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Aula 1

Generalidades e Introdução ao estudo da Topografia

Meta da aula

Apresentar a importância e áreas de atuação da Topografia, trazendo suas definições,


divisões e conceitos.

Objetivos

Ao final desta aula você deverá ser capaz de:

1. Entender como se deu o surgimento da Topografia;


2. Entender e assimilar de forma simples e objetiva o conceito de Topografia;
3. Conhecer a importância da Topografia em diversas áreas do cotidiano;
4. Definir e classificar os ângulos horizontais

Início da Introdução

Desde os primórdios, o homem sentiu a necessidade de utilizar meios pelos quais


pudesse delimitar e demarcar, o ambiente o qual ele estava inserido e consequentemente
era tido como sendo de sua propriedade. Foi essa necessidade que fez com que o
homem pudesse estudar o até então ambiente desconhecido e perceber as diferenças e
irregularidades físicas existentes na superfície terrestre. Essa percepção unida com o
pouco conhecimento obtido pelo homem, fez com que ele pudesse começar a tirar
proveito de vantagens e até mesmo superar algumas dificuldades do seu ambiente, é
claro, dentro das limitações impostas por sua falta de conhecimentos.

A busca pela melhor forma de resolver as dificuldades e limitações nessa época


primitiva, fez com que o homem desenvolvesse uma preocupação na escolha do local
onde ele iria fixar moradia, analisando diversos fatores como acidentes geográficos,
proximidade a fontes hídricas e a disponibilidade de utilizá-la.

Devido ao desenvolvimento da humanidade, foi possível o aprimoramento das técnicas


até então conhecidas e também a implantação de novas técnicas que possibilitaram ao
homem a resolução de problemas surgidos junto à evolução da sociedade. A resolução
dos mais variados problemas (construção de estradas, construção civil, levantamentos
de áreas) só foi possível graças à inter-relação entre as diversas áreas (Geodésia,
Cartografia) e ao surgimento de novos campos, como a Topografia.

Nesta aula tentaremos entender o que é Topografia, qual sua importância, quais suas
contribuições, onde e como é dada sua atuação.

Fim da Introdução

1. Definições e conceitos
A palavra Topografia deriva do grego (topos = lugar; graphen = descrição) e significa a
descrição exata e minuciosa de um lugar.

Em sua definição clássica dada por Loch e Cordini (1995), define-se Topografia como
sendo a ciência aplicada, baseada na geometria e na trigonometria plana, que utiliza
medidas de distância horizontais, de diferença de nível, de ângulos e de orientação, com
o fim de obter a representação, em projeção ortogonal sobre um plano de referência, dos
pontos que definem a forma, as dimensões e a posição relativa de uma porção limitada
do terreno, sem considerar a curvatura da Terra.

Diversas definições têm sido atribuídas à Topografia, dentre as principais podem ser
destacadas:

“É a ciência que estuda a representação detalhada de uma superfície limitada da terra


considerada plana.”

“É a ciência que estuda uma área de terra limitada, com a finalidade de conhecer sua
forma quanto ao contorno, sua orientação sem levar em consideração a curvatura da
terra.”

“É a ciência que estuda instrumentos e métodos para coleta de dados, cálculo e


representação gráfica de parte da superfície terrestre, sem levar em consideração a
curvatura da terra causada pela sua esfericidade. Representação esta feita sobre um
plano, ortogonalmente a este, denominado Plano Topográfico.”

2. Divisões da Topografia

A topografia se divide em duas partes: “Topometria” que trata da medida das grandezas
lineares e angulares capazes de bem definirem a posição dos pontos topográficos nos
planos horizontal e vertical e “Topologia” que cuida do estudo das formas do relevo
terrestre e das leis de sua formação, constituindo a parte artística da Topografia, de
aplicação constante na representação do relevo através das curvas de nível. A
Topometria, por sua vez, se subdivide em “Planimetria – responsável pela medida dos
ângulos e distâncias no plano horizontal, de modo a definir a posição dos pontos do
terreno como se todos estivessem no mesmo plano horizontal e “Altimetria” que cuida
da determinação das alturas dos pontos topográficos em relação a um plano horizontal
de referência, através de medidas no plano vertical.

2.1. Topometria

É a parte da topografia que se ocupa das medidas das grandezas lineares e angulares,
seja no plano horizontal, seja no plano vertical, no sentido de bem definir as respectivas
posições relativas dos pontos topográficos. A Topometria pode ser considerada como
uma topografia de precisão e pode alcançar seu objetivo mediante três procedimentos
distintos:
a) Efetuando medidas de grandezas angulares e lineares em relação a um plano
horizontal de referência – planimetria; efetuando medidas de grandezas
angulares e lineares em relação a um plano vertical de referência – altimetria;
b) Efetuando conjuntamente medidas de grandezas angulares e lineares em relação
aos planos horizontal e vertical, determinando assim as posições relativas dos
pontos topográficos, bem como suas respectivas alturas – taqueometria;
c) Efetuando medidas de ângulos, distâncias e diferenças de nível sobre fotografias
tomadas de pontos do terreno – fotogrametria terrestre; ou sobre fotografias
tomadas a partir de aeronaves – aerofotogrametria.

2.2. Planimetria

É a parte da topometria que ensina a medida dos ângulos e das linhas no plano
horizontal. Ela considera todos os pontos topográficos como situados no mesmo plano
horizontal, cuidando de definir as suas posições relativas, como se todos possuíssem, a
mesma altitude. É uma representação em projeção horizontal dos detalhes naturais e
artificiais, (planta baixa).

2.3. Altimetria

É a determinação das distâncias verticais de certo número de pontos sobre a superfície a


ser levantada, tendo como referência o nível médio dos mares ou o próprio plano
topográfico. Ela não é apenas a projeção horizontal de um terreno e o conhecimento de
sua área obtida, por levantamento planimétrico, que têm interesse prático, mas também
o estudo e a representação de seu relevo, procurando complementar os dados da
planimetria com outros tantos que mostrem e identifiquem as formas e os acidentes do
terreno.

A altimetria trata da medida dos ângulos e das linhas no plano vertical, visando a
determinar as diferentes alturas dos diversos pontos que interessem a definição do
acidente a ser representado. A operação que constitui o objeto da altimetria é o
nivelamento.

2.4. Taqueometria

É um método de levantamento planialtimétrico no qual as medições de distâncias


horizontais e de diferenças de nível são realizadas de forma indireta, utilizando-se os
princípios da trigonometria. São utilizados em campo o teodolito e a mira. Não é
possível avaliar os erros cometidos nas medições em campo, por isso é um método
secundário que vem complementar os métodos principais. A vantagem desse método é
sua rapidez e adaptabilidade a terrenos acidentados.

O levantamento taqueométrico é usado principalmente para definição plani-altimétrica


de parcelas do terreno, realizado através de poligonais e de radiações a partir dos
vértices das poligonais. A poligonal, desenvolvida em geral ao longo do contorno da
área considerada, serve de arcabouço, base de todo levantamento, enquanto as
irradiações têm por finalidade a determinação dos pontos capazes de definirem os
acidentes aí existentes e de caracterizarem o relevo do terreno.

2.5. Topologia

Tem por objetivo o estudo das formas exteriores da superfície terrestre e das leis a que
rege o seu modelado. Sua aplicação principal é na representação da altimetria pelas
curvas de nível, que são as intersecções obtidas por planos eqüidistantes paralelos ao
plano de representação.

3. Importância da Topografia

Sua importância surgiu principalmente da necessidade do homem de conhecer o meio


em que vive, por questões de sobrevivência, orientação, segurança, guerras, navegação,
construção, etc. No principio a representação do espaço baseava-se na observação e
descrição do meio. Alguns historiadores defendem que o homem já fazia mapas antes
mesmo do desenvolvimento da escrita.
A Topografia é à base de projetos ou obras, pois fornece métodos e instrumentos que
permitem o conhecimento do terreno e asseguram a correta execução do serviço. É
através dela que se executa a medição e o cálculo das áreas de terras, sua demarcação e
divisão e todas as operações de Agrimensura. A partir do produto obtido na Topografia,
estuda-se e se desenvolve projetos. A grande maioria dos trabalhos de engenharia civil,
arquitetura e agronomia, se desenvolvem em função do terreno sobre o qual se assenta.

3.1. Áreas de atuação

Dentre as diversas atividades que necessitam da Topografia para a sua correta execução,
levando em consideração tanto as condições técnicas como ecológicas, podem ser
destacadas:

• Engenharia civil;
• Urbanização;
• Edificações;
• Agronomia;
• Saneamento;
• Cartografia;
• Obras viárias;
• Paisagismo;
• Cadastros imobiliários e florestais;
• Divisão de terras;
• Barragens, represas e usinas hidrelétricas;
• Sistemas de irrigação e drenagem;
• Canalizações.
4. Princípios utilizados em topografia

4.1. Princípios físicos

São dados através do estudo das formas e dimensões da Terra, movimento de suas
placas e campos de gravidade, onde também é considerada a curvatura da Terra e toda a
interação por ela produzida.

4.2. Princípios matemáticos

Baseiam-se na quantificação das grandezas obtidas a partir dos levantamentos


topográficos, principalmente a geometria e a trigonometria.

Por conceito Planimetria é a divisão da topografia que estuda os processos de medidas


lineares e angulares em um plano horizontal, independentemente das estações e dos
pontos visados apresentarem cotas diferentes.
A medida de direção consiste em determinar uma direção única, fixa e imutável, no
terreno, capaz de ser reconstituída em qualquer época; a esta direção são referidas todas
as medidas de um levantamento, com o objetivo de garantir a uniformidade de
representações, isto é, garantir que os elementos nelas constantes ocupem posições
relativas semelhantes, de forma que umas representações possam ser acopladas a outras,
mesmo que executadas em épocas diferentes.
Por definição, na Topografia, a distância D entre dois pontos A e B, será sempre a
distância horizontal entre eles, independente da inclinação da superfície da terra.
Dentro do processo de medição angular no plano horizontal, é importante conhecer a
classificação dos tipos de ângulos que são utilizados em levantamentos planimétricos.
Então, os ângulos horizontais, são classificados em azimutais e goniométricos.
Os ângulos azimutais, denominados azimutes e rumos, têm por origem a direção da
linha norte-sul e os goniométricos são ângulos medidos em relação a um alinhamento
qualquer, que recebem a denominação de ângulo entre alinhamentos e deflexões.

5. Operações com ângulos

Ângulo horizontal é o ângulo formado por dois planos verticais que contém as direções
formadas pelo ponto ocupado e os pontos visados (figura 1). É medido sempre na
horizontal, razão pela qual o teodolito deve estar devidamente nivelado.
Senhor Ilustrador inserir figura semelhante a essa com a mesma legenda.
Figura 1 – Ângulo horizontal

Conforme pode ser visto na figura 1, o ângulo entre as direções AO-OB e CO-OD é o
mesmo, face que os pontos A e C estão no mesmo plano vertical π e B e D no plano π’.
Em campo, quando da colimação ao ponto que define a direção de interesse, deve-se
tomar o cuidado de apontar o retículo vertical exatamente sobre o ponto, visto que este é
que define o plano vertical.
Ângulo Externo (Ae): É o ângulo contado a partir do alinhamento anterior para o
posterior, externamente a poligonal. ∑ Ae = (n+2).180°
Ângulo Interno (Ai): É o ângulo contado a partir do alinhamento anterior para o
posterior, internamente a poligonal. ∑ Ai = (n-2).180°
Para facilitar as operações com ângulos iremos agora estudar as unidades angulares:

RADIANO
É o ângulo central que subentende um arco de circunferência de comprimento igual ao
raio da mesma. É uma unidade suplementar do SI para ângulos planos.
2πR — 360º arco = R = raio

Senhor Ilustrador inserir figura semelhante a essa com a mesma legenda.


Figura 2 – Representação de um arco de ângulo

GRAU
1 grau = 1/360 da circunferência
grau ° 1° = (π /180) rad
minuto ’ 1’ = 1°/60= (π/10800) rad
segundos ” 1” = 1°/3600= (π/648000) rad

GRADO
1 grado =1/400 da circunferência
Um grado é dividido em 100’ e cada minuto tem 100”.

EXERCICIO 1 - Atividades utilizando operações com ângulos

1. Transforme os seguintes ângulos em graus, minutos e segundos para graus e frações


decimais de grau.
a) 32º 28’ 59” = 32 = 32, 48305556º
b) 17º 34’ 18,3” = 17 = 17,57175º
c) 125º 59’ 57” = 125 = 125,9991667º

2. Some e subtraia os ângulos:


30º20’ + 20º 52’ = 51º12’
28º41’ + 39°39’ = 68°20’
42º30’ – 20°40’ = 21°50’

Utilizando a calculadora:
30,20 →DEG = 30,3333333
+
20,52 →DEG = 20,86666667
=
51,20000 2ndF →DEG = 51º 12’

6. Azimute, rumo e conversão de rumo em azimute e vice-versa

Azimute é o ângulo formado entre o Norte e o alinhamento em questão. É medido a


partir do Norte, no sentido horário, podendo variar de 0º a 360º. Considerando-se a Fig.
1, por exemplo:
Senhor Ilustrador inserir figura semelhante a essa com a mesma legenda.
Figura 3 – Esquema mostrando o azimute nos diferentes quadrante e para as diferentes
direções.

Rumo é o menor ângulo formado entre a linha Norte-Sul e o alinhamento em questão.


Varia de 0º a 90º e necessita a indicação do quadrante em que se encontra o alinhamento
(Fig. 2).

Senhor Ilustrador inserir figura semelhante a essa com a mesma legenda.


Figura 4 – Esquema mostrando o Rumo para diferentes direções.

Considerando-se a Fig. 5, por exemplo:


Senhor Ilustrador inserir figura semelhante a essa com a mesma legenda.
Figura 5 – Esquema mostrando os diferentes Rumos.

Primeiro Quadrante NE ROA = 35º NE


Segundo Quadrante SE ROB = 35º SE
Terceiro Quadrante SO ROC = 70º SW
Quarto Quadrante NO ROD = 20º N

7. Calculo do Rumo em função do Azimute, e do Azimute em função do Rumo:

Senhor Ilustrador inserir figura semelhante a essa com a mesma legenda.


Figura 6 – Esquema mostrando os diferentes Rumos em relação aos quatro quadrantes.

Quadrante Az p/ Rumo Rumo p/ Az


01 R = Az Az = R
02 R = 180° - Az Az = 180° - R
03 R = Az - 180° Az = R + 180°
04 R = 360° - Az Az = 360° - R

EXEMPLO 2 - Treinando as transformações rumo-azimute, azimute-rumo

1. Calcular os Rumos em função dos Azimutes dados:


1 - 45° 16’ 35”
2 - 122° 59’ 18”
3 - 259° 44’ 55”
4 - 348° 02’ 07”
5 - 90° 01’ 09”

2. Calcular os Azimutes em função dos Rumos dados:

1 - 88° 43’ 25” NE


2 - 1° 27’ 12” SE
3 - 16° 00’ 52” SO
4 - 89° 59’ 47” NO
5 - 26° 32’ 16” SO

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