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Brasília/DF
2010
Agradecimentos
À minha esposa e minha filha, sempre presentes em todos os momentos da minha vida,
sendo minha referência, apoio, e freio, quando necessário.
Sumário
RESUMO............................................................................................................................III
ABSTRACT ....................................................................................................................... IV
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 2
2 DESENVOLVIMENTO................................................................................................... 3
2.1 O SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR – SNDC –
ÓRGÃOS E COMPETÊNCIAS.................................................................................... 3
2.1.1 O Sistema Nacional de Defesa do Consumidor – Instituição e Objetivo ... 3
2.1.2 Os órgãos e entidades que compõem o SNDC e as respectivas
competências ............................................................................................................ 4
2.1.3 A competência concorrente entre os órgãos e entidades integrantes do
SNDC e a Agência Nacional de Telecomunicações, na aplicação de sanções
administrativas....................................................................................................... 12
2.1.4 A eficácia das sanções administrativas previstas no artigo 56 do Código
de Defesa do Consumidor ..................................................................................... 15
2.2 O TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA – TAC................................. 18
2.2.1 Introdução em nosso ordenamento ............................................................. 18
2.2.2 Natureza jurídica, conceito e características.............................................. 18
2.2.3 Legitimidade para sua aplicação................................................................. 20
2.2.4 Eficácia do TAC como solução alternativa às sanções administrativas .. 21
2.2.5 Caso concreto de celebração de Termo de Ajustamento de Conduta na
Agência Nacional de Telecomunicações............................................................... 23
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 24
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 26
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
Art - Artigo
CF - Constituição Federal
MJ - Ministério da Justiça
MP - Ministério Público
II
RESUMO
III
ABSTRACT
IV
1 INTRODUÇÃO
Após essa abordagem genérica, passaremos a um estudo mais específico acerca do Termo
de Ajustamento de Conduta – TAC, introduzido originalmente em nosso ordenamento
jurídico pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, aprovado pela Lei 8.069, de 13
de julho de 1990, como alternativa às sanções administrativas.
Finalmente, apresentaremos um caso concreto em que o referido instituto foi aplicado pela
Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL.
2 DESENVOLVIMENTO
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Por sua vez, o Código de Defesa do Consumidor (CDC), aprovado pela Lei 8078/1990,
criado a partir de determinação expressa prevista no artigo 48 dos Atos das Disposições
Constitucionais Transitórias da Constituição de 1988, em seu Título IV, instituiu o Sistema
Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), sendo que em seus artigos 105 e 106, define
seus órgãos e entidades integrantes ressaltando a inexistência de hierarquia ou
subordinação entre eles.
3
Consumidor (DPDC), órgão integrante da Secretaria Direito Econômico (SDE) do
Ministério da Justiça (MJ), e fixou suas competências enquanto órgão responsável pela
coordenação do SNDC.
1
O antigo Departamento Nacional de Defesa do Consumidor foi substituído pelo Departamento de Proteção
à Defesa do Consumidor quando da aprovação do Decreto n.º 2.181/97.
4
consumidores;
VIII - solicitar o concurso de órgãos e entidades da União, Estados, do
Distrito Federal e Municípios, bem como auxiliar a fiscalização de preços,
abastecimento, quantidade e segurança de bens e serviços;
IX - incentivar, inclusive com recursos financeiros e outros programas
especiais, a formação de entidades de defesa do consumidor pela população e
pelos órgãos públicos estaduais e municipais;
X - (Vetado).
XI - (Vetado).
XII - (Vetado)
XIII - desenvolver outras atividades compatíveis com suas finalidades.
Parágrafo único. Para a consecução de seus objetivos, o Departamento
Nacional de Defesa do Consumidor poderá solicitar o concurso de órgãos e
entidades de notória especialização técnico-científica.
2
Disponível em: <http//:www.mj.gov.br/dpdc/sindec/>
5
Consumidor. Para melhor exercer essa atividade, o citado Departamento age em parceria
com outros órgãos e entidades federais, estaduais, municipais e com o Distrito Federal.
Destacam-se, finalmente, as atividades do DPDC voltadas à educação para o consumo que
objetivam capacitar os integrantes do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, bem
como os demais atores.
Os objetivos colimados pela norma de ordem pública reforçam o papel conciliador que
sempre desempenharam os Procons, contribuindo com a pacificação social e evitando que
um maior número de demandas sejam destinadas ao assoberbado Poder Judiciário.
3
ESPÍNTULA, Alberí. Capacitação em Direito do Consumidor – Módulo I. SENASP/MJ. 2009. p. 9-10.
6
É também o Procon que fiscaliza, no âmbito de suas atribuições, estabelecimentos
comerciais aplicando as sanções administrativas contidas no CDC (artigo 56) que vão
desde pena de multa até apreensão de produtos, interdição e intervenção administrativa no
estabelecimento.
Ministério Público
O Ministério Público é instituição com independência funcional que zela pela aplicação e
respeito das leis, manutenção da Ordem Pública, além da defesa de direitos e interesses da
coletividade. Tem legitimidade exclusiva de promover ação penal pública relativa às
infrações penais de consumo (artigo 80, CDC) que, se não efetivada no prazo legal,
autorizará a oferta de ações penais subsidiárias por parte de órgãos públicos de defesa do
consumidor, inclusive as associações civis de defesa do consumidor legalmente
constituídas.
Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste código, bem como
a outros crimes e contravenções que envolvam relações de consumo, poderão
intervir, como assistentes do Ministério Público, os legitimados indicados no art.
82, inciso III e IV, aos quais também é facultado propor ação penal subsidiária, se
a denúncia não for oferecida no prazo legal.
Quando houver lesão a direitos coletivos dos consumidores, o Ministério Público deverá
ajuizar ação civil pública para proteção de interesses difusos, coletivos e individuais
homogêneos, encaminhando à análise do Poder Judiciário, lesões aos direitos dos
consumidores em busca de decisões judiciais que alcancem a proteção dos mesmos,
inclusive com pedido de reparação de danos materiais ou morais.
Logo, o Ministério Público não possui atribuição para representar, perante o Poder
Judiciário, casos individuais, diferentemente da Defensoria Pública.
Vale lembrar que, além do Ministério Público Estadual – competente para atuar em crimes
comuns de consumo, em se tratando de fornecedores de direito privado e, ainda, se
existente na relação órgãos públicos estaduais ou municipais –, existe também o Ministério
Público Federal – competente para atuar quando se envolve na relação de consumo órgão
da Administração Pública Federal.
Defensoria Pública
Sua existência encontra previsão legal no artigo 134 abaixo transcrito da Constituição
Federal:
A defesa dos interesses dos necessitados será efetivada no âmbito judicial, conforme
definiu o texto constitucional. Vale destacar que perante os Procons, o atendimento dos
consumidores dispensa o acompanhamento de advogado ou defensor, como dito
anteriormente.
O Poder Público deve manter defensorias públicas para permitir que seja implementado o
direito que os cidadãos necessitados têm à assistência jurídica gratuita (artigo 5.º, LXXIV,
CF). É de destaque o papel exercido pelos defensores públicos nas mais variadas relações
sociais, em especial em matéria de direito do consumidor, tendo em vista a impossibilidade
8
de boa parte da população brasileira arcar com custos para contratação de advogados para
defesa de seus direitos.
Inicialmente, cabe esclarecer que nem toda violação a direito do consumidor caracteriza
crime ou infração penal.
É importante destacar que o CDC também contém normas penais. Assim, se o fornecedor
praticar qualquer das condutas previstas nos artigos 61 ao 75 do CDC, ficará sujeito, além
de penalidade administrativa, à sanção penal.
É direito do consumidor registrar boletim de ocorrência para documentar fatos com ele
ocorridos, os quais deverão ser apurados (investigados) pela autoridade policial a partir de
um inquérito policial.
Boa parte das lesões sofridas pelos consumidores importa em prejuízos econômicos de
pequeno valor que, anteriormente, passariam despercebidos à apreciação do Poder
Judiciário ou, pelo menos, não ensejariam o uso de ação judicial.
9
Todavia, estão à disposição dos consumidores os Juizados Especiais Cíveis, órgãos dos
Tribunais de Justiça Estaduais (ou do Distrito Federal) com atribuição específica de
processar e julgar casos de menor complexidade cujo valor envolvido não exceda a
quarenta salários mínimos vigente. Caso o fornecedor seja ente público e haja interesse da
Fazenda Pública, a causa será processada junto às Varas de Fazenda Pública. No caso de a
entidade ser integrante da Administração Pública Federal, a causa poderá ser processada
junto à Justiça Federal.
Vale ressaltar que os Juizados Especiais primam pela realização de acordo entre as partes
envolvidas nas demandas, devendo sempre ser respeitados os princípios da simplicidade,
oralidade e celeridade.
Agências reguladoras
A inclusão ou não das Agências Reguladoras no SNDC é tema que suscita controvérsias,
entretanto, para a maior parte dos doutrinadores que trabalham o assunto, as Agências não
integram esse Sistema, eis que não cabe a elas a resolução de conflitos individuais
atinentes às relações consumo, sendo responsáveis pela regulação, em âmbito coletivo, de
um setor regulado. Nesse sentido se posicionou recentemente o Superior Tribunal de
Justiça conforme se verifica no julgado transcrito no item subseqüente.
11
2.1.3 A competência concorrente entre os órgãos e entidades integrantes do SNDC e a
Agência Nacional de Telecomunicações, na aplicação de sanções administrativas
Da leitura das normas especiais instituidoras das agências reguladoras verifica-se que
dentre suas diversas atribuições, uma delas se destaca: a atividade fiscalizadora do
mercado.
Art. 19. A Agência articulará sua atuação com a do Sistema Nacional de Defesa do
Consumidor, organizado pelo Decreto nº. 2.181, de 20 de março de 1997, visando
à eficácia da proteção e defesa do consumidor dos serviços de telecomunicações,
observado o disposto nas Leis nº. 8.078, de 11 de setembro de 1990, e nº. 9.472,
de 1997.
Parágrafo único. A competência da Agência prevalecerá sobre a de outras
entidades ou órgãos destinados à defesa dos interesses e direitos do consumidor,
que atuarão de modo supletivo, cabendo-lhe com exclusividade a aplicação das
sanções do art. 56, incisos VI, VII, IX, X e XI da Lei nº. 8.078, de 11 de setembro
de 1990.(grifo não constante do original)
De acordo com o Regulamento acima citado, à primeira vista poder-se-ia entender que o
poder de polícia administrativo da Anatel se sobrepõe aos dos órgãos específicos de defesa
do consumidor, contrariando a norma prevista no artigo 7° do Decreto 2.181/97, que
revogou o Decreto 861/93, versando este último sobre a organização do SNDC e
estabelece as normas gerais de aplicação das sanções administrativas previstas na lei
8078/90, como se verifica a seguir:
12
legislação de defesa do consumidor, o Ministério Público Federal ajuizou, em 2002, Ação
Civil Pública4 pedindo a anulação do Parágrafo único do art. 19, do Decreto 2338/97, a
qual se encontra em grau de recurso, em segunda instância, em trâmite junto ao Tribunal
Regional Federal da 3ª Região. Diante do exposto, percebe-se que ainda há controvérsia
acerca da competência para aplicação de sanções administrativas em caso de ofensa a
direito do consumidor em relação às prestadoras de serviço de Telecomunicações. A leitura
do Decreto 2.883/97 nos leva a concluir, a princípio, que a Anatel deve atuar de forma
articulada com os órgãos do SNDC; entretanto, sua competência prevalecerá sobre estes,
que atuarão de modo supletivo.
De acordo com a recente decisão do STJ, a seguir transcrita, os Procons possuem sim
competência para aplicação de sanções relativas a relações de consumo individuais quanto
a condutas infratoras dos direitos dos consumidores de serviços de telecomunicações; a
mesma decisão afirma, ainda que à Anatel compete a regulação da política específica para
o setor de telecomunicações, senão vejamos6:
4
TRF 3ª Reg., 25ª Vara São Paulo/SP, Quarta Turma, autos do Processo n° 2002.61.00.009029-1
5
SODRÉ, Marcelo Gomes. Formação do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor. São Paulo: Ed. RT,
2007. v. 32. p. 217-234.
6
http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/doc.jsp?livre=resp+1138591&&b=ACOR&p=true&t=&l=10&i=
2 - acesso em 11/10/2010, às 20:55
13
Ementa
PROCESSO CIVIL. CONSUMIDOR. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL.
MULTAAPLICADA PELO PROCON. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.
AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. NÃO CONHECIMENTO. OMISSÃO.
INEXISTÊNCIA. DOSIMETRIA DA SANÇÃO. VALIDADE DA CDA.
REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA 07/STJ. COMPETÊNCIA DO
PROCON. ATUAÇÃO DA ANATEL. COMPATIBILIDADE.
1. A recorrente visa desconstituir título executivo extrajudicial correspondente à
multa aplicada por Procon municipal à concessionária do serviço de telefonia. A
referida penalidade resultou do descumprimento de determinação daquele órgão
de defesa do consumidor concernente à instalação de linha telefônica no prazo de
10 (dez) dias.
2. No que concerne à alegação de divergência jurisprudencial, o recurso não
preenche os requisitos de admissibilidade, ante a ausência de similitude fática
entre o acórdão paradigma e o acórdão impugnado. Com efeito, o exame da
razoabilidade e da proporcionalidade das multas aplicadas nos acórdãos cotejados
foi apreciado sob o contexto específico de cada caso concreto, que retratam
condutas diversas, com peculiaridades próprias e potenciais ofensivos distintos.
3. Não se conhece do recurso no tocante à apontada contrariedade aos arts. 17, 24,
25, 26 e 28 do Decreto Federal 2.181/97; e ao art. 57 do CDC, pois realizar a
dosimetria da multa aplicada implica no revolvimento dos elementos fáticos
probatórios da lide, ensejando a aplicação da Súmula 07/STJ. Verifica-se o mesmo
óbice quanto à aferição da certeza e liquidez da Certidão da Dívida Ativa - CDA,
bem como da presença dos requisitos essenciais à sua validade e regularidade.
4. Não há violação ao art. 535, II, do CPC quando o acórdão recorrido examina
todos os pontos relevantes à resolução da lide, apenas não acolhendo a tese
sustentada pela recorrente.
5. Sempre que condutas praticadas no mercado de consumo atingirem
diretamente o interesse de consumidores, é legítima a atuação do Procon para
aplicar as sanções administrativas previstas em lei, no regular exercício do
poder de polícia que lhe foi conferido no âmbito do Sistema Nacional de
Defesa do Consumidor. Tal atuação, no entanto, não exclui nem se confunde
com o exercício da atividade regulatória setorial realizada pelas agências
criadas por lei, cuja preocupação não se restringe à tutela particular do
consumidor, mas abrange a execução do serviço público em seus vários
aspectos, a exemplo, da continuidade e universalização do serviço, da
preservação do equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão e da
modicidade tarifária.
6. No caso, a sanção da conduta não se referiu ao descumprimento do Plano Geral
de Metas traçado pela ANATEL, mas guarda relação com a qualidade dos serviços
prestados pela empresa de telefonia que, mesmo após firmar compromisso, deixou
de resolver a situação do consumidor prejudicado pela não instalação da linha
telefônica.
7. Recurso conhecido em parte e não provido. (o grifo não consta do original)
Vale a pena ressaltar, ainda, que no julgamento do Recurso Especial acima transcrito, o
Relator, Ministro Castro Meira, ao proferir seu voto, ponderou o seguinte:
14
A infraestrutura protetiva do consumidor, dessa feita, denomina-se de Sistema
Nacional de Defesa do Consumidor – SNDC e consiste no conjunto de órgãos
públicos e entidades privadas responsáveis direta ou indiretamente pela promoção
da defesa do consumidor.
Os Procons foram concebidos como entidades ou órgãos estaduais e municipais de
proteção ao consumidor, criados no âmbito das respectivas legislações
competentes para fiscalizar as condutas infrativas, aplicar as penalidades
administrativas correspondentes, orientar o consumidor sobre seus direitos,
planejar e executar a política de defesa do consumidor nas suas respectivas áreas
de atuação, entre outras atribuições.
Portanto, o exercício da atividade de polícia administrativa é diferido
conjuntamente a órgãos das diversas esferas da federação, sujeitando os infratores
às sanções previstas no art. 56 do Código de Defesa do Consumidor,
regulamentadas pelo Decreto 2.181/97.
O CDC prevê em seu art. 56 as sanções administrativas a serem aplicadas nos casos de
inobservância aos direitos consumeristas, quais sejam:
15
administrativas:
Art. 173. A infração desta Lei ou das demais normas aplicáveis, bem como a
inobservância dos deveres decorrentes dos contratos de concessão ou dos atos de
permissão, autorização de serviço ou autorização de uso de radiofreqüência,
sujeitará os infratores às seguintes sanções, aplicáveis pela Agência, sem prejuízo
das de natureza civil e penal: (Vide Lei nº 11.974, de 2009)
I - advertência;
II - multa;
III - suspensão temporária;
IV - caducidade;
V - declaração de inidoneidade
Ocorre que a simples aplicação das sanções acima transcritas tem se mostrado insuficiente
para impedir o abuso das operadoras de serviços de telecomunicações que
reincidentemente vêm adotando condutas lesivas aos consumidores destes serviços.
Como demonstração dessa ineficácia basta uma simples consulta ao sítio eletrônico dos
Procons que apresentam as empresas de telefonia como líderes nos rankings de reclamação
dos consumidores, ao lado das instituições bancárias, senão vejamos:
7
http://wwww.folhadaregiao.com.br/noticia?265757&PHPSESSID=b5ce4abaa97e325356aca8b893f5d2b7 -
acesso em 30/10/2010, às 12:13am
16
solucionadas, sendo necessária a abertura de processo administrativo para serem
trabalhadas pelo órgão junto aos fornecedores.
A Fundação Procon-SP agrupou os fornecedores de uma mesma marca para
facilitar a leitura dos dados por parte do consumidor. O parâmetro aplicado foi o
modo como a empresa é apresentada ao público.
A área de Serviços (água, telefonia, luz, escola, clubes, oficina mecânica, etc.) foi
a que registrou o maior número de reclamações, 57%, seguida pela de Assuntos
Financeiros (bancos, cartões de crédito, financeiras etc.), 22%. As áreas de
Produtos (móveis, eletrônicos, vestuário, etc.), Saúde (planos de saúde, cosméticos
medicamentos, etc.), Habitação e Alimentos concentraram, respectivamente, 18%,
3%, menos de 1% e menos de 0,1% das reclamações fundamentadas.8
No ranking de 2009, chama a atenção o fato de que as empresas de telefonia (fixa e móvel)
e de energia elétrica, que são serviços de prestação contínua e essenciais ao dia a dia do
consumidor, somaram 49% do total de reclamações fundamentadas, dado que revela que as
empresas, que atuam praticamente de forma monopolística no mercado (exceto no caso da
telefonia móvel), não estão conseguindo dar solução para problemas que elas mesmas
causam aos seus clientes, obrigando-os a procurar um órgão de defesa do consumidor.
Outro setor que se destaca é o das instituições financeiras que apresenta quatro empresas
entre as dez primeiras colocações quanto a reclamações consumeristas.
8
http://www.procon.sp.gov.br/noticia.asp?id=1454 - acesso em 05/10/2010, às 08:19 am
9
http://www.procon.sp.gov.br/, acesso em 30 de outubro de 2010
17
2.2 O TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA – TAC
A natureza jurídica do TAC tem gerado controvérsia entre os estudiosos do tema, sendo
que há quem entenda tratar-se de uma transação, assim disciplinada no Código Civil
Brasileiro, enquanto outros doutrinadores defendem a idéia de tratar-se de um contrato.
Entretanto, devido às suas peculiaridades e à sua maior proximidade aos princípios que
regem o direito administrativo, parece mais adequado o posicionamento do jurista
Carvalho Filho10·, que o considera como um reconhecimento implícito da ilegalidade da
conduta e promessa de que esta se adequará à lei.
10
Compromisso de Ajustamento de Conduta; Inquérito Civil. In: ___. Ação Civil Pública: comentários por
artigo (Lei 7.347, de 24.7.85). 3. Ed. ver., ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. p.199-218 e 241-
18
O Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta pode ser entendido como uma
forma de composição de conflitos no âmbito dos direitos de natureza coletiva indisponível.
a) é tomado por termo por um dos órgãos públicos legitimados à ação civil
pública;
b) nele não há concessões de direito material por parte do órgão público
legitimado, mas sim por meio dele o causador do dano assume obrigação de fazer
ou não fazer, sob cominações pactuadas;
c) dispensa testemunhas instrumetárias;
d) gera título executivo extrajudicial;
e) não é colhido nem homologado em juízo
E ainda acrescenta:
Vale destacar, por fim, que eventuais multas previstas nos TACs procuram forçar o
cumprimento da obrigação, não guardando relação com uma proporcionalidade em face do
dano causado. Diferem-se, portanto, de multas de caráter sub-rogatório, as quais procuram
ressarcir na mesma medida o dano eventualmente causado por uma dada infração.
255.
11
“A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo”. 15ª edição. Pág. 309
19
2.2.3 Legitimidade para sua aplicação
20
administrados, um TAC. Nas palavras do já citado Hugo Nigro Mazzili12:
Através das celebrações de TAC pretende-se inibir falhas na prestação de serviços bem
como práticas abusivas das empresas de telecomunicações, objetivo esse que, como dito
alhures, não tem sido alcançado com a mera imposição de sanções que acabam se tornando
um “pedágio” pago pela empresa permitindo-lhe a continuação da prestação do serviço de
maneira insatisfatória.
12
Inquérito Civil. Pág. 366
13
Quanto a isso vale destacar a importante observação de Jugo Nigro Mazzili no sentido de que “se um outro
órgão legitimado tomar um compromisso, isso não obstará a que o Ministério Público ajuíze ação civil
pública, caso não se satisfaça com a solução obtida no compromisso”. O Inquérito Civil. Pág. 387
14
O Inquérito Civil. Investigações do Ministério Público, compromisso de ajustamento de conduta e
audiências públicas. 2000. Pág. 384.
15
Artigo intitulado “Alternativa à Ação Civil Pública Ambiental (reflexões sobre as vantagens do Termo de
Ajustamento de Conduta). Ação Civil Pública. Lei 7.347/1985 – 15 anos. 2ª edição. Pág.132/133.
21
forma que, ao cumpri-las em seu vencimento, o fará sem traumas. Não mais
contra a sua vontade, mas pela sua vontade.
[...] sua posterior execução, que pelo compromisso será um ao de vontade e não
mais um ato de imposição, se realizará de forma mais fácil com ganhos na
qualidade das medidas implementadas.
a) fiel cumprimento do conteúdo, o que será percebido tanto das fiscalizações durante sua
vigência quanto no momento da fiscalização final;
Assim, o termo de ajustamento de conduta pode ser considerado uma alternativa às sanções
administrativas aplicáveis, que têm se mostrado ferramentas de eficácia limitada para
22
reprimir condutas lesivas ao consumidor praticadas por prestadoras de serviços de
telecomunicação.
16
Termo de compromisso de ajustamento de conduta (TCAC) Grupo de Trabalho 14/10/2005- Disponível na
biblioteca da sede da Anatel.
23
O Instrumento em foco teve vigência durante todo o ano de 2005, ao longo do qual a
Anatel realizou fiscalizações periódicas para verificar seu fiel cumprimento, identificar
eventuais indícios de desconformidades com as obrigações estabelecidas nos TACs para
eventualmente propor a devida ação de execução civil.
Os TACs obtiveram resultados satisfatórios, uma vez que a principal obrigação ajustada,
ou seja, a implantação de postos de atendimento em todos os municípios que contavam
com acessos individuais do STFC, foi devidamente cumprida, objetivo esse que não havia
sido alcançado anteriormente com a mera aplicação de sanção de multa pecuniária.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ajuste de conduta melhor desempenha seu papel quando previne a ocorrência do dano,
ou quando é firmado enquanto a reparação integral é possível. O seu sentido de tutela
preventiva deve, portanto, ser enfatizado. O princípio da tutela preventiva preconiza que
sempre que possível, o sistema jurídico deve evitar a ocorrência dos atos ilícitos e seus
respectivos danos. Como muito bem assevera Marinoni “trata-se da tutela preventiva, a
única capaz de impedir que os direitos não patrimoniais sejam transformados em pecúnia,
24
através de uma inconcebível expropriação de direitos fundamentais para a vida humana.”
O TAC deve ter uma redação bem clara e explícita, evidenciando as obrigações de cada
compromissário. Devemos privilegiar a enumeração de todas as obrigações no próprio
corpo do título, deixando para os eventuais anexos apenas algum detalhamento que não
seja fundamental para sua função de título executivo judicial.
25
BIBLIOGRAFIA
ARAGÃO, Alexandre Santos. Direito dos Serviços Públicos. Rio de Janeiro: Forense,
2007.
FINK, Daniel Roberto. Alternativa à Ação Civil Pública Ambiental (reflexões sobre as
vantagens do Termo de Ajustamento de Conduta). Ação Civil Pública. Lei 7.347/1985 – 15
anos. 2. ed.
MAZZILI, Hugo Nigro. A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo. 15. ed. Ver., ampl. e
atual. São Paulo: Saraiva, 2002
ANATEL. Resolução Nº 528, de 17 de Abril de 2009. Altera o art. 2°, inciso IV; o art. 3°,
incisos XXIII e XXIV; o art. 13; a alínea "b", do § 1°, do art. 14; o parágrafo único do art.
15; o art. 16; o art. 29 e o art. 30; inclui os incisos XIII e XIV no art. 2°; o § 4° no art. 16;
os §§ 1° e 2°, no art. 27; e o art. 41; e revoga o art.32 do Regulamento de Proteção e
Defesa dos Direitos dos Assinantes dos Serviços de Televisão por Assinatura, aprovado
pela Resolução nº 488, de 3 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União. Brasília, 22
abr. 2009.
27
Decreto nº 2.181, de 20 de Março de 1997. Dispõe sobre a organização do Sistema
Nacional de Defesa do Consumidor - SNDC, estabelece as normas gerais de aplicação das
sanções administrativas previstas na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, revoga o
Decreto nº 861, de 9 julho de 1993, e dá outras providências. Diário Oficial da União.
Brasília, DF, p. 5644, 21 mar. 1997, Seção 1.
Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil. Diário Oficial
da União. Brasília, 17 jan. 1973.
28
Lei nº 7.347, de 25 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade
por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO) e dá outras providências. Diário
Oficial da União. Brasília, 25 jul. 1985, Seção 1.
MIRAGEM, Bruno. A voz dos Consumidores nas Agências Reguladoras. Disponível em:
<http://www.telebrasil.org.br/painel/53/index.asp?m=capa.htm>. Acesso em 29 jul. 2010.
30