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PROVA 1 – ECONOMIA III NA06

CARLOS EDUARDO
GUILHERME GONSALES ROCCA
Questão 1
O sistema monetário internacional consiste nas regras seguidas pelos
países quando fazem suas transações financeiras uns com os outros. A forma
como se dão tais regras é extremamente importante para a compreensão do
mesmo e do Sistema Internacional, pois como neste, o SMI também possui suas
hegemonias e hierarquias.
Por um lado, de acordo com Eichengreen, o SMI tem como suas funções a
dar ordem e estabilidade aos mercados cambiais e promover a eliminação de
problemas de balanço de pagamentos. Desta forma, o autor aponta a potência
financeira e comercial do século XIX – a Grã-Bretanha – como percursora do
padrão ouro, que se constituiu como uma “ilha de estabilidade monetária”(pág.
41). E de fato, como aponta Gilpin, o regime alimentava a política britânica e
vice-versa, pois o padrão ouro era efetivo para s ordem política e econômica da
época justamente porque a Inglaterra tinha objetivos apenas de manter o valor
do ouro e ajustar e seu balanço de pagamentos. Portanto, o regime do padrão
ouro pode continuar até o momento em que esses objetivos eram atingidos, sem
interferências das reações das políticas domésticas.
Por outro lado, Keohane e Nye demonstram como as dinâmicas de poder
da época foram importantes para a manutenção do regime do padrão ouro. Ao
contrário dos mitos liberais relacionados ao regime, ele não foi simétrico,
impessoal e livre de mudanças; ocorreu, portanto, exatamente o contrario como
afirmam Gilpin, Keohane e Nye.
A paz britânica do século XIX não foi simplesmente um laissez-faire, pois a
Inglaterra se utilizava de força militar quando era necessária a manutenção das
normas de comércio livre e liberdade dos mares. Portanto, o poder naval inglês
configura sua supremacia monetária, mesmo que a Alemanha e França
possuíssem também grande poderio militar. Foi somente quando a Inglaterra não
pode mais sustentar sua hegemonia nessa rede hierárquica que o sistema se
esfacelou. “Foi a Primeira Guerra Mundial que destruiu o fundamento político
dessa era econômica, lançando o mundo no caos monetário e econômico durante
as três décadas seguintes” (GILPIN, pag. 149).

Questão 2
Os EUA tem papel importante no que se configura o período de Bretton
Woods, principalmente em seu fim no ano de 1971. Tal período foi marcado pela
Guerra Fria, fazendo com que os EUA arcassem com a manutenção política e
econômica do capitalismo, prova disto é o Plano Marshall, que investiu bilhões de
dólares na Europa Ocidental. Além de grandes investimentos para recuperação
da economia dos tigres asiáticos. Para aumentar seu poder de barganha e
hegemonia no cenário internacional, algumas decisões foram tomas da parte dos
EUA, como explicita Serrano: “As decisões americanas destinadas à recuperação
das economias capitalistas na Europa e na Ásia envolveram diversos aspectos,
quais sejam: 1) mudanças na paridade cambial dos outros países – o preço oficial
do ouro em dólar ficou estável mas os próprios americanos apoiaram e ajudaram
a promover desvalorizações no câmbio dos outros países para se tornarem mais
competitivos em relação aos EUA; 2) promoção de investimentos diretos em
massa nos países aliados; 3) missões técnicas de transferência de tecnologia; 4)
gastos militares no exterior utilizando estes países como fornecedores; 5)
abertura do mercado de importações nos EUA para países aliados em termos
vantajosos; 6) ajuda externa direta em termos de doações via Plano Marshall; 7)
tolerância com tarifas protecionistas, com subsídios às exportações locais e com
restrições às importações de produtos americanos nos países aliados, entre
outros.”
Tais decisões são importantes para se compreender o desfecho de Bretton
Woods e seu fim.
Internamente, os EUA sofreram com uma inflação moderada (“inflação
rastejante”), e no contexto de diminuição do conformismo social dos países
industrializados, houve um aumento no ritmo do crescimento dos salários
nominais em 1968 sob grande contestação à distribuição de rendas, que ficou
conhecido como “explosão salarial”, levando a uma aceleração da inflação e na
compressão da parcela dos lucros. Para evitar o crescimento do desemprego,
Nixon respondeu à inflação por meio da manutenção de politicas
macroeconômicas expansionistas controlando os preços e salários no inicio dos
anos 70, ou até os reduzindo. A perda de parceiros comercias devido à inflação
causou grande pressão interna para que houvesse uma desvalorização cambial
generalizada.
Perante tal problema, já se observava uma balança de pagamentos
deficitária a custo da grande saída de capital de investimentos diretos em
dólares, além de ajuda externa, gastos militares e empréstimos para os demais
países (apesar de haverem balança superavitária no comercio e em conta
corrente). É importante ressaltar que os EUA, apesar de apresentarem déficits
crescentes, podiam compensá-los em dólar, moeda principal do sistema. A
assimetria gerada pelo dólar era alvo de diversas críticas devido à possibilidade
que o país tinha de financiar um déficit de tamanho global.
O sistema de Bretton Woods impunha limites para as ações dos EUA na
intenção de solucionais tais problemas. O primeiro dos limites residia na condição
superavitária das contas correntes, caso contrário, o aumento de dívida externa
liquida que resultaria na perda de ouro estadunidense, comprometendo a
confiança na paridade do dólar-ouro. O segundo era a necessidade de manter o
cambio dólar-ouro fixo. Serrano afirma "Se o preço do ouro começasse a
variar em relação ao dólar, isto poderia dar impulso a movimentos
especulativos e posteriormente ao abandono do uso do dólar para
pagamentos internacionais."(pág. 14).
Deste ponto, o dilema de Nixon está formado: a manutenção da estratégia
estadunidense de hegemonia capitalista no mundo com investimentos de
capitais enormes nos países estavam acarretando contas deficitárias, mas ao
mesmo tempo, para manter o dólar uma moeda chave no sistema, era
imprescindível evitar todos esses déficits, e, portanto desvalorizar o dólar para
reverter o balanço prejudica sua condição de moeda internacional. Diante deste
dilema, o presidente Nixon decide unilateralmente abandonar a conversilidade
do ouro-dólar. Diante da dificuldade de negociar novas paridades cambiais com
seus principais parceiros.
Após o rompimento do sistema de Bretton Woods, os novos arranjos de
mercados financeiros fora dos EUA configuraram outras especulações contra o
dólar. A única maneira de se especular, então, era vender dólar por outras
moedas. Houve absorção do dólar desvalorizado e de especulação por parte dos
Bancos Centrais estrangeiros para manterem as suas taxas de câmbio. Houve,
portanto, uma eliminação de pressão sobre os EUA, tal fato é conhecido como
“Negligência Benigna” denominada por Fred L. Block.

Questão 3
A tabela V1 demonstra que o país, no caso, manteve um superávit de
exportações sobre importações no período de 2004 a 2008, possuindo, pois, uma
balança comercial (Free on Board) positiva. Outro detalhe a ser considerado, é o
aumento das importações, principalmente nos últimos anos do período, que pode
configurar uma valorização da moeda nacional contra o dólar. O país precisa
manter a valorização e desvalorização de sua moeda dentro de uma variação
segura para que tanto as exportações sejam beneficiadas, a supervalorização ou
superdesvalorização da moeda nacional perante o dólar pode acarretar prejuízos
para a exportação e a importação respectivamente.
Sabemos que o país analisado possui regime cambial de “Dirty Flotation”,
determinado pela oferta e demanda de moeda estrangeiras no mercado, mas
que permite intervenções do Banco Central na taxa de cambio definida. Portanto,
se não soubermos a condição cambial do país, basta analisar o resultado das
mudanças em suas reservas internacionais.
Na planilha V.15 são explicitadas suas reservas e suas variações e,
surtindo resultados nas taxas de câmbio, apresentadas pela tabela v.25. No caso
de valorização da moeda nacional contra o dólar, identifica-se uma intervenção
governamental para sustentar o preço do dólar (há compra de dólares e aumento
das reservas). No caso de desvalorização da moeda nacional, a reserva
internacional diminui. Desta forma, em set/out de 2008, quando a variação
posição de reservas internacionais do BC foi de - 9.265 US$ milhões (a maior
variação do ano), a moeda nacional também teve a maior desvalorização perante
o dólar, como mostra a tabela V.15. Já, em set/out de 2009, quando a variação foi
de + 9.494 US$ mi, a moeda nacional também valorizou (resultado percebido em
todos os outros meses onde houve aumento de reservas internacionais).
Outro ponto interessante é de que o acúmulo de reservas internacionais
significa a constituição de um fundo de liquidez em moeda estrangeira, que
permite maior controle sobre a volatilidade cambial no regime onde as taxas são
flutuantes. Pode-se concluir, também, ao analisar a Conta Capital e Financeira,
que o país é objeto de uma grande entrada de capital estrangeiro. Os
investimentos diretos no país aumentaram significativamente alterando, desta
forma o resultado do balanço, especialmente no ano de 2007.

Questão 4
O regime cambial da China é fixo desde 1997 devido à crise asiática, e,
portanto controlado pelo Banco Central Chinês. Yongding sugere que acabem as
intervenções no preço do Yuan, deixando-o flutuar dessa forma. Ele ainda reitera
no final de seu artigo que o Banco Central pode-se reservar o direito de intervir
no seu preço quando necessário.
RISCOS
A incerteza sobre o preço do Yuan, apesar do governo Chinês afirmar que
o seu valor não está subestimado e a incerteza sobre o superávit comercial
Chinês ser ou não decorrente do acumulo de poupança não se relacionando de
fato com a taxa de câmbio. Caso o Yuan tenha uma grande valorização alterando
o balanço superavitário chinês, o país teria de aceitar uma desaceleração nas
exportações e um aumento no desemprego, para evitar perdas imensas em suas
reservas de dólares. Todos esses problemas são agravados pela
interdependência sino-estadunidense, e a possível valorização do Yuan e a
decorrente desvalorização do dólar alterariam os balanços não só dos dois
países, mas de grande parte do mundo.
PROBLEMAS ATUAIS
De acordo com Yongding, tendo em vista os superávits comerciais e em
conta corrente, o Banco do Povo da China precisa intervir nos mercados de
câmbio, comprando dólares e vendendo yuan para evitar - ou moderar - a
valorização da taxa de câmbio da moeda chinesa. Tais intervenções, entretanto,
inevitavelmente se traduzem na posse de mais papéis do governo dos EUA.
Contudo, já é possível perceber escassez de empregos na costa chinesa
decorrente da tentativa do governo de desacelerar o ritmo de crescimento do
Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, o Banco do Povo da China vem
encontrando problemas para esterilizar o influxo do aumento nas reservas
internacionais que vem sendo a fonte monetária de inflação.

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