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2020/2021

CARACTERIZAÇÃO DA CASCA DE
AMENDOIM COMO BIOMASSA PARA
APROVEITAMENTO ENERGÉTICO

Mestrado em Engenharia Química

Química e Caracterização da Biomassa

Docente: Jorge Garrido Grupo: Ana Isidro 1101031

Caroline Paganini 1190134

Janeiro de 2021
Sumário

Atualmente, a produção de energia elétrica apresenta-se como uma das


principais preocupações da sociedade atual, pois influencia diretamente as
atividades do dia-a-dia, ao nível doméstico e também no industrial. Como a
utilização de combustíveis de origem fóssil ainda é dominante na produção de
energia mundial, a necessidade de produtos energéticos de origem fóssil obriga
países não detentores destes recursos a um ciclo de dependência de
importação.
Devido ao crescimento da consciência ecológica, a busca por alternativas
energéticas sustentáveis e renováveis torna-se interessante para minimizar os
problemas ambientais gerados pela queima de combustíveis de origem fóssil.
Portugal é um país com défice de energias não renováveis, mas dispõe de
um grande potencial de produção de energia a partir de fontes renováveis, como
a biomassa, devido a suas características geográficas e climáticas, e estes
recursos se aproveitados devidamente são capazes de dar resposta a produção
de energia elétrica e também a produção de calor para os diferentes processos
industriais.
É neste contexto que se desenvolve o presente trabalho, que tem como
principal objetivo a análise do potencial de geração de energia a partir do
aproveitamento de resíduos industriais de casca de amendoim.
A indústria do processamento de amendoim utiliza, principalmente, essa
oleaginosa para fins alimentares. Embora a maior parte do amendoim vendido
seja sem casca, uma grande quantidade de subproduto, a casca de amendoim,
que é gerado não tem qualquer utilização.
Para a determinação do potencial de geração de energia desse resíduo foi
feita a análise termogravimétrica (TG), a fim de evidenciar as etapas referentes
à perda de humidade e degradação da matéria orgânica e determinado o poder
calorífico superior (PCS) no valor de 17,78 MJ kg-1. Outros parâmetros
estudados foram o teor de humidade 4,06 %, cinzas 2,06 %, voláteis 98 % e de
carbono fixo 1,75 %.
O conjunto de informações obtidas neste trabalho nos mostram que o
resíduo agroindustrial, casca de amendoim, apresenta elevado potencial de

3
utilização como biomassa para geração de calor e eletricidade, dentre outras
vantagens como a diminuição da dependência de importação de produtos
energéticos fósseis, o desenvolvimento da economia regional e a diminuição de
emissões de CO2 e outros poluentes. No entanto, é importante salientar que por
se tratar de uma área nova, existe uma grande necessidade de estudos mais
aprofundados e de uma maior caracterização dos aspetos da biomassa, pois seu
uso também acarreta algumas desvantagens como gestão das cinzas, logísticas
de transporte e o alto investimento financeiro.
Fez-se também um estudo de caso, considerando a criação de uma unidade
fabril de processamento de amendoim (limpeza, secagem, descasque e
distribuição), pois não existe em Portugal, o que faz com que o maior produtor
de amendoim envie suas produções para a Espanha e Holanda que realizam
estes processos. Esta unidade, caso utilizasse o resíduo do descasque, a casca
de amendoim, como biomassa para geração de energia, produziria cerca de
2.346.960 kWh e que se fosse utilizado para o consumo anual da fábrica geraria
uma economia de 321.768,21 €.

Palavras-chave: Casca de amendoim, sustentabilidade, biomassa, geração


de energia.

4
ÍNDICE

SUMÁRIO .............................................................................................................................. 3

ÍNDICE ................................................................................................................................... 5

NOMENCLATURA ................................................................................................................ 7

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 8

1.1 Enquadramento ................................................................................................. 8

1.2 Biomassa ........................................................................................................... 9

1.2.1 Conversão da biomassa ............................................................................................ 9

1.2.2 Propriedades da biomassa ........................................................................................ 9

1.2.2.1 Humidade .......................................................................................................... 10

1.2.2.2 Teor de voláteis ................................................................................................. 10

1.2.2.3 Cinzas ................................................................................................................ 10

1.2.2.4 Carbono fixo ...................................................................................................... 10

1.2.2.5 Poder Calorífico ................................................................................................. 11

1.2.2.6 Análise Termogravimétrica ................................................................................ 11

1.3 A casca de amendoim como recurso energético em Portugal........................ 12

1.4 Análise de mercado ......................................................................................... 14

2 OBJETIVOS ............................................................................................................ 14

3 METODOLOGIA....................................................................................................... 15

3.1 Preparação das amostras ............................................................................... 15

3.2 Análise Imediata .............................................................................................. 15

3.2.1 Determinação do Teor de Humidade ....................................................................... 16

3.2.2 Determinação do Teor de Voláteis ........................................................................... 16

3.2.3 Determinação do Teor de Cinzas ............................................................................ 17

3.2.4 Determinação de Carbono Fixo ............................................................................... 17

3.3 Poder Calorífico Superior (PCS) ..................................................................... 17

3.4 Análise Térmogravimétrica .............................................................................. 17

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 18

4.1 Análise Imediata .............................................................................................. 18

5
4.2 Poder Calorífico Superior ................................................................................ 19

4.3 Análise Termogravimétrica .............................................................................. 20

4.4 Estudo de caso: Indústria de Amendoins ........................................................ 21

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ....................................... 24

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 26

ANEXOS ............................................................................................................................ 28

Anexo A – Cálculos da análise imediata ..................................................................... 28

Anexo B – Conversão do PCS (cal/g) para (MJ/kg) .................................................... 30

Anexo C – Cálculo do rendimento em energia ............................................................ 31

6
Nomenclatura

%Ash – Teor de Cinzas

%CF – Teor de Carbono Fixo

%MVt – Teor de Material Volátil

%U – Teor de Humidade

ASTM – American Society for Testing and Materials

DSC - Differential Scanning Calorimetry

ETAR – Estação de Tratamento de Águas Residuais

ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto

PCS – Poder Calorífico Superior [kJ/kg]

PCI – Poder Calorífico Inferior [kJ/kg]

RSU – Resíduos Sólidos Urbanos

TG – Análise Termogravimétrica

7
1 Introdução

1.1 Enquadramento

Nos dias de hoje é inconcebível pensar viver sem uma fonte de energia.
Tendo em conta o aumento do aquecimento global, das emissões de dióxido de
carbono para a atmosfera e da instabilidade dos preços do combustível é
improrrogável ter de pensar numa fonte de energia mais ecológica e económica.
Neste contexto, além das energias renováveis, como a energia geotérmica,
a eólica, hídrica e fotovoltaica, tem-se investido e investigado cada vez mais a
potencialidade do uso da biomassa. Com o uso biomassa, que além de ter
origem em recursos renováveis e cujo tratamento não imite gases que
contribuam para o efeito de estufa, tem-se variadas fontes de energia, seus
subprodutos não são prejudiciais para o ambiente e cujo acesso das fontes é
fácil e barato.
A biomassa, no sentido lato da geração de energia, engloba toda a matéria
orgânica, de origem tanto vegetal como animal, passível de ser convertida em
energia ou produtos que viabilizem a produção da mesma. A energia contida na
biomassa resulta da captura da energia solar pelas plantas, que posteriormente
a vão transformar em energia química, através do processo de fotossíntese.
Apesar de ser um recurso energético complexo, a biomassa pode ser convertida
em várias outras formas de energia, desde eletricidade, biocombustíveis ou
calor.
Num sentido mais ecológico pode-se dizer que biomassa é parte
biodegradável dos produtos e resíduos da agricultura, da floresta e indústrias
associadas e dos resíduos industriais e urbanos. Simplificando podemos dizer
que são designados por biomassa os resíduos naturais, os resíduos resultantes
das atividades humanas, ou seja, subprodutos da pecuária, pesca, agricultura,
florestas ou exploração da indústria da madeira e a parte biodegradável dos
resíduos sólidos urbanos (lixo doméstico). Ambos os resíduos mencionados têm
a característica de serem recursos renováveis num curto período de tempo.

8
Com tanta diversidade de escolha de matérias-primas como biomassa é
necessário saber a origem e as propriedades das mesmas de forma a saber qual
o produto pretendido e facilitar a seleção do processo de conversão.

1.2 Biomassa

1.2.1 Conversão da biomassa


Há três tipos de biomassa: sólida, líquida e gasosa. A biomassa sólida é
resultado dos resíduos florestais, agrícolas (incluindo os vegetais e animais) e
da fração biodegradável dos resíduos industriais e urbanos.
O aproveitamento da biomassa sólida é feito através da queima em centrais
térmicas para a produção de energia elétrica e de água quente, através da sua
queima direta (combustão) em caldeiras com produção de calor, ou ainda para
a produção de biocombustíveis sólidos (densificação) e gasosos, através dos
processos de pirólise e gaseificação[1].
A biomassa líquida existe numa série de biocombustíveis líquidos com
potencial de utilização. Os biocombustíveis líquidos com potencial de utilização
têm origem em “culturas energéticas”, dos quais resultam o biodiesel, o etanol e
o metanol. Dos diferentes produtos da biomassa líquida o biodiesel é obtido a
partir de óleos vegetais e animais, e pode ser utilizado como substituto do
gasóleo. Já o etanol e o metanol são produzidos através da fermentação de
hidratos de carbono (açúcar, amido, celulose).
A biomassa gasosa tem origem nos efluentes agropecuários provenientes
da agroindústria e meio urbano (lamas) e de aterros de resíduos sólidos urbanos
(RSU) donde resultam o gás de aterro e o biogás. O biocombustível gasoso,
conhecido por biogás, tem origem nos efluentes agropecuários e urbanos (lamas
de ETAR’s) e ainda nos aterros de RSU, resultado da degradação biológica
anaeróbica da matéria orgânica contida nestes resíduos.

1.2.2 Propriedades da biomassa


As propriedades da biomassa têm uma influência na escolha da mesma e
na tecnologia de conversão, devido à sua especificidade no que diz respeito ao
conteúdo de matéria seca e consistência. As características que tornam a

9
biomassa num bom combustível, são o elevado poder calorífico, a baixa
temperatura de ignição, o elevado teor de voláteis e a elevada taxa de
combustão. Em contrapartida, existem fatores que podem limitar a eficiência de
combustão, como a humidade. Estas propriedades são determinadas através da
sua caracterização, sendo classificadas através da análise imediata e poder
calorífico. Através da análise imediata determinam-se os teores de humidade,
cinzas, matéria volátil e carbono fixo. Pode-se sujeitar ainda a amostra a uma
análise termogravimétrica para ter uma noção da relação da perda de matéria
com o aumento da temperatura.

1.2.2.1 Humidade

O teor de humidade da biomassa é definido como a quantidade de água livre


existente no material e varia no intervalo de 3 - 63 %, dependendo do tipo de
biomassa e do tipo de armazenamento[2].

1.2.2.2 Teor de voláteis


O teor de voláteis da biomassa é a fração libertada quando esta é aquecida
a 900 ºC em atmosfera inerte. Durante o processo de volatilização, a biomassa
decompõe-se em gases voláteis. O teor de matéria volátil (base seca) na
biomassa varia e normalmente é elevado, o que dá a indicação que este tipo de
combustível é de fácil ignição e oxidação[2].

1.2.2.3 Cinzas
O teor de cinzas (base seca) determinado a 550 - 700 ºC na biomassa varia
normalmente entre 0,1 - 45 %, dependendo da espécie de biomassa. Este teor
e a sua composição química, afetam o comportamento dos processos de
conversão energética (a elevadas temperaturas), nomeadamente no que diz
respeito à formação de aglomerações, o que faz com que aumentem os custos
de manutenção, e por sua vez um aumento dos custos globais do processo[2].

1.2.2.4 Carbono fixo


O teor de carbono fixo é a fração mássica que se mantém após a libertação
dos voláteis, excluindo a cinza e o teor de humidade. O conteúdo de carbono
10
fixo (base seca) da biomassa costuma ser relativamente baixo variando entre 1
- 38 %[2].

1.2.2.5 Poder Calorífico


O poder calorífico é definido como o conteúdo energético libertado durante
a conversão energética de um combustível, e é apresentado em quantidade de
energia por unidade de massa [MJ/kg]. Este conteúdo energético é determinado
pela composição química da biomassa e é normalmente expresso como poder
calorífico superior (PCS) ou poder calorífico inferior (PCI).
O PCS é dado pela soma da energia libertada na forma de calor e a energia
gasta na vaporização da água que se forma numa reação de oxidação, medindo
assim a alteração da entalpia de combustão com a água condensada, enquanto
que o PCI é o valor usado para o cálculo da energia disponível sob a forma de
calor.

1.2.2.6 Análise Termogravimétrica


A análise termogravimétrica é a técnica termoanalítica que acompanha a
perda/ganho de massa da amostra em função do tempo ou temperatura.
O equipamento desta análise é basicamente composto pela termobalança.
Este é um instrumento que permite a pesagem contínua de uma amostra em
função da temperatura à medida que a amostra é aquecida ou arrefecida. A
termobalança é constituída por uma balança registadora, forno, suporte de
amostra, sensor de temperatura, programador de temperatura do forno, sistema
registrador e controle da atmosfera do forno, como mostra a figura 1 abaixo[3].

Figura 1 – Esquema de montagem da análise termogravimétrica


Fonte: DENARI & CAVALHEIRO, 2012.

11
1.3 A casca de amendoim como recurso energético em Portugal

Em Portugal o recurso à biomassa é bastante ténue, sendo preterido em


relação às energias renováveis (água, vento, sol), cujo estudo está mais
desenvolvido. No entanto, no que diz respeito a biomassa, Portugal tem uma
percentagem de 38 % de florestas do seu território o que representa um grande
potencial energético onde a biomassa é a principal fonte de energia primária[4].
Os seus principais utilizadores são as indústrias de madeira e seus
derivados, e as indústrias de pasta de papel e embalagens, que utilizam grandes
quantidades de biomassa para satisfazer as suas necessidades energéticas.
Convém então estudar potenciais resíduos para servirem de biomassa e
assim, expandir o recurso da biomassa para mais áreas em Portugal, como por
exemplo os resíduos agrícolas ou agroindustriais, para poupar um pouco as
florestas das quais além do uso da indústria das madeiras e pasta de papel,
vários hectares ardem anualmente.
No presente trabalho pretende-se fazer a caracterização do resíduo casca
de amendoim torrado para avaliar a sua viabilidade como biomassa.
O amendoim é uma planta originária da América do sul: Brasil, Paraguai,
Bolívia e norte da Argentina. Dada a sua origem, o nome do amendoim provém
da linguagem indígena e significaria “fruto enterrado”. O amendoim (Arachis
hypogaea L.), é extremamente rico em proteínas, sódio e fósforo[5]. Também
denominado por alcongoita na região portuguesa do Alentejo.
A difusão do amendoim iniciou-se para as diversas regiões da América
Latina, América Central e México. Foi introduzido na Europa no século XVIII. No
século XIX foi difundido em Africa, Filipinas, China, Japão e Índia[6].
O amendoim é normalmente consumido na sua forma pura, cozido, torrado
ou cru, salgado ou doce, mas também sob a forma de manteiga de amendoim
que é bastante utilizada na indústria da panificação e de doces. Seu óleo
amendoim também é frequentemente utilizado na culinária por ser um óleo que
suporta temperaturas mais altas. O amendoim é também largamente utilizado
como recheio ou componente de chocolates e bombons. Na culinária em
sobremesas (bolos, tortas). De uma forma medicinal ajuda a combater o mau
colesterol (LDL) e triglicéridos[7][8].

12
Os amendoins têm uma variedade de usos na área industrial. Tintas,
vernizes, óleos lubrificantes, roupas de couro, polidor de móveis, inseticidas e
nitroglicerina são feitos de óleo de amendoim. Alguns processos de
saponificação utilizam óleo de amendoim, assim como a produção de diversos
cosméticos. A porção de proteínas do óleo é usado na fabricação de algumas
fibras têxteis[9].
As cascas de amendoim são aproveitadas no fabrico de plástico, gesso,
abrasivos e combustível. Estes são usados para fazer celulose (rayon e utilizado
em papel) e mucilagem (cola). A parte aérea da planta de amendoim é utilizada
para fazer feno. O bolo de proteína (farelo de bagaços), resíduo do
processamento do óleo, é usado na alimentação animal e como fertilizante do
solo. Também pode ser usado, como outros legumes e grãos, para fazer um leite
sem lactose, como bebida, o leite de amendoim. A planta que sustenta os
amendoins pode ser utilizada como alimento para animais de quinta.
O cultivo do amendoim em Portugal é uma tradição nos Açores
(nomeadamente Ilha de São Miguel), mas no continente ainda é recente e tem
vindo a evoluir ao longo dos anos tendo já atingido os 750 hectares de produção,
até porque Portugal é um grande consumidor deste fruto seco [10].
O ciclo da cultura do amendoim é anual e leva de 90 a 150 dias, com
plantio na primavera (maio) e sementeira no verão (junho). Seu plantio exige solo
fértil de textura arenosa. As zonas que melhor se desenvolve são de clima
tropical e subtropical, com temperaturas entre 25 a 35 ºC e humidade relativa
baixa a média[11].
A cultura do amendoim está totalmente mecanizada e entra perfeitamente
na rotação com outras culturas. É melhoradora de solo, porque fixa o azoto
atmosférico através das suas raízes profundas, e praticamente não precisa de
adubo, sobretudo azoto, nem de rega diária. A rotação com a cultura do
amendoim é vantajosa uma vez que esta também apresenta potencial enquanto
fixadora de azoto, particularmente importante nos solos em causa que são
arenosos (pobres)[12].

13
1.4 Análise de mercado

Em Portugal o mercado de amendoim está a aumentar. Cada vez mais


utilizado na cozinha portuguesa, ou simplesmente usado como aperitivo o
amendoim está mais presente na vida dos portugueses.
Produzido essencialmente no litoral alentejano e ribatejano esta cultura
apresenta um grande potencial, pois estes terrenos têm solos arenosos
adaptados a esta cultura e os métodos culturais para este tipo de terrenos e
ainda não se conseguiu chegar ao ponto máximo, porque todos os anos a média
de produção cresce. A rentabilidade por hectare também tem crescido, passando
das 3 a 3,5 toneladas de média por hectare para perto de 4. Comparada com
outras culturas, como a do milho, o preço (de custos) é bastante apreciado pelos
produtores. De notar que este fruto seco tem a particularidade de ser uma cultura
anual, concorrendo por isso com outras culturas de primavera-verão[10].
Um dos desafios da cultura é a limitação da capacidade de secagem, que
acaba por ser um risco, uma vez que o período de colheita está muito
concentrado. A secagem é um processo importante uma vez que diminui a
probabilidade de degradação do produto quando armazenado. Normalmente a
secagem da produção portuguesa é feita em Espanha. É necessário fazer
crescer esta capacidade de forma a poder aproveitar de outra forma a
oportunidade de colheita. Algumas empresas produtoras portuguesas estão a
projetar alguns desenvolvimentos nesta área de forma a alavancar novas
oportunidades de negócio com criação de valor, só possíveis com a existência
de capacidade de secagem, descasque, pelagem e branqueamento [10].

2 Objetivos

O presente trabalho tem como objetivo a caracterização físico-química,


determinação do poder calorífico superior e o estudo da valorização energética
da biomassa casca de amendoim visando à aplicação em processos térmicos de
conversão para geração de energia.
Para a concretização deste objetivo geral, teve-se como objetivos
específicos:

14
- Análise Termogravimétrica;
- Análise Imediata;
- Análise do poder calorífico superior;

3 Metodologia

3.1 Preparação das amostras

Neste trabalho foram estudadas as amostras de casca de amendoim que


foram obtidas após a compra de amendoim torrado da marca Modelo Continente
Hipermercados S.A.
As amostras foram trituradas em uma picadora Moulinex TYPE 320R no
laboratório L101 do ISEP pelo tempo necessário até se obter um pó fino. Obteve-
se 441,3 g de pó de casca de amendoim torrado, sendo posteriormente
armazenado numa embalagem fechada e manteve-se a temperatura ambiente
até posterior utilização. A figura 2 abaixo representa a amostra em diferentes
circunstâncias.

Figura 2 – Na imagem: a) o amendoim torrado antes de ser descascado; b) casca de amendoim

3.2 torrada e c) casca de amendoim torrada moída.


Análise Imediata
Fonte: Registro pessoal, 2020.

A análise imediata foi efetuada tendo como objetivo caracterizar o perfil


das cascas de amendoim e consiste na determinação dos teores de humidade,
matéria volátil, carbono fixo e cinzas. A casca de amendoim foi submetida aos

15
procedimentos descritos na norma D1762-84 da American Society for Testing
and Materials (ASTM).

3.2.1 Determinação do Teor de Humidade


O teor de humidade foi determinado pesando aproximadamente 1,5 g de
biomassa e colocando em estufa por 4 h a 105 ºC. Após o tempo pesou-se
novamente a amostra para determinação da perda de massa. A análise foi
efetuada em triplicado e o resultado expresso como a %U média.
Utilizou-se da equação 1 abaixo para obter-se o resultado:
𝑚1 − 𝑚2
%U = 𝑥 100 (1)
𝑚
Onde,
𝑚 – Massa da amostra em gramas
𝑚1 – Massa de cadinho + massa da amostra antes da retirada da
humidade na mufla em gramas
𝑚2 – Massa de cadinho + massa da amostra após a retirada da
humidade na mufla em gramas

3.2.2 Determinação do Teor de Voláteis


A percentagem de matéria volátil é determinada a partir de 1 g da amostra
isenta de humidade em mufla (modelo Nabertherm B150) durante 7 minutos a
900ºC.
Após realizado o procedimento, retiraram-se as amostras da mufla e
colocadas num excicador para arrefecerem e assim, determinar seu teor de
material volátil.
A análise foi realizada em triplicado e o resultado expresso como a média
%MVT . O cálculo do teor de voláteis foi realizado conforme a equação 2 abaixo.
𝑚2 − 𝑚3
%MVT = 𝑥 100 (2)
𝑚
Onde,
𝑚 – Massa da amostra em gramas
𝑚2 – Massa de cadinho + massa da amostra após a retirada da
humidade na mufla em gramas

16
𝑚3 – Massa de cadinho + massa da amostra depois da retirada da
determinação de voláteis em gramas

3.2.3 Determinação do Teor de Cinzas


A percentagem de cinzas é determinada a partir de 1 g de amostra sem
humidade. O teor de cinzas então é calculado pela combustão do resíduo a 750
ºC por 6 h na mufla.
A análise foi realizada em triplicado e após o arrefecimento, o cálculo do
teor de cinzas (%Ash) foi determinado pela equação 3 seguinte:
𝑚4
%Ash = 𝑥 100 (3)
𝑚3
Onde,
𝑚3 – Massa de cadinho + massa da amostra depois da retirada da
determinação de voláteis em gramas
𝑚4 – Massa de cadinho + massa da amostra após da retirada da
determinação de cinzas em gramas

3.2.4 Determinação de Carbono Fixo


A determinação do carbono fixo é calculada fazendo a diferença entre a
percentagem de massa seca, ou seja, isenta de cinzas (100%) e a percentagem
de teor de voláteis. A percentagem do carbono fixo, é calculada como mostra a
equação 4 a seguir.
%CF = 100 − %MVT (4)

3.3 Poder Calorífico Superior (PCS)

Este parâmetro foi determinado em duplicado experimentalmente ao colocar


aproximadamente 0,25 g de biomassa isenta de humidade na bomba
calorimétrica (Marca Parr, 6772 - CAROLIMETRIC THERMOMETER).

3.4 Análise Térmogravimétrica

A análise termogravimétrica foi realizada em uma balança


termogravimétrica NETZSCH STA449 F3. As condições experimentais foram:
17
atmosfera inerte (N2) e posteriormente foi adicionado ar, com rampa de
aquecimento de 25 K/min com variação de temperatura de 20 a 900°C. Uma
massa inicial de aproximadamente 8,88 mg foi utilizada.

4 Resultados e Discussão

4.1 Análise Imediata

Na tabela 1 são apresentados os teores de matéria volátil, cinzas e carbono


fixo da amostra de casca de amendoim. O elevado teor de matéria volátil
encontrado (98,00 ± 0,01 %), associado ao baixo teor de cinzas (2,06 ± 0,07 %),
torna este material atrativo para um processo de conversão termoquímica
(pirólise, gasificação, carbonização e outros). No anexo A encontram-se os
cálculos dos valores encontrados na tabela abaixo.

Tabela 1 - Resultados da análise imediata.

Casca de amendoim 1 2 3 Média Desvio padrão (σ)

Humidade (%, m/m) 4,22 4,01 3,95 4,06 0,10

Matéria Volátil (%, m/m) 98,72 98,01 98,01 98,00 0,01

Cinzas (%, m/m) 2,133 2,096 1,946 2,06 0,07

Carbono Fixo* (%, m/m) 1,28 1,99 1,99 1,75 0,31


*obtido por diferença

Em processos de conversão termoquímica, obter-se baixos valores de


humidade nos combustíveis é favorável. Pois um elevado teor de humidade pode
resultar em uma má ignição e dificuldades no processo de combustão. A
presença de água na biomassa também representa a redução do poder calorífico
superior devido a energia necessária para evaporar a água presente.
Geralmente, para uma biomassa seca, a humidade é inferior a 10%[13]. O teor
médio de humidade encontrado para a amostra foi de 4,06 ± 0,10 % , o que está
dentro do esperado.

18
A amostra ter apresentado um conteúdo maior de matéria volátil (98,00 ±
0,01 %) do que de carbono fixo (1,75 ± 0,31 %) é o esperado para biomassas
lenhocelulósica, pois estes dois índices são inversamente proporcionais.
O conteúdo de voláteis expressa a facilidade de se queimar o material e a
fração de biomassa remanescente na amostra após o aquecimento é o carbono
fixo. Combustíveis com alto índice de carbono fixo deverão queimar mais
lentamente, portanto requerem maiores tempos de residência nas fornalhas para
queima total em comparação aos combustíveis com baixo índice de carbono fixo.
E como reportado por Demirbas (1997) ao realizar-se a análise elementar,
podemos dizer que os maiores valores de voláteis presentes nas biomassas
fazem com que elas apresentem também uma alta reatividade, porém, como
possuem teores mais baixos dos conteúdos de C e H quando comparado ao
carvão fazem que com esses materiais apresentem menores valores de PCS[15].
A amostra analisada apresenta quantidade baixa de teor de cinzas, o teor
médio de cinzas encontrado para a amostra foi de 2,06 ± 0,07 %, que pode ser
considerado interessante, visto que um excesso de cinzas não é desejado
quando se deseja a utilização dessa biomassa em processos industriais, pois o
conteúdo presente nas cinzas pode gerar problemas de deposição,
incrustrações, aglomeração, entre outros, processos estes que prejudicam o
rendimento dos trocadores de calor e consequentemente diminuem a eficiência
do processo[16].

4.2 Poder Calorífico Superior

O poder calorífico superior obtido para a amostra de casca de amendoim foi


de 17,78 ± 0,10 MJ/kg como mostra na tabela 2 abaixo e no Anexo B encontram-
se os cálculos realizados para a conversão das unidades do PCS.

Tabela 2 – Resultados do relatório da bomba calorimétrica.

Amostra 𝐦𝐚𝐦𝐨𝐬𝐭𝐫𝐚 (g) PCS (cal/g) PCS (MJ/kg)

1 0,2506 4286,6005 17,94

2 0,2507 4211,7987 17,63

19
Média 0,2506 4248,6996 17,78

A análise do poder calorífico é uma propriedade importante para a


caracterização de um material para ser classificado como combustível, visto que,
esta característica é imprescindível, junto com as das análises imediatas, para
projetar e controlar um processo térmico para geração de energia.
Ele representa a energia liberada durante a transferência de calor, quanto
maior o PCS, mais eficaz é o combustível. O valor encontrado para o PCS está
dentro do esperado como reportado por Braz (2014), no qual as biomassas
apresentam valores entre 15 e 20 MJ kg-1 enquanto os carvões minerais
apresentam valores médio de 30 MJ kg-1.

4.3 Análise Termogravimétrica

A figura 3 apresenta o termograma obtido para a casca de amendoim,


fazendo-se uso de uma taxa de aquecimento de 25 K/min. O termograma obtido
nos fornece a curva de perda de massa em função da temperatura (TG) e a curva
de calorimetria diferencial de varredura (DSC) na fusão do material.

Figura 3 – Análise térmica (TG e DSC) da amostra de casca de amendoim.


20
É possível observar que a primeira curva apresenta valores de perda de
massa em temperatura abaixo de 120 ºC, onde acontece a remoção da
humidade.
A região de principal perda de massa que foi observada no termograma
ocorreu entre 240 e 350 ºC. Esta perda de massa é correspondente à
decomposição da matéria orgânica presente na biomassa e à degradação
térmica da celulose, da hemicelulose e lenhina[17]. Como mostra na figura 3, os
valores de perda de massa variaram entre 50 a 90%.
Neste intervalo, de acordo com os autores Batalla et. al (2005), também
ocorre a decomposição de produtos como CO, CO2, benzaldeído, fenóis e seus
polímeros, e é também, onde ocorre a formação inicial de carvão.
Para o intervalo entre 350 - 700ºC é onde a desidratação ocorre e as
estruturas de carvão e carbono são formadas gradualmente obtendo-se
monóxido de carbono como bioproduto[7].
Acima de 700ºC, a curva se mantém quase linearmente até o fim do
experência, o que mostra que deixou de liberar calor e remanesceram apenas
os resíduos, ou seja, as cinzas.
Com o auxílio das curvas DSC (Differential Scanning Calorimetry), nota-se
um pico a aproximadamente 340 ºC, que está relacionado com a degradação
térmica da hemicelulose e celulose. Em 550ºC nota-se outro pico que está
relacionado com a degradação térmica da lenhina. Como é descrito na literatura
que o evento de degradação da lenhina inicia-se em aproximadamente 200 ºC e
finaliza em 600 ºC o resultado foi dentro do esperado[17][18].

4.4 Estudo de caso: Indústria de Amendoins

Uma vez que a cultura deste fruto seco se dá melhor em terrenos arenosos
e com abundância em calcário, solos característicos do sul de Portugal, seria
bastante dispendioso tentar a produção no Norte do país. No entanto, é no norte
do país onde está localizada a maior parte da população portuguesa (35,9 %),
bem como muitos dos parques industriais[19].

21
Atualmente, a Torriba S.A. é uma organização de produtores de
hortofrutícolas pioneira e a maior produtora de amendoins de Portugal,
localizada na região do Ribatejo (figura 4), representa mais de 150 produtores
com uma área de produção de 6000 hectares total, onde em 2017, 450 hectares
destes eram destinados a cultura de amendoim[5].

Figura 4 – Localização no mapa de Portugal onde está localizada a região do Ribatejo e as vias de
transporte que nela passam.
Fonte: https://www.visitribatejo.pt/pt/mapa-do-ribatejo/conheca-o-ribatejo/

Apesar de presente em diversos mercados e tendo parceria com


renomadas empresas, a organização não possui ainda a tecnologia de realizar
as etapas de secagem, limpeza, descasque e embalamento do amendoim que
é enviado primeiramente a Espanha para a secagem e limpeza, depois à
Holanda para o descasque, classificação e embalagem e por segue para a
distribuição para os parceiros pela europa e até mesmo retornando à Portugal[20].
É fácil perceber que os custos associados ao transporte adequado,
logística e distribuição dessa matéria prima são grandes, enquanto que a criação

22
de uma unidade fabril que realizasse estes processos na região Norte, mais
especificamente no parque industrial de Vila do Conde, por exemplo, os
diminuiria e facilitaria a dispersão do produto para retalho. E como a região em
que se localizam as plantações de amendoim é considerada o coração de
Portugal, pois é cruzada pelas melhores vias rodoviárias e ferroviárias o
transporte não seria um problema.
Esta nova unidade então, seria responsável pelos processos de limpeza,
secagem, descasque, classificação, embalagem e distribuição dos amendoins
das variadas indústrias deste produto, como mostra a figura 5. Já as cascas de
amendoim geradas na unidade de descasque seriam destinadas para a
produção de energia para o abastecimento da própria indústria e até mesmo
para a região em que está localizada.

Pré-Limpeza Secagem Limpeza Descasque Classificação Emabalgem Distribuição

Figura 5 – Etapas em um processo de produção de amendoim.


Fonte: https://www.sementesesperanca.com.br/amendoim-beneficiado

Colocando em números a vantagem da introdução desta indústria além da


localização de fácil acesso aos resíduos de descasque, é a utilização das cascas
como biomassa para a obtenção de energia. No anexo C estão todos os cálculos
das conversões utilizadas e que nos dá uma produção de energia equivalente a
2.346.960 kWh por ciclo de produção de amendoim.
Ao pesquisar na Base de Dados Contemporâneos de Portugal, que teve
sua última atualização em 2017, o consumo de energia doméstico, não
doméstico, industrial, da agricultura, iluminação pública e de edifícios do Estado
de todas as regiões do país. Com a produção de energia gerada seria possível
abastecer toda a ilha de Corvo, a menor das ilhas do arquipélago dos Açores[21].
Ou, considerando que toda a energia fosse destinada ao consumo anual
da fábrica e que o custo do kWh industrial atual em Portugal é de 0,1371 €/kWh,
esta fábrica teria uma economia de aproximadamente 321.768 € em energia
elétrica[21].

23
Como a cultura de amendoim pode ser uma cultura rotativa, seria
interessante investir em produção de energia reutilizando o descarte de cascas
outras matérias-primas para produção de energia diversificando a parceria com
outras indústrias do ramo alimentício para fazer as etapas de secagem, limpeza,
descasque, classificação, embalagem e distribuição de outras oleaginosas que
seguem um processo semelhante ao do amendoim.

5 Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros

A partir dos resultados apresentados neste trabalho, foi possível identificar


que a conversão termoquímica dos resíduos de casca de amendoim seria viável,
uma vez que o elevado valor de PCS (17,78 ± 0,10 MJ kg-1) indica ter um
potencial para ser utilizada como biocombustível.
Por meio da análise imediata observou-se que a biomassa apresentava um
teor de cinza de 2,06 ± 0,07 %, o que é interessante, pois como descrito na
literatura a presença de altos teores de cinza nos materiais proporcionam a
diminuição do rendimento no processo. O teor de humidade baixo (4,06 ± 0,10
%) é outro fator importante e que foi criteriosamente analisado por ser uma
biomassa com interesse de ser empregada em um processo térmico, pois altores
teores de humidade dificultariam o processo de combustão e até mesmo
impossibilitar o processo de ignição.
A amostra também apresentou maior conteúdo de matéria volátil (98,00 ±
0,01 %) do que de carbono fixo (1,75 ± 0,31 %) o que é esperado para biomassas
lignocelulósicas e que seriam melhores explicados e demonstrados ao realizar-
se a análise elementar.
Além disso, ao investigar o perfil da degradação térmica das amostras pela
técnica termogravimétrica, foi possível identificar a temperatura de 120 ºC onde
ocorre a perda de humidade do material. Entre 240 e 400 ºC foi a faixa de
temperatura referente à degradação dos constituintes orgânicos (hemicelulose,
celulose e lenhina).
Em termos de perspectiva futuras, sabe-se a biomassa é um recurso
energético com potencial de valorização e que apesar de todo o conhecimento
existente atual sobre a biomassa, tanto na utilização como combustível, como

24
em tecnologias de conversão e processamento, é necessário continuar os
esforços de aprofundamento sobre o tema numa pespectiva de crescimento e
adaptabilidade de mercado e necessidade dos consumidores.
Dito isto, considera-se oportuno o desenvolvimento em trabalhos futuros as
seguintes linhas de investigação:

 Caracterização mais aprofundada da biomassa ao investigar também


sua capacidade antioxidante e antimicrobiana, analisar seu teor de
proteína, gorduras e vitaminas, realizar análise cromatográfica e
elementar, assim investigando por completo a valorização do
subproduto casca de amendoim e que pode além de ser uma fonte de
energia mas também agregar para a formação de novos produtos.
 Avaliar a conversão térmica de biomassa através de torrefação e/ou
gasificação;
 Desenvolvimento de tecnologias de combustão aos produtos gerados
pela torrefação e/ou gasificação;
 Estudo da potencialidade de outros resíduos como biomassa, e assim
investigar se também é viável utilizá-los para geração de energia.

25
Bibliografia
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Gouveia, A. (2016). Qualidade de biodiesel de soja, mamona e blendas durante
armazenamento Quality of biodiesel soy, castor beans and blends during
storage. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, 11(5),
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[10] - Silva, C. (2010) “Oportunidade para frutos secos”. Ciclo de conferências
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Consultado a 02 de janeiro de 2021.
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e comparação dos padrões sazonais de comportamento dos preços no período
de janeiro de 1996 a dezembro de 2005. Available in: Acess, 3.
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26
[14] - Demirbas, A., Gullu, D., Caglar, A., & Akdeniz, F. (1997). Estimation of
calorific values of fuels from lignocellulosics. Energy Sources, 19(8), 765-770.
[15] - Braz, C. (2014). Caracterização de biomassa lignocelulósica para uso em
processos térmicos de geração de energia. 2012 (Doctoral dissertation, Tese
(Mestre em Química)-Instituto de Química–Campus de Araraquara da
Universidade Estadual Paulista–UNESP, Araraquara).
[16] - Orozco, R. S., Hernández, P. B., Morales, G. R., Núñez, F. U., Villafuerte,
J. O., Lugo, V. L., ... & Vázquez, P. C. (2014). Characterization of lignocellulosic
fruit waste as an alternative feedstock for bioethanol
production. BioResources, 9(2), 1873-1885.
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[18] - Jenkins, B., Baxter, L. L., Miles Jr, T. R., & Miles, T. R. (1998). Combustion
properties of biomass. Fuel processing technology, 54(1-3), 17-46.
[19] – Instituto Nacional de Estatística. https://www.ine.pt/ - Consultado em 03
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[20] – Cultura do Amendoim. https://www.vidarural.pt/producao/amendoim-
pode-entrar-na-rotacao-outras-culturas/ - Consultado em 03 de janeiro de 2021.
[21] - Base de Dados Portugal Contemporâneo. https://www.pordata.pt/Home -
Consultado em 03 de janeiro de 2021.

27
Anexos

Anexo A – Cálculos da análise imediata

 Determinação do Teor de Humidade

De maneira a determinar o teor de humidade presente na biomassa


utilizou-se a equação 1 os valores de massa foram obtidos experimentalmente.
Foram feitos em triplicata e o exemplo de cálculo abaixo é apenas para o primeiro
ensaio. O resultado final é a média dos três ensaios.
42,6109 − 42,5464
%U1 = 𝑥 100 = 4,22 %
1,5280
%U2 = 4,01 %
%U3 = 3,95 %

4,22 + 4,01 + 3,95


%U𝑚é𝑑𝑖𝑎 = = 4,06 %
3

 Determinação do Teor de Voláteis

De maneira a determinar o teor de voláteis presente na biomassa utilizou-se


a equação 2 e os valores de massa foram obtidos experimentalmente. Foram
feitos em triplicata e o exemplo de cálculo abaixo é apenas para o primeiro
ensaio. O resultado final é a média dos três ensaios.
42,096 − 41,1032
%MVT1 = 𝑥 100 = 97,99 %
1,0131
%MVT2 = 98,01 %
%MVT3 = 98,01 %
97,99 + 98,01 + 98,01
%MVTmédia = = 97,7 %
3

 Determinação do Teor de Cinzas

De maneira a determinar o teor de cinzas presente na biomassa utilizou-


se a equação 3 e os valores de massa foram obtidos experimentalmente.
Foram feitos em triplicata e o exemplo de cálculo abaixo é apenas para o
primeiro ensaio. O resultado final é a média dos três ensaios.

28
0,0204
%Ash1 = 𝑥 100 = 2,133 %
0,9562

%Ash2 = 2,096 %
%Ash3 = 1,946 %

2,133 + 2,096 + 1,946


%Ashmédia = = 2,06 %
3

 Determinação de Carbono Fixo

A determinação do carbono fixo foi calculada fazendo a diferença entre a


percentagem de massa seca, ou seja, isenta de cinzas (100%) e a percentagem
de teor de voláteis. Utilizando a equação 4.
%CF1 = 100 − 98,72 = 1,28 %

%CF2 = 1,99 %

%CF3 = 1,99 %

1,28 + 1,99 + 1,99


%CF𝑚é𝑑𝑖𝑎 = = 1,75 %
3

29
Anexo B – Conversão do PCS (cal/g) para (MJ/kg)

De maneira a converter para unidades de energia o valor do poder calorífico


superior fornecido pela bomba calorimétrica, temos:

0,0041868 MJ/𝑘𝑔
PCS1 = 4286,6005 𝑐𝑎𝑙/𝑔 𝑥 = 17,94 MJ/𝑘𝑔
1 𝑐𝑎𝑙/𝑔

PCS2 = 17,63 MJ/𝑘𝑔

Como o ensaio foi realizado em duplicado, o valor de PCS foi a média dos
ensaios.

17,94 + 17,63
PCSmédio = = 17,78 MJ/𝑘𝑔
2

30
Anexo C – Cálculo do rendimento em energia

De maneira a calcular quandos kWh de energia seriam produzidas pela


indústria de processamento da biomassa casca de amendoim, e de acordo com
Silva (2020), sabe-se que a rentabilidade média atual de amendoim por hectare
é de 4 toneladas, sendo 450 hectares de plantio, tem-se:
4 𝑡𝑜𝑛 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑒𝑛𝑑𝑜𝑖𝑚
450 ℎ𝑒𝑐𝑡𝑎𝑟𝑒𝑠 𝑥 = 1800 𝑡𝑜𝑛𝑒𝑙𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑒𝑛𝑑𝑜𝑖𝑚
1 ℎ𝑒𝑐𝑡𝑎𝑟𝑒

Experimentalmente verificou-se que 1 kg de amendoim gera 0,264 kg de


casca, então com 1800 toneladas de amendoim tem-se de casca:
0,264 𝑡𝑜𝑛 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑠𝑐𝑎
1800 𝑡𝑜𝑛 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑒𝑛𝑑𝑜𝑖𝑚 𝑥 = 475,2 𝑡𝑜𝑛 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑠𝑐𝑎
1 𝑡𝑜𝑛 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑒𝑛𝑑𝑜𝑖𝑚

Sabe-se também que 1 kg de casca de amendoim gera 17,78 MJ, então a


unidade fabril produziria em energia cerca de:
17,78 𝑀𝐽
𝑥 475200 𝑘𝑔 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑠𝑐𝑎 = 8.449.056 𝑀𝐽
1 𝑘𝑔 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑠𝑐𝑎

Convertendo este valor para kWh temos o equivalente à:


277,78 𝑊ℎ
𝑥 8449056 𝑀𝐽 = 2.346.960 𝑘𝑊ℎ
1 𝑀𝐽

O custo de kWh industrial em Portugal em 2020 foi de 0,1371 €/kWh[21] e


considerando que toda a energia gerada é utilizada para a própria fábrica durante
o ano, isso geraria uma economia financeira de:
0,1371 €
2.346.960 𝑘𝑊ℎ/𝑎𝑛𝑜 𝑥 = 321.768 €/𝑎𝑛𝑜
1 𝑘𝑊ℎ

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