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GEREPR

Mestrado Engª Química – Energia e Biorrefinaria

Rosa Pilão ISEP/DEQ


Gestão Energia

O conceito de Utilização Racional de Energia (URE),


demonstrou ser possível crescer sem aumentar os
consumos ou afectar a qualidade da produção.

Gestão de
Energia

Para gerir é indispensável Situação energética


conhecer o objecto de gestão. da instalação.

Levantamento e Auditoria Energética


SGCIE - despacho nº 17449/2008

Nos termos do SGCIE os elementos a considerar


na realização de Auditorias Energéticas (AE), na
elaboração de Planos de Racionalização de
Consumos de Energia (PREn) e nos Relatórios
de execução e progresso (REP) são definidos no
Despacho nº 17449/2008 de 27 de Junho.
Auditoria Energética

O que é uma auditoria energética?

Caracterização detalhada, critica, geral e sectorial das


condições de utilização de Energia, com vista à
identificação de oportunidades de racionalização de
consumos energéticos, através da implementação de
medidas com viabilidade técnico-económica, que permitam
aumentar a eficiência energética e/ou reduzir a factura
energética da Instalação.

UTREN, 2008
Auditoria Energética

Objectivos de uma Auditoria (Despacho n.º 17449/2008):

 Quantificar os consumos energéticos (instalação, secções e/ou


equipamentos) e sua importância no custo final dos produtos;

 Efectuar uma inspecção visual dos equipamentos e/ou sistemas


consumidores de energia, complementada pelas medições necessárias;

 Esclarecer como é transformada a energia e quais os seus custos;

 Efectuar um levantamento e caracterização dos principais


equipamentos consumidores de energia;

 Obter diagramas de carga (DDC) eléctricos dos sistemas


considerados grandes consumidores de electricidade;

UTREN, 2008
Auditoria Energética

 Determinar a eficiência energética de geradores de energia


térmica existentes, pelos métodos das perdas ou directo;

 Verificar o estado das instalações de transporte e distribuição de


energia;

 Verificar o bom funcionamento dos aparelhos de controlo e


regulação do equipamento de conversão e utilização de energia;

 Realizar balanços de massa e de energia aos principais


equipamentos consumidores de energia térmica;

 Determinar consumos específicos de energia durante o período


de realização da auditoria, para comparação com os valores médios
mensais e anuais e detecção de eventuais variações sazonais;

UTREN, 2008
Auditoria Energética

 Determinar o valor da Intensidade energética (kgep/VAB) da


actividade empresarial directamente ligada à instalação CIE, bem como,
o consumo específico de energia (kgep/unidade de produção);

 Identificar e quantificar as possíveis áreas onde as economias de


energia são viáveis, como resultado das situações encontradas ou
anomalias detectadas e medições efectuadas;

 Definir intervenções com viabilidade técnico-económica,


conducentes ao aumento da eficiência energética e/ou à redução da
factura energética;

 Definir as linhas orientadoras para a implementação ou melhoria de


um esquema operacional de Gestão de Energia.

UTREN, 2008
Auditoria Energética

A condução eficaz de uma AE é um processo que envolve algumas


tarefas a desenvolver por ordem e sequência correctas.

Metodologia de Actuação

Preparação da intervenção

Intervenção no local

Tratamento da informação

Elaboração do relatório AE

UTREN, 2008
Auditoria Energética

1ª fase - Preparação da intervenção

 Análise do processo produtivo e energético da empresa;

 Definição de uma matriz de actuação;

 Recolha de informação relativa a tecnologias disponíveis no


mercado e respectivos custo.

UTREN, 2008
Auditoria Energética

2ª fase – Intervenção no local

 Caracterização energética da empresa


• Quantificação da Produção (quantidades e custos);
• Quantificação das utilizações de energia por tipo de
combustível;
• Consumos energéticos totais e desagregados;
• Quantificação da Facturas energéticas;
• Análise de custos

UTREN, 2008
Auditoria Energética

2ª fase – Intervenção no local

 Análise do processo produtivo da empresa


• Definição dos fluxogramas de processo
• Análise de fluxos energéticos

 Medições e registos com vista a:


• Balanços energéticos
• Rendimentos energéticos
• Diagrama de carga global da instalação e por aplicação
• Indicadores (consumo específico)

UTREN, 2008
Auditoria Energética

3ª fase – Tratamento da informação

 Determinação dos Indicadores IE, IC e CEE;

 Determinação de balanços energéticos e mássicos;

 Determinação de diagramas de carga global e dos principais


sectores;

 Desagregação de consumos pelos principais sectores;

 Identificação de oportunidades de racionalização do consumo


ORC’s;

 Análise da viabilidade técnica e económica das ORC’s.

UTREN, 2008
Auditoria Energética

4ª fase – Relatório de AE

 Índice do Relatório típico de uma Auditoria Energética


1- Informação básica sobre a empresa
2 - Caracterização energética da empresa
3 - Consumos e custos de energia (últimos 12 meses)
4 - Consumos específicos de energia mensais (últimos 12 meses)
5 - Distribuição dos consumos energéticos por sector produtivo e
serviços auxiliares
6 - Análise de alguns equipamentos produtivos
7 - Serviços auxiliares
8 - Gestão de energia
9 - Resumo das potenciais economias
10 - Conclusões

UTREN, 2008
Levantamento Energético

O levantamento energético permite:


 Identificar as formas de energia consumidas na organização
ou secção;

 Quantificar o consumo global de energia da organização ou


secção;

 Identificar os principais consumidores de energia e o seu


perfil de consumo;

 Caracterizar a empresa face a legislação energética em


vigor;

Fluxo de consumo de energia


Levantamento Energético

Fases do levantamento energético:


 Dados energéticos: Identificar e quantificar as formas de energia
consumidas na organização ou secção durante o período de tempo
considerado.

 Produção: Quantificação dos valores da produção. No caso em que


a produção seja um bem pode utilizar-se o nível de ocupação ou o m 2
ocupado como indicador de produção

 Consumidores: Identificação dos vários consumidores de energia


(equipamentos ou sectores) e registo do tipo de energia consumida,
regime se funcionamento e função no processo produtivo.

 Contabilidade energética: tratamento dos dados anteriores e


determinação dos indicadores energéticos.
Levantamento Energético

Resultados apresentados:

 Consumo global de energia (tep) e indicadores energéticos

 Estrutura do consumo: valor percentual das várias formas de


energia consumida em função do consumo global;

 Diagramas de carga: distribuição do consumo de energia ao longo


dos períodos de facturação;

 Relação entre a estrutura do consumo de energia e a estrutura do


custo de energia;

 Metodologia CUSUM: Relação entre o consumo global de energia


e a produção.
Levantamento Energético
Metodologia CUSUM: Definição de Valores Padrão de Consumo

Partindo de valores de dados históricos, ou de dados recolhidos


durante a monitorização, definir uma recta de consumos e a respectiva
equação.

E  mP  E0
Em que:

E - consumo de energia;
E0 - intercepção com o eixo da energia
(Consumo fixo, não associado à produção);
m - declive da recta (consumo específico);
P - produção.
Levantamento Energético

Boa correlação

Redução de E0: diminuição dos consumos de energia nos serviços


auxiliares e nas perdas.

Redução de m: diminuição do consumo de energia no processo,


resultante de acções directas de aumento da eficiência energética.
Levantamento Energético

Se o modelo Energia-Produção é linear o índice de consumo é uma


hipérbole cuja assíntota indica a produção necessária para obter uma
eficiência energética adequada.
Balanços de Energia

Para cada equipamento ou processo produtivo é


necessário fazer um balanço de matéria e
energia que permita conhecer as perdas, os
rendimentos, consumos específicos, por
forma a que se possam determinar as possíveis
melhorias a efectuar com o objectivo de
aumentar a eficiência energética.

UTREN, 2008
Balanços de Energia
1. Produção de calor

Por combustão: Q  mc  PCS  c p  Tc 

Q – Potência térmica, KJ/h


mc – caudal mássico de combustível, kg/h
PCS – Poder calorífico superior do combustível a Tr= 0ºC, KJ/kg
cp – Calor específico do combustível, kJ/kgºC
Tc – Temperatura do combustível, ºC

Por electricidade: Q  P  3600

P – Potência electrica dissipada, kW

Por reacção química: Q  mm  H r

mm – Caudal mássico de material após reacção, kg/h


Hr – Calor irreversível de reacção química a Tr, kJ/kg

UTREN, 2008
Balanços de Energia

2. Calor associado a gases e Humidade


Ar e gases de combustão Q  mg  cg  Tg  mg  w  1,9  Tg  2480 
mg – caudal mássico de gás seco, kg/h
Cg – calor específico do gas seco, kJ/kg ºC
Tg – Temperatura do gas, ºC
W – Teor de humidade no gás, kg H2O/ kg gas seco

Para gases combustão:


 
mg  1  E marsec o  1  mH 2O  mc

1  E  mar  war  a  mH O
w sec o 2

1  E  mar  1  mH O
sec o 2

E – excesso de ar
marseco – Quantidade de ar usado na queima estéquiométrica, kg/ kg combustível
mH2O – Quantidade de água produzida na queima, kg/kg combustível
War – Humidade do ar de combustão, kg/ kg ar seco
a – Teor de água no combustível, kg/ kg combustível

UTREN, 2008
Balanços de Energia

3. Calor associado a caudais mássicos


Q  mm  cm  Tm

mm – Caudal mássico de material, kg/h


Cm – Calor específico do material, kJ/kgºC
Tm – Temperatura do material, ºC

4. Calor associado a vapor de água sat. e a condensados


Q  mH  H a  f v  H e 

mH – Caudal mássico de água, kg/h


Ha – Entalpia específica da água, kJ/kg
He – Entalpia específica de evaporação, kJ/kg
Fv – fracção de vapor de água em relação à massa total

UTREN, 2008
Balanços de Energia

5. Perdas de calor em superfícies quentes

 4 4

Q  A     Ts  273  Tviz  273  B  A  Ts  Tviz 
1, 25

A – Área de transferência de calor, m2 Características B


- Emissividade da superfície
Superfícies verticais 1,97
Ts – Temperatura da superfície, ºC
Tviz – Temperatura da vizinhança, ºC Sup. Horizontais c/ exp. superior 2,56
B – factor de forma Sup. Horizontais c/ exp. inferior 1,32
Superfícies cilindricas horizontais 2,3

6. Perdas de calor através de isolamentos


T  T 
Q s a
x
Ri  i

R i
K i  Ai

A – área do material, m2
Ta – temperatura ambiente, ºC
x– espessura do material, m
K – condutividade térmica do material, KJ/hm2ºC

UTREN, 2008
Balanço Energia: exemplo

Processo de pasteurização do leite com sistema regenerativo


(pré-aquecedor)

Produção: 10000 kg/h de leite pasteurizado

 1ª fase: Elaboração do diagrama do processo e definição das


grandezas a medir;

 2ª fase: Efectuar balanços de energia para obter as potências


térmicas de cada caudal;

 3ª fase: Apresentação do fluxograma de massa/energia do


processo global e de equipamentos.

UTREN, 2008
Balanço Energia: exemplo
Processo de pasteurização
1ª fase - Diagrama de processo e grandezas a medir

3 - Vapor
M3, P3
T9

1 - Leite T8
M1, T1
Pré-aquecedor Aquecedor
4 - Condensado
T7 M4 , T4

5 - Água Arrefecedor 6 - Água


M5 , T5 T6

2 - Leite
T2

UTREN, 2008
Balanço Energia: exemplo

Processo de pasteurização
diagrama de processo e resultados das medições

3 - Vapor
M3 = 383 kg/h
T9 = 80 ºC P3 = 1,5 bar (rel)

1 - Leite T8 = 60 ºC
m1 = 10000 kg/h
Pré-aquecedor Aquecedor
T1 = 4 ºC
4 - Condensado
T7 = 24 ºC M4 = 383 kg/h
T4 = 110 ºC

5 - Água Arrefecedor 6 - Água


M5 = 25000 kg/h T6 = 9 ºC
T5 = 1 ºC
2 - Leite
T2 = 4 ºC

UTREN, 2008
Balanço Energia: exemplo
Processo de pasteurização
2ª fase – Balanço de energia ao processo global

Q1  m1cpleiteT1  10000  3,93  4  157 200 kJ/h


Q 2  m2 cpleiteT2  10000  3,93  4  157 200 kJ/h
Q3  mv  H vapor  383  2717,1  1 040 649 kJ/h
Q 4  mc cpáguaTc  383  4,18 110  176 103 kJ/h
Q5  m5cp águaT5  25000  4,18 1  104 500 kJ/h
Q 6  m6 cp águaT6  25000  4,18  9  940 500 kJ/h
Acerto

Q  Q1  Q3  Q5   Q2  Q4  Q6   28 546 kJ/h

UTREN, 2008
Balanço Energia: exemplo
Processo de pasteurização
2ª fase – Balanço de energia aos equipamentos

Q7  m7 cpleiteT9  10000  3,93  24  943 200 kJ/h


Q8  m8cpleiteT8  10000  3,93  60  2 358 000 kJ/h
Q9  m9cpleiteT9  10000  3,93  80  3 144 000 kJ/h

Acerto

Pré - aquecedor  Q  Q1  Q9   Q8  Q7   0 kJ/h


Aquecedor  Q  Q3  Q8   Q4  Q9   78 546 kJ/h
Arrefecedor  Q  Q2  Q6   Q5  Q7   50 000 kJ/h

UTREN, 2008
Balanço Energia: exemplo

Processo de pasteurização
3ª fase - Fluxograma de massa/energia do processo global
Vapor
M3 = 383 kg/h
Q3 = 1040649 kJ/h
Acerto do Balanço
Q = 28546 kJ/h
Erro = 2,2%

Leite Pré-aquecedor
m1 = 10000 kg/h
Aquecedor
Q1 = 157200 kJ/h

Água
Q6 = 940500 kJ/h
Água Arrefecedor
M5 = 25000 kg/h
Q5 = 104500 kJ/h
Leite Condensado
Q2 = 157200 kJ/h M4 = 383 kg/h
Q4 = 176103 kJ/h

UTREN, 2008
Balanço Energia: exemplo

Processo de pasteurização
3ª fase – Fluxograma massa/energia dos equipamentos
Vapor
M3 = 383 kg/h
Acerto do Balanço Q9 = 3140000 kJ/kg Q3 = 1040649 kJ/h
Q = 0 kJ/h

Leite Q8 = 2358000 kJ/h


m1 = 10000 kg/h
Pré-aquecedor Aquecedor
Q1 = 157200 kJ/h
Q7 = 943200 kJ/h
Acerto do Balanço
Água Q = 78546 kJ/h
Q6 = 940500 kJ/h Erro = 2,3%
Água Arrefecedor
M5 = 25000 kg/h Condensado
Q5 = 104500 kJ/h M4 = 383 kg/h
Q4 = 176103 kJ/h
Acerto do Balanço
Leite
Q2 = 157200 kJ/h Q = - 50000 kJ/h
Erro = - 4,8%

UTREN, 2008
Balanço Energia: exemplo

Comentários

Eficiência do sistema regenerativo: recuperação de calor


verificada no pré-aquecedor em relação à energia térmica
necessária

Ɛmáx = 85%

Q9  Q7
 p ré  a q u eced o r   100  74 %
Q 9  Q1

Aumentar a superfície
de transferência de
calor do pré-aquecedor

UTREN, 2008
Resultados - AE

UTREN, 2008
Resultados AE

Desagregação do consumo por sector

Sector 4
10% Sector 1
28%

Sector 3
47% Sector 2
15%

UTREN, 2008
Resultados AE

Diagrama de SanKey:
desagregação do consumo de energia eléctrica

60% Aquecimento

30% Força motriz

10% Iluminação

UTREN, 2008
Resultados - AE

Análise Consumos vs Custos da Energia

UTREN, 2008
Resultados - AE

Desagregação de consumos de energia por equipamento

UTREN, 2008
Plano Racionalização Consumo Energia

O PREn deve estabelecer metas relativas às


intensidades energética (IE) e carbónica (IC) e ao
consumo específico de energia (CEE), devendo
incluir obrigatoriamente medidas que visem a
racionalização do consumo de energia.

O ano de referência será o ano civil anterior à data da AE

Na determinação das metas deverá ser utilizado o valor do VAB a preços


constantes relativos ao ano de referência e aos valores de produção
espectáveis.

UTREN, 2008
PREn

 No PREn deverão ser indicadas as modificações ou


substituições a introduzir nos equipamentos ou na instalação,
quantificando as reduções de consumo consequentes;

 Deverá ser apresentado o programa de implementação e o


impacto na redução dos indicadores de eficiência energética da
instalação;

 No PREn deverá ser considerada a hipótese de produção


combinada de energia eléctrica e térmica, de valorização de
resíduos energéticos e de substituição de produtos derivados
de petróleo;

UTREN, 2008
Relatório de Execução e Progresso

O operador da instalação CIE, deve:

 Actuar no sentido de montar um sistema de medição e gestão


dos consumos actualizado, pelo qual se possam verificar,
periodicamente, os desvios em relação às metas estabelecidas

 Apresentar um Relatório de Execução e Progresso (REP), a cada 2


anos de vigência do ARCE, sobre o seu estado de implementação,
no qual deve constar:
• as metas e objectivos alcançados,
• desvios verificados e respectiva justificação,
• medidas tomadas ou a tomar para a sua correcção;

UTREN, 2008
Relatório de Execução e Progresso

 O REP deverá apresentar informação sobre a eficiência


energética da instalação com recurso aos indicadores definidos
no PREn. Estes indicadores deverão ser calculados utilizando o
valor do VAB a preços constantes relativos ao ano de referência e
os valores de produção obtidos;

 Apresentar à DGEG, quando lhe forem solicitados, os registos


mencionados na alínea a) deste número e prestar -lhe
esclarecimentos;

 O relatório relativo ao último período de vigência do ARCE deve


incluir o balanço final da execução da totalidade do mesmo,
considerando-se como REP final.

UTREN, 2008

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