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INTERNATIONALI NEGOTIA

EDITORIA
SUBSECRETARIA INTERNACIONAL

GABRIEL BINDER LEITÃO


LAURA RODRIGUES FERREIRA LUGON

ORGANIZAÇÃO DOS PAÍSES EXPORTADORES DE PETRÓLEO:


A QUESTÃO DO PETRÓLEO NA LIGA ÁRABE

MODELO INTERNATIONAL DO BRASIL

BRASÍLIA, DF
2022
INTERNATIONALI NEGOTIA
EDITORIA
SUBSECRETARIA INTERNACIONAL

GABRIEL BINDER LEITÃO


LAURA RODRIGUES FERREIRA LUGON

ORGANIZAÇÃO DOS PAÍSES EXPORTADORES DE PETRÓLEO:


A QUESTÃO DO PETRÓLEO NA LIGA ÁRABE

BRASÍLIA, DF
2022

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“Se todos os economistas fossem postos lado
a lado, nunca chegariam em uma conclusão."
George Bernard Shaw

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CARTA DO SECRETARIADO

Caros Delegados(as),

O mundo enfrenta uma enorme crise energética. Entre as diminuições nos níveis de água
nos reservatórios de hidrelétricas, a diminuição da utilização do carvão mineral e a constante
batalha pela diminuição de CO2 dos países, o mundo tenta se adaptar ao novo formato de
produção energética.
A Guerra da Ucrânia (2022) trouxe uma perspectiva completamente diferente acerca da
distribuição energética pelo mundo - especialmente na Europa. Dessa forma, muitas dúvidas
acerca do futuro foram levantadas, uma vez que o petróleo continua sendo uma das principais
matrizes energéticas, de importância fulcral para absolutamente todas as economias do mundo.
Cerca de 80% de toda a reserva mundial de petróleo está sob posse da OPEP,
demonstrando a quantidade de poder que esses países acumulam. Dessa forma, é possível afirmar
que são múltiplos os interesses envolvidos permeando a Organização. É importante, portanto, que
os senhores considerem a quantidade de variáveis econômicas que dependem da precificação do
petróleo.
A OPEP enfrenta, também, enormes desafios envolvendo a nova política ambiental
global, que vêm questionando o uso do petróleo no mundo, diminuindo gradativamente a
demanda por essa fonte de energia. Portanto, ajustes precisam ser feitos no escopo e atuação da
Organização.

O futuro econômico do mundo depende dos senhores.

Atenciosamente,
Secretariado.

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RESUMO

O presente Guia de Estudos visa equipar alunos para que discussões acerca da questão do
petróleo na liga-árabe possam ser efetuadas. O artigo também aborda conceitos econômicos
relevantes, além de fazer uma breve contextualização acerca do surgimento da Organização dos
Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Portanto, o grande objetivo almejado é trazer
informações compiladas que auxiliem a análise da situação do petróleo na liga-árabe, levando em
consideração o aumento do desenvolvimento sustentável e o progressivo decréscimo na demanda
por petróleo.

Palavras-chave: OPEP, Petróleo, Desenvolvimento Sustentável, Crise, Cartel, Fundo de


Investimentos.

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ABSTRACT

The following Study Guide aims to equip students so that discussions about the different
challenges evolving petrol in the arab league can be done. The article also approaches relevant
economical concepts, as well as briefly contextualizing the beginning of the Organization of
Petroleum Exporting Countries (OPEC). Therefore, the main objective is to bring compillated
information that may help to analyze the current situation of oil in the Arab League, taking into
consideration the increase of sustainable development of economies and the progressive decrease
in the demand for petrol.

Keywords: OPEC, Petroleum, Sustainable Development, Crisis, Cartel, Investment Fund.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
ESCOPO DO COMITÊ

HISTÓRICO DO PETRÓLEO NO MUNDO

A IMPORTÂNCIA DO PETRÓLEO EM MEIO À CRISE ENERGÉTICA GLOBAL


CRISE GLOBAL NA OFERTA DE PETRÓLEO

OPEP
O QUE É A OPEP
A PREOCUPAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

MEDIDAS QUE O COMITÊ PODE TOMAR

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXO I - POSICIONAMENTO DOS PAÍSES

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INTRODUÇÃO

O petróleo é a fonte de energia mais importante do mundo. Indo desde copos de plásticos
até combustível de carros, a versatilidade dessa matéria-prima é imensa. Dessa forma, a
Organização dos Países Exportadores de Petróleo se faz extremamente importante para a
regulamentação do preço do barril de petróleo ao redor do mundo.
A OPEP é responsável por controlar a produção, exportação e precificar de forma unitária
o combustível, demonstrando o potencial de seu poder de influência em todas as economias do
mundo. Variações no preço do petróleo, ainda que pequenas, afetam a vida de bilhões de
cidadãos, além de possuir capacidade de quebrar ou favorecer economias.
O papel que a Organização desempenha no mundo é essencial, uma vez que é uma das
maiores referências de organizações econômicas. As decisões da OPEP afetam mercados
consumidores, bolsas de valores, e aumentam e diminuem investimentos por parte de empresas
privadas.
Além de influenciar a organização econômica do mundo, a OPEP também é responsável
por defender e salvaguardar os direitos de seus países membros, ainda que suas decisões
prejudiquem certa parte da população global. Dessa forma, as maiores críticas que a Organização
sofre dizem respeito a má administração de seu oligopólio.
Os países membros estipulam cotas máximas de barris por dia (bpd), sua principal medida
para evitar crises econômicas, ligadas a fenômenos de superprodução e escassez do produto no
mercado. A coordenação que as nações fazem tem dado certo, desde que o preço do barril se
mantenha o mais estável possível - dentro das variações do mercado. É inegável, portanto, que a
OPEP seja considerada um cartel (ainda que não utilize esse termo), uma vez que a oferta é
determinada - quase em sua totalidade - apenas pelo mero interesse de seus membros.
Com cerca de 80% de todas as reservas mundiais de petróleo presentes na OPEP, o poder
que essa Organização possui é tremendo, e deve ser administrado com muita responsabilidade e
parcimônia por todos.

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HISTÓRICO DO PETRÓLEO NO MUNDO

O histórico do petróleo pelo mundo é de suma importância para a compreensão da


situação atual do petróleo na liga-árabe. Contudo, nos ateremos aos acontecimentos mais
relevantes.
No final do século XIX, regiões do Oriente Médio e Golfo Pérsico receberam atenção do
mundo todo, em decorrência da descoberta progressiva do petróleo na região. Alguns anos mais
tarde, sobretudo com o término da Segunda Guerra Mundial, e com a mudança da hegemonia do
poder global para a ordem bipolar - oscilando entre Estados Unidos e Rússia, movimentos em
prol da independência dessas regiões ficaram cada vez mais fortes.
As demandas dos países do Oriente Médio incluíam questões envolvendo petróleo,
sobretudo em prol da nacionalização das empresas que exploravam esse recurso na região. Um
dos casos mais emblemáticos foi o do Irã, que em 1951 nacionalizou a Companhia
Anglo-Iraquiana de Petróleo, que extraia e refinava petróleo na região desde o início do século
XX.
A partir desse ponto, conflitos como a Guerra da Coreia (1950 - 1953) mudaram o fluxo
de petróleo no mundo. Os conflitos da Guerra Fria demandam uma quantidade enorme de
petróleo, por parte das nações desenvolvidas, que dependiam do Oriente Médio para obtenção do
recurso.
No início, o preço do barril de petróleo se manteve em estabilidade, e em preço acessível.
Esse fator contribuiu para o aumento do consumo, levando os oligopólios presentes à época (de
caráter privado) desenvolverem relações bastante fortes com governos de nações ocidentais.
O maior exemplo de empresas privadas que mantinham relações com governos de países
desenvolvidos eram as Sete Irmãs, chamadas sete empresas de exploração de petróleo que
possuíam o domínio da manipulação do petróleo no mundo. Ao longo de toda a década de 1960,
essas empresas foram responsáveis por controlar a oferta de petróleo.
Nesse contexto, surge a OPEP, buscando elevar o preço do barril de petróleo, e garantir o
aumento do controle da produção do petróleo, além de organizar medidas para fazer com que os
países arrecadarem cada vez mais capital, tirando a relevância de empresas multinacionais.
Anos mais tarde, já no ano de 1970, houve a famigerada “Crise do Petróleo”, com a
descoberta do potencial altamente poluente e de aspecto não renovável que o petróleo possui.

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Dessa forma, o recurso sofreu enormes variações de preço, fazendo com que o mundo inteiro
entrasse em crise. Isso aconteceu uma vez que o produto tornou-se oficialmente escasso, sendo
reconhecido como algo extremamente valioso, e não mais banalizado como havia sido nas
últimas décadas. Naquele mesmo ano, houve uma previsão feita de que o petróleo acabaria dali
70 anos (no ano de 2040), o que fez com que a OPEP diminuísse sua oferta, em uma tentativa de
estender a duração do petróleo no mundo.
Mas nem tudo é simples. Com a diminuição da oferta do petróleo, diversos países
entraram em crise, e diversos conflitos armados surgiram, em decorrência do cenário político e
econômico inflamado da época. Como exemplo: Guerra dos Seis Dias, Guerra de Yom Kippur,
Revolução Islâmica e Guerra Irã-Iraque.
Aumentos explosivos no preço do petróleo causam preocupação aos economistas. No
decorrer do ano de 1973, o preço do barril de petróleo teve um aumento de cerca de 400%,
relacionado ao conflito de Yom Kippur. Muitos países sofreram recessões econômicas
extremamente complexas, e levaram décadas para se recuperar do impacto causado.
Outro grande momento de crise aconteceu no ano de 1991, durante a Guerra do Golfo,
onde o Kuwait sofreu invasão pelo Iraque, fazendo com que alguns poços importantes de petróleo
fossem incendiados, gerando uma diminuição na oferta do produto, causando instabilidade no
preço do petróleo. Como consequência, evidentemente, todos os países dependentes da OPEP
passaram por crises econômicas.
Mais recentemente, no ano de 2008, tivemos a última grande crise do petróleo, causada
por movimentos de especulação e protesto pelo mundo, fazendo com que o preço do barril tivesse
um aumento de cerca de 200% ao longo do ano. A crise foi parcialmente solucionada nos anos
seguintes.

A IMPORTÂNCIA DO PETRÓLEO EM MEIO À CRISE ENERGÉTICA GLOBAL

1. CRISE GLOBAL NA OFERTA DE PETRÓLEO


Com o advento da Pandemia da COVID-19, no início de 2020, houve uma imensa
diminuição na demanda por petróleo, uma vez que o gasto do cidadão médio com gasolina foi

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drasticamente diminuído (em decorrência das políticas de isolamento social), além da diminuição
da demanda industrial.
Os estoques de petróleo seguem em níveis perigosamente abaixo do ideal, como
consequência direta da Pandemia da Covid. Membros da OCDE (Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico), declararam que seus governos estão gastando seus estoques em
níveis preocupantes, para compensar a diminuição na oferta.
No ano de 2022, a OPEP soltou em relatório oficial, a previsão de aumento na produção
de barris de petróleo para 3,9 milhões de bpd1. Em comparação com o ano de 2021, será um
aumento de 200 mil barris por dia, em decorrência da retomada das atividades anteriormente
pausadas pela pandemia.
O recente conflito Russo-Ucraniano também causou um enorme aumento nos preços da
gasolina ao redor do mundo, uma vez que a situação de incerteza que a região traz pro mundo
gera especulações que fazem o preço do barril subir.
Portanto, devido ao aumento da demanda por petróleo, junto do contexto de incerteza
implementado pela Rússia no conflito ucraniano, os preços do barril de petróleo subiram
rapidamente, sendo possível afirmar que estamos rumando uma sexta grande crise do petróleo.

2. A GUERRA DOS PREÇOS


A queda dos preços do petróleo devido a baixa demanda energética durante a pandemia
causou um desentendimento com os países da OPEP e a Rússia (OPEP+), levando a uma corrida
de preços do barril de petróleo, designadamente entre a Arábia Saudita e a Rússia, e ao abandono
do Pacto da OPEP+ por parte do Kremlin. A ideia inicial da OPEP era reduzir a produção de
petróleo em meio a pandemia, mas a Rússia recusou a proposta e decidiu por si só aumentar a sua
produção própria e aproveitar o momento de fragilidade mundial para impedir o avanço
norte-americano na expansão petrolífera – ocasionando de imediato uma queda de 10% no índice
de preços do petróleo Brent (BBC, 2020). A Arábia Saudita, então, alargou a escala de sua
produção de 9 para 12 milhões de bpd a fim de reduzir ainda mais os seus preços praticados –
ofertando descontos de até 20% no petróleo bruto para os compradores –, objetivando a
desistência russa na concorrência de mercado (AK SINGH, 2020). As “promoções” sauditas
ofereceram descontos de mais de US$ 8 na venda final do petróleo refinado para o noroeste da

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BPD: Barris de Petróleo por Dia.
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Europa – ponto de venda estratégico para a Rússia. Simultaneamente, reduziu o preço em US$ 7
para os Estados Unidos da América, bem como na Ásia em torno de US$ 4 a US$ 6 por barril de
petróleo (Financial Times, 2020).
A baixa nos preços da commodity, contudo, tiveram efeito contrário ao esperado e
alcançaram um patamar nunca antes visto na história; o índice WTI americano chegou a
mensurar um valor negativo (<0), enquanto o índice Brent global declinou quase 30% na Ásia e
oscilou acima de 0 mas, ainda sim, em valores exorbitantemente menores que o ordinário. Essa
crise gerou a falência de mais de 200 grandes produtores de petróleo nos Estados Unidos da
América, segundo dados da Casa Branca, que depende fortemente da matéria-prima oriunda do
Oriente Médio (Rystad Energy, 2021). Além dessas empresas, outras multinacionais tiveram
sequelas desastrosas, causando a inadimplência de mais de US$ 43 bilhões em títulos de insigne
liquidez e de empréstimos oferecidos no setor energético (Fitch Ratings, 2020). As ações da
principal petroleira saudita Aramco, que é uma espécie de “estatal” usada como principal objeto
financeiro da Casa de Saud, decresceram cerca de 9% nas principais Bolsas de Valores da Ásia,
mesmo índice retrocedido da própria Bolsa nacional saudita. A cotação da Coroa norueguesa
também foi impactada pela guerra de preços, desvalorizando-se frente ao dólar em níveis não
vistos desde a década de 1980, bem como o peso mexicano, que se desvalorizou em 8%
(Bloomberg Agency, 2020). Após uma negociação intermediada pelo ex-presidente americano
Donald Trump, entre a OPEP e a Rússia, as partes acordaram em diminuir a produção de petróleo
e aumentar os preços novamente, mitigando assim os impactos econômicos do atrito. Este acordo
firmado é uma extensão do diálogo que motivou a guerra de preços, ou seja, o abalo na economia
poderia ter sido evitado.

3. SANÇÕES IMPOSTAS À INDÚSTRIA PETROLÍFERA DA RÚSSIA


Concomitantemente ao aclive da crise econômica como resultado da pandemia de
COVID-19, em fevereiro de 2022 instaura-se o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. O Ocidente –
principalmente os Estados Unidos da América e a União Europeia – assentou em impor medidas
administrativas para sancionar a Rússia, a fim de pressionar o país a cessar a invasão na Ucrânia.
A sanção fundamental se baseia em interromper e restringir a importação das commodities
petrolíferas da Rússia. Contudo, as expectativas ocidentais foram frustradas com os mecanismos
de escoamento implantados pela Inteligência russa em vender os barris a um preço menor que o

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praticado no mercado estabelecido pela OPEP. A Rússia expandiu consideravelmente sua
exportação de petróleo para o continente asiático, abrangendo a China e a Índia como
consumidores substanciais (AIE - Agência Internacional de Energia, 2022). Em escala global, os
cidadãos se depararam com o aumento dos valores a serem pagos nas contas de energia e de
combustível como consequência desta guerra. Os preços do barril de petróleo, que já estavam
subindo com o pós pandemia, alcançaram o seu nível mais alto desde 2008, chegando a custar
120 dólares (WTI, março de 2022).
Destaca-se que em meio a crise do Petróleo, Venezuela e Irã também estão atualmente
sancionados pelos Estados Unidos da América em relação à importação de suas commodities. Os
Estados-membros da OPEP tem capacidade para ampliar a produção de suas petroleiras e suprir a
demanda energética global; essa é uma oportunidade de mercado para, ao mesmo tempo,
concorrer de forma desigual e vantajosa com a Rússia limitada e conquistar novos importadores
para a Organização, visando o progresso econômico desses países. A Arábia Saudita é o único
país do Oriente Médio que figura entre os três maiores produtores de petróleo do globo, e
corresponde a produção de cerca de 60% do petróleo bruto comercializado no mundo. Essa é a
chance para o Iraque, os Emirados Árabes Unidos, o Irã e o Kuwait crescerem no ranking das 10
maiores potências petrolíferas. Vale ressaltar que a Rússia, no entanto, possui forte influência
sobre a OPEP e que qualquer movimentação adversa dos países do Oriente Médio pode ocasionar
um alerta de infidelidade para o Kremlin, aumentando ainda mais as tensões bélicas que a Rússia
vem suscitando no mundo.
Em uma tentativa recente de estreitar os laços entre a OPEP e os Estados Unidos mediante
a crise russa-ucraniana, o atual presidente norte-americano Joe Biden realizou uma visita
diplomática à Arábia Saudita a fim de convencer o país a aumentar sua produção e exportação de
petróleo, assim deixando a concorrência russa para trás. Não obstante, a negociação não foi bem
sucedida e não foi ratificado um acordo, em virtude do concerto bilateral sobre os níveis de oferta
da matéria-prima entre Riad e Moscow. O governo saudita firmou compromisso em deixar os
americanos a par sobre as questões de petróleo na liga árabe e em consultar a OPEP sobre a
aceleração da produção da commodity. Contudo, essa manobra diplomática não consiste em
progresso real, visto que o Irã, a Venezuela e a própria Rússia – que influencia extraoficialmente
a organização – possuem embargos significativos com os EUA. Ademais, a Arábia Saudita
aproveita a crise para importar gasolina e diesel da Rússia – US$20 mais barato que o postulado

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pelo índice Brent –, escoando sua própria produção de petróleo em exportação, principalmente
para a China, e assim se beneficiando do aumento de preços para alavancar a sua economia.
Ainda sim, o Ocidente espera que a longo prazo, as sanções impostas causem um efeito
negativo na economia russa. E tal suposição parte do princípio da logística de exportação. O
tempo médio de viagem para as exportações de petróleo da Rússia para a Europa costumava ser
em torno de sete dias e a exportação para os países da Ásia dura 21 dias. Isso corresponde a um
aumento de 300% na atividade de transporte, o que dificulta a logística sendo necessário pagar
mais honorários aos trabalhadores e as transportadoras, bem como desempenhar um gasto maior
com os combustíveis, o que seria contraditório para a Rússia. Posto isso, ainda há de se levar em
conta as sanções determinadas que impedem as companhias de navegação europeia e outras
ocidentais, seguradoras e transportadoras, de realizarem a comercialização de petróleo russo para
outros continentes, o que compromete a segurança da carga. A estimativa é de que cerca de 3
milhões de bpd, incluindo petróleo bruto e derivados – a média de exportação diária atual russa,
sobrecarregam o setor de transporte, inclusive devido a escassez de combustível para os navios
circularem – bunker oil: diesel associado a derivados de resíduos pesados da destilação do
petróleo bruto (APEC REPORT 2022). Nota-se, ainda, que não é interessante para nenhum país
ser majoritariamente dependente de commodities provenientes de uma só origem.
O aumento dos preços da energia sobrevindos da guerra da Ucrânia estimulou o fim da
crise econômica e petrolífera que durava cerca de 10 anos no Golfo Pérsico – região que
comporta: Arábia Saudita, Irã, Emirados árabes Unidos, Omã, Qatar, Bahrein, Kuwait e Iraque.
Houve o chamado “boom” do petróleo no ano de 2022 para esses territórios, o que contribuiu na
solução dos déficits financeiros da crise supracitada, colocando esses Estados em posições de
protagonismo internacional no âmbito econômico. Os produtores de petróleo do Oriente Médio
prevêem uma arrecadação de US $1,3 trilhão no faturamento da commodity pelos próximos 4
anos, como consequência dessa propulsão (FMI - Fundo Monetário Internacional, 2022).

3.1. A CRISE DO DIESEL


Há uma crise instaurada na Europa em relação ao combustível diesel. O diesel é um
derivado produzido a partir do petróleo bruto com a adição de hidrogênio. Esse tipo de
combustível está diretamente atrelado ao transporte de cargas e mercadorias, o que afeta o fluxo
comercial como um todo. A distribuição de alimentos por veículos pesados, por exemplo, é

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dependente do diesel. O aumento no valor desse combustível na Europa é motivado pelas sanções
à Rússia que restringem a importação do seu petróleo. A maior dificuldade está na negociação
entre a União Europeia com os países da OPEP. O Petróleo produzido no Golfo Pérsico é
propício à produção do diesel, diferentemente do petróleo norte-americano que é menos denso e
mais propenso à extração de gasolina. Portanto, a substituição da Rússia por outro exportador que
oportunize a mesma qualidade da matéria-prima dificulta a célere resolução da problemática.
A inflação do diesel na Europa deve ser de 40% até o final de 2022 (Kpler - Leading
Commodities Market Data & Analytics Solutions, 2022). O índice leva em consideração também
a sanção limite da União Europeia (UE) para com a crise, que estabelece um teto sobre o preço
dos derivados de petróleo russos a partir de fevereiro de 2023. Deste modo, as relações
internacionais entre a UE e a Liga Árabe são de caráter urgente para a OPEP.

ORGANIZAÇÃO DOS PAÍSES EXPORTADORES DE PETRÓLEO

O QUE É A OPEP
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo, fundada em setembro de 1960, é
responsável por administrar questões globais envolvendo petróleo ao redor do mundo. Todos os
membros precisam atuar de maneira conjunta, controlando o preço do barril de petróleo.
À época em que foi fundada, a OPEP visava contrapor diretamente a antiga política de
oligopólio2 da produção de petróleo. Haviam sete empresas, conhecidas como as Sete Irmãs, que
detinham boa parte do domínio da oferta de petróleo no mundo, e lucraram imensamente com
esse feito. São elas: Chevron, Exxon, Gulf, Mobil, Texaco, Shell e British Petroleum. Essas se
aproveitavam de regiões específicas ao redor do mundo, para explorar suas reservas de petróleo,
pagando valores baixos em royalties.
O objetivo do controle do barril de petróleo está no interesse dos países em fomentar a
competitividade, e estabilizar o mercado petrolífero. Os interesses desses países membros são
defendidos de forma bastante incisiva, se utilizando da estratégia de cartel.

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Oligopólio:controle de poucas empresas sobre a oferta de um produto que não possui substituto direto.
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O conceito econômico de “cartel” pode ser definido como um acordo de cunho
cooperativo entre algumas empresas que buscam controlar algum segmento do mercado. Em
geral, os cartéis são conhecidos por prejudicar o consumidor médio, em decorrência do aumento
de preços normalmente efetuados. Dessa forma, os cartéis dominam a produção de petróleo,
mantendo seus preços sempre no limite do máximo que podem atingir sem que os compradores
deixem de importar o produto.
Os fundadores da Organização são: Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela. Ao
longo dos anos, no entanto, outros países foram integrando-se à OPEP. Até o ano de 2018,
quando o último atual país membro integrou-se aos demais, a Organização atingiu o status que
possui hoje, sendo composta por: Angola, Arábia Saudita, Argélia, Emirados Árabes Unidos,
Equador, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, Qatar e Venezuela.
Apesar de não possuir nenhum país europeu na Organização, a sede da OPEP se localiza
em Viena, na Áustria. Este fato se deve à necessidade que os países encontraram, ainda em 1965,
de estreitar suas relações com as principais empresas que compravam o petróleo produzido.
Ainda nos tempos de hoje, os maiores compradores de petróleo são: Estados Unidos, Países
Baixos e Inglaterra.

A PREOCUPAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


O Acordo de Paris (2015) foi assinado por todos os países membros da OPEP e da Liga
Árabe, à exceção da Síria, e por 190 Estados-membros das Nações Unidas. É considerado o
acordo mais audacioso para questões ambientais, pois determina a redução da emissão de gases
que contribuem para o efeito estufa – Dióxido de Carbono (CO2.), Metano (CH4), Óxido Nitroso
(N2O) e Hexafluoreto de Enxofre (SF6) – a fim de estabilizar a temperatura média global (DE
KLEIN, 2008). Conjuntamente, foi acordada a emissão de carbono zero até 2050, o que requer
uma transição energética, resignando a comercialização de combustíveis fósseis (ACORDO DE
PARIS SOBRE O CLIMA, 2015).
Objetivando o cumprimento dessas metas, os países necessitam reduzir a produção de
petróleo, assunto que aflige a OPEP. Entendendo que os recursos não renováveis são findos e que
o esgotamento de recursos minerais não é visto mais como utópico pelos cientistas, as economias

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que dependem da atividade petrolífera temem enfrentar um colapso econômico e, portanto,
devem buscar alternativas energéticas de modo preventivo.
Desde a década de 1980, quando a questão do desenvolvimento sustentável em meio às
mudanças climáticas emergiram como assunto de concernimento internacional, a OPEP dialogou
sobre energia renovável em diferentes fóruns através de uma participação propositiva e
construtiva nas sessões da ONU, como na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a
Mudança do Clima, nas COPs, e internamente a fim de se adequar quanto a exploração de
combustíveis fósseis, mas sem perder o foco petrolífero em defesa de sua principal fonte de
recursos.
Mohammad Sanusi Barkindo, o antigo Secretário-Geral da OPEP, demonstrou
engajamento com as negociações sobre mudanças climáticas, reconhecendo os efeitos adversos
causados pela emissão de CO2 a partir do petróleo e participando de diálogos sobre o tema. A
OPEP, a partir de seu antigo Secretário-Geral, denota uma posição de consonância para com os
organismos internacionais referidos às questões ambientais, em contrapartida não abdica do
protagonismo dos combustíveis fósseis para uma transição energética, assim como proferido na
Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP24), em 2018:

“Deixe-me começar afirmando inequivocamente: a indústria do petróleo deve


ser parte da solução para o desafio da mudança climática.” (BARKINDO,
Mohammed. 2018)

Os países da OPEP estão dispostos a ratificar de modo ativo seu apoio ao acordo de Paris,
bem como aos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas para a AGENDA
2030 e entende que tal problemática é de interesse global e coletivo, demandando assim ações em
conjunto para solucionar o problema:

“O Acordo de Paris é realmente um marco nos esforços globais para combater as


mudanças climáticas e preparou o terreno para a humanidade contribuir para
apoiar essa causa [...]” (OPEC BULLETIN Commentary, 2019)

No entanto, a Organização compreende o modo em que a comunidade internacional quer


implantar a transição das matrizes energéticas como discriminatório. Para a OPEP, a transição

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energética deve ser gradual e atendendo a demanda energética dos países, utilizando-se ainda de
petróleo e gás natural, enquanto a renovação energética dar-se-á por completo. Os combustíveis
fósseis ainda são os protagonistas da distribuição energética, portanto as políticas ambientais que
não respeitam o processo de transição podem inflacionar o preço da commodity e causar um
rombo econômico mundial (PIRES, 2021). O petróleo gerou milhões de empregos em escala
global, bem como promoveu a ascensão social, além de contribuir na construção de megalópoles,
de forma especial na infraestrutura (OPEC BULLETIN, 2019). É inegável a importância da
commodity para o funcionamento dos grandes centros atuais, por isso a OPEP prega a diligência
na transferência das matrizes energéticas.
Segundo a Agência Internacional de Energia, em 2020 o petróleo foi a maior fonte de
energia consumida no mundo, comportando cerca de 30% da demanda total (AIE, 2021). Na
perspectiva da OPEP, o petróleo como substancial ferramenta que sustenta a energia mundial não
pode ser negligenciado e abandonado sem um plano de execução a longo prazo. Isso exprime que
a transição energética precisa priorizar os países em desenvolvimento que enfrentam a
distribuição precária de energia e significa também a inclusão social, a qual haja a
democratização do acesso à energia sustentável, mas sem afastar do mercado nenhuma fonte de
energia por ter sido taxada de "vilã" pelas ONGs.
A resposta climática deve ser um conjunto de ações e medidas não discriminatórias. A
incumbência da Organização dos Países Exportadores de Petróleo será de prestar apoio técnico e
teórico no desempenho da atividades ambientais, aderindo as oportunidades de mercado para a
transição sustentável, e observando à necessidade em atender a pobreza energética nos países
subdesenvolvidos (OPEC BULLETIN 2019).
O grupo é enfático em afirmar que não é acientífico e que não há negacionistas da
mudança climática na OPEP. Entretanto, a própria Organização reconhece a força do ativismo
pelo meio ambiente e o considera uma ameaça aos interesses econômicos dos países do Oriente
Médio. Destarte, a propulsão econômica gerada na região do Golfo Pérsico pela alta dos preços
do combustível pós-pandemia e com o advento da guerra da Ucrânia deve ser direcionada no
investimento de uma diversificação da economia e na transição para a energia sustentável,
protegendo-se assim de futuras crises nas matrizes de energia fóssil e atendendo as metas globais
de preservação ambiental (WORLD BANK GROUP, 2022). A OPEP inevitavelmente irá se

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adaptar à transformação do mercado externo, colocando em segundo plano sua atribuição de
precificadora e tornando-se consultiva:

“Uma possibilidade provável seria o clube se transformar gradualmente de um


cartel de estabelecimento de produção em um fórum para deliberação e
compartilhamento de informações.” (VAN DE GRAAF, Thijs. 2020).

O Oriente Médio possui uma taxa quase duas vezes maior de aquecimento (0,45 ºC por
década) em comparação a média do aquecimento global (0,27ºC por década). Esse índice impacta
diretamente no aumento do nível do mar, contribui para o surgimento de secas severas e ondas de
calor extremas na região (Instituto Max Planck de Química e Instituto Chipre, 2022). Para o
historiador, especialista em estudos de paz e segurança mundial e na crescente dependência
mundial de petróleo Michael T. Klare:

“Somente através da luta para reduzir as emissões de carbono hoje podemos ter
certeza de que as gerações mais jovens viverão em um planeta habitável.”
(KLARE, Michael T, 2022).

MEDIDAS QUE O COMITÊ PODE TOMAR


A Organização dos Países Exportadores de Petróleo possui o objetivo de controlar os
preços e a produção do petróleo no mundo. Contudo, seu escopo não está somente limitado a
essas facetas.
A OPEP possui um fundo econômico (chamado Fundo da OPEP) inteiramente voltado
para políticas de investimento na infraestrutura de seus países membros. Criado em 1976, e
administrado por seus 12 principais países-membros, medidas de ampliação do fundo para
melhorias na eficiência da produção de petróleo podem ser efetuadas.
Além disso, para solucionar e mitigar as constantes crises do petróleo, a OPEP também
pode estabelecer melhores contratos com países, explorando possibilidades como cláusulas de
risco.
Outras medidas altamente interessantes, contudo ainda pouco exploradas pela OPEP, seria
o combate à superpopulação, com práticas que incentivem o controle de natalidade nos países,
uma vez que isso diminuiria, a longo prazo, os efeitos causados por uma demanda excessiva por
18
petróleo - que faz com que os preços subam enormemente, fazendo com que, ao invés dos países
lucrarem, simplesmente percam seus clientes.
Ademais, medidas para melhorar a distribuição de energia no mundo também otimizam os
gastos da OPEP, fazendo com que seu mercado consumidor aumente, auxiliando o acúmulo de
capital e favorecendo as economias dos membros. Dessa forma, a prevenção de acidentes
envolvendo petróleo, melhorando a segurança das refinarias, também são de enorme proveito.
Fatores como guerras e ataques afetam enormemente o funcionamento da Organização.
Campanhas de incentivo à paz também são alternativas que contribuem com a estabilização do
preço do barril de petróleo, garantindo com que todos os países do mundo se beneficiem dessa
iniciativa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FAY, Claudia Musa. A questão do petróleo e suas implicações na Guerra do Iraque.


Indicadores Econômicos FEE, v. 31, n. 1, p. 59-74, 2003.

MATIAS, Átila. "Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep)"; Brasil Escola.
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/opep.htm. Acesso em 08 de setembro de
2022.

Yuliia Kucheriava, 'Russia’s Invasion of Ukraine: A WTO Perspective', (2022), 17, Global
Trade and Customs Journal, Issue 10, pp. 417-430

SINGH, Akshay Kumar. The “Oil War” of 2020 between Saudi Arabia and Russia. Indian
Journal of Asian Affair s, v. 33, n. 1/2, p. 24-42, 2020

MA, Richie Ruchuan; XIONG, Tao; BAO, Yukun. The Russia-Saudi Arabia oil price war
during the COVID-19 pandemic. Energy economics, v. 102, p. 105517, 2021.

19
KLARE, Michael T. A persistente tirania do petróleo. Instituto Humanitas Unisinos. Revista
IHU, 2022.

Van de Graaf, T. (2020). Is OPEC Dead? Oil Exporters, the Paris Agreement and the
Transition to a Post-carbon World. In: Belyi, A. (eds) Beyond Market Assumptions: Oil Price
as a Global Institution. Springer, Cham, pp. 63-77, 2020.

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climate change and sustainable development. Monthly Oil Markert Report. OPEC
BULLETIN. Special Edition, pp. 8-81, april of 2019.

PIRES, Adriano. O mundo vai precisar mais da Opep. Centro Brasileiro de Infraestrutura.
2021.

EGAN, Matt. Começam as falências do setor do petróleo. CNN Brasil. 2020.

HOROWITZ, Julia. A Rússia segue lucrando com exportações de petróleo e gás apesar de
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HORTON, Jake. Sanções contra Putin: quanto o mundo depende de petróleo e gás da
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COHEN, A. Biden’s Saudi Adventure: An Oil Strategy Failure And Beyond. FORBES. 2022

UNFCCC - Conference of the Parties (COP). Paris Agreement on Climate. Paris Climate
Change Conference. FCCC/CP/2015/L.9/Rev.. 2015

20
ANEXO I - POSICIONAMENTO DOS PAÍSES

BLOCO DA ÁFRICA

ANGOLA (MEMBRO)
A República de Angola ocupa atualmente o cargo de presidente rotativo do Conselho de
Ministros da OPEP. O país se posiciona como líder favorável à redução da produção da
commodity em vista da crise global na demanda. Institui a transição energética como gradual e de
forma que não atrapalhe o mercado petrolífero. Ao lado da Nigéria, é um dos maiores produtores
de petróleo do continente africano (1 milhão e 200 mil bpd), contudo problemas técnicos em
campos de extração e falta de investimento reduziram em 300 mil bpd a produção de petróleo no
País. A OPEP considera que Angola está com um déficit na alíquota diária possível – 1 milhão e
500 mil bpd –e insta a reversão do quadro ao longo do próximo ano.

ARGÉLIA (MEMBRO)
A Argélia é um enorme produtora de petróleo, tendo sua entrada na OPEP oficializada no
ano de 1969. O país possui uma série de refinarias, e lucram cerca de 20 bilhões de dólares por
ano somente com exploração de petróleo. A Argélia advoga sempre em favor da união dos países
mais pobres, para que juntos consigam atingir uma política econômica forte e competitiva, que
permita o crescimento e a redução das desigualdades sociais. Em geral, suas políticas
diplomáticas são pacíficas e amigáveis, mas prezando muito pelo respeito à soberania nacional.

LÍBIA (MEMBRO)
A Líbia oficializou sua entrada na OPEP no ano de 1962, e lucra cerca de 25 bilhões de
dólares por ano em decorrência da sua exploração de petróleo. O país é majoritariamente
conservador, e possui uma política diplomática incisiva, advogando contra interesses
imperialistas, e favorecendo seus maiores aliados: Rússia e Arábia Saudita. Apesar de suas
atitudes controversas, a Líbia possui um bom relacionamento com vários países do mundo,
buscando sempre mostrar o impacto positivo que o petróleo pode causar nas economias.

21
NIGÉRIA (MEMBRO)
A Nigéria é membro da OPEP e ocupa a primeira posição no ranking de maiores
produtores de petróleo da África (1 milhão e 600 mil bpd). Utiliza a sua influência regional para
priorizar negociações que visem atingir, concomitantemente, o progresso da nação nigeriana e o
global. O último secretário-geral da OPEP, Mohamed Barkindo, era nigeriano e faleceu em julho
de 2022. Ele representou um marco para a diplomacia nigeriana sobre commodities,
demonstrando engajamento com as negociações para solucionar a problemática ambiental,
reconhecendo os efeitos adversos causados pela emissão de CO2 a partir do petróleo. Para a
Nigéria a indústria do petróleo deve ser parte da solução para o desafio da mudança climática.
Preconiza a segurança da exploração da commodity na região enquanto reforma a economia
centralizada no petróleo que desencadeou escândalos de corrupção e má gestão no País.

BLOCO DA AMÉRICA LATINA E CARIBE

ARGENTINA
A Argentina, assim como o Chile, pretende concorrer de forma equitativa com a OPEP
através da criação de um cartel para o lítio – o “petróleo branco” –. Possui a segunda maior
reserva de minério no mundo, com 15 milhões de toneladas. Contudo, diferentemente do Chile, a
Argentina ainda é majoritariamente dependente do petróleo e aumentou recentemente sua
produção para suprir o déficit de importação. A fim de diversificar sua economia, implantou o
Programa Argentino de Carbono Neutro em parceria com o setor privado para alcançar a
neutralidade do carbono visando consolidar a transição energética gradual. Em meio a uma
política externa irregular, a Argentina tem, no entanto, se alinhado aos interesses do Oriente.

BRASIL
O Brasil, apesar de não fazer parte da OPEP, ocupa a posição de número 15 no ranking
dos países com maiores reservas de petróleo do mundo. A maior justificativa para o fato do Brasil

22
não ser membro da Organização é sua decisão por manter contrariar os cartéis de regulação do
preço do petróleo. Em 1954, com a criação da Petrobrás, o Brasil optou por jamais depender de
empresas internacionais - e posteriormente da OPEP - para obter acesso ao petróleo. Contudo, o
país possui relações amigáveis com a OPEP, e também advoga em prol do direito dos países em
desenvolvimento de se estabelecerem enquanto economias fortes e competitivas.

CHILE
A República do Chile constitui uma concorrência em potencial para a Organização dos
Exportadores de Petróleo. Ao lado da Argentina e da Bolívia, é um dos maiores produtores de
lítio do mundo, substância fundamental da produção de baterias para veículos elétricos, por
exemplo. Essa ocorrência demanda ao Chile uma defesa enfática da meta de zerar o carbono, da
transição energética e do desenvolvimento da energia limpa sustentável. As ações já iniciaram
com a redução da importação e do consumo de petróleo e na participação construtiva de diálogos
multilaterais sobre a temática, postura que era tradicionalmente mais passiva.

MÉXICO
O Golfo do México é uma região de fulcral importância na produção de petróleo e que
compreende os fatores climáticos – que já afetam a própria produção petrolífera – como
agravantes na decisão a favor de uma transição energética. O México está entre os três maiores
produtores de petróleo da América Latina, ao lado do Brasil e da Venezuela. No entanto, diverge
em questões básicas da OPEP, como os cortes de produção de petróleo durante a pandemia e
busca a independência financeira da matéria-prima. O México afirma que as mudanças climáticas
são uma ameaça aos direitos fundamentais e possui um plano para reduzir as emissões de carbono
em 22% – podendo ampliar para 36% através da cooperação internacional – até 2030.

SANTA LÚCIA
Santa Lúcia é um precursor global na redução de carbono. No contexto de redução dos
preços do combustível, o país mantém seu foco em energias renováveis, porque as considera
como um meio de assegurar seu crescimento econômico em médio e longo prazo. A visão
diplomática do país é de que o petróleo mais barato proporciona a transição para as energias

23
limpas, como a geotérmica, a eólica e a solar. Portanto, é contra o lucro oportunista sobre as
sanções à Rússia. Enxerga a geopolítica oligopolista como recessora da resolução para as
mudanças climáticas e acredita em incentivos fiscais para os usuários de energia limpa. Santa
Lúcia, portanto, é um exemplo para que as potências econômicas reduzam suas emissões de gases
poluentes e descentralizem o petróleo como fundamento de suas economias.

VENEZUELA (MEMBRO)
A Venezuela é um dos países do mundo com a maior reserva de petróleo do mundo.
Estima-se que cerca de 25% do petróleo disponível e explorado estão em posse venezuelana. O
país foi um dos membros fundadores da OPEP, e lucra cerca de 8 bilhões de dólares por ano em
exportações de petróleo. Apesar do caos político vivenciado na região, a Venezuela é bastante
influente na OPEP, sobretudo nos assuntos envolvendo América Latina.

BLOCO DA ÁSIA PACÍFICO

AFEGANISTÃO
O Afeganistão, apesar de não ser membro da OPEP, possui relações diplomáticas fortes
com boa parte dos membros da Organização. Com a tomada de poder pelo Taliban, suas relações
econômicas se estreitaram especialmente com o Irã e a Rússia, se beneficiando amplamente das
condições econômicas favoráveis que esses dois países implementam ao Afeganistão. Dessa
forma, apesar de não ser uma nação com relações diplomáticas amigáveis com os países
ocidentais, o país em geral se relaciona bem com a OPEP.

ARÁBIA SAUDITA (MEMBRO)


A Arábia Saudita, membro fundador e precursor da OPEP, está entre os três maiores
produtores e exportadores de petróleo do mundo, com cerca de 60% do petróleo bruto
comercializado; além de ser detentora da maior reserva cru de petróleo mundial. Dessa forma, o
Reino da Arábia Saudita busca descentralizar a sua dependência da commodity. Aplicou reformas
estruturantes internas a fim de reduzir a concentração do faturamento no gás natural e no petróleo
em prol de uma economia mais verde e diversificada. O seu envolvimento na guerra de preços

24
redirecionou a produção de petróleo para uma independência econômica e demonstra que seus
objetivos externos são a promoção da segurança na região do Oriente Médio para a cooperação
comercial do petróleo, se alinhando aos países do Leste Europeu e da Ásia mas sem se isolar do
Ocidente e da política liberal de mercado.

CHINA
A China figura internacionalmente como um dos principais parceiros comerciais dos
maiores exportadores de petróleo, como a Rússia e a Arábia Saudita. No entanto, se posiciona de
acordo com a sua política externa da diplomacia de ascensão pacífica, em que ao mesmo tempo
concorre com os Estados Unidos da América a fim de estabelecer uma hegemonia como a maior
potência mundial. Preconiza a cooperação multilateral, utilizando a crise do petróleo para
desenvolver uma Nova Ordem Mundial, em que negocia a commodity em moeda local
objetivando a desvalorização do dólar. A China busca ratificar o Acordo de Paris em consonância
com a posição da OPEP, assegurando a democracia energética, transicionando a energia de modo
gradual enquanto reduz a emissão de gases do efeito estufa.

COREIA DO SUL
A Coreia do Sul produz menos de 40 mil bpd e consome 2 milhões e 500 mil barris de
petróleo diariamente. É uma economia forte que depende de importações energéticas. A Coreia é
favorável às sanções contra a Rússia, todavia no começo do conflito ampliou a importação de
petróleo oriunda de Moscou, vindo a reduzir drasticamente as transações somente após 6 meses
de invasão. A potência instiga o aumento da produção petrolífera da OPEP e se alia a países
como Estados Unidos e Japão para buscar alternativas energéticas e parcerias comerciais. A
Coreia do Sul está comprometida com carbono zero até 2050 através do Novo Pacto Verde.

EMIRADOS ÁRABES UNIDOS (MEMBRO)


Os Emirados Árabes Unidos fazem uma política externa dúbia. Enquanto se colocam
como o principal aliado do Ocidente no Oriente Médio, flerta com regimes autoritários por ter
sido líder da revolução antidemocrática na região. Como membro da OPEP e da Liga Arábe,
exerce papel central de influência na questão do petróleo. São responsáveis por viabilizar aos
países sancionados – Venezuela, Irã e Rússia – a comercialização de suas commodities através de

25
acordos ilegais que ocultam a origem do petróleo exportado. Essa política ambígua consiste em
mascarar com diplomacia a ambição de se tornar um Império do Petróleo no Golfo Pérsico (já
produzem 4 milhões bpd). Os fundos monetários dos Emirados Árabes depositaram bilhões de
dólares em ações russas nos setores de energia e petroquímica, o que denota seu afastamento de
um Ocidente polarizado e anti-rússia. Não obstante, os Emirados tensionam as relações com Irã e
Qatar no Oriente Médio, estreitando os laços com a Arábia Saudita. Quanto às mudanças
climáticas, foi o primeiro membro da OPEP a anunciar a ratificação da meta de carbono zero até
2050, demonstrando um compromisso com a transição energética.

ÍNDIA
A República da Índia é a terceira maior importadora de petróleo mundial. Não mede
esforços para oferecer um preço acessível ao cidadão indiano, objetivando a estabilização do
preço do barril de petróleo pós-crise, como através da liberação de reservas energéticas, de
solicitações enviadas à OPEP para que a Organização reduzisse o preço de mercado da
commodity conquanto expande sua exportação, e o aumento das importações do petróleo russo
mais barato. Nesse sentido, há uma diversificação na cartela petrolífera da Índia e o Ministério do
Petróleo e do Gás Natural afirma que as transações legítimas de energia da Índia não podem ser
politizadas. Os indianos consideram a alta dependência das importações de petróleo provindas
somente da OPEP como um risco geopolítico. Em relação às preocupações com o meio ambiente,
a Índia entende que o Ocidente precisa adotar uma política de carbono negativo para que os
países da Ásia de grande densidade demográfica cheguem ao carbono zero.

IRÃ (MEMBRO)
O Irã foi uma das nações fundadoras da OPEP, e lucra aproximadamente 25 bilhões de
dólares por ano com sua exploração de petróleo. Apesar de ser uma das nações mais fortes e
competitivas economicamente da Organização, o Irã ainda enfrenta uma série de inimizades
diplomáticas. O país se identifica com países como Rússia, Síria e Arábia Saudita, e acredita nos
benefícios que os cartéis de petróleo são capazes de trazer para sua economia. Dessa forma, o Irã
é uma nação extremamente importante para a organização.

26
IRAQUE (MEMBRO)
O Iraque é um dos membros fundadores da OPEP. O país lucra cerca de 78 bilhões de
dólares por ano com suas exportações de petróleo, sendo um dos países mais ricos da
Organização. A diplomacia do Iraque vem se tornando cada vez mais abrangente, buscando o
maior número de nações aliadas que o país conseguir manter. Do ponto de vista econômico, o
país almeja aumentar cada vez mais sua produção de petróleo, e certamente não será a favor de
medidas que reduzam sua arrecadação econômica.

JAPÃO
O Japão está entre os seis maiores consumidores de petróleo do mundo, mas não é um
grande produtor. O ministério do Japão do Comércio e Indústria pressiona a OPEP e os países
centrais, como os Emirados Árabes, para que haja um aumento das exportações; a crise do
petróleo gerou uma inflação alta no país e a volatilidade do mercado de petróleo atrapalha a
retomada econômica. O compromisso japonês com as questões ambientais é sólido e ousado, o
governo possui um plano detalhado de medidas para zerar o carbono até 2050, como proibir a
venda de veículos movidos a combustíveis fósseis e diversificar a cartela energética tendo ao
menos 60% de energias renováveis, consoante ao previsto no Acordo de Paris. É o maior aliado
dos Estados Unidos da América na Ásia.

KUWAIT (MEMBRO)
O Kuwait é uma nação de economia petrolífera e membro-fundadora da OPEP, possuindo
reservas de petróleo bruto de cerca de 102 bilhões de barris, o que corresponde a mais de 6% das
reservas mundiais. Por ter o islamismo como religião predominante, os valores são
conservadores, mas a política externa é mais aberta e liberal. A rivalidade histórica com o Iraque
culminou em uma maior influência estadunidense no país e no abalo da confiabilidade para com
os Estados fronteiriços. O kuwaitiano Haitham Al-Ghais, que foi eleito por unanimidade ao cargo
de secretário-geral da OPEP, preconiza pela convergência da Organização nos cortes de produção
para regular o mercado. A dependência do Kuwait no petróleo é muito alta, 60% do Produto
Interno Bruto (PIB) e 92% da exportação vem da commodity. Por já terem sofrido com as crises
do petróleo, buscam a diversificação da economia. O governo criou o Fundo para as Gerações

27
Futuras com o objetivo de se proteger contra o impacto da queda brusca de preços do petróleo,
investindo anualmente pelo menos 10% da receita nacional.

PAQUISTÃO
O Paquistão, apesar de não ser membro da OPEP, mantém relações fortes com a
Organização. Os fundos de investimento da OPEP beneficiam o país de forma bastante
contundente. Devido ao cenário de guerra do Paquistão, além de possuir relações diplomáticas
fortes com vários dos membros da Organização, o país busca, cada vez mais, se beneficiar das
oportunidades que os cartéis de petróleo trazem ao seu país.

QATAR (MEMBRO)
A economia catari é majoritariamente dependente das commodities dos combustíveis
fósseis. O gás natural e o petróleo (1.8 milhões de bpd) correspondem a 70% das
comercializações, com foco na exportação do gás natural em que ocupam o primeiro lugar no
ranking mundial – se localizam em uma posição estratégica do Golfo Pérsico onde há a terceira
maior reserva global de gás natural. O Qatar já vem tomando medidas de descentralização do
petróleo desde a sua saída da OPEP, em 2018, após 60 anos como membro. O Emirado catari
enxerga a copa do mundo de 2022, em que sediam, como um evento de aprendizado para a
transição energética. A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, membros da OPEP,
romperam as relações diplomáticas com o Qatar em 2017, após acusarem o governo catari de
oferecer asilo político a rivais da Arábia Saudita. Tendo em vista que o Estado do Qatar é, em
âmbito internacional, um mediador de papel central que prioriza a diplomacia entre o Ocidente e
o Oriente Médio, é de interesse da OPEP sua reaproximação do grupo a fim de intermediar as
negociações com os países ocidentais.

SINGAPURA
Singapura tem sua influência econômica pautada no capitalismo industrial, possui
contratos com grandes petroleiras internacionais, como a Petrobras do Brasil. Dessa forma, para
preservar a estabilidade e o comércio, Singapura não se posiciona radicalmente acerca dos
conflitos entre grandes potências, mantém a neutralidade. É um grande importador do petróleo

28
oferecido pela OPEP. É um exemplo para o mundo de comprometimento com a meta de carbono
zero.

BLOCO DA EUROPA OCIDENTAL

ALEMANHA
A Alemanha produz cerca de 7% do petróleo que consome, portanto depende
essencialmente das importações. O ministério da Economia da Alemanha instou à OPEP que
aumente a produção de petróleo. A Alemanha compreende como desonestidade e ilegalidade a
busca pelo lucro por parte dos países do Golfo Pérsico que usufruem das sanções globais contra a
Rússia em meio a uma guerra que está devastando a população da Ucrânia. Há um risco de
recessão alemã devido à alta dependência da commodity russa, mas a Alemanha coloca seus
princípios diplomáticos como uma prioridade acima. Está totalmente comprometida com o
Acordo de Paris e inicia ações revolucionárias, como o incentivo a veículos movidos por
hidrogênio, a partir do programa Climate-neutral Germany 2045 para zerar o carbono.

ÁUSTRIA
A Áustria é onde está localizada a sede da OPEP, em Viena. O país depende
economicamente de outros países que possuem reservas de petróleo, para se sustentar. Apesar de
possuir um relacionamento pacífico com os membros da Organização, a Áustria condena algumas
das medidas do cartel da OPEP, que prejudicam o restante do mundo. Os países europeus vêm
buscando cada vez mais se tornarem independentes da oferta de petróleo pela liga-árabe.

CANADÁ
O Canadá possui uma das maiores reservas petrolíferas do mundo e é o quarto maior
produtor (5 milhões e 500 mil bpd) e exportador (3 milhões e 100 mil bpd) de petróleo, contudo
vem sofrendo dificuldades para suprir a demanda da commodity interna e externamente. As
areias betuminosas do Canadá são regiões de extração de petróleo de fronteira, o que aumenta o
custo de produção proporcionalmente à complexidade técnica da extração ou da transportação
para as refinarias. Além disso, proibiu as importações do petróleo rússo. O Canadá então busca

29
novos parceiros comerciais e pressiona a OPEP para aumentar a sua produção visando a redução
de preços, sem sucesso até o momento. A riqueza mineral é a principal fonte de desenvolvimento
do Canadá e a economia é dependente dos Estados Unidos, seu maior parceiro comercial. O
objetivo de emitir carbono zero até 2050 é endossado pela aplicação de imposto sobre o carbono
nacional emitido e pela proposta de regulamentar a emissão de carbono internacional, através de
tributação e precificação.

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA


Os Estados Unidos da América são um país com fortes relações comerciais com boa parte
dos países membros da OPEP. Nos momentos em que a Organização enfrentou crises, os Estados
Unidos foi o grande responsável por suprir o restante da demanda de petróleo no mundo.
Contudo, o país vem sofrendo uma série de dificuldades para continuar se mantendo competitivo
perante o cenário atual instaurado, justamente por sua alta demanda interna pelo combustível
também. Os Estados Unidos também importam uma quantidade significativa de petróleo dos
russos, que, devido ao conflito russo-ucraniano, estão sofrendo reduções.

FRANÇA
A França é uma importante importadora e atualmente enfrenta uma escassez de petróleo
devido a grande demanda e a oferta baixa e cara, e luta contra o aumento de preços pós guerra da
Ucrânia. A preconização pela defesa de um mercado aberto de livre concorrência e da
diversificação das fontes de abastecimento de petróleo culmina na intenção francesa de retomar
as negociações com Irã e Venezuela para o globo. A França é favorável à proposta
norte-americana de limitar o preço do petróleo e atua como intermediador neutro para a retomada
das relações econômicas entre países diplomaticamente divergentes. Pioneira na proibição da
exploração do petróleo até 2040 em busca da transição energética, ratificou o Acordo de Paris.

ITÁLIA
A Itália consome diariamente 10x mais petróleo do que produz, tornando-a obrigada a
comprar a commodity de outros países. Então, aumentou a importação de petróleo russo para
suprir a necessidade local mesmo com o embargo da União Europeia. O governo italiano ajudou

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a construir o Fundo Europeu para Tecnologias de Baixa Emissão de Carbono, contribuindo para a
transição energética.

REINO UNIDO
O Reino Unido atua externamente com equilíbrio e priorizando as suas negociações
comerciais, e na questão do petróleo a diligência é empregada pois consome mais combustível do
que produz. No entanto, por estar se opondo a Rússia no conflito com a Ucrânia, já proibiu as
importações do petróleo russo, bem como impôs veto global sobre o transporte marítimo do
produto. Implementou projetos-teste de cirurgia, rua e residências carbono zero, bem como
oferece incentivos fiscais para a preferência por veículos elétricos, estimulando uma célere
transição energética no país, como um exemplo para o mundo. A relação do Reino Unido com a
OPEP é cercada pela tensão da Organização com as petroleiras majors – oligopólios – britânicas.

SUÍÇA
A Suíça, que foi a primeira sede da OPEP - Genebra, se posiciona tradicionalmente de
forma neutra a fim de preservar o multilateralismo econômico do país. No entanto, apoia as
sanções contra a Rússia, essencialmente porque não depende de seu petróleo, apenas 0,3% de
toda a importação provém de lá. É a favor de uma transição energética que não afete a camada
mais vulnerável da sociedade, que não pese financeiramente e que oportunize um acesso
democrático à energia.

BLOCO DA EUROPA ORIENTAL

RÚSSIA
A Rússia só não entrou na OPEP porque não conseguiu atingir sua quota de produção nos
últimos tempos, contudo firmou um acordo com a Organização para participar da OPEP+. No
geral, só perde em produção para os Estados Unidos e para a Arábia Saudita, produzindo
aproximadamente 11 milhões bpd. No contexto pós invasão da Ucrânia, a Rússia fortaleceu seus

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laços comerciais com a China visando uma Nova Ordem Mundial de contrapeso aos Estados
Unidos, apesar das sanções que impactam sua exportação para o Ocidente. A Rússia, dessa
forma, não aceita mais negociar seu petróleo em dólar. A guerra da Ucrânia adia a transição
energética e o compromisso da Rússia com as mudanças climáticas, que emite 470 milhões de
toneladas métricas de CO2 oriundos do petróleo anualmente. A OPEP considera o Kremlin um
grande influente da Organização e das negociações internacionais da commodity:

“Não existe capacidade no mundo que possa substituir a produção russa… não
temos controle sobre os atuais acontecimentos, a geopolítica, e isso está ditando
o ritmo do mercado[..]” (BARKINDO, Mohammed. 2022).

TURQUIA
A Turquia é um país alinhado com os interesses diplomáticos da OPEP e costuma se
posicionar de forma contundente quanto à defesa do petróleo. É um dos maiores importadores de
petróleo exportados pela Organização, consumindo cerca de 1 milhão de bpd. Duplicou a compra
da commodity russa após as sanções aplicadas pela União Europeia e se beneficiou do preço
baixo para impulsionar sua economia. Istambul tem um plano para neutralizar o carbono até 2050
como resultado da ratificação do Acordo de Paris.

UCRÂNIA
Em meio a guerra com a Rússia que alavancou o preço médio do barril de petróleo, a
Ucrânia se afasta do Leste Europeu e se aproxima da União Europeia e do Ocidente, e por
conseguinte, de seus interesses na transição energética, pois enfrentam uma crise inflacionária por
conta do aumento dos preços do petróleo. A economia ucraniana é baseada no agronegócio e em
produtos de matérias-primas específicas, como os gases puros. Apesar disso, a região possui
reservas de petróleo e gás natural que estão, no entanto, sob domínio russo desde a União
Soviética.

POLÔNIA
A Polônia tem relações financeiras com a OPEP centradas na comercialização do gás
natural – onde está sua maior dependência energética. Segue a posição da União Europeia de
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respeitar as sanções contra as commodities russas e projetou as restrições mais radicais a favor
desse tema. A Polônia ratificou a Estratégia Energética da União Europeia (2015), que oferta
medidas de diversificação célere para reduzir a dependência energética russa. Contudo, Varsóvia
se absteve do compromisso de neutralizar a pegada de carbono até 2050 firmado pela União
Europeia e atua com frequência como um país bloqueador do tema no Parlamento Europeu.

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