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Dezembro 1999
CURSO DE COMBUSTÃO DE COMBUSTÍVEIS GASOSOS
A COMBUSTÃO
INTRODUÇÃO
Perde-se na origem dos tempos a utilização do fogo como fonte de luz e calor. A
combustão foi certamente a primeira reação química efetuada pelo homem; e é ainda a principal
fonte de energia na indústria, transporte, agricultura etc.
Segundo a equação de Einstein (E=MC5 ), existe uma perda de massa durante a combustão,
entretanto ela é muito pequena para ser medida. A perda de massa existente durante a combustão
de 1 kg de carvão (poder calorífico de 20.000 kJ/kg), é 3,5.10-11kg.
O processo da combustão é bastante complexo e sobre ele influem vários fatores químicos,
térmicos e mecânicos. Apesar da grande quantidade de pesquisas realizadas, este fenômeno ainda
não está completamente elucidado, e não existe atualmente uma teoria que o explique em toda a
sua amplitude.
OS COMBUSTÍVEIS
Os combustíveis são substâncias de origem orgânica, que a partir de uma reação química
exotérmica com o oxigênio se obtém intencionalmente calor. Excluímos do presente estudo os
combustíveis nucleares e os explosivos.
O combustível não somente deve ser capaz de produzir calor, como seu aproveitamento
deve ser economicamente racional nas condições dadas. Assim, o conceito de combustível é uma
definição tanto técnica quanto econômica, variado à medida das mudanças econômicas e do
desenvolvimento tecnológico.
Nas indústrias siderúrgicas são produzidos os gases de coqueria e alto-forno, que são
empregados nas próprias usinas, em fornos e caldeiras. Em certos países o gás de coqueria é,
depois de eliminado o enxofre, distribuído gasodutos para o consumo doméstico. Entretanto,
devido ao alto teor de CO (5-10 %), é muito mais tóxico que o gás natural.
A composição dos gases varia muito, não existindo uma especificação única que cubra
todas as situações. As necessidades são normalmente baseadas no desempenho de queimadores e
equipamentos, poder calorífico mínimo e teor máximo de enxofre. No Brasil as características dos
gases comerciais são padronizadas pelo CNP.
Como os gases combustíveis são na maioria das vezes inodoros, a adição de odorizantes
é necessária para detectar facilmente a presença de gás, em caso de vazamentos ou acidentes. Essa
odorização é normalmente obtida pela adição de pequenas quantidades (16-20 mg/m3, CNPT) de
substâncias de grande odor, normalmente etil-mercaptano (C2H5SH). O teor de odorizante no gás
deve permitir, pelo cheiro, a detecção da presença do gás na atmosfera, a uma concentração
inferior a 1%. Esse valor é bastante seguro, pois o limite inferior de inflamabilidade do gás natural,
por exemplo, é aproximadamente 5%. A combustão desses odorizante não deve gerar nenhum
problema de corrosão ou toxidade.
Diferentes métodos de análise são utilizados para determinar a composição dos gases:
absorção, destilação, combustão, espectroscopia de massa e infravermelha e cromatografia gasosa.
Nos métodos de absorção (Orsat, Hempel) utiliza-se a absorção sucessiva dos constituintes
individuais, em solventes determinados, e a medida da contração do volume. Nos métodos de
destilação, tal como o uso da coluna de Podbielniak, utiliza-se a separação dos constituintes pela
destilação fracionada e a medida dos volume destilados. Nos métodos de combustão, certos
elementos combustíveis são queimados em CO2 e H2O, e as mudanças de volume são utilizadas
para calcular a sua composição. A espectroscopia infravermelha é utilizada somente em algumas
aplicações. Para análises mais precisas a espectroscopia de massa e cromatografia gasosa são os
métodos recomendados.
GÁS NATURAL
No Brasil (1991), o gás natural participa com somente 2,1% do consumo energético, sendo
comercializados 47 % da produção bruta de 17.106m3/dia, que contrasta com a média mundial de
83%, e queimados 30 % por falta de consumo. As reservas brasileiras são avaliadas em 30% das
reservas de petróleo (108.109m3) sendo que as principais reservas estão na bacia de Campos (RJ).
85% das reservas de gás estão associadas às reservas de petróleo. Existe a possibilidade destas
reservas aumentarem sensivelmente, devido às novas descobertas (Albacora RJ 100-150.109m3,
Juruá 100-200.109m3). Principais gasodutos do Brasil: Fortaleza (63 km), Nordestão (RN-Recife
420 km), Garoupa-Enchova (80 km), Enchova-Cabiúnas (115 km), Cabiúnas-REDUC (180 km),
Volta-Redonda-SP (325 km).
Apresenta as seguintes vantagens sobre o gás de carvão: maior poder calorífico; menor
toxidez; menor risco de explosão; facilidade de transporte (uso de botijões).
Como no Brasil o GLP é subsidiado, a legislação brasileira proíbe o uso do GLP para fins
automotivos, sendo autorizados somente em carregadeiras industriais. Na Europa são amplamente
utilizados. Sua utilização prolonga a vida do motor, reduz os gastos com manutenção, lubrificação
e substituição de velas, e permite aumentar a eficiência do motor. São seguintes as suas vantagens:
- mistura ar/combustível mais perfeita;
- combustão limpa, isenta de fumaça nos gases de exaustão;
- rendimento maior (por permitir uma elevada compressão);
- evita a diluição do óleo no Carter;
- não favorece a formação de goma e de depósitos de carvão;
- maior durabilidade do motor;
-fácil arranque em tempo frio (devido à elevada volatilidade).
GÁS DE GASOGÊNIO
O gás rico ou gás de água resulta da ação do vapor de água introduzido sobre o carvão em
brasa:
O estudo sistemático da composição do gás de água com a temperatura, mostra que o gás
deverá ser produzido a uma temperatura de aproximada de 1000E C. O poder calorífico é de 10500
kJ/m3. A fabricação do gás de água é alternada com a fabricação de gás pobre. A injeção de ar dura
1,5 minutos, e a injeção de vapor 7 a 8 minutos.
Como última aplicação, ficou o gás de rua, que era obtido no Rio de Janeiro, em usinas de
gás, por um processo de destilação e gaseificação do carvão. Este processo foi utilizado até 1970,
quando então estas usinas foram autorizadas a se transformarem para o uso da nafta. Cerca de 8 a
10 geradores de gás de carvão mineral de alta capacidade e funcionamento semi-automático,
foram então sucateadas.
GÁS DE RUA
Chama-se gás de rua, qualquer gás canalizado distribuído nas cidades. No Brasil, 11
cidades já possuíram gás canalizado, entre elas: Porto Alegre, Recife, Santos, Belém, Salvador,
Rio de Janeiro e São Paulo. Em todas, o gás de rua era manufaturado em usinas por um processo
de destilação e gaseificação de carvões minerais com 30-35% de matérias voláteis (230-250 m3
gás/ton carvão) (ver coque). O gás produzido é acumulado em gasômetros. O poder calorífico é
aproximadamente 18500 kJ/m3. Com a disseminação do uso e queda do preço do petróleo, esse
processo se tornou obsoleto, provocando o fechamento da maioria das empresas. O Rio de Janeiro
(CEG) e São Paulo (Comgas), possuem uma rede de distribuição funcionando desde o século
passado. No Rio, esse sistema foi utilizado até 1970, quando então as usinas forma transformadas
para o uso de nafta de petróleo. Atualmente, inicia-se a transformação para o uso do gás natural.
Na grande São Paulo (SP, ABCD, Mauá), o gás de rua é distribuído pela Comgas
(1700000 m3/dia), através de uma rede de 1500 km de gasodutos. O gás é produzido na usina da
Mooca, a partir da nafta, pelo craqueamento catalítico da nafta e pelo processo HTR. Futuramente
será substituído pelo gás natural da bacia de Campos. A substituição do gás de rua por gás natural
apresenta alguns problemas, uma vez que os dois gases possuem velocidade de combustão
diferentes.
GASES INDUSTRIAIS
A REGAP (Betim) deverá entregar em 1991, 230.000 m3/dia de gás de refinaria, para
serem distribuídos pela GASMIG (CEMIG) para serem utilizados nas indústrias da região de
contagem.
Em 1981 existiam no Brasil 1184 biodigestores, dos quais 70 % indianos. Existe uma falsa
concepção das vantagens do controle da pressão do gás proporcionadas pelo gasômetro. São
seguintes as vantagens do biodigestor chinês sobre o indiano: menor custo (50-65 %), mais limpo,
não entopem, utilizam vários tipos de matéria orgânica, são menos sensíveis às variações de
temperatura ambiente, são construído com materiais locais. Nas dimensões domésticas (12 m3),
não existem problemas construtivos.
Desde janeiro 1988 a Sapesp produz na estação de tratamento de Pinheiros, 6000 m3/dia
de biogás a partir do esgoto urbano. O esgoto passa por um sistema de gradeamento, para a retirada
de materiais de grandes dimensões, por decantadores e o lodo resultante é introduzido em
biodigestores onde é produzido o gás.
PODER CALORÍFICO
A energia liberada durante a reação de combustão pode ser calculada tanto a volume
constante como à pressão constante. A diferença entre o poder calorífico a pressão constante (PCp)
e à volume constante (PCv) é dada pela primeira lei da termodinâmica:
Como a diferença entre PCp e PCv para a maioria dos combustíveis é muito pequena, é
normalmente ignorada. Deve-se notar também que o poder calorífico varia com a temperatura de
referência (de ensaio); entretanto esta variação é normalmente desprezível.
O poder calorífico superior (PCS ou qs) é a energia liberada pela combustão da unidade de
massa de combustível a volume constante, considerando que os produtos da combustão estão a
25E C, e que a água formada pela combustão está condensada (estado líquido). A bomba
calorimétrica (volume constante) fornece resultados praticamente exatos do poder calorífico
superior.
O poder calorífico inferior (PCI ou qi) é a energia liberada pela combustão da unidade de
massa de combustível, na pressão constante de 1 atm, considerando que os produtos da combustão
estão a 25E C, permanecendo a água formada na combustão no estado vapor.
Nos Estados Unidos utiliza-se o Poder Calorífico Superior (Gross Heating Value); na
Europa e no Brasil utiliza-se mais comumente o Poder Calorífico Inferior. Até 1960 era utilizada
como referência a temperatura de 20E C. O uso do Poder Calorífico Inferior é mais aconselhável,
uma vez que os produtos da combustão devem sair na chaminé a uma temperatura superior ao
ponto de orvalho do SO2; a fim de evitar a formação de ácido sulfúrico, que provoca corrosão.
MÉTODOS EXPERIMENTAIS
Combustíveis gasosos e líquidos voláteis
QÚÍMICA DA COMBUSTÃO
É usual a notação "Nm3" para o volume de gás em condições normais. Entretanto, esta
notação amarra uma grandeza física (volume, m3) a um estado particular da substância (CNTP);
o que é cientificamente incorreto.
O resumo acima apresenta apenas os estados iniciais e finais das reações. Considerando
que a aproximação de gás perfeito não é válida para o H2O e CH4, é preciso usar com cuidado estas
relações volumétricas.
FORNECIMENTO DE AR
O ar é uma mistura de gases, que não estão quimicamente combinados entre si. A
proporção de cada um desses componentes é constante, observando-se somente uma acentuada
variação do teor de vapor de água. Experimentos com balões metereológicos (70 km), mostraram
que a proporção dos componentes do ar mantêm-se constante a todas altitudes. Acima de 80 km
o O2 e N2 não estão presentes sob a forma molecular, mas como átomos individuais (O e N). O
peso específico do ar atmosférico é 1,2923 kg/m3 (CNTP).
VarE = 107,1 (C/12 + S/32 + H/4 - O/32) (m3 ar/kg comb) (CNTP)
EXCESSO DE AR
Tal excesso é caracterizado pelo coeficiente de excesso de ar (α), que é a razão do volume
de ar realmente utilizado para a combustão (Var) para o volume do ar estequiométrico (VarE ). Ele
depende das condições do processo, sendo determinado experimentalmente.
O valor ótimo do coeficiente de excesso de ar para uma fornalha depende, entre outros
fatores, do tipo de combustível, do tipo e forma da fornalha, do modo de queima, da eficiência de
mistura ar/combustível, das perdas admissíveis, da combustão incompleta do combustível etc,
variando entre 1,03-1,5.
Os combustíveis gasosos são os que melhor se prestam à combustão completa, por tornar
possível obter um contato íntimo com o ar de combustão, reduzindo-se o valor do excesso de ar.
Um excesso de ar elevado é indesejável pois o aumento de volume, e conseqüentemente
da entalpia dos produtos da combustão, diminui a temperatura e comprimento da chama e a
transmissão de calor, aumentando as perdas de energia pela chaminé. O equilíbrio destas
influências determina o excesso de ar ideal. Assim, é necessário manter o excesso de ar dentro dos
valores mínimos recomendados.
Ora, para a combustão utiliza-se somente Varo, sobrando (a -1).Varo m3/kg. Esta
quantidade de ar excedente vai juntar-se aos gases de combustão aumentando o seu volume (Vg):
O volume de um gás varia com a temperatura e pressão. Assim, para que os volumes sejam
comparáveis, adotou-se a convenção dos valores de volumes de gases serem apresentados nas
"Condições Normais de Temperatura e Pressão", CNTP (1 atm, 0 oC). Entretanto, em alguns casos
é necessário conhecer o volume dos gases nas condições reais de utilização, o que pode ser obtido
pela Lei dos Gases Ideais:
P V Po V o
=
T To
Os produtos da combustão são uma mistura de gases muitas vezes chamados de gases de
exaustão. Os produtos da combustão completa do combustível consistem de gás carbônico (CO2),
anidrido sulfídrico (SO2), vapor-d'água (H2O), nitrogênio (N2), e oxigênio (O2) do excesso de ar,
não utilizado no processo de combustão. Essa mistura pode ser expressa em teor volumétrico (%):
O excesso de ar (α-1) VarE é composto de gases biatômicos, que passam sem reação para
os produtos da combustão. Assim:
(Vn2 + Vo2) = 0,79 VarE + 0,8 N + (α-1) VarE (m3/kg comb) (CNTP)
Da equação acima se verifica que os volumes de CO e CO2 são determinados pela mesma
equação. Assim:
Nas caldeiras onde é utilizado vapor para sopragem de fuligem ou para atomização do
combustível, este vapor deve ser levado em consideração na determinação do volume e peso do
fluxo de gases.
O vapor-d'água nos produtos da combustão possui uma certa pressão parcial. Se essa
pressão parcial for maior que a pressão de saturação do vapor, à temperatura dos gases, o vapor
condensará, parcialmente, diminuindo a temperatura dos gases. Conhecendo-se a pressão parcial
exercida pelo vapor de água antes da condensação, é possível determinar pelas tabelas de vapor,
o ponto de orvalho dos produtos, ie, a temperatura de saturação correspondente à pressão parcial.
Esta temperatura é útil para evitar a corrosão de metais. A água na forma líquida não
somente enferruja os metais, mas também reage com o SO2, originário da combustão do S,
formando o H2SO3 e H2SO4 e ataca os metais.
Existem dois métodos usuais de controle do excesso de ar nas plantas térmicas. O mais
usual utiliza a medição do teor do oxigênio residual nos produtos da combustão secos. Os
medidores de teor de oxigênio funcionam baseados nas propriedades magnéticas da moléculas do
oxigênio, uma propriedade que os outros produtos da combustão não possuem.
onde N2 e O2 sãos os teores (%) de nitrogênio e oxigênio nos produtos da combustão secos.
α = Var = N2/79
VarE N2/79 - O2/21
α = 21 (adm)
21 - 79(O2/N2)
α= 21
21 - 79 O2 - 0,5CO - O,5H2 - 2CH4
N2
onde CO, H2 e CH4 são os teores volumétricos (%) dos produtos da combustão incompleta.
A medida do teor de oxigênio nem sempre é possível. Muitas vezes é mais fácil avaliar o
excesso de ar a partir da medida do teor dos gases triatômicos (CO2+SO2), que os aparelhos de
absorção química (Bacharach, Comfor, Dywer ou mesmo o Orsat) fornecem com exatidão. Faz-se
uso então de uma hipótese implícita: numa combustão estequiométrica e completa (sem excesso
de ar, α=1, e sem a presença de CO), existe um valor máximo do teor de (CO2+SO2) nos gases, e
esse teor de (CO2+SO2)max é constante para combustíveis semelhantes:
isto é, menor que (CO2+SO2)max. Uma vez que o volume dos gases triatômicos não varia com o
excesso de ar tem-se:
Um método aproximado pode ser utilizado para combustíveis líquidos (equação de Boie):
VO2E = 0,01 [0,5 CO + O,5H2 + 2CH4 + 1,5H2S + Σ(x+y/4)CxHy - O2] (m3 O2/m3comb)
VarE = 0,0476 [0,5CO + 0,5H2 + 2CH4 + 1,5H2S + Σ(x+y/4)CxHy - O2] (m3 ar/m3 comb)
Vh2oE = 0,01 [H2S + H2 + 2CH4 + W + Σy/2 CxHy] + 0,0161 VarE (m3 H2O/m3 comb)
ρ = 0,01 [1,96CO2+1,52H2S+1,25N2+1,43O2+1,25CO+0,0899H2+Σ(0,536x+0,045y)CxHy]
kg/m3
A análise estatística ao longo dos anos mostrou que para determinados tipos de
combustíveis existe uma correlação entre a quantidade de ar, o volume dos gases e o poder
calorífico. Para uma combustão completa e estequiométrica (α = 1), são válidas as fórmulas
empíricas de Rosin-Fehling (PCI em kJ/kg ou kJ/m3):
Combustíveis Poder Comburente Poder Fumígeno Unidade
Sólidos 2,41E-4 PCI + 0,5 2,27E-4 PCI+ 1,375 m3/kg
Líquidos 2,10E-4 PCI + 1,7 2,65E-4 PCI m3/kg
Gases pobres * 2,09E-4 PCI 1,73E-4 PCI + 1,0 m3/m3
Gases ricos ** 2,60E-4 PCI - 0,25 2,74E-4 PCI + 0,25 m3/m3
* PCI < 12.500 kJ/m3 (CNTP)
** PCI > 12.500 kJ/m3 (CNTP)
DIAGRAMAS DE COMBUSTÃO
A partir da medição dos teores de O2 e CO2 nos produtos da combustão, pode-se associar
um ponto dentro do triângulo OAB. Por esse ponto passam 2 retas, indicando o teor de CO e o
coeficiente de excesso de ar.
Para cada combustível existe um diagrama de Ostwald diferente, cuja validade está
limitada à combustão do carbono produzindo CO2 e CO, sem formação de fuligem ou outros
produtos da combustão incompleta além do CO.
Monóxido de Carbono CO 28,01 1,185 0,8435 0,9672 2.858 2.858 2.415 2.415
Dióxido de Carbono CO2 44,01 1,874 0,5335 1,5282
Hidrocarbonetos Parafínicos
Metano CH4 16,04 0,6808 1,469 0,5543 9.011 8.112 13.264 11.942
Etano C2H6 30,07 1,286 0,7773 1,0488 15.790 14.440 12.402 11.343
Propano C3H8 44,09 1,916 0,5219 1,5617 22.470 20.680 12.038 11.076
n-Butano C4H10 58,12 2,534 0,3945 2,0665 29.130 26.870 11.845 10.932
n-Pentano C5H12 72,15 3,050 0,3278 0,4872 35.800 33.100 11.719 10.837
n-Hexano C6H14 86,17 3,643 0,2745 2,9704 42.460 39.310 11.648 10.786
Hidrocarbonetos Olefínicos
Etileno C2H4 28,05 1,189 0,8413 0,9740 14.280 13.380 12.020 11.264
Propileno C3H6 42,08 1,778 0,5624 1,4504 20.840 19.480 11.693 10.937
n-Buteno C4H8 56,10 2,371 0,4218 1,9336 27.460 25.690 11.585 10.829
Hidrocarbonetos Aromáticos
Benzeno C6H6 78,11 3,300 0,3030 2,6920 33.410 32.070 10.102 9.695
Tolueno C7H8 92,13 3,894 0,2568 3,1760 39.950 38.160 10.278 9.818
Xileno C8H10 106,16 4,490 0,2227 3,6618 46.570 44.340 10.361 9.867
Acetileno C2H2 26,04 1,117 0,8956 0,9107 13.150 12.700 11.945 11.538
Álcool Metílico CH3OH 32,04 1,355 0,7378 1,1052 7.729 6.830 5.699 5.037
Álcool Etílico C2H5OH 46,07 1,948 0,5133 1,5890 14.250 12.900 7.312 6.620
Amônia NH3 17,03 0,7305 1,369 0,5961 3.927 3.241 5.370 4.436
1 - Todos os volumes de gases são calculados a 15,6E C, 1atm, seco. Nestas condições o volume dos gases perfeitos é 23,6 m3/kmol
2 - A densidade relativa (ou peso específico relativo) refere ao vapor da substancia no estado de referência.
Tabela. Reagentes e Produtos da Combustão
Elementos Base Volumétrica ou Molar Base Ponderal
ou
Compostos Necessário Combustão Produtos Combustão Necessário Combustão Produtos Combustão
O2 N2 Ar CO2 H2O N2 O2 N2 Ar CO2 H2O N2
Carbono C 1,0 3,76 4,76 1,0 - 3,76 2,66 8,86 11,53 3,66 - 8,86
Hidrogênio H2 0,5 1,88 2,38 - 1,0 1,88 7,94 26,41 34,34 - 8,94 26,41
Monóxido de Carbono CO 0,5 1,88 2,38 1,0 - 1,88 0,57 1,90 2,47 1,57 - 1,90
Enxofre S 1,0 3,76 4,76 - - 3,76 1,00 3,29 4,29 - - 3,29
Hidrocarbonetos Parafínicos
Metano CH4 2,0 7,53 9,53 1,0 2,0 7,53 3,99 13,28 17,27 2,74 2,25 13,28
Etano C2H6 3,5 13,18 16,68 2,0 3,0 13,18 3,73 12,39 16,12 2,93 1,80 12,39
Propano C3H8 5,0 18,82 23,82 3,0 4,0 18,82 3,63 12,07 15,70 2,99 1,63 12,07
n-Butano C4H10 6,5 24,47 30,97 4,0 5,0 24,47 3,58 11,91 15,49 3,03 1,55 11,91
n-Pentano C5H12 8,0 30,11 38,11 5,0 6,0 30,11 3,55 11,81 15,35 3,05 1,50 11,81
n-Hexano C6H14 9,5 35,76 45,26 6,0 7,0 35,76 3,53 11,74 15,27 3,06 1,46 11,74
Hidrocarbonetos Olefínicos
Etileno C2H4 3,0 11,29 14,29 2,0 2,0 11,29 3,42 11,39 14,81 3,14 1,29 11,39
Propileno C3H6 4,5 16,94 21,44 3,0 3,0 16,94 3,42 11,39 14,81 3,14 1,29 11,39
n-Buteno C4H8 6,0 22,59 28,59 4,0 4,0 22,59 3,42 11,39 14,81 3,14 1,29 11,39
Hidrocarbonetos Aromáticos
Benzeno C6H6 7,5 28,23 35,73 6,0 3,0 28,23 3,07 10,22 13,30 3,38 0,69 10,22
Tolueno C7H8 9,0 33,88 42,88 7,0 4,0 33,88 3,13 10,40 13,53 3,34 0,78 10,40
Xileno C8H10 10,5 39,52 50,02 8,0 5,0 39,52 3,17 10,53 13,70 3,32 0,85 10,53
Acetileno C2H2 2,5 9,41 11,91 2,0 1,0 9,41 3,07 10,22 13,30 3,38 0,69 10,22
Álcool Metílico CH3OH 1,5 5,65 7,15 1,0 2,0 5,65 1,50 4,98 6,48 1,37 1,13 4,98
Álcool Etílico C2H5OH 3,0 11,29 14,29 2,0 3,0 11,29 2,08 6,93 9,02 1,92 1,17 6,93
Amônia NH3 0,75 2,82 3,57 - 1,5 3,32 1,41 4,69 6,10 - 1,59 5,51
1- Para Combustão completa (100% ar teórico)
2 - Volumes gasosos a 15,6E C, e 1 atm
3 - Base molar volumétrica: mol/mol combustível ou m3/m3 combustível.
4 - O Carbono e o Enxofre são considerados "gases" para efeito dos cálculos estequiométricos.
ENERGÉTICA DA COMBUSTÃO
Em uma combustão estequiométrica completa (não existe oxigênio livre nos produtos da
combustão, Vo2 = 0), o volume teórico dos produtos da combustão (poder fumígeno) é:
Em uma combustão real deve ser introduzido na fornalha um excesso de ar para assegurar
a combustão completa. O poder fumígeno VgE depende da composição do combustível, mas não
do excesso de ar. O volume real dos produtos da combustão Vg é sempre maior que o poder
fumígeno e é determinado pela diferença entre o volume de ar real e a quantidade de ar
estequiométrico:
onde αout é o coeficiente de excesso de ar na saída da caldeira (αout é sempre maior que α devido
às infiltrações de ar).
onde Vg é o volume dos gases (m3/kg comb), Tg a temperatura (E C) e Cpg o calor específico
médio a pressão constante entre 25E C e à temperatura Tg (kJ/m3.K ou kJ/kg.K). Os produtos da
combustão são gases semiperfeitos: obedecem a equação de estado PV/RT = cte, mas o calor
específico não é constante, variando com a temperatura (Tabela 1).
Como as entalpias dos diversos gases são diferentes, a entalpia é calculada separadamente
para cada componente dos produtos da combustão. A entalpia da mistura de gases é a soma da
entalpia dos componentes (Lei de Gibbs-Dalton). Assim, a entalpia total do poder fumígeno (α =
1) depende da composição do combustível e da temperatura:
HgE = [Vco2 Cpco2 + Vso2 Cpso2 + Vn2E Cpn2 + Vh2oE Cph2o].(Tg-25) (kJ/kg comb)
onde VarE é o volume do ar estequiométrico (m3/kg ou m3/m3), Cpar o calor específico isobárico
médio do ar à temperatura dos gases Tg (kJ/m3.K).
No caso dos combustíveis com alto teor de cinzas, deve-se levar em consideração também
a entalpia das cinzas volantes arrastadas pelo fluxo de gases:
onde PCI é o poder calorífico inferior da massa de trabalho do combustível (kJ/kg comb), Qcomb
o calor sensível do combustível antes da combustão (kJ/kg), Qaex a quantidade de calor absorvido
pelo ar de combustão durante o preaquecimento fora da caldeira (em aquecedores de ar externos)
(kJ/kg comb), Qv calor introduzido com o vapor utilizado nos queimadores de óleo (kJ/kg comb),
e Qcd a energia de dissociação dos carbonatos presentes na massa mineral do combustível (kJ/kg
comb) (este termo só é aplicável aos xistos).
Qar' = (αF - ∆αF - ∆αpul) Har + (∆αF + ∆αpul) Hatm (kJ/kg comb)
Na combustão dos combustíveis sólidos pobres, a recirculação tem por finalidade diminuir
a temperatura de saída dos gases na fornalha, evitando a deposição de escórias nas partes altas da
fornalha e nos elementos convectivos. Com combustíveis sólidos ricos, líquidos e gasosos, a
recirculação tem a finalidade de diminuir fluxos térmicos localizados, uniformizar a taxa de
liberação de energia ao longo da fornalha, diminuir a velocidade da chama e regular o
superaquecimento das paredes inferiores.
onde Vrec é o volume dos gases recirculados (m3/kg comb), r o coeficiente de recirculação e VgF
o volume dos gases na saída da fornalha(m3/kg comb).
Os produtos da combustão trocam calor com as paredes de tubos de água da fornalha, com
os superaquecedores, com o banco de tubos convectivos etc, diminuindo sua temperatura. Assim,
a energia absorvida pela água na caldeira (ou pela carga em um forno) é igual à variação da
entalpia ao longo do fluxo de gases.
3. TEMPERATURA DA CHAMA
Tc = QF + 25E C
VgE Cpg
onde Cpg é o calor específico médio à pressão constante (kJ/mol.K) dos produtos da combustão,
entre 0 (Condições Standard, 25E C, 1 atm) e Tc. QF é energia liberada na fornalha (kJ/kg comb).
Tc = QF - Qdiss + 25E C
VgE Cpg
Nas fornalhas reais, uma certa parcela da energia liberada é utilizada para aquecer as
paredes da fornalha e/ou a carga do forno. Assim, a temperatura real da chama é sempre menor que
a temperatura calorimétrica ou teórica da chama:
Tr = k Tc (K)
onde k é um coeficiente pirométrico que depende das trocas de calor. Para as fornalhas reais varia
entre 0,65-0,82.
4. RENDIMENTO DA COMBUSTÃO
Como essa equação não considera o excesso de ar utilizado, ela não é satisfatória para
comparar diferentes tipos de fornalhas. Assim, para uma mesma perda Q3+Q4+Q5F+Q6, o
rendimento da fornalha com menor excesso de ar é maior. Para comparar fornalhas de diferentes,
utiliza-se normalmente o rendimento padrão da combustão, que considera a perda padrão de
energia devido à entalpia dos gases efluentes (Q2), calculada com um diferença de temperaturas
padronizadas TF-Ta.
Φ = (1 - Q5F) / Qd (adm)
Também é utilizado o conceito de efetividade da fornalha (ηeF), que além das perdas
térmicas considera o calor introduzido com o ar e combustível:
BIBLIOGRAFIA
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QUEIMADORES PARA COMBUSTÍVEIS GASOSOS
INTRODUÇÃO
Chama-se queimador de gás um sistema cujo objetivo é misturar um gás combustível com
o ar para a combustão e obter uma chama estável.
Potência Térmica:
É a taxa de liberação de calor fornecida pelo queimador na fornalha, se for assegurada uma
combustão completa. A potência térmica pode ser calculada partir da equação de Bernoulli
aplicada ao escoamento de gases através de orifício:
Pci
Qc = K s p
δ
onde Qc é a potência térmica, δ densidade do gás em relação ao ar, K um coeficiente que depende
das unidades utilizadas, das dimensões do orifício e temperatura, s seção terminal do orifício do
injetor de gás, Pci poder calorífico inferior e P a pressão do gás a montante do orifício.
Para os injetores normalmente utilizados, a perda de carga no orifício é alta, de modo que
o coeficiente K, e por conseqüência a potência térmica, aumenta com a diminuição da viscosidade
do gás.
Vp δ S
α p= o
= o
V V s
Temperatura de Ignição
Nenhuma substância pode queimar até que tenha sido aquecida até uma temperatura
suficientemente alta para que a taxa de reação com o oxigênio exceda um valor crítico no qual a
quantidade de calor gerada pela reação seja maior que a perdida para o meio ambiente. A reação
é então auto-suportada e pode ser descrita como combustão ou queima, diferentemente da
oxidação. Esta temperatura necessária é chamada Temperatura de ignição. Cada substância tem
uma temperatura de ignição característica.
Limite de Inflamabilidade
Quando uma mistura inflamável sofre ignição, a chama formada caminha pela mistura.
Inicialmente, ela progride a uma velocidade constante, e posteriormente seu movimento é
acelerado. A aceleração da velocidade da chama ocorre particularmente em condições de
turbulência e em outras condições em que pequeno aumento localizado de pressão ocorre com o
aumento da taxa da reação de oxidação. Tais condições são normais fora das condições
controladas em laboratório, e ocorrem nos espaços de combustão onde as superfícies internas são
ásperas ou de forma irregular. A aceleração pode atingir tais proporções onde a velocidade de
queima pode atingir 3km/s e a mistura combustível então detona.
QUEIMADORES DE DIFUSÃO
Quando utilizados para queimar misturas gasosas com alto teor de hidrocarbonetos, os
queimadores de difusão produzem uma chama luminosa de alta emissividade. A luminosidade é
devida à incandescência das partículas de carbono produzidas pelo craqueamento térmico dos
hidrocarbonetos, especialmente as espécies insaturadas. Em condições favoráveis de alimentação
de ar e tempo, as partículas de carbono realizam uma combustão secundária, mas se a alimentação
de ar é restrita ou a chama é instável, é produzida fumaça e é depositado carbono sólido (fuligem).
Assim, nos queimadores de difusão é necessário assegurar uma queima secundária.
Um queimador de difusão pode ser simplesmente uma simples saída de gás de seção
circular ou retangular. A forma mais simples é o tubo de gás aberto. Tal arranjo resulta em uma
chama luminosa e varredura, de baixa temperatura. O comprimento da chama pode ser aumentado
se ar de combustão, que normalmente é alimentado pela tiragem induzida realizada pela chaminé,
for introduzido na câmara de combustão em 2 ou mais pontos separados. Isto é muitas vezes
conveniente quando uma longa fornalha deve ser uniformemente aquecida.
Os queimadores de difusão são indicados para todos os tipos de combustíveis gasoso, mas
combustíveis com hidrocarbonetos, podem apresentar certos problemas. Eles são simples, baratos,
estáveis e extremamente flexíveis em sua resposta à demanda. Eles normalmente utilizam gases
abaixa pressão (> 60mm CA) e devem ser protegidos de variações excessivas da pressão do gás
por um regulador de pressão. Podem ser construídos de tamanhos pequenos para uso residencial
até queimadores industriais de 2 Mbtu/hr. Possivelmente o fator mais significante de controle seja
a velocidade de combustão. Se a velocidade de combustão for baixa e a velocidade de saída do gás
alta, a chama pode ser soprada do queimador e extinguir, provocando a acumulação de uma
mistura explosiva na câmara de combustão. Um bom projeto de queimador e uma pressão e
composição uniforme do gás, podem prevenir esta situação.
QUEIMADORES DE PRÉ-MISTURA
Os queimadores dos fogões a gás são do tipo injetor (figura 1). O gás com uma pressão
acima da atmosférica, ao sair pelo gicleur na caixa de ar (ejetor), succiona o ar e se mistura com
ele. A quantidade de ar arrastado é proporcional à vazão do gás. Assim, ao variar o consumo de
gás (potência do queimador), o coeficiente de excesso de ar permanece aproximadamente
constante. Para regular o coeficiente de excesso de ar, existe um dispositivo que ajusta a abertura
da entrada de ar. Os queimadores injetores não necessitam de ventilador para introdução de ar,
mas necessitam de uma maior pressão do gás.
Figura 1. Queimador tipo Injetor
Evidências experimentais confirmam a teoria que razão das vazões dos fluidos 1 e 2
depende somente da razão de pressão p1 e p2, que são determinadas pelas dimensões das seções
de passagem do queimador, de acordo com o coeficiente de conversão de energia que depende da
geometria e acabamento das peças [Roux].
A indução de um fluido à pressão atmosférica pode ocorrer em dois casos práticos:
1) O gás é o fluido indutor; ele arrasta, devido à sua expansão, o ar atmosférico.
2) O ar é o fluido indutor; ele é previamente comprimido, enquanto o gás é alimentado à pressão
próxima à atmosférica através de uma válvula redutora de pressão.
m2 ρ1 1
α p= = K 2 s2
m1 ρ 2 K 1 s1 ( µS - K 2 s2 )
A velocidades subsônicas, µ depende somente das pressões. Assim, a razão das vazões
mássicas dos dois fluidos (R) é independente da pressão motora p1, e a potência térmica do
queimador pode ser regulada através do controle de p1, de modo a gerar m1 e uma vazão
proporcional m2, sem modificar a relação ar/combustível da mistura.
Quando utilizar um gás com baixa velocidade de chama (gás natural, propano, butano) é
desejável instalar na saída do queimador um dispositivo de estabilização da chama (chama piloto,
obstáculo).
O ar arrastado pelo movimento do fluxo de gases num queimador do tipo bunsen, segue
o eixo do tubo de indução onde se mistura com o combustível. Na saída do bico, a mistura
ar/combustível pode sofrer ignição e queimar como uma chama estável. A quantidade de ar
arrastado deste modo pode variar de acordo com o projeto do queimador, e se desejável, todo o ar
necessário para a combustão completa pode ser alimentado. Quanto mais a razão ar/combustível
se aproxima da razão estequiométrica, mais uniforme deve ser a velocidade de propagação da
chama. Isto pode levar a uma situação de chama instável, que requer arranjos especiais. Nas
circunstâncias mais comuns, a estabilidade da chama e a facilidade de controle podem ser obtidos
assegurando que o fluxo de gás arraste 50% do ar necessário para a combustão completa. Este
arranjo necessita que a mistura combustível atinja a combustão completa com ar secundário que
mistura por difusão, após o estabelecimento chama.
Queimadores deste tipo produzem uma chama não luminosa de temperatura relativamente
alta, onde o tamanho e temperatura podem ser controlados pela proporção de ar primário
introduzido. Qualquer queimador deste tipo a de produção de calor é sujeita à velocidade da
chama dos constituintes do combustível gasoso. Se a velocidade da chama for alta, no caso do
hidrogênio, a chama pode se mover em direção ao fluxo ar/combustível, entrando no tubo de
indução em direção ao injetor e apagar a chama a baixas vazões de gás. Do mesmo modo, a
velocidade da chama também controla a velocidade máxima da mistura ar/combustível que deve
ser consistente com o estabelecimento de uma chama estável.
Se ar sob pressão é disponível para alimentar o queimador, ele pode ser utilizado para
induzir o gás combustível. A relação ar/combustível relativamente alta utilizada na combustão
torna esta operação fácil, e variações da taxa de vazão pode ser de 1/5, para uma constante relação
ar/combustível. Mas este sistema de indução não faz uso da energia potencial do gás na tubulação
sob pressão, e normalmente requer um gasto de energia para comprimir o ar. Por outro lado, o gás
pode ser induzido a uma pressão abaixo da pressão atmosférica, evitando qualquer fuga de gás
durante a extinção do queimador. Assim, este método representa um elemento de segurança que
não é possível com os queimadores utilizando o gás como fluido motor.
Uma vez que as mistura estequiométrica ar/combustível são altamente explosivas, é boa
prática realizar a mistura imediatamente antes do queimador. Também é prudente possuir
controles separados das alimentações de ar e gás. O queimador de gás de ar injetado mais simples
é similar ao tipo blow-pipe comum. Ele consiste de um tubo de alimentação de ar instalado
axialmente no tubo de alimentação de gás, de modo que a mistura ar/combustível ocorra
imediatamente antes da chama. Em queimadores mais elaborados muitos dispositivos são
utilizados para assegurar a realização da pré-mistura antes do bocal do queimador: "Tês", câmaras
de mistura e compressores de mistura. Dispositivos automáticos são utilizados para controlar a
proporção ar/combustível, de modo a manter os valores ótimos em toda a faixa das taxas de
combustão.
Queimador Túnel
Um queimador de túnel pode ser alimentado por um bocal de 1/2" de diâmetro e possuir
ele mesmo 1" no lado fino, expandindo durante seus 1000mm de comprimento. Os queimadores
túnel, como uma classe, são utilizados para alta produção térmica, sendo valores 400000btu/in2
de área do bocal comuns. O principal defeito desta forma de queimador de injeção de ar é o ruído
produzido no túnel. A produção de ruído é um defeito de todos os queimadores com tiragem
forçada de ar, onde altas velocidades de gases estão envolvidas, e é tão sério com queimadores de
óleo de alta pressão de tiragem quanto nos queimadores túnel usando gás.
Nos grandes fornos e caldeiras, são mais comuns os queimadores misturadores de dois
dutos, onde o ar e o gás são introduzidos à baixa pressão e se misturam, dentro ou à saída do
queimador. É possível produzir uma mistura completa em um pequeno comprimento. Quando se
deseja aumentar o comprimento da chama, a mistura é feita parcialmente, de modo a produzindo
uma chama de difusão.
Os queimadores para gás e óleo são instalados nas paredes, teto ou fundo de fornalhas sem
grelha (câmara de combustão). A mistura ar/combustível previamente preparada se queima de
modo intenso, e em fornos de reaquecimento pode-se alcançar uma carga térmica (qv) de 1,2
MW/m3. O coeficiente de excesso de ar se situa entre 1,05-1,3 e a perda de energia pela combustão
quimicamente incompleta 1-3% (os maiores valores se referem a gases pobres com mistura
imperfeita). Quando os gases são resfriados dentro da fornalha tem-se menores cargas térmicas e
reduz-se também q3.
Em vários processos tecnológicos são produzidos gases nocivos que não podem ser
expelidos na atmosfera. Se esses gases possuem uma velocidade de combustão normal <10-15
cm/s e PCI < 3 MJ/m3 (gases de alto-forno, coquerias, convertedores refinarias etc) podem ser
queimados do mesmo modo que o gás natural. Entretanto, devido ao baixo PCI é desejável
preaquecer o ar de combustão e às vezes mesmo o gás (gás de alto-forno), e utilizar queimadores
especiais.
Se os gases de escape possuem PCI > 3 MJ/m3 (gases de fabricas de fumo negro, de
cubilot, de evacuação de secadores e outros que contêm vapores orgânicos, ex. tolueno) em geral
não são inflamáveis e muitos deles possuem oxigênio, sendo explosivos sob aquecimento. Nesse
caso utiliza-se uma neutralização a fogo, queimando esses escapes junto com um combustível
melhor. Os gases evacuados por ventilação que contêm vapores de solventes, são freqüentemente
utilizados em substituição ao ar de combustão em fornos e caldeiras. Nesse caso elimina-se a
poluição atmosférica e se usa a energia desses gases.
CONCLUSÕES
Do ponto de vista do fabricante, é possível vender aplicações que podem utilizar qualquer
gás combustível, simplesmente pela substituição do bocal (gicleur). Estas adaptações somente são
possíveis, com o uso de um dispositivo de chama piloto para estabilizar a chama.
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