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HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL

A DÉCADA DE 1980. A INFLAÇÃO MUNDIAL

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Olá!
Ao fim desta aula, você será capaz de:

1. Abordar as situações que levaram ao processo inflacionário que assolou o mundo na década de 1980.

2. Demonstrar que o fato gerador da explosão de preços do petróleo na década de 1970 era, primordialmente, de

origem política e, por isso, difícil de superar pelos dependentes do produto.

1 Introdução
Vamos analisar o motivo de se usar o preço do petróleo como arma política no mercado internacional.

Ilustraremos o que motivou as migrações de capitais dos países pobres para os países desenvolvidos.

Abordaremos o que levou ao aumento das taxas de juros internacionais e à consequente ação inflacionária

mundial.

A década de 1980 correspondeu a um longo período de desemprego, inflação, manutenção ou regressões no

desenvolvimento econômico da maioria dos países. Em razão desse conjunto de variáveis econômicas que

atingiram, indiscriminadamente, pobres e ricos, é que se passou a considerar essa década como perdida.

Não se apresentou, na década em questão, nenhum fato positivo, de relevância, que pudesse ser destacado em

termos de contribuição para o crescimento econômico dos países em geral. Vamos analisar alguns pontos

responsáveis por isso.

2 Contexto histórico
Em 1973, estoura mais uma guerra entre árabes e judeus. Esses conflitos não eram mais novidade e, até os dias

atuais, são sempre tidos como inevitáveis. A grande surpresa para o mundo é que, a partir daquela derrota que

os árabes tiveram, resolveram usar os preços do petróleo como uma arma política para pressionar todos aqueles

que apoiaram Israel. O cartel da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), composto e dominado

por uma maioria de origem árabe, estabeleceu novos preços para o barril do petróleo, fazendo com que houvesse

um aumento, em curto prazo, de 400%. Impactada com tal medida, a comunidade mundial foi obrigada,

inicialmente, a desativar a execução de muitos projetos em razão da necessidade premente de se fazer frente a

um aumento brutal dos gastos com a importação do óleo.

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Os balanços de pagamentos foram afetados e era fundamental que seus resultados fossem mantidos em

equilíbrio. Começa, para quem já possuía indícios de presença de petróleo em seu território, a prospecção

interna, pois, agora, esse seria um investimento viável economicamente, levando-se em consideração os preços

internacionais do produto.

Com a receita do petróleo, os países produtores aumentando os preços vertiginosamente, tivemos um crescente

aumento de crédito no mercado, proporcionado pelos bancos depositários dessas fortunas. Dessa forma, caem as

taxas de juros internacionais e os países pobres, sempre necessitados de financiamentos para seus projetos

desenvolvimentistas, contraem grandes empréstimos.

3 Inflação decorrente do petróleo


No final da década de 1970, outra crise do petróleo explode, oriunda de um conflito entre Irã e Iraque, dois dos

maiores produtores de óleo e que, por isso, são obrigados a alterar seus ritmos de produção e oferta do produto.

A partir daí, com novas altas de preços, as economias mundiais se retraem e os países emergentes se veem na

contingência de pagar juros crescentes pela captação de recursos no exterior.

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O curto hiato entre as crises não permitiu que os países dependentes das importações de petróleo pudessem,

efetivamente, se recuperar, implementando políticas que pudessem diminuir os efeitos dos preços

internacionais crescentes. Essa inflação, que é importada, por se referir a assuntos internos dos países

produtores do produto, não permite interferências que tentem minimizar os preços praticados.

Como fator agravante, a carga política passou a influenciar na administração dos preços internacionais do

petróleo, o que fez com que fatores subjetivos ajudem a precificar o produto.

Com a importação do óleo bem mais caro, pelo preço e pela escassez de oferta, os derivados do produto,

logicamente, ficaram onerados. Países como o Brasil, que tinham e ainda têm a distribuição da produção por via

rodoviária, foram muito atingidos em função dos valores crescentes dos derivados do petróleo. Esse aumento do

frete foi desembocar no aumento do preço final dos produtos, contribuindo para um aumento da inflação.

Por outro lado, a inflação mundial também foi alimentada pelos juros crescentes para os países periféricos.

4 Capital, empréstimo e juros


Os capitais disponíveis, destinados a empréstimos, teriam de ser remunerados por juros mais altos.

Utilização desses capitais traria, atrelada aos seus usos, um acréscimo nos custos de produção e, por

conseguinte, espirais inflacionárias.

Política contracionista praticada pelos países desenvolvidos.

Além do já exposto, mais um fator colaborou no processo inflacionário dos anos 1980: como os países

desenvolvidos aumentaram suas taxas internas de juro, houve uma atração natural de capitais internacionais

para os seus mercados domésticos, não só pelo fator remuneração, mas também pela segurança de serem

economias mais equilibradas.

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Essa fuga de capitais para países do então chamado primeiro mundo só agravou a situação internacional, já que,

para estimular a permanência desses recursos nos países de terceiro mundo, foram obrigados a elevar

consideravelmente as suas taxas internas de juro, influindo nos custos de produção internos e,

consequentemente, nos preços finais de bens e serviços à disposição da população.

5 Considerações finais
A década de 1980 foi, em resumo, um período que reuniu uma gama de ingredientes que levaram as economias

mundiais a se envolver numa situação de inflação, falta de investimentos, altas taxas de juros e desemprego

farto. As dificuldades vividas àquela época tiveram consequências drásticas para muitos países, como o Brasil,

que decretaram moratória internacional por não suportar a carga violenta de pressões negativas em suas

economias.

Moratória
Acordo entre credor e devedor quanto à renegociação dos termos do contrato em que o devedor se declara inapto

para pagar nas condições pactuadas anteriormente.

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Saiba mais
GONÇALVES, Carlos Eduardo Soares; RODRIGUES, Mauro. Sob a Lupa do Economista. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2009, Capítulo XXVII.
MATESCO, Virene Roxo; SCHENINI, Paulo Henrique. Economia para Não Economistas. Rio de
Janeiro: SENAC, 2005, Capítulo IV.

O que vem na próxima aula


• O desemprego estrutural.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Constatamos que não são somente os interesses econômicos que comandam a economia mundial.
• Observamos que, quando a taxa de juros aumenta em um país central, há fuga de capitais dos países
periféricos.
• Resumimos os aspectos que contribuíram para o aumento das taxas de juros no cenário internacional.

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