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03/02/2023 15:32 Descomplica | Combustíveis Fósseis E Derivados De Petróleo

História do petróleo e sua importância


geoeconômica

H istória do petróleo e sua importância geoeconômica

O petróleo começou a ganhar destaque em 1850 como


combustível para  iluminação, substituindo o caro óleo de baleia
e o gás de carvão. Dez ano mais tarde,  o querosene já era vastamente
usado como combustível de iluminação, que aliado  aos lubrificantes
sintéticos, iniciaram a era da busca por petróleo. Nesse período,  gasolina
e diesel eram subprodutos indesejados do refino, pois diminuem a
qualidade  do querosene: por torná-lo explosivo (gasolina) ou criar fuligem
(diesel).

Em 1870 surge a maior empresa da época, a Standard Oil, de J. D.


Rockefeller  e associados, contemplando toda a cadeia produtiva do
petróleo. Em 1911 a suprema  corte dos EUA desmembrou a Standard Oil
dando origem a 34 empresas, dentre elas  algumas das maiores
petrolíferas atuais como Chevron e ExxonMobil. Mais tarde,  com o
avanço dos motores de combustão interna e a valorização dos derivados
do  petróleo, o mercado tornou-se novamente concentrado em um
oligopólio de 7  empresas, conhecidas como as “Sete Irmãs do Petróleo”:
Exxon, Mobil, Chevron, Gulf  Oil, Texaco, BP e Shell.

A partir da déc. de 60, o petróleo torna-se a principal fonte de energia do 


mundo, o que dá origem à Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (OPEP)  que passa a influenciar os principais aspectos do
mercado internacional de petróleo através da unificação de políticas de

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produção com vista a diminuir o poder das  grandes petrolíferas atuantes


da época. Foi inicialmente formada por 5 países - Irã,  Iraque, Kuwait,
Arábia Saudita e Venezuela – e posteriormente incluiu outros  membros -
Líbia (1962), Emirados Árabes Unidos (1967), Argélia (1969), Nigéria 
(1971), Gabão (1975), Angola (2007), Guiné Equatorial (2017) e Congo
(2018)  (Equador, Qatar e Indonésia já fizeram parte) resultando em um
total de 13 países  atualmente.

O petróleo bruto, por muitas vezes definido como um líquido viscoso,


oleoso e  menos denso que a água, é na verdade uma mistura complexa
de gases, líquidos e  sólidos. Essa mistura é formada em grande parte por
hidrocarbonetos de ocorrência  natural, formados pela decomposição de
restos de seres vivos. Também estão  presentes na mistura compostos
nitrogenados e sulfurados e comumente estão  acompanhados de água,
compostos inorgânicos e outras impurezas.

Os elementos químicos que compõem o petróleo e a proporção em que 


aparecem não costumam variar muito, uma composição elementar típica
está  apresentada na Tab. 1:

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Tab. 1- Composição elementar média do petróleo


segundo Speight(2001)

No entanto, as propriedades físico-químicas podem variar bastante, 


dependendo do campo em que o petróleo for encontrado. Mesmo
contendo uma  quantidade de elementos químicos bem definida, quando
combinados, esses  elementos dão origem a uma ampla gama de
compostos químicos, podendo resultar  em centenas de componentes.
Apesar disso, os compostos químicos que formam os  hidrocarbonetos
encontrados no petróleo são predominantemente das classes  alcanos,
cicloalcanos e aromáticos. Os alcanos também são denominados por 
hidrocarbonetos. Os cicloalcanos são conhecidos como hidrocarbonetos
naftênicos. Já os hidrocarbonetos aromáticos, são formados por anéis
benzênicos.

Após a produção, as análises químicas e físicas irão ditar a forma de 


transporte, potencial de refino e qualidade (i. e., seu preço) do óleo. O
petróleo é uma commodity indexado por duas referências: o petróleo WTI
(EUA) e o petróleo Brent  (Europa), este último utilizado como referência
pela Petrobrás. O petróleo WTI é  caracterizado por um ºAPI de 38 a 40 e
teor de enxofre de 0,3%, enquanto o Brent  tem API de 39,4º e teor de
enxofre de 0,34%. O ºAPI do óleo informa sua densidade,  que é a
principal identificação do petróleo, calculado como:

Quanto maior o ºAPI, maior o valor do óleo e mais leve ele é. O óleo leve,
p.  ex., tem 40 > ºAPI > 33 enquanto um óleo pesado tem 27 > ºAPI > 19.
O interesse  por óleos mais leves é porque desse óleo é possível obter

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maior rendimento das  frações mais leves que darão origem à derivados
de mais valor agregado.

Outra característica importante é o teor de enxofre. Petróleos com teor


acima  de 2,5% de sulfurados, chamados “azedos”, são problemáticos
quanto à corrosão de  equipamentos e na produção de derivados
contendo enxofre, cujos compostos são  agressivos ao meio ambiente;
para teores inferiores de enxofre, o óleo é dito “doce”.

Para aferir as características físicas do óleo é realizada uma destilação de 


bancada cujo objetivo é a obtenção da curva de pontos de ebulição, que
dá o  rendimento de destilado de acordo com a temperatura. Dois tipos de
curva são  usualmente obtidos, o Ponto de Ebulição Verdadeiro ou PEV, o
método mais preciso  e o ASTM D86, método mais rápido, porém menos
preciso.

A maior parte do petróleo produzido no mundo tem como objetivo o uso


 energético e apenas uma pequena parcela é usada como matéria-prima
na indústria  petroquímica. Em relação ao uso energético são destaques o
transporte (óleo diesel  e gasolina), no qual reside a maior parte da
demanda do petróleo, cocção e  aquecimento (GLP) e geração de
eletricidade (óleo combustível). Um aspecto  energético muito importante
na utilização dos derivados de petróleo é o uso do gás  liquefeito de
petróleo (GLP) na cocção, que é transportado por vasilhames e é 
essencial em muitos locais do mundo. Já um gerador a diesel, capaz de
converter a  energia contida nos combustíveis em energia elétrica, é de
grande importância para  áreas remotas, onde não há transmissão de
energia, ou para ambientes em que a  falta de energia elétrica é crítica,
como hospitais, por exemplo.

O petróleo tornou-se a principal fonte de energia na década de 1960, 


permanecendo nesta posição até os dias de hoje, em que corresponde a

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mais de 30%  da matriz energética mundial com produção de cerca de


100 milhões de barris por  dia. Atualmente o setor de transporte é o
responsável pelo consumo de 60% da  demanda global de petróleo, com
destaque para os veículos individuais de  passageiros, que sozinhos,
correspondem a 27% desta demanda.

Fig. 1 - Composição da demanda mundial de


petróleo

Sendo a dependência do petróleo no mundo tão elevada,


consequentemente  a economia mundial também é muito afetada pela
comercialização deste recurso. A  volatilidade do preço do petróleo no
mercado global já foi capaz de desencadear  crises econômicas de
grande relevância. Sobretudo as sucessivas crises do petróleo  ocorridas
a partir da década de 1970, quando a OPEP ganhou destaque agindo no 
controle da produção para influenciar o preço do petróleo.

Vale ressaltar que esses eventos incentivaram países não-OPEP a


reduzirem  a dependência do petróleo importado, como no caso do Brasil.
Neste cenário as  políticas brasileiras, com maior investimento na
Petrobras, proporcionaram a  ampliação da exploração no mar, que
juntamente com medidas e programas do  governo conseguiram manter o
abastecimento interno.
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Atividade extra

Documentário do History Channel: “A História do Petróleo” (todos os


vídeos). Disponível em:

https://infopetro.wordpress.com/videos-de-energia/a-historia-do-petroleo-i-
a-era-das grandes-companhias/

“Como destruir um império”, reportagem da revista Exame.com sobre o


império da  Standard Oil. Disponível em: 

https://exame.com/economia/como-destruir-um-imperio-2/

Episódio da série da Netflix “Direto ao Assunto: O Petróleo do Oriente


Médio”

Referência Bibliográfica

EPE. EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, (2020). Caderno de


Preços  Internacionais de Petróleo e Derivados. Novembro de 2020. 

FARAH, Osvaldo Elias. O petróleo e seus derivados. Rio de Janeiro:


LTC, 2012.  GAUTO, Marcelo Antunes et al. Petróleo e gás: princípios de
exploração, produção  e refino. Porto Alegre: Bookman, 2016.

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NASCIMENTO, Claudio Augusto Oller; MORO, Lincoln Fernando


Lautenschlager.  Petróleo: energia do presente, matéria-prima do futuro?
Rev. USP, São Paulo, n. 89,  maio de 2011.

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