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Nessa disciplina, o aluno terá uma ideia do que é a navegação aérea, conhecerá seus
conceitos basilares e, ao passo que for evoluindo nas unidades, aprenderá sobre as-
suntos mais específicos. Junto ao conteúdo teórico, passaremos por alguns exemplos
retratando o cotidiano dos pilotos e alinhando a teoria com a prática, a ponto que,
ao término dessa disciplina, o aluno estará apto a traçar sua própria navegação e até
executá-la na prática.
DADOS DO FORNECEDOR
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da
área de conhecimento trabalhada.
A navegação aérea............................................................................................................... 13
Métodos de navegação................................................................................................... 15
Navegação por contato................................................................................................... 15
Navegação estimada....................................................................................................... 16
Navegação por rádio....................................................................................................... 17
Navegação eletrônica..................................................................................................... 18
Navegação celestial........................................................................................................ 19
Navegação por satélite................................................................................................... 20
As coordenadas geográficas.............................................................................................. 27
Colatitude: antimeridiano................................................................................................ 28
Diferença de latitude e diferença de longitude........................................................... 29
Latitude média e longitude média.................................................................................. 32
Operações completas com minutos e segundos........................................................ 34
Sintetizando............................................................................................................................ 37
Referências bibliográficas.................................................................................................. 38
Magnetismo terrestre........................................................................................................... 46
Norte magnético............................................................................................................... 46
Declinação magnética..................................................................................................... 47
Inclinação magnética...................................................................................................... 49
Norte bússola.................................................................................................................... 50
Proas e rumos........................................................................................................................ 51
Definição dos termos....................................................................................................... 52
Pé de galinha..................................................................................................................... 52
Leitura da direção................................................................................................................. 59
Sintetizando............................................................................................................................ 62
Referências bibliográficas.................................................................................................. 63
Mapas e cartas...................................................................................................................... 66
Rotas ortodrômicas e loxodrômicas............................................................................. 67
Tipos de projeções........................................................................................................... 71
Projeções Lambert e Mercator...................................................................................... 76
Sintetizando............................................................................................................................ 87
Referências bibliográficas.................................................................................................. 88
O computador de voo............................................................................................................ 92
Conhecendo os elementos: face A................................................................................ 92
Conhecendo os elementos: face B................................................................................ 94
Sintetizando.......................................................................................................................... 111
Referências bibliográficas................................................................................................ 112
Nessa disciplina, o aluno terá uma ideia do que é a navegação aérea, co-
nhecerá seus conceitos basilares e, ao passo que for evoluindo nas unidades,
aprenderá sobre assuntos mais específicos. Junto ao conteúdo teórico, passa-
remos por alguns exemplos retratando o cotidiano dos pilotos e alinhando a
teoria com a prática, a ponto que, ao término dessa disciplina, o aluno estará
apto a traçar sua própria navegação e até executá-la na prática.
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5732813998447903
Dedico esse trabalho a meu pai, o senhor Justiniano Tieghi Filho. Aviador
desde a década de 1950, autor de um dos primeiros livros sobre aviação
civil do Brasil, e que com certeza foi quem mais me incentivou a, assim
como ele, criar asas e ingressar no fantástico mundo da aviação.
Tópicos de estudo
A navegação aérea Arcos, círculos máximos e
Métodos de navegação círculos menores
Navegação por contato O Equador, os paralelos e as
Navegação estimada latitudes
Navegação por rádio O Meridiano de Greenwich, os
Navegação eletrônica meridianos e as longitudes
Navegação celestial
Navegação por satélite As coordenadas geográficas
Colatitude: antimeridiano
A Terra, sua forma e movimentos Diferença de latitude e dife-
Rotação e translação rença de longitude
Solstício e equinócio Latitude média e longitude
média
Operações completas com
minutos e segundos
ASSISTA
Recomendo que os alunos assistam ao vídeo A melhor his-
tória de aviação de todos os tempos EP. 149, do canal Aviões
e Músicas. Nele, o apresentador do canal narra uma história
incrível sobre um piloto que se encontrava perdido em pleno
Oceano Pacífico, e como os seus conhecimentos a respeito de
navegação e geolocalização salvaram a sua vida.
Figura 1. Representação de parte da carta WAC 3262. Fonte: DECEA, 2013. (Adaptado).
Navegação estimada
Esse método é caracterizado pelo uso de três instrumentos de voo: cronô-
metro, velocímetro e bússola. Perceba que estamos falando de instrumentos
de voo e não instrumentos de navegação. A navegação estimada também se
vale das cartas para a determinação dos pontos de referência (waypoints),
mas aqui o piloto ainda adiciona os estimados para confirmar se está ou não
no ponto em questão.
Figura 3. Exemplo de uma antena de VOR em aeródromo. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 16/05/2020.
Navegação eletrônica
Esse método tem como seu principal exemplo o INS - Sistema de Navega-
ção Inercial. O sistema funciona basicamente pelo uso de dois equipamentos:
acelerômetros e giroscópios.
É um sistema complexo, e detalhar seu funcionamento não é o escopo des-
sa aula, mas, para que o aluno tenha uma noção, destacamos que ele funciona
Navegação celestial
Advinda de métodos de navegação marítimos e rudimentares, a navega-
ção celestial, como o próprio nome diz, baseia-se em corpos celestes para a
Figura 4. B737 com janelas para navegação celestial. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 16/05/2020.
3. Janeiro
Periélio
21. Junho
Linha de solstício
21. Dezembro
s
ide
aps
Equnócio
e
ad
Linh
3. Julho
Afélio
23. Setembro
N - Verão N - Outono
S - Inverno S - Primavera
Por volta de três de julho, a Terra se encontra em seu ponto mais afastado
do Sol, aproximadamente 151.2 milhões de quilômetros. Este ponto é chamado
de afélio. Perto de três de janeiro, a Terra está com a menor distância, aproxi-
madamente 146 milhões de quilômetros do Sol. Este é o periélio.
Entretanto, a mais importante consequência do movimento de translação
são os chamados solstícios e equinócios. Esses dois fenômenos são os mar-
cos das estações do ano.
Solstício e equinócio
O solstício é o momento em que os raios solares incidem perpendicularmente
no ponto mais afastado do Equador, ou seja, de maior latitude. Existem dois solstí-
cios no ano. Em 2019, por exemplo, dia 21 de junho foi a data do solstício de verão
do hemisfério Norte. Nesse dia, observou-se o dia mais longo daquele hemisfério,
e, por consequência, a noite mais longa no hemisfério Sul. Essa data estabeleceu
início do verão e inverno, nos hemisférios Norte e Sul, respectivamente.
O equinócio é a incidência perpendicular dos raios solares que se dá sobre a
linha do Equador, iluminando por igual os hemisférios Norte e Sul. A consequên-
cia é que, durante os equinócios, dias e noites têm a mesma duração. Assim
como os solstícios, temos dois equinócios no ano, e que também marcam os
inícios de duas estações: outono e primavera.
O aluno pode se perguntar: por que existem os solstícios? Ou por que a Terra
tem seus hemisférios iluminados desigualmente? A resposta é: por consequên-
cia da declinação angular em relação à eclíptica.
Se pegássemos um ponto no centro da Terra e o uníssemos a um ponto no
centro do Sol, durante o movimento de translação, formaríamos um plano imagi-
nário. Esse plano imaginário é chamado de eclíptica. O eixo de rotação da Terra
não é perpendicular à eclíptica, ou seja, a linha do Equador não é paralela ao
plano de translação, apresentando uma declinação de 23º 27’.
A Figura 7 ilustra o momento do solstício de verão do hemisfério Norte. Per-
ceba que os raios solares incidem perpendicularmente sobre um ponto acima
da linha do Equador. Esse ponto está localizado na latitude 23º 27’N. O
paralelo desta latitude recebeu o nome de Trópico de Câncer.
Quando no solstício de verão do hemisfério Sul, os raios sola-
res incidirão perpendicularmente sobre o paralelo de latitude
23º 27’S, o qual foi batizado de Trópico de Capricórnio.
Inclinaçã
o
do eixo
Eixo de rotação
Tróp
ico de
Luz do S
Cânc
er
ol
Equa
dor
Trópic
o de Plano da eclíptica
Capric
órnio
Perpendicular à órbita
Figura 7. Declinação da Terra em relação à eclíptica. Fonte: Shutterstcok. Acesso em: 16/05/2020.
Rio de Janeiro
Figura 8. Círculo máximo e círculo menor. Fonte: GIS Geography. Acesso em: 16/05/2020. (Adaptado).
CURIOSIDADE
O meridiano 180 é conhecido também como Linha Internacional da Data. É
neste meridiano que se determina a mudança de data. Na Convenção de
Washington, em 1884, se determinou o meridiano 180 como sendo o marco
do início e término de um dia na Terra.
1 2 3 4 5
60º
40º
E
20º
0º
D
A
-20º
C
-40º
B
-60º
-80º
Colatitude: antimeridiano
Colatitude
Como vimos anteriormente, as latitudes vão de 0º (Linha do Equador) a 90º
(polos). Ao arco de meridiano que sai do marco zero até um determinado ponto,
DLAAB
LATA
Equador
LATB
Meridiano 180
DLOXY
LONGY
Polo norte
Equador LONGX
Polo Long
norte
LOM
Equador
Long
Greenwich
Figura 12. Longitude média (LOM) de grandes longitudes. Fonte: ROOS, 2018, p. 10.
EXPLICANDO
1º (grau) = 60’ (minutos), assim como 1’ (minuto) = 60” (segundos). Caso,
nos cálculos as unidades de segundos obtenham valores iguais ou maio-
res que 60, eles devem ser convertidos em minutos. Para realizar a con-
versão, subtraia 60 do valor encontrado e adicione 1 à casa dos minutos.
Isso também se aplica aos minutos. Caso os cálculos cheguem em resulta-
dos iguais ou maiores que 60 será necessário fazer a conversão de minu-
tos em graus. Para realizar a conversão, subtraia 60 do valor encontrado e
adicione 1 à casa dos graus.
Para a adição:
• Exemplo 1: 10º 15’ 05” + 25º 25’ 15”;
• Exemplo 2: 15º 20’ 36” + 40º 37’ 34”;
• Exemplo 3: 100º 55’ 50” + 90º 20’ 30”.
Explicando as operações:
• Exemplo 1: operação normal, em que os valores não ultrapassaram os
60 segundos, nem os 60 minutos. Nos cálculos, se começa sempre pelos
segundos, depois os minutos e por último os graus;
• Exemplo 2: realiza-se a operação normalmente. Nesse caso, a soma
dos segundos foi de 70, sendo necessária a conversão do excedente;
• Exemplo 3: nesse último caso, tanto segundos quanto minutos ultra-
passaram os 60, sendo necessária a conversão dos dois valores.
Para a subtração:
• Exemplo 1: 90º 56’ 45” – 10º 36’ 25”;
• Exemplo 2: 69º 20’ 01” – 19º 15’ 50”;
• Exemplo 3: 100º - 80º 50’ 40”.
1 2 3
90º 56’ 45” 69º 20’ 01” 100º
- 10º 36’ 25” 69º 19’ 61” 99º 59’ 60”
80º 20’ 20” - 19º 15’ 50” - 80º 50’ 40”
50º 04’ 11” 19º 09’ 20”
2 BASES PARA A
ORIENTAÇÃO EM
NAVEGAÇÃO AÉREA
Tópicos de estudo
A orientação sobre a superfície Proas e rumos
terrestre Definição dos termos
Rosa dos ventos Pé de galinha
Pontos cardeais, colaterais e
subcolaterais Leitura da direção
Magnetismo terrestre
Norte magnético
Declinação magnética
Inclinação magnética
Norte bússola
Figura 2. Bússola: escala de 360 graus. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/05/2020.
Norte magnético
O principal instrumento de navegação é a bússola. Seu funcionamen-
to é relativamente simples: um ímã que tem a característica de apon-
tar o norte magnético. Pela diferença angular, conseguimos determinar
nossa proa.
Mas o que é exatamente esse norte magnético? Existe mais de um norte?
Sim! Em termos de navegação aérea, podemos citar três nortes: norte verdadei-
ro, norte magnético e norte bússola. O norte verdadeiro é a direção que aponta
para o norte geográfico, ponto onde se encontra o eixo de rotação da Terra. Seu
Groelândia
Figura 3. Movimentação do norte magnético ao longo dos anos. Fonte: SANDERS, 2019.
Declinação magnética
Norte verdadeiro e norte magnético, portanto, não coincidem. A diferença
angular entre os nortes verdadeiro e magnético recebe o nome de declinação
magnética (representada pela sigla Dmg). A Dmg também não é constante:
r
Núcleo da terra Equado
Norte bússola
No livro Aeronaves e motores, Jorge Homa explica detalhadamente o funcio-
namento de uma bússola:
Seu funcionamento baseia-se no ímã, que tem a propriedade de
apontar o norte magnético. Um ou mais imãs permanentes são
embutidos dentro de uma escala circular móvel chamada limbo. O
limbo está contido numa caixa transparente cheia de querosene,
que amortece as oscilações. A bússola magnética está sujeita a erros
causados por campos magnéticos espúrios, fricção do pivô e movi-
mentos do avião (HOMA, 2011, p. 123).
Alguns desses erros podem ser
minimizados a partir da utilização
de ímãs compensadores, que são
ajustados por parafusos presentes
no instrumento. Para equívocos que
não podem ser compensados, utili-
zam-se cartões de correção, como
mostra a Figura 5. Repare nas marca-
ções para W e S, que apresentam 1º
de defasagem. Figura 5. Bússola magnética. Fonte: Acervo pessoal do autor.
ASSISTA
Para demonstrações de campos magnéticos, assista a este
excelente vídeo sobre ímãs feito pelo canal Manual do Mundo:
Proas e rumos
Quando efetuamos o planejamento da navegação em cartas aeronáuti-
cas, essas são plotadas em relação ao norte verdadeiro, contudo, a orienta-
ção em voo será dada pela bússola, que se baliza pelo norte magnético. Caso
haja imprecisão no instrumento, você deverá acrescer ou descontar o desvio
bússola. Lembrando que isso é apenas o planejamento.
Em voo, a aeronave sofrerá a influência do vento. Os efeitos do ven-
to decorrem de sua velocidade e direção, e a velocidade é o indicador do
quanto o vento atuará no voo. Já a direção age diferentemente em casos
de ventos paralelos e perpendiculares à trajetória da aeronave.
Basicamente, ventos paralelos influenciarão a velocidade da ae-
ronave, e ventos perpendiculares, a proa.
Vento paralelo à trajetória, atua na cauda, ajuda no desloca-
mento e faz com que a velocidade da aeronave em relação ao solo
(VS) seja maior que a indicada no instrumento (VI). Quando atua na proa, pro-
duz justamente o contrário: dificulta o deslocamento da aeronave, fazendo
com que a VS seja menor que a VI.
Vento perpendicular à trajetória, vindo da esquerda, tenderá a jogar a aero-
nave cada vez mais para a direita da rota planejada. Nesse caso, o piloto deverá
colocar sua aeronave com a proa mais a esquerda para compensar a atuação
do vento. Deslocar a proa para a esquerda significa ajustar uma proa menor do
que a planejada. Caso o vento atuante venha da direita, a proa que compensa-
rá a atuação do vento será maior do que o planejado. A princípio pode parecer
complicado, mas iremos esclarecer minuciosamente cada parte.
EXPLICANDO
O norte de referência pode ser o verdadeiro, o magnético e o bússola.
Para cada um deles, existe uma proa específica: proa verdadeira, proa
magnética e proa bússola. A mesma regra vale para os rumos.
Pé de galinha
Pé de galinha é o nome que os pilotos mais antigos dão
à técnica de cálculos de proas, rumos e ventos. Como são
três linhas que se ligam aos nortes balizadores e uma linha
que se liga à aeronave, o desenho se assemelha ao pé de uma
galinha, que possui quatro dedos.
É um esquema muito utilizado para a explicação básica das
proas verdadeiras, magnéticas e bússola, mas, ao passo que vamos adicio-
NV
NM
22º
90º
ANV
NV
NM
20°
70°
ANV
NV NM
NB
10O
20 O
60O
ANV
NM NV NB
15º 15º
215º
ANV
PV Dmg PM DB PB
± = ± =
O esquema foi deixado com a segunda linha em branco para facilitar o seu
preenchimento. Sendo assim, apresentamos o esquema com a segunda linha
preenchida:
PV Dmg PM DB PB
EXPLICANDO
Com vento vindo da esquerda, corrige-se a tendência aproando o vento,
ou seja, aplica-se correção de proa para a esquerda (anti-horário). Estan-
do a correção no sentido anti-horário, concluímos que a proa necessária
para manter a rota será menor que a proa do planejamento. Se a correção
fosse feita no sentido horário, a proa seria maior que o planejado.
Anti-horário: Horário:
•Proas menores •Proas maiores
Transferidor para
navegação
Mod. PNA-T360CC
PV Dmg PM DB PB PV DR RV Dmg RM
PV Dmg PM DB PB PV DR RV Dmg RM
Leitura da direção
Agora que você já estudou toda a teoria, está na hora de verificá-la na
prática. Traçaremos uma navegação entre Naviraí (SSNB) e Dourados (SBDO),
ambas situadas no Mato Grosso do Sul.
Em primeiro lugar, devemos consultar o site do DECEA para verificarmos
qual carta WAC deveremos usar, e, caso tenhamos a carta já impressa, confe-
re-se se ela ainda está válida. O link para consultar as cartas WAC atualizadas
está nas referências, ao final desta unidade. Para o exemplo em questão, usa-
remos a carta de Campo Grande, a WAC 3261, cuja última atualização está na
5ª edição, de 2019.
Após adquirida a carta atualizada, vamos achar as localidades em questão
e seus respetivos aeroportos. Os círculos roxos contendo um segmento de reta
PM DR RM
320º 337º
3 PROJEÇÕES
CARTOGRÁFICAS
E UNIDADES DE
MEDIDAS DE
DISTÂNCIA
Tópicos de estudo
Mapas e cartas Escalas e distâncias nas cartas
Rotas ortodrômicas e loxodrô- Escala das cartas
micas Medidas de distâncias (NM, SM e
Tipos de projeções KM) e conversões
Projeções Lambert e Mercator Unidades geodésicas (relações
entre graus e distâncias)
1 1
Mapa Múndi Carta WAC
80000000 1000000
CURIOSIDADE
Devido à característica de cruzar os meridianos em ângulos iguais e pelo fato
dos meridianos convergirem todos para os polos, caso a linha de uma rota
loxodrômica fosse prolongada, seria obtida uma linha espiral até o polo.
A B
Madrid
New York
Figura 3. Rota ortodrômica entre Nova York e Madrid. Fonte: Gis Geography, 2020.
Tipos de projeções
O planejamento correto de uma navegação começa pelo traçado da rota.
Para isso, é indispensável escolher a carta ou mapa que mais se adeque às inten-
ções e/ou área voada. Uma vez que cartas e mapas são projeções cartográficas,
há inúmeras projeções disponíveis, cada qual construída com um propósito.
Uma projeção da superfície da Terra considerada perfeita é aquela que
descreve tudo aquilo que é visto no planeta, como meridianos convergentes
nos polos, paralelos todos equidistantes, sem contar os paralelos e meridia-
nos que se cruzam em ângulos de 90º.
Não obstante, é inviável retratar a superfície esférica da Terra numa superfície
plana sem algum tipo de distorção. Em geral, as projeções cartográficas têm de
representar ângulos, áreas e distâncias. Não há nenhuma projeção que seja fiel
às três propriedades, visto que ao menos uma delas é sacrificada para sustentar a
fidedignidade das demais. Portanto, a escolha da carta ou mapa depende do uso
a ser feito dela. Há diversos critérios para se classificar as projeções cartográficas:
1. Quanto à origem das projeções
Neste aspecto, é avaliado o modo como o ponto de vista do observador e
responsável pela confecção da carta (origem) enxerga os paralelos, meridia-
nos e pontos, plotando-os numa superfície plana.
Uma analogia que explica a origem de projeção é imaginar uma lâmpada
acesa – como se fosse o observador/origem – próxima ao globo terrestre. Os
raios de luz da lâmpada tocam a superfície do globo terrestre e as sombras
projetadas pelos pontos do globo formam a projeção numa superfície. Pela
origem, as projeções são classificadas em três tipos:
Cone desenvolvido
Projeção cônica Os paralelos são círculos
O plano da projeção é um cone concêntricos e os meridianos
envolvendo a esfera terrestre. retos convergem para o polo.
4. Quanto às propriedades
As projeções têm de representar três propriedades da superfície terrestre:
ângulos, áreas e distâncias. Mas conceber uma esfera num plano é impossível
e acaba ocorrendo alguma distorção em relação às propriedades. A depender
da propriedade que a projeção escolheu por manter, dá-se o nome de:
4.1. Conforme: os ângulos são mantidos, mas com deformação nas áreas.
Paralelos e meridianos se cruzam em 90º;
4.2. Equidistante: as distâncias entre os pontos são mantidas, mas há
deformações em ângulos e em áreas;
4.3. Equivalente: as áreas são mantidas, ou seja, a proporção de tama-
nho condiz com a realidade, ao passo que os ângulos são deformados;
4.4. Afilática: não é fiel à nenhuma das três propriedades. O mérito des-
sa projeção é deformar minimamente cada uma das três propriedades de
modo a representar a superfície sem destoar muito da realidade, suavizan-
do as deformações;
P P P
P’ P’ P’
Figura 9. Projeções planas em relação à tangência. Fonte: CAMPOS, [s. d.]. (Adaptado).
Figura 10. Projeções cônicas e cilíndricas relativas à tangência. Fonte: CAMPOS, [s. d.]. (Adaptado).
Figura 11. Projeção Mercator com destaque ao Brasil. Fonte: Ministério da Economia. Acesso em: 15/05/2020.
Pa r
alelos padrões
Para
lelo s padrões
Meridianos são
linhas retas
Figura 12. Zona entre os paralelos padrões em Lambert. Fonte: Flight literacy. Acesso em: 15/05/2020. (Adaptado).
Rotas em Lambert
Rota ortodrômica: linha reta. Como na projeção Lambert,
os meridianos são convergentes. Representam bem os meri-
dianos e o que de fato acontece na superfície terrestre. Assim,
as linhas de rota sobre a projeção expressam arcos de círculos
máximos, logo, rotas ortodrômicas.
Rota loxodrômica: linha curva. Sendo os meridianos convergentes, qualquer
linha de rota, exceto sobre meridianos e Linha do Equador, cruza os meridianos
em ângulos diferentes no decorrer da rota. Para uma rota mantendo angulação
igual a cada meridiano cruzado, a linha de rota deve ser curvada.
Figura 13. Escalas numérica e gráfica na WAC. Fonte: Minísterio da Defesa, 2013. (Adaptado).
1
E=
400000
E = 1:400000
Importante: antes de iniciar as contas, é necessário transformar os 20
km em cm.
Transformando km em cm
1 km equivale a 1000 metros e 1 metro equivale a 100 centímetros. Desse
modo, para transformar quilômetros em centímetros, basta multiplicar por
100000 (cem mil) ou 10⁵. Usando os valores do exemplo:
20 × 100000 = 2000000 cm ou 20 × 10⁵ = 2000000 cm
Transformando cm em km
Para transformar cm em km, se faz o exato oposto ao que foi feito, divi-
dindo o valor por 100000 ou 10⁵.
Exemplo: Ao delinear uma navegação na carta WAC, cuja escala é
1:1000000, a linha de rota resultou numa reta de 9 cm. Para saber a extensão
da rota em quilômetros, se aplica a equação: E = d para achar quantos cm:
D
1 9
=
1000000 D
D = 9 × 1000000
D = 9000000 cm
Agora, para converter o resultado em km, o valor é dividido por 100000
ou 10⁵:
9000000 ÷ 100000 = 90 km ou 9000000 ÷ 10⁵ = 90 km
Resposta: 90 km
CURIOSIDADE
Como a origem da medida eram passos de uma pessoa, os valores muda-
vam para cada pessoa e terreno. Tais alterações eram percebidas dentre
os países que se valiam de tal medida. Para padronizar, em 1592, a rainha
Elizabeth I da Inglaterra decretou, por meio de um estatuto, a correta
medida da milha, da qual vem seu nome statute mile = milha do estatuto.
1 d
=
1000000 1000000
d = 27400000 ÷ 1000000
d = 27,4 cm - resposta da primeira pergunta
4 O USO DO
COMPUTADOR
DE VOO
Tópicos de estudo
O computador de voo Face B: face do vento
Conhecendo os elementos: face A Proa verdadeira (PV) e veloci-
Conhecendo os elementos: face B dade no solo (VS)
Rumo verdadeiro (RV) e veloci-
Face A: face de cálculos dade no solo (VS)
Cálculos com regra de três Direção do vento (DV) e veloci-
Cálculos de velocidade dade do vento (VV)
Cálculos de altitude
CURIOSIDADE
Criado em 1940, o E6-B foi um instrumento muito importante para os pilotos
americanos durante a Segunda Guerra Mundial. Phillip Dalton, seu inven-
tor, era físico por formação e oficial de artilharia. Em 1931, ele se tornou pi-
loto da marinha. Além de ser capaz de realizar diversos tipos de cálculos,
a invenção de Phillip, permitia que os pilotos a usassem com apenas uma
das mãos, deixando a outra livre para operar os instrumentos da aeronave.
Após o ataque a Peral Harbor, o governo americano encomendou mais de
400.000 unidades do computador de voo de Dalton.
II, III
I.
I.
II, III.
Qual a distância percorrida por uma aeronave em 2:15 horas, voando a uma
velocidade de 180 kt? O procedimento é:
I. Colocar o index da escala interna abaixo do 18 da escala externa;
II. Na escala interna, procurar pelo valor horário em minutos: 13,5 (2:15 =
135 minutos);
III. Ler a distância acima do 13,5, na escala externa: 405 nm (40,5).
Na leitura, ao colocar o index abaixo do 18, se lê 180 nm em 60 minutos. A
partir daí, é só buscar na escala interna (que se refere aos minutos) o valor de
135 minutos, e ler a distância na escala externa. Poderia ser procurado o valor de
2:15 na escala horária, e se chegaria ao mesmo resultado.
II, III
I.
I.
II, III
I.
II, III.
Cálculos de altitude
Altitude de densidade (AD) e velocidade aerodinâmica (VA)
Conforme a altitude de voo aumenta, a densidade do ar diminui. Essa varia-
ção de densidade traz significativas mudanças na performance da aeronave e
nas indicações dos instrumentos. Vale lembrar que os instrumentos a bordo da
aeronave são calibrados para variarem/indicarem conforme a atmosfera pa-
drão (ISA) varia, e nos casos em que os voos estiverem fora dos padrões ISA,
esses instrumentos apresentarão erros de indicação.
EXEMPLIFICANDO
Dos elementos convencionados pela ISA (international standard atmosphere),
nos valeremos basicamente de dois deles, pressão e temperatura:
• Pressão: 1013,2 hpa ou 29,92 pol Hg;
• Temperatura: 15 ºC ao nível do mar.
Essa temperatura é a base para o cálculo das temperaturas nos diversos níveis
de voo, lembrando que, pela ISA, a temperatura decresce 2 ºC a cada 1000 pés.
I.
VA
Proa
to
ve
en
a erona rv
Vetor
VV
to
Ve
ão
eç
Dir
Vetor solo
Rumo VS
EXPLICANDO
O cálculo do triângulo de velocidades usa transferidor e régua. Com base
no Norte verdadeiro, usa-se o transferidor para marcar a abertura angular
da proa verdadeira e do rumo verdadeiro, determinando as direções dos
vetores. Com o auxílio da régua, se plota a velocidade aerodinâmica sobre
o ponto da proa verdadeira. A velocidade no solo é marcada sobre o ponto
do rumo verdadeiro. Para as velocidades, é preciso determinar a escala
que o piloto julgar adequada, por exemplo 12 cm = 120 kt, assim, determi-
nando as intensidades dos vetores. Vetor vento sempre sai do vetor avião
para o vetor solo.
1 3
2
6
1 3
6
4
2
5
4
6