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O QUE FOI A CRISE DO PETRÓLEO?

Antes de começarmos a explorar o que foi a crise do petróleo, temos que entender por
que ela é tão impactante. Como sabemos, o petróleo é uma energia não renovável, ou

seja, se utiliza de recursos naturais esgotáveis, que um dia vão acabar. Por causa disso, o
petróleo é motivo de muita especulação financeira: se estamos cada vez mais próximos

do fim desse recurso, mas ainda o usamos como principal fonte de energia, então é
normal que haja uma disputa muito intensa pelo produto.

Além disso, as maiores reservas de petróleo do planeta estão no Oriente Médio,


enquanto os maiores consumidores são os Estados Unidos e a Europa, o que acabou

contribuindo para a instabilidade da região.

As fases da crise ocorreram justamente em momentos em que os países exportadores

de petróleo pertencentes a OPEP e do Golfo Pérsico embargaram a distribuição para os


EUA e os países europeus. Isso ocorreu três vezes desde a Segunda Guerra Mundial.

O que é a OPEP?

OPEP é o acrônimo de Organização dos Países Exportadores de Petróleo, uma


organização internacional criada em 1960 com o objetivo de restringir a oferta no

mercado internacional e pensar de forma conjunta a política de venda dos países-


membros.

Atualmente a OPEP conta com 14 países: Arábia Saudita, Emirados Árabes, Irã, Iraque,
Kuwait, Catar, Angola, Argélia, Gabão, Guiné Equatorial, Líbia, Nigéria, Venezuela,

Equador e Indonésia. A OPEP é muito poderosa e sua atuação está inteiramente


relacionada às crises que se seguiram.
Crise do petróleo: 1973

Em outubro de 1973, os países árabes exportadores proclamaram um embargo


às nações aliadas de Israel na Guerra do Yom Kipur, conflito militar entre estados árabes

liderados por Egito e Síria contra Israel. Em cinco meses de embargo, o preço do barril
de petróleo subiu de três dólares para 12 dólares no mundo inteiro. O momento era de

crescente consumo de petróleo nos países industrializados, o que garantiu que o


embargo custasse muito aos embargados.

Consequências da crise no mundo

Ao perceber a dependência dos países árabes, os países compradores de petróleo

começaram a mudar suas políticas energéticas para evitar que algo da mesma dimensão
ocorresse novamente.

As consequências foram sentidas fortemente no Ocidente. Podemos dizer que esse


primeiro “choque do petróleo”, como também é chamado, mudou o Ocidente em

relação à busca por formas alternativas de energia, que passaram a ser uma prioridade
na gestão energética na maioria dos países.

Os Estados Unidos, por sua vez, não quiseram investir na pesquisa em energias

renováveis. Em vez disso, a resposta foi incentivar maior exploração do petróleo em solo
americano.

Enquanto isso, os motoristas enfrentavam longas filas nos postos de gasolina e ainda
lidavam com ladrões. Uma greve dos caminhoneiros que durou dois dias levou a um

tiroteio entre motoristas a favor e contra e até um ataque com bombas. O Brasil
implementou em 1975 um grande projeto tecnológico: o Proálcool, que misturava

gasolina e etanol para maior rentabilidade do combustível.


Crise do petróleo: 1979

A segunda fase da crise do petróleo ocorreu como consequência da Revolução Iraniana,


que transformou o Irã em uma república islâmica teocrática. As revoltas sob a liderança

de Ayatollah Khomeini basicamente zeraram a extração de petróleo no Irã.

Se em 1973 o preço do barril durante a crise era de 12 dólares, em 1979, o preço foi a

US$ 39,50.

Em seguida, em 1980, houve a Guerra Irã-Iraque, que impediu a produção do Irã de se


recuperar e também derrubou a produção do Iraque.

Consequências da crise no mundo

É claro que a crise foi boa para os membros da OPEP, que lucraram como nunca, porque
todo mundo que deixava de consumir do Irã e do Iraque passava a consumir dos outros

países exportadores.

Nos Estados Unidos, a crise não foi tão severa nas partes do país em que a produção de

petróleo tinha aumentado devido à crise de 1973. Mas com as lembranças ruins, os
motoristas começaram a correr para os postos mesmo nos lugares onde não havia tanto
perigo de faltar gasolina.

Depois da guerra, a OPEP diminuiu sua produção e foi ultrapassada até pelos EUA. Mas
em 1985, com a Arábia Saudita querendo se destacar entre os competidores, a produção

aumentou muito, o que causou a queda nos preços.

Crise do petróleo: 1991

Em 1990, o Iraque, liderado por Saddam Hussein, invadiu o Kuwait, um colega da OPEP.
A crise advinda dessa fato fez com que o preço subisse de 17 dólares para 36 dólares.
Essa recessão durou bem menos tempo do que as crises anteriores, mas mesmo assim
foi o suficiente para a crise econômica mundial que se instalou no início dos anos 1990.

Os EUA logo entraram na briga contra o Iraque, o que ficou conhecido como a Guerra

do Golfo, uma expedição militar bem-sucedida para os Estados Unidos. Porém, na


retirada do exército iraquiano, em 1991, ocorreram muitos incêndios nos poços de

petróleo do Kuwait, o que fez com que levasse anos para que o preço se normalizasse
novamente.

Consequências da crise do petróleo na economia brasileira

O Brasil é um grande produtor de petróleo, mas, ao contrário dos EUA, vende quase

todo seu petróleo para ser refinado lá fora e depois comprar de novo.

Ou seja, quase não produzimos petróleo para consumo interno, o que nos coloca em

uma posição complexa durante as crises. Isso porque apesar de termos a matéria-
prima, acabamos sendo afetados da mesma forma pelas altas dos barris, pois temos

que comprar de volta.

No entanto, nos momentos das crises de 1973 e de 1979, o Brasil não sofreu tanto
impacto porque a Petrobras detinha o monopólio de importação e optava por uma

política de vários fornecedores.

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