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Professor Santos Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar - CIABA Curso de Formação de Oficial de Náutica da Marinha Mercante - FONT

- FONT Versão 1.0

Trigonometria Esférica e
Ortodromia - TEO
Professor Santos Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar - CIABA Curso de Formação de Oficial de Náutica da Marinha Mercante - FONT Versão 1.0

Índice
Objetivo geral

Histórico e Conceitos Fundamentais da Geometria Esférica

Fórmulas Fundamentais da Trigonométrica Esférica

Triângulo Suplementar ou Polar

Fórmula dos Senos e Fórmula das Cotangentes

Triângulos Particulares

Derrota Ortodrômica

As Tábuas ABC de Norie na Derrota Ortodrômica

Parâmetros da Derrota Ortodrômica

Referências
Objetivo geral

Proporcionar ao aluno conhecimentos de Trigonometria Esférica (Geometria da Esfera) para


dar-lhe condições de solucionar problemas inerentes à Navegação por Círculo Máximo
(Ortodromia) e Navegação Astronômica.
Histórico e Conceitos Fundamentais
da Geometria Esférica
História da Trigonometria Esférica
● A etimologia da palavra trigonometria vem do grego tri (três) + gono (ângulo) + metron
(medida), ou seja, ela estuda as relações entre lados e os ângulos de um triângulo.
● O desenvolvimento da trigonometria se deu principalmente devido aos problemas gerados
pela Astronomia, Agrimensura e Navegações, por volta do século IV ou V a.C., com os
egípcios e babilônios.
● Ao longo do tempo as necessidades do homem em calcular o tempo, prever o movimento
dos astros na esfera celeste e modernizar os sistemas de Navegação e a Cartografia na
superfície da Terra, consolidaram o estudo da trigonometria na superfície esférica.
Entretanto, o auxílio da trigonometria plana era necessário.
“A trigonometria esférica é a irmã mais
velha da trigonometria plana”.
( MORITZ)
História da Trigonometria Esférica
● O astrônomo Hiparco de Nicéia, por volta de 180 a 125 a.C., ganhou o direito de ser
chamado "o pai da Trigonometria" pois, na segunda metade do século II a.C., fez um tratado
em doze livros em que se ocupou da construção do que deve ter sido a primeira tabela
trigonométrica.
● Menelau de Alexandria, por volta de 100 d.C., produziu um tratado sobre cordas num
círculo, em seis livros, porém vários deles se perderam. Felizmente o seu tratado Sphaerica,
em três livros, se preservou numa versão árabe e é o trabalho mais antigo conhecido sobre
trigonometria esférica.
● A mais influente e significativa obra trigonométrica da Antiguidade foi o tratado de
astronomia conhecido como Almajesto (que significa "O grande tratado"), obra escrita por
Ptolomeu de Alexandria (150 d.C) que contém 13 livros.
História da Trigonometria Esférica
● A trigonometria se espalhou entre gregos, hindus e árabes, devido suas aplicações à
Astronomia.
● Com a expansão marítima européia, a trigonometria passou a ser usada em cartografia e
topografia.
● Com adoção do sistema heliocêntrico de Copérnico, os cálculos da Astronomia Posicional
precisavam ser refeitos.
● Os capítulos do livro de Copérnico, mostrando toda a importância da Trigonometria para a
Astronomia, foram publicados em 1542 por Rheticus. Este também produziu tabelas
importantes de senos e cossenos que foram publicadas após a sua morte.
Definição de triângulo
1
“Dados três pontos não colineares, se 3
Por que os triângulos têm como lados
ligarmos esses pontos através de segmentos de reta?
segmentos de reta, a figura obtida é um
triângulo”.

2
Mas por que ligar os pontos através de 4
Uma das razões é para que tenhamos
segmentos de retas e não por arcos de uma definição consistente. Dados dois
circunferência, ou parábolas? pontos, existe um único segmento de
reta que os une, enquanto, arcos de
circunferência ou parábola temos
infinitos.
Geodésica
1
A derrota de um navio de Lisboa a 3
Na superfície esférica as geodésicas são
Belém do Pará acompanha a geometria, arcos de círculos máximos e no plano as
aproximadamente, esférica da Terra. geodésicas são segmentos de reta.
Portanto, a menor distância entre
Belém e Lisboa não é uma reta.

2
Dentre todas as possíveis derrotas de 4
Na esfera, o caminho mais curto entre
Lisboa a Belém existe uma de dois pontos é dado por um arco de
comprimento mínimo. Esta curva de circunferência obtida intersectando a
menor comprimento é denominada esfera com um plano contendo o seu
GEODÉSICA. centro. Essa circunferência é
usualmente designada por círculo
máximo.
Linhas notáveis de uma
superfície esférica
Uma circunferência, na esfera, pode
ser obtida intersectando a esfera com
um plano. Quando o plano contém o
centro da esfera obtém-se um círculo
máximo. A circunferência verde é um
círculo máximo, mas a circunferência
cor-de-laranja é um círculo menor.

Fonte: https://www.atractor.pt/mat/GeomEsf/imgs/figura5b.png
Definição geral de colinearidade

Três ou mais pontos são colineares se


todos esses pontos estão sobre uma
mesma geodésica.
Definição de triângulo em um superfície S

Dada uma superfície S, um triângulo em S é


a curva (contida em S) determinada pela
ligação de três pontos não colineares
através de geodésicas.
Triângulo Esférico
É a curva, contida na superfície
esférica, formada pela ligação de
três pontos não colineares
através de arcos de círculos
máximos.

Fonte: TOUSSAINT (2006)


“A trigonometria esférica estuda as
relações entre os lados e os ângulos de
um triangulo esférico”.
Principais linhas, pontos e planos do globo terrestre

● Eixo da Terra
Eixo que a Terra executa seu movimento de rotação no sentido de oeste para leste. E é o
lugar geométrico cuja a velocidade tangencial de rotação é zero.
● Pólos
São dois pontos da superfície da Terra esférica opostos contidos no eixo de rotação. O polo
norte, boreal ou ártico situa-se na região ártica da Terra, já o polo sul, austral ou antártico
situa-se no continente Antártico.
Plano Equatorial
É o plano perpendicular ao eixo de rotação da
Terra e que contém o seu centro.

Equador da Terra
É o círculo máximo resultante da interseção do
plano equatorial com a superfície terrestre. O
equador divide a Terra em dois hemisféricos, o
hemisfério norte e o hemisfério sul.
Fonte: MIGUENS (2019, p. 6)
Paralelos
São círculos menores paralelos ao Equador e,
portanto, perpendiculares ao Eixo da Terra.
Seus raios são sempre menores que o do
Equador.

Fonte: MIGUENS (2019, p. 6)


Meridianos
É a semicircunferência máxima cujo plano
contém o eixo de rotação da Terra,
geralmente aquele que contem os pólos e um
ponto da superfície esférica é denominado de
meridiano do lugar. Ao longo dos meridianos
define-se as direções N-S.

Fonte: MIGUENS (2019, p. 7)


Sistemas de coordenadas geográficas

As localizações na Terra podem ser indicadas segundo um sistema de


coordenadas esférico. Esse sistema define dois ângulos medidos a partir do centro
da Terra. Se combinar estes dois ângulos, poderá ser indicada qualquer
localização na Terra.
Latitude de um lugar
É o arco de meridiano compreendido pelo
EQUADOR e o PARALELO DO LUGAR.
Conta-se de 0o a 90o para Norte ou para Sul do
Equador.

Longitude de um lugar
É o arco do Equador, ou o ângulo no Pólo,
compreendido pelo MERIDIANO DE
GREENWICH e o MERIDIANO DO LUGAR.
Conta-se de 0o a 180o para Leste ou para Oeste
de Greenwich. O meridiano de Greenwich é
denominado PRIMEIRO MERIDIANO.
Distâncias na superfície da Terra
É a separação espacial entre dois pontos na superfície da Terra expressa pelo comprimento
do menor arco de círculo máximo que os une. Em navegação as DISTÂNCIAS são normalmente
medidas em MILHAS NÁUTICAS.

Para um comprimento de arco de circunferência constante quanto maior o raio de uma


circunferência, mais o comprimento do arco se aproxima do comprimento de um segmento de
reta. Como as circunferências de maior raio contidas numa superfície esférica S são as
circunferências máximas, é razoável esperar que a distância entre dois pontos, em S, A e B seja o
comprimento do arco menor AB da circunferência máxima que passa por A e B. Uma prova formal
desta afirmação é feita por Alves (2009).
Milha Náutica
É o comprimento do arco de meridiano que subtende um ângulo de 1 minuto no centro da
Terra. Mais resumidamente, pode-se definir a milha náutica como sendo o comprimento do arco
de 1’ de Latitude.

Dado que o raio médio da Terra é RT = 6370 km (HALLIDAY & RESNICK, 2016), temos
C = 2 𝝅 RT ≌ 40.023,89 km
é o comprimento do arco de meridiano esférico que corresponde ao ângulo de 360o, portanto o
comprimento do arco de meridiano que corresponde a 1o é
40.023,89 / 360 ≌ 111,177 km = 111177 m.
Assim, concluímos que
1 milha náutica = 111177 / 60 = 1.852,95 m
Ortodromia
É qualquer segmento de um círculo
máximo da esfera terrestre. É, assim, a
menor distância entre dois pontos na
superfície da Terra.

Fonte: MIGUENS (2019, p. 9)


Loxodromia ou linha de rumo
É a linha que intercepta os vários
meridianos segundo um ângulo constante,
embora a menor distância entre dois pontos
na superfície da Terra seja uma ortodromia,
isto é, o arco do círculo máximo que passe
pelos dois pontos, em navegação é quase
sempre mais conveniente navegar por uma
loxodromia, isto é, por uma linha de rumo,
indicada pela Agulha, na qual a direção da
proa do navio corte todos os meridianos sob
um mesmo ângulo.
Fonte: MIGUENS (2019, p. 1158)
A geometria na esfera é não euclidiana

Dada uma circunferência máxima C e um ponto P


na superfície esférica fora dela, toda circunferência
máxima que passa por P intersecta C.

Como as circunferências máximas na superfície da


esfera correspondem às retas na geometria plana,
podemos afirmar que o conceito de paralelismo não
existe na superfície esférica. Portanto, a GEOMETRIA
ESFÉRICA é uma geometria NÃO EUCLIDIANA.

Fonte: SANTOS (2014, p. 34)


Ângulo Esférico
O ângulo α formado em uma superfície esférica pela interseção de dois arcos de
circunferências máximas denomina-se ângulo esférico. Os arcos das circunferências máximas são
os lados e o seu ponto de interseção, o vértice do ângulo esférico. A medida do ângulo esférico é
igual a medida do ângulo do diedro formado pelos planos que contêm as circunferências máximas,
ou ainda, é igual a medida do ângulo plano formado pelas retas tangentes à superfície esférica no
vértice. A medida de um ângulo esférico é menor ou igual a 180o.
Ângulo Esférico

Fonte: SILVA FILHO (2014, p. 16) Fonte: SANTOS (2014, p. 38)


Fuso Esférico
Um fuso esférico é a região da superfície esférica
compreendida entre dois meridianos. Chamamos de
vértices do fuso esférico aos dois pontos em comum
pertencentes aos meridianos e diametralmente opostos.
Se o ângulo do fuso construído sobre uma
superfície esférica de raio r mede α radianos, a área
desse fuso é igual a 2.α.r2.

Fonte: Lima (1984, p. 6)


Fuso Esférico
Dado um fuso φ na superfície esférica, o conjunto formado
por todos os antípodas dos pontos de φ é também um fuso φ′,

chamado de fuso antípoda de φ. A reunião Φ = φ∪φ′ chama-se

um fuso completo.
Seja φ o fuso construído sobre uma superfície esférica de
raio r e φ′ o fuso antípoda de φ. Então, a área do fuso completo Φ

= φ∪φ′ é igual a 4.α.r2, onde α é o ângulo do fuso esférico.

NOTA: Ponto antípoda P′ é o ponto diametralmente oposto a um


Fonte: SANTOS (2014, p. 40)
ponto P da superfície esférica.
TEOREMA DO FUSO ESFÉRICO COMPLETO

Seja Φ um fuso completo, cujo ângulo mede α


radianos. Qualquer plano que passe pelo
centro da superfície esférica S, a decompõe
em dois hemisférios H e H′. As partes R e R′ do
fuso completo Φ contidas em cada um desses
hemisférios têm a mesma área 2.α.r2.
Demonstração
Se P é um ponto do fuso completo Φ no
hemisfério H, seu antípoda P′ no hemisfério H′ ainda
pertence a Φ.
Então, a região R′ é a antípoda da região R e pela
correspondência biunívoca entre seus pontos
possuem a mesma área.
(área de R) + (área de R′) = 4.α.r2
2.(área de R) = 4.α.r2
(área de R) = (área de R′) = 2.α.r2 Fonte: SILVA FILHO (2014, p. 18)
Elementos do Triângulo Esférico
Os lados do triângulo esférico são definidos pelo ângulo do
setor circular determinado por dois vértices e o centro da esfera.
Na figura o lado a corresponde a medida do ângulo do setor
circular BOC, o lado b corresponde a medida do ângulo do setor
circular AOC e o lado c corresponde a medida do ângulo do setor
circular AOB.
Os ângulos do triângulo ABC são os ângulos esféricos
internos definidos nos vértices A, B e C pelos arcos de círculo
máximo (dois a dois lados do triângulo esférico).
Fonte: COUTINHO (2001, p. 84)
Elementos do Triângulo Esférico
A todo triedro corresponde um triângulo
esférico, que está sobre a superfície esférica cujo
centro é o vértice desse triedro, tal que seus lados
medem ângulos das faces do triedro e seus ângulos
medem ângulos diedros formado pelas faces.

Fonte: SILVA FILHO (2014, p. 18)


TEOREMA DE GIRARD

Se α, β e γ são os ângulos internos de um


triângulo esférico, medidos em radianos,
então, α + β + γ = π + A / r2 , onde A é a área do
triângulo esférico e r é o raio da esfera que
contém o triângulo.
Demonstração
Seja H um hemisfério que contenha o triângulo
esférico gerado pelas intersecções das circunferências
máximas C1, C2 e C3. Prolongando nos dois sentidos os lados
que formam o ângulo α até encontrarem o bordo do
hemisfério H, obtém-se uma região Rα, cuja área mede 2.α.r2
de acordo com o teorema do fuso esférico completo.

Fonte: LIMA (1984, p. 6)


Demonstração
Procedendo da mesma maneira com os lados que formam os ângulos β e γ obtém-se,
respectivamente, as regiões Rβ e Rγ cujas áreas são 2.β.r2 e 2.γ.r2 .
A união das regiões Rα, Rβ e Rγ é igual a área do hemisfério H, como a intersecção delas é a
área A do Triângulo esférico ABC, então:
(área de Rα) + (área de Rβ) + (área de Rγ) - 2.A = 2.π.r2
2.α.r2 + 2.β.r2 + 2.γ.r2 - 2.A = 2.π.r2 (÷ 2.r2)
α + β + γ - A / r2 = π
α + β + γ = π + A / r2 c.q.d
Consequências do teorema de Girard
1) Se α + β + γ = π + A / r2 e A > 0, então, α + β + γ > π. Portanto, para todo triângulo esférico a
soma de seus ângulos internos excede 180o e esse excesso é denominado de EXCESSO
ESFÉRICO E = α + β + γ - π.
2) De acordo com a definição de triângulo esférico, ele sempre estará contido em um
hemisfério e, portanto, sua área não pode ser maior do que 2.π.r2. Se α + β + γ = π + A / r2 e A
< 2.π.r2, então, α + β + γ < 3π.
3) De (1) e (2) temos que:
π < α + β + γ < 3π
ÁREA DO TRIÂNGULO ESFÉRICO

Sejam α, β e γ os ângulos internos de um


triângulo esférico, medidos em radianos,
então a área A desse triângulo é dada por
A = E . r2
onde E = α + β + γ - π é o excesso esférico do
triângulo.
Classificação dos triângulos esféricos

A. Triângulos esféricos retângulos: Um triângulo esférico é dito retângulo quando possui um


ângulo reto. Um triângulo esférico retângulo pode ter um, dois ou três ângulos retos, são
chamados de triângulo retângulo, bi-retângulo ou tri-retângulo, respectivamente.
B. Triângulos esféricos retiláteros: Um triângulo esférico é retilátero quando possui um lado
igual 90◦, esse lado é chamado de quadrantal. Um triângulo esférico que possui dois lados
quadrantais, é chamado de bi-retilátero. Além disso, quando um triângulo esférico for
tri-retângulo, obviamente os seus três lados são quadrantais.
C. Triângulos esféricos obliquângulos: Um triângulo esférico é obliquângulo quando não
possui ângulo reto.
Observação: Um caso especial é quando o triângulo esférico é isósceles, aquele que possui dois
ângulos congruentes.
Fórmulas Fundamentais da
Trigonométrica Esférica
Propriedades dos triângulos esféricos Estudar em casa.

P1. Cada lado de um triângulo esférico é menor que a soma e maior que a diferença dos outros
dois.
|b-c|<a<b+c; |c-a|<b<c+a; |a-b|<c<a+b Verificar!
P2. A soma dos 3 lados de um triângulo esférico é maior que 0o e menor que 360o.
0o < a + b + c < 360o Verificar!
P3. A soma dos 3 ângulos de um triângulo esférico é maior que 180o e menor que 540o.
180o < A + B + C < 540o Consequência do teorema de Girard
Propriedades dos triângulos esféricos Estudar em casa

P4. Se 2 lados de um triângulo esférico são iguais, os ângulos opostos também são iguais. A
recíproca é verdadeira.
a = b se, e somente se, A = B Proposição imediata
P5. Ao maior lado se opõe o maior ângulo e vice-versa.
Proposição imediata
P6. A soma de dois ângulos é menor que o terceiro acrescido de 180o e a diferença é menor que o
suplemento do terceiro.
A + B < C + 180o ; A - B < 180 - C
Será verificado após a definição de triângulo polar
Demonstração da P1

Como a todo triângulo esférico está associado um triedro


cujos ângulos das faces correspondem á medida dos lados
desse triângulo, basta provar que qualquer ângulo da face do
triedro é menor que a soma dos outros dois.
A propriedade é verdadeira se os ângulos das três faces

do triedro são iguais. Considere então ∠XOY o maior ângulo

das faces de um triedro O-XYZ.

Fonte: AYRES (1971, p. 148)


Demonstração da P1
Determina-se em OX um ponto qualquer A, em OY um

ponto qualquer B e em AB um ponto D tal que ∠AOD = ∠XOZ.

Considera-se em OZ um ponto C tal que OC = OD.


No triângulo ABC, AC + CB > AB, AB = AD + DB e, portanto,
AC + CB > AD + DB. Como os triângulos AOC e AOD são
congruentes (LAL), AD = AC. De onde obtemos AC + CB > AC +
DB e, portanto, CB > DB.

Fonte: AYRES (1971, p. 148)


Demonstração da P1
Se CB > DB e os lados OD e OB do triângulo ODB são,
respectivamente, iguais aos lados OC e OB do triângulo OCB,

então ∠COB > ∠DOB. Por hipótese ∠AOC = ∠AOD.


Portanto, ∠COB + ∠AOC > ∠AOD +∠DOB = ∠AOB.

∠COB + ∠AOC > ∠AOB, ou seja,


a+b>c
Provamos que a medida do maior lado é menor do que a
soma das medidas dos outros dois lados, portanto,
Fonte: AYRES (1971, p. 148)
c+a>b ; b+c>a
Demonstração da P1
Se c é o maior lado, então,
a+b>c ⇒ c-a<b ; c-b<a
|c - a| < b ; |b - c| < a
Por fim, se a < c e b < c, então,
a-b<c-b<c ⇒ |a - b| < c
Assim, verificamos que
|b-c|<a<b+c; |c-a|<b<c+a; |a-b|<c<a+b ◾

Fonte: AYRES (1971, p. 148)


Demonstração da P2
Assinale três pontos quaisquer A, B, C nas arestas do
triedro O-XYZ. Observe que existem três triângulos com vértice
em O e que a soma dos ângulos internos desses triângulos é 3 .
180o =540o, isto é,

∠AOB + ∠BOC + ∠COA + (∠OAB + ∠OAC) + (∠OBA +


∠OBC) + (∠OCA + ∠OCB) = 540o. (*)

Da propriedade 1, temos

∠OAB + ∠OAC > ∠BAC; ∠OBA + ∠OBC > ∠ABC; e


Fonte: AYRES (1971, p. 148)
∠OCA + ∠OCB > ∠ACB
Demonstração da P2
Substituindo em ( * ) temos,

∠AOB + ∠BOC + ∠COA + (∠BAC + ∠ABC + ∠ACB) < 540o.


Onde (∠BAC + ∠ABC + ∠ACB) é a soma dos ângulos internos

do triângulo ABC, portanto,

∠AOB + ∠BOC + ∠COA < 540o - (∠BAC + ∠ABC + ∠ACB)


∠AOB + ∠BOC + ∠COA < 540o - 180o
∠AOB + ∠BOC + ∠COA < 360o
a + b + c < 360o ◾ Fonte: AYRES (1971, p. 148)
Fórmulas gerais da trigonometria esférica

A Trigonometria Esférica estabelece relações convenientes entre os 6 elementos de um


triângulo esférico (3 lados e 3 ângulos), tornando possível o cálculo de 3 desses elementos,
quando forem conhecidos os outros 3.
Assim, cada elemento desconhecido é calculado em função de outros 3, proporcionando, em
cada caso, uma combinação de 4 elementos. Como são 6 os elementos de um triângulo, temos que
ver quantas combinações poderemos fazer com esses 6 elementos 4 a 4.
Deste modo, com 15 fórmulas teremos abrangido todos os casos de resolução a seguir
expostos.
Razões Trigonométricas nos Triângulos Esféricos
Nos triângulos esféricos pode-se falar em seno e cosseno
de seus ângulos internos e também de seus lados. Mas como se
obter essas e outras razões trigonométricas nesses triângulos?
Os valores do seno, cosseno, tangente e demais razões
para os ângulos internos de um triângulo esférico, são as
mesmas dos ângulos planos formados pelas retas tangentes ao
ponto de interseção de seus lados.
De forma semelhante, as medidas dos lados a, b e c de um
triângulo esférico ABC são dadas em graus. Assim, as razões
trigonométricas para esses lados, que são arcos, serão as
mesmas do arco correspondente no ciclo trigonométrico. Fonte: SANTOS (2014, p. 45)
LEI DOS COSSENOS NOS TRIÂNGULOS ESFÉRICOS

Em qualquer triângulo esférico de lados a, b e c, e


ângulos opostos A, B e C, respectivamente, o cosseno de
um de seus lados é igual ao produto dos cossenos dos
outros dois lados, mais o produto dos senos dos
referidos lados pelo cosseno do ângulo formado por eles,
ou seja,
cos (a) = cos (b) . cos (c) + sen (b) . sen (c) . cos (A).
Demonstração da Lei dos Cossenos

Fonte: ZANELLA (2013, p. 93)


Demonstração da Lei dos Cossenos
No triângulo retângulo OAM (∠OAM = 90o e OA = 1), temos:

tg (c) = AM e sec (c) = OM.

No triângulo retângulo OAN (∠OAN = 90o e OA = 1), temos:

tg (b) = AN e sec (b) = ON.


Aplicando a Lei dos Cossenos aos triângulos planos MNO e
AMN, obtemos:
MN2 = OM2 + ON2 - 2 . OM . ON . cos (a)
MN2 = AM2 + AN2 - 2 . AM . AN . cos (A)
Fonte: SANTOS (2014, p. 47)
Demonstração da Lei dos Cossenos
Igualando e substituindo:
sec2 (c) + sec2 (b) - 2 . sec (c) . sec (b) . cos (a) = tg2 (c) + tg2 (b) - 2 . tg (c) . tg (b) . cos (A)
- 2 . sec (c) . sec (b) . cos (a) = tg2 (c) - sec2 (c) + tg2 (b) - sec2 (b) - 2 . tg (c) . tg (b) . cos (A)
- 2 . sec (c) . sec (b) . cos (a) = - 2 - 2 . tg (c) . tg (b) . cos (A)
sec (c) . sec (b) . cos (a) = 1 + tg (c) . tg (b) . cos (A)
Multiplicando os dois lados dessa igualdade por cos (b) . cos (c), obtemos
cos (b) . cos (c) . sec (c) . sec (b) . cos (a) = cos (b) . cos (c) + tg (c) . tg (b) . cos (A) . cos (b) . cos (c)
Logo,
cos (a) = cos (b) . cos (c) + sen (b) . sen (c) . cos (A)
Demonstração da Lei dos Cossenos

Nesta demonstração assumimos que os lados que formam


o ângulo A􏰀 são ambos menores que um quadrante, pois
admitimos que as tangentes ao ponto A encontram os
prolongamentos dos raios OB e OC. Portanto, se faz necessário
mostrar que a fórmula obtida também é válida se esses lados
não forem ambos menores que um quadrante. Tal prova pode
ser encontrada em Santos (2014).
Fonte: SANTOS (2014, p. 47)
Combinação de 3 lados a cada um dos ângulos
Por dedução semelhante, chegaríamos às outras duas combinações,
completando assim o grupo das chamadas FÓRMULAS FUNDAMENTAIS
DA TRIGONOMÉTRICA ESFÉRICA:
cos (a) = cos (b) . cos (c) + sen (b) . sen (c) . cos (A)
cos (b) = cos (a) . cos (c) + sen (a) . sen (c) . cos (B)
cos (c) = cos (a) . cos (b) + sen (a) . sen (b) . cos (C)
Exemplo 1: Distâncias na superfície da Terra

Um avião saindo de Macapá para Londres,


percorrerá quantos quilômetros se seguir a rota mais
curta possível?
Dados:
𝜑Macapá = - 0o02'20'' ≅ 0o
𝜆Macapá = - 51o03'59'' ≅ - 51o
𝜑Londres = 51o30'30'' ≅ 51,5o
𝜆Londres = - 0o07'32'' ≅ 0o

Fonte: SANTOS (2014, p. 60)


Solução
No triângulo esférico da figura temos:
b = 90o - 𝜑Londres ; c = 90o - 𝜑Macapá e A = ∆𝜆 = 𝜆Londres - 𝜆Macapá
portanto,
b = 38,5o ; c = 90o e A =51o
Aplicando a Lei dos Cossenos:
cos (a) = cos (b) . cos (c) + sen (b) . sen (c) . cos (A)
cos (a) = cos (38,5o) . cos (90o) + sen (38,5o) . sen (90o) . cos (51o)
cos (a) = 0 + 0,6225 . 1 . 0,62932 = 0,39176
a = arccos (0,39176) ≅ 66,9o
Fonte: Adaptado de SANTOS (2014, p. 60)
Solução

Considerando que o raio médio da Terra é de 6370 km:


D = 𝛼 . RT = a . 𝜋 . RT / 180o
D = 7.437,773 km

Fonte: Adaptado de SANTOS (2014, p. 60)


Exemplo 2: Distâncias na superfície da Terra
Chicago e Roma situam-se na mesma latitude (42°N) mas em longitudes diferentes: a de
Chicago é aproximadamente 88° W e a de Roma aproximadamente 12° E.
a) Suponha que um piloto tenha ido de Chicago a Roma em vôo no rumo leste, permanecendo o
tempo todo na mesma latitude. (Muita gente acha que esse é o caminho mais curto possível). Que
distância o piloto teve de voar?
b) Qual a distância de Chicago a Roma por circunferência máxima?
c) Quanto tempo se economizaria voando em uma circunferência máxima num avião a jato capaz de
fazer uma velocidade média de 900 km/h?
Solução
(a)
sen 𝜃 = raio do paralelo / Raio da Terra = r / R
onde
𝜃 = 90o - LatRoma/Chicago = 90o - 42o = 48o
portanto,
r = R sen 48o = 6370 . 0,7431448 = 4733,8325383 km
Comprimento do arco de paralelo que liga Chicago a Roma:
d = ∆𝜆RAD . r
onde ∆𝜆RAD é a variação de longitude em radianos
∆𝜆RAD = 100𝜋/180.
Logo,
d = ∆𝜆RAD . r = 100𝜋 . r/180 =8.262,0964 km
Solução
(b) No triângulo esférico que tem como vértices Chicago,
Roma e o polo Norte, temos
b = 90o - 𝜑Chicago ; c = 90o - 𝜑Roma e A = ∆𝜆 = 𝜆Roma - 𝜆Chicago
portanto,
b = 48o ; c = 48o e A =100o
Aplicando a Lei dos Cossenos:
cos (a) = cos (b) . cos (c) + sen (b) . sen (c) . cos (A)
cos (a) = cos (48o) . cos (48o) + sen (48o) . sen (48o) . cos (100o)
cos (a) = 0 ,669132+ 0,7431452 . (-0,1736482) = 0,351836
a = arccos (0,351836) ≅ 69,40034017o
portanto,
D = aRAD . R = 69,40034017 . 𝜋 . 6370/180 =7.715,75447 km
Solução

(c) Diferença entre as distâncias


d - D = 8.262,0964 - 7.715,75447 = 546,34193 km
portanto,
∆t = (d - D) / vM = (546,34193 km) / (900 km/h)
∆t = 0,60704659 h = 36 minutos e 25,36772 segundos
Triângulo Suplementar ou Polar
Polo de uma circunferência máxima

Seja C uma circunferência máxima sobre a superfície


esférica S. Chamamos de polo da circunferência máxima C o
ponto P sobre S tal que, a distância de P a qualquer ponto de C é
igual a 𝜋/2.

Fonte: SANTOS (2014, p. 37)


Triângulo Suplementar ou Polar
Sejam A, B e C os vértices de um triângulo esférico;
construam-se três círculos máximos tendo tais vértices como
polos. Denomina-se por A' a interseção dos círculos máximos
que possuem B e C como polos; por B' a interseção dos círculos
máximos que possuem A e C como polos; e por C' a interseção
dos círculos máximos que possuem A e B como polos. O
triângulo esférico A'B'C' é chamado de triângulo polar ou
triângulo suplementar de ABC. Designaremos por a', b' e c' os
lados do triângulo polar. Fonte: ABREU JÚNIOR (2013, p. 27)
TRIÂNGULO POLAR

O triângulo polar de um triângulo esférico ABC é


outro triângulo esférico A′B′C′ que se obtêm a partir de
circunferências máximas cujos polos são os vértices do
triângulo ABC. Se A′B′C′ é o triângulo polar de ABC, então
ABC é o triângulo polar de A′B′C′.
Propriedade
Em dois triângulos polares, cada ângulo de um triângulo é igual ao
suplemento do lado oposto correspondente, do outro triângulo.
Prova
Como B é pólo de A'E, então, BE = 90o. Do mesmo modo, sendo C
pólo de A'D, então, CD = 90o. E, ainda, A' = DE.
Da figura temos:
a = (BE + CD) - DE = 180o - A'◾
Portanto,
a = 180o - A' , b = 180o - B' e c = 180o - C'
a' = 180o - A , b' = 180o - B e c' = 180o - C
Fonte: SILVA FILHO (2014, p. 23)
Demonstração de P6
P6. A soma de dois ângulos é menor que o terceiro acrescido de 180o e a diferença é menor que o
suplemento do terceiro.
A + B < C + 180o ; A - B < 180 - C
Prova
a' = 180o - A , b' = 180o - B e c' = 180o - C
a' + b' =360o - (A + B) ou A + B =360o - (a' + b')
a' + b' > c' ⟹ A + B < 360o - c' ⟹ A + B < 360o - (180o - C)
A + B < C + 180o
Usando a diferença entre duas equações mostra-se que
A - B < 180 - C◾
LEI DOS COSSENOS PARA ÂNGULOS

Sejam A, B, C os vértices de um triângulo esférico e a,


b, c são as medidas dos respectivos lados opostos. Então
cos (A) = - cos (B) . cos (C) + sen (B) . sen (C) . cos (a),
cos (B) = - cos (A) . cos (C) + sen (A) . sen (C) . cos (b),
cos (C) = - cos (A) . cos (B) + sen (A) . sen (B) . cos (c).
Combinação de 3 ângulos a cada um dos lados
Aplicando a Lei dos Cossenos ao triângulo polar A'B'C' do triângulo esférico ABC, temos:
cos (a') = cos (b') . cos (c') + sen (b') . sen (c') . cos (A').
Portanto, das propriedades do triângulo polar
cos (180o - A) = cos (180o - B) . cos (180o - C) + sen (180o - B) . sen (180o - C) . cos (180o - a)
[- cos (A)] = [- cos (B)] . [- cos (C)] + sen (B) . sen (C) . [- cos (a)]
Logo,
cos (A) = - cos (B) . cos (C) + sen (B) . sen (C) . cos (a)
Da mesma forma demonstra-se as outra duas relações.
cos (B) = - cos (A) . cos (C) + sen (A) . sen (C) . cos (b)
cos (C) = - cos (A) . cos (B) + sen (A) . sen (B) . cos (c)◾
Fórmula dos Senos e Fórmula das
Cotangentes
LEI DOS SENOS PARA TRIÂNGULOS ESFÉRICOS

Em todo triângulo esférico, os senos dos ângulos


são proporcionais aos senos dos lados opostos:
DEDUZIR ESSAS FÓRMULAS PRA GANHAR UM PONTO EXTRA

Combinação de 2 ângulos a 2 lados opostos


Seja ABC um triângulo esférico. Pelo ponto C foi traçado
um círculo máximo que é perpendicular a AB e encontra este
arco em D, então define-se CD = h.
No triângulo ACD, levando em conta que D = 90o, segue da
Lei dos cossenos dos lados e dos ângulos que
sen (h) = sen (b) . sen (A).
Do mesmo modo no triângulo BCD,
sen (h) = sen (a) . sen (B). Fonte: ABREU JÚNIOR (2013, p. 32)
Então,
sen (a) . sen (B) = sen (b) . sen (A)
Combinação de 2 ângulos a 2 lados opostos
Portanto,
sen (A) / sen (a) = sen (B) / sen (b)
De forma análoga obtemos:
sen (A) / sen (a) = sen (C) / sen (c)
e
sen (B) / sen (b) = sen (C) / sen (c)◾

Fonte: ABREU JÚNIOR (2013, p. 32)


FÓRMULA DAS COTANGENTES OU FÓRMULA DE ELEMENTOS CONSECUTIVOS

Em todo triângulo esférico, dados 4 elementos consecutivos


obtemos:
cotg (a) . sen (c) = cotg (A) . sen (B) + cos (c) . cos (B)
cotg (a) . sen (b) = cotg (A) . sen (C) + cos (b) . cos (C)
cotg (b) . sen (a) = cotg (B) . sen (C) + cos (a) . cos (C)
cotg (b) . sen (c) = cotg (B) . sen (A) + cos (c) . cos (A)
cotg (c) . sen (a) = cotg (C) . sen (B) + cos (a) . cos (B)
cotg (c) . sen (b) = cotg (C) . sen (A) + cos(b) . cos (A)
Combinação de 4 elementos consecutivos
Com origem nas fórmulas fundamentais, chegaríamos às
últimas 6 fórmulas, atingindo o total das 15 combinações
procuradas:
cotg (a) . sen (c) = cotg (A) . sen (B) + cos (c) . cos (B)
cotg (a) . sen (b) = cotg (A) . sen (C) + cos (b) . cos (C)
cotg (b) . sen (a) = cotg (B) . sen (C) + cos (a) . cos (C)
cotg (b) . sen (c) = cotg (B) . sen (A) + cos (c) . cos (A)
cotg (c) . sen (a) = cotg (C) . sen (B) + cos (a) . cos (B)
cotg (c) . sen (b) = cotg (C) . sen (A) + cos(b) . cos (A)
Fonte: MIGUENS (2019, p. 600)
Demonstração da fórmula das cotangentes
Das fórmulas fundamentais, temos:
cos (A) = - cos (B) . cos (C) + sen (B) . sen (C) . cos (a) (1)
cos (C) = - cos (A) . cos (B) + sen (A) . sen (B) . cos (c) (2)
De (1) segue
cos (B) . cos (C) = - cos (A) + sen (B) . sen (C) . cos (a) (3)
Multiplicando (2) por cos (B)
cos (B) . cos (C) =
- cos (A) . cos2 (B) + cos (B) . sen (A) . sen (B) . cos (c) (4)

Fonte: MIGUENS (2019, p. 600)


Demonstração da fórmula das cotangentes
Igualando (3) e (4):
- cos (A) + sen (B) . sen (C) . cos (a) =
- cos (A) . cos2 (B) + cos (B) . sen (A) . sen (B) . cos (c)
- cos (A) + sen (B) . sen (C) . cos (a) =
- cos (A) . [1 - sen2 (B)] + cos (B) . sen (A) . sen (B) . cos (c)
- cos (A) + sen (B) . sen (C) . cos (a) =
- cos (A) + cos (A) . sen2 (B) + cos (B) . sen (A) . sen (B) . cos (c)
sen (B) . sen (C) . cos (a) =
cos (A) . sen2 (B) + cos (B) . sen (A) . sen (B) . cos (c)
Fonte: MIGUENS (2019, p. 600)
Demonstração da fórmula das cotangentes
Resultando em:
sen (C) . cos (a) = cos (A) . sen (B) + cos (B) . sen (A) . cos (c) (5)
Pela lei dos senos
sen (C) = sen (c) . sen (A) / sen (a)
Substituindo em (5):
sen (c) . sen (A) . cotg (a) = cos (A) . sen (B) + cos (B) . sen (A) . cos (c)
Dividindo por sen (A), concluímos a demonstração:
cotg (a) . sen (c) = cotg (A) . sen (B) + cos (B) . cos (c)◾
De forma análoga obtém-se as outras 5 fórmulas.
Fonte: MIGUENS (2019, p. 600)
"Todo o trabalho restante da Trigonometria
Esférica se resume, praticamente, na
simplificação destas fórmulas gerais, que
são suficientes para resolver qualquer caso
clássico que se apresente."
( MIGUENS, 2019)
Fórmulas empregadas na resolução dos
triângulos esféricos obliquângulos
Fórmulas para o ângulo metade

Em todo triângulo esférico ABC,


Fórmulas para o semi lado

Em todo triângulo esférico ABC,


Analogias de Gauss - Delambre

Em todo triângulo esférico ABC,

OBS: As outras fórmulas são obtidas mediante a permutação cíclica das letras
Analogias de Napier ou Neper (latim)

Em todo triângulo esférico ABC,

OBS: As outras fórmulas são obtidas mediante a permutação cíclica das letras
Seis casos de resolução de triângulos obliquângulos

Um triângulo esférico obliquângulo está determinado quando se conhece


quaisquer três de seus elementos. Para tanto, temos que considerar SEIS
casos:
Caso I : Dados os três lados;
Caso II : Dados os três ângulos;
Caso III : Dados dois lados e o ângulo compreendido;
Caso IV : Dados dois ângulos e o lado compreendido;
Caso V : Dados dois lados e um ângulo oposto a um deles;
Caso VI : Dados dois ângulos e um lado oposto a um deles;
Caso I: Dados os três lados (a, b, c)

Resolver o triângulo esférico obliquângulo ABC, dados a = 121o15,4',


b = 104o54,7' e c = 65o42,5'.
Dados: a = 121o15,4',
b = 104o54,7',
c = 65o42,5' e
p = (a+b+c) / 2
=145o56'21''
Caso I: Dados os três lados (a, b, c)
Usando o MATLAB obtemos:
tg (A/2) = 1,663168101310862 ⟹ A = 2 . arctg (1,663168101310862)
tg (B/2) = 1,057975731198695 ⟹ B = 2 . arctg (1,057975731198695)
tg (C/2) = 0,704696237827720 ⟹ C = 2 . arctg (0,704696237827720)
A = 117,9662007231908o = 117o57'58,3226''
B = 93.227332899374588o = 93o13'38,39844''
C = 70.344418079376126o = 70o20'39,9051''
Verificação
sen (A) / sen (a) = sen (B) / sen (b) = sen (C) / sen (c) =1,033208664411776
Caso II: Dados os três ângulos (A, B, C)

Resolver o triângulo esférico obliquângulo ABC, dados A = 117o22,8',


B = 72o38,6' e C = 58o21,2'.
Dados: A = 117o22,8',
B = 72o38,6',
C = 58o21,2' e
S = (A+B+C) / 2
=124o11'18''
Caso II: Dados os três ângulos (A, B, C)
Usando o MATLAB obtemos:
tg (a/2) = 1,480412145607630 ⟹ a = 2 . arctg (1,480412145607630)
tg (b/2) = 0,927206399296488 ⟹ b = 2 . arctg (0,927206399296488)
tg (c/2) = 0,610333971634137 ⟹ c = 2 . arctg (0,610333971634137)
a = 111,9229257442769o = 111o55'22,53268''
b = 85,673754167056359o = 85o40'25,515''
c = 62,794269765311164o = 62o47'39,3711''
Verificação
sen (A) / sen (a) = sen (B) / sen (b) = sen (C) / sen (c) = 0,957193570901716
Caso III: Dados dois lados e o ângulo compreendido (A, b, c)

Resolver o triângulo esférico obliquângulo ABC, dados A = 114o53,2',


b = 106o25,3' e c = 42o16,7'.
Caso III: Dados dois lados e o ângulo compreendido (A, b, c)

Solução
Os ângulos B e C, podem ser obtidos por meio das ANALOGIAS DE NEPER:
Caso III: Dados dois lados e o ângulo compreendido (A, b, c)

Usando o MATLAB obtemos:


tg [(B + C)/2] = 2,005567986538684 ⟹ B + C = 2 . arctg (2,005567986538684)
tg [(B - C)/2] = 0,352061872045768 ⟹ B - C = 2 . arctg (0,352061872045768)
B + C = 126,9972228669032o
B - C = 38,790445279911211o
2. B = 165,7876681468144o
Portanto,
B = 82,893834073407191o = 82o53'37,80266''
C = 44,103388793495981o = 44o6'12,19965''
Caso III: Dados dois lados e o ângulo compreendido (A, b, c)

O lado a também pode ser obtido, após o cálculo dos ângulos B e C, com
a ANALOGIA DE NEPER:

tg [a/2] = 1,688640647719371 ⟹ a = 2 . arctg (1,688640647719371)


a = 118,7326180651659o = 118o43'57,425''
Verificação
sen (A) / sen (a) = sen (B) / sen (b) = sen (C) / sen (c) = 1,034519648762488
Caso IV: Dados dois ângulos e o lado compreendido (A, b, C)

Resolver o triângulo esférico obliquângulo ABC, dados A = 48o44,6',


b = 76o22,4' e C = 60o42,6'.
Caso IV: Dados dois ângulos e o lado compreendido (A, b, C)

Solução
Os lados a e c, podem ser obtidos por meio das ANALOGIAS DE NEPER:
Caso IV: Dados dois ângulos e o lado compreendido (A, b, C)

Usando o MATLAB obtemos:


tg [(a + c)/2] = 1,354616361797436 ⟹ a + c = 2 . arctg (1,354616361797436)
tg [(a - c)/2] = - 0,100426524017272 ⟹ a - c = 2 . arctg (- 0,100426524017272)
a + c = 107,1292972997496o
a - c = - 11,469576359398088o
2. a = 95,659720940351477o
Portanto,
a = 47,829860470175738o = 47o49'47,4977''
c = 59,299436829573828o = 59o17'57,9726''
Caso IV: Dados dois ângulos e o lado compreendido (A, b, C)

O ângulo B também pode ser obtido, após o cálculo dos ângulos a e c,


pela ANALOGIA DE NEPER:

cotg [B/2] = 0,843868631249778 ⟹ B = 2 . cotg-1 (0,843868631249778)


B = 99.680060313583141o = 99o40'48,2171''
Verificação
sen (A) / sen (a) = sen (B) / sen (b) = sen (C) / sen (c) = 1,014313494768232
Caso V: Dados dois lados e um ângulo oposto a um deles (a, b, A)

Resolver o triângulo esférico obliquângulo ABC, dados A = 72o24,4',


b = 115o30,6' e a = 80o26,2'.
Caso V: Dados dois lados e um ângulo oposto a um deles (a, b, A)

Solução
O ângulo B pode ser obtido por meio da LEI DOS SENOS:
sen (B) = sen (b) . sen (A) / sen (a)
sen (B) = 0,872420392733419
B = arcsen (0,872420392733419)
B = 60,741134679061851 ou B = 119,2588653209382
Como b>a, então B>A, logo
B = 119,2588653209382o = 119o15'31,9151''
Caso V: Dados dois lados e um ângulo oposto a um deles (a, b, A)

O lado c e o ângulo C podem ser obtidos por meio das ANALOGIAS DE


NEPER:
Caso V: Dados dois lados e um ângulo oposto a um deles (a, b, A)

Usando o MATLAB obtemos:


cotg (C/2) = 1,424055934177475 ⟹ C = 2 . cotg-1 (1,424055934177475)
tg (c/2) = 0,790727975197330 ⟹ c = 2 . arctg (0,790727975197330)
Portanto,
C = 70,154566044049716o = 70o9'16,4377''
c = 76,668816666805682o = 76o40'7,74''
Verificação
sen (A) / sen (a) = sen (B) / sen (b) = sen (C) / sen (c) = 0,966659942715705
Caso VI: Dados dois ângulos e um lado oposto a um deles (A, B, b)

Resolver o triângulo esférico obliquângulo ABC, dados A =56o10,7',


B = 35o52,5' e b = 40o38,6'.
Caso VI: Dados dois ângulos e um lado oposto a um deles (A, B, b)

Solução
O lado a pode ser obtido por meio da LEI DOS SENOS:
sen (a) = sen (A) . sen (b) / sen (B)
sen (a) = 0,923388790775822
a = arcsen (0,923388790775822)
a = 67,426638978343917o = 67o25'35,9003''
ou
a = 112,5733610216561o = 112o34'24,0996''
Caso VI: Dados dois ângulos e um lado oposto a um deles (A, B, b)

O lado c e o ângulo C podem ser obtidos por meio das ANALOGIAS DE


NEPER:
Caso VI: Dados dois ângulos e um lado oposto a um deles (A, B, b)

Para a = 67,426638978343917o, temos:


cotg (C/2) = 0,625738556188517 ⟹ C = 2 . cotg-1(0,625738556188517)
tg (c/2) = 0,972101085331409 ⟹ c = 2 . arctg (0,972101085331409)
Portanto,
C = 115,9283945984934o = 115o55'42,2205''
c = 88,379004553139396o = 88o22'44,4163''
Verificação
sen (A) / sen (a) = sen (B) / sen (b) = sen (C) / sen (c) = 0,899701244347944
Caso VI: Dados dois ângulos e um lado oposto a um deles (A, B, b)

Para a = 112,5733610216561o, temos:


cotg (C/2) = 0,296597361179634 ⟹ C = 2 . cotg-1(0,296597361179634)
tg (c/2) = 2,962732197856969 ⟹ c = 2 . arctg (2,962732197856969)
Portanto,
C = 146,9595646659100o = 146o57'34,4327''
c = 142,6982182094588o = 142o41'53,5855''
Verificação
sen (A) / sen (a) = sen (B) / sen (b) = sen (C) / sen (c) = 0,899701244347944
Rumo inicial e final de uma derrota ortodrômica

Azimute esférico ou rumo de uma


ortodrômica é o ângulo diedro formado entre o
meridiano e a ortodrômica no ponto considerado
contado a partir do ponto cardeal norte no sentido
horário. O azimute varia de 0° a 360°, expresso em
graus, minutos e segundos.

Fonte: MIGUENS (2019, p. 1184)


Triângulos Particulares
Triângulos esféricos retângulos

Dado um triângulo esférico ABC retângulo em C, então valem as


seguintes relações:
Regras de Neper

Para facilitar a obtenção das dez relações mostradas, o matemático


inglês John Napier (1550 - 1617) estabeleceu duas regras recorrendo-se ao
seguinte artifício:
Dado um triângulo esférico ABC retângulo em C, escrevemos seus elementos em
uma circunferência, excluindo o ângulo reto C, na ordem em que se encontram no
triângulo, substituindo o lado c e os ângulos A e B por seus complementos.
Pentágono de Neper

Fonte: SILVA FILHO (2014, p. 39)


Regras de Neper

Escolhe-se qualquer um dos cinco elementos na circunferência e


denomina-o de meio, os dois com fronteira comum são os adjacentes e os dois
restantes os opostos. Então, as regras de Neper são:
Regra 1 O seno do meio é igual ao produto das tangentes dos adjacentes.
Regra 2 O seno do meio é igual ao produto dos cossenos dos opostos.
Triângulo quadrantal e as regras de Neper

Para resolver um triângulo esférico ABC retilátero em c (c = 90o)


resolvemos, primeiramente, seu triângulo polar A'B'C', que de acordo com a
propriedade
C' = 180o - c = 90o
é retângulo em C'.
Assim, resolvemos o triângulo polar retângulo em C' usando as regras de
Neper e retornamos com a solução do triângulo retilátero em c usando as
propriedades do triângulo polar.
Teorema de Pitágoras

Usando a segunda regra de Neper para 90o - c, temos:


sen (90o - c) = cos (a) . cos(b)
cos (c) = cos (a) . cos(b)
Esta fórmula ficou conhecida como "Teorema de Pitágoras Esférico", na
qual o teorema de Pitágoras tradicional pode ser obtido como um caso
especial dela. Quando o raio R (R=1) tiver comprimento tendendo para
infinito, e expandindo os cossenos, usando a sua série de Taylor, podemos
manipular tal expressão que deve resultar e dar origem a forma tradicional
que é conhecida de todos:
c² = a² + b²
Lei dos Quadrantes

Algumas das relações obtidas anteriormente para triângulos esféricos


retângulos nos conduzem às propriedades seguintes, conhecidas como Leis
dos Quadrantes.

P1 - Seja ABC um triângulo esférico retângulo em C. Então o lado a e o ângulo A


(também o lado b e o ângulo B) estão no mesmo quadrante.

P2 - Seja ABC um triângulo esférico retângulo em C. Se c < 90o, então os lados a e b


estão no mesmo quadrante; se c > 90o, então os lados a e b estão em quadrantes
diferentes.
Demonstração de P1
Usando a segunda regra de Neper tomando como meio (90o - A) temos
sen (90o - A) = cos (90o - B) . cos (a) ⟹ cos (A) = sen (B) . cos (a)
sen (B) = cos (A) / cos (a).
Como sen (B) é sempre positivo, uma vez que B < 180o , então cos (A) e
cos (a) terão sempre o mesmo sinal.
Assim, se cos (A) e cos (a) forem positivos, então A e a são ambos menores
do que 90o; por outro lado, se cos (A) e cos (a) forem negativos, então A e a são
ambos maiores do que 90o. Portanto, a e A estão no mesmo quadrante.
Usando a segunda regra de Neper tomando como meio (90o - B) temos
sen (90o - B) = cos (90o - A) . cos (b) ⟹ cos (B) = sen (A) . cos (b)
sen (A) = cos (B) / cos (b).
De maneira análoga concluímos que b e B estão no mesmo quadrante.
Demonstração de P2
Usando a segunda regra de Neper tomando como meio (90o - c) temos
sen (90o - c) = cos (a) . cos(b)
cos (c) = cos (a) . cos(b).
Se c < 90o, então cos (c) é positivo; daí, cos (a) e cos (b) possuem o mesmo
sinal, logo a e b estão no mesmo quadrante.
Se c > 90o, então cos (c) é negativo; daí, cos (a) e cos (b) possuem sinais
diferentes, logo a e b estão em quadrantes diferentes.

OBSERVAÇÃO: Usando as propriedades do triângulo polar, obtém-se


Leis semelhantes para os triângulos retiláteros.
Derrota Ortodrômica
Navegação Ortodrômica

DEFINIÇÃO
Navegação ortodrômica é aquela em que o navio percorre o arco de
círculo máximo que passa pelos pontos de partida e de chegada. Como vimos,
a menor distância entre dois pontos na superfície da esfera terrestre é o arco
de círculo máximo que os une. Então, se navegamos em círculo máximo
estaremos percorrendo a menor distância entre os pontos de partida e de
destino.
Navegação Ortodrômica

Para manter-se sobre a ortodromia, entretanto, o navegante deveria


variar o rumo continuamente, para navegar sobre o arco do círculo máximo,
pois a ortodromia faz com os sucessivos meridianos ângulos diferentes.
Como isto não é prático, divide-se o arco de círculo máximo que une o ponto
de partida ao de chegada em um determinado número de segmentos,
ligando-se os pontos divisores por loxodromias.
Derrota Ortodrômica

Na figura a ortodromia (arco de círculo


máximo) que une os pontos de partida e de
destino foi dividida em segmentos de loxodromia.
Na execução da derrota ortodrômica, navega-se
por essas loxodromias. Obviamente, quanto maior
for o número de arcos de loxodromia, maior
aproximação haverá entre a distância navegada e
a distância ortodrômica.
Exemplo

Elaborando uma derrota saindo de San Pedro de La Paz no Chile com


latitude 36° 50’ 24" SUL e longitude 73° 8’ 39" OESTE para Daan em Taiwan
com latitude 25° 1’ 15" NORTE e longitude 121° 31’ 51" LESTE.
Determinando 500 milhas de pernada. Obteremos os seguintes resultados:
A distância ortodrômica TOTAL da derrota é: 9766.4114 milhas náuticas
A distância da derrota ortodrômica TOTAL é: 9770.9187 milhas náuticas
A distância loxodrômica TOTAL da derrota é: 10072.4221 milhas náuticas
A distância economizada TOTAL é: 301,5034 milhas náuticas
Exemplo

Considerando o navio porta-contentores dinamarquês Emma Maersk


com sua velocidade de 25,5 nós navegando numa derrota ortodrômica entre
San Pedro de La Paz e Daan com pernadas de 500 milhas entre os waypoints
em condições ideais de mar e vento levaria 15 dias, 23 horas e 10 minutos, já
em loxodromia, nas mesmas condições de mar e vento, levaria 16 dias 11
horas.
Exemplo

O Emma Maersk navegando numa derrota ortodrômica chegaria ao


porto de Dann 11 horas e 50 minutos mais cedo em relação a uma
loxodromia. Sabendo que o navio porta-contentor consome 6.056 litros de
óleo diesel/hora e que o preço do diesel é de R$ 3,00, ele economizaria
71.604,097 litros de óleo diesel durante a viagem ortodrômica isso
representa uma economia de aproximadamente R$ 214.812 em combustível.
Exemplo

Fonte: LEITE & SANTOS (2014, p. 57)


Exemplo

Fonte: LEITE & SANTOS (2014, p. 57)


Exemplo

Fonte: LEITE & SANTOS (2014, p. 57)


Cálculo da derrota Ortodrômica

Há dois métodos para solução dos problemas de navegação ortodrômica:


o método analítico, que envolve o cálculo dos elementos da derrota
ortodrômica, utilizando fórmulas da trigonometria esférica, e o método
gráfico, que consiste no traçado da derrota ortodrômica em Cartas
Gnomônicas e o seu transporte para Cartas Náuticas na Projeção de
Mercator.
Cálculo da derrota Ortodrômica
Quando se calcula a derrota ortodrômica, considera-se um triângulo
esférico formado na superfície da Terra, cujos vértices são:
● o ponto de partida (A)
● o ponto de destino (B)
● o pólo elevado do ponto de partida (Pn)
Todos os lados deste triângulo são arcos de círculo máximo (ortodromias):
● o lado AB é a ortodromia entre o ponto de partida e de destino;
● o lado PnA é um arco do meridiano do ponto A (ponto de partida);
● o lado PnB é um arco do meridiano do ponto B (ponto de destino).
Cálculo da derrota Ortodrômica

O ângulo no pólo elevado é a diferença


de Longitude entre os pontos A e B, como
pode ser verificado na figura. O ângulo no
vértice A é o Rumo inicial (Ri) da derrota
ortodrômica.

Fonte: MIGUENS (2019, p. 1184)


Triângulo da navegação ortodrômica

O triângulo esférico mostrado na


figura é denominado triângulo da
navegação ortodrômica, sendo semelhante
ao triângulo de posição da Navegação
Astronômica.

Fonte: MIGUENS (2019, p. 1185)


Cálculo da derrota Ortodrômica
No cálculo de uma derrota ortodrômica conhecem-se as coordenadas do
ponto de partida (𝜑A, 𝜆A) e as coordenadas do ponto de destino (𝜑B, 𝜆B). Assim,
o triângulo esférico da navegação ortodrômica pode ser resolvido, pois
conhecem-se 2 lados (90o – 𝜑A e 90o – 𝜑B) e o ângulo formado entre eles
(𝛥𝜆 = |𝜆B-𝜆A|). O referido triângulo pode ser resolvido pelas seguintes fórmulas
da trigonometria esférica, já mencionadas em unidades anteriores:
cos (p) = cos (a) . cos (b) + sen (a) . sen (b) . cos (P)
cos (Dist) = cos (90o – 𝜑B) . cos (90o – 𝜑A) + sen (90o – 𝜑B) . sen (90o – 𝜑A) . cos (𝛥𝜆)
Cálculo da derrota Ortodrômica
Portanto,
cos (Dist) = sen (𝜑B) . sen (𝜑A) + cos (𝜑B) . cos (𝜑A) . cos (𝛥𝜆)
Conhecendo o lado que fornece a distância ortodrômica (Dist), temos:
cos (a) = cos (p) . cos (b) + sen (p) . sen (b) . cos (A)
cos (90o – 𝜑B) = cos (Dist) . cos (90o – 𝜑A) + sen (Dist) . sen (90o – 𝜑A) . cos (Ri)

sen (𝜑B) = cos (Dist) . sen (𝜑A) + sen (Dist) . cos (𝜑A) . cos (Ri)
Portanto,
cos (Ri) = [ sen (𝜑B) - cos (Dist) . sen (𝜑A) ] / [ sen (Dist) . cos (𝜑A) ]
Exemplo
Calcular a ortodrômica (Rumo inicial e distância ortodrômica) de São
Francisco, EUA (Latitude 37o49,0' N , Longitude 122o 25,0'W) a Gladstone,
Austrália (Latitude 23o 51,0' S, Longitude 151o 15,0' E) .
Solução
DADOS: 𝜑A = 37o49,0' N; 𝜑B = 23o 51,0' S; 𝛥𝜆 = 86o20,0'W
( i ) Distância ortodrômica
cos (Dist) = sen (𝜑B) . sen (𝜑A) + cos (𝜑B) . cos (𝜑A) . cos (𝛥𝜆)
cos (Dist) =
sen ( 37o49,0') . sen (- 23o 51,0') + cos ( 37o49,0') . cos (- 23o 51,0') . cos (86o20,0')
Exemplo

Portanto,
cos (Dist) = - 0,201711668109298
Dist = cos-1(- 0,201711668109298)
Dist = 101,6370706o
Dist = 60 . (101,6370706o) = 6.098,224236'
Então,
Dist. ortodrômica = 6.098,224236 milhas náuticas
Exemplo
( ii ) Rumo inicial
cos (Ri) = [ sen (𝜑B) - cos (Dist) . sen (𝜑A) ] / [ sen (Dist) . cos (𝜑A) ]
cos (Ri) = [ sen (- 23o 51,0') - cos (101,6370706o) . sen (37o49,0' ) ] /
[ sen (101,6370706o) . cos (37o49,0' ) ]
cos (Ri) = - 0,3627409895
Ri = cos-1(- 0,3627409895)
Ri = 111,2686253o = 111o16'07''
Ri = 360o - 111,2686253o = 248o43'53''
Cálculo aproximado da derrota Loxodrômica

Os problemas de navegação loxodrômica podem se apresentar


segundo duas formas:
1o caso: conhecem-se as coordenadas geográficas do ponto de partida
e do destino e deseja-se obter o rumo da derrota loxodrômica e a distância a
ser navegada; ou
2o caso: conhecem-se as coordenadas do ponto de partida, o rumo e a
distância a ser navegada e deseja-se obter as coordenadas do ponto de
chegada.
Cálculo aproximado da derrota Loxodrômica
Cálculo aproximado da derrota Loxodrômica (1o caso)
Cálculo aproximado da derrota Loxodrômica (2o caso)
Cálculo exato do comprimento da Loxodromia
Cálculo exato do comprimento da Loxodromia

dm = dC . cos(R) ⟹ RTERRA . d𝜑 = dC . cos(R) (1)


dp = dC . sen(R) ⟹ rparalelo . d𝜆 = dC . sen(R) (2)
Isolando dC em (1), substituindo em (2) e usando rparalelo = RTERRA . cos(𝜑),

temos:
RTERRA . cos(𝜑) . d𝜆 = [RTERRA . d𝜑 / cos(R)] . sen(R)

RTERRA . cos(𝜑) . d𝜆 = RTERRA . tg(R) . d𝜑

cos(𝜑) . d𝜆 = tg(R) . d𝜑

d𝜆 = tg(R) . sec(𝜑) . d𝜑 (3)


Cálculo exato do comprimento da Loxodromia
Integrando (1), obtemos:
RTERRA . 𝛥𝜑 = C . cos(R) (4)
Integrando (3), obtemos:
𝛥𝜆 = tg(R) . 𝛥𝜓 (5)
onde
𝛥𝜓 = ln | [sec(𝜑B)+tg(𝜑B)] / [sec(𝜑A)+tg(𝜑A)] |
De (5) temos:
R = arctg(𝛥𝜆 / 𝛥𝜓)
Cálculo exato do comprimento da Loxodromia

Isolando cos(R) em (5):


cos(R) = sen(R) . 𝛥𝜓 / 𝛥𝜆
substituindo em (4), temos:
RTERRA . 𝛥𝜑 = C . [sen(R) . 𝛥𝜓 / 𝛥𝜆]
RTERRA . k . 𝛥𝜆 = C . sen(R) (6)
onde k = 𝛥𝜑 / 𝛥𝜓.
Agora, somando o quadrado das equações (4) e (6), obtemos:
C = RTERRA . ⎷(𝛥𝜑2 + k2 . 𝛥𝜆2)
Cálculo exato do comprimento da Loxodromia

OBSERVAÇÕES
1. Se R = 90o ou R = 270o, ou seja, a loxodromia é um arco de paralelo ou
um arco do equador, então:
k = cos(𝜑) e, portanto, C = RTERRA . |𝛥𝜆| . cos(𝜑).

2. 𝛥𝜑 e 𝛥𝜆 são medidos em radianos e podem assumir valores positivos


ou negativos.
3. Se 𝛥𝜑 e 𝛥𝜆 são dados em minutos, então C é obtido em milhas náuticas
por C = ⎷(𝛥𝜑2 + k2 . 𝛥𝜆2). Contudo, em k = 𝛥𝜑 / 𝛥𝜓, 𝛥𝜑 deve ser dado em
radianos.
Exemplo comparativo do cálculo da loxodromia
Calcular a derrota loxodrômica (Rumo e distância loxodrômica) de Nova
York, EUA (Latitude 40o39'40'' N , Longitude 73o56'38'' W) a Cidade do Cabo,
África do Sul (Latitude 33o51'31'' S, Longitude 18o25'26'' E). Comparar os
resultado do método aproximado com o resultado do método exato.
Solução
DADOS: 𝜑A = 40o39'40'' N; 𝜑B = 33o51'31'' S;
𝜆A = 73o56'38'' W; 𝜆B = 18o25'26'' E;
𝛥𝜑 = - 74o31'11'' = - 4.471,18333' = - 1,30061415 rad
𝛥𝜆 = 92o22'04'' = 5.542,06667' = 1,612121845 rad
Exemplo comparativo do cálculo da loxodromia
( i ) Método aproximado

𝜑m = (𝜑B + 𝜑A) / 2 = ( - 33o51'31'' + 40o39'40'' ) / 2 = 3o24'4,5''


ap = 𝛥𝜆 . cos (𝜑m) = 5.542,06667 . cos (3o24'4,5'') = 5.532,304507 nm
R = arctg( ap/𝛥𝜑 ) = arctg[ 5.532,304507 / (- 4.471,18333) ]
R = 128o56'42''

C = ⎷(𝛥𝜑2 + ap2) = ⎷[ (- 4.471,18333)2 + (5.532,304507)2 ]


C = 7.113,218228 nm
Exemplo comparativo do cálculo da loxodromia
( i i ) Método exato

𝛥𝜓 = ln | [sec(𝜑B)+tg(𝜑B)] / [sec(𝜑A)+tg(𝜑A)] |
𝛥𝜓 = ln | [sec(- 33o51'31'')+tg(- 33o51'31'')] / [sec(40o39'40'')+tg(40o39'40'')] |
𝛥𝜓 = - 1,40672991532
R = arctg(𝛥𝜆 / 𝛥𝜓) = arctg[ 1,612121845 / (- 1,40672991532) ]
R = 131o06'28''
Exemplo comparativo do cálculo da loxodromia
( i i ) Método exato
k = 𝛥𝜑 / 𝛥𝜓 = (- 1,30061415 rad) / (- 1,40672991532)
k = 0,9245659
C = ⎷(𝛥𝜑2 + k2 . 𝛥𝜆2)
C = ⎷[ (- 4.471,18333)2 + (0,9245659)2 . (5.542,06667)2 ]
C = 6.800,508541074095 nm
( i i i) Erro
erro R = 2o09'46'' e erro C = 312,709687 nm
Exemplo comparativo entre loxodromia e ortodromia
Calcular a diferença entre as distâncias loxodrômica e ortodromica de
Valparaíso, Chile (Latitude 33o02'00'' S , Longitude 71o40'00'' W) a Sydney,
Australia (Latitude 33o53'00'' S, Longitude 151o10'00'' E).
Solução
DADOS: 𝜑A = 33o02'00'' S; 𝜑B = 33o53'00'' S;
𝜆A = 71o40'00'' W; 𝜆B = 151o10'00'' E;
𝛥𝜑 = - 00o51'00'' = - 51' = - 0,014835298 rad
𝛥𝜆 = - 137o10'00'' = - 8.230' = -2,39401 rad
Exemplo comparativo entre loxodromia e ortodromia
( i ) Distância loxodrômica
𝛥𝜓 = ln | [sec(𝜑B)+tg(𝜑B)] / [sec(𝜑A)+tg(𝜑A)] |
𝛥𝜓 = ln | [sec(- 33o53')+tg(- 33o53')] / [sec(- 33o02')+tg(- 33o02')] |
𝛥𝜓 = - 0,01778231453533
k = 𝛥𝜑 / 𝛥𝜓 = (- 0,014835298 rad) / (- 0,01778231453533) = 0,8342726484
C = ⎷(𝛥𝜑2 + k2 . 𝛥𝜆2)
C = ⎷[ (- 51)2 + (0,8342726484)2 . (- 8.230)2 ]
C= Dist. loxodrômica = 6.866,2533035 nm
Exemplo comparativo entre loxodromia e ortodromia
( i i ) Distância ortodrômica
cos (Dist) = sen (𝜑B) . sen (𝜑A) + cos (𝜑B) . cos (𝜑A) . cos (𝛥𝜆)
cos (Dist) =
sen (- 33o53') . sen (- 33o02') + cos ( - 33o53') . cos (- 33o02') . cos (- 137o10')
cos (Dist) = - 0,20647571796 ⟹ Dist = cos-1(- 0,20647571796)
Dist = 101,9159o = 60 . (101,9159o) = 6.114,954'
Então,
Dist. ortodrômica = 6.114,954 milhas náuticas
Exemplo comparativo entre loxodromia e ortodromia

Portanto, a diferença entre a distância loxodrômica e a distância


ortodrômica é de 751,3 milhas náuticas. Por isso, para grandes travessias
deverá ser considerado o uso de derrota ortodrômica (decomposta em arcos
de loxodromia) ou de uma derrota mista, como veremos adiante na unidade de
ensino 8.
Projeções utilizadas em cartografia náutica
Projeção de Mercator

Uma exigência básica para utilização de um sistema de projeção em


cartografia náutica é que represente as loxodromias, ou linhas de rumo, por
linhas retas. Essa condição indispensável é atendida pela projeção de
Mercator.
A projeção de Mercator pertence à classe das projeções por
desenvolvimento cilíndrico e à categoria das projeções conformes. A projeção
de Mercator é uma modalidade equatorial das projeções cilíndricas, isto é, o
cilindro é considerado tangente à superfície da Terra no equador.
Projeções utilizadas em cartografia náutica
Projeção de Mercator

A Projeção de Mercator é
cilíndrica equatorial
Fonte: MIGUENS (2019, p. 24)
Projeções utilizadas em cartografia náutica
Projeção de Mercator

A Projeção de Mercator é
conforme
Fonte: MIGUENS (2019, p. 25)
Vantagens da Projeção de Mercator

1. Os meridianos formam uma família de retas paralelas, as quais são


perpendiculares à família de retas paralelas que representam os paralelos
e o equador;
2. É fácil identificar os pontos cardeais numa Carta de Mercator;
3. É fácil plotar um ponto na Carta de Mercator a partir de suas coordenadas
geográficas e, de forma inversa, determinar as coordenadas geográficas
de um ponto representado numa carta de Mercator;
4. As direções podem ser medidas diretamente na carta;
5. As loxodromias são representadas por linhas retas.
Limitações da Projeção de Mercator

1. Deformação excessiva nas altas latitudes;


2. Impossibilidade de representação dos pólos;
3. Círculos máximos, exceto o equador e os meridianos, não são
representados por linhas retas.
Projeções utilizadas em cartografia náutica
Projeção Gnomônica

Foi mostrado que, para a navegação de grandes distâncias, a loxodromia


poder ser centenas de milhas maior do que a ortodromia, nesses casos
torna-se imprescindível o uso de uma derrota ortodrômica, sendo necessário,
para seu planejamento, dispor de cartas construídas em um sistema projeção
que represente os círculos máximos como linhas retas. Este sistema é a
projeção plana gnomônica ou, como é normalmente denominada, projeção
gnomônica.
Projeções utilizadas em cartografia náutica
Projeção Gnomônica

A projeção gnomônica utiliza como


superfície de projeção um plano tangente
à superfície da Terra, no qual os pontos
são projetados geometricamente, a partir
do centro da Terra.

Fonte: MIGUENS (2019, p. 29)


Projeções utilizadas em cartografia náutica
Projeção Gnomônica

Na projeção gnomônica os círculos


máximos são representados por retas

Fonte: MIGUENS (2019, p. 30)


Características da Projeção Gnomônica

1. A projeção gnomônica tem a propriedade única de representar todos os


círculos máximos por linhas retas;
2. A projeção gnomônica apresenta todos os tipos de deformações. Ela não é
conforme (deformações angulares), não é equivalente (deformações de
área) e nem equidistante (deformações lineares);
3. Na projeção gnomônica os azimutes a partir do ponto de tangência são
representados sem deformações.
4. Em cartografia náutica, a projeção gnomônica é, então, empregada
principalmente na construção de cartas para navegação ortodrômica.
Solução da derrota ortodrômica pelo método gráfico

O método gráfico consiste no traçado da derrota ortodrômica em uma


Carta Gnomônica e a sua transferência, por pontos, para Cartas de
Mercator, onde será, realmente, conduzida a navegação.
Nas Cartas Gnomônicas o arco de círculo máximo que passa por dois
pontos quaisquer A e B é representado pela linha reta que os une.
Assim, desde que se disponha da Carta Gnomônica apropriada, o
traçado preciso da derrota ortodrômica é obtido pela simples ligação do
ponto de partida e do ponto de destino por uma linha reta.
Solução da derrota ortodrômica pelo método gráfico

Fonte: MIGUENS (2019, p. 1192)


Solução da derrota ortodrômica pelo método gráfico

As Cartas Gnomômicas, também denominadas Cartas para Navegação


Ortodrômica, apresentam características bem diferentes das Cartas de
Mercator e, como visto, são utilizadas apenas para obtenção dos dados da
derrota ortodrômica para o seu traçado em Cartas de Mercator, onde será
conduzida a navegação.
Transporte da Derrota Ortodrômica

Uma vez traçada a derrota ortodrômica na Carta Gnomônica, os passos


seguintes serão no sentido de transportar a derrota para as Cartas de
Mercator.
● Primeiramente, deve-se determinar o ponto de maior Latitude que o navio
alcançará. Este ponto é denominado “Vértice da Derrota Ortodrômica” e é
importante, pois irá definir a necessidade, ou não, de se adotar uma
derrota mista, como será visto adiante;
Transporte da Derrota Ortodrômica

● A derrota ortodrômica, então, deverá ser dividida em seções, e cada


seção terá seus pontos extremos transportados para a Carta de Mercator,
por suas coordenadas geográficas. A navegação em cada segmento será
feita segundo a loxodromia que interliga os seus extremos;
● As seções em que se divide a derrota ortodrômica devem ter, pelo menos,
600 milhas de extensão, pois, para distâncias menores que este valor, os
comprimentos da ortodromia e da loxodromia praticamente coincidem;
Transporte da Derrota Ortodrômica

● É recomendável que um dos pontos selecionados da derrota ortodrômica


seja o seu Vértice; e
● Como vimos, todos os pontos são transportados da Carta Gnomônica para
a Carta de Mercator por suas coordenadas geográficas; então, na prática,
tomam-se pontos com Latitudes ou Longitudes exatas, para facilitar o
transporte. O mais comum é utilizar pontos de Longitude exata, defasados
de 10o em 10o, de 15o em 15o, ou de 20o em 20o, conforme a Latitude em
que se vai navegar.
Transporte da Derrota Ortodrômica

Fonte: MIGUENS (2019, p. 1201)


As Tábuas ABC de Norie na Derrota
Ortodrômica
Tábuas A, B e C de Norie

As tábuas Norie fornecem valores pré-calculados que auxiliam na


obtenção dos parâmetros da navegação astronômica. Para o uso na
navegação ortodrômica é necessário fazer uma correspondência entre o
triângulo de posição e o triângulo da navegação ortodrômica.
Instruções para uso das tábuas A, B e C de Norie

Em resumo, as tábuas em questão dividem a fórmula para cálculo do


Azimute em três fatores:
● TÁBUA A: Utiliza a variação da longitude e a Latitude do ponto de
partida para determinar o valor do fator A. O fator A tem nome oposto ao
da Latitude de partida, exceto quando a variação de longitude for maior
que 90o.
● TÁBUA B: Utiliza a variação da longitude e a Latitude do ponto de
destino para determinar o valor do fator B. O fator B tem sempre o
mesmo nome que a latitude de destino.
Instruções para uso das tábuas A, B e C de Norie

● TÁBUA C: O fator C é dado por C = ( A ± B ):


Se A e B têm o mesmo nome, C = A + B e C tem o nome de A e B;
Se A e B têm nomes contrários, C = A – B e C tem o nome do maior dentre A
e B.
Com o valor de C e a Latitude do ponto de partida, entra-se na Tábua “C”,
obtendo o Azimute Quadrantal, que terá o nome de C e da variação de longitude.
Finalmente, o Azimute Quadrantal é transformado em Azimute Verdadeiro.
Exemplo
Calcular o Rumo inicial da ortodromia de Nova York, EUA (Latitude
40o39'40'' N , Longitude 73o56'38'' W) a Cidade do Cabo, África do Sul
(Latitude 33o51'31'' S, Longitude 18o25'26'' E).
Solução
DADOS: 𝜑A = 40o39'40'' N; 𝜑B = 33o51'31'' S;
𝜆A = 73o56'38'' W; 𝜆B = 18o25'26'' E;
𝛥𝜆 = 92o22'04''E
Exemplo
1) Utilizando a variação da longitude (𝛥𝜆 = 92o22'04'') e a Latitude do ponto
de partida (𝜑A = 40o39'40'' N), na Tábua A, obtemos o valor do fator
A = 0.03 N
que tem o mesmo nome da latitude do ponto de partida pois 𝛥𝜆 > 90o.
2) Utilizando a variação da longitude (𝛥𝜆 = 92o22'04'') e a Latitude do ponto
de destino (𝜑B = 33o51'31'' S), na Tábua B, obtemos o valor do fator
B = 0.67 S
O fator B tem sempre o mesmo nome que a latitude de destino.
Exemplo
Exemplo
Exemplo
3) O fator C é dado por
C = A - B = 0,03 N - 0,67 S = 0,64 S
Pois A e B têm nomes contrários, C tem o mesmo nome de B que possui maior
valor absoluto.
Com o valor de C e a Latitude do ponto de partida, na Tábua C, obtemos o
Azimute Quadrantal, que terá o nome de C e da variação de longitude.
Riquadrantal = 64.2o SE
Portanto, o rumo inicial verdadeiro é dado por
Ri = 180o - 64.2o = 115o48'
Exemplo
Fundamentos matemáticos das Tábuas ABC de Norie

Aplicando a fórmula das cotangentes


ao triângulo da navegação ortodrômica
considerando os elementos consecutivos
Ri, (90o – 𝜑A), 𝛥𝜆 e (90o – 𝜑B), iremos definir
as expressões matemáticas dos fatores A, B
e C da tábua Norie.

Fonte: MIGUENS (2019, p. 1185)


Fundamentos matemáticos das Tábuas ABC de Norie

Portanto,
cotg (90o – 𝜑B) . sen (90o – 𝜑A) = cotg (Ri) . sen (𝛥𝜆) + cos (90o – 𝜑A) . cos (𝛥𝜆)
tg (𝜑B) . cos (𝜑A) = cotg (Ri) . sen (𝛥𝜆) + sen (𝜑A) . cos (𝛥𝜆)
cotg (Ri) . sen (𝛥𝜆) = tg (𝜑B) . cos (𝜑A) - sen (𝜑A) . cos (𝛥𝜆)

cotg (Ri) = [ tg (𝜑B) . cos (𝜑A) - sen (𝜑A) . cos (𝛥𝜆) ] / sen (𝛥𝜆)

cotg (Ri) = [ tg (𝜑B) . cos (𝜑A) / sen (𝛥𝜆) ] - [ sen (𝜑A) . cos (𝛥𝜆) / sen (𝛥𝜆) ]

cotg (Ri) = [ tg (𝜑B) . cos (𝜑A) / sen (𝛥𝜆) ] - [ sen (𝜑A) / tg (𝛥𝜆) ]

cotg (Ri) = cos (𝜑A) . { [ tg (𝜑B) / sen (𝛥𝜆) ] - [ tg (𝜑A) / tg (𝛥𝜆) ] }


Fundamentos matemáticos das Tábuas ABC de Norie

Da expressão anterior define-se o fator A como


A = | tg (𝜑A) / tg (𝛥𝜆) |,
e o fator B como
B = | tg (𝜑B) / sen (𝛥𝜆) |.
Portanto,
C = { [ tg (𝜑B) / sen (𝛥𝜆) ] - [ tg (𝜑A) / tg (𝛥𝜆) ] }.
Assim, o rumo inicial da ortodrômica pode ser definido por
Ri = cotg-1[ C . cos (𝜑A) ]
Fundamentos matemáticos das Tábuas ABC de Norie

Do último exemplo temos


𝜑A = 40o39'40'' N = +40o39'40''; 𝜑B = 33o51'31'' S = - 33o51'31'';
𝜆A = 73o56'38'' W; 𝜆B = 18o25'26'' E; 𝛥𝜆 = 92o22'04''E = + 92o22'04''.
Portanto,
A = | tg (𝜑A) / tg (𝛥𝜆) | = | tg (40o39'40'') / tg (92o22'04'') | = 0,035517,
B = | tg (𝜑B) / sen (𝛥𝜆) | = | tg (- 33o51'31'') / sen (92o22'04'') | = 0,671497,
e
C = { [ tg (𝜑B) / sen (𝛥𝜆) ] - [ tg (𝜑A) / tg (𝛥𝜆) ] } = - 0, 63598 = 0, 63598 S.
Fundamentos matemáticos das Tábuas ABC de Norie

Assim, o rumo inicial da ortodrômica é encontrado por


Ri = cotg-1[ C . cos (𝜑A) ] = cotg-1[ - 0, 63598 . cos (40o39'40'') ]
Ri = cotg-1[ - 0,48244] = arctg [- 1 / 0,48244] = arctg [- 2,0728]
Ri = - 64,2454956o = 115,7545044o = 115o45'16''
Derrotas ortodrômicas executadas por rumos iniciais

A derrota ortodrômica por rumos iniciais é feita do modo seguinte:


● Determina-se o rumo inicial entre o ponto de partida e o de chegada;
● Navega-se nesse rumo uma distância estimada ou até que seja obtida uma
nova posição observada (por observação astronômica ou por meios
eletrônicos);
● Recalcula-se o rumo inicial usando agora essa posição observada como
ponto de partida, e volta-se ao item dois anterior, prossegue-se repetindo
os itens dois e três até chegar ao ponto de destino;
Derrotas ortodrômicas executadas por rumos iniciais

"Os rumos devem ser mudados frequentemente, toda vez que se conseguir uma
posição observada (ponto astronômico estelar, ponto ao meio-dia, ponto satélite,
etc.) Para navios com marcha aproximada de 15 nós, a experiência indica que,
navegando por estima, o rumo deve ser mudado aproximadamente a cada seis
horas."
SANTOS (2010, p. 75)
Derrotas ortodrômicas executadas por rumos iniciais

"O número de rumos numa derrota ortodrômica por rumos iniciais deve ser
maior que por waypoints ou empregando a carta gnomônica. É que pelo processo de
rumos iniciais, a linha de rumo traçada é uma tangente à curva ortodrômica (carta
de mercator) enquanto que, nos outros dois processos ela é uma corda da
ortodromia. Atualmente, com a instrumentação que existe a bordo, NAV SAT e GPS,
já se não utiliza este processo; em todo caso, eis, pois, como se navegava!"
SANTOS (2010, p. 75)
Parâmetros da Derrota Ortodrômica
Planejamento da derrota ortodrômica

As derrotas ortodrômicas proporcionam maior economia de distância em


altas Latitudes, quando existe pouca defasagem entre as Latitudes de partida e
de destino e grande diferença de Longitude entre esses pontos.
Segundo Miguens (2019, p. 1204) antes de decidir por uma derrota
ortodrômica, o navegante deverá determinar as coordenadas do Vértice da
derrota (Latitude mais elevada em que navegará), para verificar se, ao tentar
maior economia, não levará o navio a regiões onde reine mau tempo, haja
presença de gelo, cerração, ventos fortes ou correntes contrárias, que venham
a colocar o navio em perigo, ou tirar todo o proveito teórico encontrado.
Planejamento da derrota ortodrômica

Assim, após obter a Latitude mais elevada da derrota ortodrômica


(Vértice), o navegante deverá consultar Roteiros, Cartas-Piloto e outras
publicações de auxílio à navegação para decidir se é prudente adotar uma
derrota ortodrômica ou uma derrota mista, o que dependerá das condições de
tempo e mar previstas, do estado do navio e sua resistência ao mau tempo, da
presença de gelo no mar, da “endurance” da tripulação, etc.
Vértice da derrota ortodrômica

O Vértice da derrota ortodrômica pode ser determinado diretamente na


Carta Gnomônica, pela simples verificação da Latitude mais elevada alcançada
pelo arco de círculo máximo que une os pontos de partida e de destino.
Também pode ser determinado analiticamente, usando os parâmetros do
círculo máximo (𝛼 e 𝛽).
Vértice da derrota ortodrômica

● 𝛼 é Longitude do ponto de interseção I com o


equador, há dois pontos de interseção do
círculo máximo com o equador I e I' separados
por 180o;
● 𝛽 é ângulo de inclinação do plano do círculo
máximo em relação ao plano do equador;
● Os pontos VN e VS são os vértice da derrota
ortodrômica;
● Os pontos de interseção com o equador I e I'
são os nós derrota ortodrômica;

Fonte: MIGUENS (2019, p. 1205)


Vértice da derrota ortodrômica

Determinadas as constantes 𝛼 e 𝛽 do círculo máximo, as coordenadas do


Vértice são dadas por:
● 𝛽 positivo

Vértice Norte: 𝜑VN = 𝛽 e 𝜆VN = 𝛼 + 90o

Vértice Sul: 𝜑VS = - 𝛽 e 𝜆VS = 𝛼 - 90o

● 𝛽 negativo

Vértice Norte: 𝜑VN = - 𝛽 e 𝜆VN = 𝛼 - 90o

Vértice Sul: 𝜑VS = 𝛽 e 𝜆VS = 𝛼 + 90o


Equação da ortodrômica

Considere o triângulo esférico retângulo cujos vértices são: o ponto de


interseção do círculo máximo com o equador; um ponto qualquer M do círculo
máximo de coordenadas (𝜑, 𝜆) e; o ponto C de interseção do meridiano de M
com o equador.
Equação da ortodrômica

Aplicando a 1ª regra de Neper, tomando como meio 𝜆 - 𝛼, temos


sen (𝜆 - 𝛼) = tg (90o - 𝛽) . tg (𝜑)
sen (𝜆 - 𝛼) = cotg (𝛽) . tg (𝜑)
portanto,
tg (𝜑) = tg (𝛽) . sen (𝜆 - 𝛼)
Esta equação é conhecida como equação da ortodrômica, pois relaciona
as coordenadas de um ponto qualquer do círculo máximo com seus
parâmetros 𝛼 e 𝛽.
Cálculo dos parâmetros da ortodrômica a partir das
coordenadas dos pontos de partida e destino.
Aplicando a equação da ortodrômica aos pontos de partida e destino,
obtemos:
tg (𝜑A) = tg (𝛽) . sen (𝜆A - 𝛼) (1)
tg (𝜑B) = tg (𝛽) . sen (𝜆B - 𝛼) (2)
Combinando as equações (1) e (2) e eliminando 𝛽, após algumas
manipulações trigonométricas, obtemos:

(3)
Cálculo dos parâmetros da ortodrômica a partir das
coordenadas dos pontos de partida e destino.
Método para obtenção dos parâmetros 𝛼 e 𝛽 a partir das coordenadas dos
pontos de partida e destino:
1) Encontra-se 𝛼 com a equação (3)

2) Obtém-se 𝛽 usando a equação (1) ou a equação (2)


tg (𝜑A) = tg (𝛽) . sen (𝜆A - 𝛼) ou
tg (𝜑B) = tg (𝛽) . sen (𝜆B - 𝛼)
Cálculo dos parâmetros da ortodrômica a partir do
Rumo inicial e das coordenadas do ponto de partida.

(i) sen (90o - 𝛽) = cos (90o - Ri) . cos (𝜑A) ⟹ cos (𝛽) = sen (Ri) . cos (𝜑A)
( ii ) sen (𝜑A) = tg (𝜆A - 𝛼) . tg (90o - Ri) ⟹ sen (𝜑A) = tg (𝜆A - 𝛼) . cotg (Ri)
tg (𝜆A - 𝛼) = sen (𝜑A) . tg (Ri) ⟹ tg [𝜆A - (𝜆v - 90o)] = sen (𝜑A) . tg (Ri)
tg [90o - (𝜆v - 𝜆A)] = sen (𝜑A) . tg (Ri) ⟹ cotg (𝜆v - 𝜆A) = sen (𝜑A) . tg (Ri)
Cálculo dos parâmetros da ortodrômica a partir do
Rumo inicial e das coordenadas do ponto de partida.
Método para obtenção das coordenadas do vértice da ortodromia a partir
do rumo inicial e das coordenadas do ponto de partida:
1) Encontra-se 𝛽 (consequentemente a latitude do vértice) com a equação
cos (𝛽) = sen (Ri) . cos (𝜑A)

2) Obtém-se a longitude do vértice usando a equação


cotg (𝛥𝜆v ) = sen (𝜑A) . tg (Ri)
Derrota Mista ou Derrota Composta

Conforme visto, a derrota ortodrômica, embora proporcione economia


na distância navegada, principalmente em altas Latitudes, pode levar o navio a
regiões de mau tempo constante, ventos fortes e presença de gelo no mar.
A ortodromia de Punta Arenas a Sydney proporciona uma redução de
distância de 915,5 milhas, mas conduz o navio até a Latitude de 70o26,3' S, bem
além do círculo polar antártico. Estas são regiões perigosas, situadas no
cinturão de baixas pressões que circunda a Antártica, com mau tempo
constante, ventos e mares bravios, além de gelo no mar.
Miguens (2019, p. 1207)
Derrota Mista ou Derrota Composta

Quando não se deseja ultrapassar uma determinada Latitude, recorre-se à


derrota mista, que consiste em navegar em ortodromia até a Latitude
estabelecida como limite; percorrer o paralelo limite em navegação
loxodrômica; e, posteriormente, voltar a navegar em ortodromia. Suponhamos,
por exemplo, a derrota da Tasmânia ao Cabo Horn e que não desejamos
ultrapassar a Latitude de 60o S.
Derrota Mista ou Derrota Composta

Fonte: MIGUENS (2019, p. 1208)


Derrota Mista ou Derrota Composta

Fonte: MIGUENS (2019, p. 1208)


Derrota Mista ou Derrota Composta
A derrota mista tem solução gráfica e analítica. A solução gráfica é feita na Carta
Gnomônica, traçando, pelos pontos inicial e final, tangentes ao paralelo limite. Os pontos
de tangência marcarão os extremos dos arcos de círculo máximo e delimitarão a
loxodromia a ser percorrida, no paralelo limite.
O método analítico de solução da derrota mista consiste em determinar as
Longitudes dos pontos C e D, cujas Latitudes correspondem ao paralelo limite.
Determinadas as coordenadas desses dois pontos, está resolvido o problema: executa-se
a navegação ortodrômica de A para C; navega-se sobre o paralelo limite, em loxodromia,
no rumo 090o (ou 270o), até o ponto D; e volta-se a navegar em ortodromia, no trecho
DB, até o destino.
Derrota Mista ou Derrota Composta

Fonte: MIGUENS (2019, p. 1208)


Derrota Mista ou Derrota Composta

sen (90o - 𝛥𝜆C) = tg (𝜑A) . tg (90o - 𝜑L)


cos (|𝜆C - 𝜆A|) = tg (𝜑A) . cotg (𝜑L)
De forma análoga, obtém-se:
cos (|𝜆D - 𝜆B|) = tg (𝜑B) . cotg (𝜑L)
Derrota Mista ou Derrota Composta

O cálculo das longitudes dos pontos de interseção da ortodromia com o


paralelo limite em uma derrota mista é feito da seguinte forma:
1) Encontra-se a longitude do ponto C com a equação
cos (𝛥𝜆C ) = tg (𝜑A) . cotg (𝜑L)

2) Encontra-se a longitude do ponto D com a equação


cos (𝛥𝜆D ) = tg (𝜑B) . cotg (𝜑L)
Exemplo
Calcular as coordenadas do vértice da derrota ortodrômica de Hobart
Tasmânia (Latitude 42o53'00'' S , Longitude 147o19'00'' E) até Cabo Horn
(Latitude 55o58'48'' S , Longitude 67o17'21'' W). Adotando uma derrota mista
com paralelo limite 60o S, determine as longitudes dos pontos de interseção
das derrotas ortodrômicas com o paralelo limite.
Solução
DADOS: 𝜑A = 42o53'00'' S; 𝜑B = 55o58'48'' S; 𝜑L = 60o S
𝜆A = 147o19'00'' E; 𝜆B = 67o17'21'' W;
Exemplo

i) Cálculo de 𝛼:

tg (40o00'49,5'' - 𝛼) = tg (-107o18'10,5'') . sen (-98o51'48'') / sen (-13o05'48'')


tg (40o00'49,5'' - 𝛼) = 13,99734098
40o00'49,5'' - 𝛼 = 85o54'49''
𝛼 = - 45o53'59,5''
Exemplo

ii) Cálculo de 𝛽:
tg (𝜑A) = tg (𝛽) . sen (𝜆A - 𝛼)
tg (- 42o53'00'') = tg (𝛽) . sen (147o19'00'' + 45o53'59,5'')
tg (𝛽) = tg (- 42o53'00'') / sen (193o12'59,5'')
tg (𝛽) = 4,062058771
𝛽 = 76o10'11,66''
Exemplo

iii) Coordenadas do vértice (Vértice Sul com 𝛽>0):

𝜑V = - 𝛽 = - 76o10'11,66''
𝜑V = 76o10'11,66'' S

𝜆V = 𝛼 - 90o = - 45o53'59,5'' - 90o = - 135o53'59,5''


𝜆V = 135o53'59,5'' W
Exemplo

iv) Caso fosse obtido ou dado o rumo inicial (Ri = 160°57'35"), poderíamos
calcular as coordenadas do vértice da seguinte maneira:
cos (𝛽) = sen (Ri) . cos (𝜑A)
cos (𝛽) = sen (160°57'35") . cos (- 42o53'00'') = 0,239044076
𝛽 = cos-1(0,239044076) = 76o10'11,54''
𝜑V = - 𝛽 = - 76o10'11,54''
𝜑V = 76o10'11,54'' S
Exemplo

cotg (𝛥𝜆v ) = sen (𝜑A) . tg (Ri)


cotg (𝛥𝜆v ) = sen (- 42o53'00'') . tg (160°57'35")
cotg (𝛥𝜆v ) = 0,23485284
𝛥𝜆v = 76°47'0,38" E (mesma orientação do rumo inicial)
𝜆V = 𝜆A + 𝛥𝜆v = 147o19'00'' + 76°47'0,38" = 224o06'0,38'' E
𝜆V = 224o06'0,38'' - 360o = = - 135o53'59,6''
𝜆V = 135o53'59,6'' W
Exemplo

v) Longitudes dos pontos de interseção das derrotas ortodrômicas com o


paralelo limite 60o S:
cos (|𝜆C - 𝜆A|) = tg (𝜑A) . cotg (𝜑L)
cos (𝛥𝜆C) = tg (- 42o53'00'') . cotg (- 60o)
cos (𝛥𝜆C) = 0,5361944095
𝛥𝜆C = 57o34'30,26'' E
𝜆C = 𝜆A + 𝛥𝜆C = 147o19'00'' + 57o34'30,26'' = 204o53'30,2''E
𝜆C = 204o53'30,2'' - 360o = - 155o06'29,74''
𝜆C = 155o06'29,74'' W
Exemplo

cos (|𝜆D - 𝜆B|) = tg (𝜑B) . cotg (𝜑L)


cos (𝛥𝜆D) = tg (- 55o58'48'') . cotg (- 60o)
cos (𝛥𝜆D) = 0,855312806
𝛥𝜆D = 31o12'20,49'' W
𝜆D = 𝜆B - 𝛥𝜆D = - 67o17'21'' - 31o12'20,49'' = - 98o29'41,49''
𝜆D = 98o29'41,49'' W
Exemplo
Referências
ALVES, Sérgio. A geometria do globo terrestre. In: Revista de Iniciação Científica, OBMEP, Rio de
Janeiro: IMPA 2009.

AYRES, JR., F. Trigonometria Plana y Esférica. Tradução de Mario Pinto Guedes e revisão técnica
de Luiz Clovis de Oliveira. Engenheiro Civil. São Paulo, McGraw-Hill do Brasil. 1971.

COUTINHO, L. Convite às Geometrias não Euclidianas, Cap.: VIII - A Navegação Marítima: uma
aplicação da geometria de Riemann. Rio de Janeiro, Editora Interciência, 2001.

LIMA, Elon Lages. Ainda sobre o teorema de Euler para poliedros convexos. In: RPM no5. IMPA:
Rio de Janeiro, 1984.
MIGUENS, A. P. Navegação: a Ciência e a Arte: Cap.: 17 & Apêndice (trigonometria Esférica), cap.
30 e 33 (Navegação Ortodromia) V. 2, Navegação Astronômica e Derrotas. Diretoria de
Hidrografia e Navegação. Rio de Janeiro, 1999. xxx p.

SANTOS, Rodson Américo. Elementos da trigonometria triangular esférica. 2014. p. 73.


Dissertação (Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional) – Universidade Federal de
Roraima, Boa Vista, 2014.

SILVA FILHO, Antônio Edson Pereira da. A trigonometria esférica e o globo terrestre. 2014. 50 f.
Dissertação (Mestrado em Matemática em Rede Nacional) - Centro de Ciências, Universidade
Federal do Ceará, Juazeiro do Norte, 2014.
THIAGO JOSÉ GALVÃO FERREIRA LEITE. SAGRES: PROGRAMA DESENVOLVIDO EM MATLAB
QUE CALCULA OS PARÂMETROS DA NAVEGAÇÃO ORTODRÔMICA E PLOTA A DERROTA
LOXODRÔMICA E ORTODRÔMICA NA PROJEÇÃO DE MERCATOR E EM 3D. 2014. Trabalho de
Conclusão de Curso. (Graduação em Bacharelado em ciências náuticas) - Centro de Instrução
Almirante Braz de Aguiar. Orientador: Walleson Gomes dos Santos.

ZANELLA, Idelmar André. Geometria esférica: uma proposta de atividades com aplicações. 2013.
p. 129. Dissertação (Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional) – Universidade
Estadual de Londrina, Londrina, 2013.
Obrigado!

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