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DESCRIÇÃO DO PROCESSO

DE

PIRÓLISE ANAERÓBICA

Julho de 2017
ÍNDICE

1. APRESENTAÇÃO ..............................................................................................................................1

2. SÍNTESE DO PROCESSO ADOTADO ..........................................................................................2

3. FASES DO PROCESSO ...................................................................................................................4

3.1 Preparação do Resíduo ...............................................................................................................4


3.2 Alimentação ...................................................................................................................................4
3.3 Pirólise / Gaseificação..................................................................................................................4
3.4 Tratamento de Gás .......................................................................................................................5
3.5 Geração de Energia .....................................................................................................................6

4. EFICIÊNCIA DO PROCESSO ..........................................................................................................7

4.1 Comparação das Tecnologias ........................................................................................ 7


4.2 Eficiência na Pirólise ...................................................................................................... 7
4.3 Comparação entre o Gás Natural e a Pirólise de Biomassas ......................................... 9

5. PIRÓLISE E O AMBIENTE ............................................................................................................ 12

5.1 Emissões Atmosféricas ................................................................................................ 12


5.2. Emissões Líquidas ...................................................................................................... 12
5.3 Emissões sólidas ......................................................................................................... 13

6. DIAGRAMA DO PROCESSO DE PIRÓLISE ............................................................................. 14

7. COMPONENTES DO SISTEMA DE PIRÓLISE ......................................................................... 15

8. IMAGENS ILUSTRATIVAS ............................................................................................................ 16

9. MICRO E MINI GERAÇÃO DISTRIBUÍDA.................................................................................. 17

9.1 Significado................................................................................................................................... 17
9.2 Principais Regras ....................................................................................................................... 17
9.3 Algumas Tarifas Finais de Baixa Tensão .............................................................................. 18
1. APRESENTAÇÃO

O texto a seguir reúne os resultados obtidos pela IPK PYROFLEX (fabricante de


reatores de pirólise) e W2e Bioenergia (Integradora de sistemas de pirólise), que
desde o ano de 2007 vem desenvolvendo tecnologia totalmente nacional.

O reator de 250 Kg/hora fabricado em 2010, e os seus equipamentos periféricos,


foram submetidos a inúmeros testes, processando muitos tipos de resíduos
industriais, domiciliares, pneus e biomassas.

As medições de rendimento energético e de emissões ambientais foram


contratadas junto a empresas renomadas, e as principais conclusões são
apresentadas neste breve resumo.

Mais detalhes poderão ser encontrados no site www.w2ebioenergia.com.br

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2. SÍNTESE DO PROCESSO ADOTADO

O processo de pirólise anaeróbica difere totalmente da incineração usual, ou


tecnologias de queima em massa.

A combustão precisa de oxigênio, sendo que no processo de pirólise anaeróbica,


o ar não é admitido e desta forma não há combustão.

Na solução tecnológica adotada, a temperatura é mantida entre 800º C e 900º C


para que a matéria se volatilize formando assim o “syngas”, que é um combustível
com alto poder calorífico (cerca de metade do gás natural, por metro cúbico
normal) e baixo impacto ambiental (contém principalmente hidrogênio). Há
baixíssima produção de óleos (que são reaproveitados na pirólise), e a cinza
restante não ultrapassa 1%, em massa, do material sólido volátil processado (à
qual é somado o conteúdo de material sólido inerte admitido, o qual é expelido
junto às cinzas).

O processo é contínuo e totalmente automatizado.

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3. FASES DO PROCESSO

3.1 Preparação do Resíduo

Nessa etapa o resíduo ou a biomassa serão triturados de forma a apresentarem a


granulometria adequada para serem introduzidos no reator de pirólise (o ideal é
2,5 cm).

Esse subsistema consiste basicamente em uma tremonha de alimentação, um


triturador, esteiras transportadoras (essas últimas deverão ser adequadas ao tipo
de resíduo envolvido no processo).

Uma das esteiras transportadoras pode ser magnética, de modo a retirar


partículas metálicas ferrosas.

3.2 Alimentação

Esse subsistema tem por função introduzir no reator o resíduo já preparado.

Seus principais componentes são: outra tremonha de alimentação, um elevador


vertical de caneca e um transportador horizontal.

3.3 Pirólise / Gaseificação

Os resíduos ou biomassas são introduzidos em um reator, onde o ar não é


admitido, e a temperatura é mantida entre 800ºC e 900ºC.

Nestas condições, as cadeias de carbono se rompem, formando o “syngas” e água


vaporizada.

O processo de pirólise é exotérmico, portanto, não precisa de combustível externo


para ser mantido em funcionamento, após a reação estabelecida. O combustível
somente é necessário para manter a temperatura desejada para produção do
“syngas” e para evaporação da umidade contida nos resíduos ou biomassa.

Após estabilizado o processo é necessário retornar ao reator entre 10% e 20% do


“syngas” produzido para auto-alimentação do processo de pirólise, dependendo
do teor de umidade do resíduo ou biomassa.

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Os principais componentes do “Syngas” são H2, CH4, CO e CO2. O PCI do
mesmo atinge entre 3.500 e 4.500 Kcal / Nm³, suficiente para acionar
motogeradores.

Segue-se a composição típica do “syngas”, para alguns tipos de materiais


pirolisados:

MATERIAL PNEUS CDR MADEIRA


PCI Material (Kcal/Kg) 6850 4100 3200
% Umidade Material 0% 20% 25%
% Inertes Sólidos 25% 10% 5%
PCI (Kcal/Nm³) Gás 4.583 3.894 3.700
Densidade (Kg/Nm³) Gás 0,5534 0,732 0,929
% H2 48,03 37,81 26,96
% CH4 26,83 21,23 17,21
% CO 3,15 11,34 32,98
% CO2 2,78 10,54 17,42
Fonte: Análises White Martins para W2e Bioenergia

CDR – Combustível Derivado de Resíduo

PCI – Poder Calorífico Inferior

A pirólise anaeróbica transformará em “syngás” cerca de 99% das massas


voláteis. A massa não volátil (cinzas, metais e outros materiais inertes) será
expelida pelo extrator de cinzas localizado na parte inferior do reator.

Nas cinzas, fósforo e potássio derivados dos resíduos ou biomassas, poderão ser
utilizados em fertilizantes agrícolas.

3.4 Tratamento de Gás

O "gás de síntese" produzido pelo reator de pirólise deve ser purificado, pela
remoção de umidade, óleos e partículas sólidas.

Isso acontece em um processo de condensação em vários estágios, que usa um


equipamento projetado especificamente para isso.

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O processo de limpeza opera algumas fases contra a corrente e outras fases em
favor do fluxo de gás.

Os óleos e água recuperados são separados por diferenças de densidade, e os


óleos são enviados de volta para o reator de pirólise, porque eles têm poder
calorífico elevado, e são voláteis.

A água restante é filtrada e enviada para eliminação adequada ou reutilização.

A quantidade de água a ser descartada ou reciclada corresponde ao percentual


de umidade existente nos resíduos ou na biomassa. Como exemplo, se a umidade
for 30% do peso dos resíduos, então, para cada tonelada processada, 300 litros
de água resultarão para uso ou eliminação.

3.5 Geração de Energia

Nesta última fase, o “syngas” é usado como combustível, para alimentar um moto-
gerador, ou um queimador que será usado como fonte térmica em diversas
aplicações possíveis.

O "syngas" tem o poder calorífico que varia de 3.500 a 4.500 Kcal / Nm³.

Esse poder calorífico é o suficiente para mover motores de combustão no Ciclo


Otto, originalmente desenvolvidos para mover a gás natural. Alguns fabricantes de
motores já realizaram adaptações para recebimento do "syngas".

O "syngas" também pode substituir o gás natural em fornos industriais, e outras


aplicações térmicas. Os mesmos queimadores que usam o gás natural, podem ser
regulados para o recebimento do "syngas".

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4. EFICIÊNCIA DO PROCESSO

4.1 Comparação das Tecnologias

Quando se trata de Máquinas Térmicas, o padrão utilizado como referência são


as Caldeiras a Vapor, nas quais é queimado um combustível, e o calor resultante
é utilizado para produzir vapor.

Em uma caldeira a vapor (como em outras máquinas térmicas), a eficiência é


medida, comparando-se a energia entregue no vapor disponibilizado e a energia
presente no combustível necessário para a produção correspondente.

Uma moderna caldeira a vapor, usando gás natural, ou biomassa, pode fornecer:

- 85% de eficiência, para 95ºC de temperatura de gás na chaminé e 9% de


excesso de ar, ou

- 75% de eficiência, para 205ºC de temperatura na chaminé e 81% de


excesso de ar.

Se a aplicação for a geração de eletricidade, o uso de uma caldeira a vapor implica


no uso de uma turbina a vapor no Ciclo Rankine.

Pequenas turbinas a vapor, em torno de 1MW, têm taxas de eficiência


(comparando a energia elétrica entregue, versus energia presente no vapor),
abaixo de 20%.

As unidades maiores podem ter sua eficiência aumentada, com fases adicionais
de expansão do vapor, ou ciclos combinados.

4.2 Eficiência na Pirólise

As avaliações de eficiência em projetos de pirólise anaeróbica dependem


basicamente dos resíduos ou biomassas com as seguintes características:

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PCI - Poder Calorífico Inferior, para toda a massa (Kcal / Kg)
Umidade - Umidade, em % do peso da água, para a massa total.

As perdas de energia nos reatores de pirólise incluem:

- Energia para evaporar a umidade;

- Energia para manter a temperatura de pirólise elevada;

- Perdas na saída da câmara de aquecimento;

- Outras perdas térmicas (condução, radiação).

A seguinte fórmula calcula as perdas percentuais de eficiência total:

Perda = [(1300 x HUM) + (10 x PCI)] / PCI + 5


onde:
HUM = Percentual de Umidade
PCI = Poder Calorífico Inferior (Kcal/Kg)

Exemplos:

Caso 1: PCI= 8.000; UM 5%

Perda = [(1.300 x 5) + (10 x 8.000) x 100] / 8.000 + 5

Perda = 15,8% Eficiência = (100% - Perda) = 84,2%

Caso 2: PCI = 3.500; UM 35%

Perda = [(1.300 x 35) + (10 x 3.500)] / 3.500 + 5

Perda = 28% Eficiência = (100% - Perda) = 72%

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Como visto, o intervalo de eficiência para os reatores de pirólise não difere muito,
em comparação às caldeiras a vapor de pequeno porte.

O que muda a comparação são dois pontos:

A. Quando se utiliza "syngas", um motor-gerador Ciclo Otto pode atingir até


40% de eficiência, muito maior do que as turbinas a vapor.

B. "Syngas" pode substituir o gás natural em queimadores de gás, e o vapor


não pode.

4.3 Comparação entre o Gás Natural e a Pirólise de Biomassas

4.3.1. Objetivo

Demonstrar o valor dispendido, apenas em combustível, para produzir 10


Gigacal de energia térmica, ou os correspondentes MWh de energia elétrica,
comparando-se o Gás Natural, e a pirolise anaeróbica de uma biomassa
vegetal com 25% de teor de umidade.

4.3.2. Gás Natural (10 Gigacal)

4.3.2.1. Quantidade e valor do gás

 1.176 Nm3

 PCI igual a 8.500 Kcal/ Nm3

 Preço unitário : R$ 1,40/ Nm3

 Valor total : R$ 1.646,00

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4.3.2.2. Composição percentual do GN

 86% CH4

 2% CO2

 2% H2

 10% ETC

4.3.2.3. Geração de Energia Elétrica

 Eficiência do Gerador : 40%

 Quantidade de MWh : 4,65

 Custo GN/MWh : R$ 354,00

4.3.3. Syngás de Pirólise (10 Gigacal)

4.3.3.1 Quantidade e Valor da Biomassa

 3.941 KG

 Umidade 25%

 Preço unitário : R$ 70/ ton

 Valor total : R$ 276,00

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4.3.3.2 Quantidade e dados do Syngas

 2.477 Nm3

 PCI igual a 4.036 KCAL / Nm3

4.3.3.3 Composição percentual do Syngas

 27% H2

 17% CH4

 33% CO

 17% CO2

 6% ETC

4.3.3.4 Geração de Eletricidade

 Eficiência do Gerador : 30%

 Quantidade de MWh : 3,49

 Custo de Biomasa / MWh : R$ 79

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5. PIRÓLISE E O AMBIENTE

5.1 Emissões Atmosféricas

No Brasil, os limites de emissão atmosférica são definidos pela Resolução Federal


CONAMA 316.

Como explicado anteriormente, o processo anaeróbico de pirólise não "queima"


resíduos e biomassas, em vez disso, produz o "syngas", rico em hidrogênio.

Os resultados do teste de combustão "syngas", comparados com os limites


estabelecidos pelo CONAMA 316, são demonstrados a seguir:

COMPONENTE UNIDADE LIMITES CDR-I CDR – D


NOx mg / Nm³ 570 85,9 103
SOx mg / Nm³ 280 99,4 53,3
Partículas mg / Nm³ 70 47,7 52,1
Dioxinas e Furanos ng / Nm³ 0,5 <0,27 <0,026
Fonte: W2e Bioenergia e Bioagri

CDR-I - Combustível Derivado de Resíduo Industrial


CDR-D - Combustível Derivado de Resíduo Doméstico

5.2. Emissões Líquidas

A única emissão líquida no meio ambiente presente no processo de pirólise é a


água, correspondente à quantidade de umidade trazida com os resíduos ou
biomassas.

Esta umidade é primeiro vaporizada, e depois condensada, juntamente com uma


pequena quantidade de óleos que são separados da água na próxima etapa.

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Depois de filtrar uma quantidade esperada e muito pequena de partículas sólidas
remanescentes, esta água está pronta para eliminação ou, se desejado, poderá
ser tratada para ser reutilizada.

5.3 Emissões sólidas

Os reatores de pirólise operam em uma faixa entre 800º C e 900º C, alta o


suficiente para destruir quaisquer atividades biológicas, mas incapaz de derreter
metais e outros materiais inertes, como areia e vidro.

Todos estes itens inertes que são introduzidos no reator, serão eliminados no final
do processo junto com as cinzas, também inertes.

A quantidade de cinzas será de cerca de 1% da massa sólida volátil processada,


mais o conteúdo de inertes sólidos já presente nos resíduos ou biomassas. As
cinzas podem apresentar substâncias úteis, tais como fósforo e potássio.

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6. DIAGRAMA DO PROCESSO DE PIRÓLISE

O diagrama do processo de pirólise anaeróbica é mostrado a seguir:

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7. COMPONENTES DO SISTEMA DE PIRÓLISE

Os equipamentos usados em um sistema de pirólise são mostrados a seguir:

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8. IMAGENS ILUSTRATIVAS

As imagens típicas, para o sistema de pirólise de 1Ton / hora, mostrando um


elevador de caneca vertical, um reator de pirólise e um sistema de tratamento de
gás, são demonstrados a seguir:

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9. MICRO E MINI GERAÇÃO DISTRIBUÍDA
(Resolução ANEEL 687/2015)

9.1 Significado

A resolução 687/2015 cria um novo mercado de energia elétrica, visando


privilegiar fontes renováveis, e beneficiando principalmente médios consumidores
de baixa tensão (que não tem acesso ao tradicional mercado livre de eletricidade).

9.2 Principais Regras

 Apenas fontes renováveis ( solar, eólica, hidráulica e biomassas)

 Faixas de potência até 75 KW ( micro – geração), e 5MW ( mini – geração


)

 Produtor e Consumidor devem estar na mesma área de uma


Concessionária.

 O Consumidor compensa os KWh injetados na rede em seu nome, com os


KWh por ele consumidos

 O prazo de compensação entre injeção e consumo de eletricidade é de 60


meses

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9.3 Algumas Tarifas Finais de Baixa Tensão
(R$ / MWh, Janeiro de 2017)

ESTADO CONCESSIONÁRIA R$/MWh

SP AES ELETROPAULO 602,00


SP CPLF PAULISTA 637,30
SP CPFL S. CRUZ 742,95
RJ LIGHT 731,64
RJ AMPLA 724,41
RS AES SUL 713,44
MG CEMIG 758,58
BA COELBA 641,40

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