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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ)

INSTITUTO DE ECONOMIA (IE)

DISCIPLINA: História Econômica Geral II


PROF.: Iderley Colombini
Período: 2022/2

Lista de questões – da II Guerra Mundial ao Neoliberalismo

1. Ao final da II Guerra Mundial, como se encontrava o mundo em termos político-


econômicos? Em que termos se formava uma nova assimetria com uma nova
bipolaridade?
O conflito planetário provocou uma enorme destruição, principalmente, no leste europeu,
provocando 50 milhões de vítimas e atrocidades inimagináveis, com uma letalidade muito maior
atribuída à sofisticação dos sistemas militares. Em uma análise econômica geral, tem-se a
desestruturação de parte do comércio internacional devido à interrupção dos fluxos de capital
entre as diversas nações, dificuldade na obtenção de matéria prima (contengencionamento),
realocação da força de trabalho e de grande parte do esforço produtivo para as indústrias
bélicas, restrição do consumo em diversos países e aceleração da inflação. A nova assimetria
com uma nova bipolaridade surge com eixos antagônicos ideologicamente, mas que ocuparam
mesmo lado no conflito. Esse novo ordenamento se dá através de EUA e URRS, o primeiro, é
favorecido durante a guerra por meio de fornecimento e fomento da demanda interna com
exportações industriais e militares p/ países aliados, o que permitiu crescimento do PIB em até
70%. E o outro, é conhecido como “vitorioso derrotado” pelos grandes impactos econômicos e
instabilidade interna política na época.

2. Em que base econômica e política ocorreu o espetacular crescimento soviético nos pós II
GM?
O crescimento espetacular ocorreu baseado na indústria pesada, surgindo da necessidade de
infraestrutura e foi importante para o crescimento e possibilitou maior planejamento em
investimentos urbanos. Dentre os principais setores que acompanharam esse processo, pode-se
destacar, o de transporte, geração de eletricidade, siderurgia, e de modo geral, na indústria
pesada. Economia caracterizada pela baixa variedade e qualidade de bens de consumo. A
história do crescimento soviético se baseava na forte exploração da agricultura para que se
fosse erguido de qualquer maneira a industrialização. O investimento na indústria pesada e na
necessidade de infraestrutura foram objetos fundamentais para esse processo.
3. Quais foram os principais dilemas e debates durante a gestação do Sistema de Bretton
Woods?
O principal debate em torno do sistema é a necessidade de reconstrução do sistema financeiro-
monetário internacional, criar regras e instituições formais de ordenação do SMI, superar as
antigas limitações do padrão-ouro, evitar protecionismo e políticas cambiais competitivas,
desviar-se da constante rigidez do cambio fixo, mas de modo controlado e por fim a
desmonetização do ouro, pondo em cheque a “tirania do ouro”, o que possibilitou a introdução
de outros meios de pagamentos, não atrelando a oferta de moeda aos estoques desse recurso.
Essas foram discussões provenientes desse período embrionário do acordo firmado um pouco
depois. E uma nova instituição, o Fundo Monetário Internacional, foi criada para monitorar as
políticas econômicas nacionais e oferecer financiamento para equilibrar os balanços de
pagamentos de países em situações de risco. Na prática o sistema teria taxas de câmbio fixas mas
ajustáveis eram factíveis somente porque os controles de capital protegiam os países que
buscavam defender suas moedas contra os fluxos de capital desestabilizadores e asseguravam o
espaço de manobra necessário para que os ajustes fossem feitos de modo ordenado. Surgiram
grandes debates que se debruçaram na discussão da utilização e do modo de atuação das taxas
fixas, entre eles, destaca-se o plano de Keynes e o de White. A diferença entre os planos de Keynes
e de White estava nas obrigações que eles impunham aos países credores na flexibilidade das
taxas de câmbio na mobilidade do capital por eles admitidas. O Plano Keynes teria permitido aos
países modificar suas taxas de câmbio e adotar restrições cambiais e comerciais conforme
necessário para compatibilizar o pleno emprego com o equilíbrio no balanço de pagamentos. O
Plano White, em contraste, previa um mundo livre de controles e de paridades fixas sob a
supervisão de uma instituição internacional com poder de veto sobre mudanças nessas paridades.

Quais foram as principais resoluções do encontro de Bretton Woods? Quais as suas implicações
práticas nos primeiros anos do pós-guerra e como se consolidou o sistema monetário e financeiro
internacional durante a ‘era de ouro do capitalismo’ (1950 a 1973)?

O sistema de Bretton Woods foi o primeiro sistema monetário internacional combinado


multilateralmente como uma tentativa de se retomar uma estabilidade financeira no âmbito
internacional. Bretton Woods volta com uma nova paridade de valor, se utilizando da
conversibilidade dólar-ouro, uma vez que os EUA obtinha ⅔ de todo o ouro internacional em
suas reservas. O combinado do comitê realizado para sua consolidação se baseou em teorias
econômicas que visavam resolver os problemas vivenciados no período anterior, o entre
guerras, e, portanto, seus principais pilares se basearam nas 2 seguintes soluções:

• Ajustes das balanças de pagamentos de países sem necessariamente adotar políticas


deflacionárias que podem causar recessão econômica;
• Combater fluxos de capitais especulativos desestabilizadores;
• Conciliamento com políticas fiscais de sustentação do pleno emprego.

Visando isso, foi teorizada a tríade de Bretton Woods, na qual há 3 elementos interdependentes:
a taxa de câmbio fixa mas ajustável, o controle de capitais e o FMI. A taxa de câmbio ajustável
era necessária para que os países pudessem fazer a manutenção de déficits no balanço de
pagamentos sem que se necessitasse aumentar a taxa de juros da economia, movimento que
pode ser interpretado como um aperto monetário que reduzirá a atividade econômica em um
país. Para haver uma taxa de câmbio ajustável, é necessário haver o controle de capitais, que
além de realmente tornar a taxa de câmbio algo que se pode ter controle, tem a função de evitar
fluxos de capitais especulativos, fazendo uma forte restrição às movimentações financeiras
internacionais
O sistema foi estabelecido por meio do cambio fixo com possibilidade de ajustes
supervisionados pelo FMI, ou seja, o fundo recebe recursos de diferentes países que podem ser
utilizados para empréstimo aos países deficitários, e isso permitia o equilíbrio das balanças de
pagamento. Outro medida definida foi a aceitação das moedas conversíveis como meio de
pagamento internacional com txs fixas em relação ao ouro e as demais moedas. Qualquer
oscilção cambial acima de 10%...
No processo de reconstrução capitalista, os primeiros anos dessa nova conjuntura foram
caracterizados pela grande falta de liquidez na Europa devido ao seu déficit monétario causado
pela guerra. A maioria dos países se encontram sem dividas (dólar) p/ reconstrução e
importação. Dado esse cenário, o EUA foi obrigado a gerir esse fornecimento de liquidez por
meio dos novos mecanismos internacionais, abolindo dívidas, realizando empréstimos e doações
para essas nações conseguirem fixar as taxas em relação ao dólar. Assim, a reconstrução se dá
pelo retorno da fluidez dos fluxos internacionais, sendo uma porta de entrada para penetração
do capital estadunidense nesse panorama.
O SMI se consolidou com a política keynesiana de intervenção governme.. (a completar).

4. Quais foram os principais elementos, da perspectiva das políticas econômicas dos países,
que contribuíram para o espetacular crescimento do período nomeado como ‘era de ouro
do capitalismo’?
Através de uma política econômica keynesianista que promoveu intervenções governamentais
capazes de sustentar o pleno emprego por meio de políticas ficais efetivas. Além disso,
ocorreram planejamento, regulação e estatização de ramos estratégicos no meio social para o
bom funcionamento desse novo modelo de bem-estar social, que procurava garantir p/ toda
sociedade condições mínimas de existência e segurança em relação ao futuro, ofertando serviços
básicos gratuitos. A nova dinâmica tecnológica possibilitou um processo contínuo de inovação, e
com isso, uma difusão do consumo em massa fortalecido pelo barateamento desses bens.
Mecanização e aumento da produtividade.
Fortalecimento dos sindicatos: Articulação/coalisão política entre governos, bancos, trab e
sindicatos para a conciliação dos interesses capital- trabalho.
Tudo isso, aqueceu a dinâmica e promoveu um aumento da renda das famílias, salários e
benefícios --→ consumo em massa. “american way of life”. Período de relativa melhoria de
distribuição dentro dos países.
➢ DINAMISMO TECNOLOGICO – PROCESSO CONTÍNUO DE INOVAÇÃO, DIFUSÃO
DO CONSUMO DE MASSA (BARATEAMENTO DOS BENS DE CONSUMO,
MECANIZAÇÃO E AUMENTO DA PRODUTIVIDADE)
➢ ENERGIA BARATA – BARATEAMENTO ATRAVÉS DO DESENVOLVIMENTO
INDUSTRIAL
➢ EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO
➢ POLÍTICAS KEYNESIANISTAS (ESTADO DO BEM ESTAR SOCIAL)
➢ AUMENTO DA RENDA DAS FAMÍLIAS, DIMINUIÇÃO DA DESIGUALDADE DE
RENDA
➢ INTERDEPENDÊNCIA SETORIAL – O novo “ESTADO” Central Industrial..(a
completar)

5. Quais foram as principais contradições enfrentadas na economia mundial durante o final


da década de 1960, que culminou com a crise do capitalismo em 1970?
Nesse período, ocorreu a inversão dos estoques em ouro e em dólar, ou seja, um grande declínio
de estoque de ouro dos EUA no final da década. A partir de 1959, a maior característica do
sistema, o controle de capitais, já se encontrava bastante ameaçada com o retorno da
conversibilidade das contas-correntes, ou seja, houve um impulso de desregulação dos capitais
especulativos, aumentando bastante as transações internacionais. Junto a isso, há o problema
estrutural de Bretton Woods, apontado pelo economista belga Robert Triffin (O Dilema de
Triffin), que a paridade dólar-ouro se via em um paradoxo, uma vez que ao passo que os EUA
deveriam garantir o valor de sua moeda com o ouro, deveria também prover a sua liquidez
internacional, algo impossível dado que essas duas funções exigem fluxos diferentes na balança
de pagamentos de um país: provendo liquidez da moeda, o país registra alto volume de saída de
dólar, contraindo déficit na balança de pagamentos e, dado que tal moeda ainda precisa ser
lidada como reserva de valor, o país estaria sofrendo grandes perdas, bem como sua atividade
econômica estaria sendo prejudicada com essas medidas deflacionárias (imagine uma
quantidade exorbitante de moeda saindo de um país, isso acarretará em uma redução da
demanda e portanto redução de preços, apertando os lucros das empresas e assim reduzindo a
atividade econômica). Com base nesses dois dilemas que a crise do capitalismo de 1970 se
desenvolveu. O volume de dólares mantidos pelos bancos centrais estrangeiros passou a ser
mais que os montantes de ouro em reserva nos EUA, por meio desses déficits, formaram-se os
grandes fundos de dólares fora do país. Os chamados “eurodólares” era esses grandes fundos
em bancos europeus circulando no fluxo internacional sem controle das autoridades. A guerra
do Vietnã e a forte subida do ouro no mercado não regulado ampliaram essa problemática o
que aprofundou ainda mais a BP e o déficit público estadunidense. Isso tudo, acarretou numa
grande instabilidade do sistema instaurado há pouco tempo.

6. Qual o papel do dólar no sistema financeiro internacional do pós-guerra e quais as razões


para a contestação internacional contra essa moeda?
O sistema de Bretton Woods tinha como base um dólar atrelado ao ouro, e para o governo dos
Estados Unidos estava difícil manter o valor da moeda. Sustentar o dólar exigia que o país
cumprisse com suas obrigações internacionais e os norte-americanos não estavam acostumados
a subordinar questões internas aos mercados internacionais.
À medida que a década de 1960 avançava, o problema se agrava pelas duas guerras enfrentadas
pelo país: a do Vietnã e o grande aumento dos gastos sociais conhecidos como Guerra à
Pobreza. Nenhuma das duas era completamente popular e as administrações de Lyndon
Johnson e Richard Nixon recorreram aos gastos deficitários. Com isso, a inflação nos Estados
Unidos tornou-se significativamente mais alta do que na maioria das
nações parceiras do país. O resultado foi uma “apreciação real” do dólar, um fortalecimento
artificial da moeda norte-americana. A taxa de câmbio do dólar — seu preço expresso
em outras moedas. O funcionamento de um sistema de paridades fixas entre moedas
conversíveis exigia crédito para financiar os desequilíbrios, como haviam reconhecido aqueles
que haviam concebido o Acordo de Bretton Woods. Quanto maior a relutância em ajustar a
paridade e elevar as taxas de juro e impostos, maiores os volumes de crédito necessários. E
quanto mais rápido relaxamento dos controles de capital, maior a necessidade de financiamento
para contrabalançar as saídas especulativas de capital. Esse foi o contexto: debates sobre
liquidez internacional que dominaram a década de 60. Os países de moedas fracas exerceram
pressões para obter junto ao FMI quotas mais generosas e aumentos nas reservas
internacionais. Os países de moedas fortes se opuseram, argumentando que créditos adicionais
incentivaram os países deficitários a viver acima de seus recursos, o acúmulo de dólares, o que
refletia a posição dominante dos Estados Unidos no comércio e finanças internacionais. Em seu
balanço de pagamentos, os Estados Unidos podiam incorrer em déficits de tamanho equivalente
ao montante de dólares que os governos e bancos centrais estrangeiros desejavam adquirir. Os
Estados Unidos podiam limitar esse montante elevando suas taxas de juro, tornando mais cara
a compra de dólares por parte dos bancos centrais estrangeiros. Por outro lado, se os Estados
Unidos exercessem uma contenção inadequada, poderiam inundar o sistema internacional com
liquidez. De uma forma ou de outra, o sistema permaneceu dependente de dólares para atender
suas necessidades cada vez maiores de liquidez.

7. Descreva o contexto econômico que se inseriu os choques do Petróleo de 1973 e 1979,


destacando os seus impactos para a economia mundial?
Durante o pós-guerra, inicialmente houve o domínio das grandes multinacionais e concentração
produtiva de petróleo nos EUA e Inglaterra. Porém, um movimento contrário a esse
ordenamento começa com o fortalecimento dos países produtores e nacionalização da
produção, ou seja, um processo de estatização. Com isso, em 1960, é criado a OPEP, com
maioria dos países árabes. Nos anos seguintes, há um desacordo entre a organização e os países
importadores, elevando o preço do barril de $2,00 (1960) para $11,65 (193). Isso provoca um
imediato aumento de custos em todos os setores e grandes desequilíbrios nas balanças
comercias dos países importadores, o que aumenta o processo inflacionário e choque de custos.
Além disso, ocorre uma diminuição da demanda mundial influenciada pelos movimentos
recessivos ocasionado pelas políticas recessivas para uma tentativa de amortizar os danos. Nos
países desenvolvidos, ocorre políticas restritivas, corte de gastos de preços para reajustar o
choque enfrentado e políticas direcionadas para industrialização. Já nos subdesenvolvidos
(latinos e asiáticos), um grande endividamento devido ao financiamento do aumento das
importações e programas de desenvolvimento.

8. Quais são as principais mudanças realizadas no sistema monetário e financeiro internacional


durante as décadas de 1970 e 1980?
Foram realizadas reformas em todo o sistema econômico nesse período,
desmantelando políticas de proteção social, privatizando empresas públicas,
enfraquecendo sindicatos e reduzindo impostos para capitalistas e os aumentando
para a população (os impostos regressivos) de forma a retomar uma maior margem
de lucro para as empresas, essa que se encontrava bastante pressionada no período
anterior. Além dessa nova política “keynesiana bastarda, virada ao avesso”, como
define Maria Conceição Tavares em “A retomada da hegemonia norte-americana”,
a desregulação do mercado financeiro estava se difundindo, dando maior liberdade
para as operações de investimento e de novos instrumentos financeiros. Ademais,
as relações de trabalho também tiveram profundas alterações, surgindo nesse
período a terceirização, subcontratação, trabalho em tempo parcial e o trabalho
informal.
Quanto à desregulação do mercado financeiro, esta se configurou mais como uma
desintermediação, excluindo a obrigatoriedade de instituições intermediadoras no
mercado e diminuindo o controle sobre as transações executadas. O que consolidou
esse movimento foi a eliminação da Glass-Steagall Act de 1933, que segregava
bancos comerciais de bancos de investimentos, compartimentando as funções
financeiras. Com a revogação da lei Glass-Steagall, o controle sobre funções
financeiras ficou mais difícil e surgiram novos instrumentos financeiros e
securitizações.
Após os dois choques do petróleo da década de 70, os EUA, que já estavam em
processo de transformação da dinâmica econômica, começaram a inverter
completamente as políticas realizadas nas décadas anteriores. Logo no início da
década de 80, o presidente eleito Ronald Reagan deu o primeiro passo, provocando
uma explosão das taxas de juros da economia nacional, golpe que fez grande parte
dos dólares que foram drenados do território americano nos anos 70 com Nixon
retornar. Esse gesto era com objetivo de controlar a inflação do país, mas vale
ressaltar que da mesma forma que a inflação fora domada, países emergentes que
possuíam empréstimos em dólares se endividaram gravemente com essa explosão
de juros. Com praticamente todo o mercado financeiro na sua praça, os EUA
usufruiu bastante de todo o controle do sistema bancário internacional,
submetendo-o à sua política monetária, mas também da política fiscal. Esses fundos
eram obrigados, pela falta de opção, a financiar o déficit fiscal americano, que por
sua vez não era usado para políticas sociais, mas sim para se investir em
armamentos que garantiriam sua hegemonia global. Com a valorização cambial do
dólar devido ao aumento das taxas de redesconto, os EUA se via em constantes
déficits comerciais. Entretanto, de certa forma isso possibilitou que o país investisse
na indústria de tecnologia de ponta, comprando insumos de produção da melhor
qualidade e bem baratos

9. Como as mudanças produtivas e o forte aumento das inovações tecnológicas implicaram


nacrise dos anos de 1970 e na constituição da nova forma neoliberal do capitalismo?

Diversas condições econômicas promoveram o fim da era de ouro do capitalismo, e a


constituição da nova forma neoliberal: O Dilema de Triffin, o que fez os EUA desvalorizar o
dólar abandonando paridade com ouro; O aperto de lucros das empresas que veio com o
aumento da competitividade internacional e o esgotamento do paradigma tecnológico da era, o
fordismo; A liberalização do comércio internacional que foi dada com o crescente relaxamento
do controle de capitais; e os choques de petróleo que ocorreram na década, que serviram mais
como um "empurrão" da economia.
É interessante ressaltar que, no meio de todas essas condições, estavam mudanças tecnológicas e
produtivas, estas que são inerentes a todas essas condições. Primeiramente, há como falar da
própria mudança do paradigma tecnológico da era do ouro, o fordismo. Esse modelo produtivo
se encontrava em esgotamento logo no final da década de 60, e dependia do aumento de
salários, movimento que pressiona a demanda agregada, promovendo maior margem de lucro
para as empresas que usarão esse excedente para reinvestimento na produção, fazendo-a
crescer para que se houvesse posteriormente um novo aumento de salários, puxando o ciclo
novamente. Entretanto, havia uma contradição nesse período, agora que os investimentos na
produção estavam mais caros e a produtividade estava em ritmo de desaceleração, as empresas
se viam menos incentivadas para reinvestir os lucros obtidos no meio desse ciclo inflacionário,
causando o efeito “espiral preços-salários” já citado. Nesse período portanto, buscou-se uma
alternativa para a produção, o toyotismo, em que agora os trabalhadores estavam mais ligados
à produção do que no fordismo, e esse modelo agora implicava em uma maior flexibilidade nas
relações trabalhistas, relações essas que promoveram um desequilíbrio na relação salarial e
portanto desestabilizaram o sistema de regulação capitalista da época, como propõe a escola
regulacionista.
Para além do modelo produtivo, as inovações tecnológicas estavam aliadas a crise do
capitalismo principalmente quando se fala da liberalização do comércio internacional. A
revolução da comunicação nesse período foi fundamental para que se houvesse o
desenvolvimento do sistema financeiro mundial. Sem que se pudesse realizar uma rápida
comunicação entre diversos lugares do mundo, o mercado financeiro internacional
possivelmente seria ineficiente, o que deu grande importância para tecnologias da informação e
comunicação.

10. Descreva os processos de desregulação financeira, comercial e produtiva durante as


décadas de 1980 e 1990, caracterizando o debate em torno dos conceitos de
financeirização e globalização?
Ao manter uma política monetária dura e forçar uma supervalorização do dólar, o FED
retomou na prática o controle do sistema bancário privado internacional e articulou em seu
proveito os interesses do rebanho disperso, a partir da reviravolta de Volcker, seguida da
quebra da Polônia, foi obrigado em primeiro lugar a contrair o crédito quase que
instantaneamente, estancando O ritmo das operações no mercado interbancário e sobretudo a
expansão de crédito para os países da periferia. A redução dos empréstimos foi ainda mais
violenta depois da crise do México, pois nessa ocasião o sistema bancário privado reagiu em
Papanico e refugiou-se nas grandes praças financeiras. A partir daí o movimento do crédito
interbancário se orientou decisivamente para os EUA e o sistema bancário passou a ficar sob o
controle do FED. E não apenas sob o controle da política monetária, que dita as regras do jogo,
as flutuações da taxa de juros e do câmbio, e também a serviço da política fiscal americana do
início dos anos 80, todos os grandes bancos internacionais estão em Nova York, não apenas sob
a umbrella do FED, mas também financiando obrigatoriamente. Desse modo, todos os países
foram obrigados, nestas circunstâncias, a praticar políticas monetárias e fiscais restritivas e
superávits
comerciais crescentes, que esterilizam o seu potencial de crescimento endógeno e convertem
seus déficits públicos em déficits financeiros estruturais, inúteis para uma política de reativação
econômica.

Durante o mesmo tempo de desregulação financeira ocorreram a eliminação da Glass-


Steagall de 1933, que rompeu-se com a compartimentação das funções financeiras, o que levou
ao fim do teto das taxas de juros em depósitos e redução da capacidade de regulação das
agências reguladoras, isso levou ao processo econômico de financeirização, e praticamente
introduziu o regime neoliberal nas linhas da política econômica mundial. Nesse contexto, outras
medidas foram impostas no processo de financeirização, foram criadas e difundidas novos
instrumentos financeiro como a disseminação de derivativos (opções, swaps) ou mecanismos de
hedge, o qu0e criaria mercados futuros que auxiliariam no processo de financeirização, sendo
assim, foi disseminado securitização, que são as debêntures, uma emissão de dívida que pode
ser negociada perante mercados secundários. Diante desse contexto, a financeirização
influenciou fortemente na economia mundial, tanto que as finanças passaram a regular preços,
políticas econômicas e assim sucessivamente, as cadeias globais de valor passaram a tomar
conta da estrutura produtiva do mundo, isso fez com que profundas alterações nas relações do
trabalho acontecesse, rompeu-se com a estabilidade e centralidade dos sindicatos, iniciou-se um
processo de terceirização, subcontratação, trabalho em tempo parcial e trabalho informal.

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