Presidente não poderá ser preso, salvo em razão de uma sen-
mente, contra: tença penal condenatória com trânsito em julgado. Ademais, o Pre-
I - a existência da União; sidente, durante o mandato, não poderá ser processado por atos
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do estranhos ao exercício da função, ou seja, só poderá ser processado
Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da pela prática de crimes ex officio, assim considerados aqueles prati-
Federação; cados em razão do exercício da função presidencial (como exemplo:
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; crimes contra a Administração Pública).
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração; • Crimes Comuns
VI - a lei orçamentária; O Presidente da República será processado e julgado perante
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. o STF, nas infrações penais comuns, após admitida a acusação por
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, dois terços da Câmara dos Deputados (juízo de admissibilidade)
que estabelecerá as normas de processo e julgamento.
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, • Crimes de Responsabilidade (Lei nº 1.079 de 1950) e Impe-
por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a jul- achment
gamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais Os crimes de responsabilidade (também chamados de impea-
comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabili- chment ou impedimento), são infrações político-administrativas
dade. cometidas no desempenho de funções políticas, definidas por lei
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: especial federal.
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou quei- O Artigo 85 da CF traz um rol de crimes de responsabilidade
xa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; meramente exemplificativo, uma vez que seu próprio parágrafo
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do pro- único dispõe que tais crimes serão definidos em lei especial, que
cesso pelo Senado Federal. estabelecerá as normas de processo e julgamento.
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamen- A Lei nº 1.079 de 1950 define os crimes de responsabilidade e
to não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem regula o respectivo processo de julgamento, que, segundo o STF, foi
prejuízo do regular prosseguimento do processo. recepcionada com modificações decorrentes da Constituição.
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infra- De acordo com o Artigo 86, caput, da CF, o Presidente da Re-
ções comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão. pública será processado e julgado por crimes de responsabilidade
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, perante o Senado Federal, após admitida a acusação por dois terços
não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de da Câmara dos Deputados (juízo de admissibilidade).
suas funções.
O quadro abaixo ilustra as hipóteses de julgamento do Presi-
Ministros de Estado dente da República:
Os Ministros de Estado exercem a função de auxiliares do Pre-
sidente da República na direção superior da Administração Pública Julgamento do Presidente da República
federal.
Têm disposição legal nos Artigos 87 e 88 da CF. Vejamos: Juízo de admissibilidade: Câmara dos Deputados por 2/3
Crime comum → STF Crime de responsabilidade →
SEÇÃO IV Senado Federal
DOS MINISTROS DE ESTADO
Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasilei- O Conselho da República (Artigos 89 e 90, da CF) e o Conselho
ros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos. de Defesa Nacional (Artigo 91 da CF), são órgãos de assessoramento
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de ou- superior do Presidente da República, cujas manifestações não pos-
tras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei: suem caráter vinculante.
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos Conforme o Artigo 84, XVIII, compete privativamente ao Presi-
e entidades da administração federal na área de sua competência dente da República convocar e presidir o Conselho da República e o
e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da Repú- Conselho de Defesa Nacional.
blica; Vejamos os artigos supracitados correspondentes ao tema:
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e re-
gulamentos; SEÇÃO V
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DE DEFESA
sua gestão no Ministério; NACIONAL
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem
outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República. SUBSEÇÃO I
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e DO CONSELHO DA REPÚBLICA
órgãos da administração pública.
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta
do Presidente da República, e dele participam:
I - o Vice-Presidente da República;

338
DIREITO CONSTITUCIONAL
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; seus órgãos e pessoal, nomeando servidores, executando licitações
III - o Presidente do Senado Federal; e contratos administrativos, etc., bem assim, legisla, elaborando os
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputa- regimentos internos dos tribunais (Artigo 96, I, a).
dos; As Disposições Gerais no Poder Judiciário estão previstas na CF,
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; dos Artigos 92 a 100. Vejamos:
VI - o Ministro da Justiça;
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco CAPÍTULO III
anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, DO PODER JUDICIÁRIO
dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos De-
putados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução. SEÇÃO I
Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se so- DISPOSIÇÕES GERAIS
bre:
I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio; Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
II - as questões relevantes para a estabilidade das instituições I - o Supremo Tribunal Federal;
democráticas. I-A o Conselho Nacional de Justiça;
§ 1º O Presidente da República poderá convocar Ministro de II - o Superior Tribunal de Justiça;
Estado para participar da reunião do Conselho, quando constar da II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda
pauta questão relacionada com o respectivo Ministério. Constitucional nº 92, de 2016)
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conse- III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
lho da República. IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
SUBSEÇÃO II VI - os Tribunais e Juízes Militares;
DO CONSELHO DE DEFESA NACIONAL VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e
Territórios.
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justi-
Presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania ça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal.
nacional e a defesa do Estado democrático, e dele participam como § 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm
membros natos: jurisdição em todo o território nacional.
I - o Vice-Presidente da República; Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os
III - o Presidente do Senado Federal; seguintes princípios:
IV - o Ministro da Justiça; I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substi-
V - o Ministro de Estado da Defesa; tuto, mediante concurso público de provas e títulos, com a partici-
VI - o Ministro das Relações Exteriores; pação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exi-
VII - o Ministro do Planejamento. gindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade
VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação;
§ 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional: II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebra- antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes normas:
ção da paz, nos termos desta Constituição; a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento;
sítio e da intervenção federal; b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercí-
III - propor os critérios e condições de utilização de áreas in- cio na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte
dispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu da lista de antiguidade desta, salvo se não houver com tais requisi-
efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas tos quem aceite o lugar vago;
com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qual- c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos
quer tipo; critérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da ju-
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de inicia- risdição e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou
tivas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do reconhecidos de aperfeiçoamento;
Estado democrático. d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá re-
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conse- cusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços de
lho de Defesa Nacional. seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada am-
pla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação;
Referências Bibliográficas: e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. ao cartório sem o devido despacho ou decisão;
III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antigui-
dade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única
DO PODER JUDICIÁRIO: DISPOSIÇÕES GERAIS entrância;
IV previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamen-
Disposições Gerais no Poder Judiciário to e promoção de magistrados, constituindo etapa obrigatória do
Como função típica, compete ao Poder Judiciário aplicar a lei processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou re-
ao caso concreto, substituindo a vontade das partes, resolvendo o conhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de
conflito de interesses de forma definitiva. Atipicamente, administra magistrados;

339
DIREITO CONSTITUCIONAL
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores correspon- III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts.
derá a noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado para os 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou fun-
estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária ção, salvo uma de magistério;
nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação
dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa em processo;
e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais III - dedicar-se à atividade político-partidária.
Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribui-
XI, e 39, § 4º; ções de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus de- as exceções previstas em lei;
pendentes observarão o disposto no art. 40; V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou,
VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autoriza- antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposen-
ção do tribunal; tadoria ou exoneração.
VIII - o ato de remoção ou de disponibilidade do magistrado, Art. 96. Compete privativamente:
por interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria I - aos tribunais:
absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos in-
assegurada ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucio- ternos, com observância das normas de processo e das garantias
nal nº 103, de 2019) processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funciona-
VIII-A a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de co- mento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;
marca de igual entrância atenderá, no que couber, ao disposto nas b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juí-
alíneas a , b , c e e do inciso II; zos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão correicional respectiva;
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de
podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias juiz de carreira da respectiva jurisdição;
partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais d) propor a criação de novas varas judiciárias;
a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títu-
prejudique o interesse público à informação; los, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos ne-
X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas cessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim
e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da definidos em lei;
maioria absoluta de seus membros; f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus mem-
XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, bros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vincu-
poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o lados;
máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos
administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribu- Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observa-
nal pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra do o disposto no art. 169:
metade por eleição pelo tribunal pleno; a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;
XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado fé- b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus
rias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como
nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos
plantão permanente; tribunais inferiores, onde houver;
XIII o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcio- c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
nal à efetiva demanda judicial e à respectiva população; d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;
XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Dis-
de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório; trito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério Pú-
XV a distribuição de processos será imediata, em todos os graus blico, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a com-
de jurisdição. petência da Justiça Eleitoral.
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Fede- Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus mem-
rais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios bros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tri-
será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez bunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de re- Poder Público.
putação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profis- Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Esta-
sional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação dos criarão:
das respectivas classes. I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execu-
lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias sub- ção de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de
sequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação. menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e suma-
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: ríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos
de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos de- pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos
mais casos, de sentença judicial transitada em julgado; e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar,
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na
forma do art. 93, VIII;

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DIREITO CONSTITUCIONAL
de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de § 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por
habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdi- leis próprias, valores distintos às entidades de direito público, se-
cional, além de outras previstas na legislação. gundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social.
âmbito da Justiça Federal. § 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de
§ 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos,
ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça. oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de preca-
Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia adminis- tórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o paga-
trativa e financeira. mento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores
§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias atualizados monetariamente.
dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Pode- § 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão con-
res na lei de diretrizes orçamentárias. signados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente
§ 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribu- do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o paga-
nais interessados, compete: mento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusiva-
I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal mente para os casos de preterimento de seu direito de precedência
Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação
tribunais; do seu débito, o sequestro da quantia respectiva.
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, § 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comis-
aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos res- sivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de
pectivos tribunais. precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá,
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as res- também, perante o Conselho Nacional de Justiça.
pectivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na § 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou
lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, reparti-
fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores ção ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de
aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo.
limites estipulados na forma do § 1º deste artigo. § 9º Sem que haja interrupção no pagamento do precatório e
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo mediante comunicação da Fazenda Pública ao Tribunal, o valor cor-
forem encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na respondente aos eventuais débitos inscritos em dívida ativa contra
forma do § 1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários o credor do requisitório e seus substituídos deverá ser depositado à
para fins de consolidação da proposta orçamentária anual. conta do juízo responsável pela ação de cobrança, que decidirá pelo
§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá seu destino definitivo. (Redação dada pela Emenda Constitucional
haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que ex- nº 113, de 2021)
trapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, § 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará
exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias,
suplementares ou especiais. sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Fe- débitos que preencham as condições estabelecidas no § 9º, para os
deral, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judi- fins nele previstos.
ciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresen- § 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei do
tação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a ente federativo devedor, com auto aplicabilidade para a União, a
designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e oferta de créditos líquidos e certos que originalmente lhe são pró-
nos créditos adicionais abertos para este fim. prios ou adquiridos de terceiros reconhecidos pelo ente federativo
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aque- ou por decisão judicial transitada em julgado para: (Redação dada
les decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
complementações, benefícios previdenciários e indenizações por I - quitação de débitos parcelados ou débitos inscritos em dívida
morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em vir- ativa do ente federativo devedor, inclusive em transação resolutiva
tude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com de litígio, e, subsidiariamente, débitos com a administração autár-
preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles re- quica e fundacional do mesmo ente; (Incluído pela Emenda Consti-
feridos no § 2º deste artigo. tucional nº 113, de 2021)
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, origi- II - compra de imóveis públicos de propriedade do mesmo ente
nários ou por sucessão hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de disponibilizados para venda; (Incluído pela Emenda Constitucional
idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com defi- nº 113, de 2021)
ciência, assim definidos na forma da lei, serão pagos com preferên- III - pagamento de outorga de delegações de serviços públicos
cia sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo e demais espécies de concessão negocial promovidas pelo mesmo
fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido ente; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será IV - aquisição, inclusive minoritária, de participação societária,
pago na ordem cronológica de apresentação do precatório. (Reda- disponibilizada para venda, do respectivo ente federativo; ou (In-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016) cluído pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expe- V - compra de direitos, disponibilizados para cessão, do respec-
dição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações tivo ente federativo, inclusive, no caso da União, da antecipação de
definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas valores a serem recebidos a título do excedente em óleo em contra-
devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. tos de partilha de petróleo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
113, de 2021)

341
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a las iguais nos cinco exercícios subsequentes, acrescidas de juros de
atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o mora e correção monetária, ou mediante acordos diretos, perante
efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita Juízos Auxiliares de Conciliação de Precatórios, com redução máxi-
pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupan- ma de 40% (quarenta por cento) do valor do crédito atualizado, des-
ça, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no de que em relação ao crédito não penda recurso ou defesa judicial
mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de pou- e que sejam observados os requisitos definidos na regulamentação
pança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios. editada pelo ente federado. (Incluído pela Emenda Constitucional
§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus crédi- nº 94, de 2016)
tos em precatórios a terceiros, independentemente da concordância § 21. Ficam a União e os demais entes federativos, nos mon-
do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto nos §§ 2º e tantes que lhes são próprios, desde que aceito por ambas as partes,
3º. autorizados a utilizar valores objeto de sentenças transitadas em
§ 14. A cessão de precatórios, observado o disposto no § 9º des- julgado devidos a pessoa jurídica de direito público para amortizar
te artigo, somente produzirá efeitos após comunicação, por meio dívidas, vencidas ou vincendas: (Incluído pela Emenda Constitucio-
de petição protocolizada, ao Tribunal de origem e ao ente federa- nal nº 113, de 2021)
tivo devedor. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 113, I - nos contratos de refinanciamento cujos créditos sejam deti-
de 2021) dos pelo ente federativo que figure como devedor na sentença de
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a que trata o caput deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional
esta Constituição Federal poderá estabelecer regime especial para nº 113, de 2021)
pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal e II - nos contratos em que houve prestação de garantia a ou-
Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e tro ente federativo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 113,
forma e prazo de liquidação. de 2021)
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá III - nos parcelamentos de tributos ou de contribuições sociais;
assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados, Distrito Fede- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
ral e Municípios, refinanciando-os diretamente. IV - nas obrigações decorrentes do descumprimento de pres-
§ 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios tação de contas ou de desvio de recursos. (Incluído pela Emenda
aferirão mensalmente, em base anual, o comprometimento de suas Constitucional nº 113, de 2021)
respectivas receitas correntes líquidas com o pagamento de preca- § 22. A amortização de que trata o § 21 deste artigo: (Incluído
tórios e obrigações de pequeno valor. (Incluído pela Emenda Consti- pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
tucional nº 94, de 2016) I - nas obrigações vencidas, será imputada primeiramente às
§ 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os fins parcelas mais antigas; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 113,
de que trata o § 17, o somatório das receitas tributárias, patrimo- de 2021)
niais, industriais, agropecuárias, de contribuições e de serviços, de II - nas obrigações vincendas, reduzirá uniformemente o valor
transferências correntes e outras receitas correntes, incluindo as de cada parcela devida, mantida a duração original do respectivo
oriundas do § 1º do art. 20 da Constituição Federal, verificado no contrato ou parcelamento. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
período compreendido pelo segundo mês imediatamente anterior 113, de 2021)
ao de referência e os 11 (onze) meses precedentes, excluídas as du-
plicidades, e deduzidas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, Garantias do Poder Judiciário e de seus Membros
de 2016)
I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao Distrito Fe- • Garantias Funcionais
deral e aos Municípios por determinação constitucional; (Incluído → ingresso por concurso público;
pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016) → a promoção se dará de entrância para entrância, alternada-
II - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por de- mente, por antiguidade e merecimento;
terminação constitucional; (Incluído pela Emenda Constitucional nº → o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antigui-
94, de 2016) dade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única
III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, entrância;
a contribuição dos servidores para custeio de seu sistema de previ- → o Estatuto da Magistratura deve prever cursos oficiais de
dência e assistência social e as receitas provenientes da compensa- preparação, aperfeiçoamento e promoção de magistrados;
ção financeira referida no § 9º do art. 201 da Constituição Federal. → remuneração por subsídio;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016) → residência na comarca;
§ 19. Caso o montante total de débitos decorrentes de condena- → o ato de remoção;
ções judiciais em precatórios e obrigações de pequeno valor, em pe- → disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interes-
ríodo de 12 (doze) meses, ultrapasse a média do comprometimento se público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do
percentual da receita corrente líquida nos 5 (cinco) anos imediata- respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada
mente anteriores, a parcela que exceder esse percentual poderá ser ampla defesa;
financiada, excetuada dos limites de endividamento de que tratam → princípio da fundamentação obrigatória;
os incisos VI e VII do art. 52 da Constituição Federal e de quaisquer → órgão especial;
outros limites de endividamento previstos, não se aplicando a esse → continuidade da atividade jurisdicional;
financiamento a vedação de vinculação de receita prevista no inciso → proporcionalidade juízes/demanda;
IV do art. 167 da Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Cons- → funcionamento adequado;
titucional nº 94, de 2016) → vitaliciedade;
§ 20. Caso haja precatório com valor superior a 15% (quinze por → inamovibilidade;
cento) do montante dos precatórios apresentados nos termos do § → irredutibilidade de subsídio.
5º deste artigo, 15% (quinze por cento) do valor deste precatório
serão pagos até o final do exercício seguinte e o restante em parce-

342
DIREITO CONSTITUCIONAL
Vedações • O Princípio da Independência Funcional, significa que o
São Vedações dos Magistrados, de acordo com o Artigo 95, pa- membro do MP, quando atua em um processo, não está subordina-
rágrafo único e incisos, da CF: do a ninguém, nem mesmo ao seu procurador-geral, vinculando-se,
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou fun- tão somente, à sua consciência jurídica.
ção, salvo uma de magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participa- Garantias Institucionais do MP
ção em processo; a) Autonomia funcional: como sinônimo de independência
III - dedicar-se à atividade político-partidária; funcional, significa dizer que o membro do Ministério Público, no
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribui- cumprimento de suas atribuições constitucionais e legais, não está
ções de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas subordinado a ninguém, nem mesmo ao seu procurador-geral, con-
as exceções previstas em lei; dicionando sua atuação tão somente à sua consciência jurídica;
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, b) Autonomia administrativa: poder de gestão sobre a admi-
antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposen- nistração dos seus órgãos, bens e pessoas, segundo as normas le-
tadoria ou exoneração (chamada de quarentena). gais pertinentes, editadas pela entidade estatal competente;
c) Autonomia financeira: capacidade de elaboração da propos-
Quinto Constitucional da OAB e do MP ta orçamentária e de gestão e aplicação dos recursos destinados a
Previsto no Artigo 94 da CF, um quinto das vagas nos TRFs, dos prover as atividades e serviços dos órgãos do MP (Artigo 127, §§ 3º
TJs dos estados e do TJ do Distrito Federal e Territórios será com- ao 6º);
posto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de d) Iniciativa do processo legislativo: disposto nos Artigos 127,
carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação § 2º e 128, § 5º, da CF;
ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indi- e) Vedação de promotor ad hoc: disposto no Artigo 129, § 2º,
cados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respec- da CF;
tivas classes. f) Ingresso da carreira por concurso público: disposto no Arti-
Recebidas as indicações apresentadas pelos órgãos representa- go 129, § 3º, da CF;
tivos das respectivas classes (Ministério Público ou OAB), o tribunal g) Distribuição imediata de processo: disposto no Artigo 129,
(TRF, TJ ou TJDFT) formará uma lista tríplice, enviando-a ao Poder § 5º, da CF.
Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus
integrantes para nomeação. Órgãos do MP Brasileiro
a) Ministério Público da União: formado pelo Ministério Pú-
Referências Bibliográficas: blico Federal, pelo Ministério Público do Trabalho, pelo Ministério
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- Público Militar e pelo Ministério Público do Distrito Federal e terri-
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. tórios;
b) Ministérios Públicos dos Estados.
FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA. MINISTÉRIO Observe abaixo a ilustração que demonstra de forma simples a
PÚBLICO composição do MP Brasileiro:

O Capítulo IV, do Título IV, da Constituição Federal de 1988


cuida das Funções Essenciais à Justiça compostas pelo Ministério
Público, pela Advocacia Pública, pela Defensoria Pública e pela Ad-
vocacia Privada.
Tais órgãos, que não integram a estrutura do Poder Judiciário,
mas atuam perante ele, provocam a tutela jurisdicional, haja vista
que o Judiciário não age de ofício, somente por provocação.
Vejamos abaixo o perfil constitucional de cada órgão integrante
do gênero funções essenciais à Justiça.

— Ministério Público
O Ministério Público é instituição permanente, essencial à fun-
ção jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem ju- Procurador Geral da República
rídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais Escolhido pelo Presidente, dentre os integrantes da carreira
indisponíveis. com mais de 35 anos, sendo seu nome indicado ao Senado, que o
aprovará, ou não, por maioria absoluta de votos.
Princípios Institucionais do MP Exerce mandato de 2 anos, permitindo-se reconduções suces-
Segundo o Artigo 127, § 1º da CF, são princípios institucionais sivas. A cada nova recondução, deve-se submeter o nome à nova
do MP a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. aprovação pelo Senado Federal.
• O Princípio da Unidade está afeto à ideia de que todos os A destituição do PGR pelo Presidente da República depende de
membros do MP integram um único órgão, possuindo uma única prévia autorização do Senado Federal por maioria absoluta da Casa.
estrutura e sendo chefiado por um só procurador-geral;
• De acordo com o Princípio da Indivisibilidade, os membros Procuradores Gerais de Justiça
do Ministério Público não estão vinculados aos processos nos quais Os Ministérios Públicos dos estados e o Ministério Público do
atuam, podendo ser substituídos uns pelos outros, desde que se- Distrito Federal e territórios formarão lista tríplice dentre integran-
jam do mesmo ramo do MP, haja vista que o ato é praticado pela tes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu pro-
instituição e não pelo agente; curador-geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo

343
DIREITO CONSTITUCIONAL
respectivo (governador dos estados e Presidente da República, no auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de
caso do MPDFT), para um mandato de dois anos, permitida uma provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a
recondução. lei disporá sobre sua organização e funcionamento.
Ademais, os procuradores-gerais nos Estados e no Distrito Fe- § 3º O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária
deral e territórios poderão ser destituídos por deliberação da maio- dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
ria absoluta do Poder legislativo, na forma da lei complementar § 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva
respectiva. proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de
diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para
Garantias Funcionais do MP fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores
De acordo com o Artigo 128, § 5º, I, da CF, os membros do MP aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os
gozam das seguintes garantias funcionais: limites estipulados na forma do § 3º.
a) vitaliciedade: após 2 anos de exercício, não podendo perder § 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for
o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado; encaminhada em desacordo com os limites estipulados na forma do
b) inamovibilidade: salvo por motivo de interesse público, me- § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins
diante decisão do órgão colegiado competente do MP, por voto da de consolidação da proposta orçamentária anual.
maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa; § 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não
c) irredutibilidade de subsídio. poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações
que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes
Vedações aos Membros do MP orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a
Estão elencadas no Artigo 128, II e alíneas, da CF: abertura de créditos suplementares ou especiais.
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorá- Art. 128. O Ministério Público abrange:
rios, percentagens ou custas processuais; I - o Ministério Público da União, que compreende:
b) exercer a advocacia; a) o Ministério Público Federal;
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; b) o Ministério Público do Trabalho;
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra fun- c) o Ministério Público Militar;
ção pública, salvo uma de magistério; d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
e) exercer atividade político-partidária; II - os Ministérios Públicos dos Estados.
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribui- § 1º O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-
ções de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas Geral da República, nomeado pelo Presidente da República dentre
as exceções previstas em lei; integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a
g) exercício da advocacia no juízo ou tribunal do qual se afas- aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros
tou, antes de decorrido três anos do seu afastamento do cargo por do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a
razões de aposentadoria ou exoneração. recondução.
§ 2º A destituição do Procurador-Geral da República, por
Funções Institucionais do MP iniciativa do Presidente da República, deverá ser precedida de
As funções institucionais do MP estão exemplificativamente autorização da maioria absoluta do Senado Federal.
(rol não taxativo) elencadas no Artigo 129, da CF. § 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal
e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira,
Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral,
O CNMP não é um órgão que integra a estrutura do Ministé- que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de
rio Público. Trata-se de um tribunal administrativo com a função dois anos, permitida uma recondução.
de controlar a atuação administrativa e financeira do Ministério Pú- § 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal
blico e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros. e Territórios poderão ser destituídos por deliberação da maioria
Seguem abaixo as disposições constitucionais referentes ao Mi- absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar
nistério Público: respectiva.
§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa
CAPÍTULO IV é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público,
(REDAÇÃO DADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 80, DE observadas, relativamente a seus membros:
2014) I - as seguintes garantias:
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo per-
SEÇÃO I der o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado;
DO MINISTÉRIO PÚBLICO b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, me-
diante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Pú-
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essen- blico, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada
cial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ampla defesa;
ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e in- c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e
dividuais indisponíveis. ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I;
§ 1º São princípios institucionais do Ministério Público a II - as seguintes vedações:
unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorá-
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e rios, percentagens ou custas processuais;
administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor b) exercer a advocacia;
ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;

344
DIREITO CONSTITUCIONAL
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra fun- V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem
ção pública, salvo uma de magistério; dos Advogados do Brasil;
e) exercer atividade político-partidária; VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada,
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribui- indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Fe-
ções de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas deral.
as exceções previstas em lei. § 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério Público
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto no serão indicados pelos respectivos Ministérios Públicos, na forma da lei.
art. 95, parágrafo único, V. § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: o controle da atuação administrativa e financeira do Ministério
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros,
da lei; cabendo lhe:
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos servi- I zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério
ços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constitui- Público, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua
ção, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; competência, ou recomendar providências;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a pro- II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou me-
teção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros diante provocação, a legalidade dos atos administrativos pratica-
interesses difusos e coletivos; dos por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que
para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei,
nesta Constituição; sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas;
V - defender judicialmente os direitos e interesses das popula- III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou ór-
ções indígenas; gãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e
sua competência, requisitando informações e documentos para ins- correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares
truí-los, na forma da lei complementar respectiva; em curso, determinar a remoção ou a disponibilidade e aplicar ou-
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma tras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; (Redação
da lei complementar mencionada no artigo anterior; dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de IV rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disci-
inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas ma- plinares de membros do Ministério Público da União ou dos Estados
nifestações processuais; julgados há menos de um ano;
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que V elaborar relatório anual, propondo as providências que jul-
compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação gar necessárias sobre a situação do Ministério Público no País e as
judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações civis no art. 84, XI.
previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas § 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um Corregedor
hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei. nacional, dentre os membros do Ministério Público que o integram,
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas vedada a recondução, competindo-lhe, além das atribuições que lhe
por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da forem conferidas pela lei, as seguintes:
respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. I receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado,
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á relativas aos membros do Ministério Público e dos seus serviços au-
mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a xiliares;
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correi-
exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de ção geral;
atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de III requisitar e designar membros do Ministério Público, dele-
classificação. gando-lhes atribuições, e requisitar servidores de órgãos do Minis-
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto tério Público.
no art. 93. § 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público será do Brasil oficiará junto ao Conselho.
imediata. § 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do Ministério
Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos Tribu- Público, competentes para receber reclamações e denúncias de
nais de Contas aplicam-se as disposições desta seção pertinentes a qualquer interessado contra membros ou órgãos do Ministério
direitos, vedações e forma de investidura. Público, inclusive contra seus serviços auxiliares, representando
Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público compõe- diretamente ao Conselho Nacional do Ministério Público.
-se de quatorze membros nomeados pelo Presidente da República,
depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Fe- Advocacia Pública
deral, para um mandato de dois anos, admitida uma recondução,
sendo: • Advocacia Pública Federal
I o Procurador-Geral da República, que o preside; A Advocacia Pública Federal é exercida pela Advocacia-Geral
II quatro membros do Ministério Público da União, assegurada da União, que é a instituição que, diretamente ou através de órgão
a representação de cada uma de suas carreiras; vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, caben-
III três membros do Ministério Público dos Estados; do-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua
IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e organização e funcionamento (Lei Complementar nº 73/1993), as
outro pelo Superior Tribunal de Justiça; atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Exe-
cutivo.

345
DIREITO CONSTITUCIONAL
Observe o quadro abaixo: Seguem abaixo as disposições constitucionais referentes a Ad-
vocacia Privada:
Advocacia-Geral da União
SEÇÃO III
Dimensão contenciosa Representação judicial e extrajudicial DA ADVOCACIA
da União (órgãos e entidades dos (REDAÇÃO DADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 80, DE
Poderes Executivo, Legislativo e 2014)
Judiciário).
Dimensão consultiva Consultoria e Assessoramento jurídico Art. 133. O advogado é indispensável à administração da jus-
dos órgãos e entidades do Poder tiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da
Executivo. profissão, nos limites da lei.

• Advocacia Pública nos Estados e no Distrito Federal Defensoria Pública


É exercida pelos procuradores dos estados e pelos É instituição essencial à função jurisdicional do Estado,
procuradores do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus,
o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com dos necessitados, na forma do Artigo 5º, LXXIV.
a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas Seguem abaixo as disposições constitucionais referentes a De-
fases, cumprindo a representação judicial e a consultoria jurídica fensoria Pública:
das respectivas unidades federadas.
Seguem abaixo as disposições constitucionais referentes a Ad- SEÇÃO IV
vocacia Pública: DA DEFENSORIA PÚBLICA
(REDAÇÃO DADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 80, DE
SEÇÃO II 2014)
DA ADVOCACIA PÚBLICA
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essen-
Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, dire- cial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expres-
tamente ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial são e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a
e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa,
que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e
de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma
§ 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado- do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. (Redação dada
Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014)
dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber § 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União
jurídico e reputação ilibada. e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais
§ 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos,
de que trata este artigo far-se-á mediante concurso público de na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos,
provas e títulos. assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e
§ 3º Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.
representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas
Nacional, observado o disposto em lei. autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, or- orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes
ganizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º.
público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advo- § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da
gados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação União e do Distrito Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional
judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. nº 74, de 2013)
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é as- § 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a
segurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante unidade, a indivisibilidade e a independência funcional, aplicando-
avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relató- se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art.
rio circunstanciado das corregedorias. 96 desta Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 80, de 2014)
Advocacia Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas
nas Seções II e III deste Capítulo serão remunerados na forma do
• Advocacia Privada art. 39, § 4º.
O Artigo 133 da CF preceitua que o advogado é indispensável à
administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifes- Referências Bibliográficas:
tações no exercício da profissão, nos limites da lei. DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
Esta norma traz a lume duas características fundamentais do cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
advogado:
a) a indispensabilidade, como regra; e
b) a imunidade relativa no exercício do seu mister.

346
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior
DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se
DEMOCRÁTICAS: ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE persistirem as razões que justificaram a sua decretação.
SÍTIO, FORÇAS ARMADAS, SEGURANÇA PÚBLICA § 3º Na vigência do estado de defesa:
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo exe-
O Título V da Carta Constitucional consagra as normas per- cutor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz
tinentes à defesa do Estado e das instituições democráticas, pre- competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso re-
vendo medidas excepcionais para manter ou restabelecer a ordem querer exame de corpo de delito à autoridade policial;
constitucional em momentos de anormalidade da vida política do II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela au-
Estado, é o chamado sistema constitucional das crises, composto toridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua
pelo estado de defesa (Artigo 136, da CF) e pelo estado de sítio (Ar- autuação;
tigos 137 a 139, da CF). III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser
Ademais, prevê o Texto Maior o perfil constitucional das insti- superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;
tuições responsáveis pela defesa do Estado, quais sejam, as Forças IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
Armadas (Artigos 142 e 143, da CF) e os órgãos de segurança públi- § 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o
ca (Artigo 144, da CF). Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá
Com efeito, os estados de defesa e de sítio são momentos de o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que
crise constitucional de legalidade extraordinária, em que são per- decidirá por maioria absoluta.
mitidas a suspensão ou a diminuição do alcance de certos direitos § 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será
fundamentais, mitigando a proteção dos cidadãos em face da ação convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias.
opressora do Estado. § 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez
dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando
Sistema Constitucional das Crises enquanto vigorar o estado de defesa.
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de
Estado de Defesa Estado de Sítio defesa.

Estado de Defesa Estado de Sítio


Consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por Consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por
tempo certo, em locais restritos e determinados, mediante decreto tempo determinado (que poderá ser no território nacional inteiro),
do Presidente da República, ouvidos o Conselho da República e o objetivando preservar ou restaurar a normalidade constitucional,
Conselho de Defesa Nacional, para preservar a ordem pública ou perturbada por motivo de comoção grave de repercussão nacional
a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institu- ou por situação de beligerância com Estado estrangeiro (Artigo 49,
cional ou atingidas por calamidades de grandes proporções da na- II c/c Artigo 84, XIX, da CF).
tureza. É mais grave que o estado de defesa, no sentido em que
Vejamos o dispositivo constitucional que o representa: as medidas tomadas contra os direitos individuais serão mais
restritivas, conforme faz ver o Artigo 139, da CF.
TÍTULO V Vejamos os dispositivos constitucionais correspondentes:
DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
SEÇÃO II
CAPÍTULO I DO ESTADO DE SÍTIO
DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho
SEÇÃO I da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congres-
DO ESTADO DE DEFESA so Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos
de:
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de
da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o es-
defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais res- tado de defesa;
tritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão ar-
por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por ca- mada estrangeira.
lamidades de grandes proporções na natureza. Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autori-
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o zação para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará
tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacio-
e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a nal decidir por maioria absoluta
vigorarem, dentre as seguintes: Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração,
I - restrições aos direitos de: as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucio-
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações; nais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da
b) sigilo de correspondência; República designará o executor das medidas específicas e as áreas
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; abrangidas.
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na § 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser
hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez,
e custos decorrentes. por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo
o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.

347
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de sítio Segue abaixo os Artigos da CF, correspondentes aos referidos
durante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal, temas:
de imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional
para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato. CAPÍTULO II
§ 3º - O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento DAS FORÇAS ARMADAS
até o término das medidas coercitivas.
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com funda- Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo
mento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes
seguintes medidas: e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob
I - obrigação de permanência em localidade determinada; a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condena- à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por
dos por crimes comuns; iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao § 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem
sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças
de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei; Armadas.
IV - suspensão da liberdade de reunião; § 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições
V - busca e apreensão em domicílio; disciplinares militares.
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; § 3º Os membros das Forças Armadas são denominados
VII - requisição de bens. militares, aplicando-se lhes, além das que vierem a ser fixadas em
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difu- lei, as seguintes disposições:
são de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Ca- I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas ine-
sas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa. rentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas
em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sen-
SEÇÃO III do-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os
DISPOSIÇÕES GERAIS demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas;
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou em-
Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes par- prego público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no
tidários, designará Comissão composta de cinco de seus membros art. 37, inciso XVI, alínea “c”, será transferido para a reserva, nos
para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao termos da lei;
estado de defesa e ao estado de sítio. III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em
Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, ces- cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, ain-
sarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos da que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no
ilícitos cometidos por seus executores ou agentes. art. 37, inciso XVI, alínea “c”, ficará agregado ao respectivo quadro
Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser pro-
de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo movido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço ape-
Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, nas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo
com especificação e justificação das providências adotadas, com depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido
relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas. para a reserva, nos termos da lei;
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;
Forças Armadas e Segurança Pública V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado
a partidos políticos;
• Forças Armadas VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado in-
Constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, digno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal
são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal es-
com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema pecial, em tempo de guerra;
do Presidente da República, e destinam-se à defesa da pátria, à ga- VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena pri-
rantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer des- vativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em
tes, da lei e da ordem. julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior;
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII,
• Segurança Pública XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV, bem
Dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exer- como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art.
cida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das 37, inciso XVI, alínea “c”;
pessoas e do patrimônio. IX - (Revogado)
Os órgãos de segurança pública são: polícia federal, polícia ro- X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites
doviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do mi-
militares e corpos de bombeiros militares e polícias penais federal, litar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as
estaduais e distrital. prerrogativas e outras situações especiais dos militares, considera-
das as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpri-
das por força de compromissos internacionais e de guerra.
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.

348
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir § 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos
serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir
alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o a eficiência de suas atividades.
decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, § 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais
para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar. destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço dispuser a lei.
militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros § 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos
encargos que a lei lhes atribuir. órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do
art. 39.
CAPÍTULO III § 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem
DA SEGURANÇA PÚBLICA pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias
públicas:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e res- I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trân-
ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem sito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e
seguintes órgãos: II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos
I - polícia federal; Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus
II - polícia rodoviária federal; agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei.
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis; Referências Bibliográficas:
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Redação dada Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente,
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA: SERVIDORES
destina-se a: PÚBLICOS MILITARES, SEGURANÇA PÚBLICA
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou ESTADUAL
em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas
entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras in- CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA DE 05 OUTUBRO DE
frações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacio- 1989
nal e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas PREÂMBULO
afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazen-
dária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de compe- Nós, Deputados Estaduais Constituintes, investidos no pleno
tência; exercício dos poderes conferidos pela Constituição da República Fe-
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de derativa do Brasil, sob a proteção de Deus e com o apoio do povo
fronteiras; baiano, unidos indissoluvelmente pelos mais elevados propósitos
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária de preservar o Estado de Direito, o culto perene à liberdade e a
da União. igualdade de todos perante a lei, intransigentes no combate a toda
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado forma de opressão, preconceito, exploração do homem pelo ho-
e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na mem e velando pela Paz e Justiça sociais, promulgamos a Constitui-
forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. ção do Estado da Bahia.
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado
e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na TÍTULO III
forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E DOS MUNICÍPIOS
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de
carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções CAPÍTULO I
de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as DO ESTADO
militares.
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a SEÇÃO VII
preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, DOS SERVIDORES PÚBLICOS MILITARES
além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de
atividades de defesa civil. Art. 46 - São servidores militares estaduais os integrantes da
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, cuja disciplina será
do sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe estabelecida em estatuto próprio.
a segurança dos estabelecimentos penais. (Redação dada pela § 1º - As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas
Emenda Constitucional nº 104, de 2019) inerentes, são asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da
§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos, postos e
forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente uniformes militares.
com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos § 2º - Os postos e as patentes dos oficiais da Polícia Militar e do
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. Corpo de Bombeiros Militar são conferidos pelo Governador do Es-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019) tado, e a graduação dos praças, pelo Comandante-Geral da Polícia
Militar e pelo Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar,
respectivamente.

349
DIREITO CONSTITUCIONAL
Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 20, de 30 de II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado e, se
junho de 2014. eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a ina-
§ 3º - O servidor militar estadual em atividade que tomar posse tividade, com os proventos proporcionais ao tempo de serviço.
em cargo público civil permanente será transferido para a reserva, § 2º - REVOGADO
na forma da lei, salvo quando se tratar de um cargo de professor Revogado pela Emenda à Constituição Estadual nº 07 , de 18
ou privativo de profissional de saúde com profissão regulamentada, de janeiro de 1999.
sendo assegurada a acumulação desde que haja compatibilidade de Art. 49 - REVOGADO
horários e não ultrapasse 20 (vinte) horas semanais. Revogado pela Emenda à Constituição Estadual nº 07 , de 18
Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 23 , de 16 de de janeiro de 1999.
agosto de 2016.
§ 4º - O servidor militar estadual da ativa que aceitar cargo, TÍTULO IV
emprego ou função pública temporária, não eletiva, ainda que da DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
administração indireta, ficará agregado ao respectivo quadro e,
enquanto permanecer nessa situação, só poderá ser promovido CAPÍTULO IV
por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA E DA SEGURANÇA
aquela promoção e transferência para a reserva, sendo, depois de PÚBLICA
02 (dois) anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para
a inatividade. SEÇÃO IV
Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 20, de 30 de DA SEGURANÇA PÚBLICA
junho de 2014.
§ 5º - O servidor militar estadual condenado na Justiça comum Art. 146 - A segurança pública, dever do Estado, direito e res-
ou militar à pena privativa de liberdade superior a 02 (dois) anos, ponsabilidade de todos, é exercida para preservação da ordem pú-
por sentença transitada em julgado, será excluído da Corporação. blica e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.
Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 20, de 30 de Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 07 , de 18 de
junho de 2014. janeiro de 1999.
§ 6º - O oficial da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Mili- § 1º - Lei disciplinará a organização e funcionamento dos ór-
tar só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficia- gãos responsáveis pela segurança pública cujas atividades serão
lato ou com ele incompatível, nos termos da lei, mediante Conse- concentradas num único órgão de administração, a nível de Secre-
lho de Justificação, cujo funcionamento será regulado em lei, e por taria de Estado, de modo a garantir sua eficiência.
decisão da Justiça Militar, salvo na hipótese prevista no parágrafo § 2º - Os Municípios poderão constituir guardas municipais
anterior. destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, na for-
Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 20, de 30 de ma da lei.
junho de 2014. § 3º- Os órgãos de segurança pública, além dos cursos de for-
§ 7º - A lei estabelecerá as condições em que o praça perderá mação, realizarão periódica reciclagem para aperfeiçoamento, ava-
a graduação, respeitado o disposto na Constituição Federal e nesta liação e progressão funcional dos seus servidores.
Constituição. § 4º - Os órgãos de segurança pública serão assessorados e
§ 8º - Quando a sanção disciplinar, por transgressão de natu- fiscalizados pelo Conselho de Segurança Pública, estruturado na
reza militar, importar em cerceamento de liberdade, será cumprida forma da lei, guardando-se proporcionalidade relativa à respectiva
em área livre de quartel. representação.
Art. 47 - Lei disporá sobre a isonomia entre as carreiras de po- § 5º - REVOGADO
liciais civis e militares, fixando os vencimentos de forma escalonada Revogado pela Emenda à Constituição Estadual nº 07 , de 18
entre os níveis e classes, para os civis, e correspondentes postos e de janeiro de 1999.
graduações, para os militares. § 6º - A polícia técnica será dirigida por perito, cargo organizado
§ 1º - O soldo nunca será inferior ao salário mínimo fixado em em carreira, cujo ingresso depende de concurso público de provas
lei. e títulos.
§ 2º - REVOGADO Art. 147 - À Polícia Civil, dirigida por Delegado de carreira, in-
Revogado pela Emenda à Constituição Estadual nº 07 , de 18 cumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia
de janeiro de 1999. judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
Art. 48 - Os direitos, deveres, garantias, subsídios e vantagens Parágrafo único - O cargo de Delegado, privativo de bacharel
dos servidores militares, bem como as normas sobre admissão, em direito, será estruturado em carreira, dependendo a investidura
acesso na carreira, estabilidade, jornada de trabalho, remuneração de concurso de provas e títulos, com a participação do Ministério
de trabalho noturno e extraordinário, readmissão, limites de idade Público e da Ordem dos Advogados do Brasil.
e condições de transferência para a inatividade serão estabelecidos Art. 148 - À Polícia Militar, força pública estadual, instituição
em estatuto próprio, de iniciativa do Governador do Estado, obser- permanente, organizada com base na hierarquia e disciplina milita-
vada a legislação federal específica. res, competem, entre outras, as seguintes atividades:
Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 20, de 30 de I - polícia ostensiva de segurança, de trânsito urbano e rodo-
junho de 2014. viário, de florestas e mananciais e a relacionada com a prevenção
§ 1º - O servidor militar estadual é elegível, atendidas as se- criminal, preservação e restauração da ordem pública;
guintes condições: Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 20, de 30 de
Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 20, de 30 de junho de 2014.
junho de 2014. II - REVOGADO
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se Inciso II do art. 148 revogado pela Emenda à Constituição Esta-
da atividade; dual nº 20, de 30 de junho de 2014.

350
DIREITO CONSTITUCIONAL
IV - a polícia judiciária militar, a ser exercida em relação a seus 2. De acordo com a Constituição Federal de 1988, é certo di-
integrantes, na forma da lei federal; zer que quando a propriedade rural atende, simultaneamente, se-
Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 20, de 30 de gundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos se-
junho de 2014. guintes requisitos: aproveitamento racional e adequado; utilização
V - a garantia ao exercício do poder de polícia dos órgãos pú- adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio
blicos, especialmente os da área fazendária, sanitária, de proteção ambiente; observância das disposições que regulam as relações de
ambiental, de uso e ocupação do solo e do patrimônio cultural. trabalho; e exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários
Parágrafo único - A Polícia Militar, força auxiliar e reserva do Exército, e dos trabalhadores, está cumprida a:
será comandada por oficial da ativa da Corporação, do último posto do (A) Função econômica.
Quadro de Oficiais Policiais Militares, nomeado pelo Governador. (B) Reforma agrária.
Art. 148-A - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, força au- (C) Desapropriação.
xiliar e reserva do Exército, organizado com base na hierarquia e (D) Função social.
disciplina, é órgão integrante do sistema de segurança pública, ao
qual compete as seguintes atividades: 3. Assinale a única alternativa que não contemple um direito
I - defesa civil; social previsto na Constituição Federal.
II - prevenção e combate a incêndios e a situações de pânico; (A)direito ao lazer
III - busca, resgate e salvamento de pessoas e bens a cargo do (B) . direito à previdência social
Corpo de Bombeiros Militar; (C) direito à alimentação
IV - instrução e orientação de bombeiros voluntários, onde (D)direito à ampla defesa
houver; (E) direito à educação
V - polícia judiciária militar, a ser exercida em relação a seus
integrantes, na forma da lei federal. 4. Segundo as disposições do Art. 12 da Constituição Federal, é
Parágrafo único - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia será privativo de brasileiro nato o cargo de:
comandado por oficial da ativa da Corporação, do último posto do (A)Ministro do Supremo Tribunal Federal.
Quadro de Oficiais Bombeiros Militares, nomeado pelo Governador. (B)Ministro de Estado da Justiça e da Segurança Pública.
Art. 148-A acrescido pela Emenda à Constituição Estadual nº (C) Ministro do Superior Tribunal de Justiça.
20, de 30 de junho de 2014. (D) Deputado Federal.
(E) Senador da República.
QUESTÕES 5. Com base nas disposições constitucionais sobre os direitos e
garantias fundamentais, analise as afirmativas a seguir:
1. [...] não se pode deduzir que todos os direitos fundamentais I. Os cargos de Vice-Presidente da República e Senador são pri-
possam ser aplicados e protegidos da mesma forma, embora todos vativos de brasileiro nato.
eles estejam sob a guarda de um regime jurídico reforçado, conferi- II. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
do pelo legislador constituinte. (HACHEM, Daniel Wunder. Manda- III. Os partidos políticos não estão subordinados a nenhum tipo
do de Injunção e Direitos Fundamentais, 2012.) de governo, mas podem receber recursos financeiros de entidades
Sobre o tema, assinale a alternativa correta. nacionais ou estrangeiras.
(A)É compatível com a posição do autor inferir-se que, não obs-
tante o reconhecimento do princípio da aplicabilidade imediata Assinale
das normas definidoras de direitos e garantias fundamentais, (A) se somente a afirmativa I estiver correta.
há peculiaridades nas consequências jurídicas extraíveis de (B) se somente a afirmativa II estiver correta.
cada direito fundamental, haja vista existirem distintos níveis (C) se somente a afirmativa III estiver correta
de proteção. (D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(B)É compatível com a posição do autor a recusa ao reconhe- (E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
cimento do princípio da aplicabilidade imediata das normas
definidoras de direitos e garantias fundamentais no sistema 6. Doutrinariamente, o conceito e a classificação das constitui-
constitucional brasileiro. ções podem variar de acordo com o sentido e o critério adotados
(C) O autor se refere particularmente à distinção existente para sua definição. A respeito dessa temática, leia as afirmativas
entre direitos fundamentais políticos e direitos fundamentais abaixo:
sociais, haja vista a mais ampla proteção constitucional aos pri- I. Para o sociólogo Ferdinand Lassalle, “Constituição” seria a
meiros, que não estão limitados ao mínimo existencial. somatória dos fatores reais de poder dentro de uma sociedade, en-
(D) O autor se refere particularmente à distinção entre os di- quanto reflexo do embate das forças econômicas, sociais, políticas e
reitos fundamentais que consistem em cláusulas pétreas e os religiosas de um Estado. Nesse sentido, por ser uma norma jurídica,
direitos fundamentais que não estão protegidos por essa cláu- ainda que não efetiva, uma Constituição legítima é aquela escrita
sula, sendo que a maior proteção dada aos primeiros os torna em uma “folha de papel”.
imunes à incidência da reserva do possível. II. O alemão Carl Schmitt define “Constituição” como sendo
(E) O autor se refere particularmente à distinção entre os di- uma decisão política fundamental, cuja finalidade precípua é orga-
reitos fundamentais que estão expressos na Constituição de nizar e estruturar os elementos essenciais do Estado. Trata-se do
1988 e aqueles que estão implícitos, decorrendo dos princípios sentido político delineado na teoria decisionista ou voluntarista, em
por ela adotados, haja vista o expresso regime diferenciado de que a Constituição é um produto da vontade do titular do Poder
proteção estabelecido em nível constitucional para esses dois Constituinte.
grupos de direitos. III. Embasada em uma concepção jurídica, “Constituição” é
uma norma pura, a despeito de fundamentações oriundas de ou-
tras disciplinas. Através do sentido jurídico-positivo, Hans Kelsen

351
DIREITO CONSTITUCIONAL
define a Constituição como norma positiva suprema, dentro de um (D) Incumbe ao Poder Público promover a educação ambiental
sistema escalonado e hierarquizado de normas, em que aquela ser- em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
ve de fundamento de validade para todas as demais. preservação do meio ambiente.
IV. “Constituição-dirigente ou registro” é aquela que traça di- (E) Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensi-
retrizes objetivando nortear a ação estatal, mediante a previsão de no fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
normas programáticas. Marcante em nações socialistas, visa reger o responsáveis, pela frequência à escola.
ordenamento jurídico de um Estado durante certo período de tem-
po nela estabelecido, cujo decurso implicará a elaboração de uma 10. A Constituição Brasileira instituiu um modelo de proteção
nova Constituição ou adaptação de seu texto. social aos brasileiros que inclui a assistência social como um direi-
V. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é to de seguridade social reclamável juridicamente e traduzível em
classificada, pela doutrina majoritária, como sendo de ordem de- proteção social não contributiva devida ao cidadão (BRASIL, 2013).
mocrática, nominativa, analítica, material e super-rígida. Sobre a assistência social como direito à seguridade social é COR-
RETO afirmar que:
Assinale a alternativa correta. (A) A confguração da assistência social como política pública
(A)Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas lhe atribui um campo específico de ação, no caso, a proteção
(B) . Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas social não contributiva como direito de cidadania, aos que dela
(C)Apenas as afirmativas II, III e V estão corretas necessitar, os pobres.
(D) Apenas as afirmativas II e III estão corretas (B)A política de assistência social, como política de seguridade
social, é responsável pela provisão de direitos sociais.
7. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, (C) Na condição de prática, a política de assistência social pode
auxiliado pelos Ministros de Estado. No que se refere às disposi- ter múltiplas expressões, ser realizada em direções e abrangências
ções constitucionais sobre o Poder Executivo, analise as afirmativas diferentes, desenvolver experiências, fazer uma ou outra atenção.
abaixo: (D)A atenção prestada não se refere ao escopo de um indivíduo
I. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições ou uma família, mas deve ter presente que sua responsabilida-
que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Presi- de exige que se organize para que a ela tenham acesso todos
dente, sempre que por ele convocado para missões especiais. aqueles que estão na mesma situação.
II. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presiden- (E) Atenções prestadas de modo focalizadas a grupos de pobres
te, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente cha- e miseráveis, de forma subalternizadora, constituindo um pro-
mados ao exercício da Presidência o Presidente do Supremo Tribu- cesso de assistencialização das políticas sociais.
nal Federal, da Câmara dos Deputados e o do Senado Federal.
III. Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período 11. Acerca do Controle de Constitucionalidade, marque a op-
presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias ção CORRETA.
depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. (A)Os efeitos da decisão que afirma a inconstitucionalidade da
norma em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade, em
Assinale a alternativa correta. regra, são ex nunc.
(A)As afirmativas I, II e III estão corretas (B)O controle de Constitucionalidade de qualquer decreto re-
(B)Apenas as afirmativas I e II estão corretas gulamentar deve ser realizado pela via difusa.
(C) Apenas as afirmativas II e III estão corretas (C) É impossível matéria de fato em sede de Ação Direta de
(D) Apenas as afirmativas I e III estão corretas Inconstitucionalidade.
(D) Após a propositura da Ação Declaratória de Constitucionali-
8. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabili- dade é admissível a desistência.
dade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da (E) A mutação constitucional tem relação não com o aspecto
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes formal do texto constitucional, mas com a interpretação dada
órgãos, EXCETO: à Constituição.
(A) Polícia Federal.
(B) Polícia Rodoviária Federal. 12. Sobre a aplicabilidade das normas constitucionais, examine
(C) Defesa Civil. as assertivas seguintes:
(D) Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares. I – Para Hans Kelsen, eficácia é a possibilidade de a norma jurí-
dica, a um só tempo, ser aplicada e não obedecida, obedecida e não
9. De acordo com as disposições constitucionais acerca da Or- aplicada. Para se considerar um preceito como eficaz deve existir a
dem Social, assinale a afirmativa incorreta. possibilidade de uma conduta em desarmonia com a norma. Uma
(A)A pesquisa científica básica e tecnológica receberá trata- norma que preceituasse um certo evento que de antemão se sabe
mento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o que necessariamente se tem de verificar, sempre e em toda parte,
progresso da ciência, tecnologia e inovação. por força de uma lei natural, será tão absurda como uma norma que
(B)A educação básica pública terá como fonte adicional de fi- preceituasse um certo fato que de antemão se sabe que de forma
nanciamento a contribuição social do salário-educação, reco- alguma se poderá verificar, igualmente por força de uma lei natural.
lhida pelas empresas na forma da lei. II – O fenômeno relativo à desconstitucionalização, ou seja, a
(C) A União, os Estados e o Distrito Federal estão obrigados a retirada de temas do sistema constitucional e a sua inserção em
vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades públi- sede de legislação ordinária, pode ser observado no Brasil.
cas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica.

352
DIREITO CONSTITUCIONAL
III – A norma constitucional com eficácia relativa restringível 16. Com base nas disposições constitucionais sobre a Advoca-
tem aplicabilidade direta e imediata, podendo, todavia, ter a am- cia Pública e a Defensoria Pública, analise os itens abaixo:
plitude reduzida em razão de sobrevir texto legislativo ordinário ou I. Aos advogados públicos são assegurados a inamovibilidade,
mesmo sentença judicial que encurte o espectro normativo, como a independência funcional e a estabilidade após três anos de efeti-
é, por exemplo, o direito individual à inviolabilidade do domicílio, vo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos
desde que é possível, por determinação judicial, que se lhe promo- próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias.
va restrição. II. A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral
da União, de livre nomeação pelo Presidente da República dentre
Assinale a alternativa CORRETA: cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e
(A)Apenas as assertivas I e II estão corretas. reputação ilibada.
(B)Apenas as assertivas I e III estão corretas. III. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à
(C) Apenas as assertivas II e III estão corretas. função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, dentre outras atri-
(D) Todas as assertivas estão corretas. buições, a orientação jurídica aos necessitados.

13. Sobre o Poder Legislativo da União, assinale a alternativa Assinale:


INCORRETA. (A)se apenas a afirmativa I estiver correta.
(A)A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do (B) se apenas a afirmativa II estiver correta.
povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada estado, em (C) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.
cada território e no Distrito Federal. (D) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
(B) O Senado Federal compõe-se de representantes dos esta-
dos e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majori- 17. A respeito do controle de constitucionalidade preventivo
tário. no direito brasileiro, é correto afirmar que
(C) Cada estado, território e o Distrito Federal elegerão três se- (A)é exercido pelo Legislativo ao sustar os atos normativos do
nadores, com mandato de oito anos. Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
(D) O número total de deputados, bem como a representação limites de delegação legislativa.
por estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei (B)é praticado, por exemplo, quando o Senado suspende a exe-
complementar, proporcionalmente à população, procedendo- cução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional
-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal.
que nenhuma das unidades da Federação tenha menos de oito (C) não cabe ao Poder Judiciário exercer esse tipo de controle,
ou mais de setenta deputados. Poder este que tem competência apenas para exercer o con-
trole repressivo.
14. Referente ao Poder Judiciário, assinale a alternativa correta. (D) as comissões parlamentares têm competência para exer-
(A)O ato de remoção ou de disponibilidade do magistrado, por cer esse tipo de controle ao examinar os projetos de lei a elas
interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria submetidos.
do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, as- (E) o veto presidencial, que é uma forma de controle preven-
segurada ampla defesa. tivo de constitucionalidade, é sujeito à apreciação e anulação
(B)Nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgado- pelo Poder Judiciário.
res, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de
onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício 18. Acerca do Controle de Constitucionalidade, marque a op-
das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da ção CORRETA.
competência do tribunal pleno, provendo-se metade das va- (A)Os efeitos da decisão que afirma a inconstitucionalidade da
gas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal norma em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade, em
pleno. regra, são ex nunc.
(C) Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo ou tribunal (B)O controle de Constitucionalidade de qualquer decreto re-
do qual se afastou, antes de decorridos 02 (dois) anos do afas- gulamentar deve ser realizado pela via difusa.
tamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. (C) É impossível matéria de fato em sede de Ação Direta de
(D) As custas e emolumentos serão destinados, preferencial- Inconstitucionalidade.
mente, ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas (D)Após a propositura da Ação Declaratória de Constitucionali-
da Justiça. dade é admissível a desistência.
(E)O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) (E) A mutação constitucional tem relação não com o aspecto
membros com mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução. formal do texto constitucional, mas com a interpretação dada
à Constituição.
15. O Ministério Público da União compreende:
(A)o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Traba- 19. A luz da Constituição Federal de 1988, é CORRETO afirmar
lho e o Ministério Público Militar. que é um princípio da República Federativa do Brasil, em que irá
(B) o Ministério Público Estadual, o Ministério Público do Traba- reger-se em suas relações internacionais.
lho e o Ministério Público Militar. (A) Soberania.
(C) o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Traba- (B)Garantir o desenvolvimento nacional.
lho e o Ministério Público do Distrito Federal. (C) A dignidade da pessoa humana.
(D)o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Traba- (D) Auto determinação dos povos.
lho e o Ministério Público Militar, do Distrito Federal e territó-
rios.
(E) o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Traba-
lho e o Ministério Público Militar e territórios.

353
DIREITO CONSTITUCIONAL
20. Leia as afirmativas a seguir:
I. De acordo com o artigo 20 da Constituição da República Fe- GABARITO
derativa do Brasil de 1988, são bens da União as terras devolutas
dispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções
1 A
militares, das vias internacionais de comunicação e à degradação
ambiental, definidas em lei. 2 D
II. A Constituição Federal estabelece, em seu artigo 7º, a idade 3 D
inicial e as condições em que é permitido trabalhar no Brasil. O dis-
positivo constitucional estabelece a proibição de trabalho noturno, 4 A
perigoso ou insalubre aos menores de dezesseis anos e de qual- 5 B
quer trabalho aos menores de quatorze anos, salvo na condição de
aprendiz, a partir de doze anos. 6 D
7 D
Marque a alternativa CORRETA:
8 C
(A) . As duas afirmativas são verdadeiras.
(B)A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa. 9 C
(C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa. 10 D
(D)As duas afirmativas são falsas.
11 E
21. De acordo com as disposições constitucionais acerca da Or- 12 B
dem Social, assinale a afirmativa incorreta.
13 C
(A)A pesquisa científica básica e tecnológica receberá trata-
mento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o 14 B
progresso da ciência, tecnologia e inovação. 15 D
(B) A educação básica pública terá como fonte adicional de fi-
nanciamento a contribuição social do salário-educação, reco- 16 D
lhida pelas empresas na forma da lei. 17 D
(C) A União, os Estados e o Distrito Federal estão obrigados a
vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades públi- 18 E
cas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica. 19 D
(D) Incumbe ao Poder Público promover a educação ambiental
20 D
em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente. 21 C
(E) Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensi- 22 A
no fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
responsáveis, pela frequência à escola.

22. A Constituição Federal de 1988 traz uma nova concepção


ANOTAÇÕES
para a Assistência Social brasileira. Incluída no âmbito da Segurida-
de Social e regulamentada pela Lei Orgânica da Assistência Social ______________________________________________________
(LOAS), como política social pública, a assistência social inicia seu
trânsito para um campo novo: o campo dos direitos, da universali- ______________________________________________________
zação dos acessos e da responsabilidade estatal. Entre as diretrizes
traçadas para a Assistência Social encontra-se: ______________________________________________________
(A) participação da população, por meio de organizações repre-
sentativas, na formulação das políticas e no controle das ações ______________________________________________________
em todos os níveis.
______________________________________________________
(B) centralização político-administrativa, cabendo a coordena-
ção e as normas gerais à esfera municipal com a participação ______________________________________________________
de outras entidades.
(C)primazia da responsabilidade da sociedade civil na condu- ______________________________________________________
ção da Política de Assistência Social em cada esfera de governo.
(D) centralidade nas pessoas em situação de risco para con- ______________________________________________________
cepção e implementação dos benefícios, serviços, programas
e projetos. ______________________________________________________
(E) gestão dos recursos financeiros pela Câmara Municipal lo-
cal, a quem cabe definir as prioridades para a distribuição. ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

354
DIREITO ADMINISTRATIVO

a) Poder Executivo: No exercício de suas funções típicas, pratica


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: CONCEITO E PRINCÍPIOS atos de chefia do Estado, de Governo e atos de administração, ou
seja, administra e executa o ordenamento jurídico vigente. É uma
Administração pública administração direita, pois não precisa ser provocada. Excepcional-
É a forma como o Estado governa, ou seja, como executa as mente, no exercício de função atípica, tem o poder de legislar, por
suas atividades voltadas para o atendimento para o bem estar de exemplo, via medida provisória.
seu povo. b) Poder legislativo: No exercício de suas funções típicas, é de
sua competência legislar de forma geral e abstrata, ou seja, legislar
Pode ser conceituado em dois sentidos: para todos. Tem o poder de inovar o ordenamento jurídico. Em fun-
a) sentido formal, orgânico ou subjetivo: o conjunto de ór- ção atípica, pode administrar internamente seus problemas.
gãos/entidades administrativas e agentes estatais, que estejam no c) Poder judiciário: No exercício de suas funções típicas, tem o
exercício da função administrativa, independentemente do poder a poder jurisdicional, ou seja, poder de julgar as lides, no caso concre-
que pertençam, tais como Poder Executivo, Judiciário ou Legislativo to. Sua atuação depende de provocação, pois é inerte.
ou a qualquer outro organismo estatal.
Em outras palavras, a expressão Administração Pública confun- Como vimos, o governo é o órgão responsável por conduzir os
de-se com os sujeitos que integram a estrutura administrativa do interesses de uma sociedade. Em outras palavras, é o poder diretivo
Estado, ou seja, com quem desempenha a função administrativa. do Estado.
Assim, num sentido subjetivo, Administração Pública representa o
conjunto de órgãos, agentes e entidades que desempenham a fun- FONTES
ção administrativa.  A Administração Pública adota substancialmente as mesmas
fontes adotadas no ramo jurídico do Direito Administrativo: Lei,
b) sentido material ou objetivo: conjunto das atividades ad- Doutrina, Jurisprudência e Costumes.
ministrativas realizadas pelo Estado, que vai em direção à defesa Além das fontes mencionadas, adotadas em comum com o
concreta do interesse público. Direito Administrativo, a Administração Pública ainda utiliza-se das
Em outras palavras, a Administração Pública confunde-se com seguintes fontes para o exercício das atividades administrativas:
a própria função (atividade) administrativa desempenhada pelo Es-
tado. O conceito de Administração Pública está relacionado com o - Regulamentos São atos normativos posteriores aos decretos,
objeto da Administração. Não se preocupa aqui com quem exerce que visam especificar as disposições de lei, assim como seus man-
a Administração, mas sim com o que faz a Administração Pública. damentos legais. As leis que não forem executáveis, dependem de
regulamentos, que não contrariem a lei originária. Já as leis auto-
A doutrina moderna considera quatro tarefas precípuas da Ad- -executáveis independem de regulamentos para produzir efeitos.
ministração Pública, que são: - Instruções normativas Possuem previsão expressa na Consti-
1 - a prestação de serviços públicos, tuição Federal, em seu artigo 87, inciso II. São atos administrativos
2 - o exercício do poder de polícia, privativos dos Ministros de Estado. É a forma em que os superiores
3 - a regulação das atividades de interesse público e expedem normas de caráter geral, interno, prescrevendo o meio de
4 - o controle da atuação do Estado. atuação de seus subordinados com relação a determinado serviço,
assemelhando-se às circulares e às ordens de serviço. 
Em linhas gerais, podemos entender a atividade administrativa - Regimentos  São atos administrativos internos que emanam
como sendo aquela voltada para o bem toda a coletividade, desen- do poder hierárquico do Executivo ou da capacidade de auto-orga-
volvida pelo Estado com a finalidade de privilegiar e administrar a nização interna das corporações legislativas e judiciárias. Desta ma-
coisa pública e as necessidades da coletividade. neira, se destinam à disciplina dos sujeitos do órgão que o expediu.
Por sua vez, a função administrativa é considerada um múnus - Estatutos É o conjunto de normas jurídicas, através de acordo
público, que configura uma obrigação ou dever para o administra- entre os sócios e os fundadores, regulamentando o funcionamento
dor público que não será livre para atuar, já que deve obediência ao de uma pessoa jurídica. Inclui os órgãos de classe, em especial os
direito posto, para buscar o interesse coletivo. colegiados.

Separação dos Poderes PRINCÍPIOS


O Estado brasileiro adotou a tripartição de poderes, assim são Os princípios jurídicos orientam a interpretação e a aplicação
seus poderes o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, conforme se de outras normas. São as diretrizes do ordenamento jurídico, guias
infere da leitura do art. 2º da Constituição Federal: “São Poderes da de interpretação, às quais a administração pública fica subordinada.
União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Execu- Possuem um alto grau de generalidade e abstração, bem como um
tivo e o Judiciário.”. profundo conteúdo axiológico e valorativo.

355
DIREITO ADMINISTRATIVO
Os princípios da Administração Pública são regras que surgem No entanto, sempre que esses direitos forem utilizados para
como parâmetros e diretrizes norteadoras para a interpretação das finalidade diversa do interesse público, o administrador será res-
demais normas jurídicas. ponsabilizado e surgirá o abuso de poder.
Com função principal de garantir oferecer coerência e harmo- - Indisponibilidade do Interesse Público: Os bens e interesses
nia para o ordenamento jurídico e determinam a conduta dos agen- públicos são indisponíveis, ou seja, não pertencem à Administra-
tes públicos no exercício de suas atribuições. ção ou a seus agentes, cabendo aos mesmos somente sua gestão
Encontram-se de maneira explícita/expressas no texto consti- em prol da coletividade. Veda ao administrador quaisquer atos que
tucional ou implícitas na ordem jurídica. Os primeiros são, por una- impliquem renúncia de direitos da Administração ou que, injustifi-
nimidade, os chamados princípios expressos (ou explícitos), estão cadamente, onerem a sociedade.
previstos no art. 37, caput, da Constituição Federal. - Autotutela: é o princípio que autoriza que a Administração
Pública revise os seus atos e conserte os seus erros.
Princípios Expressos: - Segurança Jurídica: O ordenamento jurídico vigente garante
São os princípios expressos da Administração Pública os que que a Administração deve interpretar a norma administrativa da
estão inseridos no artigo 37 “caput” da Constituição Federal: legali- forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se
dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
- Legalidade: O princípio da legalidade representa uma garantia - Razoabilidade e da Proporcionalidade: São tidos como prin-
para os administrados, pois qualquer ato da Administração Pública cípios gerais de Direito, aplicáveis a praticamente todos os ramos
somente terá validade se respaldado em lei. Representa um limite da ciência jurídica. No âmbito do Direito Administrativo encontram
para a atuação do Estado, visando à proteção do administrado em aplicação especialmente no que concerne à prática de atos adminis-
relação ao abuso de poder. trativos que impliquem restrição ou condicionamento a direitos dos
O princípio apresenta um perfil diverso no campo do Direito administrados ou imposição de sanções administrativas.
Público e no campo do Direito Privado. No Direito Privado, tendo - Probidade Administrativa: A conduta do administrador públi-
em vista o interesse privado, as partes poderão fazer tudo o que a co deve ser honesta, pautada na boa conduta e na boa-fé.
lei não proíbe; no Direito Público, diferentemente, existe uma rela- - Continuidade do Serviço Público: Via de regra os serviços pú-
ção de subordinação perante a lei, ou seja, só se pode fazer o que a blicos por serem prestados no interesse da coletividade devem ser
lei expressamente autorizar. adequados e seu funcionamento não deve sofrer interrupções.
- Impessoalidade: a Administração Pública não poderá atuar
discriminando pessoas de forma gratuita, a Administração Pública Ressaltamos que não há hierarquia entre os princípios (expres-
deve permanecer numa posição de neutralidade em relação às pes- sos ou não), visto que tais diretrizes devem ser aplicadas de forma
soas privadas. A atividade administrativa deve ser destinada a todos harmoniosa. Assim, a aplicação de um princípio não exclui a aplica-
os administrados, sem discriminação nem favoritismo, constituindo ção de outro e nem um princípio se sobrepõe ao outros.
assim um desdobramento do princípio geral da igualdade, art. 5.º, Nos termos do que estabelece o artigo 37 da Constituição Fe-
caput, CF. deral, os princípios da Administração abrangem a Administração
- Moralidade: A atividade da Administração Pública deve obe- Pública direta e indireta de quaisquer dos Poderes da União, dos
decer não só à lei, mas também à moral. Como a moral reside no Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, vinculando todos os
campo do subjetivismo, a Administração Pública possui mecanis- órgãos, entidades e agentes públicos de todas as esferas estatais ao
mos que determinam a moral administrativa, ou seja, prescreve cumprimento das premissas principiológicas.
condutas que são moralmente aceitas na esfera do Poder Público.
- Publicidade: É o dever atribuído à Administração, de dar total
transparência a todos os atos que praticar, ou seja, como regra ge- PODERES ADMINISTRATIVOS
ral, nenhum ato administrativo pode ser sigiloso.
A regra do princípio que veda o sigilo comporta algumas ex- O poder administrativo representa uma prerrogativa especial
ceções, como quando os atos e atividades estiverem relacionados de direito público (conjunto de normas que disciplina a atividade
com a segurança nacional ou quando o conteúdo da informação for estatal) outorgada aos agentes do Estado, no qual o administrador
resguardado por sigilo (art. 37, § 3.º, II, da CF/88). público para exercer suas funções necessita ser dotado de alguns
- Eficiência: A Emenda Constitucional nº 19 trouxe para o tex- poderes.
to constitucional o princípio da eficiência, que obrigou a Adminis- Esses poderes podem ser definidos como instrumentos que
tração Pública a aperfeiçoar os serviços e as atividades que presta, possibilitam à Administração cumprir com sua finalidade, contudo,
buscando otimização de resultados e visando atender o interesse devem ser utilizados dentro das normas e princípios legais que o
público com maior eficiência.  regem.
Vale ressaltar que o administrador tem obrigação de zelar pelo
Princípios Implícitos: dever de agir, de probidade, de prestar contas e o dever de pautar
Os demais são os denominados princípios reconhecidos (ou seus serviços com eficiência.
implícitos), estes variam de acordo com cada jurista/doutrinador.
Destaca-se os seguintes princípios elaborados pela doutrina PODER HIERÁRQUICO
administrativa, dentre outros: A Administração Pública é dotada de prerrogativa especial de
- Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Parti- organizar e escalonar seus órgãos e agentes de forma hierarquiza-
cular: Sempre que houver necessidade de satisfazer um interesse da, ou seja, existe um escalonamento de poderes entre as pessoas
público, em detrimento de um interesse particular, prevalece o e órgãos internamente na estrutura estatal
interesse público. São as prerrogativas conferidas à Administração É pelo poder hierárquico que, por exemplo, um servidor está
Pública, porque esta atua por conta dos interesses públicos. obrigado a cumprir ordem emanada de seu superior desde que não
sejam manifestamente ilegais. É também esse poder que autoriza a
delegação, a avocação, etc.

356
DIREITO ADMINISTRATIVO
A lei é quem define as atribuições dos órgãos administrativos, A função do poder regulamentar é estabelecer detalhes e os
bem como cargos e funções, de forma que haja harmonia e unidade procedimentos a serem adotados quanto ao modo de aplicação de
de direção. Percebam que o poder hierárquico vincula o superior e dispositivos legais expedidos pelo Poder Legislativo, dando maior
o subordinado dentro do quadro da Administração Pública. clareza aos comandos gerais de caráter abstratos presentes na lei.
Compete ainda a Administração Pública: - Os atos gerais são os atos como o próprio nome diz, geram
a) editar atos normativos (resoluções, portarias, instruções), efeitos para todos (erga omnes); e
que tenham como objetivo ordenar a atuação dos órgãos subordi- - O caráter abstrato é aquele onde há uma relação entre a cir-
nados, pois refere-se a atos normativos que geram efeitos internos cunstância ou atividade que poderá ocorrer e a norma regulamen-
e não devem ser confundidas com os regulamentos, por serem de- tadora que disciplina eventual atividade.
correntes de relação hierarquizada, não se estendendo a pessoas
estranhas; Cabe destacar que as agências reguladoras são legalmente
b) dar ordens aos subordinados, com o dever de obediência, dotadas de competência para estabelecer regras disciplinando os
salvo para os manifestamente ilegais; respectivos setores de atuação. É o denominado poder normativo
c) controlar a atividade dos órgãos inferiores, com o objetivo de das agências.
verificar a legalidade de seus atos e o cumprimento de suas obriga- Tal poder normativo tem sua legitimidade condicionada ao
ções, permitindo anular os atos ilegais ou revogar os inconvenien- cumprimento do princípio da legalidade na medida em que os atos
tes, seja ex. officio (realiza algo em razão do cargo sem nenhuma normativos expedidos pelas agências ocupam posição de inferiori-
provocação) ou por provocação dos interessados, através dos re- dade em relação à lei dentro da estrutura do ordenamento jurídico.
cursos hierárquicos;
d) avocar atribuições, caso não sejam de competência exclusiva PODER DE POLÍCIA
do órgão subordinado; É certo que o cidadão possui garantias e liberdades individuais
e) delegação de atribuições que não lhe sejam privativas. e coletivas com previsão constitucional, no entanto, sua utilização
deve respeitar a ordem coletiva e o bem estar social.
A relação hierárquica é acessória da organização administrati- Neste contexto, o poder de polícia é uma prerrogativa confe-
va, permitindo a distribuição de competências dentro da organiza- rida à Administração Pública para condicionar, restringir e limitar
ção administrativa para melhor funcionamento das atividades exe- o exercício de direitos e atividades dos particulares em nome dos
cutadas pela Administração Pública. interesses da coletividade.
Possui base legal prevista no Código Tributário Nacional, o qual
PODER DISCIPLINAR conceitua o Poder de Polícia:
O Poder Disciplinar decorre do poder punitivo do Estado de- Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administra-
corrente de infração administrativa cometida por seus agentes ou ção pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou li-
por terceiros que mantenham vínculo com a Administração Pública. berdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
Não se pode confundir o Poder Disciplinar com o Poder Hierár- interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
quico, sendo que um decorre do outro. Para que a Administração costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de
possa se organizar e manter relação de hierarquia e subordinação é atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização
necessário que haja a possibilidade de aplicar sanções aos agentes do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à proprie-
que agem de forma ilegal. dade e aos direitos individuais ou coletivos.
A aplicação de sanções para o agente que infringiu norma de Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de
caráter funcional é exercício do poder disciplinar. Não se trata aqui polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites
de sanções penais e sim de penalidades administrativas como ad- da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se
vertência, suspensão, demissão, entre outras. de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou des-
Estão sujeitos às penalidades os agentes públicos quando pra- vio de poder.
ticarem infração funcional, que é aquela que se relaciona com a
atividade desenvolvida pelo agente. Os meios de atuação da Administração no exercício do poder
É necessário que a decisão de aplicar ou não a sanção seja de polícia compreendem os atos normativos que estabelecem limi-
motivada e precedida de processo administrativo competente que tações ao exercício de direitos e atividades individuais e os atos ad-
garanta a ampla defesa e o contraditório ao acusado, evitando me- ministrativos consubstanciados em medidas preventivas e repressi-
didas arbitrárias e sumárias da Administração Pública na aplicação vas, dotados de coercibilidade.
da pena. A competência surge como limite para o exercício do poder de
polícia. Quando o órgão não for competente, o ato não será consi-
PODER REGULAMENTAR derado válido.
É o poder que tem os chefes do Poder Executivo de criar e edi- O limite do poder de atuação do poder de polícia não poderá
tar regulamentos, de dar ordens e de editar decretos, com a finali- divorciar-se das leis e fins em que são previstos, ou seja, deve-se
dade de garantir a fiel execução à lei, sendo, portanto, privativa dos condicionar o exercício de direitos individuais em nome da coleti-
Chefes do Executivo e, em princípio, indelegável. vidade.
Podemos dizer então que esse poder resulta em normas inter-
nas da Administração. Como exemplo temos a seguinte disposição Limites
constitucional (art. 84, IV, CF/88): Mesmo que o ato de polícia seja discricionário, a lei impõe al-
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: guns limites quanto à competência, à forma, aos fins ou ao objeto.
[...] Em relação aos fins, o poder de polícia só deve ser exercido
IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como para atender ao interesse público. A autoridade que fugir a esta re-
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução. gra incidirá em desvio de poder e acarretará a nulidade do ato com
todas as consequências nas esferas civil, penal e administrativa.

357
DIREITO ADMINISTRATIVO
Dessa forma, o fundamento do poder de polícia é a predomi- Não ser refere as situações que estejam eivadas de má-fé, mas
nância do interesse público sobre o particular, logo, torna-se escuso sim quando a intenção do agente encontra-se viciada, podendo
qualquer benefício em detrimento do interesse público. existir desvio de poder, sem que exista má-fé. É a junção da vontade
de satisfação pessoal com inadequada finalidade do ato que pode-
Atributos do poder de polícia ria ser praticado.
Os atributos do poder de polícia, busca-se garantir a sua execu-
ção e a prioridade do interesse público. São eles: discricionarieda- Essa mudança de finalidade, de acordo com a doutrina, pode
de, autoexecutoriedade e coercibilidade. ocorrer nas seguintes modalidades:
- Discricionariedade: a Administração Pública goza de liberdade a. quando o agente busca uma finalidade alheia ao interesse
para estabelecer, de acordo com sua conveniência e oportunidade, público;
quais serão os limites impostos ao exercício dos direitos individuais b. quando o agente público visa uma finalidade que, no entan-
e as sanções aplicáveis nesses casos. Também confere a liberdade to, não é o fim pré-determinado pela lei que enseja validade ao
de fixar as condições para o exercício de determinado direito. ato administrativo e, por conseguinte, quando o agente busca uma
No entanto, a partir do momento em que são fixados esses li- finalidade, seja alheia ao interesse público ou à categoria deste que
mites, com suas posteriores sanções, a Administração será obrigada o ato se revestiu, por meio de omissão.
a cumpri-las, ficando dessa maneira obrigada a praticar seus atos
vinculados.
ATOS ADMINISTRATIVOS.CONCEITO.ATRIBUTOS.RE-
- Autoexecutoriedade: Não é necessário que o Poder Judiciário QUISITOS.CLASSIFICAÇÃO. EXTINÇÃO
intervenha na atuação da Administração Pública. No entanto, essa
liberdade não é absoluta, pois compete ao Poder Judiciário o con- CONCEITO
trole desse ato. Ato Administrativo, em linhas gerais, é toda manifestação lícita
Somente será permitida a autoexecutoriedade quando esta for e unilateral de vontade da Administração ou de quem lhe faça às
prevista em lei, além de seu uso para situações emergenciais, em vezes, que agindo nesta qualidade tenha por fim imediato adquirir,
que será necessária a atuação da Administração Pública. transferir, modificar ou extinguir direitos e obrigações.
Vale lembrar que a administração pública pode executar, por Para Hely Lopes Meirelles: “toda manifestação unilateral de
seus próprios meios, suas decisões, não precisando de autorização vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, te-
judicial. nha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, ex-
tinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados
- Coercibilidade: Limita-se ao princípio da proporcionalidade, ou a si própria”.
na medida que for necessária será permitido o uso da força par Para Maria Sylvia Zanella di Pietro ato administrativo é a “de-
cumprimento dos atos. A coercibilidade é um atributo que torna claração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos
obrigatório o ato praticado no exercício do poder de polícia, inde- jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de
pendentemente da vontade do administrado. direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”.
Conforme se verifica dos conceitos elaborados por juristas
Uso e Abuso De Poder administrativos, esse ato deve alcançar a finalidade pública, onde
Sempre que a Administração extrapolar os limites dos pode- serão definidas prerrogativas, que digam respeito à supremacia do
res aqui expostos, estará cometendo uma ilegalidade. A ilegalidade interesse público sobre o particular, em virtude da indisponibilidade
traduz o abuso de poder que, por sua vez, pode ser punido judicial- do interesse público.
mente. Os atos administrativos podem ser delegados, assim os parti-
O abuso de poder pode gerar prejuízos a terceiros, caso em que culares recebem a delegação pelo Poder Público para prática dos
a Administração será responsabilizada. Todos os Poderes Públicos referidos atos.
estão obrigados a respeitar os princípios e as normas constitucio- Dessa forma, os atos administrativos podem ser praticados pelo
nais, qualquer lesão ou ameaça, outorga ao lesado a possibilidade Estado ou por alguém que esteja em nome dele. Logo, pode-se con-
do ingresso ao Poder Judiciário. cluir que os atos administrativos não são definidos pela condição
A responsabilidade do Estado se traduz numa obrigação, atri- da pessoa que os realiza. Tais atos são regidos pelo Direito Público.
buída ao Poder Público, de compor os danos patrimoniais causados
a terceiros por seus agentes públicos tanto no exercício das suas REQUISITOS
atribuições quanto agindo nessa qualidade. São as condições necessárias para a existência válida do ato.
Os requisitos dos atos administrativos são cinco:
Desvio de Poder - Competência: o ato deve ser praticado por sujeito capaz. Tra-
O desvio significa o afastamento, a mudança de direção da que ta-se de requisito vinculado, ou seja, para que um ato seja válido
fora anteriormente determinada. Este tipo de ato é praticado por deve-se verificar se foi praticado por agente competente.
autoridade competente, que no momento em que pratica tal ato, O ato deve ser praticado por agente público, assim considerado
distinto do que é visado pela norma legal de agir, acaba insurgindo todo aquele que atue em nome do Estado, podendo ser de qual-
no desvio de poder. quer título, mesmo que não ganhe remuneração, por prazo deter-
minado ou vínculo de natureza permanente.
Segundo Cretella Júnior: Além da competência para a prática do ato, se faz necessário
“o fim de todo ato administrativo, discricionário ou não, é o que não exista impedimento e suspeição para o exercício da ativi-
interesse público. O fim do ato administrativo é assegurar a ordem dade. 
da Administração, que restaria anarquizada e comprometida se o Deve-se ter em mente que toda a competência é limitada, não
fim fosse privado ou particular”. sendo possível um agente que contenha competência ilimitada,
tendo em vista o dever de observância da lei para definir os critérios
de legitimação para a prática de atos.

358
DIREITO ADMINISTRATIVO
- Finalidade: O ato administrativo deve ser editado pela Admi- b) Imperatividade: É a prerrogativa que os atos administrativos
nistração Pública em atendimento a uma finalidade maior, que é a possuem de gerar unilateralmente obrigações aos administrados,
pública; se o ato praticado não tiver essa finalidade, ocorrerá abuso independente da concordância destes. É o atributo que a Adminis-
de poder. tração possui para impor determinado comportamento a terceiros.
Em outras palavras, o ato administrativo deve ter como fina- c) Exigibilidade ou Coercibilidade: É a prerrogativa que pos-
lidade o atendimento do interesse coletivo e do atendimento das suem os atos administrativos de serem exigidos quanto ao seu cum-
demandas da sociedade. primento sob ameaça de sanção. A imperatividade e a exigibilidade,
em regra, nascem no mesmo momento. 
- Forma: é o requisito vinculado que envolve a maneira de exte- Caso não seja cumprida a obrigação imposta pelo administrati-
riorização e demais procedimentos prévios que forem exigidos com vo, o poder público, se valerá dos meios indiretos de coação, reali-
a expedição do ato administrativo. zando, de modo indireto o ato desrespeitado.
Via de regra, os atos devem ser escritos, permitindo de ma- d) Autoexecutoriedade: É o poder de serem executados mate-
neira excepcional atos gestuais, verbais ou provindos de forças que rialmente pela própria administração, independentemente de re-
não sejam produzidas pelo homem, mas sim por máquinas, que são curso ao Poder Judiciário.
os casos dos semáforos, por exemplo. A autoexecutoriedade é atributo de alguns atos administrati-
A forma não configura a essência do ato, mas apenas o ins- vos, ou seja, não existe em todos os atos. Poderá ocorrer quando
trumento necessário para que a conduta administrativa atinja seus a lei expressamente prever ou quando estiver tacitamente prevista
objetivos. O ato deve atender forma específica, justamente porque em lei sendo exigido para tanto situação de urgência; e inexistência
se dá pelo fato de que os atos administrativos decorrem de um pro- de meio judicial idôneo capaz de, a tempo, evitar a lesão.
cesso administrativo prévio, que se caracterize por uma série de
atos concatenados, com um propósito certo. CLASSIFICAÇÃO
Os atos administrativos podem ser objeto de várias classifica-
- Motivo: O motivo será válido, sem irregularidades na prática ções, conforme o critério em função do qual seja agrupados. Men-
do ato administrativo, exigindo-se que o fato narrado no ato prati- cionaremos os agrupamentos de classificação mais comuns entre
cado seja real e tenha acontecido da forma como estava descrito na os doutrinadores administrativos.
conduta estatal.
Difere-se de motivação, pois este é a explicação por escrito das Quanto à composição da vontade produtora do ato:
razões que levaram à prática do ato. Simples: depende da manifestação jurídica de um único órgão,
mesmo que seja de órgão colegiado, torna o ato perfeito, portan-
- Objeto lícito: É o conteúdo ato, o resultado que se visa rece- to, a vontade para manifestação do ato deve ser unitária, obtida
ber com sua expedição. Todo e qualquer ato administrativo tem por através de votação em órgão colegiado ou por manifestação de um
objeto a criação, modificação ou comprovação de situações jurídi- agente em órgãos singulares.
cas referentes a pessoas, coisas ou atividades voltadas à ação da Complexo: resulta da manifestação conjugada de vontades de
Administração Pública. órgãos diferentes. É necessária a manifestação de vontade de dois
Entende-se por objeto, aquilo que o ato dispõe, o efeito causa- ou mais órgãos para formar um único ato.
do pelo ato administrativo, em decorrência de sua prática. Trata-se Composto: manifestação de dois ou mais órgãos, em que um
do objeto como a disposição da conduta estatal, aquilo que fica de- edita o ato principal e o outro será acessório. Como se nota, é com-
cidido pela prática do ato. posto por dois atos, geralmente decorrentes do mesmo órgão pú-
blico, em patamar de desigualdade, de modo que o segundo ato
ATRIBUTOS deve contar com o que ocorrer com o primeiro.
Atributos são qualidades, prerrogativas ou poderes especiais
que revestem os atos administrativos para que eles alcancem os Quanto a formação do ato:
fins almejados pelo Estado. Atos unilaterais: Dependem de apenas a vontade de uma das
Existem por conta dos interesses que a Administração repre- partes. Exemplo: licença
senta, são as qualidades que permitem diferenciar os atos adminis- Atos bilaterais: Dependem da anuência de ambas as partes.
trativos dos outros atos jurídicos. Decorrem do princípio da supre- Exemplo: contrato administrativo;
macia do interesse público sobre o privado. Atos multilaterais: Dependem da vontade de várias partes.
Exemplo: convênios.
São atributos dos atos administrativos:
a) Presunção de Legitimidade/Legitimidade: É a presunção Quanto aos destinatários do ato:
de que os atos administrativos devem ser considerados válidos, até Individuais: são aqueles destinados a um destinatário certo e
que se demonstre o contrário, a bem da continuidade da prestação determinado, impondo a norma abstrata ao caso concreto. Nesse
dos serviços públicos. momento, seus destinatários são individualizados, pois a norma é
A presunção de legitimidade não pressupõe no entanto que Ios geral restringindo seu âmbito de atuação. 
atos administrativos não possam ser combatidos ou questionados, Gerais: são os atos que têm por destinatário final uma catego-
no entanto, o ônus da prova é de quem alega. ria de sujeitos não especificados. Os atos gerais tem a finalidade
O atributo de presunção de legitimidade confere maior cele- de normatizar suas relações e regulam uma situação jurídica que
ridade à atuação administrativa, já que depois da prática do ato, abrange um número indeterminado de pessoas, portanto abrange
estará apto a produzir efeitos automaticamente, como se fosse vá- todas as pessoas que se encontram na mesma situação, por tratar-
lido, até que se declare sua ilegalidade por decisão administrativa -se de imposição geral e abstrata para determinada relação.
ou judicial.

359
DIREITO ADMINISTRATIVO
Quanto à posição jurídica da Administração:  Quanto à validade do ato:
Atos de império: Atos onde o poder público age de forma impe- Válido: É o que atende a todos os requisitos legais: competên-
rativa sobre os administrados, impondo-lhes obrigações. São atos cia, finalidade, forma, motivo e objeto. Pode estar perfeito, pronto
praticados sob as prerrogativas de autoridade estatal. Ex. Interdição para produzir seus efeitos ou estar pendente de evento futuro.
de estabelecimento comercial. Nulo: É o que nasce com vício insanável, ou seja, um defeito
Atos de gestão: são aqueles realizados pelo poder público, sem que não pode ser corrigido. Não produz qualquer efeito entre as
as prerrogativas do Estado (ausente o poder de comando estatal), partes. No entanto, em face dos atributos dos atos administrativos,
sendo que a Administração irá atuar em situação de igualdade com ele deve ser observado até que haja decisão, seja administrativa,
o particular. Nesses casos, a atividade será regulada pelo direito pri- seja judicial, declarando sua nulidade, que terá efeito retroativo, ex
vado, de modo que o Estado não irá se valer das prerrogativas que tunc, entre as partes. Por outro lado, deverão ser respeitados os
tenham relação com a supremacia do interesse público. direitos de terceiros de boa-fé que tenham sido atingidos pelo ato
Exemplo:  a alienação de um imóvel público inservível ou alu- nulo. 
guel de imóvel para instalar uma Secretaria Municipal. Anulável: É o ato que contém defeitos, porém, que podem ser
sanados, convalidados. Ressalte-se que, se mantido o defeito, o
Quanto à natureza das situações jurídicas que o ato cria:  ato será nulo; se corrigido, poderá ser “salvo” e passar a ser válido.
Atos-regra: Criam situações gerais, abstratas e impessoais.Tra- Atente-se que nem todos os defeitos são sanáveis, mas sim aqueles
çam regras gerais (regulamentos). expressamente previstos em lei.
Atos subjetivos: Referem-se a situações concretas, de sujeito Inexistente: É aquele que apenas aparenta ser um ato admi-
determinado. Criam situações particulares e geram efeitos indivi- nistrativo, mas falta a manifestação de vontade da Administração
duais. Pública. São produzidos por alguém que se faz passar por agente
Atos-condição: Somente surte efeitos caso determinada condi- público, sem sê-lo, ou que contém um objeto juridicamente impos-
ção se cumpra. sível. 

Quanto ao grau de liberdade da Administração para a prática Quanto à exequibilidade: 


do ato: Perfeito: É aquele que completou seu processo de formação,
Atos vinculados: Possui todos seus elementos determinados estando apto a produzir seus efeitos. Perfeição não se confunde
em lei, não existindo possibilidade de apreciação por parte do ad- com validade. Esta é a adequação do ato à lei; a perfeição refere-se
ministrador quanto à oportunidade ou à conveniência. Cabe ao ad- às etapas de sua formação.
ministrador apenas a verificação da existência de todos os elemen- Imperfeito: Não completou seu processo de formação, portan-
tos expressos em lei para a prática do ato. to, não está apto a produzir seus efeitos, faltando, por exemplo, a
Atos discricionários: O administrador pode decidir sobre o mo- homologação, publicação, ou outro requisito apontado pela lei.
tivo e sobre o objeto do ato, devendo pautar suas escolhas de acor- Pendente: Para produzir seus efeitos, sujeita-se a condição ou
do com as razões de oportunidade e conveniência. A discricionarie- termo, mas já completou seu ciclo de formação, estando apenas
dade é sempre concedida por lei e deve sempre estar em acordo aguardando o implemento desse acessório, por isso não se confun-
com o princípio da finalidade pública. O poder judiciário não pode de com o imperfeito. Condição é evento futuro e incerto, como o
avaliar as razões de conveniência e oportunidade (mérito), apenas a casamento. Termo é evento futuro e certo, como uma data espe-
legalidade, os motivos e o conteúdo ou objeto do ato. cífica.
Consumado: É o ato que já produziu todos os seus efeitos, nada
Quanto aos efeitos:  mais havendo para realizar. Exemplifique-se com a exoneração ou a
Constitutivo: Gera uma nova situação jurídica aos destinatários. concessão de licença para doar sangue.
Pode ser outorgado um novo direito, como permissão de uso de
bem público, ou impondo uma obrigação, como cumprir um perío- ESPÉCIES
do de suspensão. a) Atos normativos: São aqueles que contém um comando ge-
Declaratório: Simplesmente afirma ou declara uma situação já ral do Executivo visando o cumprimento de uma lei. Podem apre-
existente, seja de fato ou de direito. Não cria, transfere ou extingue sentar-se com a característica de generalidade e abstração (decreto
a situação existente, apenas a reconhece. geral que regulamenta uma lei), ou individualidade e concreção
Modificativo: Altera a situação já existente, sem que seja extin- (decreto de nomeação de um servidor).
ta, não retirando direitos ou obrigações. A alteração do horário de Os atos normativos se subdividem em:
atendimento da repartição é exemplo desse tipo de ato. - Regulamentos: São atos normativos posteriores aos decretos,
Extintivo: Pode também ser chamado desconstitutivo, é o ato que visam especificar as disposições de lei, assim como seus man-
que põe termo a um direito ou dever existente. Cite-se a demissão damentos legais. As leis que não forem executáveis, dependem de
do servidor público. regulamentos, que não contrariem a lei originária. Já as leis auto-
-executáveis independem de regulamentos para produzir efeitos.
Quanto à situação de terceiros:  1. Regulamentos executivos: são os editados para a fiel execu-
Internos: Destinados a produzir seus efeitos no âmbito interno ção da lei, é um ato administrativo que não tem o foto de inovar o
da Administração Pública, não atingindo terceiros, como as circula- ordenamento jurídico, sendo praticado para complementar o texto
res e pareceres. legal. Os regulamentos executivos são atos normativos que comple-
Externos: Destinados a produzir efeitos sobre terceiros, e, por- mentam os dispositivos legais, sem que ivovem a ordem jurídica,
tanto, necessitam de publicidade para que produzam adequada- com a criação de direitos e obrigações. 
mente seus efeitos.  2. Regulamentos autônomos: agem em substituição a lei e vi-
sam inovar o ordenamento jurídico, determinando normas sobre
matérias não disciplinadas em previsão legislativa. Assim, podem

360
DIREITO ADMINISTRATIVO
ser considerados atos expedidos como substitutos da lei e não fa- - Visto - é a declaração de legitimidade de deerminado ato pra-
cilitadores de sua aplicação, já que são editados sem contemplar ticado pela própria Administração como maneira de exequibilidade;
qualquer previsão anterior. - Homologação - análise da conveniência e legalidade de ato
praticado pelos seus órgãos como meio de lhe dar eficácia;
Nosso ordenamento diverge acercada da possibilidade ou não - Dispensa - ato administrativo que exime o particular do cum-
de serem expedidos regulamentos autônomos, em decorrência do primento de certa obrigação até então conferida por lei.
princípio da legalidade. - Renúncia - ato administrativo em que o poder Público extin-
- Instruções normativas – Possuem previsão expressa na Cons- gue de forma unilateral um direito próprio, liberando definitiva-
tituição Federal, em seu artigo 87, inciso II. São atos administrativos mente a pessoa obrigada perante a Administração Pública.
privativos dos Ministros de Estado.
- Regimentos – São atos administrativos internos que emanam d) Atos enunciativos: São todos aqueles em que a Administra-
do poder hierárquico do Executivo ou da capacidade de auto-orga- ção se limita a certificar ou a atestar um fato, ou emitir uma opinião
nização interna das corporações legislativas e judiciárias. Desta ma- sobre determinado assunto, constantes de registros, processos e
neira, se destinam à disciplina dos sujeitos do órgão que o expediu. arquivos públicos, sendo sempre, por isso, vinculados quanto ao
- Resoluções – São atos administrativos inferiores aos regimen- motivo e ao conteúdo.
tos e regulamentos, expedidos pelas autoridades do executivo. - Atestado - são atos pelos quais a Administração Pública com-
- Deliberações – São atos normativos ou decisórios que ema- prova um fato ou uma situação de que tenha conhecimento por
nam de órgãos colegiados provenientes de acordo com os regula- meio dos órgãos competentes;
mentos e regimentos das organizações coletivas. Geram direitos - Certidão – tratam-se de cópias ou fotocópias fiéis e autentica-
para seus beneficiários, sendo via de regra, vinculadas para a Ad- das de atos ou fatos existentes em processos, livros ou documentos
ministração. que estejam na repartição pública;
- Pareceres - são manifestações de órgãos técnicos referentes a
b) Atos ordinatórios: São os que visam a disciplinar o funcio- assuntos submetidos à sua consideração.
namento da Administração e a conduta funcional de seus agentes.
Emanam do poder hierárquico, isto é, podem ser expedidos por e) Atos punitivos: São aqueles que contêm uma sanção impos-
chefes de serviços aos seus subordinados. Logo, não obrigam aos ta pela lei e aplicada pela Administração, visando punir as infrações
particulares. administrativas ou condutas irregulares de servidores ou de parti-
São eles: culares perante a Administração.
- Instruções – orientação do subalterno pelo superior hierár- Esses atos são aplicados para aqueles que desrespeitam as dispo-
quico em desempenhar determinada função; sições legais, regulamentares ou ordinatórias dos bens ou serviços.
- Circulares – ordem uniforme e escrita expedida para determi- Quanto à sua atuação os atos punitivos podem ser de atuação
nados funcionários ou agentes; externa e interna. Quando for interna, compete à Administração
- Avisos – atos de titularidade de Ministros em relação ao Mi- punir disciplinarmente seus servidores e corrigir os serviços que
nistério; contenham defeitos, por meio de sanções previstas nos estatutos,
- Portarias – atos emanados pelos chefes de órgãos públicos fazendo com que se respeite as normas administrativas. 
aos seus subalternos que determinam a realização de atos especiais
ou gerais; EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO.
- Ordens de serviço – determinações especiais dirigidas aos res- Os atos administrativos são produzidos e editados com a fina-
ponsáveis por obras ou serviços públicos; lidade de produzir efeitos jurídicos. Cumprida a finalidade a qual
- Provimentos – atos administrativos intermos, com determina- fundamenta a edição do ato o mesmo deve ser extinto.
ções e instruções em que a Corregedoria ou os Tribunais expedem Outras vezes, fatos ou atos posteriores interferem diretamente
para regularização ou uniformização dos serviços; no ato e geram sua suspensão ou elimina definitivamente seus efei-
- Ofícios – comunicações oficiais que são feitas pela Adminis- tos, causando sua extinção.
tração a terceiros; Ademais, diversas são as causas que determinam a extinção
- Despachos administrativos – são decisões tomadas pela auto- dos atos adminsitrativos ou de seus efeitos, vejamos:
ridade executiva (ou legislativa e judiciária, quando no exercício da
função administrativa) em requerimentos e processos administrati- Cassação: Ocorre a extinção do ato administrativo quando o
vos sujeitos à sua administração. administrado deixa de preencher condição necessária para perma-
nência da vantagem, ou seja, o beneficiário descumpre condição
c) Atos negociais: São todos aqueles que contêm uma declara- indispensável para manutenção do ato administrativo. 
ção de vontade da Administração apta a concretizar determinado Anulação ou invalidação (desfazimento): É a retirada, o desfa-
negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular, nas con- zimento do ato administrativo em decorrência de sua invalidade, ou
dições impostas ou consentidas pelo Poder Público. seja, é a extinção de um ato ilegal, determinada pela Administração
- Licença – ato definitivo e vinculado (não precário) em que a ou pelo judiciário, com eficácia retroativa – ex tunc. 
Administração concede ao Administrado a faculdade de realizar de- A anulação pode acontecer por via judicial ou por via admi-
terminada atividade.  nistrativa. Ocorrerá por via judicial quando alguém solicita ao Ju-
- Autorização – ato discricionário e precário em que a Adminis- diciário a anulação do ato. Ocorrerá por via administrativa quando
tração confere ao administrado a faculdade de exercer determinada a própria Administração expede um ato anulando o antecedente,
atividade.  utilizando-se do princípio da autotutela, ou seja, a Administração
- Permissão - ato discricionário e precário em que a Administra- tem o poder de rever seus atos sempre que eles forem ilegais ou
ção confere ao administrado a faculdade de promover certa ativida- inconvenientes. Quando a anulação é feita por via administrativa,
de nas situações determinadas por ela; pode ser realizada de ofício ou por provocação de terceiros.
- Aprovação - análise pela própria administração de atividades
prestadas por seus órgãos;

361
DIREITO ADMINISTRATIVO
De acordo com entendimento consolidado pelo Supremo Tri- ções jurídicas de outras, sem o concurso da vontade destas”, ou seja,
bunal Federal, a anulação de um ato não pode prejudicar terceiro quando a lei ou a vontade fixam determinado prazo para serem
de boa-fé. exercidos e se não o forem, extingue-se o próprio direito material.
Vejamos o que consta nas Súmulas 346 e 473 do STF: O instituto da decadência tem a finalidade de garantir a segu-
- SÚMULA 346: A administração pública pode declarar a nulida- rança jurídica. A decadência que decorre de prazo legal é de ordem
de dos seus próprios atos. pública, não podendo ser renunciada. Entretanto, se o prazo deca-
- SÚMULA 473: A administração pode anular seus próprios dencial for ajustado, por declaração unilateral de vontade ou por
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles convenção entre as partes, pode ser renunciado, que correspon-
não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência derá a uma revogação da condição para o exercício de um direito
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, dentro de determinado tempo.
em todos os casos, a apreciação judicial. Para Hely Lopes Meirelles mais adequado seria considerar-se
como de decadência administrativa os prazos estabelecidos por
Revogação: É a retirada do ato administrativo em decorrência diversas leis, para delimitar no tempo as atividades da Adminis-
da sua inconveniência ou inoportunidade em face dos interesses tração. E isso porque a prescrição, como instituto jurídico, pressu-
públicos. Somente se revoga ato válido que foi praticado de acordo põe a existência de uma ação judicial apta à defesa de um direito.
com a lei. A revogação somente poderá ser feita por via adminis- Contudo, a legislação, ao estabelecer os prazos dentro dos quais o
trativa. administrado pode interpor recursos administrativos ou pode a Ad-
Quando se revoga um ato, diz-se que a Administração perdeu ministração manifestar-se, seja pela prática de atos sobre a conduta
o interesse na manutenção deste, ainda que não exista vício que o de seus servidores, sobre obrigações fiscais dos contribuintes, ou
tome. Trata-se de ato discricionário, referente ao mérito adminis- outras obrigações com os administrados, refere-se a esses prazos
trativo, por set um ato legal, todos os atos já foram produzidos de denominando-os de prescricionais. 
forma lícita, de modo que a revogação não irá retroagir, contudo Em suma, decadência administrativa ocorre com o transcurso do
mantem-se os efeitos já produzidos (ex nunc). prazo, impedindo a prática de um ato pela própria Administração. 
Não há limite temporal para a revogação de atos administrati-
vos, não se configurando a decadência, no prazo quinquenal, tendo
em vista o entendimento que o interesse público pode ser alterado ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA: ÓRGÃOS PÚBLICOS
a qualquer tempo. (CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO), ENTIDADES ADMINIS-
Não existe efeito repristinatório, ou seja, a retirada do ato, por TRATIVAS (CONCEITO E ESPÉCIES)
razões de conveniência e oportunidade. 
NOÇÕES GERAIS
Convalidação ou Sanatória: É o ato administrativo que, com Para que a Administração Pública possa executar suas ativida-
efeitos retroativos, sana vício de ato antecedente, de modo a torná- des administrativas de forma eficiente com o objetivo de atender
-lo válido desde o seu nascimento, ou seja, é um ato posterior que os interesses coletivos é necessária a implementação de tecnicas
sana um vício de um ato anterior, transformando-o em válido desde organizacionais que permitam aos administradores públicos decidi-
o momento em que foi praticado. Alguns autores, ao se referir à rem, respeitados os meios legias, a forma adequada de repartição
convalidação, utilizam a expressão sanatória.  de competencias internas e escalonamento de pessoas para melhor
O ato convalidatório tem natureza vinculada (corrente majori- atender os assuntos relativos ao interesse público.
tária), constitutiva, secundária, e eficácia ex tunc. Celso Antonio Bandeira de Mello, em sua obra Curso de Direito
Há alguns autores que não aceitam a convalidação dos atos, Administrativo assim afirma: “...o Estado como outras pessoas de
sustentando que os atos administrativos somente podem ser nu- Direito Público que crie, pelos múltiplos cometimentos que lhe as-
los. Os únicos atos que se ajustariam à convalidação seriam os atos sistem, têm de repartir, no interior deles mesmos, os encargos de
anuláveis. sua alçada entre diferentes unidades, representativas, cada qual,
Existem três formas de convalidação: de uma parcela de atribuições para decidir os assuntos que lhe são
a) Ratificação: É a convalidação feita pela própria autoridade afetos...”
que praticou o ato;
b) Confirmação: É a convalidação feita por autoridade superior A Organização Administrativa é a parte do Direito Administra-
àquela que praticou o ato; tivo que normatiza os órgãos e pessoas jurídicas que a compõem,
c) Saneamento: É a convalidação feita por ato de terceiro, ou além da estrutura interna da Administração Pública.
seja, não é feita nem por quem praticou o ato nem por autoridade Em âmbito federal, o assunto vem disposto no Decreto-Lei n.
superior. 200/67 que “dispõe sobre a organização da Administração Pública
Federal e estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa”.
Verificado que um determinado ato é anulável, a convalidação O certo é que, durante o exercício de suas atribuições, o Esta-
será discricionária, ou seja, a Administração convalidará ou não o do pode desenvolver as atividades administrativas que lhe compete
ato de acordo com a conveniência. Alguns autores, tendo por base por sua própria estrutura ou então prestá-la por meio de outros
o princípio da estabilidade das relações jurídicas, entendem que a sujeitos.
convalidação deverá ser obrigatória, visto que, se houver como sa- A Organização Administrativa estabelece as normas justamen-
nar o vício de um ato, ele deverá ser sanado. É possível, entretanto, te para regular a prestação dos encargos administrativos do Estado
que existam obstáculos ao dever de convalidar, não havendo outra bem como a forma de execução dessas atividades, utilizando-se de
alternativa senão anular o ato. técnicas administrativas previstas em lei.

DECADÊNCIA ADMINISTRATIVA ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA


A decadência (art. 207 do Código Civil), incide sobre direitos Em âmbito federal o Decreto-Lei 200/67 regula a estrutura ad-
potestativos, que “são poderes que a lei confere a determinadas ministrativa dividindo, para tanto, em Administração Direta e Admi-
pessoas de influírem, com uma declaração de vontade, sobre situa- nistração Indireta.

362
DIREITO ADMINISTRATIVO
Administração Direta O Poder Público não tem a obrigação de gerar lucro quando
A Administração Pública Direta é o conjunto de órgãos públi- explora atividade econômica. Quando estiver atuando na atividade
cos vinculados diretamente ao chefe da esfera governamental que econômica, entretanto, estará concorrendo em grau de igualdade
a integram. com os particulares, estando sob o regime do art. 170 da CF/88,
inclusive quanto à livre concorrência.
DECRETO-LEI 200/67
Art. 4° A Administração Federal compreende: DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integra- No decorrer das atividades estatais, a Administração Pública
dos na estrutura administrativa da Presidência da República e dos pode executar suas ações por meios próprios, utilizando-se da es-
Ministérios. trutura administrativa do Estado de forma centralizada, ou então
Por característica não possuem personalidade jurídica própria, transferir o exercício de certos encargos a outras pessoas, como en-
patrimônio e autonomia administrativa e cujas despesas são reali- tidades concebidas para este fim de maneira descentralizada.
zadas diretamente por meio do orçamento da referida esfera.
Assim, é responsável pela gestão dos serviços públicos executa- Assim, como técnica administrativa de organização da execu-
dos pelas pessoas políticas por meio de um conjunto de órgãos que ção das atividades administrativas, o exercício do serviço público
estão integrados na sua estrutura. poderá ser por:
Outra característica marcante da Administração Direta é que Centralização: Quando a execução do serviço estiver sendo
não possuem personalidade jurídica, pois não podem contrair direi- feita pela Administração direta do Estado, ou seja, utilizando-se do
tos e assumir obrigações, haja vista que estes pertencem a pessoa conjunto orgânico estatal para atingir as demandas da sociedade.
política (União, Estado, Distrito Federal e Municípios). (ex.: Secretarias, Ministérios, departamentos etc.).
A Administração direta não possui capacidade postulatória, ou Dessa forma, o ente federativo será tanto o titular como o pres-
seja, não pode ingressar como autor ou réu em relação processual. tador do serviço público, o próprio estado é quem centraliza a exe-
Exemplo: Servidor público estadual lotado na Secretaria da Fazenda cução da atividade.
que pretende interpor ação judicial pugnando o recebimento de al- Descentralização: Quando estiver sendo feita por terceiros que
guma vantagem pecuniária. Ele não irá propor a demanda em face não se confundem com a Administração direta do Estado. Esses ter-
da Secretaria, mas sim em desfavor do Estado que é a pessoa polí- ceiros poderão estar dentro ou fora da Administração Pública (são
tica dotada de personalidade jurídica com capacidade postulatória sujeitos de direito distinto e autônomo).
para compor a demanda judicial. Se os sujeitos que executarão a atividade estatal estiverem vin-
culadas a estrutura centra da Administração Pública, poderão ser
Administração Indireta autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de econo-
São integrantes da Administração indireta as fundações, as au- mia mista (Administração indireta do Estado). Se estiverem fora da
tarquias, as empresas públicas e as sociedades de economia mista. Administração, serão particulares e poderão ser concessionários,
permissionários ou autorizados.
DECRETO-LEI 200/67 Assim, descentralizar é repassar a execução de das atividades
administrativas de uma pessoa para outra, não havendo hierarquia.
Art. 4° A Administração Federal compreende: Pode-se concluir que é a forma de atuação indireta do Estado por
[...] meio de sujeitos distintos da figura estatal
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes ca- Desconcentração: Mera técnica administrativa que o Estado
tegorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: utiliza para a distribuição interna de competências ou encargos de
a) Autarquias; sua alçada, para decidir de forma desconcentrada os assuntos que
b) Empresas Públicas; lhe são competentes, dada a multiplicidade de demandas e interes-
c) Sociedades de Economia Mista. ses coletivos.
d) fundações públicas. Ocorre desconcentração administrativa quando uma pessoa
Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administra- política ou uma entidade da administração indireta distribui com-
ção Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência petências no âmbito de sua própria estrutura a fim de tornar mais
estiver enquadrada sua principal atividade. ágil e eficiente a prestação dos serviços.
Desconcentração envolve, obrigatoriamente, uma só pessoa
Essas quatro pessoas ou entidades administrativas são criadas jurídica, pois ocorre no âmbito da mesma entidade administrativa.
para a execução de atividades de forma descentralizada, seja para Surge relação de hierarquia de subordinação entre os órgãos
a prestação de serviços públicos ou para a exploração de atividades dela resultantes. No âmbito das entidades desconcentradas temos
econômicas, com o objetivo de aumentar o grau de especialidade controle hierárquico, o qual compreende os poderes de comando,
e eficiência da prestação do serviço público. Têm característica de fiscalização, revisão, punição, solução de conflitos de competência,
autonomia na parte administrativa e financeira delegação e avocação.

O Poder Público só poderá explorar atividade econômica a títu- Diferença entre Descentralização e Desconcentração
lo de exceção em duas situações previstas na CF/88, no seu art. 173: As duas figuras técnicas de organização administrativa do Esta-
- Para fazer frente à uma situação de relevante interesse cole- do não podem ser confundidas tendo em vista que possuem con-
tivo; ceitos completamente distintos.
- Para fazer frente à uma situação de segurança nacional. A Descentralização pressupõe, por sua natureza, a existência
de pessoas jurídicas diversas sendo:
a) o ente público que originariamente tem a titularidade sobre
a execução de certa atividade, e;
b) pessoas/entidades administrativas ou particulares as quais
foi atribuído o desempenho da atividade em questão.

363
DIREITO ADMINISTRATIVO
Importante ressaltar que dessa relação de descentralização não Neste contexto, vemos que os órgãos são centros de compe-
há que se falar em vínculo hierárquico entre a Administração Cen- tência instituídos para praticar atos e implementar políticas por in-
tral e a pessoa descentralizada, mantendo, no entanto, o controle termédio de seus agentes, cuja conduta é imputada à pessoa jurídi-
sobre a execução das atividades que estão sendo desempenhadas. ca. Esse é o conceito administrativo de órgão. É sempre um centro
Por sua vez, a desconcentração está sempre referida a uma úni- de competência, que decorre de um processo de desconcentração
ca pessoa, pois a distribuição de competência se dará internamen- dentro da Administração Pública.
te, mantendo a particularidade da hierarquia.
Capacidade Processual dos Órgãos Públicos
CRIAÇÃO, EXTINÇÃO E CAPACIDADE PROCESSUAL DOS ÓR- Como visto, órgão público pode ser definido como uma unida-
GÃOS PÚBLICOS de que congrega atribuições exercidas pelos agentes públicos que o
integram com o objetivo de expressar a vontade do Estado.
Conceito: Na realidade, o órgão não se confunde com a pessoa jurídica,
Órgãos Públicos, de acordo com a definição do jurista adminis- embora seja uma de suas partes integrantes; a pessoa jurídica é o
trativo Celso Antônio Bandeira de Mello “são unidade abstratas que todo, enquanto os órgãos são parcelas integrantes do todo.
sintetizam os vários círculos de atribuição do Estado.” O órgão também não se confunde com a pessoa física, o agente
Por serem caracterizados pela abstração, não tem nem vonta- público, porque congrega funções que este vai exercer. Conforme
de e nem ação próprias, sendo os órgão públicos não passando de estabelece o artigo 1º, § 2º, inciso I, da Lei nº 9.784/99, que disci-
mera repartição de atribuições, assim entendidos como uma uni- plina o processo administrativo no âmbito da Administração Públi-
dade que congrega atribuições exercidas por seres que o integram ca Federal, órgão é “a unidade de atuação integrante da estrutura
com o objetivo de expressar a vontade do Estado. da Administração direta e da estrutura da Administração indireta”.
Desta forma, para que sejam empoderados de dinamismo e Isto equivale a dizer que o órgão não tem personalidade jurídica
ação os órgãos públicos necessitam da atuação de seres físicos, su- própria, já que integra a estrutura da Administração Direta, ao con-
jeitos que ocupam espaço de competência no interior dos órgãos trário da entidade, que constitui “unidade de atuação dotada de
para declararem a vontade estatal, denominados agentes públicos. personalidade jurídica” (inciso II do mesmo dispositivo); é o caso
das entidades da Administração Indireta (autarquias, fundações,
Criação e extinção empresas públicas e sociedades de economia mista).
A criação e a extinção dos órgãos públicos ocorre por meio de Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello, os órgãos:
lei, conforme se extrai da leitura conjugada dos arts. 48, XI, e 84, “nada mais significam que círculos de atribuições, os feixes indivi-
VI, a, da Constituição Federal, com alteração pela EC n.º 32/2001.6 duais de poderes funcionais repartidos no interior da personalidade
Em regra, a iniciativa para o projeto de lei de criação dos órgãos estatal e expressados através dos agentes neles providos”.
públicos é do Chefe do Executivo, na forma do art. 61, § 1.º, II da Embora os órgãos não tenham personalidade jurídica, eles
Constituição Federal. podem ser dotados de capacidade processual. A doutrina e a ju-
“Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe risprudência têm reconhecido essa capacidade a determinados ór-
a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do gãos públicos, para defesa de suas prerrogativas.
Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da Re- Nas palavras de Hely Lopes Meirelles, “embora despersonaliza-
pública, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao dos, os órgãos mantêm relações funcionais entre si e com terceiros,
Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos das quais resultam efeitos jurídicos internos e externos, na forma
previstos nesta Constituição. legal ou regulamentar. E, a despeito de não terem personalidade
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as jurídica, os órgãos podem ter prerrogativas funcionais próprias que,
leis que: quando infringidas por outro órgão, admitem defesa até mesmo
[...] por mandado de segurança”.
Por sua vez, José dos Santos Carvalho Filho, depois de lem-
II - disponham sobre: brar que a regra geral é a de que o órgão não pode ter capacida-
[...] de processual, acrescenta que “de algum tempo para cá, todavia,
tem evoluído a ideia de conferir capacidade a órgãos públicos para
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração certos tipos de litígio. Um desses casos é o da impetração de man-
pública, observado o disposto no art. 84, VI; dado de segurança por órgãos públicos de natureza constitucional,
quando se trata da defesa de sua competência, violada por ato de
Entretanto, em alguns casos, a iniciativa legislativa é atribuída, outro órgão”. Admitindo a possibilidade do órgão figurar como par-
pelo texto constitucional, a outros agentes públicos, como ocorre, te processual.
por exemplo, em relação aos órgãos do Poder Judiciário (art. 96, II, Desta feita é inafastável a conclusão de que órgãos públicos
c e d, da Constituição Federal) e do Ministério Público (127, § 2.º), possuem personalidade judiciária. Mais do que isso, é lícito dizer
cuja iniciativa pertence aos representantes daquelas instituições. que os órgãos possuem capacidade processual (isto é, legitimidade
Trata-se do princípio da reserva legal aplicável às técnicas de para estar em juízo), inclusive mediante procuradoria própria,
organização administrativa (desconcentração para órgãos públicos Ainda por meio de construção jurisprudencial, acompanhando
e descentralização para pessoas físicas ou jurídicas). a evolução jurídica neste aspecto tem reconhecido capacidade pro-
cessual a órgãos públicos, como Câmaras Municipais, Assembleias
Atualmente, no entanto, não é exigida lei para tratar da orga- Legislativas, Tribunal de Contas. Mas a competência é reconhecida
nização e do funcionamento dos órgãos públicos, já que tal matéria apenas para defesa das prerrogativas do órgão e não para atuação
pode ser estabelecida por meio de decreto do Chefe do Executivo. em nome da pessoa jurídica em que se integram.
De forma excepcional, a criação de órgãos públicos poderá ser
instrumentalizada por ato administrativo, tal como ocorre na insti-
tuição de órgãos no Poder Legislativo, na forma dos arts. 51, IV, e
52, XIII, da Constituição Federal.

364
DIREITO ADMINISTRATIVO
PESSOAS ADMINISTRATIVAS Pessoal: em conformidade com o que estabelece o artigo 39
da Constituição, em sua redação vigente, as pessoas federativas
Pessoas Políticas (União, Estados, DF e Municípios) ficaram com a obrigação de insti-
tuir, no âmbito de sua organização, regime jurídico único para todos
Autarquias os servidores da administração direta, das autarquias e das funda-
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público criadas ções públicas.
por lei para a prestação de serviços públicos e executar as ativida- Controle Judicial: as autarquias, por serem dotadas de persona-
des típicas da Administração Pública, contando com capital exclusi- lidade jurídica de direito público, podem praticar atos administrati-
vamente público. vos típicos e atos de direito privado (atípicos), sendo este último,
O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as autarquias: controlados pelo judiciário, por vias comuns adotadas na legislação
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: processual, tal como ocorre com os atos jurídicos normais pratica-
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com perso- dos por particulares.
nalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar ati- Foro dos litígios judiciais: a fixação da competência varia de
vidades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu acordo com o nível federativo da autarquia, por exemplo, os litígios
melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descen- comuns, onde as autarquias federais figuram como autoras, rés, as-
tralizada. sistentes ou oponentes, têm suas causas processadas e julgadas na
Justiça Federal, o mesmo foro apropriado para processar e julgar
As autarquias são regidas integralmente por regras de direito mandados de segurança contra agentes autárquicos.
público, podendo, tão-somente, serem prestadoras de serviços e Quanto às autarquias estaduais e municipais, os processos em
contando com capital oriundo da Administração Direta (ex.: IN- que encontramos como partes ou intervenientes terão seu curso na
CRA, INSS, DNER, Banco Central etc.). Justiça Estadual comum, sendo o juízo indicado pelas disposições
da lei estadual de divisão e organização judiciárias.
Características: Temos como principais características das au- Nos litígios decorrentes da relação de trabalho, o regime po-
tarquias: derá ser estatutário ou trabalhista. Sendo estatutário, o litígio será
- Criação por lei: é exigência que vem desde o Decreto-lei nº 6 de natureza comum, as eventuais demandas deverão ser processa-
016/43, repetindo-se no Decreto-lei nº 200/67 e no artigo 37, XIX, das e julgadas nos juízos fazendários. Porém, se o litígio decorrer
da Constituição; de contrato de trabalho firmado entre a autarquia e o servidor, a
- Personalidade jurídica pública: ela é titular de direitos e obri- natureza será de litígio trabalhista (sentido estrito), devendo ser re-
gações próprios, distintos daqueles pertencentes ao ente que a ins- solvido na Justiça do Trabalho, seja a autarquia federal, estadual ou
tituiu: sendo pública, submete-se a regime jurídico de direito públi- municipal.
co, quanto à criação, extinção, poderes, prerrogativas, privilégios, Responsabilidade civil: prevê a Constituição Federal que as pes-
sujeições; soas jurídicas de direito público respondem pelos danos que seus
- Capacidade de autoadministração: não tem poder de criar o agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
próprio direito, mas apenas a capacidade de se auto administrar a A regra contida no referido dispositivo, consagra a teoria da
respeito das matérias especificas que lhes foram destinadas pela responsabilidade objetiva do Estado, aquela que independe da in-
pessoa pública política que lhes deu vida. A outorga de patrimônio vestigação sobre a culpa na conduta do agente.
próprio é necessária, sem a qual a capacidade de autoadministra- Prerrogativas autárquicas: as autarquias possuem algumas
ção não existiria. prerrogativas de direito público, sendo elas:
Pode-se compreender que ela possui dirigentes e patrimônio - Imunidade tributária: previsto no art. 150, § 2 º, da CF, veda
próprios. a instituição de impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços
- Especialização dos fins ou atividades: coloca a autarquia entre das autarquias, desde que vinculados às suas finalidades essenciais
as formas de descentralização administrativa por serviços ou fun- ou às que delas decorram. Podemos, assim, dizer que a imunidade
cional, distinguindo-a da descentralização territorial; o princípio da para as autarquias tem natureza condicionada.
especialização impede de exercer atividades diversas daquelas para - Impenhorabilidade de seus bens e de suas rendas: não pode
as quais foram instituídas; e ser usado o instrumento coercitivo da penhora como garantia do
- Sujeição a controle ou tutela: é indispensável para que a au- credor.
tarquia não se desvie de seus fins institucionais. - Imprescritibilidade de seus bens: caracterizando-se como
- Liberdade Financeira: as autarquias possuem verbas próprias bens públicos, não podem ser eles adquiridos por terceiros através
(surgem como resultado dos serviços que presta) e verbas orça- de usucapião.
mentárias (são aquelas decorrentes do orçamento). Terão liberdade - Prescrição quinquenal: dívidas e direitos em favor de terceiros
para manejar as verbas que recebem como acharem conveniente, contra autarquias prescrevem em 5 anos.
dentro dos limites da lei que as criou. - Créditos sujeitos à execução fiscal: os créditos autárquicos são
- Liberdade Administrativa: as autarquias têm liberdade para inscritos como dívida ativa e podem ser cobrados pelo processo es-
desenvolver os seus serviços como acharem mais conveniente pecial das execuções fiscais.
(comprar material, contratar pessoal etc.), dentro dos limites da lei Contratos: os contratos celebrados pelas autarquias são de
que as criou. caráter administrativo e possuem as cláusulas exorbitantes, que
garantem à administração prerrogativas que o contratado comum
Patrimônio: as autarquias são constituídas por bens públicos, não tem, assim, dependem de prévia licitação, exceto nos casos de
conforme dispõe o artigo 98, Código Civil e têm as seguintes carac- dispensa ou inexigibilidade e precisam respeitar os trâmites da lei
terísticas: 8.666/1993, além da lei 10.520/2002, que institui a modalidade lici-
a) São alienáveis tatória do pregão para os entes públicos.
b) impenhoráveis;
c) imprescritíveis
d) não oneráveis.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Isto acontece pelo fato de que por terem qualidade de pessoas Como já estudado, a empresa pública será prestadora de ser-
jurídicas de direito público, as entidades autárquicas relacionam-se viços públicos ou exploradora de atividade econômica. A CF/88
com os particulares com grau de supremacia, gozando de todas as somente admite a empresa pública para exploração de atividade
prerrogativas estatais. econômica em duas situações (art. 173 da CF/88):
- Fazer frente a uma situação de segurança nacional;
Empresas Públicas - Fazer frente a uma situação de relevante interesse coletivo:
Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado, e
tem sua criação por meio de autorização legal, isso significa dizer A empresa pública deve obedecer aos princípios da ordem
que não são criadas por lei, mas dependem de autorização legis- econômica, visto que concorre com a iniciativa privada. Quando o
lativa. Estado explora, portanto, atividade econômica por intermédio de
O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as empresas públicas: uma empresa pública, não poderão ser conferidas a ela vantagens
e prerrogativas diversas das da iniciativa privada (princípio da livre
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: concorrência).
[...] Cabe ressaltar que as Empresas Públicas são fiscalizadas pelo
Ministério Público, a fim de saber se está sendo cumprido o acor-
II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurí- dado.
dica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo
da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica Sociedades de Economia Mista
que o Governo seja levado a exercer por fôrça de contingência ou As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de
de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das Direito Privado, integrante da Administração Pública Indireta, sua
formas admitidas em direito. criação autorizada por lei, criadas para a prestação de serviços pú-
blicos ou para a exploração de atividade econômica, contando com
As empresas públicas têm seu próprio patrimônio e seu capital capital misto e constituídas somente sob a forma empresarial de
é integralmente detido pela União, Estados, Municípios ou pelo Dis- S/A (Sociedade Anônima).
trito Federal, podendo contar com a participação de outras pessoas O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as empresas públicas:
jurídicas de direito público, ou também pelas entidades da admi-
nistração indireta de qualquer das três esferas de governo, porém, Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
a maioria do capital deve ser de propriedade da União, Estados, [...]
Municípios ou do Distrito Federal.
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de perso-
Foro Competente nalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração
A Justiça Federal julga as empresas públicas federais, enquanto de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas
a Justiça Estadual julga as empresas públicas estaduais, distritais e ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a
municipais. entidade da Administração Indireta.

Objetivo As sociedades de economia mista são:


É a exploração de atividade econômica de produção ou comer- - Pessoas jurídicas de Direito Privado.
cialização de bens ou de prestação de serviços, ainda que a ativida- - Exploradoras de atividade econômica ou prestadoras de ser-
de econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou viços públicos.
preste serviço público. - Empresas de capital misto.
- Constituídas sob forma empresarial de S/A.
Regime Jurídico
Se a empresa pública é prestadora de serviços públicos, por Veja alguns exemplos de sociedade mista:
consequência está submetida a regime jurídico público. Se a empre- a). Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil.
sa pública é exploradora de atividade econômica, estará submetida b) Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, Metrô,
a regime jurídico privado igual ao da iniciativa privada. entre outras

As empresas públicas, independentemente da personalidade Características


jurídica, têm as seguintes características: As sociedades de economia mista têm as seguintes caracterís-
- Liberdade financeira: Têm verbas próprias, mas também são ticas:
contempladas com verbas orçamentárias; - Liberdade financeira;
- Liberdade administrativa: Têm liberdade para contratar e de- - Liberdade administrativa;
mitir pessoas, devendo seguir as regras da CF/88. Para contratar, - Dirigentes próprios;
deverão abrir concurso público; para demitir, deverá haver moti- - Patrimônio próprio.
vação.
Não existe hierarquia ou subordinação entre as sociedades de
Não existe hierarquia ou subordinação entre as empresas pú- economia mista e a Administração Direta, independentemente da
blicas e a Administração Direta, independentemente de sua fun- função dessas sociedades. No entanto, é possível o controle de le-
ção. Poderá a Administração Direta fazer controle de legalidade e galidade. Se os atos estão dentro dos limites da lei, as sociedades
finalidade dos atos das empresas públicas, visto que estas estão não estão subordinadas à Administração Direta, mas sim à lei que
vinculadas àquela. Só é possível, portanto, controle de legalidade as autorizou.
finalístico.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
As sociedades de economia mista integram a Administração As fundações são dotadas dos mesmos privilégios que a Admi-
Indireta e todas as pessoas que a integram precisam de lei para au- nistração direta, tanto na área tributária (ex.: imunidade prevista no
torizar sua criação, sendo que elas serão legalizadas por meio do art. 150 da CF/88), quanto na área processual (ex.: prazo em dobro).
registro de seus estatutos. As fundações respondem pelas obrigações contraídas junto a
A lei, portanto, não cria, somente autoriza a criação das so- terceiros. A responsabilidade da Administração é de caráter subsi-
ciedades de economia mista, ou seja, independentemente das ati- diário, independente de sua personalidade.
vidades que desenvolvam, a lei somente autorizará a criação das As fundações governamentais têm patrimônio público. Se ex-
sociedades de economia mista. tinta, o patrimônio vai para a Administração indireta, submetendo-
A Sociedade de economia mista, quando explora atividade eco- -se as fundações à ação popular e mandado de segurança. As par-
nômica, submete-se ao mesmo regime jurídico das empresas pri- ticulares, por possuírem patrimônio particular, não se submetem
vadas, inclusive as comerciais. Logo, a sociedade mista que explora à ação popular e mandado de segurança, sendo estas fundações
atividade econômica submete-se ao regime falimentar. Sociedade fiscalizadas pelo Ministério Público.
de economia mista prestadora de serviço público não se submete
ao regime falimentar, visto que não está sob regime de livre con- DELEGAÇÃO SOCIAL
corrência.
Organizações sociais
Fundações e Outras Entidades Privadas Delegatárias. Criada pela Lei n. 9.637/98, organização social é uma qualifica-
Fundação é uma pessoa jurídica composta por um patrimônio ção especial outorgada pelo governo federal a entidades da inicia-
personalizado, destacado pelo seu instituidor para atingir uma fina- tiva privada, sem fins lucrativos, cuja outorga autoriza a fruição de
lidade específica. As fundações poderão ser tanto de direito público vantagens peculiares, como isenções fiscais, destinação de recursos
quanto de direito privado. São criadas por meio de por lei específica orçamentários, repasse de bens públicos, bem como empréstimo
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de temporário de servidores governamentais.
sua atuação. As áreas de atuação das organizações sociais são ensino, pes-
Decreto-lei 200/67 assim definiu as Fundações Públicas. quisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preserva-
ção do meio ambiente, cultura e saúde. Desempenham, portanto,
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: atividades de interesse público, mas que não se caracterizam como
[... serviços públicos stricto sensu, razão pela qual é incorreto afirmar
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade ju- que as organizações sociais são concessionárias ou permissionárias.
rídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de Nos termos do art. 2º da Lei n. 9.637/98, a outorga da qualifica-
autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que ção constitui decisão discricionária, pois, além da entidade preen-
não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, cher os requisitos exigidos na lei, o inciso II do referido dispositi-
com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos vo condiciona a atribuição do título a “haver aprovação, quanto à
respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recur- conveniência e oportunidade de sua qualificação como organização
sos da União e de outras fontes. social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da
área de atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro
Apesar da legislação estabelecer que as fundações públicas são de Estado da Administração Federal e Reforma do Estado”. Assim,
dotadas de personalidade jurídica de direito privado, a doutrina ad- as entidades que preencherem os requisitos legais possuem sim-
ministrativa admite a adoção de regime jurídico de direito público ples expectativa de direito à obtenção da qualificação, nunca direito
a algumas fundações. adquirido.
As fundações que integram a Administração indireta, quando Evidentemente, o caráter discricionário dessa decisão, permi-
forem dotadas de personalidade de direito público, serão regidas tindo outorgar a qualificação a uma entidade e negar a outro que
integralmente por regras de Direito Público. Quando forem dotadas igualmente atendeu aos requisitos legais, viola o princípio da iso-
de personalidade de direito privado, serão regidas por regras de di- nomia, devendo-se considerar inconstitucional o art. 2º, II, da Lei
reito público e direito privado, dada sua relevância para o interesse n. 9.637/98.
coletivo. Na verdade, as organizações sociais representam uma espécie
O patrimônio da fundação pública é destacado pela Adminis- de parceria entre a Administração e a iniciativa privada, exercen-
tração direta, que é o instituidor para definir a finalidade pública. do atividades que, antes da Emenda 19/98, eram desempenhadas
Como exemplo de fundações, temos: IBGE (Instituto Brasileiro Geo- por entidades públicas. Por isso, seu surgimento no Direito Brasi-
gráfico Estatístico); Universidade de Brasília; Fundação CASA; FU- leiro está relacionado com um processo de privatização lato sensu
NAI; Fundação Padre Anchieta (TV Cultura), entre outras. realizado por meio da abertura de atividades públicas à iniciativa
privada.
Características: O instrumento de formalização da parceria entre a Administra-
- Liberdade financeira; ção e a organização social é o contrato de gestão, cuja aprovação
- Liberdade administrativa; deve ser submetida ao Ministro de Estado ou outra autoridade su-
- Dirigentes próprios; pervisora da área de atuação da entidade.
- Patrimônio próprio: O contrato de gestão discriminará as atribuições, responsabi-
lidades e obrigações do Poder Público e da organização social, de-
As fundações governamentais, sejam de personalidade de di- vendo obrigatoriamente observar os seguintes preceitos:
reito público, sejam de direito privado, integram a Administração I - especificação do programa de trabalho proposto pela organi-
Pública. Importante esclarecer que não existe hierarquia ou subor- zação social, a estipulação das metas a serem atingidas e os respec-
dinação entre a fundação e a Administração direta. O que existe é tivos prazos de execução, bem como previsão expressa dos critérios
um controle de legalidade, um controle finalístico. objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, median-
te indicadores de qualidade e produtividade;

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DIREITO ADMINISTRATIVO
II - a estipulação dos limites e critérios para despesa com re- dores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, divi-
muneração e vantagens de qualquer natureza a serem percebidas dendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio,
pelos dirigentes e empregados das organizações sociais, no exercí- auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica
cio de suas funções; integralmente na consecução do respectivo objeto social.
III - os Ministros de Estado ou autoridades supervisoras da área § 2o A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vincu-
de atuação da entidade devem definir as demais cláusulas dos con- lado ao cumprimento dos requisitos instituídos por esta Lei.
tratos de gestão de que sejam signatários. Art. 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações
A fiscalização do contrato de gestão será exercida pelo órgão ou da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de
entidade supervisora da área de atuação correspondente à ativida- qualquer forma às atividades descritas no art. 3o desta Lei:
de fomentada, devendo a organização social apresentar, ao término I - as sociedades comerciais;
de cada exercício, relatório de cumprimento das metas fixadas no II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação
contrato de gestão. de categoria profissional;
Se descumpridas as metas previstas no contrato de gestão, o III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação
Poder Executivo poderá proceder à desqualificação da entidade de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;
como organização social, desde que precedida de processo admi- IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas
nistrativo com garantia de contraditório e ampla defesa. fundações;
Por fim, convém relembrar que o art. 24, XXIV, da Lei n. V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar
8.666/93 prevê hipótese de dispensa de licitação para a celebração bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;
de contratos de prestação de serviços com a s organizações sociais, VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saú-
qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para de e assemelhados;
atividades contempladas no contrato de gestão. Excessivamente VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas
abrangente, o art. 24, XXIV, da Lei n. 8.666/93, tem a sua consti- mantenedoras;
tucionalidade questionada perante o Supremo Tribunal Federal na VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gra-
ADIn 1.923/98. Recentemente, foi indeferida a medida cautelar que tuito e suas mantenedoras;
suspendia a eficácia da norma, de modo que o dispositivo voltou a IX - as organizações sociais;
ser aplicável. X - as cooperativas;
XI - as fundações públicas;
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito
As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, popu- privado criadas por órgão público ou por fundações públicas;
larmente denominadas OSCIP é um título fornecido pelo Ministério XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de
da Justiça do Brasil, cuja finalidade é facilitar a viabilidade de parce- vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art.
rias e convênios com todos os níveis de governo e órgãos públicos 192 da Constituição Federal.
(federal, estadual e municipal). Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, observado em
OSCIPs são ONGs criadas por iniciativa privada, que obtêm um qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no res-
certificado emitido pelo poder público federal ao comprovar o cum- pectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferi-
primento de certos requisitos, especialmente aqueles derivados de da às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos
normas de transparência administrativas. Em contrapartida, podem objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:
celebrar com o poder público os chamados termos de parceria, que I - promoção da assistência social;
são uma alternativa interessante aos convênios para ter maior agili- II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio
dade e razoabilidade em prestar contas. histórico e artístico;
Uma ONG (Organização Não-Governamental), essencialmente III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma
é uma OSCIP, no sentido representativo da sociedade, OSCIP é uma complementar de participação das organizações de que trata esta
qualificação dada pelo Ministério da Justiça no Brasil. Lei;
A lei que regula as OSCIPs é a nº 9.790/1999. Esta lei traz a IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma com-
possibilidade das pessoas jurídicas (grupos de pessoas ou profissio- plementar de participação das organizações de que trata esta Lei;
nais) de direito privado sem fins lucrativos serem qualificadas, pelo V - promoção da segurança alimentar e nutricional;
Poder Público, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e pro-
Público - OSCIPs e poderem com ele relacionar-se por meio de par- moção do desenvolvimento sustentável;
ceria, desde que os seus objetivos sociais e as normas estatutárias VII - promoção do voluntariado;
atendam os requisitos da lei. VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e com-
Um grupo privado recebe a qualificação de OSCIP depois que o bate à pobreza;
estatuto da instituição, que se pretende formar, tenha sido analisa- IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-
do e aprovado pelo Ministério da Justiça. Para tanto, é necessário -produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, em-
que o estatuto atenda a certos pré-requisitos que estão descritos prego e crédito;
nos artigos 1º, 2º, 3º e 4º da Lei nº 9.790/1999. Vejamos: X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos di-
Art. 1º Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade reitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado sem XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos hu-
fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em manos, da democracia e de outros valores universais;
funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias al-
respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos re- ternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos
quisitos instituídos por esta Lei. técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas
§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos neste artigo.
a pessoa jurídica de direito privado que não distribui, entre os seus
sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doa-

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DIREITO ADMINISTRATIVO
XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibi- Em geral, o poder público sente-se muito à vontade para se
lização e a implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de relacionar com esse tipo de instituição, porque divide com a socie-
pessoas, por qualquer meio de transporte. dade civil o encargo de fiscalizar o fluxo de recursos públicos em
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às ati- parcerias.
vidades nele previstas configura-se mediante a execução direta de A OSCIP, portanto, é uma organização da sociedade civil que,
projetos, programas, planos de ações correlatas, por meio da doa- em parceria com o poder público, utilizará também recursos públi-
ção de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela presta- cos para suas finalidades, dividindo dessa forma o encargo adminis-
ção de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem trativo e de prestação de contas.
fins lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins.
Art. 4o Atendido o disposto no art. 3o, exige-se ainda, para Entidades de utilidade pública
qualificarem-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Figuram ainda como entidades privadas de utilidade pública:
Público, que as pessoas jurídicas interessadas sejam regidas por es-
tatutos cujas normas expressamente disponham sobre: Serviços sociais autônomos
I - a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, São pessoas jurídicas de direito privado, criados por intermé-
moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência; dio de autorização legislativa. Tratam-se de entes paraestatais de
II - a adoção de práticas de gestão administrativa, necessárias cooperação com o Poder Público, possuindo administração e patri-
e suficientes a coibir a obtenção, de forma individual ou coletiva, de mônio próprios.
benefícios ou vantagens pessoais, em decorrência da participação Para ficar mais fácil de compreender, basta pensar no sistema
no respectivo processo decisório; “S”, cujo o qual resulta do fato destas entidades ligarem-se à es-
III - a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dota- trutura sindical e terem sua denominação iniciada com a letra “S”
do de competência para opinar sobre os relatórios de desempenho – SERVIÇO.
financeiro e contábil, e sobre as operações patrimoniais realizadas, Integram o Sistema “S:” SESI, SESC, SENAC, SEST, SENAI, SENAR
emitindo pareceres para os organismos superiores da entidade; e SEBRAE.
IV - a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o Estas entidades visam ministrar assistência ou ensino a algu-
respectivo patrimônio líquido será transferido a outra pessoa jurídi- mas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins lucrativos.
ca qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que tenha o São mantidas por dotações orçamentárias e até mesmo por contri-
mesmo objeto social da extinta; buições parafiscais.
V - a previsão de que, na hipótese de a pessoa jurídica perder a Ainda que sejam oficializadas pelo Estado, não são partes inte-
qualificação instituída por esta Lei, o respectivo acervo patrimonial grantes da Administração direta ou indireta, porém trabalham ao
disponível, adquirido com recursos públicos durante o período em lado do Estado, seja cooperando com os diversos setores as ativida-
que perdurou aquela qualificação, será transferido a outra pessoa des e serviços que lhes são repassados.
jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que te-
nha o mesmo objeto social; Entidades de Apoio
VI - a possibilidade de se instituir remuneração para os diri- As entidades de apoio fazem parte do Terceiro Setor e são pes-
gentes da entidade que atuem efetivamente na gestão executiva soas jurídicas de direito privado, criados por servidores públicos
e para aqueles que a ela prestam serviços específicos, respeitados, para a prestação de serviços sociais não exclusivos do Estado, pos-
em ambos os casos, os valores praticados pelo mercado, na região suindo vínculo jurídico com a Administração direta e indireta.
correspondente a sua área de atuação; Atualmente são prestadas no Brasil através dos serviços de lim-
VII - as normas de prestação de contas a serem observadas pela peza, conservação, concursos vestibulares, assistência técnica de
entidade, que determinarão, no mínimo: equipamentos, administração em restaurantes e hospitais univer-
a) a observância dos princípios fundamentais de contabilidade sitários.
e das Normas Brasileiras de Contabilidade; O bom motivo da criação das entidades de apoio é a eficiência
b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no encerra- na utilização desses entes. Através delas, convênios são firmados
mento do exercício fiscal, ao relatório de atividades e das demons- com a Administração Pública, de modo muito semelhante com a
trações financeiras da entidade, incluindo-se as certidões negativas celebração de um contrato
de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para
exame de qualquer cidadão; Associações Públicas
c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos Tratam-se de pessoas jurídicas de direito público, criadas por
independentes se for o caso, da aplicação dos eventuais recursos meio da celebração de um consórcio público com entidades fede-
objeto do termo de parceria conforme previsto em regulamento; rativas.
d) a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem Quando as entidades federativas fazem um consórcio público,
pública recebidos pelas Organizações da Sociedade Civil de Interes- elas terão a faculdade de decidir se essa nova pessoa criada será de
se Público será feita conforme determina o parágrafo único do art. direito privado ou de direito público. Caso se trate de direito públi-
70 da Constituição Federal. co, caracterizar-se-á como Associação Pública. No caso de direito
Parágrafo único. É permitida a participação de servidores pú- privado, não se tem um nome específico.
blicos na composição de conselho ou diretoria de Organização da A finalidade da associação pública é estabelecer finalidades
Sociedade Civil de Interesse Público. de interesse comum entre as entidades federativas, estabelecendo
uma meta a ser atingida.
Pode-se dizer que as OSCIPs são o reconhecimento oficial e le- Faz parte da administração indireta de todas as entidades fede-
gal mais próximo do que modernamente se entende por ONG, es- rativas consorciadas.
pecialmente porque são marcadas por uma extrema transparência
administrativa. Contudo ser uma OSCIP é uma opção institucional,
não uma obrigação.

369
DIREITO ADMINISTRATIVO
Conselhos Profissionais Vamos analisar cada uma dessas categorias:
Trata-se de entidades que são destinadas ao controle e fiscali- a) Agentes políticos: agentes políticos exercem uma função
zação de algumas profissões regulamentadas. Eis que tem-se uma pública de alta direção do Estado. São os que ocupam lugar de co-
grande controvérsia, quanto à sua natureza jurídica. mando e chefia de cada um dos Poderes (Executivo, Legislativo e
O STF considera que como se trata de função típica do Estado, Judiciário). São titulares dos cargos estruturais à organização polí-
o controle e fiscalização do exercício de atividades profissionais não tica do País.
poderia ser delegado a entidades privadas, em decorrência disso, Ingressam em regra, por meio de eleições, desempenhando
chegou-se ao entendimento que os conselhos profissionais pos- mandatos fixos e quando termina o mandato a relação com o Esta-
suem natureza autárquica. do também termina automaticamente.
Assim, não estamos diante de entes de colaboraçao, mas sim A vinculação dos agentes políticos com o aparelho governa-
de pessoas jurídicas de direito público. mental não é profissional, mas institucional e estatutária.
Os agentes políticos serão remunerados exclusivamente por
Fazendo-se um comparativo, a Constituição Federal não admite subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer
que esses conselhos tenham personalidade jurídica de direito pri- gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou
vado, gozando de prerrogativas que são conferidas ao Estado. Os outra espécie remuneratória.
conselhos profissionais com natureza autárquica é uma forma de
descentralizar a atividade administrativa que não pode mais ser de- b) Servidores Públicos: são as pessoas que executam serviços
legada a associações profissionais de caráter privado. ao Estado e também às entidades da Administração Pública direta e
indireta (sentido amplo). Os servidores têm vínculo empregatício e
sua remuneração é paga pelos cofres públicos.
AGENTES PÚBLICOS: ESPÉCIES Também chamados de servidores estatais engloba todos aque-
les que mantêm com o Estado relação de trabalho de natureza pro-
CONCEITO fissional, de caráter não eventual e sob o vínculo de dependência.
Em seu conceito mais amplo Agente Público é a pessoa física Servidores públicos podem ser:
que presta serviços às Pessoas Jurídicas da Administração Pública - estatutários: são os ocupantes de CARGOS PÚBLICOS e estão
Direta ou Indireta, também são aqueles que exercem função públi- sob o regime estatutário. Quando nomeados, ingressam numa si-
ca, seja qual for a modalidade (mesário, jurado, servidor público, tuação jurídica previamente definida, à qual se submetem com o
etc.).  ato da posse. Assim, não tem como modificar as normas vigentes
A Lei de Improbidade Administrativa (8.429/92) conceitua por meio de contrato entre o servidor e a Administração, mesmo
Agente Público: que com a concordância de ambos, por se tratar de normas de or-
“Artigo 2° - Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, dem pública. Não há contrato de trabalho entre os estatutários e a
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remu- Administração, tendo em vista sua natureza não contratual mas sim
neração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qual- regida por um estatuto jurídico condicionada ao termo de posse. 
quer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, empre- - empregados públicos: são ocupantes de empregos públicos
go ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior”. contratados sob o regime da CLT, com vínculo contratual, precisam
de aprovação em concurso público ou processo seletivo e sua de-
Para o jurista administrativo Celso Antonio Bandeira de Mello missão precisa ser motivada;
“...esta expressão – agentes públicos – é a mais ampla que se pode - temporários ou em regime especial: são os contratados por
conceber para designar genérica e indistintamente os sujeitos que tempo determinado, com base no artigo 37, IX, CF. Não ocupam
servem ao Poder Público como instrumentos expressivos de sua von- cargos ou empregos públicos e não exige aprovação em concurso
tade ou ação, ainda quando o façam apenas ocasional ou episodica- público, mas a Administração Pública deve respeitar os princípios
mente. Quem quer que desempenhe funções estatais, enquanto as constitucionais da impessoalidade e da moralidade, realizando um
exercita, é um agente público.” processo seletivo simplificado.
A denominação “agente público” é tratada como gênero das
diversas espécies que vinculam o indivíduo ao estado a partir da Para que tenha a contratação de temporários, se faz necessária
sua natureza jurídica. As espécies do agente público podem ser di- a existência de lei regulamentadora, com a previsão dos casos de
vididas como do qual são espécies os agentes políticos, servidores contratação, o prazo da contratação, a necessidade temporária e a
públicos (servidores estatais, empregado público, temporários e co- motivação do interesse público.
missionados), particulares em colaboração, agentes militares e os - cargos comissionados: são os de livre nomeação e exonera-
agentes de fato. ção, tem caráter provisório e se destina às atribuições de direção,
chefia e assessoramento. Os efetivos também podem ser comissio-
ESPÉCIES (CLASSIFICAÇÃO) nados. Ao servidor ocupante exclusivamente de cargo em comissão
Agentes públicos abrangem todas as demais categorias, sendo aplica-se o regime geral de previdência social previsto na Constitui-
que alguns deles fazem parte da estrutura administrativa do Estado, ção Federal, artigo 40, § 13.
seja em sua estrutura direta ou então na organização indireta.
Outros, no entanto, não compõe os quadros internos da admi- c) Agentes militares: são as pessoas físicas que prestam ser-
nistração Pública, isto é, são alheios ao aparelho estatal, permane- viços à Forças Armadas (Marinha, Aeronáutica, Exército - art. 142,
cendo externamente. caput, e § 3º, CF, Polícias Militares, Corpo de Bombeiros - art. 42,
CF).
Aqueles que compõem os quadros permanentes das forças
militares possuem vinculação estatutária, e não contratual, mas o
regime jurídico é disciplinado por legislação específica diversa da
aplicável aos servidores civis.

370
DIREITO ADMINISTRATIVO
Possui vínculo estatutário sujeito a regime jurídico próprio, me- a) Funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi-
diante remuneração paga pelos cofres públicos. dores ocupantes de cargo efetivo, e destinadas ás atribuições de
chefia, direção e assessoramento;
d) Particulares em colaboração / honoríficos: são prestadores b) Funções exercidas por contratados por tempo determinado
de serviços ao Estado sem vinculação permanente de emprego e para atender a necessidade temporária de excepcional interesse
sem remuneração. Essa categoria de agentes públicos pode ser público, nos termos da lei autorizadora, que deve advir de cada
prestada de diversas formas, segundo entendimento de Celso An- ente federado.
tônio Bandeira de Mello, se dá por:
- requisitados de serviço: como mesários e convocados para o REGIME JURÍDICO
serviço militar (conscritos); Regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de nor-
- gestores de negócios públicos: são particulares que assumem mas e princípios referentes a direitos, deveres e demais regras ju-
espontaneamente uma tarefa pública, em situações emergenciais, rídicas normas que regem a vida funcional do servidor. A lei que
quando o Estado não está presente para proteger o interesse pú- reúne estas regras é denominada de Estatuto e o regime jurídico
blico. passa a ser chamado de regime jurídico Estatutário.
- contratados por locação civil de serviços: é o caso, por exem- No âmbito de cada pessoa política - União, Estados, Distrito Fe-
plo, de jurista famoso contratado para emitir um parecer; deral e Municípios - há um Estatuto. A Lei nº 8.112 de 11/12/1990
- concessionários e permissionários: exercem função pública (por exemplo) estabeleceu que o regime jurídico Estatutário é o
por delegação estatal; aplicável aos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e
- delegados de função ou ofício público: é o caso dos titulares fundações públicas federais, ocupantes de cargos públicos.
de cartórios.
Provimento
e) Agentes de fato: é o particular que sem vínculo formal e le- Segundo Hely Lopes Meirelles, é o ato pelo qual se efetua o
gítimo com o Estado exerce função pública, acreditando estar de preenchimento do cargo público, com a designação de seu titular.
boa-fé e com o objetivo de atender o interesse público. Neste caso, Configura-se no ato de designação de um sujeito para titularizar
não há investidura prévia nos cargos, empregos e funções públicas.  cargo público Podendo ser:
Agente de fato putativo: é aquele que desempenha atividade a) originário ou inicial: quando o agente não possui vinculação
pública com a presunção de que tem legitimidade, mas há alguma anterior com a Administração Pública;
ILEGALIDADE em sua INVESTIDURA. É aquele servidor que toma b) derivado: pressupõe a existência de um vínculo com a Ad-
posse sem cumprir algum requisito do cargo. ministração. 
Agentes de fato necessário: são os que atuam em situações de
calamidade pública ou emergência.  Posse: é o ato pelo qual uma pessoa assume, de maneira efe-
tiva, o exercício das funções para que foi nomeada, designada ou
CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA eleita, ou seja, é sua investidura no cargo público. O ato da posse
Cargo, emprego e função pública são tipos de vínculos de tra- determina a concordância e a vontade do sujeito em entrar no exer-
balho na Administração Pública ocupadas por servidores públicos. cício, além de cumprir a exigência regulamentar. 
A Constituição Federal, em vários dispositivos, emprega os vocábu-
los cargo, emprego e função para designar realidades diversas, po- Exercício: é o momento em que o servidor dá início ao desem-
rém que existem paralelamente na Administração.  penho de suas atribuições de trabalho. A data do efetivo exercício
é considerada como o marco inicial para a produção de todos os
Cargo público: unidade de atribuições e competências funcio- efeitos jurídicos da vida funcional do servidor público e ainda para
nais. É o lugar dentro da organização funcional da Administração o início do período do estágio probatório, da contagem do tempo
Direta de suas autarquias e fundações públicas que, ocupado por de contribuição para aposentadoria, período aquisitivo para a per-
servidor público, submetidos ao regime estatuário. cepção de férias e outras vantagens remuneratórias.
Possui funções específicas e remuneração fixada em lei ou di- São formas de provimento: nomeação, promoção, readapta-
ploma a ela equivalente. Todo cargo tem uma função, porém, nem ção, reversão, aproveitamento, reintegração e recondução.
toda função pressupõe a existência de um cargo. a) Nomeação: é o único caso de provimento originário, já que o
Para Celso Antônio Bandeira de Mello são as mais simples e servidor dependerá da aprovação prévia em concurso público e não
indivisíveis unidades de competência a serem titularizadas por um possuirá relação anterior com o Estado;
agente. São criados por lei, previstos em número certo e com de- b) Promoção: é forma de provimento derivado (neste caso o
nominação própria. agente público já se encontra ocupando o cargo) onde o servidor
Com efeito, as várias competências previstas na Constituição passará a exercer um cargo mais elevado dentro da carreira exer-
para a União, Estados e Municípios são distribuídas entre seus res- cida.
pectivos órgãos, cada qual dispondo de determinado número de c) Readaptação: espécie de transferência efetuada com a finali-
cargos criados por lei, que lhes confere denominação própria, defi- dade de prover o servidor em outro cargo compatível com eventual
ne suas atribuições e fixa o padrão de vencimento ou remuneração. limitação de capacidade física ou mental, condicionada a inspeção
médica.
Empregos públicos: são núcleos de encargos de trabalho per- d) Reversão: trata-se do reingresso de servidor aposentado de
manentes a serem preenchidos por pessoas contratadas para de- seu ofício por não subsistirem mais as razões que lhe determinarão
sempenhá-los, sob relação jurídica trabalhista (CLT) de natureza a aposentadoria por invalidez.
contratual e somente podem ser criados por lei.  e) Aproveitamento: relaciona-se com a retomada do servidor
posto em disponibilidade (ato pelo qual se transfere o servidor à
Função pública: é a atividade em si mesma, é a atribuição, as inatividade remunerada de servidor estável em razão de extinção
tarefas desenvolvidas pelos servidores. São espécies:

371
DIREITO ADMINISTRATIVO
do cargo ocupado ou destinado a reintegração de servidor), seja Hipóteses: 
no mesmo cargo anteriormente ocupado ou em cargo equivalente a) em razão de sentença judicial com trânsito em julgado (art.
quanto as atribuições e vencimentos. 41, §1º, I, da CF);
f) Reintegração: retorno de servidor ilegalmente desligado de b) por meio de processo administrativo em que lhe seja assegu-
seu cargo. O reconhecimento do direito a reintegração pode decor- rada a ampla defesa (art. 41, § 1º, II, da CF);
rer de decisão proferida na esfera administrativa ou judicial. c) mediante procedimento de avaliação periódica de desempe-
g) Recondução: retorno de servidor estável ao cargo que an- nho, na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa (art.
teriormente ocupava, seja por não ter sido habilitado no estágio 41, § 1º, III, da CF);
probatório relativo a outro cardo para o qual tenha sido nomeado d) em virtude de excesso de despesas com o pessoal ativo e
ou por ter sido desalojado do cargo em razão de reintegração do inativo, desde que as medidas previstas no art. 169, § 3º, da CF, não
servidor que ocupava o cargo anteriormente. surtam os efeitos esperados (art. 169, § 4º, da CF).

Vacância A estabilidade é a prerrogativa atribuída ao servidor que preen-


A vacância é a situação jurídica atribuída a um cargo que está cher os requisitos estabelecidos na Constituição Federal que lhe ga-
sem ocupante. Vários fatos levam à vacância, entre os quais: rante a permanência no serviço. 
- o servidor pediu o desligamento (exoneração a pedido); O servidor estável, que tiver seu cargo extinto, não estará fora
- o servidor foi desligado do cargo em comissão ou não iniciou da Administração Pública, porque a norma constitucional lhe garan-
exercício (exoneração ex officio); te estabilidade no serviço e não no cargo. Nesta hipótese o servidor
- o servidor foi punido com a perda do cargo (demissão); é colocado em disponibilidade remunerada, seguindo o disposto no
- o servidor passou a exercer outro cargo ante limitações em art. 41, § 3.º, da Constituição sendo sua remuneração calculada de
sua capacidade física ou mental (readaptação); forma proporcional ao tempo de serviço.
- aposentadoria ou falecimento do servidor; O servidor aprovado em concurso público de cargo regido pela
- acesso ou promoção. lei 8112/90 e consequentemente nomeado passará por um período
de avaliação, terá o novo servidor que comprovar no estágio proba-
Para Di Pietro1, vacância é o ato administrativo pelo qual o ser- tório que tem aptidão para exercer as atividades daquele cargo para
vidor é destituído do cargo, emprego ou função. o qual foi nomeado em tais fatores:
Decorre de exoneração, demissão, aposentadoria, promoção e a) Assiduidade; 
falecimento. O artigo 33 da Lei 8.112/90 prevê ainda a readaptação b) Disciplina;
e a posse em outro cargo inacumulável. Mas a ascensão e a trans- c) Capacidade de iniciativa;
formação deixaram de existir por força da Lei 9.527/97. d) Produtividade;
A exoneração não é penalidade; ela se dá a pedido ou ex offi- e) Responsabilidade.
cio, neste caso quando se tratar de cargo em comissão ou função
de confiança; no caso de cargo efetivo, quando não satisfeitas as Atualmente o prazo mencionado de 3 anos de efetivo exercício
exigências do estágio probatório ou quando, tendo tomado posse, para o servidor público (de forma geral), adquirir estabilidade é o
o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido. que está previsto na Constituição, que foi alterado após a Emenda
Já a demissão constitui penalidade decorrente da prática de ilí- nº 19/98.
cito administrativo; tem por efeito desligar o servidor dos quadros Muito embora, a Lei nº 8.112/90, no artigo 20 cite o prazo de 2
do funcionalismo. anos, para que o servidor adquira estabilidade devemos considerar
A promoção é, ao mesmo tempo, ato de provimento no cargo que o correto é o texto inserido na Constituição Federal, repita-se 3
superior e vacância no cargo inferior. anos de efetivo exercício.
A readaptação, segundo artigo 24 da 8.112/90, “é a investidura Como não houve uma revogação expressa de tais normas elas
do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatí- permanecem nos textos legais, mesmo que na prática não são apli-
veis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou cadas, pois ferem a CF (existe uma revogação tácita dessas normas). 
mental verificada em inspeção médica”.
- Requisitos para adquirir estabilidade:
Efetividade, estabilidade e vitaliciedade a) estágio probatório de três anos;
Efetividade: cargos efetivos são aqueles que se revestem de ca- b) nomeação em caráter efetivo;
ráter de permanência, constituindo a maioria absoluta dos cargos c) aprovação em avaliação especial de desempenho.
integrantes dos diversos quadros funcionais.
Com efeito, se o cargo não é vitalício ou em comissão, terá que Vitaliciedade: Cargos vitalícios são aqueles que oferecem a
ser necessariamente efetivo. Embora em menor escala que nos maior garantia de permanência a seus ocupantes. Somente através
cargos vitalícios, os cargos efetivos também proporcionam segu- de processo judicial, como regra, podem os titulares perder seus
rança a seus titulares; a perda do cargo, segundo art. 41, §1º da cargos (art. 95, I, CF). Desse modo, torna-se inviável a extinção do
Constituição Federal, só poderá ocorrer, quando estáveis, se houver vínculo por exclusivo processo administrativo (salvo no período ini-
sentença judicial ou processo administrativo em que se lhes faculte cial de dois anos até a aquisição da prerrogativa). A vitaliciedade
ampla defesa, e agora também em virtude de avaliação negativa de configura-se como verdadeira prerrogativa para os titulares dos
desempenho durante o período de estágio probatório. cargos dessa natureza e se justifica pela circunstância de que é ne-
cessária para tornar independente a atuação desses agentes, sem
Estabilidade: confere ao servidor público a efetiva permanên- que sejam sujeitos a pressões eventuais impostas por determina-
cia no serviço após três anos de estágio probatório, após os quais dos grupos de pessoas.
só perderá o cargo se caracterizada uma das hipóteses previstas no Existem três cargos públicos vitalícios no Brasil:
artigo 41, § 1º, ou artigo 169, ambos da CF. - Magistrados (Art. 95, I, CF);
- Membros do Ministério Público (Art. 128, § 5º, I, “a”, CF);
- Membros dos Tribunais de Contas (Art. 73, §3º).
1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, 31ª edição, 2018

372
DIREITO ADMINISTRATIVO
Por se tratar de prerrogativa constitucional, em função da qual REMUNERAÇÃO
cabe ao Constituinte aferir a natureza do cargo e da função para Vencimento: é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo
atribuí-la, não podem Constituições Estaduais e Leis Orgânicas mu- público, com valor fixado em lei.
nicipais, nem mesmo lei de qualquer esfera, criar outros cargos com Remuneração: é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das
a garantia da vitaliciedade. Consequentemente, apenas Emenda à vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. O acrés-
Constituição Federal poderá fazê-lo. cimo de vantagens permanentes ao vencimento do cargo efetivo é
irredutível.
Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e fun- Constitui vedação legal o pagamento de remuneração inferior
ções públicas ao salário mínimo
Com efeito, as várias competências previstas na Constituição
para a União, Estados e Municípios são distribuídas entre seus res- IMPORTANTE: tanto o vencimento com a remuneração e o pro-
pectivos órgãos, cada qual dispondo de determinado número de vento não serão objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto
cargos criados por lei, que lhes confere denominação própria, defi- nos casos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial.
ne suas atribuições e fixa o padrão de vencimento ou remuneração.
Criar um cargo é oficializá-lo, atribuindo a ele denominação DIREITOS E DEVERES
própria, número certo, funções determinadas, etc. Somente se cria Os direitos e vantagens dos servidores públicos, quais sejam:
um cargo por meio de lei, logo cada Poder, no âmbito de suas com- vencimento, indenizações, gratificações, diárias, adicionais, férias,
petências podem criar um cargo por meio da lei. No caso dos cargos licenças, concessões e direito de petição. 
públicos da União, o vencimento é pago pelos cofres públicos, para Indenizações: de acordo com o art. 51 da Lei nº 8.112/90 as in-
provimento em caráter efetivo ou em comissão. denizações são constituídas pela ajuda de custo, diárias, transporte
A transformação ocorre quando há modificação ou alteração e auxílio moradia.
na natureza do cargo de forma que, ao mesmo tempo em que o Ajuda de custo: A ajuda de custo destina-se a compensar as
cargo é extinto, outro é criado. Somente se dá por meio de lei e há despesas de instalação do servidor que, no atendimento do inte-
o aproveitamento de todos os servidores quando o novo cargo tiver resse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, desde que
o mesmo nível e atribuições compatíveis com o anterior. acarrete mudança de domicílio em caráter permanente.
A extinção corresponde ao fim do cargo e também deve ser Constitui vedação legal o duplo pagamento de indenização, a
efetuada por meio de lei. qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que dete-
No entanto, o art. 84, VI, “b” da Constituição Federal revela nha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma
exceção a norma geral ao atribuir competência para o Presidente sede.
da República para dispor, mediante decreto, sobre a extinção de Diárias: essa prerrogativa está regulamentada no art. 58 da Lei
funções ou cargos públicos quando vagos. nº 8.112/90. É devida ao servidor que se afastar da sede em caráter
eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou
Desvio de função para o exterior. São destinadas a indenizar as parcelas de despesas
O servidor público deve exercer suas atividades funcionais res- extraordinárias com pousada, alimentação e locomoção urbana.
peitando as competências e atribuições previstas para o cargo que Gratificações e Adicionais: são tratados no art. 61 da Lei nº
ocupa. Cumpre ressaltar que a lei que cria o cargo estabelece quais 8.112/90 que as discrimina, a saber:
são os limites das atribuições e competências do cargo. - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as-
No entanto, não raro identificar o servidor exercendo atribui- sessoramento,
çoes diversas daquelas previstas em lei para o cargo atualmente - gratificação natalina,
ocupado. - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou
Por definição, o desvio de função do servidor público ocorre penosas,
quando este desempenha função diversa daquela correspondente - adicional pela prestação de serviço extraordinário,
ao cargo por ele legalmente investido mediante aprovação em con- - adicional noturno,
curso público. - adicional de férias,
Quando constatada a ocorrência de desvio de função, o servi- - outros (relativos ao local ou à natureza do trabalho),
dor que teve suas atribuições desviadas faz jus a indenização relati- - gratificação por encargo de curso ou concurso.
vas as diferenças salarias decorrentes do desvio. Férias: é um direito que o servidor alcança após cumprir o pe-
Este é o entendimento já consolidado pelo Superior Tribunal de ríodo aquisitivo (12 meses). Consiste em um período de 30 dias de
Justiça que editou Sumula a respeito. descanso que podem ser cumuladas até o máximo de dois perío-
Súmula nº 378 STJ dos, bem como podem ser parceladas em até três etapas.
“Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferen- Licenças: de acordo com o art. 81 da referida lei a licença é con-
ças salariais decorrentes”. cedida por motivo de doença em pessoa da família, de afastamento
do cônjuge ou companheiro, para o serviço militar, para a atividade
Importante esclarecer que em caso de desvio de função, o ser- política, para capacitação, para tratar de interesses particulares e
vidor público que teve as atribuições do cargo para o qual foi inves- para desempenho de mandato classista.
tido desviadas não tem direito ao reenquadramento funcional. Isso Concessões: existem quando é permitido ao servidor se ausen-
porque inafastável o princípio da imprescindibilidade de concurso tar sem ter que arcar com quaisquer prejuízos.
público para o preenchimento de cargos pela administração públi- O art. 97 da Lei nº 8.112/90 elenca as hipóteses de concessão,
ca, No entanto, tem direito a receber os vencimentos correspon- vejamos:
dentes à função desempenhada. - por um dia para doação de sangue,
- pelo período comprovadamente necessário para alistamen-
to ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso a dois
dias,

373
DIREITO ADMINISTRATIVO
- por oito dias consecutivos em razão de casamento, falecimen- c) Responsabilidade Penal: A responsabilidade penal do servi-
to de cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, en- dor é a que resulta de uma conduta tipificada por lei como infração
teados, menor sob guarda ou tutela ou irmãos. penal. A responsabilidade penal abrange crimes e contravenções
Direito de Petição: o direito de petição existe para a defesa do imputadas ao servidor, nessa qualidade.
direito ou interesse legítimo. É instrumento utilizado pelo servidor Os crimes funcionais estão definidos no Código Penal, artigos
e dirigido à autoridade competente que deve decidir. 312 a 326, como o peculato, a concussão, a corrupção passiva, a
prevaricação etc. Outros estão previstos em leis especiais federais.
RESPONSABILIDADE A responsabilidade penal do servidor é apurada em Juízo Cri-
Ao exercer funções públicas, os servidores públicos não estão minal. Se o servidor for responsabilizado penalmente, sofrerá uma
desobrigados de se responsabilizar por seus atos, tanto atos públi- sanção penal, que pode ser privativa de liberdade (reclusão ou de-
cos quanto atos administrativos, além dos atos políticos, dependen- tenção), restritiva de direitos (prestação pecuniária, perda de bens
do de sua função, cargo ou emprego. e valores, prestação de serviço à comunidade ou a entidades públi-
Esta responsabilidade é algo indispensável na atividade admi- cas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana)
nistrativa, ou seja, enquanto houver exercício irregular de direito ou ou multa (Código Penal, art. 32).
de poder a responsabilidade deve estar presente. Importante ressaltar que a decisão penal, apurada por causa
Quanto o Estado repara o dano, em homenagem à responsa- da responsabilidade penal do servidor, só terá reflexo na responsa-
bilidade objetiva do Estado, fica com direito de regresso contra o bilidade civil do servidor se o ilícito penal tiver ocasionado prejuízo
responsável que efetivamente causou o dano, isto é, com o direito patrimonial (ilícito civil). 
de recuperar o valor da indenização junto ao agente que causador
do dano.  Nos termos do que estabelece o artigo 125 da Lei 8.112/90, as
Efetivamente, o direito de regresso, em sede de responsabilida- sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo
de estatal, configura-se na pretensão do Estado em buscar do seu independentes entre si.
agente, responsável pelo dano, a recomposição do erário, uma vez A responsabilidade administrativa do servidor será afastada
desfalcado do montante destinado ao pagamento da indenização se, no processo criminal, o servidor for absolvido por ter sido de-
à vítima. clarada a inexistência do fato ou, quando o fato realmente existiu,
Nesse aspecto, o direito de regresso é o direito assegurado ao não tenha sido imputada sua autoria ao servidor. Notem que, se o
Estado no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória contra o servidor for absolvido por falta ou insuficiência de provas, a respon-
agente responsável pelo dano, quando tenha este agido com culpa sabilidade administrativa não será afastada.
ou dolo.
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
Neste contexto, o agente público poderá ser responsabilizado O Regime Disciplinar é o conjunto de deveres, proibições, que
nos âmbitos civil, penal e administrativo. geram responsabilidades aos agentes públicos. Descumprido este
a) Responsabilidade Civil: A responsabilidade civil decorre de rol, se apura os ilícitos administrativos, onde gera as sanções dis-
ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em pre- ciplinares.
juízo ao erário ou a terceiros. Com o intuito de responsabilizar quem comete faltas adminis-
Neste caso, responsabilidade civil se refere à responsabilidade trativas, atribui-se à Administração o Poder Disciplinar do Estado,
patrimonial, que faz referência aos Atos Ilícitos e que traz consigo a que assegura a responsabilização dos agentes públicos quando co-
regra geral da responsabilidade civil, que é de reparar o dano cau- mentem ações que contrariam seus deveres e proibições relacio-
sado a outrem. nados às atribuições do cargo, função ou emprego de que estão
A Administração Pública, confirmada a responsabilidade de investidos. Por consequência dos descumprimentos legais, há a
seus agentes, como preceitua a no art.37, §6, parte final do Texto aplicação de sanções disciplinares, conforme dispõe a legislação.
Maior, é “assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa”, descontará nos vencimentos do servidor Dos Deveres
público, respeitando os limites mensais, a quantia exata para o res- Via de regra, os estatutos listam condutas e proibições a serem
sarcimento do dano. observadas pelos servidores, configurando, umas e outras, os seus
deveres como dois lados da mesma moeda. Por exemplo: a proibi-
b) Responsabilidade Administrativa: A responsabilidade admi- ção de proceder de forma desidiosa equivale ao dever de exercer
nistrativa é apurada em processo administrativo, assegurando-se com zelo as atribuições do cargo. Por isso, podem ser englobados
ao servidor o contraditório e a ampla defesa. sob a rubrica “deveres” os que os estatutos assim intitulam e os que
Uma vez constatada a prática do ilícito administrativo, ficará os estatutos arrolam como proibições.
o servidor sujeito à sanção administrativa adequada ao caso, que - Dever de Agir: Devem os administradores agirem em benefí-
poderá ser advertência, suspensão, demissão, cassação de aposen- cio da coletividade.
tadoria ou disponibilidade, destituição de cargo em comissão ou - Dever de Probidade: O agente público deve agir de forma
destituição de função comissionada. honesta e em conformidade com os princípios da legalidade e da
moralidade.
A penalidade deve sempre ser motivada pela autoridade com- - Dever de Prestar Contas: Todo administrador deve prestar
petente para sua aplicação, sob pena de nulidade. contas do dinheiro público.
Se durante a apuração da responsabilidade administrativa a - Dever de Eficiência: Deve elaborar suas funções perfeição e
autoridade competente verificar que o ilícito administrativo tam- rendimento funcional. 
bém está capitulado como ilícito penal, deve encaminhar cópia do - Dever de Urbanidade: Deve o servidor ser cordial com os de-
processo administrativo ao Ministério Público, que irá mover ação mais colegas de trabalho e com o público em geral.
penal contra o servidor  - Dever de Assiduidade: O servidor deve comparecer em seu
serviço, a fim de cumprir seu horário conforme determinado.
 

374
DIREITO ADMINISTRATIVO
Das Proibições Para uma aplicação de penalidade justa deve ser considerada
De acordo com o estatuto federal, aplicável aos Servidores Pú- a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
blicos Civis da União, das autarquias e fundações públicas federais, provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou
ocupantes de cargos público, seu artigo 117 traz um rol de proibi- atenuantes e os antecedentes funcionais.
ções sendo elas: É necessário que cada penalidade imposta mencione o funda-
- ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au- mento legal e a causa da sanção disciplinar.
torização do chefe imediato;
- retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qual- DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS
quer documento ou objeto da repartição;
- recusar fé a documentos públicos; A Constituição Federal, em capítulo específico determina as
- opor resistência injustificada ao andamento de documento e diretrizes a serem adotadas pela Administração Pública no trata-
processo ou execução de serviço; mento de normas específicas aos ocupantes de cargos e empregos
- promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto públicos da Administração Direta ou Indireta.
da repartição; Vejamos os dispositivos constitucionais relativos ao tema.
- cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previs-
tos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabi- CAPÍTULO VII
lidade ou de seu subordinado; DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
- coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a as-
sociação profissional ou sindical, ou a partido político; SEÇÃO I
- manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de con- DISPOSIÇÕES GERAIS
fiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil;
- valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
em detrimento da dignidade da função pública; dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
- participar de gerência ou administração de sociedade privada, pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora-
personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
qualidade de acionista, cotista ou comanditário; I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim
A essa vedação existe duas exceções, já que o servidor poderá: como aos estrangeiros, na forma da lei; 
I - participação nos conselhos de administração e fiscal de em- II - a investidura em cargo ou emprego público depende de apro-
presas ou entidades em que a União detenha, direta ou indireta- vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos,
mente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego,
constituída para prestar serviços a seus membros;  na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; 
forma do art. 91 (8.112), observada a legislação sobre conflito de III - o prazo de validade do concurso público será de até dois
interesses. anos, prorrogável uma vez, por igual período;
- atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo-
públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro-
assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou com- vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa-
panheiro; dos para assumir cargo ou emprego, na carreira;
- receber propina, comissão, presente ou vantagem de qual- V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi-
quer espécie, em razão de suas atribuições; dores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
- aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro; preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e per-
- praticar usura sob qualquer de suas formas; centuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribui-
- proceder de forma desidiosa; ções de direção, chefia e assessoramento;  
- utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em servi- VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso-
ços ou atividades particulares; ciação sindical;
- cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; definidos em lei específica;
- exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos
exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de
- recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicita- sua admissão;
do.  IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de-
terminado para atender a necessidade temporária de excepcional
Infrações e Sanções Administrativas/Penalidades interesse público;
Os servidores públicos de cada âmbito - União, Estados, Distrito X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
Federal e Municípios - têm um Estatuto próprio. Quanto aos agen- trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por
tes públicos Federais rege a Lei nº 8.112/1990, já o regimento dos lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, asse-
demais depende de cada Estado/Município. gurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
Devido ao princípio da Legalidade, todos os agentes devem fazer de índices; 
aquilo que está restrito em lei, e caso algum deles descumpram a legisla- XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun-
ção, ocorre uma infração administrativa, pelo poder disciplinar, os agen- ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
tes infratores estão sujeitos a penalidades, que podem ser: advertência, fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
suspensão, demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
destituição de cargo em comissão e destituição de função comissionada. mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen-

375
DIREITO ADMINISTRATIVO
sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e cam-
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na- panhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informa-
tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos tivo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes,
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de auto-
nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito ridades ou servidores públicos.
Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Exe- § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a
cutivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos
Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de da lei.
Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na
cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo administração pública direta e indireta, regulando especialmente: 
Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defen- em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
sores Públicos;  ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder dos serviços; 
Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu- II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor-
tivo; mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es- e XXXIII;   
pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do III - a disciplina da representação contra o exercício negligente
serviço público; ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. 
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
não serão computados nem acumulados para fins de concessão de pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indispo-
acréscimos ulteriores; nibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e grada-
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em- ção previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra-
e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; ticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva-
qualquer caso o disposto no inciso XI:  do prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
a) a de dois cargos de professor;  seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocu-
saúde, com profissões regulamentadas; pante de cargo ou emprego da administração direta e indireta que
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções possibilite o acesso a informações privilegiadas. 
e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser
ou indiretamente, pelo poder público; ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra-
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais te- dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de
rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
sobre os demais setores administrativos, na forma da lei; I - o prazo de duração do contrato; 
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi-
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo- tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; 
mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último III - a remuneração do pessoal. 
caso, definir as áreas de sua atuação; § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria- sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Muni-
assim como a participação de qualquer delas em empresa privada; cípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, geral. 
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro- § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo-
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a re-
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações muneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter- cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos
mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das exoneração. 
obrigações. § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remunera-
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do tórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de
Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona- caráter indenizatório previstas em lei. 
mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo,
terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito,
atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.  limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco cen-
tésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos
subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.

376
DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser rea- § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o dis-
daptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilida- posto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX,
des sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de
capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, admissão quando a natureza do cargo o exigir.  
desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de ori- Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
gem.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela úni-
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,
inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rom- obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
pimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) cípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor remu-
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de ser- neração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o
vidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que disposto no art. 37, XI.
não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão
não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e
social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) empregos públicos.
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as se- cípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários provenien-
guintes disposições: tes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de
ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, mo-
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, dernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público,
emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera- inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
ção; § 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili- carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego § 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter tempo-
ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não rário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de cargo
havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior; em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela Emen-
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício da Constitucional nº 103, de 2019)
de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores
os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário,
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previ- mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores
dência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que
de origem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela
2019) Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência
SEÇÃO II social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional
DOS SERVIDORES PÚBLICOS nº 103, de 2019)
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese
instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para
planos de carreira para os servidores da administração pública di- verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces-
reta, das autarquias e das fundações públicas.         (Vide ADIN nº são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo;
2.135-4) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
 Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo
instituirão conselho de política de administração e remuneração de de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta
pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po- e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;
deres.         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade,
1998) (Vide ADIN nº 2.135-4) se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais compo- e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na
nentes do sistema remuneratório observará:  idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons-
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os
cargos componentes de cada carreira;   demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo
II - os requisitos para a investidura;   ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103,
III - as peculiaridades dos cargos.  de 2019)
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores
de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisi- ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência
tos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração Social, obser vado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela
de convênios ou contratos entre os entes federados.   Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria se-
rão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

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DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados § 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em re-
para concessão de benefícios em regime próprio de previdência so- gime próprio de previdência social, no que couber, os requisitos e
cial, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. (Reda-
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) ção dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res- § 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de
pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia- cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera-
dos para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente ção, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de
submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multi- emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. (Redação
profissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda Constitucional dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
nº 103, de 2019) § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ins-
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res- tituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime
pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia- de previdência complementar para servidores públicos ocupantes
dos para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente peniten- de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Re-
ciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que gime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias e
tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado
52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
Constitucional nº 103, de 2019) 103, de 2019)
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do § 15. O regime de previdência complementar de que trata o §
respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferen- 14 oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribui-
ciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam ção definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por
exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e bio- intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou
lógicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada
a caracterização por categoria profissional ou ocupação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dis-
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima posto nos § § 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver in-
reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da gressado no serviço público até a data da publicação do ato de ins-
aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem tituição do correspondente regime de previdência complementar.
tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação § 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cál-
infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei comple- culo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados,
mentar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda na forma da lei.
Constitucional nº 103, de 2019) § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentado-
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos rias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdên- geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual
cia social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos.
acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no Regime § 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do
Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitu- respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo que
cional nº 103, de 2019) tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tratar que opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abo-
da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o be- no de permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua con-
nefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do tribuição previdenciária, até completar a idade para aposentadoria
respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a compulsória. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente 2019)
de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação § 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora des-
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser- se regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes,
var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsá-
estabelecidos em lei. veis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o
municipal será contado para fins de aposentadoria, observado o § 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço corres- § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá ape-
pondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação dada nas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os bene-
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de conta- fícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201
gem de tempo de contribuição fictício. desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for por-
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos tador de doença incapacitante (Incluído pela Emenda Constitucio-
proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumu- nal nº 47, de 2005) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 103,
lação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras ativi- de 2019) (Vigência) (Vide Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
dades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência § 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de previ-
social, e ao montante resultante da adição de proventos de inativi- dência social, lei complementar federal estabelecerá, para os que
dade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Cons- já existam, normas gerais de organização, de funcionamento e de
tituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos,
exoneração, e de cargo eletivo. sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

378
DIREITO ADMINISTRATIVO
I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o Conforme ressaltado pela melhor doutrina, Celso António Ban-
Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti- deira de Mello afirma que “o regime normal dos servidores públicos
tucional nº 103, de 2019) teria mesmo de ser o estatutário, pois este (ao contrário do regime
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re- trabalhista) é o concebido para atender a peculiaridades de um vín-
cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) culo no qual não estão em causa tão-só interesses empregatícios,
III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído mas onde avultam interesses públicos são os próprios instrumentos
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) de atuacão do Estado”.
IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela A jurisprudência já se manifestou neste sentido no julgamento
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) da cautelar da ADin no 2.310, o Supremo examinou a lei que trata
V - condições para instituição do fundo com finalidade previ- dos agentes públicos de agências reguladoras (Lei no 9.985/2000),
denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recursos e ali se posicionou contrário à contratação de servidores em regime
provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer celetista para a execução de atos revestidos com o Poder de Polícia
natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) no ato de fiscalização. De acordo com o ministro Marco Aurélio, re-
VI - mecanismos de equacionamento do deficit atuarial; (Incluí- lator:
do pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) “...prescindir, no caso, da ocupação de cargos públicos, com os
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob- direitos e garantias a eles inerentes, é adotar flexibilidade incompa-
servados os princípios relacionados com governança, controle inter- tível com a natureza dos serviços a serem prestados, igualizando os
no e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, servidores das agências a prestadores de serviços subalternos, dos
de 2019) quais não se exige, até mesmo, escolaridade maior, como são ser-
VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles ventes, artífices, mecanógrafos, entre outros. Atente-se para as es-
que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indiretamen- pécies. Está-se diante de atividade na qual o poder de fiscalização,
te, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucional o poder de polícia fazem- se com envergadura ímpar, exigindo, por
nº 103, de 2019) isso mesmo, que aquele que a desempenhe sinta-se seguro, atue
IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela sem receios outros, e isso pressupõe a ocupação de cargo público
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) (…). Em suma, não se coaduna com os objetivos precípuos das agên-
X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição cias reguladoras, verdadeiras autarquias, embora de caráter espe-
de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído cial, a flexibilidade inerente aos empregos públicos, impondo-se a
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) adoção da regra que é revelada pelo regime de cargo público, tal
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser- como ocorre em relação a outras atividades fiscalizadoras — fiscais
vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de do trabalho, de renda, servidores do Banco Central, dos Tribunais
concurso público. de Contas etc.”
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado Portanto, muito embora não tenha previsão legal, o entendi-
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu- mento construído pela doutrina e jurisprudência entende que o
rada ampla defesa; emprego público, de natureza contratual (CLT) é incompatível com
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem- a atividade a ser desenvolvida quando se exige a incidência de ato
penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. com poder de polícia. O cargo público, sim, é cercado de garantias
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor institucionais, destinadas a dar proteção e independência ao servi-
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se es- dor para prestar a manifestação do Estado quando no exercício do
tável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, Poder de Polícia.
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com re-
muneração proporcional ao tempo de serviço. REGIME CONSTITUCIONAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser-
vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor- Concurso público
cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em Via de regra, para que ocorra a legal investidura em cargou ou
outro cargo. emprego público é necessária prévia aprovação em concurso de
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga- prova ou de provas e títulos, levando em consideração a natureza e
tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída a complexidade do cargo ou emprego.Quanto as normas constitu-
para essa finalidade. cionais acerca da obrigatoriedade de concurso para o preenchimen-
to de cargos públicos
EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA POR SERVIDORES CELETISTA A jurisprudência é pacífica quanto a necessidade de aprovação
A Polícia Administrativa é manifestada por meio de atos norma- previa em concurso público para ocupar cargo na estrutura admi-
tivos e de alcance geral, bem como de atos concretos e específicos. nistrativa.
Além disso, outra característica marcante dos atos expedidos Súmula Vinculante 43 É inconstitucional toda modalidade de
por força da Polícia Administrativa são os atos revestidos de contro- provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia apro-
le e fiscalização. vação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo
A atividade administrativa que envolve atos fiscalizadores e de que não integra a carreira na qual anteriormente investido.
controle , os quais a Administração Pública pretende a prevenção
de atos lesivos ao bem estar social ou saúde pública não podem ser Exceção: As nomeação efetuadas pela Administração Pública
proferidos por servidores com regime contratual – CLT. para preenchimento de cargo em comissão declarado em lei de li-
Esta é a grande polêmica envolvendo a prática de atos admi- vre nomeação e exoneração dispensa a realização e aprovação em
nistrativos revestidos de Poder de Polícia quando praticados por concurso público.
servidores celetistas.

379
DIREITO ADMINISTRATIVO
O concurso público terá prazo de validade de até dois anos, igualitário entre os interessados, sendo certo que a ausência desse
podendo ser prorrogável uma única vez por igual período. Em ho- tratamento causaria fraude a ordem constitucional de realização de
menagem ao princípio constitucional da impessoalidade, durante o concurso público.
prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele que Neste contexto, são inválidas as disposições constantes em edi-
for aprovado será convocado com prioridade sobre novos concursa- tais ou normas de admissão em cargos e empregos públicos que
dos para assumir cargo ou emprego. desvirtuam as finalidades da realização do concurso público.

Direito de acesso aos cargos, empregos e funções públicas. Caso se identifique qualquer norma ou cláusula constante em
A Constituição Federal estabelece o Princípio da Ampla Aces- edital que inviabilize ou dificulte a ampla participação daqueles que
sibilidade aos cargos, funções e empregos públicos aos brasileiros preencham os requisitos mínimos ou então que direcione, de qual-
que preencham os requisitos estabelecidos em lei específica, bem quer forma, com o objetivo de beneficiar ou prejudicar alguem em
como aos estrangeiros, na forma da lei. concurso público poderá acarretar na invalidação de todo o certame.
Tal princípio que garante a ampla acessibilidade tem por objeti-
vo proporcionar iguais oportunidades de disputar, por meio de con- O direito à revisão judicial de provas e exames seletivos à luz
curso público, o preenchimento em cargos ou empregos públicos dos tribunais pátrios
na Administração Direta ou Indireta. O controle judicial dos atos administrativos é preceito básico do
Estado de Direito com status de garantia constitucional, nos termos
Requisito de inscrição e requisitos de cargos do que estabelece o artigo 5º, XXXV da Constituição Federal de 1988.
Nas regras gerais constantes nos editais de concursos públicos
é vedada a inclusão de cláusulas discriminatórias entre brasileiros Art. 5º
natos e naturalizados, salvo para preenchimento de cargos específi- [...]
cos mencionados no artigo 12, § 3º da Constituição Federal. XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
Artigo 12. ou ameaça a direito;
[...]
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: Esta, inclusive, se configura em função típica do Poder Judi-
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; ciário, exercer o controle legal dos atos editados pela ente estatal,
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; como forma de controle externo da Administração Pública.
III - de Presidente do Senado Federal; Neste contexto, ainda é complexa a discussão sobre a legiti-
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; midade do Poder Judiciário exercer revisão judicial de questões e
V - da carreira diplomática; resultados em provas de concurso público.
VI - de oficial das Forças Armadas. É crescente a demanda de candidatos que buscam na tutela do
VII - de Ministro de Estado da Defesa. Poder Judiciário a revisão de resultados de concursos públicos, atri-
buindo as bancas organizadoras, entre outros argumentos, a carên-
Ademais, em decorrência do mandamento constitucional do cia de razoabilidade, proporcionalidade, isonomia e transparência
artigo 7º, XXX, em princípio não seria admissível restrições de con- durante a realização do certame.
crrencia em concurso público por motivos de idade ou sexo para A jurisprudência dos nossos Tribunais tem-se orientado no sen-
a regular admissão em cargos e empregos públicos, no entanto, o tido de que só são passíveis de reexame judicial as questões cuja
mencionado artigo constitucional prevê a possibilidade de se insti- impugnação se funda na ilegalidade da avaliação ou dos graus con-
tuírem requisitos específicos e diferenciados de admissão quando feridos pelos examinadores ou ainda a ausência de impessoalidade
a natureza do cargo assim exigir. Exemplo: Teste de Aptidão Física dedicada nas provas com privilégios exorbitantes a determinados
– TAF - permite exigência sequência de exercícios fisicos diferencia- candidatos, com a exclusão arbitrária de outros.
dos entre homens e mulheres. Nos Estados de Direito, em que vige o princípio da legalidade,
Quanto aos requisitos específicos para investidura em cargos não há espaço para arbitrariedades estatais, ao impor a Ordem Jurí-
públicos, a Lei 8.112/90, em seu artigo 5º assim determina: dica, não ficando de toda sorte excluída da apreciação judicial toda
Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público: lesão ou ameaça a direito, inclusive quanto ao possível reexame
I - a nacionalidade brasileira; judicial de atos praticados durante os concursos públicos ou pro-
II - o gozo dos direitos políticos; cessos de seleção.
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; Da investidura do servidor público
V - a idade mínima de dezoito anos; A investidura em cargo público, mesmo nos casos em que o
VI - aptidão física e mental. cargo não é vitalício ou em comissão, terá que ser necessariamente
efetivo.
Ainda em homenagem ao Princípio da Acessibilidade aos car- Embora em menor escala que nos cargos vitalícios, os cargos
gos e empregos públicos, o texto constitucional determina que a efetivos também proporcionam segurança a seus titulares; a perda
lei deverá reservar percentual do total das vagas a serem preen- do cargo, segundo art. 41, §1º da Constituição Federal, só poderá
chidas por concurso público de cargos e empregos públicos para ocorrer, quando estáveis, se houver sentença judicial ou processo
as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua administrativo em que se lhes faculte ampla defesa, e agora tam-
admissão. bém em virtude de avaliação negativa de desempenho durante o
período de estágio probatório.
Invalidação do concurso. Isso lhe garante que, uma vez legalmente investido em cargo
Conforme mencionado, os concursos públicos devem ser rea- público passa a ser representante do Estado nas manifestações
lizados previamente para o preenchimento de cargos e empregos proferidas durante o exercício do cargo, e assim, passa a gozar de
públicos, devendo para tanto dispensar tratamento impessoal e prerrogativas especiais (típicas de direito público) com o objetivo de
satisfazer as demandas coletivas.

380
DIREITO ADMINISTRATIVO
Estágio experimental, estágio probatório e Estabilidade CAPÍTULO II
O instituto da Estabilidade corresponde à proteção ao ocupan- DO INGRESSO NA POLÍCIA MILITAR
te do cargo, garantindo, não de forma absoluta, a permanência no
Serviço Público, o que permite a execução regular de suas ativida- SEÇÃO I
des, visando exclusivamente o alcance do interesse coletivo. DOS REQUISITOS E CONDIÇÕES PARA
No entanto, para se conquistar a estabilidade prevista constitu- O INGRESSO
cionalmente é necessário superar a etapa de estágio experimental
ou também chamada de estágio probatório, que pressupõe a reali- Art. 5º - São requisitos e condições para o ingresso na Polícia
zação de avaliação de desempenho e transpor o período de 3 (três) Militar:
anos de efetivo desempenho da função. I - ser brasileiro nato ou naturalizado;
A Avaliação de Desempenho é uma importante ferramenta de II - ter o mínimo de dezoito e o máximo de trinta anos de idade;
Gestão de Pessoas que corresponde a uma análise sistemática do III - estar em dia com o Serviço Militar Obrigatório;
desempenho do profissional em função das atividades que realiza, IV - ser eleitor e achar-se em gozo dos seus direitos políticos;
das metas estabelecidas, dos resultados alcançados e do seu poten- V - possuir idoneidade moral, comprovada por meio de folha
cial de desenvolvimento. corrida policial militar e judicial, na forma prevista em edital;
VI - aptidão física e mental, comprovada mediante exames mé-
dicos, testes físicos e exames psicológicos, na forma prevista em
LEI ESTADUAL Nº 7.990, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2001 edital;
(ESTATUTO DOS POLICIAIS MILITARES DO ESTADO DA VII - possuir estatura mínima de 1,60 m para candidatos do
BAHIA) sexo masculino e 1,55 m para as candidatas do sexo feminino;
VIII - possuir a escolaridade ou formação profissional exigida
LEI Nº 7.990 DE 27 DE DEZEMBRO DE 2001 ao acompanhamento do curso de formação a que se candidata, na
forma prevista em edital.
Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais Militares do Estado da IX -possuir Carteira Nacional de Habilitação válida, categoria B.
Bahia e dá outras providências. Inciso IX acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de 06 de janei-
ro de 2009.
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a As- Art. 6º - O ingresso na Polícia Militar é assegurado aos aprova-
sembleia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei: dos em concurso público de provas ou de provas e títulos, median-
te matrícula em curso profissionalizante, observadas as condições
TÍTULO I - prescritas nesta Lei, nos Regulamentos e nos respectivos editais de
GENERALIDADES concurso da Instituição.

CAPÍTULO I SEÇÃO II
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES DO COMPROMISSO POLICIAL MILITAR

Art. 1º - Este Estatuto regula o ingresso, as situações institucio- Art. 7º - Todo cidadão, após ingressar na Polícia Militar, presta-
nais, as obrigações, os deveres, direitos, garantias e prerrogativas rá compromisso de honra, no qual afirmará a sua aceitação cons-
dos integrantes da Polícia Militar do Estado da Bahia. ciente das obrigações e dos deveres policiais militares e manifestará
Art. 2º - Os integrantes da Polícia Militar do Estado da Bahia a sua firme disposição de bem cumpri-los.
constituem a categoria especial de servidores públicos militares es- Art. 8º - O compromisso a que se refere o artigo anterior terá
taduais denominados policiais militares, cuja carreira é integrada caráter solene e será prestado pelo policial militar na presença da
por cargos técnicos estruturados hierarquicamente. tropa, no ato de sua investidura, conforme os seguintes dizeres: “Ao
Art. 3º - A hierarquia e a disciplina são a base institucional da ingressar na Polícia Militar do Estado da Bahia, prometo regular a
Polícia Militar. minha conduta pelos preceitos da moral, cumprir rigorosamente
§ 1º - A hierarquia policial militar é a organização em carreira as ordens legais das autoridades a que estiver subordinado e de-
da autoridade em níveis diferentes, dentro da estrutura da Polícia dicar-me inteiramente ao serviço policial militar, à manutenção da
Militar, consubstanciada no espírito de acatamento à sequência de ordem pública e à segurança da sociedade mesmo com o risco da
autoridade. própria vida”.
§ 2º - Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento inte- Parágrafo único - Ao ser promovido ou nomeado ao primeiro
gral das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamen- posto, o Oficial prestará compromisso, em solenidade especial, nos
tam o organismo policial militar e coordenam seu funcionamento seguintes termos: “Perante as Bandeiras do Brasil e da Bahia, pela
regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do minha honra, prometo cumprir os deveres de Oficial da Polícia Mi-
dever por parte de todos e de cada um dos componentes desse litar do Estado da Bahia e dedicar-me inteiramente ao seu serviço”.
organismo.
§ 3º - A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser observa-
dos e mantidos em todas as circunstâncias da vida, entre os policiais
militares.
Art. 4º - A situação jurídica dos policiais militares é definida pe-
los dispositivos constitucionais que lhe forem aplicáveis, por este
Estatuto e por legislação específica e peculiar que lhes outorguem
direitos e prerrogativas e lhes imponham deveres e obrigações.

381
DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO III data de nascimento para definir a precedência, sendo considerados
DA HIERARQUIA POLICIAL MILITAR mais antigos, respectivamente, os de data de praça mais antiga e
de maior idade;
SEÇÃO I c) entre os alunos de um mesmo órgão de formação de policiais
DA ESCALA HIERÁRQUICA militares, de acordo com o regulamento do respectivo órgão, se não
estiverem especificamente enquadrados nas alíneas “a” e “b” deste
Art. 9º - Os postos e graduações da escala hierárquica são os parágrafo.
seguintes: § 3º - Nos casos de nomeação coletiva por conclusão de curso e
I - Oficiais: promoção ao primeiro posto ou graduação, prevalecerá, para efeito
a) Coronel PM; de antiguidade, a ordem de classificação obtida no curso.
b) Tenente Coronel PM; § 4º - Em igualdade de posto ou graduação, os policiais milita-
c) Major PM; res da ativa têm precedência sobre os da inatividade.
d) Capitão PM; § 5º - Em igualdade de posto ou graduação, a precedência en-
e) 1º Tenente PM. tre os policiais militares de carreira na ativa e os convocados é de-
II - Praças Especiais: finida pelo tempo de efetivo serviço no posto ou graduação destes.
a) Aspirante-a-Oficial PM; § 6º - Em igualdade de posto, os Oficiais do Quadro de Seguran-
b) Aluno-a-Oficial PM; ça terão precedência sobre os Oficiais do Quadro de Oficiais Auxilia-
c) Aluno do Curso de Formação de Sargentos PM; res da Polícia Militar e estes terão precedência sobre os Oficiais do
d) Aluno do Curso de Formação de Cabos PM; Quadro Complementar de Oficiais Policiais Militares.
e) Aluno do Curso de Formação de Soldados PM. § 7º - A precedência entre os Praças Especiais e aos demais é
Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro assim regulada:
de 2009. a) o Aspirante Oficial é hierarquicamente superior aos praças;
Redação original: “II - Praças Especiais:a) Aspirante a Oficial b) o Aluno Oficial é hierarquicamente superior aos Subtenen-
PM;b) Aluno a Oficial PM;c) Aluno do Curso de Formação de Sar- tes;
gentos PM;d) Aluno do Curso de Formação de Soldados PM.” c) o Aluno do Curso de Formação de Sargentos é hierarquica-
III - Praças: mente superior ao Cabo.
a) Subtenente PM;
b) 1º Sargento PM; TÍTULO II
c) Cabo PM;
d) Soldado 1ª Classe PM. CAPÍTULO I
Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro DAS FORMAS DE PROVIMENTO
de 2009.
Redação original: “III - Praças:a) Sargento PM;b) Soldado PM Art. 12 - São formas de provimento do cargo de policial militar:
1ª Classe.” I - nomeação;
Art. 10 - Posto é o grau hierárquico do Oficial, conferido por ato II - reversão;
do Governador do Estado e registrado em Carta Patente; Graduação III - reintegração.
é o grau hierárquico do Praça conferido pelo Comandante Geral da Art. 13 - A nomeação far-se-á em caráter permanente, quando
Polícia Militar. se tratar de provimento em cargo da carreira ou em caráter tempo-
§ 1º - A todos os postos e graduações de que trata este artigo rário, para cargos de livre nomeação e exoneração.
será acrescida a designação “PM”. § 1º - A investidura nos cargos dar-se-á com a posse e o efetivo
§ 2º - Quando se tratar de policial militar dos Quadros Com- exercício com o desempenho das atribuições inerentes aos cargos.
plementar e Auxiliar, o posto será seguido da designação policial § 2º - São competentes para dar posse o Governador do Estado
militar e da abreviatura da especialidade. e o Comandante Geral da Polícia Militar.
§ 3º - Sempre que o policial militar da reserva remunerada ou Art. 14 - A reversão é o ato pelo qual o Policial Militar retorna
reformado fizer uso do posto ou graduação, deverá fazê-lo com as ao serviço ativo e ocorrerá nas seguintes hipóteses:
abreviaturas indicadoras de sua situação. I - quando cessar o motivo que determinou a sua agregação,
devendo retornar à escala hierárquica, ocupando o lugar que lhe
SEÇÃO II competir na respectiva escala numérica, na primeira vaga que ocor-
DA PRECEDÊNCIA rer;
II - quando cessar o período de exercício de mandato eletivo,
Art. 11 - A precedência entre policiais militares da ativa, do devendo retornar ao mesmo grau hierárquico ocupado e mesmo
mesmo grau hierárquico, é assegurada pela antiguidade no posto lugar que lhe competir na escala numérica no momento de sua
ou graduação e pelo Quadro, salvo nos casos de precedência fun- transferência para a reserva remunerada.
cional estabelecida em Lei. § 1º - O Policial Militar revertido nos termos do inciso II, deste
§ 1º - A antiguidade em cada posto ou graduação é contada artigo, que for promovido, passará a ocupar o mesmo lugar na es-
a partir da data da assinatura do ato da respectiva promoção ou cala numérica, observado o novo grau hierárquico, sendo tal pre-
nomeação, salvo quando for fixada outra data. visão aplicada, tão somente, à primeira promoção ocorrida após a
§ 2º - No caso do parágrafo anterior, havendo igualdade, a an- reversão.
tiguidade será estabelecida: § 2º - A competência para a reversão será:
a) entre policiais militares do mesmo Quadro, pela posição, nas I - da mesma autoridade que efetuou a agregação, nos termos
respectivas escalas numéricas ou registros existentes na Instituição; do art. 26, desta Lei;
b) nos demais casos, pela antiguidade no posto ou graduação II - da autoridade competente para efetuar a transferência do
anterior se, ainda assim, subsistir a igualdade, recorrer-se-á, suces- Policial Militar para a reserva remunerada, nos termos da legislação
sivamente, aos graus hierárquicos anteriores, à data de praça e à vigente.

382
DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 3º - Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o retorno Redação de acordo com o art. 2º da Lei nº 10.957, de 02 de
ao serviço ativo deverá ocorrer no primeiro dia útil imediatamente janeiro de 2008.
subsequente ao término do mandato eletivo. Redação original: “§ 1º - O policial militar convocado nos ter-
§ 4º - Não poderá haver interrupção entre o momento da trans- mos deste artigo terá os direitos e deveres dos da ativa de igual
ferência do Policial Militar para a inatividade, em razão do exercício situação hierárquica, exceto quanto à promoção, a que não concor-
de mandato eletivo, e o seu posterior retorno à Corporação, em rerá, fazendo jus ao respectivo acréscimo no seu tempo de serviço
face do disposto no inciso II deste artigo. e a uma indenização no valor de 30% (trinta por cento) dos seus
§ 5º - O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos Poli- proventos, enquanto perdurar a convocação.”
ciais Militares que tenham exercido ou que se encontrem no exer- § 2º - A convocação de que trata este artigo terá a duração ne-
cício de mandato eletivo estadual no momento da edição desta Lei, cessária ao cumprimento da atividade ou missão que lhe deu ori-
vedado o pagamento, em caráter retroativo, de diferenças remu- gem e deverá ser precedida de inspeção de saúde, vedado o exercí-
neratórias de qualquer natureza em decorrência da aplicação do cio de cargo ou função de comando, direção e chefia.
disposto neste parágrafo. § 3º - Não implicará em convocação a nomeação para cargo
§ 6º - Para fins de reversão, prevista no inciso II deste artigo, é em comissão.
obrigatório que o Policial Militar não tenha atingido a idade limite § 4º - A indenização de que trata o § 1º deste artigo tem ca-
de 60 (sessenta) anos. ráter transitório, devida apenas durante o período de convocação,
Redação de acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de 29 de não constitui base de cálculo para qualquer vantagem, inclusive as
junho de 2010. decorrentes de tempo de serviço e não é passível de incorporação
Redação original: “Art. 14 - A reversão é o ato pelo qual o poli- aos proventos.
cial militar agregado retorna à escala hierárquica, tão logo cesse o § 5º - A convocação de que trata este artigo possui caráter ex-
motivo que determinou a sua agregação, ocupando lugar que lhe cepcional e terá a duração de até 24 (vinte e quatro) meses, admi-
competir na respectiva escala numérica, na primeira vaga que ocor- tida 01 (uma) única prorrogação por igual período, vedado o exercí-
rer. cio de cargo ou função de comando, direção e chefia.
Parágrafo único - A competência para a reversão é da mesma § 6º - Não implicará em convocação, a nomeação para cargo
autoridade que efetuou a agregação, nos termos do art. 26 desta em comissão.
Lei.” § 7º - O policial militar convocado deverá atender aos seguintes
Art. 15 - A reintegração é o retorno do policial militar demitido requisitos:
ao cargo anteriormente ocupado ou o resultante de sua transfor- I -ter sido transferido para a reserva remunerada nos termos
mação, quando invalidado o ato de afastamento pela via judicial, da lei;
por sentença transitada em julgado, ou pela via administrativa, nos II - ter aptidão física e mental para o exercício da atividade,
termos do art. 91 desta Lei. comprovada por inspeção de saúde, renovada anualmente;
III - não se encontrar em exercício de cargo, de função ou de
CAPÍTULO II emprego público no âmbito do Estado da Bahia, da União, de outros
DAS SITUAÇÕES INSTITUCIONAIS DA POLÍCIA Estados e de Municípios;
MILITAR IV - não estar respondendo a inquérito policial, processo disci-
plinar ou processo criminal.
Art. 16 - O policiais militares encontram-se organizados em car-
reira, em uma das seguintes situações institucionais: § 8º - Sempre que a demanda exceder a oferta de vagas para
I - na ativa: a convocação, o policial militar será selecionado atendendo aos se-
a) os de carreira; guintes critérios, por ordem de preferência:
b) os convocados; I -menor tempo de inatividade;
c) os praças especiais. II - menor idade;
d) os agregados; III - residência na área territorial de responsabilidade do órgão
e) os excedentes; ou da entidade onde exercerá suas atividades;
f) os ausentes e desertores; IV - melhor comportamento quando da passagem para a ina-
g) os desaparecidos e extraviados. tividade.
II - na inatividade: § 9º - A dispensa antes do término do prazo fixado para a con-
a) os da reserva remunerada; vocação poderá ocorrer nas seguintes hipóteses:
b) os reformados. I - por requerimento do policial militar convocado;
III - os da reserva não remunerada. II - pelo não atendimento dos requisitos previstos no § 7º deste
Art. 17 - O policial militar de carreira é aquele que se encontra artigo;
no desempenho do serviço policial militar a partir da conclusão com III - por ato do Governador, mediante solicitação fundamenta-
aproveitamento, do respectivo curso de formação. da do Comandante Geral, para garantia da hierarquia e disciplina;
Art. 18 - O policial militar da reserva remunerada, por conve- IV - pelo alcance da idade limite prevista para a reforma ex of-
niência da Administração, em caráter transitório e mediante aceita- ficio;
ção voluntária, poderá ser convocado para o serviço ativo, por ato V - quando cessada a necessidade do serviço.
do Governador do Estado. § 10 - O policial militar convocado, além da indenização previs-
§ 1º - O Policial Militar convocado nos termos deste artigo terá ta no § 1º deste artigo, também fará jus:
os direitos e deveres dos da ativa de igual situação hierárquica, ex- I - ao uso do uniforme e equipamentos;
ceto quanto à promoção, a qual não concorrerá, fazendo jus ao res- II - a diárias de viagem e transporte, nos termos da legislação
pectivo acréscimo no seu tempo de serviço e a uma indenização no vigente;
valor de 50% (cinquenta por cento) dos seus proventos, enquanto III - ao auxílio transporte e auxílio alimentação, nos termos da
perdurar a convocação. legislação vigente;

383
DIREITO ADMINISTRATIVO
IV - a 30 (trinta) dias de descanso após 12 (doze) meses de exer- § 2º - A agregação do policial militar, no caso do inciso II deste
cício, não sendo devido o pagamento da indenização a que se refere artigo, é contada a partir da data indicada no ato que a torna pú-
o § 1º deste artigo no período. blica.
§ 11 - Durante o período da convocação, ficam os policiais mi- Art. 23 - O policial militar será agregado quando for afastado,
litares sujeitos às normas administrativas e de serviço em vigor nos temporariamente, do serviço ativo por motivo de:
órgãos em que atuarem, e às normas de hierarquia e disciplina da I - ter sido julgado incapacitado, temporariamente, para o ser-
Corporação. viço policial militar e submetido a gozo de licença para tratamento
§ 12 - O número de convocados nos termos deste artigo não de saúde própria, a pedido ou ex officio, ou por motivo de acidente;
poderá ultrapassar o equivalente a 25% (vinte e cinco por cento) do II - ter ultrapassado doze meses em licença para tratamento de
efetivo da Corporação. saúde própria;
§ 13 - O policial militar convocado poderá ser designado para III - ter entrado em gozo de licença para tratar de interesse par-
atuar nos Poderes Judiciário e Legislativo, no Ministério Público, na ticular ou para acompanhar cônjuge ou companheiro;
Defensoria Pública do Estado, no Tribunal de Contas do Estado e no IV - ter ultrapassado seis meses contínuos em gozo de licença
Tribunal de Contas dos Municípios, bem como nos Órgãos Federais para tratar de saúde de pessoa da família;
e de outros Estados e Municípios, mediante celebração de convênio V - ter sido julgado incapaz definitivamente, enquanto tramita
do qual não resulte ônus para o Poder Executivo. o processo de reforma;
Art. 19 - Os Praças Especiais são os Aspirantes a Oficial, Alunos VI - ter sido considerado oficialmente extraviado;
dos diversos cursos de formação. VII - ter-se esgotado o prazo que caracteriza o crime de deser-
Art. 20 - Integram a categoria dos Praças Especiais: ção previsto no Código Penal Militar, se oficial ou praça com estabi-
I - os Aspirantes a Oficial; lidade assegurada;
II - os Alunos do Curso de Formação de Oficiais do Quadro de VIII - ter, como desertor, se apresentado voluntariamente, ou
Oficiais Policiais Militares; ter sido capturado e reincluído a fim de se ver processar;
III - os Alunos do Curso de Formação de Oficiais do Quadro IX - se ver processar administrativamente ou através de proces-
Complementar; so judicial, após ficar exclusivamente à disposição da Justiça;
IV - os Alunos do Curso de Formação Oficiais Auxiliares; X - ter sido condenado a pena restritiva de liberdade superior
V - os Alunos do Curso de Formação de Sargentos; a seis meses, por sentença transitada em julgado, enquanto durar
VI - os Alunos do Curso de Formação de Soldados. a execução, incluído o período de sua suspensão condicional, se
§ 1º - Equiparam-se aos Alunos do Curso de Formação de Ofi- concedida esta, ou até ser declarado indigno de pertencer à Polícia
ciais do Quadro de Oficiais Policiais Militares, os Alunos do Curso Militar ou com ela incompatível;
de Formação de Oficiais do Quadro de Oficiais Bombeiros Militares XI - ter sido condenado à pena de suspensão do exercício do
realizados na Polícia Militar da Bahia ou em outras Instituições mi- posto, graduação, cargo ou função prevista no Código Penal Militar
litares. ou em outros diplomas legais, penais ou extra-penais;
§ 2º - Durante o período de realização do curso profissionali- XII - ter passado à disposição de órgão ou entidade da União,
zante, os alunos oficiais receberão, a título de bolsa de estudo, o de outros Estados, do Estado ou do Município, para exercer cargo
equivalente a 30% (trinta por cento) os do 1º ano, 35% (trinta e ou função de natureza civil;
cinco por cento) os do 2º ano e 40% (quarenta por cento) os do 3º XIII - ter sido nomeado para qualquer cargo, emprego ou fun-
ano, da remuneração do posto de 1º Tenente. ção público civil temporário, não eletivo, inclusive da administração
Redação de acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de 29 de indireta;
junho de 2010. XIV - ter se candidatado a cargo eletivo, desde que conte dez ou
Redação original: “§ 2º - Durante o período de realização do mais anos de serviço;
curso profissionalizante, o Aluno Oficial receberá, a título de bolsa XV - permanecer desaparecido por mais de trinta dias, na for-
de estudo, o equivalente a 30% (trinta por cento) da remuneração ma do art. 30 desta Lei.
do posto de Tenente e o Aluno a Soldado o equivalente a um salário Parágrafo único - A agregação do policial militar é contada da
mínimo.” seguinte forma:
§ 3º - Na hipótese de ser policial militar de carreira, o Aluno a) nos casos dos incisos I, II e IV, a partir do primeiro dia após os
poderá optar pela percepção da bolsa de estudo de que trata o pa- respectivos prazos e enquanto durar o evento;
rágrafo anterior ou pela remuneração do seu posto ou graduação, b) nos casos dos incisos III, V, VI VII, VIII, IX, X, XI e XV, a partir da
acrescida das vantagens pessoais. data indicada no ato que tornar público o respectivo evento;
Art. 21 - A agregação é a situação na qual o policial militar da c) nos casos dos incisos XII e XIII, a partir da data da posse no
ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica de seu Quadro, cargo até o regresso à Polícia Militar ou transferência “ex officio”
nela permanecendo sem número. para a reserva;
Art. 22 - O policial militar será agregado e considerado, para d) no caso do inciso XIV, a partir da data do registro como can-
todos os efeitos legais, como em serviço ativo, quando: didato até sua diplomação ou seu regresso à Polícia Militar, se não
I - nomeado para cargo policial militar ou considerado de natu- houver sido eleito.
reza policial militar, estabelecido em Lei, não previsto no Quadro de Art. 24 - O policial militar agregado fica sujeito às obrigações
Organização da Polícia Militar; disciplinares concernentes às suas relações com outros policiais mi-
II - estiver aguardando sua transferência, a pedido ou “ex offi- litares e autoridades civis, salvo quando titular de cargo que lhe dê
cio”, para a reserva remunerada, por ter sido enquadrado em quais- precedência funcional sobre outros policiais militares ou militares
quer dos requisitos que a motivarem. mais graduados ou antigos.
§ 1º - A agregação do policial militar, no caso do inciso I, é con- Art. 25 - O policial militar agregado ficará adido, para efeito de
tada a partir da data de posse no novo cargo até o regresso à Polícia alterações e remuneração, ao órgão de pessoal da Instituição, con-
Militar ou à transferência “ex officio” para a reserva remunerada. tinuando a figurar no respectivo registro, sem número, no lugar que
até então ocupava.

384
DIREITO ADMINISTRATIVO
Parágrafo único - O policial militar agregado, quando no de- Art. 31 - O policial militar que, na forma do artigo anterior, per-
sempenho de cargo policial militar, ou considerado de natureza manecer desaparecido por mais de trinta dias, será oficialmente
policial militar, concorrerá à promoção, por qualquer dos critérios, considerado extraviado e agregado na forma do art. 23, inciso XV.
sem prejuízo do número de concorrentes regularmente estipulado. Art. 32 - O policial militar da reserva remunerada é aquele afas-
Art. 26 - A agregação se faz: tado do serviço que, nessa situação, perceba remuneração do Esta-
I - por ato do Governador do Estado ou da autoridade por ele do, ficando sujeito à ação disciplinar da Instituição e à prestação de
delegada, quanto aos Oficiais; serviços na ativa, nos termos do art. 18 deste Estatuto.
II - por ato do Comandante Geral ou da autoridade por ele de- Art. 33 - O policial militar reformado é o que está dispensado
legada, quanto aos praças. definitivamente da prestação do serviço ativo, percebendo remune-
Art. 27 - Excedente é a situação transitória a que, automatica- ração pelo Estado e permanecendo sujeito ao controle disciplinar
mente, passa o policial militar que: da Instituição.
I - tendo cessado o motivo que determinou sua agregação, seja Art. 34 - O oficial militar da reserva não remunerada é aquele
revertido ao respectivo Quadro, estando o mesmo com seu efetivo ex-integrante do serviço ativo exonerado na forma do art. 186.
completo; Parágrafo único - O oficial da reserva não remunerada não está
II - seja promovido por bravura, sem haver vaga; sujeito à ação disciplinar da Instituição nem a convocação.
III - sendo o mais moderno da respectiva escala hierárquica, ul-
trapasse o efetivo de seu Quadro, em virtude da promoção de outro CAPÍTULO III
policial militar em ressarcimento de preterição; DA ESTABILIDADE
IV - tendo cessado o motivo que determinou sua reforma por
incapacidade, retorne ao respectivo Quadro, estando este com seu Art. 35 - O policial militar, habilitado em concurso público e no-
efetivo completo. meado para cargo de sua carreira, adquirirá estabilidade ao com-
§ 1º - O policial militar, cuja situação é de excedente, ocupará pletar três anos de efetivo exercício, desde que seja aprovado no es-
a mesma posição relativa, em antiguidade, que lhe cabe na escala tágio probatório, por ato homologado pela autoridade competente.
hierárquica e receberá o número que lhe competir, em consequên- Art. 36 - O estágio probatório compreende um período de trin-
cia da primeira vaga que se verificar. ta e seis meses, durante o qual serão observadas a aptidão e capa-
§ 2º - O policial militar, na situação de excedente, é considerado cidade para o desempenho do cargo, observados, entre outros, os
para todos os efeitos como em efetivo serviço e a ele se aplicam, seguintes fatores:
respeitados os requisitos legais, em igualdade de condições e sem I - assiduidade;
nenhuma restrição, as normas para indicação para cargo policial mi- II - disciplina;
litar, curso ou promoção. III - observância das normas hierárquicas e ética militar;
§ 3º - O policial militar, excedente por haver sido promovido IV - responsabilidade;
por bravura sem haver vaga, ocupará a primeira vaga aberta, des- V - capacidade de adequação para cumprimento dos deveres
locando o critério de promoção a ser seguido para a vaga seguinte. militares;
Art. 28 - É considerado ausente o policial militar que, por mais VI - eficiência.
de vinte e quatro horas consecutivas: § 1º - A autoridade competente terá o prazo improrrogável de
I - deixar de comparecer à sua organização policial militar sem trinta dias para a homologação do resultado do estágio probatório.
comunicar motivo de impedimento; § 2º - O período em que o praça especial encontrar-se no curso
II - ausentar-se, sem licença, da organização policial militar de formação será computado para o estágio probatório de que trata
onde serve ou do local onde deva permanecer; este artigo.
III - deixar de se apresentar no lugar designado, findo o prazo
de trânsito ou férias; TÍTULO III
IV - deixar de se apresentar à autoridade competente após a DA DEONTOLOGIA POLICIAL MILITAR
cassação ou término de licença ou agregação ou ainda no momento
em que é efetivada mobilização, declarado o estado de defesa, de CAPÍTULO I
sítio ou de guerra; DAS OBRIGAÇÕES POLICIAIS MILITARES
V - deixar de se apresentar a autoridade competente, após o
término de cumprimento de pena. SEÇÃO I
§ 1º - É também considerado ausente o policial militar que dei- -DOS VALORES POLICIAIS MILITARES
xar de se apresentar no momento da partida de comboio que deva
integrar, por ocasião de deslocamento da unidade em que serve. Art. 37 - São valores institucionais:
§ 2º - Decorrido o prazo mencionado neste artigo, serão adota- I - da organização:
das as providências cabíveis para a averiguação da ausência, obser- a) a dignidade do homem;
vando-se os procedimentos disciplinares previstos neste Estatuto b) a disciplina;
e/ou criminais. c) a hierarquia;
Art. 29 - O policial militar é considerado desertor nos casos pre- d) a credibilidade;
vistos na legislação penal militar. e) a ética;
Art. 30 - É considerado desaparecido o policial militar na ativa, f) a efetividade;
assim declarado por ato do Comandante Geral, quando no desem- g) a solidariedade;
penho de qualquer serviço, em viagem, em operação policial mili- h) a capacitação profissional;
tar ou em caso de calamidade pública, tiver paradeiro ignorado por i) a doutrina;
mais de oito dias. j) a tradição.
Parágrafo único - A situação de desaparecimento só será consi- II - do profissional:
derada quando não houver indício de deserção. a) a eficiência e a eficácia;
b) o espírito profissional;

385
DIREITO ADMINISTRATIVO
c) a aparência pessoal; XVII - zelar pela economia do material e a conservação do patri-
d) a auto-estima; mônio público.
e) o profissionalismo; Art. 40 - Ao policial militar da ativa é vedado comerciar ou tomar
f) a bravura; parte na administração ou gerência de sociedade ou dela ser sócio ou
g) a solidariedade; participar, exceto como acionista ou quotista, em sociedade anônima
h) a dedicação. ou por quotas de responsabilidade limitada.
Art. 38 - São manifestações essenciais dos valores policiais mi- Parágrafo único - No intuito de aperfeiçoar a prática profissional
litares: é permitido aos oficiais do Quadro Complementar de Oficiais Policiais
I - o sentimento de servir à sociedade, traduzido pela vontade de Militares o exercício de sua atividade técnico-profissional no meio civil,
cumprir o dever policial militar e pelo integral devotamento à preserva- desde que compatível com as atribuições do seu cargo e com o horário
ção da ordem pública e à garantia dos direitos fundamentais da pessoa de trabalho, respeitadas as limitações constitucionais.
humana;
II - o civismo e o respeito às tradições históricas; TÍTULO IV
III - a fé na elevada missão da Polícia Militar; DO REGIME DISCIPLINAR
IV - o orgulho do policial militar pela Instituição;
V - o amor à profissão policial militar e o entusiasmo com que é CAPÍTULO I
exercida; DOS DEVERES POLICIAIS MILITARES
VI - o aprimoramento técnico-profissional.
SEÇÃO I
SEÇÃO II CONCEITUAÇÃO
DA ÉTICA POLICIAL MILITAR
Art. 41 - Os deveres policiais militares emanam de um conjunto
Art. 39 - O sentimento do dever, a dignidade policial militar e o de vínculos morais e racionais, que ligam o policial militar à pátria,
decoro da classe impõem a cada um dos integrantes da Polícia Militar à Instituição e à segurança da sociedade e do ser humano, e com-
conduta moral e profissional irrepreensíveis, tanto durante o serviço preendem, essencialmente:
quanto fora dele, com observância dos seguintes preceitos da ética po- I - a dedicação integral ao serviço policial militar e a fidelidade
licial militar: à Instituição a que pertence;
I - amar a verdade e a responsabilidade como fundamento da dig- II - o respeito aos Símbolos Nacionais;
nidade pessoal; III - a submissão aos princípios da legalidade, da probidade, da
II - exercer com autoridade, eficiência, eficácia, efetividade e pro- moralidade e da lealdade em todas as circunstâncias;
bidade as funções que lhe couberem em decorrência do cargo; IV - a disciplina e o respeito à hierarquia;
III - respeitar a dignidade da pessoa humana; V - o cumprimento das obrigações e ordens recebidas, salvo as
IV - cumprir e fazer cumprir as Leis, os regulamentos, as instruções manifestamente ilegais;
e as ordens das autoridades competentes, à exceção das manifesta- VI - o trato condigno e com urbanidade a todos;
mente ilegais; VII - o compromisso de atender com presteza ao público em
V - ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na apreciação do geral, prestando com solicitude as informações requeridas, ressal-
mérito dos subordinados; vadas as protegidas por sigilo;
VI - zelar pelo preparo moral, intelectual e físico próprio e dos su- VIII - a assiduidade e pontualidade ao serviço, inclusive quando
bordinados, tendo em vista o cumprimento da missão comum; convocado para cumprimento de atividades em horário extraordi-
VII - praticar a solidariedade e desenvolver permanentemente o nário.
espírito de cooperação;
VIII - ser discreto em suas atitudes e maneiras e polido em sua SEÇÃO II
linguagem falada e escrita; DO COMANDO E DA SUBORDINAÇÃO
IX - abster-se de tratar de matéria sigilosa, de qualquer natureza,
fora do âmbito apropriado; Art. 42 - Comando é a soma de autoridade, deveres e respon-
X - cumprir seus deveres de cidadão; sabilidades de que o policial militar é investido legalmente, quando
XI - manter conduta compatível com a moralidade administrativa; conduz seres humanos ou dirige uma organização policial militar,
XII - comportar-se educadamente em todas as situações; sendo vinculado ao grau hierárquico e constitui uma prerrogativa
XIII - conduzir-se de modo que não sejam prejudicados os princí- impessoal, em cujo exercício o policial militar se define e se carac-
pios da disciplina, do respeito e do decoro policial militar; teriza como chefe.
XIV - abster-se de fazer uso do posto ou da graduação para obter Parágrafo único - Aplica-se aos Comandantes de Operações
facilidades pessoais de qualquer natureza ou para encaminhar negó- Policiais Militares e de Bombeiros Militares, Comandantes de Poli-
cios particulares ou de terceiros; ciamento Regional e Comandante de Policiamento Especializado, à
XV - abster-se, na inatividade, do uso das designações hierárquicas Direção, à Coordenação, à Chefia de Organização Policial Militar, no
quando: que couber o estabelecido para o comando.
a) em atividade político-partidária; Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro
b) em atividade comercial ou industrial; de 2009.
c) para discutir ou provocar discussões pela imprensa a respeito Redação original: “Parágrafo único - Aplica-se à direção, à coor-
de assuntos políticos ou policiais militares, excetuando-se os de natu- denação e à chefia de organização policial militar, no que couber, o
reza exclusivamente técnica, se devidamente autorizado; estabelecido para o comando.”
d) no exercício de funções de natureza não policiais militares, mes- Art. 43 - A subordinação é o respeito ao princípio da hierarquia,
mo oficiais. em face do qual as ordens dos superiores, salvo as manifestamente
XVI - zelar pelo bom conceito da Polícia Militar; ilegais, devem ser plena e prontamente acatadas.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Parágrafo único - A subordinação não afeta, de modo algum, a Art. 47 - Aos praças especiais, em curso de formação, cabe a
dignidade pessoal do policial militar e decorre, exclusivamente, da rigorosa observância das prescrições dos regulamentos que lhes
estrutura hierarquizada da Polícia Militar. são pertinentes, exigindo-se lhes inteira dedicação ao estudo e ao
Art. 44 - As funções de comando, de chefia, de coordenação aprendizado técnico-profissional, ficando vedado o emprego em
e de direção de organização policial militar são privativas dos inte- atividade operacional ou administrativa, salvo em caráter de ins-
grantes do Quadro de Oficiais Policiais Militares. trução.
§ 1º - Compete aos Oficiais Auxiliares do Quadro de Oficiais
Auxiliares da Polícia Militar - QOAPM e do Quadro de Oficiais Auxi- CAPÍTULO II
liares Bombeiros Militares - QOABM o exercício de atividades ope- DA VIOLAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
racionais e administrativas, excetuando-se o comando de Unidades E DOS DEVERES POLICIAIS MILITARES
e Subunidades e o subcomando de Unidades.
Redação de acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de 29 de SEÇÃO I
junho de 2010. DA ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADES.
Redação original: “§ 1º - Os integrantes do Quadro de Oficiais
Auxiliares da Polícia Militar exercerão funções auxiliares e comple- Art. 48 - O policial militar em função de comando responde
mentares de Comando, de Chefia, de Coordenação e de direção de integralmente pelas decisões que tomar, pelas ordens que emitir,
organização policial militar.” pelos atos que praticar, bem como pelas consequências que deles
§ 2º - Aos integrantes do Quadro Complementar de Oficiais Po- advierem.
liciais Militares cabe, ao longo da carreira, o exercício das funções § 1º - Cabe ao policial militar subordinado, ao receber uma or-
técnicas de suas respectivas especialidades. dem, solicitar os esclarecimentos necessários ao seu total entendi-
Art. 44-A - O Quadro de Oficiais Auxiliares da Polícia Militar mento e compreensão.
- QOAPM e o Quadro de Oficiais Auxiliares Bombeiros Militares - § 2º - Cabe ao executante que exorbitar no cumprimento de or-
QOABM serão integrados por policiais militares oriundos do círculo dem recebida, a responsabilidade pessoal e integral pelos excessos
de praças, cujo acesso ocorrerá por promoção, preenchidos os re- e abusos que cometer.
quisitos previstos neste Estatuto e em regulamento de conclusão Art. 49 - A violação das obrigações ou dos deveres policiais mi-
e aprovação no respectivo Curso de Formação previsto em regula- litares poderá constituir crime ou transgressão disciplinar, segundo
mento. disposto na legislação específica.
§ 1º - O maior grau hierárquico do Quadro de Oficiais Auxiliares Art. 50 - O policial militar responde civil, penal e administrativa-
da Polícia Militar - QOAPM e do Quadro de Oficiais Auxiliares Bom- mente pelo exercício irregular de suas atribuições.
beiros Militares - QOABM é o Posto de Major. § 1º - A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou co-
§ 2º - Somente poderão concorrer à promoção ao posto de Ma- missivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo do erário ou de
jor do QOAPM e do QOABM os Capitães que possuam graduação terceiros, na seguinte forma:
em curso de nível superior reconhecido pelo Ministério da Educa- a) a indenização de prejuízos causados ao erário será feita por
ção, preenchidos os demais requisitos legais, inclusive conclusão intermédio de imposição legal ou mandado judicial, sendo descon-
com aproveitamento do Curso de Especialização no Serviço Público tada em parcelas mensais não excedentes à terça parte da remune-
- CESP promovido pela Polícia Militar. ração ou dos proventos do policial militar;
Art. 44-A acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 de junho Ver também:
de 2010. Decreto nº 9.201, de 25 de outubro de 2004 - Disciplina o pro-
Art. 45 - Os graduados auxiliam e complementam as atividades cedimento sobre as consignações em folha de pagamento dos ser-
dos Oficiais no emprego de meios, na instrução e na administração vidores públicos dos órgãos da administração direta, das autarquias
da Unidade, devendo ser empregados na supervisão da execução e fundações do Poder Executivo Estadual de que tratam os arts. 57
das atividades inerentes à missão institucional da Polícia Militar. e 58, da Lei nº 6.677, de 26 de setembro de 1994, art. 4º, da Lei nº
Parágrafo único - No exercício das suas atividades profissionais 6.935, de 24 de janeiro de 1996, art. 50, § 1º, “a”, da Lei nº 7.990,
e no comando de subordinados, os Subtenentes, 1º Sargentos e de 27 de dezembro de 2000, e dá outras providências.
Cabos deverão impor-se pela capacidade técnico-profissional, pelo b) tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o poli-
exemplo e pela lealdade, incumbindo-lhes assegurar a observância cial militar perante a Fazenda Pública, em ação regressiva, de inicia-
minuciosa e ininterrupta das ordens, das regras de serviço e das tiva da Procuradoria Geral do Estado.
normas operativas, pelos Praças que lhes estiverem diretamente § 2º - A responsabilidade penal abrange os crimes militares,
subordinados, bem como a manutenção da coesão e do moral da bem como os crimes de competência da Justiça comum e as contra-
tropa, em todas as circunstâncias. venções imputados ao policial militar nessa qualidade.
Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro § 3º - A responsabilidade administrativa resulta de ato omissivo
de 2009. ou comissivo, praticado no desempenho de cargo ou função capaz
Redação original: “Parágrafo único - No exercício das suas ati- de configurar, à luz da legislação própria, transgressão disciplinar.
vidades profissionais e no comando de subordinados, os Sargentos § 4º - As responsabilidades civil, penal e administrativa pode-
deverão impor-se pela capacidade técnico-profissional, pelo exem- rão cumular-se, sendo independentes entre si.
plo e pela lealdade, incumbindo-lhes assegurar a observância minu- § 5º - A responsabilidade administrativa do policial militar po-
ciosa e ininterrupta das ordens, das regras de serviço e das normas licial militar sujeita-se aos efeitos da elisão e da prescrição na se-
operativas, pelos praças que lhes estiverem diretamente subordina- guinte forma:
das, bem como a manutenção da coesão e do moral da tropa, em a) será elidida no caso de absolvição criminal que negue a exis-
todas as circunstâncias.” tência do fato ou de sua autoria;
Art. 46 - Os soldados poderão, excepcional e temporariamente, b) prescreverá:
exercer o comando de fração de tropa em locais e situações que 1.em cinco anos, quanto às infrações puníveis com demissão;
assim o exijam. 2.em três anos, quanto às infrações puníveis com sanções de
detenção;

387
DIREITO ADMINISTRATIVO
3.em cento e oitenta dias, quanto às demais infrações. SEÇÃO III
c) o prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato DAS PENALIDADES
se tornou conhecido;
d) sendo a falta tipificada penalmente, prescreverá juntamente Art. 52 - São sanções disciplinares a que estão sujeitos os poli-
com o crime; ciais militares:
e) a abertura de sindicância ou a instauração de processo dis- I - advertência;
ciplinar interrompe a prescrição até a decisão final por autoridade II - detenção;
competente. III - demissão;
IV-cassação de proventos de inatividade.
SEÇÃO II Inciso IV acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro de
DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES 2009.
Parágrafo único - Decorrerão da aplicação das sanções discipli-
Art. 51 - São transgressões do policial militar: nares, a que forem submetidos os policiais militares, submissão a
I - não levar ao conhecimento da autoridade competente, no programa de reeducação, suspensão de férias ou licenças em gozo
mais curto prazo, falta ou irregularidade que presenciar ou de que ou desligamento de curso, conforme decisão da autoridade compe-
tiver ciência e couber reprimir; tente, constante do ato de julgamento.
II - deixar de punir o transgressor da disciplina; Art. 53 - Na aplicação das penalidades, serão consideradas a
III - retardar a execução de qualquer ordem, sem justificativa; natureza e a gravidade da infração cometida, os antecedentes fun-
IV - não cumprir ordem legal recebida; cionais, os danos que dela provierem para o serviço público e as
V - simular doença para esquivar-se ao cumprimento de qual- circunstâncias agravantes e atenuantes.
quer dever, serviço ou instrução; Art. 54 - A advertência será aplicada, por escrito, nos casos de vio-
VI - deixar, imotivadamente, de participar a tempo à autoridade lação de proibição e de inobservância de dever funcional previstos em
imediatamente superior, impossibilidade de comparecer ä OPM ou Lei, regulamento ou norma interna, que não justifiquem imposição de
a qualquer ato de serviço; penalidade mais grave.
VII - faltar ou chegar atrasado injustificadamente qualquer ato Art. 55 - A detenção será aplicada em caso de reincidência em fal-
de serviço em que deva tomar parte ou assistir; tas punidas com advertência e de violação das demais proibições que
VIII - permutar serviço sem permissão da autoridade compe- não tipifiquem infração sujeita a demissão, não podendo exceder de
tente; trinta dias, devendo ser cumprida em área livre do quartel.
IX - abandonar serviço para o qual tenha sido designado; Art. 56 - A penalidade de advertência e a de detenção terão seus
X - afastar-se de qualquer lugar em que deva estar por força de registros cancelados, após o decurso de dois anos, quanto à primeira, e
disposição legal ou ordem; quatro anos, quanto a segunda, de efetivo exercício, se o policial militar
XI - deixar de apresentar-se à OPM para a qual tenha sido trans- não houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar.
ferido ou classificado e às autoridades competentes nos casos de Parágrafo único - O cancelamento da penalidade não produzirá
comissão ou serviços extraordinários para os quais tenha sido de- efeitos retroativos.
signado; Art. 57 - A pena de demissão, observada as disposições do art. 53
XII - não se apresentar, findo qualquer afastamento do serviço desta Lei, será aplicada nos seguintes casos:
ou ainda, logo que souber que o mesmo foi interrompido; I - a prática de violência física ou moral, tortura ou coação contra
XIII - deixar de providenciar a tempo, na esfera de suas atribui- os cidadãos, pelos policiais militares, ainda que cometida fora do ser-
ções, por negligência ou incúria, medidas contra qualquer irregula- viço;
ridade de que venha a tomar conhecimento; II - a consumação ou tentativa como autor, co-autor ou partícipe
XIV - portar arma sem registro; em crimes que o incompatibilizem com o serviço policial militar, espe-
XV - sobrepor ao uniforme insígnia ou medalha não regulamen- cialmente os tipificados como:
tar, bem como, indevidamente, distintivo ou condecoração; a) de homicídio (art. 121 do Código Penal Brasileiro);
XVI - sair ou tentar sair da OPM com tropa ou fração de tropa, 1.quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio,
sem ordem expressa da autoridade competente; ainda que cometido por um só agente;
XVII - abrir ou tentar abrir qualquer dependência da OPM fora 2.qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV e V do Código Penal Brasi-
das horas de expediente, desde que não seja o respectivo chefe ou leiro).
sem sua ordem escrita com a expressa declaração de motivo, salvo b) de latrocínio (art. 157, § 3º do Código Penal Brasileiro, in fine);
em situações de emergência; c) de extorsão:
XVIII - deixar de portar o seu documento de identidade ou de 1.qualificado pela morte (art. 158, § 2º do Código Penal Brasileiro);
exibi-lo quando solicitado. 2.mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput e §§
XIX - deixar deliberadamente de corresponder a cumprimento 1º, 2º e 3º do Código Penal Brasileiro).
de subordinado ou deixar o subordinado, quer uniformizado, quer d) de estupro (art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e
em traje civil, de cumprimentar superior, uniformizado ou não, nes- parágrafo único, ambos do Código Penal Brasileiro);
te caso desde que o conheça ou prestar-lhe as homenagens e sinais e) de atentado violento ao pudor (art. 214 e sua combinação com
regulamentares de consideração e respeito; art. 223, caput e parágrafo único do Código Penal Brasileiro);
XX - dar, por escrito ou verbalmente, ordem ilegal ou claramen- f) de epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º do Código Pe-
te inexeqüível, que possa acarretar ao subordinado responsabilida- nal Brasileiro);
de ainda que não chegue a ser cumprida; g) contra a fé pública, puníveis com pena de reclusão;
XXI - prestar informação a superior hierárquico induzindo-o a h) contra a administração pública;
erro, deliberadamente. i) de deserção.
III - tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins;
IV - prática de terrorismo;
V - integração ou formação de quadrilha;

388
DIREITO ADMINISTRATIVO
VI - revelação de segredo apropriado em razão do cargo ou função; § 1º - A sindicância poderá ser conduzida por um ou mais policiais
VII - a insubordinação ou desrespeito grave contra superior hierár- militares, que poderão ser dispensados de suas atribuições normais,
quico (art. 163 a 166 do CPM); até a apresentação do relatório final.
VIII - improbidade administrativa; § 2º - O prazo para conclusão da sindicância não excederá trinta
IX - deixar de punir o transgressor da disciplina nos casos previstos dias, podendo ser prorrogado por metade deste período, a critério da
neste artigo; autoridade competente.
X - utilizar pessoal ou recurso material da repartição ou sob a guar- § 3º - O processo disciplinar sumario destina-se a apuração de fal-
da desta em serviço ou em atividades particulares; ta que, em tese, seja aplicada a pena de advertência e detenção.
XI - fazer uso do posto ou da graduação para obter facilidades pes- § 4º - O processo administrativo disciplinar será instaurado quan-
soais de qualquer natureza ou para encaminhar negócios particulares do, em tese, sobre a falta se aplique a pena de demissão, mediante a
ou de terceiros; nomeação pela autoridade competente da Comissão do Processo Ad-
XII - participar o policial militar da ativa de firma comercial, de em- ministrativo Disciplinar.
prego industrial de qualquer natureza, ou nelas exercer função ou em-
prego remunerado, exceto como acionista ou quotista em sociedade SEÇÃO II
anônima ou por quotas de responsabilidade limitada; DO PROCESSO DISCIPLINAR
XIII - dar, por escrito ou verbalmente, ordem ilegal ou claramente
inexequível, que possa acarretar ao subordinado responsabilidade, ain- Art. 61 - O processo disciplinar sumário desenvolver-se-á com as
da que não chegue a ser cumprida; seguintes fases:
XIV - permanecer no mau comportamento por período supe- I - publicação da portaria, com descrição do fato objeto da apura-
rior a dezoito meses, caracterizado este pela reincidência de atitu- ção e indicação do dispositivo legal supostamente violado, além da
des que importem nas transgressões previstas nos incisos I a XX, do nomeação de um ou mais policiais militares que conduzirão o pro-
art. 51, desta Lei. cesso, bem como o presidente dos trabalhos na hipótese de mais de
Parágrafo único - Aos policiais militares da reserva remunera- um policial militar na comissão apuradora;
da e reformados incursos em infrações disciplinares para qual esteja II - citação, defesa inicial, instrução, defesa final e o relatório;
prevista a pena de demissão nos termos deste artigo e do artigo 53 III - julgamento.
será aplicada a penalidade de cassação de proventos de inatividade, § 1º - O policial militar ou a Comissão escolherá livremente o
respeitado, no caso dos Oficiais, o disposto no art. 189 deste Estatuto. secretário para os trabalhos, observada a hierarquia.
Parágrafo único acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro § 2º - O prazo para a conclusão do processo disciplinar será de
de 2009. trinta dias, prorrogável pela metade do período mediante ato da
autoridade competente.
CAPÍTULO III § 3º - Para garantir a celeridade da instrução no curso do pro-
DA APURAÇÃO DISCIPLINAR cesso disciplinar sumario, o policial militar ou a comissão apuradora
poderá ficar dispensados dos demais trabalhos regulares.
Art. 58 - A autoridade que tiver ciência de irregularidade no servi- § 4º - O policial militar ou a comissão apuradora deverá iniciar
ço é obrigada a promover a sua imediata apuração mediante sindicân- seus trabalhos, no prazo máximo de trinta dias, contados da sua ins-
cia ou processo disciplinar. tauração, só podendo ultrapassar o período de trinta dias, na hipó-
Parágrafo único - Quando o fato narrado não configurar evidente tese de pedido motivado e despacho fundamentado da autoridade
infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada por falta competente, desde que comprovada a existência de circunstância
de objeto. excepcional.
Art. 59 - Como medida cautelar, e a fim de que o policial militar § 5º - O processo disciplinar sumario não poderá ser conduzido
acusado do cometimento de falta disciplinar não interfira na apuração por cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consanguíneo
da irregularidade, a autoridade instauradora do processo disciplinar ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
poderá, fundamentadamente, de ofício ou por provocação de encar- § 6º - Aplicam-se, no que couber, ao presente processo as re-
regado de feito investigatório, requerer ao escalão competente o seu gras previstas nas Seções III, IV, V e VI deste Capítulo.
afastamento do exercício do cargo ou da função, pelo prazo de trinta Art. 62 - O processo administrativo disciplinar destina-se a
dias, sem prejuízo da remuneração, devendo permanecer à disposição apurar responsabilidade do policial militar por infração praticada
da Instituição para efeito da instrução da apuração da falta. no exercício de suas funções ou relacionada com as atribuições do
Parágrafo único - O afastamento deverá determinar a proibição seu cargo, inclusive conduta irregular do mesmo, verificada em sua
temporária do uso de uniforme e arma e ser prorrogado por igual pra- vida privada, que tenha repercussão nas atribuições do cargo ou no
zo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluído o serviço público.
processo de apuração regular da falta. § 1º - Para a apuração prevista no caput deste artigo, a autori-
dade competente nomeará a Comissão Processante que observará
SEÇÃO I as normas previstas neste Capítulo.
DA SINDICÂNCIA § 2º - O processo administrativo disciplinar somente será prece-
dido de sindicância quando não houver elementos suficientes para
Art. 60 - A sindicância será instaurada para apurar irregularidades a constatação da materialidade do fato ou identificação da autoria.
ocorridas no serviço público, identificando a autoria e materialidade da Art. 63 - O processo administrativo disciplinar desenvolver-se-á
transgressão, dela podendo resultar: com as seguintes fases:
I - arquivamento do procedimento; I - instauração, com a publicação da portaria do ato que consti-
II - instauração de processo disciplinar sumario; tuir Comissão Processante responsável pelo feito;
III - instauração de processo administrativo disciplinar; II - lavratura do termo de acusação;
IV - instauração de inquérito policial militar; III - citação, defesa inicial, instrução, defesa final e relatório;
V - encaminhamento ao Ministério Público, quando resultar prova- IV - julgamento.
do o cometimento de ilícito penal de competência da Justiça Comum.

389
DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º - A autoridade competente, mediante portaria, designará § 3º - As reuniões da Comissão serão registradas em atas cir-
a Comissão, composta por três policiais militares de hierarquia igual cunstanciadas.
ou superior à do acusado, determinará que esta lavre o termo de § 4º - Todos os atos, documentos e termos do processo serão
acusação, descrevendo detalhadamente os fatos imputados ao po- extraídos em duas vias ou reproduzidas em cópias autenticadas,
licial militar além indicar o dispositivo legal supostamente violado e formando autos suplementares.
as penalidades a que o acusado estará sujeito. Art. 70 - A citação do acusado será feita pessoalmente ou por
§ 2º - A cópia do termo mencionado no parágrafo anterior in- edital e deverá conter:
tegrará o ato de citação, sendo peça indispensável, sob pena de nu- I - a descrição dos fatos e os fundamentos da imputação;
lidade da citação. II - data, hora e local do comparecimento do acusado, para
§ 3º - Na portaria será indicado também o membro que será o apresentação da defesa e interrogatório;
presidente da Comissão, permitindo livremente a escolha por este III - a obrigatoriedade do acusado fazer-se representar por ad-
do secretário dos trabalhos. vogado;
§ 4º - O prazo para a conclusão do processo disciplinar será de IV - a informação quanto à continuidade do processo indepen-
sessenta dias, prorrogável por igual período pela autoridade com- dentemente do não comparecimento do acusado.
petente. § 1º - A citação pessoal será feita, preferencialmente, pelo se-
§ 5º - Sempre que necessário, e mediante requerimento funda- cretário da Comissão, apresentando ao destinatário o instrumento
mentado à autoridade que instaurou o feito, os membros da Comis- correspondente em duas vias, devidamente assinadas pelo Presi-
são dedicarão tempo integral aos seus trabalhos, ficando dispensa- dente e acompanhadas do termo de acusação.
dos de suas funções, até a entrega do relatório final. § 2º - O comparecimento voluntário do acusado perante a Co-
§ 6º - A Comissão deverá iniciar seus trabalhos, no prazo de missão supre a citação.
cinco dias, contados da data de sua instauração, só podendo ultra- § 3º - Quando o acusado se encontrar em lugar incerto ou não
passar o período previsto nesta Lei para sua conclusão na hipótese sabido ou quando houver fundada suspeita de ocultação para frus-
de pedido motivado pelo seu Presidente e despacho fundamentado trar a diligência, a citação será feita por edital.
da autoridade competente, desde que comprovada a existência de § 4º - O edital será publicado, por uma vez, no Diário Oficial
circunstância excepcional. do Estado e em jornal de grande circulação da localidade do último
§7º - A Comissão, ao emitir o seu relatório final, indicará se a domicílio conhecido, se houver, e fará remissão expressa ao termo
falta praticada torna o Praça ou o Oficial indigno para permanecer de acusação.
na Polícia Militar ou com a Instituição incompatível. § 5º - Recusando-se o acusado a receber a citação, deverá o
Art. 64 - Não poderá participar de comissão cônjuge, compa- fato ser certificado à vista de duas testemunhas.
nheiro ou parente do indiciando, consanguíneo ou afim, em linha § 6º - A designação da data para apresentação da defesa inicial
reta ou colateral, até o terceiro grau. e o interrogatório do acusado respeitará o interstício mínimo de cin-
Art. 65 - O policial militar da reserva remunerada e o reformado co dias contados da data da citação.
poderão ser também submetidos a Processo Disciplinar, podendo
ser apenados com sanções compatíveis com sua situação institu- SEÇÃO IV
cional. DA INSTRUÇÃO
Art. 66 - O processo administrativo disciplinar de que possa
resultar a indignidade ou incompatibilidade do Oficial para perma- Art. 71 - A instrução respeitará o princípio do contraditório, as-
nência na Polícia Militar será julgado pelo Tribunal de Justiça do Es- segurando-se ao acusado ampla defesa, com meios e recursos a ela
tado da Bahia para decisão quanto a perda do posto e da patente. inerentes.
Art. 67 - Os membros da Comissão exercerão suas atividades Art. 72 - Os autos da sindicância, se realizada, integrarão o pro-
com independência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessá- cesso disciplinar como peça informativa.
rio à elucidação do fato ou quando exigido pelo interesse publico, Art. 73 - A Comissão promoverá o interrogatório do acusado, a
sob pena da responsabilidade. tomada de depoimentos, acareações e a produção de outras pro-
Parágrafo único - As reuniões e as audiências da Comissão te- vas, inclusive a pericial, se necessária.
rão caráter público, excetuando-se as sessões de julgamento e os § 1º - No caso de mais de um acusado, cada um será ouvido
casos em que o interesse da disciplina assim não o recomende. separadamente podendo ser promovida a acareação, sempre que
divergirem em suas declarações.
SEÇÃO III § 2º - A designação dos peritos recairá, preferencialmente, em
DOS ATOS E TERMOS PROCESSUAIS policiais militares com capacidade técnica especializada, e na fal-
ta deles, em pessoas estranhas ao serviço público estadual, com a
Art. 68 - O presidente da Comissão, após nomear o secretário, mesma capacidade técnica específica para a investigação a ser pro-
determinará a autuação da portaria e das demais peças existentes e cedida, assegurado ao acusado a faculdade de formular quesitos.
instalará os trabalhos, designando dia, hora e local para as reuniões § 3º - O presidente da Comissão poderá indeferir pedidos con-
e ordenará a citação do acusado para apresentar defesa inicial e in- siderados impertinentes, meramente protelatórios ou de nenhum
dicar provas, inclusive rol de testemunhas com no máximo de cinco interesse para o esclarecimento dos fatos.
nomes. Art. 74 - A defesa do acusado será promovida por advogado por
Art. 69 - Os termos serão lavrados pelo secretário da Comissão ele constituído ou por defensor público ou dativo.
e terão forma processual. § 1º - Caso o acusado, regularmente intimado, não compareça
§ 1º - A juntada de qualquer documento aos autos será feita sem motivo justificado, o presidente da Comissão designará defen-
por ordem cronológica de apresentação, devendo o presidente ru- sor público ou dativo.
bricar todas as folhas. § 2º - Nenhum ato da instrução poderá ser praticado sem a
§ 2º - Constará dos autos do processo a folha de antecedentes prévia intimação do acusado e do seu defensor.
funcionais do acusado. Art. 75 - Em qualquer fase do processo poderá ser juntado do-
cumento aos autos, antes do relatório.

390
DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 76 - As testemunhas serão intimadas através de ato expe- SEÇÃO V
dido pelo presidente da Comissão, devendo a segunda via, com o DO JULGAMENTO
ciente delas, ser anexada aos autos.
§ 1º - Se a testemunha for policial militar, a intimação poderá Art. 86 - No prazo de trinta dias, contados do recebimento do
ser feita mediante requisição ao chefe da repartição onde serve, processo, a autoridade que o instaurou, investida no papel de julga-
com indicação do dia, hora e local marcados para a audiência. dora, proferirá a sua decisão.
§ 2º - Se as testemunhas arroladas pela defesa não forem en- § 1º - Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autori-
contradas e o acusado, intimado para tanto, não fizer a substituição dade instauradora do processo, este será encaminhado à autorida-
dentro do prazo de três dias úteis, prosseguir-se-á nos demais ter- de competente, que decidirá em igual prazo.
mos do processo. § 2º - Havendo acusados pertencentes a unidades diversas e
Art. 77 - O depoimento será prestado oralmente e reduzido a pluralidade de sanções, o julgamento caberá à autoridade compe-
termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito. tente para a imposição da pena mais grave.
§ 1º - As testemunhas serão inquiridas separadamente. § 3º - Se a penalidade prevista for a demissão, a sanção, no
§ 2º - Antes de depor, a testemunha será qualificada, não sendo tocante aos Oficiais, caberá ao Governador do Estado.
compromissada em caso de amizade íntima ou inimizade capital ou § 4º - Reconhecida pela Comissão a inocência do policial mili-
parentesco com o acusado ou denunciante, em linha reta ou cola- tar, a autoridade instauradora do processo determinará o seu ar-
teral até o terceiro grau. quivamento.
Art. 78 - Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do Art. 87 - O julgamento acatará, ordinariamente, o relatório da
acusado, a Comissão proporá à autoridade competente que ele seja Comissão, salvo quando contrário às provas dos autos.
submetido a exame por Junta Médica oficial, da qual participe, pelo § 1º - Quando o relatório contrariar as evidências dos autos, a
menos, um médico psiquiatra, que emitirá o respectivo laudo, facul- autoridade julgadora poderá, motivadamente, discordar das con-
tada ao acusado a indicação de assistente técnico. clusões do colegiado, e, fundamentadamente, com base nas provas
Parágrafo único - O incidente de insanidade mental será pro- intra-autos, agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o
cessado em autos apartados e apensos ao processo principal, fican- policial militar de responsabilidade.
do este sobrestado até a apresentação do laudo, sem prejuízo da § 2º - Se constatado que a Comissão laborou propositadamente
realização de diligências imprescindíveis. em erro, de modo a conduzir as conclusões no sentido da absol-
Art. 79 - O acusado que mudar de residência fica obrigado a vição ou da condenação, será imposta a seus membros penalida-
comunicar a Comissão o local onde será encontrado. de disciplinar correspondente à transgressão e na medida de sua
Art. 80 - Compete à Comissão tomar conhecimento de novas culpa, mediante procedimento disciplinar próprio, com as garantias
imputações que surgirem, durante o curso do processo, contra o constitucionais a este inerente, em especial o contraditório e a am-
acusado, caso em que este poderá produzir novas provas objetivan- pla defesa.
do a defesa. § 3º - O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade
Art. 81 - Ultimada a instrução, intimar-se-á o acusado, através do processo, ressalvada a hipótese de procrastinação intencional.
de seu defensor, a apresentar defesa no prazo de dez dias, assegu- Art. 88 - A autoridade julgadora que der causa à prescrição de
rando-lhe vista do processo. que trata o art. 50, § 5º será responsabilizada na forma do Capítulo
Parágrafo único - Havendo dois ou mais acusados, o prazo será II, do Título IV, deste Estatuto.
comum de vinte dias, correndo na repartição. Art. 89 - Quando a transgressão disciplinar também estiver ca-
Art. 82 - A ausência do policial militar acusado, regularmente pitulada como crime, o processo disciplinar será remetido ao Mi-
citado, não importará no reconhecimento da verdade dos fatos. nistério Público para instauração da ação penal, ficando os autos
Art. 83 - Apresentada a defesa final, a Comissão elaborará re- suplementares arquivados na repartição.
latório minucioso, no qual resumirá as peças principais dos autos Art. 90 - O policial militar submetido a processo disciplinar só
e mencionará as provas em que se basear para formar a sua con- poderá ser exonerado a pedido ou passar, voluntariamente, para a
vicção e será conclusivo quanto à inocência ou responsabilidade reserva, após a conclusão do processo e o cumprimento da penali-
do policial militar, indicando o dispositivo legal transgredido, bem dade, acaso aplicada.
como a natureza e a gravidade da infração cometida, os anteceden-
tes funcionais, os danos que dela provierem para o serviço público SEÇÃO VI
e, em especial, para o serviço policial militar propriamente dito, REVISÃO DO PROCESSO
além das circunstâncias agravantes e atenuantes.
§ 1º - A Comissão apreciará separadamente as irregularidades Art. 91 - O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer
que forem imputadas a cada acusado. tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou
§ 2º - A Comissão poderá sugerir providências para evitar reite- circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a
ração de fatos semelhantes aos que originaram o processo e quais- inadequação da penalidade aplicada.
quer outras que lhe pareçam de interesse público. Parágrafo único - Da revisão do processo não poderá resultar
Art. 84 - A Comissão terá o prazo de vinte dias, prorrogável por agravamento de penalidade.
mais dez, para entregar o relatório final à autoridade competente
que a instituiu, a contar do término do prazo de apresentação da
defesa final.
Art. 85 - O processo disciplinar, com o relatório da Comissão,
será remetido para julgamento pela autoridade que determinou a
instauração.

391
DIREITO ADMINISTRATIVO
TÍTULO V s) o auxílio-natalidade, licença-maternidade e paternidade,
DOS DIREITOS E PRERROGATIVAS garantindo-se à gestante a mudança de função, nos casos em que
DOS POLICIAIS MILIARES houver recomendação médica, sem prejuízo de seus vencimentos e
demais vantagens do cargo, posto ou graduação;
CAPÍTULO I ) seguro contra acidentes do trabalho;
DOS DIREITOS u) Revogada pelo art. 15 da Lei nº 13.471, de 30 de dezembro
de 2015.
SEÇÃO I VI - o policial militar acidentado em serviço, que necessite de
ENUMERAÇÃO tratamento especializado, recomendado por Junta Médica Oficial,
terá garantido os recursos médico-hospitalares, medicamentos e
Art. 92 - São direitos dos Policiais Militares: próteses necessários à sua recuperação conforme dispuser o regu-
I - a garantia da patente e da graduação, em toda a sua plenitu- lamento;
de, com as vantagens, prerrogativas e deveres a ela inerentes; VII - outros direitos previstos em Lei.
II - os proventos calculados com base na remuneração integral
do seu posto ou graduação quando, não contando com trinta anos SEÇÃO II
de serviço, for transferido para a reserva remunerada ex ofício por DOS DEPENDENTES DO POLICIAL MILITAR
ter atingido a idade limite de permanência em atividade no posto
ou na graduação; Art. 93 - Consideram-se dependentes econômicos do policial
III - os proventos calculados com base na remuneração integral militar:
do posto ou graduação imediatamente superior quando, contando I - para efeito de previdência social:
com trinta anos ou mais de serviço, for transferido para a reserva a) cônjuge ou o(a) companheiro(a);
remunerada; b) os filhos solteiros, desde que civilmente menores;
IV - os proventos calculados com base na remuneração integral c) os filhos solteiros inválidos de qualquer idade;
do seu próprio posto ou graduação acrescida de 20% (vinte por cen- d) os pais inválidos de qualquer idade.
to) quando, contando com trinta e cinco anos ou mais de serviço, II - para efeito de fruição dos serviços de assistência à saúde:
for ocupante do último posto da estrutura hierárquica da Corpora- a) cônjuge, ou o(a) companheiro(a);
ção no seu quadro e, nessa condição, seja transferido para a reserva b) os filhos solteiros, menores de 18 anos;
remunerada; c) os filhos solteiros inválidos com dependência econômica.
V - nas condições ou nas limitações impostas na legislação e § 1º - A dependência econômica das pessoas indicadas nas alí-
regulamentação peculiares: neas “a” e “b”, dos incisos I e II, é presumida e a das demais deve
a) o uso das designações hierárquicas; ser comprovada.
b) a ocupação de cargo correspondente ao posto ou à gradua- § 2º - Equiparam-se aos filhos, nas condições dos incisos I e II
ção, satisfeitas as exigências de qualificação e competência para o deste artigo, os dependentes nos termos da legislação previdenciá-
seu exercício; ria estadual.
c) a percepção de remuneração; § 3º - É considerado companheiro(a), nos termos do inciso I
d) a alimentação, assim entendida as refeições ou subsídios deste artigo, a pessoa que, sem ser casado(a), mantém união es-
com esse objetivo, fornecido aos policiais militares durante o ser- tável com o policial militar solteiro(a), viúvo(a), separado(a) judi-
viço; cialmente ou divorciado(a), ainda que este(a) preste alimentos ao
e) o fardamento, constituindo-se no conjunto de uniformes ne- ex-cônjuge, e desde que resulte comprovada vida em comum.
cessários ao desempenho de suas atividades, incluindo-se as rou- § 4º - Considera-se dependente econômico, para os fins desta
pas indispensáveis no alojamento; Lei, a pessoa que não tenha renda, não disponha de bens e tenha
f) indenização de transporte; suas necessidades básicas integralmente atendidas pelo policial mi-
g) indenização de diárias; litar.
h) auxílio transporte, devido ao policial militar nos deslocamen- § 5º - Perdurará até vinte e quatro anos de idade, para efeitos
tos da residência para o trabalho e vice-versa, na forma e condições previdenciários a condição de dependente para o filho solteiro, des-
estabelecidas em regulamento; de que não percebam qualquer rendimento, na forma do parágrafo
i) honorário de ensino, observado o disposto em regulamento; anterior, e sejam comprovadas, semestralmente, suas matrículas e
j) a promoção; freqüência regular em curso de nível superior ou a sujeição a ensino
especial, nas hipóteses previstas no art. 9º, da Lei Federal nº 5.692,
k) a transferência, a pedido, para a reserva remunerada; de 11 de agosto de 1971.
l) as férias, os afastamentos temporários do serviço e as licen- § 6º - Dos dependentes inválidos exigir-se-á prova de não se-
ças; rem beneficiários, como segurados ou dependentes, de outros
m) a exoneração a pedido; segurados de qualquer sistema previdenciário oficial, ressalvada a
^r) adicional de férias correspondente a um terço da remune- hipótese do parágrafo seguinte.
ração percebida; § 7º - No caso de filho maior, solteiro, inválido e economica-
o) redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor- mente dependente, admitir-se-á a duplicidade de vinculação previ-
mas de saúde, higiene e segurança; denciária como dependente, unicamente em relação aos genitores,
p) adicional de remuneração para as atividades penosas, insa- segurados de qualquer regime previdenciário.
lubres ou perigosas, na mesma forma e condições dos funcionários § 8º - A condição de invalidez será apurada por Junta Médica
públicos civis; Oficial do Estado ou por instituição credenciada pelo Poder Público,
q) adicional noturno; devendo ser verificada no prazo nunca superior a seis meses nos
r) adicional por serviço extraordinário; casos de invalidez temporária.
§ 9º - A perda da qualidade de dependente ocorrerá:

392
DIREITO ADMINISTRATIVO
a) para o cônjuge, pela separação judicial ou pelo divórcio, des- Art. 98 - O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabí-
de que não lhe tenha sido assegurada a percepção de alimentos, ou veis, suspendem a prescrição administrativa, recomeçando a correr,
pela anulação do casamento; pelo restante, no dia em que cessar a causa da suspensão.
b) para o companheiro(a), quando revogada a sua indicação Art. 99 - São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos
pelo policial militar ou desaparecidas as condições inerentes a essa neste capítulo, salvo quando o policial militar provar evento impre-
qualidade; visto, alheio à sua vontade, que o impediu de exercer o direito de
c) para o filho e os referidos no § 2º, deste artigo, ao alcança- petição.
rem a maioridade civil, ressalvado o disposto no § 5º, do mesmo Art. 100 - A administração deverá rever seus atos a qualquer
artigo, ou na hipótese de emancipação; tempo, quando eivados de ilegalidade.
d) para o maior inválido, pela cessação da invalidez;
e) para o solteiro, viúvo ou divorciado, pelo casamento ou con- SEÇÃO IV
cubinato; DOS DIREITOS POLÍTICOS
f) para o separado judicialmente com percepção de alimentos,
pelo concubinato; Art. 101 - Os policiais militares são alistáveis como eleitores e
g) para os beneficiários economicamente dependentes, quan- elegíveis segundo as regras seguintes:
do cessar esta situação; I - se contar com menos de dez anos de serviço, deverá afastar-
h) para o dependente em geral, pela perda o posto ou gradua- -se da atividade;
ção aquele de quem depende. II - se contar mais de dez anos de serviço será, ao se candidatar
§ 10 - A qualidade de dependente é intransmissível. a cargo eletivo, três meses antes da data limite para realização das
convenções dos partidos políticos, agregado ex officio e considera-
SEÇÃO III do em gozo de licença para tratar de interesse particular; se eleito,
DO DIREITO DE PETIÇÃO passará, automaticamente, no ato da diplomação, para a inativida-
de, fazendo jus a remuneração proporcional ao seu tempo de ser-
Art. 94 - É assegurado ao policial militar o direito de requerer, viço.
representar, pedir reconsideração e recorrer, dirigindo o seu pedi- Parágrafo único - Enquanto em atividade, os policiais militares
do, por escrito, à autoridade competente. não podem filiar-se a partidos políticos.
§ 1º - Para o exercício do direito de que trata este artigo, é asse-
gurada vista do processo ou documento na repartição, e cópia, esta SEÇÃO V
última mediante o ressarcimento das respectivas despesas, ressal- DA REMUNERAÇÃO
vado o disposto na Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994.
§ 2º - Se não houver pronunciamento da autoridade compe- Art. 102 - A remuneração dos policiais militares é devida em
tente no prazo de trinta dias, considerar-se-á indeferido o pedido. bases estabelecidas em legislação peculiar, compreendendo:
§ 3º - Preclui, em trinta dias, a contar da publicação, ou da ciên- I - na ativa:
cia, pelo policial militar interessado, do ato, decisão ou omissão, 1.vencimentos constituído de:
para apresentar pedido de reconsideração ou interpor recurso. a) soldo;
Art. 95 - Cabe pedido de reconsideração à autoridade que hou- b) gratificações.
ver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não podendo 2.Indenizações.
ser renovado, devendo ser apresentado em quinze dias corridos, a II - na inatividade, proventos constituídos das seguintes parce-
contar do recebimento da comunicação oficial ou do efetivo conhe- las:
cimento pelo interessado, quanto a ato relacionado com a lista de a) soldo ou quotas de soldo;
composição para acesso. b) gratificações incorporáveis.
Parágrafo único - Em caso de deferimento do requerimento ou § 1º - São gratificações a que faz jus o policial militar no serviço
provimento do pedido de reconsideração, os efeitos da decisão re- ativo:
troagirão à data do ato impugnado. a) pelo exercício de cargo de provimento temporário;
Art. 96 - Caberá recurso, nas hipóteses de indeferimento ou b) natalina;
não apreciação do pedido de reconsideração, sendo competente c) adicional por tempo de serviço, sob a forma de anuênio;
para apreciar o recurso a autoridade hierarquicamente superior à d) adicional por exercício de atividades insalubres, perigosas ou
que tiver expedido o ato ou proferido a decisão. penosas;
§ 1º - Entende-se indeferido, para todos os efeitos, o recurso e) adicional por prestação de serviço extraordinário;
que não for examinado pela autoridade competente, no prazo de f) adicional noturno;
trinta dias do seu encaminhamento pelo policial militar interessado. g) adicional de inatividade;
§ 2º - Acolhido o recurso, os efeitos da decisão retroagirão à h) gratificação de atividade policial militar;
data do ato impugnado. i ) honorários de ensino.
§ 3º - O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, a j) Gratificação por Condições Especiais de Trabalho - CET; Alínea
juízo da autoridade competente, em despacho fundamentado. “j” acrescida pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro de 2009.
Art. 97 - O direito de requerer prescreve em cinco anos, quanto k) Gratificação pelo Exercício Funcional em Regime de Tempo In-
aos atos de demissão e de cassação de inatividade ou que afetem tegral e Dedicação Exclusiva ? RTI.”. Alínea “k” acrescida pelo art. 6º
interesse patrimonial e créditos resultantes da relação funcional e da Lei nº 11.356, de janeiro de 2009.
nos demais casos em cento e vinte dias. § 2º - São indenizações devidas ao policial militar no serviço ati-
Parágrafo único - O prazo de prescrição será contado da data vo:
da publicação do ato impugnado ou da ciência, pelo policial militar, a) ajuda de custo;
quando não for publicado. b) diária;
c) transporte;
d) transporte de bagagem;

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DIREITO ADMINISTRATIVO
e) auxílio acidente; buição mensal para o FUNPREV, sobre a diferença entre o valor dos
f) auxílio moradia; proventos de reservista percebidos e aquele dos vencimentos de
g) auxílio invalidez; que trata este artigo.
h) auxílio fardamento. Artigo 104-A e §§ 1º e 2º acrescidos pelo art. 6º da Lei nº
§ 3º - O policial militar fará jus, ainda, a seguro de vida ou inva- 11.356, de janeiro de 2009.
lidez permanente em face de riscos profissionais custeado integral- Art. 105 - A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze
mente pelo Estado. avos) da remuneração a que o policial militar ativo fizer jus, no mês
Art. 103 - O policial militar terá direito a perceber, pelo exercício de exercício, no respectivo ano, considerando a fração igual ou su-
do cargo de provimento temporário, gratificação equivalente a 30% perior a quinze dias como mês integral, não servindo de base para
(trinta por cento) do valor correspondente ao símbolo respectivo ou cálculo de qualquer parcela remuneratória.
optar pelo valor integral do símbolo, que neste caso, será pago como § 1º - A gratificação será paga no mês de dezembro de cada
vencimento básico enquanto perdurar a investidura ou ainda pela di- ano, ficando assegurado o seu adiantamento no mês do aniversário
ferença entre este e o soldo respectivo. do servidor policial militar, em valor não excedente à metade da
Parágrafo único - O policial militar substituto perceberá, a partir remuneração mensal percebida, salvo opção expressa do beneficiá-
do décimo dia consecutivo, a remuneração do cargo do substituído, rio manifestada com a antecedência mínima de trinta dias da data
paga na proporção dos dias de efetiva substituição, sendo-lhe faculta- do seu aniversário para percepção da vantagem no ensejo das suas
do exercer qualquer das opções previstas neste artigo. férias ou época em que o funcionalismo público em geral a perceba.
Art. 104 - Ao policial militar que tiver exercido, por dez anos Redação do § 1º do art. 105 de acordo com o art. 1º da Lei nº
contínuos ou não, cargo de provimento temporário, é assegurada 8.639, de 15 de julho de 2003.
estabilidade econômica, consistente no direito de continuar a per- Redação original: “§ 1º - A gratificação será paga até o dia vinte
ceber, no caso de exoneração ou dispensa, como vantagem pessoal, do mês de dezembro de cada ano ou no ensejo das férias do policial
retribuição equivalente a 30% (trinta por cento) do valor do símbolo militar, sempre que este requerer até trinta dias antes do período
correspondente ao cargo de maior hierarquia que tenha exercido por de gozo, não podendo exceder à metade da remuneração por este
mais de dois anos ou a diferença entre o maior valor e o vencimento percebida no mês.”
do cargo de provimento permanente. § 2º - Ao policial militar inativo, com exceção da reserva não re-
§ 1º - O direito à estabilidade econômica constitui-se com a exo- munerada, será devida a gratificação natalina em valor equivalente
neração ou dispensa do cargo de provimento temporário, sendo o aos respectivos proventos.
valor correspondente fixado neste momento. § 3º - Ao policial militar exonerado ou demitido será devida a
§ 2º - A vantagem pessoal por estabilidade econômica será rea- gratificação na proporcionalidade dos meses de efetivo exercício,
justada sempre que houver modificação no valor do símbolo em que calculada sobre a remuneração do mês do afastamento do serviço.
foi fixada, observando-se as correlações e transformações estabele- § 4º - Na hipótese de ter havido adiantamento do valor supe-
cidas em Lei. rior ao devido no mês da exoneração ou demissão, o excesso será
§ 3º - O policial militar beneficiado pela estabilidade econômi- devolvido, no prazo de trinta dias, findo o qual, sem devolução, será
ca que vier a ocupar outro cargo de provimento temporário deverá o débito inscrito na dívida ativa.
optar, enquanto perdurar esta situação entre a vantagem pessoal já Art. 106 - O policial militar com mais de cinco anos de efetivo
adquirida e o valor da gratificação pertinente ao exercício do novo exercício no serviço público terá direito por anuênio, contínuo ou
cargo. não, à percepção de adicional calculado à razão de 1% (um por cen-
§ 4º - O policial militar beneficiado pela estabilidade econômica to) sobre o valor do soldo do cargo que é ocupante, a contar do mês
que vier a ocupar, por mais de dois anos, outro cargo de provimento em que o policial militar completar o anuênio.
temporário, poderá obter a modificação do valor da vantagem pes- § 1º - Para efeito desta gratificação, considera-se de efetivo
soal, passando esta a ser calculada com base no valor do símbolo exercício o tempo de serviço prestado, sob qualquer regime de tra-
correspondente ao novo cargo. balho, na administração pública estadual, suas autarquias, funda-
§ 5º -revogado pelo art. 15 da Lei nº 13.471, de 30 de dezembro ções, empresas públicas e sociedades de economia mista.
de 2015. § 2º - Para o cálculo do adicional não serão computadas quais-
Art. 104-A - No caso de policiais militares transferidos, compulso- quer parcelas pecuniárias, ainda que incorporadas ao vencimento
riamente, para a reserva remunerada em razão de diplomação para para outros efeitos legais.
cargo eletivo, previsto no art. 14, § 8º, II da Constituição Federal, o § 3º - Revogado pelo art. 15 da Lei nº 13.471, de 30 de dezem-
tempo de exercício do cargo eletivo será computado, ao final do exer- bro de 2015.
cício e a partir de então, para revisão dos respectivos proventos de Art. 107 - Os policiais militares que trabalharem com habitua-
reservistas, inclusive quanto ao adicional por tempo de contribuição. lidade em condições insalubres, perigosas ou penosas farão jus ao
§ 1º - O tempo de serviço prestado no cargo eletivo será con- adicional correspondente, conforme definido em regulamento.
tado para todos os efeitos legais, inclusive para integralização do § 1º - O direito aos adicionais de que trata este artigo cessa
decênio aquisitivo do direito à vantagem prevista no art. 104 da Lei com a eliminação das condições ou dos riscos que deram causa à
nº 7.990, de 27 de dezembro de 2001, cuja fixação do valor será fei- concessão.
ta, no caso de permanência neste cargo por mais de 02 (dois) anos, § 2º - Haverá permanente controle da atividade do policial mi-
no símbolo correspondente ao cargo de provimento temporário da litar em operações ou locais considerados insalubres, perigosos ou
Polícia Militar que mais se aproxime do valor percebido no cargo penosos.
eletivo e o período decenal. § 3º - A policial militar gestante ou lactante será afastada, en-
§ 2º - A eficácia das disposições deste artigo e seus parágrafos é quanto durar a gestação e lactação, das operações, condições e lo-
garantida àqueles que estiverem em exercício de mandato eletivo a cais previstos neste artigo, para exercer suas atividades em locais
partir da publicação desta Lei e fica condicionada ao recolhimento, compatíveis com o seu bem-estar, sendo-lhe assegurada a licença-
pelo interessado, durante o exercício do cargo eletivo, de contri- -maternidade de 180 (cento e oitenta) dias.
Redação de acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de 29 de
junho de 2010.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Redação original: “§ 3º - A policial militar gestante ou lactante § 6º - Na hipótese de nomeação para exercício de cargo de pro-
será afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das opera- vimento temporário, o pagamento da gratificação somente será man-
ções, condições e locais previstos neste artigo, para exercer suas tido se o cargo em que esta se efetivar for estabelecido em Lei, como
atividades em outros locais.” sendo policial militar ou de natureza policial militar e na hipótese de
Art. 108 - O serviço extraordinário será remunerado com acrés- substituição de cargo de provimento temporário o policial militar per-
cimo de 50% (cinqüenta por cento) em relação à hora normal de tra- ceberá, durante tal período, a gratificação do substituído.
balho, incidindo sobre o soldo e a gratificação de atividade policial § 7º - O cálculo previsto no § 4º deste artigo será efetuado obser-
ou outra que a substitua, na forma disciplinada em regulamento. vando-se o quanto fixado no art. 92, incisos III e IV, deste diploma legal.
Parágrafo único - Somente será permitida a realização de ser- § 7º acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 de junho de
viço extraordinário para atender situações excepcionais e temporá- 2010.
rias, respeitado o limite máximo de duas horas diárias, podendo ser § 8º - Na reforma por incapacidade definitiva decorrente da hi-
elevado este limite nas atividades que não comportem interrupção. pótese prevista no inciso I do art. 179 desta Lei, a gratificação de ati-
Art. 109 - O serviço noturno, prestado em horário compreendi- vidade policial militar será incorporada aos proventos de inatividade,
do entre vinte e duas horas de um dia e cinco do dia seguinte, terá o independentemente do tempo de percepção, na referência de maior
valor-hora acrescido de cinqüenta por cento sobre o soldo na forma valor percebida.
da regulamentação correspondente. § 8º acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 de junho de
Parágrafo único - Tratando-se de serviço extraordinário, o 2010.
acréscimo a que se refere este artigo incidirá sobre a remuneração Art. 110-A - A Gratificação pelo Exercício Funcional em Regime de
prevista no artigo anterior. Tempo Integral e Dedicação Exclusiva - RTI poderá ser concedida aos
Art. 110 - A gratificação de atividade policial militar será con- policiais militares com o objetivo de remunerar o aumento da produti-
cedida ao policial militar a fim de compensá-lo pelo exercício de vidade de unidades operacionais e administrativas ou de seus setores
suas atividades e os riscos dele decorrentes, considerando, conjun- ou a realização de trabalhos especializados.
tamente, a natureza do exercício funcional, o grau de risco inerente § 1º - A gratificação de que trata este artigo poderá ser concedida
às atribuições normais do posto ou graduação e o conceito e nível nos percentuais mínimo de 50% (cinquenta por cento) e máximo de
de desempenho do policial militar. 150% (cento e cinquenta por cento), na forma fixada em regulamento.
§ 1º - A gratificação será escalonada em referências de I a V, § 2º - O Conselho de Políticas de Recursos Humanos - COPE ex-
com fixação de valor para cada uma delas sendo concedida ou alte- pedirá resolução fixando os percentuais da Gratificação pelo Exercício
rada para as referências III, IV ou V em razão, também, da remune- Funcional em Regime de Tempo Integral e Dedicação Exclusiva - RTI.
ração do regime de trabalho de quarenta horas semanais a que o Artigo 110-A acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro de
policial militar ficará sujeito. 2009.
§ 2º - O Policial Militar perderá o direito a gratificação quando Art. 110-B - A Gratificação por Condições Especiais de Trabalho -
afastado do exercício das funções inerentes ao seu posto ou gra- CET somente poderá ser concedida no limite máximo de 125% (cento
duação, salvo nas hipóteses de férias, núpcias, luto, instalação, trân- e vinte e cinco por cento) na forma que for fixada em regulamento,
sito, licença gestante, licença paternidade, licença para tratamento com vistas a:
de saúde, cumprimento de sentença penal condenatória não tran- I - compensar o trabalho extraordinário, não eventual, prestado
sitada em julgado e licença prêmio por assiduidade, esta última se a antes ou depois do horário normal;
gratificação vier sendo percebida há mais de 06 (seis) meses. II - remunerar o exercício de atribuições que exijam habilitação es-
Redação de acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de 29 de pecífica ou demorados estudos e criteriosos trabalhos técnicos;
junho de 2010. III - fixar o servidor em determinadas regiões.
Redação original: “§ 2º - O policial militar perderá o direito a Parágrafo único - O Conselho de Políticas de Recursos Humanos
gratificação quando afastado do exercício das funções inerentes ao - COPE expedirá resolução fixando os percentuais da Gratificação por
seu posto ou graduação, salvo nas hipóteses de férias, núpcias, luto, Condições Especiais de Trabalho - CET.
instalação, trânsito, licença gestante, licença paternidade, licença Artigo 110-B acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro de
para tratamento de saúde e licença prêmio por assiduidade, esta úl- 2009.
tima se a gratificação vier sendo percebida há mais de seis meses.” Art. 110-C - A Gratificação por Condições Especiais de Trabalho
§ 3º revogado pelo art. 6º da Lei nº 11.920, de 29 de junho de - CET e a Gratificação pelo Exercício Funcional em Regime de Tempo
2010. Integral e Dedicação Exclusiva - RTI incidirão sobre o soldo recebido
§ 4º - A Gratificação de Atividade Policial Militar incorpora-se pelo beneficiário e não servirão de base para cálculo de qualquer outra
aos proventos de inatividade quando percebida por 05 (cinco) anos vantagem, salvo as relativas à remuneração de férias, abono pecuniá-
consecutivos ou 10 (dez) interpolados, sendo fixada na Referência rio e gratificação natalina.
de maior valor percebida por, pelo menos, 12 (doze) meses con- Parágrafo único - Quando se tratar de ocupante de cargo ou
tínuos, ou a média destes, sendo assegurada a melhor opção de função de provimento temporário, a base de cálculo será o valor do
maior vantagem que se apresente ao Policial Militar. Redação de vencimento do cargo ou função, salvo se o militar optar expressa-
acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de 29 de junho de 2010. mente pelo soldo do posto ou graduação.
Redação original: “§ 4º - A gratificação de atividade policial militar Artigo 110-C acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro
incorpora-se aos proventos de inatividade quando percebida por cinco de 2009.
anos consecutivas ou dez interpolados, calculados pela média percen- Art. 110-D - Incluem-se na fixação dos proventos integrais ou
tual dos últimos doze meses imediatamente anteriores ao mês civil em proporcionais as Gratificações por Condições Especiais de Trabalho
que for protocolado o pedido de inativação ou àquele em que for ad- ? CET e pelo Exercício Funcional em Regime de Tempo Integral e
quirido o direito à inatividade.” Dedicação Exclusiva - RTI percebidas por 5 (cinco) anos consecuti-
§ 5º - Fica assegurada aos atuais policiais militares a incorporação, vos ou 10 (dez) interpolados, calculados pela média percentual dos
aos proventos de inatividade, da gratificação de atividade policial mili- últimos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao mês civil em
tar, qualquer que seja o seu tempo de percepção. que for protocolado o pedido de inativação ou àquele em que for
adquirido o direito à inatividade.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º - Na incorporação aos proventos de inatividade dos po- Art. 114 - Conceder-se-á indenização de transporte ao policial
liciais militares somam-se indistintamente os períodos de percep- militar que realizar despesas com a utilização de meio próprio de lo-
ção da Gratificação pelo Exercício Funcional em Regime de Tempo comoção para execução de serviços externos, na sede ou fora dela,
Integral e Dedicação Exclusiva - RTI e a Gratificação por Condições no interesse da administração, na forma e condições estabelecidas
Especiais de Trabalho - CET. em regulamento.
§ 2º - Na reforma por incapacidade definitiva, as gratificações Art. 115 - O policial militar da ativa que venha a ser reformado
incorporáveis integrarão os proventos de inatividade independen- por incapacidade definitiva e considerado inválido, impossibilitado
temente do tempo de percepção. total e permanentemente para qualquer trabalho, não podendo
§ 3º - Fica assegurada aos policiais militares a contagem de prover os meios de sua subsistência, fará jus a um auxílio-invalidez
tempo de percepção das vantagens recebidas a título de gratifica- no valor de 25% (vinte e cinco por cento) do soldo com a gratifica-
ções por Condições Especiais de Trabalho e pelo Regime de Tempo ção de tempo de serviço, desde que satisfaça a uma das condições
Integral e Dedicação Exclusiva, no período anterior a 1º de janeiro abaixo especificada, devidamente declaradas por junta oficial de
de 2009. saúde:
Artigo 110-C acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro I - necessitar de internamento em instituição apropriada, poli-
de 2009. cial militar ou não;
Art. 111 - A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas II - necessitar de assistência ou de cuidados permanentes de
de instalação do policial militar que, no interesse do serviço, passar enfermagem.
a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio, ou que § 1º - Quando, por deficiência hospitalar ou prescrição médica
se deslocar a serviço ou por motivo de curso, no país ou para o comprovada por Junta Policial Militar de Saúde, o policial militar em
exterior. uma das condições previstas neste artigo, receber tratamento na
§ 1º - Correm por conta da administração as despesas de trans- própria residência, também fará jus ao auxílio-invalidez.
porte do policial militar e sua família. § 2º - Para continuidade do direito ao recebimento do auxílio-
§ 2º - É assegurada aos dependentes do policial militar que fa- -invalidez o policial militar ficará obrigado a apresentar, anualmen-
lecer na nova sede, a ajuda de custo e transporte para a localidade te, declaração de que não exerce qualquer atividade remunerada
de origem dentro do prazo de cento e oitenta dias, contados do pública ou privada e, a critério da administração, submeter-se pe-
óbito. riodicamente, a inspeção de saúde de controle.
§ 3º - A ajuda de custo não poderá exceder a importância cor- § 3º - No caso de oficial ou praça mentalmente enfermo, a de-
respondente a quinze vezes o valor do menor soldo pago, excetuan- claração de que trata este artigo deverá ser firmada por 2 (dois)
do da regra a hipótese de curso no exterior, competindo a sua fixa- oficiais da ativa da Polícia Militar.
ção ao Governador do Estado. § 4º - O auxílio-invalidez será suspenso automaticamente pela
§ 4º - Não será concedida ajuda de custo: autoridade competente, se for verificado que o policial militar nas
a) ao policial militar que for afastado para servir em outro ór- condições deste artigo, exerça ou tenha exercido, após o recebi-
gão ou entidade dos Poderes da União, de outros Estados, do Distri- mento do auxílio, qualquer atividade remunerada, sem prejuízo de
to Federal e dos Municípios; outras sanções cabíveis, bem como for julgado apto em inspeção de
b) ao policial militar que for removido a pedido; saúde a que se refere o parágrafo anterior.
c) a um dos cônjuges, sendo ambos servidores estaduais, quan- § 5º - O policial militar de que trata este capítulo terá direito ao
do o outro tiver direito à ajuda de custo pela mesma mudança. transporte dentro do Estado, quando for obrigado a se afastar de
Art. 112 - O policial militar ficará obrigado a restituir a ajuda de seu domicílio para ser submetido à inspeção de saúde, prevista no
custo quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede § 2º deste artigo.
no prazo de trinta dias. § 6º - O auxílio-invalidez não poderá ser inferior ao valor do
Parágrafo único - Não haverá obrigação de restituir a ajuda de soldo do posto de Sargento PM.
custo nos casos de exoneração de ofício ou de retorno por motivo Art. 116 - O adicional de inatividade será calculado e pago men-
de doença comprovada. salmente ao policial militar na inatividade, incidindo sobre o soldo
Art. 113 - Ao policial militar que se deslocar da sede em caráter do posto ou graduação e em função da soma do tempo de efetivo
eventual ou transitório, no interesse do serviço, serão concedidas, serviço, com os acréscimos assegurados na legislação em vigor para
além de transporte, diárias para atender às despesas de alimenta- esse fim, nas seguintes condições:
ção e hospedagem, desde que o deslocamento não implique desli- I - de 30% (trinta por cento), quando o tempo for de 35 (trinta
gamento da sede. e cinco) anos;
§ 1º - O total de diárias atribuídas ao policial militar não poderá II - de 25% (vinte e cinco por cento), quando o tempo computa-
exceder a cento e oitenta dias por ano, salvo em casos especiais do for de 30 (trinta) anos;
expressamente autorizados pelo Chefe do Poder Executivo. III - de 5% (cinco por cento), quando o tempo computado for
§ 2º - O policial militar que receber diárias e não se afastar da inferior a 30 (trinta) anos.
sede, sem justificativa, fica obrigado a restituí-la integralmente e de Parágrafo único - O adicional de inatividade de que trata este
uma só vez, no prazo de cinco dias. artigo será devido exclusivamente aos policiais militares que te-
§ 3º - Na hipótese do policial militar retornar à sede em prazo nham ingressado na Instituição até a data da vigência desta Lei.
menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as diá- Art. 117 - A remuneração e proventos não estão sujeitos a pe-
rias recebidas em excesso, no prazo de cinco dias do seu retorno. nhora, seqüestro ou arresto, exceto em casos previstos em Lei.
§ 4º - Os valores das diárias de alimentação e hospedagem se- Art. 118 - O valor do soldo de um mesmo grau hierárquico é
rão fixadas em tabela própria, considerando os diversos postos e igual para o policial militar da ativa e da inatividade, ressalvado o
graduações que deverão ser agrupados segundo critérios estabele- disposto no inciso II, do art. 92, desta Lei.
cidos em regulamento.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 119 - Por ocasião de sua passagem para a inatividade, o SUBSEÇÃO II
policial militar terá direito a tantas quotas de soldo quantos forem DOS CRITÉRIOS DE PROMOÇÕES
os anos de serviço, computáveis para a inatividade até o máximo
de trinta anos, ressalvado o disposto do inciso II, do art. 92, desta Art. 126 - As promoções serão efetuadas pelos critérios de:
Lei. I - antigüidade;
Parágrafo único - Para efeito de contagem dessas quotas, a II - merecimento;
fração de tempo igual ou superior a cento e oitenta dias será con- III - bravura;
siderada um ano. IV - “post mortem”;
Art. 120 - A proibição de acumular proventos de inatividade V - ressarcimento de preterição.
não se aplica aos policiais militares da reserva remunerada e aos § 1º - Promoção por antiguidade é a que se baseia na prece-
reformados quanto ao exercício de mandato eletivo, observado o dência hierárquica de um oficial PM sobre os demais de igual posto,
que dispõe a Constituição Federal. dentro de um mesmo Quadro, decorrente do tempo de serviço.
Art. 121 - Os proventos da inatividade serão revistos na mes- § 2º - Promoção por merecimento é a que se baseia no conjun-
ma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a re- to de atributos e qualidades que distinguem e realçam o valor do
muneração dos policiais militares em atividade, sendo também policial militar entre seus pares, avaliados no decurso da carreira e
estendidos aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens poste- no desempenho de cargos e comissões exercidos, em particular no
riormente concedidos aos policiais militares em atividade, inclu- posto que ocupa.
sive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do § 3º - A promoção por bravura é a que corresponde ao reco-
cargo ou função em que se deu a aposentadoria, na forma da Lei. nhecimento, pela Instituição, da prática, pelo policial militar, de ato
Parágrafo único - Ressalvados os casos previstos em Lei, os ou atos não comuns de coragem e audácia, em razão do serviço
proventos da inatividade não poderão exceder à remuneração que, ultrapassando os limites normais do cumprimento do dever,
percebida pelo policial militar da ativa no posto ou graduação cor- representem feitos indispensáveis ou úteis às operações policiais
respondente aos seus proventos. militares, pelos resultados alcançados ou pelo exemplo positivo de-
Art. 121-A - Aos policiais militares que exerçam atribuição de les emanados, observando-se o seguinte:
motorista e motociclista de viatura fica concedida isenção de pa- a) ato de bravura, considerado altamente meritório, é apurado
gamento das taxas devidas ao Departamento Estadual de Trânsito em sindicância procedida por um Conselho Especial para este fim
para renovação e mudança na categoria da Carteira Nacional de designado pelo Comandante Geral;
Habilitação. b) na promoção por bravura não se aplicam as exigências esti-
Art. 121-A acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 de puladas para promoção por outro critério previsto nesta Lei;
junho de 2010. c) será concedida ao oficial promovido por bravura, quando
for o caso, a oportunidade de satisfazer as condições de acesso ao
SEÇÃO VI posto ou graduação a que foi promovido, de acordo com o regula-
DA PROMOÇÃO mento desta Lei.
§ 4º - A promoção post mortem é a que visa expressar o reco-
SUBSEÇÃO I nhecimento do Estado ao policial militar falecido no cumprimen-
GENERALIDADES to do dever, ou em consequência deste, em situação em que haja
ação para a preservação da ordem pública, ou em consequência de
Art. 122 - O acesso na hierarquia policial militar, fundamen- ferimento, quando no exercício da sua atividade ou em razão de
tado principalmente no desempenho profissional e valor moral, é acidente em serviço, doença, moléstia ou enfermidades contraídas
seletivo, gradual e sucessivo e será feito mediante promoções, de no cumprimento do dever ou que neste tenham tido sua origem.
conformidade com a legislação e regulamentação de promoções a) os casos de morte por ferimento, doença, moléstia ou enfer-
de modo a obter-se um fluxo ascensional regular e equilibrado de midades referidos neste artigo, serão comprovados por atestado de
carreira. origem ou inquérito sanitário de origem, quando não houver outro
Parágrafo único - O planejamento da carreira dos policiais mi- procedimento apuratório, sendo utilizados como meios subsidiários
litares é atribuição do Comando Geral da Polícia Militar. para esclarecer a situação os termos relativos ao acidente, à baixa
Art. 123 - A promoção tem como finalidade básica o preen- ao hospital, bem como as papeletas de tratamento nas enfermarias
chimento de vagas pertinentes ao grau hierárquico superior, com e hospitais e os respectivos registros de baixa;
base nos efetivos fixados em Lei para os diferentes quadros. b) no caso de falecimento do policial militar, a promoção por
Parágrafo único - A forma gradual e sucessiva da promoção bravura exclui a promoção post mortem que resulte das conse-
resultará de um planejamento organizado de acordo com as suas quências do ato de bravura.
peculiaridades e dependerá, além do atendimento aos requisitos § 5º - Em casos extraordinários, poderá haver promoção em
estabelecidos neste Estatuto e em regulamento, do desempenho ressarcimento de preterição, outorgada após ser reconhecido, ad-
satisfatório de cargo ou função e de aprovação em curso progra- ministrativa ou judicialmente, o direito ao policial militar preterido
mado para os diversos postos e graduações. à promoção que lhe caberia, observado o seguinte:
Art. 124 - Os Alunos Oficiais que concluírem o Curso de For- a) caracteriza-se essa hipótese e o seu direito à promoção
mação de Oficiais serão declarados Aspirantes a Oficial pelo Co- quando o policial militar.
mandante Geral da Policia Militar. 1.tiver solução favorável a recurso interposto;
Art. 125 - Os alunos dos diversos cursos de formação de Pra- 2.tiver cessada sua situação de desaparecido ou extraviado;
ças que concluírem os respectivos Cursos serão promovidos pelo 3.for absolvido ou impronunciado no processo a que estiver
Comandante Geral às respectivas graduações. respondendo, quando a sentença transitar em julgado;
4.for considerado não culpado em processo administrativo dis-
ciplinar.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
b) a promoção em ressarcimento de preterição será conside- § 1º - A Lista de Pré-qualificação (LPQ) é a relação dos Oficiais e
rada efetuada segundo os critérios de antiguidade, recebendo o Praças concorrentes que satisfazem às condições de acesso e estão
policial militar promovido o número que lhe competia na escala compreendidos nos limites quantitativos de antiguidade, fixados no
hierárquica, como se houvesse sido promovido na época devida. Regulamento de Promoções.
Art. 127 - As promoções são efetuadas: § 2º - A Lista de Acesso por Antiguidade (LAA) é a relação dos Ofi-
I - para as vagas de Coronel PM, somente pelo critério de mere- ciais e Praças pré-qualificados, concorrentes ao acesso por esse crité-
cimento; rio, dispostos em ordem decrescente de antiguidade.
II - para as vagas de Tenente Coronel PM, Major PM, Capitão PM, § 3º - A Lista de Acesso por Merecimento (LAM) é a relação dos
1º Tenente PM, e 1º Sargento PM, pelos critérios de antiguidade e me- Oficiais e Praças pré-qualificados e habilitados ao acesso, por pontua-
recimento, de acordo com a seguinte proporcionalidade em relação ao ção igual ou superior à média do total de pontos dos concorrentes em
número de vagas; face da apreciação do seu desempenho profissional, mérito e qualida-
III - para o posto de Tenente Coronel - uma por antiguidade e qua- des exigidas para a promoção.
tro por merecimento; § 4º - A Lista de Acesso Preferencial (LAP) é o elenco de Oficiais e
IV - para o posto de Major PM - uma por antiguidade e duas por Praças pré-qualificados e habilitados segundo o número e espécie de
merecimento; vagas existentes sob cada critério.
V - para o posto de Capitão PM - uma por antiguidade e uma por Art. 129 - As Listas de Acesso serão organizadas na data e na forma
merecimento; da regulamentação da presente Lei.
VI - para o posto de 1º Tenente PM - somente pelo critério de an- § 1º - Os parâmetros para a avaliação do desempenho utilizados
tiguidade; para a composição das Listas devem considerar, além dos requisitos
VII - para a graduação de Subtenente PM - uma por antiguidade e compatíveis com as características profissiográficas do posto e gradua-
três por merecimento; ção visados:
Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro de a) a eficiência revelada no desempenho de cargos e comissões;
2009. b) a potencialidade para o desempenho de cargos mais elevados;
Redação original: “VII - para a graduação de 1º Sargento PM - uma c) a capacidade de liderança, iniciativa e presteza nas decisões;
por antiguidade e duas por merecimento.” d) os resultados obtidos em cursos de interesse da Instituição;
VIII -para a graduação de 1º Sargento PM - uma por antiguidade e e) realce do oficial entre seus pares;
duas por merecimento; f) a conduta moral e social;
Inciso VIII acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro de g) satisfatório condicionamento físico, apurado em teste de apti-
2009. dão física.
IX -para a graduação de Cabo PM - somente pelo critério de anti- § 2º - O mérito e as qualidades consideradas para fins de pontua-
guidade. ção são aferidos a partir dos itens constantes de fichas de informações,
Redação de acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de 29 de junho elaboradas e tabuladas pelas Subcomissões de Avaliação de Desem-
de 2010. penho.
Redação anterior de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de ja- Art. 130 - O Oficial e o Praça não poderá constar da Lista de Pré-
neiro de 2009, que acrescentou este inciso ao art. 127: “IX - para a gra- -qualificação, quando:
duação de Cabo PM ? uma por antiguidade e uma por merecimento;” I - não satisfizer aos requisitos de:
X -para a graduação de Soldado 1ª Cl PM - somente pelo critério a) interstício;
de antiguidade. b) aptidão física; ou
Inciso X acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro de 2009. c) as peculiaridades inerentes a cada posto ou graduação dos di-
§ 1º - Quando o policial militar concorrer à promoção por ambos ferentes quadros.
os critérios, o preenchimento da vaga de antiguidade poderá ser feito II - for considerado não habilitado para o acesso, em caráter provi-
pelo critério de merecimento, sem prejuízo do cômputo das futuras sório, a juízo da Subcomissão de Avaliação de Desempenho (SAD), por
quotas de merecimento. incapacidade de atendimento aos requisitos de:
§ 1º acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro de 2009. a) desempenho profissional;
§ 2º revogado pelo art. 6º da Lei nº 11.920, de 29 de junho de b) conceito moral.
2010. III - encontrar-se preso por motivação processual penal ou penal;
Art. 127-A - Para ser promovido à graduação de Cabo é indispen- IV - for denunciado ou pronunciado em processo crime, enquanto
sável que o Soldado de 1ª Classe esteja incluído na Lista de Acesso por a sentença final não transitar em julgado;
Antiguidade, tenha bom comportamento e que sejam observados os V - estiver submetido a processo administrativo disciplinar;
demais requisitos legais. VI - estiver preso preventivamente, em virtude de inquérito poli-
Art. 127-A acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 de junho cial militar ou instrução penal de quaisquer jurisdições;
de 2010. VII - encontrar-se no cumprimento de sentença penal transitada
em julgado por crime de jurisdição penal militar ou comum, enquanto
SUBSEÇÃO III durar o cumprimento da pena, devendo, no caso de suspensão condi-
DAS LISTAS DE ACESSO cional, ser computado o tempo acrescido à pena original;
VIII - estiver licenciado para tratar de interesse particular;
Art. 128 - Listas de Acesso à promoção são relações de Oficiais e IX - for condenado à pena de suspensão do exercício do posto ou
Praças dos diferentes Quadros, organizadas por postos e graduações, graduação, cargo ou função prevista no Código Penal Militar ou em
objetivando o enquadramento dos concorrentes sob os pontos de vista legislação penal ou extra-penal extravagante, durante o prazo de sus-
da Pré-qualificação para a Promoção(Lista de Pré-qualificação - LPQ), pensão;
do critério de Antiguidade (Lista de Acesso por Antiguidade - LAA) , do X - for considerado desaparecido;
critério de Merecimento (Lista de Acesso por Merecimento - LAM) e XI - for considerado extraviado;
dos concorrentes finais à elevação (Lista de Acesso Preferencial - LAP). XII - for considerado desertor;
XIII - estiver em débito para com a Fazenda Estadual, por alcance;

398
DIREITO ADMINISTRATIVO
XIV - estiver cumprindo pena acessória de interdição para o exer- b) no posto de Major PM - trinta e seis meses;
cício de função pelo dobro do prazo da pena aplicada por condenação c) no posto de Capitão PM - quarenta e oito meses;
por crime de tortura; d) no posto de 1º Tenente PM - quarenta e oito meses;
XV - estiver cumprindo sanção administrativa de suspensão e) na graduação de Aspirante-a-Oficial PM - doze meses;
do cargo, função ou posto ou graduação, ou pena de impedimento de f) na graduação de 1º Sargento PM - oitenta e quatro meses;
exercício de funções no município da culpa, por condenação em pro- g) na graduação de Cabo PM - noventa e seis meses;
cesso por abuso de autoridade. h) na graduação de Soldado 1ª Cl PM - cento e vinte meses.
§ 1º - Na hipótese do inciso II deste artigo o Oficial ou Praça será Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro de
submetido a Processo Administrativo Disciplinar. 2009.
§ 2º - Recebido o relatório da Comissão, instaurado na forma do Redação original: “§ 2º - Interstício, para fins de ingresso em Lista
parágrafo anterior, o Governador do Estado ou o Comandante Geral de Pré-qualificação é o tempo mínimo de permanência em cada posto
decidirá sobre a inabilitação para o acesso. ou graduação:
§ 3º - Além das hipóteses previstas neste artigo, será excluído de a) para o posto de Coronel PM - trinta meses;
qualquer Lista de Acesso o Oficial ou Praça que: b) para o posto de Tenente Coronel PM - trinta e seis meses;
a) nela houver sido incluído indevidamente; c) para o posto de Major PM - quarenta e oito meses;
b) houver sido promovido; d) para o posto de Capitão PM - quarenta e oito meses;
c) houver falecido; e) para o posto de Tenente PM - sessenta meses;
d) houver passado para a inatividade. f) para a Aspirante Oficial PM - doze meses;
Art. 131 - Será excluído da Lista de Acesso por Merecimento (LAM) g) para a graduação de Sargento PM - sessenta meses.”
já organizada, ou dela não poderá constar, o Oficial ou Praça que esti- § 3º - É, ainda, condição essencial ao ingresso na Lista de Pré-qua-
ver ou vier a estar agregado: lificação para promoção ao posto de coronel do QOPM o exercício de
I - por motivo de gozo de licença para tratamento de saúde de função arregimentada, como oficial superior, por vinte e quatro me-
pessoa da família, por prazo superior a seis meses contínuos; ses, consecutivos ou não, sendo pelo menos doze meses, na chefia,
comando, direção ou coordenação ou no exercício de cargo de direção
II - em virtude de exercício de cargo, emprego ou função pública e assessoramento superior, exercido na atividade policial militar ou de
de provimento temporário, inclusive da administração indireta; natureza policial militar no âmbito da administração pública estadual.
III - por ter passado à disposição de órgão do Governo Federal, § 4º - O regulamento de promoções definirá e discriminará as
do Governo do Estado ou de outro Estado ou do Distrito Federal, para condições de acesso, de arregimentação, as unidades com autonomia
exercer função de natureza civil. administrativa e os procedimentos para a avaliação dos conceitos pro-
Parágrafo único - Para ser incluído ou reincluído na Lista de Acesso fissional e moral.
por Merecimento (LAM), o Oficial ou Praça a que se refere este artigo § 5º - Os períodos de interstício e de serviço arregimentado pre-
deve reverter ao serviço ativo da Instituição, pelo menos noventa dias vistos nesta Lei, só poderão ser reduzidos pelo Governador do Estado
antes da data de reunião da Comissão de Promoções para avaliação quando justificada a modificação em face da necessidade excepcional
dos concorrentes à promoção para o período ao qual se referir. do serviço policial militar.
Art. 132 - O Oficial ou Praça que deixar no posto ou graduação, de Art. 135 - A promoção pelo critério de antiguidade competirá ao
figurar por três vezes consecutivas ou não, em Lista de Acesso por Me- policial militar que, estando na Lista de Acesso, for o mais antigo da
recimento (LAM) por insuficiência de desempenho, se cada uma delas escala numérica em que se achar.
foi integrada por oficial com menos tempo de serviço no posto, é con- Parágrafo único - A antiguidade para a promoção é contada no
siderado inabilitado para a promoção ao posto imediato pelo critério posto ou graduação, deduzido o tempo relativo:
de merecimento. a) ausência não justificada;
Art. 133 - A inabilitação do Oficial ou Praça para o acesso, em ca- b) prisão disciplinar com prejuízo do serviço;
ráter definitivo, somente resultará de ato do Governador do Estado, c) cumprimento de pena judicial privativa da liberdade;
para o primeiro e, do Comandante Geral da PMBA, em decorrência de d) suspensão das funções, por determinação judicial ou adminis-
processo administrativo disciplinar. trativa;
e) licença para tratar de assunto particular;
SUBSEÇÃO IV f) agregação, como excedente, por ter sido promovido indevida-
DAS CONDIÇÕES BÁSICAS PARA A PROMOÇÃO mente;
g) afastamento para realização de curso ou estágio, custeado pelo
Art. 134 - Para ser promovido pelo critério de antiguidade ou de Estado, em que não tenha logrado aprovação.
merecimento, é indispensável que o policial militar esteja incluído na Art. 136 - O policial militar que se julgar prejudicado em seu di-
Lista de Pré-qualificação. reito à promoção em consequência de composição de Lista de Acesso
§ 1º - Para ingressar na Lista de Pré-qualificação, é necessário que poderá impetrar recurso ao Comandante Geral da Instituição, como
o Oficial ou Praça PM satisfaça os seguintes requisitos essenciais, esta- primeira instância na esfera administrativa, conforme previsto no art.
belecidos para cada posto ou graduação: 96 desta Lei.
a) condições de acesso; Parágrafo único - Os recursos referentes à composição de Lista de
b) interstício; Acesso e à promoção deverão ser solucionados no prazo de 15 (quinze)
c) aptidão física; dias, contados da data de seu recebimento.
d) as peculiaridades dos diferentes quadros, reconhecidas através
da aprovação em Curso preparatório para o novo posto ou graduação.
e) conceito profissional;
f) conceito moral.
§ 2º - Interstício, para fins de ingresso em Lista de Pré-qualificação,
é o tempo mínimo de permanência em cada posto ou graduação:
a) no posto de Tenente-Coronel PM - trinta meses;

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DIREITO ADMINISTRATIVO
SUBSEÇÃO V § 2º - A Comissão de Promoções de Oficiais, de caráter perma-
DO PROCESSAMENTO DAS PROMOÇÕES nente, presidida pelo Comandante Geral da Instituição é constituí-
da de membros natos e efetivos sob as seguintes condições:
Art. 137 - O ato de promoção dos Oficiais é consubstanciado por a) são membros natos da Comissão de Promoções de Oficiais o
decreto do Governador do Estado, sendo o das Praças efetivado por Comandante Geral, o Subcomandante Geral e o Diretor do Depar-
ato administrativo do Comandante Geral. tamento de Pessoal;
§ 1º - O ato de nomeação para o posto inicial de carreira, bem Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro
como o de promoção ao primeiro posto de oficial superior, acarreta de 2009.
expedição de Carta Patente, pelo Governador do Estado. Redação original: “a) são membros natos da Comissão de Pro-
§ 2º - A promoção aos demais postos é apostilada à última Carta moções de Oficiais o Comandante Geral, o Subcomandante Geral e
Patente expedida. o Diretor do Departamento de Administração; “
Art. 138 - Nos diferentes Quadros, as vagas que se devem con- b) os membros efetivos da Comissão são 04 (quatro) Coronéis
siderar para a promoção serão provenientes de: do Quadro de Oficiais Policiais Militares (QOPM), designados pelo
I - promoção ao posto ou graduação superior; Governador do Estado, pelo prazo de 01 (um) ano, que estejam em
II - agregação; exercício de cargo da Polícia Militar previsto em QO, podendo haver
III - passagem à situação de inatividade; recondução para igual período.
IV - demissão; Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro
V - falecimento; de 2009.
VI - aumento de efetivo. Redação original: “b) os membros efetivos da Comissão são
§ 1º - As vagas são consideradas abertas: quatro Coronéis do Quadro de Oficiais Policiais militares (QOPM),
a) na data da assinatura do ato que promover, passar para a designados pelo Comandante Geral da Instituição, pelo prazo de
inatividade, demitir ou agregar o policial militar; um ano, que estejam em exercício de cargo da Polícia Militar previs-
b) na data do óbito do policial militar; to em QO, há mais de seis meses, podendo haver recondução para
c) como dispuser a Lei, no caso de aumento de efetivo. igual período.”
§ 2º - Cada vaga aberta em determinado posto ou graduação § 3º - A Comissão de Promoções de Praças, de caráter perma-
acarretará vaga nos postos ou graduações inferiores, sendo esta nente, presidida pelo Subcomandante Geral da Instituição é cons-
sequência interrompida no posto ou graduação em que houver tituída de membros natos e efetivos sob as seguintes condições:
preenchimento por excedente. a) são membros natos da Comissão de Promoções de Praças
§ 3º - Serão também consideradas as vagas que resultarem das o Subcomandante Geral, o Diretor do Departamento de Adminis-
transferências “ex officio” para a reserva remunerada já previstas, tração, o Coordenador de Operações, e o Diretor do Instituto de
até a data da promoção, inclusive por implemento de idade. Ensino e o Chefe de Gabinete da Casa Militar;
§ 4º - Não preenche vaga o policial militar que, estando agrega- b) os membros efetivos 03 (três) Oficiais Superiores, Coman-
do, venha a ser promovido e continue na mesma situação. dantes de Unidade Operacional da Capital e 03 (três) Oficiais Supe-
Art. 139 - As promoções serão coordenadas e processadas pela riores, Comandantes de Unidade Operacional do Interior, designa-
Comissão de Promoções de Oficiais, com base no exame de mérito dos pelo Comandante Geral da Instituição, pelo prazo de um ano,
procedido pelas Subcomissões de Avaliação de Desempenho. que estejam, há mais de seis meses, podendo haver recondução
§ 1º - Integram a Comissão de Promoções de Oficiais as seguin- para igual período.
tes Subcomissões de Avaliação de Desempenho: § 4º - As Subcomissões de Avaliação têm como finalidade sub-
a) Subcomissão “A” - para avaliação de desempenho de Tenen- sidiar o processo promocional através da indicação dos policiais
tes constituída por dois Majores e dois Tenentes Coronéis, e presidi- militares aptos à elevação por excelência de desempenho, sendo
da por um Coronel, designados pelo Comandante Geral; constituídas sob as seguintes condições:
b) Subcomissão “B” - para avaliação de desempenho de Capi- a) os membros serão designados pelo Comandante Geral da
tães constituída por quatro Tenentes Coronéis e presidida por um Instituição, dentre os Oficiais que estejam no exercício de cargo em
Coronel designados pelo Comandante Geral; Unidade Administrativa ou Operacional da Polícia Militar prevista
c) Subcomissão “C” - para avaliação de desempenho de Majo- no QO há mais de seis meses;
res e Tenentes Coronéis, constituída por quatro Coronéis designa- b) o mandato é de um ano sem direito à recondução no posto.
dos pelo Comandante Geral e presidida pelo Diretor de Adminis- § 5º - A critério do Comandante Geral poderão ser criadas, em
tração. cada Unidade Administrativa ou Operacional, órgãos colegiados, de
d) Subcomissão “D” - para avaliação de desempenho de Sub- composição compatível como o seu efetivo, denominados Subco-
tenentes, 1ºs Sargentos e Cabos, constituída por cinco Tenentes missões Setoriais de Avaliação de Desempenho, destinados a subsi-
Coronéis ou Majores Comandantes de Unidades Operacionais, o diar o processo de avaliação.
Coordenador de Operações e o Diretor do Departamento de Pes- § 6º - As subcomissões de que trata o parágrafo anterior serão
soal, que a presidirá; integradas pelo Comandante, Chefe ou Diretor, Subcomandante,
Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro Subchefe, e Subdiretor, Chefe da UPO, Chefe da UAAF e um repre-
de 2009. sentante eleito pela unidade, do posto ou graduação avaliado.
Redação original: “d) Subcomissão “D” - para avaliação de de- § 7º - O regulamento de Promoções definirá as atribuições e o
sempenho de Sargentos constituída por cinco Tenentes Coronéis ou funcionamento das Comissões de Promoções de Oficiais e de Pra-
Majores Comandantes de Unidades Operacionais, o Coordenador ças e, das Subcomissões de Avaliação de Desempenho.
de Operações e o Diretor de Administração, que a presidirá;”
e) Subcomissão “E” - para avaliação de desempenho de Solda-
dos constituída por seis Tenentes Coronéis ou Majores Comandan-
tes de Unidades Operacionais, o Comandante de Policiamento da
Capital, o Comandante de Policiamento do Interior e o Diretor de
Administração, que a presidirá.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
SEÇÃO VII Art. 142 - As férias e outros afastamentos mencionados nos arts.
DAS FÉRIAS E DOS AFASTAMENTOS 140 e 141 são concedidos com a remuneração do respectivo posto ou
TEMPORÁRIOS DO SERVIÇO graduação, cargo e vantagens deste decorrentes e computados como
tempo de efetivo serviço para todos os efeitos legais.
Art. 140 - O policial militar fará jus, anualmente, a trinta dias
consecutivos de férias, que, no caso de necessidade do serviço, po- SEÇÃO VIII
dem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, sob as condi- DAS LICENÇAS
ções dos parágrafos seguintes:
§ 1º - Para o primeiro período aquisitivo serão exigidos doze SUBSEÇÃO I
meses de exercício; para os demais, o direito será reconhecido após GENERALIDADES
cada período de doze meses de efetivo serviço, podendo ser goza-
das dentro do exercício a que se refere, segundo previsão constante Art. 143 - Licenças são autorizações para afastamento total do
de Plano de Férias, de responsabilidade da Unidade em que serve. serviço, em caráter temporário, concedidas ao policial militar em con-
§ 2º - Serão responsabilizados os Comandantes, Diretores, sonância com as disposições legais e regulamentares que lhes são per-
Coordenadores e Chefes que prejudicarem, injustificadamente, a tinentes.
concessão regular das férias. Art. 144 - As licenças poderão ser interrompidas a pedido ou nas
§ 3º - A concessão de férias não será prejudicada pelo gozo ante- condições estabelecidas neste artigo.
rior de licença para tratamento de saúde, licença prêmio por assiduida- Parágrafo único - A interrupção da licença prêmio por assiduidade
de, nem por punição anterior, decorrente de transgressão disciplinar, e da licença para tratar de interesse particular poderá ocorrer:
pelo estado de guerra, de emergência ou de sítio ou para que sejam a) em caso de mobilização e estado de guerra;
cumpridos atos de serviço, bem como não anula o direito àquelas li- b) em caso de decretação de estado de defesa ou estado de sítio;
cenças. c) para cumprimento de sentença que importe em restrição da
§ 4º -Revogado pelo art. 15 da Lei nº 13.471, de 30 de dezembro liberdade individual;
de 2015. d) para cumprimento de punição disciplinar, conforme regula-
§ 5º - Revogado pelo art. 15 da Lei nº 13.471, de 30 de dezembro do pelo Comando Geral;
de 2015. e) em caso de denúncia ou de pronúncia em processo criminal
§ 6º - Independentemente de solicitação será pago ao policial mili- ou indiciamento em inquérito policial militar, a juízo da autoridade
tar, por ocasião das férias, um acréscimo de 1/3 (um terço) da remune- que efetivou a denúncia ou a indiciação.
ração correspondente ao período de gozo.
§ 7º - As férias serão gozadas de acordo com escala organizada SUBSEÇÃO II
pela unidade administrativa ou operacional competente. DAS ESPÉCIES DE LICENÇA
§ 8º - Revogado pelo art. 15 da Lei nº 13.471, de 30 de dezembro
de 2015. Art. 145 - São licenças do serviço policial militar:
I - Revogado pelo art. 15 da Lei nº 13.471, de 30 de dezembro
§ 9º - No cálculo do abono pecuniário será considerado o valor do de 2015.
acréscimo de férias previsto no § 6º deste artigo, sendo o pagamento II - para tratar de interesse particular;
dos benefícios efetuado no mês anterior ao do início das férias. III - para tratamento de saúde de pessoa da família;
Art. 141 - Obedecidas as disposições legais e regulamentares, o IV - para tratamento da própria saúde;
policial militar tem direito, ainda, aos seguintes períodos de afastamen- V - por motivo de acidente;
to total do serviço sem qualquer prejuízo, por motivo de: VI - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
I - núpcias: oito dias; VII - para o policial militar atleta participar de competição ofi-
II - luto: oito dias; cial;
III - instalação: até dez dias; VIII - à gestante;
IV - trânsito: até trinta dias; IX - paternidade e à (o) adotante .
V - amamentação; Art. 146 -revogado pelo art. 15 da Lei nº 13.471, de 30 de de-
VI - doação de sangue: um dia, por semestre. zembro de 2015.
§ 1º - O afastamento por luto é relativo ao falecimento de cônjuge, § 1º - A licença prêmio por assiduidade tem a duração de três
companheiro(a), pais, padrasto ou madrasta, filhos, enteados, menor meses, a ser gozada de uma só vez quando solicitada pelo interessa-
sob guarda e tutela e irmãos, desde que comprovados mediante docu- do e julgado conveniente pela autoridade competente, poderá ser
mento hábil. parcelada em períodos não inferiores a trinta dias.
§ 2º - O afastamento para amamentação do próprio filho ou ado- § 2º - O período de licença prêmio por assiduidade não inter-
tado, é devido até que este complete seis meses e consistirá em dois rompe a contagem de tempo de efetivo serviço.
descansos na jornada de trabalho, de meia hora cada um, quando o § 3º - Os períodos de licença prêmio por assiduidade não goza-
exigir a saúde do lactente, este período poderá ser dilatado, a critério dos pelo policial militar são computados em dobro para fins exclusi-
da autoridade competente, em despacho fundamentado vos de contagem de tempo para a passagem à inatividade e, nesta
§ 3º - Preservado o interesse do serviço e carga horária a que está situação, para todos os efeitos legais.
obrigado o policial militar, poderá ser concedido horário especial ao § 4º - A licença prêmio por assiduidade não é prejudicada pelo
policial militar estudante, quando comprovada a incompatibilidade do gozo anterior de licença para tratamento de saúde própria e para
horário escolar com o da Unidade, sem prejuízo do exercício do cargo que sejam cumpridos atos de serviço, bem como não anula o direito
e respeitada a duração semanal do trabalho, condicionada à compen- àquelas licenças.
sação de horários. § 5º - O direito de requerer licença prêmio por assiduidade não
prescreve nem está sujeito a caducidade.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 6º - Uma vez concedida a licença prêmio por assiduidade, § 7º - O policial militar não poderá permanecer de licença para
o policial militar, dispensado do exercício das funções que exercer, tratamento de saúde de pessoa de família, por mais de vinte e quatro
ficará à disposição do órgão de pessoal da Polícia Militar. meses, consecutivos ou interpolados.
§ 7º - Não se concederá licença prêmio por assiduidade a poli- Art. 149 - Licença para tratamento da própria saúde é o afasta-
cial militar que no período aquisitivo: mento total do serviço, concedido ao policial militar até o período
a) sofrer sanção disciplinar de detenção; máximo de dois anos, a pedido ou compulsoriamente, de oficio, com
b) afastar-se do cargo em virtude de: base em perícia realizada por junta médica oficial, sem prejuízo do
1.licença para tratamento de saúde de pessoa da família; cômputo do tempo de serviço e da remuneração a que fizer jus:
2.licença para tratar de interesse particular; § 1º - Para licença até quinze dias, a inspeção poderá ser feita
3.condenação a pena privativa de liberdade, por sentença de- por médico de setor de assistência médica da Polícia Militar, Médico
finitiva; Oficial ou credenciado sob as seguintes condições:
4.autorização para acompanhar cônjuge ou companheiro. a) sempre que necessário, a inspeção médica será realizada na
Art. 147 - Licença para tratar de interesse particular é a auto- residência do policial militar ou no estabelecimento hospitalar onde
rização para o afastamento total do serviço, concedida ao policial ele se encontrar internado;
militar com mais de dez anos de efetivo serviço que a requerer com b) inexistindo médico da Instituição ou vinculado a sistema ofi-
aquela finalidade, pelo prazo de até três anos, sem remuneração e cial de saúde no local onde se encontrar o policial militar, será aceito
com prejuízo do cômputo do tempo de efetivo serviço. atestado fornecido por médico particular, com validade condicionada
§ 1º - O policial militar deverá aguardar a concessão da licença a homologação pelo setor de assistência de saúde da Instituição.
em serviço. § 2º - Durante os primeiros doze meses, o policial militar será
§ 2º - A licença para tratar de interesse particular poderá ser considerado temporariamente incapacitado para o serviço; decorri-
interrompida a qualquer tempo, a pedido do policial militar ou por do esse prazo, será agregado na forma do inciso I do art. 23 desta Lei.
motivo de interesse público, mediante ato fundamentado da auto- § 3º - Decorrido um ano de agregação, na forma do parágrafo
ridade que a concedeu. anterior, o policial militar será submetido a nova inspeção médica
§ 3º - Não será concedida nova licença para tratar de interesse e, se for considerado física ou mentalmente inapto para o exercício
particular antes de decorridos dois anos do término da anterior, salvo das funções do seu cargo, será julgado definitivamente incapaz para
para completar o período de que trata este artigo. o serviço e reformado na forma do inciso II, do art. 177, desta Lei.
§ 4º - A licença para tratar de interesse particular fica condiciona- § 4º - Se for considerado apto, na inspeção médica a que se re-
da à indicação, pelo beneficiário, do local onde poderá ser encontra- fere o parágrafo anterior, para o exercício de funções burocráticas,
do, para fins de mobilização ou interrupção, respondendo omissão, o policial militar deverá ser a elas adaptado.
falsidade ou mudança não comunicada de domicilio à Administração. § 5º - Contar-se-á como de prorrogação o período compreen-
Art. 148 - Licença para tratamento de saúde de pessoa da família dido entre o dia do término da licença e o do conhecimento, pelo
é o afastamento total do serviço que poderá ser concedido ao policial interessado, do resultado de nova avaliação a que for submetido se
militar, mediante prévia comprovação do estado de saúde do familiar julgado apto para reassumir o exercício de suas funções;
adoentado por meio de junta médica oficial. § 6º - Verificada a cura clínica, o policial militar voltará à ati-
§ 1º - A interrupção de licença para tratamento de saúde de pes- vidade, ainda quando, a juízo de médico oficial deva continuar o
soa da família para cumprimento de pena disciplinar que importe em tratamento, desde que as funções sejam compatíveis com suas con-
restrição da liberdade individual, será regulada pelo Comando Geral. dições orgânicas.
§ 2º - A licença para tratamento de saúde de pessoa da família § 7º - Para efeito da concessão de licença de ofício, o policial
será sempre concedida com prejuízo da contagem de tempo de efeti- militar é obrigado a submeter-se à inspeção médica determinada
vo serviço e a remuneração durante seu gozo obedecerá aos termos pela autoridade competente para licenciar. No caso de recusa injus-
do parágrafo 6º deste artigo. tificada, sujeitar-se-á às medidas disciplinares previstas nesta Lei.
§ 3º - Pessoas da família para efeito da concessão de que trata o § 8º - O policial militar poderá desistir da licença a pedido desde
caput deste artigo são: que, a juízo de inspeção médica, seja julgado apto para o exercício.
a) o cônjuge ou companheiro(a); § 9º - A licença para tratamento de saúde será concedida sem
b) os pais, o padastro ou madrasta; prejuízo da remuneração, sendo vedado ao policial militar o exercí-
c) os filhos, enteados, cio de qualquer atividade remunerada, sob pena de cassação da li-
d) menor sob guarda ou tutela; cença, sem prejuízo da apuração da sua responsabilidade funcional.
e) os avós; § 10 - A modalidade de licença compulsória para tratamento de
f) os irmãos menores ou incapazes. saúde será aplicada quando restar verificado que o policial militar
§ 4º - A licença somente será deferida se a assistência direta do é portador de uma das moléstias graves enumeradas nos diversos
policial militar for indispensável e não puder ser prestada simultanea- incisos deste parágrafo cujo estado, a juízo clínico, se tornou incom-
mente com o exercício do cargo, o que deverá ser apurado através de patível com o exercício das funções do cargo ou arriscado para as
sindicância social. pessoas que o cercam:
§ 5º - É vedado o exercício de atividade remunerada durante o a) tuberculose ativa;
período da licença, constituindo a constatação de burla motivo para a b) hanseníase;
sua cassação e apuração de responsabilidade administrativa. c) alienação mental;
§ 6º - A remuneração da licença para tratamento de saúde de d) neoplasia maligna;
pessoa da família será concedida: e) cegueira posterior ao ingresso no serviço público;
a) com remuneração integral - até três meses; f) paralisia irreversível e incapacitante;
b) com 2/3 (dois terços) da remuneração - quando exceder a três g) cardiopatia grave;
e não ultrapassar seis meses; h) doença de Parkinson;
c) com 1/3 (um terço) da remuneração - quando exceder a seis e i) espondiloartrose anquilosante;
não ultrapassar doze meses. j) nefropatia grave;
k) estado avançado da doença de Paget (osteite deformante);

402
DIREITO ADMINISTRATIVO
l) síndrome da deficiência imunológica adquirida (AIDS); a) a licença poderá, a depender das condições clínicas, ter início
m) esclerose múltipla; no nono mês de gestação, ou antes, por prescrição médica;
^r) contaminação por radiação; b) no caso de nascimento prematuro, a licença terá início na data
o) outras que a Lei indicar, com base na medicina especializada. do parto;
Art. 150 - Licença por motivo de acidente é o afastamento com c) no caso de natimorto, a licença terá início na data do parto;
remuneração integral e sem prejuízo do cômputo do tempo de ser- § 2º - Em casos excepcionais, os períodos de repouso antes e de-
viço a que faz jus o policial militar acidentado em serviço ou em pois do parto poderão ser aumentados de mais duas semanas cada
decorrência deste que for vitimado em ocorrência policial militar de um, mediante justificativa constante de atestado médico, observado
que participou ou em que foi envolvido, estando ou não escalado, o seguinte:
oficialmente, de serviço. a) no caso de natimorto, a policial militar será submetida, trinta
§ 1º - Equipara-se a acidente em serviço, para efeitos desta Lei: dias após o evento, a exame médico para verificação de suas condi-
a) o fato ligado ao serviço, dele decorrente ou em cuja etiolo- ções para reassunção das funções;
gia, de qualquer modo se identifique relação com o cargo, a função b) em se tratando de aborto não criminoso, devidamente ates-
ou a missão do serviço policial militar, que, mesmo não tendo sido tado por médico oficial, a policial militar terá direito a trinta dias de
a causa exclusiva do acidente, haja contribuído diretamente para a repouso;
provocação de lesão corporal, redução ou perda da sua capacida- c) em caso de parto antecipado, a mulher conservará o direito a
de para o serviço ou produzido quadro clínico que exija repouso e 120 dias consecutivos previstos neste artigo.
atenção médica na sua recuperação; Art. 154 - Licença à paternidade é o afastamento total do serviço
b) o dano sofrido pelo policial militar no local e no horário do pelo prazo de cinco dias consecutivos, e imediatos ao nascimento do
serviço, dele decorrente ou em cuja etiologia, de qualquer modo, filho ou acolhimento do adotado, destinado ao apoio do policial mi-
exista relação de causa e efeito com o serviço, em consequência de: litar à sua família por ocasião do nascimento ou adoção de filho, sem
1.ato de agressão ou sabotagem praticado por terceiro; prejuízo da remuneração e do cômputo do tempo de serviço.
2.ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de § 1º - Ao policial militar que adotar ou obtiver guarda judicial de
disputa relacionada com o serviço e não constitua falta disciplinar do criança de até um ano de idade serão concedidos cento e vinte dias
policial militar beneficiário; de licença, para ajustamento da criança, a contar do dia em que este
3.ato de imprudência, negligência ou imperícia de terceiro; chegar ao novo lar.
4.desabamentos, inundações, incêndios e outros sinistros; § 2º - Na hipótese do parágrafo anterior, em se tratando de criança
5.casos fortuitos ou decorrentes de força maior. com mais de um ano de idade, o prazo será de sessenta dias.
c) a doença proveniente de contaminação acidental do policial
militar no exercício de sua atividade por substância tóxica e/ou ioni- CAPÍTULO II
zante ou radioativa; DAS PRERROGATIVAS
d) o dano sofrido em deslocamento ou viagem para o serviço
ou a serviço da polícia militar, independentemente do meio de loco- SEÇÃO I
moção utilizado, inclusive veículo de propriedade do policial militar. CONSTITUIÇÃO E ENUMERAÇÃO
§ 2º - Não é considerada agravação ou complicação de acidente
em serviço a lesão superveniente absolutamente independente, re- Art. 155 - As prerrogativas do policial militar são constituídas pelas
sultante de acidente de outra origem que se associe ou se superpo- honras, dignidades e distinções devidas aos graus hierárquicos e aos
nha as consequências do anterior. cargos.
Art. 151 - Licença por motivo de afastamento do cônjuge ou Parágrafo único - São prerrogativas do policial militar:
companheiro (a) é o afastamento do serviço, com prejuízo da remu- a) uso de títulos, uniformes, distintivos, insígnias e emblemas da
neração e do cômputo do tempo de serviço, de possível concessão ao Polícia Militar do Estado, correspondentes ao posto ou à graduação;
policial militar que necessitar acompanhar companheiro ou cônjuge, b) honras, tratamento e sinais de respeito que lhes sejam assegu-
policial militar público estadual, que for deslocado para outro ponto rados em Leis e regulamentos;
do Estado, do País ou do exterior, para realização de curso, treina- c) cumprimento das penas disciplinares de prisão ou detenção
mento ou missão ou para o exercício de mandato eletivo dos Poderes somente em organização policial militar cujo Comandante, Coordena-
Executivo e Legislativo. dor, Chefe ou Diretor tenha precedência hierárquica sobre o preso ou
Parágrafo único - Ocorrendo o deslocamento no território esta- detido;
dual o policial militar poderá ser lotado provisoriamente em Unidade d) julgamento em foro especial, nos crimes militares;
Administrativa ou Operacional, desde que para exercício de atividade e) o porte de arma, na conformidade da legislação federal perti-
compatível com posto ou graduação. nente.
Art. 152 - Licença para o policial militar atleta participar de com- Art. 156 - Somente em caso de flagrante delito ou em cumprimen-
petição oficial é o afastamento do serviço concedível ao praticante to de mandado judicial, o policial militar poderá ser preso por auto-
de desporto amador oficialmente reconhecido, durante o período da ridade policial civil, ficando esta obrigada a entregá-lo imediatamen-
competição oficial. te à autoridade policial militar mais próxima, só podendo retê-lo em
Parágrafo único - A licença para participação de competição des- dependência policial civil durante o tempo necessário à lavratura do
portiva será concedida sem prejuízo da remuneração e do cômputo flagrante.
do tempo de serviço. § 1º - Cabe ao Comandante Geral da Polícia Militar a iniciativa de
Art. 153 - Licença à gestante é o afastamento total do serviço, responsabilizar a autoridade policial que não cumprir o disposto neste
sem prejuízo da remuneração e do cômputo do tempo de serviço, artigo e que maltratar ou consentir que seja maltratado preso policial
concedido à policial militar no período de 120 dias consecutivos de- militar, ou não lhe der o tratamento devido.
pois do parto. § 2º - O Comandante Geral da Polícia Militar providenciará junto
§ 1º - Para os fins previstos neste artigo, o início do afastamento às autoridades competentes os meios de segurança do policial militar
da policial militar será determinado por atestado médico emitido por submetido a processo criminal na Justiça comum ou militar, em razão
órgão oficial, observado o seguinte: de ato praticado em serviço.

403
DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 157 - O policial militar da ativa no exercício de funções policiais TÍTULO VI
militares é dispensado do serviço do júri na Justiça Comum e do serviço DO SERVIÇO POLICIAL MILITAR
na Justiça Eleitoral, na forma da legislação competente.
Art. 158 - O porte de arma é inerente ao policial militar, sendo im- CAPÍTULO I
postas restrições ao seu uso apenas aos que revelarem conduta con- DO SERVIÇO E DA CARREIRA POLICIAL MILITAR
traindicada ou inaptidão psicológica para essa prerrogativa.
§ 1º - Os policiais militares somente poderão portar arma de fogo, Art. 162 - O serviço policial militar consiste no desempenho das
desde que legalmente registrada no seu nome ou pertencente à Insti- funções inerentes ao cargo policial militar e no exercício das ativida-
tuição, nos limites do Território Federal , na forma da legislação espe- des inerentes à missão institucional da Polícia Militar, compreenden-
cífica.. do todos os encargos previstos na legislação peculiar e específica re-
§ 2º - As aquisições e transferências de arma de fogo deverão ser lacionados com a preservação da ordem pública no Estado.
obrigatoriamente comunicadas ao órgão próprio da Instituição, para § 1º - A jornada de trabalho do policial militar será de 30 (trinta)
registro junto ao órgão competente. horas semanais ou de 40 (quarenta) horas semanais, de acordo com
§ 3º - Somente em relação aos policiais militares de bom compor- a necessidade do serviço.
tamento presume-se a aptidão para adquirir armas, nas condições e § 2º - São equivalentes as expressões na ativa, da ativa, em ser-
prazos fixados pela legislação federal. viço ativo, em serviço na ativa, em serviço, em atividade, em efetivo
§ 4º - A cédula de Identidade Funcional da Polícia Militar é, para serviço, atividade policial militar ou em atividade de natureza policial
todos os efeitos legais, documento comprobatório do porte de arma. militar, quando referentes aos policiais militares no desempenho de
§ 4º acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 de junho de encargo, incumbência, missão ou tarefa, serviço ou atividade policial
2010. militar, nas organizações policiais militares, bem como em outros ór-
§ 5º - Havendo contraindicação para o porte de arma, em confor- gãos do Estado, desde que previstos em Lei ou Regulamento.
midade com o caput deste artigo, o comando da corporação adotará Art. 163 - A carreira policial militar é caracterizada pela ativida-
medidas para substituir a cédula de identidade funcional por outra em de continuada e inteiramente devotada às finalidades da Instituição
que conste a restrição. denominada atividade policial militar e pela possibilidade de ascen-
§ 5º acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 de junho de são hierárquica, na conformidade do merecimento e antiguidade do
2010. policial militar.
Parágrafo único - A carreira policial militar inicia-se com o ingres-
SUBSEÇÃO ÚNICA so e obedece à sequência de graus hierárquicos, sendo privativa do
DO USO DOS UNIFORMES pessoal da ativa.
Art. 164 - O ingresso na carreira de oficial PM é feito no posto de
Art. 159 - Os uniformes da Polícia Militar, com seus distintivos, in- Tenente PM, satisfeitas as exigências legais, mediante curso de for-
sígnias, emblemas, são privativos dos policiais militares e simbolizam mação realizado na própria Instituição.
as prerrogativas que lhes são inerentes. § 1º - A posição hierárquica do oficial PM no posto inicial resulta
Art. 160 - O uso dos uniformes com seus distintivos, insígnias da sua classificação no curso de formação.
e emblemas, bem como os modelos, descrição, composição, peças § 2º - A ascensão aos demais postos dependerá de aprovação
acessórias e outras disposições são estabelecidos na regulamentação em curso programado para habilitar o Oficial à assunção das res-
peculiar. ponsabilidades do novo grau, cujo acesso dar-se-á mediante teste
Parágrafo único - É proibido ao policial militar o uso de unifor- seletivo de provas ou de provas e títulos, respeitada a antiguidade.
mes: § 3º - A reprovação em dois cursos, consecutivos ou não, im-
a) em manifestação de caráter político-partidária, desde que não plicará em presunção de inaptidão para a continuidade na carreira
esteja de serviço; policial militar, sujeitando o Oficial PM à apuração da sua aptidão
b) em evento não policial militar no exterior, salvo quando ex- para permanência na carreira, assegurados o contraditório e ampla
pressamente determinado ou autorizado; defesa.
c) na inatividade, salvo para comparecer a solenidades policiais § 4º - O ingresso na carreira de Oficial PM no Quadro Auxiliar
militares e a cerimônias cívicas comemorativas de datas nacionais ou de Segurança é privativo de policial militar, dar-se-á, mediante cur-
a atos sociais solenes de caráter particular, desde que autorizado pelo so de formação realizado na própria Instituição, na forma estabele-
Diretor de Administração. cida neste artigo.
Art. 161 - É vedado a pessoas ou organizações civis de qualquer § 5º - O processo de seleção para o ingresso na carreira de Ofi-
natureza usar uniformes, mesmo que semelhantes, ou ostentar dis- cial observará o disposto em regulamento.
tintivos, insígnias ou emblemas que possam ser confundidos com os Art. 165 - O ingresso na carreira de Praça da Polícia Militar
adotados na Polícia Militar. ocorrerá na graduação de soldado PM 1ª classe, mediante curso de
Parágrafo único - São responsáveis civil, penal e administrativa- formação realizado na própria Instituição, observadas as exigências
mente pela infração das disposições deste artigo, além dos comiten- previstas nesta Lei e no respectivo edital convocatório do concurso.
tes, os proprietários, gerentes, diretores ou chefes de repartições das § 1º - O acesso à graduação de 1º Sargento, privativo de policial
referidas organizações. militar de carreira, dar-se-á mediante curso de formação realizado
na própria Instituição e será precedido de avaliação de desempe-
nho dos candidatos à matrícula no referido curso, sob responsa-
bilidade de Comissão especialmente designada pelo Comandante
Geral, com mandato de dois anos, permitida a recondução.
§ 2º - O processo de seleção de que trata o parágrafo anterior
observará o disposto em regulamento.

404
DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO II SEÇÃO II
DO CARGO E FUNÇÃO POLICIAIS MILITARES DA FUNÇÃO POLICIAL MILITAR

SEÇÃO I Art. 171 - Função policial militar é o exercício das atribuições ine-
DO CARGO POLICIAL MILITAR rentes ao cargo policial militar.
Art. 172 - As obrigações que, pela generalidade, peculiaridade,
Art. 166 - Cargo policial militar é o conjunto de atribuições, de- duração, vulto ou natureza não são catalogadas como posições titu-
veres e responsabilidades cometidos a um policial militar em servi- ladas em Quadro de Organização ou dispositivo legal, são cumpridas
ço ativo, com as características essenciais de criação por Lei, deno- como encargo, incumbência, serviço, comissão ou atividade policial
minação própria, número certo e pagamento pelos cofres públicos, militar ou de natureza policial militar.
em caráter permanente ou temporário. Parágrafo único - Aplica-se, no que couber, ao encargo, incum-
§ 1º - O cargo policial militar a que se refere este artigo é o que bência, serviço, comissão ou atividade policial militar ou de natureza
se encontra especificado no Quadro de Organização e legislação es- policial militar, o disposto neste Capítulo para o cargo policial militar.
pecífica.
§ 2º - As obrigações inerentes ao cargo policial militar devem CAPÍTULO III
ser compatíveis com o correspondente grau hierárquico e definidas DO DESLIGAMENTO DO SERVIÇO ATIVO
em legislação peculiar.
§ 3º - A competência para a nomeação dos ocupantes dos car- SEÇÃO I
gos de provimento temporário da estrutura da Polícia Militar, sím- DOS MOTIVOS DE EXCLUSÃO DO SERVIÇO ATIVO
bolo DAS-1 a DAI-4, é do Governador do Estado, competindo ao
Comandante Geral prover os demais. Art. 173 - A exclusão do serviço ativo e o consequente desliga-
Art. 167 - Os cargos policiais militares são providos com pessoal mento da organização a que estiver vinculado o policial militar, decor-
que satisfaça os requisitos de grau hierárquico e de qualificação exi- rem dos seguintes motivos:
gidos para o seu desempenho. I - transferência para a reserva remunerada;
§ 1º - O desempenho a que se refere o caput deste artigo será II - reforma;
avaliado por uma Comissão Especial, cuja composição, competên- III - demissão;
cia, organização e atribuições serão regulamentadas. IV - perda do posto, da patente e da graduação;
§ 2º - O objetivo da avaliação de desempenho em razão do V - exoneração;
cargo é verificar a efetividade do cumprimento das metas do pla- VI - deserção;
nejamento estratégico da Instituição, bem como da adequação do VII - falecimento;
avaliado aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, VIII - extravio.
publicidade e aos parâmetros de eficiência e economicidade no tra- Art. 174 - O policial militar da ativa, enquadrado em um dos
to com a coisa pública. incisos I, II e V do artigo anterior, ou tendo requerido exoneração a
§ 3º - A constatação, pela Comissão, de rendimento insatisfa- pedido, continuará no exercício de suas funções até ser desligado da
tório no exercício do cargo ensejará, sem prejuízo das medidas ad- organização policial militar em que serve.
ministrativas cabíveis, o afastamento do seu titular, assegurados o § 1º - O desligamento do policial militar da organização em que
contraditório e a ampla defesa. serve deverá ser feito após a publicação em Diário Oficial, ou boletim
Art. 168 - A vacância do cargo policial militar decorrerá de: de sua organização policial militar, do ato oficial correspondente e
I - exoneração; não poderá exceder a 45 (quarenta e cinco) dias da data desse ato.
II - demissão; § 2º - Ultrapassado o prazo a que se refere o parágrafo anterior,
III - inatividade; o policial militar será considerado desligado da organização a que es-
IV - falecimento; tiver vinculado, deixando de contar tempo de serviço, para fins de
V - extravio; transferência para a inatividade.
VI - deserção.
§ 1º - Ocorrendo vaga, considerar-se-ão abertas, na mesma data, SEÇÃO II
as vagas decorrentes de seu preenchimento. DA PASSAGEM PARA A RESERVA REMUNERADA
§ 2º - A exoneração de policial militar ocupante de cargo de pro-
vimento temporário, dar-se-á a seu pedido ou por iniciativa da auto- Art. 175 - A passagem do policial militar à situação de inativida-
ridade competente para a nomeação. de, mediante transferência para a reserva remunerada, se efetua:
§ 3º - A demissão de policiais militares será aplicada exclusiva- I - a pedido;
mente como sanção disciplinar. II - “ex officio”.
§ 4º - A data de abertura de vaga por extravio é a que for oficial- Parágrafo único - A transferência para a reserva remunerada
mente considerada para os efeitos dessa ocorrência. pode ser suspensa na vigência do estado de sítio, estado de defesa
§ 5º - A data de abertura de vaga por deserção é aquela assim ou em caso de mobilização, calamidade pública ou perturbação da
considerada pela legislação penal militar. ordem pública.
Art. 169 - Dentro de uma mesma organização policial militar a Art. 176 - A transferência para a reserva remunerada, a pedido,
seqüência de substituições bem como as normas, atribuições e res- será concedida mediante requerimento escrito, ao policial militar
ponsabilidades a elas relativas, são as estabelecidas na legislação pe- que contar, no mínimo, trinta anos de serviço.
culiar, respeitadas as qualificações exigidas para o cargo ou para o § 1º - No caso de o policial militar haver realizado qualquer cur-
exercício da função. so ou estágio de duração superior a seis meses, por conta do Esta-
Art. 170 - O policial militar ocupante de cargo provido em caráter do, em outra Unidade da Federação ou no exterior, sem que hajam
efetivo permanente ou temporário gozará dos direitos correspon- decorridos três anos de seu término, deverá informar no seu pedido
dentes ao cargo, conforme previsto em dispositivo legal. tal fato, para que seja calculada a indenização de todas as despesas
correspondentes à realização do referido curso ou estágio.

405
DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2º - A falta de pagamento da indenização das despesas refe- § 1º - As frações que resultarem da aplicação das proporções
ridas no parágrafo anterior determinará a inscrição na dívida ativa previstas neste artigo serão aproximadas para o número inteiro
do débito. imediatamente superior, computando assim vagas obrigatórias
§ 3º - Não será concedida transferência para a reserva remune- para promoção, observado o disposto no § 2º deste artigo.
rada, a pedido, ao policial militar que: § 2º - Quando o resultado da aplicação das proporções for in-
a) estiver respondendo a processo criminal, processo civil por ferior a 01 (um) inteiro, serão adicionadas as frações obtidas cumu-
abuso de autoridade ou processo administrativo; lativamente aos cálculos correspondentes dos anos seguintes, até
b) estiver cumprindo pena de qualquer natureza. completar-se 01 (um) inteiro para obtenção de uma vaga para pro-
Art. 177 - A transferência para a reserva remunerada, “ex offi- moção obrigatória.
cio”, verificar-se-á sempre que o policial militar incidir em um dos § 3º - Quando o número de vagas fixado para promoção na for-
seguintes casos: ma deste artigo não for alcançado com as vagas ocorridas durante o
I - atingir a idade-limite de 60 anos para Oficiais e Praças; ano-base, aplicar-se-á a quota compulsória.
II - terem os oficiais ultrapassado 06 (seis) anos de permanência § 4º - Os critérios e requisitos para a aplicação da quota com-
no último posto ou 09 (nove) anos de permanência no penúltimo pulsória serão estabelecidos em regulamento.
posto, previstos na hierarquia do seu Quadro, desde que, também, Artigo 177-A acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro
contem 30 (trinta) ou mais anos de serviço; de 2009.
Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro
de 2009. SEÇÃO III
Redação original: “II - terem ultrapassado, os oficiais, oito anos DA REFORMA
de permanência no último posto previsto na hierarquia do seu Qua-
dro, desde que, também conte trinta ou mais anos de contribuição.” Art. 178 - A reforma dar-se-á “ex officio” e será aplicada ao po-
III - ser diplomado em cargo eletivo, na forma do inciso II, do § licial militar que:
1º do art. 48, da Constituição Estadual; I - atingir as seguintes idades-limite para permanência na re-
IV - for o oficial considerado não habilitado para o acesso em serva remunerada:
caráter definitivo, no momento em que vier a ser objeto de aprecia- a) se oficial superior, 64 anos;
ção para o ingresso em Lista de Acesso; b) se oficial intermediário ou subalterno, 60 anos;
V - tomar posse em cargo ou emprego publico civil permanen- c)se praça, 56 anos.
te; II - for julgado incapaz definitivamente para o serviço ativo da
VI - permanecer afastado para exercício de cargo, emprego ou Polícia Militar;
função publica civil ou temporária não eletiva, ainda que da admi- III - estiver agregado por mais de um ano, por ter sido julgado
nistração direta por mais de dois anos, contínuos ou não. incapaz temporariamente, mediante homologação de Junta de Saú-
VII - for o Oficial alcançado pela quota compulsória e conte com de ou Junta Médica credenciada;
30 (trinta) anos de efetivo serviço. IV - for condenado à pena de reforma, prevista no Código Penal
Inciso VII acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro de Militar, por sentença passada em julgado, por decisão da Justiça Es-
2009. tadual em consequência do Conselho da Justificação para os Praças
§ 1º - A transferência para a reserva remunerada não se proces- e Oficiais.
sará quando o policial militar for enquadrado nos incisos I, “a”, e II Parágrafo único - O policial militar reformado só readquirirá a
deste artigo, encontrar-se exercendo cargo de Secretário de Estado situação policial militar anterior:
ou equivalente, Subsecretario, Chefe de Gabinete de Secretaria de a) se Oficial, na hipótese do inciso I, letra “c”, do caput deste ar-
Estado ou outro cargo em comissão de hierarquia igual aos já men- tigo, por outra sentença da justiça Militar ou do Tribunal de Justiça
cionados, enquanto durar a investidura. do Estado e nas condições nela estabelecidas;
§ 2º - Para efeito do disposto neste artigo, a idade do policial b) se a reforma decorrer de subsunção à hipótese do inciso I,
militar considerada será a consignada para o ingresso na Instituição, letra “a”, do caput deste artigo, em se tratando de moléstia curável
vedada qualquer alteração posterior. responsável por afastamento durante período inferior a dois anos,
§ 3º - Os oficiais do último e penúltimo posto, referidos no in- houver recuperado a saúde, segundo laudo de junta de inspeção.
ciso II deste artigo, que estiverem na ativa quando da entrada em Art. 179 - A incapacidade definitiva pode sobrevir em conse-
vigor desta Lei, somente serão transferidos para a reserva remune- quência de:
rada, ex-officio, se ultrapassarem 08 (oito) e 12 (doze) anos de per- I - ferimento recebido em operações policiais militares ou na
manência no posto, respectivamente, desde que, também, contem manutenção da ordem pública ou enfermidade contraída nessa si-
30 (trinta) ou mais anos de serviço. tuação ou que tenha nela sua causa eficiente;
§ 3º acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro de 2009. II - acidente em serviço ou em decorrência do serviço;
Art. 177-A - Com o fim de manter a renovação, o equilíbrio e a III - qualquer doença, moléstia ou enfermidade adquirida, com
regularidade de acesso ao posto superior dos Quadros de Oficiais relação de causa e efeito às condições inerentes ao serviço;
definidos na Lei de Organização Básica, haverá anualmente um nú- IV - qualquer das doenças constantes do § 10, do art. 149 deste
mero de vagas à promoção, nas proporções a seguir indicadas: Estatuto;
I - QOPM, QOBM e QOSPM: V - acidente ou doença, moléstia ou enfermidade sem relação
a) Coronel -1/12 do efetivo fixado em lei; de causa e efeito com o serviço.
b) Tenente Coronel -1/12 do efetivo fixado em lei. § 1º - Os casos de que tratam os incisos I, II e III deste artigo se-
II -QCOPM rão comprovados por atestado de origem ou Inquérito Sanitário de
a) Tenente Coronel -1/12 do efetivo fixado em lei. Origem, sendo os termos do acidente, baixa a hospital, papeletas
III -QOAPM e QOABM de tratamento nas enfermarias e hospitais e os registros de baixa
a) Capitão -1/8 do efetivo fixado em lei. utilizados como meios subsidiários para esclarecer a situação.

406
DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2º - O policial militar julgado incapaz por um dos motivos § 1º - A exoneração a pedido não implicará indenização aos
constantes do inciso IV deste artigo, somente poderá ser reformado cofres públicos pela preparação e formação profissionais, quando
após a homologação, por Junta de Saúde ou Junta Médica creden- contar o policial militar com mais de cinco anos de carreira, ressal-
ciada, de inspeção que concluir pela incapacidade definitiva, obe- vada a hipótese de realização de curso ou estágio com ônus para a
decida a regulamentação especial da Polícia Militar. Instituição;
Art. 180 - O policial militar da ativa, julgado incapaz definiti- § 2º - Quando o policial militar tiver realizado qualquer curso
vamente por um dos motivos constantes dos incisos I, II, III e IV do ou estágio, no País ou Exterior, não será concedida a exoneração a
artigo anterior, será reformado com qualquer tempo de serviço. pedido antes de decorrido período igual ao do afastamento, ressal-
Art. 181 - O policial militar da ativa, julgado incapaz definitiva- vada a hipótese de ressarcimento das despesas correspondentes.
mente por um dos motivos constantes do inciso I, do art. 179, desta § 3º - O policial militar exonerado, a pedido, passa a integrar
Lei, será reformado com a remuneração integral. o contingente da reserva não remunerada, sem direito a qualquer
§ 1º - Aplica-se o disposto neste artigo aos casos previstos nos remuneração, sendo a sua situação militar definida pela Lei do Ser-
incisos II, III e IV, do art. 179, desta Lei, quando, verificada a incapa- viço Militar.
cidade definitiva, for o policial militar considerado inválido, impossi- § 4º - O direito à exoneração, a pedido, poderá ser suspenso na
bilitado total e permanentemente para qualquer trabalho. vigência do estado de defesa, estado de sítio ou em caso de mobili-
§ 2º - Ao benefício previsto neste artigo e seus parágrafos po- zação, calamidade pública ou grave perturbação da ordem pública.
derão ser acrescidos outros relativos à remuneração, estabelecidos Art. 187 - A exoneração “ex officio” será aplicada ao policial
em Lei, desde que o policial militar, ao ser reformado, já satisfaça às militar nas seguintes hipóteses:
condições por ela exigidas. I - por motivo de licença para tratar de interesses particulares,
Art. 182 - O policial militar da ativa, julgado incapaz definiti- além de três anos contínuos;
vamente por um dos motivos constantes do inciso V, do art. 179, II - quando não satisfizer as condições do estágio probatório;
desta Lei, será reformado com remuneração proporcional ao tempo III - quando ultrapassar dois anos contínuos ou não, em licença
de serviço. para tratamento de saúde de pessoa de sua família;
Art. 183 - O policial militar reformado por incapacidade defini- IV - quando permanecer agregado por prazo superior a dois
tiva que for julgado apto em inspeção pela Junta de Saúde ou Junta anos, contínuos ou não, por haver passado à disposição de órgão ou
Médica credenciada, em grau de recurso ou revisão, poderá retor- entidade da União, do Estado, de outro Estado da Federação ou de
nar ao serviço ativo ou ser transferido para a reserva. Município, para exercer função de natureza civil.
§ 1º - O retorno ao serviço ativo ocorrerá se o tempo decorrido § 1º - As hipóteses previstas neste artigo serão examinadas em
na situação de reformado não ultrapassar dois anos devendo ser procedimento administrativo regular, devendo a autoridade com-
procedido na forma do disposto no §1º, do artigo 27, desta Lei. petente fundamentar o ato que dele resulte.
§ 2º - A transferência para a reserva remunerada, observado § 2º - O policial militar exonerado “ex officio” passa a integrar
o limite de idade para a permanência nessa situação, ocorrerá se o o contingente da reserva não remunerada, não terá direito a qual-
tempo transcorrido como reformado ultrapassar de dois anos. quer remuneração, sendo a sua situação militar definida pela Lei do
Art. 184 - O policial militar reformado por alienação mental, Serviço Militar.
enquanto não ocorrer a designação judicial de curador, terá sua Art. 188 - Não se concederá exoneração a pedido:
remuneração paga aos seus beneficiários ou responsáveis, desde I - ao policial militar que esteja em débito com a Fazenda Pú-
que o tenham sob sua guarda e responsabilidade e lhe dispensem blica;
tratamento humano e condigno, até sessenta dias após o ato de II - ao policial militar agregado por estar sendo processado no
reforma. foro militar ou comum ou respondendo a processo administrativo
§ 1º - O responsável pelo policial militar reformado providen- disciplinar.
ciará a sua interdição judicial, demonstrando a propositura da ação,
sob pena de suspensão da respectiva remuneração até que a medi- SEÇÃO V
da seja providenciada. DA PERDA DO POSTO, DA PATENTE E DA
§ 2º - A interdição judicial do policial militar e seu internamento GRADUAÇÃO
em instituição apropriada, policial militar ou não, deverão ser provi-
denciados pela Instituição quando não houver beneficiário, parente Art. 189 - O Oficial só perderá o posto e a patente se for decla-
ou responsável pelo mesmo ou, possuindo, não adotar a providên- rado indigno para a permanência na Polícia Militar ou tiver conduta
cia indicada no caput deste artigo, no prazo de 60 (sessenta dias). com ela incompatível, por decisão do Tribunal de Justiça do Estado
§ 3º - Os processos e os atos de registro de interdição de po- da Bahia, em decorrência de julgamento a que for submetido.
licial militar terão andamento sumário, serão instruídos com laudo Parágrafo único - O Oficial declarado indigno do oficialato, ou com
proferido pela Junta de Saúde ou Junta Médica credenciada e isen- ele incompatível, condenado à perda do posto e patente só poderá
tos de custas. readquirir a situação policial militar anterior por outra sentença judicial
e nas condições nela estabelecidas.
SEÇÃO IV Art. 190 - O Oficial que houver perdido o posto e a patente será
DA EXONERAÇÃO demitido sem direito a qualquer remuneração e terá a sua situação
militar definida pela Lei do Serviço Militar.
Art. 185 - A exoneração de policiais militares e consequente Art. 191 - Ficará sujeito à declaração de indignidade para o oficia-
extinção do vínculo funcional e o desligamento da Instituição se lato e para permanência na Instituição por incompatibilidade com a
efetuará: mesma, o Oficial que:
I - a pedido; I - for condenado, por tribunal civil ou militar, em sentença transi-
II - “ex officio”. tada em julgado a pena privativa de liberdade individual superior a dois
Art. 186 - A exoneração, a pedido, será concedida mediante re- anos, após submissão a processo administrativo disciplinar;
querimento do interessado.

407
DIREITO ADMINISTRATIVO
II - for condenado, em sentença transitada em julgado, por crimes SEÇÃO VIII
para os quais o Código Penal Militar comina a perda do posto e da pa- DO FALECIMENTO E DO EXTRAVIO
tente como penas acessórias e por crimes previstos na legislação espe-
cial concernente à Segurança Nacional; Art. 197 - O policial militar da ativa que vier a falecer será ex-
III - incidir nos casos previstos em Lei, que motivam o julgamento cluído do serviço ativo e desligado da organização a que estava vin-
por processo administrativo disciplinar e neste for considerado culpa- culado, a partir da data da ocorrência do óbito.
do. Art. 198 - O extravio do policial militar da ativa acarreta inter-
Art. 192 - Perderá a graduação o Praça que incidir nas situações rupção da contagem do tempo de serviço policial militar, com o
previstas nos incisos II e III, do artigo anterior. consequente afastamento temporário do serviço ativo, a partir da
data em que o mesmo for oficialmente considerado extraviado.
SEÇÃO VI § 1º - A exclusão do serviço ativo será feita seis meses após a
DA DEMISSÃO agregação por motivo de extravio.
§ 2º - Em caso de naufrágio, sinistro aéreo, catástrofe, calami-
Art. 193 - A demissão será aplicada como sanção aos policiais mi- dade pública ou outros acidentes oficialmente reconhecidos, o ex-
litares de carreira, após a instauração de processo administrativo em travio ou o desaparecimento do policial militar da ativa será consi-
que seja assegurada a ampla defesa e o contraditório nos seguintes derado, para fins deste Estatuto, como falecimento, tão logo sejam
casos: esgotados os prazos máximos de possível sobrevivência ou quando
I - incursão numa das situações constantes do art. 57 desta Lei ; se deem por encerradas as providências de busca e salvamento.
II - quando assim se pronunciar a Justiça Militar ou Tribunal de Jus- Art. 199 - O policial militar reaparecido será submetido a pro-
tiça, após terem sido condenados, por sentença transitada em julgado, cesso administrativo disciplinar, por decisão do Comandante Geral,
a pena privativa ou restritiva de liberdade individual superior a dois se assim for julgado necessário.
anos; Parágrafo único - O reaparecimento de policial militar extra-
III - que incidirem nos casos que motivarem a apuração em pro- viado, já excluído do serviço ativo, resultará em sua reintegração e
cesso administrativo disciplinar e nele forem considerados culpados. nova agregação, pelo tempo necessário à apuração das causas que
Parágrafo único - O policial militar que houver sido demitido a bem deram origem ao extravio.
da disciplina só poderá readquirir a situação policial militar anterior :
a) por sentença judicial, em qualquer caso; CAPÍTULO IV
b) por outra decisão da autoridade julgadora do processo adminis- DO TEMPO DE SERVIÇO
trativo disciplinar na hipótese de revisão do mesmo.
Art. 194 - Será do Governador do Estado a competência do ato de Art. 200 - O policial militar começa a contar tempo de serviço
demissão do Oficial. a partir da data de sua matrícula no respectivo curso de formação.
Parágrafo único - A competência para o ato de demissão do Praça § 1º - O policial militar reintegrado recomeça a contar tempo
é do Comandante Geral da Polícia Militar. de serviço na data de sua reintegração.
Art. 195 - A demissão do Oficial ou Praça não o isenta das indeni- § 2º - A contagem do tempo de serviço é feita dia a dia, ex-
zações dos prejuízos causados ao Erário. cluídos os períodos em que não houve efetiva prestação de serviço
Parágrafo único - O Oficial ou Praça demitido não terá direito a nem tenham sido assim considerados por força desta Lei.
qualquer remuneração ou indenização e a sua situação será definida § 3º - Quando, por motivo de força maior, oficialmente reco-
pela Lei do Serviço Militar. nhecido, como nos casos de inundação, naufrágio, incêndio, sinis-
tro aéreo e outras calamidades, faltarem dados para contagem do
SEÇÃO VII tempo de serviço, após processo administrativo onde se recolherão
DA DESERÇÃO todos os indícios existentes, caberá ao Comandante Geral da Polícia
Militar decidir sobre o tempo a ser computado, para cada caso par-
Art. 196 - A deserção do policial militar acarreta a interrupção do ticular, de acordo com os elementos disponíveis.
cômputo do tempo de serviço policial militar e a consequente demis- Art. 201 - Na apuração do tempo de serviço do policial militar
são “ex officio”. será feita a distinção entre tempo de efetivo serviço e anos de ser-
§ 1º - A demissão do policial militar desertor, com estabilidade as- viço.
segurada, processar-se-á após um ano de agregação, se não houver § 1º - Tempo de efetivo serviço é o espaço de tempo compu-
captura ou apresentação voluntária antes desse prazo. tado dia a dia entre a data do ingresso e a data limite estabeleci-
§ 2º - O policial militar, sem estabilidade assegurada, será automa- da para sua contagem ou a data do desligamento do serviço ativo,
ticamente demitido após oficialmente declarado desertor, median- mesmo que tal espaço de tempo seja parcelado, devendo ser ob-
te devido processo legal. servadas as seguintes peculiaridades:
§ 3º - O policial militar desertor que for capturado ou que se a) será também computado como tempo de efetivo serviço o
apresentar voluntariamente, depois de haver sido demitido será tempo passado dia-a-dia pelo policial militar da reserva remunera-
reintegrado ao serviço ativo e, a seguir, agregado para se ver pro- da que for convocado para o exercício de funções policiais militares.
cessar. b) o tempo de serviço em campanha é computado pelo dobro,
§ 4º - O Oficial desertor terá sua situação definida pelos dispo- como tempo de efetivo serviço, para todos os efeitos.
sitivos que lhe são aplicáveis pela legislação penal militar. c) não serão deduzidos do tempo de efetivo serviço os perío-
§ 5º - O policial militar desertor não fará jus a qualquer remu- dos em que o policial militar estiver afastado do exercício de suas
neração, exceto na hipótese prevista no parágrafo anterior restrita funções em gozo de licença prêmio à assiduidade nem nos afasta-
esta, todavia, ao soldo. mentos previstos nos arts. 141, incisos I a VI, 145 incisos IV, V, VIII
e IX desta Lei.

408
DIREITO ADMINISTRATIVO
d) ao tempo de efetivo serviço de que trata este artigo, apura- § 1º - As dispensas de serviço podem ser concedidas ao policial
do e totalizado em dias, será aplicado o divisor trezentos e sessenta militar:
e cinco, para a correspondente obtenção dos anos de efetivo servi- a) como recompensa;
ço, até uma casa decimal arredondável para mais; b) para desconto em férias.
e)o tempo correspondente ao desempenho de mandato ele- § 2º - As dispensas de serviço serão concedidas com a remune-
tivo federal, estadual, municipal ou distrital será computado para ração integral e computadas como tempo de efetivo serviço.
todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento.
Alínea “e” acrescida pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 de ju- TÍTULO VII -
nho de 2010. DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
§ 2º - Anos de serviço é a expressão que designa o tempo de E REGRAS DE TRANSIÇÃO
efetivo serviço a que se refere o parágrafo anterior, com o acrés-
cimo do tempo de serviço público federal, estadual ou municipal, CAPÍTULO ÚNICODAS DISPOSIÇÕES
prestado pelo policial militar anteriormente ao seu ingresso na Po- TRANSITÓRIAS E FINAIS
lícia Militar.
Art. 202 - O acréscimo a que se refere o § 2º, do art. 198, desta Art. 210 - A assistência religiosa à Polícia Militar será regulada
Lei será computado para a transferência para a inatividade. por legislação específica.
Art. 203 - Não é computável, para efeito algum, o tempo: Art. 211 - Aos Oficiais do Quadro de Oficiais Policiais Militares
I - decorrido por prazo superior a doze meses, em gozo de licen- e do Quadro de Oficiais Auxiliares, portadores ou que venham a
ça para tratamento de saúde de pessoa da família; adquirir diploma de nível superior nas modalidades profissionais
II - passado em licença para tratar de interesse particular ou contempladas pelas especialidades do Quadro Complementar de
para acompanhamento de cônjuge; Oficiais é assegurado o direito de transferirem-se para este, sem
III - passado como desertor; submissão a curso de adaptação, havendo conveniência para o ser-
IV - decorrido em cumprimento de pena de suspensão de exer- viço, respeitado o posto e a patente e condicionado o ingresso no
cício do posto, graduação, cargo ou função, por sentença passada posto inicial do referido Quadro.
em julgado; Parágrafo único - Aos Oficiais do Quadro Complementar de
V - decorrido em cumprimento de sanção disciplinar que inter- Oficiais Policiais Militares é assegurada a matrícula em Curso de
fira no exercício; Formação de Oficiais Policiais Militares, observadas a conveniência
VI - decorrido em cumprimento de pena privativa de liberdade, para o serviço.
por sentença transitada em julgado, desde que não tenha sido con- Art. 212 - Aos policiais militares que se incapacitem para o ser-
cedida suspensão condicional da pena, caso as condições estipula- viço policial militar e que, á juízo de junta médica oficial, reúnam
das na sentença não o impeçam. condições de serem readaptados para o exercício de atividades ad-
Art. 204 - Entende-se por tempo de serviço em campanha o ministrativas, fica assegurada a faculdade de optarem pela perma-
período em que o policial militar estiver em operações de guerra. nência no serviço ativo e, nesta condição, prosseguirem na carreira.
Parágrafo único - O tempo de serviço passado pelo policial mili- Art. 213 - Aos Praças da Policia Militar possuidores ou que
tar no exercício de atividades decorrentes ou dependentes de ope- venham adquirir diploma de nível superior nas modalidades pro-
rações de guerra, será regulado em legislação específica. fissionais contempladas pelas especialidades do Quadro Comple-
Art. 205 - O tempo de serviço dos policiais militares beneficia- mentar é assegurada a matrícula no Curso de Formação de Oficiais
dos por anistia será contado na forma estabelecida no ato legal que respectivos, mediante processo seletivo, observada a conveniência
a conceder. do serviço.
Art. 206 - A data limite estabelecida para final de contagem dos Art. 214 - É vedado o uso, por organização civil, de designações,
anos de serviço, para fins de passagem para a inatividade, será a símbolos, uniformes e grafismos de veículos e uniformes que pos-
do desligamento da Unidade a que pertencia o policial militar, em sam sugerir sua vinculação à Polícia Militar.
consequência da exclusão do serviço ativo. Parágrafo único - Excetuam-se da prescrição deste artigo as as-
Art. 207 - Na contagem dos anos de serviço não poderá ser sociações, clubes, círculos e outras organizações que congreguem
computada qualquer superposição de tempo de serviço público fe- membros da Polícia Militar e que se destinem, exclusivamente, a
deral, estadual e municipal. promover intercâmbio social e assistencial entre os policiais milita-
res e suas famílias e entre esses e a sociedade civil.
CAPÍTULO V Art. 215 - A Polícia Militar organizará e manterá um programa
DAS RECOMPENSAS E DAS DISPENSAS DO SERVIÇO ATIVO de readaptação, a ser regulamentado, destinado à reciclagem dos
valores morais, éticos e institucionais dos policiais militares que re-
Art. 208 - As recompensas constituem reconhecimento dos velem conduta caracterizada por:
bons serviços prestados pelo policial militar. I - insensibilidade às medidas correcionais;
§ 1º - São recompensas: II - violência gratuita;
a) os prêmios de Honra ao Mérito; III - envolvimento em episódios de confronto armado em servi-
b) as condecorações por serviços prestados; ço que resultem em morte;
c) os elogios, louvores e referências elogiosas individuais ou IV - vícios de embriaguez alcoólica e/ou de dependência de
coletivos; substâncias entorpecentes;
d) as dispensas de serviço. V - desvios de conduta, caracterizados por reiterada inadapta-
§ 2º - As recompensas serão concedidas de acordo com as nor- ção aos valores policiais militares;
mas estabelecidas nos regulamentos da Polícia Militar. VI - uso indevido de arma de fogo;
Art. 209 - As dispensas de serviço são autorizações concedidas VII - baixo desempenho funcional;
ao policial militar para o afastamento total do serviço, em caráter VIII - ingresso no mau comportamento.
temporário.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 216 - Integram o Quadro Complementar de Oficiais, os pro- CAPÍTULO II -
fissionais da área de saúde que ingressarem na Policia Militar após DA FINALIDADE E DAS COMPETÊNCIAS
a vigência desta Lei.
Art. 217 - Integram o Quadro de Oficiais Policiais Militares para Art. 2º - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia - CBMBA, força
todos os efeitos legais os oficiais que concluíram e que vierem a auxiliar e reserva do Exército, organizado com base na hierarquia e dis-
concluir com aproveitamento do Curso de Formação de Oficiais ciplina, é órgão em regime especial de administração direta, integrante
Bombeiros Militares em outras corporações por designação do Co- do Sistema de Segurança Pública, que tem por finalidade a execução
mando Geral da Polícia Militar. dos serviços específicos de bombeiros militares no território do Estado
Art. 218 - A antiguidade dos oficiais de que trata o parágrafo da Bahia, ao qual compete:
anterior será definida pela data de promoção ao primeiro posto, I- executar atividades de defesa civil;
sendo, em caso de nomeação coletiva, efetuada com base na ordem II - promover a prevenção e combate a incêndios e a situações
de classificação obtida pelas médias finais nos respectivos cursos. de pânico;
Art. 219 - Após a entrada em vigor do presente Estatuto serão III - executar as ações de busca, resgate, suporte básico de vida e
ajustados todos os dispositivos legais e regulamentares que com ele salvamento de pessoas e bens a cargo do Corpo de Bombeiros Militar
tenham ou venham a ter pertinência devendo as normas com im- da Bahia;
plicações disciplinares ser editadas em cento e oitenta dias a contar IV - realizar atividades de prevenção e extinção de incêndios
da publicação desta Lei. florestais, com vistas à proteção ambiental;
§ 1º - Até que sejam devidamente regulamentados, os Conse- V - exercer inspeções e vistorias em estruturas e edificações, ob-
lhos de Justificação e Disciplinares em andamento e os que venham jetivando a prevenção a incêndios e demais sinistros, na forma da lei;
a ocorrer até a promulgação de sua normatização definitiva, deve- VI - realizar perícias de incêndio e explosão, relacionadas com
rão ser concluídos sob os aspectos procedimentais não contempla- suas competências;
dos por esta Lei, observadas as prescrições legais em vigor. VII - atender a convocação, inclusive a mobilização, do Governo
§ 2º - Os atuais oficiais-capelães passam a integrar o Quadro Federal em caso de guerra externa ou para prevenir ou reprimir grave
Complementar de Oficiais Policiais Militares, nos postos em que se perturbação da ordem ou ameaça de sua irrupção, subordinando-se
encontram. à Força Terrestre para emprego em suas competências específicas de
§ 3º - O Quadro Suplementar de Oficiais Bombeiros Militares Corpo de Bombeiros Militar e como participante da defesa interna e
será extinto à medida em que ocorrer a vacância dos respectivos territorial;
postos. VIII - estudar, analisar, planejar, exigir e fiscalizar todo o serviço de
§ 4º - Os integrantes do Quadro de Oficiais Especialista passam segurança contra incêndio e pânico no Estado;
a compor o Quadro de Oficiais Auxiliares da Polícia Militar. IX - participar da elaboração de normas relativas à segurança das
Art. 220 - Até que sejam extintas as graduações de Subtenente pessoas e dos seus bens contra incêndio e pânico no Estado;
PM e Cabo PM, na forma prevista na Lei nº 7.145, de 19 de agosto X - credenciar bombeiros civis e entidades civis que atuem em
de 1997, serão as mesmas consideradas como integrantes da escala sua área de competência;
hierárquica a que se refere o art. 9º, desta Lei, exclusivamente para XI - analisar e aprovar projetos de sistema de prevenção contra
os efeitos nela previstos. incêndio e pânico;
Art. 221 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação. XII - emitir normas, laudos de exigências e certificados de aprova-
Art. 222 - Revogam-se as disposições em contrário. ção de medidas preventivas contra incêndio e pânico, em todo o Esta-
do, com base na legislação específica;
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 27 de de- XIII - promover a participação da comunidade no Corpo de Bom-
zembro de 2001. beiros Militar da Bahia, em forma de cooperação e de modo voluntário;
XIV - cadastrar e habilitar bombeiros voluntários, onde houver,
zelando pela eficiência operacional e segurança técnica de suas ativi-
LEI Nº 13.202/2014 (INSTITUI A ORGANIZAÇÃO BÁSICA dades;
DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DA BAHIA) XV - gerir o Fundo Estadual do Corpo de Bombeiros Militar da
Bahia - FUNEBOM, na forma da lei;
LEI Nº 13.202 DE 09 DE DEZEMBRO DE 2014 XVI - promover e executar ações de inteligência, de forma integra-
da com o Sistema de Inteligência, na forma da lei;
Institui a Organização Básica do Corpo de Bombeiros Militar da XVII - exercer a função de polícia judiciária militar, em relação a
Bahia e dá outras providências. seus integrantes, na forma da lei federal;
XVIII - promover e executar pesquisa, estatística e análise de sinis-
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a As- tros com vistas à eficácia do planejamento e ação de bombeiro militar;
sembleia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei: XIX - exercer o poder de polícia nas situações que redundem riscos
à vida ou ao patrimônio, na forma da lei;
CAPÍTULO I - XX - exercer outras competências necessárias ao cumprimento
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES da finalidade da Instituição.
§ 1º - O Comando Supremo do Corpo de Bombeiros Militar da
Art. 1º - Esta Lei organiza o Corpo de Bombeiros Militar da Bah- Bahia é exercido pelo Governador do Estado, na forma da Constituição
ia - CBMBA, define a sua finalidade e competências, as unidades Estadual.
que o compõem e dispõe sobre o seu efetivo. § 2º - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, para fins de em-
prego nas ações previstas neste artigo, fica sujeito à vinculação, à
orientação, ao planejamento e ao controle operacional da Secretaria
da Segurança Pública, sem prejuízo da subordinação administrativa ao
Governador do Estado, na forma da Constituição Federal e da legisla-
ção federal específica.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 3º - Para cumprimento das suas funções institucionais, caberá 2. Centro de Gestão Estratégica;
ao Corpo de Bombeiros Militar da Bahia: III - Órgãos de Direção Estratégica:
I- realizar a seleção, o recrutamento, a formação, o aperfei- a) Comandos de Operações de Bombeiros Militares;
çoamento, a capacitação, o desenvolvimento profissional e cultural b) Comando de Atividades Técnicas e Pesquisas;
de seus servidores; IV - Corregedoria do Corpo de Bombeiros Militar;
II - promover e executar as atividades de ensino, pesquisa e V - Órgão de Direção Administrativa e Logística:
extensão dos seus servidores; a) Departamento de Pessoal;
III - instaurar inquérito policial militar; b) Departamento de Apoio Logístico;
IV - instaurar sindicâncias, processos disciplinares sumários c) Departamento de Planejamento;
e processos administrativos disciplinares para apurar transgressões 1. Centro Corporativo de Projetos;
disciplinares atribuídas aos membros da Corporação, sem prejuízo d) Departamento de Modernização e Tecnologia;
do disposto no § 1º do art. 43 desta Lei; e) Departamento de Auditoria e Finanças;
V - colaborar na instrução e orientação dos bombeiros civis VI - Órgãos de Administração Setorial:
e voluntários, se assim convier às Administrações do Estado e dos a) Departamento de Ensino e Pesquisa;
respectivos Municípios. VII - Órgãos de Execução:
Art. 3º - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia é regido pelos a) Academia de Bombeiros Militares;
seguintes princípios institucionais: b) Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças;
I- hierarquia militar; c) Unidades Operacionais de Bombeiros Militares - Grupamentos
II - disciplina militar; de Bombeiros Militares;
III - legalidade; d) Coordenadoria de Saúde;
IV - impessoalidade; e) Coordenadoria de Inteligência.
V - moralidade; § 1º - O quantitativo das Unidades que compõem a estrutura or-
VI - transparência; ganizacional do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia é o constante do
VII - publicidade; Anexo I desta Lei.
VIII - efetividade; § 2º - A fixação da estrutura interna das Unidades do Corpo de
IX - eficiência; Bombeiros Militar da Bahia e a fixação das suas competências serão
X - ética; definidas em Regimento Interno, aprovado por Decreto do Governador
XI - respeito aos direitos humanos; do Estado.
XII - proteção e promoção da dignidade da pessoa humana; Art. 8º - O Alto Comando do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia
XIII - profissionalismo; tem a seguinte composição:
XIV - unidade de doutrina; I - Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia,
XV - interdisciplinaridade; que o presidirá;
XVI - autonomia institucional. II - Subcomandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar da
Art. 4º - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia promoverá os Bahia;
meios necessários para difundir a importância do seu papel institu- III - Comandantes de Operações de Bombeiros Militares;
cional, de forma a viabilizar o indispensável nível de confiabilidade IV - Comandante de Atividades Técnicas e Pesquisas;
da população, inclusive por meio do estabelecimento de canais de V - Corregedor-Chefe;
comunicação permanentes com a sociedade civil organizada. VI - Diretor do Departamento de Planejamento;
Art. 5º - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia será coman- VII - Diretor do Departamento de Pessoal;
dado por Oficial da ativa do CBMBA, do último Posto do Quadro de VIII - Diretor do Departamento de Apoio Logístico.
Oficiais Bombeiros Militares - QOBM, nomeado pelo Governador Art. 9º - Ao Alto Comando compete assessorar o Comando-Ge-
do Estado. ral na formulação das diretrizes da política institucional do Corpo de
Parágrafo único - Os atos de nomeação e exoneração do Co- Bombeiros Militar da Bahia e das estratégias para a sua consecução,
mandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia deverão bem como deliberar sobre o Plano Estratégico do Corpo de Bombeiros
ser simultâneos. Militar e os conflitos de atribuições entre as suas unidades.
Art. 6º - O Subcomandante-Geral será nomeado pelo Governa- Art. 10 - O Conselho do Corpo de Bombeiros Militar, órgão con-
dor do Estado, dentre os Coronéis da ativa pertencentes ao Quadro sultivo e propositivo, convocado e presidido pelo Comandante-Geral,
de Oficiais Bombeiros Militares - QOBM. é constituído pelos Coronéis da ativa, quando no exercício dos cargos
Parágrafo único - O Subcomandante-Geral é o substituto ime- privativos do posto de coronel previstos no quadro de organização do
diato do Comandante-Geral nos seus eventuais impedimentos. Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, tendo como finalidade a análise
e discussão sobre assuntos de relevante interesse da Corporação, res-
CAPÍTULO III - salvada a competência do Alto Comando.
DA ORGANIZAÇÃO Parágrafo único - O Regimento do Conselho do Corpo de Bombei-
ros Militar, por ele aprovado, fixará as normas do seu funcionamento.
Art. 7º - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia - CBMBA tem a Art. 11 - O Comando-Geral é o órgão diretivo superior e estratégi-
seguinte estrutura básica: co que tem por finalidade planejar, dirigir, executar, avaliar, deliberar e
I- Órgãos Colegiados: controlar as atividades do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia.
a) Alto Comando; Parágrafo único - O Comando-Geral é representado pelo Coman-
b) Conselho do Corpo de Bombeiros Militar; dante-Geral, com funções de liderança, articulação institucional e es-
II - Órgãos de Direção-Geral: tratégia, e tem precedência funcional e hierárquica sobre todo efetivo
a) Comando-Geral: do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia.
1. Gabinete do Comando-Geral; Art. 12 - O Gabinete do Comando Geral tem por finalidade prestar
b) Subcomando-Geral: assistência ao Comandante Geral em suas atribuições técnicas e admi-
1. Gabinete do Subcomando-Geral; nistrativas e nas relações de interesse do Corpo de Bombeiros Militar

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DIREITO ADMINISTRATIVO
da Bahia com órgãos e instituições dos Poderes Executivo, Legislativo a elevação da qualidade dos serviços e das atividades do CBMBA,
e Judiciário, em âmbito Federal, Estadual e Municipal, do Ministério em estreita articulação com os órgãos estaduais de tecnologia da
Público, dos Tribunais de Contas e de Organismos Internacionais. informação e telecomunicações, e, por intermédio de convênios,
Parágrafo único - O Gabinete do Comando-Geral será chefiado com as demais esferas de governo.
por um oficial da ativa da Corporação, do penúltimo posto do QOBM, Art. 23 - A Corregedoria do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia
de livre escolha do Comandante-Geral. tem por finalidade assistir o Comandante-Geral e o Subcomandante-Ge-
Art. 13 - O Subcomando-Geral é o órgão de direção geral das ati- ral do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia no desempenho de suas atri-
vidades do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia e tem por finalidade buições constitucionais, políticas e administrativas, realizar a atividade
assessorar o Comando-Geral na elaboração da política e estratégia ins- correcional, zelando pela justiça e disciplina dos integrantes da Corpora-
titucional e na supervisão, controle e avaliação das atividades adminis- ção e gerenciar as atividades dos segmentos de correição descentraliza-
trativas e operacionais. dos do CBMBA.
Parágrafo único - O Subcomando-Geral é representado pelo Sub- Art. 24 - O Departamento de Auditoria e Finanças tem por finalida-
comandante-Geral, com funções de liderança, operacionalização da de proceder à análise e ao controle da gestão financeira dos órgãos inte-
tropa, para o fim constitucional de execução de serviços específicos de grantes da estrutura do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, exercendo
bombeiros militares. o acompanhamento da sua execução orçamentária, financeira e contábil
Art. 14 - O Gabinete do Subcomando-Geral tem por finalidade e realizando a atividade de auditoria.
prestar assistência ao Subcomandante-Geral do Corpo de Bombeiros Art. 25 - O Departamento de Ensino e Pesquisa tem por finalidade
Militar da Bahia em suas tarefas técnicas e administrativas. planejar, organizar, dirigir, controlar, avaliar e fiscalizar as atividades de
Parágrafo único - O Gabinete do Subcomando-Geral será che- ensino, instrução e pesquisa do CBMBA, emitindo diretrizes educacio-
fiado por um oficial da ativa da Corporação, do penúltimo Posto do nais para as organizações tecnicamente subordinadas.
QOBM, de livre escolha do Subcomandante-Geral. Art. 26 - A Academia de Bombeiros Militares, instituição de ensino
Art. 15 - O Centro de Gestão Estratégica tem por finalidade asses- superior do CBMBA, tem por finalidade promover a formação, a capa-
sorar o Subcomando-Geral na formulação, proposição e atualização, citação, o aperfeiçoamento, a especialização e a educação continuada
em nível de direção geral, das políticas, diretrizes, normas e padrões de Oficiais bombeiros militares e de servidores de outras instituições da
de procedimentos que permitam à Corporação alcançar seus objetivos área de defesa social e de segurança pública.
estratégicos, bem como acompanhar a implementação dos projetos Art. 27 - O Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças tem
estratégicos da Instituição. por finalidade promover a formação, o aperfeiçoamento, a capacitação,
Art. 16 - Os Comandos de Operações de Bombeiros Militares têm a especialização e a educação continuada do Quadro de Praças Bombei-
por finalidade planejar, assessorar, coordenar, executar, avaliar e con- ros Militares e de outras instituições da área de defesa social e de segu-
trolar as atividades operacionais de bombeiros militares nas regiões rança pública.
sob sua responsabilidade, bem como supervisionar as atividades rea- Art. 28 - Os Grupamentos de Bombeiros Militares, subordinados aos
lizadas pelas unidades operacionais, no que concerne à eficiência nas seus respectivos Comandos, têm por finalidade a execução das missões
missões de bombeiro militar, compreendendo: de bombeiro militar, dentro de suas especialidades, e terão atuação em
I- Comando de Operações de Bombeiros Militares da Capital e todo o Estado da Bahia ou em região definida em regulamento.
Região Metropolitana de Salvador - RMS; Art. 29 - A Coordenadoria de Saúde tem por finalidade planejar,
II - Comando de Operações de Bombeiros Militares do Interior. coordenar, controlar e executar as atividades de promoção, prevenção,
Parágrafo único - Os Comandos de Operações de Bombeiros Mili- tratamentos médico, psicológico e odontológico, reabilitação e recupera-
tares referidos nos incisos I e II do caput deste artigo têm, na sua com- ção dos agravos à saúde dos integrantes do Corpo de Bombeiros Militar
posição, os Grupamentos de Bombeiros Militares - GBMs, sediados nos da Bahia e dos seus dependentes.
municípios de Salvador e Feira de Santana, respectivamente. Art. 30 - A Coordenadoria de Inteligência tem por finalidade pla-
Art. 17 - O Comando de Atividades Técnicas e Pesquisas tem por fi- nejar, coordenar, executar, fiscalizar, controlar, articular, supervisionar e
nalidade planejar, avaliar e efetuar pesquisas, vistorias, análises de pro- gerenciar as atividades de inteligência bombeiro militar, no âmbito do
jetos de prevenção a incêndios e pânico na sua área específica de atua- Sistema de Inteligência do Corpo de Bombeiros Militar - SINBOM, dentro
ção, emitindo os respectivos pareceres e autos de vistorias técnicas. do território baiano, e assessorar o Alto Comando da Corporação nos
Art. 18 - O Departamento de Pessoal tem por finalidade planejar, assuntos de cunho estratégico, tático e operacional que lhe forem con-
organizar, coordenar e controlar as atividades de pessoal do CBMBA. fiados, além de se inter-relacionar com os demais órgãos estaduais de
Art. 19 - O Departamento de Apoio Logístico tem por finalidade inteligência e do Sistema Brasileiro de Inteligência - SISBIN.
planejar, coordenar, controlar e executar as atividades de logística e de
patrimônio do CBMBA. CAPÍTULO IV -
Art. 20 - O Departamento de Planejamento tem por finalidade ela- DA REGIONALIZAÇÃO E DO DESDOBRAMENTO
borar o planejamento das políticas públicas e estratégias institucionais,
orientar e executar a programação orçamentária, consolidar os planos, Art. 31 - A ação de bombeiro militar dar-se-á em todo território do
programas e projetos e realizar o acompanhamento e a avaliação das Estado da Bahia, de forma regionalizada, por meio de planejamento e
ações governamentais, no âmbito do Corpo de Bombeiros Militar da acompanhamento dos Comandos de Operações, sob as diretrizes do Co-
Bahia. mando-Geral.
Art. 21 - O Centro Corporativo de Projetos tem por finalidade a Art. 32 - O desdobramento das regiões em áreas, subáreas e setores
identificação, seleção, alinhamento, priorização e gerenciamento do será estabelecido em conformidade com as necessidades e característi-
portfólio dos processos e projetos estratégicos do Corpo de Bombeiros cas fisiográficas, psicossociais, políticas e econômicas, ficando autorizado
Militar da Bahia, em conformidade com a orientação do Comando-Ge- o Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia a adotar as
ral da Corporação, bem como prestar apoio e suporte aos Escritórios providências necessárias.
Setoriais e Seções de Gerenciamento de Projetos da Instituição.
Art. 22 - O Departamento de Modernização e Tecnologia tem
por finalidade planejar, coordenar, executar e controlar as ativida-
des de tecnologia da informação e telecomunicações, promovendo

412
DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO V - § 3º - O maior grau hierárquico do Quadro de Oficiais Auxiliares
DO PESSOAL Bombeiros Militares é o Posto de Tenente Coronel.
§ 4º - Somente poderão concorrer à promoção ao posto de Ma-
Art. 33 - O efetivo do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia será dis- jor e ao subsequente de Tenente Coronel do QOABM, os Capitães
tribuído nos seguintes quadros: portadores de diploma de nível superior em cursos devidamente re-
I- Oficiais: conhecidos pelo Ministério da Educação - MEC, preenchidos os de-
a) Quadro de Oficiais Bombeiros Militares - QOBM; mais requisitos legais, inclusive a conclusão com aproveitamento do
<Revogada>b) Quadro de Oficiais Especialistas Bombeiros Milita- Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais ou equivalente promovido pela
res - QOEBM; Polícia Militar da Bahia ou pelo Corpo de Bombeiros Militar da Bahia.
Alínea “b” revogada pela Lei n° 13.589, de 10 de novembro de § 5º - É vedada a inscrição e a matrícula dos integrantes do
2016. Quadro de Oficiais Auxiliares Bombeiros Militares no Curso Supe-
c) Quadro de Oficiais Auxiliares Bombeiros Militares - QOABM rior de Bombeiro ou equivalente.
d) Quadro de Oficiais de Saúde Bombeiros Militares/Médicos - § 6º - As funções a serem exercidas pelos Oficiais Superiores
QOSBM/Médico; do QOABM serão preferencialmente desempenhadas em unidades
e) Quadro de Oficiais de Saúde Bombeiros Militares/Odontólo- administrativas da estrutura organizacional do Corpo de Bombeiros
go - QOSBM/Odontólogo. Militar, nas áreas profissionais demandadas a serem definidas por
f) Quadro Especial de Tenentes Auxiliares Bombeiros Militares ato do Comandante-Geral.
- QETABM; Redação de acordo com a Lei n° 13.589 de 10 de novembro de
Alínea “f” acrescida pela Lei n° 14.186, de 15 de janeiro de 2020. 2016.
II - Praças: Redação original: “Art. 36 - O Quadro de Oficiais Auxiliares
a) Quadro de Praças Bombeiros Militares - QPBM. Bombeiros Militares - QOABM é composto por oficiais existentes no
Art. 34 - O Quadro de Oficiais do Corpo de Bombeiros Militares - seu Quadro, competindo-lhe o exercício de atividades operacionais
QOBM é composto de Oficiais integrantes da Corporação, graduados e administrativas da Corporação, incluindo o comando e chefia de
em Curso de Formação de Oficiais Bombeiros Militares, responsáveis subunidades.
pela gestão das atividades de bombeiro militar. Parágrafo único - O maior grau hierárquico do Quadro de Ofi-
<Revogado>Art. 35 - O Quadro de Oficiais Especialistas Bombei- ciais Auxiliares Bombeiros Militares é o posto de Major.”
ros Militares - QOEBM é composto por todos os Oficiais que ingres- Art. 36-A - O Quadro Especial de Tenentes Auxiliares Bombei-
sarem no Quadro a partir da data da publicação desta Lei, compe- ros Militares - QETABM é composto por todos os 1º Tenentes que
tindo-lhe o exercício de atividades operacionais e administrativas da ingressarem no Quadro e destina-se aos bombeiros militares oriun-
Corporação, incluindo o comando e a chefia de subunidades. dos da carreira de Praças, unicamente da graduação de Subtenente
Parágrafo único - O maior grau hierárquico do Quadro de Ofi- BM, competindo-lhes preferencialmente o exercício de atividades
ciais Especialistas Bombeiros Militares é o posto de Tenente Coronel. operacionais da Corporação.
Artigo 35 revogado pela Lei n° 13.589, de 10 de novembro de Art. 36-A acrescido de acordo com a Lei 14.186 de 15 de janeiro
2016. de 2020.
Art. 36 - O Quadro de Oficiais Auxiliares Bombeiros Militares - § 1º - O ingresso no QETABM se dará após a conclusão, com
QOABM é integrado pelos Oficiais existentes no seu Quadro e des- aproveitamento, do Curso de Formação de Oficiais específico e do
tina-se aos bombeiros militares oriundos da carreira de Praças, da estágio supervisionado, atendidos os requisitos estabelecidos na
graduação de Subtenente, competindo-lhes o exercício de atividades Lei nº 7.990, de 27 de dezembro de 2001, e na regulamentação re-
operacionais e administrativas da Corporação. lativa ao ingresso no referido Quadro.
Redação de acordo com a Lei 14.186 de 15 de janeiro de 2020. “§ 1º “ acrescido de acordo com a Lei 14.186 de 15 de janeiro
Redação original: “Art 36 - O Quadro de Oficiais Auxiliares Bom- de 2020.
beiros Militares - QOABM é integrado pelos Oficiais existentes no seu § 2º - Para participar do Curso de Formação de Oficiais especí-
Quadro e destina-se aos bombeiros militares oriundos do círculo de fico para ingresso no QETABM, o Subtenente BM deverá contar, no
Praças, das graduações de Subtenentes e 1º Sargento, que tenham mínimo, com 27 (vinte e sete) anos de efetivo serviço na data de
concluído com aproveitamento o Curso de Aperfeiçoamento de Sar- publicação do edital de abertura do processo seletivo e ser apro-
gentos - CAS, competindo-lhes o exercício de atividades operacionais vado nos exames de saúde física e mental e teste de aptidão física.
e administrativas da Corporação. “§ 2º “ acrescido de acordo com a Lei 14.186 de 15 de janeiro
§ 1º - O ingresso no QOABM se dará após a conclusão, com apro- de 2020.
veitamento, do Curso de Formação de Oficiais específico, atendidos § 3º - Havendo igualdade de tempo de efetivo serviço entre os
os requisitos estabelecidos na Lei nº 7.990, de 27 de dezembro de candidatos ao ingresso no QETABM, terá preferência de acesso o
2001, e na regulamentação relativa ao ingresso no referido Quadro. Subtenente BM de maior antiguidade.
§ 2º - Os ocupantes da graduação de Subtenente poderão par- “§ 3º “ acrescido de acordo com a Lei 14.186 de 15 de janeiro
ticipar do processo seletivo para ingresso no QOABM, respeitada a de 2020.
proporção de 50% (cinquenta por cento) das vagas pelo critério de § 4º - O único grau hierárquico do QETABM é o posto de 1º
antiguidade e 50% (cinquenta por cento) mediante a realização de Tenente QETABM.
provas de desempenho profissional e intelectual. “§ 4º “ acrescido de acordo com a Lei 14.186 de 15 de janeiro
Redação de acordo com a Lei 14.186 de 15 de janeiro de 2020. de 2020.
Redação original: “§ 2º - Os ocupantes da graduação de Subte- § 5º - O ingresso no QETABM ocorrerá voluntariamente, em
nente e 1º Sargento com CAS poderão participar do processo seletivo caráter irretratável e irrevogável, e estará sujeito à formalização de
para ingresso no QOABM, respeitada a proporção de 50% (cinquenta declaração escrita, atestando a opção.
por cento) das vagas pelo critério de antiguidade e 50% (cinquenta “§ 5º “ acrescido de acordo com a Lei 14.186 de 15 de janeiro
por cento) mediante a realização de provas de desempenho profis- de 2020.
sional e intelectual.

413
DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 36-B - É vedada a migração de militares estaduais entre h) expedir Portarias e atos normativos sobre a organização ad-
quaisquer dos Quadros que compõem a estrutura do Corpo de ministrativa interna do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia;
Bombeiros Militar da Bahia, e entre os Quadros do Corpo de Bom- i) aplicar penas disciplinares no âmbito de sua competência;
beiros Militar da Bahia e da Polícia Militar da Bahia. j) autorizar despesas nos limites de sua competência;
Art. 36-B acrescido de acordo com a Lei 14.186 de 15 de janeiro k) delegar competências e atribuições ao Subcomandante-Ge-
de 2020. ral;
Art. 37 - O Quadro de Oficiais de Saúde Bombeiros Militares/ l) aprovar os planos, estudos, programas, projetos e propostas
Médico - QOSBM/Médico é composto por todos os Oficiais Médicos para organização funcional e de atuação do Corpo de Bombeiros
integrantes da Corporação, responsáveis pelas atividades relacio- Militar da Bahia;
nadas à área de saúde da sua formação, do Corpo de Bombeiros m) instaurar e decidir sindicâncias, processos disciplinares su-
Militar da Bahia. mários e processos administrativos disciplinares, ressalvado o dis-
Art. 38 - O Quadro de Oficiais de Saúde Bombeiros Militares/ posto no § 1º deste artigo;
Odontólogo - QOSBM/Odontólogo é composto por todos os Oficiais n) delegar atribuição aos gestores internos para autorizarem a
Odontólogos integrantes da Corporação, responsáveis pelas ativi- abertura de processos licitatórios;
dades relacionadas a área de saúde da sua formação, do Corpo de o) atender requisições e pedidos de informações do Poder Ju-
Bombeiros Militar da Bahia. diciário, do Poder Legislativo e do Ministério Público, ouvindo pre-
Art. 39 - O Quadro de Praças Bombeiros Militares é composto viamente a Procuradoria Geral do Estado se houver questão jurídica
de Praças integrantes da Corporação, responsáveis pelas atividades a ser esclarecida;
de bombeiros militares. p) atender aos pedidos de informações da Corregedoria-Geral
Art. 40 - A estrutura de cargos em comissão do Corpo de Bom- da Secretaria da Segurança Pública em assuntos da competência
beiros Militar da Bahia é a prevista no Anexo II desta Lei. daquele órgão;
Art. 41 - Os cargos privativos do posto de Coronel do Corpo de q) promover o controle e a supervisão dos órgãos subordina-
Bombeiros Militar da Bahia são os previstos no Anexo III desta Lei. dos;
Art. 42 - O efetivo ativo do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia II - Subcomandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar
passa a ser de 5.058 (cinco mil e cinquenta e oito) servidores mili- da Bahia:
tares estaduais, distribuídos em Postos e Graduações, conforme o a) auxiliar o Comandante-Geral;
Anexo IV desta Lei. b) dirigir, organizar, orientar, coordenar e controlar as ativida-
Parágrafo único - As vagas decorrentes do aumento do efetivo des de bombeiro militar, conforme delegação do Comandante-Ge-
previstas nesta Lei serão preenchidas em razão da oportunidade e ral;
conveniência da Administração. c) assessorar o Comandante-Geral nas atividades de articu-
Art. 43 - A distribuição do quantitativo do efetivo da ativa do lação interinstitucional e com a sociedade nos assuntos relativos à
Corpo de Bombeiros Militar da Bahia no Quadro Organizacional Corporação;
será definida por Portaria do Comandante-Geral. d) substituir o Comandante-Geral nos seus afastamentos, au-
sências e impedimentos, independentemente de designação espe-
CAPÍTULO VI - cífica;
DAS ATRIBUIÇÕES DOS TITULARES DE CARGOS EM COMISSÃO e) submeter à consideração do Comandante-Geral os assuntos
que excedem a sua competência;
Art. 44 - Aos titulares dos cargos em comissão, além do desem- f) auxiliar o Comandante-Geral no controle e na supervisão
penho das atividades concernentes aos Sistemas Estaduais defini- dos setores subordinados;
dos em legislação própria, cabe o exercício das atribuições gerais e g) participar e, quando for o caso, promover reuniões de coor-
específicas a seguir enumeradas: denação, no âmbito do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, sobre
I- Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar da assuntos que envolvam articulação intersetorial;
Bahia: h) instaurar e decidir sindicâncias, processos disciplinares su-
a) promover a administração geral do Corpo de Bombeiros mários e processos administrativos disciplinares, conforme previsto
Militar da Bahia, em estrita observância às disposições normativas em lei específica;
da Administração Pública Estadual; i) desempenhar outras tarefas compatíveis com suas atribui-
b) exercer a representação política e institucional do Corpo de ções, por determinação do Comandante-Geral;
Bombeiros Militar da Bahia, promovendo contatos e relações com III - ao Comandante de Operações de Bombeiros Militares
autoridades e organizações de diferentes níveis governamentais; cabe planejar, organizar, supervisionar, coordenar e controlar as ati-
c) auxiliar o Secretário da Segurança Pública em assuntos de vidades de prevenção e combate a incêndios, busca, salvamento
competência do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia; e defesa civil, desenvolvidas pelo Corpo de Bombeiros Militar da
d) fazer cumprir as leis, normas e regulamentos da Corporação; Bahia, com atuação nas regiões do Estado;
e) autorizar a abertura de processos licitatórios, homologan- IV - Comandante de Atividades Técnicas e Pesquisas:
do-os dentro dos limites de sua competência, e ratificar as dispen- a) planejar, controlar e fiscalizar as atividades técnicas previs-
sas ou declarações de inexigibilidade, nos termos da legislação es- tas para o seu Comando;
pecífica, das contratações diretas inerentes ao limite permitido em b) propor estudos e pesquisas que viabilizem a melhoria das
ato normativo; atribuições do Comando, elaborando diretrizes da política institu-
f) aprovar a programação a ser executada pelo Corpo de Bom- cional relativas a sua área de atuação;
beiros Militar da Bahia e pelos órgãos a ela subordinados, a pro- V - Corregedor-Chefe:
posta orçamentária anual e as alterações e ajustes que se fizerem a) propor ao Comandante-Geral as medidas necessárias à apu-
necessários; ração de denúncias, envolvendo pessoal bombeiro militar e civil da
g) apresentar, anualmente, relatório analítico das atividades Corporação;
da Corporação;

414
DIREITO ADMINISTRATIVO
b) encaminhar ao Comandante-Geral relatórios mensais de b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes emanadas
dados estatísticos das apurações em andamento e das apurações pelo Diretor;
solucionadas na Corporação; c) auxiliar o Diretor no planejamento, na supervisão, na coor-
c) pronunciar-se dentro dos limites das suas atribuições, nos denação e na execução das atividades, bem como no exame e no
feitos investigatórios realizados na Corporação; encaminhamento dos assuntos de sua competência;
d) elaborar e submeter à apreciação do Comandante-Geral XI - Corregedor Adjunto:
normas de orientação e padronização dos feitos investigatórios pra- a) substituir o Corregedor-Chefe nos seus afastamentos tem-
ticados no âmbito da Corporação; porários e impedimentos eventuais;
e) assessorar o Comandante-Geral na tomada de decisões, no b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes emanadas
que concerne à justiça e à disciplina dos integrantes da Corporação; pelo Corregedor-Chefe;
f) encaminhar ao Comandante-Geral do Corpo de Bombei- c) auxiliar o Corregedor-Chefe no planejamento, na supervi-
ros Militar da Bahia, com relatório e parecer conclusivo, os autos são, na coordenação e na execução das atividades;
dos processos que tenham por objeto o resultado das correições d) realizar exame e encaminhamentos dos assuntos de sua
e outros processos correicionais, propondo as medidas que julgar competência;
necessárias; XII - Assessor Especial:
g) instaurar e decidir sindicâncias, processos disciplinares su- a) assessorar diretamente o Comandante-Geral e o Subco-
mários e processos administrativos disciplinares, conforme previsto mandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia em assun-
em lei específica; tos relativos à sua especialização;
h) atender aos pedidos de informações da Corregedoria-Geral b) elaborar pareceres, notas técnicas, minutas e informações
da Secretaria da Segurança Pública; solicitadas pelo superior;
i) exercer outras atribuições que lhe sejam cometidas pelo c) executar a elaboração de planos, programas e projetos rela-
Comando-Geral; tivos às funções da Corporação;
VI - Diretor de Departamento: d) assessorar os órgãos e entidades vinculados ao Comando-
a) planejar, controlar e fiscalizar as atividades previstas para o -Geral, em assuntos que lhe forem determinados pelo Comandan-
seu Departamento; te-Geral;
b) propor estudos e pesquisas que viabilizem a melhoria das XIII - ao Coordenador de Saúde cabe coordenar as ações de
atribuições do departamento, elaborando diretrizes da política ins- saúde a serem implementadas na Corporação;
titucional relativas a sua área de atuação; XIV - ao Coordenador de Inteligência cabe promover as ativi-
c) instaurar sindicâncias, processos disciplinares sumários e dades de inteligência no âmbito do Corpo de Bombeiros Militar
processos administrativos disciplinares, conforme lei específica; da Bahia e instalar sindicâncias, processos disciplinares sumários
VII - Assistente Militar do Comando-Geral: e processos administrativos disciplinares, conforme previsto em lei
a) chefiar o Gabinete Militar do Comando-Geral; específica;
b) planejar, organizar, coordenar, controlar e preparar o supor- XV - Coordenador I e Coordenador Técnico:
te necessário ao Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar a) planejar, orientar, supervisionar e avaliar os trabalhos a seu
da Bahia; cargo;
c) realizar a segurança pessoal do Comandante-Geral do Cor- b) cumprir e fazer cumprir as diretrizes, normas e procedimen-
po de Bombeiros Militar da Bahia e de seus familiares; tos técnicos, administrativos e financeiros para maior eficiência e
d) instaurar sindicâncias, processos disciplinares sumários e aperfeiçoamento dos programas, projetos e atividades sob sua res-
processos administrativos disciplinares, conforme lei específica; ponsabilidade;
VIII - Subcomandante de Operações de Bombeiros Militares: c) propor ao superior imediato as medidas que julgar con-
a) substituir o Comandante de Operações de Bombeiros Mili- venientes para promoção, integração e desenvolvimento técnico e
tares em seus impedimentos eventuais; interpessoal da respectiva equipe de trabalho;
b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes emanadas XVI - ao Chefe de Núcleo cabe programar, orientar, supervisio-
pelo Comandante; nar, controlar e avaliar os trabalhos a cargo do respectivo Núcleo,
c) auxiliar no planejamento e na coordenação das atividades, apoiando seu Comandante imediato na utilização de recursos hu-
bem como no exame e encaminhamento dos assuntos de sua com- manos, materiais e financeiros ao bom andamento das atividades
petência; administrativas;
d) instaurar e decidir sindicâncias, processos disciplinares su- XVII - Comandante de Grupamento:
mários e processos administrativos disciplinares, conforme lei es- a) comandar e executar missões de prevenção e combate a
pecífica; incêndio, busca, salvamento e defesa civil nas suas áreas de respon-
IX - Subcomandante de Atividades Técnicas e Pesquisas: sabilidade territorial, em articulação com os respectivos Comandos
a) substituir o Comandante de Atividades Técnicas e Pesquisas de Operações de Bombeiros Militares;
em seus impedimentos eventuais; b) instaurar sindicâncias, processos disciplinares sumários e
b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes emanadas processos administrativos disciplinares, conforme lei específica;
pelo Comandante de Atividades Técnicas e Pesquisas; c) observar as normas e diretrizes do Comando de Operações
c) auxiliar o Comandante de Atividades Técnicas e Pesquisas de Bombeiros Militares na consecução das missões que lhes forem
no planejamento e na coordenação das atividades, bem como no determinadas;
exame e encaminhamento dos assuntos de sua competência; XVIII - Subcomandante de Grupamento:
d) instaurar e decidir sindicâncias, processos disciplinares su- a) substituir o Comandante de Grupamento em seus impedi-
mários e processos administrativos disciplinares, conforme lei es- mentos eventuais;
pecífica; b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes emanadas
X - Diretor Adjunto de Departamento: pelo Comandante de Grupamento;
a) substituir o Diretor em seus impedimentos eventuais; c) auxiliar no planejamento e coordenação das atividades;

415
DIREITO ADMINISTRATIVO
d) realizar o exame e encaminhamento dos assuntos de sua Parágrafo único - Além das promoções ordinárias, por antigui-
competência; dade e por merecimento, o disposto no caput deste artigo se aplica às
XIX - Coordenador II: promoções em ressarcimento de preterição, post mortem e por bravu-
a) coordenar, orientar, controlar, acompanhar e avaliar a ela- ra e aos recursos delas decorrentes.
boração e execução de programas, projetos e atividades compreen- Art. 48 - A Comissão Permanente do Regulamento de Uniformes
didos na sua área de competência; do CBMBA, de caráter permanente, tem por finalidade apreciar, ana-
b) assessorar e assistir o dirigente em assuntos pertinentes à lisar, julgar e deliberar sobre questões atinentes ao Regulamento de
respectiva unidade; Uniformes do CBMBA, conforme legislação específica.
c) propor medidas que propiciem a eficiência e o aperfeiçoa- Parágrafo único - Caberá à Comissão Permanente do Regulamen-
mento dos trabalhos a serem desenvolvidos; to de Uniformes do CBMBA emitir parecer sobre a similaridade das
XX - ao Assessor de Comunicação Social I cabe coordenar, exe- fardas e uniformes utilizados pelas Guardas Municipais, empresas de
cutar, controlar e acompanhar as atividades de comunicação social segurança e demais empresas privadas que apliquem os conceitos de
do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, em estreita articulação bombeiros, conforme a legislação específica.
com o órgão competente; Art. 49 - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia observará o Regu-
XXI - ao Comandante de Subgrupamento cabe coordenar, su- lamento Interno e de Serviços Gerais do Exército (R1) e o Regulamen-
pervisionar, controlar e executar as atividades de bombeiro militar to de Continências, Honras e Sinais de Respeito das Forças Armadas
em suas respectivas subáreas de responsabilidade territorial ou em (R2), o primeiro com as modificações necessárias às peculiaridades do
conformidade com a especialização, em obediência aos respectivos CBMBA e o último com as adaptações relacionadas com os Poderes
Comandantes de Grupamentos; do Estado, ficando delegada competência ao Comandante-Geral da
XXII - ao Coordenador III cabe coordenar projetos e ativida- Corporação para editar, no prazo de 90 (noventa) dias, por Portaria,
des designados pelo seu superior imediato; o Regulamento Interno e de Serviços Gerais do Corpo de Bombeiros
XXIII - ao Assessor Administrativo cabe executar e controlar as Militar, o Regulamento de Continências, Honras, Sinais de Respeito
atividades que lhe sejam cometidas pelo seu superior imediato; e Cerimonial de Bombeiros Militares e o Regulamento de Unifor-
XXIV- ao Secretário Administrativo I cabe preparar o expediente e mes do CBMBA.
a correspondência sob sua responsabilidade e coordenar e executar as Art. 50 - Ficam criadas na estrutura do Corpo de Bombeiros
tarefas que lhes sejam cometidas pelo seu superior imediato. Militar da Bahia as seguintes unidades:
§ 1º - O Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar é res- I- Comando-Geral;
ponsável, em nível de administração direta, perante o Governador do II - Subcomando-Geral;
Estado, pela administração e emprego da Corporação. III - Comando de Operações de Bombeiros Militar da Capital
§ 2º - O Subcomandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar da e Região Metropolitana de Salvador - RMS;
Bahia terá precedência funcional e hierárquica sobre os demais inte- IV - Comando de Operações de Bombeiros Militar do Interior;
grantes da Corporação, exceto sobre o Comandante-Geral. V - Comando de Atividades Técnicas e Pesquisas;
§ 3º - O Governador do Estado poderá, em casos de excepcional VI - Corregedoria do Corpo de Bombeiros Militar;
relevância, avocar a atribuição prevista no inciso I, alínea “m”, deste ar- VII - Departamento de Pessoal;
tigo, e redirecioná-la, a seu critério, ao Secretário da Segurança Pública. VIII - Departamento de Planejamento;
§ 4º - Os ocupantes de cargos em comissão do Corpo de Bom- IX - Departamento de Apoio Logístico;
beiros Militar da Bahia poderão exercer outras atribuições inerentes X - Departamento de Modernização e Tecnologia;
aos respectivos cargos, necessárias ao cumprimento de suas compe- XI - Departamento de Auditoria e Finanças;
tências. XII - Departamento de Ensino e Pesquisa;
XIII - Gabinete do Comando-Geral;
CAPÍTULO VII - XIV - Gabinete do Subcomando-Geral;
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS XV - Centro de Gestão Estratégica;
XVI - Centro Corporativo de Projetos;
Art. 45 - Constituem Comissões Permanentes do Corpo de Bom- XVII - Academia de Bombeiros Militares;
beiros Militar da Bahia, regidas por legislação específica: XVIII - Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças;
I- Conselho de Mérito do Bombeiro Militar; XIX - 20 (vinte) Grupamentos de Bombeiros Militares;
II - Comissão de Promoção de Oficiais do CBMBA; XX - Coordenadoria de Saúde;
III - Comissão de Promoção de Praças do CBMBA; XXI - Coordenadoria de Inteligência;
IV - Comissão Permanente do Regulamento de Uniformes do XXII - 03 (três) Núcleos de Gestão Administrativa e Financeira,
CBMBA. subordinados ao Subcomando-Geral e aos Comandos de Opera-
Parágrafo único - Eventualmente, a critério do Comandante-Ge- ções.
ral, poderão ser criadas outras comissões, destinadas a realizar estudos Art. 51 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão
específicos. do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, os seguintes cargos: 01
Art. 46 - O Conselho de Mérito do Bombeiro Militar, de caráter (um) cargo de Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar
permanente, tem por finalidade apreciar, analisar, julgar e deliberar so- da Bahia, símbolo DAS-1; 01 (um) cargo de Subcomandante-Geral
bre as propostas de concessão de comendas, que se rege por legislação do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, símbolo DAS-2A; 01 (um)
específica. cargo de Comandante de Operações de Bombeiros Militares, sím-
Art. 47 - As Comissões de Promoções, de caráter permanente, bolo DAS-2B; 01 (um) cargo de Comandante de Atividades Técnicas
têm por finalidade organizar, apreciar, analisar, julgar e deliberar sobre e Pesquisas, símbolo DAS-2B; 01 (um) cargo de Corregedor-Chefe,
todas as fases do processo de promoções dos bombeiros militares do símbolo DAS-2B; 01 (um) cargo de Assistente Militar do Comando-
Estado da Bahia, que se rege por legislação específica, bem como soli- -Geral, símbolo DAS-2B; 06 (seis) cargos de Diretor de Departamen-
citar pronunciamento à Procuradoria Geral do Estado quando houver to, símbolo DAS-2C; 01 (um) cargo de Assessor Especial, símbolo
questão jurídica relevante. DAS-2C; 01 (um) cargo de Corregedor Adjunto, símbolo DAS-2C; 03
(três) cargos de Coordenador I, símbolo DAS-2C; 01 (um) cargo de

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Coordenador de Saúde, símbolo DAS-2C; 01 (um) cargo de Coorde- Art. 61 - O efetivo do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia utili-
nador de Inteligência, símbolo DAS-2C; 02 (dois) cargos de Subco- zará as Juntas Militares Estaduais de Saúde da Polícia Militar.
mandante de Operações de Bombeiros Militares, símbolo DAS-2C; <Revogado>Art. 62 - Aos Oficiais do Quadro de Oficiais Auxi-
01 (um) cargo de Subcomandante de Atividades Técnicas e Pesqui- liares de Bombeiros Militares, portadores de diploma de nível su-
sas, símbolo DAS-2C; 06 (seis) cargos de Diretor Adjunto de Depar- perior, devidamente reconhecido pelo Ministério da Educação, é
tamento, símbolo DAS-2D; 05 (cinco) cargos de Comandante de facultado o direito de transferirem-se para o Quadro de Oficiais Es-
Grupamento, símbolo DAS-2D; 04 (quatro) cargos de Coordenador pecialistas Bombeiros Militares.
Técnico, símbolo DAS-2D; 03 (três) cargos de Chefe de Núcleo, sím- § 1º - O direito de transferência de que trata o caput deste ar-
bolo DAS-2D; 05 (cinco) cargos de Subcomandante de Grupamento, tigo deverá ser formalizado por requerimento, juntamente com a
símbolo DAS-3; 01 (um) cargo de Assessor de Comunicação Social apresentação de cópia do diploma de nível superior, até 31 de de-
I, símbolo DAS-3; 38 (trinta e oito) cargos de Coordenador II, sím- zembro de 2020.
bolo DAS-3; 25 (vinte e cinco) cargos de Comandante de Subgrupa- § 2º - Será composta uma comissão, por Portaria do Coman-
mento, símbolo DAI-4; 02 (dois) cargos de Assessor Administrativo, do-Geral, para avaliar o cumprimento dos requisitos estabelecidos
símbolo DAI-4; 17 (dezessete) cargos de Coordenador III, símbolo para a opção.
DAI-4; 01 (um) cargo de Assistente Orçamentário, símbolo DAI-4; 01 § 3º - Esta transferência será feita em caráter irretratável e a
(um) cargo de Secretário Administrativo I, símbolo DAI-5. situação funcional dos transferidos será regida, exclusivamente, pe-
Art. 52 - Ficam remanejados da estrutura de cargos em comis- las normas legais e regulamentares inerentes ao novo Quadro.
são da Polícia Militar da Bahia para a estrutura de cargos em comis- Artigo 62 revogado pela Lei n° 13.589, de 10 de novembro de
são do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia os seguintes cargos em 2016.
comissão: 01 (um) cargo de Comandante de Operações de Bombei- Art. 63 - Fica assegurado aos atuais integrantes do Quadro de
ros Militares, símbolo DAS-2B; 15 (quinze) cargos de Comandante Oficiais, do Quadro de Oficiais Auxiliares e do Quadro de Praças
de Grupamento, símbolo DAS-2D; 15 (quinze) cargos de Subcoman- Policiais Militares da Polícia Militar o direito de opção, em caráter
dante de Grupamento, símbolo DAS-3; 31 (trinta e um) cargos de irretratável, de ingressar respectivamente no Quadro de Oficiais,
Coordenador II, símbolo DAS-3, e 15 (quinze) cargos de Comandan- no Quadro de Oficiais Auxiliares e no Quadro de Praças Bombeiros
te de Subgrupamento, símbolo DAI-4. Militares da Polícia Militar, criados pela Lei nº 9.848, de 29 de de-
Art. 53 - O Fundo Estadual do Corpo de Bombeiros Militar da zembro de 2005, desde que:
Bahia - FUNEBOM tem suas finalidade e competências estabeleci- I- tenham Curso de Formação Específica de Bombeiro Mili-
das na legislação que dispõe sobre sua organização e funcionamen- tar, dentre os relacionados no Anexo V desta Lei;
to. II - tenham exercido atividades no Corpo de Bombeiros por,
Art. 54 - A critério do Comandante-Geral do Corpo de Bombei- no mínimo, 24 (vinte e quatro) meses;
ros Militar da Bahia, poderão ser nomeados, através de Portaria, II - não tenham feito concurso público específico para provi-
Grupos de Trabalho destinados a realizar estudos e pesquisas de mento de Quadro de Policial Militar, a partir da Lei nº 9.848, de 29
interesse da Corporação, mediante o estabelecimento da sua finali- de dezembro de 2005.
dade, do seu prazo de duração e das atribuições dos seus titulares. § 1º - O integrante de quaisquer dos Quadros de Policiais Mi-
Art. 55 - Os cursos de formação, aperfeiçoamento e especiali- litares, relacionados no caput deste artigo, que estiver, na data de
zação de Oficiais e Praças do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia publicação desta Lei, exercendo suas atividades no Corpo de Bom-
poderão ser realizados em outras corporações, enquanto o CBMBA beiros Militar fica dispensado do requisito de Curso de Formação
não possuir estrutura para oferecê-los. Específica de Bombeiro Militar.
<Revogado>Art. 56 - A partir de 31 de dezembro de 2020, o § 2º - Os Alunos-a-Oficial do Curso de Formação de Oficiais que,
Quadro de Oficiais Auxiliares Bombeiros Militares - QOABM será na data de publicação desta Lei, estiverem nesta condição poderão
extinto à medida que ocorrer a vacância dos respectivos Postos, optar por ingressar no Quadro de Oficiais Bombeiros Militares do
sendo vedados, a partir desta data, novos ingressos. Corpo de Bombeiros Militar, desde que, ainda que, em razão de ou-
Artigo 56 revogado pela Lei n° 13.589, de 10 de novembro de tro vínculo com o Estado da Bahia, comprovem o atendimento do
2016. requisito disposto no inciso I do caput deste artigo.
Art. 57 - Integrarão o patrimônio do Corpo de Bombeiros Mili- § 3º - O policial militar deverá formalizar a opção de que trata
tar da Bahia todos os bens móveis e imóveis que, na data da publi- o caput deste artigo em até 30 (trinta) dias da data da publicação
cação desta Lei, estiverem sob a sua guarda ou atendendo os servi- desta Lei.
ços do Corpo de Bombeiros da PMBA. § 4º - A transferência fica condicionada à existência de vagas
Art. 58 - Na estruturação do Corpo de Bombeiros Militar da disponíveis, após a data de publicação desta Lei, no respectivo Pos-
Bahia, os órgãos do Estado da Bahia e as unidades do Corpo de to ou Graduação do Quadro para o qual for formalizada a opção e,
Bombeiros Militar devem oferecer o suporte necessário para o pro- não havendo vagas suficientes, serão utilizados, sucessivamente, os
cesso de desvinculação, durante o prazo de até 01 (um) ano, a con- seguintes critérios para o seu preenchimento:
tar da data de publicação desta Lei, compartilhando informações e I - antiguidade no Posto ou Graduação atualmente ocupado,
procedendo à construção e à locação das instalações indispensáveis contado a partir da publicação do ato da respectiva nomeação ou
à transição. promoção;
Art. 59 - Ficam transferidos para o Corpo de Bombeiros Militar II - posição nas respectivas escalas numéricas ou registro
da Bahia todas as dotações orçamentárias que, consignadas à Polí- existentes na Instituição.
cia Militar da Bahia no orçamento vigente, são destinadas ao aten- § 5º - Ao ser efetivada a transferência, o policial militar passará
dimento das despesas correntes e de capital, quando integrante da ao Posto ou Graduação do Quadro de destino, figurando como o
Polícia Militar da Bahia. menos antigo dentre os bombeiros militares com a mesma data de
Art. 60 - A rede pública de abastecimento de água ficará à dis- ingresso, bem como daqueles com data de ingresso anterior à sua.
posição do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia para os serviços de Ver também:
extinção de incêndio.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Decreto nº 16.269 de 12 de agosto de 2015 - Dispõe sobre a desta Lei, a integrar o Quadro de Oficiais, o Quadro de Oficiais
regularização da lotação dos integrantes dos Quadros do Corpo de Auxiliares e o Quadro de Praças do Corpo de Bombeiros Militar
Bombeiros Militar da Bahia que estejam servindo em unidades da da Bahia previstos nesta Lei.
Polícia Militar da Bahia, em face das transferências efetivadas com Art. 67 - O Poder Executivo fica autorizado a promover, no
fundamento no art. 63 da Lei nº 13.202, de 09 de dezembro de prazo máximo de 90 (noventa) dias, os atos necessários:
2014, e dá outras providências. I- à expedição dos atos normativos indispensáveis a sua
Art. 64 - Fica assegurado aos atuais integrantes do Quadro de aplicação;
Oficiais, do Quadro de Oficiais Auxiliares e do Quadro de Praças de II - às modificações orçamentárias que se fizerem ne-
Bombeiros Militares da Polícia Militar, criados pela Lei nº 9.848, de cessárias ao cumprimento do disposto nesta Lei, respeitados os
29 de dezembro de 2005, o direito de opção, em caráter irretratá- valores globais constantes do orçamento.
vel, de ingressar respectivamente no Quadro de Oficiais, no Quadro Art. 68 - Até que seja editado novo Estatuto, aplica-se aos
de Oficiais Auxiliares e no Quadro de Praças Policiais Militares da bombeiros militares o regime jurídico estabelecido pela Lei nº
Polícia Militar, desde que: 7.990, de 27 de dezembro de 2001 e demais normas aplicáveis
I- tenham Curso de Formação Específica de Policial Militar, aos policiais militares.
dentre os relacionados no Anexo VI desta Lei; Art. 69 - Esta Lei entra em vigor em 60 (sessenta) dias da
II - tenham exercido atividades em unidades administrativas data de sua publicação, ressalvado o disposto nos arts. 63, 64 e
ou de policiamento da Polícia Militar por, no mínimo, 24 (vinte e 65, cujas vigências iniciar-se-ão na data de publicação.
quatro) meses;
III - não tenham feito concurso público específico para provi-
mento de Quadro de Bombeiro Militar, a partir da Lei nº 9.848, de LEI ESTADUAL Nº 12.929, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2013
29 de dezembro de 2005. (DISPÕE SOBRE A SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E
§ 1º - O integrante de quaisquer dos Quadros de Bombeiros PÂNICO NAS EDIFICAÇÕES E ÁREAS DE RISCO NO ES-
Militares da Polícia Militar, relacionados no caput deste artigo, que TADO DA BAHIA, CRIA O FUNDO ESTADUAL DO CORPO
estiver, na data de publicação desta Lei, exercendo suas atividades DE BOMBEIROS MILITAR DA BAHIA (FUNEBOM) QUE
na Polícia Militar fica dispensado do requisito de Curso de Forma- ALTERA A LEI ESTADUAL Nº 6.896, DE 28 DE JULHO DE
ção Específica de Policial Militar. 1995, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS
§ 2º - O bombeiro militar da Polícia Militar deverá formalizar a
opção de que trata o caput deste artigo em até 30 (trinta) dias da LEI Nº 12.929 DE 27 DE DEZEMBRO DE 2013
data da publicação desta Lei.
§ 3º - A transferência fica condicionada à existência de vagas Dispõe sobre a Segurança Contra Incêndio e Pânico nas edifi-
disponíveis, após a data de publicação desta Lei, no respectivo cações e áreas de risco no Estado da Bahia, cria o Fundo Estadual
posto ou graduação do Quadro para o qual for formalizada a op- do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia - FUNEBOM, altera a Lei
ção e, não havendo vagas suficientes, serão utilizados, sucessiva- nº 6.896, de 28 de julho de 1995, e dá outras providências.
mente, os seguintes critérios para o seu preenchimento:
I- antiguidade no Posto ou Graduação atualmente ocu- O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a As-
pado, contado a partir da publicação do ato da respectiva no- sembleia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
meação ou promoção; Art. 1º - Esta Lei institui, em conformidade com o disposto no
II - posição nas respectivas escalas numéricas ou registro art. 144, § 5º, da Constituição Federal, normas e medidas de segu-
existentes na Instituição. rança contra incêndio e pânico em edificações e áreas de risco, cuja
§ 4º - Ao ser efetivada a transferência, o bombeiro militar aplicação é de observância obrigatória no Estado da Bahia.
passará ao Posto ou Graduação do Quadro de destino, figurando Parágrafo único - As exigências das medidas de segurança con-
como o menos antigo dentre os policiais militares com a mesma tra incêndio e pânico das edificações e áreas de risco visam atender
data de ingresso, bem como daqueles com data de ingresso an- os seguintes objetivos:
terior à sua. I - proteger a vida e a integridade dos ocupantes das edifica-
Ver também: ções e áreas de risco em caso de incêndio;
Decreto nº 16.270 de 12 de agosto de 2015 - Dispõe sobre a II - prevenir e combater a propagação de incêndios, reduzindo
regularização da lotação dos integrantes dos Quadros da Polícia danos ao meio ambiente e ao patrimônio;
Militar da Bahia que estejam servindo em unidades do Corpo de III - proporcionar meios para controlar e extinguir incêndios;
Bombeiros Militar da Bahia, em face das transferências efetiva- IV - fortalecer a atuação do Corpo de Bombeiros Militar da Bah-
das com base no art. 64 da Lei nº 13.202, de 09 de dezembro de ia, a fim de garantir as condições necessárias às operações voltadas
2014, e dá outras providências. para o adequado atendimento das medidas de segurança contra
Art. 65 - No prazo de 10 (dez) dias da data de publicação incêndio e pânico nas edificações e áreas de risco.
desta Lei, o Governador do Estado constituirá comissão especial Art. 2º - Submetem-se às medidas de segurança e pânico as
responsável pela análise dos processos de opção referidos nos edificações públicas e privadas, as áreas de riscos e de aglomeração
arts. 63 e 64 desta Lei, cuja conclusão dos trabalhos findar-se-á de público, assim como toda a realização de eventos programados.
em 45 (quarenta e cinco) dias. Art. 3º - As exigências das medidas de segurança contra incên-
Parágrafo único - No prazo de 10 (dez) dias, será publicada dio e pânico se aplicam às edificações e áreas de risco no Estado da
a relação final das opções deferidas com a indicação dos respec- Bahia e devem ser observadas:
tivos Quadros. I - na construção e na fabricação;
Art. 66 - Ressalvadas as opções deferidas na forma do art. 64 II - na reforma de uma edificação, desde que possa compro-
desta Lei, os atuais integrantes do Quadro de Oficiais, do Quadro meter os padrões estabelecidos para garantir a segurança contra
de Oficiais Auxiliares e do Quadro de Praças do Corpo de Bom- incêndios;
beiros da Polícia Militar passarão respectivamente, na mesma III - na mudança de ocupação ou de uso;
data da publicação do ato previsto no parágrafo único do art. 65 IV - na ampliação de área construída;

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DIREITO ADMINISTRATIVO
V - no aumento da altura da edificação. III - resistência ao fogo dos elementos estruturais e de compar-
§ 1º - Ficam isentas do atendimento às exigências das medidas timentação que integram a construção ou fabricação das edifica-
de segurança contra incêndio e pânico: ções e áreas de risco;
a) as edificações de uso residencial exclusivamente unifamilia- IV - compartimentação adequada, a fim de impedir a propaga-
res, exceto aquelas que compõem um conjunto arquitetônico for- ção de incêndio para outros ambientes da edificação e da área de
mado, pelo menos, por uma edificação tombada pelo patrimônio risco no plano horizontal ou vertical;
histórico e edificações vizinhas, ainda que não tombadas, de tal V - controle de materiais de acabamento e revestimento utili-
modo que o efeito do incêndio gerado em uma delas possa atingir zados na construção ou fabricação das edificações e áreas de risco,
as outras; para reduzir a propagação do incêndio e da fumaça;
b) as residências exclusivamente unifamiliares localizadas no VI - saídas de emergência em dimensões adequadas que possi-
pavimento superior de ocupação mista com até 02 (dois) pavimen- bilitem a evasão dos indivíduos em segurança e o acesso do Corpo
tos e que possuam acessos independentes. de Bombeiros Militar da Bahia para combater o incêndio e retirar as
§ 2º - Nas ocupações mistas, para determinação das medidas pessoas que a ele estejam expostas;
de segurança contra incêndio e pânico a serem implantadas, ado- VII - elevador de emergência em dimensões e especificações
ta-se o conjunto das exigências de maior rigor para o edifício como adequadas;
um todo, avaliando-se os respectivos usos, as áreas e as alturas, VIII - controle de fumaça que se evite perigos de intoxicação e
observando ainda: de falta de visibilidade pela fumaça;
a) a ocupação a ser protegida, quando da adequação das me- IX - gerenciamento de risco de incêndio, inclusive a partir dos
didas de segurança contra incêndio e pânico às ocupações mistas, sistemas de prevenção a incêndios e pânico nas edificações e áreas
conforme dispuser o Regulamento desta Lei; de risco;
b) as exigências de chuveiros automáticos, de controle de fu- X - brigada de incêndio para atuar na prevenção e no combate a
maça e de compartimentação horizontal nas edificações térreas, princípio de incêndio, abandono de área e primeiros socorros;
quando houver parede de compartimentação entre as ocupações XI - sistema de iluminação de emergência, a fim de facilitar o aces-
mistas; so às rotas de saída para abandono seguro da edificação e área de risco;
c) as exigências de chuveiros automáticos, de controle de fu- XII - sistema de detecção automática e alarme de incêndio;
maça e de compartimentação horizontal nas edificações térreas XIII - sinalização de emergência destinada a alertar para os riscos
com ocupações mistas que envolvam as ocupações de indústria, de- de incêndio existentes e orientar as ações de combate, facilitando a
pósito ou escritório, desde que haja, entre elas, barreira de fumaça; localização dos equipamentos;
d) as exigências de controle de fumaça e de compartimentação XIV - sistema de proteção por extintores de incêndio;
horizontal nas edificações com mais de um pavimento, quando hou- XV - sistema de hidrantes e de mangotinhos para uso exclusivo em
ver compartimentação entre as ocupações mistas. combate a incêndio;
§ 3º - As exigências das medidas de segurança contra incêndio XVI - sistema de chuveiros automáticos;
e pânico em edificações que compõem o patrimônio histórico deve- XVII - sistema de resfriamento;
rão ser especificadas no Regulamento. XVIII - sistema de combate a incêndio por espuma para instalações
§ 4º - As edificações com área construída inferior a 100m² (cem de produção, armazenamento, manipulação e distribuição de líquidos
metros quadrados) ficam dispensadas de vistoria por parte do Cor- combustíveis e inflamáveis;
po de Bombeiros Militar da Bahia. XIX - sistema fixo de gases para combate a incêndio em locais cujo
emprego de água ou de outros agentes extintores não é indicado, haja
Art. 4º - Compete ao Corpo de Bombeiros Militar da Bahia pla- vista a decorrência de riscos provenientes da sua utilização;
nejar, normatizar, analisar, aprovar e fiscalizar o cumprimento das XX - sistema de proteção contra descargas atmosféricas;
disposições normativas sobre segurança contra incêndio e pânico XXI - controle de fontes de ignição.
nas edificações e áreas de risco no Estado. Parágrafo único - Na implementação das medidas de segurança
§ 1º - A observância das exigências das medidas de segurança previstas nos incisos I a XXI do caput deste artigo, serão atendidas as
contra incêndio e pânico nas edificações e áreas de risco será certi- disposições constantes em Regulamento, Normas Técnicas e demais
ficada por meio do Auto de Vistoria ou da Autorização para Adequa- atos normativos expedidos pelo Corpo de Bombeiros Militar da Bahia.
ção, a serem expedidos pelo Corpo de Bombeiros Militar da Bahia. Art. 6º - Nas edificações e áreas de risco a serem construídas e
§ 2º - Os processos administrativos instalados no âmbito do fabricadas, cabe aos respectivos autores ou responsáveis técnicos o
Corpo de Bombeiros Militar da Bahia terão a tramitação definida detalhamento técnico dos projetos e instalações das medidas de se-
na forma que dispuser o Regulamento e demais atos normativos gurança contra incêndio e pânico e ao responsável pela obra, o fiel
específicos, observadas, no que couberem, as disposições da Lei nº cumprimento do que foi projetado e das normas técnicas pertinentes.
12.209, de 20 de abril de 2011. Art. 7º - Nas edificações e áreas de risco já construídas, é de in-
§ 3º - As microempresas, as empresas de pequeno porte e os teira responsabilidade do proprietário ou do responsável pelo uso a
microempreendedores individuais, assim definidos nos termos da qualquer título:
Lei, terão garantida tramitação simplificada para certificação do I - utilizar a edificação de acordo com o uso para o qual foi proje-
atendimento às exigências das medidas de segurança contra incên- tada;
dio e pânico nas edificações e áreas de risco, visando à celeridade II - tomar as providências cabíveis para a adequação da edificação
no licenciamento. e das áreas de risco às exigências desta Lei e de seu Regulamento.
Art. 5º - Constituem medidas de segurança contra incêndio e Art. 8º - O proprietário do imóvel ou o responsável pelo uso obri-
pânico: ga-se a manter as medidas de segurança contra incêndio e pânico em
I - garantia de acesso emergencial de viatura do Corpo de Bom- condições que permitam sua eficaz utilização, providenciando sua ade-
beiros Militar da Bahia nas edificações ou nas áreas de risco; quada manutenção.
II - separação entre edificações para garantir que o incêndio
proveniente de uma edificação ou área de risco não se propague
para outra;

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 9º - Os parcelamentos efetuados na zona urbana devem pos- V - o produto de remuneração oriunda de aplicações financeiras
suir projeto de colocação de hidrantes, devidamente instalados de com recursos do Fundo;
acordo com as Normas Técnicas vigentes, sob a responsabilidade do VI - as decorrentes de indenizações por danos ou extravios de
loteador. materiais e equipamento pertencentes ao Fundo;
Art. 10 - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia poderá vistoriar VII - o produto de alienação de bens, equipamentos e materiais
imóveis já habitados e estabelecimentos em funcionamento para ve- imprestáveis ou em desuso pertencentes ao Fundo;
rificar o cumprimento das medidas de segurança contra incêndio nas VIII - as multas aplicadas por infrações legalmente previstas;
edificações e áreas de risco. IX - outras receitas eventuais.
Art. 11 - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, no exercício da Art. 15 - Fica instituído o Conselho Deliberativo do FUNEBOM
fiscalização que lhe compete e conforme estabelecer o Regulamento que fiscalizará e supervisionará as contas do FUNEBOM e terá a se-
desta Lei, deverá, quando não cumpridas as exigências das medidas de guinte composição:
segurança contra incêndio e pânico, aplicar as seguintes penalidades: I - o Secretário da Segurança Pública, que o presidirá;
I - advertência; II - o Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia,
II - multa, conforme valores previstos em Regulamento, aos pro- na qualidade de Vice-Presidente;
prietários ou responsáveis pelo uso das edificações e áreas de risco; Redação de acordo com a Lei nº 13.567, de 20 de junho de 2016.
III - interdição total ou parcial de estabelecimento, máquina ou Redação original: “II - o Comandante Geral da Polícia Militar da
equipamento; Bahia, na qualidade de Vice-Presidente;”
IV - cassação do Auto de Vistoria que aprovar projetos de instala- III - o Subcomandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar da
ções preventivas de proteção contra incêndio e pânico pelo Corpo de Bahia;
Bombeiros Militar da Bahia; Redação de acordo com a Lei nº 13.567, de 20 de junho de
V - embargo, temporário ou definitivo, de obras e estruturas. 2016.
Art. 12 - As penalidades previstas no art. 11 desta Lei decorrem
das seguintes infrações:
I - deixar de adotar as medidas de segurança contra incêndio DECRETO ESTADUAL Nº 16.302, DE 27 DE AGOSTO DE
previstas no art. 3º desta Lei, em Regulamento e nas demais normas 2015 (REGULAMENTA A LEI ESTADUAL Nº 12.929, DE
técnicas regulamentares; 27
IV DE
- 01DEZEMBRO DE 2013,
(um) representante QUE DISPÕE
da Secretaria SOBRE A SE-
da Fazenda;
II - instalar os sistemas de proteção contra incêndio e pânico em GURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO E DÁ OUTRAS
desacordo com as especificações do projeto ou com as normas téc- PROVIDÊNCIAS)
nicas regulamentares;
III - modificar as características dos sistemas e meios de proteção DECRETO Nº 16.302 DE 27 DE AGOSTO DE 2015
contra incêndio e pânico ou não fazer a manutenção adequada dos
mesmos; Regulamenta a Lei nº 12.929, de 27 de dezembro de 2013,
IV - ocultar, remover, inutilizar, destruir ou substituir os meios de que dispõe sobre a Segurança contra Incêndio e Pânico e dá outras
proteção contra incêndio e pânico por outros que não atendam às providências.
exigências legais e regulamentares;
V - dificultar, embaraçar ou frustrar ação fiscalizadora dos visto- O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, no uso das atribuições
riadores do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia. que lhe são conferidas pelo inciso V do art. 105 da Constituição Es-
Parágrafo único - As infrações às disposições contidas neste arti- tadual, à vista do disposto no § 5º do art. 144 da Constituição Fede-
go sujeitarão o infrator às penalidades previstas no art. 11 desta Lei, ral e no inciso II do art. 148-A da Constituição Estadual,
sem prejuízo das sanções civis e penais cabíveis. DECRETA
Art. 13 - Fica criado o Fundo Estadual do Corpo de Bombeiros
Militar da Bahia - FUNEBOM, com a finalidade de, em caráter comple- CAPÍTULO I
mentar, prover recursos financeiros para aplicação em despesas cor- DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
rentes e de capital nas ações administrativas e operacionais de bom-
beiros, previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias, Lei Orçamentária Art. 1º - Este Decreto regulamenta as disposições fixadas na
Anual e em convênios, acordos, ajustes ou congêneres. Lei nº 12.929, de 27 de dezembro de 2013, que estabelece normas
§ 1º - Os recursos do FUNEBOM poderão ser utilizados em cus- e medidas de segurança contra incêndio e pânico nas edificações,
teio e investimentos com reaparelhamento, reequipamento, instala- estruturas e áreas de risco no Estado da Bahia.
ções físicas, capacitação técnica de recursos humanos no país ou no Parágrafo único - Submetem-se às medidas de segurança con-
exterior e com a constituição e funcionamento dos órgãos do Corpo tra incêndio e pânico as edificações públicas e privadas, as estru-
de Bombeiros Militar da Bahia, sendo proibida sua manipulação para turas, as áreas de riscos e de aglomeração de público, assim como
outros fins. toda a realização de eventos programados, conforme definições
§ 2º - O FUNEBOM será vinculado à Secretaria da Segurança Pú- constantes neste Decreto.
blica. Art. 2º - As exigências das medidas de segurança contra incên-
Art. 14 - Constituem receitas do FUNEBOM: dio e pânico nas edificações, estruturas e áreas de risco visam aten-
I - as decorrentes da arrecadação das taxas previstas na Lei nº der aos seguintes objetivos:
11.631, de 30 de dezembro de 2009, conforme disposto nos Anexos I - proteger a vida e a integridade dos ocupantes das edifica-
I e II da referida Lei; ções, estruturas e áreas de risco em caso de incêndio;
II - as decorrentes de convênios, acordos, ajustes, subvenções, II - prevenir e combater a propagação de incêndios, reduzindo
auxílios e doações de organismos públicos ou privados, nacionais e danos ao meio ambiente e ao patrimônio;
internacionais; III - proporcionar meios para controlar e extinguir incêndios;
III - as decorrentes de créditos consignados no Orçamento Geral
do Estado e de créditos adicionais;
IV - os saldos de exercícios anteriores;

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DIREITO ADMINISTRATIVO
IV - fortalecer a atuação do Corpo de Bombeiros Militar da Bah- XII - compartimentação: são medidas de proteção passiva,
ia, a fim de garantir as condições necessárias às operações voltadas constituídas de elementos de construção resistentes ao fogo, des-
para o adequado atendimento das medidas de segurança contra tinados a evitar ou minimizar a propagação do fogo, calor e gases,
incêndio e pânico nas edificações e áreas de risco. interna ou externamente ao edifício, no mesmo pavimento ou para
Parágrafo único - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia - pavimentos elevados consecutivos;
CBMBA promoverá a elaboração e revisão das Instruções Técnicas XIII - edificação: é a área efetivamente utilizada do imóvel, de
necessárias à constante atualização tecnológica, que deverão ser forma permanente ou provisória, de alvenaria, madeira ou outro
periodicamente revistas, tendo em vista a melhor possibilidade de material construtivo, destinada a abrigar atividade humana ou qual-
adaptação às situações existentes, desde que baseadas em normas quer instalação, equipamento ou material;
ou critérios de comprovada eficácia. XIV - edificação existente: é a edificação ou área de risco cons-
truída ou regularizada anteriormente à publicação deste Decreto,
CAPÍTULO II com documentação comprobatória de sua conformidade com as
DAS DEFINIÇÕES especificações técnicas então exigidas, desde que mantidas a área
e a ocupação da época;
Art. 3º - Para fins deste Decreto, consideram-se: XV - edificação térrea: é a construção de um pavimento, poden-
I - altura da edificação: do possuir mezaninos, cujo somatório de áreas deve ser menor ou
a) para fins de exigências das medidas de segurança contra in- igual a 1/3 (um terço) da área do piso de pavimento;
cêndio e pânico, é a medida em metros do piso mais baixo ocupado XVI - emergência: é a situação crítica e fortuita que representa
ao piso do último pavimento; perigo à vida, ao meio ambiente e ao patrimônio, decorrente de ati-
b) para fins de saída de emergência, é a medida em metros en- vidade humana ou fenômeno da natureza que obriga a uma rápida
tre o ponto que caracteriza a saída do nível de descarga ao piso do intervenção operacional;
último pavimento, podendo ser ascendente ou descendente; XVII - estrutura: instalação permanente ou provisória, utilizada
II - área construída - somatório de todas as áreas ocupáveis e em apoio para os mais diversos fins e ocupações;
cobertas de uma edificação; XVIII - evento programado: qualquer acontecimento que gere con-
III - ampliação: é o aumento da área construída da edificação; centração de público, a exemplo de apresentações cênicas e musicais,
IV - análise: é o ato de verificação das exigências das medidas atrações esportivas, circos, parque de diversões, shows pirotécnicos e
de segurança contra incêndio e pânico das edificações, estruturas e outros similares, podendo ser momentâneo, quando realizado em ho-
áreas de risco, no processo de segurança contra incêndio e pânico; ras, e continuado, quando realizado em dia;
V - andar: é o volume compreendido entre dois pavimentos XIX - Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros - IT: é o documento
consecutivos ou entre o pavimento e o nível superior a sua cober- técnico elaborado pela Comissão Permanente de Normatização - CPN,
tura; que regulamenta as medidas de segurança contra incêndio e pânico
VI - área da edificação: é o somatório da área construída de nas edificações, estruturas e áreas de risco;
uma edificação e a área a ser construída, conforme projeto; XX - mezanino: é o pavimento que subdivide parcialmente um an-
VII - área de risco: é o ambiente da edificação que contenha: dar em dois andares e que não ultrapasse mais que 1/3 (um terço) da
a) fabricação, armazenamento, comercialização, transporte e área do andar subdividido;
manuseio de produtos inflamáveis, combustíveis e explosivos ou de XXI - mudança de ocupação: consiste na alteração de atividade ou
produtos perigosos; uso que resulte na mudança de classificação da edificação, estrutura
b) instalações elétricas, radioativas ou de gás; ou área de risco, constante das tabelas de classificação das ocupações
c) concentração de pessoas; dispostas no Anexo Único deste Decreto;
d) edifícios garagem; XXII - ocupação: é a atividade ou o tipo de uso de uma edificação,
e) vasos sob pressão; estrutura ou área de risco;
f) helipontos, heliportos, aeroportos, portos, terminais e cen- XXIII - ocupação mista: é a edificação, estrutura ou área de risco
tros de distribuição; que abriga mais de um tipo de ocupação;
g) presídios, unidades de saúde e educacionais; XXIV - ocupação predominante: é a atividade ou uso principal
h) outros estabelecimentos cuja atividade ou natureza envolva exercido na edificação, estrutura ou área de risco;
perigo iminente de propagação de fogo ou explosão, ou que possa XXV - medidas de segurança contra incêndio e pânico: é o conjun-
causar danos à vida ou à propriedade; to de dispositivos ou sistemas a ser instalado nas edificações, estrutu-
VIII - ático: é a parte do volume superior de uma edificação, ras e áreas de risco, necessário para evitar o surgimento de um incên-
destinada a abrigar máquinas, piso técnico de elevadores, caixas de dio, limitar sua propagação, possibilitar sua extinção e ainda propiciar a
água e circulação vertical; proteção à vida, ao meio ambiente e ao patrimônio;
IX - Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros - AVCB: é o do- XXVI - nível de descarga: é o nível no qual uma porta externa con-
cumento emitido pelo CBMBA certificando que, durante a vistoria, duz a um local seguro para o exterior;
a edificação possuía as condições de segurança contra incêndio e XXVII - pavimento: é o plano de piso;
pânico, previstas pela legislação e constantes no processo, estabe- XXVIII - pesquisa de incêndio: consiste na apuração das causas,
lecendo um período de revalidação; desenvolvimento e consequências dos incêndios atendidos pelo CBM-
X - Autorização para Adequação: é o documento emitido pelo BA, mediante exame técnico das edificações, estruturas, áreas de risco,
CBMBA, autorizando a execução das medidas compensatórias for- materiais e equipamentos, no local ou em laboratório especializado;
malmente exigidas, dentro do prazo fixado, na edificação, estrutura XXIX - prevenção de incêndio: é o conjunto de medidas que visam
ou área de risco, para que seja considerada com condições satisfa- a evitar o incêndio, permitir o abandono seguro dos ocupantes da edi-
tórias de segurança contra incêndio e pânico, para todos os fins; ficação, estrutura e áreas de risco, dificultar a propagação do incêndio,
XI - carga de incêndio: é a soma das energias caloríficas pos- proporcionar meios de controle e extinção do incêndio e permitir o
síveis de serem liberadas pela combustão completa de todos os acesso das operações do CBMBA;
materiais combustíveis contidos em um espaço, inclusive o revesti-
mento das paredes, divisórias, pisos e tetos;

421
DIREITO ADMINISTRATIVO
XXX - processo de segurança contra incêndio e pânico: sucessão de XI - sistema de iluminação de emergência, a fim de facilitar
atos destinados a apresentar a documentação que comprove o aten- o acesso às rotas de saída para abandono seguro da edificação,
dimento aos elementos formais exigidos pelo CBMBA, concernentes estrutura e área de risco;
às medidas de segurança contra incêndio e pânico de uma edificação, XII - sistema de detecção automática e alarme de incêndio;
estrutura e áreas de risco, que devem ser projetadas para avaliação; XIII - sinalização de emergência destinada a alertar para os
XXXI - reforma: são as alterações nas edificações, estruturas e riscos de incêndio existentes e orientar as ações de combate,
áreas de risco sem aumento de área construída; facilitando a localização dos equipamentos;
XXXII - responsável técnico: é o profissional habilitado para ela- XIV - sistema de proteção por extintores de incêndio;
boração ou execução de atividades relacionadas à segurança contra XV - sistema de hidrantes e de mangotinhos para uso exclu-
incêndio e pânico, devidamente cadastrado pelo CBMBA; sivo em combate a incêndio;
XXXIII - risco específico: situação que proporciona uma probabi- XVI - sistema de chuveiros automáticos;
lidade aumentada de perigo à edificação, estrutura ou área de risco, XVII - sistema de resfriamento;
tais como caldeira, casa de máquinas, incineradores, centrais de gás
combustível, transformadores, fontes de ignição e outros; XVIII - sistema de combate a incêndio por espuma para ins-
XXXIV - piso: é a superfície superior do elemento construtivo ho- talações de produção, armazenamento, manipulação e distribui-
rizontal sobre a qual haja previsão de estocagem de materiais ou onde ção de líquidos combustíveis e inflamáveis;
os usuários da edificação tenham acesso irrestrito; XIX - sistema fixo de gases para combate a incêndio em lo-
XXXV - segurança contra incêndio e pânico: é o conjunto de ações cais cujo emprego de água ou de outros agentes extintores não
e recursos internos e externos à edificação, estrutura e áreas de risco é indicado, haja vista a decorrência de riscos provenientes da
que permite controlar a situação de incêndio; sua utilização;
XXXVI - subsolo: é o pavimento situado abaixo do perfil do terreno, XX - sistema de proteção contra descargas atmosféricas;
exceto o pavimento que possua ventilação natural para o exterior, com XXI - controle de fontes de ignição.
área total superior a 0,006m² (seis milésimos de metro quadrado) para Parágrafo único - Na implementação das medidas de segu-
cada metro cúbico de ar do compartimento, e tiver sua laje de cober- rança contra incêndio e pânico, deverão ser atendidas as Instru-
tura acima de 1,20m (um vírgula vinte metros) do perfil do terreno; ções Técnicas do Corpo de Bombeiros - IT, devidamente certifi-
XXXVII - vistoria: é o ato de verificar o cumprimento das exigências cadas, mediante a expedição do Auto de Vistoria do Corpo de
das medidas de segurança contra incêndio e pânico nas edificações, Bombeiros - AVCB.
estruturas e áreas de risco, em inspeção no local.
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO III DA COMPETÊNCIA
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO
Art. 5º - Ao Corpo de Bombeiros Militar da Bahia - CBMBA cabe
Art. 4º - Constituem medidas de segurança contra incêndio e analisar, aprovar, planejar, cadastrar empresas e profissionais, regu-
pânico das edificações, estruturas e áreas de risco: lamentar e fiscalizar as medidas de segurança contra incêndio e pâ-
I - condições de acesso de viatura do Corpo de Bombeiros nico nas edificações, estruturas e áreas de risco, bem como realizar
Militar da Bahia - CBMBA nas edificações, estruturas ou nas pesquisa de incêndio.
áreas de risco; Art. 6º - Compete ao Comandante-Geral do Corpo de Bom-
II - separação entre edificações para garantir que o incêndio beiros Militar da Bahia a homologação, por meio de Portarias, das
proveniente de uma edificação, estrutura ou área de risco não se Instruções Técnicas do Corpo de Bomnbeiros - IT elaboradas pela
propague para outra; Comissão Permanente de Normatização - CPN.
III - resistência ao fogo dos elementos estruturais e de com- Art. 7º - É competência do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia
partimentação que integram a construção ou fabricação das edi- - CBMBA:
ficações, estruturas e áreas de risco; I - credenciar seus Oficiais e Praças, por meio de cursos e trei-
IV - compartimentação adequada, a fim de impedir a propa- namentos, ministrados por profissionais legalmente capacitados,
gação de incêndio para outros ambientes da edificação, da es- para desenvolvimento das atividades de verificação da conformida-
trutura e da área de risco no plano horizontal ou vertical; de das medidas de segurança contra incêndio e pânico;
V - controle de materiais de acabamento e revestimento uti- II - cadastrar empresas e profissionais habilitados a projetar e
lizados na construção ou fabricação das edificações, estruturas executar as medidas de segurança contra incêndio e pânico;
e áreas de risco, para reduzir a propagação do incêndio e da fu- III - analisar processos de segurança contra incêndio e pânico;
maça; IV - realizar a vistoria nas edificações e áreas de risco;
VI - saídas de emergência em dimensões adequadas que V - expedir o respectivo Auto de Vistoria do Corpo de Bombei-
possibilitem a evasão dos indivíduos em segurança e o acesso do ros - AVCB;
CBMBA para combater o incêndio e retirar as pessoas que a ele VI - cassar o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros - AVCB
estejam expostas; ou o ato de aprovação do processo, no caso de constatação de ir-
VII - elevador de emergência em dimensões e especificações regularidade;
adequadas; VII - realizar estudos, pesquisas e perícias na área de segurança
VIII - controle de fumaça que evite perigos de intoxicação e contra incêndio e pânico por intermédio de profissionais qualifica-
de falta de visibilidade pela fumaça; dos;
IX - gerenciamento de risco de incêndio, inclusive a partir VIII - planejar ações e operações na área da segurança contra
dos sistemas de prevenção a incêndios e pânico nas edificações, incêndio e pânico;
estruturas e áreas de risco; IX - fiscalizar o cumprimento deste Decreto e aplicar sanções
X - brigada de incêndio para atuar na prevenção e no comba- administrativas previstas em lei;
te a princípio de incêndio, no abandono de área e nos primeiros X - emitir consultas técnicas e pareceres técnicos.
socorros;

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 8º - O Estado poderá celebrar convênios com Municípios § 2º - O tombamento da edificação por lei federal, estadual ou
baianos, cujo objeto seja o estabelecimento de condições para a municipal é documento hábil para situá-la no campo de abrangên-
prestação de serviços de prevenção e extinção de incêndios, busca cia deste artigo.
e salvamento e outros que, por sua natureza, insiram-se no âmbito
de atuação do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia - CBMBA. CAPÍTULO VI
Art. 9º - Nos Municípios em que não houver sede de Unidade DOS PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS
do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia - CBMBA, as atividades de
segurança contra incêndio e pânico serão exercidas pela Unidade Art. 12 - Os procedimentos administrativos a serem tratados
que atenda operacionalmente o Município. em Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros - IT tem como obje-
tivo atender às disposições deste Decreto, estabelecendo os crité-
CAPÍTULO V rios de apresentação, prazos de tramitação e os documentos que
DA APLICAÇÃO deverão compor o processo de segurança contra incêndio e pânico
no Corpo de Bombeiros Militar da Bahia - CBMBA, observando-se
Art. 10 - O disposto neste Decreto se aplica às edificações, es- as regras gerais previstas na Lei nº 12.209, de 20 de abril de 2011.
truturas, áreas de risco e eventos programados no Estado da Bahia, § 1º - O processo de segurança contra incêndio e pânico, de-
e deve ser observado: vidamente instruído, para análise de projetos de segurança contra
I - na construção e na fabricação; incêndio e pânico e vistorias de edificações, estruturas e áreas de
II - na reforma de uma edificação, desde que possa compro- risco, inicia-se com o protocolo junto aos setores de atividades téc-
meter os padrões estabelecidos para garantir a segurança contra nicas das unidades operacionais de bombeiro militar, podendo ser
incêndios; avocado pelo Comando de Atividades Técnicas e Pesquisas - CATP,
III - na mudança de ocupação ou de uso; nos casos de grande relevância e magnitude.
IV - na ampliação de área construída; § 2º - O indeferimento do processo deverá ser motivado, com
V - no aumento na altura da edificação; base na inobservância pelo interessado das disposições contidas
VI - na promoção de eventos programados. neste Decreto e nas respectivas Instruções Técnicas do Corpo de
§ 1º - Estão excluídas das exigências referentes às medidas de Bombeiros - IT.
segurança contra incêndio e pânico, constantes neste Decreto: § 3º - Caberá recurso da decisão de indeferimento do processo
I - as edificações de uso residencial exclusivamente unifamilia- de segurança contra incêndio e pânico, a ser interposto junto aos
res, exceto aquelas que compõem um conjunto arquitetônico, for- setores de atividades técnicas das unidades operacionais de bom-
mado por, pelo menos, 01 (uma) edificação tombada e edificações beiro militar e, em segundo grau, junto ao Comando de Atividades
vizinhas, ainda que não tombadas, de tal modo que os efeitos do Técnicas e Pesquisas - CATP.
incêndio gerado em uma delas possam atingir as outras; § 4º - As medidas de segurança contra incêndio e pânico devem
II - as residências exclusivamente unifamiliares localizadas no ser projetadas e executadas por profissionais habilitados e cadas-
pavimento superior de ocupação mista com até 02 (dois) pavimen- trados junto ao Corpo de Bombeiros Militar da Bahia - CBMBA.
tos e que possuam acessos independentes. § 5º - O requerente será sempre intimado quanto ao resultado da
§ 2º - Nas ocupações mistas, consoante as medidas de segu- análise ou da vistoria da edificação, estrutura ou área de risco, objeto
rança contra incêndio e pânico a serem implantadas, adotar-se-á do processo de segurança contra incêndio e pânico.
o conjunto das exigências de maior rigor para o edifício como um Art. 13 - O Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros - AVCB será
todo, avaliando-se os respectivos usos, as áreas e as alturas, consi- expedido pelo Corpo de Bombeiros Militar da Bahia - CBMBA, desde
derando ainda: que as edificações, estruturas e as áreas de risco vistoriadas estejam
I - cada ocupação a ser protegida, para o dimensionamento das com suas medidas de segurança contra incêndio e pânico executadas
medidas de segurança contra incêndio e pânico; de acordo com a legislação vigente.
II - as exigências de chuveiros automáticos, de controle de fu- § 1º - A vistoria nas edificações, estruturas e áreas de risco pode
maça e de compartimentação horizontal nas edificações térreas, ser realizada:
quando houver parede de compartimentação entre as ocupações I - de ofício;
mistas, podem ser determinadas em função de cada ocupação nas II - mediante solicitação:
edificações térreas; a) do proprietário;
III - as exigências de chuveiros automáticos, de controle de b) do responsável pelo uso;
fumaça e de compartimentação horizontal nas edificações térreas c) do responsável técnico;
com ocupações mistas que envolvam as ocupações de indústria, de- d) da autoridade competente;
pósito ou escritório, desde que haja, entre elas, barreira de fumaça, III - mediante denúncias.
conforme Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros - IT que trate § 2º - Na vistoria, compete ao CBMBA a verificação da execução
especificamente do controle de fumaça, podem ser determinadas das medidas de segurança contra incêndio e pânico nas edificações,
em função de cada ocupação; estruturas e áreas de risco, não se responsabilizando pela manutenção
IV - as exigências de controle de fumaça e de compartimen- ou utilização indevida.
tação horizontal nas edificações com mais de 01 (um) pavimento, § 3º - Após a emissão do AVCB, constatada irregularidade nas me-
quando houver compartimentação entre as ocupações mistas, po- didas de segurança contra incêndio e pânico previstas na legislação
dendo ser determinadas em função de cada ocupação. vigente, o CBMBA iniciará procedimento administrativo para sua cas-
Art. 11 - As medidas de segurança contra incêndio e pânico, sação.
exigidas nas edificações que compõem o patrimônio histórico baia- § 4º - O AVCB terá prazo de validade de 12 (doze) meses, a contar
no, serão tratadas em Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros - IT. da data da sua expedição.
§ 1º - As medidas de segurança contra incêndio e pânico para o
patrimônio histórico visam estabelecer as condições mínimas acei-
táveis de segurança contra incêndio e pânico na edificação.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 14 - Cabe ao Corpo de Bombeiros Militar da Bahia - CBMBA a § 2º - Para implementação das medidas de segurança contra in-
expedição da Autorização para Adequação de edificações, estruturas cêndio e pânico, a altura da edificação será mensurada em metros,
e áreas de risco que necessitem proceder a ajustes das medidas de do piso mais baixo ocupado ao piso do último pavimento, conforme
segurança contra incêndio e pânico, conforme a legislação estadual e disposto na alínea “a” do inciso I do art. 3º deste Decreto.
federal vigente. § 3º - Para o dimensionamento das saídas de emergência, a
§ 1º - A Autorização para Adequação expedida será divulgada no altura da edificação será mensurada em metros, entre o ponto que
sítio eletrônico do CBMBA. caracteriza a saída do nível de descarga ao piso do último pavimen-
§ 2º - Após a execução das medidas compensatórias autorizadas, to, podendo ser ascendente ou descendente, conforme disposto na
no prazo definido na Autorização para Adequação, será realizada a vis- alínea “b” do inciso I do art. 3º deste Decreto.
toria pelo CBMBA para fins de emissão do AVCB. Art. 23 - Na mensuração da altura da edificação, estrutura ou
Art. 15 - O proprietário do imóvel, o responsável pelo uso ou o área de risco, não serão considerados:
responsável técnico poderão solicitar informações sobre o andamento I - os subsolos destinados exclusivamente a estacionamento
do processo ou do pedido de vistoria, bem como interpor recursos das de veículos, vestiários e instalações sanitárias, áreas técnicas sem
decisões proferidas perante o Corpo de Bombeiros Militar da Bahia - aproveitamento para quaisquer atividades ou permanência huma-
CBMBA. na;
Art. 16 - A apresentação de norma técnica ou literatura estrangeira II - pavimentos superiores destinados, exclusivamente, a áticos,
pelo interessado deverá estar acompanhada de tradução juramentada casas de máquinas, barriletes, reservatórios de água e assemelha-
para a Língua Portuguesa, a fim de ser verificada sua compatibilidade dos;
com os objetivos previstos neste Decreto. III - mezaninos;
Art. 17 - Serão objetos de análise por Comissão Técnica os casos IV - o pavimento superior da unidade duplex do último piso de
que necessitem de soluções técnicas diversas daquelas previstas nes- edificação de uso residencial.
te Decreto, bem como as edificações, estruturas e áreas de risco, cuja Art. 24 - No cálculo da área a ser protegida com as medidas de
ocupação ou uso não se encontre entre aquelas relacionadas na Tabela segurança contra incêndio e pânico, não serão computados:
1, constante no Anexo Único deste Decreto. I - telheiros, com laterais abertas, destinados à proteção de
Art. 18 - As edificações com área construída inferior a 100m² (cem utensílios, caixas d’água, tanques e outras instalações, desde que
metros quadrados) que sejam enquadradas no risco tipo “A” ficam dis- não tenham área superior a 10m² (dez metros quadrados);
pensadas de vistoria por parte do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia II - platibandas e beirais de telhado até 3m (três metros) de
- CBMBA, nos termos de Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros - projeção;
IT específica sobre Projeto Técnico Simplificado, sujeitas, neste caso, a III - passagens cobertas, com largura máxima de 3m (três me-
ações permanentes educativas e preventivas. tros), com laterais abertas, destinadas apenas à circulação de pes-
soas ou mercadorias;
CAPÍTULO VII IV - as coberturas de bombas de combustível e de praças de
DAS RESPONSABILIDADES pedágio, desde que não sejam utilizadas para outros fins e sejam
abertas lateralmente;
Art. 19 - Nas edificações, estruturas e áreas de risco a serem cons- V - reservatórios de água;
truídas, cabe aos respectivos autores ou responsáveis técnicos o deta- VI - piscinas, banheiros, vestiários e assemelhados, no tocante
lhamento técnico dos projetos e instalações das medidas de segurança a sistemas hidráulicos, alarme de incêndio e compartimentação;
contra incêndio e pânico e ao responsável pela obra o fiel cumprimen- VII - escadas enclausuradas, incluindo as antecâmaras;
to do que foi projetado e das normas técnicas pertinentes. VIII - dutos de ventilação das saídas de emergência.
Art. 20 - Nas edificações, estruturas e áreas de risco já construí-
das, é de inteira responsabilidade do proprietário ou do responsá- CAPÍTULO IX
vel pelo uso a qualquer título: DA CLASSIFICAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES, ESTRUTURAS E ÁREAS
I - utilizar a edificação de acordo com o uso para o qual foi pro- DE RISCO
jetada;
II - tomar as providências cabíveis para a adequação da edifica- Art. 25 - A classificação das edificações, estruturas e áreas de
ção, estrutura e das áreas de risco às exigências da Lei nº 12.929, de risco será:
27 de dezembro de 2013, e deste Decreto. I - quanto à ocupação: conforme Tabela 1, constante no Anexo
Art. 21 - O proprietário do imóvel ou o responsável pelo uso Único deste Decreto;
está obrigado a manter as medidas de segurança contra incêndio II - quanto à altura: conforme Tabela 2, constante no Anexo
e pânico em condições que permitam a sua eficaz utilização, pro- Único deste Decreto;
videnciando sua adequada manutenção, podendo, em contrário, III - quanto à carga de incêndio: conforme Tabela 3, constante
incorrer nas penalidades previstas neste Decreto, independente- no Anexo Único deste Decreto.
mente das responsabilidades civil e penal cabíveis.
CAPÍTULO X
CAPÍTULO VIII DO CUMPRIMENTO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA
DA ALTURA E ÁREA DAS EDIFICAÇÕES INCÊNDIO E PÂNICO

Art. 22 - Para implementação das medidas de segurança con- Art. 26 - Na implementação das medidas de segurança contra
tra incêndio e pânico, os parâmetros da compartimentação vertical incêndio e pânico, para as edificações, estruturas e áreas de risco,
atenderão ao previsto neste Decreto para as edificações, estruturas consideram-se obrigatórias as medidas definidas nas Tabelas 4, 5, 6
e áreas de risco no Estado da Bahia. (6A a 6M) e 7, constantes no Anexo Único deste Decreto, devendo
§ 1º - A compartimentação vertical se destina a impedir a pro- ser observadas as ressalvas, em notas transcritas logo abaixo das
pagação de incêndio no sentido vertical, ou seja, entre pavimentos referidas tabelas.
elevados consecutivos.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Parágrafo único - Cada medida de segurança contra incêndio § 2º - Nas demais vistorias, será verificado o cumprimento das
e pânico definida nas Tabelas 4, 5, 6 (6A a 6M) e 7, constantes no medidas de segurança contra incêndio e pânico nos termos deste
Anexo Único deste Decreto, deve obedecer aos parâmetros estabe- Decreto.
lecidos na Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros - IT respectiva. § 3º - Constatada a não observância do cumprimento das nor-
Art. 27 - Os riscos específicos não abrangidos pelas exigências mas presentes na Lei nº 12.929, de 27 de dezembro de 2013, e
contidas nas Tabelas, constantes no Anexo Único deste Decreto, de- neste Decreto, o CBMBA iniciará procedimento administrativo para
vem atender às respectivas Instruções Técnicas do Corpo de Bom- cassação do certificado eletrônico do Auto de Vistoria do Corpo de
beiros - IT. Bombeiros - AVCB.
Art. 28 - Os pavimentos ocupados das edificações devem pos-
suir aberturas para o exterior ou ventilação mecânica, conforme re- CAPÍTULO XII
gras estabelecidas em Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros - IT DA COMISSÃO PERMANENTE DE NORMATIZAÇÃO
específica que trate do Controle de Fumaça.
Art. 29 - Os subsolos das edificações que possuírem ocupações Art. 35 - Fica instituída a Comissão Permanente de Normatiza-
distintas de estacionamento de veículos devem atender também ao ção - CPN com as seguintes atribuições:
contido na Tabela 7, constante no Anexo Único deste Decreto. I - apresentar propostas de alteração deste Decreto;
Art. 30 - As edificações, estruturas e áreas de risco devem ter II - elaborar e revisar as Instruções Técnicas do Corpo de Bom-
suas instalações elétricas e Sistema de Proteção contra Descargas beiros - IT;
Atmosféricas - SPDA executados, de acordo com as prescrições das III - analisar sugestões que incluam, retirem ou modifiquem, to-
normas brasileiras oficiais e normas das concessionárias dos servi- tal ou parcialmente, Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros - IT.
ços locais. Art. 36 - A Comissão Permanente de Normatização - CPN será
Art. 31 - As áreas descobertas destinadas ao armazenamento composta por 05 (cinco) bombeiros militares com experiência nas
de materiais sólidos combustíveis, independentemente do uso da atividades de segurança contra incêndio e pânico.
edificação, são consideradas áreas de risco, devendo ser fraciona- § 1º - São membros permanentes:
das em lotes e possuir afastamentos dos limites da propriedade, I - Subcomandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar da
bem como corredores internos que proporcionem o fracionamento Bahia, que a presidirá;
do risco, de forma a dificultar a propagação do fogo e facilitar as II - Comandante do Comando de Atividades Técnicas e Pesqui-
operações de combate a incêndio, conforme exigências da Tabela sas - CATP.
6J, constante no Anexo Único deste Decreto. § 2º - São membros provisórios:
I -01 (um) bombeiro militar integrante do Comando de Ativida-
CAPÍTULO XI des Técnicas e Pesquisas - CATP;
DO TRATAMENTO ÀS MICROEMPRESAS, ÀS EMPRESAS DE II -01 (um) bombeiro militar integrante do Setor de Atividades
PEQUENO PORTE E AOS MICROEMPREENDEDORES INDIVIDUAIS Técnicas de Unidade Operacional da Região Metropolitana;
III -01 (um) bombeiro militar integrante do Setor de Atividades
Art. 32 - As microempresas, as empresas de pequeno porte e Técnicas de Unidade Operacional da Região do Interior.
os microempreendedores individuais, assim definidos nos termos § 3º - Poderão ser convidados a participar de reuniões da CPN
da Lei, inscritos no cadastro de contribuintes do ICMS do Estado da representantes de entidades públicas ou privadas, com notório co-
Bahia, se submetem ao processo simplificado de segurança contra nhecimento em segurança contra incêndio e pânico.
incêndio e pânico, visando à celeridade na tramitação do processo. § 4º - Os membros provisórios e especiais da CPN serão indica-
Parágrafo único - Ao processo simplificado de segurança contra dos pelo Subcomandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar da
incêndio e pânico a que se refere o caput deste artigo, será previsto Bahia e nomeados pelo Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros
em Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros - IT, que trate do Pro- Militar da Bahia.
jeto Técnico Simplificado. § 5º - A forma de funcionamento da CPN será regulada através
Art. 33 - As microempresas, as empresas de pequeno porte e os de Portaria do Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar
microempreendedores individuais poderão obter o Auto de Vistoria da Bahia.
do Corpo de Bombeiros - AVCB, mediante certificados eletrônicos,
por meio de sítio eletrônico governamental. CAPÍTULO XIII
§ 1º - Para a obtenção do certificado eletrônico, o interessa- DA COMISSÃO TÉCNICA - CT
do deverá apresentar, eletronicamente, informações e declarações
que certifiquem o cumprimento das exigências das medidas de se- Art. 37 - A Comissão Técnica - CT, de caráter temporário, composta
gurança contra incêndio e pânico no empreendimento objeto do por Oficiais do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia - CBMBA, tem por
processo de segurança, exigidas em Instrução Técnica do Corpo de finalidade analisar e emitir pareceres relativos aos casos que necessita-
Bombeiros - IT concernente ao Projeto Técnico Simplificado. rem de soluções técnicas complexas ou apresentarem dúvidas quanto
§ 2º - Os certificados eletrônicos de AVCB têm imediata eficácia às exigências previstas neste Decreto.
para fins de autorização para início das atividades dos empreendi- Parágrafo único - A Comissão Técnica será designada pelo Coman-
mentos constantes deste Capítulo. dante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, mediante solici-
Art. 34 - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia - CBMBA pode, tação fundamentada do Comandante de Atividades Técnicas e Pesqui-
a qualquer tempo, proceder à verificação das informações e das de- sas e indicação dos componentes.
clarações prestadas, inclusive por meio de vistorias e de solicitação
de documentos.
§ 1º - A primeira vistoria nos empreendimentos com licencia-
mento eletrônico deve ter natureza orientadora, exceto quando
houver situação de risco iminente à vida, ao meio ambiente, ao pa-
trimônio ou, no caso de reincidência, de fraude, de resistência ou
de embaraço à fiscalização.

425
DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO XIV § 4º - A segunda multa será aplicada quando não se verificar o
-DAS INFRAÇÕES, PENALIDADES E RECURSOS ADMINISTRATI- cumprimento das exigências apresentadas ou não ocorrer o paga-
VOS mento da primeira multa e terá valores correspondentes ao dobro
da primeira multa.
Art. 38 - Constitui infração o descumprimento de quaisquer me- § 5º - As multas serão pagas através de Documento de Arreca-
didas de segurança contra incêndios e pânico previstas na legislação dação Estadual - DAE, no prazo máximo de até 30 (trinta) dias corri-
estadual e federal. dos, após a respectiva penalidade, obedecidos os prazos recursais.
§ 1º - Os bombeiros militares credenciados para as atividades § 6º - O não pagamento da multa no prazo legal sujeita o infra-
técnicas do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia - CBMBA são autori- tor a juros de mora de 1% (um por cento) ao mês.
dades competentes para lavrar autos de infração e responsáveis pelas § 7º - As multas não recolhidas no prazo estabelecido serão ins-
vistorias e fiscalizações. critas na Dívida Ativa do Estado e remetidas para cobrança judicial,
§ 2º - Os Comandantes das Unidades do CBMBA são autoridades respeitados, em qualquer caso, a ampla defesa e o contraditório.
competentes para instaurar processo administrativo. § 8º - Os procedimentos administrativos e prazos a serem se-
§ 3º - Constatando-se infração administrativa, qualquer pessoa guidos para a aplicação das multas serão estabelecidos em Instru-
poderá dirigir representação às autoridades previstas nos §§ 1º e 2º ção Técnica do Corpo de Bombeiros - IT.
deste artigo. § 9º - O pagamento da multa poderá ocorrer cumulativamente
Art. 39 - As infrações às disposições da legislação de segurança com as demais penalidades e não isenta o responsável de corrigir as
contra incêndio e pânico, bem como às normas, aos padrões e às exi- irregularidades apontadas.
gências técnicas serão objeto de autuação pela autoridade competen- § 10 - Os valores das multas, constantes na Tabela 8 do Anexo
te do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia - CBMBA, levando-se em Único deste Decreto, poderão ser revisados anualmente, mediante
conta o grau de risco: ato do Poder Executivo.
I - à vida; § 11 - O embargo de obra será efetuado quando constatada
II - ao patrimônio e ao meio ambiente; a não conformidade da construção, reforma ou ampliação com as
III - à operacionalidade das medidas de segurança contra incên- normas de segurança contra incêndio e pânico.
dios e pânico ou aos antecedentes do infrator quanto ao cumprimento § 12 - A interdição, parcial ou total, será efetuada quando for
da legislação de segurança contra incêndio e pânico. constatado grave risco contra a incolumidade das pessoas e do pa-
Art. 40 - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia - CBMBA, ao vis- trimônio, em razão do descumprimento das normas de segurança
toriar imóvel sujeito a sua fiscalização e constatar qualquer irregulari- contra incêndio e pânico.
dade prevista em lei ou neste Decreto, deverá intimar o proprietário § 13 - A cassação do Auto de Vistoria do Corpo de Bombei-
ou responsável pela edificação, sobre os termos das irregularidades e ros - AVCB será aplicada, após a imposição da penalidade de multa,
fixar prazo para seu integral cumprimento, com vistas à regularização quando for constatado, no processo administrativo, que o infrator
do imóvel. agiu com dolo e que o ato ocasionou grave risco à incolumidade
Art. 41 - As infrações serão apuradas em processo administrativo das pessoas ou do patrimônio ou quando ficar caracterizado o des-
próprio, assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa, ob- cumprimento das determinações do Corpo de Bombeiros Militar da
servadas as disposições constantes da Lei nº 12.209, de 20 de abril de Bahia - CBMBA.
2011, sem prejuízo do previsto em legislação específica. § 14 - As penalidades previstas nos incisos I a IV do caput deste
Art. 42 - As penalidades aplicáveis nos casos de infrações às dispo- artigo serão aplicadas sem prejuízo da eventual cassação do Auto
sições da Lei nº 12.929, 27 de dezembro de 2013, e deste Decreto são: de Vistoria do Corpo de Bombeiros - AVCB.
I - advertência escrita; § 15 - Os efeitos das penalidades de embargo, interdição e cas-
II - multa; sação do AVCB serão mantidos até o cumprimento das exigências,
III - embargo, temporário ou definitivo, de obras e estruturas; salvo se as penalidades forem revistas em grau de recurso a ser in-
IV - interdição total ou parcial de obras, eventos, estabelecimen- terposto perante órgão colegiado do CBMBA, assegurados o contra-
tos, máquina ou equipamento; ditório e a ampla defesa.
V - cassação do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros - AVCB. Art. 43 - Contra a aplicação das penalidades, caberá recurso a
§ 1º - A advertência escrita será aplicada quando constatado, na ser interposto perante o Comandante de Atividades Técnicas e Pes-
primeira vistoria, o descumprimento de requisitos da legislação esta- quisas, assegurados o contraditório e a ampla defesa.
dual de segurança contra incêndio e pânico, devendo ser estipulado § 1º - Da decisão que mantiver a penalidade, caberá, em última
prazo para cumprimento das exigências. instância, recurso ao Subcomandante-Geral do Corpo de Bombeiros
§ 2º - O descumprimento das exigências no prazo de que trata o Militar da Bahia.
§ 1º deste artigo implica imposição de multa, nos valores definidos na § 2º - O procedimento a ser adotado para a interposição do
Tabela 8, constante no Anexo Único deste Decreto, a ser aplicada de recurso referido no caput deste artigo será estabelecido por ato do
acordo com as infrações tipificadas no art. 12 da Lei nº 12.929, de 27 Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, ob-
de dezembro de 2013, tendo em vista: servando-se as regras gerais previstas nos arts. 54 a 68 da Lei nº
I - a classificação das edificações, estruturas e áreas de risco quan- 12.209, de 20 de abril de 2011.
to a carga de incêndio, conforme Tabela 3, constante no Anexo Único
deste Decreto; CAPÍTULO XV
II - a área construída; DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
III - a altura.
§ 3º - A primeira multa será aplicada quando, findado o prazo Art. 44 - As edificações, estruturas e áreas de risco conside-
estabelecido na advertência escrita, as exigências apresentadas não radas existentes na data da publicação deste Decreto devem ser
tenham sido plenamente cumpridas, nos valores dispostos na Tabe- adaptadas, conforme exigências específicas da Tabela 4, constante
la 8, constante no Anexo Único deste Decreto. no Anexo Único deste Decreto.

426
DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 45 - Salvo disposição em contrário, serão examinados, de (A) publicidade.
acordo com a legislação vigente à época do protocolo do pedido (B) motivação.
inicial, os processos administrativos de projeto de edificação, estru- (C) eficiência.
turas e áreas de risco, desde que observado o conjunto de ações e (D) moralidade.
recursos internos e externos para a edificação, estruturas e áreas (E) impessoalidade.
de risco que permite controlar a situação de incêndio, nos termos
definidos neste Decreto. 4.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 21ª REGIÃO)/ADMINIS-
Parágrafo único - As modificações de projeto de edificação, es- TRATIVA/”SEM ESPECIALIDADE”/2017)
truturas e áreas de risco, cujas obras foram iniciadas serão examina- É princípio orientador das atividades desenvolvidas pela Admi-
das de acordo com a legislação em vigor na data de sua aprovação, nistração pública, seja por intermédio da Administração direta, seja
devendo ser observada a legislação estadual e federal vigentes. pela Administração indireta, sob pena de irresignação judicial, a
Art. 46 - Os prazos para adequação às medidas de segurança (A) impessoalidade, tanto na admissão de pessoal, sujeita à
contra incêndio e pânico previstas neste Decreto serão definidos exigência de prévio concurso público de provas ou de provas
em Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros - IT. e títulos para preenchimento de cargos, empregos públicos,
Art. 47 - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. quanto na prestação dos serviços em geral pela Administração
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 27 de agosto pública, vedado qualquer direcionamento.
de 2015. (B) legalidade, que impede que a Administração pública se sub-
meta a atos normativos infralegais.
(C) moralidade, desde que associada a outros princípios e re-
QUESTÕES gras previstos em nosso ordenamento jurídico.
(D) eficiência, que impede a contratação direta de serviços pela
1.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 18ª REGIÃO)/ADMINIS- Administração pública, garantindo a plena competição entre os
TRATIVA/”SEM ESPECIALIDADE”/2013 interessados e sempre o menor preço para o erário público.
A Administração pública tem como finalidade (E) publicidade, que exige a publicação em Diário Oficial da ín-
(A) a prestação de serviços aos cidadãos. tegra dos atos e contratos firmados pela Administração, além
(B) a conservação e aprimoramento de bens públicos. da motivação de todos os atos administrativos unilaterais.
(C) a limitação dos princípios jurídicos que regem os órgãos, os
agentes e as atividades públicas. 5.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 23ª REGIÃO)/ADMINIS-
(D) a ampliação da estrutura constitucional do Estado. TRATIVA/2016)
(E) o estabelecimento de alicerces da formalidade e da mate- O Supremo Tribunal Federal, em importante julgamento, con-
rialidade. siderou legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido
pela Administração pública, dos nomes dos seus servidores e do
2.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 24ª REGIÃO)/ADMINIS- valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias,
TRATIVA/”SEM ESPECIALIDADE”/2017) não havendo qualquer ofensa à Constituição Federal, bem como à
Em importante julgamento proferido pelo Supremo Tribunal privacidade, intimidade e segurança dos servidores. Pelo contrário,
Federal, foi considerada inconstitucional lei que destinava verbas trata-se de observância a um dos princípios básicos que regem a
públicas para o custeio de evento cultural tipicamente privado, sem atuação administrativa, qual seja, o princípio específico da
amparo jurídico- administrativo. Assim, entendeu a Corte Suprema (A) proporcionalidade.
tratar-se de favorecimento a seguimento social determinado, in- (B) eficiência.
compatível com o interesse público e com princípios que norteiam (C) presunção de legitimidade.
a atuação administrativa, especificamente, o princípio da (D) discricionariedade.
(A) presunção de legitimidade restrita. (E) publicidade.
(B) motivação.
(C) impessoalidade. 6.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 23ª REGIÃO)/ADMINIS-
(D) continuidade dos serviços públicos. TRATIVA/”SEM ESPECIALIDADE”/2016)
(E) publicidade. Manoela foi irregularmente investida no cargo público de Ana-
lista do Tribunal Regional do Trabalho da 23a Região, tendo, nessa
3.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 24ª REGIÃO)/ADMINIS- qualidade, praticado inúmeros atos administrativos. O Tribunal, ao
TRATIVA/”SEM ESPECIALIDADE”/2017) constatar o ocorrido, reconheceu a validade dos atos praticados,
Em importante julgamento proferido pelo Superior Tribunal de sob o fundamento de que os atos pertencem ao órgão e não ao
Justiça, reconheceu a Corte Superior a impossibilidade de acumu- agente público. Trata-se de aplicação específica do princípio da
lação de cargos públicos de profissionais da área da saúde quando (A) impessoalidade.
a jornada de trabalho superar sessenta horas semanais. Assim, foi (B) eficiência.
considerada a legalidade da limitação da jornada de trabalho do (C) motivação.
profissional de saúde para sessenta horas semanais, na medida em (D) publicidade.
que o profissional da área da saúde precisa estar em boas condições (E) presunção de veracidade.
físicas e mentais para bem exercer as suas atribuições, o que certa-
mente depende de adequado descanso no intervalo entre o final
de uma jornada de trabalho e o início da outra, o que é impossível
em condições de sobrecarga de trabalho. Tal entendimento está em
consonância com um dos princípios básicos que regem a atuação
administrativa, qual seja, o princípio da

427
DIREITO ADMINISTRATIVO
7.(FCC - JUIZ DO TRABALHO (TRT 1ª REGIÃO)/2016) (A) impessoalidade.
São princípios previstos na Constituição Federal e que devem (B) proporcionalidade.
ser obedecidos pela Administração Pública Direta e Indireta de (C) publicidade.
qualquer dos poderes da União, Estados, Distrito Federal e Muni- (D) motivação.
cípios: (E) supremacia do interesse privado.
I. Pessoalidade
II. Legalidade 11.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 4ª REGIÃO)/JUDICIÁ-
III. Formalidade RIA/”SEM ESPECIALIDADE”/2015)
IV. Eficiência A atuação da Administração pública é informada por princípios,
alguns inclusive com previsão constitucional expressa, que se alter-
Está correto o que consta em nam em graus de relevância de acordo com o caso concreto em
(A) II e IV, apenas. análise. Do mesmo modo, a aplicação dos princípios na casuística
(B) I, II, III e IV. pode se expressar de diversas formas e em variados momentos, ou
(C) I e IV, apenas. seja, não há necessariamente idêntica manifestação da influência
(D) II e III, apenas. dos mesmos nas diferentes situações e atividades administrativas.
(E) I e III, apenas. Dessa forma,
(A) à exceção do princípio da publicidade, que se expressa pela
8.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 20ª REGIÃO)/ADMINIS- divulgação dos atos finais praticados, os demais princípios de-
TRATIVA/”SEM ESPECIALIDADE”/2016) pendem de análise do caso concreto, para que se possa verifi-
Em importante julgamento proferido pelo Supremo Tribunal car se foram adequadamente observados.
Federal, considerou a Suprema Corte, em síntese, que no julgamen- (B) o princípio da supremacia do interesse público pode ser
to de impeachment do Presidente da República, todas as votações considerado materialmente superior aos demais, pois para
devem ser abertas, de modo a permitir maior transparência, con- esses é parâmetro de aplicação, na medida em que a solução
trole dos representantes e legitimação do processo. Trata-se, espe- mais adequada é sempre aquela que o privilegia.
cificamente, de observância ao princípio da (C) enquanto o princípio da eficiência se aplica no curso dos
(A) publicidade. processos e atividades desenvolvidos pela Administração, os
(B) proporcionalidade restrita. demais princípios destinam-se ao resultado e aos destinatários
(C) supremacia do interesse privado. finais, não tendo aplicabilidade antes disso.
(D) presunção de legitimidade. (D) o princípio da publicidade não incide apenas para orientar a
(E) motivação. divulgação e a transparência dos atos finais, mas também per-
mite aos administrados conhecer documentos e ter informa-
9.(FCC - JUIZ DO TRABALHO (TRT 6ª REGIÃO)/2015) ções ao longo do processo de tomada de decisão.
Acerca dos princípios informativos da Administração pública, (E) o princípio da eficiência é aplicado em conjunto com o prin-
considere: cípio da supremacia do interesse público, podendo excepcionar
I. O princípio da publicidade aplica-se também às entidades o princípio da indisponibilidade do interesse público sempre
integrantes da Administração indireta, exceto àquelas submetidas que represente solução mais benéfica para a gestão adminis-
ao regime jurídico de direito privado e que atuam em regime de trativa e o atingimento de resultados em favor dos administra-
competição no mercado. dos.
II. O princípio da moralidade é considerado um princípio pre-
valente e a ele se subordinam os demais princípios reitores da Ad- 12.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 9ª REGIÃO)/ADMINIS-
ministração. TRATIVA/”SEM ESPECIALIDADE”/2015)
III. O princípio da eficiência, que passou a ser explicitamen- Os princípios balizadores das atividades da Administração pú-
te citado pela Carta Magna a partir da Emenda Constitucional nº blica ganharam importância e destaque nas diversas esferas de atu-
19/1998, aplica-se a todas as entidades integrantes da Administra- ação, tal como o princípio da eficiência, que
ção direta e indireta. (A) permite que um ente federado execute competência cons-
titucional de outro ente federado quando este se omitir e essa
Está correto o que consta APENAS em omissão estiver causando prejuízos aos destinatários da atua-
(A) III. ção.
(B) I e II. (B) autoriza que a Administração pública interprete o ordena-
(C) II e III. mento jurídico de modo a não cumprir disposição legal expres-
(D) I. sa, sempre que ficar demonstrado que essa não é a melhor
(E) II. solução para o caso concreto.
(C) deve estar presente na atuação da Administração pública
10.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 3ª REGIÃO)/ADMINIS- para atingimento dos melhores resultados, cuidando para que
TRATIVA/2015) seja com os menores custos, mas sem descuidar do princípio
O Supremo Tribunal Federal, em importante julgamento, ocor- da legalidade, que não pode ser descumprido.
rido no ano de 2001, entendeu não caber ao Banco “X” negar, ao
Ministério Público, informações sobre nomes de beneficiários de
empréstimos concedidos pela instituição, com recursos subsidiados
pelo erário federal, sob invocação do sigilo bancário, em se tratando
de requisição de informações e documentos para instruir procedi-
mento administrativo instaurado em defesa do patrimônio público.
Trata-se de observância ao princípio da

428
DIREITO ADMINISTRATIVO
(D) substituiu o princípio da supremacia do interesse público 15.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 19ª REGIÃO)/ADMINIS-
que antes balizava toda a atuação da Administração pública, TRATIVA/2014)
passando a determinar que seja adotada a opção que signifi- Roberto, empresário, ingressou com representação dirigida ao
que o atingimento do melhor resultado para o interesse pú- órgão competente da Administração pública, requerendo a apura-
blico. ção e posterior adoção de providências cabíveis, tendo em vista ili-
(E) não possui aplicação prática, mas apenas interpretativa, citudes praticadas por determinado servidor público, causadoras de
tendo em vista que a Administração pública está primeiramen- graves danos não só ao erário como ao próprio autor da represen-
te adstrita ao princípio da supremacia do interesse público e tação. A Administração pública recebeu a representação, instaurou
depois ao princípio da legalidade. o respectivo processo administrativo, porém, impediu que Rober-
to tivesse acesso aos autos, privando-o de ter ciência das medidas
13.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 9ª REGIÃO)/APOIO ES- adotadas, sendo que o caso não se enquadra em nenhuma das
PECIALIZADO/TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO/2015) hipóteses de sigilo previstas em lei. O princípio da Administração
A Administração pública está sujeita a princípios que confor- pública afrontado é a
mam sua atuação. Para esse fim, é dizer, da sujeição aos princípios (A) publicidade.
elencados pela Constituição Federal, o termo Administração abran- (B) eficiência.
ge a Administração (C) isonomia.
(A) direta, não estando sujeita aos mesmos princípios a Ad- (D) razoabilidade.
ministração pública indireta e o Poder Judiciário, em razão do (E) improbidade.
princípio da separação dos poderes.
(B) pública direta e indireta, não abarcando o Poder Judiciário e 16.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 19ª REGIÃO)/JUDICIÁ-
Legislativo, mesmo no exercício atípico da função administrati- RIA/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR FEDERAL/2014)
va, em razão do princípio da estrita legalidade. Determinada empresa do ramo farmacêutico, responsável pela
(C) pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, importação de importante fármaco necessário ao tratamento de
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. grave doença, formulou pedido de retificação de sua declaração de
(D) pública direta e indireta dos Poderes Executivo e Judiciário, importação, não obtendo resposta da Administração pública. Em
excluído o Poder Legislativo, em razão da submissão ao Tribu- razão disso, ingressou com ação na Justiça, obtendo ganho de cau-
nal de Contas. sa. Em síntese, considerou o Judiciário que a Administração pública
(E) pública direta de qualquer dos Poderes da União, dos Es- não pode se esquivar de dar um pronto retorno ao particular, sob
tados, do Distrito Federal e dos Municípios, excluindo a admi- pena inclusive de danos irreversíveis à própria população. O caso
nistração pública indireta, por estar sujeita a regime de direito narrado evidencia violação ao princípio da
privado. (A) publicidade.
(B) eficiência.
14.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 9ª REGIÃO)/APOIO ES- (C) impessoalidade.
PECIALIZADO/TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO/2015) (D) motivação.
O artigo 37 do § 1º da CF expressamente proíbe que conste (E) proporcionalidade.
nome, símbolo ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos em publicidade de atos, progra- 17.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 16ª REGIÃO)/ADMINIS-
mas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos. A referida TRATIVA/2014)
proibição decorre da aplicação do princípio da Em julgamento proferido pelo Supremo Tribunal Federal, a Cor-
(A) impessoalidade, que está expressamente previsto no art. te Suprema firmou entendimento no sentido de que assessor de
37 da CF e deve ser observado, como no exemplo, em relação Juiz ou de Desembargador tem incompatibilidade para o exercício
à própria Administração e também em relação aos administra- da advocacia. Ao fundamentar sua decisão, a Corte explanou que
dos. tal incompatibilidade assenta-se, sobretudo, em um dos princípios
(B) especialidade, que a despeito de não estar expressamente básicos que regem a atuação administrativa. Trata-se do princípio
previsto no art. 37 da CF, deve ser observado, como no exem- da
plo, tanto em relação à própria Administração como em rela- (A) supremacia do interesse privado.
ção aos administrados. (B) publicidade.
(C) impessoalidade, que está expressamente previsto no art. (C) proporcionalidade.
37 da CF e deve ser observado, como no exemplo, em relação à (D) moralidade.
própria Administração, mas não em relação aos administrados, (E) presunção de veracidade.
que estão sujeitos ao princípio da supremacia do interesse pú-
blico sobre o privado. 18.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 16ª REGIÃO)/JUDICIÁ-
(D) especialidade, que decorre do princípio da legalidade e da RIA/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR FEDERAL/2014)
indisponibilidade do interesse público sobre o privado e, por O Diretor Jurídico de uma autarquia estadual nomeou sua com-
essa razão, aplica-se à atividade publicitária da Administração, panheira, Cláudia, para o exercício de cargo em comissão na mesma
tida por especial em relação às demais atividades públicas. entidade. O Presidente da autarquia, ao descobrir o episódio, de-
(E) publicidade, que está expressamente previsto no artigo 37 terminou a imediata demissão de Cláudia, sob pena de caracterizar
da CF e configura-se no princípio legitimador da função admi- grave violação a um dos princípios básicos da Administração públi-
nistrativa, informada pelo princípio democrático. ca. Trata-se do princípio da
(A) presunção de legitimidade.
(B) publicidade.
(C) motivação.
(D) supremacia do interesse privado sobre o público.
(E) impessoalidade.

429
DIREITO ADMINISTRATIVO
19.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 5ª REGIÃO)/APOIO ES- 22.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 6ª REGIÃO)/ADMINIS-
PECIALIZADO/CONTABILIDADE/2013) TRATIVA/”SEM ESPECIALIDADE”/2012)
Determinado ente federado encaminhou anteprojeto de lei ao Pode-se, sem pretender esgotar o conceito, definir o princípio
poder legislativo para edição de lei autorizativa da alienação one- da eficiência como princípio
rosa de bens imóveis, da qual constava, além do valor mínimo, o (A) constitucional que rege a Administração Pública, do qual
destino do produto do negócio jurídico a ser celebrado mediante se retira especificamente a presunção absoluta de legalidade
prévia licitação pública. A conduta da Administração pública é ex- de seus atos.
pressão do princípio da (B) infralegal dirigido à Administração Pública para que ela seja
(A) moralidade, na medida em que bens imóveis inservíveis gerida de modo impessoal e transparente, dando publicidade
devem ser, obrigatoriamente, alienados onerosamente pela a todos os seus atos.
Administração, mediante dispensa de licitação. (C) infralegal que positivou a supremacia do interesse público,
(B) legalidade, na medida em que bens imóveis inservíveis de- permitindo que a decisão da Administração sempre se sobre-
vem ser, obrigatoriamente, alienados onerosamente pela Ad- ponha ao interesse do particular.
ministração, mediante dispensa de licitação. (D) constitucional que se presta a exigir a atuação da Adminis-
(C) eficiência, sendo juízo discricionário a alienação gratuita ou tração Pública condizente com a moralidade, na medida em
onerosa dos bens, podendo ser dispensado o procedimento de que esta não encontra guarida expressa no texto constitucio-
licitação caso se certifique que o valor ofertado no certame se- nal.
ria inferior. (E) constitucional dirigido à Administração Pública para que
(D) eficiência, estando a Administração autorizada a derrogar seja organizada e dirigida de modo a alcançar os melhores re-
as demais disposições legais em vigor, caso se comprove que o sultados no desempenho de suas funções.
resultado alcançado seria mais vantajoso.
(E) legalidade, estando a Administração autorizada a agir nos 23.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 6ª REGIÃO)/ADMINIS-
limites da autorização legal, compatibilizando referidas dispo- TRATIVA/SEGURANÇA/2012)
sições com a legislação em vigor, inclusive com as normas que A aplicação do princípio da impessoalidade à Administração
dispõem sobre procedimento de dispensa de licitação. Pública traduz-se, dentre outras situações, na
(A) proibição de identificação de autoria em qualquer reque-
20.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 12ª REGIÃO)/ADMI- rimento dirigido à Administração, restringindo-se a indicação
NISTRATIVA/CONTABILIDADE/2013) numérica para, ao fim do processo, notificar o interessado.
Matheus, Prefeito de determinado Município de Santa Cata- (B) atuação feita em nome da Instituição, ente ou órgão que a
rina, contratou advogado para atuar em sua defesa em ação de pratica, sempre norteada ao interesse público, não sendo im-
improbidade administrativa em que figura como réu. A contrata- putável ao funcionário que a pratica, ressalvada a responsabili-
ção objetivou a defesa pessoal do Chefe do Poder Executivo, às ex- dade funcional específica.
pensas do erário, isto é, visou a tutela de interesses pessoais do (C) conduta da Administração não visar a prejudicar ou benefi-
administrador público. O caso em questão evidencia a violação ao ciar pessoas, salvo se, por consequência indireta, atingir finali-
princípio da Administração Pública denominado dade de interesse público.
(A) Moralidade. (D) conduta da Administração ser geral e indeterminada, de
(B)Publicidade. modo que qualquer benefício concedido a um funcionário, ain-
(C) Eficiência. da que por força de ordem judicial, deve ser obrigatoriamente
(D) Razoabilidade. estendido a todos os demais na mesma situação.
(E) Presunção de Veracidade. (E) atuação da Administração não reconhecer direito individual
de servidor, somente podendo processar requerimentos coleti-
21.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 18ª REGIÃO)/ADMINIS- vos para a obtenção de benefícios.
TRATIVA/”SEM ESPECIALIDADE”/2013)
A Administração pública sujeita-se a princípios previstos na 24.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 11ª REGIÃO)/ADMI-
Constituição Federal de 1988. Dentre eles, o princípio da NISTRATIVA/2012)
(A) legalidade, que exige a prática de atos expressamente pre- A ideia de que a Administração tem que tratar todos os admi-
vistos em lei, não se aplicando quando se trata de atos discri- nistrados sem discriminações, traduz o princípio da
cionários. (A) legalidade.
(B) moralidade, que se sobrepõe aos demais princípios, inclusi- (B) indisponibilidade.
ve ao da legalidade. (C) impessoalidade.
(C) impessoalidade, que impede a identificação do nome dos (D) publicidade.
servidores nos atos praticados pela administração. (E) unicidade.
(D) publicidade, que exige, inclusive por meio da publicação em
impressos e periódicos, seja dado conhecimento da atuação da 25.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 11ª REGIÃO)/ADMINIS-
Administração aos interessados e aos administrados em geral. TRATIVA/2012)
(E) isonomia, que impede a edição de decisões distintas a res- De acordo com o princípio da legalidade o administrador pú-
peito de determinado pedido, independentemente da situação blico pode fazer
individual de cada requerente. (A) tudo o que a lei não proibir expressamente.
(B) tudo aquilo que julgar compatível com o interesse público.
(C) apenas aquilo que as normas sociais considerarem moral-
mente adequado.
(D) apenas aquilo que as leis expressamente autorizarem ou
determinarem.
(E) aquilo que o bom senso e a ética aprovarem.

430
DIREITO ADMINISTRATIVO
26.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 1ª REGIÃO)/ADMINIS- 30.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 9ª REGIÃO)/ADMINIS-
TRATIVA/SEGURANÇA/2011) TRATIVA/”SEM ESPECIALIDADE”/2010)
Analise as seguintes proposições, extraídas dos ensinamentos A administração pública brasileira, conforme o artigo 37 da
dos respectivos Juristas José dos Santos Carvalho Filho e Celso An- Constituição Federal, obedece aos princípios da
tônio Bandeira de Mello: (A) legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e efi-
I. O núcleo desse princípio é a procura de produtividade e eco- ciência.
nomicidade e, o que é mais importante, a exigência de reduzir os (B) legalidade, impessoalidade, continuidade, indisponibilida-
desperdícios de dinheiro público, o que impõe a execução dos servi- de e finalidade.
ços públicos com presteza, perfeição e rendimento funcional. (C) subsidiariedade, flexibilidade, participação cidadã, publici-
II. No texto constitucional há algumas referências a aplicações dade e eficiência.
concretas deste princípio, como por exemplo, no art. 37, II, ao exigir (D) moralidade, flexibilidade, participação cidadã, legalidade e
que o ingresso no cargo, função ou emprego público depende de impessoalidade.
concurso, exatamente para que todos possam disputar-lhes o aces- (E) transparência administrativa, moralidade, participação ci-
so em plena igualdade. dadã, eficiência e impessoalidade.

As assertivas I e II tratam, respectivamente, dos seguintes prin- 31.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 22ª REGIÃO)/JUDICIÁ-
cípios da Administração Pública: RIA/”SEM ESPECIALIDADE”/2010)
(A) moralidade e legalidade. Sobre os princípios básicos da Administração Pública, é INCOR-
(B) eficiência e impessoalidade. RETO afirmar:
(C) legalidade e publicidade. (A) O princípio da eficiência alcança apenas os serviços públicos
(D) eficiência e legalidade. prestados diretamente à coletividade e impõe que a execução
(E) legalidade e moralidade. de tais serviços seja realizada com presteza, perfeição e rendi-
mento funcional.
27.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 23ª REGIÃO)/ADMINIS- (B) Em observância ao princípio da impessoalidade, a Admi-
TRATIVA/2011 (E MAIS 3 CONCURSOS) nistração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar
No cumprimento estrito do princípio da legalidade, o agente pessoas determinadas, vez que é sempre o interesse público
público só pode agir que tem que nortear o seu comportamento.
(A) quando não houver custo elevado para a administração pú- (C) Embora não se identifique com a legalidade, pois a lei pode
blica. ser imoral e a moral pode ultrapassar o âmbito da lei, a imorali-
(B) se tiver certeza de não ferir interesses privados. dade administrativa produz efeitos jurídicos porque acarreta a
(C) de acordo com a consciência do cumprimento do dever. invalidade do ato que pode ser decretada pela própria Adminis-
(D) depois de consultados seus superiores hierárquicos. tração ou pelo Judiciário.
(E) nos termos estabelecidos explicitamente pela lei. (D) O princípio da segurança jurídica veda a aplicação retroativa
de nova interpretação de lei no âmbito da Administração Públi-
28.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 23ª REGIÃO)/ADMINIS- ca, preservando assim, situações já reconhecidas e consolida-
TRATIVA/2011) das na vigência de orientação anterior.
O Jurista Celso Antônio Bandeira de Mello apresenta o seguinte (E) Em decorrência do princípio da legalidade, a Administração
conceito para um dos princípios básicos da Administração Pública: Pública não pode, por simples ato administrativo, conceder di-
De acordo com ele, a Administração e seus agentes têm de atuar na reitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor vedações
conformidade de princípios éticos. (...) Compreendem-se em seu aos administrados; para tanto, ela depende de lei.
âmbito, como é evidente, os chamados princípios da lealdade e bo-
a-fé. Trata-se do princípio da 32.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 22ª REGIÃO)/ADMINIS-
(A) motivação. TRATIVA/2010)
(B) eficiência. O princípio da administração pública que tem por fundamento
(C) legalidade. que qualquer atividade de gestão pública deve ser dirigida a todos
(D) razoabilidade. os cidadãos, sem a determinação de pessoa ou discriminação de
(E) moralidade. qualquer natureza, denomina-se
(A) Eficiência.
29.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 12ª REGIÃO)/ADMINIS- (B) Moralidade.
TRATIVA/2010) (C) Legalidade.
O reconhecimento da validade de ato praticado por funcioná- (D) Finalidade.
rio irregularmente investido no cargo ou função, sob o fundamento (E) Impessoalidade.
de que o ato pertence ao órgão e não ao agente público, decorre
do princípio 33.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 3ª REGIÃO)/ADMINIS-
(A)da especialidade. TRATIVA/CONTABILIDADE/2009 (E MAIS 1 CONCURSO)
(B) da moralidade. A aplicação do princípio da legalidade, expresso no artigo 37,
(C) do controle ou tutela. caput, da Constituição Federal, traz como consequência a
(D) da impessoalidade. (A) obrigatoriedade de edição de lei para disciplinar a organiza-
(E) da hierarquia. ção e o funcionamento da Administração Direta.
(B) exigência de que todos os atos praticados pelo Poder Execu-
tivo contem com prévia autorização legislativa específica.
(C) não-obrigatoriedade de lei para a criação de órgão público,
quando implicar ou não aumento de despesa.

431
DIREITO ADMINISTRATIVO
(D) obrigatoriedade de lei para fixação e aumento de remune- Está correto o que se afirma SOMENTE em
ração dos servidores públicos, inclusive aqueles submetidos ao (A) I, II e III.
regime da Consolidação das Leis do Trabalho. (B) II e IV.
(E) obrigatoriedade de lei para criação de cargos, mas não para (C) II e III.
a sua extinção, que, quando vagos, pode ser feita por decreto. (D) III.
(E) IV.
34.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 3ª REGIÃO)/ADMINIS-
TRATIVA/CONTABILIDADE/2009) 37.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 2ª REGIÃO)/JUDICIÁ-
Quando uma auditoria é realizada com o objetivo de verificar RIA/”SEM ESPECIALIDADE”/2008 )
se os normativos, legais ou regimentais, foram respeitados pelos Sobre os princípios básicos da Administração, considere:
atos praticados por um gestor público, o que se procura avaliar é o I. Exigência de que a atividade administrativa seja exercida com
aspecto da presteza, perfeição e rendimento funcional.
(A) publicidade. II. A atuação da Administração Pública deve sempre ser dirigida
(B) legitimidade. a todos os administrados em geral, sem discriminação de qualquer
(C) legalidade. natureza.
(D) impessoalidade.
(E) economicidade. Essas afirmações referem-se, respectivamente, aos princípios
da
35.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 7ª REGIÃO)/ADMINIS- (A) eficiência e impessoalidade.
TRATIVA/2009) (B) legalidade e impessoalidade.
Sobre os princípios básicos da Administração Pública, conside- (C) eficiência e legalidade.
re: (D) moralidade e eficiência.
I. O princípio da publicidade é absoluto, no sentido de que todo (E) impessoalidade e legalidade.
ato administrativo, sem exceção, deve ser publicado.
II. O princípio da impessoalidade tem dois sentidos: um rela- 38.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 20ª REGIÃO)/JUDICIÁ-
cionado à finalidade, no sentido de que ao administrador se impõe RIA/EXECUÇÃO DE MANDADOS/2006 )
que só pratique o ato para o seu fim legal; outro, no sentido de Em relação aos princípios básicos da Administração Pública, é
excluir a promoção pessoal das autoridades ou servidores públicos correto afirmar que
sobre suas realizações administrativas. (A) o instituto da legalidade pode ser chamado de princípio da
III. Por força do princípio da segurança jurídica não é possível proibição do excesso, e pode ser descumprido pela vontade
retroagir interpretação de lei a casos já decididos com base em en- das partes.
tendimento anterior. (B) na administração pública é lícito fazer tudo o que a lei não
IV. A necessidade de institutos como a suplência, a delegação e proíbe.
a substituição para preencher as funções públicas temporariamen- (C) a moralidade administrativa se confunde com a moralidade
te vagas, é consequência do princípio da eficiência. comum e a ilegalidade.
(D) o princípio constitucional da impessoalidade nada mais é
É correto o que se afirma APENAS em do que o clássico princípio da finalidade.
(A) I e IV. (E) a razoabilidade, por ser um princípio abstrato, deve ser afe-
(B) I e III. rido segundo os valores de um homem com notável cultura ju-
(C) I e II. rídica e social.
(D) II e III.
(E) III e IV. 39.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 11ª REGIÃO)/ADMINIS-
TRATIVA/2005)
36.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 15ª REGIÃO)/JUDICIÁ- Demóstenes, servidor público federal, no desempenho de suas
RIA/”SEM ESPECIALIDADE”/2009) funções, somente poderá fazer o que estiver expressamente auto-
Sobre os princípios da Administração Pública, considere: rizado em lei e demais espécies normativas em virtude do princípio
I. O princípio da publicidade, previsto na Constituição Federal, da
exige a ampla divulgação, sem exceção, de todos os atos praticados (A) moralidade.
pela Administração Pública. (B) impessoalidade.
II. A regra estabelecida na Lei no 9.784/99 de que o processo (C) legalidade.
administrativo deve observar, dentre outros critérios, o atendimen- (D) publicidade.
to a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de po- (E) eficiência.
deres ou competências, salvo autorização em lei, traduz o princípio
da supremacia da prevalência do interesse público.
III. Os princípios da eficiência e da impessoalidade, de ampla
aplicação no Direito Administrativo, não estão expressamente pre-
vistos na Constituição Federal.
IV. O princípio da fundamentação exige que a Administração
Pública indique os fundamentos de fato e de direito de seus atos e
decisões.

432
DIREITO ADMINISTRATIVO
40.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 2ª REGIÃO)/ADMINIS- 44.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 5ª REGIÃO)/ADMINIS-
TRATIVA/2004) TRATIVA/2003)
“A atividade administrativa não deve fazer acepção de pessoas, A publicidade de atos, programas, obras e serviços dos órgãos
deve tratar a todos os administrados igualmente, visto que não aju- públicos deverá
da nem prejudica terceiros. Essa atividade é imputada não ao servi- (A) ter caráter educativo, informativo ou de orientação social.
dor que age, mas ao órgão ou entidade administrativa em nome do (B) promover pessoalmente autoridades ou servidores públi-
qual ele age”. O texto refere-se ao princípio da cos.
(A) legalidade. (C) conter nomes, símbolos e imagens que identifiquem as au-
(B) moralidade. toridades responsáveis.
(C) eficiência. (D) ser divulgada apenas por veículo oficial de rádio ou televi-
(D) publicidade. são.
(E) impessoalidade. (E) seguir o programa político-partidário da autoridade respon-
sável.
41.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 9ª REGIÃO)/ADMINIS-
TRATIVA/”SEM ESPECIALIDADE”/2004) 45.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 5ª REGIÃO)/JUDICIÁ-
Após constatar a morosidade no serviço de atendimento ao RIA/”SEM ESPECIALIDADE”/2003 (E MAIS 1 CONCURSO)
público em diversos órgãos do executivo municipal, o Prefeito da É expressão do princípio da legalidade, relativamente à atuação
cidade de Campo Largo informatizou referidos órgãos e contratou a da Administração Pública, a
empresa DataSoftware Municipal Ltda, por meio de regular proces- (A) obrigação de o Administrador praticar apenas os atos que a
so licitatório, para ensinar aos servidores noções de informática. Em lei expressamente determinar.
virtude da iniciativa acima descrita, restou patente a melhoria no (B) vinculação do Administrador aos textos normativos infrale-
atendimento aos munícipes. O princípio da Administração Pública gais, oriundos de autoridades superiores.
observado no caso em tela denomina-se: (C) possibilidade de o Administrador praticar quaisquer atos
(A) imperatividade. que não sejam expressamente vedados pela lei.
(B) publicidade. (D) necessidade de os atos administrativos com força de lei
(C) tipicidade. estarem em conformidade com as disposições constitucionais.
(D) eficiência. (E) permissão para a prática de atos administrativos que sejam
(E) motivação. expressamente autorizados pela lei, ainda que mediante sim-
ples atribuição de competência.
42.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 9ª REGIÃO)/JUDICIÁ-
RIA/”SEM ESPECIALIDADE”/2004) 46.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 5ª REGIÃO)/JUDICIÁ-
João, objetivando adquirir determinado imóvel no bairro X, fica RIA/”SEM ESPECIALIDADE”/2003 (E MAIS 1 CONCURSO)
sabendo, por meio de amigos, que, nessa região, será construída Como possível corolário do princípio da impessoalidade, pode-
uma nova linha do metrô e, conseqüentemente, diversos imóveis -se afirmar que
serão desapropriados. Tendo em vista referido fato, pede informa- (A) é vedado à autoridade administrativa identificar-se pessoal-
ções à Companhia do Metrô, que se recusa a fornecê-las. Com tal mente na prática de qualquer ato.
atitude, restou preterido o princípio da Administração Pública de- (B) a nomeação e o provimento em cargo em comissão não
nominado poderão levar em consideração as características pessoais do
(A) publicidade. nomeado.
(B) imperatividade. (C) deverá a Administração Pública evitar tratar desigualmente
(C) supremacia do interesse público. os administrados, na medida do possível, em razão de circuns-
(D) impessoalidade. tâncias pessoais de cada um deles.
(E) eficiência. (D) a Administração Pública não poderá identificar-se como tal
na divulgação de obras e serviços públicos.
43.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 9ª REGIÃO)/JUDICIÁ- (E) fica vedada a publicidade dos atos praticados pela Adminis-
RIA/EXECUÇÃO DE MANDADOS/2004) tração Pública.
Após tomar ciência de irregularidades praticadas pela Assem-
bléia Legislativa de seu Estado, o cidadão José da Silva diligenciou 47.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 21ª REGIÃO)/JUDICIÁ-
junto ao referido órgão, oportunidade em que lhe foi negado o di- RIA/”SEM ESPECIALIDADE”/2003)
reito de obter certidões que esclarecessem tal fato. Com essa recu- Considere o que segue:
sa, foi desrespeitado o princípio da I. A imposição ao administrador público de uma ação planejada
(A) eficiência. e transparente, com o fito de prevenir riscos e corrigir desvios sus-
(B) impessoalidade. cetíveis de afetar o equilíbrio das contas públicas.
(C) tipicidade. II. Os atos praticados pela Administração Pública devem ser
(D) motivação. abstratamente genéricos e isonômicos, sem consagrar privilégios
(E) publicidade. ou situações restritivas injustificadas.
III. A autolimitação do Estado em face dos direitos subjetivos e
a vinculação de toda atividade administrativa à lei, como medida de
exercício do poder.

433
DIREITO ADMINISTRATIVO
Tais disposições dizem respeito, respectivamente, aos princí- III. os princípios implícitos não gozam da mesma força norma-
pios da tiva dos princípios expressos, tendo em vista que estes podem ser
(A) publicidade, legalidade e moralidade. invocados como fundamentos para controle dos atos da Adminis-
(B) eficiência, impessoalidade e legalidade. tração, uma vez que possuem conteúdo definido e descrito na le-
(C) impessoalidade, publicidade e legalidade. gislação vigente.
(D) legalidade, eficiência e impessoalidade.
(E) moralidade, impessoalidade e eficiência. Está correto o que consta em
(A) I, II, e III.
48.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 21ª REGIÃO)/JUDICIÁ- (B) I e II, apenas.
RIA/EXECUÇÃO DE MANDADOS/2003) (C) II e III, apenas.
No que tange ao princípio da legalidade, a Administração Pú- (D) I e III, apenas.
blica (E) II, apenas.
(A) é limitada em face dos direitos subjetivos, vinculando- se à
lei como medida de exercício do poder. 52.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 2ª REGIÃO)/JUDICIÁ-
(B) deverá, desde que presente o interesse coletivo, atuar pra- RIA/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR FEDERAL/2014)
eter legem. O princípio da supremacia do interesse público informa a atua-
(C) poderá, desde que presente o interesse público, atuar con- ção da Administração pública
tra legem. (A) subsidiariamente, se não houver lei disciplinando a matéria
(D) fica restrita à fiscalização e ao controle jurisdicional de sua em questão, pois não se presta a orientar atividade interpreta-
atuação. tiva das normas jurídicas.
(E) deverá revogar os atos ilegais que praticar, desde que o par- (B) alternativamente, tendo em vista que somente tem lugar
ticular seja indenizado. quando não acudirem outros princípios expressos.
(C) de forma prevalente, posto que tem hierarquia superior aos
49.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 21ª REGIÃO)/ADMI- demais princípios.
NISTRATIVA/”SEM ESPECIALIDADE”/2003) (D) de forma ampla e abrangente, na medida em que também
É INCORRETO afirmar que o princípio da moralidade adminis- orienta o legislador na elaboração da lei, devendo ser observa-
trativa do no momento da aplicação dos atos normativos.
(A) considera, também, o conteúdo ético do trabalho adminis- (E) de forma absoluta diante das lacunas legislativas, tendo em
trativo, com base na indisponibilidade do interesse maior da vista que o interesse público sempre pretere o interesse priva-
sociedade. do, prescindindo da análise de outros princípios.
(B) é denunciado pela coerente adequação de meios e fins.
(C) significa, também, não se desviar da finalidade constante da 53.(FCC - JUIZ DO TRABALHO (TRT 18ª REGIÃO)/2014/XIV)
lei (interesse público). Acerca dos princípios da Administração pública, é correto afir-
(D) determina que o ato administrativo deve ser atribuído à en- mar:
tidade ou ao órgão que o titula, não ao agente que o pratica. (A) O princípio da boa-fé não vigora no Direito Administrativo,
(E) não diz respeito à moral comum, mas à moral jurídica e tem eis que é atinente ao relacionamento entre sujeitos movidos
primazia sobre os outros princípios constitucionalmente for- pela autonomia da vontade e a ele se contrapõe o princípio
mulados. da impessoalidade, que impera nas relações jurídico-adminis-
trativas.
50.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 3ª REGIÃO)/APOIO ES- (B) Os princípios do Direito Administrativo são mandamentos
PECIALIZADO/CONTABILIDADE/2015) de otimização; portanto, sua aplicação só é possível quando
A Administração pública deve nortear sua conduta baseada em deles decorrerem consequências favoráveis ao administrado.
certos princípios. Assim, entre os princípios expressamente infor- (C) No tocante ao princípio da motivação, admite-se, excep-
mados na Constituição Federal, NÃO se incluem os princípios da cionalmente, a convalidação do ato imotivado, por meio da
(A) moralidade e eficiência. explicação a posteriori dos motivos que levaram à sua prática,
(B) legalidade e publicidade. desde que tal vício não acarrete lesão ao interesse público nem
(C) entidade e indisponibilidade. prejuízo a terceiros.
(D) impessoalidade e publicidade. (D) Por força do princípio da legalidade, atos praticados de for-
(E) legalidade e moralidade. ma inválida devem ser anulados, independentemente das con-
sequências decorrentes da anulação.
51.(FCC - JUIZ DO TRABALHO (TRT 15ª REGIÃO)/2015/XVIII) (E) Sendo a lei um mandamento moral e visto que, no âmbito
Sobre os princípios informativos da atuação administrativa e a da Administração pública, só é permitido aos agentes públicos
aplicação deles como ferramentas para controle interno e externo, atuarem nos estritos limites da lei, para atender à moralidade
considere: administrativa basta que o agente observe fielmente os man-
I. os princípios possuem força normativa e informativa aferível damentos legais.
sempre em conjunto com as demais normas do ordenamento, não
se lhes emprestando poder autônomo para servir de parâmetro de
controle dos atos praticados pela Administração.
II. os princípios que regem a atuação da Administração pública
podem ser informativos ou interpretativos, mas em algumas hipó-
teses também se pode retirar força autônoma para, quando viola-
dos, servirem como fundamento direto para exercício de medidas
de controle externo.

434
DIREITO ADMINISTRATIVO
54.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 1ª REGIÃO)/APOIO ES- Está correto o que consta em
PECIALIZADO/TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO/2014 (E MAIS 1 (A) I, apenas.
CONCURSO) (B) I, II e III.
A Administração pública está sujeita a observância de normas (C) I e III, apenas.
e princípios, alguns expressos, outros implícitos. A instauração, ins- (D) II e III, apenas.
trução e decisão dos processos administrativos está sujeita a inci- (E) I e III, apenas.
dência de princípios, tendo a Lei no 9784/99 elencado, de forma
expressa, mais princípios do que a Constituição Federal, no que 57.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 9ª REGIÃO)/ADMINIS-
concerne à atividade administrativa. Sobre a aplicação dos princí- TRATIVA/”SEM ESPECIALIDADE”/2013)
pios mencionados nesses Diplomas, tem-se que Diante de uma situação de irregularidade, decorrente da prá-
(A) os princípios do contraditório e da ampla defesa aplicam-se tica de ato pela própria Administração pública brasileira, é possível
somente aos processos administrativos que tratem de apura- a esta restaurar a legalidade, quando for o caso, lançando mão de
ção de infrações disciplinares, vez que punidas com sanções seu poder
mais severas. (A) de tutela, expressão de limitação de seu poder discricioná-
(B) o princípio da segurança jurídica impede o exercício da com- rio e corolário do princípio da legalidade.
petência discricionária pela Administração pública. (B) de autotutela, que permite a revisão, de ofício, de seus atos
(C) os princípios do interesse público e da eficiência admitem para, sanar ilegalidade.
a derrogação de leis, quando houver meio jurídico mais ágil ao (C) de autotutela, expressão do princípio da supremacia do in-
atendimento da finalidade pública. teresse público, que possibilita a alteração de atos por razões
(D) o princípio da motivação não se aplica aos processos admi- de conveniência e oportunidade, sempre que o interesse públi-
nistrativos quando tratarem de atos de im probidade. co assim recomendar.
(E) os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade po- (D) disciplinar, que se expressa, nesse caso, por meio de medi-
dem incidir no exercício, pela Administração pública, de com- das corretivas de atuação inadequada do servidor público que
petência discricionária. emitiu o ato.
(E) de tutela disciplinar, em razão da atuação ilegal do servi-
55.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 1ª REGIÃO)/JUDICIÁ- dor público, que faz surgir o dever da Administração de corrigir
RIA/EXECUÇÃO DE MANDADOS/2013) seus próprios atos.
A propósito dos princípios que informam a atuação da Adminis-
tração pública tem-se que o princípio da 58.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 15ª REGIÃO)/ADMINIS-
(A) eficiência e o princípio da legalidade podem ser excluden- TRATIVA/”SEM ESPECIALIDADE”/2013)
tes, razão pela qual cabe ao administrador a opção de escolha Os princípios que regem a Administração pública podem ser
dentre eles, de acordo com o caso concreto. expressos ou implícitos. A propósito deles é possível afirmar que
(B) tutela permite que a administração pública exerça, em al- (A) os princípios da moralidade, legalidade, supremacia do
gum grau e medida, controle sobre as autarquias que instituir, interesse público e indisponibilidade do interesse público são
para garantia da observância de suas finalidades institucionais. expressos e, como tal, hierarquicamente superiores aos implí-
(C) autotutela permite o controle dos atos praticados pelos en- citos.
tes que integram a administração indireta, inclusive consórcios (B) eficiência, moralidade, legalidade, impessoalidade e indis-
públicos. ponibilidade do interesse público são princípios expressos e,
(D) supremacia do interesse público e o princípio da legalidade como tal, hierarquicamente superiores aos implícitos.
podem ser excludentes, devendo, em eventual conflito, preva- (C) impessoalidade, eficiência, indisponibilidade do interesse
lecer o primeiro, por sobrepor-se a todos os demais. público e supremacia do interesse público são princípios implí-
(E) publicidade está implícito na atuação da administração, citos, mas de igual hierarquia aos princípios expressos.
uma vez que não consta da constituição federal, mas deve ser (D) moralidade, legalidade, publicidade e impessoalidade são
respeitado nas mesmas condições que os demais. princípios expressos, assim como a eficiência, hierarquicamen-
te superior aos demais.
56.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 12ª REGIÃO)/APOIO (E) supremacia do interesse público não consta como princípio
ESPECIALIZADO/PSICOLOGIA/2013) expresso, mas informa a atuação da Administração pública as-
A respeito dos princípios básicos aplicáveis à Administração pú- sim como os demais princípios, tais como eficiência, legalidade
blica, considere: e moralidade.
I. Uma das representações do princípio da eficiência pode ser
identificada com a edição da Emenda Constitucional n o 45/2004,
que introduziu, entre os direitos e garantias fundamentais, a razo-
ável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de
sua tramitação.
II. O princípio da supremacia do interesse público se sobrepõe
ao princípio da legalidade, autorizando a Administração a impor
restrições a direito individuais sempre que o interesse coletivo as-
sim justificar.
III. O princípio da segurança jurídica impede que a Administra-
ção reveja, por critério de conveniência e oportunidade, os atos por
ela praticados, obrigando a submissão ao Poder Judiciário.

435
DIREITO ADMINISTRATIVO
59.(FCC - JUIZ DO TRABALHO (TRT 1ª REGIÃO)/2013) 62.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 8ª REGIÃO)/ADMINIS-
Na atuação da Administração Pública Federal, a segurança jurí- TRATIVA/2010)
dica é princípio que Agente público que, sendo competente e adotando regular
(A) justifica a mantença de atos administrativos inválidos, des- processo disciplinar com direito ao contraditório e ampla defesa,
de que ampliativos de direitos, independentemente da boa-fé aplica sanção administrativa de demissão a servidor que se ausen-
dos beneficiários. tou do serviço durante o expediente, sem autorização do chefe ime-
(B) não impede a anulação a qualquer tempo dos atos admi- diato, infringe, dentre outros, o princípio da
nistrativos inválidos, visto que não há prazos prescricionais ou (A) razoabilidade.
decadenciais para o exercício de autotutela em caso de ilega- (B) supremacia do interesse público.
lidade. (C) motivação.
(C) justifica o usucapião de imóveis públicos urbanos de até du- (D) impessoalidade.
zentos e cinquenta metros quadrados, em favor daquele que, (E) eficiência.
não sendo proprietário de outro imóvel urbano ou rural, exerça
a posse sobre tal imóvel por cinco anos, ininterruptamente e 63.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 7ª REGIÃO)/JUDICIÁ-
sem oposição, utilizando-o para sua moradia ou de sua família. RIA/EXECUÇÃO DE MANDADOS/2009
(D) impede que haja aplicação retroativa de nova interpretação Sobre os princípios básicos da Administração Pública, é correto
jurídica, em desfavor dos administrados. afirmar que
(E) impede que a Administração anule ou revogue atos que (A) a aplicação retroativa de nova interpretação desfavorável
geraram situações favoráveis para o particular, pois tal desfazi- aos interesses do particular encontra respaldo no princípio da
mento afetaria direito s adquiridos. segurança jurídica.
(B) o princípio da supremacia do interesse público não precisa
60.(FCC - JUIZ DO TRABALHO (TRT 1ª REGIÃO)/2011) estar presente no momento da elaboração da lei, mas apenas
A respeito dos princípios que regem a Administração Pública, quando da sua aplicação em concreto.
é correto afirmar: (C) os princípios da ampla defesa e do contraditório devem
(A) O principio da indisponibilidade do interesse público con- ser observados tanto nos processos administrativos punitivos
templa o poder-dever da Administração, que veda a renúncia como nos não punitivos.
de poderes ou competências estabelecidas em lei. (D) o princípio da motivação é exigível apenas nos atos discri-
(B) O princípio da eficiência caracteriza-se como um mitigador cionários.
do princípio da legalidade, notadamente para as entidades da (E) o princípio da eficiência sobrepõe-se a todos os demais
Administração indireta que atuam no domínio econômico. princípios da Administração.
(C) Os princípios da razoabilidade e proporcionalidade impõem
à Administração a adequação entre meios e fins, vedando a 64.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 15ª REGIÃO)/JUDICIÁ-
aplicação de restrições e sanções de caráter individual. RIA/EXECUÇÃO DE MANDADOS/2009)
(D) O princípio da legalidade determina que todos os atos prati- Sobre os princípios da Administração Pública, é correto afirmar:
cados pela Administração devem contar com autorização legal (A) O art. 37 da Constituição Federal não é taxativo, pois, outros
específica. princípios existem, previstos em leis esparsas, ou, mesmo, não
(E) O princípio da moralidade é subsidiário ao princípio da lega- expressamente contemplados no direito objetivo, aos quais se
lidade, de forma que uma vez atendido este último considera- sujeita a Administração Pública.
-se atendido também o primeiro. (B) Segundo o princípio da legalidade, a Administração pode
fazer tudo o que a lei não proíbe.
61.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 20ª REGIÃO)/JUDICIÁ- (C) O princípio da especialidade é concernente à ideia da cen-
RIA/”SEM ESPECIALIDADE”/2011) tralização administrativa.
No que concerne à Administração Pública, o princípio da espe- (D) O princípio da autotutela significa o controle que a Admi-
cialidade tem por característica nistração exerce sobre outra pessoa jurídica por ela mesma
(A) a descentralização administrativa através da criação de en- instituída.
tidades que integram a Administração Indireta. (E) O princípio da continuidade do serviço público é a possibili-
(B) a fiscalização das atividades dos entes da Administração In- dade de reeleição dos chefes do poder executivo.
direta.
(C) o controle de seus próprios atos, com possibilidade de uti- 65.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 15ª REGIÃO)/ADMI-
lizar-se dos institutos da anulação e revogação dos atos admi- NISTRATIVA/2009)
nistrativos. O princípio da autotutela significa que a Administração Pública
(D) a relação de coordenação e subordinação entre uns órgãos (A) exerce o controle sobre seus próprios atos, com a possibi-
da Administração Pública e outros, cada qual com atribuições lidade de anular os ilegais e revogar os inconvenientes ou ino-
definidas em lei. portunos, independentemente de recurso ao Poder Judiciário.
(E) a identificação com o princípio da supremacia do interesse (B) sujeita-se ao controle do Poder Judiciário, que pode anular
privado, inerente à atuação estatal. ou revogar os atos administrativos que forem inconvenientes
ou inoportunos.
(C) Direta fiscaliza as atividades das entidades da Administra-
ção Indireta a ela vinculadas.
(D) Indireta fica sujeita a controle dos órgãos de fiscalização do
Ministério do Planejamento mesmo que tenham sido criadas
por outro Ministério.
(E) tem liberdade de atuação em matérias que lhes são atribu-
ídas por lei.

436
DIREITO ADMINISTRATIVO
66.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 4ª REGIÃO)/ADMINIS- 70.(FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRT 2ª REGIÃO)/ADMINIS-
TRATIVA/”SEM ESPECIALIDADE”/2006) TRATIVA/2004)
Entre os princípios básicos da Administração Pública, encontra- Tendo em vista o entrelaçamento dos princípios básicos da
-se o da segurança jurídica, que consiste, tecnicamente, na Administração Pública, observa-se que dos princípios da legalidade
(A) prerrogativa que detém a Administração Pública de exercer e da supremacia do interesse público e da indisponibilidade desse
o controle interno sobre os próprios atos, com a possibilidade interesse, decorre, dentre outros, aquele concernente à idéia de
de anular os ilegais e revogar os inconvenientes ou inoportu- descentralização administrativa, a exemplo da criação de pessoa
nos. jurídica administrativa. Esta situação, diz respeito ao princípio da
(B) interpretação da norma administrativa da forma que me- (A) razoabilidade.
lhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, ve- (B) continuidade do serviço público.
dada aplicação retroativa de nova interpretação. (C) especialidade.
(C) presunção de que todo ato praticado pela Administração (D) finalidade pública.
Pública encontra-se em conformidade com o ordenamento ju- (E) proporcionalidade.
rídico, até prova em contrário.
(D) adequação entre os meios e fins, vedada a imposição de
obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas GABARITO
estritamente necessárias ao atendimento do interesse público.
(E) obrigação imposta a todo agente público de realizar suas
atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional.
1 A
2 C
67.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 4ª REGIÃO)/JUDICIÁ-
RIA/”SEM ESPECIALIDADE”/2006) 3 C
Com relação aos princípios da Administração Pública, conside- 4 A
re:
5 E
I. Os órgãos da Administração Pública são estruturados de for- 6 A
ma a proporcionar uma relação de coordenação e subordinação en-
tre uns e outros, cada qual com atribuições definidas na lei. 7 A
II. A Administração Pública direta fiscaliza as atividades dos re- 8 A
feridos entes, com o fim de assegurar a observância de suas finali-
dades institucionais. 9 A
10 C
As proposições acima mencionadas correspondem, respectiva-
mente, aos princípios da 11 D
(A) impessoalidade e autotutela. 12 C
(B) especialidade e moralidade.
(C) hierarquia e tutela. 13 C
(D) legalidade e segurança jurídica. 14 A
(E) eficiência e razoabilidade.
15 A
68.(FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO (TRT 11ª REGIÃO)/ADMI- 16 B
NISTRATIVA/2005)
O princípio básico que objetiva aferir a compatibilidade entre 17 D
os meios e os fins, de modo a evitar restrições desnecessárias ou
18 E
abusivas por parte da Administração Pública, com lesões aos direi-
tos fundamentais, denomina-se 19 E
(A) motivação.
20 A
(B) razoabilidade.
(C) impessoalidade. 21 D
(D) coercibilidade.
(E) imperatividade.
22 E
23 B
69.(FCC - JUIZ DO TRABALHO (TRT 11ª REGIÃO)/2005)
A Súmula nº 473 do Supremo Tribunal Federal – “a administra- 24 C
ção pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que 25 D
os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-
-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os 26 B
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação 27 E
judicial” – reflete a aplicação do princípio da
(A) inércia da Administração Pública. 28 E
(B) autotutela administrativa. 29 D
(C) auto-executoriedade dos atos administrativos.
(D) presunção de legalidade dos atos administrativos. 30 A
(E) presunção de veracidade dos atos administrativos.

437
DIREITO ADMINISTRATIVO

31 A ANOTAÇÕES
32 E
33 E ______________________________________________________

34 C ______________________________________________________
35 D ______________________________________________________
36 B ______________________________________________________
37 A
______________________________________________________
38 D
______________________________________________________
39 C
40 E ______________________________________________________
41 D ______________________________________________________
42 A ______________________________________________________
43 E
______________________________________________________
44 A
______________________________________________________
45 E
46 C ______________________________________________________
47 B ______________________________________________________
48 A ______________________________________________________
49 D
______________________________________________________
50 C
______________________________________________________
51 E
52 D ______________________________________________________

53 C ______________________________________________________
54 E ______________________________________________________
55 B
______________________________________________________
56 A
______________________________________________________
57 B
58 E ______________________________________________________

59 D ______________________________________________________
60 A ______________________________________________________
61 A
______________________________________________________
62 A
______________________________________________________
63 C
64 A ______________________________________________________

65 A ______________________________________________________
66 B ______________________________________________________
67 C
______________________________________________________
68 B
______________________________________________________
69 B
70 C ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

438
DIREITO PENAL MILITAR

A conduta inicial prevista pela lei é a de reunirem-se os milita-


DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE OU DISCIPLINA
res. Veja que, dada a generalidade da norma, até mesmo apenas
MILITAR: MOTIM, REVOLTA, CONSPIRAÇÃO, ALICIA-
dois militares podem dar ensejo ao crime de motim, delito que é
ÇÃO PARA MOTIM OU REVOLTA. DA VIOLÊNCIA CON-
categorizado, portanto, como plurisubjetivo (concurso necessário
TRA SUPERIOR OU MILITAR DE SERVIÇO. DESRESPEI-
TO A SUPERIOR. RECUSA DE OBEDIÊNCIA. OPOSIÇÃO de agentes).
À ORDEM DE SENTINELA. REUNIÃO ILÍCITA. PUBLICA- Todavia, não é suficiente a simples reunião dos militares, é pre-
ÇÃO OU CRÍTICA INDEVIDA. RESISTÊNCIA MEDIANTE ciso que o façam e:
AMEAÇA OU VIOLÊNCIA 1º) ajam contra ordem recebida de superior ou neguem-se a
seu cumprimento.
Há sutil diferença entre os dois comportamentos: no primeiro,
Motim e Revolta os agentes operam em desfavor da ordem, ou seja, fazem o oposto
Motim e revolta estão são crimes previstos no mesmo artigo, do que lhes foi devidamente ordenado ou criam obstáculos reais à
distinguindo-se basicamente pela elementar objetiva do uso de ar- sua execução, enquanto que no segundo caso eles optam por deixar
mas. de cumprir a tarefa que lhes foi atribuída pelo superior hierárquico.
Motim e revolta são manifestações da revolta de militares con- 2º) recusem obediência a superior, quando estejam agindo
tra autoridade hierarquicamente superior, caracterizando-se por sem ordem ou praticando violência.
demonstrações inequívocas de desobediência e ocupação indevida Os agentes estão praticando violência e recebem uma ordem
de instalações e equipamentos militares.
do superior (para cessarem o comportamento livre, p. ex.), refu-
As sublevações não são comportamentos atribuídos exclusi-
tando-a.
vamente a militares, apenas o crime militar de motim exige esta
3º) assintam em recusa conjunta de obediência, ou em resis-
pré-condição do agente, haja vista que é um crime militar próprio.
tência ou violência, em comum, contra superior.
Da reunião de militares se tem como resultante a concordân-
Objetividade Jurídica.
cia de recusa conjunta ou resistência ou, ainda, violência contra o
É a autoridade e a disciplina militares.
superior. Portanto, se antes se punia a insurreição espontânea, nes-
A disciplina militar é, conforme dispõe o art. 14, § 2º do Esta-
tuto dos Militares , “a rigorosa observância e o acatamento integral ta oportunidade a lei prevê a conduta do compromisso mútuo, do
das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamentam o acordo de vontades patrocinador da múltipla desobediência, inde-
organismo militar e coordenam seu funcionamento regular e har- pendente de ordem antecedente à conduta.
mônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por Importante ilustrar que se houver a utilização de arma, o crime
parte de todos e de cada um dos componentes deste organismo”. passa a ser o descrito no parágrafo único (revolta).
Já a autoridade militar indica o conjunto de prerrogativas, po- 4º) ocupem quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabeleci-
deres, deveres e direitos – dentre os quais o de ser respeitado e mento militar, ou dependência de qualquer deles, hangar, aeródro-
obedecido por seus subordinados - que a um militar é atribuído mo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizem qualquer des-
pela lei em face de sua posição hierárquica e do cargo que ocupa tes locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de
dentro da organização da Força. A autoridade militar é ordenada violência, em desobediência a ordem superior ou em detrimento da
em diferentes níveis, ao que se dá o nome de hierarquia. ordem ou da disciplina militares.
Lembre-se: hierarquia e disciplina são os pilares constitucionais Finalmente, é previsto como crime a reunião de militares com
das Forças Armadas. a ocupação de organizações ou equipamentos militares ou com a
utilização destes meios para ação militar ou prática de violência.
Sujeitos. A conduta, todavia deve opor-se a ordens superiores ou ofender a
O sujeito ativo é o militar, sendo, portanto, crime militar pró- organização e a disciplina militar, sem o que não constituiria crime
prio. contra a autoridade ou a disciplina.
Note que a norma refere-se aos assemelhados, categoria de É preciso lembrar que os atos de violência praticados durante
servidores considerada próxima aos militares. Na atualidade, a o motim estão sujeitos a sanções autônomas, isto é, as penas pre-
Marinha, o Exército e a Aeronáutica possuem em seus quadros um vistas no art. 149 são aplicadas sem prejuízo das correspondentes
sem-número de servidores civis da União, todos submetidos aos di- à violência (art. 153).
tames da Lei 8.112/90, sem qualquer interferência dos estatutos e
regulamentos militares, que regem, disciplinam e ordenam exclusi- O elemento subjetivo é o dolo genérico de reunirem-se dois
vamente os contingentes armados, não havendo mais assemelha- ou mais militares para praticarem as condutas descritas nos incisos
dos. I a IV.
Sujeito passivo é a Força Armada a que pertence os amotina- Os agentes reunidos agem em oposição à ordem, recusam-se a
dos. obedecer, praticam violência etc.
Não há modalidade culposa no presente crime de motim.

439
DIREITO PENAL MILITAR
Consumação e tentativa. comprometido do infrator para com a Corporação Militar a qual
A consumação ocorre quando os agentes, reunidos, praticam pertence, e que muitas vezes ingressou de forma voluntária, tendo
as condutas descritas nos incisos I a VI do art. 149. conhecimento que a vida militar possui regras que são diferentes
daquelas observadas na sociedade em geral.
Sanção penal. Aurélio Buarque de Holanda define violência como sendo, “a
A pena é de reclusão de 4 a 8 anos, devendo receber um acrés- qualidade de violento, o ato violento, o ato de violentar; no âmbito
cimo de 1/3 para aqueles que dirigem, provocam, instigam ou exci- jurídico, o constrangimento físico ou moral; o uso da força; coação.
tam a ação (art. 53, § 4º do CPM). O elemento subjetivo é o dolo, ou seja, a vontade livre e cons-
ciente de praticar a conduta que se encontra devidamente descrita
Revolta. no tipo penal sob comento.
A revolta é uma forma qualificada de motim, que recebeu do O tipo penal não admite a prática do ilícito de forma culposa,
legislador atenção especial. Distingue-se do crime previsto no caput ou seja, por meio de atos de imprudência, negligência ou mesmo
unicamente pelo fato dos militares amotinados utilizarem arma- imperícia.
mento. Não é preciso sequer a efetiva utilização das armas, basta A ação penal cabível na espécie é uma ação penal pública in-
que as tenham ao seu dispor. condicionada que ficará a cargo do Ministério Público Militar, quan-
Motim e revolta são crimes de ação pública incondicionada. do se tratar de interesse da União, Forças Armadas, e do Ministério
Estadual ou do Distrito Federal quando o agente for um militar per-
Conspiração. tencente a Polícia Militar ou ao Corpo de Bombeiros Militar. A pena
A conspiração ocorre quando os militares concertam entre si a prevista para o ilícito é a pena de detenção, de três meses a dois
anos. Apesar da pena prevista ser uma pena que poderia ser consi-
realização de um motim. A pena para a conspiração é de até 5 anos.
derada de menor potencial ofensivo, não é possível a aplicação dos
Ilustre-se que na conspiração eles não precisam sequer chegar a se
benefícios previstos na Lei Federal nº 9099/95. O crime de violên-
amotinarem: basta terem planejado fazer isso. Os crimes militares
cia contra superior é um crime propriamente militar que ofende os
- como o motim, a revolta e a conspiração são julgados pela Justiça
princípios de hierarquia e disciplina, e por isso não se recomenda a
Militar. aplicação dos benefícios que forma estabelecidas pela Lei dos Juiza-
dos Especiais Civis e Criminais.
Aliciação para motim ou revolta.
Aliciação para motim ou revolta encontra-se disposto no artigo Formas qualificadas
154 do Código Penal Militar que dita que, aliciar militar ou asseme- § 1º Se o superior é comandante da unidade a que pertence o
lhado para a prática de qualquer dos crimes previstos no capítulo agente, ou oficial general:
anterior gera pena de reclusão, de dois a quatro anos. Pena - reclusão, de três a nove anos.

Da violência contra superior ou militar de serviço O artigo conforme foi mencionado no caput protege a autori-
Violência contra superior dade militar, e em determinados casos a lei penal militar entendeu
Art. 157. Praticar violência contra superior: que deveria agravar a pena do agente, estabelece uma sanção mais
Pena - detenção, de três meses a dois anos. severa para o infrator.

As Corporações Militares, Estaduais ou Federais, são regidas § 2º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada
por dois princípios fundamentais, a hierarquia e a disciplina, que de um terço.
estão estabelecidos expressamente no art. 142, da Constituição
Federal de 1988. A hierarquia se faz presente não apenas nas Ins- No caso da violência ser praticada pelo agente com o emprego
tituições Militares brasileiras, mas também nas Instituições Milita- de arma, a pena também será agravada. Segundo estabelece o re-
res existentes em outros países. Não existe Força Militar que não ferido parágrafo, a pena do infrator será aumentada em um terço.
seja regida pelos princípios de hierarquia e disciplina. Até mesmo Se o crime tiver sido praticado contra oficial general, e o infra-
os chamados grupos paramilitares, que foram vedados pelo Esta- tor for condenado a uma pena mínima, por exemplo, três anos de
do democrático de Direito previsto no vigente texto constitucional reclusão, o Juiz deverá aumentar a pena em um terço, o que levará
são regidos por princípios de hierarquia e disciplina. Portanto, todo a um aumento de um ano, totalizando uma pena definitiva em qua-
aquele que ingressa em uma força militarizada sabe que estará su- tro anos de reclusão. O aumento determinado neste parágrafo não
é facultativo, mas obrigatório, e caso este não seja observado pelo
jeito a obrigações, as quais muitas vezes são rígidas, mas necessá-
Conselho de Justiça, Permanente ou Especial, o Ministério Público
rias para o cumprimento da missão que é destinada aos militares.
deverá interpor recurso para que a norma penal seja respeitada.
O sujeito ativo deste crime, que é um crime propriamente mi-
litar, é o militar que possui grau hierárquico inferior em relação à
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da
vítima. O crime pode ser praticado tanto pelo militar federal como pena da violência, a do crime contra a pessoa.
pelo militar estadual.
O sujeito passivo do crime em comento é a Administração Mi- Se da violência praticada pelo agente resultar na vítima uma
litar, Estadual ou Federal, uma vez que sua autoridade acaba sendo lesão corporal, o infrator responderá por um concurso de crimes,
questionada pelo ato praticado pelo infrator. O sujeito passivo me- ou seja, além da pena prevista para a violência, ficará sujeito ainda
diato é a pessoa que sofre a violência, no caso o militar que possui a pena prevista para o crime de lesão corporal, art. 209, do Código
grau hierárquico superior ao infrator. Em razão disto, a vítima deste Penal Militar.
crime poderá ser tanto uma praça como um oficial.
O elemento objetivo do tipo penal encontra-se representado § 4º Se da violência resulta morte:
pelo verbo praticar violência, ou seja, praticar um ato ilegal con- Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
tra o superior hierárquico, o que evidencia muitas vezes a falta de

440
DIREITO PENAL MILITAR
Este parágrafo agrava a pena do agente em razão do resultado. Leciona Crysólito de Gusmão, que a insubordinação se define
Se em razão da violência resultar na morte da vítima, o infrator fica- como “ato pelo qual o militar quebra os laços de sujeição e obe-
rá sujeito a uma de reclusão de no mínimo doze e no máximo trinta diência hierárquica e disciplinar, [...] não obedecendo as ordens
anos de reclusão. A pena é bem mais severa em razão do bem tute- emanadas, por qualquer meio, de seus superiores” (Direito Penal
lado pela norma penal que é a autoridade do superior hierárquico. Militar, p. 64. apud, LOBÃO, 2006, p. 235.)
A lei não admite o que o superior sofra qualquer tipo de violência,
tampouco admite o evento morte. O objeto da tutela penal é o interesse relativo à subordinação,
ao respeito devido pelo inferior ao seu superior.
§ 5º A pena é aumentada da sexta parte, se o crime ocorre em Havendo excessos há excesso nos atos ou na forma de execu-
serviço. ção ou atos manifestamente criminosos, poderá o subordinado dei-
xar de cumprir a ordem destinada à prática de ato, caso contrário
Este parágrafo estabelece um outro aumento de pena no quan- responde penalmente juntamente como autor da ordem.
tum de um sexto quando a violência contra o superior é praticada
em serviço. O legislador entendeu que a conduta praticada em ser- Esta figura delitiva assume especial importância na discussão
viço não merece receber o mesmo tratamento que foi estabelecido sobre a obrigatoriedade de obediência do militar diante de uma or-
no caput do artigo. A disposição é correta e poderia ser até mais dem do superior hierárquico.
severa, pois a prática deste crime, por exemplo, na presença de Conquanto a matéria mereça detida análise, foge aos objetivos
outras pessoas demonstra não apenas um desrespeito para com o deste trabalho, sendo destacada, apenas, a necessidade da obe-
superior, mas também o desrespeito para com as pessoas que são diência da ordem que não se configura em crime manifesto.
as destinatárias dos serviços prestados pelas forças militares, que
terão uma visão negativa daqueles que tem o compromisso de pro- Tal posição corrobora a maior responsabilidade daquele que
teger a nação e também a integridade e o patrimônio daqueles que emite a ordem, a qual deve ser obedecida, ainda que ilegal, respon-
vivem no território dos Estados da Federação e do Distrito Federal. dendo apenas o superior, caso a ordem não seja manifestamente
ilegal e o subordinado a cumpra nos limites da determinação.
Violência contra militar de serviço
Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou Oposição à ordem de sentinela.
de quarto, ou contra sentinela, vigia ou plantão: Art.164 - Opor-se às ordens da sentinela:
Pena - reclusão, de três a oito anos. Pena - detenção, de seis meses a um ano, se o fato não consti-
Formas qualificadas tui crime mais grave.
§ 1º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa; Somente é aplicado
de um terço. se não puder ser aplicado o crime mais grave.
§ 2º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da
pena da violência, a do crime contra a pessoa. Reunião ilícita.
§ 3º Se da violência resulta morte: Dita a Lei: “promover a reunião de militares, ou nela tomar par-
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. te”.
Se há uma reunião de militares, somente militares podem dela
No presente crime, o sujeito ativo deste crime poderá ser mili- participar, e como o legislador igualou a conduta de promover com
tar ou civil. Trata-se de crime impropriamente militar. Frise-se que a de tomar parte, o delito somente pode ser atribuído a um militar.
neste crime há a ausência de dolo no resultado.
O sujeito passivo é a Força Armada.
Desrespeito a superior O objetivo final do comportamento é a reunião de militares
A legislação confere proteção à figura do superior hierárquico, para discutir ato de superior ou assunto atinente à disciplina militar.
especialmente no tocante ao respeito que deve ser dispensado à Portanto, nos moldes da lei, comete o crime quem patrocina, quem
sua figura. Note-se que não é à pessoa que se confere a proteção, fomenta, quem propõe ou mesmo quem participa do enlace. São
mas à figura que este representa dentro da organização militar. exemplos de conduta o envio de e-mails ou a realização de ligações
O objeto da tutela penal é a disciplina. A conduta incriminada telefônicas conclamando os colegas para reunirem-se, a oferta de
consiste em desrespeitar, o que significa faltar com consideração, local adequado etc.
com respeito, com acatamento, incompatíveis com a posição hie- Deve ser considerado elemento normativo do tipo que a dis-
rárquica de subordinado e superior, estabelecida pela estrutura cussão levada a efeito na reunião tenha por escopo desabonar ou
organizacional das Forças Armadas, da Polícia Militar e do Corpo firmar oposição à autoridade do superior e/ou à disciplina militar.
de Bombeiros Militares. Trata-se de conduta que, no meio social,
é considerada como falta de educação e no serviço público civil, Elemento subjetivo.
enseja punição disciplinar. É o dolo genérico de promover ou participar da reunião de mi-
litares, com o fim particular (dolo específico) de discutir ato de su-
No presente artigo ressalta-se a proteção à disciplina e à hierar- perior ou assunto atinente à disciplina militar, de forma a contrariar
quia, mormente pelo fato que a figura delitiva exigir, para sua con- os princípios da autoridade e disciplina.
figuração, que terceiro militar esteja presente, configurada, neste
momento, a ofensa à ordem da instituição militar. Consumação e tentativa.
Considerando que são duas as condutas previstas em lei, é pre-
Recusa de obediência ciso reconhecer momentos de consumação diversos.
O presente delito também é denominado como delito de insu- Na primeira hipótese o agente apenas promove a reunião
bordinação. de militares, portanto o crime aperfeiçoa-se no instante em que
o agente fomenta, dá impulso ao encontro, independente de sua
posterior participação.

441
DIREITO PENAL MILITAR
Já na segunda conduta, a consumação ocorre quando o sujeito impedimento de obter emprego público, de abrir conta bancária,
efetivamente participa do enlace. de obter ou regularizar o CPF ou título de eleitor, impedimento de
Caso o agente, além de promover, também participe da reu- matricular-se em curso de nível superior entre outras penalidades.
nião, não há problema algum: este fato (de participar da reunião) Assim, aquele que comete a deserção por estar cumprindo o
pode ser considerado exaurimento de sua conduta. serviço militar inicial já se encontra à margem desse ritmo de vida
globalizado, deixando, portanto, de ser um cidadão em sua pleni-
Sanção penal. tude.
O preceito sanção estipula penas diferentes para o agente que
promove face os outros que participam da reunião Abandono de Posto
A pena é de detenção de 6 meses a 1 ano para o agente que Conforme dispõe o artigo 195 do Código Penal Militar, pratica
promove a reunião e de 2 a 6 meses para os que dela participam. crime o militar que “abandonar, sem ordem superior, o posto ou
Ação penal é pública incondicionada. lugar de serviço que lhe tenha sido designado, ou o serviço que lhe
cumpria, antes de terminá-lo: Pena – detenção, de três meses a um
Publicação ou crítica indevida. ano.”
Dispõe o Art. 166 que publicar o militar ou assemelhado, sem Dessa forma, aquele que não cumpre a ordem recebida e re-
licença, ato ou documento oficial, ou criticar publicamente ato de solve por conta própria abandonar o local para onde se encontra
seu superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou a qualquer regularmente escalado ficará sujeito às consequências legais que
resolução do Governo: a pena é de detenção, de dois meses a um foram estabelecidas pelo legislador.
ano, se o fato não constitui crime mais grave. O crime em comento é crime próprio e seu sujeito ativo desse
Não há nenhuma dúvida de que o delito de publicação ou crí- crime, somente pode ser praticado por aquele que possui a condi-
tica indevida, contido no art. 166 do CPM, carece de constituciona- ção jurídica de militar federal, estadual ou mesmo do Distrito Fede-
lidade, sendo flagrantemente ilícita negar a liberdade de expressão ral, sendo apenas os militares das Forças Armadas ou os militares
e de informação a qualquer militar. Pior do que reprimir essa liber- das Forças Auxiliares. O sujeito passivo desse ilícito penal é o Estado
dade é reprimi-la com a ameaça da perda da própria liberdade de brasileiro, em especial, a Administração Pública das Forças Armadas
e das Forças Auxiliares.
ir e vir. Não se quer apenas calar, mas também impedir o direito de
O elemento objetivo do tipo penal encontra-se representado
ir e vir daquele profissional que se sentiu prejudicado por ato de
pelo verbo abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de
superior ou de governo.
serviço que lhe tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria,
antes de terminá-lo.
Resistência mediante ameaça ou violência.
A resistência mediante ameaça ou violência significa opor-se à
O elemento subjetivo é o dolo.
execução de ato legal, mediante ameaça ou violência ao executor,
A ação penal cabível na espécie é uma ação penal pública in-
ou a quem esteja prestando auxílio:
condicionada que ficará a cargo do Ministério Público Militar da
A pena do referido crime é concernente a detenção, de seis
União, quando se tratar de integrantes das Forças Armadas e do Mi-
meses a dois anos.
Forma qualificada - Se o ato não se executa em razão da resis- nistério Público dos Estados e do Distrito Federal quando se tratar
tência, aumentando assim a pena para reclusão de dois a quatro de integrantes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar.
anos. A pena prevista para o presente crime é a de detenção de três
meses a um ano, o que permite a aplicação dos benefícios estabele-
cidos na Lei Federal n. 9.099/95.
DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO MILITAR E O DEVER
MILITAR: DESERÇÃO, ABANDONO DE POSTO, DES- Descumprimento de missão
CUMPRIMENTO DE MISSÃO, EMBRIAGUEZ EM SERVI- O cumprimento de ordens e das missões não é uma faculdade,
ÇO, DORMIR EM SERVIÇO mas uma obrigação decorrente do dever militar e dos regulamentos
disciplinares.
Deserção A ausência injustificada nos dias em que o militar tenha sido
A deserção significa abandonar, ausentar-se, afastar-se de for- designado para a função específica de comando de patrulhas confi-
ma injusta da Unidade em que serve ou lugar em que deve perma- gura o crime de descumprimento de missão. De acordo com o art.
necer. 196 do CPM, é típica a conduta de “deixar o militar de desempenhar
O crime de deserção, previsto no art. 187 do Código Penal Mi- a missão que lhe foi confiada”.
litar, consuma-se pela ausência injustificada do militar, da unidade O presente crime encontra-se previsto no capítulo de crimes
onde serve, ou do lugar onde deveria permanecer, sendo-lhe comi- em serviço, e a missão, aqui, deve ser entendida como incumbên-
nada uma pena que varia de 6 meses a 2 anos de detenção. cia, tarefa designada ao militar.
A prática revela que existe uma diferença substancial nos moti- A missão confiada não deixa de ser serviço e, conforme enten-
vos que determinam a deserção dos policiais e bombeiros militares dimento doutrinário, trata-se de incumbência de maior relevância,
se comparados com aqueles predominantes nas Forças Armadas. de caráter intuitu personae e na qual o sujeito ativo deveria repre-
Nas Forças Armadas, a incidência maciça de desertores é origi- sentar seu superior hierárquico. Essa interpretação é condizente
nária daqueles que estão prestando o serviço militar inicial, que é com a ordem jurídica militar, norteada pela hierarquia e disciplina,
obrigatório a todos os brasileiros, nos termos do art. 143 da Consti- e que objetiva a proteção especial dos interesses do Estado e das
tuição Federal, sendo ínfima a quantidade de desertores que sejam instituições militares.
militares de carreira (voluntários), sejam oficiais ou praças.
A deserção tem efeitos civis danosos para aquele que a come-
te, decorrente exatamente da ausência de documento compro-
batório da regularidade da situação militar do brasileiro, ou seja,

442
DIREITO PENAL MILITAR
Embriaguez em serviço. I - não se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias,
A embriaguez é o estado de quem se embriagou; findo o prazo de trânsito ou férias;
Leciona o lustre doutrinador penalista Mirabete, que embria- II - deixa de se apresentar a autoridade competente, dentro do
guez é a intoxicação aguda e transitória causada pelo álcool ou prazo de oito dias, contados daquele em que termina ou é cassada
substância de efeitos análogos, que priva o sujeito da capacidade a licença ou agregação ou em que é declarado o estado de sítio ou
normal de entendimento. de guerra;
A embriaguez apresenta três fases: a) a da excitação; b) a da III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro do
depressão e c) a do sono. A embriaguez incompleta corresponde à prazo de oito dias;
primeira fase; a completa, às duas últimas. IV - consegue exclusão do serviço ativo ou situação de inativi-
Por outro lado, temos a conduta do “estar em serviço”, ou seja, dade, criando ou simulando incapacidade.
não há caracterização da conduta do crime de embriaguez se o mi- Art. 189. Nos crimes dos arts. 187 e 188, ns. I, II e III:
litar não está de serviço ou não se apresenta assim para iniciá-lo. Atenuante especial
Para a configuração de que o policial militar esteja em serviço, I - se o agente se apresenta voluntariamente dentro em oito
devem-se verificar aspectos como o seu regime de trabalho, as suas dias após a consumação do crime, a pena é diminuída de metade; e
escalas, os seus locais de atuação. de um terço, se de mais de oito dias e até sessenta;
Resta ainda a conduta da apresentação do militar para o ser-
viço, ou seja, é a situação em que o militar, sabedor de que en- Agravante especial
trará em serviço, venha a embriagar-se e, ao chegar no local em II - se a deserção ocorre em unidade estacionada em fronteira
que deve assumir as suas atividades, encontra-se embriagado. Para ou país estrangeiro, a pena é agravada de um terço.
tanto, como já ressaltado, destaca-se a necessidade do militar ter
plena consciência que entrará em serviço, seja ele ordinário ou ex- CAPÍTULO III
traordinário. DO ABANDONO DE POSTO E DE OUTROS
CRIMES EM SERVIÇO
Dormir em serviço.
“Constitui-se o dormir em serviço crime propriamente militar Abandono de posto
previsto no artigo 203 do Código Penal Militar (CPM) e com supedâ-
neo na classificação do artigo 9º, inciso I, daquele Código, estando Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de
mormente previsto também como transgressão disciplinar no Re- serviço que lhe tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria,
gulamento Disciplinar da instituição militar. antes de terminá-lo:
Através de um estudo sistemático buscou-se demonstrar que o Pena - detenção, de três meses a um ano.
delito do sono somente se procede na modalidade dolosa, exigindo
do acusado uma vontade consciente de dormir durante o serviço de Descumprimento de missão
sentinela, vigia, ou qualquer serviço de natureza semelhante como
rádio-patrulhamento, colocando em situação de vulnerabilidade as Art. 196. Deixar o militar de desempenhar a missão que lhe foi
instalações e instituições militares. Outro ponto abordado foi a des- confiada:
classificação para infração disciplinar caso não seja reconhecido o Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não cons-
dolo na conduta do agente, haja vista a norma penal não prever a titui crime mais grave.
modalidade culposa. § 1º Se é oficial o agente, a pena é aumentada de um terço.
Dita a doutrina e a jurisprudência, que a ação incriminada é a § 2º Se o agente exercia função de comando, a pena é aumen-
tada de metade.
de dormir em serviço, não importando se houve ou não resultado
Modalidade culposa
naturalistico. O bem jurídico tutelado é a segurança das instituições
§ 3º Se a abstenção é culposa:
que possuem a nobre missão de garantir a ordem pública perante a
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Constituição da República.
Cumpre ilustrar que se o acusado praticar a conduta descrita
Embriaguez em serviço
no tipo sob efeito de alguma patologia orgânica ou ser vencido pelo
sono sob efeito de algum medicamento, sendo devidamente com-
Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou apre-
provado, deve ser totalmente isento de pena ou quaisquer punição
sentar-se embriagado para prestá-lo:
em âmbito disciplinar, por ausência do elemento subjetivo. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Código Penal Militar: Dormir em serviço
CAPÍTULO II
DA DESERÇÃO Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de
quarto ou de ronda, ou em situação equivalente, ou, não sendo ofi-
Deserção cial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao leme,
de ronda ou em qualquer serviço de natureza semelhante:
Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que Pena - detenção, de três meses a um ano.
serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena
é agravada.

Casos assimilados
Art. 188. Na mesma pena incorre o militar que:

443
DIREITO PENAL MILITAR
No âmbito da União não se aplica os preceitos estabelecidos na
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO MILITAR: DESA- Lei Federal 7.210/84, mas os dispositivos existentes no CPM, par-
CATO A SUPERIOR, DESACATO A MILITAR, DESOBEDI- te geral, que cuidam da execução penal. Além disso, no âmbito da
ÊNCIA, PECULATO, PECULATO-FURTO, CONCUSSÃO, União o Superior Tribunal Militar editou súmula impedindo a aplica-
CORRUPÇÃO ATIVA, CORRUPÇÃO PASSIVA, FALSIFI- ção da Lei dos Juizados no âmbito da Justiça Militar da União, bus-
CAÇÃO DE DOCUMENTO, FALSIDADE IDEOLÓGICA, cando desta forma vincular a primeira instância quanto a matéria.
USO DE DOCUMENTO FALSO.DOS CRIMES CONTRA O
DEVER FUNCIONAL: PREVARICAÇÃO A prática do desacato é um ato que demonstra uma flagran-
te violação aos preceitos que regem a vida militar, e o legislador
ciente da importância da preservação dos pilares das Instituições
O Código Penal Militar a princípio não busca proteger a pessoa Militares, a hierarquia e a disciplina, entendeu que deveria punir
do militar, mas sim a própria Administração Militar, as Instituições de forma mais severa do que aquela estabelecida no caput o militar
Militares, e também o patrimônio físico das instalações militares. estadual, ou mesmo o militar federal, que venha a praticar o ato
O conteúdo tratado no presente Capítulo diz respeito aos cri- de desacato em desfavor de um oficial general ou comandante de
mes que são praticados contra a Administração Militar, devendo ser unidade.
entendido como sendo a Administração Pública Militar da União,
dos Estados Federados e do Distrito Federal, que se encontra repre- Desacato a superior.
sentada por seus agentes, em especial, por aqueles que exercem O desacato a superior consiste na ofensa lançada contra a dig-
função de comando, ou se encontram no comando de uma fração, nidade, o decoro ou a autoridade do superior hierárquico.
de um grupamento, de um destacamento, de um batalhão, região, Trata-se de delito subsidiário, isto é, o agente só responderá
ou qualquer outra unidade militar, órgãos operacionais, órgãos de por ele quando sua conduta não se subsumir em tipo penal de
apoio, ou mesmo os órgãos de saúde. maior gravidade.
O crime de desacato a superior encontra-se elencado no artigo Na sistemática atual, o legislador distinguiu o desacato prati-
298 do Código Penal Militar. cado contra superior daquele irrogado em desfavor de outros mi-
É importante ilustrar que, este crime é um crime propriamente litares que não possuam tal qualidade em relação ao sujeito ativo
militar, existindo unicamente no Código Penal Militar. (art. 299).
Deste modo, o sujeito ativo deste crime é apenas e tão somen- Existe uma tênue diferença entre dignidade e decoro. A dig-
te o militar que se encontre subordinado a outro militar, que deverá nidade é empregada como indicativa das qualidades morais (ho-
ser superior em relação ao infrator com base nos critérios que re- nestidade, bravura, correção etc.). O decoro, por sua vez, refere-se
gem a hierarquia militar. ao valor social de um indivíduo (vigor físico, capacidade laborativa
Já o sujeito passivo deste ilícito imediata é a Administração etc.).
Militar, União, Estados e Distrito Federal, e de forma mediata o su- A autoridade conferida ao militar decorre da lei e é, por conse-
perior que foi desacatado por força do ato praticado pelo infrator. guinte, irrenunciável e indisponível, sendo especialmente tutelada
O elemento objetivo, ou seja, a ação necessária para a prática pelo ordenamento jurídico, a começar pela Constituição Federal,
deste ilícito está representado pelo verbo desacatar, cuja significa- que em seu artigo 142 dispõe: “As Forças Armadas, constituídas
do é, diminuir, desconsiderar, menosprezar, o superior hierárquico pela Marinha, Exército e Aeronáutica, são instituições permanentes
ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, que deve ser entendido e regulares, organizadas com base na hierarquia e disciplina, sob a
como sendo a moral do militar, ou ainda procurando deprimir-lhe autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à
a autoridade, conforme dita o artigo 298 do Código Penal Militar. O defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por ini-
elemento subjetivo é o dolo, e não se admite a prática deste ilícito ciativa de qualquer deles, da lei e da ordem”.
penal na modalidade culposa.
A pena prevista se inicia com um ano de reclusão podendo che- Objetividade jurídica.
Para o fiel cumprimento de suas missões constitucionais as
gar até quatro anos de reclusão, desde que o fato praticado não
Forças Armadas não podem relegar a segundo plano os princípios
constitua crime mais grave, ou seja, uma tentativa de homicídio, ou
basilares da hierarquia e da disciplina.
mesmo um crime de lesão corporal de natureza grave.
Ademais, o militar, na qualidade de agente dos interesses pú-
No âmbito dos Estados e do Distrito Federal, a autoridade judi-
blicos, é um instrumento da soberana vontade de atuação do Esta-
ciária competente para processar e julgar este ilícito continua sen-
do, o que faz com que a norma jurídica lhe resguarde, além da inco-
do o Conselho de Justiça, Especial ou Permanente. No âmbito da
lumidade pessoal, o desempenho normal, a dignidade e o prestígio
União, a autoridade competente também é o Conselho de Justiça,
das funções exercidas na Administração.
Especial ou Permanente. Devido a sua natureza e por ser um crime
O bem jurídico tutelado pela norma em exame, portanto, é
propriamente militar este tipo de ilícito é incompatível com a Lei a regular atividade administrativa militar, violada em face de uma
Federal 9099/95 e também com a Suspensão Condicional da Pena, conduta deprimente da hierarquia, que se faz representar pela or-
Sursis, devido a flagrante quebra de hierarquia e disciplina. O militar denação da autoridade militar em níveis diferenciados, dentro da
condenado por este crime faz jus desde que a pena seja inferior a estrutura das Forças Armadas.
quatro anos ao regime aberto de cumprimento de pena. No âmbito O sujeito ativo é o militar de condição hierárquica inferior
da Segunda Auditoria Judiciária Militar do Estado de Minas Gerais, àquele contra quem são lançadas as ofensas depressivas da função
o militar condenado ao regime aberto deve dormir todos os dias no militar superior.
Quartel responsável pelo cumprimento de sua execução, sob pena Sujeito passivo do delito é a Administração Militar, não admi-
de revogação deste benefício, com a fixação do regime semiaberto tindo a lei que os fundamentos institucionais das Forças Armadas
em atendimento as disposições estabelecidas na Lei de Execução sejam violados por meio de ofensas irrogadas por um militar contra
Penal. seu superior.

444
DIREITO PENAL MILITAR
O superior ofendido é sujeito passivo secundário do delito. Regra geral, as observações aduzidas no item anterior são per-
Ilustre-se que superior é o militar que ocupa posto ou graduação tinentes ao presente estudo, enfatizando-se que no delito de desa-
em nível mais elevado ou aquele que, em virtude da função, exerce cato a superior a condição de prevalência hierárquica é elementar
autoridade sobre outro de igual posto ou graduação. do tipo, aspecto que o distingue do crime de desacato a militar, ilí-
Conduta: Desacatar, que significa ofender, desprestigiar, causar cito sob enfoque.
vexame ou humilhação à dignidade, ao decoro ou à autoridade do De qualquer sorte, como firmado alhures, a autoridade confe-
superior hierárquico. rida ao militar decorre da lei, em essência irrenunciável e indisponí-
Ensina Hungria que o desacato é “a grosseira falta de acata- vel, sendo certo que qualquer conduta que a viole atinge, em verda-
mento, podendo consistir em palavras injuriosas, difamatórias ou de, o interesse social no regular funcionamento da Administração.
caluniosas, vias de fato, agressão física, ameaças, gestos obscenos, O bem jurídico protegido pela norma é a normalidade da ges-
etc.”. tão pública, a tranquilidade, o bom andamento, a incolumidade, a
Não é preciso, contudo, que o superior sinta-se ofendido, bas- probidade e o prestígio da Administração Militar.
tando que insultuosa seja a conduta do subordinado. Por outro No direito penal comum controversa é a questão concernente
lado, não constituirá delito quando os atos praticados não forem ao sujeito ativo do delito de desacato, até porque, no código penal
potencialmente atentatórios à Administração Militar. brasileiro a infração está prevista no capítulo “Dos crimes pratica-
Verifica-se o crime não só quando o superior se encontra no dos por particular contra a administração em geral”.
exercício de suas funções (in officio), senão também quando não o Não pode ser sujeito ativo do crime o militar subalterno àquele
está, sendo o desacato praticado propter officium. Não é necessário contra quem foram lançadas as ofensas, tendo em vista a figura es-
que o delito seja praticado dentro do quartel ou em área sujeita à pecífica de desacato a superior.
Administração Castrense, pois, de acordo com o Estatuto dos Mili- O sujeito ativo do crime de desacato a militar poderá ser um
tares, a disciplina e a hierarquia devem ser mantidas em todas as civil, funcionário público ou não, ou um militar, salvo quando este
circunstâncias da vida, entre militares da ativa, da reserva ou re- for hierarquicamente subordinado ao militar ofendido.
formados. Há, todavia, possibilidade de que mesmo o militar subalterno
Indispensável, porém, à caracterização do desacato é a presen- seja sujeito ativo do crime. Trata-se da hipótese em que o agen-
te desconhece a qualidade de superior do ultrajado ou quando a
ça do superior por ocasião da ofensa, circunstância que é pressu-
ofensa é praticada em repulsa a agressão, oportunidades em que o
posto do fato e condição necessária ao aperfeiçoamento do crime.
superior despe-se, por mandamento expresso da lei, desta qualida-
Portanto, não há desacato na ofensa realizada pela imprensa, por
de, operando-se a desclassificação do crime de desacato a superior
petição, por meio de documento, por via telefônica, por parte ou
para desacato a militar.
ofício etc.
Sujeito passivo do delito é a Administração Militar. Secundaria-
Igualmente não existirá crime nas críticas generalizadas contra
mente, também como sujeito passivo, aparece o militar ultrajado
a Instituição Militar, pois para a consumação do delito é preciso que
em sua honra profissional.
a ofensa seja dirigida ao superior hierárquico.
Importante ilustrar que entende-se por militar “qualquer pes-
A publicidade do ultraje não constitui o tipo penal, que se in- soa que, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às Forças
tegraliza mesmo quando a ofensa seja irrogada sem a presença de Armadas, para nelas servir de posto, graduação, ou sujeição à dis-
outras pessoas, além do superior atacado em sua dignidade, decoro ciplina militar”.
ou autoridade. Desacatar significa ofender, desprestigiar, menoscabar, causar
Consuma-se o delito no momento e local onde foram proferi- vexame ou humilhação, desta feita, atingindo a dignidade, a res-
das as palavras ultrajantes ou praticados os atos ofensivos, pouco peitabilidade, o decoro, a decência, a honra e o pudor do militar no
importando, como visto, que o superior sinta-se ofendido, pois o exercício de suas funções ou em razão dela.
que está recebendo a especial tutela da lei penal é o prestígio do Também aqui não se faz necessário que o militar sinta-se real-
cargo militar. mente ofendido com o ultraje recebido, sendo mister, contudo, que
A tentativa é possível, salvo quando se tratar de crime unissub- a conduta seja praticada em sua presença.
sistente. Não constituem o delito a censura ponderada ou a crítica since-
O elemento subjetivo do desacato é o propósito de ofender a ra. De acordo com o texto legal, a conduta pode ser realizada contra
dignidade e o decoro ou depreciar a autoridade do superior hierár- o militar no exercício da função de natureza militar ou em razão
quico. dela.
É importante que o agente saiba que está se dirigindo a um
superior, condição elementar do tipo. A ignorância ou o erro so- Consumação e tentativa.
bre essa circunstância exclui, na sistemática do Código Penal Militar Delito formal, o desacato a militar consuma-se no momento e
(art. 36), a culpabilidade. no local em que foi praticado o ultraje.
É necessário que fiquem demonstradas a consciência e a von- A tentativa é admissível quando a conduta for cindível ou re-
tade de desacatar. parável. Podemos citar como exemplo, a hipótese do agente pre-
tender, durante uma formatura ou solenidade, atingir o decoro
Desacato a militar do militar presente, com faixas portadoras de dizeres ultrajantes
Dando continuidade à tutela da Administração Militar, resguar- relacionados com o exercício da função militar, e é impedido pela
dando seu corpo funcional, prevê a lei o delito de desacato, que segurança.
muito se aproxima dos crimes previstos nos artigos 298 e 300 (de- O elemento subjetivo do delito é a intenção consciente de
sacato a superior e desacato a funcionário), tendo como caracterís- ofender, subestimar, depreciar o militar, sendo o ultraje destinado
tica própria o fato de que o ultraje seja irrogado contra militar no a desprestigiar a função de natureza militar, isto porque quando a
exercício de sua função ou em razão dela. ofensa reveste-se de cunho estritamente pessoal, não haverá, ob-
Trata-se de delito subsidiário, respondendo o agente pelo tipo viamente, crime contra a Administração Militar.
em exame, a não ser que a conduta constitua crime mais grave.

445
DIREITO PENAL MILITAR
Enalteça-se que não subsiste o desacato se não estiver presen- É indispensável, para a configuração do crime, que a ordem
te a intenção de ofender ou desprestigiar a própria Administração seja transmitida diretamente ao desobediente, todavia, se a ordem
Militar. não for claramente repassada ao agente ou se este dela não tiver
Portanto, é necessário que o agente saiba que está se dirigindo conhecimento perfeito, o delito não se aperfeiçoará.
a um militar, condição elementar do tipo. A ignorância ou o erro so- Importante, também, que a ordem seja individualizada e dirigi-
bre essa circunstância exclui, na sistemática do Código Penal Militar da a pessoa que tenha o dever jurídico de obedecê-la.
(art. 36), a culpabilidade. Não exige a lei a presença da autoridade militar que expediu a
ordem, bastando que reste comprovada a ciência do agente e sua
Desobediência desobediência.
A desobediência é a recusa consciente e pacífica de acatamen- Se a recalcitrância à ordem se revestir de violência ou ameaça,
to à ordem emanada de autoridade militar. O agente limita-se a não o delito é o de resistência, consoante dispõe o artigo 177.
agir de acordo com a determinação recebida, ferindo, destarte, a Consuma-se o delito no instante e no local da ação ou absten-
normalidade da gestão administrativa. ção indevidas. Nesta última hipótese, via de regra, a consumação do
Diferencia-se da resistência e da recusa de obediência (insu- crime é naturalmente condicionada ao decurso do prazo estipulado
bordinação), uma vez que, na primeira há o emprego de ameaça pela autoridade para o cumprimento da ordem. Não havendo prazo
ou violência ao executor da ordem e na segunda, insubordinação, marcado, considera-se um lapso temporal que seja juridicamente
a tutela da lei penal é diversa: a autoridade e a disciplina militares. relevante, capaz de indicar com segurança a ocorrência da infração.
A objetividade jurídica do delito de desobediência é o prestígio Em sendo a conduta omissiva (delito omissivo próprio), não se
e a dignidade da Administração Militar, cujas ordens emanadas por admite, de forma alguma, a tentativa: ou o agente praticou o ato no
intermédio de seus agentes devem ser acatadas e cumpridas. prazo, nada havendo a punir, ou, escoado aquele, estará consuma-
De se destacar que os atos da Administração gozam das pre- do o delito.
sunções de legitimidade e veracidade, além do que são imperativos O elemento subjetivo é o dolo (consciência e vontade) genérico
e auto-executórios. de não atender a ordem legal, sabendo-a emanada da autoridade
Sujeito ativo do crime é aquele que desobedece a ordem, po- militar.
dendo ser um civil ou mesmo um militar. É possível a configuração Desta forma, não constitui crime de desobediência a conduta
da coautoria na desobediência. de marinheiro estrangeiro, desconhecedor da língua portuguesa,
Podemos dizer portanto que desobediência é crime de relação que, por falta de entendimento, desobedece a determinação verbal
de função, isto é, pressupõe uma subordinação hierárquica funcio- de integrante de patrulha naval.
nal entre o sujeito ativo e o passivo. Ora, como visto, qualquer indi- O erro plenamente justificado quanto à qualidade do militar
víduo pode ser agente do delito, prescindido-se, por consequência, que dá a ordem, exclui a culpabilidade (art. 36). Porém, a simples
de qualquer vínculo funcional com referência à autoridade expedi- dúvida a respeito, caracteriza o dolo eventual.
dora da ordem. Do mesmo modo, é necessário é que o agente tenha consciên-
Sujeito passivo da incriminação é, em primeiro lugar, a Admi- cia de sua obrigação em cumprir a ordem dada. Se, eventualmente,
nistração Militar, titular da normalidade e regularidade da gestão por erro escusável, o agente supõe lícito o fato, em face de errada
pública e, em especial, do princípio da autoridade. compreensão da lei, a pena pode ser atenuada ou substituída por
Em segundo lugar, aparece como ofendido a autoridade militar outra menos grave (art. 35).
que expediu a ordem desprestigiada pelo agente. Autoridade militar
são os integrantes das Forças Armadas no exercício de suas funções Peculato
próprias. Assim, desde o soldado e a sentinela até o General, todos Deve-se ao direito romano o surgimento do crime de peculato.
devem exercer, com autoridade, eficiência e probidade, as funções É crime que consiste na subtração ou desvio, por abuso de confian-
que lhes couberem em decorrência dos cargos que ocupam. ça, de dinheiro público ou de coisa móvel apreciável, para provei-
A conduta diz respeito ao verbo desobedecer, que significa a to próprio ou alheio, por funcionário público que os administra ou
desatender, não acatar, descumprir a ordem dada. guarda; abuso de confiança pública.
O delito pode ser praticado por ação ou por omissão, a depen- Não obstante, em que pesem as semelhanças entre o peculato
der do conteúdo da determinação. e a apropriação indébita, diferenças estruturais os distinguem, a sa-
Assim, por exemplo, se a ordem impõe uma conduta positiva, ber: 1) qualidade do sujeito ativo; 2) título de posse; 3) pluralidade
como por exemplo, a apresentação de carteira de identificação mili- de condutas previstas no peculato3.
tar, o crime se verifica com a abstenção do mandamento. É certo, contudo, que constitui peculato a conduta do militar
Ao contrário, se a ordem é no sentido de que o agente deixe ou funcionário civil que se apropria ou desvia, em proveito próprio
de agir, caracteriza o ilícito a conduta positiva ao revés da ordem. ou de terceiro, de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
Não há crime, porém, quando a ordem desobedecida não for público ou particular, de que tem a posse ou detenção em razão de
revestida de legalidade, quer do ponto de vista formal (falta de seu cargo ou comissão.
competência funcional da autoridade), quer do ponto de vista ma-
terial, como se dá, por exemplo, com a situação em que o motorista Objetividade jurídica.
se recusa a cumprir a exigência da autoridade militar de que lhe No peculato convergem a violação do dever funcional e o dano
peça desculpas por ter violado uma regra de tráfego. patrimonial, que.
Não se deve, confundir ilegalidade do ato de ofício com a pos- Não obstante, inegável que a objetividade jurídica de maior re-
sível injustiça da ordem. Estando o ato regular em sua forma e en- levo não é tanto a defesa do patrimônio público, senão o interesse
contrando respaldo em preceito legal, aperfeiçoam-se os requisitos da Administração Militar, genericamente considerado, no sentido
de sua idoneidade, concretizando as presunções características dos de zelar pela probidade e fidelidade do agente administrativo.
atos administrativos. O dano, mais do que material, é moral e político.
Por outro lado, o descumprimento deve recair sobre uma or-
dem, inexistindo infração quando não é acatado um simples pedido
da autoridade militar.

446
DIREITO PENAL MILITAR
O peculato é crime próprio, sendo indispensável que o agente O peculato pode concorrer com outros delitos, como ocorre
detenha a condição de militar ou de funcionário civil da Administra- quando, por exemplo, o encarregado do paiol falsifica os mapas de
ção Militar, tendo em vista que a apropriação ou desvio ocorre em controle de munição, lançando como consumido material que foi
razão do cargo ou da comissão. desviado em proveito de terceiro; na hipótese o peculato concorre
Não obstante, é admissível a imputação, em concurso de pes- com a falsidade.
soas, contra indivíduo estranho à Administração Militar, isto por- Peculato agravado.
que, de acordo com a regra estabelecida pelo art. 53, § 1º, do CPM, De acordo com o § 1º, a pena de peculato aumenta-se de um
as condições ou circunstâncias de caráter pessoal, quando elemen- terço quando o objeto material sobre o qual recaiu a ação é de valor
tares do crime, são comunicáveis. Porém, faz-se mister que o parti- superior a vinte vezes o salário mínimo.
cular tenha ciência da condição do agente.
Deve-se atentar para o fato de que o crime de peculato é contra Peculato-furto.
a Administração Militar e não contra o patrimônio. Trata a lei no § 2º do artigo 303 do peculato-furto ou impróprio.
Portanto, mesmo quando o bem apropriado ou desviado per-
Ao contrário do caput, o militar ou funcionário não detém a
tencer a particular, o sujeito passivo principal é a Administração.
posse do dinheiro, valor ou bem móvel, público ou particular, sendo
Todavia o particular também pode figurar como sujeito passivo do
que a conduta criminosa, ao invés de consistir em uma apropriação
delito, ainda que secundariamente.
ou desvio, consubstancia-se na subtração da coisa.
No peculato próprio, isto é, na modalidade prevista no caput
do artigo 303, as condutas típicas constituem-se em apropriação Não obstante, é mister que o agente valha-se de sua condição
ou desvio. de militar ou funcionário para a configuração do delito. Se tal não
Na primeira hipótese, o agente inverte o título de posse, pas- ocorrer, como, por exemplo, na situação em que o militar, median-
sando a dispor do dinheiro, valor ou bem, retendo, alienando, con- te escalada e arrombamento, invade a tesouraria da unidade em
sumindo etc, agindo como se dono fosse do objeto material, aco- que serve e subtrai grande quantidade de vales-transportes, estará
modando-o aos seus desideratos, portando-se tal e qual o legítimo praticando o crime de furto qualificado e não o de peculato-furto.
proprietário. São duas as modalidades de conduta previstas na norma. Na
Merece destaque que a posse referida pela lei deve resultar do primeira, o funcionário pratica diretamente a subtração; na segun-
cargo ou da comissão e compreende a possibilidade de dispor da da espécie, o militar ou funcionário, com consciência e vontade,
coisa, fora da esfera de vigilância de outrem, em consequência da concorre para que outrem, subtraia o dinheiro, valor ou bem.
função jurídica desempenhada pelo agente no âmbito da Adminis- Consuma-se o delito com a inversão de posse do objeto mate-
tração Militar. rial, sendo possível a tentativa.
Se a entrega da coisa ao agente tiver se dado de forma viciada, Elemento subjetivo é o dolo de subtrair ou concorrer na sub-
tração da coisa, aliado à intenção de proveito próprio ou alheio,
fraudulenta ou através de erro ou violência, a posse será ilícita e,
abrangendo, destarte, a consciência da facilidade que a condição
portanto, não se aperfeiçoará o peculato próprio.
de funcionário ou militar proporciona ao agente.
A segunda modalidade de conduta consiste no desvio da coi-
sa. Desviar é desencaminhar, alterar o destino ou a aplicação. “Ao
Concussão
invés do destino certo e determinado do bem de que tem a posse, A concussão é crime militar impróprio, no qual o sujeito ativo
o agente lhe dá outro, no interesse próprio ou de terceiro”8, como é funcionário público civil ou militar e sua essência reside no abu-
na hipótese do desvio de mercadorias do aprovisionamento da Uni- so da função exercida. O sujeito passivo é a administração militar,
dade, praticado por militar auxiliar-de-rancho, em proveito de civis ofendida pela ação do agente, que exerce uma função pública, des-
comerciantes9. sa forma, existe uma preocupação com a moralidade das atividades
O proveito próprio ou alheio de que trata a lei pode ser de desempenhadas pelos policiais militares. Ação incriminada consiste
ordem material ou moral, servindo até mesmo o desvio praticado em exigir vantagem indevida, direta ou indiretamente, em razão da
para fins de obtenção de prestígio pessoal ou político. função pública. Exigir é reclamar, intimar, impor como obrigação,
Objeto material do peculato é o dinheiro, valor ou qualquer ou- assim, a ação do agente deve obrigatoriamente relacionar-se com o
tro bem móvel, público ou particular. exercício da função pública.
Consuma-se o delito, na modalidade peculato-apropriação, O crime de concussão é uma espécie de extorsão praticada por
quando o militar ou funcionário inverte a titulação de posse, agindo funcionário público, com abuso de autoridade contra o particular. É
como dono, sobre o dinheiro, valor ou bem que lhe foi entregue em um delito formal, pois consuma-se com a exigência da vantagem in-
razão do cargo. devida, pouco importando se esta vem a ser devolvida ao particular
No caso de peculato-desvio, verifica-se o crime quando o agen- posteriormente, portanto, não existe tentativa nesse crime.
te dá às coisas destino ou aplicação diversa da destinação ou apli-
cação certa e determinada, não sendo necessário que haja efetivo Corrupção Ativa
proveito próprio ou alheio. A corrupção ativa ocorre quando alguém oferece alguma coi-
A tentativa é admissível. sa (normalmente, mas não necessariamente, dinheiro ou um bem)
Elemento subjetivo: no peculato-apropriação, o elemento sub- para que um agente público faça ou deixe de fazer algo que não
jetivo é o dolo genérico de apropriação do dinheiro, valor ou bem deveria.
móvel, com intenção de definitiva de não restituir a coisa (animus Podemos citar como exemplo, o motorista que, parado por
rem sibi habendi). excesso de velocidade, oferece uma “ajuda” ao policial. Atente-se
que, no presente caso, o criminoso é quem oferece a propina e não
Tratando-se de peculato-desvio, além do dolo genérico de em-
o agente público, que provavelmente irá prender o criminoso. Para
pregar a coisa em fim diverso àquele a que era destinado, é exigível
que o crime esteja configurado, não importa que o agente aceite a
a presença do dolo específico (elemento subjetivo do tipo) consis-
propina: o crime se consuma no momento em que o motorista ten-
tente na intenção de auferimento de proveito próprio ou de tercei-
ta corromper o policial, ou seja, no momento em que ele ofereceu
ro, excluído o animus rem sibi habendi. a propina.

447
DIREITO PENAL MILITAR
Corrução Passiva Desobediência
A corrupção passiva ocorre quando o agente público pede uma Art. 301. Desobedecer a ordem legal de autoridade militar:
propina ou qualquer outra coisa para fazer ou deixar de fazer algo. Pena - detenção, até seis meses.
Por exemplo, o juiz que pede algo para julgar um processo mais Ingresso clandestino
rapidamente ou o senador que pede uma ajuda para a campanha Art. 302. Penetrar em fortaleza, quartel, estabelecimento mili-
em troca de seu voto. Independe se a outra parte dê o que é pedido tar, navio, aeronave, hangar ou em outro lugar sujeito à administra-
pelo corrupto: o corrupto comete o crime a partir do momento que ção militar, por onde seja defeso ou não haja passagem regular, ou
pede a coisa ou vantagem. iludindo a vigilância da sentinela ou de vigia:
Falsificação de documento. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não cons-
Dispõe o artigo que “falsificar, no todo ou em parte, documen- titui crime mais grave.
to público ou particular, ou alterar documento verdadeiro, desde
que o fato atente contra a administração ou o serviço militar:” CAPÍTULO II
Pena - sendo documento público, reclusão, de dois a seis anos; DO PECULATO
sendo documento particular, reclusão, até cinco anos.
Agravação da pena Peculato
§ 1º A pena é agravada se o agente é oficial ou exerce função Art. 303. Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro
em repartição militar. bem móvel, público ou particular, de que tem a posse ou detenção,
em razão do cargo ou comissão, ou desviá-lo em proveito próprio
Falsidade ideológica. ou alheio:
Dita o artigo 312 que omitir, em documento público ou parti- Pena - reclusão, de três a quinze anos.
cular, declaração que dele devia constar, ou mele inserir ou fazer § 1º A pena aumenta-se de um terço, se o objeto da apropria-
inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o ção ou desvio é de valor superior a vinte vezes o salário mínimo.
fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre
fato juridicamente relevante, desde que o fato atente contra a ad- Peculato-furto
ministração ou o serviço militar: § 2º Aplica-se a mesma pena a quem, embora não tendo a pos-
Pena - reclusão, até cinco anos, se o documento é público; re- se ou detenção do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou contribui
clusão, até três anos, se o documento é particular. para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
da facilidade que lhe proporciona a qualidade de militar ou de fun-
Uso de documento falso cionário.
O artigo 315 dispõe que fazer uso de qualquer dos documentos
falsificados ou alterados por outrem, a que se referem os artigos Peculato culposo
anteriores: (...)
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
CAPÍTULO III
TÍTULO VII DA CONCUSSÃO, EXCESSO DE EXAÇÃO E DESVIO
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO MILITAR
CAPÍTULO I Concussão
DO DESACATO E DA DESOBEDIÊNCIA Art. 305. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamen-
te, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
Desacato a superior dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Art. 298. Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou o
decoro, ou procurando deprimir-lhe a autoridade: Excesso de exação
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui crime Art. 306. Exigir imposto, taxa ou emolumento que sabe inde-
mais grave. vido, ou, quando devido, empregar na cobrança meio vexatório ou
gravoso, que a lei não autoriza:
Agravação de pena Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. A pena é agravada, se o superior é oficial ge-
neral ou comandante da unidade a que pertence o agente. Desvio
Art. 307. Desviar, em proveito próprio ou de outrem, o que re-
Desacato a militar cebeu indevidamente, em razão do cargo ou função, para recolher
Art. 299. Desacatar militar no exercício de função de natureza aos cofres públicos:
militar ou em razão dela: Pena - reclusão, de dois a doze anos.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não cons-
titui outro crime. CAPÍTULO IV
DA CORRUPÇÃO
Desacato a assemelhado ou funcionário
Art. 300. Desacatar assemelhado ou funcionário civil no exer- Corrupção passiva
cício de função ou em razão dela, em lugar sujeito à administração Art. 308. Receber, para si ou para outrem, direta ou indireta-
militar: mente, ainda que fora da função, ou antes de assumi-la, mas em ra-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não cons- zão dela vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
titui outro crime. Pena - reclusão, de dois a oito anos.

448
DIREITO PENAL MILITAR
Aumento de pena 11. DOS CRIMES CONTRA O DEVER FUNCIONAL: PREVARICA-
§ 1º A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da ÇÃO.
vantagem ou promessa, o agente retarda ou deixa de praticar qual-
quer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. Prevaricação é um crime funcional, praticado por funcionário
público contra a Administração Pública. A prevaricação é o ato de
Diminuição de pena retardar, deixar de praticar ou praticar indevidamente ato de ofício,
§ 2º Se o agente pratica, deixa de praticar ou retarda o ato de ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer inte-
ofício com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou in- resse ou sentimento pessoal.
fluência de outrem: O crime de prevaricação, é o único ilícito previsto no Código
Penal Militar que tem numeração semelhante no Código Penal Bra-
Pena - detenção, de três meses a um ano. sileiro. Deve-se observar ainda, que por força da lei federal ao artigo
Corrupção ativa 319 foi acrescido o art. 319-A, que cuida dos atos praticados pelo
Art. 309. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou vantagem in- Diretor de Penitenciária ou por agentes públicos quanto a vedação
devida para a prática, omissão ou retardamento de ato funcional: do uso de aparelho celular por detentos, e que tem a previsão de
Pena - reclusão, até oito anos. uma pena de detenção de três meses a um ano.
Aumento de pena Entendeu o legislador que não se deve admitir que um militar
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se, em ra- no exercício de suas funções constitucionais e legais deixe de prati-
zão da vantagem, dádiva ou promessa, é retardado ou omitido o car um ato de ofício, ou seja, ou ato que se encontra estabelecido
ato, ou praticado com infração de dever funcional. expressamente em lei.
(...) O sujeito ativo deste crime é o militar, federal ou estadual.
CAPÍTULO V O sujeito passivo deste ilícito penal é a Administração Pública
DA FALSIDADE Militar.
O elemento objetivo do tipo penal encontra-se representado
Falsificação de documento pelos verbos retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
ofício, ou praticá-lo contra expressa disposição de lei, para satisfa-
Art. 311. Falsificar, no todo ou em parte, documento público
zer interesse ou sentimento pessoal.
ou particular, ou alterar documento verdadeiro, desde que o fato
O elemento subjetivo é o dolo, não se admitindo a prática do
atente contra a administração ou o serviço militar:
ilícito penal na modalidade culposa. A ação penal cabível na espé-
Pena - sendo documento público, reclusão, de dois a seis anos;
cie é uma ação penal pública incondicionada que ficará a cargo do
sendo documento particular, reclusão, até cinco anos.
Ministério Público. A pena prevista para o ilícito penal em comento
é uma pena de detenção de seis meses a dois anos, o que significa
Agravação da pena
que o militar condenado por este crime militar impróprio poderá
§ 1º A pena é agravada se o agente é oficial ou exerce função
ser beneficiado com o regime aberto, nos casos em que se admite
em repartição militar. a aplicação da Lei de Execução Penal, o direito de recorrer em liber-
dade, e ainda a suspensão condicional do processo.
Documento por equiparação
§ 2º Equipara-se a documento, para os efeitos penais, o disco (...)
fonográfico ou a fita ou fio de aparelho eletromagnético a que se CAPÍTULO VI
incorpore declaração destinada à prova de fato juridicamente re- DOS CRIMES CONTRA O DEVER FUNCIONAL
levante.
Prevaricação
Falsidade ideológica
Art. 312. Omitir, em documento público ou particular, decla- Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
ração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir de- ofício, ou praticá-lo contra expressa disposição de lei, para satisfa-
claração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de zer interesse ou sentimento pessoal:
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
juridicamente relevante, desde que o fato atente contra a adminis- (...)
tração ou o serviço militar:
Pena - reclusão, até cinco anos, se o documento é público; re-
EXERCÍCIOS
clusão, até três anos, se o documento é particular.

(...) 1. FCC - Defensor Público do Estado do Maranhão/2018


Segundo o Código Penal Militar brasileiro,
Uso de documento falso (A) a reforma é uma espécie de pena acessória que sujeita o
condenado a permanecer no recinto da unidade, sem prejuízo
Art. 315. Fazer uso de qualquer dos documentos falsificados da instrução militar.
ou alterados por outrem, a que se referem os artigos anteriores: (B) a pena de impedimento sujeita o condenado à situação de
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. inatividade e fora da unidade militar.
(C) o crime cometido em país estrangeiro só atenua o crime
quando praticado por civil.
(D) a suspensão dos direitos políticos é efeito automático das
condenações militares, ainda que o réu seja civil.
(E) é vedada, em tempos de paz, a suspensão condicional da
pena para o crime de desrespeito a superior.

449
DIREITO PENAL MILITAR
2. Com relação aos crimes contra a Autoridade ou Disciplina 5. Com relação aos crimes contra a Autoridade ou Disciplina
Militar, é correto afirmar: Militar, é correto afirmar:
(A) o simples concerto de militares para a prática do crime de (A) o simples concerto de militares para a prática do crime de
motim não é punível, nos termos da lei penal militar, se estes motim não é punível, nos termos da lei penal militar, se estes
não iniciarem, ao menos, os atos executórios do crime de mo- não iniciarem, ao menos, os atos executórios do crime de mo-
tim. tim.
(B) militares que apenas se utilizam de viatura militar para ação (B) militares que apenas se utilizam de viatura militar para ação
militar, em detrimento da ordem ou disciplina militar, mas sem militar, em detrimento da ordem ou disciplina militar, mas sem
ocupar quartel, cometem o crime de motim. ocupar quartel, cometem o crime de motim.
(C) o militar que, estando presente no momento da prá- tica (C) o militar que, estando presente no momento da prá- tica
do crime de motim, não usar de todos os meios ao seu alcance do crime de motim, não usar de todos os meios ao seu alcance
para impedi-lo, será responsabilizado como partícipe deste. para impedi-lo, será responsabilizado como partícipe deste.
(D) o militar que, antes da execução do crime de motim e quan- (D) o militar que, antes da execução do crime de motim e quan-
do era ainda possível evitar-lhe as consequências, denuncia o do era ainda possível evitar-lhe as consequências, denuncia o
ajuste de que participou terá a pena diminuída pela metade ajuste de que participou terá a pena diminuída pela metade
com relação ao referido crime militar. com relação ao referido crime militar.
(E) a reunião de dois ou mais militares com armamento ou ma- (E) a reunião de dois ou mais militares com armamento ou ma-
terial bélico, de propriedade militar, para a prá- tica de violên- terial bélico, de propriedade militar, para a prá- tica de violên-
cia contra coisa particular, só caracterizará o crime de organiza- cia contra coisa particular, só caracterizará o crime de organiza-
ção de grupo para a prática de violência se a coisa se encontrar ção de grupo para a prática de violência se a coisa se encontrar
em lugar sujeito à administração militar. em lugar sujeito à administração militar.

3.Acerca das causas excludentes do crime, assinale a alterna- 6. cerca do concurso de agentes, assinale a opção correta à luz
tiva incorreta. do CPM.
(A) No Código Penal Militar existe uma causa de justificação es- (A) No cálculo da pena de crimes militares em que haja con-
pecial que é a discriminante do comandante de navio, aerona- curso de pessoas, as condições ou as circunstâncias de caráter
ve ou praça de guerra, concedendo autoridade ao comandan- pessoal dos coautores serão consideradas apenas nos casos
te para compelir seus subordinados a realizarem manobras e em que os agentes tenham consciência dessas condições ou
serviços urgentes, com a finalidade de salvaguardar quer vidas circunstâncias.
humanas, quer a própria unidade. (B) O CPM tipifica como causa de aumento da pena o fato de
(B) O estrito cumprimento do dever legal é causa de exclusão um agente dirigir as atividades dos demais agentes envolvidos
de ilicitude, prevista no Código Penal Militar de 1969, que não no evento delituoso.
o conceitua, assim como não é conceituado no Código Penal. (C) Se o crime for praticado com o concurso de dois ou mais
Ambos, porém, definem o estado de necessidade e a legítima oficiais, a pena desses oficiais deverá ser aplicada em dobro.
defesa. (D) Agente cuja participação no crime seja de menor impor-
(C) No direito militar pátrio, em matéria de legítima defesa, em tância deve ser apenado na mesma proporção que os demais
que pese ser permitida a repulsa à “agressão, atual ou iminen- agentes envolvidos no delito.
te, a direito próprio ou de outrem”, serão sempre considerados (E) Se o crime for cometido por inferiores juntamente com um
elementos constitutivos do crime: a qualidade de superior ou ou mais oficiais, estes, assim como os demais inferiores que
a de inferior, a de oficial de dia, de serviço ou de quarto, ou a estiverem exercendo função de oficial, serão considerados ca-
de sentinela, vigia ou plantão, quando a ação é praticada em beças da ação delituosa.
repulsa à agressão.
(D) A diferença entre o estado de necessidade como excludente 7. Em relação ao inquérito policial militar, assinale a alternativa
de culpabilidade e o estado de necessidade como excludente ERRADA:
do crime, quanto aos requisitos que os constituem, é que, nes- (A) A autoridade militar não poderá mandar arquivar autos de
te, o agente não era legalmente obrigado a arrostar o perigo e, inquérito, embora conclusivo da inexistência de crime ou de
naquele, não lhe era razoavelmente exigível conduta diversa. inimputabilidade do indiciado.
(B) O arquivamento do inquérito não obsta a instauração de
4. Assinale a alternativa que indica um crime propriamente mi- outro. Se novas provas aparecerem em relação ao fato, ressal-
litar, de acordo com a denominada Teoria Clássica. vados o caso julgado e os casos de extinção de punibilidade.
(A) Dano em navio de guerra ou mercante em serviço militar (C) O Ministério Público poderá requerer o arquivamento dos
(art. 263 do Código Penal Militar). autos se entender inadequada a instauração do inquérito.
(B) Ingresso clandestino (art. 302 do Código Penal Militar) (D) Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos a auto-
(C) Favorecimento a desertor (art. 193 do Código Penal Militar). ridade policial militar, a não ser mediante requisição do Minis-
(D) Omissão de socorro (art. 201 do Código Penal Militar). tério Público para diligências por ele consideradas imprescindí-
(E) Ofensa às Forças Armadas (art. 219 do Código Penal Militar). veis ao oferecimento da denúncia.
(E) O inquérito é indispensável para o oferecimento da denún-
cia.

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DIREITO PENAL MILITAR
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GABARITO
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1 E ______________________________________________________
2 B ______________________________________________________
3 C
______________________________________________________
4 D
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5 B
6 E ______________________________________________________
7 E ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES
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DIREITO PENAL MILITAR
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DIREITOS HUMANOS

regra imposta pelos deuses de que todo homem deveria ser enter-
PRECEDENTES HISTÓRICOS DO DIREITO rado para que pudesse partir desta vida: a lei natural prevaleceria
HUMANITÁRIO: LIGA DAS NAÇÕES E ORGANIZAÇÃO então sobre a ordem do rei.4
INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT) Os sofistas, seguidores de Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.), o pri-
meiro grande filósofo grego, questionaram essa concepção de lei
O surgimento dos direitos humanos está envolvido num histó- natural, pois a lei estabelecida na polis, fruto da vontade dos cida-
rico complexo no qual pesaram vários fatores: tradição humanista, dãos, seria variável no tempo e no espaço, não havendo que se falar
recepção do direito romano, senso comum da sociedade da Euro- num direito imutável; ao passo que Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.),
pa na Idade Média, tradição cristã, entre outros1. Com efeito, são que o sucedeu, estabeleceu uma divisão entre a justiça positiva e a
muitos os elementos relevantes para a formação do conceito de natural, reconhecendo que a lei posta poderia não ser justa5.
direitos humanos tal qual perceptível na atualidade de forma que é Aristóteles6 argumenta: “lei particular é aquela que cada comu-
difícil estabelecer um histórico linear do processo de formação des- nidade determina e aplica a seus próprios membros; ela é em parte
tes direitos. Entretanto, é possível apontar alguns fatores históricos escrita e em parte não escrita. A lei universal é a lei da natureza.
e filosóficos diretamente ligados à construção de uma concepção Pois, de fato, há em cada um alguma medida do divino, uma justiça
contemporânea de direitos humanos. natural e uma injustiça que está associada a todos os homens, mes-
É a partir do período axial (800 a.C. a 200 a.C.), ou seja, mes- mo naqueles que não têm associação ou pacto com outro”.
mo antes da existência de Cristo, que o ser humano passou a ser Nesta linha, destaca-se o surgimento do estoicismo, doutrina
considerado, em sua igualdade essencial, como um ser dotado de que se desenvolveu durante seis séculos, desde os últimos três
liberdade e razão. Surgiam assim os fundamentos intelectuais para séculos anteriores à era cristã até os primeiros três séculos desta
a compreensão da pessoa humana e para a afirmação da existência era, mas que trouxe ideias que prevaleceram durante toda a Idade
de direitos universais, porque a ela inerentes. Durante este período Média e mesmo além dela. O estoicismo organizou-se em torno de
que despontou a ideia de uma igualdade essencial entre todos os algumas ideias centrais, como a unidade moral do ser humano e a
homens. Contudo, foram necessários vinte e cinco séculos para que dignidade do homem, considerado filho de Zeus e possuidor, como
a Organização das Nações Unidas - ONU, que pode ser considerada consequência, de direitos inatos e iguais em todas as partes do
a primeira organização internacional a englobar a quase-totalidade mundo, não obstante as inúmeras diferenças individuais e grupais7.
dos povos da Terra, proclamasse, na abertura de uma Declaração Influenciado pelos estoicos, Cícero (106 a.C. - 43 a.C.), um dos
Universal dos Direitos Humanos de 1948, que “todos os homens principais pensadores do período da jovem república romana, tam-
nascem livres e iguais em dignidade e direitos”2. bém defendeu a existência de uma lei natural. Neste sentido é a
No berço da civilização grega continuou a discussão a respeito assertiva de Cícero8: “a razão reta, conforme à natureza, gravada
da existência de uma lei natural inerente a todos os homens. As em todos os corações, imutável, eterna, cuja voz ensina e prescreve
premissas da concepção de lei natural estão justamente na discus- o bem, afasta do mal que proíbe e, ora com seus mandados, ora
são promovida na Grécia antiga, no espaço da polis. Neste sentido, com suas proibições, jamais se dirige inutilmente aos bons, nem
destaca Assis3 que, originalmente, a concepção de lei natural está fica impotente ante os maus. Essa lei não pode ser contestada, nem
ligada não só à de natureza, mas também à de diké: a noção de derrogada em parte, nem anulada; não podemos ser isentos de seu
justiça simbolizada a partir da deusa diké é muito ampla e abstrata, cumprimento pelo povo nem pelo senado; não há que procurar
mas com a legislação passou a ter um conteúdo palpável, de modo para ela outro comentador nem intérprete; não é uma lei em Roma
que a justiça deveria corresponder às leis da cidade; entretanto, é e outra em Atenas, - uma antes e outra depois, mas uma, sempiter-
na e imutável, entre todos os povos e em todos os tempos”.
preciso considerar que os costumes primitivos trazem o justo por
Com a queda do Império Romano, iniciou-se o período medie-
natureza, que pode se contrapor ao justo por convenção ou legisla-
val, predominantemente cristianista. Um dos grandes pensadores
ção, devendo prevalecer o primeiro, que se refere ao naturalmente
do período, Santo Tomás de Aquino (1225 d.C. -1274 d.C.)9, supon-
justo, sendo esta a origem da ideia de lei natural.
do que o mundo e toda a comunidade do universo são regidos pela
De início, a literatura grega trouxe na obra Antígona uma dis-
razão divina e que a própria razão do governo das coisas em Deus
cussão a respeito da prevalência da lei natural sobre a lei posta. Na
obra, a protagonista discorda da proibição do rei Creonte de que 4 SÓFOCLES. Édipo rei / Antígona. Tradução Jean Melville. São Paulo: Martin
seu irmão fosse enterrado, uma vez que ele teria traído a pátria. As- Claret, 2003.
sim, enterra seu irmão e argumenta com o rei que nada do que seu 5 ASSIS, Olney Queiroz. O estoicismo e o Direito: justiça, liberdade e poder. São
irmão tivesse feito em vida poderia dar o direito ao rei de violar a Paulo: Lúmen, 2002.
6 ARISTÓTELES.Retórica. Tradução Marcelo Silvano Madeira. São Paulo: Rideel,
1 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Humanos e Crítica Moderna. Revista 2007.
Jurídica Consulex. São Paulo, ano XIII, n. 300, p. 27-29, jul. 2009. 7 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 3.
2 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
ed. São Paulo: Saraiva, 2004. 8 CÍCERO, Marco Túlio. Da República. Tradução Amador Cisneiros. Rio de Janei-
3 ASSIS, Olney Queiroz. O estoicismo e o Direito: justiça, liberdade e poder. São ro: Ediouro, 1995.
Paulo: Lúmen, 2002. 9 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução Aldo Vannucchi e Outros.

453
DIREITOS HUMANOS
fundamenta-se em lei, entendeu que existe uma lei eterna ou divi- príncipe pretende conquistar e manter o poder, os meios que em-
na, pois a razão divina nada concebe no tempo e é sempre eterna. pregue serão sempre tidos como honrosos, e elogiados por todos,
Com base nisso, Aquino10 chamou de lei natural “a participação da pois o vulgo atenta sempre para as aparências e os resultados”.
lei eterna na lei racional”. Sobre o conteúdo da lei natural, definiu Os monarcas dos séculos XVI, XVII e XVIII agiam de forma au-
Aquino (2005, p. 562) que “todas aquelas coisas que devem ser fei- tocrática, baseados na teoria política desenvolvida até então que
tas ou evitadas pertencem aos preceitos da lei de natureza, que a negava a exigência do respeito à Ética, logo, ao direito natural,
razão prática naturalmente apreende ser bens humanos”. Logo, a lei no espaço público. Somente num momento histórico posterior se
natural determina o agir virtuoso, o que se espera do homem em permitiu algum resgate da aproximação entre a Moral e o Direito,
sociedade, independentemente da lei humana. qual seja o da Revolução Intelectual dos séculos XVII e XVIII, com
Com a concepção medieval de pessoa humana é que se iniciou o movimento do Iluminismo, que conferiu alicerce para as Revo-
um processo de elaboração em relação ao princípio da igualdade luções Francesa e Industrial - ainda assim a visão antropocentrista
de todos, independentemente das diferenças existentes, seja de or- permaneceu, mas começou a se consolidar a ideia de que não era
dem biológica, seja de ordem cultural. Foi assim, então, que surgiu possível que o soberano impusesse tudo incondicionalmente aos
o conceito universal de direitos humanos, com base na igualdade seus súditos.
essencial da pessoa11. Com efeito, quando passou a se questionar o conceito de So-
No processo de ascensão do absolutismo europeu, a monar- berano, ao qual todos deveriam obediência mas que não deveria
quia da Inglaterra encontrou obstáculos para se estabelecer no iní- obedecer a ninguém. Indagou-se se os indivíduos que colocaram o
cio do século XIII, sofrendo um revés. Ao se tratar da formação da Soberano naquela posição (pois sem povo não há Soberano) teriam
monarquia inglesa, em 1215 os barões feudais ingleses, em uma direitos no regime social e, em caso afirmativo, quais seriam eles.
reação às pesadas taxas impostas pelo Rei João Sem-Terra, impu- As respostas a estas questões iniciam uma visão moderna do direito
seram-lhe a Magna Carta. Referido documento, em sua abertura, natural, reconhecendo-o como um direito que acompanha o cida-
expõe a noção de concessão do rei aos súditos, estabelece a exis- dão e não pode ser suprimido em nenhuma circunstância.14
tência de uma hierarquia social sem conceder poder absoluto ao Antes que despontassem as grandes revoluções que interrom-
soberano, prevê limites à imposição de tributos e ao confisco, cons- peram o contexto do absolutismo europeu, na Inglaterra houve
titui privilégios à burguesia e traz procedimentos de julgamento ao uma árdua discussão sobre a garantia das liberdades pessoais, ain-
prever conceitos como o de devido processo legal, habeas corpus da que o foco fosse a proteção do clero e da nobreza. Quando a
e júri. Não que a carta se assemelhe a uma declaração de direitos dinastia Stuart tentou transformar o absolutismo de fato em abso-
humanos, principalmente ao se considerar que poucos homens na- lutismo de direito, ignorando o Parlamento, este impôs ao rei a Peti-
quele período eram de fato livres, mas ela foi fundamental naquele ção de Direitos de 1948, que exigia o cumprimento da Magna Carta
contexto histórico de falta de limites ao soberano12. A Magna Carta de 1215. Contudo, o rei se recusou a fazê-lo, fechando por duas
de 1215 instituiu ainda um Grande Conselho que foi o embrião para vezes o Parlamento, sendo que a segunda vez gerou uma violenta
o Parlamento inglês, embora isto não signifique que o poder do rei reação que desencadeou uma guerra civil. Após diversas transições
não tenha sido absoluto em certos momentos, como na dinastia no trono inglês, despontou a Revolução Gloriosa que durou de 1688
Tudor. Havia um absolutismo de fato, mas não de Direito. até 1689, conferindo-se o trono inglês a Guilherme de Orange, que
Em geral, o absolutismo europeu foi marcado profundamente aceitou a Declaração de Direitos - Bill of Rights.
pelo antropocentrismo, colocando o homem no centro do universo, Todo este movimento resultou, assim, nas garantias expressas
ocupando o espaço de Deus. Naturalmente, as premissas da lei na- do habeas corpus e do Bill of Rights de 1698. Por sua vez, a institui-
tural passaram a ser questionadas, já que geralmente se associavam ção-chave para a limitação do poder monárquico e para garantia
à dimensão do divino. A negação plena da existência de direitos das liberdades na sociedade civil foi o Parlamento e foi a partir do
inatos ao homem implicava em conferir um poder irrestrito ao so- Bill of Rights britânico que surgiu a ideia de governo representativo,
berano, o que gerou consequências que desagradavam a burguesia. ainda que não do povo, mas pelo menos de suas camadas superio-
O príncipe, obra de Maquiavel (1469 d.C. - 1527 d.C.) conside- res15.
rada um marco para o pensamento absolutista, relata com precisão Tais ideias liberais foram importantes como base para o Ilu-
este contexto no qual o poder do soberano poderia se sobrepor minismo, que se desencadeou por toda a Europa. Destaca-se que
a qualquer direito alegadamente inato ao ser humano desde que quando isso ocorreu, em meados do século XVIII, se dava o advento
sua atitude garantisse a manutenção do poder. Maquiavel13 consi- do capitalismo em sua fase industrial. O processo de formação do
dera “na conduta dos homens, especialmente dos príncipes, contra capitalismo e a ascensão da burguesia trouxeram implicações pro-
a qual não há recurso, os fins justificam os meios. Portanto, se um fundas no campo teórico, gerando o Iluminismo.
O Iluminismo lançou base para os principais eventos que ocor-
reram no início da Idade Contemporânea, quais sejam as Revolu-
ções Francesa, Americana e Industrial. Tiveram origem nestes movi-
Direção Gabriel C. Galache e Fidel García Rodríguez. Coordenação Geral Carlos-
mentos todos os principais fatos do século XIX e do início do século
-Josaphat Pinto de Oliveira. Edição Joaquim Pereira. São Paulo: Loyola, 2005b.
XX, por exemplo, a disseminação do liberalismo burguês, o declínio
v. VI, parte II, seção II, questões 57 a 122.
das aristocracias fundiárias e o desenvolvimento da consciência de
10 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução Aldo Vannucchi e
classe entre os trabalhadores16.
Outros. Direção Gabriel C. Galache e Fidel García Rodríguez. Coordenação Geral
Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. Edição Joaquim Pereira. São Paulo: Loyola,
2005b. v. VI, parte II, seção II, questões 57 a 122.
11 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 3. 14 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Humanos e Crítica Moderna. Revista
ed. São Paulo: Saraiva, 2004. Jurídica Consulex. São Paulo, ano XIII, n. 300, p. 27-29, jul. 2009.
12 AMARAL, Sérgio Tibiriçá. Magna Carta: Algumas Contribuições Jurídicas. 15 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 3.
Revista Intertemas: revista da Toledo. Presidente Prudente, ano 09, v. 11, p. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
201-227, nov. 2006. 16 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do homem das
13 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro Nassetti. São Paulo: cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner e Standisch
Martin Claret, 2007. Meacham. São Paulo: Globo, 2005.v. 2.

454
DIREITOS HUMANOS
Jonh Locke (1632 d.C. - 1704 d.C.) foi um dos pensadores da Fato é que quanto maior a autonomia de vontade - buscada
época, transportando o racionalismo para a política, refutando o nas revoluções anteriores - melhor funciona o mercado capitalista,
Estado Absolutista, idealizando o direito de rebelião da sociedade beneficiando quem possui maior número de bens. Assim, a clas-
civil e afirmando que o contrato entre os homens não retiraria o seu se que detinha bens, qual seja a burguesia, ampliou sua esfera de
estado de liberdade. Ao lado dele, pode ser colocado Montesquieu poder, enquanto que o proletariado passou a ser vítima do poder
(1689 d.C. - 1755 d.C.), que avançou nos estudos de Locke e na obra econômico. No Estado Liberal, aquele que não detém poder econô-
O Espírito das Leis estabeleceu em definitivo a clássica divisão de mico fica desprotegido. O indivíduo da classe operária sozinho não
poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Por fim, merece men- tinha defesa, mas descobriu que ao se unir com outros em situação
ção o pensador Rousseau (1712 d.C. - 1778 d.C.), defendendo que o semelhante poderia conquistar direitos. Para tanto, passaram a or-
homem é naturalmente bom e formulando na obra O Contrato So- ganizar greves.
cial a teoria da vontade geral, aceita pela pequena burguesia e pelas Nasceu, assim, o direito do trabalho, voltado à proteção da ví-
camadas populares face ao seu caráter democrático. Enfim, estes tima do poder econômico, o trabalhador. Parte-se do princípio da
três contratualistas trouxeram em suas obras as ideias centrais das hipossuficiência do trabalhador, que é o princípio da proteção e que
Revoluções Francesa e Americana. Em comum, defendiam que o gerou os princípios da primazia, da irredutibilidade de vencimentos
Estado era um mal necessário, mas que o soberano não possuía e outros. Nota-se que no campo destes direitos e dos demais direi-
poder divino/absoluto, sendo suas ações limitadas pelos direitos tos econômicos, sociais e culturais não basta uma postura do indiví-
dos cidadãos submetidos ao regime estatal. No entanto, Rousseau duo: é preciso que o Estado interfira e controle o poder econômico.
era o pensador que mais se diferenciava dos dois anteriores, que Entre os documentos relevantes que merecem menção nesta
eram mais individualistas e trouxeram os principais fundamentos esfera, destacam-se: Constituição do México de 1917, Constituição
do Estado Liberal, porque defendia a entrega do poder a quem re- Alemã de Weimar de 1919 e Tratado de Versalhes de 1919, sendo
almente estivesse legitimado para exercê-lo, pensamento que mais que o último instituiu a Organização Internacional do Trabalho - OIT
se aproxima da atual concepção de democracia. (que emitia convenções e recomendações) e pôs fim à Primeira
1) O primeiro grande movimento desencadeado foi a Revolu- Guerra Mundial.
ção Americana. Em 1776 se deu a independência das treze Colônias No final do século XIX e no início de século XX, o mundo passou
da América Continental Britânica, registrada na Declaração de Direi- por variadas crises de instabilidade diplomática, posto que vários
tos do Homem e, posteriormente, na Declaração de Independência. países possuíam condições suficientes para se sobreporem sobre
Após diversas batalhas, a Inglaterra reconheceu a independência os demais, resultado dos avanços tecnológicos e das melhorias no
em 1783. Destacam-se alguns pontos do primeiro documento: o padrão de vida da sociedade. Neste contexto, surgiram condições
artigo I do referido documento assegura a igualdade de todos de para a eclosão das duas Guerras Mundiais, eventos que alteraram o
maneira livre e independente, considerando esta como um direito curso da história da civilização ocidental. Entre estas, destaca-se a
inato; o artigo II estabelece que o poder pertence ao povo e que o Segunda Guerra Mundial, cujos eventos foram marcados pela desu-
Estado é responsável perante ele; o artigo V prevê a separação dos manização: todos com o devido respaldo jurídico perante o ordena-
poderes e o artigo VI institui a realização de eleições diretas, neces- mento dos países que determinavam os atos. A teoria jurídica que
sariamente. A declaração americana estava mais voltada aos ameri- conferiu fundamento a um Direito que aceitasse tantas barbáries,
canos do que à humanidade, razão pela qual a Revolução Francesa sem perder a sua validade, foi o Positivismo que teve como precur-
costuma receber mais destaque num cenário histórico global. sor Hans Kelsen, com a obra Teoria Pura do Direito.
2) Já a Revolução Francesa decorreu da incapacidade do gover- No entender de Kelsen19, a justiça não é a característica que
no de resolver sua crise financeira, ascendendo com isso a classe distingue o Direito das outras ordens coercitivas porque é relativo
burguesa (sans-culottes), sendo o primeiro evento de tal ascensão o juízo de valor segundo o qual uma ordem pode ser considerada
a Queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789, seguida por outros justa. Percebe-se que a Moral é afastada como conteúdo necessário
levantes populares. Derrubados os privilégios das classes dominan- do Direito, já que a justiça é o valor moral inerente ao Direito.
tes, a Assembleia se reuniu para o preparo de uma carta de liber- .A Segunda Guerra Mundial chegou ao fim somente em 1945,
dades, que veio a ser a Declaração dos Direitos do Homem e do após uma sucessão de falhas alemãs, que impediram a conquista
Cidadão.17 de Moscou, desprotegeram a Itália e impossibilitaram o domínio da
Entre outras noções, tal documento previu: a liberdade e igual- região setentrional da Rússia (produtora de alimentos e petróleo).
dade entre os homens quanto aos seus direitos (artigo 1º), a ne- Já o evento que culminou na rendição do Japão foi o lançamento
cessidade de conservação dos seus direitos naturais, quais sejam das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki. O mundo somen-
a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão te tomou conhecimento da extensão da tirania alemã quando os
(artigo 2º); a limitação do direito de liberdade somente por lei (arti- exércitos Aliados abriram os campos de concentração na Alemanha
go 4º); o princípio da legalidade (artigo 7º); o princípio da inocência e nos países por ela ocupados, encontrando prisioneiros famintos,
(artigo 9º); a manifestação livre do pensamento (artigos 10 e 11); e doentes e brutalizados, além de milhões de corpos dos judeus, po-
a necessária separação de poderes (artigo 16). loneses, russos, ciganos, homossexuais e traidores do Reich em ge-
3) Por sua vez, a Revolução Industrial, que começou na Ingla- ral, que foram perseguidos, torturados e mortos20.
terra, criou o sistema fabril, o que reformulou a vida de homens Vale ressaltar a constituição de um órgão que foi o responsá-
e mulheres pelo mundo todo, não só pelos avanços tecnológicos,
vel por redigir o primeiro documento de relevância internacional
mas notadamente por determinar o êxodo de milhões de pessoas
abrangendo a questão dos direitos humanos. Em 26 de junho de
do interior para as cidades. Os milhares de trabalhadores se sujei-
1945 foi assinada a carta de organização das Nações Unidas, que
tavam a jornadas longas e desgastantes, sem falar nos ambientes
insalubres e perigosos, aos quais se sujeitavam inclusive as crianças. cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner e
Neste contexto, surgiu a consciência de classe18, lançando-se base Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005.v. 2.
para uma árdua luta pelos direitos trabalhistas. 19 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradução João Baptista Macha-
17 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do homem das do. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner e Standisch 20 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do homem das
Meacham. São Paulo: Globo, 2005.v. 2. cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner e Standisch
18 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do homem das Meacham. São Paulo: Globo, 2005.v. 2.

455
DIREITOS HUMANOS
tem por fundamento o princípio da igualdade soberana de todos Ao lado do sistema global surgiram os sistemas regionais de
os estados que buscassem a paz, possuindo uma Assembleia Geral, proteção, que buscam internacionalizar os direitos humanos no pla-
um Conselho de Segurança, uma Secretaria, em Conselho Econômi- no regional, em especial na Europa, na América e na África26. Resul-
co e Social, um Conselho de Mandatos e um Tribunal Internacional tou deste processo a Convenção Americana de Direitos Humanos
de Justiça21. (Pacto de São José da Costa Rica) de 1969.
Entre 20 de novembro de 1945 e 1º de outubro de 1946 re- No âmbito nacional, destacam-se as positivações nos textos
alizou-se o Tribunal de Nuremberg, ao qual foram submetidos a das Constituições Federais. Afinal, como explica Lafer27, a afirma-
julgamento os principais líderes nazistas, o principal argumento ção do jusnaturalismo moderno de um direito racional, universal-
levantado foi o de que todas as ações praticadas foram baseadas mente válido, gerou implicações relevantes na teoria constitucional
em ordens superiores, todas dotadas de validade jurídica perante a e influenciou o processo de codificação a partir de então. Embora
Constituição. Explica Lafer22: “No plano do Direito, uma das manei- muitos direitos humanos também se encontrem nos textos consti-
ras de assegurar o primado do movimento foi o amorfismo jurídico tucionais, aqueles não positivados na Carta Magna também pos-
da gestão totalitária. Este amorfismo reflete-se tanto em matéria suem proteção porque o fato de este direito não estar assegurado
constitucional quanto em todos os desdobramentos normativos. constitucionalmente é uma ofensa à ordem pública internacional,
A Constituição de Weimar nunca foi ab-rogada durante o regime ferindo o princípio da dignidade humana.
nazista, mas a lei de plenos poderes de 24 de março de 1933 teve Trabalhando de forma específica dentro deste histórico prece-
não só o efeito de legalizar a posse de Hitler no poder como o de dentes jurídicos da internacionalização dos direitos humanos, men-
legalizar geral e globalmente as suas ações futuras. Dessa maneira, ciona-se inicialmente o direito humanitário e a fundação da Cruz
como apontou Carl Schmitt - escrevendo depois da II Guerra Mun- Vermelha.
dial -, Hitler foi confirmado no poder, tornando-se a fonte de toda Historicamente, em 9 de fevereiro de 1863, fundou-se o Comi-
legalidade positiva, em virtude de uma lei do Parlamento que mo- tê dos Cinco, como uma comissão de investigação da Sociedade de
dificou a Constituição. Também a Constituição stalinista de 1936, Genebra para o Bem-estar Público. Entre seus objetivos, se encon-
completamente ignorada na prática, nunca foi abolida”. trava o de organizar uma conferência internacional sobre a possível
No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações implementação das ideias de Henri Dunant.
Unidas elaborou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Um Depois da primeira conferência, adotou-se a primeira Conven-
dos principais pensadores que contribuiu para a Declaração Univer- ção de Genebra, de 22 de agosto de 1864, tratando das condições
sal dos Direitos Humanos de 1948 foi Maritain23, que entendia que dos feridos das forças armadas no campo de batalha. A convenção
os direitos humanos da pessoa como tal se fundamentam no fato continha dez artigos, estabelecendo pela primeira vez regras legais
de que a pessoa humana é superior ao Estado, que não pode impor garantindo a neutralidade e a proteção para soldados feridos, mem-
a ela determinados deveres e nem retirar dela alguns direitos, por bros de assistência médica e certas instituições humanitárias, no
ser contrário à lei natural. Em suma, para o filósofo o homem ético é caso de um conflito armado, aceitando-se a fundação de socieda-
fiel aos valores da verdade, da justiça e do amor, e segue a doutrina des nacionais com este fim de proteção. Após o estabelecimento da
cristã para determinar seus atos: tais elementos determinam o agir Convenção de Genebra, as primeiras sociedades nacionais foram
moral e levam à produção do bem na sociedade humanista integral. fundadas.
Moraes24 lembra que a Declaração de 1948 foi a mais importan- Quando Henri Dunant foi à falência, a imagem do Comitê dos
te conquista no âmbito dos direitos humanos fundamentais em ní- Cinco ficou comprometida perante a opinião pública, embora neste
vel internacional, muito embora o instrumento adotado tenha sido meio tempo tivessem sido fundadas outras sociedades nacionais.
uma resolução, não constituindo seus dispositivos obrigações jurí- Em 1876, o comitê adotou o nome Comitê Internacional da Cruz
dicas dos Estados que a compõem. O fato é que desse documento Vermelha (CICV), que é até o presente sua designação oficial, cujo
se originaram muitos outros, nos âmbitos nacional e internacional, esforços têm sido reconhecidos até hoje, tanto que por três vezes
sendo que dois deles praticamente repetem e pormenorizam o seu recebeu o Prêmio Nobel da Paz (1917, 1944, e 1963).
conteúdo, quais sejam: o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Os outros dois precedentes históricos reconhecidos pela dou-
Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e trina decorrem do Tratado de Versalhes.
Culturais, ambos de 1966. Em 1914 eclodiu a Primeira Guerra Mundial, apesar das inú-
Ainda internacionalmente, após os pactos mencionados, vários meras tentativas de diplomacia após 1870. Em 1882, foi formada a
tratados internacionais surgiram. Nesta linha, Piovesan25 apontou Tríplice Aliança, entre Alemanha, Itália e Áustria-Hungria, visando
os seguintes documentos: Convenção Internacional sobre a Elimi- impedir que a França buscasse vingança após a derrota na Guerra
nação de todas as formas de Discriminação Racial, Convenção sobre Franco-Prussiana. Contudo, os países europeus começaram a des-
a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher, confiar das boas intenções dos seus vizinhos e, em 1907, se formou a
Tríplice Entente, composta por França, Grã-Bretanha e Rússia. Dentro
Convenção sobre os Direitos da Criança, Convenção sobre os Direi-
das próprias alianças não eram poucos os conflitos internos e, aliados
tos das Pessoas com Deficiência, Convenção contra a Tortura, etc.
a esta instabilidade diplomática, o nacionalismo e o militarismo con-
21 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do homem das tribuíram para que começasse a Primeira Guerra Mundial.
cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner e Standisch Colocados muitos interesses em jogo, os países guerrearam em
Meacham. São Paulo: Globo, 2005.v. 2. dois blocos: de um lado, Sérvia, Rússia, França, Grã-Bretanha, Ja-
22 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o pen- pão, Itália, Romênia, Estados Unidos, Grécia, Portugal e Brasil; de
samento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009. outro lado, Áustria, Alemanha, Bulgária e Turquia. O segundo grupo
23 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural. 3. ed. Rio de Janei- foi derrotado, sendo cada país submetido a um pacto de rendição
ro: Livraria José Olympio Editora, 1967. formulado pela Liga das Nações; o mais famoso destes é o Tratado
24 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral, co- 26 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional.
mentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997. 27 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo
25 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das Letras,
9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 2009.

456
DIREITOS HUMANOS
de Versalhes, aplicado à Alemanha, que impunha em suas cláusulas O Trabalho Decente é o ponto de convergência dos quatro ob-
a entrega de territórios e armamentos, bem como o pagamento de jetivos estratégicos da OIT: o respeito aos direitos no trabalho (em
uma indenização bilionária. especial aqueles definidos como fundamentais pela Declaração
Assim, o Tratado de Versalhes foi assinado em 28 de junho de Relativa aos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho e seu
1919, entre as potências aliadas e a Alemanha, fixando as condições seguimento adotada em 1998: liberdade sindical e reconhecimento
para a paz depois da primeira guerra mundial. efetivo do direito de negociação coletiva, eliminação de todas as
A cláusula de culpa de guerra considerou a Alemanha nação formas de trabalho forçado, abolição efetiva do trabalho infantil,
agressora, responsável por reparações às nações aliadas, sendo que eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de em-
uma comissão determinou em 1921 que a Alemanha deveria pagar prego e ocupação), a promoção do emprego produtivo e de quali-
33 bilhões de dólares. dade, a extensão da proteção social e o fortalecimento do diálogo
O tratado foi intensamente criticado pelos alemães. Nos anos social30.
seguintes, foi revisto e alterado, quase sempre a favor da Alema- A OIT foi criada em 1919, como parte do Tratado de Versalhes,
nha. Muitas concessões foram feitas à Alemanha antes da ascensão que pôs fim à Primeira Guerra Mundial. É a única das agências do
de Adolf Hitler. Sistema das Nações Unidas com uma estrutura tripartite, composta
O Tratado de Versalhes instituiu dois dos precedentes da inter- de representantes de governos e de organizações de empregadores
nacionalização dos direitos humanos: a Liga das Nações e a Organi- e de trabalhadores. A OIT é responsável pela formulação e aplica-
zação Internacional do Trabalho. ção das normas internacionais do trabalho (convenções e recomen-
Sociedade das Nações, também conhecida como Liga das Na- dações)31.
ções, foi uma organização internacional, idealizada em 1919, em
Versalhes, nos subúrbios de Paris, onde as potências vencedoras
da Primeira Guerra Mundial se reuniram para negociar um acordo A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS
de paz, notadamente Inglaterra, França e Estados Unidos. Além da HUMANOS/1948
divisão entre os vencedores que dificultava a paz, os vencidos se
recusavam a assinar o injustos tratados impostos, com a Alemanha Declaração Universal dos Direitos Humanos
tentando ludibriar as determinações do Tratado de Versalhes, assim Adotada e proclamada pela Assembléia Geral das Nações
como Áustria, Hungria, Bulgária e Turquia se recusavam a aceitar Unidas (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948.
as obrigações impostas. No final das contas, todos assinaram seus
tratados. Preâmbulo
Os inúmeros tratados e compromissos firmados fora do âmbito Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a
da Liga das Nações já mostravam a fraqueza da instituição, embo- todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e
ra a princípio ela tenha correspondido às esperanças depositadas. inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no
Ocorre que a Liga das Nações promoveu o isolamento de grandes mundo,
países como a Rússia (numa fase inicial), além de fundar-se num Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos hu-
tratado internacional altamente prejudicial a países perdedores da manos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência
guerra como a Alemanha. Não obstante, os Estados Unidos nunca da humanidade e que o advento de um mundo em que mulheres e
apoiaram a Liga das Nações, o que fez com que ela tivesse pouco ou homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de
nenhum poder no âmbito das Américas. viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a
A Liga das Nações funcionou de 1920 a 1946, dissolvida na sua mais alta aspiração do ser humano comum,
Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam pro-
21ª sessão e tendo seus bens transferidos à ONU, encerradas as
tegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja compe-
contas da comissão de liquidação em 1947. A Liga das Nações pos-
lido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,
suía dois organismos autônomos, a Organização Internacional do
Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de
Trabalho - OIT, criada pelo Tratado de Versalhes, e a Corte Perma- relações amistosas entre as nações,
nente de Justiça Internacional - CPJI, cujo estatuto foi elaborado em Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram,
1920, as quais remanescem, embora a segunda com outra nomen- na Carta, sua fé nos direitos fundamentais do ser humano, na dig-
clatura e estatuto28, qual seja Corte Internacional de Justiça - CIJ. nidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos do
Quanto à Organização Internacional do Trabalho, constitui a homem e da mulher e que decidiram promover o progresso social e
agência das Nações Unidas que tem por missão promover oportu- melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,
nidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um tra- Considerando que os Países-Membros se comprometeram a
balho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito uni-
segurança e dignidade. O Trabalho Decente, conceito formalizado versal aos direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a
pela OIT em 1999, sintetiza a sua missão histórica de promover observância desses direitos e liberdades,
oportunidades para que homens e mulheres possam ter um traba- Considerando que uma compreensão comum desses direitos
lho produtivo e de qualidade, em condições de liberdade, equida- e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento
de, segurança e dignidade humanas, sendo considerado condição desse compromisso,
fundamental para a superação da pobreza, a redução das desigual- Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presente Decla-
dades sociais, a garantia da governabilidade democrática e o desen- ração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser
volvimento sustentável29. atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de
que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre em
mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da educa-

28 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público. 14. 30 OIT - Organização Internacional do Trabalho. Conheça a OIT. Disponível em:
ed. São Paulo: Saraiva, 2000. <http://www.oit.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2013.
29 OIT - Organização Internacional do Trabalho. Conheça a OIT. Disponível em: 31 OIT - Organização Internacional do Trabalho. Conheça a OIT. Disponível em:
<http://www.oit.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2013. <http://www.oit.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2013.

457
DIREITOS HUMANOS
ção, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela Artigo 13
adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacio- 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e
nal, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância uni- residência dentro das fronteiras de cada Estado.
versais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países-Mem- 2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, in-
bros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. clusive o próprio e a esse regressar.
Artigo 1 Artigo 14
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e 1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de
direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em rela- procurar e de gozar asilo em outros países.
ção uns aos outros com espírito de fraternidade. 2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição
Artigo 2 legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qual- Artigo 15
quer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política 1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade.
ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimen- 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade,
to, ou qualquer outra condição. nem do direito de mudar de nacionalidade.
2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na con-
dição política, jurídica ou internacional do país ou território a que Artigo 16
pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restri-
sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limi- ção de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair ma-
tação de soberania. trimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação
Artigo 3 ao casamento, sua duração e sua dissolução.
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança 2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno con-
pessoal. sentimento dos nubentes.
Artigo 4 3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravi- tem direito à proteção da sociedade e do Estado.
dão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. Artigo 17
Artigo 5 1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em socie-
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou casti- dade com outros.
go cruel, desumano ou degradante. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
Artigo 6 Artigo 18
Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares,
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, cons-
reconhecido como pessoa perante a lei.
ciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de reli-
Artigo 7
gião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer dis-
pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular.
tinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção
Artigo 19
contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expres-
contra qualquer incitamento a tal discriminação.
são; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opi-
Artigo 8
niões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por
Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais
competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela Artigo 20
lei. 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e asso-
Artigo 9 ciação pacífica.
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo 10 Artigo 21
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa 1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo
e pública audiência por parte de um tribunal independente e im- de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livre-
parcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qual- mente escolhidos.
quer acusação criminal contra ele. 2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço pú-
Artigo 11 blico do seu país.
1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito 3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo;
de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por
provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe te- sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que
nham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. assegure a liberdade de voto.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão Artigo 22
que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à
ou internacional. Também não será imposta pena mais forte de que segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela coopera-
aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. ção internacional e de acordo com a organização e recursos de cada
Artigo 12 Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis
Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.
família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à sua Artigo 23
honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de
contra tais interferências ou ataques. emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção
contra o desemprego.

458
DIREITOS HUMANOS
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual Artigo 30
remuneração por igual trabalho. Nenhuma disposição da presente Declaração poder ser inter-
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remune- pretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pes-
ração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua famí- soa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer
lia, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades
acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. aqui estabelecidos.
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles
ingressar para proteção de seus interesses.
CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS
Artigo 24
HUMANOS/1969 (PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA)
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a li-
(ART. 1° AO 32)
mitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas pe-
riódicas.
Artigo 25 DECRETO N° 678, DE 6 DE NOVEMBRO DE 1992
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de
assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimen- Promulga a Convenção Americana sobre Direitos Humanos
tação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969.
indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doen-
ça invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no exercício do cargo de
subsistência em circunstâncias fora de seu controle. PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe confere
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistên- o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e Considerando que a Conven-
cia especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matri- ção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa
mônio, gozarão da mesma proteção social. Rica), adotada no âmbito da Organização dos Estados Americanos,
Artigo 26 em São José da Costa Rica, em 22 de novembro de 1969, entrou em
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será vigor internacional em 18 de julho de 1978, na forma do segundo
gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A ins- parágrafo de seu art. 74;
trução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional Considerando que o Governo brasileiro depositou a carta de
será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada adesão a essa convenção em 25 de setembro de 1992; Conside-
no mérito. rando que a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvi- de São José da Costa Rica) entrou em vigor, para o Brasil, em 25 de
mento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito setembro de 1992 , de conformidade com o disposto no segundo
pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A parágrafo de seu art. 74;
instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre DECRETA:
todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as ativi-
dades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. Art. 1° A Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de de São José da Costa Rica), celebrada em São José da Costa Rica, em
instrução que será ministrada a seus filhos. 22 de novembro de 1969, apensa por cópia ao presente decreto,
Artigo 27 deverá ser cumprida tão inteiramente como nela se contém.
1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da Art. 2° Ao depositar a carta de adesão a esse ato internacional,
vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do em 25 de setembro de 1992, o Governo brasileiro fez a seguinte de-
progresso científico e de seus benefícios. claração interpretativa: “O Governo do Brasil entende que os arts.
2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses mo- 43 e 48, alínea d , não incluem o direito automático de visitas e ins-
rais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literá- peções in loco da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, as
ria ou artística da qual seja autor. quais dependerão da anuência expressa do Estado”.
Artigo 28 Art. 3° O presente decreto entra em vigor na data de sua pu-
Todo ser humano tem direito a uma ordem social e interna- blicação.
cional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente
Declaração possam ser plenamente realizados. ANEXO AO DECRETO QUE PROMULGA A CONVENÇÃO AME-
Artigo 29 RICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS (PACTO DE SÃO JOSE DA
1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na COSTA RICA) - MRE
qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é pos-
sível. CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS
2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano PREÂMBULO
estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusiva-
mente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito Os Estados americanos signatários da presente Convenção, Re-
dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigên- afirmando seu propósito de consolidar neste Continente, dentro do
cias da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade quadro das instituições democráticas, um regime de liberdade pes-
democrática. soal e de justiça social, fundado no respeito dos direitos essenciais
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, do homem;
ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Reconhecendo que os direitos essenciais do homem não de-
Unidas. viam do fato de ser ele nacional de determinado Estado, mas sim
do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa humana,
razão por que justificam uma proteção internacional, de natureza
convencional, coadjuvante ou complementar da que oferece o di-
reito interno dos Estados americanos;

459
DIREITOS HUMANOS
Considerando que esses princípios foram consagrados na Carta 3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que
da Organização dos Estados Americanos, na Declaração Americana a hajam abolido.
dos Direitos e Deveres do Homem e na Declaração Universal dos 4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada por de-
Direitos do Homem e que foram reafirmados e desenvolvidos em litos políticos, nem por delidos comuns conexos com delitos políti-
outros instrumentos internacionais, tanto de âmbito mundial como cos.
regional; 5. Não se deve impor a pena de morte à pessoa que, no mo-
Reiterando que, de acordo com a Declaração Universal dos Di- mento da perpetração do delito, for menor de dezoito anos, ou
reitos do Homem, só pode ser realizado o ideal do ser humano livre, maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez.
isento do temor e da miséria, se forem criadas condições que per- 6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anis-
mitam a cada pessoa gozar dos seus direitos econômicos, sociais e tia, indulto ou comutação da pena, os quais podem ser concedidos
culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos; e em todos os casos. Não se pode executar a pena de morte enquan-
Considerando que a Terceira Conferência Interamericana Extra- to o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade compe-
ordinária (Buenos Aires, 1967) aprovou a incorporação à próprias tente.
sociais e educacionais e resolveu que uma convenção interamerica- ARTIGO 5
na sobre direitos humanos determinasse a estrutura, competência Direito à Integridade Pessoal
e processo dos órgãos encarregados dessa matéria,
Convieram no seguinte: 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeito sua integridade
física, psíquica e moral.
PARTE I 2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou
Deveres dos Estados e Direitos Protegidos tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada da
CAPÍTULO I liberdade deve ser tratada com o respeito devido à dignidade ine-
Enumeração de Deveres rente ao ser humano.
ARTIGO 1 3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente.
Obrigação de Respeitar os Direitos 4. Os processados devem ficar separados dos condenados, sal-
vo em circunstâncias excepcionais, a ser submetidos a tratamento
1. Os Estados-Partes nesta Convenção comprometem-se a res- adequado à sua condição de pessoal não condenadas.
peitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu 5. Os menores, quando puderem ser processados, deve ser se-
livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua ju- parados dos adultos e conduzidos a tribunal especializado, com a
risdição, sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, maior rapidez possível, para seu tratamento.
idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, 6. As penas privativas da liberdade devem ter por finalidade
origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qual- essencial a reforma e a readaptação social dos condenados.
quer outra condição social.
2. Para os efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano. ARTIGO 6
Proibição da Escravidão e da Servidão
ARTIGO 2
Dever de Adotar Disposições de Direito Interno 1. Ninguém pode ser submetido à escravidão ou a servidão, e
tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico de mulheres são
Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo proibidos em todas as formas.
no artigo 1 ainda não estiver garantido por disposições legislativas 2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado
ou de outra natureza, os Estados-Partes comprometem-se a adotar, ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, para certos delitos,
de acordo com as suas normas constitucionais e com as disposições pena privativa da liberdade acompanhada de trabalhos forçados,
desta Convenção, as medidas legislativas ou de outras natureza que esta disposição não pode ser interpretada no sentido de que proíbe
forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades. o cumprimento da dita pena, importa por juiz ou tribunal compe-
tente. O trabalho forçado não deve afetar a dignidade nem a capa-
CAPÍTULO II cidade física e intelectual do recluso.
Direitos Civis e Políticos 3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os
ARTIGO 3 efeitos deste artigo:
Direitos ao Reconhecimento da Personalidade Jurídica a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoal
reclusa em cumprimento de sentença ou resolução formal expedi-
Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua personali- da pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos ou servi-
dade jurídica. ços de devem ser executados sob a vigilância e controle das autori-
dades públicas, e os indivíduos que os executarem não devem ser
ARTIGO 4 postos à disposição de particulares, companhias ou pessoas jurídi-
Direito à Vida cas de caráter privado:
b) o serviço militar e, nos países onde se admite a isenção por
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse motivos de consciências, o serviço nacional que a lei estabelecer
direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento em lugar daquele;
da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente. c) o serviço imposto em casos de perigo ou calamidade que
2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta ameace a existência ou o bem-estar da comunidade; e
só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas
de sentença final de tribunal competente e em conformidade com normais.
lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido
cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais
não se aplique atualmente.

460
DIREITOS HUMANOS
ARTIGO 7 g) direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a
Direito à Liberdade Pessoal declarar-se culpada; e
h) direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior.
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e á segurança pessoais. 3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de
2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo pe- nenhuma natureza.
las causas e nas condições previamente fixadas pelas constituições 4. O acusado absolvido por sentença passada em julgado não
políticas dos Estados-Partes ou pelas leis de acordo com elas pro- poderá se submetido a novo processo pelos mesmos fatos.
mulgadas. 5. O processo penal deve ser público, salvo no que for necessá-
3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarceramen- rio para preservar os interesses da justiça.
to arbitrários.
4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões ARTIGO 9
da sua detenção e notificada, sem demora, da acusação ou acusa- Princípio da Legalidade e da Retroatividade
ções formuladas contra ela.
5. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem de- Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no
mora, á presença de um juiz ou outra autoridade autorizada pela momento em que forem cometidas, não sejam delituosas, de acor-
lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de do com o direito aplicável. Tampouco se pode impor pena mais gra-
um prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de que ve que a aplicável no momento da perpetração do delito. Se depois
prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condiciona a garantias da perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena mais
que assegurem o seu comparecimento em juízo. leve, o delinquente será por isso beneficiado.
6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um
juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida, sem demora, ARTIGO 10
sobre ou tribunal competente, a fim de que este decida, sem demo- Direito a Indenização
ra, sobre a legalidade de sua prisão ou detenção e ordene sua soltu-
ra se a prisão ou a detenção forem ilegais. Nos Estados-Partes cujas Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a lei, no
leis prevêem que toda pessoa que se vir ameaçada de ser privada caso de haver sido condenada em sentença passada em julgado,
de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal compe- por erro judiciário.
tente a fim de que este decida sobre a legalidade de tal ameaça, tal
recurso não pode ser restringido nem abolido. O recurso pode ser ARTIGO 11
interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa. Proteção da Honra e da Dignidade
7. Ninguém deve ser detido por dívida. Este princípio não limita
os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em Toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra e ao reconhe-
virtude de inadimplemento de obrigação alimentar. cimento de sua dignidade.
2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou abu-
ARTIGO 8 sivas em sua vida privada, na de sua família, em seu domicílio ou
Garantias Judiciais em sua correspondência, nem de ofensas ilegais à sua honra ou re-
putação.
1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garan- 3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais ingerên-
tias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal compe- cias ou tais ofensas.
tente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por
lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ARTIGO 12
ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza Liberdade de Consciência e de Religião
civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de re-
sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Du- ligião. Esse direito implica a liberdade de conservar sua religião ou
rante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem como a
seguintes garantias mínimas: liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, indi-
a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por tra- vidual ou coletivamente, tanto em público como em privado.
dutor ou intérprete, se não compreender ou não falar o idioma do 2. Ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que possam
juízo ou tribunal; limitar sua liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou
b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusa- de mudar de religião ou de crenças.
ção formulada; 3. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias
c) concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados crenças está sujeita unicamente às limitações prescritas pelas leis e
para a preparação de sua defesa; que sejam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde
d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser ou moral pública ou os direitos ou liberdades das demais pessoas.
assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livre- 4. Os pais, e quando for o caso os tutores, têm direito a que
mente e em particular, com seu defensor; seus filhos ou pupilos recebam a educação religiosa e moral que
e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor pro- esteja acorde com suas próprias convicções.
porcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a legislação
interna, se o acusado não se defender ele próprio nem nomear de-
fensor dentro do prazo estabelecido pela lei;
f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presente no tri-
bunal e de obter o comparecimento, como testemunhas ou peritos,
de outras pessoas que possam lançar luz sobre os fatos.

461
DIREITOS HUMANOS
ARTIGO 13 2. O exercício de tal direito só pode estar sujeito às restrições
Liberdade de Pensamento e de Expressão previstas pela lei que sejam necessárias, numa sociedade democrá-
tica, no interesse da segurança nacional, da segurança ou da ordem
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de ex- públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direi-
pressão. Esse direito compreende a liberdade de buscar, receber e tos e liberdades das demais pessoas.
difundir informações e idéias de toda natureza, sem consideração 3. O disposto neste artigo não impede a imposição de restri-
de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou ções legais, e mesmo a privação do exercício do direito de associa-
artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha. ção, aos membros das forças armadas e da polícia.
O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode
estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, ARTIGO 17
que devem ser expressamente fixadas pela lei a ser necessária para Proteção da Família
assegurar:
a) o respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas; 1. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e
ou deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado.
b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da 2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de contra-
saúde ou da moral pública. írem casamento e de fundarem uma família, se tiverem à idade e
3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou as condições para isso exigidas pelas leis internas, na medida em
meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou parti- que não afetem estas o princípio da não discriminação estabelecido
culares de papel de imprensa, de freqüências radioelétricas ou de nesta Convenção.
equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem 3. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno
por quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação e a consentimento dos contraentes.
circulação de idéias e opiniões. 4. Os Estados-Partes devem tomar medidas apropriadas no
4. A lei pode submeter os espetáculos públicos à censura pré- sentido de assegurar a igualdade de direitos e a adequada equiva-
via, com o objetivo exclusivo de regular o acesso a eles, para prote- lência de responsabilidades dos cônjuges quanto ao casamento, du-
ção moral da infância e da adolescência, sem prejuízo do disposto rante o casamento e em caso de dissolução do mesmo. Em caso de
no inciso 2º. dissolução, serão adotadas disposições que assegurem a proteção
5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem necessária aos filhos, com base unicamente no interesse e conveni-
como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que consti- ência dos mesmos.
tua incitação à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência. 5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos nascidos
fora do casamento como aos nascidos dentro do casamento.
ARTIGO 14
Direito de Retificação ou Resposta ARTIGO 18
Direito ao Nome
1. Toda pessoa atingida por informações inexatas ou ofensivas
emitidas em seus prejuízos por meios de difusão legalmente regula- Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes de seus
mentados e que se dirijam ao público em geral, tem direito a fazer, pais ou ao de um destes. A lei deve regular a forma de assegurar
pelo mesmo órgão de difusão, sua retificação ou resposta, nas con- a todos esses direito, mediante nomes fictícios, se for necessário.
dições que estabeleça a lei. ARTIGO 19
2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta eximirá das ou- Direitos da Criança
tras responsabilidades legais em que se houver incorrido.
3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, toda publi- Toda criança tem direito às medidas de proteção que a sua con-
cação ou empresa jornalística, cinematográfica, de rádio ou televi- dição de menor requer por parte da sua família, da sociedade e do
são, deve ter uma pessoa responsável que não seja protegida por Estado.
imunidades nem goze de foro especial.
ARTIGO 20
Direito à Nacionalidade
ARTIGO 15
Direito de Reunião
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo
É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem armas. O
território houver nascido, se não tiver direito à outra.
exercício de tal direito só pode estar sujeito às restrições previstas
3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua nacionali-
pela lei e que sejam necessárias, uma sociedade democrática, no
dade nem do direito de mudá-la.
interesse da segurança nacional, da segurança ou da ordem públi-
cas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e ARTIGO 21
liberdades das demais pessoas. Direito à Propriedade Privada
ARTIGO 16 1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo dos seus bens. A lei
Liberdade de Associação pode subordinar esse uso e gozo ao interesse social.
2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens, salvo me-
1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente com diante o pagamento de indenização justa, por motivo de utilidade
fins ideológicos, religiosos, políticos, econômicos, trabalhistas, so- pública ou de interesse social e nos casos e na forma estabelecidos
ciais, culturais, desportivos, ou de qualquer outra natureza. pela lei.
3. Tanto a usura como qualquer outra forma de exploração do
homem pelo homem devem ser reprimidas pela lei.

462
DIREITOS HUMANOS
ARTIGO 22 2. Os Estados-Partes comprometem-se:
Direito de Circulação e de Residência a) a assegurar que a autoridade competente prevista pelo sis-
tema legal do Estado decida sobre os direitos de toda pessoa que
1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Es- interpuser tal recurso;
tado tem direito de circular nele e de nele residir conformidade com b) a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e
as disposições legais. c) a assegurar o cumprimento, pelas autoridades competente,
2. toda pessoa tem o direito de sair livremente de qualquer de toda decisão em que se tenha considerado procedente o recur-
país, inclusive do próprio. so.
3. O exercício dos direitos acima mencionados não pode ser
restringido senão em virtude de lei, na medida indispensável, numa CAPÍTULO III
sociedade democrática, para prevenir infrações penais ou para Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
proteger a segurança nacional, a segurança ou a ordem públicas, a ARTIGO 26
moral ou a saúde públicas, ou os direitos e liberdades das demais Desenvolvimento Progressivo
pessoas.
4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode tam- Os Estados-Partes comprometem-se a adotar providência, tan-
bém ser restringido pela lei, em zonas determinadas, por motivos to no âmbito interno como mediante cooperação internacional,
de interesse público. especialmente econômica e técnica, a fim de conseguir progressi-
5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado do qual vamente a plena efetividade dos direitos que decorrem das normas
for nacional, nem ser privado do direito de nele entrar. econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes
6. O estrangeiro que se ache legalmente no território de uma da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo
Estado-Parte nesta Convenção só poderá dele ser expulso em cum- Protocolo de Buenos Aires, na medida dos recursos disponíveis, por
primento de decisão adotada de acordo com a lei. via legislativa ou por outros meios apropriados.
7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em ter-
ritório estrangeiro, em caso de perseguição por delitos políticos ou CAPÍTULO IV
comuns conexos com delitos políticos e de acordo com a legislação Suspensão de Garantias, Interpretação e Aplicação
de cada estado e com os convênios internacionais. ARTIGO 27
8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou entregue
Suspensão de Garantias
a outro país, seja ou não de origem, onde seu direito à vida ou liber-
dade pessoal esteja em risco de violação por causa da sua raça, na-
1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emer-
cionalidade, religião, condição social ou de suas opiniões políticas.
gência que ameace a independência ou segurança do Estado-Par-
9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.
te, este poderá adotar disposições que, na medida e pelo tempo
estritamente limitados às exigências da situação, suspendam as
ARTIGO 23
obrigações contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais
Direitos Políticos
disposições não sejam incompatíveis com as demais obrigações que
1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e lhe impõe o Direito Internacional e não encerrem discriminação al-
oportunidades: guma fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou
a) de participar da direção dos assuntos públicos, diretamente origem social.
ou por meio de representantes livremente eleitos; 2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos di-
b) de votar e se eleitos em eleições periódicas autênticas, rea- reitos determinados nos seguintes artigos: 3 (Direito ao Reconhe-
lizadas por sufrágio universal e igual e por voto secreto que garanta cimento da Personalidade Jurídica), 4 (Direito à vida), 5 (Direito à
a livre expressão da vontade dos eleitores; e Integridade Pessoal), 6 (Proibição da Escravidão e Servidão), 9 (Prin-
c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções cípio da Legalidade e da Retroatividade), 12 (Liberdade de Consci-
públicas de seu país. ência e de Religião), 17 (Proteção da Família), 18 (Direito ao Nome),
2. A lei pode regular o exercício dos direitos e oportunidades e 18 (Direitos da Criança), 20 (Direito à Nacionalidade) e 23 (Direitos
a que se refere o inciso anterior, exclusivamente por motivos de ida- Políticos), nem das garantias indispensáveis para a proteção de tais
de, nacionalidade, residência, idioma, instrução, capacidade civil ou direitos.
mental, ou condenação, por juiz competente, em processo penal. 3. Todo Estado-Parte que fizer uso do direito de suspensão de-
verá informar imediatamente os outros Estados-Partes na presente
ARTIGO 24 Convenção, por intermédio do Secretário-Geral da Organização dos
Igualdade Perante a Lei Estados Americanos, das disposições cuja aplicação haja suspendi-
do, dos motivos determinantes da suspensão e da data em que haja
Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm dado por terminado tal suspensão.
direito, sem discriminação, a igual proteção da lei.
ARTIGO 28
ARTIGO 25 Cláusula Federal
Proteção Judicial
1. Quando se tratar de um Estado-Parte constituído como Es-
1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a tado federal, o governo nacional do aludido Estado-Parte cumprirá
qualquer outro recurso efetivo, perante os juízos ou tribunais com- todas as disposições da presente Convenção, relacionadas com as
petentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos funda- matérias sobre as quais exerce competência legislativa e judicial.
mentais reconhecidos pela constituição, pela lei ou pela presente 2. No tocante às disposições relativas às matérias que corres-
Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por pessoas pondem à competência das entidades componentes da federação,
que estejam atuando no exercícios de suas funções oficiais. o governo nacional deve tomar imediatamente as medidas perti-

463
DIREITOS HUMANOS
nentes, em conformidade com sua constituição e suas leis, a fim de
que as autoridades competentes das referidas entidades possam PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS ECONÔMICOS,
adotar as disposições cabíveis para o cumprimento desta Conven- SOCIAIS E CULTURAIS (ART. 1° AO 15)
ção.
3. Quando dois ou mais Estados-Partes decidiram constituir DECRETO N° 591, DE 6 DE JULHO DE 1992.
entre eles uma federação ou outro tipo de associação, diligencia-
rão no sentido de que o pacto comunitário respectivo contenha as Atos Internacionais. Pacto Internacional sobre Direitos Econô-
disposições necessárias para que continuem sendo efetivas no novo micos, Sociais e Culturais. Promulgação.
Estado assim organizado as normas da presente Convenção.

ARTIGO 29 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe


Normas de Interpretação confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e

Nenhuma disposição desta Convenção pode ser interpretada Considerando que o Pacto Internacional sobre Direitos Econô-
micos, Sociais e Culturais foi adotado pela XXI Sessão da Assem-
no sentido de:
bléia-Geral das Nações Unidas, em 19 de dezembro de 1966;
a) permitir a qualquer dos Estados-Partes, grupo ou pessoa, su-
primir o gozo e exercício dos direitos e liberdades reconhecidos na
Considerando que o Congresso Nacional aprovou o texto do
Convenção ou limitá-los em maior medida do que a nela prevista;
referido diploma internacional por meio do Decreto Legislativo n°
b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade
226, de 12 de dezembro de 1991;
que possam ser reconhecidos de acordo com as leis de qualquer
dos Estados-Partes ou de acordo com outra convenção em que seja
Considerando que a Carta de Adesão ao Pacto Internacional
parte um dos referidos Estados;
sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais foi depositada em 24
c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser
de janeiro de 1992;
humano ou que decorrem da forma democrática representativa de
Considerando que o pacto ora promulgado entrou em vigor,
governo; e
para o Brasil, em 24 de abril de 1992, na forma de seu art. 27, pa-
d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declaração
rágrafo 2°;
Americana dos Direitos e Deveres do Homem e outros atos interna-
cionais da mesma natureza.
DECRETA:
ARTIGO 30
Alcance das Restrições Art. 1° O Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais
e Culturais, apenso por cópia ao presente decreto, será executado e
As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção, ao cumprido tão inteiramente como nele se contém.
gozo e exercício dos direitos e liberdades nela reconhecidos, não Art. 2° Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
podem ser aplicadas senão de acordo com leis que forem promul-
gadas por motivo de interesse geral e com o propósito para o qual Brasília, 06 de julho de 1992; 171º da Independência e 104° da
houverem sido estabelecidas. República.

ARTIGO 31 ANEXO AO DECRETO QUE PROMULGA O PACTO INTERNACIO-


Reconhecimento de Outros Direitos NAL SOBRE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS/MRE

Poderão se incluídos no regime de proteção desta Convenção PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS ECONÔMICOS,
outros direitos e liberdades que forem reconhecidos de acordo com SOCIAIS E CULTURAIS
os processos estabelecidos nos artigos 69 e 70. PREÂMBULO

CAPÍTULO V Os Estados Partes do presente Pacto,


Deveres das Pessoas Considerando que, em conformidade com os princípios procla-
ARTIGO 32 mados na Carta das Nações Unidas, o relacionamento da dignidade
Correlação entre Deveres e Direitos inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos
iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça
1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a comunidade e da paz no mundo,
e a humanidade.
2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos dos Reconhecendo que esses direitos decorrem da dignidade ine-
demais, pela segurança de todos e pelas justas exigências do bem rente à pessoa humana,
comum, numa sociedade democrática.
Reconhecendo que, em conformidade com a Declaração Uni-
versal dos Direitos do Homem. O ideal do ser humano livre, liber-
to do temor e da miséria. Não pode ser realizado a menos que se
criem condições que permitam a cada um gozar de seus direitos
econômicos, sociais e culturais, assim como de seus direitos civis
e políticos,

464
DIREITOS HUMANOS
Considerando que a Carta das Nações Unidas impõe aos Esta- ARTIGO 5º
dos a obrigação de promover o respeito universal e efetivo dos di-
reitos e das liberdades do homem, 1. Nenhuma das disposições do presente Pacto poderá ser in-
terpretada no sentido de reconhecer a um Estado, grupo ou indi-
Compreendendo que o indivíduo, por ter deveres para com víduo qualquer direito de dedicar-se a quaisquer atividades ou de
seus semelhantes e para com a coletividade a que pertence, tem a praticar quaisquer atos que tenham por objetivo destruir os direitos
obrigação de lutar pela promoção e observância dos direitos reco- ou liberdades reconhecidos no presente Pacto ou impor-lhe limita-
nhecidos no presente Pacto, ções mais amplas do que aquelas nele previstas.
Acordam o seguinte: 2. Não se admitirá qualquer restrição ou suspensão dos direitos
humanos fundamentais reconhecidos ou vigentes em qualquer país
PARTE I em virtude de leis, convenções, regulamentos ou costumes, sob
ARTIGO 1º pretexto de que o presente Pacto não os reconheça ou os reconhe-
ça em menor grau.
1. Todos os povos têm direito a autodeterminação. Em virtude
desse direito, determinam livremente seu estatuto político e asse- PARTE III
guram livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultu- ARTIGO 6º
ral.
2. Para a consecução de seus objetivos, todos os povos podem 1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito
dispor livremente de suas riquezas e de seus recursos naturais, sem ao trabalho, que compreende o direito de toda pessoa de ter a pos-
prejuízo das obrigações decorrentes da cooperação econômica in- sibilidade de ganhar a vida mediante um trabalho livremente esco-
ternacional, baseada no princípio do proveito mútuo, e do Direito lhido ou aceito, e tomarão medidas apropriadas para salvaguardar
Internacional. Em caso algum, poderá um povo ser privado de seus esse direito.
próprios meios de subsistência. 2. As medidas que cada Estado Parte do presente Pacto tomará
3. Os Estados Partes do Presente Pacto, inclusive aqueles que a fim de assegurar o pleno exercício desse direito deverão incluir
tenham a responsabilidade de administrar territórios não-autôno- a orientação e a formação técnica e profissional, a elaboração de
mos e territórios sob tutela, deverão promover o exercício do direi- programas, normas e técnicas apropriadas para assegurar um de-
to à autodeterminação e respeitar esse direito, em conformidade senvolvimento econômico, social e cultural constante e o pleno em-
com as disposições da Carta das Nações Unidas. prego produtivo em condições que salvaguardem aos indivíduos o
gozo das liberdades políticas e econômicas fundamentais.
PARTE II
ARTIGO 2º ARTIGO 7º

1. Cada Estado Parte do presente Pacto compromete-se a ado- Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de
tar medidas, tanto por esforço próprio como pela assistência e co- toda pessoa de gozar de condições de trabalho justas e favoráveis,
operação internacionais, principalmente nos planos econômico e que assegurem especialmente:
técnico, até o máximo de seus recursos disponíveis, que visem a as- a) Uma remuneração que proporcione, no mínimo, a todos os
segurar, progressivamente, por todos os meios apropriados, o ple- trabalhadores:
no exercício dos direitos reconhecidos no presente Pacto, incluindo, i) Um salário eqüitativo e uma remuneração igual por um tra-
em particular, a adoção de medidas legislativas. balho de igual valor, sem qualquer distinção; em particular, as mu-
2. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a ga- lheres deverão ter a garantia de condições de trabalho não inferio-
rantir que os direitos nele enunciados e exercerão em discrimina- res às dos homens e perceber a mesma remuneração que eles por
ção alguma por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião trabalho igual;
política ou de outra natureza, origem nacional ou social, situação ii) Uma existência decente para eles e suas famílias, em confor-
econômica, nascimento ou qualquer outra situação. midade com as disposições do presente Pacto;
3. Os países em desenvolvimento, levando devidamente em b) À segurança e a higiene no trabalho;
consideração os direitos humanos e a situação econômica nacio- c) Igual oportunidade para todos de serem promovidos, em seu
nal, poderão determinar em que garantirão os direitos econômicos trabalho, à categoria superior que lhes corresponda, sem outras
reconhecidos no presente Pacto àqueles que não sejam seus na- considerações que as de tempo de trabalho e capacidade;
cionais. d) O descanso, o lazer, a limitação razoável das horas de tra-
balho e férias periódicas remuneradas, assim como a remuneração
ARTIGO 3º dos feridos.

Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a asse- ARTIGO 8º


gurar a homens e mulheres igualdade no gozo de todos os direitos
econômicos, sociais e culturais enumerados no presente Pacto. 1. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a ga-
rantir:
ARTIGO 4º a) O direito de toda pessoa de fundar com outras, sindicatos e
de filiar-se ao sindicato de escolha, sujeitando-se unicamente aos
Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem que, no estatutos da organização interessada, com o objetivo de promover
exercício dos direitos assegurados em conformidade com presente e de proteger seus interesses econômicos e sociais. O exercício des-
Pacto pelo Estado, este poderá submeter tais direitos unicamente se direito só poderá ser objeto das restrições previstas em lei e que
às limitações estabelecidas em lei, somente na medida compatível sejam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da
com a natureza desses direitos e exclusivamente com o objetivo de segurança nacional ou da ordem pública, ou para proteger os direi-
favorecer o bem-estar geral em uma sociedade democrática. tos e as liberdades alheias;

465
DIREITOS HUMANOS
b) O direito dos sindicatos de formar federações ou confedera- a) Melhorar os métodos de produção, conservação e distribui-
ções nacionais e o direito destas de formar organizações sindicais ção de gêneros alimentícios pela plena utilização dos conhecimen-
internacionais ou de filiar-se às mesmas. tos técnicos e científicos, pela difusão de princípios de educação
c) O direito dos sindicatos de exercer livremente suas ativida- nutricional e pelo aperfeiçoamento ou reforma dos regimes agrá-
des, sem quaisquer limitações além daquelas previstas em lei e que rios, de maneira que se assegurem a exploração e a utilização mais
sejam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da eficazes dos recursos naturais;
segurança nacional ou da ordem pública, ou para proteger os direi- b) Assegurar uma repartição eqüitativa dos recursos alimentí-
tos e as liberdades das demais pessoas: cios mundiais em relação às necessidades, levando-se em conta os
d) O direito de greve, exercido de conformidade com as leis de problemas tanto dos países importadores quanto dos exportadores
cada país. de gêneros alimentícios.
2. O presente artigo não impedirá que se submeta a restrições
legais o exercício desses direitos pelos membros das forças arma- ARTIGO 12
das, da política ou da administração pública.
3. Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá que 1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito
os Estados Partes da Convenção de 1948 da Organização Internacio- de toda pessoa de desfrutar o mais elevado nível possível de saúde
nal do Trabalho, relativa à liberdade sindical e à proteção do direito física e mental.
sindical, venham a adotar medidas legislativas que restrinjam - ou a 2. As medidas que os Estados Partes do presente Pacto deverão
aplicar a lei de maneira a restringir as garantias previstas na referida adotar com o fim de assegurar o pleno exercício desse direito inclui-
Convenção. rão as medidas que se façam necessárias para assegurar:
ARTIGO 9º a) A diminuição da mortinatalidade e da mortalidade infantil,
bem como o desenvolvimento é das crianças;
Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de b) A melhoria de todos os aspectos de higiene do trabalho e do
toda pessoa à previdência social, inclusive ao seguro social. meio ambiente;
c) A prevenção e o tratamento das doenças epidêmicas, endê-
ARTIGO 10 micas, profissionais e outras, bem como a luta contra essas doen-
ças;
Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem que: d) A criação de condições que assegurem a todos assistência
1. Deve-se conceder à família, que é o elemento natural e médica e serviços médicos em caso de enfermidade.
fundamental da sociedade, as mais amplas proteção e assistência
possíveis, especialmente para a sua constituição e enquanto ele for ARTIGO 13
responsável pela criação e educação dos filhos. O matrimonio deve
ser contraído com o livre consentimento dos futuros cônjuges. 1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito
2. Deve-se conceder proteção especial às mães por um período de toda pessoa à educação. Concordam em que a educação deve-
de tempo razoável antes e depois do parto. Durante esse período, rá visar ao pleno desenvolvimento da personalidade humana e do
deve-se conceder às mães que trabalham licença remunerada ou sentido de sua dignidade e fortalecer o respeito pelos direitos hu-
licença acompanhada de benefícios previdenciários adequados. manos e liberdades fundamentais. Concordam ainda em que a edu-
3. Devem-se adotar medidas especiais de proteção e de assis- cação deverá capacitar todas as pessoas a participar efetivamente
tência em prol de todas as crianças e adolescentes, sem distinção de uma sociedade livre, favorecer a compreensão, a tolerância e a
alguma por motivo de filiação ou qualquer outra condição. Devem- amizade entre todas as nações e entre todos os grupos raciais, ét-
-se proteger as crianças e adolescentes contra a exploração econô- nicos ou religiosos e promover as atividades das Nações Unidas em
mica e social. O emprego de crianças e adolescentes em trabalhos prol da manutenção da paz.
que lhes sejam nocivos à moral e à saúde ou que lhes façam correr 2. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem que, com o
perigo de vida, ou ainda que lhes venham a prejudicar o desenvol- objetivo de assegurar o pleno exercício desse direito:
vimento norma, será punido por lei. a) A educação primaria deverá ser obrigatória e acessível gra-
Os Estados devem também estabelecer limites de idade sob tuitamente a todos;
os quais fique proibido e punido por lei o emprego assalariado da b) A educação secundária em suas diferentes formas, inclusive
a educação secundária técnica e profissional, deverá ser generali-
mão-de-obra infantil.
zada e torna-se acessível a todos, por todos os meios apropriados
e, principalmente, pela implementação progressiva do ensino gra-
ARTIGO 11
tuito;
c) A educação de nível superior deverá igualmente torna-se
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito
acessível a todos, com base na capacidade de cada um, por todos
de toda pessoa a um nível de vida adequando para si próprio e sua
os meios apropriados e, principalmente, pela implementação pro-
família, inclusive à alimentação, vestimenta e moradia adequadas,
gressiva do ensino gratuito;
assim como a uma melhoria continua de suas condições de vida. d) Dever-se-á fomentar e intensificar, na medida do possível,
Os Estados Partes tomarão medidas apropriadas para assegurar a a educação de base para aquelas pessoas que não receberam edu-
consecução desse direito, reconhecendo, nesse sentido, a impor- cação primaria ou não concluíram o ciclo completo de educação
tância essencial da cooperação internacional fundada no livre con- primária;
sentimento. e) Será preciso prosseguir ativamente o desenvolvimento de
2. Os Estados Partes do presente Pacto, reconhecendo o direito uma rede escolar em todos os níveis de ensino, implementar-se um
fundamental de toda pessoa de estar protegida contra a fome, ado- sistema adequado de bolsas de estudo e melhorar continuamente
tarão, individualmente e mediante cooperação internacional, as me- as condições materiais do corpo docente.
didas, inclusive programas concretos, que se façam necessárias para: 1. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a res-
peitar a liberdade dos pais e, quando for o caso, dos tutores legais
de escolher para seus filhos escolas distintas daquelas criadas pelas

466
DIREITOS HUMANOS
autoridades públicas, sempre que atendam aos padrões mínimos Considerando que o pacto ora promulgado entrou em vigor,
de ensino prescritos ou aprovados pelo Estado, e de fazer com que para o Brasil, em 24 de abril de 1992, na forma de seu art. 49, § 2°;
seus filhos venham a receber educação religiosa ou moral que este-
ja de acordo com suas próprias convicções. DECRETA:
2.Nenhuma das disposições do presente artigo poderá ser in-
terpretada no sentido de restringir a liberdade de indivíduos e de Art. 1° O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos,
entidades de criar e dirigir instituições de ensino, desde que respei- apenso por cópia ao presente decreto, será executado e cumprido
tados os princípios enunciados no parágrafo 1 do presente artigo tão inteiramente como nele se contém.
e que essas instituições observem os padrões mínimos prescritos Art. 2° Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
pelo Estado.
Brasília, 06 de julho de 1992; 171° da Independência e 104° da
ARTIGO 14 República.

Todo Estado Parte do presente pacto que, no momento em que ANEXO AO DECRETO QUE PROMULGA O PACTO INTERNACIO-
se tornar Parte, ainda não tenha garantido em seu próprio território NAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS/MRE
ou territórios sob sua jurisdição a obrigatoriedade e a gratuidade da PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
educação primária, se compromete a elaborar e a adotar, dentro de PREÂMBULO
um prazo de dois anos, um plano de ação detalhado destinado à im-
plementação progressiva, dentro de um número razoável de anos Os Estados Partes do presente Pacto,
estabelecidos no próprio plano, do princípio da educação primária
obrigatória e gratuita para todos. Considerando que, em conformidade com os princípios procla-
ARTIGO 15 mados na Carta das Nações Unidas, o reconhecimento da dignidade
inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem a cada in- iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça
divíduo o direito de: e da paz no mundo,
a) Participar da vida cultural;
b) Desfrutar o processo cientifico e suas aplicações; Reconhecendo que esses direitos decorrem da dignidade ine-
c) Beneficiar-se da proteção dos interesses morais e materiais rente à pessoa humana,
decorrentes de toda a produção cientifica, literária ou artística de
que seja autor. Reconhecendo que, em conformidade com a Declaração Uni-
2. As Medidas que os Estados Partes do Presente Pacto deverão versal dos Direitos do Homem, o ideal do ser humano livre, no gozo
adotar com a finalidade de assegurar o pleno exercício desse direito das liberdades civis e políticas e liberto do temor e da miséria, não
incluirão aquelas necessárias à convenção, ao desenvolvimento e à pode ser realizado e menos que se criem às condições que permi-
difusão da ciência e da cultura. tam a cada um gozar de seus direitos civis e políticos, assim como
3.Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a res- de seus direitos econômicos, sociais e culturais,
peitar a liberdade indispensável à pesquisa cientifica e à atividade
criadora. Considerando que a Carta das Nações Unidas impõe aos Esta-
4. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem os benefí- dos a obrigação de promover o respeito universal e efetivo dos di-
cios que derivam do fomento e do desenvolvimento da cooperação reitos e das liberdades do homem,
e das relações internacionais no domínio da ciência e da cultura.
Compreendendo que o indivíduo, por ter deveres para com
seus semelhantes e para com a coletividade a que pertence, tem a
PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS CIVIS E obrigação de lutar pela promoção e observância dos direitos reco-
POLÍTICOS/1966 (ART. 1° AO 27) nhecidos no presente Pacto,

DECRETO NO 591, DE 6 DE JULHO DE 1992. Acordam o seguinte:

Atos Internacionais. Pacto Internacional sobre Direitos Civis e PARTE I


Políticos. Promulgação. ARTIGO 1

1. Todos os povos têm direito à autodeterminação. Em virtude


O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe
desse direito, determinam livremente seu estatuto político e asse-
confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e
guram livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultu-
ral.
Considerando que o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e
2. Para a consecução de seus objetivos, todos os povos podem
Políticos foi adotado pela XXI Sessão da Assembléia-Geral das Na-
dispor livremente se suas riquezas e de seus recursos naturais, sem
ções Unidas, em 16 de dezembro de 1966; prejuízo das obrigações decorrentes da cooperação econômica in-
ternacional, baseada no princípio do proveito mútuo, e do Direito
Considerando que o Congresso Nacional aprovou o texto do Internacional. Em caso algum, poderá um povo ser privado de seus
referido diploma internacional por meio do Decreto Legislativo n° meios de subsistência.
226, de 12 de dezembro de 1991; 3. Os Estados Partes do presente Pacto, inclusive aqueles que
tenham a responsabilidade de administrar territórios não-autôno-
Considerando que a Carta de Adesão ao Pacto Internacional mos e territórios sob tutela, deverão promover o exercício do direi-
sobre Direitos Civis e Políticos foi depositada em 24 de janeiro de to à autodeterminação e respeitar esse direito, em conformidade
1992; com as disposições da Carta das Nações Unidas.

467
DIREITOS HUMANOS
PARTE II 2. Não se admitirá qualquer restrição ou suspensão dos direi-
ARTIGO 2 tos humanos fundamentais reconhecidos ou vigentes em qualquer
Estado Parte do presente Pacto em virtude de leis, convenções, re-
1. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a res- gulamentos ou costumes, sob pretexto de que o presente Pacto não
peitar e garantir a todos os indivíduos que se achem em seu territó- os reconheça ou os reconheça em menor grau.
rio e que estejam sujeitos a sua jurisdição os direitos reconhecidos
no presente Pacto, sem discriminação alguma por motivo de raça, PARTE III
cor, sexo. língua, religião, opinião política ou de outra natureza, ori- ARTIGO 6
gem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qual-
quer condição. 1. O direito à vida é inerente à pessoa humana. Esse direito
2. Na ausência de medidas legislativas ou de outra natureza deverá ser protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente
destinadas a tornar efetivos os direitos reconhecidos no presente privado de sua vida.
Pacto, os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a to- 2. Nos países em que a pena de morte não tenha sido abolida,
mar as providências necessárias com vistas a adotá-las, levando em esta poderá ser imposta apenas nos casos de crimes mais graves,
consideração seus respectivos procedimentos constitucionais e as em conformidade com legislação vigente na época em que o crime
disposições do presente Pacto. foi cometido e que não esteja em conflito com as disposições do
3. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a: presente Pacto, nem com a Convenção sobra a Prevenção e a Pu-
a) Garantir que toda pessoa, cujos direitos e liberdades reco- nição do Crime de Genocídio. Poder-se-á aplicar essa pena apenas
nhecidos no presente Pacto tenham sido violados, possa de um re- em decorrência de uma sentença transitada em julgado e proferida
curso efetivo, mesmo que a violência tenha sido perpetra por pes- por tribunal competente.
soas que agiam no exercício de funções oficiais; 3. Quando a privação da vida constituir crime de genocídio,
b) Garantir que toda pessoa que interpuser tal recurso terá seu entende-se que nenhuma disposição do presente artigo autoriza-
direito determinado pela competente autoridade judicial, adminis- rá qualquer Estado Parte do presente Pacto a eximir-se, de modo
trativa ou legislativa ou por qualquer outra autoridade competente algum, do cumprimento de qualquer das obrigações que tenham
prevista no ordenamento jurídico do Estado em questão; e a desen- assumido em virtude das disposições da Convenção sobre a Preven-
volver as possibilidades de recurso judicial; ção e a Punição do Crime de Genocídio.
c) Garantir o cumprimento, pelas autoridades competentes, de 4. Qualquer condenado à morte terá o direito de pedir indulto
qualquer decisão que julgar procedente tal recurso. ou comutação da pena. A anistia, o indulto ou a comutação da pena
poderá ser concedido em todos os casos.
ARTIGO 3 5. A pena de morte não deverá ser imposta em casos de crimes
cometidos por pessoas menores de 18 anos, nem aplicada a mulhe-
Os Estados Partes no presente Pacto comprometem-se a asse- res em estado de gravidez.
gurar a homens e mulheres igualdade no gozo de todos os direitos 6. Não se poderá invocar disposição alguma do presente artigo
civis e políticos enunciados no presente Pacto. para retardar ou impedir a abolição da pena de morte por um Esta-
do Parte do presente Pacto.
ARTIGO 4
ARTIGO 7
1. Quando situações excepcionais ameacem a existência da
nação e sejam proclamadas oficialmente, os Estados Partes do pre- Ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou tra-
sente Pacto podem adotar, na estrita medida exigida pela situação, tamento cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido sobretu-
medidas que suspendam as obrigações decorrentes do presente do, submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a experi-
Pacto, desde que tais medidas não sejam incompatíveis com as de- ências médias ou cientificas.
mais obrigações que lhes sejam impostas pelo Direito Internacional
e não acarretem discriminação alguma apenas por motivo de raça, ARTIGO 8
cor, sexo, língua, religião ou origem social.
2. A disposição precedente não autoriza qualquer suspensão 1. Ninguém poderá ser submetido á escravidão; a escravidão
dos artigos 6, 7, 8 (parágrafos 1 e 2) 11, 15, 16, e 18. e o tráfico de escravos, em todos as suas formas, ficam proibidos.
3. Os Estados Partes do presente Pacto que fizerem uso do di- 2. Ninguém poderá ser submetido à servidão.
reito de suspensão devem comunicar imediatamente aos outros Es- 3. a) Ninguém poderá ser obrigado a executar trabalhos força-
tados Partes do presente Pacto, por intermédio do Secretário-Geral dos ou obrigatórios;
da Organização das Nações Unidas, as disposições que tenham sus- b) A alínea a) do presente parágrafo não poderá ser interpre-
pendido, bem como os motivos de tal suspensão. Os Estados partes tada no sentido de proibir, nos países em que certos crimes sejam
deverão fazer uma nova comunicação, igualmente por intermédio punidos com prisão e trabalhos forçados, o cumprimento de uma
do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, na data em pena de trabalhos forçados, imposta por um tribunal competente;
que terminar tal suspensão. c) Para os efeitos do presente parágrafo, não serão considera-
dos “trabalhos forçados ou obrigatórios”:
ARTIGO 5 i) qualquer trabalho ou serviço, não previsto na alínea b) nor-
malmente exigido de um individuo que tenha sido encarcerado em
1. Nenhuma disposição do presente Pacto poderá ser inter- cumprimento de decisão judicial ou que, tendo sido objeto de tal
pretada no sentido de reconhecer a um Estado, grupo ou indivíduo decisão, ache-se em liberdade condicional;
qualquer direito de dedicar-se a quaisquer atividades ou praticar ii) qualquer serviço de caráter militar e, nos países em que se
quaisquer atos que tenham por objetivo destruir os direitos ou li- admite a isenção por motivo de consciência, qualquer serviço na-
berdades reconhecidos no presente Pacto ou impor-lhe limitações cional que a lei venha a exigir daqueles que se oponham ao serviço
mais amplas do que aquelas nele previstas. militar por motivo de consciência;

468
DIREITOS HUMANOS
iii) qualquer serviço exigido em casos de emergência ou de ca- 4. Ninguém poderá ser privado arbitrariamente do direito de
lamidade que ameacem o bem-estar da comunidade; entrar em seu próprio país.
iv) qualquer trabalho ou serviço que faça parte das obrigações
cívicas normais. ARTIGO 13

ARTIGO 9 Um estrangeiro que se ache legalmente no território de um Es-


tado Parte do presente Pacto só poderá dele ser expulso em decor-
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais. rência de decisão adotada em conformidade com a lei e, a menos
Ninguém poderá ser preso ou encarcerado arbitrariamente. Nin- que razões imperativas de segurança nacional a isso se oponham,
guém poderá ser privado de liberdade, salvo pelos motivos previs- terá a possibilidade de expor as razões que militem contra sua ex-
tos em lei e em conformidade com os procedimentos nela estabe- pulsão e de ter seu caso reexaminado pelas autoridades competen-
lecidos. tes, ou por uma ou varias pessoas especialmente designadas pelas
2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser informada das ra- referidas autoridades, e de fazer-se representar com esse objetivo.
zões da prisão e notificada, sem demora, das acusações formuladas
contra ela. ARTIGO 14
3. Qualquer pessoa presa ou encarcerada em virtude de infra-
ção penal deverá ser conduzida, sem demora, à presença do juiz ou 1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as cortes
de outra autoridade habilitada por lei a exercer funções judiciais de justiça. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida publicamente e
e terá o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta com devidas garantias por um tribunal competente, independente
em liberdade. A prisão preventiva de pessoas que aguardam jul- e imparcial, estabelecido por lei, na apuração de qualquer acusação
gamento não deverá constituir a regra geral, mas a soltura poderá de caráter penal formulada contra ela ou na determinação de seus
estar condicionada a garantias que assegurem o comparecimento direitos e obrigações de caráter civil. A imprensa e o público pode-
da pessoa em questão à audiência, a todos os atos do processo e, rão ser excluídos de parte da totalidade de um julgamento, quer
se necessário for, para a execução da sentença. por motivo de moral pública, de ordem pública ou de segurança
4. Qualquer pessoa que seja privada de sua liberdade por pri- nacional em uma sociedade democrática, quer quando o interesse
são ou encarceramento terá o direito de recorrer a um tribunal para
da vida privada das Partes o exija, que na medida em que isso seja
que este decida sobre a legislação de seu encarceramento e ordene
estritamente necessário na opinião da justiça, em circunstâncias
sua soltura, caso a prisão tenha sido ilegal.
específicas, nas quais a publicidade venha a prejudicar os interes-
5. Qualquer pessoa vítima de prisão ou encarceramento ilegais
ses da justiça; entretanto, qualquer sentença proferida em matéria
terá direito à repartição.
penal ou civil deverá torna-se pública, a menos que o interesse de
menores exija procedimento oposto, ou processo diga respeito à
ARTIGO 10
controvérsia matrimoniais ou à tutela de menores.
2. Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se pre-
1. Toda pessoa privada de sua liberdade deverá ser tratada com
humanidade e respeito à dignidade inerente à pessoa humana. suma sua inocência enquanto não for legalmente comprovada sua
2. a) As pessoas processadas deverão ser separadas, salvo em culpa.
circunstâncias excepcionais, das pessoas condenadas e receber tra- 3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena
tamento distinto, condizente com sua condição de pessoa não-con- igualmente, a, pelo menos, as seguintes garantias:
denada. a) De ser informado, sem demora, numa língua que compre-
b) As pessoas processadas, jovens, deverão ser separadas das enda e de forma minuciosa, da natureza e dos motivos da acusão
adultas e julgadas o mais rápido possível. contra ela formulada;
3. O regime penitenciário consistirá num tratamento cujo ob- b) De dispor do tempo e dos meios necessários à preparação
jetivo principal seja a reforma e a reabilitação normal dos prisionei- de sua defesa e a comunicar-se com defensor de sua escolha;
ros. Os delinqüentes juvenis deverão ser separados dos adultos e c) De ser julgado sem dilações indevidas;
receber tratamento condizente com sua idade e condição jurídica. d) De estar presente no julgamento e de defender-se pessoal-
mente ou por intermédio de defensor de sua escolha; de ser infor-
ARTIGO 11 mado, caso não tenha defensor, do direito que lhe assiste de tê-lo
e, sempre que o interesse da justiça assim exija, de ter um defensor
Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com designado ex-offício gratuitamente, se não tiver meios para remu-
uma obrigação contratual. nerá-lo;
e) De interrogar ou fazer interrogar as testemunhas de acusão
ARTIGO 12 e de obter o comparecimento eo interrogatório das testemunhas
de defesa nas mesmas condições de que dispõem as de acusação;
1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Es- f) De ser assistida gratuitamente por um intérprete, caso não
tado terá o direito de nele livremente circular e escolher sua resi- compreenda ou não fale a língua empregada durante o julgamento;
dência. g) De não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confes-
2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer sar-se culpada.
país, inclusive de seu próprio país. 4. O processo aplicável a jovens que não sejam maiores nos
3. os direitos supracitados não poderão em lei e no intuito de termos da legislação penal em conta a idade dos menos e a impor-
restrições, a menos que estejam previstas em lei e no intuito de tância de promover sua reintegração social.
proteger a segurança nacional e a ordem, a saúde ou a moral pú- 5. Toda pessoa declarada culpada por um delito terá direito de
blica, bem como os direitos e liberdades das demais pessoas, e que recorrer da sentença condenatória e da pena a uma instância supe-
sejam compatíveis com os outros direitos reconhecidos no presente rior, em conformidade com a lei.
Pacto.

469
DIREITOS HUMANOS
6. Se uma sentença condenatória passada em julgado for pos- 2. Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão; esse direi-
teriormente anulada ou se um indulto for concedido, pela ocorrên- to incluirá a liberdade de procurar, receber e difundir informações e
cia ou descoberta de fatos novos que provem cabalmente a existên- idéias de qualquer natureza, independentemente de considerações
cia de erro judicial, a pessoa que sofreu a pena decorrente desse de fronteiras, verbalmente ou por escrito, em forma impressa ou
condenação deverá ser indenizada, de acordo com a lei, a menos artística, ou por qualquer outro meio de sua escolha.
que fique provado que se lhe pode imputar, total ou parcialmente, 3. O exercício do direito previsto no parágrafo 2 do presente
a não revelação dos fatos desconhecidos em tempo útil. artigo implicará deveres e responsabilidades especiais. Conseqüen-
7. Ninguém poderá ser processado ou punido por um delito temente, poderá estar sujeito a certas restrições, que devem, en-
pelo qual já foi absorvido ou condenado por sentença passada em tretanto, ser expressamente previstas em lei e que se façam neces-
julgado, em conformidade com a lei e os procedimentos penais de sárias para:
cada país. a) assegurar o respeito dos direitos e da reputação das demais
pessoas;
ARTIGO 15 b) proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a moral
públicas.
1. ninguém poderá ser condenado por atos omissões que não
constituam delito de acordo com o direito nacional ou internacio- ARTIGO 20
nal, no momento em que foram cometidos. Tampouco poder-se-á
impor pena mais grave do que a aplicável no momento da ocorrên- 1. Será proibida por lei qualquer propaganda em favor da guer-
cia do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a im- ra.0707
posição de pena mais leve, o delinqüente deverá dela beneficiar-se. 2. Será proibida por lei qualquer apologia do ódio nacional, ra-
2. Nenhuma disposição do presente Pacto impedirá o julga- cial ou religioso que constitua incitamento à discriminação, à hosti-
mento ou a condenação de qualquer individuo por atos ou omis- lidade ou a violência.
sões que, momento em que forma cometidos, eram considerados
delituosos de acordo com os princípios gerais de direito reconheci- ARTIGO 21
dos pela comunidade das nações.
O direito de reunião pacifica será reconhecido. O exercício des-
ARTIGO 16 se direito estará sujeito apenas às restrições previstas em lei e que
se façam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse
Toda pessoa terá direito, em qualquer lugar, ao reconhecimen- da segurança nacional, da segurança ou da ordem pública, ou para
to de sua personalidade jurídica. proteger a saúde ou a moral pública ou os direitos e as liberdades
das demais pessoas.
ARTIGO 17
ARTIGO 22
1. Ninguém poderá ser objetivo de ingerências arbitrárias ou
ilegais em sua vida privada, em sua família, em seu domicílio ou 1. Toda pessoa terá o direito de associar-se livremente a outras,
em sua correspondência, nem de ofensas ilegais às suas honra e inclusive o direito de construir sindicatos e de a eles filiar-se, para a
reputação. proteção de seus interesses.
2. Toda pessoa terá direito à proteção da lei contra essas inge- 2. O exercício desse direito estará sujeito apenas ás restrições
rências ou ofensas. previstas em lei e que se façam necessárias, em uma sociedade de-
mocrática, no interesse da segurança nacional, da segurança e da
ARTIGO 18 ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os
direitos e liberdades das demais pessoas. O presente artigo não im-
1. Toda pessoa terá direito a liberdade de pensamento, de pedirá que se submeta a restrições legais o exercício desse direito
consciência e de religião. Esse direito implicará a liberdade de ter ou por membros das forças armadas e da polícia.
adotar uma religião ou uma crença de sua escolha e a liberdade de 3. Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá que
professar sua religião ou crença, individual ou coletivamente, tanto Estados Partes da Convenção de 1948 da Organização Internacio-
pública como privadamente, por meio do culto, da celebração de nal do Trabalho, relativa à liberdade sindical e à proteção do direito
ritos, de práticas e do ensino. sindical, venham a adotar medidas legislativas que restrinjam ou
2. Ninguém poderá ser submetido a medidas coercitivas que aplicar a lei de maneira a restringir as garantias previstas na referida
possam restringir sua liberdade de ter ou de adotar uma religião ou Convenção.
crença de sua escolha.
3. A liberdade de manifestar a própria religião ou crença estará ARTIGO 23
sujeita apenas à limitações previstas em lei e que se façam necessá-
rias para proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral públi- 1. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e
cas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas. terá o direito de ser protegida pela sociedade e pelo Estado.
4. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a res- 2. Será reconhecido o direito do homem e da mulher de, em
peitar a liberdade dos pais e, quando for o caso, dos tutores legais idade núbil, contrair casamento e constituir família.
- de assegurar a educação religiosa e moral dos filhos que esteja de 3. Casamento algum será celebrado sem o consentimento livre
acordo com suas próprias convicções. e pleno dos futuros esposos.
4. Os Estados Partes do presente Pacto deverão adotar as me-
ARTIGO 19 didas apropriadas para assegurar a igualdade de direitos e respon-
sabilidades dos esposos quanto ao casamento, durante o mesmo
1. ninguém poderá ser molestado por suas opiniões.

470
DIREITOS HUMANOS
e por ocasião de sua dissolução. Em caso de dissolução, deverão Reconhecendo as aspirações de todas as mulheres do mundo
adotar-se disposições que assegurem a proteção necessária para os inteiro e levando em consideração a diversidade das mulheres, suas
filhos. funções e circunstâncias, honrando as mulheres que têm aberto e
construído um caminho e inspirados pela esperança presente na
ARTIGO 24 juventude do mundo,
Reconhecemos que o status das mulheres tem avançado em
1. Toda criança terá direito, sem discriminação alguma por mo- alguns aspectos importantes desde a década passada; no entanto,
tivo de cor, sexo, língua, religião, origem nacional ou social, situação este progresso tem sido heterogêneo, desigualdades entre homens
econômica ou nascimento, às medidas de proteção que a sua con- e mulheres têm persistido e sérios obstáculos também, com conse-
dição de menor requerer por parte de sua família, da sociedade e quências prejudiciais para o bem-estar de todos os povos,
do Estado.
2. Toda criança deverá ser registrada imediatamente após seu Reconhecemos ainda que esta situação é agravada pelo cresci-
nascimento e deverá receber um nome. mento da pobreza que afeta a vida da maioria da população mun-
3. Toda criança terá o direito de adquirir uma nacionalidade. dial, em particular das mulheres e crianças, tendo origem tanto na
esfera nacional, como na esfera internacional,
ARTIGO 25
Comprometemo-nos, sem qualquer reserva, a combater estas
Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem qualquer das limitações e obstáculos e a promover o avanço e o fortalecimento
formas de discriminação mencionadas no artigo 2 e sem restrições das mulheres em todo o mundo e concordamos que isto requer me-
infundadas: didas e ações urgentes, com espírito de determinação, esperança,
a) de participar da condução dos assuntos públicos, diretamen- cooperação e solidariedade, agora e ao longo do próximo século.
te ou por meio de representantes livremente escolhidos;
b) de votar e de ser eleito em eleições periódicas, autênticas, Nós reafirmamos o nosso compromisso relativo:
realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto secreto,
que garantam a manifestação da vontade dos eleitores; À igualdade de direitos e à dignidade humana inerente a mu-
c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções lheres e homens e aos demais propósitos e princípios consagrados
públicas de seu país. na Carta das Nações Unidas, na Declaração Universal dos Direitos
Humanos e em outros instrumentos internacionais de direitos hu-
ARTIGO 26 manos, em particular na Convenção sobre a Eliminação de todas
as Formas de Discriminação contra as Mulheres e na Convenção
Todas as pessoas são iguais perante a lei e têm direito, sem sobre os Direitos da Criança, como também na Declaração sobre a
discriminação alguma, a igual proteção da Lei. A este respeito, a lei Eliminação da Violência contra as Mulheres e na Declaração sobre o
deverá proibir qualquer forma de discriminação e garantir a todas Direito ao Desenvolvimento;
as pessoas proteção igual e eficaz contra qualquer discriminação
por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou Assegurar a plena implementação dos direitos humanos das
de outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica, mulheres e das meninas como parte inalienável, integral e indivisí-
nascimento ou qualquer outra situação. vel de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais;

ARTIGO 27 Impulsionar o consenso e o progresso alcançados nas anterio-


res Conferências das Nações Unidas: sobre as Mulheres, em Nairóbi
Nos Estados em que haja minorias étnicas, religiosas ou lingüís- em 1985, sobre as Crianças, em New York em 1990, sobre o Meio
ticas, as pessoas pertencentes a essas minorias não poderão ser pri- Ambiente e o Desenvolvimento, no Rio de Janeiro em 1992, sobre
vadas do direito de ter, conjuntamente com outros membros de seu Direitos Humanos, em Viena em 1993, sobre População e Desen-
grupo, sua própria vida cultural, de professar e praticar sua própria volvimento, no Cairo em 1994 e sobre Desenvolvimento Social, em
religião e usar sua própria língua. Copenhagem em 1995, com os objetivos de atingir a igualdade, o
desenvolvimento e a paz;
DECLARAÇÃO DE PEQUIM ADOTADA PELA QUARTA Alcançar a plena e efetiva implementação das Estratégias de
CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE AS MULHERES: AÇÃO Nairóbi para o fortalecimento das Mulheres;
PARA IGUALDADE, DESENVOLVIMENTO E PAZ O fortalecimento e o avanço das mulheres, incluindo o direito
à liberdade de pensamento, consciência, religião e crença, o que
Nós, os Governos, participante da Quarta Conferência Mundial contribui para a satisfação das necessidades morais, éticas, espiri-
sobre as Mulheres, tuais e intelectuais de mulheres e homens, individualmente ou em
comunidade, de forma a garantir-lhes a possibilidade de realizar seu
Reunidos aqui em Pequim, em setembro de 1995, no ano do pleno potencial na sociedade e organizar suas vidas de acordo com
50º aniversário de fundação das Nações Unidas, as suas próprias aspirações.

Determinados a promover os objetivos da igualdade, desen- Nós estamos convencidos de que:


volvimento e paz para todas as mulheres, em todos os lugares do O fortalecimento das mulheres e sua plena participação, em
mundo, no interesse de toda a humanidade, condições de igualdade, em todas as esferas sociais, incluindo a
participação nos processos de decisão e acesso ao poder, são fun-
damentais para o alcance da igualdade, desenvolvimento e paz;

471
DIREITOS HUMANOS
Os direitos das mulheres são direitos humanos; do acesso igualitário a todas as mulheres, incluindo as mulheres da
A igualdade de direitos, oportunidades e acesso aos recursos, área rural, como agentes vitais do desenvolvimento, dos recursos
a distribuição equitativa das responsabilidades familiares entre ho- produtivos, oportunidade e dos serviços públicos;
mens e mulheres e a harmônica associação entre eles são funda-
mentais para seu próprio bem-estar e de suas famílias, como tam- Promover um desenvolvimento sustentado centrado na pes-
bém para a consolidação da democracia; A erradicação da pobreza soa, incluindo o crescimento econômico sustentado através da
baseada no crescimento econômico sustentado, no desenvolvimen- educação básica, educação durante toda a vida, alfabetização e ca-
to social, na proteção do meio ambiente e na justiça social, requer a pacitação e atenção primária à saúde das meninas e das mulheres;
participação das mulheres no desenvolvimento econômico e social,
a igualdade de oportunidades e a plena e equânime participação de Adotar as medidas positivas para assegurar a paz para os
mulheres e homens como agentes beneficiários de um desenvolvi- avanços das mulheres e, reconhecendo o papel de liderança que
mento sustentado, centrado na pessoa; as mulheres têm apresentado no movimento pela paz, trabalhar
ativamente para o desarmamento geral e completo, sob o estrito
O reconhecimento explícito e a reafirmação do direito de to- e efetivo controle internacional, e apoiar as negociações para a
das as mulheres de controlar todos os aspectos de sua saúde, em conclusão, sem demora, de tratado universal e multilateral de proi-
particular sua própria fertilidade, é básico para seu fortalecimento; bição de testes nucleares, que efetivamente contribua para o de-
sarmamento nuclear e para a prevenção da proliferação de armas
A paz local, nacional, regional e global é alcançável e está ne- nucleares em todos os seus aspectos;
cessariamente relacionada com os avanços das mulheres, que cons-
tituem uma força fundamental para a liderança, a solução de confli- Prevenir e eliminar todas as formas de violência contra mulhe-
tos e a promoção de uma paz duradoura em todos os níveis; res e meninas;

É indispensável formular, implementar e monitorar, com a ple- Assegurar a igualdade de acesso e a igualdade de tratamento
na participação das mulheres, políticas e programas efetivos, efi- de mulheres e homens na educação e saúde e promover a saúde
cientes e reforçadores do enfoque de gênero, incluindo políticas de sexual e reprodutiva das mulheres e sua educação;
desenvolvimento e programas que em todos os níveis busquem o
fortalecimento e o avanço das mulheres; Promover e proteger todos os direitos humanos das mulheres
e das meninas;
A participação e contribuição de todos os atores da socieda-
de civil, particularmente de grupos e redes de mulheres e demais Intensificar os esforços para garantir o exercício, em igualdade
organizações não-governamentais e organizações comunitárias de de condições, de todos os direitos humanos e liberdades funda-
base, com o pleno respeito de sua autonomia, em cooperação com mentais para todas as mulheres e meninas que enfrentam múltiplas
os Governos, é fundamental para a efetiva implementação e moni- barreiras para seu fortalecimento e avanços, em virtude de fatores
toramento da Plataforma de Ação; como raça, idade, língua, origem étnica, cultura, religião, incapaci-
dade/deficiência, ou por integrar comunidades indígenas;
A implementação da Plataforma de Ação exige o compromisso
dos Governos e da comunidade internacional. Ao assumir compro- Assegurar o respeito ao Direito Internacional, incluído o Direito
missos de ação, no plano nacional e internacional, incluídos os com- Humanitário, no sentido de proteger as mulheres e as meninas em
promissos firmados na Conferência, os Governos e a comunidade particular;
internacional reconhecem a necessidade de priorizar a ação para o
alcance do fortalecimento e do avanço das mulheres. Desenvolver o pleno potencial de meninas e mulheres de todas
as idades, garantir sua plena participação, em condições de igualda-
Nós estamos determinados a: de, na construção de um mundo melhor para todos e promover seu
Intensificar esforços e ações para alcançar, até o final deste sé- papel no processo de desenvolvimento.
culo, os objetivos e estratégias de Nairóbi, orientados para os avan-
ços das mulheres; Nós estamos determinados a:
Assegurar às mulheres a igualdade de acesso aos recursos eco-
Garantir o pleno exercício de todos os direitos humanos e li- nômicos, incluindo a terra, o crédito, a ciência, a tecnologia, a ca-
berdades fundamentais às mulheres e meninas e adotar medidas pacitação profissional, a informação, a comunicação e os mercados,
efetivas contra a violação destes direitos e liberdades; como meio de promover o avanço e o fortalecimento das mulheres
e meninas, inclusive através da promoção de sua capacidade de
Adotar todas as medidas necessárias para eliminar todas as for- exercer os benefícios do acesso igualitário a estes recursos, para o
mas de discriminação contra mulheres e meninas e remover todos que se recorre, dentre outras coisas, à cooperação internacional;
os obstáculos à igualdade de gênero e aos avanços e fortalecimento
das mulheres; Assegurar o sucesso da Plataforma de Ação que exigirá o sólido
compromisso dos Governos, organizações e instituições internacio-
Encorajar os homens a participar plenamente de todas as ações nais de todos os níveis. Nós estamos firmemente convencidos de
orientadas à busca da igualdade; que o desenvolvimento econômico, o desenvolvimento social e a
proteção do meio ambiente são interdependentes e componen-
Promover a independência econômica das mulheres, incluindo tes mutuamente enfatizadores do desenvolvimento sustentável,
o emprego, e erradicar a persistente e crescente pobreza que recai que é o marco de nossos esforços para o alcance de uma melhor
sobre as mulheres, combatendo as causas estruturais da pobreza qualidade de vida para todos os povos. Um desenvolvimento so-
através de transformações nas estruturas econômicas, asseguran- cial equitativo que reconheça a importância do fortalecimento dos
pobres, particularmente das mulheres que vivem na pobreza, na

472
DIREITOS HUMANOS
utilização dos recursos ambientais sustentáveis, é uma base neces- CONVENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E A REPRESSÃO DO CRIME DE
sária ao desenvolvimento sustentável, é necessário para estimular GENOCÍDIO
o desenvolvimento social e a justiça social. O sucesso da Plataforma
de Ação ainda exigirá uma adequada mobilização de recursos nos As Partes Contratantes,
âmbitos nacional e internacional, como também novos e adicionais Considerando que a Assembléia Geral da Organização das Na-
recursos para os países em desenvolvimento, provenientes de to- ções Unidas, em sua Resolução 96 (1) de 11 de dezembro de 1945,
dos os mecanismos de financiamento disponíveis, incluídas as fon- declarou que o genocídio é um crime contra o Direito Internacional,
tes multilaterais, bilaterais e privadas, a fim de que se promova o contrário ao espírito e aos fins das Nações Unidas e que o mundo
fortalecimento das mulheres; recursos financeiros para aumentar civilizado condena;
a capacidade de instituições nacionais, sub-regionais, regionais e Reconhecendo que todos os méritos da história o genocídio
internacionais; o compromisso de garantir a igualdade de direitos, causou grandes perdas à humanidade;
a igualdade de responsabilidades, a igualdade de oportunidades e Convencidas de que, para libertar a humanidade de flagelo tão
a igualdade de participação de mulheres e homens em todos os odioso, a cooperação internacional é necessária:
órgãos e processos de formulação de políticas públicas no âmbito Convém no seguinte:
nacional, regional e internacional; o estabelecimento ou o fortale-
cimento de mecanismos em todos os níveis para prestar contas às ARTIGO I
mulheres de todo mundo; As Partes Contratantes confirmam que o genocídio quer come-
tido em tempo de paz ou em tempo de guerra, é um crime contra
Garantir também o êxito da Plataforma de Ação em, países o Direito Internacional, que elas se comprometem a prevenir e a
cujas economias estejam em transição, o que requer contínua coo- punir.
peração e assistência internacional;
ARTIGO II
Pela presente nos comprometemos, na qualidade de Governos, Na presente Convenção entende-se por genocídio qualquer dos
a implementar a seguinte Plataforma de Ação, de modo a garantir seguintes atos, cometidos com a intenção de destruir no todo ou em
que uma perspectiva do gênero esteja presente em todas as nossas parte, um grupo nacional. étnico, racial ou religioso, como tal:
políticas e programas. Nós insistimos para que o sistema das Na- a) matar membros do grupo;
ções Unidas, as instituições financeiras regionais e internacionais,
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de mem-
as demais relevantes instituições regionais e internacionais, todas
bros do grupo;
as mulheres e homens, como também as organizações não-gover-
c) submeter intencionalmente o grupo a condição de existência
namentais, com pleno respeito à sua autonomia, e todos os setores
capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;
da sociedade civil, em cooperação com os Governos, se comprome-
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio
tam plenamente e contribuam para a implementação desta Plata-
de grupo;
forma de Ação.
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para
* Adotada pela Quarta Conferência Mundial sobre as Mulhe- outro grupo.
res, em 15 de setembro de 1995.
ARTIGO III
Serão punidos os seguintes atos:
CONVENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E A REPRESSÃO DO a) o genocídio;
CRIME DE GENOCÍDIO b) a associação de pessoas para cometer o genocídio;
c) a incitação direta e pública a cometer o genocídio;
DECRETO Nº 30.822, DE 6 DE MAIO DE 1952 d) a tentativa de genocídio;
e) a coautoria no genocídio.
Promulga a convenção para a prevenção e a repressão do cri-
me de Genocídio, concluída em Paris, a 11 de dezembro de 1948, ARTIGO IV
por ocasião da III Sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas. As pessoas que tiverem cometido o genocídio ou qualquer dos
outros atos enumerados no Artigo III serão punidas, sejam gover-
O Presidente Da República, Do Estados Unidos Do Brasil: nistas, funcionários ou particulares.
Tendo o Congresso Nacional aprovado pelo Decreto Legislativo
nº 2, de 11 de abril de 1951, a convenção para a prevenção e a ARTIGO V
repressão do crime de Genocídio, concluída em Paris a 11 de de- As Partes Contratantes assumem o compromisso de tomar, de
zembro de 1948, por ocasião da III Sessão da Assembléia Geral das acordo com suas respectivas constituições as medidas legislativas
Nações Unidas; e necessárias a assegurar as aplicações das disposições da presente
Tendo sido depositado no secretariado geral da Organização Convenção, e, sobretudo a estabelecer sanções penais eficazes apli-
das Nações Unidas, em Lake Sucess, Nova York, a 15 de abril de cáveis às pessoas culpadas de genocídio ou de qualquer dos outros
1952, o Instrumento Brasileiro de ratificação: atos enumerados no Artigo III.
DECRETA:
ARTIGO VI
Que a referida convenção, apensa por cópia ao presente de- As pessoas acusadas de genocídio ou qualquer dos outros atos
creto, seja executada e cumprida tão inteiramente como nela se enumerados no Artigo III serão julgadas pelos tribunais competen-
contém. tes do Estado em cujo território foi o ato cometido ou pela Corte
Rio de Janeiro, em 06 de maio de 1952; 131º da Independência Penal Internacional competente com relação às Partes Contratantes
e 64º da República. que lhe tiverem reconhecido a jurisdição.

473
DIREITOS HUMANOS
ARTIGO VII Ficará, posteriormente, em vigor por um período de cinco anos
O genocídio e os outros atos enumerados no Artigo III não se- e assim sucessivamente, com relação às Partes Contratantes que
rão considerados crimes políticos para efeitos de extradição. não tiverem denunciado pelo menos seis meses antes do termo do
As partes Contratantes se comprometem em tal caso a conce- prazo.
der a extradição de acordo com sua legislação e com os tratados A denuncia será feita por notificação escrita dirigida ao Secretá-
em vigor. rio Geral das Nações Unidas.

ARTIGO VIII ARTIGO XV


Qualquer Parte Contratante pode recorrer aos órgãos compe- Se, em consequência de denuncias, o número das Partes na
tentes das Nações Unidas a fim de que estes tomem, de acordo presente Convenção se reduzir a menos de dezesseis, a Convenção
com a Carta das Nações Unidas, as medidas que julguem necessá- cessará de vigorar a partir da data na qual a última dessas denun-
rias para a prevenção e a repressão dos atos de genocídio ou em cias entrar em vigor.
qualquer dos outros atos enumerados no Artigo III. A Assembléia Geral decidirá com relação ás medidas que se
deve tomar, se for o caso, com relação a esse pedido.
ARTIGO IX
As controvérsias entre as Partes Contratantes relativas à inter- ARTIGO XVII
pretação, aplicação ou execução da presente Convenção bem como O Secretário Geral das Nações Unidas notificará todos os mem-
as referentes à responsabilidade de um Estado em matéria de ge- bros das nações Unidas e os Estados não-membros mencionados
nocídio ou de qualquer dos outros atos enumerados no Artigo III, no Artigo XI:
serão submetidas à Corte Internacional de Justiça, a pedido de uma a) das assinaturas, ratificações e adesões recebidas de acordo
das Partes na controvérsia. com o Artigo XI;
b) das notificações recebidas de acordo com o Artigo XII;
ARTIGO X c) da data em que a presente Convenção entrar em vigor de
A presente Convenção, outros textos inglês, chinês, espanhol, acordo com o Artigo XIII;
francês e russo serão igualmente autênticos terá a data de 09 de d) das denúncias recebidas de acordo com o Artigo XIV;
dezembro de 1948. e) da aprovação da Convenção de acordo com o Artigo XV;
f) das notificações recebidas de acordo com o Artigo XVI.
ARTIGO XI
ARTIGO XVIII
A presente Convenção ficará aberta, até 31 de dezembro de
O original da presente Convenção será depositado nos arquivos
1949, à assinatura de todos os Membros das Nações Unidas e de
da Organização das Nações Unidas.
todo Estado não -membro ao qual a Assembléia Geral houver en-
Enviar-se-á cópia autentica a todos os Membros das Nações
viado um convite para esse fim.
Unidas e aos Estados não-membros mencionados no Artigo XI.
A presente Convenção será ratificada e dos instrumentos de ra-
tificação far-se-á depósito no Secretariado das Nações Unidas.
ARTIGO XIX
A partir de 1º de janeiro de 1950, qualquer Membro das na-
A presente Convenção será registrada pelo Secretário Geral das
ções Unidas e qualquer Estado não-membro que houver recebido o
Nações Unidas na data de sua entrada em vigor.
convite acima mencionado poderão aderir à presente Convenção.
Pelo Afeganistão - Pela Argentina - Pela Austrália: Herbert V.
Os instrumentos de adesão serão depositados no Secretariado
Evatt - 11 de dezembro de 1948.
das Nações Unidas.
Pelo Reino da Bélgica - Pela Bolívia. A Costa du Rels - 11 de
dezembro de 1948.
ARTIGO XII
Pelo Brasil: João Carlos Muniz - 11 de dezembro de 1948.
Qualquer Parte Contratante poderá a qualquer tempo, por no-
Pela União da Birmânia - Pela República Socialista Soviética da
tificação dirigida ao Secretário Geral das Nações Unidas, estender a
Bielo-Russia - Pelo Canadá - Pelo Chile: com a reserva que requer
aplicação da presente Convenção a todos os territórios ou a qual-
também a aprovação do Congresso do meu país - H. Arancibia Laso.
quer dos territórios ou qualquer dos territórios de cujas relações
Pela China - Pela Colômbia - Por Costa Rica - Por Cuba - Pela
exteriores seja responsável.
Tchecoslováquia - Pela Dinamarca - Pela República Dominicana: Jo-
aquim Balaguer - 11 de dezembro de 1948.
ARTIGO XIII
Pelo Equador: Homero Viteri - La fronte - 11 de dezembro de
Na data em que os vinte primeiros instrumentos de ratificação
1948.
ou adesão tiverem sido depositados, o Secretário Geral lavrará uma
Pelo Egito: Ahmed Mohamed Khachaba - 12 de dezembro de
ata, e transmitirá cópia da mesma a todos os membros das Nações
1948.
Unidas e aos Estados não-membros a que se refere o Artigo XI.
Por el Salvador - Pela Etiópia: - Aklilou - 11 de dezembro de
A presente Convenção entrará em vigor noventa dias após a
1948.
data do depósito do vigésimo instrumento de ratificação ou adesão.
Pela França: Robert Schuman - 11 de dezembro de 1948.
Qualquer ratificação ou adesão efetuada posteriormente à úl-
Pela Grécia - Pela Guatemala - Por Haiti: (ilegível) - 11 de de-
tima data entrará em vigor noventa dias após o deposito do instru-
zembro de 1948.
mento de ratificação ou adesão.
Por Honduras - Pela Islândia - Pela Índia - Pelo Irã - Pelo Iraque
- Pelo Líbano - Pela Libéria: Henry Coop - 11 de dezembro de 1948.
ARTIGO XIV
Pelo Grão Ducado de Luxemburgo - Pelo México: L. Padilha
A presente Convenção vigorará por dez anos a partir da data de
Nervo - 14 de dezembro de 1948.
sua entrada em vigor.
Pelo Reino dos Países Baixos - Pela Nova Zelândia - Pela Nicará-
gua - Pelo Reino da Noruega: Finn Moe, - 11 de dezembro de 1948.
Pelo Paquistão: Zafrullah Khan - 11 de dezembro de 1948.
Pelo Panamá: R. J. Alfaro - 11 de dezembro de 1948.

474
DIREITOS HUMANOS
Pelo Paraguai: (ilegível) - 11 de dezembro de 1946. versal dos Direitos Humanos (DUDH) - adotada e proclamada pela
Pelo Peru: f. Berckmeyer - 11 de dezembro de 1948. Resolução 217-A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas, em
Pela República das Filipinas: Carlos P. Rômulo - 11 de dezembro 10 de dezembro de 1948.
de 1948. Acerca dos direitos fundamentais previstos no documento
Pela Polônia - Pela Arábia Saudita - Pelo Sião - Pela Suécia - Pela mencionado no texto acima, assinale a opção incorreta.
Síria - Pela Turquia - Pela República Socialista Soviética da Ucrânia - (A) A DUDH surgiu para atender ao clamor de toda a humani-
Pela União Sul Africana - Pela Uniaão das Repúblcia Socialistas Sovi- dade e buscou realçar alguns princípios básicos fundamentais
éticas - Pelo Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte -Pelos para a compreensão da dignidade humana, entre eles, a liber-
Estados Unidos da América: Ernest A . Gross - 11 de dezembro de dade e a igualdade.
1948. (B) A DUDH protege o genoma humano como unidade funda-
Pelo Uruguai : Enrique C. Armanã Ugon - 11 de dezembro de mental de todos os membros da espécie humana e também
1948. Pela Venezuela - Pelo Imen - Pela Iugoslávia: Ales Bebler - 11 reconhece como inerentes sua dignidade e sua diversidade. Em
de dezembro de 1948.
um sentido simbólico, a DUDH reconhece o genoma como a
A presente é a tradução oficial, em idioma português, do texto
herança da humanidade.
original e autêntico da Convenção para a Prevenção e a Repressão
(C) A DUDH afirma que o desrespeito aos direitos humanos é
do Crime de Genocídio, firmada em Paris, em dezembro de 1948,
causa da barbárie.
por ocasião da 3ª Sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas.
Secretaria de Estado das Relações Exteriores, Rio de janeiro, (D) A DUDH assegura o direito de resistência.
D.F., em 28 de abril de 1952. - Jayme de Barros Gomes. Chefe da (E) A DUDH assegura o direito de resistência. E A DUDH corre-
Divisão de Atos, Congressos e Conferencias Internacionais. laciona o estabelecimento de uma compreensão comum dos
direitos humanos com o seu pleno cumprimento.
EXERCÍCIOS
3. (CESPE - 2010 - DPU - Defensor Público Federal) Com rela-
ção à proteção internacional dos direitos humanos, julgue os itens
1. ( FCC - 2009 - DPE-MA - Defensor Público) Ao introduzir a a seguir.
concepção contemporânea de direitos humanos, a Declaração Uni- A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, apesar
versal de Direitos Humanos de 1948 afirma que de ter natureza de resolução, não apresenta instrumentos ou ór-
(A) o relativismo cultural, a indivisibilidade e a interdependên- gãos próprios destinados a tornar compulsória sua aplicação.
cia dos direitos humanos, conferindo primazia ao valor da soli- ( ) CERTO
dariedade, como condição ao exercício dos direitos civis, políti- ( ) ERRADO
cos, econômicos, sociais e culturais.
(B) a universalidade, a indivisibilidade e a interdependência dos 4. (PGT - 2007 - PGT - Procurador) Quanto ao sistema intera-
direitos humanos, conferindo paridade hierárquica entre direi- mericano de proteção dos direitos humanos, analise as assertivas
tos civis e políticos e direitos econômicos, sociais e culturais. abaixo:
(C) a universalidade, a indivisibilidade e a interdependência I - No âmbito da Organização dos Estados Americanos, ao con-
dos direitos humanos, conferindo primazia aos direitos civis e trário do que ocorre no da ONU, só há um Pacto de Direitos Huma-
políticos, como condição ao exercício dos direitos econômicos, nos, que trata dos Direitos Civis e Políticos, o Pacto de São José da
sociais e culturais. Costa Rica, não havendo um pacto de direitos sociais, econômicos
(D) o relativismo cultural, a indivisibilidade e a interdependên- e culturais.
cia dos direitos humanos, conferindo primazia aos direitos eco- II - O Pacto de São José da Costa Rica restringe a prisão civil por
nômicos, sociais e culturais, como condição ao exercício dos dívidas ao devedor de alimentos.
direitos civis e políticos. III - O Pacto de São José da Costa Rica proíbe todo tipo de traba-
(E) a universalidade, a indivisibilidade e a interdependência dos lho forçado ou obrigatório, inclusive ao presidiário.
direitos humanos, conferindo primazia aos direitos econômi- IV - O Pacto de São José da Costa Rica consagra o duplo grau
cos, sociais e culturais, como condição ao exercício dos direitos de jurisdição ao garantir o direito de recorrer de sentença a juiz ou
civis e políticos. tribunal.

2. (CESPE - 2008 - MPE-RO - Promotor de Justiça) Após as con- Assinale a alternativa CORRETA:
seqüências devastadoras da Segunda Guerra Mundial, os países re- (A) apenas os itens III e IV são corretos;
solveram criar uma organização multi e supranacional para regular (B) apenas os itens I e II são corretos;
as relações entre os povos. Nesse marco, surgiu, em 1945, a Carta (C) apenas os itens I e IV são corretos;
das Nações, cujos fundamentos visavam, essencialmente, à manu- (D) apenas os itens II e IV são corretos;
tenção da paz internacional, que incluía a proteção da integridade (E) não respondida.
territorial dos Estados frente à agressão e à intervenção externa;
ao fomento entre as nações de relações de amizade, levando em 5. (CESPE - 2012 - DPE-RO - Defensor Público) Considerando o
conta os princípios de igualdade, soberania e livre determinação Pacto de São José da Costa Rica, assinale a opção correta.
dos povos; e à realização de cooperação internacional para solução (A) Mesmo não tendo sido prevista no referido pacto, a prote-
de problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural ção da integridade psíquica de toda pessoa é dever dos Estados
e humanitário, incluindo o respeito aos direitos humanos e às li- signatários, por força de orientação da Comissão Interamerica-
berdades fundamentais, sem fazer distinção por motivos de raça, na e da Corte Interamericana.
sexo, idioma ou religião. A Carta das Nações deu origem à ONU, (B) Os Estados signatários desse pacto comprometem-se a res-
que, posteriormente, criou uma carta de direitos - a Declaração Uni- peitar os direitos e liberdades nele reconhecidos e a garantir
seu livre e pleno exercício às pessoas que estejam sujeitas à
sua jurisdição.

475
DIREITOS HUMANOS
(C) Os Estados-partes são dispensados de adotar quaisquer
medidas legislativas destinadas a garantir o exercício dos direi-
ANOTAÇÕES
tos e liberdades previstos nesse pacto, que se torna eficaz, no ______________________________________________________
Estado-parte, a partir de sua assinatura.
(D) Por não definir o significado da palavra pessoa, que é o su- ______________________________________________________
jeito dos direitos humanos por ele garantidos, o pacto possibi-
lita que Estados-partes restrinjam, por meio da jurisprudência ______________________________________________________
ou da legislação nacional, o significado do termo.
(E) O pacto não prevê, expressamente, o direito de toda pessoa ______________________________________________________
de ter reconhecida sua personalidade jurídica, embora se infira
______________________________________________________
de suas disposições o dever de os Estados-partes reconhece-
rem esse direito. ______________________________________________________
6. (FCC - 2006 - DPE-SP - Defensor Público) Comparando-se a ______________________________________________________
natureza da obrigação estatal de tornar efetivos os direitos huma-
nos e liberdades fundamentais, nos termos do Pacto Internacional ______________________________________________________
dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e do Pacto Internacio-
nal dos Direitos Civis e Políticos, é correto afirmar: ______________________________________________________
(A) O conceito de realização progressiva dos direitos civis e polí-
______________________________________________________
ticos constitui o reconhecimento de que a efetividade plena de
tais direitos não será possível de ser alcançada em curto prazo. ______________________________________________________
(B) Os direitos econômicos, sociais e culturais refletem uma
aspiração política da sociedade, não decorrendo deles direito ______________________________________________________
subjetivo exigível judicialmente.
(C) A efetividade dos direitos econômicos, sociais e culturais ______________________________________________________
decorre de sua previsão legal e não gera para o Estado a obri-
gação de promovê-los. ______________________________________________________
(D) O conceito de realização imediata dos direitos civis e polí-
ticos decorre de sua origem jusnatural, inexistindo obrigação ______________________________________________________
estatal decorrente.
______________________________________________________
(E) O conceito de realização progressiva dos direitos econômi-
cos, sociais e culturais não deve ser interpretado como supres- ______________________________________________________
sor do caráter obrigatório de promoção daqueles direitos.
______________________________________________________
7. (CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor Público) Acerca dos di-
reitos à liberdade de expressão e de comunicação e ao acesso à ______________________________________________________
informação, julgue o item seguinte.
A clássica divisão entre direitos individuais e políticos e direitos ______________________________________________________
sociais e econômicos é útil para se compreender o fenômeno da
______________________________________________________
pobreza e, com base nisso, o Pacto Internacional de Direitos Civis e
Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e ______________________________________________________
Culturais recomendam aos países com baixo desenvolvimento eco-
nômico que priorizem direitos sociais em vez de liberdades indivi- ______________________________________________________
duais.
( ) CERTO _____________________________________________________
( ) ERRADO
_____________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 B ______________________________________________________
2 B ______________________________________________________
3 CERTO
______________________________________________________
4 D
5 B ______________________________________________________

6 E ______________________________________________________
7 ERRADO ______________________________________________________

______________________________________________________

476
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL LEI FEDERAL N° 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010 (ESTATU-
(ART. 1°, 3°, 4° E 5°) TO DA IGUALDADE RACIAL)

Prezado candidato, o tema supracitado foi abordado na maté- LEI Nº 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010
ria de “Direito Constitucional”.
Não deixe de conferir! Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis nos 7.716,
Bons estudos! de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de
24 de julho de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003.

CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA, (CAP. XXIII “DO O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
NEGRO”) cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA DE 05 OUTUBRO DE DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
1989
Art. 1o Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, desti-
PREÂMBULO nado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de
oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos
Nós, Deputados Estaduais Constituintes, investidos no pleno e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de into-
exercício dos poderes conferidos pela Constituição da República Fe- lerância étnica.
derativa do Brasil, sob a proteção de Deus e com o apoio do povo Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se:
baiano, unidos indissoluvelmente pelos mais elevados propósitos I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclu-
de preservar o Estado de Direito, o culto perene à liberdade e a são, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou
igualdade de todos perante a lei, intransigentes no combate a toda origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir
forma de opressão, preconceito, exploração do homem pelo ho- o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições,
mem e velando pela Paz e Justiça sociais, promulgamos a Constitui- de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos políti-
ção do Estado da Bahia. co, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida
pública ou privada;
TÍTULO VI II - desigualdade racial: toda situação injustificada de diferen-
DA ORDEM ECONÔMICA E SOCIAL ciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas
CAPÍTULO XXIII esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou
DO NEGRO origem nacional ou étnica;
III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no
Art. 286 - A sociedade baiana é cultural e historicamente mar- âmbito da sociedade que acentua a distância social entre mulheres
cada pela presença da comunidade afro-brasileira, constituindo negras e os demais segmentos sociais;
a prática do racismo crime inafiançável e imprescritível, sujeito a IV - população negra: o conjunto de pessoas que se autode-
pena de reclusão, nos termos da Constituição Federal. claram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela
Art. 287 - Com países que mantiverem política oficial de discri- Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou
minação racial, o Estado não poderá: que adotam autodefinição análoga;
I - admitir participação, ainda que indireta, através de empre- V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas adota-
sas neles sediadas, em qualquer processo licitatório da Administra- dos pelo Estado no cumprimento de suas atribuições institucionais;
ção Pública direta ou indireta; VI - ações afirmativas: os programas e medidas especiais ado-
II - manter intercâmbio cultural ou desportivo, através de dele- tados pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das de-
gações oficiais. sigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportuni-
Art. 288 - A rede estadual de ensino e os cursos de formação dades.
e aperfeiçoamento do servidor público civil e militar incluirão em Art. 2o É dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade
seus programas disciplina que valorize a participação do negro na de oportunidades, reconhecendo a todo cidadão brasileiro, inde-
formação histórica da sociedade brasileira. pendentemente da etnia ou da cor da pele, o direito à participação
Art. 289 - Sempre que for veiculada publicidade estadual com na comunidade, especialmente nas atividades políticas, econômi-
mais de duas pessoas, será assegurada a inclusão de uma da raça cas, empresariais, educacionais, culturais e esportivas, defendendo
negra. sua dignidade e seus valores religiosos e culturais.
Art. 290 - O dia 20 de novembro será considerado, no calendá-
rio oficial, como Dia da Consciência Negra.

477
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 3o Além das normas constitucionais relativas aos prin- II - produção de conhecimento científico e tecnológico em saú-
cípios fundamentais, aos direitos e garantias fundamentais e aos de da população negra;
direitos sociais, econômicos e culturais, o Estatuto da Igualdade III - desenvolvimento de processos de informação, comunica-
Racial adota como diretriz político-jurídica a inclusão das vítimas ção e educação para contribuir com a redução das vulnerabilidades
de desigualdade étnico-racial, a valorização da igualdade étnica e o da população negra.
fortalecimento da identidade nacional brasileira. Art. 8o Constituem objetivos da Política Nacional de Saúde In-
Art. 4o A participação da população negra, em condição de tegral da População Negra:
igualdade de oportunidade, na vida econômica, social, política e I - a promoção da saúde integral da população negra, priorizan-
cultural do País será promovida, prioritariamente, por meio de: do a redução das desigualdades étnicas e o combate à discrimina-
I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econô- ção nas instituições e serviços do SUS;
mico e social; II - a melhoria da qualidade dos sistemas de informação do SUS
II - adoção de medidas, programas e políticas de ação afirma- no que tange à coleta, ao processamento e à análise dos dados de-
tiva; sagregados por cor, etnia e gênero;
III - modificação das estruturas institucionais do Estado para o III - o fomento à realização de estudos e pesquisas sobre racis-
adequado enfrentamento e a superação das desigualdades étnicas mo e saúde da população negra;
decorrentes do preconceito e da discriminação étnica; IV - a inclusão do conteúdo da saúde da população negra nos
IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o com- processos de formação e educação permanente dos trabalhadores
bate à discriminação étnica e às desigualdades étnicas em todas as da saúde;
suas manifestações individuais, institucionais e estruturais; V - a inclusão da temática saúde da população negra nos pro-
V - eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e insti- cessos de formação política das lideranças de movimentos sociais
tucionais que impedem a representação da diversidade étnica nas para o exercício da participação e controle social no SUS.
esferas pública e privada; Parágrafo único. Os moradores das comunidades de remanes-
VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da centes de quilombos serão beneficiários de incentivos específicos
sociedade civil direcionadas à promoção da igualdade de oportuni- para a garantia do direito à saúde, incluindo melhorias nas condi-
dades e ao combate às desigualdades étnicas, inclusive mediante ções ambientais, no saneamento básico, na segurança alimentar e
a implementação de incentivos e critérios de condicionamento e nutricional e na atenção integral à saúde.
prioridade no acesso aos recursos públicos;
VII - implementação de programas de ação afirmativa destina- CAPÍTULO II
dos ao enfrentamento das desigualdades étnicas no tocante à edu- DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA,
cação, cultura, esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho, moradia, AO ESPORTE E AO LAZER
meios de comunicação de massa, financiamentos públicos, acesso à SEÇÃO I
terra, à Justiça, e outros. DISPOSIÇÕES GERAIS
Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa constituir-se-
-ão em políticas públicas destinadas a reparar as distorções e desi- Art. 9o A população negra tem direito a participar de atividades
gualdades sociais e demais práticas discriminatórias adotadas, nas educacionais, culturais, esportivas e de lazer adequadas a seus inte-
esferas pública e privada, durante o processo de formação social resses e condições, de modo a contribuir para o patrimônio cultural
do País. de sua comunidade e da sociedade brasileira.
Art. 5o Para a consecução dos objetivos desta Lei, é instituído Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art. 9o, os gover-
o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), con- nos federal, estaduais, distrital e municipais adotarão as seguintes
forme estabelecido no Título III. providências:
I - promoção de ações para viabilizar e ampliar o acesso da po-
TÍTULO II pulação negra ao ensino gratuito e às atividades esportivas e de
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS lazer;
CAPÍTULO I II - apoio à iniciativa de entidades que mantenham espaço para
DO DIREITO À SAÚDE promoção social e cultural da população negra;
III - desenvolvimento de campanhas educativas, inclusive nas
Art. 6o O direito à saúde da população negra será garantido escolas, para que a solidariedade aos membros da população negra
pelo poder público mediante políticas universais, sociais e econômi- faça parte da cultura de toda a sociedade;
cas destinadas à redução do risco de doenças e de outros agravos. IV - implementação de políticas públicas para o fortalecimento
§ 1o O acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saúde da juventude negra brasileira.
(SUS) para promoção, proteção e recuperação da saúde da popu-
lação negra será de responsabilidade dos órgãos e instituições pú- SEÇÃO II
blicas federais, estaduais, distritais e municipais, da administração DA EDUCAÇÃO
direta e indireta.
§ 2o O poder público garantirá que o segmento da população Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de en-
negra vinculado aos seguros privados de saúde seja tratado sem sino médio, públicos e privados, é obrigatório o estudo da história
discriminação. geral da África e da história da população negra no Brasil, observa-
Art. 7o O conjunto de ações de saúde voltadas à população do o disposto na Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
negra constitui a Política Nacional de Saúde Integral da População § 1o Os conteúdos referentes à história da população negra no
Negra, organizada de acordo com as diretrizes abaixo especificadas: Brasil serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, res-
I - ampliação e fortalecimento da participação de lideranças gatando sua contribuição decisiva para o desenvolvimento social,
dos movimentos sociais em defesa da saúde da população negra econômico, político e cultural do País.
nas instâncias de participação e controle social do SUS;

478
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
§ 2o O órgão competente do Poder Executivo fomentará a for- Art. 20. O poder público garantirá o registro e a proteção da
mação inicial e continuada de professores e a elaboração de mate- capoeira, em todas as suas modalidades, como bem de natureza
rial didático específico para o cumprimento do disposto no caput imaterial e de formação da identidade cultural brasileira, nos ter-
deste artigo. mos do art. 216 da Constituição Federal.
§ 3o Nas datas comemorativas de caráter cívico, os órgãos res- Parágrafo único. O poder público buscará garantir, por meio
ponsáveis pela educação incentivarão a participação de intelectuais dos atos normativos necessários, a preservação dos elementos for-
e representantes do movimento negro para debater com os estu- madores tradicionais da capoeira nas suas relações internacionais.
dantes suas vivências relativas ao tema em comemoração.
Art. 12. Os órgãos federais, distritais e estaduais de fomento à SEÇÃO IV
pesquisa e à pós-graduação poderão criar incentivos a pesquisas e a DO ESPORTE E LAZER
programas de estudo voltados para temas referentes às relações ét-
nicas, aos quilombos e às questões pertinentes à população negra. Art. 21. O poder público fomentará o pleno acesso da popula-
Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos com- ção negra às práticas desportivas, consolidando o esporte e o lazer
petentes, incentivará as instituições de ensino superior públicas e como direitos sociais.
privadas, sem prejuízo da legislação em vigor, a: Art. 22. A capoeira é reconhecida como desporto de criação
I - resguardar os princípios da ética em pesquisa e apoiar gru- nacional, nos termos do art. 217 da Constituição Federal.
pos, núcleos e centros de pesquisa, nos diversos programas de pós- § 1o A atividade de capoeirista será reconhecida em todas as
-graduação que desenvolvam temáticas de interesse da população modalidades em que a capoeira se manifesta, seja como esporte,
negra; luta, dança ou música, sendo livre o exercício em todo o território
II - incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de formação nacional.
de professores temas que incluam valores concernentes à pluralida- § 2o É facultado o ensino da capoeira nas instituições públicas
de étnica e cultural da sociedade brasileira; e privadas pelos capoeiristas e mestres tradicionais, pública e for-
III - desenvolver programas de extensão universitária destina- malmente reconhecidos.
dos a aproximar jovens negros de tecnologias avançadas, assegu-
rado o princípio da proporcionalidade de gênero entre os benefi- CAPÍTULO III
ciários; DO DIREITO À LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E
IV - estabelecer programas de cooperação técnica, nos esta- AO LIVRE EXERCÍCIO DOS CULTOS RELIGIOSOS
belecimentos de ensino públicos, privados e comunitários, com as
escolas de educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sen-
ensino técnico, para a formação docente baseada em princípios de do assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
equidade, de tolerância e de respeito às diferenças étnicas. forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.
Art. 14. O poder público estimulará e apoiará ações socioedu- Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de crença e ao
cacionais realizadas por entidades do movimento negro que desen- livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana compreende:
volvam atividades voltadas para a inclusão social, mediante coope- I - a prática de cultos, a celebração de reuniões relacionadas à
ração técnica, intercâmbios, convênios e incentivos, entre outros religiosidade e a fundação e manutenção, por iniciativa privada, de
mecanismos. lugares reservados para tais fins;
Art. 15. O poder público adotará programas de ação afirmativa. II - a celebração de festividades e cerimônias de acordo com
Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos res- preceitos das respectivas religiões;
ponsáveis pelas políticas de promoção da igualdade e de educação, III - a fundação e a manutenção, por iniciativa privada, de ins-
acompanhará e avaliará os programas de que trata esta Seção. tituições beneficentes ligadas às respectivas convicções religiosas;
IV - a produção, a comercialização, a aquisição e o uso de ar-
SEÇÃO III tigos e materiais religiosos adequados aos costumes e às práticas
DA CULTURA fundadas na respectiva religiosidade, ressalvadas as condutas veda-
das por legislação específica;
Art. 17. O poder público garantirá o reconhecimento das so- V - a produção e a divulgação de publicações relacionadas ao
ciedades negras, clubes e outras formas de manifestação coletiva exercício e à difusão das religiões de matriz africana;
da população negra, com trajetória histórica comprovada, como VI - a coleta de contribuições financeiras de pessoas naturais
patrimônio histórico e cultural, nos termos dos arts. 215 e 216 da e jurídicas de natureza privada para a manutenção das atividades
Constituição Federal. religiosas e sociais das respectivas religiões;
Art. 18. É assegurado aos remanescentes das comunidades dos VII - o acesso aos órgãos e aos meios de comunicação para di-
quilombos o direito à preservação de seus usos, costumes, tradi- vulgação das respectivas religiões;
ções e manifestos religiosos, sob a proteção do Estado. VIII - a comunicação ao Ministério Público para abertura de
Parágrafo único. A preservação dos documentos e dos sítios ação penal em face de atitudes e práticas de intolerância religiosa
detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos, nos meios de comunicação e em quaisquer outros locais.
tombados nos termos do § 5o do art. 216 da Constituição Federal, Art. 25. É assegurada a assistência religiosa aos praticantes de
receberá especial atenção do poder público. religiões de matrizes africanas internados em hospitais ou em ou-
Art. 19. O poder público incentivará a celebração das perso- tras instituições de internação coletiva, inclusive àqueles submeti-
nalidades e das datas comemorativas relacionadas à trajetória do dos a pena privativa de liberdade.
samba e de outras manifestações culturais de matriz africana, bem Art. 26. O poder público adotará as medidas necessárias para
como sua comemoração nas instituições de ensino públicas e pri- o combate à intolerância com as religiões de matrizes africanas e
vadas. à discriminação de seus seguidores, especialmente com o objetivo
de:

479
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
I - coibir a utilização dos meios de comunicação social para a Art. 36. Os programas, projetos e outras ações governamentais
difusão de proposições, imagens ou abordagens que exponham realizadas no âmbito do Sistema Nacional de Habitação de Interes-
pessoa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por motivos fundados na se Social (SNHIS), regulado pela Lei no 11.124, de 16 de junho de
religiosidade de matrizes africanas; 2005, devem considerar as peculiaridades sociais, econômicas e
II - inventariar, restaurar e proteger os documentos, obras e culturais da população negra.
outros bens de valor artístico e cultural, os monumentos, manan- Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
ciais, flora e sítios arqueológicos vinculados às religiões de matrizes estimularão e facilitarão a participação de organizações e movimen-
africanas; tos representativos da população negra na composição dos conse-
III - assegurar a participação proporcional de representantes lhos constituídos para fins de aplicação do Fundo Nacional de Habi-
das religiões de matrizes africanas, ao lado da representação das tação de Interesse Social (FNHIS).
demais religiões, em comissões, conselhos, órgãos e outras instân- Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou privados, promove-
cias de deliberação vinculadas ao poder público. rão ações para viabilizar o acesso da população negra aos financia-
mentos habitacionais.
CAPÍTULO IV
DO ACESSO À TERRA E À MORADIA ADEQUADA CAPÍTULO V
SEÇÃO I DO TRABALHO
DO ACESSO À TERRA
Art. 38. A implementação de políticas voltadas para a inclusão
Art. 27. O poder público elaborará e implementará políticas pú- da população negra no mercado de trabalho será de responsabili-
blicas capazes de promover o acesso da população negra à terra e dade do poder público, observando-se:
às atividades produtivas no campo. I - o instituído neste Estatuto;
Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento das atividades pro- II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Con-
dutivas da população negra no campo, o poder público promoverá venção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Dis-
ações para viabilizar e ampliar o seu acesso ao financiamento agrí- criminação Racial, de 1965;
cola. III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Con-
Art. 29. Serão assegurados à população negra a assistência téc- venção no 111, de 1958, da Organização Internacional do Trabalho
nica rural, a simplificação do acesso ao crédito agrícola e o forta- (OIT), que trata da discriminação no emprego e na profissão;
lecimento da infraestrutura de logística para a comercialização da IV - os demais compromissos formalmente assumidos pelo Bra-
produção. sil perante a comunidade internacional.
Art. 30. O poder público promoverá a educação e a orientação Art. 39. O poder público promoverá ações que assegurem a
profissional agrícola para os trabalhadores negros e as comunida- igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a popu-
des negras rurais. lação negra, inclusive mediante a implementação de medidas visan-
Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos do à promoção da igualdade nas contratações do setor público e o
que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade de- incentivo à adoção de medidas similares nas empresas e organiza-
finitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos. ções privadas.
Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e desenvolverá po- § 1o A igualdade de oportunidades será lograda mediante a
líticas públicas especiais voltadas para o desenvolvimento sustentá- adoção de políticas e programas de formação profissional, de em-
vel dos remanescentes das comunidades dos quilombos, respeitan- prego e de geração de renda voltados para a população negra.
do as tradições de proteção ambiental das comunidades. § 2o As ações visando a promover a igualdade de oportunida-
Art. 33. Para fins de política agrícola, os remanescentes das co- des na esfera da administração pública far-se-ão por meio de nor-
munidades dos quilombos receberão dos órgãos competentes tra- mas estabelecidas ou a serem estabelecidas em legislação específi-
tamento especial diferenciado, assistência técnica e linhas especiais ca e em seus regulamentos.
de financiamento público, destinados à realização de suas ativida- § 3o O poder público estimulará, por meio de incentivos, a ado-
des produtivas e de infraestrutura. ção de iguais medidas pelo setor privado.
Art. 34. Os remanescentes das comunidades dos quilombos se § 4o As ações de que trata o caput deste artigo assegurarão
beneficiarão de todas as iniciativas previstas nesta e em outras leis o princípio da proporcionalidade de gênero entre os beneficiários.
para a promoção da igualdade étnica. § 5o Será assegurado o acesso ao crédito para a pequena pro-
dução, nos meios rural e urbano, com ações afirmativas para mu-
SEÇÃO II lheres negras.
DA MORADIA § 6o O poder público promoverá campanhas de sensibilização
contra a marginalização da mulher negra no trabalho artístico e cul-
Art. 35. O poder público garantirá a implementação de políticas tural.
públicas para assegurar o direito à moradia adequada da população § 7o O poder público promoverá ações com o objetivo de ele-
negra que vive em favelas, cortiços, áreas urbanas subutilizadas, var a escolaridade e a qualificação profissional nos setores da eco-
degradadas ou em processo de degradação, a fim de reintegrá-las à nomia que contem com alto índice de ocupação por trabalhadores
dinâmica urbana e promover melhorias no ambiente e na qualidade negros de baixa escolarização.
de vida. Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Traba-
Parágrafo único. O direito à moradia adequada, para os efeitos lhador (Codefat) formulará políticas, programas e projetos voltados
desta Lei, inclui não apenas o provimento habitacional, mas tam- para a inclusão da população negra no mercado de trabalho e orien-
bém a garantia da infraestrutura urbana e dos equipamentos comu- tará a destinação de recursos para seu financiamento.
nitários associados à função habitacional, bem como a assistência Art. 41. As ações de emprego e renda, promovidas por meio de
técnica e jurídica para a construção, a reforma ou a regularização financiamento para constituição e ampliação de pequenas e médias
fundiária da habitação em área urbana. empresas e de programas de geração de renda, contemplarão o es-
tímulo à promoção de empresários negros.

480
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Parágrafo único. O poder público estimulará as atividades vol- § 2o O poder público federal incentivará a sociedade e a inicia-
tadas ao turismo étnico com enfoque nos locais, monumentos e ci- tiva privada a participar do Sinapir.
dades que retratem a cultura, os usos e os costumes da população
negra. CAPÍTULO II
Art. 42. O Poder Executivo federal poderá implementar crité- DOS OBJETIVOS
rios para provimento de cargos em comissão e funções de confiança
destinados a ampliar a participação de negros, buscando reproduzir Art. 48. São objetivos do Sinapir:
a estrutura da distribuição étnica nacional ou, quando for o caso, I - promover a igualdade étnica e o combate às desigualdades
estadual, observados os dados demográficos oficiais. sociais resultantes do racismo, inclusive mediante adoção de ações
afirmativas;
CAPÍTULO VI II - formular políticas destinadas a combater os fatores de mar-
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO ginalização e a promover a integração social da população negra;
III - descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos
Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos de comunicação va- governos estaduais, distrital e municipais;
lorizará a herança cultural e a participação da população negra na IV - articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção
história do País. da igualdade étnica;
Art. 44. Na produção de filmes e programas destinados à vei- V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados
culação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográficas, para a implementação das ações afirmativas e o cumprimento das
deverá ser adotada a prática de conferir oportunidades de empre- metas a serem estabelecidas.
go para atores, figurantes e técnicos negros, sendo vedada toda e
qualquer discriminação de natureza política, ideológica, étnica ou CAPÍTULO III
artística. DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA
Parágrafo único. A exigência disposta no caput não se aplica
aos filmes e programas que abordem especificidades de grupos ét- Art. 49. O Poder Executivo federal elaborará plano nacional de
nicos determinados. promoção da igualdade racial contendo as metas, princípios e dire-
Art. 45. Aplica-se à produção de peças publicitárias destinadas trizes para a implementação da Política Nacional de Promoção da
à veiculação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográfi- Igualdade Racial (PNPIR).
cas o disposto no art. 44. § 1o A elaboração, implementação, coordenação, avaliação e
Art. 46. Os órgãos e entidades da administração pública federal acompanhamento da PNPIR, bem como a organização, articulação
direta, autárquica ou fundacional, as empresas públicas e as socie- e coordenação do Sinapir, serão efetivados pelo órgão responsável
dades de economia mista federais deverão incluir cláusulas de par- pela política de promoção da igualdade étnica em âmbito nacional.
ticipação de artistas negros nos contratos de realização de filmes, § 2o É o Poder Executivo federal autorizado a instituir fórum
programas ou quaisquer outras peças de caráter publicitário. intergovernamental de promoção da igualdade étnica, a ser co-
§ 1o Os órgãos e entidades de que trata este artigo incluirão, ordenado pelo órgão responsável pelas políticas de promoção da
nas especificações para contratação de serviços de consultoria, igualdade étnica, com o objetivo de implementar estratégias que vi-
conceituação, produção e realização de filmes, programas ou peças sem à incorporação da política nacional de promoção da igualdade
publicitárias, a obrigatoriedade da prática de iguais oportunidades étnica nas ações governamentais de Estados e Municípios.
de emprego para as pessoas relacionadas com o projeto ou serviço § 3o As diretrizes das políticas nacional e regional de promoção
contratado. da igualdade étnica serão elaboradas por órgão colegiado que asse-
§ 2o Entende-se por prática de iguais oportunidades de empre- gure a participação da sociedade civil.
go o conjunto de medidas sistemáticas executadas com a finalidade Art. 50. Os Poderes Executivos estaduais, distrital e municipais,
de garantir a diversidade étnica, de sexo e de idade na equipe vin- no âmbito das respectivas esferas de competência, poderão insti-
culada ao projeto ou serviço contratado. tuir conselhos de promoção da igualdade étnica, de caráter perma-
§ 3o A autoridade contratante poderá, se considerar necessário nente e consultivo, compostos por igual número de representantes
para garantir a prática de iguais oportunidades de emprego, reque- de órgãos e entidades públicas e de organizações da sociedade civil
rer auditoria por órgão do poder público federal. representativas da população negra.
§ 4o A exigência disposta no caput não se aplica às produções Parágrafo único. O Poder Executivo priorizará o repasse dos re-
publicitárias quando abordarem especificidades de grupos étnicos cursos referentes aos programas e atividades previstos nesta Lei aos
determinados. Estados, Distrito Federal e Municípios que tenham criado conselhos
de promoção da igualdade étnica.
TÍTULO III
DO SISTEMA NACIONAL DE PROMOÇÃO CAPÍTULO IV
DA IGUALDADE RACIAL (SINAPIR) DAS OUVIDORIAS PERMANENTES E DO ACESSO À JUSTIÇA E
CAPÍTULO I À SEGURANÇA
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
Art. 51. O poder público federal instituirá, na forma da lei e
Art. 47. É instituído o Sistema Nacional de Promoção da Igual- no âmbito dos Poderes Legislativo e Executivo, Ouvidorias Perma-
dade Racial (Sinapir) como forma de organização e de articulação nentes em Defesa da Igualdade Racial, para receber e encaminhar
voltadas à implementação do conjunto de políticas e serviços desti- denúncias de preconceito e discriminação com base em etnia ou
nados a superar as desigualdades étnicas existentes no País, presta- cor e acompanhar a implementação de medidas para a promoção
dos pelo poder público federal. da igualdade.
§ 1o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
participar do Sinapir mediante adesão.

481
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 52. É assegurado às vítimas de discriminação étnica o aces- § 3o O Poder Executivo é autorizado a adotar as medidas ne-
so aos órgãos de Ouvidoria Permanente, à Defensoria Pública, ao cessárias para a adequada implementação do disposto neste artigo,
Ministério Público e ao Poder Judiciário, em todas as suas instân- podendo estabelecer patamares de participação crescente dos pro-
cias, para a garantia do cumprimento de seus direitos. gramas de ação afirmativa nos orçamentos anuais a que se refere o
Parágrafo único. O Estado assegurará atenção às mulheres ne- § 2o deste artigo.
gras em situação de violência, garantida a assistência física, psíqui- § 4o O órgão colegiado do Poder Executivo federal responsável
ca, social e jurídica. pela promoção da igualdade racial acompanhará e avaliará a pro-
Art. 53. O Estado adotará medidas especiais para coibir a vio- gramação das ações referidas neste artigo nas propostas orçamen-
lência policial incidente sobre a população negra. tárias da União.
Parágrafo único. O Estado implementará ações de ressocializa- Art. 57. Sem prejuízo da destinação de recursos ordinários, po-
ção e proteção da juventude negra em conflito com a lei e exposta derão ser consignados nos orçamentos fiscal e da seguridade social
a experiências de exclusão social. para financiamento das ações de que trata o art. 56:
Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir atos de discrimi- I - transferências voluntárias dos Estados, do Distrito Federal e
nação e preconceito praticados por servidores públicos em detri- dos Municípios;
mento da população negra, observado, no que couber, o disposto II - doações voluntárias de particulares;
na Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989. III - doações de empresas privadas e organizações não governa-
Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e das ameaças de mentais, nacionais ou internacionais;
lesão aos interesses da população negra decorrentes de situações IV - doações voluntárias de fundos nacionais ou internacionais;
de desigualdade étnica, recorrer-se-á, entre outros instrumentos, V - doações de Estados estrangeiros, por meio de convênios,
à ação civil pública, disciplinada na Lei no 7.347, de 24 de julho de tratados e acordos internacionais.
1985.
TÍTULO IV
CAPÍTULO V DISPOSIÇÕES FINAIS
DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA
IGUALDADE RACIAL Art. 58. As medidas instituídas nesta Lei não excluem outras
em prol da população negra que tenham sido ou venham a ser ado-
Art. 56. Na implementação dos programas e das ações constan- tadas no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
tes dos planos plurianuais e dos orçamentos anuais da União, deve- Municípios.
rão ser observadas as políticas de ação afirmativa a que se refere o Art. 59. O Poder Executivo federal criará instrumentos para
inciso VII do art. 4o desta Lei e outras políticas públicas que tenham aferir a eficácia social das medidas previstas nesta Lei e efetuará
como objetivo promover a igualdade de oportunidades e a inclusão seu monitoramento constante, com a emissão e a divulgação de
social da população negra, especialmente no que tange a: relatórios periódicos, inclusive pela rede mundial de computadores.
I - promoção da igualdade de oportunidades em educação, em- Art. 60. Os arts. 3o e 4o da Lei nº 7.716, de 1989, passam a
prego e moradia; vigorar com a seguinte redação:
II - financiamento de pesquisas, nas áreas de educação, saúde “Art. 3o ........................................................................
e emprego, voltadas para a melhoria da qualidade de vida da popu- Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de
lação negra; discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional,
III - incentivo à criação de programas e veículos de comunica- obstar a promoção funcional.” (NR)
ção destinados à divulgação de matérias relacionadas aos interes- “Art. 4o ........................................................................
ses da população negra; § 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de discrimina-
IV - incentivo à criação e à manutenção de microempresas ad- ção de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de des-
ministradas por pessoas autodeclaradas negras; cendência ou origem nacional ou étnica:
V - iniciativas que incrementem o acesso e a permanência das I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empre-
pessoas negras na educação fundamental, média, técnica e supe- gado em igualdade de condições com os demais trabalhadores;
rior; II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra
VI - apoio a programas e projetos dos governos estaduais, dis- forma de benefício profissional;
trital e municipais e de entidades da sociedade civil voltados para a III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no
promoção da igualdade de oportunidades para a população negra; ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário.
VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura, da memória e das § 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços
tradições africanas e brasileiras. à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade ra-
§ 1o O Poder Executivo federal é autorizado a adotar medidas cial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento
que garantam, em cada exercício, a transparência na alocação e na de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou
execução dos recursos necessários ao financiamento das ações pre- etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas exigên-
vistas neste Estatuto, explicitando, entre outros, a proporção dos cias.” (NR)
recursos orçamentários destinados aos programas de promoção da Art. 61. Os arts. 3o e 4o da Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995,
igualdade, especialmente nas áreas de educação, saúde, emprego passam a vigorar com a seguinte redação:
e renda, desenvolvimento agrário, habitação popular, desenvolvi- “Art. 3o Sem prejuízo do prescrito no art. 2o e nos dispositivos
mento regional, cultura, esporte e lazer. legais que tipificam os crimes resultantes de preconceito de etnia,
§ 2o Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a contar do exercí- raça ou cor, as infrações do disposto nesta Lei são passíveis das se-
cio subsequente à publicação deste Estatuto, os órgãos do Poder guintes cominações:
Executivo federal que desenvolvem políticas e programas nas áreas ...................................................................................” (NR)
referidas no § 1o deste artigo discriminarão em seus orçamentos “Art. 4o O rompimento da relação de trabalho por ato discri-
anuais a participação nos programas de ação afirmativa referidos minatório, nos moldes desta Lei, além do direito à reparação pelo
no inciso VII do art. 4o desta Lei. dano moral, faculta ao empregado optar entre:

482
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
...................................................................................” (NR) § 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de discrimi-
Art. 62. O art. 13 da Lei no 7.347, de 1985, passa a vigorar nação de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de
acrescido do seguinte § 2o, renumerando-se o atual parágrafo úni- descendência ou origem nacional ou étnica: (Incluído pela Lei nº
co como § 1o: 12.288, de 2010) (Vigência)
“Art. 13. ........................................................................ I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empre-
§ 1o ............................................................................... gado em igualdade de condições com os demais trabalhadores; (In-
§ 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento em cluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
dano causado por ato de discriminação étnica nos termos do dis- II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar ou-
posto no art. 1o desta Lei, a prestação em dinheiro reverterá dire- tra forma de benefício profissional; (Incluído pela Lei nº 12.288, de
tamente ao fundo de que trata o caput e será utilizada para ações 2010) (Vigência)
de promoção da igualdade étnica, conforme definição do Conselho III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no
Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese de extensão ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário. (Incluído
nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial esta- pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
duais ou locais, nas hipóteses de danos com extensão regional ou § 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços
local, respectivamente.” (NR) à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade ra-
Art. 63. O § 1o do art. 1o da Lei nº 10.778, de 24 de novembro cial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento
de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação: de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou
“Art. 1o ....................................................................... etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas exigên-
§ 1º Para os efeitos desta Lei, entende-se por violência contra cias. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
a mulher qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, inclusi- Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comer-
ve decorrente de discriminação ou desigualdade étnica, que cause cial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador.
morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, Pena: reclusão de um a três anos.
tanto no âmbito público quanto no privado. Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de
...................................................................................” (NR) aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qual-
Art. 64. O § 3o do art. 20 da Lei nº 7.716, de 1989, passa a vigo- quer grau.
rar acrescido do seguinte inciso III: Pena: reclusão de três a cinco anos.
“Art. 20. ...................................................................... Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de de-
............................................................................................. zoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço).
§ 3o ............................................................................... Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel,
............................................................................................. pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar.
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de infor- Pena: reclusão de três a cinco anos.
mação na rede mundial de computadores. Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restauran-
...................................................................................” (NR) tes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público.
Art. 65. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias após a data Pena: reclusão de um a três anos.
de sua publicação. Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabele-
cimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos
LEI FEDERAL Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989 (DEFINE ao público.
OS CRIMES RESULTANTES DE PRECONCEITO DE RAÇA OU Pena: reclusão de um a três anos.
DE COR) Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de
cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou estabe-
lecimento com as mesmas finalidades.
LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989 Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públi-
Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. cos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos:
Pena: reclusão de um a três anos.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer ou-
tro meio de transporte concedido.
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes Pena: reclusão de um a três anos.
de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou pro- Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em
cedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) qualquer ramo das Forças Armadas.
Art. 2º (Vetado). Pena: reclusão de dois a quatro anos.
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente ha- Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casa-
bilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem mento ou convivência familiar e social.
como das concessionárias de serviços públicos. Pena: reclusão de dois a quatro anos.
Pena: reclusão de dois a cinco anos. Art. 15. (Vetado).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou
discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, função pública, para o servidor público, e a suspensão do funcio-
obstar a promoção funcional. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) namento do estabelecimento particular por prazo não superior a
(Vigência) três meses.
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada. Art. 17. (Vetado).
Pena: reclusão de dois a cinco anos. Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não
são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sen-
tença.

483
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 19. (Vetado). “Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou precon- de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
ceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação
dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) Pena: reclusão de um a três anos e multa.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.(Redação dada pela
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emble-
Lei nº 9.459, de 15/05/97)
mas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, em-
suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.
blemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz
suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. (Redação Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei § 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por
nº 9.459, de 15/05/97) intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por qualquer natureza:
intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qual-
quer natureza: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei § 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvi-
nº 9.459, de 15/05/97) do o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquéri-
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, to policial, sob pena de desobediência:
ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do in-
quérito policial, sob pena de desobediência: (Redação dada pela Lei I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exempla-
nº 9.459, de 15/05/97) res do material respectivo;
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos
exemplares do material respectivo;(Incluído pela Lei nº 9.459, de II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televi-
15/05/97) sivas.
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, tele-
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após o
visivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer meio; (Redação
trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreendi-
dada pela Lei nº 12.735, de 2012) (Vigência)
do.”
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de in-
formação na rede mundial de computadores. (Incluído pela Lei nº Art. 2º O art. 140 do Código Penal fica acrescido do seguinte pará-
12.288, de 2010) (Vigência) grafo:
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após
o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreen- “Art. 140. ...................................................................
dido. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (Re- ...................................................................................
numerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990)
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. (Renumerado
raça, cor, etnia, religião ou origem:
pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990)
Pena: reclusão de um a três anos e multa.”
LEI FEDERAL N° 9.459, DE 13 DE MAIO DE 1997 (TIPIFI-
CAÇÃO DOS CRIMES RESULTANTES DE PRECONCEITO DE Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
RAÇA OU DE COR) Art. 4º Revogam-se as disposições em contrário, especialmente
o art. 1º da Lei nº 8.081, de 21 de setembro de 1990, e a Lei nº
LEI Nº 9.459, DE 13 DE MAIO DE 1997 8.882, de 3 de junho de 1994.

Altera os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, DECRETO FEDERAL N° 65.810, DE 08 DE DEZEMBRO DE
que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, 1969 (CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINA-
e acrescenta parágrafo ao art. 140 do Decreto-lei nº 2.848, de 7 ÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL)
de dezembro de 1940.
DECRETO Nº 65.810, DE 8 DE DEZEMBRO DE 1969

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacio- Promulga a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas
nal decreta e eu sanciono a seguinte Lei: as Formas de Discriminação Racial.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, HAVENDO o Congresso Nacional


Art. 1º Os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989,
aprovado pelo Decreto Legislativo nº 23, de 21 de junho de 1967,
passam a vigorar com a seguinte redação:
a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas
“Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de Discriminação Racial, que foi aberta à assinatura em Nova York e
de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou assinada pelo Brasil a 07 de março de 1966;
procedência nacional.” E HAVENDO sido depositado o Instrumento brasileiro de Ratifi-
cação, junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas, a 27 de março
de 1968;

484
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
E TENDO a referida Convenção entrada em vigor, de conformi- ciais com o objetivo de promover o entendimento entre as raças e
dade com o disposto em seu artigo 19, parágrafo 1º, a 04 de janeiro construir uma comunidade internacional livre de todas as formas
de 1969; de separação racial e discriminação racial,
DECRETA que a mesma, apensa por cópia ao presente Decreto, Levando em conta a Convenção sobre Discriminação nos Em-
seja executada e cumprida tão inteiramente como ela nele contém. prego e Ocupação adotada pela Organização internacional do Tra-
Brasília, 08 de dezembro de 1969; 148º da Independência e 81º balho em 1958, e a Convenção contra discriminação no Ensino ado-
da República. tada pela Organização das Nações Unidas para Educação a Ciência
em 1960,
Desejosos de completar os princípios estabelecidos na Decla-
A CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE ração das Nações unidas sobre a Eliminação de todas as formas de
TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL. discriminação racial e assegurar o mais cedo possível a adoção de
medidas práticas para esse fim,
Os Estados Partes na presente Convenção, Acordaram no seguinte:
Considerando que a Carta das Nações Unidas baseia-se em
princípios de dignidade e igualdade inerentes a todos os seres hu- PARTE I
manos, e que todos os Estados Membros comprometeram-se a to- Artigo
mar medidas separadas e conjuntas, em cooperação com a Organi- 1. Nesta Convenção, a expressão “discriminação racial” signi-
zação, para a consecução de um dos propósitos das Nações Unidas ficará qualquer distinção, exclusão restrição ou preferência base-
que é promover e encorajar o respeito universal e observância dos adas em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que
direitos humanos e liberdades fundamentais para todos, sem discri- tem por objetivo ou efeito anular ou restringir o reconhecimento,
minação de raça, sexo, idioma ou religião. gozo ou exercício num mesmo plano,( em igualdade de condição),
Considerando que a Declaração Universal dos Direitos do Ho- de direitos humanos e liberdades fundamentais no domínio político
mem proclama que todos os homens nascem livres e iguais em econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio de vida
dignidade e direitos e que todo homem tem todos os direitos esta- pública.
belecidos na mesma, sem distinção de qualquer espécie e principal- 2. Esta Convenção não se aplicará ás distinções, exclusões, res-
mente de raça, cor ou origem nacional, trições e preferências feitas por um Estado Parte nesta Convenção
Considerando todos os homens são iguais perante a lei e têm entre cidadãos e não cidadãos.
o direito à igual proteção contra qualquer discriminação e contra 3. Nada nesta Convenção poderá ser interpretado como afe-
qualquer incitamento à discriminação, tando as disposições legais dos Estados Partes, relativas a naciona-
Considerando que as Nações Unidas têm condenado o colo- lidade, cidadania e naturalização, desde que tais disposições não
nialismo e todas as práticas de segregação e discriminação a ele discriminem contra qualquer nacionalidade particular.
associados, em qualquer forma e onde quer que existam, e que a 4. Não serão consideradas discriminação racial as medidas
Declaração sobre a Conceção de Independência, a Partes e Povos especiais tomadas com o único objetivo de assegurar progresso
Coloniais, de 14 de dezembro de 1960 (Resolução 1.514 (XV), da adequado de certos grupos raciais ou étnicos ou de indivíduos que
Assembleia Geral afirmou e proclamou solenemente a necessidade necessitem da proteção que possa ser necessária para proporcionar
de levá-las a um fim rápido e incondicional, a tais grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos hu-
Considerando que a Declaração das Nações Unidas sobre elimi- manos e liberdades fundamentais, contando que, tais medidas não
nação de todas as formas de Discriminação Racial, de 20 de novem- conduzam, em consequência, à manutenção de direitos separados
bro de 1963, (Resolução 1.904 ( XVIII) da Assembleia-Geral), afirma para diferentes grupos raciais e não prossigam após terem sidos al-
solemente a necessidade de eliminar rapidamente a discriminação cançados os seus objetivos.
racial através do mundo em todas as suas formas e manifestações
e de assegurar a compreensão e o respeito à dignidade da pessoa Artigo II
humana,
Convencidos de que qualquer doutrina de superioridade ba- 1. Os Estados Partes condenam a discriminação racial e com-
seada em diferenças raciais é cientificamente falsa, moralmente prometem-se a adotar, por todos os meios apropriados e sem tar-
condenável, socialmente injusta e perigosa, em que, não existe jus- dar uma política de eliminação da discriminação racial em todas as
tificação para a discriminação racial, em teoria ou na prática, em suas formas e de promoção de entendimento entre todas as raças
lugar algum, e para esse fim:
Reafirmando que a discriminação entre os homens por motivos a) Cada Estado parte compromete-se a efetuar nenhum ato ou
de raça, cor ou origem étnica é um obstáculo a relações amistosas e prática de discriminação racial contra pessoas, grupos de pessoas
pacíficas entre as nações e é capaz de disturbar a paz e a segurança ou instituições e fazer com que todas as autoridades públicas nacio-
entre povos e a harmonia de pessoas vivendo lado a lado até dentro nais ou locais, se conformem com esta obrigação;
de um mesmo Estado, b) Cada Estado Parte compromete-se a não encorajar, defender
Convencidos que a existência de barreiras raciais repugna os ou apoiar a discriminação racial praticada por uma pessoa ou uma
ideais de qualquer sociedade humana, organização qualquer;
Alarmados por manifestações de discriminação racial ainda em c) Cada Estado Parte deverá tomar as medidas eficazes, a fim
evidência em algumas áreas do mundo e por políticas governamen- de rever as politicas governamentais nacionais e locais e para mo-
tais baseadas em superioridade racial ou ódio, como as políticas de dificar, ab-rogar ou anular qualquer disposição regulamentar que
apartheid, segreção ou separação, tenha como objetivo criar a discriminação ou perpetrá-la onde já
Resolvidos a adotar todas as medidas necessárias para elimi- existir;
nar rapidamente a discriminação racial em, todas as suas formas d) Cada Estado Parte deverá, por todos os meios apropriados,
e manifestações, e a prevenir e combater doutrinas e práticas ra- inclusive se as circunstâncias o exigerem, as medidas legislativas,
proibir e por fim, a discriminação racial praticadas por pessoa, por
grupo ou das organizações;

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IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
e) Cada Estado Parte compromete-se a favorecer, quando for c) direitos políticos principalmente direito de participar às
o caso as organizações e movimentos multirraciais e outros meios eleições - de votar e ser votado - conforme o sistema de sufrágio
próprios a eliminar as barreiras entre as raças e a desencorajar o universal e igual direito de tomar parte no Governo, assim como
que tende a fortalecer a divisão racial. na direção dos assuntos públicos, em qualquer grau e o direito de
2) Os Estados Partes tomarão, se as circunstâncias o exigirem, acesso em igualdade de condições, às funções públicas.
nos campos social, econômico, cultural e outros, as medidas espe- d) Outros direitos civis, principalmente,
ciais e concretas para assegurar como convier o desenvolvimento i) direito de circular livremente e de escolher residência dentro
ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencen- das fronteiras do Estado;
tes a estes grupos com o objetivo de garantir-lhes, em condições de ii) direito de deixar qualquer pais, inclusive o seu, e de voltar
igualdade, o pleno exercício dos direitos do homem e das liberda- a seu país;
des fundamentais. iii) direito de uma nacionalidade;
Essas medidas não deverão, em caso algum, ter a finalidade de iv) direito de casar-se e escolher o cônjuge;
manter direitos grupos raciais, depois de alcançados os objetivos v) direito de qualquer pessoa, tanto individualmente como em
em razão dos quais foram tomadas. conjunto, à propriedade;
vi) direito de herda;
Artigo III vii) direito à liberdade de pensamento, de consciência e de re-
ligião;
Os Estados Partes especialmente condenam a segregação racial viii) direito à liberdade de opinião e de expressão;
e o apartheid e comprometem-se a proibir e a eliminar nos territó- ix) direito à liberdade de reunião e de associação pacífica;
rios sob sua jurisdição todas as práticas dessa natureza. e) direitos econômicos, sociais culturais, principalmente:
i) direitos ao trabalho, a livre escolha de seu trabalho, a con-
Artigo IV dições equitativas e satisfatórias de trabalho à proteção contra o
desemprego, a um salário igual para um trabalho igual, a uma re-
Os Estados partes conenam toda propaganda e todas as organi-
muneração equitativa e satisfatória;
zações que se inspirem em ideias ou teorias baseadas na superiori-
ii) direito de fundar sindicatos e a eles se filiar;
dade de uma raça ou de um grupo de pessoas de uma certa cor ou
iii) direito à habitação;
de uma certa origem ética ou que pretendem justificar ou encorajar
iv) direito à saúde pública, a tratamento médico, à previdência
qualquer forma de ódio e de discriminação raciais e comprometem-
social e aos serviços sociais;
-se a adotar imediatamente medidas positivas destinadas a eliminar
v) direito a educação e à formação profissional;
qualquer incitação a uma tal discriminação, ou quaisquer atos de
vi) direito a igual participação das atividades culturais;
discriminação com este objetivo tendo em vista os princípios for-
f) direito de acesso a todos os lugares e serviços destinados ao
mulados na Declaração universal dos direitos do homem e os direi-
uso do publico, tais como, meios de transporte hotéis, restaurantes,
tos expressamente enunciados no artigo 5 da presente convenção,
cafés, espetáculos e parques.
eles se comprometem principalmente:
a) a declarar delitos puníveis por lei, qualquer difusão de ideias
Artigo VI
baseadas na superioridade ou ódio raciais, qualquer incitamento
à discriminação racial, assim como quaisquer atos de violência ou Os Estados Partes assegurarão a qualquer pessoa que estiver
provocação a tais atos, dirigidos contra qualquer raça ou qualquer sob sua jurisdição, proteção e recursos efetivos perante os tribunais
grupo de pessoas de outra cor ou de outra origem técnica, como nacionais e outros órgãos do Estado competentes, contra quaisquer
também qualquer assistência prestada a atividades racistas, inclusi- atos de discriminação racial que, contrariamente à presente Con-
ve seu financiamento; venção, violarem seus direitos individuais e suas liberdades funda-
b) a declarar ilegais e a proibir as organizações assim como mentais, assim como o direito de pedir a esses tribunais uma satis-
as atividades de propaganda organizada e qualquer outro tipo de fação ou repartição justa e adequada por qualquer dano de que foi
atividade de propaganda que incitar a discriminação racial e que vitima em decorrência de tal discriminação.
a encorajar e a declara delito punível por lei a participação nestas
organizações ou nestas atividades. Artigo VII
c) a não permitir as autoridades públicas nem ás instituições
públicas nacionais ou locais, o incitamento ou encorajamento à dis- Os Estados Partes, comprometem-se a tomar as medidas ime-
criminação racial. diatas e eficazes, principalmente no campo de ensino, educação,
da cultura e da informação, para lutar contra os preconceitos que
Artigo V levem à discriminação racial e para promover o entendimento, a
tolerância e a amizade entre nações e grupos raciais e éticos assim
De conformidade com as obrigações fundamentais enunciadas como para propagar ao objetivo e princípios da Carta das Nações
no artigo 2, Os Estados Partes comprometem-se a proibir e a eli- Unidas da Declaração Universal dos Direitos do Homem, da Decla-
minar a discriminação racial em todas suas formas e a garantir o ração das Nações Unidas sobre a eliminação de todas as formas de
direito de cada uma à igualdade perante a lei sem distinção de raça discriminação racial e da presente Convenção.
, de cor ou de origem nacional ou étnica, principalmente no gozo
dos seguintes direitos: PARTE II
a) direito a um tratamento igual perante os tribunais ou qual-
quer outro órgão que administre justiça; Artigo VIII
b) direito a segurança da pessoa ou à proteção do Estado con-
tra violência oulesão corporal cometida que por funcionários de 1. Será estabelecido um Comitê para a eliminação da discrimi-
Governo, quer por qualquer individuo, grupo ou instituição. nação racial (doravante denominado “o Comitê) composto de 18
peritos conhecidos para sua alta moralidade e conhecida imparcia-
lidade, que serão eleitos pelos Estados Membros dentre seus na-

486
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
cionais e que atuarão a título individual, levando-se em conta uma Artigo XI
repartição geográfica equitativa e a representação das formas di-
versas de civilização assim como dos principais sistemas jurídicos. 1. Se um Estado Parte Julgar que outro Estado igualmente Parte
2. Os Membros do Comitê serão eleitos em escrutínio secreto não aplica as disposições da presente Convenção poderá chamar a
de uma lista de candidatos designados pelos Estados Partes, Cada atenção do Comitê sobre a questão. O Comitê transmitirá, então, a
Estado Parte poderá designar um candidato escolhido dentre seus comunicação ao Estado Parte interessado. Num prazo de três me-
nacionais. ses, o Estado destinatário submeterá ao Comitê as explicações ou
3. A primeira eleição será realizada seis meses após a data da declarações por escrito, a fim de esclarecer a questão e indicar as
entrada em vigor da presente Convenção. Três meses pelo menos medidas corretivas que por acaso tenham sido tomadas pelo refe-
antes de cada eleição, o Secretário Geral das Nações Unidas enviará rido Estado.
uma Carta aos Estados Partes para convidá-los a apresentar suas 2. Se, dentro de um prazo de seis meses a partir da data do
candidaturas no prazo de dois meses. O Secretário Geral elaborará recebimento da comunicação original pelo Estado destinatário a
uma lista por ordem alfabética, de todos os candidatos assim no- questão não foi resolvida a contento dos dois Estados, por meio de
meados com indicação dos Estados partes que os nomearam, e a negociações bilaterais ou por qualquer outro processo que estiver a
comunicará aos Estados Partes. sua disposição, tanto um como o outro terão o direito de submetê-
4. Os membros do Comitê serão eleitos durante uma reunião -la novamente ao Comitê, endereçando uma notificação ao Comitê
dos Estados Partes convocada pelo Secretário Geral das Nações assim como ao outro Estado interessado.
Unidas. Nessa reunião, em que o quórum será alcançado com dois 3. O Comitê só poderá tomar conhecimento de uma questão,
terços dos Estados Partes, serão eleitos membros do Comitê, os de acordo com o parágrafo 2 do presente artigo, após ter consta-
candidatos que obtiverem o maior número de votos e a maioria tado que todos os recursos internos disponíveis foram interpostos
absoluta de votos dos representantes dos Estados Partes presentes ou esgotados, de conformidade com os princípios do direito inter-
e votantes. nacional geralmente reconhecidos. Esta regra não se aplicará se os
5. a) Os membros do Comitê serão eleitos por um período de procedimentos de recurso excederem prazos razoáveis.
quatro anos. Entretanto, o mandato de nove dos membros eleitos 4. Em qualquer questão que lhe for submetida, Comitê poderá
na primeira eleição, expirará ao fim de dois anos; logo após a pri- solicitar aos Estados-Partes presentes que lhe forneçam quaisquer
meira eleição os nomes desses nove membros serão escolhidos, informações complementares pertinentes.
por sorteio, pelo Presidente do Comitê. 5. Quando o Comitê examinar uma questão conforme o pre-
b) Para preencher as vagas fortuitas, o Estado Parte, cujo perito sente Artigo os Estados Partes interessados terão o direito de no-
deixou de exercer suas funções de membro do Comitê, nomeará mear um representante que participará sem direito de voto dos
outro perito dentre seus nacionais, sob reserva da aprovação do trabalhos no Comitê durante todos os debates.
Comitê.
6. Os Estados Partes serão responsáveis pelas despesas dos Artigo XII
membros do Comitê para o período em que estes desempenharem
1. a) Depois que o Comitê obtiver e consultar as informações
funções no Comitê.
que julgar necessárias, o Presidente nomeará uma Comissão de
Conciliação ad hoc (doravante denominada “ A Comissão”, compos-
Artigo IX
ta de 5 pessoas que poderão ser ou não membros do Comitê. Os
1. Os Estados Partes comprometem-se a apresentar ao Secretá- membros serão nomeados com o consentimento pleno e unânime
rio Geral para exame do Comitê, um relatório sobre as medidas le- das partes na controvérsia e a Comissão fará seus bons ofícios a
gislativas, judiciárias, administrativas ou outras que tomarem para disposição dos Estados presentes, com o objetivo de chegar a uma
tornarem efetivas as disposições da presente Convenção: solução amigável da questão, baseada no respeito à presente Con-
a) dentro do prazo de um ano a partir da entrada em vigor da venção.
Convenção, para cada Estado interessado no que lhe diz respeito, b) Se os Estados Partes na controvérsia não chegarem a um en-
e posteriormente, cada dois anos, e toda vez que o Comitê o soli- tendimento em relação a toda ou parte da composição da Comissão
citar. O Comitê poderá solicitar informações complementares aos num prazo de três meses os membros da Comissão que não tiverem
Estados Partes. o assentimento do Estados Partes, na controvérsia serão eleitos por
2. O Comitê submeterá anualmente à Assembleia Geral, um escrutinio secreto entre os membros de dois terços dos membros
relatório sobre suas atividades e poderá fazer sugestões e reco- do Comitê.
mendações de ordem geral baseadas no exame dos relatórios e das 2. Os membros da Comissão atuarão a título individual. Não de-
informações recebidas dos Estados Partes. Levará estas sugestões verão ser nacionais de um dos Estados Partes na controvérsia nem
e recomendações de ordem geral ao conhecimento da Assembleia de um Estado que não seja parte da presente Convenção.
Geral, e se as houver juntamente com as observações dos Estados 3. A Comissão elegerá seu Presidente e adotará seu regimento
Partes. interno.
4. A Comissão reunir-se-á normalmente na sede nas Nações
Artigo X Unidas em qualquer outro lugar apropriado que a Comissão deter-
minar.
1. O Comitê adotará seu regulamento interno. 5. O Secretariado previsto no parágrafo 3 do artigo 10 prestará
2. O Comitê elegerá sua mesa por um período de dois anos. igualmente seus serviços à Comissão cada ver que uma controvér-
3. O Secretário Geral da Organização das Nações Unidas foi ne- sia entre os Estados Partes provocar sua formação.
cessários serviços de Secretaria ao Comitê. 6. Todas as despesas dos membros da Comissão serão divididos
4. O Comitê reunir-se-á normalmente na Sede das Nações Uni- igualmente entre os Estados Partes na controvérsia baseadas num
das. cálculo estimativo feito pelo Secretário-Geral.

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IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
7. O Secretário Geral ficará autorizado a pagar, se for necessá- desta Convenção, mas a identidade da pessoa ou dos grupos de
rio, as despesas dos membros da Comissão, antes que o reembolso pessoas não poderá ser revelada sem o consentimento expresso
seja efetuado pelos Estados Partes na controvérsia, de conformida- da referida pessoa ou grupos de pessoas. O Comitê não receberá
de com o parágrafo 6 do presente artigo. comunicações anônimas.
8. As informações obtidas e confrontadas pelo Comitê serão b) Nos três meses seguintes, o referido Estado submeterá, por
postas à disposição da Comissão, e a Comissão poderá solicitar aos escrito ao Comitê, as explicações ou recomendações que esclare-
Estados interessados sde lhe fornecer qualquer informação com- cem a questão e indicará as medidas corretivas que por acaso hou-
plementar pertinente. ver adotado.
7. a) O Comitê examinará as comunicações, à luz de todas as
informações que forem submetidas pelo Estado parte interessado
Artigo XIII e pelo peticionário. O Comitê só examinará uma comunicação de
peticionário após ter-se assegurado que este esgotou todos os re-
1. Após haver estudado a questão sob todos os seus aspectos,
cursos internos disponíveis. Entretanto, esta regra não se aplicará
a Comissão preparará e submeterá ao Presidente do Comitê um
se os processos de recurso excederem prazos razoáveis.
relatório com as conclusões sobre todas ass questões de fato rela-
b) O Comitê remeterá suas sugestões e recomendações even-
tivas à controvérsia entre as partes e as recomendações que julgar
tuais, ao Estado Parte interessado e ao peticionário.
oportunas a fim de chegar a uma solução amistosa da controvérsia.
8. O Comitê incluirá em seu relatório anual um resumo destas
2. O Presidente do Comitê transmitirá o relatório da Comissão
comunicações, se for necessário, um resumo das explicações e de-
a cada um dos Estados Partes na controvérsia. Os referidos Estados
clarações dos Estados Partes interessados assim como suas próprias
comunicarão ao Presidente do Comitê num prazo de três meses se
sugestões e recomendações.
aceitam ou não, as recomendações contidas no relatório da Comis-
9. O Comitê somente terá competência para exercer as funções
são.
previstas neste artigo se pelo menos dez Estados Partes nesta Con-
3. Expirado o prazo previsto no paragrafo 2º do presente arti-
venção estiverem obrigados por declarações feitas de conformida-
go, o Presidente do Comitê comunicará o Relatório da Comissão e
de com o parágrafo deste artigo.
as declarações dos Estados Partes interessadas aos outros Estados
Parte na Comissão.
Artigo XV
Artigo XIV 1. Enquanto não forem atingidos os objetivos da resolução
1.514 (XV) da Assembleia Geral de 14 de dezembro de 1960, re-
1. Todo o Estado parte poderá declarar e qualquer momento
lativa à Declaração sobro a concessão da independência dos paí-
que reconhece a competência do Comitê para receber e examinar
ses e povos coloniais, as disposições da presente convenção não
comunicações de indivíduos sob sua jurisdição que se consideram
restringirão de maneira alguma o direito de petição concedida aos
vítimas de uma violação pelo referido Estado Parte de qualquer um
povos por outros instrumentos internacionais ou pela Organização
dos direitos enunciados na presente Convenção. O Comitê não re-
das Nações Unidas e suas agências especializadas.
ceberá qualquer comunicação de um Estado Parte que não houver
2. a) O Comitê constituído de conformidade com o parágrafo 1
feito tal declaração.
do artigo 8 desta Convenção receberá cópia das petições provenien-
2. Qualquer Estado parte que fizer uma declaração de confor-
tes dos órgãos das Nações Unidas que se encarregarem de questões
midade com o parágrafo do presente artigo, poderá criar ou de-
diretamente relacionadas com os princípios e objetivos da presente
signar um órgão dentro de sua ordem jurídica nacional, que terá
Convenção e expressará sua opinião e formulará recomendações
competência para receber e examinar as petições de pessoas ou
sobre petições recebidas quando examinar as petições recebidas
grupos de pessoas sob sua jurisdição que alegarem ser vitimas de
dos habitantes dos territórios sob tutela ou não autônomo ou de
uma violação de qualquer um dos direitos enunciados na presente
qualquer outro território a que se aplicar a resolução 1514 (XV) da
Convenção e que esgotaram os outros recursos locais disponíveis.
Assembleia Geral, relacionadas a questões tratadas pela presente
3. A declaração feita de conformidade com o parágrafo 1 do
Convenção e que forem submetidas a esses órgãos.
presente artigo e o nome de qualquer órgão criado ou designado
b) O Comitê receberá dos órgãos competentes da Organização
pelo Estado Parte interessado consoante o parágrafo 2 do presente
das Nações Unidas cópia dos relatórios sobre medidas de ordem le-
artigo será depositado pelo Estado Parte interessado junto ao Se-
gislativa judiciária, administrativa ou outra diretamente relacionada
cretário Geral das Nações Unidas que remeterá cópias aos outros
com os princípios e objetivos da presente Convenção que as Potên-
Estados Partes. A declaração poderá ser retirada a qualquer mo-
cias Administradoras tiverem aplicado nos territórios mencionados
mento mediante notificação ao Secretário Geral mas esta retirada
na alínea “a” do presente parágrafo e expressará sua opinião e fará
não prejudicará as comunicações que já estiverem sendo estudadas
recomendações a esses órgãos.
pelo Comitê.
3. O Comitê incluirá em seu relatório à Assembleia um resumo
4. O órgão criado ou designado de conformidade com o pará-
das petições e relatórios que houver recebido de órgãos das Nações
grafo 2 do presente artigo, deverá manter um registro de petições
Unidas e as opiniões e recomendações que houver proferido sobre
e cópias autenticada do registro serão depositadas anualmente por
tais petições e relatórios.
canais apropriados junto ao Secretário Geral das Nações Unidas, no
4. O Comitê solicitará ao Secretário Geral das Nações Unidas
entendimento que o conteúdo dessas cópias não será divulgado ao
qualquer informação relacionada com os objetivos da presente
público.
Convenção que este dispuser sobre os territórios mencionados no
5. Se não obtiver repartição satisfatória do órgão criado ou de-
parágrafo 2 (a) do presente artigo.
signado de conformidade com o parágrafo 2 do presente artigo, o
peticionário terá o direito de levar a questão ao Comitê dentro de
Artigo XVI
seis meses.
6. a) O Comitê levará, a título confidencial, qualquer comuni- As disposições desta Convenção relativas a solução das contro-
cação que lhe tenha sido endereçada, ao conhecimento do Estado vérsias ou queixas serão aplicadas sem prejuízo de outros processos
Parte que, pretensamente houver violado qualquer das disposições para solução de controvérsias e queixas no campo da discriminação

488
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
previstos nos instrumentos constitutivos das Nações Unidas e suas Artigo XXI
agências especializadas, e não excluirá a possibilidade dos Estados
partes recomendarem aos outros, processos para a solução de uma Qualquer Controvérsia entre dois ou mais Estados Parte relati-
controvérsia de conformidade com os acordos internacionais ou es- va a interpretação ou aplicação desta Convenção que não for resol-
peciais que os ligarem. vida por negociações ou pelos processos previstos expressamente
nesta Convenção, será o pedido de qualquer das Partes na contro-
Terceira Parte vérsia. Submetida à decisão da Côrte Internacional de Justiça a não
ser que os litigantes concordem em outro meio de solução.
Artigo XVII
Artigo XXII
1. A presente Convenção ficará aberta à assinatura de todo Es-
tado Membro da Organização das Nações Unidas ou membro de Qualquer Controvérsia entre dois ou mais Estados Partes relati-
qualquer uma de suas agências especializadas, de qualquer Estado va à interpretação ou aplicação desta Convenção, que não for resol-
parte no Estatuto da Côrtes Internacional de Justiça, assim como de vida por negociações ou pelos processos previstos expressamente
qualquer outro Estado convidado pela Assembleia-Geral da Organi- nesta Convenção será, pedido de qualquer das Partes na controvér-
zação das Nações Unidas a torna-se parte na presente Convenção. sia, submetida à decisão da Côrte Internacional de Justiça a não ser
2. A presente Convenção ficará sujeita à ratificação e os instru- que os litigantes concordem em outro meio de solução.
mentos de ratificação serão depositados junto ao Secretário Geral
das Nações Unidas. Artigo XXIII

Artigo XVIII 1. Qualquer Estado Parte poderá formular a qualquer momen-


to um pedido de revisão da presente Convenção, mediante notifi-
1. A presente Convenção ficará aberta a adesão de qualquer cação escrita endereçada ao Secretário Geral das Nações Unidas.
Estado mencionado no parágrafo 1º do artigo 17. 2. A Assembleia-Geral decidirá a respeito das medidas a serem
2. A adesão será efetuada pelo depósito de instrumento de tomadas, caso for necessário, sobre o pedido.
adesão junto ao Secretário Geral das Nações Unidas.
Artigo XXIV
Artigo XIX
O Secretário Geral da Organização das Nações Unidas comuni-
1. Esta convenção entrará em vigor no trigésimo dia após a data cará a todos os Estados mencionados no parágrafo 1º do artigo 17
do deposito junto ao Secretário Geral das Nações Unidas do vigési- desta Convenção.
mo sétimo instrumento de ratificação ou adesão. a) as assinaturas e os depósitos de instrumentos de ratificação
2. Para cada Estado que ratificar a presente Convenção ou a ele e de adesão de conformidade com os artigos 17 e 18;
aderir após o depósito do vigésimo sétimo instrumento de ratifica- b) a data em que a presente Convenção entrar em vigor, de
ção ou adesão esta Convenção entrará em vigor no trigésimo dia conformidade com o artigo 19;
após o depósito de seu instrumento de ratificação ou adesão. c) as comunicações e declarações recebidas de conformidade
com os artigos 14, 20 e 23.
d) as denúncias feitas de conformidade com o artigo 21.
Artigo XX
Artigo XXV
1. O Secretário Geral das Nações Unidas receberá e enviará, a
todos os Estados que forem ou vierem a torna-se partes desta Con- 1. Esta Convecção, cujos textos em chinês, espanhol, inglês e
venção, as reservas feitas pelos Estados no momento da ratificação russo são igualmente autênticos será depositada nos arquivos das
ou adesão. Qualquer Estado que objetar a essas reservas, deverá Nações Unidas.
notificar ao Secretário Geral dentro de noventa dias da data da re- 2. O Secretário Geral das Nações Unidas enviará cópias autenti-
ferida comunicação, que não aceita. cadas desta Convenção a todos os Estados pertencentes a qualquer
2. Não será permitida uma reserva incompatível com o objeto uma das categorias mencionadas no parágrafo 1º do artigo 17.
e o escopo desta Convenção nem uma reserva cujo efeito seria a de Em fé do que os abaixo assinados devidamente autorizados por
impedir o funcionamento de qualquer dos órgãos previstos nesta seus Governos assinaram a presente Convecção que foi aberta a
Convenção. Uma reserva será considerada incompatível ou impe- assinatura em Nova York a 7 de março de 1966.
ditiva se a ela objetarem ao menos dois terços dos Estados partes
nesta Convenção.
DECRETO FEDERAL N° 4.377, DE 13 DE SETEMBRO DE
3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento por
2002 (CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS
uma notificação endereçada com esse objetivo ao Secretário Geral.
AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER)
Tal notificação surgirá efeito na data de seu recebimento.

Artigo XXI DECRETO Nº 4.377, DE 13 DE SETEMBRO DE 2002


Qualquer Estado parte poderá denunciar esta Convenção me-
Promulga a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
diante notificação escrita endereçada ao Secretário Geral da Orga-
Discriminação contra a Mulher, de 1979, e revoga o Decreto no
nização das Nações Unidas. A denúncia surtirá efeito um ano após
89.460, de 20 de março de 1984.
data do recebimento da notificação pelo Secretário Geral.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe
confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e

489
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Considerando que o Congresso Nacional aprovou, pelo Decreto país, constitui um obstáculo ao aumento do bem-estar da socieda-
Legislativo no 93, de 14 de novembro de 1983, a Convenção sobre a de e da família e dificulta o pleno desenvolvimento das potenciali-
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, dades da mulher para prestar serviço a seu país e à humanidade,
assinada pela República Federativa do Brasil, em Nova York, no dia PREOCUPADOS com o fato de que, em situações de pobreza, a
31 de março de 1981, com reservas aos seus artigos 15, parágrafo mulher tem um acesso mínimo à alimentação, à saúde, à educação,
4o, e 16, parágrafo 1o, alíneas (a), (c), (g) e (h); à capacitação e às oportunidades de emprego, assim como à satis-
Considerando que, pelo Decreto Legislativo no 26, de 22 de ju- fação de outras necessidades,
nho de 1994, o Congresso Nacional revogou o citado Decreto Legis- CONVENCIDOS de que o estabelecimento da Nova Ordem Eco-
lativo no 93, aprovando a Convenção sobre a Eliminação de Todas nômica Internacional baseada na equidade e na justiça contribuirá
as Formas de Discriminação contra a Mulher, inclusive os citados significativamente para a promoção da igualdade entre o homem
artigos 15, parágrafo 4o, e 16, parágrafo 1o , alíneas (a), (c), (g) e (h); e a mulher,
Considerando que o Brasil retirou as mencionadas reservas em SALIENTANDO que a eliminação do apartheid, de todas as for-
20 de dezembro de 1994; mas de racismo, discriminação racial, colonialismo, neocolonialis-
Considerando que a Convenção entrou em vigor, para o Brasil, mo, agressão, ocupação estrangeira e dominação e interferência
em 2 de março de 1984, com a reserva facultada em seu art. 29, nos assuntos internos dos Estados é essencial para o pleno exercício
parágrafo 2; dos direitos do homem e da mulher,
AFIRMANDO que o fortalecimento da paz e da segurança in-
DECRETA: ternacionais, o alívio da tensão internacional, a cooperação mútua
Art. 1o A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de entre todos os Estados, independentemente de seus sistemas eco-
Discriminação contra a Mulher, de 18 de dezembro de 1979, apensa nômicos e sociais, o desarmamento geral e completo, e em par-
por cópia ao presente Decreto, com reserva facultada em seu art. ticular o desarmamento nuclear sob um estrito e efetivo controle
29, parágrafo 2, será executada e cumprida tão inteiramente como internacional, a afirmação dos princípios de justiça, igualdade e
nela se contém. proveito mútuo nas relações entre países e a realização do direi-
Art. 2o São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quais- to dos povos submetidos a dominação colonial e estrangeira e a
quer atos que possam resultar em revisão da referida Convenção, ocupação estrangeira, à autodeterminação e independência, bem
assim como quaisquer ajustes complementares que, nos termos do como o respeito da soberania nacional e da integridade territorial,
art. 49, inciso I, da Constituição, acarretem encargos ou compromis- promoverão o progresso e o desenvolvimento sociais, e, em conse-
sos gravosos ao patrimônio nacional. quência, contribuirão para a realização da plena igualdade entre o
Art. 3o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. homem e a mulher,
Art. 4o Fica revogado o Decreto no 89.460, de 20 de março de CONVENCIDOS de que a participação máxima da mulher, em
1984. igualdade de condições com o homem, em todos os campos, é in-
dispensável para o desenvolvimento pleno e completo de um país,
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discri- o bem-estar do mundo e a causa da paz,
minação contra a Mulher TENDO presente a grande contribuição da mulher ao bem-es-
Os Estados Partes na presente convenção, tar da família e ao desenvolvimento da sociedade, até agora não
CONSIDERANDO que a Carta das Nações Unidas reafirma a fé plenamente reconhecida, a importância social da maternidade e a
nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da função dos pais na família e na educação dos filhos, e conscientes
pessoa humana e na igualdade de direitos do homem e da mulher, de que o papel da mulher na procriação não deve ser causa de dis-
CONSIDERANDO que a Declaração Universal dos Direitos Hu- criminação mas sim que a educação dos filhos exige a responsabili-
manos reafirma o princípio da não-discriminação e proclama que dade compartilhada entre homens e mulheres e a sociedade como
todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e di- um conjunto,
reitos e que toda pessoa pode invocar todos os direitos e liberdades RECONHECENDO que para alcançar a plena igualdade entre o
proclamados nessa Declaração, sem distinção alguma, inclusive de homem e a mulher é necessário modificar o papel tradicional tanto
sexo, do homem como da mulher na sociedade e na família,
CONSIDERANDO que os Estados Partes nas Convenções Inter- RESOLVIDOS a aplicar os princípios enunciados na Declaração
nacionais sobre Direitos Humanos tem a obrigação de garantir ao sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher e, para isto, a
homem e à mulher a igualdade de gozo de todos os direitos econô- adotar as medidas necessárias a fim de suprimir essa discriminação
micos, sociais, culturais, civis e políticos, em todas as suas formas e manifestações,
OBSEVANDO as convenções internacionais concluídas sob os CONCORDARAM no seguinte:
auspícios das Nações Unidas e dos organismos especializados em
favor da igualdade de direitos entre o homem e a mulher, PARTE I
OBSERVANDO, ainda, as resoluções, declarações e recomen-
dações aprovadas pelas Nações Unidas e pelas Agências Especia- Artigo 1°
lizadas para favorecer a igualdade de direitos entre o homem e a
Para os fins da presente Convenção, a expressão «discrimina-
mulher,
ção contra a mulher» significará toda a distinção, exclusão ou res-
PREOCUPADOS, contudo, com o fato de que, apesar destes di-
trição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado preju-
versos instrumentos, a mulher continue sendo objeto de grandes
dicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher,
discriminações,
independentemente de seu estado civil, com base na igualdade do
RELEMBRANDO que a discriminação contra a mulher viola os
homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades fundamen-
princípios da igualdade de direitos e do respeito da dignidade hu-
tais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em
mana, dificulta a participação da mulher, nas mesmas condições
qualquer outro campo.
que o homem, na vida política, social, econômica e cultural de seu

490
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Artigo 2° Artigo 6°

Os Estados Partes condenam a discriminação contra a mulher Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apropriadas, in-
em todas as suas formas, concordam em seguir, por todos os meios clusive de caráter legislativo, para suprimir todas as formas de tráfi-
apropriados e sem dilações, uma política destinada a eliminar a dis- co de mulheres e exploração da prostituição da mulher.
criminação contra a mulher, e com tal objetivo se comprometem a:
a) Consagrar, se ainda não o tiverem feito, em suas constitui-
ções nacionais ou em outra legislação apropriada o princípio da PARTE II
igualdade do homem e da mulher e assegurar por lei outros meios
Artigo 7°
apropriados a realização prática desse princípio;
b) Adotar medidas adequadas, legislativas e de outro caráter, Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apropriadas para
com as sanções cabíveis e que proíbam toda discriminação contra eliminar a discriminação contra a mulher na vida política e pública
a mulher; do país e, em particular, garantirão, em igualdade de condições com
c) Estabelecer a proteção jurídica dos direitos da mulher numa os homens, o direito a:
base de igualdade com os do homem e garantir, por meio dos tri- a) Votar em todas as eleições e referenda públicos e ser elegí-
bunais nacionais competentes e de outras instituições públicas, a vel para todos os órgãos cujos membros sejam objeto de eleições
proteção efetiva da mulher contra todo ato de discriminação; públicas;
d) Abster-se de incorrer em todo ato ou prática de discrimina- b) Participar na formulação de políticas governamentais e na
ção contra a mulher e zelar para que as autoridades e instituições execução destas, e ocupar cargos públicos e exercer todas as fun-
públicas atuem em conformidade com esta obrigação; ções públicas em todos os planos governamentais;
e) Tomar as medidas apropriadas para eliminar a discrimina- c) Participar em organizações e associações não-governamen-
ção contra a mulher praticada por qualquer pessoa, organização ou tais que se ocupem da vida pública e política do país.
empresa;
f) Adotar todas as medidas adequadas, inclusive de caráter le- Artigo 8°
gislativo, para modificar ou derrogar leis, regulamentos, usos e prá-
ticas que constituam discriminação contra a mulher; Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apropriadas para
g) Derrogar todas as disposições penais nacionais que constitu- garantir, à mulher, em igualdade de condições com o homem e sem
am discriminação contra a mulher. discriminação alguma, a oportunidade de representar seu governo
no plano internacional e de participar no trabalho das organizações
Artigo 3° internacionais.

Os Estados Partes tomarão, em todas as esferas e, em particu- Artigo 9°


lar, nas esferas política, social, econômica e cultural, todas as me-
didas apropriadas, inclusive de caráter legislativo, para assegurar o 1. Os Estados-Partes outorgarão às mulheres direitos iguais aos
pleno desenvolvimento e progresso da mulher, com o objetivo de dos homens para adquirir, mudar ou conservar sua nacionalidade.
garantir-lhe o exercício e gozo dos direitos humanos e liberdades Garantirão, em particular, que nem o casamento com um estran-
fundamentais em igualdade de condições com o homem. geiro, nem a mudança de nacionalidade do marido durante o casa-
mento, modifiquem automaticamente a nacionalidade da esposa,
Artigo 4° convertam-na em apátrida ou a obriguem a adotar a nacionalidade
do cônjuge.
1. A adoção pelos Estados-Partes de medidas especiais de ca- 2. Os Estados-Partes outorgarão à mulher os mesmos direitos
ráter temporário destinadas a acelerar a igualdade de fato entre o que ao homem no que diz respeito à nacionalidade dos filhos.
homem e a mulher não se considerará discriminação na forma de-
finida nesta Convenção, mas de nenhuma maneira implicará, como PARTE III
consequência, a manutenção de normas desiguais ou separadas;
essas medidas cessarão quando os objetivos de igualdade de opor- Artigo 10
tunidade e tratamento houverem sido alcançados.
2. A adoção pelos Estados-Partes de medidas especiais, inclu- Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropriadas para
sive as contidas na presente Convenção, destinadas a proteger a eliminar a discriminação contra a mulher, a fim de assegurar-lhe a
maternidade, não se considerará discriminatória. igualdade de direitos com o homem na esfera da educação e em
particular para assegurarem condições de igualdade entre homens
Artigo 5° e mulheres:
a) As mesmas condições de orientação em matéria de carrei-
Os Estados-Partes tornarão todas as medidas apropriadas para: ras e capacitação profissional, acesso aos estudos e obtenção de
a) Modificar os padrões socioculturais de conduta de homens diplomas nas instituições de ensino de todas as categorias, tanto
e mulheres, com vistas a alcançar a eliminação dos preconceitos e em zonas rurais como urbanas; essa igualdade deverá ser assegu-
práticas consuetudinárias e de qualquer outra índole que estejam rada na educação pré-escolar, geral, técnica e profissional, incluída
baseados na ideia da inferioridade ou superioridade de qualquer a educação técnica superior, assim como todos os tipos de capaci-
dos sexos ou em funções estereotipadas de homens e mulheres. tação profissional;
b) Garantir que a educação familiar inclua uma compreensão b) Acesso aos mesmos currículos e mesmos exames, pessoal
adequada da maternidade como função social e o reconhecimento docente do mesmo nível profissional, instalações e material escolar
da responsabilidade comum de homens e mulheres no que diz res- da mesma qualidade;
peito à educação e ao desenvolvimento de seus filhos, entendendo- c) A eliminação de todo conceito estereotipado dos papéis
-se que o interesse dos filhos constituirá a consideração primordial masculino e feminino em todos os níveis e em todas as formas de
em todos os casos. ensino mediante o estímulo à educação mista e a outros tipos de

491
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
educação que contribuam para alcançar este objetivo e, em par- 3. A legislação protetora relacionada com as questões compre-
ticular, mediante a modificação dos livros e programas escolares e endidas neste artigo será examinada periodicamente à luz dos co-
adaptação dos métodos de ensino; nhecimentos científicos e tecnológicos e será revista, derrogada ou
d) As mesmas oportunidades para obtenção de bolsas-de-estu- ampliada conforme as necessidades.
do e outras subvenções para estudos;
e) As mesmas oportunidades de acesso aos programas de edu- Artigo 12
cação supletiva, incluídos os programas de alfabetização funcional e
de adultos, com vistas a reduzir, com a maior brevidade possível, a 1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropriadas
diferença de conhecimentos existentes entre o homem e a mulher; para eliminar a discriminação contra a mulher na esfera dos cuida-
f) A redução da taxa de abandono feminino dos estudos e a dos médicos a fim de assegurar, em condições de igualdade entre
organização de programas para aquelas jovens e mulheres que te- homens e mulheres, o acesso a serviços médicos, inclusive os refe-
nham deixado os estudos prematuramente; rentes ao planejamento familiar.
g) As mesmas oportunidades para participar ativamente nos 2. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 1o, os Estados-Partes
esportes e na educação física; garantirão à mulher assistência apropriadas em relação à gravidez,
h) Acesso a material informativo específico que contribua para ao parto e ao período posterior ao parto, proporcionando assistên-
assegurar a saúde e o bem-estar da família, incluída a informação e cia gratuita quando assim for necessário, e lhe assegurarão uma nu-
o assessoramento sobre planejamento da família. trição adequada durante a gravidez e a lactância.

Artigo 11 Artigo 13

1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropriadas Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropriadas para
para eliminar a discriminação contra a mulher na esfera do empre- eliminar a discriminação contra a mulher em outras esferas da vida
go a fim de assegurar, em condições de igualdade entre homens e econômica e social a fim de assegurar, em condições de igualdade
mulheres, os mesmos direitos, em particular: entre homens e mulheres, os mesmos direitos, em particular:
a) O direito ao trabalho como direito inalienável de todo ser a) O direito a benefícios familiares;
humano; b) O direito a obter empréstimos bancários, hipotecas e outras
b) O direito às mesmas oportunidades de emprego, inclusive formas de crédito financeiro;
a aplicação dos mesmos critérios de seleção em questões de em- c) O direito a participar em atividades de recreação, esportes e
prego; em todos os aspectos da vida cultural.
c) O direito de escolher livremente profissão e emprego, o di-
reito à promoção e à estabilidade no emprego e a todos os benefí- Artigo 14
cios e outras condições de serviço, e o direito ao acesso à formação
1. Os Estados-Partes levarão em consideração os problemas es-
e à atualização profissionais, incluindo aprendizagem, formação
pecíficos enfrentados pela mulher rural e o importante papel que
profissional superior e treinamento periódico;
desempenha na subsistência econômica de sua família, incluído seu
d) O direito a igual remuneração, inclusive benefícios, e igual-
trabalho em setores não-monetários da economia, e tomarão todas
dade de tratamento relativa a um trabalho de igual valor, assim
as medidas apropriadas para assegurar a aplicação dos dispositivos
como igualdade de tratamento com respeito à avaliação da quali-
desta Convenção à mulher das zonas rurais.
dade do trabalho;
2. Os Estados-Partes adotarão todas as medias apropriadas
e) O direito à seguridade social, em particular em casos de apo-
para eliminar a discriminação contra a mulher nas zonas rurais a fim
sentadoria, desemprego, doença, invalidez, velhice ou outra inca-
de assegurar, em condições de igualdade entre homens e mulheres,
pacidade para trabalhar, bem como o direito de férias pagas;
que elas participem no desenvolvimento rural e dele se beneficiem,
f) O direito à proteção da saúde e à segurança nas condições de
e em particular as segurar-lhes-ão o direito a:
trabalho, inclusive a salvaguarda da função de reprodução.
a) Participar da elaboração e execução dos planos de desenvol-
2. A fim de impedir a discriminação contra a mulher por razões
vimento em todos os níveis;
de casamento ou maternidade e assegurar a efetividade de seu di-
b) Ter acesso a serviços médicos adequados, inclusive infor-
reito a trabalhar, os Estados-Partes tomarão as medidas adequadas
mação, aconselhamento e serviços em matéria de planejamento
para:
familiar;
a) Proibir, sob sanções, a demissão por motivo de gravidez ou
c) Beneficiar-se diretamente dos programas de seguridade so-
licença de maternidade e a discriminação nas demissões motivadas
cial;
pelo estado civil;
d) Obter todos os tipos de educação e de formação, acadêmica
b) Implantar a licença de maternidade, com salário pago ou be-
e não acadêmica, inclusive os relacionados à alfabetização funcio-
nefícios sociais comparáveis, sem perda do emprego anterior, anti-
nal, bem como, entre outros, os benefícios de todos os serviços co-
guidade ou benefícios sociais;
munitário e de extensão a fim de aumentar sua capacidade técnica;
c) Estimular o fornecimento de serviços sociais de apoio ne-
e) Organizar grupos de autoajuda e cooperativas a fim de obter
cessários para permitir que os pais combinem as obrigações para
igualdade de acesso às oportunidades econômicas mediante em-
com a família com as responsabilidades do trabalho e a participa-
prego ou trabalho por conta própria;
ção na vida pública, especialmente mediante fomento da criação e
f) Participar de todas as atividades comunitárias;
desenvolvimento de uma rede de serviços destinados ao cuidado
g) Ter acesso aos créditos e empréstimos agrícolas, aos servi-
das crianças;
ços de comercialização e às tecnologias apropriadas, e receber um
d) Dar proteção especial às mulheres durante a gravidez nos
tratamento igual nos projetos de reforma agrária e de reestabele-
tipos de trabalho comprovadamente prejudiciais para elas.
cimentos;
h) gozar de condições de vida adequadas, particularmente nas
esferas da habitação, dos serviços sanitários, da eletricidade e do
abastecimento de água, do transporte e das comunicações.

492
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
PARTE IV serão eleitos pelos Estados-Partes entre seus nacionais e exercerão
suas funções a título pessoal; será levada em conta uma repartição
Artigo 15 geográfica equitativa e a representação das formas diversas de civi-
lização assim como dos principais sistemas jurídicos;
1. Os Estados-Partes reconhecerão à mulher a igualdade com o
2. Os membros do Comitê serão eleitos em escrutínio secreto
homem perante a lei.
de uma lista de pessoas indicadas pelos Estados-Partes. Cada um
2. Os Estados-Partes reconhecerão à mulher, em matérias civis,
dos Estados-Partes poderá indicar uma pessoa entre seus próprios
uma capacidade jurídica idêntica do homem e as mesmas oportu-
nacionais;
nidades para o exercício dessa capacidade. Em particular, reconhe-
3. A eleição inicial realizar-se-á seis meses após a data de entra-
cerão à mulher iguais direitos para firmar contratos e administrar
da em vigor desta Convenção. Pelo menos três meses antes da data
bens e dispensar-lhe-ão um tratamento igual em todas as etapas do
de cada eleição, o Secretário-Geral das Nações Unidas dirigirá uma
processo nas cortes de justiça e nos tribunais.
carta aos Estados-Partes convidando-os a apresentar suas candida-
3. Os Estados-Partes convém em que todo contrato ou outro
turas, no prazo de dois meses. O Secretário-Geral preparará uma
instrumento privado de efeito jurídico que tenda a restringir a ca-
lista, por ordem alfabética de todos os candidatos assim apresenta-
pacidade jurídica da mulher será considerado nulo.
dos, com indicação dos Estados-Partes que os tenham apresentado
4. Os Estados-Partes concederão ao homem e à mulher os
e comunicá-la-á aos Estados Partes;
mesmos direitos no que respeita à legislação relativa ao direito das
4. Os membros do Comitê serão eleitos durante uma reunião
pessoas à liberdade de movimento e à liberdade de escolha de re-
dos Estados-Partes convocado pelo Secretário-Geral na sede das
sidência e domicílio.
Nações Unidas. Nessa reunião, em que o quórum será alcançado
com dois terços dos Estados-Partes, serão eleitos membros do Co-
Artigo 16
mitê os candidatos que obtiverem o maior número de votos e a
1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas adequadas maioria absoluta de votos dos representantes dos Estados-Partes
para eliminar a discriminação contra a mulher em todos os assun- presentes e votantes;
tos relativos ao casamento e às ralações familiares e, em particular, 5. Os membros do Comitê serão eleitos para um mandato de
com base na igualdade entre homens e mulheres, assegurarão: quatro anos. Entretanto, o mandato de nove dos membros eleitos
a) O mesmo direito de contrair matrimônio; na primeira eleição expirará ao fim de dois anos; imediatamente
b) O mesmo direito de escolher livremente o cônjuge e de con- após a primeira eleição os nomes desses nove membros serão es-
trair matrimônio somente com livre e pleno consentimento; colhidos, por sorteio, pelo Presidente do Comitê;
c) Os mesmos direitos e responsabilidades durante o casamen- 6. A eleição dos cinco membros adicionais do Comitê realizar-
to e por ocasião de sua dissolução; -se-á em conformidade com o disposto nos parágrafos 2, 3 e 4 deste
d) Os mesmos direitos e responsabilidades como pais, qual- Artigo, após o depósito do trigésimo-quinto instrumento de ratifica-
quer que seja seu estado civil, em matérias pertinentes aos filhos. ção ou adesão. O mandato de dois dos membros adicionais eleitos
Em todos os casos, os interesses dos filhos serão a consideração nessa ocasião, cujos nomes serão escolhidos, por sorteio, pelo Pre-
primordial; sidente do Comitê, expirará ao fim de dois anos;
e) Os mesmos direitos de decidir livre a responsavelmente so- 7. Para preencher as vagas fortuitas, o Estado-Parte cujo perito
bre o número de seus filhos e sobre o intervalo entre os nascimen- tenha deixado de exercer suas funções de membro do Comitê no-
tos e a ter acesso à informação, à educação e aos meios que lhes meará outro perito entre seus nacionais, sob reserva da aprovação
permitam exercer esses direitos; do Comitê;
f) Os mesmos direitos e responsabilidades com respeito à tu- 8. Os membros do Comitê, mediante aprovação da Assembleia
tela, curatela, guarda e adoção dos filhos, ou institutos análogos, Geral, receberão remuneração dos recursos das Nações Unidas, na
quando esses conceitos existirem na legislação nacional. Em todos forma e condições que a Assembleia Geral decidir, tendo em vista a
os casos os interesses dos filhos serão a consideração primordial; importância das funções do Comitê;
g) Os mesmos direitos pessoais como marido e mulher, inclusi- 9. O Secretário-Geral das Nações Unidas proporcionará o pes-
ve o direito de escolher sobrenome, profissão e ocupação; soal e os serviços necessários para o desempenho eficaz das fun-
h) Os mesmos direitos a ambos os cônjuges em matéria de pro- ções do Comitê em conformidade com esta Convenção.
priedade, aquisição, gestão, administração, gozo e disposição dos
bens, tanto a título gratuito quanto à título oneroso. Artigo 18
2. Os esponsais e o casamento de uma criança não terão efeito
1. Os Estados-Partes comprometem-se a submeter ao Secretá-
legal e todas as medidas necessárias, inclusive as de caráter legis-
rio-Geral das Nações Unidas, para exame do Comitê, um relatório
lativo, serão adotadas para estabelecer uma idade mínima para o
sobre as medidas legislativas, judiciárias, administrativas ou outras
casamento e para tornar obrigatória a inscrição de casamentos em
que adotarem para tornarem efetivas as disposições desta Conven-
registro oficial.
ção e sobre os progressos alcançados a esse respeito:
a) No prazo de um ano a partir da entrada em vigor da Conven-
PARTE V ção para o Estado interessado; e
b) Posteriormente, pelo menos cada quatro anos e toda vez
Artigo 17 que o Comitê a solicitar.
2. Os relatórios poderão indicar fatores e dificuldades que in-
1. Com o fim de examinar os progressos alcançados na aplica- fluam no grau de cumprimento das obrigações estabelecidos por
ção desta Convenção, será estabelecido um Comitê sobre a Elimi- esta Convenção.
nação da Discriminação contra a Mulher (doravante denominado
o Comitê) composto, no momento da entrada em vigor da Conven- Artigo 19
ção, de dezoito e, após sua ratificação ou adesão pelo trigésimo-
-quinto Estado-Parte, de vinte e três peritos de grande prestígio 1. O Comitê adotará seu próprio regulamento.
moral e competência na área abarcada pela Convenção. Os peritos 2. O Comitê elegerá sua Mesa por um período de dois anos.

493
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Artigo 20 Artigo 27

1. O Comitê se reunirá normalmente todos os anos por um 1. Esta Convenção entrará em vigor no trigésimo dia a partir da
período não superior a duas semanas para examinar os relatórios data do depósito do vigésimo instrumento de ratificação ou adesão
que lhe sejam submetidos em conformidade com o Artigo 18 desta junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
Convenção. 2. Para cada Estado que ratificar a presente Convenção ou a
2. As reuniões do Comitê realizar-se-ão normalmente na sede ela aderir após o depósito do vigésimo instrumento de ratificação
das Nações Unidas ou em qualquer outro lugar que o Comitê de- ou adesão, a Convenção entrará em vigor no trigésimo dia após o
termine. depósito de seu instrumento de ratificação ou adesão.

Artigo 21 Artigo 28

1. O Comitê, através do Conselho Econômico e Social das Na- 1. O Secretário-Geral das Nações Unidas receberá e enviará a
ções Unidas, informará anualmente a Assembleia Geral das Nações todos os Estados o texto das reservas feitas pelos Estados no mo-
Unidas de suas atividades e poderá apresentar sugestões e reco- mento da ratificação ou adesão.
mendações de caráter geral baseadas no exame dos relatórios e em 2. Não será permitida uma reserva incompatível com o objeto
informações recebidas dos Estados-Partes. Essas sugestões e reco- e o propósito desta Convenção.
mendações de caráter geral serão incluídas no relatório do Comi- 3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento por
tê juntamente com as observações que os Estados-Partes tenham uma notificação endereçada com esse objetivo ao Secretário-Geral
porventura formulado. das Nações Unidas, que informará a todos os Estados a respeito. A
2. O Secretário-Geral transmitirá, para informação, os relató- notificação surtirá efeito na data de seu recebimento.
rios do Comitê à Comissão sobre a Condição da Mulher.
As Agências Especializadas terão direito a estar representadas Artigo 29
no exame da aplicação das disposições desta Convenção que cor-
respondam à esfera de suas atividades. O Comitê poderá convidar 1. Qualquer controvérsia entre dois ou mais Estados-Partes re-
as Agências Especializadas a apresentar relatórios sobre a aplicação lativa à interpretação ou aplicação desta Convenção e que não for
da Convenção nas áreas que correspondam à esfera de suas ativi- resolvida por negociações será, a pedido de qualquer das Partes na
dades. controvérsia, submetida a arbitragem. Se no prazo de seis meses
a partir da data do pedido de arbitragem as Partes não acordarem
PARTE VI sobre a forma da arbitragem, qualquer das Partes poderá submeter
a controvérsia à Corte Internacional de Justiça mediante pedido em
Artigo 23 conformidade com o Estatuto da Corte.
2. Qualquer Estado-Parte, no momento da assinatura ou rati-
Nada do disposto nesta Convenção prejudicará qualquer dispo- ficação desta Convenção ou de adesão a ela, poderá declarar que
sição que seja mais propícia à obtenção da igualdade entre homens não se considera obrigado pelo parágrafo anterior. Os demais Esta-
e mulheres e que seja contida: dos-Partes não estarão obrigados pelo parágrafo anterior perante
a) Na legislação de um Estado-Parte ou nenhum Estado-Parte que tenha formulado essa reserva.
b) Em qualquer outra convenção, tratado ou acordo internacio- 3. Qualquer Estado-Parte que tenha formulado a reserva pre-
nal vigente nesse Estado. vista no parágrafo anterior poderá retirá-la em qualquer momento
por meio de notificação ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
Artigo 24
Artigo 30
Os Estados-Partes comprometem-se a adotar todas as medidas
Esta convenção, cujos textos em árabe, chinês, espanhol, fran-
necessárias em âmbito nacional para alcançar a plena realização
cês, inglês e russo são igualmente autênticos será depositada junto
dos direitos reconhecidos nesta Convenção.
ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
Em testemunho do que, os abaixo-assinados devidamente au-
Artigo 25
torizados, assinaram esta Convenção.
1. Esta Convenção estará aberta à assinatura de todos os Es-
tados. LEI FEDERAL Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006 (LEI
2. O Secretário-Geral das Nações Unidas fica designado deposi- MARIA DA PENHA) E ALTERAÇÕES PROPOSTAS PELAS
tário desta Convenção. LEIS Nº 13.827/2019, 13.871/2019 E 13.882/2019
3. Esta Convenção está sujeita a ratificação. Os instrumentos de
ratificação serão depositados junto ao Secretário-Geral das Nações
Unidas. LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006
4. Esta Convenção estará aberta à adesão de todos os Estados.
A adesão efetuar-se-á através do depósito de um instrumento de
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar
adesão junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Artigo 26
Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamerica-
1. Qualquer Estado-Parte poderá, em qualquer momento, for- na para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher;
mular pedido de revisão desta revisão desta Convenção, mediante dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e
notificação escrita dirigida ao Secretário-Geral das Nações Unidas. Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o
2. A Assembleia Geral das Nações Unidas decidirá sobre as me- Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.
didas a serem tomadas, se for o caso, com respeito a esse pedido.

494
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- CAPÍTULO II
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CON-
TRA A MULHER
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a
mulher, entre outras:
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a vio- I - a violência física, entendida como qualquer conduta que
lência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do ofenda sua integridade ou saúde corporal;
art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação II - a violência psicológica, entendida como qualquer condu-
de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção ta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que
a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela Re- vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças
pública Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, ma-
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medi- nipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz,
das de assistência e proteção às mulheres em situação de violência insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, ex-
doméstica e familiar. ploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio
Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e reli- (Redação dada pela Lei nº 13.772, de 2018)
gião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que
sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexu-
sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoa- al não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da
mento moral, intelectual e social. força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo,
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contra-
exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimen- ceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à
tação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao es- prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipula-
porte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ção; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e
ao respeito e à convivência familiar e comunitária. reprodutivos;
§ 1º O poder público desenvolverá políticas que visem garantir IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer condu-
os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésti- ta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total
cas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negli- de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais,
gência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os desti-
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as con- nados a satisfazer suas necessidades;
dições necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que
no caput. configure calúnia, difamação ou injúria.
Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins
sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições pecu- TÍTULO III
liares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar. DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA E FAMILIAR
TÍTULO II CAPÍTULO I
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 8º A política pública que visa coibir a violência doméstica
e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto arti-
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica culado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes:
gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psi- I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério
cológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública,
150, de 2015) assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação;
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras
espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou
familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; etnia, concernentes às causas, às consequências e à frequência da
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematiza-
formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, ção de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação pe-
unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; riódica dos resultados das medidas adotadas;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores
conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis
de coabitação. estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1º , no
independem de orientação sexual. inciso IV do art. 3º e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher consti- ;
tui uma das formas de violação dos direitos humanos. IV - a implementação de atendimento policial especializado
para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à
Mulher;

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IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de pre- § 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso
venção da violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas de perigo iminente e disponibilizados para o monitoramento das
ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas
dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres; protetivas terão seus custos ressarcidos pelo agressor.(Vide Lei nº
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou 13.871, de 2019) (Vigência)
outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos gover- § 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste arti-
namentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo go não poderá importar ônus de qualquer natureza ao patrimônio
por objetivo a implementação de programas de erradicação da vio- da mulher e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou
lência doméstica e familiar contra a mulher; ensejar possibilidade de substituição da pena aplicada.(Vide Lei nº
13.871, de 2019) (Vigência)
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da § 7º A mulher em situação de violência doméstica e familiar
Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais per- tem prioridade para matricular seus dependentes em instituição
tencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às de educação básica mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los
questões de gênero e de raça ou etnia; para essa instituição, mediante a apresentação dos documentos
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo
valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana de violência doméstica e familiar em curso.(Incluído pela Lei nº
com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia; 13.882,de 2019)
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de § 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependen-
ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à equida- tes matriculados ou transferidos conforme o disposto no § 7º deste
de de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência domés- artigo, e o acesso às informações será reservado ao juiz, ao Minis-
tica e familiar contra a mulher. tério Público e aos órgãos competentes do poder público.(Incluído
pela Lei nº 13.882,de 2019)
CAPÍTULO II
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA CAPÍTULO III
DOMÉSTICA E FAMILIAR DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL

Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência domés- Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência do-
tica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os prin- méstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar
cípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências
no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, legais cabíveis.
entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergen- Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao
cialmente quando for o caso. descumprimento de medida protetiva de urgência deferida.
§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência do-
em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de pro- méstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado,
gramas assistenciais do governo federal, estadual e municipal. ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo
§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência do- feminino - previamente capacitados. (Incluído pela Lei nº 13.505,
méstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicoló- de 2017)
gica: § 1º A inquirição de mulher em situação de violência domésti-
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, inte- ca e familiar ou de testemunha de violência doméstica, quando se
grante da administração direta ou indireta; tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes:
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
afastamento do local de trabalho, por até seis meses. I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da
III - encaminhamento à assistência judiciária, quando for o depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em situ-
caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação de separação ação de violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.505,
judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de 2017)
de união estável perante o juízo competente.(Incluído pela Lei nº II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em si-
13.894, de 2019) tuação de violência doméstica e familiar, familiares e testemunhas
§ 3º A assistência à mulher em situação de violência domésti- terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles
ca e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do relacionadas; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquiri-
contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente ções sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrati-
Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida vo, bem como questionamentos sobre a vida privada. (Incluído pela
(AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos Lei nº 13.505, de 2017)
casos de violência sexual. § 2º Na inquirição de mulher em situação de violência domés-
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência tica e familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta Lei,
física, sexual ou psicológica e dano moral ou patrimonial a mulher adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento: (Incluído
fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir pela Lei nº 13.505, de 2017)
ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado
custos relativos aos serviços de saúde prestados para o total trata- para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e adequa-
mento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar, dos à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar
recolhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; (Incluí-
ente federado responsável pelas unidades de saúde que prestarem do pela Lei nº 13.505, de 2017)
os serviços.(Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)

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IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por pro- § 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou pron-
fissional especializado em violência doméstica e familiar designado tuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde.
pela autoridade judiciária ou policial; (Incluído pela Lei nº 13.505, Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de
de 2017) suas políticas e planos de atendimento à mulher em situação de
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou mag- violência doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito da Po-
nético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito. (Inclu- lícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas de Atendimento
ído pela Lei nº 13.505, de 2017) à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência do- equipes especializadas para o atendimento e a investigação das vio-
méstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras provi- lências graves contra a mulher.
dências: Art. 12-B. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário; § 2º (VETADO. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao § 3º A autoridade policial poderá requisitar os serviços públicos
Instituto Médico Legal; necessários à defesa da mulher em situação de violência doméstica
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes e familiar e de seus dependentes. (Incluído pela Lei nº 13.505, de
para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida; 2017)
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida
retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio ou à integridade física ou psicológica da mulher em situação de
familiar; violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convi-
os serviços disponíveis, inclusive os de assistência judiciária para o vência com a ofendida: (Redação dada pela Lei nº 14.188, de 2021)
eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de sepa-
ração judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de disso- I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de
lução de união estável.(Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019) 2019)
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede
contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade de comarca; ou (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem pre- III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca
juízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: e não houver delegado disponível no momento da denúncia. (Inclu-
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a ído pela Lei nº 13.827, de 2019)
representação a termo, se apresentada; § 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas
do fato e de suas circunstâncias; e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público conco-
apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de mitantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
medidas protetivas de urgência; § 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da efetividade da medida protetiva de urgência, não será concedida
ofendida e requisitar outros exames periciais necessários; liberdade provisória ao preso. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
V - ouvir o agressor e as testemunhas;
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos TÍTULO IV
sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de man- DOS PROCEDIMENTOS
dado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra CAPÍTULO I
ele; DISPOSIÇÕES GERAIS
VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou pos-
se de arma de fogo e, na hipótese de existência, juntar aos autos Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas
essa informação, bem como notificar a ocorrência à instituição res- cíveis e criminais decorrentes da prática de violência doméstica e
ponsável pela concessão do registro ou da emissão do porte, nos familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de
termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa
Desarmamento);(Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019) à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao estabelecido nesta Lei.
juiz e ao Ministério Público. Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autorida- Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e crimi-
de policial e deverá conter: nal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Terri-
I - qualificação da ofendida e do agressor; tórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução
II - nome e idade dos dependentes; das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicita- contra a mulher.
das pela ofendida. Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização
deficiência e se da violência sofrida resultou deficiência ou agrava- judiciária.
mento de deficiência preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.836, de Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio
2019) ou de dissolução de união estável no Juizado de Violência Domésti-
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento referi- ca e Familiar contra a Mulher. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
do no § 1º o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos § 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Do-
disponíveis em posse da ofendida. méstica e Familiar contra a Mulher a pretensão relacionada à parti-
lha de bens. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)

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IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
§ 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais
ajuizamento da ação de divórcio ou de dissolução de união estável, relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à
a ação terá preferência no juízo onde estiver. (Incluído pela Lei nº saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído
13.894, de 2019) ou do defensor público.
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os proces- Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou
sos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: notificação ao agressor .
I - do seu domicílio ou de sua residência;
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda; SEÇÃO II
III - do domicílio do agressor. DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA QUE OBRIGAM O
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representa- AGRESSOR
ção da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à
representação perante o juiz, em audiência especialmente designa- Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar
da com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de ime-
o Ministério Público. diato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica medidas protetivas de urgência, entre outras:
e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com
prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que impli- comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826,
que o pagamento isolado de multa. de 22 de dezembro de 2003 ;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com
CAPÍTULO II a ofendida;
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
SEÇÃO I a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemu-
DISPOSIÇÕES GERAIS nhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, ca- qualquer meio de comunicação;
berá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas: c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as me- integridade física e psicológica da ofendida;
didas protetivas de urgência; IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes meno-
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de as- res, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço si-
sistência judiciária, quando for o caso, inclusive para o ajuizamento milar;
da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamen- V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
to ou de dissolução de união estável perante o juízo competente; VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação
(Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019) e reeducação; e(Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020)
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as provi- VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de
dências cabíveis. atendimento individual e/ou em grupo de apoio.(Incluído pela Lei
IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a nº 13.984, de 2020)
posse do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019) § 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplica-
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser conce- ção de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segu-
didas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido rança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a provi-
da ofendida. dência ser comunicada ao Ministério Público.
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedi- § 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o
das de imediato, independentemente de audiência das partes e de agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6º
manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará
comunicado. ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas proteti-
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada vas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de
ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo
por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos
nesta Lei forem ameaçados ou violados. crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a § 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de ur-
pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgên- gência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da
cia ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à prote- força policial.
ção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o § 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que cou-
Ministério Público. ber, o disposto no caput e nos §§ 5º e 6º do art. 461 da Lei no 5.869,
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).
criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo
juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante SEÇÃO III
representação da autoridade policial. DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA À OFENDIDA
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se,
no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de ou-
bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifi- tras medidas:
quem. I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa ofi-
cial ou comunitário de proteção ou de atendimento;
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus depen-
dentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;

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IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo CAPÍTULO IV
dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
IV - determinar a separação de corpos.
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mu-
instituição de educação básica mais próxima do seu domicílio, ou lher em situação de violência doméstica e familiar deverá estar
a transferência deles para essa instituição, independentemente da acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta
existência de vaga. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019) Lei.
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência do-
conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz méstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de
poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre ou- Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e
tras: judicial, mediante atendimento específico e humanizado.
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor
à ofendida; TÍTULO V
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo ex-
pressa autorização judicial; Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe
agressor; de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde.
por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar,
doméstica e familiar contra a ofendida. entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público
para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo. e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em audi-
ência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento,
SEÇÃO IV prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.641, DE 2018) os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes.
DO CRIME DE DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais
DE URGÊNCIA aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de profissio-
DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA nal especializado, mediante a indicação da equipe de atendimento
multidisciplinar.
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas pro- Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta or-
tetivas de urgência previstas nesta Lei: (Incluído pela Lei nº 13.641, çamentária, poderá prever recursos para a criação e manutenção
de 2018) da equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. (Incluído Diretrizes Orçamentárias.
pela Lei nº 13.641, de 2018)
§ 1º A configuração do crime independe da competência ci- TÍTULO VI
vil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. (Incluído pela Lei nº DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
13.641, de 2018)
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autorida- Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência
de judicial poderá conceder fiança. (Incluído pela Lei nº 13.641, de Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumula-
2018) rão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as cau-
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra
sanções cabíveis. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada
pela legislação processual pertinente.
CAPÍTULO III Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas va-
DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO ras criminais, para o processo e o julgamento das causas referidas
no caput.
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte,
nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e TÍTULO VII
familiar contra a mulher. DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras
atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Fa-
mulher, quando necessário: miliar contra a Mulher poderá ser acompanhada pela implantação
I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de edu- das curadorias necessárias e do serviço de assistência judiciária.
cação, de assistência social e de segurança, entre outros; Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de poderão criar e promover, no limite das respectivas competências:
atendimento à mulher em situação de violência doméstica e fami- (Vide Lei nº 14.316, de 2022)
liar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mu-
cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas; lheres e respectivos dependentes em situação de violência domés-
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra tica e familiar;
a mulher. II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes me-
nores em situação de violência doméstica e familiar;

499
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saú- “Art. 129. ..................................................
de e centros de perícia médico-legal especializados no atendimento ..................................................................
à mulher em situação de violência doméstica e familiar; § 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente,
IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência do- irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha
méstica e familiar; convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domés-
V - centros de educação e de reabilitação para os agressores. ticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus programas às ..................................................................
diretrizes e aos princípios desta Lei. § 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais pre- de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de
vistos nesta Lei poderá ser exercida, concorrentemente, pelo Mi- deficiência.” (NR)
nistério Público e por associação de atuação na área, regularmente Art. 45. O art. 152 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei
constituída há pelo menos um ano, nos termos da legislação civil. de Execução Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá ser “Art. 152. ...................................................
dispensado pelo juiz quando entender que não há outra entidade Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a
com representatividade adequada para o ajuizamento da demanda mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do
coletiva. agressor a programas de recuperação e reeducação.” (NR)
Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias após
contra a mulher serão incluídas nas bases de dados dos órgãos ofi- sua publicação.
ciais do Sistema de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o sistema
nacional de dados e informações relativo às mulheres. CÓDIGO PENAL BRASILEIRO (ART. 140)
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos Esta-
dos e do Distrito Federal poderão remeter suas informações crimi-
nais para a base de dados do Ministério da Justiça. PARTE ESPECIAL
Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da me- (VIDE LEI Nº 7.209, DE 1984)
dida protetiva de urgência. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) TÍTULO I
Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão, após DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
sua concessão, imediatamente registradas em banco de dados man- CAPÍTULO V
tido e regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça, garantido DOS CRIMES CONTRA A HONRA
o acesso instantâneo do Ministério Público, da Defensoria Pública e
dos órgãos de segurança pública e de assistência social, com vistas Injúria
à fiscalização e à efetividade das medidas protetivas. (Redação dada Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o de-
Lei nº 14.310, de 2022) Vigência coro:
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
no limite de suas competências e nos termos das respectivas leis de § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
diretrizes orçamentárias, poderão estabelecer dotações orçamen- I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou direta-
tárias específicas, em cada exercício financeiro, para a implementa- mente a injúria;
ção das medidas estabelecidas nesta Lei. II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por
decorrentes dos princípios por ela adotados. sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e fami- Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da
liar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se pena correspondente à violência.
aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes
Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa
de 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar acrescido do ou portadora de deficiência:(Redação dada pela Lei nº 10.741, de
seguinte inciso IV: 2003)
“Art. 313. ................................................. Pena - reclusão de um a três anos e multa.(Incluído pela Lei nº
................................................................ 9.459, de 1997)
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a
mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das Os crimes contra a honra subdividem-se entre Calúnia, Difama-
medidas protetivas de urgência.” (NR) ção e Injúria. Em um primeiro momento, eles nos assustam, pois
Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei nº 2.848, são crimes simples mas com muita bagagem que certamente, irá
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a ser muito usado para quem pretende seguir o ramo do Direito Penal
seguinte redação: futuramente.
“Art. 61. .................................................. Partiremos para a Injúria, um crime corriqueiro nos dias de
................................................................. hoje. Podemos dizer que, a injúria é o menos-grave do rol dos cri-
II - ............................................................ mes contra a honra existentes no Código Penal, porém, pode se tor-
................................................................. nar uma infração grave, se atingida a raça, a etnia, a religião etc. No
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações artigo 140 do Código Penal dispõe que: Injuriar alguém, ofendendo
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência lhe a dignidade ou decoro. Por exemplo: Chamar uma pessoa de
contra a mulher na forma da lei específica; burra e incapaz nas atividades profissionais.
........................................................... ” (NR) A Injúria é basicamente um “xingamento”, que se consuma
Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro quando a própria vítima toma o conhecimento e é somente de hon-
de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações: ra subjetiva. Entretanto, este crime possui situações em que o juiz

500
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
pode deixar de aplicar a pena, quando por exemplo, houve uma
provocação, ou no caso de retorsão imediata. Caberá tentativa de- LEI FEDERAL N° 2.889, DE 1 DE OUTUBRO DE 1956 (DEFINE
pendendo dos meios de execução e não cabe exceção da verdade. E PUNE O CRIME DE GENOCÍDIO)

LEI FEDERAL N° 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997 (CRIME DE LEI Nº 2.889, DE 1º DE OUTUBRO DE 1956
TORTURA)
Define e pune o crime de genocídio.

LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA:


Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
Define os crimes de tortura e dá outras providências. seguinte Lei:

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em par-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: te, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:(Vide Lei nº
7.960, de 1989)
Art. 1º Constitui crime de tortura: a) matar membros do grupo;
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave b) causar lesão grave à integridade física ou mental de mem-
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: bros do grupo;
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existên-
vítima ou de terceira pessoa; cia capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; do grupo;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para
com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento outro grupo;
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida Será punido:
de caráter preventivo. Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da
Pena - reclusão, de dois a oito anos. letra a;
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b;
sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por Com as penas do art. 270, no caso da letra c;
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante Com as penas do art. 125, no caso da letra d;
de medida legal. Com as penas do art. 148, no caso da letra e;
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos
tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção crimes mencionados no artigo anterior:(Vide Lei nº 7.960, de 1989)
de um a quatro anos. Pena: Metade da cominada aos crimes ali previstos.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qual-
a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclu- quer dos crimes de que trata o art. 1º:(Vide Lei nº 7.960, de 1989)
são é de oito a dezesseis anos. Pena: Metade das penas ali cominadas.
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: § 1º A pena pelo crime de incitação será a mesma de crime
I - se o crime é cometido por agente público; incitado, se este se consumar.
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de § 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando a inci-
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; ‘(Redação tação for cometida pela imprensa.
dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Art. 4º A pena será agravada de 1/3 (um terço), no caso dos
III - se o crime é cometido mediante sequestro. arts. 1º, 2º e 3º, quando cometido o crime por governante ou fun-
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou em- cionário público.
prego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo Art. 5º Será punida com 2/3 (dois terços) das respectivas penas
da pena aplicada. a tentativa dos crimes definidos nesta lei.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça Art. 6º Os crimes de que trata esta lei não serão considerados
ou anistia. crimes políticos para efeitos de extradição.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese Art. 7º Revogam-se as disposições em contrário.
do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não
tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasi- LEI FEDERAL Nº 7.437, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1985 (LEI
leira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. CAÓ)
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de
1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. LEI Nº 7.437, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1985

Inclui, entre as contravenções penais a prática de atos resultantes


de preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil, dando
nova redação à Lei nº 1.390, de 3 de julho de 1951 - Lei Afonso
Arinos.

501
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: LEI ESTADUAL N° 10.549, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2006
Art. 1º. Constitui contravenção, punida nos termos desta lei, a (SECRETARIA DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL),
prática de atos resultantes de preconceito de raça, de cor, de sexo ALTERADA PELA LEI ESTADUAL N° 12.212, DE 04 DE MAIO
ou de estado civil. DE 2011
Art. 2º. Será considerado agente de contravenção o diretor,
gerente ou empregado do estabelecimento que incidir na prática
referida no artigo 1º. desta lei. LEI Nº 10.549 DE 28 DE DEZEMBRO DE 2006
Das Contravenções
Art. 3º. Recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem ou Modifica a estrutura organizacional da Administração Pública do
estabelecimento de mesma finalidade, por preconceito de raça, de Poder Executivo Estadual e dá outras providências.
cor, de sexo ou de estado civil.
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a As-
de 3 (três) a 10 (dez) vezes o maior valor de referência (MVR). sembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 4º. Recusar a venda de mercadoria em lojas de qualquer Art. 1º - A Administração Pública Estadual fica modificada na
gênero ou o atendimento de clientes em restaurantes, bares, con- forma da presente Lei.
feitarias ou locais semelhantes, abertos ao público, por preconceito Art. 2º - Ficam alteradas as denominações das seguintes Secre-
de raça, de cor, de sexo ou de estado civil. tarias de Estado:
Pena - Prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, e I - Secretaria do Trabalho, Assistência Social e Esporte - SETRAS,
multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR). para Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte - SETRE;
Art. 5º. Recusar a entrada de alguém em estabelecimento pú- II - Secretaria de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais
blico, de diversões ou de esporte, por preconceito de raça, de cor, - SECOMP, para Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à
de sexo ou de estado civil. Pobreza - SEDES;
Pena - Prisão simples, de 15 (quinze dias a 3 (três) meses, e III - Secretaria de Governo - SEGOV para Casa Civil;
multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR). IV - Secretaria de Cultura e Turismo - SCT, para
V - Secretaria da Justiça e Direitos Humanos - SJDH, para Secre-
taria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJCDH.
Art. 6º. Recusar a entrada de alguém em qualquer tipo de esta- Art. 3º - Ficam criadas as seguintes Secretarias:
belecimento comercial ou de prestação de serviço, por preconceito I - Secretaria de Relações Institucionais - SERIN;
de raça, de cor, de sexo ou de estado civil. II - Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI;
Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias e 3 (três) meses, e III - Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional SE-
multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR). DIR;
Art. 7º. Recusar a inscrição de aluno em estabelecimento de IV - Secretaria de Turismo - SETUR.
ensino de qualquer curso ou grau, por preconceito de raça, de cor, Art. 4º - Ficam transferidas as seguintes atividades, funções,
de sexo ou de estado civil. fundos, órgãos e entidades:
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa I - da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte - SE-
de 1(uma) a três) vezes o maior valor de referência (MVR). TRE, para a Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Po-
Parágrafo único. Se se tratar de estabelecimento oficial de ensi- breza - SEDES:
no, a pena será a perda do cargo para o agente, desde que apurada a) a Superintendência de Assistência Social;
em inquérito regular. b) o Fundo Estadual de Assistência Social, de que trata a Lei
Art. 8º. Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público 6.930/95;
civil ou militar, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado c) o Fundo Estadual de Atendimento à Criança e ao Adolescen-
civil. te, de que trata a Lei 6975/96;
Pena - perda do cargo, depois de apurada a responsabilidade d) a Fundação da Criança e do Adolescente - FUNDAC;
em inquérito regular, para o funcionário dirigente da repartição de e) o Conselho Estadual de Assistência Social - CEAS;
que dependa a inscrição no concurso de habilitação dos candidatos. f) o Conselho Estadual da Criança e do Adolescente - CECA;
Art. 9º. Negar emprego ou trabalho a alguém em autarquia, g) a Comissão Interinstitucional de Defesa Civil - CIDEC;
sociedade de economia mista, empresa concessionária de serviço h) a Coordenação de Defesa Civil - CORDEC;
público ou empresa privada, por preconceito de raça, de cor, de II - da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Po-
sexo ou de estado civil. breza - SEDES, para a Casa Civil, o Fundo Estadual de Combate
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa e Erradicação da Pobreza - FUNCEP, instituído pelo art. 4º da Lei
de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR), no 7.988/2001;
caso de empresa privada; perda do cargo para o responsável pela III - da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Po-
recusa, no caso de autarquia, sociedade de economia mista e em- breza - SEDES, para a Casa Civil:
presa concessionária de serviço público. a) a Diretoria Executiva do Fundo Estadual de Combate e Erra-
Art. 10. Nos casos de reincidência havidos em estabelecimen- dicação da Pobreza FUNCEP, criada pelo art. 2º, inciso II, alínea c, da
tos particulares, poderá o juiz determinar a pena adicional de sus- Lei nº 7.988, de 21 de dezembro de 2001, com as alterações intro-
pensão do funcionamento, por prazo não superior a 3 (três) meses. duzidas pela Lei nº 9.509, de 20 de maio de 2005, exceto a Diretoria
Art. 11. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. de Orçamento Público e a Diretoria de Finanças;
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário. Redação de acordo com o art. 46 da Lei nº 10.955, de 12 de
dezembro de 2007.

502
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Redação original: “a) a Diretoria Executiva do FUNCEP criada b) Diretoria de Administração e Finanças;
pelo art. 2º, II, c e § 8º da Lei 7.988/2001, com as alterações intro- c) Superintendência de Políticas para as Mulheres;
duzidas pela Lei 9.509/2005, exceto a Coordenação de Orçamento d) Superintendência de Promoção da Igualdade Racial.
e Finanças;” § 2º - A Superintendência de Políticas para as Mulheres tem
b) o Conselho de Políticas de Inclusão Social; por finalidade orientar, apoiar, coordenar, acompanhar, controlar
c) a Câmara Técnica de Gestão de Programas; e executar programas e atividades voltadas à implementação de
IV - da Casa Civil: políticas para as mulheres, implementar ações afirmativas e definir
a) para a Secretaria de Relações Institucionais SERIN: as fun- ações públicas de promoção da igualdade entre homens e mulheres
ções de coordenação de assuntos legislativos; e de combate à discriminação.
b) para o Gabinete do Governador, órgão vinculado diretamen- § 3º - A Superintendência de Promoção da Igualdade Racial
te ao Governador: a Ouvidoria Geral do Estado, a Secretaria Parti- tem por finalidade orientar, apoiar, coordenar, acompanhar, contro-
cular do Governador, o Escritório de Representação do Governo, o lar e executar programas e atividades voltadas à implementação de
Cerimonial e a Assessoria Especial do Governador; políticas e diretrizes para a promoção da igualdadee da proteção
V - da Secretaria de Cultura para a Secretaria de Turismo - SE- dos direitos de indivíduos e grupos raciais e étnicos, afetados por
TUR: discriminação racial e demais formas de intolerância.
a) a Superintendência de Investimentos em Pólos Turísticos; § 4º - Fica acrescida à composição do Conselho de Desenvol-
b) a Empresa de Turismo da Bahia S/A BAHIATURSA; vimento da Comunidade Negra e do Conselho Estadual de Defesa
VI - da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJ- dos Diretos da Mulher, de que tratam as alíneas a e b do art. 17
CDH, para a Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI: da Lei nº 4.697/87, a representação da Secretaria de Promoção da
a) o Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra; Igualdade - SEPROMI.
b) o Conselho de Defesa dos Direitos da Mulher; Art. 8º - A Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regio-
VII - da Secretaria do Planejamento - SEPLAN para a Secretaria nal - SEDIR tem por finalidade planejar e coordenar a execução da
de Desenvolvimento e Integração Regional - SEDIR: política estadual de desenvolvimento regional integrado; formular,
a) os Conselhos Regionais de Desenvolvimento; em parceria com o Conselho Estadual de Desenvolvimento Econô-
b) a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional CAR. mico e Social, os planos e programas regionais de desenvolvimen-
Art. 5º - As estruturas básicas da Secretaria de Relações Institu- to; estabelecer estratégias de integração das economias regionais;
cionais - SERIN, da Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI acompanhar e avaliar os programas integrados de desenvolvimento
e da Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional - SEDIR, regional.
não conterão a Diretoria Geral prevista no art. 2º da Lei 7.435/98. § 1º - A Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional -
Parágrafo único - Fica criada a Diretoria de Administração e SEDIR tem a seguinte estrutura básica:
Finanças em cada uma das Secretarias referidas neste artigo e no I - Órgãos Colegiados:
Gabinete do Governador, tendo por finalidade o planejamento e co- a) Conselhos Regionais de Desenvolvimento.
ordenação das atividades de programação, orçamentação, acompa- II - Órgãos da Administração Direta:
nhamento, avaliação, estudos e análises, administração financeira a) Gabinete do Secretário;
e de contabilidade, material, patrimônio, serviços, recursos huma- b) Diretoria de Administração e Finanças;
nos, modernização administrativa e informática. c) Coordenação de Políticas do Desenvolvimento Regional;
Art. 6º - A Secretaria de Relações Institucionais - SERIN tem por d) Coordenação de Programas Regionais;
finalidade a coordenação política do Poder Executivo e de suas rela- III - Entidade da Administração Indireta:
ções com os demais Poderes das diversas esferas de Governo, com a) Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional - CAR.
a sociedade civil e suas instituições. § 2º - As coordenações têm por objetivo o planejamento, a
§ 1º - A Secretaria de Relações Institucionais - SERIN tem a se- execução e o controle das atividades a cargo da Secretaria de De-
guinte estrutura básica: senvolvimento e Integração Regional - SEDIR, conforme dispuser o
a) Gabinete do Secretário; regulamento.
b) Diretoria de Administração e Finanças; Art. 9º - O Gabinete do Governador, órgão de assistência direta
c) Coordenação de Assuntos Legislativos; e imediata ao Governador, tem a seguinte estrutura básica:
d) Coordenação de Assuntos Federativos; a) Chefia do Gabinete;
e) Coordenação de Articulação Social. b) Secretaria Particular do Governador;
Parágrafo único - As Coordenações têm por objetivo o planeja- c) Cerimonial;
mento, a execução e o controle das atividades a cargo da Secretaria d) Assessoria Especial do Governador;
de Relações Institucionais SERIN, conforme dispuser o Regulamen- e) Assessoria Internacional;
to. f) Escritório de Representação do Governo.
Art. 7º - A Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI tem Parágrafo único - Fica criado o cargo de Chefe do Gabinete do
por finalidade planejar e executar políticas de promoção da igual- Governador, ao qual são atribuídas as atividades de supervisão e
dade racial e proteção dos direitos de indivíduos e grupos étnicos coordenação dos órgãos integrantes da estrutura do Gabinete do
atingidos pela discriminação e demais formas de intolerância, bem Governador, bem como a elaboração da agenda e o exercício de
assim, planejar e executar as políticas públicas de caráter transver- outras atribuições designadas pelo Governador.
sal para as mulheres. Redação de acordo como o art. 39 da Lei nº 13.204, de 11 de
§ 1º - A Secretaria de Promoção à Igualdade - SEPROMI tem a dezembro de 2014.
seguinte estrutura básica: Redação original: “Art. 9º - O Gabinete do Governador, órgão
I - Órgãos Colegiados: de assistência direta e imediata ao Governador, tem a seguinte es-
a) Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra; trutura básica:
b) Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher; a) Chefia do Gabinete;
II - Órgãos da Administração Direta: b) Ouvidoria Geral do Estado;
a) Gabinete do Secretário; c) Secretaria Particular do Governador;

503
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
d) Cerimonial; § 2º - A Superintendência de Serviços Turísticos tem por fina-
e) Assessoria Especial do Governador; lidade planejar e executar programas e projetos de qualificação de
f) Assessoria Internacional; serviços e mão-de-obra, capacitação empresarial, certificação de
g) Escritório de Representação do Governo; qualidade, regulação e fiscalização de atividades turísticas.
h) Diretoria de Administração e Finanças. Art. 14 - Ficam criadas:
Parágrafo único - Fica criado o cargo de Chefe de Gabinete do I - na Secretaria da Agricultura - SEAGRI: a Superintendência de
Governador, ao qual são asseguradas as prerrogativas, represen- Agricultura Familiar, com a finalidade de orientar, apoiar, coordenar,
tação, remuneração e impedimentos de Secretário de Estado, ca- acompanhar, controlar e executar programas e atividades voltados
bendo-lhe a supervisão e a coordenação dos órgãos integrantes da ao fortalecimento da agricultura familiar.
estrutura do Gabinete do Governador, a elaboração da agenda e o II - na Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJ-
exercício de outras atribuições designadas pelo Governador.” CDH:
Art. 10 - A Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte a) a Coordenação Executiva de Defesa dos Direitos da Pessoa
- SETRE tem por finalidade planejar e executar as políticas de em- com Deficiência, com a finalidade de promover e fortalecer o de-
prego e renda e de apoio à formação do trabalhador, de economia senvolvimento dos programas e ações voltados para a defesa dos
solidária e de fomento ao esporte. direitos da pessoa portadora de deficiência;
Parágrafo único - Fica criada na Secretaria do Trabalho, Empre- b) a Coordenação de Políticas para os Povos Indígenas, vincu-
go, Renda e Esporte - SETRE a Superintendência de Economia Soli- lada à Superintendência de Apoio e Defesa aos Direitos Humanos.
dária, com a finalidade de planejar, coordenar, executar e acompa- Art. 15 - Para atender à implantação dos novos órgãos criados
nhar as ações e programas de fomento à economia solidária. por esta Lei e às adequações na estrutura da Administração Pública
Art. 11 - A Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Estadual, ficam criados 04 (quatro) cargos de Secretário de Estado e
Pobreza - SEDES tem por finalidade planejar, coordenar, executar e os cargos em comissão constantes do Anexo Único desta Lei.
fiscalizar as políticas de desenvolvimento social, segurança alimen- Art. 16 - Ficam extintos os cargos em comissão constantes do
tar e nutricional e de assistência social. Anexo Único desta Lei.
§ 1º - A Superintendência de Apoio à Inclusão Social, passa a Art. 17 - Fica o Chefe do Poder Executivo autorizado a promo-
ser denominada Superintendência de Inclusão e Assistência Ali- ver, no prazo de 120 (cento e vinte) dias:
mentar, com a finalidade de promover as ações de inclusão social e I - a revisão e a elaboração dos regimentos, estatutos e outros
de assistência alimentar, conforme dispuser o regulamento. instrumentos regulamentadores para adequação das alterações or-
§ 2º - Fica extinta a Superintendência de Articulação e Progra- ganizacionais decorrentes desta Lei;
mas Especiais. II - as modificações orçamentárias necessárias ao cumprimento
Art. 12 - A Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à desta Lei, respeitados os valores globais constantes do orçamento
Pobreza - SEDES tem a seguinte estrutura básica: do exercício de 2007.
I - Órgãos Colegiados: Parágrafo único - As modificações de que trata o inciso II deste
a) Comissão Interinstitucional de Defesa Civil - CIDEC; artigo incluem a abertura de créditos especiais destinados, exclusi-
b) Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente vamente, à criação de categorias de programação indispensáveis ao
- CECA; funcionamento de órgãos criados ou decorrentes desta Lei, respei-
c) Conselho Estadual de Assistência Social - CEAS; tado o Art. 7º da Lei Orçamentária de 2007.
d) Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado da Art. 18 - Fica o Poder Executivo autorizado a praticar os atos ne-
Bahia - CONSEA BA; cessários à continuidade dos serviços, até a definitiva estruturação
II - Órgãos da Administração Direta: dos órgãos criados ou reorganizados por esta Lei.
a) Gabinete do Secretário; Art. 19 - Esta Lei entrará em vigor em 1º de janeiro de 2007.
b) Diretoria Geral; Art. 20 - Revogam-se as disposições em contrário.
c) Superintendência de Assistência Social;
d) Superintendência de Inclusão e Assistência Alimentar; LEI Nº 12.212 DE 04 DE MAIO DE 2011
III - Órgão em Regime Especial de Administração Direta:
a) Coordenação de Defesa Civil - CORDEC. Modifica a estrutura organizacional e de cargos em comissão da
IV - Entidade da Administração Indireta: Administração Pública do Poder Executivo Estadual, e dá outras
a) Fundação da Criança e do Adolescente - FUNDAC. providências.
Parágrafo único - O Secretário do Desenvolvimento Social e
Combate à Pobreza - SEDES passa a integrar na condição de presi-
dente, o Conselho Estadual de Assistência Social - CEAS, o Conselho O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a As-
Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente - CECA e a Comis- sembleia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
são Interinstitucional de Defesa Civil - CIDEC. Art. 1º - A estrutura da Administração Pública do Poder Executi-
Art. 13 - A Secretaria de Turismo - SETUR tem por finalidade vo Estadual fica modificada, na forma da presente Lei.
planejar, coordenar e executar políticas de promoção e fomento ao Art. 2º - Fica criada a Secretaria de Políticas para as Mulheres -
turismo. SPM, com a finalidade de planejar, coordenar e articular a execução
§ 1º - A Secretaria de Turismo - SETUR tem a seguinte estrutura de políticas públicas para as mulheres, tendo a seguinte estrutura
básica: organizacional básica:
I - Órgãos da Administração Direta: I - Órgão Colegiado:
a) Gabinete do Secretário; a) Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher - CDDM;
b) Diretoria Geral; II - Órgãos da Administração Direta:
c) Superintendência de Investimentos em Pólos Turísticos; a) Gabinete da Secretária;
d) Superintendência de Serviços Turísticos. b) Diretoria de Administração e Finanças;
II - Entidade da Administração Indireta: c) Coordenação de Articulação Institucional e Ações Temáticas;
a) Empresa de Turismo da Bahia S/A - BAHIATURSA.

504
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
d) Coordenação de Planejamento e Gestão de Políticas para as Parágrafo único - Fica transferido da SEPROMI para a Secretaria
Mulheres. de Políticas para as Mulheres - SPM o Conselho Estadual de Defesa
Art. 3º - O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher dos Direitos da Mulher - CDDM.
- CDDM, órgão consultivo, tem por finalidade estabelecer diretrizes Art. 11 - A Secretaria de Promoção da Igualdade Racial passa a
e normas relativas às políticas e medidas que visem eliminar a dis- ter a seguinte estrutura organizacional básica:
criminação e garantir condições de liberdade e equidade de direitos I - Órgão Colegiado:
para a mulher, assegurando sua plena participação nas atividades a) Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra -
políticas, sociais, econômicas e culturais do Estado. CDCN;
Parágrafo único - As normas de funcionamento do CDDM serão II - Órgãos da Administração Direta:
estabelecidas em Regimento próprio. a) Gabinete do Secretário;
Art. 4º - O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher b) Diretoria de Administração e Finanças;
- CDDM tem a seguinte composição: c) Coordenação de Promoção da Igualdade Racial;
I - a Secretária de Políticas para as Mulheres, que o presidirá; d) Coordenação de Políticas para as Comunidades Tradicionais.
II - 06 (seis) servidoras estaduais, representantes das Secreta- Art. 12 - O Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Ne-
rias de Promoção da Igualdade Racial, da Educação, da Saúde, da gra - CDCN, órgão colegiado, tem por finalidade estudar, propor e
Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, do Trabalho, Emprego, Ren- acompanhar medidas de relacionamento dos órgãos governamen-
da e Esporte e da Segurança Pública; tais com a comunidade negra, visando resgatar o direito à sua plena
III - 12 (doze) representantes da sociedade civil, sendo: cidadania e participação na sociedade.
a) 05 (cinco) membros de organizações de mulheres, legalmen- Art. 13 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar
te constituídas; assistência ao Titular da Pasta, em suas tarefas técnicas e adminis-
b) 02 (duas) de notória atuação na luta pela defesa dos direitos trativas.
da mulher; Art. 14 - A Diretoria de Administração e Finanças tem por fi-
c) 01 (uma) da comunidade acadêmica vinculada ao estudo da nalidade o planejamento e coordenação das atividades de pro-
condição feminina; gramação, orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e
d) 01 (uma) das trabalhadoras rurais; análises, administração financeira e de contabilidade, material, pa-
e) 01 (uma) das trabalhadoras urbanas; trimônio, serviços, recursos humanos, modernização administrativa
f) 01 (uma) das mulheres negras; e informática.
g) 01 (uma) indígena. Art. 15 - A Coordenação de Promoção da Igualdade Racial tem
§ 1º - As titulares do Conselho e suas suplentes serão nomea- por finalidade orientar, apoiar, coordenar, acompanhar, controlar e
das pelo Governador do Estado, sendo que as referidas nos incisos executar programas e atividades voltadas à implementação de po-
II e III, deste artigo, serão indicadas pelos respectivos órgãos e en- líticas e diretrizes para a promoção da igualdade e da proteção dos
tidades. direitos de indivíduos e grupos raciais e étnicos, afetados por discri-
§ 2º - O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher minação racial e demais formas de intolerância.
manterá a atual composição até a definitiva indicação e nomeação Art. 16 - A Coordenação de Políticas para as Comunidades Tra-
dos representantes dos órgãos e entidades que o compõem, con- dicionais tem por finalidade formular políticas de promoção da de-
forme estabelecido nos incisos II e III deste artigo. fesa dos direitos e interesses das comunidades tradicionais, inclusi-
Art. 5º - O Gabinete da Secretária tem por finalidade prestar ve quilombolas, no Estado da Bahia, reduzindo as desigualdades e
assistência ao Titular da Pasta, em suas tarefas técnicas e adminis- eliminando todas as formas de discriminação identificadas.
trativas. Art. 17 - A estrutura de cargos em comissão da SEPROMI fica
Art. 6º - A Diretoria de Administração e Finanças tem por fi- alterada, na forma a seguir indicada:
nalidade o planejamento e coordenação das atividades de pro- I - ficam extintos 02 (dois) cargos de Superintendente, símbolo
gramação, orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e DAS-2A;
análises, administração financeira e de contabilidade, material, pa- II - ficam criados 02 (dois) cargos de Coordenador Executivo,
trimônio, serviços, recursos humanos, modernização administrativa símbolo DAS-2B;
e informática. III - ficam remanejados, da extinta Superintendência de Políti-
Art. 7º - A Coordenação de Articulação Institucional e Ações cas para as Mulheres para a Coordenação de Políticas para as Co-
Temáticas tem por finalidade integrar as políticas para as mulhe- munidades Tradicionais, ora criada, 01 (um) cargo de Coordenador
res nas áreas de educação, saúde, trabalho e participação política, I, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Coordenador II, símbolo DAS-3,
visando o combate à violência contra a mulher e a redução das de- 01 (um) cargo de Coordenador III, símbolo DAI-4 e 01 (um) cargo de
sigualdades de gênero e a eliminação de todas as formas de discri- Secretário Administrativo I, símbolo DAI-5.
minação identificadas. Art. 18 - Fica criado, na estrutura de cargos em comissão da SE-
Art. 8º - A Coordenação de Planejamento e Gestão de Políticas PROMI, alocado na Diretoria de Administração e Finanças, 01 (um)
para as Mulheres tem por finalidade apoiar a formulação e a im- cargo de Coordenador II, símbolo DAS-3.
plementação de políticas públicas de gênero, de forma transversal. Art. 19 - Fica criada a Secretaria de Administração Penitenciá-
Art. 9º - Fica alterada a denominação da Secretaria de Promo- ria e Ressocialização - SEAP, com a finalidade de formular políticas
ção da Igualdade - SEPROMI para Secretaria de Promoção da Igual- de ações penais e de ressocialização de sentenciados, bem como
dade Racial - SEPROMI, que passa a ter por finalidade planejar e de planejar, coordenar e executar, em harmonia com o Poder Ju-
executar políticas de promoção da igualdade racial e de proteção diciário, os serviços penais do Estado, tendo a seguinte estrutura
dos direitos de indivíduos e grupos étnicos atingidos pela discrimi- organizacional básica:
nação e demais formas de intolerância. I - Órgãos Colegiados:
Art. 10 - Ficam excluídas da finalidade e competências da SE- a) Conselho Penitenciário - CP;
PROMI as atividades pertinentes ao planejamento e execução das b) Conselho de Operações do Sistema Prisional;
políticas públicas de caráter transversal para as mulheres. II - Órgãos da Administração Direta:
a) Gabinete do Secretário;

505
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
b) Ouvidoria; Art. 26 - A Coordenação de Monitoramento e Avaliação do Sis-
c) Corregedoria do Sistema Penitenciário; tema Prisional tem por finalidade coordenar e acompanhar o fluxo
d) Coordenação de Monitoramento e Avaliação do Sistema Pri- de dados e informações, visando ao aprimoramento das práticas
sional; das Unidades Prisionais.
e) Diretoria Geral; Art. 27 - A Diretoria Geral tem por finalidade a coordenação
f) Superintendência de Ressocialização Sustentável; dos órgãos setoriais e seccionais, dos sistemas formalmente insti-
g) Superintendência de Gestão Prisional: tuídos, responsáveis pela execução das atividades de programação,
1.Sistema Prisional; orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e análises,
h) Central de Apoio e Acompanhamento às Penas e Medidas material, patrimônio, serviços, recursos humanos, modernização
Alternativas da Bahia - CEAPA: administrativa e informática, e administração financeira e de con-
1.Núcleos de Apoio e Acompanhamento às Penas e Medidas tabilidade.
Alternativas. Art. 28 - A Superintendência de Ressocialização Sustentável tem
Art. 20 - O Conselho Penitenciário - CP, órgão consultivo e fisca- por finalidade implantar atividades que possibilitem a ressocializa-
lizador da execução penal, tem por finalidade estabelecer diretrizes ção e reabilitação do indivíduo sob custódia, através do desenvol-
e normas relativas à política criminal e penitenciária no Estado. vimento de programas de educação, cultura e trabalho produtivo.
Parágrafo único - As normas de funcionamento do CP serão es- Art. 29 - A Superintendência de Gestão Prisional tem por fina-
tabelecidas em Regimento próprio. lidade administrar e supervisionar o cumprimento das atividades
Art. 21 - O Conselho Penitenciário - CP tem a seguinte compo- alusivas à execução penal, em conformidade com ações de huma-
sição: nização, bem como administrar e supervisionar o Sistema Prisional.
I - o Secretário de Administração Penitenciária e Ressocializa- Parágrafo único - O Sistema Prisional é composto pelos Pre-
ção; sídios, Penitenciárias, Colônias Penais, Conjuntos Penais, Cadeias
II - 01 (um) representante da Defensoria Pública da União; Públicas, Hospital de Custódia e Tratamento, Casa do Albergado e
III - 01 (um) representante da Defensoria Pública do Estado da Egressos, Centro de Observação Penal, Central Médica Penitenciá-
Bahia; ria e Unidade Especial Disciplinar.
IV - 01 (um) representante do Ministério Público Federal; Art. 30 - A Central de Apoio e Acompanhamento às Penas e Me-
V - 01 (um) representante do Ministério Público do Estado da didas Alternativas da Bahia - CEAPA tem por finalidade acompanhar
Bahia; a execução de medidas e penas alternativas aplicadas pelos órgãos
VI - 01 (um) representante da Ordem dos Advogados do Brasil - do Poder Judiciário do Estado da Bahia.
OAB, Secção Bahia, indicado pelo seu Conselho Estadual; Parágrafo único - Os Núcleos de Apoio e Acompanhamento às
VII - 02 (dois) professores ou profissionais notoriamente espe- Penas e Medidas Alternativas de que trata o art. 1º da Lei nº 11.042,
cializados em Direito Penal, Processual Penal ou Penitenciário; de 09 de maio de 2008, ficam vinculados à Central de Apoio e Acom-
VIII - 02 (dois) professores ou profissionais notoriamente espe- panhamento às Penas e Medidas Alternativas da Bahia - CEAPA.
cializados em Medicina Legal ou Psiquiatria; Art. 31 - Ficam excluídas da finalidade e competências da Se-
IX - 02 (dois) representantes da comunidade, de livre escolha cretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJCDH, as ati-
do Governador. vidades pertinentes à execução da política e da administração do
§ 1º - O Presidente do Conselho será um de seus membros, Sistema Penitenciário do Estado.
nomeado pelo Governador do Estado, mediante indicação do Cole- Art. 32 - Fica extinta, na SJCDH, a Superintendência de Assuntos
giado, em lista tríplice, através de votação secreta. Penais - SAP, ficando os seus bens patrimoniais e acervo transferi-
§ 2º - Os membros do Conselho e seus suplentes serão nome- dos para a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressociali-
ados pelo Governador do Estado, sendo que os referidos nos inci- zação - SEAP.
sos II a VI deste artigo, serão indicados pelos respectivos órgãos e Parágrafo único - Para atender ao disposto no caput deste ar-
entidades. tigo, fica extinto o Quadro de Cargos em Comissão da Superinten-
§ 3º - Os membros indicados nos incisos VII, VIII e IX deste arti- dência de Assuntos Penais - SAP, da Secretaria da Justiça, Cidadania
go, serão escolhidos pelo Governador do Estado. e Direitos Humanos - SJCDH.
Art. 22 - O Conselho de Operações do Sistema Prisional, órgão Art. 33 - Fica transferida da Secretaria da Justiça, Cidadania e
de integração e avaliação das ações operacionais, é composto pelo Direitos Humanos - SJCDH para a Secretaria de Administração Pe-
Secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização, que o nitenciária e Ressocialização - SEAP, a vinculação do Conselho Pe-
presidirá e pelos Dirigentes da Superintendência de Gestão Prisio- nitenciário - CP, ficando extintos, da estrutura de cargos em comis-
nal, da Corregedoria do Sistema Penitenciário e da Coordenação de são da SJCDH, 01 (um) cargo de Presidente de Conselho, símbolo
Monitoramento e Avaliação do Sistema Prisional, bem como das DAS-2C, 01 (um) cargo de Coordenador II, símbolo DAS-3 e 01 (um)
Unidades Prisionais. cargo de Coordenador IV, símbolo DAI-5.
Art. 23 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar Art. 34 - Ficam criadas, na estrutura organizacional e de cargos
assistência ao Titular da Pasta, em suas tarefas técnicas e adminis- em comissão da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Huma-
trativas. nos - SJCDH, as seguintes Unidades, na forma a seguir indicada:
Art. 24 - A Ouvidoria tem por finalidade receber e examinar I - a Superintendência dos Direitos das Pessoas com Deficiên-
denúncias, reclamações e sugestões dos cidadãos, relacionadas à cia, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar, avaliar e
atuação da Secretaria. fiscalizar a execução das políticas públicas estaduais voltadas para
Art. 25 - A Corregedoria do Sistema Penitenciário tem por fina- a promoção e proteção dos direitos das pessoas com deficiência;
lidade acompanhar, controlar e avaliar a regularidade da atuação II - a Superintendência de Prevenção e Acolhimento aos Usu-
funcional e da conduta dos servidores da Secretaria de Administra- ários de Drogas e Apoio Familiar, com a finalidade de planejar, co-
ção Penitenciária e Ressocialização - SEAP, em estreita articulação ordenar, supervisionar, avaliar e fiscalizar a execução das políticas
com o Sistema de Correição Estadual. públicas preventivas às drogas e de atendimento aos dependentes
e suas famílias, promovendo a reinserção social de usuários de dro-
gas.

506
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
§ 1º - Para atender ao disposto no inciso I deste artigo, ficam III - propor medidas que visem o aperfeiçoamento de uma
criados 01 (um) cargo de Superintendente, símbolo DAS-2A, 02 política estadual de comunicação social, com base nos princípios
(dois) cargos de Diretor, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Assessor democráticos e na comunicação como direito fundamental, estimu-
Técnico, símbolo DAS-3, 02 (dois) cargos de Assessor Administrati- lando o acesso, a produção e a difusão da informação de interesse
vo, símbolo DAI-4 e 01 (um) cargo de Secretário Administrativo I, coletivo;
símbolo DAI-5. IV - participar da elaboração do Plano Estadual de Políticas Pú-
§ 2º - Para atender ao disposto no inciso II deste artigo, ficam blicas de Comunicação Social, bem como acompanhar a sua exe-
criados 01 (um) cargo de Superintendente, símbolo DAS-2A, 02 cução;
(dois) cargos de Diretor, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Assessor V - orientar e acompanhar as atividades dos órgãos públicos de
Técnico, símbolo DAS-3 e 01 (um) cargo de Secretário Administrati- radiodifusão sonora e radiodifusão de sons e imagem do Estado;
vo I, símbolo DAI-5. VI - atuar na defesa dos direitos difusos e coletivos da socieda-
§ 3º - Fica extinta, da estrutura organizacional e de cargos em de baiana no que tange a comunicação social;
comissão da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - VII - receber e reencaminhar denúncias sobre abusos e viola-
SJCDH, a Coordenação Executiva de Defesa dos Direitos da Pessoa ções de direitos humanos nos veículos de comunicação no Estado
com Deficiência, bem como 01 (um) cargo de Coordenador Execu- da Bahia, aos órgãos competentes, para adoção de providências
tivo, símbolo DAS-2B. nos seus respectivos âmbitos de atuação;
Art. 35 - Fica extinta, da estrutura organizacional e de cargos VIII - fomentar a produção e difusão de conteúdos de iniciativa
em comissão da SJCDH, a Corregedoria, bem como 01 (um) cargo estadual, observadas as diversidades artísticas, culturais, regionais
de Coordenador I, símbolo DAS-2C, 02 (dois) cargos de Coordena- e sociais da Bahia;
dor II, símbolo DAS-3 e 01 (um) cargo de Secretário Administrativo IX - estimular o fortalecimento da rede pública de comunica-
I, símbolo DAI-5. ção, de modo que ela tenha uma participação ativa na execução das
Art. 36 - Ficam extintos, da estrutura de cargos em comissão políticas de comunicação do Estado da Bahia;
da SJCDH, 01 (um) cargo de Coordenador Técnico, símbolo DAS-2D, X - articular ações para que a distribuição das verbas publicitá-
01 (um) cargo de Coordenador II, símbolo DAS-3 e 01 (um) cargo de rias do Estado seja baseada em critérios técnicos de audiência e que
Coordenador III, símbolo DAI-4, alocados na Diretoria Geral. garantam a diversidade e pluralidade;
Art. 37 - Fica alterada a denominação do Centro de Educação XI - estimular a implementação e promover o fortalecimento
em Direitos Humanos e Assuntos Penais - CEDHAP, criado pela Lei dos veículos de comunicação comunitária, para facilitar o acesso
nº 10.955 , de 21 de dezembro de 2007, para Centro de Educação à produção e à comunicação social em todo o território estadual;
em Direitos Humanos, com a finalidade de executar programas, pro- XII - estimular a adoção dos recursos tecnológicos proporcio-
jetos e atividades de formação e educação em Direitos Humanos. nados pela digitalização da radiodifusão privada, pública e comuni-
Art. 38 - Fica criada a Secretaria de Comunicação Social - SE- tária, no incentivo à regionalização da produção cultural, artística e
COM, com a finalidade de propor, coordenar e executar a política de jornalística, e democratização dos meios de comunicação;
comunicação social do Governo, bem como de promover a radio- XIII - recomendar a convocação e participar da execução da
difusão pública, tendo a seguinte estrutura organizacional básica: Conferência Estadual de Comunicação e suas etapas preparatórias;
I - Órgão Colegiado: XIV - elaborar e aprovar o seu Regimento Interno, para poste-
a) Conselho Estadual de Comunicação Social; rior homologação por ato do Chefe do Poder Executivo;
II - Órgãos da Administração Direta: XV - convocar audiências e consultas públicas sobre comunica-
a) Gabinete do Secretário; ção e políticas públicas do setor;
b) Assessoria de Imprensa do Governador; XVI - acompanhar a criação e o funcionamento de conselhos
c) Diretoria Geral; municipais de comunicação;
d) Coordenação de Comunicação Integrada; XVII - fomentar a inclusão digital e o acesso às redes digitais
e) Coordenação de Jornalismo; em todo o território baiano, como forma de democratizar a comu-
III - Entidade de Administração Indireta: nicação;
a) Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia - IRDEB.
Art. 39 - O Conselho Estadual de Comunicação Social, órgão XVIII - fomentar a adoção de programas de capacitação e for-
consultivo e deliberativo, tem por finalidade formular a Política de mação, assegurando a apropriação social de novas tecnologias da
Comunicação Social do Estado, observada a competência que lhe comunicação.
confere o art. 277 da Constituição do Estado da Bahia e o disposto Art. 41 - O Conselho Estadual de Comunicação Social tem a se-
na Constituição Federal. guinte composição:
Parágrafo único - O Regimento do Conselho, por ele aprovado e I - o Secretário de Comunicação Social, que o presidirá;
homologado por ato do Governador do Estado, fixará suas normas II - 06 (seis) representantes do Poder Público Estadual, indica-
de funcionamento. dos pelo Titular da respectiva Pasta, sendo:
Art. 40 - O Conselho Estadual de Comunicação Social tem as a) 01 (um) representante da Secretaria de Comunicação Social
seguintes competências, dentre outras conferidas em Lei: - SECOM;
I - formular e acompanhar a execução da Política de Comunica- b) 01 (um) representante da Secretaria de Cultura - SECULT;
ção Social do Estado e desenvolver canais institucionais e democrá- c) 01 (um) representante da Secretaria da Educação - SEC;
ticos de comunicação permanente com a sociedade baiana; d) 01 (um) representante da Secretaria de Ciência, Tecnologia
II - formular propostas que contemplem o cumprimento do dis- e Inovação - SECTI;
posto nos capítulos referentes à comunicação social das Constitui- e) 01 (um) representante da Secretaria da Justiça, Cidadania e
ções Federal e Estadual; Direitos Humanos - SJCDH;
f) 01 (um) representante do Instituto de Radiodifusão Educati-
va da Bahia - IRDEB;
III - 20 (vinte) representantes da sociedade civil, sendo:
a) 01 (um) representante da entidade profissional de classe;

507
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
b) 01 (um) representante das universidades públicas, com atu- Art. 48 - Fica transferida a vinculação estrutural do Instituto de
ação no Estado da Bahia; Radiodifusão Educativa da Bahia - IRDEB, da Secretaria de Cultura
c) 01 (um) representante do segmento de televisão aberta e - SECULT para a Secretaria de Comunicação Social - SECOM, man-
por assinatura comercial; tendo a mesma natureza jurídica.
d) 01 (um) representante do segmento de rádio comercial; Parágrafo único - Ficam excluídas da finalidade e competências
e) 01 (um) representante das empresas de jornais e revistas; da SECULT as atividades/funções de radiodifusão cultural e educa-
f) 01 (um) representante das agências de publicidade; tiva.
g) 01 (um) representante das empresas de telecomunicações; Art. 49 - Ficam criadas, na estrutura organizacional do Instituto
h) 01 (um) representante das empresas de mídia exterior; de Radiodifusão Educativa da Bahia - IRDEB, as seguintes Unidades:
i) 01 (um) representante das produtoras de audiovisual ou ser- I - Diretoria de Programação e Conteúdos, com a finalidade de
viços de comunicação; planejar, coordenar, acompanhar e avaliar a programação da Rádio
j) 01 (um) representante do movimento de radiodifusão comu- Educadora, TV Educativa, do Portal e da produção jornalística do
nitária; IRDEB, bem como promover e apoiar as ações relacionadas à pro-
k) 01 (um) representante das entidades de classe dos trabalha- dução e conteúdo radiofônico e audiovisual para compor a progra-
dores do segmento de comunicação social; mação do Instituto;
l) 01 (um) representante dos veículos comunitários ou alter- II - Coordenação de Planejamento e Relacionamento Institucio-
nativos; nal, com a finalidade de coordenar, promover, desenvolver, acom-
m) 03 (três) representantes das Organizações Não-Governa- panhar e avaliar as ações do IRDEB, visando incentivar e aprimorar
mentais - ONGS ou entidades sociais vinculadas à comunicação; a interlocução e a interatividade com a sociedade.
n) 01 (um) representante dos movimentos sociais de comuni- Art. 50 - A Diretoria de Operações passa a ter por finalidade
cação; promover, coordenar e supervisionar a execução das atividades de
o) 03 (três) representantes de entidades de movimentos sociais radiodifusão, TV e engenharia de operação do Instituto.
organizados; Art. 51 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão do
p) 01 (um) representante de entidades de jornalismo digital. Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia - IRDEB, 01 (um) cargo
§ 1º - A SECOM convocará, por meio de edital, publicado no de Diretor, símbolo DAS-2B, 01 (um) cargo de Chefe de Gabinete,
Diário Oficial do Estado, reunião para eleição dos representantes, símbolo DAS-2C, 02 (dois) cargos de Coordenador I, símbolo DAS-
citados no inciso III deste artigo, cabendo-lhe, ao final, encaminhar -2C, e 01 (um) cargo de Assessor de Comunicação Social I, símbolo
o resultado das indicações para deliberação do Governador do Es- DAS-3.
tado. Art. 52 - Ficam extintos, na estrutura de cargos em comissão do
§ 2º - Os membros do Conselho e seus suplentes serão nome- Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia - IRDEB, 01 (um) cargo
ados pelo Governador do Estado e tomarão posse na 1ª (primeira) de Assessor Especial, símbolo DAS-2C, 05 (cinco) cargos de Gerente,
reunião do Colegiado, e serão substituídos, em suas ausências e im- símbolo DAS-3, 05 (cinco) cargos de Assistente III, símbolo DAI-4, e
pedimentos, pelos respectivos suplentes, previamente indicados. 04 (quatro) cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4.
§ 3º - O mandato dos Conselheiros e de seus respectivos su- Art. 53 - O Quadro de Cargos em comissão do Instituto de Ra-
plentes será de 02 (dois) anos, permitida uma recondução por igual diodifusão Educativa da Bahia - IRDEB passa a ser o constante do
período. Anexo I desta Lei.
Art. 42 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar Art. 54 - Fica extinta, da estrutura organizacional da Casa Civil,
assistência ao Titular da Pasta, em suas tarefas técnicas e adminis- a Assessoria Geral de Comunicação Social - AGECOM.
trativas. Parágrafo único - Para atender ao disposto no caput deste arti-
Art. 43 - A Assessoria de Imprensa do Governador tem por fi- go, ficam extintos, do quadro de cargos em comissão da Casa Civil,
nalidade divulgar os atos e expressar a opinião do Governador do 01 (um) cargo de Assessor Geral, símbolo DAS-1, 01 (um) cargo de
Estado em comunicações à sociedade e à imprensa, em articulação Assessor Especial, símbolo DAS-2B, 06 (seis) cargos de Coordena-
com as demais Unidades da Secretaria. dor I, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Gerente, símbolo DAS-3,
15 (quinze) cargos de Assessor de Comunicação Social I, símbolo
Art. 44 - A Diretoria Geral tem por finalidade a coordenação DAS-3, 08 (oito) cargos de Assessor de Comunicação Social II, sím-
dos órgãos setoriais, dos sistemas formalmente instituídos, respon- bolo DAI-4, 02 (dois) cargos de Assessor Administrativo, símbolo
sáveis pela execução das atividades de programação, orçamenta- DAI-4, 01 (um) cargo de Assistente Orçamentário, símbolo DAI-4, 01
ção, acompanhamento, avaliação, estudos e análises, material, pa- (um) cargo de Assessor de Comunicação Social III, símbolo DAI-5,
trimônio, serviços, recursos humanos, modernização administrativa 13 (treze) cargos de Assistente IV, símbolo DAI-5, 04 (quatro) car-
e informática, e administração financeira e de contabilidade. gos de Coordenador IV, símbolo DAI-5, 01 (um) cargo de Secretário
Art. 45 - A Coordenação de Comunicação Integrada tem por Administrativo I, símbolo DAI-5, 04 (quatro) cargos de Assistente V,
finalidade coordenar e acompanhar o desenvolvimento de campa- símbolo DAI-6 e 05 (cinco) cargos de Secretário Administrativo II,
nhas publicitárias institucionais do Governo, bem como avaliar a símbolo DAI-6.
sua publicidade. Art. 55 - Ficam excluídas da finalidade da Casa Civil as ativida-
Art. 46 - A Coordenação de Jornalismo tem por finalidade divul- des de comunicação social.
gar os atos do Governo para a sociedade e a imprensa, bem como Art. 56 - A estrutura organizacional da Casa Civil fica alterada,
articular-se com os órgãos e entidades governamentais, para fins de na forma a seguir indicada:
comunicação social. I - fica extinta a Coordenação de Acompanhamento de Políticas
Art. 47 - As Secretarias de Estado e demais órgãos e entidades Governamentais;
da Administração Pública Estadual prestarão o apoio e os recursos II - fica criada a Coordenação de Acompanhamento de Políticas
técnicos, quando solicitados pelo Secretário de Comunicação So- de Infraestrutura, com a finalidade de fornecer subsídios ao Gover-
cial, necessários à implementação do Plano Estadual de Comuni- nador, na análise das políticas relativas à infraestrutura, promoven-
cação Social, a ser estabelecido pelo Conselho Estadual de Comu- do a sua coordenação e integração, em articulação com os órgãos e
nicação Social. entidades executoras;

508
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
III - fica criada a Coordenação de Acompanhamento de Políti- Art. 67 - Para atender à implantação da Secretaria de Políticas
cas Sociais, com a finalidade de fornecer subsídios ao Governador, para as Mulheres - SPM, da Secretaria de Administração Penitenci-
na análise das políticas sociais, promovendo a sua coordenação e ária e Ressocialização - SEAP, da Secretaria de Comunicação Social
integração, em articulação com os órgãos e entidades executoras. - SECOM e da Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo
Art. 57 - A estrutura de cargos em comissão da Casa Civil fica da FIFA Brasil 2014 - SECOPA, ficam criados 04 (quatro) cargos de
alterada, na forma a seguir indicada: Secretário de Estado, sendo que os Quadros de Cargos em Comis-
I - ficam criados 02 (dois) cargos de Assessor Especial, símbolo são das Secretarias de Estado, ora criadas, são os constantes dos
DAS-2C, 02 (dois) cargos de Coordenador I, símbolo DAS-2C e 03 Anexos III, IV, V e VI, respectivamente, que integram esta Lei.
(três) cargos de Coordenador II, símbolo DAS-3; Art. 68 - Com a extinção da SECOPA, conforme data prevista no
II - fica extinto 01 (um) cargo de Assessor Técnico, símbolo DAS- art. 66 desta Lei, serão extintos os cargos em comissão constantes
3, alocado no Gabinete do Secretário. do Anexo VI desta Lei, bem como transferidos para os órgãos da Ad-
Art. 58 - Ficam extintos, do Quadro Especial de Cargos em Co- ministração Pública do Poder Executivo Estadual os bens adquiridos
missão da Casa Civil, 02 (dois) cargos de Assistente I, símbolo DAS- para o desenvolvimento das ações e projetos a critério do Poder
-2C, 02 (dois) cargos de Assistente III, símbolo DAI-4 e 04 (quatro) Executivo Estadual.
cargos de Assistente IV, símbolo DAI-5. Art. 69 - A Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração -
Parágrafo único - O Quadro Especial de Cargos em Comissão da SICM passa a ter por finalidade formular e executar a política de
Casa Civil é o constante do Anexo II, que integra esta Lei. desenvolvimento e apoio à indústria, ao comércio, aos serviços e à
Art. 59 - Fica criada a Secretaria Estadual para Assuntos da mineração do Estado.
Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 - SECOPA, com a finalidade de Art. 70 - O Conselho de Desenvolvimento Industrial - CDI pas-
coordenar, articular, promover, acompanhar e integrar as ações e sa a denominar-se Conselho de Desenvolvimento da Indústria e do
projetos prioritários da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014. Comércio - CDIC, órgão de natureza consultiva, com a finalidade de
Parágrafo único - Para cumprimento de sua finalidade, a SECO- opinar sobre a formulação da política de desenvolvimento indus-
PA atuará diretamente e em apoio a programas, projetos e ações trial e comercial do Estado.
executados por outros órgãos ou entidades da Administração Públi- Art. 71 - Fica criada, na estrutura organizacional da Secretaria
ca de quaisquer esferas governamentais. da Indústria, Comércio e Mineração, a Superintendência de Desen-
Art. 60 - A Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mun- volvimento Econômico, com a finalidade de viabilizar a implemen-
do da FIFA Brasil 2014 - SECOPA tem a seguinte estrutura organiza- tação das políticas de desenvolvimento produtivo, competitividade
cional básica: e comércio exterior, acompanhando e avaliando os seus projetos
I - Órgão Colegiado: estratégicos, relacionados às atividades finalísticas da Secretaria.
a) Comitê Gestor da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014; Art. 72 - A Superintendência de Comércio e Serviços passa a ter
II - Órgãos da Administração Direta: por finalidade propor políticas relativas ao desenvolvimento comer-
a) Gabinete do Secretário; cial e de serviços, e das micro, pequenas e médias empresas, bem
b) Diretoria de Administração e Finanças; como planejar e elaborar estudos e projetos.
c) Coordenação de Projetos para Assuntos da Copa; Art. 73 - A estrutura de cargos em comissão da Secretaria da
d) Coordenação de Marketing para Assuntos da Copa. Indústria, Comércio e Mineração fica alterada, na forma a seguir
Art. 61 - O Comitê Gestor da Copa do Mundo da FIFA Brasil indicada:
2014, presidido pelo Secretário da SECOPA, tem por finalidade mo- I -ficam criados 01 (um) cargo de Superintendente, símbolo
nitorar as ações necessárias ao cumprimento do calendário defini- DAS-2A, 06 (seis) cargos de Diretor, símbolo DAS-2B, 03 (três) cargos
do pela Federation Internationale de Football Association - FIFA e de Assessor Especial, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Coordena-
pelo Comitê Organizador Local - COL para a realização da Copa do dor II, símbolo DAS-3 e 06 (seis) cargos de Assessor Administrativo,
Mundo da FIFA Brasil 2014 na Cidade de Salvador. símbolo DAI-4;
Parágrafo único - O Comitê Gestor da Copa do Mundo da FIFA II - ficam extintos 02 (dois) cargos de Assistente III, símbolo DAI-
Brasil 2014 tem sua composição e funcionamento estabelecidos em 4, 02 (dois) cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4, 04 (quatro)
Regimento próprio. cargos de Coordenador IV, símbolo DAI-5, 01 (um) cargo de Secre-
Art. 62 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar tário Administrativo I, símbolo DAI-5 e 06 (seis) cargos de Secretário
assistência ao Titular da Pasta, em suas tarefas técnicas e adminis- Administrativo II, símbolo DAI-6.
trativas. Art. 74 - O Quadro de Cargos em Comissão da Secretaria da
Art. 63 - A Diretoria de Administração e Finanças tem por fi- Indústria, Comércio e Mineração é o constante do Anexo VII, que
nalidade o planejamento e coordenação das atividades de pro- integra esta Lei.
gramação, orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e Art. 75 - Fica criada, na estrutura organizacional da Secretaria
análises, administração financeira e de contabilidade, material, pa- de Relações Institucionais - SERIN, a Coordenação de Políticas de Ju-
trimônio, serviços, recursos humanos, modernização administrativa ventude, com a finalidade de coordenar, articular e integrar os pro-
e informática. gramas e ações do Governo do Estado, voltados à população jovem.
Art. 64 - A Coordenação de Projetos para Assuntos da Copa tem Parágrafo único - Para atender ao disposto no caput deste ar-
por finalidade acompanhar e monitorar a implementação dos pro- tigo, ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da SERIN,
jetos e ações relacionadas ao evento esportivo, bem como a coor- 01 (um) cargo de Coordenador Executivo, símbolo DAS-2B, 01 (um)
denação dos Grupos Executivos de Trabalho da Copa 2014. cargo de Coordenador I, símbolo DAS-2C, 02 (dois) cargos de Coor-
Art. 65 - A Coordenação de Marketing para Assuntos da Copa denador II, símbolo DAS-3 e 01 (um) cargo de Secretário Adminis-
tem por finalidade planejar e viabilizar a estratégia de marketing trativo I, símbolo DAI-5.
relacionada aos projetos e ações da Copa e ao fomento das relações Art. 76 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da
públicas da Secretaria. SERIN, 02 (dois) cargos de Coordenador I, símbolo DAS-2C, alocados
Art. 66 - A SECOPA funcionará, a partir da data de publicação na Coordenação de Assuntos Federativos e na Coordenação de Ar-
desta Lei, até 31 de dezembro de 2014, ficando extinta em 01 de ticulação Social, respectivamente.
janeiro de 2015.

509
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 77 - A estrutura de cargos em comissão do Gabinete do Art. 86 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da
Governador do Estado fica alterada, na forma a seguir indicada: Secretaria de Cultura, 02 (dois) cargos de Assessor Especial, símbolo
I -ficam criados 01 (um) cargo de Chefe de Gabinete, símbo- DAS-2C, 01 (um) cargo de Coordenador I, símbolo DAS-2C, 01 (um)
lo DAS-2A, 01 (um) cargo de Coordenador de Escritório, símbolo cargo de Diretor, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Assessor Téc-
DAS-2A, 01 (um) cargo de Chefe de Cerimonial, símbolo DAS-2A, 07 nico, símbolo DAS-3, 17 (dezessete) cargos de Coordenador II, sím-
(sete) cargos de Assessor Especial, símbolo DAS-2B, 01 (um) cargo bolo DAS-3, 02 (dois) cargos de Assessor Administrativo, símbolo
de Coordenador Executivo, símbolo DAS-2B, 04 (quatro) cargos de DAI-4, 17 (dezessete) cargos de Coordenador de Centro de Cultura,
Assessor Especial, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Coordenador símbolo DAI-4, 07 (sete) cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4,
I, símbolo DAS-2C, 13 (treze) cargos de Coordenador Técnico, sím- 02 (dois) cargos de Coordenador IV, símbolo DAI-5, 01 (um) cargo
bolo DAS-2D, 03 (três) cargos de Assessor Técnico, símbolo DAS-3, de Secretário Administrativo I, símbolo DAI-5 e 18 (dezoito) cargos
02 (dois) cargos de Secretário de Gabinete, símbolo DAS-3, 01 (um) de Secretário Administrativo II, símbolo DAI-6.
cargo de Assessor Administrativo, símbolo DAI-4, 02 (dois) cargos Art. 87 - Fica extinto, na estrutura de cargos em comissão da
de Assistente III, símbolo DAI-4, 01 (um) cargo de Assistente Orça- Secretaria de Cultura, 01 (um) cargo de Assistente de Execução Or-
mentário, símbolo DAI-4 e 04 (quatro) cargos de Coordenador III, çamentária, símbolo DAI-5.
símbolo DAI-4. Art. 88 - Ficam criadas, na estrutura organizacional da Funda-
II - ficam extintos 01 (um) cargo de Assessor Especial do Gover- ção Pedro Calmon - Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia
nador, símbolo DAS-2A, 01 (um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2A e - FPC, as seguintes Unidades:
01 (um) cargo de Coordenador de Escritório, símbolo DAS-2B. I -Centro de Memória da Bahia, com a finalidade de exercer
Art. 78 - Os cargos em comissão de Secretário Particular do Go- a coordenação e supervisão geral dos acervos documentais para
vernador, símbolo DAS-2A e de Chefe de Cerimonial, símbolo DAS- subsidiar a realização de pesquisas e estudos na área da história
-2A, alocadas no Gabinete do Governador, serão ocupados, prefe- política e administrativa da Bahia;
rencialmente, por portadores de diploma de nível superior. II - Diretoria do Livro e da Leitura, com a finalidade de plane-
Art. 79 - O Quadro de Cargos em Comissão do Gabinete do Go- jar, coordenar, avaliar e apoiar programas e ações relacionadas ao
vernador - GABGOV é o constante do Anexo VIII que integra esta Lei. desenvolvimento da leitura, da produção literária e da cadeia pro-
Art. 80 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da dutiva do livro, no âmbito do Estado da Bahia, bem como incentivar
Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária - SEAGRI, 01 estas ações;
(um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2C, 08 (oito) cargos de Coorde- III -Diretoria do Arquivo Público do Estado da Bahia, com a fi-
nador II, símbolo DAS-3, 03 (três) cargos de Coordenador III, sím- nalidade de planejar, coordenar, promover, acompanhar, avaliar e
bolo DAI-4 e 02 (dois) cargos de Assessor Administrativo, símbolo apoiar as ações pertinentes ao processo de preservação de docu-
DAI-4, alocados na Superintendência de Agricultura Familiar - SUAF. mentos de valor histórico e cultural do Estado da Bahia.
Art. 81 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da Art. 89 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da
Secretaria da Segurança Pública - SSP, 01 (um) cargo de Assessor de Fundação Pedro Calmon - Centro de Memória e Arquivo Público da
Comunicação Social, símbolo DAS-2C, na Polícia Militar da Bahia - Bahia - FPC, 02 (dois) cargos de Coordenador II, símbolo DAS-3, 01
PM/BA, 01 (um) cargo de Assessor de Comunicação Social, símbolo (um) cargo de Coordenador III, símbolo DAI-4, e 02 (dois) cargos de
DAS-2C e 01 (um) cargo de Assessor de Comunicação Social I, sím- Secretário Administrativo II, símbolo DAI-6.
bolo DAS-3 e, na Polícia Civil do Estado da Bahia - PC/BA, 01 (um) Art. 90 - Fica extinto, na estrutura de cargos em comissão da
cargo de Assessor de Comunicação Social I, símbolo DAS-3. Fundação Pedro Calmon - Centro de Memória e Arquivo Público da
Art. 82 - A estrutura de cargos em comissão da Secretaria da Bahia - FPC, 01 (um) cargo de Assistente III, símbolo DAI-4.
Saúde - SESAB fica modificada, na forma a seguir indicada: Art. 91 - Ficam criadas, na estrutura organizacional do Institu-
I -ficam criados 01 (um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2C e 01 to do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC, as seguintes
(um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2D; Unidades:
II - ficam extintos 01 (um) cargo de Coordenador II, símbolo I -Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural, com a fi-
DAS-3 e 03 (três) cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4. nalidade de planejar, coordenar e promover ações para o resgate
Art. 83 - Fica alterada a estrutura organizacional e de cargos e preservação da memória cultural baiana em todas as suas mani-
em comissão da Secretaria de Cultura - SECULT, da Fundação Pedro festações;
Calmon - Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia - FPC, do II - Diretoria de Projetos, Obras e Restauro, com a finalidade de
Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC e da Fun- planejar, coordenar, executar e avaliar as atividades pertinentes a
dação Cultural do Estado da Bahia - FUNCEB. projetos, obras, conservação e restauração dos bens móveis e imó-
Art. 84 - A Superintendência de Cultura da SECULT passa a de- veis culturais do Estado da Bahia.
nominar-se Superintendência de Desenvolvimento Territorial da Art. 92 - Ficam extintas, na estrutura organizacional do Institu-
Cultura, com a finalidade de propor políticas e programas para o to do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC, as seguintes
desenvolvimento da cultura territorializada, bem como coordenar, Unidades:
desenvolver e acompanhar estudos, pesquisas e ações de apoio à I -Diretoria de Preservação do Patrimônio Artístico e Cultural;
criação, produção, difusão e ao consumo dos bens culturais no Es- II -Diretoria de Ações Culturais.
tado da Bahia. Art. 93 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão
Art. 85 - Fica criada, na estrutura organizacional da SECULT, o do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC, 04
Centro de Culturas Populares e Identitárias, com a finalidade de (quatro) cargos de Coordenador II, símbolo DAS-3, 02 (dois) cargos
planejar, coordenar, fomentar e difundir informações sobre cultu- de Coordenador III, símbolo DAI-4, 01 (um) cargo de Coordenador
ras populares indígenas e afro-descendentes e sedimentar o pro- IV, símbolo DAI-5, e 01 (um) cargo de Secretário Administrativo II,
cesso de desenvolvimento da cultura regional do Estado, bem como símbolo DAI-6.
promover a dinamização e gestão cultural do Centro Histórico de Art. 94 - Ficam extintos, na estrutura de cargos em comissão do
Salvador. Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC, 02 (dois)
cargos de Gerente, símbolo DAS-3, e 01 (um) cargo de Supervisor,
símbolo DAI-5.

510
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 95 - Ficam extintas, na estrutura organizacional da Funda- § 1º - O INEMA terá sede e foro na cidade de Salvador, Estado
ção Cultural do Estado da Bahia - FUNCEB, as seguintes Unidades: da Bahia e prazo de duração indeterminado.
I -Diretoria de Literatura; § 2º - O INEMA gozará, no que couber, de todas as franquias e
II -Diretoria de Música e Artes Cênicas. privilégios concedidos aos órgãos da Administração Direta do Es-
Art. 96 - Ficam criadas, na estrutura organizacional da Funda- tado.
ção Cultural do Estado da Bahia - FUNCEB, as seguintes Unidades: Art. 104 - Os recursos orçamentários e financeiros, bem como
I -Diretoria das Artes, com a finalidade de propor e estimular os acervos e obrigações do IMA e do INGÁ passam a ser transferidos
políticas públicas de fomento às artes visuais, à música, ao teatro, à para o INEMA, que os sucederá ainda nos direitos, créditos e obri-
dança e à literatura; gações decorrentes de lei, ato administrativo ou contrato, inclusive
II - Centro de Formação em Artes, com a finalidade de planejar, nas respectivas receitas.
coordenar, executar e avaliar ações e projetos artístico-educativos, Art. 105 - O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
promovendo a democratização do acesso aos cursos, o funciona- - INEMA tem por finalidade executar a Política Estadual de Meio
mento regular e a dinamização das diversas linguagens artísticas. Ambiente e de Proteção à Biodiversidade, a Política Estadual de
Art. 97 - A Diretoria de Administração, Orçamento e Finanças Recursos Hídricos, a Política Estadual sobre Mudança do Clima e a
passa a denominar-se Diretoria de Administração e Finanças, com Política Estadual de Educação Ambiental.
a finalidade de executar as atividades de administração geral, mo- Art. 106 - O INEMA tem as seguintes competências:
dernização e informática, administração financeira e contabilidade I -executar as ações e programas relacionados à Política Esta-
da Fundação Cultural do Estado da Bahia - FUNCEB, em articulação dual de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade, da Política
com a Diretoria Geral da Secretaria de Cultura e os respectivos Sis- Estadual de Recursos Hídricos, da Política Estadual sobre Mudança
temas formalmente instituídos. do Clima e da Política Estadual de Educação Ambiental;
Art. 98 - A Assessoria Técnica passa a ter por finalidade desem- II - participar da elaboração e da implementação do Plano Es-
penhar as atividades de planejamento, programação e orçamenta- tadual de Meio Ambiente, do Plano Estadual de Recursos Hídricos e
ção, em articulação com o respectivo Sistema Estadual de Planeja- do Plano Estadual sobre Mudança do Clima;
mento. III -realizar ações de Educação Ambiental, considerando as prá-
Art. 99 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da ticas de desenvolvimento sustentável;
Fundação Cultural do Estado da Bahia - FUNCEB, 01 (um) cargo de IV - promover a gestão florestal e do patrimônio genético, bem
Diretor, símbolo DAS-2B, 06 (seis) cargos de Coordenador I, símbolo como a restauração de ecossistemas, com vistas à proteção e pre-
DAS-2C, 02 (dois) cargos de Coordenador II, símbolo DAS-3, e 11 servação da flora e da fauna;
(onze) cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4. V -promover as ações relacionadas com a criação, a implanta-
Art. 100 - Ficam extintos, na estrutura de cargos em comissão ção e a gestão das Unidades de Conservação, em consonância com
da Fundação Cultural do Estado da Bahia - FUNCEB, 02 (dois) cargos o Sistema Estadual de Unidades de Conservação - SEUC, bem como
de Diretor, símbolo DAS-2C, 04 (quatro) cargos de Coordenador Téc- elaborar e implementar os Planos de Manejo;
nico, símbolo DAS-2D, 01 (um) cargo de Assessor Técnico, símbolo VI - promover a gestão das águas superficiais e subterrâneas de
DAS-3, 02 (dois) cargos de Gerente, símbolo DAS-3, 06 (seis) cargos domínio do Estado;
de Administrador de Espaço Cultural, símbolo DAI-4, 01 (um) cargo VII -fomentar a criação e organização de Comitês de Bacia Hi-
de Assistente III, símbolo DAI-4, 15 (quinze) cargos de Coordenador drográfica, visando garantir o seu funcionamento, bem como acom-
de Centro de Cultura, símbolo DAI-4, 03 (três) cargos de Diretor, panhar a implementação dos seus respectivos planos;
símbolo DAI-4, 05 (cinco) cargos de Subgerente, símbolo DAI-4, 01 VIII - executar programas, projetos e ações voltadas à proteção
(um) cargo de Assistente Administrativo-Financeiro, símbolo DAI-5, e melhoria do meio ambiente, da biodiversidade e dos recursos hí-
02 (dois) cargos de Assistente de Apoio Técnico, símbolo DAI-5, 05 dricos;
(cinco) cargos de Coordenador IV, símbolo DAI-5, 02 (dois) cargos IX - propor ao Conselho Estadual de Meio Ambiente - CEPRAM
de Supervisor, símbolo DAI-5, e 15 (quinze) cargos de Secretário Ad- e ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CONERH normas para
ministrativo II, símbolo DAI-6. a proteção, conservação, defesa e melhoria do meio ambiente e dos
Art. 101 - O Quadro de Cargos em Comissão da Secretaria de recursos hídricos;
Cultura - SECULT, da Fundação Pedro Calmon - Centro de Memória X -expedir licenças ambientais, emitir anuência prévia para im-
e Arquivo Público da Bahia - FPC, do Instituto do Patrimônio Artís- plantação de empreendimentos e atividades em unidades de con-
tico e Cultural da Bahia - IPAC e da Fundação Cultural do Estado da servação estaduais, autorizar a supressão de vegetação, conceder
Bahia - FUNCEB passam a ser os constantes dos Anexos IX, X, XI e outorga de direito de uso de recursos hídricos e praticar outros atos
XII, respectivamente, desta Lei. autorizativos, na forma da lei;
Art. 102 - Ficam extintos, na estrutura da Administração Pública XI - efetuar a cobrança pelo uso de recursos hídricos, de bens
do Poder Executivo Estadual: da biodiversidade e de outras receitas previstas na legislação am-
I -o Instituto do Meio Ambiente - IMA, previsto no art. 5 da , de biental e de recursos hídricos;
06 de junho de 2008, anteriormente denominado Centro de Recur- XII -elaborar e gerenciar os cadastros ambientais e de recursos
sos Ambientais, autarquia estadual criada pela Lei Delegada nº 31 , hídricos;
de 03 de março de 1983; XIII - coordenar, executar, acompanhar, monitorar e avaliar a
II - o Instituto de Gestão das Águas e Clima - INGÁ, previsto no qualidade ambiental e de recursos hídricos;
art. 10 da , de 06 de junho de 2008, anteriormente denominado XIV - pesquisar e monitorar o tempo, o clima e as mudanças
Superintendência de Recursos Hídricos - SRH, autarquia estadual climáticas, bem como a ocorrência da desertificação;
criada pela Lei nº 6.812 , de 18 de janeiro de 1995. XV -efetuar a previsão meteorológica e os monitoramentos hi-
Art. 103 - Fica criado o Instituto do Meio Ambiente e Recursos drológicos, hidrogeológicos, climáticos e hidrometeorológicos;
Hídricos - INEMA, como autarquia vinculada à Secretaria do Meio XVI - realizar estudos e pesquisas destinados à elaboração e
Ambiente - SEMA, dotada de personalidade jurídica de direito pú- execução de programas, projetos e ações voltadas à melhoria da
blico, autonomia administrativa e financeira e patrimônio próprio, o qualidade ambiental e de recursos hídricos;
qual reger-se-á por esta Lei e demais normas legais aplicáveis.

511
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
XVII -celebrar convênios, contratos, ajustes e protocolos com Art. 112 - A Procuradoria Jurídica tem por finalidade exercer a
instituições públicas e privadas, nacionais, estrangeiras e interna- representação judicial e extrajudicial, a consultoria e o assessora-
cionais, bem como termos de compromisso, observada a legislação mento jurídico ao INEMA, mediante a vinculação técnica à Procura-
pertinente; doria Geral do Estado e, de acordo com a legislação das Procurado-
XVIII - exercer o poder de polícia administrativa, preventiva ou rias Jurídicas das Autarquias e Fundações do Estado da Bahia.
repressiva, fiscalizando o cumprimento da legislação ambiental e de Art. 113 - A Coordenação de Ações Estratégicas tem por fina-
recursos hídricos. lidade coordenar ações que promovam a melhoria da gestão e do
Art. 107 - O INEMA atuará em articulação com os órgãos e enti- aperfeiçoamento do Sistema Estadual de Informações Ambientais e
dades da Administração Pública Estadual e com a sociedade civil or- de Recursos Hídricos - SEIA, de acordo com as diretrizes e priorida-
ganizada, para consecução de seus objetivos, em consonância com des estabelecidas pela SEMA, voltadas à otimização do desempe-
as diretrizes das Políticas Nacionais do Meio Ambiente, de Recursos nho organizacional e fortalecimento dos resultados institucionais,
Hídricos, sobre Mudança do Clima e de Educação Ambiental. em articulação com as unidades do INEMA.
Art. 108 - O INEMA tem a seguinte estrutura organizacional bá- Art. 114 - A Coordenação de Atendimento Ambiental tem por
sica: finalidade executar a triagem técnica e administrativa de documen-
I -Conselho de Administração; tos, formar, exercer o acompanhamento, controle e guarda de pro-
II - Diretoria Geral. cessos, bem como realizar o controle e a expedição de correspon-
Art. 109 - O Conselho de Administração, órgão consultivo, deli- dências destinadas ao Instituto ou geradas por este.
berativo, de orientação e supervisão superior, tem por finalidade o Art. 115 - A Coordenação de Interação Social tem por finalidade
acompanhamento, controle e avaliação das ações executadas pelo coordenar, gerir e executar, de forma descentralizada e participati-
INEMA, sendo integrado pelos seguintes membros: va, as ações relativas à implementação e funcionamento dos Conse-
I -o Secretário do Meio Ambiente, que o presidirá; lhos Gestores das Unidades de Conservação, dos Comitês de Bacia
II -o Diretor Geral do INEMA; Hidrográfica e das Audiências Públicas.
III -01 (um) representante da Casa Civil; Art. 116 - A Coordenação de Gestão Descentralizada tem por
IV -01 (um) representante da Secretaria da Administração; finalidade promover a articulação, a gestão e a integração das Uni-
V -01 (um) representante da Procuradoria Geral do Estado; dades Regionais, bem como apoiar a desconcentração e descentra-
VI -01 (um) representante dos servidores do INEMA. lização da gestão ambiental do Estado.
§ 1º - Os membros do Conselho de Administração e seus su- Parágrafo único - As Unidades Regionais são unidades de des-
plentes serão nomeados pelo Governador do Estado, para um man- concentração da gestão das atividades da Autarquia, que têm por fi-
dato de 02 (dois) anos, permitida uma recondução, sendo que os nalidade executar a Política Estadual do Meio Ambiente e de Prote-
referidos nos incisos III a V serão indicados pelos respectivos órgãos. ção à Biodiversidade e a Política Estadual de Recursos Hídricos, nas
§ 2º - O representante dos servidores do INEMA e seu respec- suas respectivas regiões, através do licenciamento, monitoramento
tivo suplente serão escolhidos por votação, mediante escrutínio e fiscalização ambiental, além de prestar apoio aos municípios no
secreto, realizada por entidade dos servidores ou, na sua falta, por desenvolvimento da gestão ambiental local, em articulação com a
comissão de servidores especialmente constituída para este fim. SEMA.
§ 3º - O Diretor Geral do INEMA participará das reuniões do Art. 117 - A Diretoria de Regulação tem por finalidade plane-
Conselho, porém, sem direito a voto, quando forem deliberadas jar, organizar e coordenar as ações necessárias para emissão das
matérias referentes a relatórios e prestações de contas da Autar- licenças ambientais e dos atos autorizativos de meio ambiente e de
quia ou assuntos do seu interesse próprio. recursos hídricos, na forma da lei.
§ 4º - Os membros do Conselho serão substituídos, em suas Art. 118 - A Diretoria de Fiscalização e Monitoramento Am-
ausências e impedimentos, pelos respectivos suplentes. biental tem por finalidade fiscalizar o cumprimento da legislação
§ 5º - O Regimento do Conselho de Administração, por ele ambiental e de recursos hídricos, bem como coordenar, executar,
aprovado e homologado por ato do Governador do Estado, fixará as acompanhar, monitorar e avaliar a qualidade ambiental e de recur-
normas de seu funcionamento. sos hídricos.
Art. 110 - A Diretoria Geral do INEMA, composta pelo conjunto Art. 119 - A Diretoria de Águas tem por finalidade implementar
de órgãos de planejamento, assessoramento, execução, avaliação e os planos de recursos hídricos, bem como promover estudos, im-
controle, tem a seguinte organização: plementar e avaliar medidas, ações, programas e projetos, visando
I -Gabinete do Diretor Geral; assegurar o gerenciamento do uso, a qualidade e conservação dos
II - Procuradoria Jurídica; recursos hídricos e o atendimento da demanda e da oferta hídrica
III -Coordenação de Ações Estratégicas; estadual.
IV -Coordenação de Atendimento Ambiental; Art. 120 - A Diretoria de Biodiversidade tem por finalidade co-
V -Coordenação de Interação Social; ordenar a gestão florestal e do patrimônio genético, bem como a
VI -Coordenação de Gestão Descentralizada: execução de programas e projetos de proteção e restauração de
a)Unidades Regionais; ecossistemas.
VII -Diretoria de Regulação; Art. 121 - A Diretoria de Unidades de Conservação tem por fina-
VIII - Diretoria de Fiscalização e Monitoramento Ambiental; lidade coordenar as ações relacionadas com a criação, a implanta-
IX -Diretoria de Águas; ção e a gestão das Unidades de Conservação, em consonância com
X -Diretoria de Biodiversidade; o SEUC, bem como elaborar e implementar os Planos de Manejo.
XI -Diretoria de Unidades de Conservação; Art. 122 - A Diretoria Administrativa e Financeira tem por fi-
XII -Diretoria Administrativa e Financeira. nalidade executar as atividades de programação, orçamentação,
Art. 111 - O Gabinete do Diretor Geral tem por finalidade pres- acompanhamento, avaliação, estudos e análises, material, patri-
tar assistência ao Diretor Geral em suas tarefas técnicas e adminis- mônio, serviços, recursos humanos, modernização administrativa
trativas. e informática, administração financeira e de contabilidade, e de
arrecadação.

512
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 123 - Ato do Chefe do Poder Executivo estabelecerá as Uni- nais sobre a matéria, com o disposto em lei, no Regimento e demais
dades Regionais, definindo as suas áreas de abrangência. normas legais aplicáveis, devendo ser encaminhadas ao Tribunal de
Art. 124 - O Diretor Geral será nomeado pelo Governador do Contas do Estado.
Estado. Art. 129 - O exercício financeiro do INEMA coincidirá com o ano
Art. 125 - Aos Diretores e demais dirigentes do INEMA incum- civil.
be planejar, dirigir, avaliar o desempenho, coordenar, controlar e Art. 130 - O regime jurídico do pessoal do INEMA é o estabele-
orientar a execução das atividades de sua área de competência e cido para o serviço público estadual.
exercer outras atribuições que lhes forem cometidas pelo Diretor § 1º - A admissão de servidores do INEMA dar-se-á mediante
Geral da entidade. concurso público e com observância ao plano de cargos e salários e
Art. 126 - Constituem patrimônio do INEMA, os bens móveis e benefícios previstos em lei.
imóveis, valores, rendas e direitos atualmente pertencentes ao IMA § 2º - Os cargos efetivos do INGÁ e do IMA passam a integrar
e ao INGÁ ou que lhe venham a ser adjudicados ou transferidos. o quadro do INEMA, onde desempenharão as suas respectivas atri-
§ 1º - Os bens, diretos e valores do INEMA serão utilizados, buições legais.
exclusivamente, no cumprimento dos seus objetivos, permitida, a § 3º - Ficam transferidos da estrutura de cargos efetivos do IMA
critério da Diretoria Geral, a utilização de uns e outros para obten- e do INGÁ para o INEMA os cargos de Procurador Jurídico e suas
ção de rendas destinadas ao atendimento de suas finalidades. respectivas classes, previstos no Anexo II da Lei nº 8.208, de 04 de
§ 2º - Em caso de extinção do INEMA, seus bens e direitos re- fevereiro de 2002.
verterão ao patrimônio do Estado da Bahia, salvo disposição em § 4º - O Poder Executivo poderá colocar à disposição do INEMA
contrário expressa em lei. servidores públicos do seu quadro para auxiliar no desempenho de
Art. 127 - Constituem receitas do INEMA: programas ou projetos específicos.
I -os créditos orçamentários que lhe forem consignados pelo Art. 131 - Fica criado o Sistema Estadual de Informações Am-
Orçamento Geral do Estado; bientais e de Recursos Hídricos - SEIA, que absorverá o Sistema Es-
II - os recursos correspondentes a 95% (noventa e cinco por tadual de Informações Ambientais - SEIA e o Sistema Estadual de
cento) dos valores das multas administrativas por atos lesivos ao Informações de Recursos Hídricos - SEIRH.
meio ambiente, a serem repassados pelo Fundo de Recursos para o Art. 132 - A Secretaria do Meio Ambiente - SEMA, criada pela
Meio Ambiente - FERFA; Lei n° 8.538, de 20 de dezembro de 2002, alterada pelas Leis nº
III -os valores correspondentes às multas administrativas por 9.525, de 21 de junho de 2005, nº 10.431, de 20 de dezembro de
descumprimento da legislação estadual de recursos hídricos; 2006 e nº 11.050, de 06 de junho de 2008, tem por finalidade pla-
IV -os valores da arrecadação da Taxa de Controle e Fiscalização nejar, coordenar, supervisionar e controlar a política estadual e as
Ambiental, incidente sobre as atividades utilizadoras de recursos diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, a biodiver-
naturais e atividades potencialmente poluidoras do meio ambien- sidade e os recursos hídricos.
te, prevista no art. 3º da Lei Estadual nº 11.631, de 30 de dezembro Art. 133 - A SEMA passa a ter as seguintes competências:
de 2009; I -planejar, coordenar, supervisionar e controlar a Política Esta-
V -os recursos correspondentes a até 25% (vinte e cinco por dual de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade, da Política
cento) dos previstos no inciso III do art. 1º da Lei Estadual nº 9.281, Estadual de Recursos Hídricos, da Política Estadual sobre Mudança
de 07 de outubro de 2004, referentes às compensações financeiras do Clima e da Política Estadual de Educação Ambiental;
previstas no § 1º do art. 20 da Constituição Federal, a serem repas- II - planejar, coordenar, orientar e integrar as ações relativas ao
sados pelo FERFA; Sistema Estadual do Meio Ambiente - SISEMA e ao Sistema Estadual
VI - os recursos correspondentes a 20% (vinte por cento) da de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SEGREH;
cobrança pelo fornecimento de água bruta dos reservatórios; III -promover a integração das políticas ambientais do Estado
VII -os valores provenientes da remuneração pela análise dos entre si e com as políticas públicas setoriais, bem como a articu-
processos de licenciamento ambiental e pela prestação de serviços; lação de sua atuação com o Sistema Nacional do Meio Ambiente -
VIII -os valores provenientes da cobrança de emolumentos SISNAMA e com o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
administrativos para expedição das outorgas de direito de uso dos Hídricos - SINGREH;
recursos hídricos; IV - elaborar o Plano Estadual de Meio Ambiente, o Plano Es-
IX -os valores correspondentes às multas aplicadas pelo des- tadual de Recursos Hídricos e o Plano Estadual sobre Mudança do
cumprimento de Termo de Compromisso celebrado pela Entidade; Clima, supervisionando a sua implementação;
X -os valores provenientes da venda de publicações ou outros V -gerir o Fundo de Recursos para o Meio Ambiente - FERFA, o
materiais educativos e técnicos produzidos pela Entidade; Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FERHBA e a Câmara de Com-
XI - os recursos oriundos de convênios, acordos ou contratos pensação Ambiental, exercendo o controle orçamentário, financei-
celebrados com entidades públicas ou privadas, organismos ou em- ro e patrimonial dos mesmos;
presas nacionais, estrangeiras ou internacionais; VI - exercer a Secretaria Executiva do CEPRAM e do CONERH;
XII -as doações, legados, subvenções e quaisquer outras fontes VII -gerir e operacionalizar o SEIA, promovendo a integração
ou atividades. com os demais sistemas relacionados com a sua área de atuação;
§ 1º - Será destinado a projetos de melhoria ambiental o per- VIII - planejar, coordenar e executar ações para a promoção
centual de 80% (oitenta por cento) do valor resultante do recurso de estudos e pesquisas voltados ao desenvolvimento tecnológico e
previsto no inciso II do caput deste artigo. científico para o uso sustentável e racional dos recursos ambientais
§ 2º - Fica mantida a destinação de 80% (oitenta por cento) dos e hídricos;
recursos previstos no inciso VI do caput deste artigo para o órgão IX - apoiar o fortalecimento da gestão ambiental municipal, po-
responsável pela administração, operação e manutenção do reser- dendo delegar competência;
vatório. X -promover e estimular a celebração de convênios e acordos
Art. 128 - A prestação de contas do INEMA, relativa à admi- entre entidades públicas, privadas e organizações não-governa-
nistração dos bens e recursos obtidos, no exercício ou na gestão, mentais, nacionais, estrangeiras e internacionais, com vistas à oti-
será elaborada em conformidade com as disposições constitucio- mização da gestão ambiental e de recursos hídricos no Estado.

513
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 134 - A SEMA tem a seguinte estrutura organizacional bá- zembro de 2002 e nº 11.050, de 06 de junho de 2008, passa a deno-
sica: minar-se Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos
I -Órgãos Colegiados: da Bahia - CERB.
a)Conselho Estadual do Meio Ambiente - CEPRAM; Art. 144 - A Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos
b)Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CONERH; Hídricos da Bahia - CERB, sociedade de economia mista de capital
II -Órgãos da Administração Direta: autorizado, vinculada à Secretaria do Meio Ambiente, tem a fi-
a)Gabinete do Secretário; nalidade de executar programas, projetos e ações de engenharia
b)Coordenação de Ações Estratégicas; ambiental e aproveitamento dos recursos hídricos, perenização de
c)Coordenação de Gestão dos Fundos; rios, perfuração de poços, construção, operação e manutenção de
d)Diretoria Geral; barragens e obras para mitigação dos efeitos da seca e convivência
e)Superintendência de Estudos e Pesquisas Ambientais; com o semi-árido, bem como a execução de outros programas, pro-
f)Superintendência de Políticas e Planejamento Ambiental; jetos e ações relativas a obras de infraestrutura que lhe venham a
III -Entidades da Administração Indireta: ser atribuídas dentro da política de Governo do Estado para o setor.
a)Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos - Parágrafo único - A estrutura organizacional e funcional da
INEMA; CERB, bem como a definição de suas competências, inclusive das
b)Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia - CERB. unidades organizacionais que a compõem, serão definidas em seu
Art. 135 - O CEPRAM, órgão superior do Sistema Estadual do Estatuto Social e Regimento Interno.
Meio Ambiente, com funções de natureza consultiva, normativa, Art. 145 - O Quadro de Cargos em Comissão do INEMA é o
deliberativa e recursal, tem por finalidade o planejamento e acom- constante do Anexo XIII desta Lei.
panhamento da política e das diretrizes governamentais voltadas Art. 146 - Ficam extintos os cargos em comissão previstos nos
para o meio ambiente, a biodiversidade e a definição de normas Quadros de Cargos em Comissão do IMA e do INGÁ, constantes dos
e padrões relacionados à preservação e conservação dos recursos Anexos II e III da Lei nº 11.050, 06 de junho de 2008.
naturais. Art. 147 - Fica alterado o Quadro de Cargos em Comissão da
Art. 136 - O CONERH, órgão superior do Sistema Estadual de SEMA, que passa a ser o constante do Anexo XIV desta Lei.
Gerenciamento de Recursos Hídricos, com caráter consultivo, nor- Art. 148 - Fica o Poder Executivo autorizado a promover, no
mativo, deliberativo, recursal e de representação, tem por finalida- prazo de 180 (cento e oitenta) dias, os atos necessários:
de o planejamento e acompanhamento da política e das diretrizes I -à elaboração dos atos regulamentares e regimentais que de-
governamentais voltadas para a gestão dos recursos hídricos. corram, implícita ou explicitamente, das disposições desta Lei, in-
Art. 137 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar clusive os que se relacionam com pessoal, material e patrimônio,
assistência ao Titular da Pasta em suas tarefas técnicas e adminis- bem como as alterações organizacionais e de cargos em comissão
trativas. decorrentes desta Lei;
Art. 138 - A Coordenação de Ações Estratégicas tem por fina- II - à utilização, para o funcionamento das Secretarias de Esta-
lidade coordenar ações que promovam a melhoria da gestão e do do, ora criadas, mediante processo formal de cessão, de servido-
aperfeiçoamento do SEIA, de acordo com as diretrizes e prioridades res das demais Secretarias, Autarquias e Fundações do Estado da
estabelecidas nas políticas governamentais voltadas para a otimiza- Bahia, bem como de servidores de outras esferas governamentais,
ção do desempenho organizacional e fortalecimento dos resultados por meio de instrumento próprio adequado;
institucionais, em articulação com a Diretoria Geral. III -à abertura de créditos adicionais, necessários ao funciona-
Art. 139 - A Coordenação de Gestão dos Fundos tem por fina- mento das Secretarias e demais órgãos e entidades da Administra-
lidade exercer a gestão orçamentária, financeira e patrimonial do ção Pública Indireta do Poder Executivo Estadual;
FERFA, do FERHBA e da Câmara de Compensação Ambiental. IV -à continuidade dos serviços, até a definitiva estruturação
Art. 140 - A Diretoria Geral tem por finalidade a coordenação das Secretarias e demais órgãos e entidades da Administração Pú-
dos órgãos setoriais e seccionais dos sistemas formalmente institu- blica Indireta do Poder Executivo Estadual, em especial os proces-
ídos, responsáveis pela execução das atividades de programação, sos licitatórios;
orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e análises, V -à transferência dos contratos, convênios, protocolos e de-
material, patrimônio, serviços, recursos humanos, modernização mais instrumentos vigentes, necessária à implementação das al-
administrativa e informática, e de administração financeira e de terações das competências definidas nesta Lei, procedendo-se às
contabilidade. devidas adequações orçamentárias;
Art. 141 - A Superintendência de Estudos e Pesquisas Ambien- VI - à elaboração de estudos sobre o quadro de cargos efeti-
tais tem por finalidade planejar, coordenar e executar ações para a vos para atendimento às atividades inerentes às competências da
promoção do conhecimento, informação e inovação, direcionadas SEMA e do INEMA, a ser definido em lei;
ao desenvolvimento tecnológico e científico em gestão ambiental, VII -às modificações orçamentárias que se fizerem necessárias
bem como aprimorar seus instrumentos de gestão ambiental na ao cumprimento do disposto nesta Lei, respeitados os valores glo-
busca do desenvolvimento sustentável e da qualidade ambiental. bais constantes do orçamento vigente e no Plano Plurianual.
Art. 149 - Revogam-se as disposições em contrário, em especial
a Lei nº 11.050 , de 06 de junho de 2008, os artigos 49, 51 e 52 da
Art. 142 - A Superintendência de Políticas e Planejamento Am- Lei nº 11.612 , de 08 de outubro de 2009, e o artigo 171, caput e
bientais tem por finalidade planejar as políticas de meio ambien- parágrafo único da Lei nº 10.431 , de 20 de dezembro de 2006.
te e de recursos hídricos, bem como coordenar e supervisionar a Art. 150 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação
execução de seus programas e projetos de gestão, promovendo a
articulação institucional e a educação ambiental.
Art. 143 - A Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia -
CERB, criada pela Lei nº 2.929, de 11 de maio de 1971, alterada
pelas Leis nº 6.074, de 22 de maio de 1991, nº 8.538, de 20 de de-

514
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
VII - a Casa Militar da Presidência da República; e
LEI FEDERAL Nº 10.678, DE 23 DE MAIO DE 2003, COM AS VIII - a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da Re-
ALTERAÇÕES DA LEI FEDERAL Nº 13.341, DE 29 DE SETEM- pública.
BRO DE 2016 (REFERENTE À SECRETARIA DE POLÍTICAS DE Art. 2º Ficam transformados:
PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL DA PRESIDÊNCIA DA I - o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exte-
REPÚBLICA) rior em Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços;
II - o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação em Ministério
da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações;
LEI N° 10.678, DE 23 DE MAIO DE 2003 III - o Ministério do Trabalho e Previdência Social em Ministério
do Trabalho;
Cria a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade IV - o Ministério da Justiça em Ministério da Justiça e Cidadania;
Racial, da Presidência da República, e dá outras providências. V - o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
em Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário;
Faço saber que o Presidente da República adotou a Medida VI - o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão em Mi-
Provisória nº 111, de 2003, que o Congresso Nacional aprovou, e nistério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão; e
eu, Eduardo Siqueira Campos, Segundo Vice-Presidente, no exercí- VII - o Ministério dos Transportes em Ministério dos Transpor-
cio da Presidência da Mesa do Congresso Nacional, para os efeitos tes, Portos e Aviação Civil.
do disposto no art. 62 da Constituição Federal, com a redação dada Art. 3º Ficam criados:
pela Emenda constitucional nº 32, combinado com o art. 12 da Re- I - o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-
solução nº 1, de 2002-CN, promulgo a seguinte Lei: -Geral da União - CGU; e
Art. 1° Fica criada, como órgão de assessoramento imediato ao II - o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da Re-
Presidente da República, a Secretaria Especial de Políticas de Pro- pública.
moção da Igualdade Racial. Art. 4º Ficam extintos os cargos de:
Art. 2° (Revogado pela Lei nº 12.314, de 2010) I - Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Portos da Presi-
Art. 3° O CNPIR será presidido pelo titular da Secretaria Espe- dência da República;
cial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da II - Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Aviação Civil da
República, e terá a sua composição, competências e funcionamento Presidência da República;
estabelecidos em ato do Poder Executivo, a ser editado até 31 de III - Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Comunicação So-
agosto de 2003. cial da Presidência da República;
Parágrafo único.A Secretaria Especial de Políticas de Promo- IV - Ministro de Estado Chefe da Controladoria-Geral da União;
ção da Igualdade Racial, da Presidência da República, constituirá, V - Ministro de Estado das Comunicações;
no prazo de noventa dias, contado da publicação desta Lei, grupo VI - Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário;
de trabalho integrado por representantes da Secretaria Especial e VII - Ministro de Estado das Mulheres, da Igualdade Racial, da
da sociedade civil, para elaborar proposta de regulamentação do Juventude e dos Direitos Humanos;
CNPIR, a ser submetida ao Presidente da República. VIII - Secretário-Executivo da Secretaria de Portos da Presidên-
Art. 4º Fica criado, na Secretaria Especial de Políticas de Promo- cia da República;
ção da Igualdade Racial da Presidência da República, 1(um) cargo IX - Secretário-Executivo da Secretaria de Aviação Civil da Pre-
de Secretário-Adjunto, código DAS 101.6. (Redação dada pela Lei nº sidência da República;
11.693, de 2008) X – (VETADO);
Art. 4º-A. Fica transformado o cargo de Secretário Especial de XI - Secretário-Executivo do Ministério do Desenvolvimento
Políticas de Promoção da Igualdade Racial no cargo de Ministro de Agrário;
Estado Chefe da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da XII - Secretário-Executivo do Ministério das Mulheres, da Igual-
Igualdade Racial. (Incluído pela Lei nº 11.693, de 2008) dade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos;
Art. 5° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. XIII - Chefe da Casa Militar da Presidência da República;
XIV - Secretário Especial da Previdência Social do Ministério do
Trabalho e Previdência Social; e
LEI Nº 13.341, DE 29 DE SETEMBRO DE 2016. XV - Secretário Especial do Trabalho do Ministério do Trabalho
e Previdência Social.
Altera as Leis n º 10.683, de 28 de maio de 2003, que dispõe Art. 5º Ficam criados os cargos de:
sobre a organização da Presidência da República e dos Ministé- I - Ministro de Estado da Transparência, Fiscalização e Controla-
rios, e 11.890, de 24 de dezembro de 2008, e revoga a Medida doria-Geral da União - CGU;
Provisória nº 717, de 16 de março de 2016. II - Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institu-
cional da Presidência da República;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- III - Natureza Especial de Secretário-Executivo do Gabinete de
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Segurança Institucional da Presidência da República;
IV - Natureza Especial de Secretário Especial de Agricultura Fa-
Art. 1 o Ficam extintos: miliar e do Desenvolvimento Agrário do Ministério do Desenvolvi-
I - a Secretaria de Portos da Presidência da República; mento Social e Agrário.
II - a Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República; Art. 6º Ficam transferidas as competências:
III - a Controladoria-Geral da União; I - da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República e
IV - o Ministério das Comunicações; da Secretaria de Portos da Presidência da República para o Ministé-
V - o Ministério do Desenvolvimento Agrário; rio dos Transportes, Portos e Aviação Civil;
VI - o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventu- II - da Controladoria-Geral da União para o Ministério da Trans-
de e dos Direitos Humanos; parência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União - CGU;

515
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
III - do Ministério das Comunicações para o Ministério da Ciên- III - Ministro de Estado do Trabalho e Previdência Social em car-
cia, Tecnologia, Inovações e Comunicações; go de Ministro de Estado do Trabalho;
IV - do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juven- IV - Ministro de Estado da Justiça em cargo de Ministro de Esta-
tude e dos Direitos Humanos para o Ministério da Justiça e Cidada- do da Justiça e Cidadania;
nia, ressalvadas as competências sobre políticas para a juventude; V - Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate
V - do Ministério do Desenvolvimento Agrário para o Ministério à Fome em cargo de Ministro de Estado do Desenvolvimento Social
do Desenvolvimento Social e Agrário; e Agrário;
VI - da Casa Militar da Presidência da República para o Gabinete VI - Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão
de Segurança Institucional da Presidência da República; e em cargo de Ministro de Estado do Planejamento, Desenvolvimento
VII - da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da Re- e Gestão;
pública para a Casa Civil da Presidência da República. VII - Ministro de Estado dos Transportes em cargo de Ministro
Art. 7º Ficam transferidos os órgãos e as entidades supervisio- de Estado dos Transportes, Portos e Aviação Civil;
nadas, no âmbito: VIII - Natureza Especial de Secretário-Executivo do Ministério
I - da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior em cargo de Na-
da Secretaria de Portos da Presidência da República para o Ministé- tureza Especial de Secretário-Executivo do Ministério da Indústria,
rio dos Transportes, Portos e Aviação Civil; Comércio Exterior e Serviços;
II - da Controladoria-Geral da União para o Ministério da Trans- IX - Natureza Especial de Secretário-Executivo do Ministério da
parência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União - CGU; Ciência, Tecnologia e Inovação em cargo de Natureza Especial de
III - do Ministério das Comunicações para o Ministério da Ciên- Secretário-Executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inova-
cia, Tecnologia, Inovações e Comunicações; ções e Comunicações;
IV - do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juven- X - Natureza Especial de Secretário-Executivo do Ministério do
tude e dos Direitos Humanos para o Ministério da Justiça e Cida- Trabalho e Previdência Social em cargo de Natureza Especial de Se-
dania, ressalvados aqueles com competências relativas a políticas cretário-Executivo do Ministério do Trabalho;
para a juventude; XI - Natureza Especial de Secretário-Executivo do Ministério da
V - do Ministério do Desenvolvimento Agrário para o Ministério Justiça em cargo de Natureza Especial de Secretário-Executivo do
do Desenvolvimento Social e Agrário; Ministério da Justiça e Cidadania;
VI - da Casa Militar da Presidência da República para o Gabinete XII - Natureza Especial de Secretário-Executivo do Ministério do
de Segurança Institucional da Presidência da República; e Desenvolvimento Social e Combate à Fome em cargo de Natureza
VII - da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da Re- Especial de Secretário-Executivo do Ministério do Desenvolvimento
pública para a Casa Civil da Presidência da República. Social e Agrário;
Parágrafo único. Mantidos os demais órgãos e entidades super- XIII - Natureza Especial de Secretário-Executivo do Ministério
visionadas que lhe componham a estrutura organizacional ou que do Planejamento, Orçamento e Gestão em cargo de Natureza Espe-
lhe estejam vinculados, ficam transferidos: cial de Secretário-Executivo do Ministério do Planejamento, Desen-
I - o Conselho de Recursos da Previdência Social, que passa a se volvimento e Gestão;
chamar Conselho de Recursos do Seguro Social, e o Instituto Nacio- XIV - Natureza Especial de Secretário-Executivo do Ministério
nal do Seguro Social - INSS, do Ministério do Trabalho e Previdência dos Transportes em cargo de Natureza Especial de Secretário-Exe-
Social para o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário; cutivo do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil;
II - a Superintendência Nacional de Previdência Complementar XV - Natureza Especial de Secretário-Executivo da Controlado-
- PREVIC, o Conselho Nacional de Previdência Complementar e a ria-Geral da União em cargo de Natureza Especial de Secretário-
Câmara de Recursos da Previdência Complementar para o Ministé- -Executivo do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controla-
rio da Fazenda; doria-Geral da União - CGU;
III - o Conselho Nacional de Previdência Social e a Empresa de XVI - Natureza Especial de Subchefe-Executivo da Secretaria de
Tecnologia e Informações da Previdência Social - DATAPREV, que Comunicação Social da Presidência da República em cargo de Natu-
passam a se chamar, respectivamente, Conselho Nacional de Pre- reza Especial de Secretário Especial da Secretaria de Comunicação
vidência e Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência - Social da Casa Civil da Presidência da República;
DATAPREV, para o Ministério da Fazenda; XVII - Natureza Especial de Secretário Especial de Direitos Hu-
IV - a Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Ga- manos do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juven-
rantias S.A. - ABGF e o Banco Nacional do Desenvolvimento Econô- tude e dos Direitos Humanos em cargo de Natureza Especial de
mico e Social - BNDES para o Ministério do Planejamento, Desen- Secretário Especial de Direitos Humanos do Ministério da Justiça
volvimento e Gestão; e Cidadania;
V - o Conselho Deliberativo do Sistema de Proteção da Ama- XVIII - Natureza Especial de Secretário Especial de Políticas de
zônia - CONSIPAM da Casa Civil da Presidência da República para o Promoção da Igualdade Racial do Ministério das Mulheres, da Igual-
Ministério da Defesa; dade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos em cargo de Na-
VI – (VETADO); e tureza Especial de Secretário Especial de Políticas de Promoção da
VII - a Câmara de Comércio Exterior - CAMEX para a Presidência Igualdade Racial do Ministério da Justiça e Cidadania;
da República. XIX - Natureza Especial de Secretário Especial de Políticas para
Art. 8º Ficam transformados os cargos de: as Mulheres do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da
I - Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comér- Juventude e dos Direitos Humanos em cargo de Natureza Especial
cio Exterior em cargo de Ministro de Estado da Indústria, Comércio de Secretário Especial de Políticas para as Mulheres do Ministério
Exterior e Serviços; da Justiça e Cidadania; e
II - Ministro de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação em XX - Natureza Especial de Secretário-Executivo do Ministério
cargo de Ministro de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovações e Co- das Comunicações em Natureza Especial de Secretário Especial dos
municações; Direitos da Criança e do Adolescente do Ministério da Justiça e Ci-
dadania.

516
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 9º Para fins do disposto no art. 1º, os cargos inerentes aos p) na divulgação de atos e de documentação para órgãos pú-
órgãos comuns, nos termos em que os define o art. 28 da Lei nº blicos;
10.683, de 28 de maio de 2003 , serão suprimidos por ocasião da q) no apoio aos órgãos integrantes da Presidência da República
publicação dos decretos das estruturas regimentais dos órgãos que no relacionamento com a imprensa; e
incorporarem as respectivas competências. .....................................................................................
Art. 10. O acervo patrimonial e o quadro de servidores efeti- Parágrafo único. ..........................................................
vos dos órgãos e entidades extintos, transformados, transferidos, I - (revogado);
incorporados ou desmembrados por esta Lei serão transferidos aos ......................................................................................
órgãos que absorverem as suas competências, bem como os res- IV - a Secretaria Executiva;
pectivos direitos, créditos e obrigações decorrentes de lei, atos ad- V - até três Subchefias;
ministrativos ou contratos, inclusive as receitas e despesas. VI - a Secretaria Especial de Comunicação Social; e
Parágrafo único. Aplica-se às dotações orçamentárias dos ór- VII - até três Secretarias.” (NR)
gãos e entidades de que trata o caput o disposto no art. 52 da Lei nº “Art. 3º .................................................................
13.242, de 30 de dezembro de 2015 . .....................................................................................
Art. 11. Ficam transferidas aos órgãos que recebam as atribui- XII - (revogado);
ções correspondentes e a seus titulares as competências e as in- XIII - (revogado);
cumbências, estabelecidas em lei, dos órgãos transformados e de .....................................................................................
seus titulares, transferidos ou extintos por esta Lei. § 1º .......................................................................
Art. 12. A Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003 , passa a vigorar I - supervisão e execução das atividades administrativas da
com as seguintes alterações: Presidência da República e, supletivamente, da Vice-Presidência da
“Art. 1º ....................................................................... República;
..................................................................................... II - avaliação da ação governamental e do resultado da gestão
IV - (revogado); dos administradores, no âmbito dos órgãos integrantes da Presidên-
..................................................................................... cia da República e Vice-Presidência da República, além de outros
VI - pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da determinados em legislação específica, por intermédio da fiscaliza-
República; ção contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial;
..................................................................................... III - formulação, supervisão, coordenação, integração e articu-
XI - (revogado); lação de políticas públicas para a juventude;
XII - (revogado); IV - articulação, promoção e execução de programas de coope-
...................................................................................... ração com organismos nacionais e internacionais, públicos e priva-
§ 1º .............................................................................. dos, voltados à implementação de políticas de juventude;
...................................................................................... V - elaboração da agenda futura do Presidente da República;
X - (revogado). VI - articulação e supervisão dos órgãos e entidades envolvidos
...................................................................................... na integração para o registro e legalização de empresas.
§ 3º (VETADO). § 2º .............................................................................
I - (revogado); ......................................................................................
............................................................................” (NR) IV-A - a Secretaria Nacional de Juventude;
“Art. 2º ................................................................. .....................................................................................
I - .......................................................................... VIII - (revogado);
...................................................................................... IX - (revogado);
e) na formulação e implementação da política de comunicação X - o Conselho Nacional de Juventude;
e divulgação social do Governo Federal; XI - a Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa.
f) na implementação de programas informativos; § 3º Caberá ao Secretário-Executivo da Secretaria de Gover-
g) na organização e desenvolvimento de sistemas de informa- no da Presidência da República exercer, além da supervisão e da
ção e pesquisa de opinião pública; coordenação das Secretarias integrantes da estrutura regimental da
h) na coordenação da comunicação interministerial e das ações Secretaria de Governo da Presidência da República subordinadas
de informação e difusão das políticas de governo; ao Ministro de Estado da Secretaria de Governo da Presidência da
i) na coordenação, normatização, supervisão e controle da pu- República, as funções que lhe forem por este atribuídas.” (NR)
blicidade e de patrocínios dos órgãos e das entidades da adminis- “ Art. 6º Ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência
tração pública federal, direta e indireta, e de sociedades sob con- da República compete:
trole da União; .......................................................................................
j) na convocação de redes obrigatórias de rádio e televisão; III - analisar e acompanhar questões com potencial de risco,
k) na coordenação e consolidação da implementação do siste- prevenir a ocorrência e articular o gerenciamento de crises, em
ma brasileiro de televisão pública; caso de grave e iminente ameaça à estabilidade institucional;
l) na assistência ao Presidente da República relativamente à co- IV - coordenar as atividades de inteligência federal;
municação com a sociedade; V - realizar o assessoramento pessoal em assuntos militares e
m) no relacionamento do Presidente da República com a im- de segurança;
prensa nacional, regional e internacional; VI - coordenar as atividades de segurança da informação e das
n) na coordenação do credenciamento de profissionais de im- comunicações;
prensa e do acesso e do fluxo a locais onde ocorram atividades de VII - zelar, assegurado o exercício do poder de polícia, pela se-
que participe o Presidente da República; gurança pessoal do Presidente da República, do Vice-Presidente da
o) na prestação de apoio jornalístico e administrativo ao comitê República e respectivos familiares, dos titulares dos órgãos essen-
de imprensa do Palácio do Planalto; ciais da Presidência da República e de outras autoridades ou perso-

517
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
nalidades, quando determinado pelo Presidente da República, bem IX - propor medidas legislativas ou administrativas e sugerir
como pela segurança dos palácios presidenciais e das residências ações que visem evitar a repetição de irregularidades constatadas;
do Presidente da República e do Vice-Presidente da República; X - receber as reclamações relativas à prestação de serviços pú-
VIII - coordenar as atividades do Sistema de Proteção Nuclear blicos em geral e promover a apuração do exercício negligente de
Brasileiro como seu órgão central; e cargo, emprego ou função na administração pública federal, quan-
IX - planejar e coordenar viagens presidenciais no País e, no do não houver disposição legal que atribua a competência a outros
exterior, em articulação com o Ministério das Relações Exteriores. órgãos; e
...................................................................................... XI - desenvolver outras atribuições de que o incumba o Presi-
§ 3º Os locais onde o Presidente da República e o Vice-Presiden- dente da República.
te da República trabalham, residem, estejam ou haja a iminência de § 1º (Revogado).
virem a estar, e adjacências, são áreas consideradas de segurança § 2º (Revogado).
das referidas autoridades e cabe ao Gabinete de Segurança Institu- § 3º (Revogado).
cional da Presidência da República, para os fins do disposto neste § 4º (Revogado).
artigo, adotar as necessárias medidas para a sua proteção e coor- § 5º (Revogado).” (NR)
denar a participação de outros órgãos de segurança nessas ações. “Art. 25. ...............................................................
§ 4º O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da .....................................................................................
República tem como estrutura básica: II - da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações;
....................................................................................... III - da Defesa;
IV - a Secretaria-Executiva e até três Secretarias; e IV - da Cultura;
V - a Agência Brasileira de Inteligência - ABIN.” (NR) V - da Fazenda;
“ Art. 11-A . Ao Conselho de Aviação Civil, presidido pelo Minis- VI - da Indústria, Comércio Exterior e Serviços;
tro de Estado dos Transportes, Portos e Aviação Civil, com composi- VII - da Integração Nacional;
ção e funcionamento estabelecidos pelo Poder Executivo, compete VIII - da Justiça e Cidadania;
estabelecer as diretrizes da política relativa ao setor de aviação ci- IX - da Saúde;
vil.” (NR) X - da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da
“Art. 16. ............................................................... União - CGU;
§ 1º O Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional XI - das Cidades;
terão como Secretários-Executivos, respectivamente, o Ministro de XII - das Relações Exteriores;
Estado Chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República XIII - de Minas e Energia;
e o Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucio- XIV - do Desenvolvimento Social e Agrário;
nal da Presidência da República. XV - do Esporte;
§ 2º A Câmara de Relações Exteriores e Defesa Nacional será XVI - do Meio Ambiente;
presidida pelo Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança XVII - do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão;
Institucional da Presidência da República.” (NR) .......................................................................................
“ Art. 18. Ao Ministro de Estado da Transparência, Fiscalização XIX - do Trabalho;
e Controladoria-Geral da União - CGU, no exercício da sua compe- XX - do Turismo;
tência, incumbe, especialmente: XXI - dos Transportes, Portos e Aviação Civil;
I - decidir, preliminarmente, sobre as representações ou de- XXII - (revogado);
núncias fundamentadas que receber, indicando as providências XXIII - (revogado);
cabíveis; .......................................................................................
II - instaurar os procedimentos e processos administrativos a XXV - (revogado);
seu cargo, constituindo comissões, e requisitar a instauração da- XXVI - da Educação.
queles que venham sendo injustificadamente retardados pela au- Parágrafo único. ...........................................................
toridade responsável; .......................................................................................
III - acompanhar procedimentos e processos administrativos II - o Chefe da Secretaria de Governo da Presidência da Repú-
em curso em órgãos ou entidades da administração pública federal; blica;
IV - realizar inspeções e avocar procedimentos e processos em III - o Advogado-Geral da União, até que seja aprovada emenda
curso na administração pública federal, para exame de sua regulari- constitucional para incluí-lo no rol das alíneas c e d do inciso I do
dade, propondo a adoção de providências ou a correção de falhas; caput do art. 102 da Constituição Federal;
V - efetivar ou promover a declaração da nulidade de proce- .......................................................................................
dimento ou processo administrativo e, se for o caso, a imediata e VI - (revogado);
regular apuração dos fatos mencionados nos autos e na nulidade VII - o Presidente do Banco Central do Brasil, até que seja apro-
declarada; vada emenda constitucional para incluí-lo, juntamente com os dire-
VI - requisitar procedimentos e processos administrativos já ar- tores do Banco Central do Brasil, no rol das alíneas c e d do inciso I
quivados por autoridade da administração pública federal; do caput do art. 102 da Constituição Federal; e
VII - requisitar a órgão ou entidade da administração pública VIII - o Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presi-
federal ou, quando for o caso, propor ao Presidente da República dência da República.” (NR)
que sejam solicitados as informações e os documentos necessários “Art. 27. ......................................................................
a trabalhos do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controla- ......................................................................................
doria-Geral da União - CGU; II - Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunica-
VIII - requisitar aos órgãos e às entidades federais servidores ções:
e empregados necessários à constituição das comissões referidas a) política nacional de telecomunicações;
no inciso II, e de outras análogas, bem como qualquer servidor ou b) política nacional de radiodifusão;
empregado indispensável à instrução do processo; c) serviços postais, telecomunicações e radiodifusão;

518
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
d) políticas nacionais de pesquisa científica e tecnológica e de c) regulação de direitos autorais; e
incentivo à inovação; d) assistência e acompanhamento do Ministério do Desenvol-
e) planejamento, coordenação, supervisão e controle das ativi- vimento Social e Agrário e do Instituto Nacional de Colonização e
dades de ciência, tecnologia e inovação; Reforma Agrária - INCRA nas ações de regularização fundiária, para
f) política de desenvolvimento de informática e automação; garantir a preservação da identidade cultural dos remanescentes
g) política nacional de biossegurança; das comunidades dos quilombos;
h) política espacial; e) (revogada);
i) política nuclear; f) (revogada);
j) controle da exportação de bens e serviços sensíveis; e g) (revogada);
k) articulação com os Governos dos Estados, do Distrito Federal h) (revogada);
e dos Municípios, com a sociedade civil e com órgãos do Governo V - Ministério da Fazenda:
Federal para estabelecimento de diretrizes para as políticas nacio- a) moeda, crédito, instituições financeiras, capitalização, pou-
nais de ciência, tecnologia e inovação; pança popular, seguros privados e previdência privada aberta;
l) (revogada); b) política, administração, fiscalização e arrecadação tributária
III - Ministério da Defesa: e aduaneira;
a) política de defesa nacional, estratégia nacional de defesa e c) administração financeira e contabilidade públicas;
elaboração do Livro Branco de Defesa Nacional; d) administração das dívidas públicas interna e externa;
b) políticas e estratégias setoriais de defesa e militares; e) negociações econômicas e financeiras com governos, orga-
c) doutrina, planejamento, organização, preparo e emprego nismos multilaterais e agências governamentais;
conjunto e singular das Forças Armadas; f) preços em geral e tarifas públicas e administradas;
d) projetos especiais de interesse da defesa nacional; g) fiscalização e controle do comércio exterior;
e) inteligência estratégica e operacional no interesse da defesa; h) realização de estudos e pesquisas para acompanhamento da
f) operações militares das Forças Armadas; conjuntura econômica;
g) relacionamento internacional de defesa; i) autorização, ressalvadas as competências do Conselho Mo-
h) orçamento de defesa; netário Nacional:
i) legislação de defesa e militar; 1. da distribuição gratuita de prêmios a título de propaganda
j) política de mobilização nacional; quando efetuada mediante sorteio, vale-brinde, concurso ou ope-
k) política de ensino de defesa; ração assemelhada;
l) política de ciência, tecnologia e inovação de defesa; 2. das operações de consórcio, fundo mútuo e outras formas
m) política de comunicação social de defesa; associativas assemelhadas, que objetivem a aquisição de bens de
n) política de remuneração dos militares e pensionistas; qualquer natureza;
o) política nacional: 3. da venda ou da promessa de venda de mercadorias a varejo,
1. de indústria de defesa, abrangendo a produção; mediante oferta pública e com recebimento antecipado, parcial ou
2. de compra, contratação e desenvolvimento de Produto de total, do preço;
Defesa - PRODE, abrangendo as atividades de compensação tecno- 4. da venda ou da promessa de venda de direitos, inclusive co-
lógica, industrial e comercial; tas de propriedade de entidades civis, como hospital, motel, clube,
3. de inteligência comercial de Prode; e hotel, centro de recreação ou alojamento e organização de serviços
4. de controle da exportação e importação de Prode e em áreas de qualquer natureza, com ou sem rateio de despesas de manu-
de interesse da defesa; tenção, mediante oferta pública e com pagamento antecipado do
p) atuação das Forças Armadas, quando couber, na garantia da preço;
lei e da ordem, visando à preservação da ordem pública e da in- 5. da venda ou promessa de venda de terrenos loteados a pres-
columidade das pessoas e do patrimônio, na garantia da votação tações mediante sorteio; e
e da apuração eleitoral e sua cooperação com o desenvolvimento 6. da exploração de loterias, inclusive os sweepstakes e outras
nacional e a defesa civil e no combate a delitos transfronteiriços e modalidades de loterias realizadas por entidades promotoras de
ambientais; corridas de cavalos;
q) logística de defesa; j) previdência; e
r) serviço militar; k) previdência complementar;
s) assistência à saúde, social e religiosa das Forças Armadas; VI - Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços:
t) constituição, organização, efetivos, adestramento e apresta- a) política de desenvolvimento da indústria, do comércio e dos
mento das forças navais, terrestres e aéreas; serviços;
u) política marítima nacional; b) propriedade intelectual e transferência de tecnologia;
v) segurança da navegação aérea e do tráfego aquaviário e sal- c) metrologia, normalização e qualidade industrial;
vaguarda da vida humana no mar; d) políticas de comércio exterior;
w) patrimônio imobiliário administrado pelas Forças Armadas, e) regulamentação e execução dos programas e atividades rela-
sem prejuízo das competências atribuídas ao Ministério do Planeja- tivas ao comércio exterior;
mento, Desenvolvimento e Gestão; f) aplicação dos mecanismos de defesa comercial;
x) política militar aeronáutica e atuação na política aeroespa- g) participação em negociações internacionais relativas ao co-
cial nacional; mércio exterior; e
y) infraestrutura aeroespacial e aeronáutica; e h) execução das atividades de registro do comércio;
z) operacionalização do Sistema de Proteção da Amazônia - SI- VII - Ministério da Integração Nacional:
PAM; a) formulação e condução da política de desenvolvimento na-
IV - Ministério da Cultura: cional integrada;
a) política nacional de cultura; b) formulação dos planos e programas regionais de desenvol-
b) proteção do patrimônio histórico e cultural; vimento;

519
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
c) estabelecimento de estratégias de integração das economias n) formulação de políticas e diretrizes voltadas à promoção dos
regionais; direitos da cidadania, da criança, do adolescente, do idoso e das
d) estabelecimento das diretrizes e prioridades na aplicação minorias e à defesa dos direitos das pessoas com deficiência e à
dos recursos dos programas de financiamento de que trata a alínea promoção da sua integração à vida comunitária;
c do inciso I do caput do art. 159 da Constituição Federal; o) articulação de iniciativas e apoio a projetos voltados à prote-
e) estabelecimento das diretrizes e prioridades na aplicação ção e à promoção dos direitos humanos em âmbito nacional, tanto
dos recursos do Fundo de Desenvolvimento da Amazônia - FDA e por organismos governamentais, incluindo os Poderes Executivo,
do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste - FDNE; Legislativo e Judiciário, quanto por organizações da sociedade;
f) estabelecimento de normas para cumprimento dos progra- p) exercício da função de ouvidoria nacional de direitos huma-
mas de financiamento dos fundos constitucionais e das programa- nos, da criança, do adolescente, do idoso e das minorias;
ções orçamentárias dos fundos de investimentos regionais; q) atuação em favor da ressocialização e da proteção dos de-
g) acompanhamento e avaliação dos programas integrados de pendentes químicos, sem prejuízo das atribuições dos órgãos in-
desenvolvimento nacional; tegrantes do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas
h) defesa civil; - SISNAD;
i) obras contra as secas e de infraestrutura hídrica; r) formulação, coordenação, definição de diretrizes e articula-
j) formulação e condução da política nacional de irrigação; ção de políticas para a promoção da igualdade racial;
k) ordenação territorial; e s) formulação, coordenação e avaliação das políticas públicas
l) obras públicas em faixas de fronteiras; afirmativas de promoção da igualdade e da proteção dos direitos
m) (revogada); de indivíduos e grupos raciais e étnicos, com ênfase na população
n) (revogada); negra, afetados por discriminação racial e demais formas de into-
o) (revogada): lerância;
1. (revogado); t) articulação, promoção e acompanhamento da execução dos
2. (revogado); programas de cooperação com organismos nacionais e internacio-
3. (revogado); nais, públicos e privados, voltados à implementação da promoção
p) (revogada); da igualdade racial;
q) (revogada); u) formulação, coordenação e acompanhamento das políticas
r) (revogada); transversais de governo para a promoção da igualdade racial;
s) (revogada); v) planejamento, coordenação da execução e avaliação do Pro-
t) (revogada); grama Nacional de Ações Afirmativas;
u) (revogada); w) acompanhamento da implementação de legislação de ação
v) (revogada); afirmativa e definição de ações públicas que visem ao cumprimento
w) (revogada); de acordos, convenções e outros instrumentos congêneres firma-
x) (revogada); dos pelo País, nos aspectos relativos à promoção da igualdade e ao
y) (revogada); combate à discriminação racial ou étnica;
z) (revogada); x) assistência ao Presidente da República em matérias não afe-
VIII - Ministério da Justiça e Cidadania: tas a outro Ministério; e
a) defesa da ordem jurídica, dos direitos políticos e das garan- y) formulação, coordenação, definição de diretrizes e articula-
tias constitucionais; ção de políticas para as mulheres, incluindo:
b) política judiciária; 1. elaboração e implementação de campanhas educativas e an-
c) direitos dos índios; tidiscriminatórias de caráter nacional;
d) políticas sobre drogas, segurança pública, polícias federal, 2. planejamento que contribua na ação do Governo Federal e
rodoviária, ferroviária federal e do Distrito Federal; das demais esferas de governo para a promoção da igualdade entre
e) defesa da ordem econômica nacional e dos direitos do con- mulheres e homens;
sumidor; 3. promoção, articulação e execução de programas de coopera-
f) planejamento, coordenação e administração da política pe- ção com organismos nacionais e internacionais, públicos e privados,
nitenciária nacional; voltados à implementação das políticas; e
g) nacionalidade, imigração e estrangeiros; 4. acompanhamento da implementação de legislação de ação
h) ouvidoria-geral dos índios e do consumidor; afirmativa e definição de ações públicas que visem ao cumprimento
i) ouvidoria das polícias federais; de acordos, convenções e planos de ação firmados pelo País, nos
j) prevenção e repressão à lavagem de dinheiro e cooperação aspectos relativos à igualdade entre mulheres e homens e ao com-
jurídica internacional; bate à discriminação;
k) defesa dos bens e dos próprios da União e das entidades IX - Ministério da Saúde:
integrantes da administração pública federal indireta; a) política nacional de saúde;
l) articulação, coordenação, supervisão, integração e proposi- b) coordenação e fiscalização do Sistema Único de Saúde - SUS;
ção das ações do Governo e do Sistema Nacional de Políticas sobre c) saúde ambiental e ações de promoção, proteção e recupe-
Drogas nos aspectos relacionados com as atividades de prevenção, ração da saúde individual e coletiva, inclusive a dos trabalhadores
repressão ao tráfico ilícito e à produção não autorizada de drogas e dos índios;
e aquelas relacionadas com o tratamento, a recuperação e a rein- d) informações de saúde;
serção social de usuários e dependentes e ao Plano Integrado de e) insumos críticos para a saúde;
Enfrentamento ao Crack e outras Drogas; f) ação preventiva em geral, vigilância e controle sanitário de
m) política nacional de arquivos; fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aéreos;
g) vigilância de saúde, especialmente quanto a drogas, medica-
mentos e alimentos;
....................................................................................

520
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
i) pesquisa científica e tecnologia na área de saúde; XII - Ministério das Relações Exteriores:
X - Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria- a) política internacional;
-Geral da União - CGU: b) relações diplomáticas e serviços consulares;
a) adoção das providências necessárias à defesa do patrimô- c) participação nas negociações comerciais, econômicas, técni-
nio público, ao controle interno, à auditoria pública, à correição, à cas e culturais com governos e entidades estrangeiras;
prevenção e combate à corrupção, às atividades de ouvidoria e ao d) programas de cooperação internacional;
incremento da transparência da gestão no âmbito da administração e) promoção do comércio exterior, de investimentos e da com-
pública federal; petitividade internacional do País, em coordenação com as políticas
b) decisão preliminar acerca de representações ou denúncias governamentais de comércio exterior; e
fundamentadas que receber, indicando as providências cabíveis; f) apoio a delegações, comitivas e representações brasileiras
c) instauração de procedimentos e processos administrativos a em agências e organismos internacionais e multilaterais;
seu cargo, constituindo comissões, e requisição de instauração da- g) (revogada);
queles injustificadamente retardados pela autoridade responsável; h) (revogada);
d) acompanhamento de procedimentos e processos adminis- i) (revogada):
trativos em curso em órgãos ou entidades da administração pública 1. (revogado);
federal; 2. (revogado);
e) realização de inspeções e avocação de procedimentos e pro- 3. (revogado);
cessos em curso na administração pública federal, para exame de 4. (revogado);
sua regularidade, propondo a adoção de providências ou a correção 5. (revogado);
de falhas; .....................................................................................
f) efetivação ou promoção da declaração da nulidade de pro- 7. (revogado);
cedimento ou processo administrativo e, se for o caso, da imediata XIII - Ministério de Minas e Energia:
e regular apuração dos fatos envolvidos nos autos e na nulidade a) geologia, recursos minerais e energéticos;
declarada; b) aproveitamento da energia hidráulica;
g) requisição de dados, informações e documentos relativos a c) mineração e metalurgia; e
procedimentos e processos administrativos já arquivados por auto- d) petróleo, combustível e energia elétrica, inclusive nuclear;
ridade da administração pública federal; e) (revogada);
h) requisição a órgão ou entidade da administração pública fe- f) (revogada);
deral de informações e documentos necessários a seus trabalhos g) (revogada);
ou atividades; h) (revogada);
i) requisição a órgãos ou entidades da administração pública i) (revogada);
federal de servidores ou empregados necessários à constituição de j) (revogada);
comissões, inclusive as que são objeto do disposto na alínea c , e l) (revogada);
de qualquer servidor ou empregado indispensável à instrução de m) (revogada);
processo ou procedimento; XIV - Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário:
j) proposição de medidas legislativas ou administrativas e su- a) política nacional de desenvolvimento social;
gestão de ações necessárias a evitar a repetição de irregularidades b) política nacional de segurança alimentar e nutricional;
constatadas; c) política nacional de assistência social;
k) recebimento de reclamações relativas à prestação de servi- d) política nacional de renda de cidadania;
ços públicos, em geral, e apuração do exercício negligente de cargo, e) articulação com os governos federal, estaduais, do Distrito
emprego ou função na administração pública federal, quando não Federal e municipais e a sociedade civil no estabelecimento de di-
houver disposição legal que atribua competências específicas a ou- retrizes para as políticas nacionais de desenvolvimento social, de
tros órgãos; e segurança alimentar e nutricional, de renda de cidadania e de as-
l) execução das atividades de controladoria no âmbito do Poder sistência social;
Executivo federal; f) articulação entre as políticas e programas dos governos fede-
XI - Ministério das Cidades: ral, estaduais, do Distrito Federal e municipais e as ações da socie-
a) política de desenvolvimento urbano; dade civil ligadas ao desenvolvimento social, à produção alimentar,
b) políticas setoriais de habitação, saneamento ambiental, à alimentação e nutrição, à renda de cidadania e à assistência social;
transporte urbano e trânsito; g) orientação, acompanhamento, avaliação e supervisão de
c) promoção, em articulação com as diversas esferas de gover- planos, programas e projetos relativos às áreas de desenvolvimento
no, com o setor privado e organizações não governamentais, de social, segurança alimentar e nutricional, de renda de cidadania e
ações e programas de urbanização, de habitação, de saneamento de assistência social;
básico e ambiental, transporte urbano, trânsito e desenvolvimento h) normatização, orientação, supervisão e avaliação da execu-
urbano; ção das políticas de desenvolvimento social, segurança alimentar e
d) política de subsídio à habitação popular, saneamento e nutricional, de renda de cidadania e de assistência social;
transporte urbano; i) gestão do Fundo Nacional de Assistência Social;
e) planejamento, regulação, normatização e gestão da aplica- j) coordenação, supervisão, controle e avaliação da operacio-
ção de recursos em políticas de desenvolvimento urbano, urbaniza- nalização de programas de transferência de renda;
ção, habitação, saneamento básico e ambiental, transporte urbano k) aprovação dos orçamentos gerais do Serviço Social da Indús-
e trânsito; e tria - SESI, do Serviço Social do Comércio - SESC e do Serviço Social
f) participação na formulação das diretrizes gerais para con- do Transporte - SEST;
servação dos sistemas urbanos de água e para a adoção de bacias l) reforma agrária;
hidrográficas como unidades básicas do planejamento e gestão do m) promoção do desenvolvimento sustentável do segmento
saneamento; rural constituído pelos agricultores familiares; e

521
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
n) delimitação das terras dos remanescentes das comunidades a) política nacional de transportes ferroviário, rodoviário, aqua-
dos quilombos e determinação de suas demarcações, a serem ho- viário e aeroviário;
mologadas por decreto; b) marinha mercante e vias navegáveis;
o) (revogada); c) formulação de políticas e diretrizes para o desenvolvimento
XV - Ministério do Esporte: e o fomento do setor de portos e instalações portuárias marítimos,
a) política nacional de desenvolvimento da prática dos espor- fluviais e lacustres e execução e avaliação de medidas, programas
tes; e projetos de apoio ao desenvolvimento da infraestrutura e da su-
b) intercâmbio com organismos públicos e privados, nacionais, perestrutura dos portos e instalações portuárias marítimos, fluviais
internacionais e estrangeiros, voltados à promoção do esporte; e lacustres;
c) estímulo às iniciativas públicas e privadas de incentivo às ati- d) formulação, coordenação e supervisão das políticas nacio-
vidades esportivas; e nais do setor de portos e instalações portuárias marítimos, fluviais
d) planejamento, coordenação, supervisão e avaliação dos pla- e lacustres;
nos e programas de incentivo aos esportes e de ações de demo- e) participação no planejamento estratégico, no estabeleci-
cratização da prática esportiva e inclusão social por intermédio do mento de diretrizes para sua implementação e na definição das
esporte; prioridades dos programas de investimentos em transportes;
e) (revogada); f) elaboração dos planos gerais de outorgas;
f) (revogada); g) estabelecimento de diretrizes para a representação do País
XVI - Ministério do Meio Ambiente: nos organismos internacionais e em convenções, acordos e tratados
a) política nacional do meio ambiente e dos recursos hídricos; referentes às suas competências;
b) política de preservação, conservação e utilização sustentável h) desenvolvimento da infraestrutura e da superestrutura
de ecossistemas, e biodiversidade e florestas; aquaviária dos portos e instalações portuárias em sua esfera de
c) proposição de estratégias, mecanismos e instrumentos eco- competência, com a finalidade de promover a segurança e a efi-
nômicos e sociais para a melhoria da qualidade ambiental e do uso ciência do transporte aquaviário de cargas e de passageiros; e
sustentável dos recursos naturais; i) aviação civil e infraestruturas aeroportuária e de aeronáutica
d) políticas para integração do meio ambiente e produção; civil, em articulação, no que couber, com o Ministério da Defesa;
e) políticas e programas ambientais para a Amazônia Legal; e j) (revogada);
f) zoneamento ecológico-econômico; XXII - (revogado);
XVII - Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão: XXIII - (revogado);
..................................................................................... .....................................................................................
f) formulação de diretrizes, coordenação das negociações e XXV - (revogado);
acompanhamento e avaliação dos financiamentos externos de XXVI - Ministério da Educação:
projetos públicos com organismos multilaterais e agências gover- a) política nacional de educação;
namentais; b) educação infantil;
...................................................................................... c) educação em geral, compreendendo ensino fundamental,
j) administração patrimonial; e ensino médio, ensino superior, educação de jovens e adultos, edu-
...................................................................................... cação profissional, educação especial e educação a distância, exce-
XIX - Ministério do Trabalho: to ensino militar;
a) política e diretrizes para a geração de emprego e renda e de d) avaliação, informação e pesquisa educacional;
apoio ao trabalhador; e) pesquisa e extensão universitária;
b) política e diretrizes para a modernização das relações de tra- f) magistério; e
balho; g) assistência financeira a famílias carentes para a escolarização
c) fiscalização do trabalho, inclusive do trabalho portuário, e de seus filhos ou dependentes.
aplicação das sanções previstas em normas legais ou coletivas; .....................................................................................
d) política salarial; § 3º A competência atribuída ao Ministério da Integração Na-
e) formação e desenvolvimento profissional; cional de que trata a alínea k do inciso VII do caput será exercida em
f) segurança e saúde no trabalho; conjunto com o Ministério da Defesa.
g) política de imigração; e § 4º A competência atribuída ao Ministério do Meio Ambiente,
h) cooperativismo e associativismo urbanos; nos termos da alínea f do inciso XVI do caput , será exercida em con-
XX - Ministério do Turismo: junto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o
a) política nacional de desenvolvimento do turismo; Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, o Minis-
b) promoção e divulgação do turismo nacional, no País e no tério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e o Ministério da
exterior; Integração Nacional.
c) estímulo às iniciativas públicas e privadas de incentivo às ati- § 5º A competência relativa aos direitos dos índios atribuída ao
vidades turísticas; Ministério da Justiça e Cidadania na alínea c do inciso VIII do caput
d) planejamento, coordenação, supervisão e avaliação dos pla- inclui o acompanhamento das ações de saúde desenvolvidas em
nos e programas de incentivo ao turismo; prol das comunidades indígenas.
e) gestão do Fundo Geral de Turismo; e .....................................................................................
f) desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Certificação e Clas- § 8º As competências atribuídas ao Ministério dos Transportes,
sificação das atividades, empreendimentos e equipamentos dos Portos e Aviação Civil, nos termos das alíneas a , b e i do inciso XXI
prestadores de serviços turísticos; do caput , compreendem:
g) (revogada); .....................................................................................
h) (revogada); III - a elaboração e a aprovação dos planos de outorgas, ouvida,
XXI - Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil: tratando-se da exploração da infraestrutura aeroportuária, a Agên-
cia Nacional de Aviação Civil - ANAC;

522
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
..................................................................................... desenvolvidos ou já em curso em órgão ou entidade da administra-
V - a formulação e a supervisão da execução da política referen- ção pública federal, desde que relacionados a lesão ou ameaça de
te ao Fundo da Marinha Mercante, destinado à renovação, recupe- lesão ao patrimônio público.
ração e ampliação da frota mercante nacional, em articulação com § 19. Os titulares dos órgãos do sistema de controle interno do
os Ministérios da Fazenda e do Planejamento, Desenvolvimento e Poder Executivo federal devem cientificar o Ministro de Estado da
Gestão; Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União - CGU
VI - o estabelecimento de diretrizes para afretamento de em- acerca de irregularidades que, registradas em seus relatórios, tra-
barcações estrangeiras por empresas brasileiras de navegação e tem de atos ou fatos atribuíveis a agentes da administração públi-
para liberação do transporte de cargas prescritas; ca federal e das quais haja resultado ou possa resultar prejuízo ao
VII - a elaboração de estudos e projeções relativos aos assun- erário de valor superior ao limite fixado pelo Tribunal de Contas da
tos de aviação civil e de infraestruturas aeroportuária e aeronáutica União para efeito da tomada de contas especial elaborada de forma
civil e sobre a logística do transporte aéreo e do transporte inter- simplificada.
modal e multimodal, ao longo de eixos e fluxos de produção, em § 20. O Ministro de Estado da Transparência, Fiscalização e
articulação com os demais órgãos governamentais competentes, Controladoria-Geral da União - CGU poderá requisitar servidores na
com atenção às exigências de mobilidade urbana e acessibilidade; forma do art. 2º da Lei nº 9.007, de 17 de março de 1995 .
VIII - a formulação e a implementação do planejamento estra- § 21. Para efeito do disposto no § 19, os órgãos e as entidades
tégico do setor aeroviário, definindo prioridades dos programas de da administração pública federal estão obrigados a atender, no pra-
investimentos; zo indicado, às requisições e solicitações do Ministro de Estado da
IX - a proposição de que se declare a utilidade pública, para fins Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União - CGU
de desapropriação ou instituição de servidão administrativa, dos e a comunicar-lhe a instauração de sindicância ou outro processo
bens necessários à construção, manutenção e expansão da infraes- administrativo e o respectivo resultado.
trutura aeronáutica e aeroportuária; § 22. Fica autorizada a manutenção no Ministério da Transpa-
X - a coordenação dos órgãos e das entidades do sistema de rência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União - CGU das Grati-
aviação civil, em articulação com o Ministério da Defesa, no que ficações de Representação da Presidência da República alocadas à
couber; e Controladoria-Geral da União da Presidência da República na data
XI - a transferência, para Estados, o Distrito Federal ou Muni- de publicação desta Lei.
cípios, da implantação, da administração, da operação, da manu- § 23. O INSS é vinculado ao Ministério do Desenvolvimento So-
tenção e da exploração de aeródromos públicos, direta ou indire- cial e Agrário e, quanto às questões previdenciárias, segue as dire-
tamente. trizes gerais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Previdência.
..................................................................................... § 24. (VETADO).” (NR)
§ 14. Ao Ministério da Transparência, Fiscalização e Contro- “Art. 29. ...............................................................
ladoria-Geral da União - CGU, no exercício de suas competências, I - do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o
cabe dar o devido andamento às representações ou denúncias fun- Conselho Nacional de Política Agrícola, o Conselho Deliberativo
damentadas que receber, relativas a lesão ou ameaça de lesão ao da Política do Café, o Conselho Nacional de Aquicultura e Pesca, a
patrimônio público, velando por seu integral deslinde. Comissão Especial de Recursos, a Comissão Executiva do Plano da
§ 15. Ao Ministério da Transparência, Fiscalização e Controla- Lavoura Cacaueira, o Instituto Nacional de Meteorologia e até cinco
doria-Geral da União - CGU, por seu titular, sempre que constatar Secretarias;
omissão da autoridade competente, cumpre requisitar a instaura- II - do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, o Con-
ção de sindicância, procedimentos e processos administrativos, e selho Nacional de Assistência Social, o Conselho de Articulação de
avocar aqueles já em curso perante órgão ou entidade da adminis- Programas Sociais, o Conselho Gestor do Programa Bolsa Família, o
tração pública federal, visando à correção do andamento, inclusive Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável, o Conse-
mediante a aplicação da penalidade administrativa cabível. lho Curador do Banco da Terra, o Conselho de Recursos do Seguro
§ 16. Cumpre ao Ministério da Transparência, Fiscalização e Social, a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvi-
Controladoria-Geral da União - CGU, na hipótese do § 15, instaurar mento Agrário e até seis Secretarias;
sindicância ou processo administrativo ou, conforme o caso, repre- ....................................................................................
sentar a autoridade competente para apurar a omissão das autori- IV - do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comu-
dades responsáveis. nicações, o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, o Centro
§ 17. O Ministério da Transparência, Fiscalização e Controlado- de Tecnologias Estratégicas do Nordeste, o Instituto Nacional de
ria-Geral da União - CGU encaminhará à Advocacia-Geral da União Pesquisa do Pantanal, o Instituto Nacional de Águas, o Instituto
os casos que configurarem improbidade administrativa e aqueles Nacional da Mata Atlântica, o Conselho Nacional de Informática e
que recomendarem a indisponibilidade de bens, o ressarcimento ao Automação, a Comissão de Coordenação das Atividades de Meteo-
erário e outras providências a cargo da Advocacia-Geral da União e rologia, Climatologia e Hidrologia, o Instituto Nacional de Pesquisas
provocará, sempre que necessária, a atuação do Tribunal de Contas Espaciais, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, o Institu-
da União, da Secretaria da Receita Federal do Brasil, dos órgãos do to Nacional de Tecnologia, o Instituto Brasileiro de Informação em
sistema de controle interno do Poder Executivo federal e, quando Ciência e Tecnologia, o Instituto Nacional do Semiárido, o Centro de
houver indícios de responsabilidade penal, do Departamento de Tecnologia da Informação Renato Archer, o Centro Brasileiro de Pes-
Polícia Federal e do Ministério Público, inclusive quanto a represen- quisas Físicas, o Centro de Tecnologia Mineral, o Laboratório Nacio-
tações ou denúncias que se afigurarem manifestamente caluniosas. nal de Astrofísica, o Laboratório Nacional de Computação Científica,
§ 18. Os procedimentos e processos administrativos de instau- o Museu de Astronomia e Ciências Afins, o Museu Paraense Emílio
ração e avocação facultados ao Ministério da Transparência, Fiscali- Goeldi, o Observatório Nacional, a Comissão Técnica Nacional de
zação e Controladoria-Geral da União - CGU incluem aqueles de que Biossegurança, o Conselho Nacional de Controle de Experimenta-
tratam o Título V da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 , e o ção Animal, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de De-
Capítulo V da Lei n o 8.429, de 2 de junho de 1992 , e outros a serem sastres Naturais e até cinco Secretarias;
V - (revogado);

523
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
VI - (revogado); XXI - do Ministério do Trabalho, o Conselho Nacional do Tra-
VII - do Ministério da Defesa, o Conselho Militar de Defesa, o balho, o Conselho Nacional de Imigração, o Conselho Curador do
Comando da Marinha, o Comando do Exército, o Comando da Aero- Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o Conselho Deliberativo
náutica, o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, a Secretaria- do Fundo de Amparo ao Trabalhador, o Conselho Nacional de Eco-
-Geral, a Escola Superior de Guerra, o Centro Gestor e Operacional nomia Solidária e até três Secretarias;
do Sistema de Proteção da Amazônia, o Hospital das Forças Arma- XXII - do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, o
das, a Representação Brasileira na Junta Interamericana de Defe- Conselho Nacional de Aviação Civil, o Instituto Nacional de Pesqui-
sa, o Conselho Deliberativo do Sistema de Proteção da Amazônia sas Hidroviárias e até cinco Secretarias;
- CONSIPAM, até três Secretarias e um órgão de controle interno; .....................................................................................
VIII - (revogado); XXV - (revogado);
IX - do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, o XXVI - do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controla-
Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Indus- doria-Geral da União - CGU, o Conselho de Transparência Pública
trial, o Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exporta- e Combate à Corrupção, a Comissão de Coordenação de Controle
ção e até quatro Secretarias; Interno, a Corregedoria-Geral da União, a Ouvidoria-Geral da União
X - do Ministério da Cultura, o Conselho Superior do Cinema, e duas Secretarias, sendo uma a Secretaria Federal de Controle In-
o Conselho Nacional de Política Cultural, a Comissão Nacional de terno;
Incentivo à Cultura e até seis Secretarias; XXVII - do Ministério da Educação, o Conselho Nacional de Edu-
..................................................................................... cação, o Instituto Benjamin Constant, o Instituto Nacional de Educa-
XII - do Ministério da Fazenda, o Conselho Monetário Nacional, ção de Surdos e até seis Secretarias.
o Conselho Nacional de Política Fazendária, o Conselho de Recursos .....................................................................................
do Sistema Financeiro Nacional, o Conselho Nacional de Seguros § 7º Ao Conselho Nacional de Aquicultura e Pesca, presidido
Privados, o Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros pelo Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e
Privados, o Conselho de Previdência Privada Aberta e de Capitaliza- composto na forma estabelecida em regulamento pelo Poder Exe-
ção, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Conselho cutivo, compete subsidiar a formulação da política nacional para a
Administrativo de Recursos Fiscais, o Conselho Diretor do Fundo de pesca e aquicultura, propondo diretrizes para o desenvolvimento e
Garantia à Exportação, o Comitê Brasileiro de Nomenclatura, o Co- fomento da produção pesqueira e aquícola, apreciar as diretrizes
mitê de Avaliação de Créditos ao Exterior, a Secretaria da Receita para o desenvolvimento do plano de ação da pesca e aquicultura e
Federal do Brasil, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, a Esco- propor medidas destinadas a garantir a sustentabilidade da ativida-
la de Administração Fazendária, o Conselho Nacional de Previdên- de pesqueira e aquícola.
cia Complementar, a Câmara de Recursos da Previdência Comple- ......................................................................................
mentar, o Conselho Nacional de Previdência e até seis Secretarias; § 9º O Conselho de Transparência Pública e Combate à Cor-
..................................................................................... rupção será presidido pelo Ministro de Estado da Transparência,
XIV - do Ministério da Justiça e Cidadania, o Conselho Nacio- Fiscalização e Controladoria-Geral da União - CGU e composto, pa-
nal de Política Criminal e Penitenciária, o Conselho Nacional de ritariamente, por representantes da sociedade civil organizada e
Segurança Pública, o Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa representantes do Governo Federal.” (NR)
dos Direitos Difusos, o Conselho Nacional de Combate à Pirataria Art. 13. A criação, a extinção, a transformação, a transferência,
e Delitos contra a Propriedade Intelectual, o Conselho Nacional de a incorporação ou o desmembramento de órgãos ou unidades ad-
Arquivos, o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, o Departa- ministrativas integrantes das entidades e dos órgãos, para fins do
mento de Polícia Federal, o Departamento de Polícia Rodoviária Fe- disposto nesta Lei, ocorrerá mediante a edição de decreto, desde
deral, o Departamento Penitenciário Nacional, o Arquivo Nacional, que não implique aumento de despesa, que também disporá sobre
o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, o Conselho a estrutura regimental e a distribuição do pessoal e de cargos ou
Nacional dos Direitos Humanos, o Conselho Nacional de Combate funções no âmbito do órgão ou da unidade administrativa.
à Discriminação, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Art. 14. Enquanto não forem publicados os decretos de estru-
Adolescente, o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com De- tura regimental dos Ministérios que absorverão as competências
ficiência, o Conselho Nacional dos Direitos do Idoso, o Conselho dos órgãos de que trata o art. 1º, as estruturas remanescentes dos
Nacional dos Direitos da Mulher, a Secretaria Especial de Políticas órgãos a serem extintos na forma do art. 9º ficarão subordinadas
para as Mulheres, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da aos Ministros de Estado titulares dos órgãos que irão assumir as
Igualdade Racial, a Secretaria Especial de Direitos Humanos e até competências respectivas.
seis Secretarias; Art. 15. A estrutura organizacional dos órgãos extintos e trans-
..................................................................................... formados, assim como as entidades que lhes sejam vinculadas, in-
XVII - do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Ges- tegrarão os órgãos resultantes das transformações ou daqueles que
tão, a Comissão de Financiamentos Externos, a Assessoria Econômi- absorveram as respectivas competências, bem como serão man-
ca e até dez Secretarias; tidas as gratificações devidas em virtude de exercício nos órgãos
..................................................................................... transformados ou extintos.
XIX - do Ministério das Relações Exteriores, o Cerimonial, a Se- Art. 16. É aplicável o disposto no art. 2º da Lei nº 9.007, de 17
cretaria de Planejamento Diplomático, a Inspetoria-Geral do Servi- de março de 1995 , para os servidores, os militares e os empregados
ço Exterior, a Secretaria-Geral das Relações Exteriores, composta de em exercício no Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil
até nove Subsecretarias-Gerais, a Secretaria de Controle Interno, o ou no Ministério da Justiça e Cidadania requisitados para a Secreta-
Instituto Rio Branco, as missões diplomáticas permanentes, as re- ria de Aviação Civil da Presidência da República, para a Secretaria de
partições consulares, o Conselho de Política Externa, a Comissão de Portos da Presidência da República ou para o Ministério das Mulhe-
Promoções e a Secretaria Executiva da Câmara de Comércio Exte- res, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos até a
rior; data de entrada em vigor desta Lei.
.....................................................................................

524
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Parágrafo único. Os servidores, os militares e os empregados (D) o processo resultante de mecanismos históricos de discri-
de que trata o caput poderão ser designados para o exercício de minação dirigidos à população negra que produz exclusão so-
Gratificações de Representação da Presidência da República ou de cial na vida pública e privada.
Gratificação de Exercício em Cargo de Confiança nos órgãos da Pre- (E) a diferença entre o nível médio de renda e acesso a bens
sidência da República devida aos militares enquanto permanece- culturais pela população negra quando comparado com os de-
rem em exercício nos sucessores dos órgãos para os quais foram mais segmentos populacionais.
requisitados.
Art. 17. O art. 18 da Lei nº 11.890, de 24 de dezembro de 2008 2. (FCC - Promotor de Justiça (MPE PE)/2022) O Estatuto da
, passa a vigorar com a seguinte alteração: Igualdade Racial (Lei nº 12.288/2010) traz vários conceitos a serem
“Art. 18. ................................................................ considerados para efeitos de aplicação de seus dispositivos legais, e
...................................................................................... dentre eles, considera como desigualdade racial
II - .......................................................................... (A) toda ação que viola os direitos fundamentais da população
a) ............................................................................ negra.
...................................................................................... (B) a assimetria existente no âmbito da sociedade que aumenta
5. Secretaria Executiva da Câmara de Comércio Exterior; a distância social entre mulheres negras e os demais segmen-
...........................................................................” (NR) tos sociais.
Art. 18. Ficam revogados: (C) toda exclusão ou restrição baseada em raça, cor, origem ou
I - os seguintes dispositivos da Lei nº 10.683, de 28 de maio de etnia, nos campos político, econômico, social e cultural.
2003 : (D) toda violação às políticas de correção das desigualdades ra-
a) os incisos IV , XI e XII do caput do art. 1º ; ciais e promoção da igualdade de oportunidades.
b) o inciso X do § 1º do art. 1º ; (E) toda situação injustificada de diferenciação de acesso e frui-
c) o inciso I do parágrafo único do art. 2º ; ção de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e
d) o art. 2º-B ; privada, em virtude de raça, cor, descendência ou origem na-
e) os incisos XII e XIII do caput do art. 3º; cional ou étnica.
f) os incisos VIII e IX do § 2º do art. 3º;
g) os §§ 1º a 5º do art. 18 ; 3. (FCC - Assistente Social (TJ SC)/2021) Desde 2010, o Estatuto
h) os arts. 17 , 19 , 20 , 24-A e 24-D ; da Igualdade Racial estabelece um conjunto de regras e princípios
i) os incisos XXII , XXIII e XXV do caput do art. 25 ; jurídicos para coibir a discriminação racial e também para a defini-
j) o inciso VI do parágrafo único do art. 25 ; ção de políticas que visam a diminuição da desigualdade social pre-
k) os incisos XXII , XXIII e XXV do caput do art. 27 ; e sente entre os segmentos raciais. O Estatuto tem como diretriz polí-
l) os incisos V , VI , VIII e XXV do caput do art. 29 ; e tica e jurídica o embasamento nas normas constitucionais relativas:
II - a Medida Provisória nº 717, de 16 de março de 2016 . I. Aos princípios fundamentais.
Art. 19. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, pro- II. À organização político-administrativa.
duzindo efeitos: III. Aos direitos culturais.
I - quanto à alteração das estruturas dos órgãos abrangidos, IV. À Família, à Criança, ao Adolescente, ao Jovem e ao Idoso.
a partir da data de entrada em vigor dos respectivos decretos de V. Às garantias fundamentais.
estrutura regimental; e São normas constitucionais previstas do Estatuto da Igualdade
II - quanto às transformações, às extinções de cargos, às alte- Racial o que se afirma APENAS em
rações de supervisão ministerial de entidades e às demais disposi- (A) I e III.
ções, de imediato. (B) I, III e V.
Parágrafo único. A competência sobre Previdência e Previdên- (C) II e IV.
cia Complementar será exercida, de imediato, pelo Ministério da (D) II, IV e V.
Fazenda, com apoio das estruturas que atualmente dão suporte a (E) III, IV e V.
elas.
4. (FCC - Analista Legislativo (ALAP)/Atividade Administrativa/
EXERCÍCIOS Assistente Social/2020) Ao analisar um programa estadual na área
habitacional, no que se refere ao acesso à moradia da população
negra, conforme as prerrogativas do Estatuto da Igualdade Racial,
1. (FCC - Analista em Acessibilidade (Pref Recife)/Audiodescri- será observado que
tor/2022) O Estatuto da Igualdade Racial considera desigualdade de (A) deve ocorrer a implementação de políticas públicas para
gênero e raça assegurar o direito à moradia adequada da população negra
(A) toda situação injustificada de diferenciação de acesso e frui- que vive em favelas, cortiços, áreas urbanas subutilizadas, de-
ção de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e gradadas ou em processo de degradação, a fim de reintegrá-las
privada, em virtude de raça, cor, descendência ou origem na- à dinâmica urbana e promover melhorias no ambiente e na
cional ou étnica. qualidade de vida.
(B) toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada (B) o direito à moradia deve se restringir ao provimento habita-
em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que cional, considerando que a legislação em tela é omissa quanto
tenha por objeto anular o exercício, em igualdade de condi- à viabilização da infraestrutura urbana.
ções, de direitos humanos. (C) a viabilização da assistência técnica e jurídica para a cons-
(C) a assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua trução, fica a critério da Secretaria Estadual de Habitação, con-
a distância social entre mulheres negras e os demais segmen- dicionada à disponibilidade orçamentária, considerando que
tos sociais. não há essa previsão na referida legislação.

525
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
(D) é vedada a participação de organizações e movimentos (D) é assegurada a assistência religiosa aos praticantes de re-
representativos da população negra na composição dos con- ligiões de matrizes africanas nos estabelecimentos prisionais.
selhos constituídos para essa finalidade, para que não haja (E) o estudo da história geral da África é facultativo nos estabe-
privilégio, em se tratando de recursos provenientes do Fundo lecimentos privados de ensino médio.
Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS).
(E) a viabilização de equipamentos comunitários associados à 8. (FCC - Defensor Público do Estado da Paraíba/2022) O Supre-
função habitacional é uma responsabilidade que deve recair mo Tribunal Federal, ao decidir pela criminalização da homofobia e
sobre a comunidade e não sobre o Poder Público. da transfobia, considerou que
(A) a extensão da tipificação da Lei no 7.716/1989 (Lei que de-
5. (FCC - Analista Judiciário (TJ MA)/Assistente Social/2019) fine os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor)
No cotidiano profissional, o Assistente Social enfrentará o racismo aplica-se com efeitos retroativos à discriminação homofóbica
e suas diversas expressões na vida social. O Estatuto da Igualdade e transfóbica até que o Congresso Nacional venha a legislar a
Racial prevê a adoção e implementação de ações afirmativas. O de- respeito.
senvolvimento dessas ações destina-se a (B) se dessume da leitura do texto constitucional um mandado
(A) reparar danos e dívidas historicamente produzidas e herda- constitucional de criminalização relativo à discriminação por
das de uma estrutura socioeconômica que produz determina- orientação sexual ou identidade de gênero, à luz dos tratados
ções contraditórias. internacionais de que o Estado brasileiro é parte.
(B) reforçar o que estabelece a Constituição Federal de 1988, (C) o dever de legislar sobre o tema decorre de compromissos
em que a igualdade é um direito formal abstrato existente na internacionais assumidos pelo Estado brasileiro no combate à
realidade, independentemente das mediações existentes na discriminação homofóbica e transfóbica, apesar da ausência de
realidade concreta dos indivíduos sociais. mora incons)titucional do Congresso Nacional.
(C) fornecer os elementos concretos que possam superar o (D a tipificação dos delitos contra a discriminação por orien-
racismo e a discriminação racial, eliminando-os da sociedade tação sexual ou identidade de gênero prescinde de nova lei,
brasileira. diante da aplicabilidade da Lei no 7.716/1989 (Lei que define
(D) oferecer, aos grupos historicamente discriminados, um os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor) aos
tratamento igualitário (negros e não negros) para compensar/ casos análogos.
reparar as desvantagens perante as práticas de racismo e de (E) o texto constitucional carece de mandado de criminalização
outras formas de discriminação. contra a discriminação homofóbica e transfóbica, razão pela
(E) eliminar as desigualdades étnico-raciais resultantes na so- qual se deu uma interpretação extensiva à Lei no 7.716/1989
ciabilidade burguesa. (Lei que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou
de cor) para abarcar os crimes resultantes de homofobia e da
6. (FCC - Defensor Público do Estado do Amazonas/2018/”Pro- transfobia.
va Anulada”) O Estatuto da Igualdade Racial prevê
(A) o reconhecimento da capoeira como manifestação cultural 9. (FCC - Assistente Legislativo (ALAP)/Atividade Administrativa
regional. e Operacional/Assistente de Segurança/2020) A Assistente de Se-
(B) a inclusão de quilombolas nos usos e costumes, tradições e gurança “X” fora preterida à promoção. Embora preenchesse todos
manifestos próprios do local onde desejam se instalar, fora de os requisitos e qualificações e possuísse maior tempo de serviço
suas comunidades, de modo a diminuir as diferenças culturais. em relação aos demais (de seu cargo), o Assistente “Y” é quem foi
(C) que a desigualdade de gênero e raça é a assimetria existen- contemplado com a ascensão funcional. Ao questionar o Chefe dos
te no âmbito da sociedade que acentua a distância social entre Assistentes, o mesmo utilizou as seguintes palavras: “ Embora ca-
mulheres negras e os demais segmentos sociais. pacitada, sua etnia a prejudicou”. A Assistente “X” era negra. De
(D) como ações afirmativas os programas e medidas especiais acordo com a Lei nº 7.716/1989, o Chefe dos Assistentes poderá
adotados pelo Estado para a correção das desigualdades ra- incorrer em
ciais, excluindo desse conceito legal as ações da iniciativa pri- (A) infração administrativa e sua conduta deve ser apurada me-
vada. diante Sindicância.
(E) a participação da população negra, em condição de igual- (B) infração administrativa e sua conduta deve ser apurada me-
dade de oportunidades, na vida econômica, social, política e diante Investigação Preliminar.
cultural do País, por meio de estímulo de iniciativas de promo- (C) crime, com pena de reclusão de 2 a 5 anos.
ção, preservando-se a igualdade no acesso a recursos públicos. (D) crime, com pena de detenção de 6 meses a 1 ano.
(E) crime de menor potencial ofensivo, cuja pena pode ser
7. (FCC - Defensor Público do Estado do Rio Grande do substituída por prestação de serviços comunitários e/ou cesta
Sul/2018) No Brasil, a partir do século XXI, percebe-se um incre- básica.
mento de ações e políticas públicas que estimulam a redução da
desigualdade racial. 10. (FCC - Auditor Fiscal (SEFAZ BA)/Administração, Finanças e
Sobre o tema da discriminação racial é INCORRETO afirmar que: Controle Interno/2019) Considere:
(A) a presença de pessoas negras em cargos públicos exerce um I. Jadson, empregado de determinada empresa privada, por
papel simbólico na sociedade. motivo de discriminação de raça, teve impedida sua ascensão fun-
(B) a diversidade étnico-racial é importante para a formação cional por seu chefe Flávio.
dos estudantes universitários. II. Alisson exigiu, em anúncio de recrutamento de trabalhado-
(C) a redução da desigualdade racial exige a superação de uma res, aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego
perspectiva meramente formal do princípio da isonomia. cujas atividades não justifiquem essas exigências.

526
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
De acordo com a Lei Federal nº 7.716/1989, que define os cri- (D) é praticado pela autoridade competente que decretar a
mes resultantes de preconceito de raça ou de cor, Flávio condução coercitiva de investigado manifestamente descabida
(A) ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo.
à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade (E) pode ser praticado por omissão daquele que tem o dever de
racial, enquanto que Alisson incorrerá na pena de reclusão. apurar a conduta de quem submete pessoa presa a sofrimento
(B) incorrerá na pena de reclusão, enquanto que Alisson ficará físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à comu- em lei, e não o faz.
nidade, incluindo atividades de promoção da igualdade racial.
(C) incorrerá na pena de detenção, enquanto que Alisson ficará 14. (FCC - Analista de Procuradoria (PGE BA)/Calculista/2013)
sujeito às penas de multa ou de prestação de serviços à comu- Nas contravenções penais resultantes de preconceito de raça,
nidade, incluindo atividades de promoção da igualdade racial. de cor, de sexo ou de estado civil, previstas na Lei Federal nº
(D) incorrerá na pena de reclusão, enquanto que Alisson ficará 7.437/1985, são penas prevalentes:
sujeito à pena de detenção, não se sujeitando à prestação de (A) Multa e prestação de serviços comunitários.
serviços à comunidade. (B) Prisão especial e simples.
(E) e Alisson incorrerão na pena de reclusão, ficando, ainda, (C) Prisão simples e multa.
sujeitos às penas de multa ou de prestação de serviços à comu- (D) Cesta básica e indenização à vítima.
nidade, incluindo atividades de promoção da igualdade racial. (E) Fiança e prisão domiciliar.

11. (FCC - Analista Jurídico de Defensoria (DPE AM)/Ciências 15. (FCC - Defensor Público do Estado de Roraima/2021) A Con-
Jurídicas/2022) São formas de violência doméstica e familiar contra venção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação
a mulher, segundo a Lei Maria da Penha, a violência contra a Mulher estabelece normas gerais de proteção dos direitos
(A) moral, entendida como qualquer conduta que ofenda sua das mulheres, sendo, dentre outras, normas que
integridade ou saúde corporal. (A) consagram, pioneiramente, os variados direitos sexuais e
(B) patrimonial, entendida como qualquer conduta que a cons- reprodutivos da mulher e, de forma embrionária, o combate à
tranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual violência obstétrica.
não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso (B) vinculam os estados signatários na oferta de proteção eficaz
da força. e diferenciada de toda mulher contra violência sofrida nos am-
(C) física, entendida como qualquer conduta que configure ca- bientes doméstico e laboral.
lúnia, difamação ou injúria. (C) superam a noção de discriminação centrada na diferença
(D) sexual, entendida como qualquer conduta que vise degra- sexual, de cunho biológico, por aquela fundada na ideia de gê-
dar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e deci- nero, de natureza social.
sões, mediante qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à (D) reconhecem o direito da mulher de escolher livremente o
saúde psicológica e à autodeterminação. cônjuge e a obrigação dos estados signatários de estabelecer
(E) psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cau- uma idade mínima para o casamento.
se dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe pre- (E) preveem o estabelecimento de medidas especiais de cará-
judique e perturbe o pleno desenvolvimento. ter permanente destinadas a acelerar a igualdade de fato entre
o homem e a mulher.
12. (FCC - Assistente Social (TJ SC)/2021) A violência doméstica
e familiar contra a mulher configura-se por qualquer ação ou omis- GABARITO
são baseada no gênero que cause morte, lesão, sofrimento físico,
sexual, psicológico e dano moral ou patrimonial. Considere:
I. Destruição parcial de bens.
1 C
II. Chantagem.
III. Subtração de instrumentos de trabalho. 2 E
IV. Controle de ações. 3 B
V. Retenção de direitos.
São expressões da violência patrimonial o que se afirma APE- 4 A
NAS em 5 A
(A) I e II.
6 C
(B) II e III.
(C) II e IV. 7 E
(D) I, III e V. 8 B
(E) IV e V.
9 C
13. (FCC - Defensor Público do Estado de Goiás/2021) O crime 10 B
de tortura
(A) possui eficácia preventiva escassa, por restringir a autoria a 11 E
agente público, e faz com que o Brasil descumpra suas obriga- 12 D
ções internacionalmente acordadas.
13 E
(B) enseja o reconhecimento do concurso material de crimes,
se cometido mediante sequestro. 14 C
(C) é inafiançável e insuscetível de aplicação de penas restriti- 15 D
vas de direitos em substituição à pena privativa de liberdade.

527
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

ANOTAÇÕES
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