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1.

– INTRODUÇÃO À TOPOGRAFIA

1.1 – ETIMOLOGIA
A palavra TOPOGRAFIA é composta por dois radicais gregos: “topos”(que significa
lugar), e “graphen” (que significa escrever), significando a palavra composta a descrição
exata de um lugar.

1.2– ORIGEM DA TOPOGRAFIA


Teve origem nas mais antigas civilizações, entre as quais os caldeus, os árabes, os
egípcios, gregos e romanos. Povos primitivos nômades, que para se fixarem em um
determinado local sobre a terra, tiveram que aprender a registrar os aspectos deste local
para tirar proveito das vantagens do relevo e vencer suas dificuldades naturais. Já no
tempo de Ramsés II (1.300 A.C.), havia no Egito plantas topográficas com finalidades
agrícolas e militares. Estes povos nos legaram processos e instrumentos que, embora
primitivos, serviram para descrever, delimitar e avaliar características de áreas.
Posteriormente com a introdução dos princípios da Geometria, a Topografia foi surgindo
como nova ciência para medição de áreas e sua delimitação com a finalidade de separação
de culturas, estabelecimento dos limites das propriedades e no planejamento e
implantação de cidades. Mas somente com o desenvolvimento da Matemática e da Física
nos últimos séculos, a Topografia saiu de suas bases empíricas e passou a ser uma ciência.
Entre as diversas ciências que deram origem, concorrem e complementam a topografia,
estão: a Geodésia, História, Geografia e os Documentos Cartográficos.

1.3 – OBJETIVOS DA TOPOGRAFIA


A Topografia tem por finalidade o estudo de princípios e métodos para determinar o
contorno, as dimensões e a posição relativa de uma porção limitada da superfície terrestre,
incluindo o fundo dos mares e o interior das minas.

1.4 – IMPORTÂNCIA DA TOPOGRAFIA


Não se pode conceber qualquer obra de Arquitetura, Engenharia, Agronomia ou ação
militar, sem o pleno conhecimento do lugar onde a mesma deverá ser implantada ou
conduzida. São necessários o conhecimento de seus limites, dimensões, localização, seus
acidentes geográficos, vegetação e também as estradas existentes na área. No estudo de
rodovias e ferrovias, nos projetos de canalização e drenagem de águas, nos projetos de
redes elétricas e de telecomunicação, na exploração de minas, nos estudos geológicos, nos
projetos urbanísticos e paisagísticos na implantação de projetos de engenharia como
hidrelétricas, prédios, indústrias, enfim os projetos dos mais diversos tipos de obras de
engenharia são sempre elaborados com base em plantas cadastrais atualizadas, fornecidas
pela Topografia. Posteriormente a etapa de planejamento e projeto a Topografia é
novamente necessária na fase de implantação ou locação da obra, para posicionar
corretamente, os edifícios, arruamentos, divisas, etc. E mesmo após a conclusão da obra,
pode haver necessidade da verificação de um recalque, deslocamento relativo, ou outro
controle topográfico.

1.5 – DIVISÃO DA TOPOGRAFIA


A topografia faz parte de uma disciplina mais abrangente, a Geodesia, que tem como
objetivo o estudo de grandes extensões da superfície terrestre, levando em consideração a
curvatura da terra. Para efeitos didáticos podemos dividir a Topografia em quatro grupos
principais: Topometria, Topologia, Taqueometria e Fotogrametria.

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Topografia – Intrudução Eng. Jésus Caldeira de Alencar Alvarenga – M.Sc
1.5.1 - Topometria
A topometria é dividida em Planimetria e Altimetria. A Planimetria estuda a posição dos
pontos e medidas entre os mesmos, considerando como se todos estivessem sobre um
mesmo plano horizontal. A Altimetria estuda a determinação das alturas dos pontos
topográficos em relação a um plano vertical de referência.
1.5.2 – Topologia
A Topologia, tem por objetivo o estudo das formas exteriores da superfície terrestre e das
leis que regem o seu modelado. Sua aplicação principal está na representação cartográfica
do terreno e das curvas de nível. As curvas de nível são obtidas através da interseção de
planos horizontais paralelos e eqüidistantes com a superfície do terreno que será
representado.

Fig.: 01

1.5.3 – Taqueometria
A Taqueometria, ou levantamento plani-altimétrico, objetiva o levantamento de pontos do
terreno, determinando sua posição planialtimétrica de forma indireta, pela resolução de
triângulos retângulos. É empregada principalmente nos levantamentos de curvas de nível e
em terrenos fortemente acidentados.
1.5.4 – Fotogrametria
A Fotogrametria executa o levantamento de pontos do terreno, dentro de um determinado
campo topográfico, por meio de fotografias tomadas de pontos elevados da superfície
terrestre – Fotogrametria Terrestre – ou tomadas por aviões equipados com câmaras
fotográficas apropriadas – Fotogrametria aérea ou Aerofotogrametria. O levantamento
Fotogramétrico é absolutamente imprescindível em obras de grande vulto, como rodovias,
ferrovias, aeroportos, hidrelétricas, muito importante para o planejamento urbano.

2.0 – COORDENADAS GEOGRÁFICAS:


Por mais diminuto ou longínquo, qualquer ponto na superfície da terra pode ser localizado
no mapa, se forem conhecidas suas coordenadas geográficas. Para se determinar a posição
de um ponto sobre a superfície terrestre, é necessário conhecer três elementos: A Latitude,
a Longitude e a Altitude.

2.1 – GEODÉSIA

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Topografia – Intrudução Eng. Jésus Caldeira de Alencar Alvarenga – M.Sc
Tem por objetivo o estudo da forma e dimensão da terra, levando em conta sua forma
elíptica. Procura determinar com precisão a posição de pontos sobre a superfície terrestre,
proporcionando a topografia uma rede de pontos nas quais irá apoiar seus levantamentos.

2.2 – DISTINÇÃO ENTRE GEODÉSIA E TOPOGRAFIA:


A geodésia em seus trabalhos, leva em consideração a forma da terra, estudando grandes
extensões da superfície terrestre, enquanto a topografia tem a sua atuação restrita a
pequenos trechos da superfície terrestre, que em seus cálculos considera este trecho como
sendo plano. Este plano é denominado plano topográfico.

2.3 – FORMA DA TERRA:


A terra tem a forma aproximada de um asteróide com achatamento nos pólos denominado
Geóide. Como o Geóide é uma figura pouco conhecida matematicamente, foi adotado
como forma da terra o elipsóide, que é um sólido imaginário que mais se aproxima do
Geóide, sendo este sólido uma figura perfeitamente conhecida pela matemática, onde seus
elementos são perfeitamente dedutíveis.
A superfície da terra, desprezando as montanhas, vales ou irregularidades locais, tem a
forma de um elipsóide de revolução, que é a figura que compreende uma elipse de pouca
excentricidade girando ao redor do seu eixo menor.

a = semi-eixo maior
b = semi-eixo menor
b
a

a = 6.378.388m
b = 6.356.912m

Fig. 02

Os valores de “a e b” foram obtidos por Hayford em 1909, e a partir de 1924


recomendados para o elipsóide internacional de referência, como valores oficiais.
Considerando estes dois tipos de superfície em uma determinada região do globo terrestre
(a superfície do geóide e a superfície do elipsóide de referência), temos ainda a superfície
real. Embora muito irregular, a superfície da terra é constituída por elevações e depressões
relativamente pequenas se comparadas com as dimensões do planeta, pois alcançam
pouco mais que um milésimo do raio da terra. A maior elevação no monte Everest, é de
aproximadamente 8.838m, e a maior depressão oceânica é de aproximadamente 13.300m.
Se considerarmos a terra como uma bola de futebol, a maior elevação seria como um grão
de areia preso a esta bola. Se considerarmos a terra de forma esférica, e empregarmos para
análise um raio médio de R=6.370.000m, teremos uma circunferência de
aproximadamente 40.023.984m.

2.4 – LONGITUDE ()


A longitude de um lugar,é o ângulo ou distância em arco, compreendido entre o plano do
meridiano desse lugar e o plano do meridiano de origem, localizado no Observatório de
Greenwich na Inglaterra. É medida em graus de 0 o a 180o no Leste (E), e Oeste (W) de

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Topografia – Intrudução Eng. Jésus Caldeira de Alencar Alvarenga – M.Sc
Greenwich (GR). Sendo positiva à Leste de Greenwich, e negativa a Oeste de Greenwich,
sendo mais usual o emprego das letras E e W em sua designação.

2.5 – LATITUDE ()


A latitude de um lugar é o ângulo ou distância em arco, compreendido entre a vertical
desse lugar e o plano do Equador, em direção aos pólos, medido de 0o a 90o, Norte ou Sul.

Fig.: 03

2.6 – ALTITUDE (h)


A Altitude é a posição vertical de um lugar, acima ou abaixo de uma superfície de
referência. O nível médio dos mares.

2.7 – MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DE COORDENADAS GEOGRÁFICAS

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Topografia – Intrudução Eng. Jésus Caldeira de Alencar Alvarenga – M.Sc
A partir de pontos conhecidos, por triangulação são determinados outros pontos, através
de equipamentos óticos, eletrônicos e outros. Atualmente com o emprego de satélites
artificiais em conjunção com sistemas baseados em terra é aperfeiçoado o conhecimento
da superfície terrestre. Rasteando a passagem de um satélite, a partir de estações terrestre,
conhecidos os elementos de sua trajetória, velocidade, direção e altura a cada momento,
calcula-se a posição relativa das estações rastreadoras.
2.7.1 – Sistema de Posicionamento Global
O Sistema de Posicionamento Global, também conhecido por GPS, é um sistema de
navegação baseado em um sistema de rádio espacial. Consta de 24 satélites que
proporcionam posições precisas em três dimensões, velocidade e tempo, durante 24 horas
do dia, em qualquer parte do mundo e em todas as condições climáticas. Por não haver
comunicação direta entre o usuário e o satélite, o GPS pode servir a um número ilimitado
de usuários. O sistema de posicionamento global (GPS) está disponível sob duas formas
básicas: SPS, iniciais de Standard Positioning Service (serviço de posicionamento padrão)
e PPS, iniciais de Precise Positioning Service (serviço de posicionamento preciso). Os
satélites GPS possuem relógios atômicos de alto grau de precisão. A informação horária
se situa nos códigos de transmissão mediante os satélites, de forma que um receptor pode
determinar em cada momento quanto tempo se transmite o sinal. Esse sinal contém dados
que o receptor utiliza para calcular a localização dos satélites e realizar os ajustes
necessários para obter as posições com precisão. O receptor utiliza a diferença entre o
tempo da recepção do sinal e o tempo de transmissão para calcular a distância até o
satélite. Também leva em conta os atrasos na propagação do sinal devidos à ionosfera e à
troposfera. Com três distâncias para três satélites e conhecendo a localização do satélite de
onde foi enviado o sinal, o receptor calcula sua posição em três dimensões.

2.8 – SISTEMA DE COORDENADAS UTM (Universal Transversa de Mercator)


Mercator, Gerardus (1512-1594), geógrafo, cartógrafo e matemático Belga. Em 1537,
criou o seu primeiro mapa. Em 1568, concebeu e desenvolveu um sistema de projeção de
mapas, conhecido atualmente como UTM. Esse sistema representa os meridianos como
linhas paralelas e os paralelos como linhas retas que se cruzam com os meridianos
formando ângulos retos.
A numeração dos meridianos centrais, também chamada de fusos é numerada de 6 em 6
graus. O Brasil está coberto por 8 dos 60 fusos, que são os fusos de 18 a 25 (18, 19, 20,
21, 22, 23, 24, 25). A amplitude de cada fuso é de 6 o. A projeção Este sobre o meridiano
central é de E=500.000m (500Km), e a projeção Norte sobre o Equador N=10.000.000m
(10.000Km). Ambas foram estimadas para que em nenhum ponto compreendido entre os
pólos e os meridianos extremos ocorram coordenadas negativas.

FUSOS NO BRASIL
NÚMERO DO 0 – LONGITUDE DO E0 – ABCISSA DO N0 – ORDENADA DO
FUSO MERIDIANO CENTRAL MERIDIANO CENTRAL MERIDIANO CENTRAL
18 75o W GR 500.000m 10.000.000m
19 69o W GR 500.000m 10.000.000m
20 63o W GR 500.000m 10.000.000m
21 57o W GR 500.000m 10.000.000m
22 51o W GR 500.000m 10.000.000m
23 45o W GR 500.000m 10.000.000m
24 39o W GR 500.000m 10.000.000m
25 33o W GR 500.000m 10.000.000m

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Topografia – Intrudução Eng. Jésus Caldeira de Alencar Alvarenga – M.Sc
Fig.: 04

COORDENADAS DE ALGUMAS CAPITAIS BRASILEIRAS


CIDADE  – LONGITUDE  - LATITUDE
Florianópolis 48° 36' W GR 27°36' S
Belém 48° 29' W GR 01° 27' S
Belo Horizonte 43° 57' W GR 19° 56' S
Brasília 47° 55' W GR 15° 52' S
Curitiba 49° 17' W GR 25° 25' S
Fortaleza 38° 33' W GR 03° 46' S
Porto Alegre 51° 13' W GR 30° 02' S
Recife 34° 53' W GR 08° 04' S
Rio De Janeiro 43° 12' W GR 22° 55' S
Salvador 38° 30' W GR 13° 00' S
São Paulo 46° 38'W GR 23° 33' S

2.9 – NORTE VERDADEIRO


Norte Verdadeiro (NV) ou Norte Geográfico é o alinhamento tangente ao meridiano que passa
Fig.: 04 pelo ponto topográfico considerado na direção Norte.
NV

NV
EQUADOR

NV
Fig.: 05

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Topografia – Intrudução Eng. Jésus Caldeira de Alencar Alvarenga – M.Sc

Fig.: 06

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