Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DESCRIÇÃO
O entendimento dos processos de combustão, da eletroquímica através de pilhas e do processo de eletrólise, bem como do
mecanismo de corrosão.
PROPÓSITO
Compreender que, para muitos processos de engenharia, é essencial o entendimento da combustão, principalmente na geração
de energia e no funcionamento da indústria de modo geral. Da mesma forma, é necessário entender a importância
dos
processos eletroquímicos na fração da indústria de manufatura metálica, bem como conhecer e evitar os processos corrosivos.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos papel, caneta e calculadora, ou use a calculadora de seu
smartphone /computador.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 3
MÓDULO 1
Químico sueco ganhador do prêmio Nobel de Química em 1903 devido à publicação da sua teoria eletrolítica da
dissociação.
JOHN F. DANIELL
FUNDAMENTOS DA COMBUSTÃO
A combustão, por se tratar de uma oxidação, irá sempre apresentar como um dos reagentes o gás oxigênio. Veja alguns
exemplos para o etanol e o alumínio:
4 Al + 3O2 → 2 Al2 O3
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Imagem: Shutterstock
Triângulo do fogo.
COMBUSTÍVEL
O primeiro deles é o combustível, que é o material que será oxidado. Nos casos anteriores, o etanol e o alumínio são os
combustíveis de suas respectivas reações. Geralmente compostos de carbono atuam
como combustível, tais como
hidrocarbonetos (compostos de carbono e hidrogênio somente) e demais compostos orgânicos oxigenados ou nitrogenados. Do
ponto de vista tecnológico, combustível é todo o material capaz
de gerar energia, por combustão, de forma econômica, podendo
ser sólido, líquido ou gasoso.
COMBURENTE OU OXIDANTE
O comburente ou oxidante é o responsável pela oxidação do combustível. Embora o processo de combustão seja uma
oxidação, pode haver outros comburentes que oxidem o combustível, como, por exemplo, o
flúor.
ENERGIA
A energia envolvida no processo é o componente que sustenta a queima. Esses três componentes formam o que é conhecido
como triângulo do fogo.
Nos exemplos de reações de combustão mostrados, pudemos reparar que um dos combustíveis é um metal. Isso é
perfeitamente possível, desde que o metal obedeça a alguns quesitos práticos, tais como:
Por exemplo, vernizes, tintas, óxidos, enfim, a superfície que é oferecida para reagir com o comburente deve ser do metal puro.
ESTAR PULVERIZADO.
MODAL
Voluptate consequat amet nostrud ullamco. Ut consectetur deserunt ea Lorem deserunt in aliqua nulla. Ullamco ut sint
aliqua id eiusmod ipsum ex pariatur amet nulla. Do sit excepteur fugiat deserunt do occaecat ullamco.
Fonte:fonte.com.br
Todavia a utilização de metais como combustíveis é muito útil para aproveitamento do calor gerado, que, em alguns casos, é
muito alto (da ordem de milhares de graus). Isso significa que não ocorre liberação de nenhum tipo de
gás, o que, em algumas
aplicações, pode ser muito útil.
Uma obtenção clássica de gases numa combustão é conseguida, principalmente, quando se utiliza combustíveis à base de
carbono. Nesse caso, em uma reação de combustão completa, os produtos formados sempre serão CO2
(g) ((g) denota
substância em estado gasoso) e H2 O(g)
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Repare que para se queimar 1 mol de etanol são necessários 3 mols (o triplo!) de gás oxigênio. Agora observe a equação de
queima do propanol, o álcool com 1 carbono a mais na sua cadeia que o etanol:
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
SAIBA MAIS
Nesse caso, já serão necessários 5 mols de O2 para queimar esse álcool. Ou seja, quanto
maior a massa do combustível a ser
queimada, maior quantidade de comburente (O2 ) é
requerida.
Se tivermos quantidade de oxigênio suficiente como requer a reação de combustão, dizemos que a queima é completa e
realmente se cumpre o que dissemos, e os produtos serão sempre CO2 (g) e H2 O(g) . Mas nem
sempre o fornecimento de
oxigênio ou as condições do material combustível permitem o acesso da quantidade necessária do oxigênio para a queima.
Nessa situação, os produtos da combustão serão monóxido de carbono e carbono
elementar (C). Temos, então, uma
combustão incompleta. Isso é o que acontece quando observamos grande quantidade de
fuligem sendo produzida na queima.
Foto: Shutterstock.com
Fuligem depositada no escapamento de veículo como resultado de queima incompleta.
COMBUSTÍVEIS
Uma especial atenção deve ser dada aos combustíveis, uma vez que são a fonte de energia que se deseja obter de uma
combustão. Os combustíveis podem ser divididos, num sentido mais amplo, como: sólidos, líquidos e gasosos. A
tabela a seguir
exemplifica alguns desses combustíveis e os classifica em naturais e artificiais.
Gasolina
Óleo diesel
Líquidos Petróleo
Querosene
Etanol
Gás d’água
Gás pobre
Hidrogênio
COMBUSTÍVEIS SÓLIDOS
Abordaremos, nos combustíveis sólidos, a classe mais representativa deles: o carvão. Inicialmente, veremos o carvão mineral,
que é uma complexa e variada mistura de componentes orgânicos sólidos,
ou seja, compostos à base de carbono notadamente,
fossilizados ao longo de muitos anos (como ocorre também com o petróleo, outro combustível fóssil). Sua qualidade,
determinada pelo conteúdo de carbono, varia de acordo
com o tipo e o estágio de formação dos componentes orgânicos.
SAIBA MAIS
O carvão betuminoso (hulha), mais utilizado como combustível, contém cerca de 75% a 85% de carbono, e o mais puro dos
carvões, o antracito, apresenta um conteúdo carbonífero superior a 90%. Podemos notar, portanto,
que o carbono se apresenta
como uma das mais importantes fontes de combustível que conhecemos. Por isso, estaremos sempre falando dele nesse
aspecto.
O carvão mineral é o mais abundante dos combustíveis fósseis no mundo. No Brasil, as principais reservas de carvão mineral
estão localizadas no Sul do país, notadamente no estado do Rio Grande do Sul, que detém mais de 90%
das reservas
nacionais. No final do século passado, as reservas nacionais de carvão eram da ordem de 32 bilhões de toneladas, o que
corresponde a cerca de 50% das reservas sul-americanas e a 1,2% das reservas mundiais.
Foto: Shutterstock.com
Amostra de carvão mineral.
No Brasil, o uso energético do carvão mineral na geração de eletricidade ainda é bastante restrito, representando apenas 1% da
matriz energética nacional, em virtude do grande potencial hidráulico do país e das características
físicas e geográficas das
reservas. Entre outras restrições, os altos teores de impurezas, como o carbono elementar e enxofre (da ordem de 50% e 2,5%,
respectivamente), são os principais responsáveis pelo baixo índice de
aproveitamento do carvão no Brasil.
RESPOSTA
É porque ele representa a maior fonte de combustível sólido para geração de energia e fonte de calor no ramo industrial do país.
Ele é amplamente utilizado na siderurgia para a obtenção do aço, por exemplo.
Por sua composição química e fonte de calor abundante, é utilizado em alto fornos nas siderúrgicas para a redução (veremos
mais à frente o que significa esse termo) do minério de ferro.
Ele também encontra muita utilização em fornos industriais e para geração de energia em usinas termoelétricas.
Foto: Shutterstock.com
Seção superior de um alto forno.
Por outro lado, o carvão artificial talvez seja um dos combustíveis sólidos mais conhecidos da população em geral. Ele é
resultante da combustão incompleta de materiais orgânicos. O carvão vegetal (aquele que utilizamos quando
vamos fazer
churrasco, por exemplo) é obtido pela combustão incompleta da madeira. Esta é inflamada e, então, a operação é interrompida,
para se evitar que a madeira se transforme em cinzas.
Foto: Shutterstock.com
Carvão vegetal em brasa.
O poder de queima de um combustível e, por sua vez, sua eficácia são determinados pelo cálculo do poder calorífico, que
veremos a seguir:
Em que C, H, O e S são, respectivamente: carbono, hidrogênio, oxigênio e enxofre, na análise elementar do combustível sólido.
A PARTIR DA ANÁLISE IMEDIATA – EQUAÇÃO DE GOUTHAL
Em que CF, MV e a são, respectivamente: carbono fixo, matéria volátil e fator, que varia com o coeficiente a relacionado com o
% de matéria volátil,
quando expresso para combustível seco e livre de cinzas.
COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS
Podemos dividir os combustíveis líquidos em não renováveis (derivados do petróleo) e renováveis (álcoois).
Iniciando pelos não renováveis, na atualidade podemos dizer que o petróleo (Do grego, significa óleo de pedra.) é considerado
uma das principais
matérias-primas, capaz de transformar as relações econômicas do mundo, dando impulso à industrialização
e ao progresso tecnológico, diminuindo distâncias e aumentando o conforto das pessoas. Dele se produz gasolina, combustível
de aviação, gás de cozinha, lubrificantes, borrachas, plásticos, tecidos sintéticos, tintas e até mesmo energia elétrica.
A alta proporção de carbono e hidrogênio existente no petróleo mostra que os hidrocarbonetos são seus principais constituintes,
podendo chegar a mais de 90% de sua composição.
Naftênicos (cadeias fechadas com ligações simples)
Aromáticos
Tais hidrocarbonetos estão presentes desde compostos com um átomo de carbono até compostos com 60 ou mais átomos de
carbono. Os petróleos brasileiros têm sido, predominantemente, de base parafínica.
Quanto ao aspecto, há petróleos pesados e viscosos e outros leves e voláteis, segundo o número de átomos de carbono
existentes em sua composição. Os petróleos mais leves dão maior quantidade de gasolina e GLP, que são produtos
leves. Já os
petróleos pesados resultam em maiores volumes de óleos combustíveis e asfaltos. No meio da linha estão os derivados médios,
como o óleo diesel e o querosene.
Foto: Shutterstock.com
Aspecto denso e viscoso do petróleo bruto.
Mas como se obtêm os produtos que são conhecidos como derivados de petróleo?
RESPOSTA
Uma vez que o petróleo é uma mistura de componentes, a nossa tarefa é separá-los e isso, normalmente, é chamado de refino
do petróleo
A tarefa inicial no processo de refino consiste em conhecer, por meio de análises de laboratório, a composição do petróleo a ser
processado, pois são variáveis a constituição e o aspecto do petróleo bruto, segundo a formação
geológica do terreno onde é
extraído. Algumas propriedades físicas gerais são utilizadas para identificação dos petróleos, como densidade e viscosidade. O
refino do petróleo, portanto, constitui-se na série de beneficiamentos
pelos quais passa o mineral bruto, para obtenção de vários
produtos.
Foto: Shutterstock.com
Torres de destilação ou de fracionamento de petróleo.
Refinar petróleo é, então, separar as frações desejadas, processá-las e industrializá-las em produtos vendáveis.
1
Nas refinarias, o petróleo é submetido a diversos processos pelos quais se obtém grande diversidade de derivados: gás
liquefeito de petróleo (GLP) ou gás de cozinha, gasolina, óleo diesel, querosenes de
aviação e de iluminação, óleo combustível,
asfalto, lubrificantes, solventes etc.
Processa-se o petróleo com a finalidade de se obter a separação dos seus diversos componentes. Este processo é o que se
chama de destilação fracionada. É executada com o auxílio de uma torre de fracionamento,
uma coluna de aço inoxidável cheia
de “obstáculos” em seu interior.
O petróleo aquecido é introduzido próximo à base da coluna. Moléculas maiores (de hidrocarbonetos de maior ponto de
ebulição) não alcançam o topo, acumulando-se nos diversos níveis da coluna, em estágios de
equilíbrio. Já as moléculas
menores (hidrocarbonetos com baixo ponto de ebulição) conseguem vencer esses obstáculos e chegar ao topo da coluna.
Tabela 2: Produtos obtidos através da destilação fracionada do petróleo. | Fonte: Marco Aurélio Souza de Oliveira.
Moléculas Temperatura de
Fração Usos
com ebulição (°C)
Óleos
16 a 20 C Ao redor de 350 Óleos para lubrificação e para motores.
lubrificantes
Mais de 18
Graxas Sólidos Graxas, vaselina.
C
Asfalto Mais de 35 Resíduos Parafinas, asfalto para pavimentação.
(piche) C
Além da importância absoluta no setor de transportes, o petróleo ainda é o principal responsável pela geração de energia elétrica
em diversos países do mundo. Apesar da expansão recente da energia hídrica e da diversificação
das fontes de geração de
energia elétrica, o petróleo ainda é responsável por aproximadamente 10% de toda a eletricidade gerada no mundo.
A geração de energia elétrica a partir de derivados de petróleo ocorre por meio da queima desses combustíveis em caldeiras,
turbinas e motores de combustão interna (automóveis, principalmente).
SAIBA MAIS
No caso do Brasil, onde historicamente a geração de energia elétrica é predominantemente hídrica (mais de 90% atualmente), a
geração térmica, particularmente com derivados de petróleo, é pouco expressiva no âmbito nacional.
Contudo, tem
desempenhado um papel importante no atendimento da demanda de pico do sistema elétrico e, principalmente, no suprimento
de energia elétrica a municípios e comunidades não atendidos pelo sistema interligado.
OCTANAGEM
GASOLINA
Sem dúvida, o produto do refino de petróleo mais destacado é a gasolina. Ela é utilizada em máquinas de combustão interna de
ignição por centelha. A combustão gera energia, que está contida nos gases resultantes
a alta temperatura e pressão. Essa
energia é transferida pela expansão dos gases no interior do cilindro, produzindo o trabalho necessário ao movimento dos
veículos, como, por exemplo, automóveis, embarcações aquáticas,
motos etc.
Ela é uma mistura constituída predominantemente de hidrocarbonetos com sete e oito átomos de carbonos (denominados
heptanos e octanos). Para indicar a maior ou menor eficiência de uma gasolina, utiliza-se o índice de octanagem.
Foto: Shutterstock.com
Gasolina e sua característica cor amarela.
QUEROSENE DE AVIAÇÃO
Outras frações importantes de uso industrial e comercial incluem o querosene de aviação, que é constituído de hidrocarbonetos
de 6 e 16 átomos de carbono e é adequado, como o nome já indica, à geração de energia por combustão
em motores de
aeronaves. Deve ter como requisitos: permanecer líquido e homogêneo até a zona de combustão dos motores das aeronaves;
ter poder calorífico o mais elevado possível; apresentar resistência física e química
às variações de temperatura e pressão; e ter
boas características lubrificantes.
ÓLEO DIESEL
Amplamente conhecido e também de grande importância é o óleo diesel, uma mistura constituída predominantemente de
hidrocarbonetos com 13 C a 17 C. As atuais aplicações de óleo diesel são bastante amplas: podem ser usadas para
movimentar
automóveis, ônibus, caminhões, tratores e unidades geradoras de energia.
ETANOL
Fechando a lista dos combustíveis líquidos, analisaremos um combustível renovável muito utilizado no Brasil, embora não seja
tão usado no resto do mundo: o etanol (álcool etílico).
O etanol talvez seja o mais antigo produto químico produzido pelo homem. Nessa produção inicial, ele partia de determinadas
matérias-primas e as fermentava, com o objetivo de produzir bebidas alcoólicas.
Na atualidade, o etanol é produzido por dois processos distintos: pela via química (síntese) e pela fermentação (microbiológico).
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Na fermentação, talvez o método mais consagrado, podem ser utilizadas como matérias-primas substâncias
açucaradas (Melaço de cana, suco de frutas ou beterraba.) ,
substâncias ricas em amido (Milho, arroz, trigo ou batata. ) ou
substâncias celulósicas (Madeira e papel.) .
SAIBA MAIS
Com relação às substâncias açucaradas, a fermentação conduz à formação do etanol a partir da sacarose.
Assim, partindo do caldo da cana-de-açúcar, inocula-se o micro-organismo Saccharomyces cereviseae e este, na presença da
sacarose, produz uma enzima que catalisa a transformação do açúcar em álcool etílico. Essa reação
é bastante exotérmica
(libera calor) e libera gás carbônico, o que dá ao sistema um aspecto de “fervura”.
ETANOL HIDRATADO
Atende às várias aplicações industriais, tais como a fabricação de bebidas. É usado como combustível para veículos movidos
exclusivamente a álcool (de 12 a 14% de água).
ETANOL ANIDRIDO
Sua importância é verificada no seu emprego em indústrias químicas, que necessitam de álcool com alto grau de pureza para as
suas reações. Outro emprego importante é como combustível e aditivo antidetonante para ser adicionado
à gasolina (caso haja
água, ela não se mistura homogeneamente com a gasolina).
Em termos de combustível, é disponibilizado o etanol aditivado que, a exemplo da gasolina aditivada, não implica maior potência
do motor, pois normalmente as substâncias empregadas só têm caráter detergente e anticorrosivo.
O Brasil é pioneiro e o país que mais amplamente utiliza o álcool como combustível. Isso se deve, em parte, às vantagens
apresentadas por esse combustível líquido. Ele polui menos o ambiente, uma vez que sua queima gera como
produtos somente
gás carbônico e água. É de fácil obtenção, é uma energia de fonte renovável e é um produto unicamente dependente da
produção nacional, o que diminui a dependência da instável indústria petrolífera internacional,
sendo, portanto, um combustível
altamente estratégico!
Além disso, industrialmente, o etanol tem uma importância considerável. É empregado na fabricação de bebidas, como solvente
de tintas e vernizes, na fabricação de corantes, na preparação de extratos, perfumes e cosméticos.
Encontra ampla aplicação
como desidratante, como conservante de produtos sujeitos à deterioração e na fabricação de polímeros.
COMBUSTÍVEIS GASOSOS
GÁS NATURAL
Iniciaremos nossa discussão dos combustíveis gasosos por aquele que é, basicamente, a fonte deles: o gás natural.
Foto: Shutterstock.com
Tanques de gás natural em uma refinaria.
É um combustível de origem fóssil, decorrente da decomposição da matéria orgânica fossilizada, encontrado acumulado em
rochas porosas no subsolo, frequentemente acompanhado por petróleo, constituindo um reservatório.
Na verdade, entende-se que o gás natural é um produto formado junto com o petróleo, ou mesmo uma fração dele, muito leve,
que se desprende da massa pastosa e se acumula nesses bolsões citados. Se o petróleo se encontra em um
berço de rochas
maciças, o gás natural é encontrado associado a ele; porém, se o óleo bruto está numa região de porosidade rochosa, esse gás
pode migrar, difundindo-se por esses microtúneis, e se alojar em outra região
impermeável a ele.
Em seu estado bruto ou natural, o gás natural é composto principalmente por metano (CH4 ), aproximadamente 90%, com
proporções variadas de
etano (C2 H6 ), propano (C3 H8 ),
butano (C4 H10 ), hidrocarbonetos mais pesados e também
CO2 , N2 ,
H2 S ,
água, ácido clorídrico, metanol e outras impurezas.
Uma porção importante do gás natural, muito utilizada como combustível, inclusive em veículos, é o metano (CH4 ). Ele é
a base
do GNV (Gás Natural Veicular), constituindo cerca de 90% dessa composição.
A obtenção comercial do metano pode ser natural nos poços de gás natural e de petróleo, nas emanações vulcânicas, nas
minas de carvão, nos pântanos ou nos lixões. Ou pode ser artificial, pelo
processo biológico (biogás) e processo sintético.
Processo biológico
No processo biológico, o metano é obtido através da decomposição anaeróbica (sem oxigênio), tendo como matérias-primas as
substâncias de origem orgânica (biomassa) em biodigestores. Cada metro cúbico de biogás contém entre
50% e 55% de gás
metano puro, que pode ser comparado aos combustíveis mais conhecidos pela relação a seguir:
1m
3
de biogás (não purificado) equivale a:
Processo sintético
O processo sintético de obtenção do metano se dá pela gaseificação do carvão − as matérias-primas básicas são o carvão
pulverizado, o vapor de água e o oxigênio. O aquecimento do carvão em ambiente úmido leva à formação de
uma mistura de
CO, CO2 e H2O que, com a ação do hidrogênio, forma o metano.
ACETILENO
Outro gás combustível industrial importante de ser citado é o acetileno. Esse é o componente mais simples da família dos
alcinos (hidrocarbonetos com ligação tripla), e o seu nome oficial é etino.
HC ≡ CH
Foto: Shutterstock.com
Maçarico oxi-acetilênico
O acetileno pode ser preparado pela reação da água com o carbureto de cálcio (CaC2 ):
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
SAIBA MAIS
Um método que vem substituindo gradativamente o do carbureto de cálcio é conhecido como pirólise de hidrocarboneto. Ele se
fundamenta em um aquecimento enérgico (cerca de 1500°C) dos hidrocarbonetos, os quais sofrem
uma desidrogenação e um
rearranjo dos seus átomos, com formação do acetileno.
Ele é um gás inodoro e incolor, mas, na prática, apresenta odor desagradável devido às impurezas, dentre elas compostos de
enxofre. Queima com chama brilhante e grande liberação de calor. É altamente inflamável, chegando a
ser explosivo, o que o faz
ser aplicado como combustível industrial.
Também entra como insumo para a produção de PVC, borrachas sintéticas e solventes. Uma aplicação muito importante para o
acetileno é no chamado maçarico oxi-acetilênico. Ele é empregado com o oxigênio na obtenção de elevadas
temperaturas (até
3.500°C) nos processos de soldagem.
Não se pode abordar o assunto combustíveis sem mencionar a energia envolvida em suas reações características. Inicialmente,
falaremos do poder calorífico dos materiais combustíveis (ou calor de combustão). Ele é definido como
sendo a quantidade de
energia interna contida no material combustível.
Esse parâmetro é o mais importante para se determinar a eficiência macroscópica de um combustível, em termos da capacidade
de geração de energia útil, que pode ser expresso tomando-se por base uma massa unitária (kg) ou um
volume unitário (m³).
Quanto mais alto for o poder calorífico, maior será a energia contida.
ATENÇÃO
No Brasil, costuma-se exprimir o poder calorífico de um gás em kcal/Nm³, kcal/m³ ou kcal/kg, embora o correto seja utilizar
unidades do sistema internacional (kJ/m³).[
Para os combustíveis sólidos, o poder calorífico (Q’) corresponde à quantidade de calor liberada (Q) pelo combustível, na
combustão, dividida pela massa do combustível (m). Assim, o poder calorífico é o calor produzido por
unidade de massa do
combustível:
Q’ = Q / m
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
é a quantidade de calor liberada pela combustão completa de 1kg de combustível em que os produtos finais são CO2 (g) e
Poder calorífico inferior (PCI):
é a quantidade de calor liberada pela combustão completa de 1kg de combustível, admitindo-se que o vapor de água não se
encontra condensado. Os produtos finais da combustão são CO2 (g) e H2 O (g).
O PCS é sempre maior que o PCI, pois engloba o calor desprendido na condensação da H2 O (g) em H2 O (l), conforme a
tabela a seguir, que apresenta valores para alguns gases combustíveis. Conhecendo-se a composição de um combustível é fácil
calcular o seu PCS e o seu PCI, a partir dos calores molares de combustão
dos respectivos componentes que abordaremos a
seguir.
Gás kcal/kg
PCS PCI
H2 33889 28555
Uma vez conhecido o calor molar de combustão, é possível avaliar o poder energético de combustíveis em termos moleculares
na estequiometria das reações de combustão. O calor molar de combustão pode
ser calculado a partir do calor molar de
formação dos reagentes e produtos envolvidos. Vejamos o exemplo da combustão do etanol:
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Lembrando que H é a chamada entalpia, ou, nesse caso, o calor contido numa substância (entalpia de formação,ΔHf )
ou
envolvido num processo (ΔH da reação). Assim, para se calcular o calor total liberado numa combustão,
basta fazer o calor total
contido nos produtos (∑ ΔHf (p) )
menos o calor total que estava contido nos reagentes (∑ ΔHf (r) ),
como ressalta a equação
destacada.
C2 H5 OH -277,6
O2 0,0
CO2 -393,5
H2 O -285,8
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
O ΔH fornece energia liberada na queima de 1 mol do combustível. Para avaliar seu poder calorífico é necessário
converter a
unidade para kcal/kg, por exemplo: ΔH = 7100kcal/kg. Note que a reação utilizada anteriormente
envolve a combustão completa
(formação de CO2 e H2 O)
do combustível.
Dentro dos motores ocorre, além da combustão completa, também a incompleta, com formação de CO. Motores desregulados
favorecem também a formação de
carbono (
C), que sai do escapamento na forma de fuligem.
Foto: Shutterstock.com
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
1. Por que se diz que a combustão é um tipo especial de oxidação?
A combustão nada mais é do que a oxidação do combustível pelo comburente (oxigênio), caracterizada pela liberação de calor.
Não se utiliza o petróleo bruto para aplicação alguma, ele antes precisa receber um tratamento químico de separação dos
componentes dessa mistura (refino) para se obter frações úteis para aplicação.
MÓDULO 2
ELETROQUÍMICA
Depois de falarmos de oxidação acompanhada de liberação de calor, estudaremos oxidações que não envolvem
necessariamente o desenvolvimento de calor na sua ocorrência: os processos eletroquímicos.
REDOX
Começaremos consolidando alguns conceitos essenciais sobre a eletroquímica.
COMENTÁRIO
Trataremos, neste módulo e no próximo, essencialmente, de fenômenos envolvendo metais. Embora os processos abordados
possam ser realidade também para outros tipos de materiais, eles são mais característicos para os
metais e, por isso, focaremos
nossa atenção nessa classe.
Já vimos, quando estudamos ligação metálica, que ela é caracterizada por um “gás”, ou “mar” de elétrons que, na realidade,
trata-se de uma densidade eletrônica deslocalizada que é fruto da alta eletropositividade desses elementos.
Ou seja, os metais
tendem a “perder” elétrons.
Os processos em que ocorre perda de elétrons são, oficialmente, denominados oxidação. Veja os exemplos a seguir:
0 + −
Na → Na + e
0 +2 −
Mg → Mg + 2e
0 +3 −
Fe → Fe + 3e
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
COMENTÁRIO
Vimos um processo parecido com esses quando tratamos de energia de ionização. Dizemos parecido, pois, em essência, é o
mesmo, mas motivado por outros fatores.
A energia de ionização era observada quando um aporte de energia externa era incidido no átomo e isso fazia com que esse
elétron fosse “arrancado” do mesmo. Agora, o que queremos enfatizar na oxidação é que essa saída do elétron
é motivada por
outra espécie “retiradora” de elétrons, que sofrerá o processo inverso.
Acompanhe:
+ − 0
Ag + e → Ag
+2 − 0
Cu + 2e → Cu
+2 − 0
Pt → 2e + Pt
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
+
Aqui, vemos que os cátions metálicos Ag , Cu+2 e Pt+2 recebem elétrons num processo denominado redução. É importante
nos acostumarmos com esses
termos, pois eles serão uma constante daqui para frente.
ATENÇÃO
No contexto da eletroquímica, sempre tratamos a oxidação/redução (REDOX) como um par associado, ou seja, uma espécie só
se oxida porque outra estava pronta a receber seus elétrons e vice-versa. Portanto,
uma vez que uma espécie se oxida, ela,
naturalmente, vai reduzir outra. Logo, ela será um agente redutor, pois provocará a redução. Da mesma forma, temos a figura
do agente oxidante,
que é quem se reduz. Esses termos não devem ser confundidos!
Podemos visualizar esse processo de duas vias da eletroquímica através de uma reação global, representada por uma equação
REDOX:
−
0 +2
Mg → Mg + 2e
+2 − 0
Cu + 2e → Cu
0 +2 +2 0
Mg + Cu → Mg + Cu
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
A equação REDOX representa a soma dos dois processos de oxidação e redução numa equação mais geral que, como se vê no
exemplo anterior, traz embutida em si a transferência de elétrons. Note que cortamos, na equação global,
os elétrons envolvidos,
pois, nessa conduta de soma de equações, as espécies que se repetem em lados opostos das setas nas diferentes equações
são anuladas. Assim, temos, na equação global, o magnésio se oxidando e
o cátion cobre se reduzindo, portanto, o Mg0 é o
agente redutor e o Cu+2 é o agente oxidante.
CONDUTIVIDADE ELÉTRICA
Arrhenius, de quem tomamos a definição de ácidos e bases, estabeleceu estudos acerca de condutividade de soluções
e foi um
dos primeiros a entender que para uma solução ser condutora elétrica era necessária a existência de espécies capazes de
realizar o transporte de elétrons (corrente elétrica).
Ele estabeleceu que uma solução eletrolítica se tratava de uma solução capaz de conduzir corrente elétrica (que é definida,
formalmente, como um fluxo contínuo e ordenado de elétrons) por apresentar íons livres
em seu meio. Por outro lado, uma
solução não eletrolítica não permite a condução elétrica por não apresentar esses íons. Ambas as soluções também são
denominadas eletrólitos ou não eletrólitos.
Quando estudamos os compostos iônicos, vimos que eles são excelentes condutores elétricos exatamente por sofrerem
dissociação, ou seja, em água eles liberam íons existentes em sua estrutura cristalina. Qualquer solução de composto
iônico,
portanto, é um potencial eletrólito, dependendo somente do grau de solubilidade daquele composto em água numa determinada
temperatura. Também os ácidos, que sofrem ionização, são os compostos moleculares capazes
de gerar esse tipo de solução
pelo fenômeno da ionização.
Imagem: Shutterstock
Solução de NaCl (à esquerda), fortemente eletrolítica e condutora; água pura (centro), fraca condutora; e solução de açúcar
(à direita), molecular e não eletrolítica.
Pode-se medir o quanto a substância estará dissociada ou ionizada em solução através de um parâmetro denominado grau de
ionização (α) ou dissociação (β):
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
O grau de dissociação segue o mesmo padrão, mas se tratando de substâncias iônicas. Considera-se, de maneira geral, que:
ATENÇÃO
Portanto, somente meios eletrolíticos são capazes de conduzir corrente elétrica, ou seja, são os meios em que se levam a cabo
reações REDOX.
PILHAS ELETROQUÍMICAS
Pilhas eletroquímicas (ou células galvânicas ou células voltaicas) são dispositivos que geram energia elétrica através de
energia química. Esses dispositivos se valem das reações de oxidação e redução e do
fluxo de elétrons envolvidos nelas para
obter corrente elétrica para a geração de trabalho útil.
Um dos pioneiros a estabelecer um dispositivo realmente eficaz para esse fim foi o inglês John F. Daniell (1790-1845),
que
construiu a seguinte célula.
Como mostra a figura, a pilha de Daniell consistia em duas barras metálicas: uma de zinco e outra de cobre, cada uma delas
imersa em soluções eletrolíticas de seus próprios sais (por exemplo, ZnSO4 e CuSO4 ).
Esses sais em solução, como já
sabemos, sofrerão dissociação segundo as equações:
+2 −2
ZnSO4 → Zn + SO4
+2 −2
CuSO4 → Cu + SO4
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Imagem: Shutterstock.com
Pilha de Daniell.
Ao conjunto barra de metal + solução, os dois recipientes ilustrados na figura, denominamos eletrodo. Logo, temos 2 eletrodos
numa pilha:
Ânodo
Eletrodo em que acontece a oxidação, ou seja, de onde saem elétrons; é denominado ânodo e, por convenção, ele é o polo
negativo da pilha.
Cátodo
Eletrodo aonde chegam os elétrons, ou onde ocorre a redução; é denominado cátodo, o polo positivo do dispositivo.
Pela figura, vemos que, obviamente, o fluxo de elétrons vai do ânodo para o cátodo. Para a pilha de Daniell, os elétrons migram
do zinco para o eletrodo de cobre. Portanto, a reação que ocorre no ânodo será a seguinte:
0 +2 −
Zn → Zn + 2e
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Repare que são formados cátions Zn+2 constantemente, conforme a reação de oxidação vai acontecendo. Esses íons
não ficam
na barra, mas vão para a solução em que o zinco está imerso, com o intuito de equilibrar essa carga positiva que adquiriram
(lembre-se de que a água é um solvente polar e estabiliza bem espécies carregadas).
−2
Acontece que, ao entrarem em solução, os íons Zn+2 causam um desequilíbrio de cargas com os íons SO4 .
Quando o sal se
dissociou na água, pela estequiometria da reação, sabemos que a mesma quantidade de Zn +2
e
SO4 −2
estavam presentes,
+2
mas, agora, mais íons Zn vindos da oxidação da
barra rompem esse equilíbrio e a solução vai ficando cada vez mais
carregada de íons positivos. Guarde essa informação por enquanto.
Os elétrons liberados na oxidação são conduzidos pelo fio que une os dois eletrodos e, antes de chegar ao eletrodo de cobre,
esses elétrons passam por um dispositivo qualquer (Uma lâmpada ou um motor elétrico, por exemplo. ) onde são aproveitados
para realização de algum trabalho. Depois, seguem seu caminho até o cátodo.
Ao chegarem no cátodo, o metal cobre da barra não tem afinidade por esses elétrons (sua eletropositividade é muito alta, ou
eletroafinidade baixíssima, como qualquer outro metal neutro). Por isso, esses elétrons ficam acumulados
na barra, sendo
capturados, por sua vez, pelos cátions Cu+2 da solução em que a barra está imersa. Acontece, então,
a redução desses íons:
+2 − 0
Cu + 2e → Cu
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Da mesma forma como ocorreu com o eletrodo de zinco, aqui também haverá um desequilíbrio entre os íons da solução salina.
Isso porque, mais e mais, cátions cobre vão saindo da solução para virar cobre metálico (Cu0 ),
restando apenas os íons SO4 −2
em solução.
Notamos, então, que está havendo um progressivo desequilíbrio de cargas nas soluções dos eletrodos. Quando esse
desequilíbrio atinge um ponto crítico, a pilha para de funcionar para não agravar esse quadro. Para evitar isso,
é colocada uma
ponte salina, que consiste num tubo de vidro contendo uma pasta condutora de íons. Ela permite o trânsito das espécies em
excesso de ambos os lados, restaurando, assim, o equilíbrio de cargas
nas soluções dos eletrodos.
Dessa maneira, enquanto existirem átomos de zinco na barra para se oxidarem e íons cobre no outro eletrodo para receber
esses elétrons, a pilha continua funcionando e gerando uma corrente elétrica útil.
Por que, ao se colocar zinco e cobre em contato, o zinco perde elétrons para o cobre? E por que não acontece o contrário?
Essas perguntas são respondidas a partir do conhecimento da ideia de potencial eletroquímico, que veremos a seguir.
POTENCIAL DE ELETRODO
Potencial eletroquímico, ou potencial de eletrodo, traduz a tendência que uma espécie química tem de se oxidar ou se reduzir,
ou seja, quanto maior a tendência de uma espécie se oxidar, ou perder elétrons,
maior será seu potencial de oxidação. Da
mesma forma, o potencial de redução indica a maior ou menor tendência de uma espécie em ganhar elétrons.
Assim, percebemos que o potencial de oxidação do zinco é maior que o do cobre, ou o potencial de redução do cobre é maior
que o do zinco. Isso precisa ser assim para justificarmos o sentido da corrente elétrica na pilha de
Daniell. O potencial
eletroquímico é medido em volts (V) e representado por E0 , que indica o potencial em situação
padrão (0°C e 1 atm de pressão).
E
0
oxi é o potencial padrão de oxidação e E0 red é o potencial padrão de redução.
Atualmente, já são conhecidos praticamente todos os potenciais de oxidação e oxidação das espécies químicas, conforme
exemplificados abaixo:
Potencial de
Potencial de redução Estado α<
Estado oxidado oxidação (E°oxi), em
(E°red), em V reduzido 5%
V
-3,04 Li ⇌ Li
+
+ e
−
+3,04
-2,92 K ⇌ K
+
+ e
−
+2,92
-2,90 Ba ⇌ Ba
+2
+ 2e
−
+2,90
+2
-2,89 Sr ⇌ Sr + 2e
−
+2,89
+2
-2,87 Ca ⇌ Ca + 2e
−
+2,87
-2,71 Na ⇌ Na
+
+ e
−
+2,71
-2,37 Mg ⇌ Mg
+2
+ 2e
−
+2,37
+3
-1,66 Al ⇌ Al + 3e
−
+1,66
-1,18 Mn ⇌ Mn
+2
+ 2e
−
+1,18
−
-0,83 H2 + 2(OH) ⇌ 2H2 O + 2e
−
+0,83
-0,76 Zn ⇌ Zn
+2
+ 2e
−
+0,76
+3
-0,74 Cr ⇌ Cr + 3e
−
+0,74
-0,48 S
−2
⇌ S + 2e
−
+0,48
-0,44 Fe ⇌ Fe
+2
+ 2e
−
+0,44
+2
-0,28 Co ⇌ Co + 2e
−
+0,28
-0,23 Ni ⇌ Ni
+2
+ 2e
−
+0,23
-0,13 Pb ⇌ Pb
+2
+ 2e
−
+0,13
0,00 H2 ⇌ 2H
+
+ 2e
−
0,00
+ +2
+0,15 Cu ⇌ Cu + e
−
-0,15
+2
+0,34 Cu ⇌ Cu + 2e
−
-0,34
−
+0,40 2(OH) ⇌ H2 O + 1/2O2 + 2e
−
-0,40
+
+0,52 Cu ⇌ Cu + e
−
-0,52
+0,54 2I
−
⇌ I2 + 2e
−
-0,54
+0,77 -0,77
+2 +3 −
Fe ⇌ Fe + e
+
+0,80 Ag ⇌ Ag + e
−
-0,80
+0,85 Hg ⇌ Hg
+2
+ 2e
−
-0,85
+1,09 2 Br
−
⇌ Br2 + 2e
−
-1,09
+1,23 H2 0 ⇌ 2H
+
+ 1/2O2 + 2e
−
1,23
−
+1,36 2 Cl ⇌ Cl2 + 2e
−
Ex: -1,36
+2,87 2F
−
⇌ F2 + 2e
−
-2,87
Vamos, rapidamente, analisar os valores mostrados inicialmente com o Li, que está no topo da lista. Podemos analisar a reação
em ambos os sentidos:
Potencial de redução (E°red ), Estado Estado Potencial de oxidação (E°oxi ),
em V reduzido oxidado em V
-3,04 Li ⇌ Li
+
+ e
−
+3,04
Ao olharmos da direita para a esquerda, estaremos diante da redução do cátion lítio (Li+ + e− → Li )
e do valor do potencial
de redução expresso, também à esquerda (-3,04V).
Potencial de redução (E°red ), Estado Estado Potencial de oxidação (E°oxi ),
em V reduzido oxidado em V
-3,04 Li ⇌ Li
+
+ e
−
+3,04
Valores de potenciais positivos indicam tendências favoráveis, ou espontâneas, de ocorrências, enquanto valores negativos
indicam reações não espontâneas. Por isso, os valores de potenciais de oxidação e de redução para uma
mesma espécie são
sempre opostos, como vimos no caso do lítio.
Da relação mostrada, ele é o que apresenta o maior potencial de oxidação, ou seja, é o que tem maior tendência a se oxidar.
Consequentemente, sua tendência a se reduzir será diametralmente oposta, ou grandemente desfavorável
(da mesma
magnitude, em módulo, da oxidação). A mesma análise se faz para todos os outros elementos da tabela, ou de qualquer outra
lista de potenciais.
EXEMPLO
Se analisarmos o caso específico da pilha de Daniell, notamos que o zinco apresenta um potencial de oxidação de +0,76V,
enquanto o cobre tem um potencial de oxidação de -0,34V. Assim, o zinco tem uma tendência maior
em se oxidar do que o
cobre, conforme mencionamos anteriormente. O cobre é mais tendencioso em se reduzir do que se oxidar, dado o valor negativo
de seu potencial de oxidação. Por isso, o fluxo de elétrons na pilha
de Daniell ocorre do zinco para o cobre.
De posse dos potenciais dos eletrodos, podemos determinar o potencial global da pilha, ou sua força eletromotriz (fem), por
meio de uma equação muito simples:
0 0 0
E = E maior – E menor
Essa expressão é válida quando tomamos somente um tipo de potencial para ambos os eletrodos (ou ambos de oxidação ou
ambos de redução). Para a pilha de Daniell, tomando os potenciais de oxidação, temos:
0
E = + 0, 76 – (−0, 34) = 1, 1 V
0
E = + 0, 34 – (−0, 76) = 1, 1 V
DICA
Da mesma forma como fez John Daniell no passado, podemos montar a pilha que quisermos e obter os mais variados valores
de fem admissíveis. Basta combinarmos os possíveis pares através de seus valores de potenciais.
Como já dissemos, a pilha de Daniell tem um fim. Ao findar os reagentes do dispositivo, a pilha cessa seu funcionamento e não
gera mais corrente elétrica. Pilhas desse tipo são denominadas pilhas primárias ou não recarregáveis. Nessa mesma categoria
se enquadram as conhecidas pilhas alcalinas.
As pilhas alcalinas representam um passo adiante das primeiras pilhas ácidas − assim chamadas em virtude dos cloretos
presentes (principalmente de amônio, que tem um caráter ácido) −, conhecidas como pilhas de Leclanché .
SAIBA MAIS
Elas também eram chamadas de pilhas de zinco/dióxido de manganês, pois o seu ânodo era um invólucro de zinco. Já seu
cátodo era um bastão de grafite no centro do dispositivo envolto por uma camada de dióxido de manganês
(
MnO2 ), carvão em
pó e uma pasta úmida de cloreto de amônio e cloreto de zinco. O cilindro de zinco ficava isolado do restante
dos componentes e
transferia seus elétrons para o manganês por meio da barra de grafite.
As pilhas alcalinas têm o mesmo princípio de funcionamento da pilha anterior, porém, com a diferença de que o eletrólito é uma
base e não um sal com caráter ácido. No lugar dos cloretos é utilizado o hidróxido de sódio ou de
potássio.
Foto: Shutterstock.com
Esquema de uma pilha alcalina
PILHAS SECUNDÁRIAS OU RECARREGÁVEIS
Mais úteis e mais modernas são as pilhas secundárias ou recarregáveis que, pela aplicação de um potencial externo, revertem
as reações que ocorrem nelas, regenerando os reagentes.
Exemplo comum dessa categoria é a bateria de automóvel. Seu ânodo é composto de placas de chumbo metálico e o cátodo é
formado por placas de chumbo revestidas por óxido de chumbo, PbO2 (s) ((s) denota substância em estado sólido) .
Essas
placas são isoladas entre si e mergulhadas em uma solução de ácido sulfúrico concentrado, formando uma série de seis pilhas,
com 2V cada e fornecendo um potencial total de 12V (Bem mais que a discreta pilha de Daniell, certo?) .
Foto: Shutterstock.com
Bateria de carro sendo recarregada.
Nessa categoria também se encontram as baterias de celulares, notadamente as de íons lítio. Nesses dispositivos, o cátodo é
uma mistura de óxidos de lítio e cobalto, e o ânodo é o carbono, sendo esses dois eletrodos separados
por um material não
condutor. Outros eletrodos também podem ser utilizados, como níquel/cádmio e hidreto/óxido de níquel.
Imagem: Shutterstock.com
Eletrólise da água.
Ao analisarmos a figura, vemos que a formação dos gases H2 e O2 a partir da água só foi possível pela ação de uma fonte de
energia elétrica externa (uma bateria). Repare que a equação em azul representa a formação do gás oxigênio e é fruto da
oxidação da água (elétrons são liberados)
representando, portanto, o ânodo do dispositivo.
A equação em vermelho indica a formação do gás hidrogênio como consequência da redução da água (cátodo). Essa redução
ocorre em virtude dos elétrons enviados pela fonte externa, e não pela espécie que compõe o ânodo.
ATENÇÃO
Notamos que existe uma inversão dos polos da célula eletrolítica; enquanto o polo negativo na pilha era o ânodo, aqui ele é o
cátodo e vice-versa. É bom ressaltar, porém, que as reações que ocorrem em cada eletrodo
continuam as mesmas que as da
pilha: oxidação no ânodo e redução no cátodo.
O processo de eletrólise é muito útil industrialmente para a produção de materiais com alto grau de pureza. A partir de sais
fundidos, pode-se gerar os compostos elementares ou gasosos dos componentes daquele sal. Veja o caso
do NaCl.
A fusão do cloreto de sódio gera um líquido constituído, unicamente, pelos íons componentes do material iônico: Na+ e Cl− .
Sendo esse líquido submetido à eletrólise, ou seja, recebendo uma tensão externa, as seguintes reações tomam lugar:
−
ÂNODO: 2 Cl → Cl2(g) + 2e
−
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
CÁTODO: 2 Na
+ −
+ 2e → 2 Na(l)
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Foto: Shutterstock.com
Eletrólise do NaCl fundido.
−
Esse processo constitui uma das principais fontes industriais de sódio metálico puro e de cloro gasoso. Íons Cl , como vimos,
são oxidados
a Cl2(g) no ânodo, e os íons Na+ são reduzidos à Na(l) no cátodo. Os eletrodos, nesse caso, diferentemente
do
que ocorre na pilha, são inertes, ou seja, não regem diretamente no processo.
Uma vez que a eletrólise tem como finalidade produzir reações químicas, as quantidades de produtos gerados têm estreita
relação com a quantidade de energia aplicada pela fonte externa. Por exemplo, se quisermos saber a quantidade
de cobre
metálico produzida a partir de seu sal fundido, podemos seguir o seguinte raciocínio:
+
2 −
Cu (l)
+ 2e → Cu(s)
ATENÇÃO
Significa, portanto, que 2 mols de elétrons produzirão 1 mol de Cu sólido. A carga de 1 mol de elétrons é 96.500 C. A carga de 1
elétron é, aproximadamente, 1, 6 × 10−19 C;
logo, a carga de 1 mol, ou 6,02.1023 elétrons, será esses 96500 C, também
conhecidos como 1 Faraday, 1F.
A Física nos diz que Q = iΔt (Q = carga elétrica, “i” é corrente elétrica e Δt é o tempo em que essa corrente é aplicada.)
Logo, a quantidade de Cu pode ser calculada pela corrente (i) e o tempo (Δt) em que essa corrente foi aplicada. Ou seja, os
parâmetros da energia aplicada nos indicam a quantidade, em massa, de produto formado.
Vejamos um exemplo: a partir da eletrólise do CaCl2 fundido, queremos determinar a quantidade de produtos formados no
ânodo e no cátodo.
Para isso, vamos supor que uma corrente de 0,452 A passe pela célula por um período de 1,5h.
−
ÂNODO: 2Cl (l)
→ Cl2(g) + 2e
−
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
CÁTODO: Ca
2+ −
(l)
+ 2e → Ca(l)
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
As quantidades de Ca metálico e de cloro formadas dependem do número de elétrons que passam pela célula e, assim, da
carga (Q):
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
2+
Dado que 1 mol de elétrons corresponde a 96.500 C e que são necessários 2 mol de elétrons para produzir 1 mol de Ca ,
a massa de Ca (massa atômica 40g/mol) formada no cátodo será de 0,507 g. A massa de cloro formada é calculada com o
mesmo raciocínio.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
A célula eletroquímica se vale da eletrólise para produzir uma reação química, muitas vezes de interesse industrial.
MÓDULO 3
CORROSÃO
A maioria dos metais aparece na natureza em forma de compostos estáveis, os chamados minérios. Eles podem estar nas mais
variadas formas, tais como óxidos − principalmente −, sulfetos, carbonatos etc. Isso não acontece por
acaso, mas indica que os
metais na forma de compostos, na maioria dos casos, são mais estáveis do que os metais puros.
Para as aplicações tecnológicas e industriais, porém, é necessária, na esmagadora maioria das vezes, a utilização do metal puro
e não na forma combinada. Por isso, é necessário um tratamento do minério (composto metálico) com
aplicação de energia e
processos apropriados para se obter o metal na sua forma metálica elementar.
O processo de obtenção é denominado processo metalúrgico e pode ser esquematizado da seguinte maneira:
O homem produz o metal através de um processo artificial, forçando o estado natural mais estável a passar a outro menos
estável, na maioria das vezes. Esse desequilíbrio não é duradouro, pois o metal produzido fica imerso na
atmosfera, na água ou
na terra, com tendência a voltar ao estado natural de composto mais estável. Esse processo espontâneo de retorno à situação
combinada original pode ser entendido como corrosão.
Foto: Shutterstock.com
Vazamento em tubulação metálica danificada pela corrosão.
O ferro aplicado na sua forma metálica (Fe0 ), se submetido à influência de um agente oxidante, sofrerá corrosão. Veja:
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Se repararmos, o processo exemplificado anteriormente nada mais é do que uma reação REDOX:
4 Fe → 4 Fe
+3
+ 12e
−
(oxida çã o)
3O2(g) + 12
e−
→ 6O
−2
(redu çã o)
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Podemos dizer, ainda, que houve a formação de uma célula galvânica, ou pilha eletroquímica, entre o ferro como ânodo e o O2
como cátodo.
COMENTÁRIO
Lembra-se do caso da pilha de Daniell? O zinco, com o passar do tempo e o andamento das reações, ia se “corroendo”, ou seja,
ia perdendo massa da barra. Isso porque o zinco metálico, ao se oxidar gerando Zn+2 ,
procurava estabilização na solução.
Podemos dizer, então, que estávamos diante de um processo de corrosão do zinco. Com isso, podemos estabelecer que a
corrosão nada mais é do que um processo de oxirredução, ou
de formação de uma pilha, em que o material corroído é sempre o
ânodo desse dispositivo. Para isso, o metal corroído precisa ter maior potencial de oxidação que a outra espécie quando ambos
estiverem em contato
(corrosão eletroquímica), ou ele sofrerá corrosão, sendo atacado diretamente num processo REDOX
(corrosão química).
Como o contato do metal com o meio agressivo se dá na sua superfície, é aí, geralmente, que ocorrem as reações químicas ou
eletroquímicas do processo. Logo, a velocidade e a extensão da corrosão dependem de fatores ligados
ao próprio material e ao
meio ambiente. Para tentarmos combater a corrosão, devemos colher informações sobre a natureza da corrosão e o seu
mecanismo.
Nosso conhecimento sobre a eletroquímica nos permite fazer uma breve abordagem sobre os aspectos mais característicos dos
mecanismos e da natureza da corrosão.
Como vimos, dentre os fatores associados às propriedades dos metais para ocorrência da corrosão, podemos, evidentemente,
citar o seu potencial de oxidação como o fator número um a se levar em consideração. Como a corrosão tem
lugar no ânodo, de
onde os íons metálicos passam para a solução, os valores de E0 permitem uma estimativa da atividade
anódica dos metais.
Vejamos outros fatores:
B) A PUREZA DO METAL
Novamente o zinco, contendo impurezas como o chumbo, ferro ou carbono, formará minúsculas pilhas nas regiões em que as
impurezas ficam em contato com o ar. A ação local causa a corrosão do zinco na área vizinha,
aumentando a velocidade da
corrosão à medida que mais impurezas vão aparecendo. Os metais puros, consequentemente, podem ser pensados, em
princípio, como se não fossem corrosíveis.
Se o espaço ocupado pelo aglomerado de partículas do óxido do metal (tecnicamente denominado grão do óxido) for menor que
o ocupado pelos átomos do metal (aglomerado de átomos de metal, ou grão metálico), a película
será porosa, permitindo um
fácil acesso do oxigênio externo e proporcionando pouca ou nenhuma proteção contra a corrosão do metal. No alumínio, por
exemplo, a relação volume do grão do óxido/volume do grão do
metal é de 1,24. A espessura dessa película cresce a partir de
uma camada uniforme e é, portanto, protetora. O níquel nos dá 1,6; o cromo, 2,0; e o tungstênio, 3,6. A relação do ferro com o
oxigênio, por exemplo,
já é mais complexa, uma vez que se formam vários óxidos conforme a temperatura. Esses óxidos
geralmente contêm um excesso de íons metálicos que diminuem o efeito protetor.
Devemos considerar, também, a influência do meio ambiente em que está inserido o metal para a sua corrosão. São itens muito
importantes para o planejamento de engenharia e que não estão ligados à natureza do material
a ser utilizado. Acompanhe:
E) TEMPERATURA
Em geral, a corrosão aumenta com a temperatura. Como qualquer outro processo químico, a elevação da temperatura aumenta
o grau energético do sistema, faz as partículas estarem mais agitadas, facilitando a interação
entre as espécies e a troca de
elétrons.
F) PRESENÇA DE INIBIDORES
Um inibidor retarda ou paralisa a reação. É um método de luta contra diversos problemas de corrosão. Existe grande variedade
de substâncias e métodos inibidores de corrosão que iremos abordar mais adiante.
G) CONDUTIVIDADE DO MEIO
A corrente produzida pela corrosão dependerá da condutividade do meio, fator importante na corrosão de estruturas enterradas
ou aéreas. Por exemplo, a água do mar tem uma alta condutividade elétrica em virtude dos
íons de sais dissolvidos nela; solos
porosos permitirão maior penetração de O2 e umidade até a superfície
metálica.
H) PRESENÇA DE UMIDADE
É comum se observar que a corrosão atmosférica do ferro se produz muito mais lentamente no ar seco e mais rapidamente em
presença de umidade. A água atua como solvente do O (do ar) e de outros gases e sais que irão constituir o eletrólito de uma
2
pilha de corrosão. É interessante atentar para o fato de a água pura não ser condutora elétrica, isso porque o oxigênio e íons
não estão
presentes e são os verdadeiros responsáveis pela corrosão. No entanto, como a água é um excelente solvente
(denominada o solvente universal), dificilmente uma água ambiente natural estará efetivamente pura.
I) O EFEITO DO PH
Todos admitem o efeito corrosivo de um ácido forte (alta concentração de íons hidrônio) sobre os metais ativos, mas prestam
pouca atenção ao pH das águas ou dos fluídos em contato com estruturas, condutores ou equipamentos
metálicos. O íon
hidrônio (H3 O+ ) é altamente oxidante,
pois é um ativo captador de elétrons. Para facilitar a visualização, vamos considerar esse
íon como o H+ em água, ou seja, um próton isolado. Essa espécie é extremamente ávida por elétrons:
+ −
2H + 2e → H2(g)
MEIOS CORROSIVOS
Em termos de análise do ambiente para a corrosão, temos que analisar, basicamente, dois cenários: um meio seco e um meio
úmido.
Ambiente seco
O que caracteriza a corrosão a seco é a formação e manutenção de uma camada de óxido superficial no material. A maioria dos
metais de engenharia não cria camadas de óxidos de grande espessura, a não ser em temperaturas
elevadas.
Como os íons metálicos são geralmente menores do que os íons de oxigênio, a difusão dos íons metálicos para as regiões
superficiais no material é mais rápida do que a difusão dos íons de oxigênio para as regiões interiores.
A velocidade de oxidação
do metal depende, em parte, dessa mobilidade dos íons através do filme de óxido, porém, também depende da velocidade de
fluxo dos elétrons para as regiões externas.
ATENÇÃO
As taxas de oxidação também dependem da porosidade do filme de óxido. Alguns metais formam íons bem menores que os
átomos originais. Em consequência disso, quando os íons se formam, ocorre uma redução no volume do filme
de óxido. Como
resultado disso, o filme torna-se poroso, permitindo que o acesso do oxigênio à superfície do metal se dê com mais facilidade.
A contração do filme de óxido também pode fazer com que ele se esfarele, expondo uma superfície nova do metal. Em alguns
casos pode ocorrer expansão do filme, fazendo com que ele se trinque.
Um filme de óxido que adere firmemente à superfície do metal geralmente oferece boa proteção. A boa adesão é o resultado da
coerência entre o filme e o próprio metal. Entendemos como coerência, no presente
caso, quando existe um bom “ajuste” entre
os íons na superfície do metal e os íons metálicos no filme de óxidos, de tal forma que a estrutura é virtualmente contínua.
Quando as duas superfícies são não coerentes, o resultado
é uma baixa adesão.
Foto: Shutterstock.com
Recobrimento de filme de óxido de cobre, protetor natural na Estátua da Liberdade.
Ambiente úmido
No ambiente úmido, o ferro, por exemplo, rapidamente começa a desenvolver em sua superfície um depósito marrom-
avermelhado de hidróxido férrico.
A reação química global que representa o enferrujamento pode ser simplesmente expressa por:
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
A facilidade de oxidação de um metal depende da facilidade com que seus elétrons de valência possam ser removidos de seus
átomos. Assim, metais como o cálcio, o alumínio e o zinco não estão muito ligados a seus elétrons de
valência nobres. Ouro,
prata e platina estão mais fortemente ligados a seus elétrons de valência, tornando sua oxidação mais difícil do que a do ferro.
ATENÇÃO
O produto da corrosão em meio aquoso é o hidróxido e não o respectivo óxido, como no meio seco.
MECANISMOS DE CORROSÃO
Pelo conhecimento que adquirimos até agora, de alguma forma já nos familiarizamos com os mecanismos pelos quais a
corrosão acontece. Em um primeiro caso, o simples contato de um metal com uma solução eletrolítica pode proporcionar
uma
troca direta de elétrons, provocando a reação corrosiva.
+2
A solução de cobre (Cu ) à esquerda (azul) recebe um prego (ferro), e a oxidação do ferro se inicia por ter maior
potencial de
+
oxidação que o cobre. A redução do cobre gera íons Cu (verde). Esse é um exemplo do mecanismo de ação química.
Foto: Shutterstock.com
Reação do ferro (prego) numa solução de cobre
Vimos, também, o processo de eletrólise, que é outro mecanismo de corrosão que já foi bastante explorado, assim como o
mecanismo eletroquímico das reações REDOX.
Outro mecanismo que também é muito comum e que não citamos ainda é o de corrosão a altas temperaturas, no qual os
metais em geral se combinam diretamente com o oxigênio da atmosfera oxidante. Há transferência
direta dos elétrons
produzidos pela oxidação do metal ao agente oxidante, incentivada pelo alto conteúdo energético proporcionado pela
temperatura elevada. O processo para o magnésio, por exemplo, ocorre de acordo com as
seguintes reações:
2 Mg → 2 Mg
+2
+ 4e
−
(oxida çã o)
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
O2 + 4e
−
→ 2O
−2
(redu çã o)
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Esse ataque rápido é devido ao aumento de energia do sistema e, quanto mais endotérmica a reação de oxidação do metal,
mais rápida a corrosão a altas temperaturas.
PROTEÇÃO
Uma vez conhecidos os mecanismos e tudo o que está envolvido na ocorrência da corrosão, entendemos que quando o
processo de oxidação não é de alguma forma inibido, pode trazer grandes prejuízos.
EXEMPLO
Por exemplo, estima-se que 20% do ferro produzido anualmente nos EUA seja usado para repor perdas decorrentes da
ferrugem
Sabendo que a corrosão acontece pelo estabelecimento de uma pilha galvânica, a proteção contra sua ocorrência consiste em
parar o funcionamento da pilha. Portanto, vamos abordar alguns dos procedimentos mais utilizados nesse
sentido:
Nem sempre é viável, ou mesmo tecnicamente permitido, utilizar outro metal como constituinte de alguma estrutura de um
projeto. Mas, sempre que possível, pode-se evitar a corrosão através da escolha adequada de materiais. Além
dessa escolha,
deve-se atuar, também, no design das peças a serem confeccionadas para se evitar dobras e frestas, pois são condições de
acúmulo de eletrólito ou agentes oxidantes. Da mesma maneira, deve-se tornar a área
anódica (que sofrerá corrosão) a maior
possível, para evitar corrosão localizada em pequenas áreas.
Foto: Shutterstock.com
Fundição do ouro para fabricação de peças.
Metais como o ouro e a platina são adequados para processos nos quais a manutenção da integridade do material é essencial,
tais como próteses.
MODIFICAR O MEIO
Se o sistema operar em um meio extremamente agressivo em termos de corrosão (meio ácido, por exemplo), é interessante,
quando possível, alterar essa situação. Nem sempre é possível essa alteração (pense numa plataforma marítima
de extração de
petróleo, por exemplo), mas a eliminação do eletrólito (meio condutor) é sempre buscada.
Esse, talvez, seja o método mais utilizado para se evitar a corrosão, e seu mais famoso representante é o recobrimento com
tintas. Imagine a pilha de Daniell se cortarmos o fio que une as barras de zinco e
cobre. A ausência de contato entre elas cessa
imediatamente a troca eletrônica.
Foto: Shutterstock.com
Recobrimento com tinta de superfície metálica.
ATENÇÃO
É essencial que esse recobrimento obedeça a alguns critérios para que seja eficiente: deve ser contínuo, impermeável,
indissolúvel no meio em que irá atuar, aderente à superfície que será protegida e não deve sofrer
ruptura por choques
mecânicos da peça.
É sempre desejável se utilizar o mesmo material para a confecção de dispositivos, de tal forma que seja eliminada por completo
a ddp entre os materiais componentes. Já sabemos que a diferença de potenciais (de oxidação ou de
redução) entre metais em
contato é o que desencadeia todo o processo de troca eletrônica. Se não for possível essa condição, a ddp deve ser diminuída o
mais possível.
PROTEÇÃO CATÓDICA
É uma técnica bastante eficaz e sua execução é muito viável, sendo, por isso, amplamente utilizada atualmente. Ela pode ser de
duas naturezas:
Outro exemplo é a utilização de barras de Mg , fixadas nas laterais das embarcações perto da quilha, para proteger o casco
(para embarcações
de água doce), ou utilização de varetas de Mg em caldeiras ou caixas d’água para evitar águas
ferruginosas; para embarcações de
água salgada usam-se varetas de Zn ou Al como ânodo de sacrifício.
Foto: Shutterstock.com
Placas de magnésio fixadas ao casco de embarcação para proteção como metal de sacrifício.
A proteção catódica é um dos mais eficientes e utilizados pro¬cessos, aplicando-se frequentemente em união com recobrimento
protetor, visto que nenhum recobrimento dá uma proteção permanente.
Apresenta uma série de vantagens quanto ao custo, à instalação e manutenção. No entanto, é importante lembrar os cuidados
no momento do dimensionamento do projeto, pois a corrente aplicada na proteção catódica de
uma estrutura pode afetar
adversamente um oleoduto vizinho ou outro metal enterrado, ao dar lugar a "correntes de fuga".
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O QUE É CORROSÃO?
C) Processo químico de reação dos metais para formar compostos mais estáveis.
E) É o processo no qual o metal solubilizado em água quebra suas redes cristalinas, ionizando-se.
E) Presença de umidade.
GABARITO
1. O que é corrosão?
A corrosão é o caminho natural e espontâneo dos metais se combinarem, em especial com o oxigênio, para formar compostos
estáveis, como os encontrados na natureza.
A umidade e os eletrólitos presentes em seu meio promovem a condição necessária para a condução elétrica causadora da
corrosão.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tratamos de um aspecto muito importante para a Química: a oxidação. Estudamos a oxidação especial que os materiais podem
sofrer e que é acompanhada da emanação de energia na forma de calor, a combustão. Vimos a vasta gama de
tipos de
combustíveis que existem e suas principais propriedades. Em especial, os combustíveis fósseis, que são muito utilizados ainda
nos dias atuais para a produção de energia.
Os princípios da eletroquímica foram explorados e os conceitos básicos das principais reações de oxidação e redução foram
apresentados. Demos ênfase ao estudo das células galvânicas (pilhas eletroquímicas) e aos processos de
eletrólise.
Por fim, tratamos da corrosão. Vimos sua definição, seus tipos e meios propícios para sua ocorrência. Ao estudarmos os
mecanismos mais comuns de atuação da corrosão, pudemos entender, de maneira mais adequada, os processos
de proteção
contra esse fenômeno.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química: questionando a vida moderna. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
BRADY, J. E.; HOLUM, J. R.; RUSSELL, J.W. A Matéria e suas transformações. Vol. 1. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora LTC,
2002.
BRADY, J. E.; HOLUM, J. R.; RUSSELL, J.W. A Matéria e suas transformações. v. 2. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002.
KOTZ, J. C.; TREICHEL JR., P.M. Química geral e reações químicas. v. 1. [s/l] Thomson Learning, 2005.
MASTERTON, W. L.; SLOWINSKI, E. J.; STANITSKI, C. L. Princípios de Química. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990.
ROSENBERG, J. L; EPSTEIN L. M. Química Geral – Coleção Shaum. 8. ed. Porto Alegre: Bookman, 2003.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, acesse os sites:
Do Instituto de Aeronáutica e Espaço e do Centro Tecnológico do Exército, CTEx, para consultar sobre combustões especiais
sofridas por explosivos e propelentes.
CURRÍCULO LATTES