03/02/2023 11:04 Descomplica | Combustíveis Fósseis E Derivados De Petróleo

História, cenário atual e aspectos do

carvão e do gás natural
História, cenário atual e aspectos do carvão e do gás natural

As primeiras reservas de carvão a serem datadas foram formadas em um 

período geológico que ocorreu entre 359 milhões e 299 milhões de anos,
devido à  importância do carvão para a nossa história moderna, esse
período foi chamado de  Carbonífero. Descobriu-se, mais tarde, que a
maior parte do carvão é do período mais  recente (Cretáceo e Terciário).
Sua formação foi o resultado da fossilização de  florestas pantanosas
gigantes do período. Quando essas florestas se alargavam o  material
orgânico era sedimentado, e com o passar de muitas eras, o aumento da 
pressão e da temperatura e pouco oxigênio que oxidava totalmente os 
hidrocarbonetos, originou-se o carvão mineral.

Referência ao uso do carvão como combustível datam de 1100, mas seu

odor   forte fazia dele um combustível secundário quando comparado à
madeira, já que  chaminés ainda não eram comuns.

Com o aumento populacional do séc. XVII, a queima de lenha devastou

as   florestas, o que tornou a queima de madeira cada vez mais cara.
Nessa época, a   indústria do carvão sofreu um renascimento. Dentre
outras dificuldades, a inundação  das minas tornou-se a pior, ameaçando
a vida dos mineiros e a obtenção do carvão , no qual a sociedade
europeia se via tão dependente. Com o intuito de drenar as  minas, cada
vez mais profundas, que não poderiam ser drenadas por gravidade
 (túneis), T. Savery patenteou o primeiro protótipo de máquina movida a

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vapor “O  amigo do Mineiro” (The Miner 's Friend). Dez anos mais tarde,
Thomas Newcomen,   criou a chamada “máquina de fogo”, e junto com
Savery, deu início às primeiras  máquinas a vapor. Estudiosos atribuem a
Newcomen o início da mecanização como  a conhecemos. Apesar da sua
baixa eficiência, a máquina permaneceu um sucesso   por mais de 60
anos.

Foi quando James Watt, em 1793, desenvolveu sua máquina a vapor, que
a  humanidade conheceria a industrialização com o início da I Revolução
Industrial.  Inicialmente, a máquina fornecia 6 HP, depois de 20 anos já
eram 190 HP. Não só o  carvão forneceu a energia necessária à I
Revolução Industrial, como mudou a própria  dinâmica do nosso ciclo
biológico. No começo dos anos 1800 a iluminação noturna  era privilégio
de poucos porque o óleo para as lâmpadas era caro e raro. Quando 
surge o gás de carvão (gás de rua ou gás de síntese), combustível
gasoso da queima  parcial do carvão (composto por metano, monóxido de
carbono e hidrogênio), as  horas noturnas passam a ser também
produtivas, as fábricas passam a ter vários  turnos e a iluminação
doméstica se populariza. Esse gás era armazenado em tanques  e
enviado aos EUA e lá também tornou a iluminação doméstica mais
acessível. O  Barão de Mauá assinou um contrato para iluminação por
gás de carvão da cidade do  Rio de Janeiro, a primeira do Brasil, em 1851,
3 anos depois surge a CIG – Companhia de Iluminação a Gás, que mais
tarde tornou-se a CEG.

De acordo com seu rank (grau de carbonização), o carvão é classificado

em  turfa (55% a 65%), linhito (65% a 80%), hulha (80% a 93%) ou
antracito entre (93% e  98%). Acima disso há a grafita, que não é
combustível. Quanto ao grande (quantidade  de matéria inorgânica),
quanto menor, melhor o carvão.

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A turfa, com PCI entre 1500 kcal/kg e 2000 kcal/kg é um material mais
recente  que ainda tem matéria orgânica não carbonizada e pode ter até
75% de umidade,  enquanto os demais têm entre 8% e 10%. É usada em
fornalhas, termelétricas, para  obtenção de gás de síntese, alcatrão, cera,
parafina e amônia.

Os linhitos, com PCI entre 2000 kcal/kg e 7000 kcal/kg são carvões
inferiores, mas com os mesmos usos da hulha.

A hulha, com PCI entre 7000 kcal/kg e 8500 kcal/kg, chamada também
de  carvão de pedra, é o carvão mais comercializado, pois é o mais
utilizado como combustível (carvão-vapor ou carvão-energético) e na
metalurgia (carvão  metalúrgico). A hulha pode ser ainda separada em
carvão sub-betuminoso, comumente empregado para gerar energia, ou o
betuminoso (maior rank), mais  adequado ao uso metalúrgico. Sua
pirólise, chamada de coqueificação, gera 4  produtos de valor agregado:
gás de hulha (gás de síntese), água amoniacais, usadas  na indústria
agrícola, alcatrão de hulha, fonte de hidrocarbonetos aromáticos e o 
coque, resíduo sólido rico em carbono usado na indústria siderúrgica.

O antracito, com PCI entre 8500 kcal/kg e 9000 kcal/kg, é o carvão de 
qualidade superior e também o mais caro, utilizado como carvão
metalúrgico, e por  fornecer uma queima limpa, é o mais indicado para
uso doméstico.

As reservas mundiais atuais de carvão são de 1.070 bilhões de toneladas

(BP  Statistical World Energy Data 2020, 2020). O Brasil tem a 15ª reserva
de carvão  dentre 75 países com reservas significativas, sendo EUA,
Rússia e China detentores  de 50% das reservas provadas (Tab. 1).
Destaque para a China, que hoje consome

e produz quase a metade de todo carvão mundial. Já o Brasil consome e

produz  menos de 0,5% do carvão mundial.
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Tab. 1: Cenário Atual do Carvão

O carvão é o combustível fóssil convencional mais poluente tanto na sua 

extração, com o problema da drenagem ácida dos solos, quanto na sua
queima, já que emite 30% a mais de CO2 que a gasolina e o dobro de
CO2 que o gás natural. A  China, por exemplo, é responsável por 28%
das emissões de CO2 atuais. Tendo em vista a importância do carvão
mineral para o suprimento da  demanda energética mundial, vêm se
estudando alternativas para tornar a queima do  carvão menos agressiva.
Uma delas é o CCS (Carbon Capture and Storage), o  sequestro
geológico carbono, na qual CO2 é removido da atmosfera, e
transformado  em um composto sólido para reinjeção em camadas
profundas do solo. O gás natural (GN) apresenta PCS de 9400 kcal/m 3,
porém apresenta um  transporte relativamente seguro já que seu ponto de
ignição é de 485 ºC, seu limite  de inflamabilidade está entre 5 e 15% e
não é tóxico. Em caso de vazamento, tende  a dissipar-se por ser mais

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leve do que o ar, mas em seu estado natural é inodoro. O  GN pode ser
encontrado nos reservatórios geológicos na forma associada, quando o 
petróleo é o principal produto ou não associado, quando a atividade visa a
produção  do gás. No Brasil, a forma associada é a principal.

Na plataforma, o GN é uma mistura de hidrocarbonetos leves de até 7

carbonos  que é separado do óleo e segue para desidratação e remoção
dos contaminantes. Os  contaminantes são sulfeto de hidrogênio (H2S) e
CO2, ambos de caráter ácido e, em  presença de água, corrosivos às
tubulações. Um problema no transporte de gás é a  formação de hidratos
de metano que são sólidos e podem bloquear parcial ou  completamente
os gasodutos. O GN que resulta do tratamento primário é conhecido 
como gás natural rico ou úmido. O GN é considerado um gás rico quando
sua  concentração de hidrocarbonetos de cadeia maiores de 3 carbonos
(C3 +) é igual ou  acima de 8% e pobre quando abaixo de 6%, entre
esses índices ele é considerado  de riqueza intermediária.

Uma vez enquadrado, o gás chega à Unidade de Processamento de Gás 

Natural (UPGN) após o que poderá ser comercializado. Na UPGN, as
frações de C3 +  chamadas de “frações líquidas” são separadas e
originam GLP, gasolina e o GN seco ou pobre, que é o GN a ser
comercializado, por exemplo, como o GNV. Essa  separação aumenta o
valor agregado do gás bruto. Dependendo da composição do  GN rico, é
possível ainda recuperar etano. Segundo a ANP, o GN tem concentração 
mínima de CH4 de 68% nas regiões Norte e 85% nas demais regiões. O
GN também  é comercializado na forma de GNL, Gás Natural Liquefeito, e
para tal precisa ser  resfriado à -162 ºC de forma que 1m 3 de GNL, ao ser
regaseificado, rende 600 m3 de  GN. O GNL tem se mostrado importante
para as importações, pois os preços competidores de outros países
ajudaram na queda de importações da Bolívia e até  mesmo na produção
offshore, que já ensaia plataformas que já gerem GNL para ser 

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transportado. O Brasil tem atualmente 3 unidades de regaseificação de

GNL (Rio de  Janeiro, Bahia e Ceará).

Os gasodutos no Brasil são do tipo: : (i) gasoduto de escoamento, levam

o  GN dos poços até as UPGNs ou gasodutos de transferência, que
têm a mesma  função dos de transporte, porém é de um proprietário único
que produz e processa o  GN (ii) gasodutos de transporte, conduzem o
gás das UPGNs até a estocagem ou  aos grandes consumidores como
indústrias e termelétricas ou aos pontos de entrega  às concessionárias
estaduais de distribuição (city gates), por fim (iii) os gasodutos  de
distribuição, infraestrutura das concessionárias que são responsáveis
por levar o  gás aos consumidores finais. Os gasodutos utilizados pelos
terminais de GNL são uma  categoria à parte, chamados gasodutos do
terminal de GNL.

O consumo mundial de GN vem crescendo, pois sua queima gera menos 

poluentes atmosféricos do que os derivados de petróleo e 50% menos
CO2 do que o  carvão. Devido a isso, o GN é chamado de “combustível
de transição” considerando  a tendência do aumento da participação de
fontes de menor emissão de CO2. Porém,  o Brasil tem reinjetado nos
poços, desde 2018, um volume maior de gás do que o importado.  Essa
prática visa aumentar a produção de petróleo de maior valor agregado.
Dessa  forma, a Nova Lei do Gás aprovada no congresso, visa o aumento
da atratividade  econômica do GN com algumas medidas como: (i)
permitir acesso à infraestrutura de  escoamento existente às empresas,
assim como acesso às UPGNs. Atualmente a  maior parte das empresas
produtoras vendem compulsoriamente o gás para a  Petrobras; (ii) o
transporte do gás precisará apenas de autorização da ANP e não  mais de
concessão; (iii) institui a modalidade de Estocagem Subterrânea de Gás 
Natural – ESGN – que visa amortecer as variações de preços e
demandas do GN  com GN armazenada em alta pressão em
reservatórios geológicos e (iv)  desverticalização dos agentes de
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transporte e distribuição, que necessariamente  precisarão ser

independentes.

 Especialistas alegam que, no entanto, as propostas não garantem o uso

das  instalações de UPGNs, por exemplo, para processamento do GN
nacional, o que  pode aumentar ainda mais o problema do escoamento
do gás interno produzido.
 

Atividade extra

Vídeo: “Quem inventou o Motor a Vapor? Como funciona?” Disponível

em: https://www.youtube.com/watch?v=tvJ2BDhKsaQ

Mais informações sobre a Nova Lei do Gás:

https://www.politize.com.br/nova-lei-do-gas/

Referência Bibliográfica

Freese, B. Qual: A Human History. Nova York: Ed. Penguin Book, 2004.
BRASIL, N. Í.; ARAÚJO, M. A. S. SOUSA, E. C. M. Processamento De
Petróleo E  Gás. 2ª Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2014;

Branco, P. M. Carvão Mineral. Disponível

em:  http://www.cprm.gov.br/publique/CPRM-Divulga/Carvao-Mineral-
2558.html
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BP Statistical Review of the World Energy 2020. Disponível

em:  https://www.bp.com/en/global/corporate/energy-economics/statistical-
review-of world-energy.html

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