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A GLOBALIZAÇÃO

FINANCEIRA
Professora Doutora Regina Gadelha
A GLOBALIZAÇÃO FINANCEIRAProfessora Dra. Regina Gadelha

I - DEFINIÇÃO:
O conceito “mundialização financeira” designa as
interconexões estreitas entre os sistemas monetários e os
mercados financeiros nacionais, resultado das medidas de
liberalização e desregulamentação adotadas primeiro pelos
Estados Unidos e a Grã-Bretanha, entre 1979 e 1982, e nos
anos seguintes pelos demais países industrializados.
CONSEQUÊNCIA:
A descompartimentalização externa e interna dos sistemas
nacionais, anteriormente fechados e compartimentalizados,
permitiu a emergência de um espaço financeiro mundial.
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A liberalização e a desregulamentação, porém, não suprimiram


os sistemas financeiros nacionais, mas aumentaram sua
integração de maneira imperfeita ou incompleta em um
conjunto com 3 particularidades:
1. O sistema mundial se torna fortemente hierarquizado,
dominado pelo sistema financeiro dos EUA, em razão tanto da
posição do dólar como da dimensão dos mercados obrigatórios
e das bolsas americanas.
Esse fato é decorrente dos mercados financeiros desiguais dos
países, mesmo dentro da OCDE, e da concorrência entre eles -
um dos instrumentos é a moeda e o outro é a finança – ambos
(moeda e finanças) não desapareceram.
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1. Este sistema do capital financeiro mundializado é marcado


pela carência de instâncias de supervisão e de controle, sobre o
qual todos os especialistas estão de acordo, embora discordem
acerca das atitudes que se devam empreender.
2. A unidade dos mercados é assegurada por operadores
financeiros, segundo graus que diferem de um compartimento
a outro (câmbios, obrigações, ações etc.) errôneamente
atribuídos à tecnologias (telecomunicações, informática) que
asseguram concretamente a interconexão das diversas praças
financeiras, transformando virtualidade técnica em fato
econômico.
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II – CARACTERÍSTICAS: diferenças entre a mundialização financeira de


1914 e a atual (sobrevalorização do capital – ultraimperialismo = Kaustsky):
A integração internacional dos mercados financeiros nacionais tornou possível
a descompartimentalização regulamentar e sua interconexão em tempo real.
Porém o conteúdo efetivo desta integração resulta concretamente:
1. Das decisões tomadas e operações realizadas pelos gestores dos
investimentos mais importantes e mais internacionalizados = produção e
comercialização de mercadorias materiais e imateriais (bens e serviços),
capacidade estratégica de dominação do espaço por grandes grupos
oligopolísticos em adotarem uma conduta global e simultânea sobre os
diversos mercados, fontes de matéria prima, localização da produção
industrial e estratégias sobre os principais concorrentes.
Das decisões tomadas pelos investidores financeiros em suas operações na
composição das suas carteiras de ativos (divisas, obrigações, ações e
produtos derivados), na atuação de “arbitragem” entre os diferentes
instrumentos financeiros ou na compartimentalização dos mercados ou
escolhas dos países para compra de moedas ou de títulos.
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A “personificação” dos mercados e o antropomorfismo daí


resultante não são casuais. Expressam 3 dimensões:
1. O caráter de “fetichização” (Marx e Keynes) das formas de
valoração do capital de natureza especificamente financeira.
2. O movimento de autonomização relativo da esfera financeira
em relação à produção, mas sobretudo em relação à
capacidade de intervenção das autoridades monetárias.
3. Os operadores (agências) que delimitam os contornos da
mundialização financeira e decidem quem serão os novos
agentes econômicos, a que país pertencem e por quais tipos de
transações, o que e onde operarão.
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III – O PARADOXO DO SISTEMA CAPITALISTA


1 – Caráter autodestruidor da concorrência capitalista – o
capitalismo para crescer necessita do constante crescimento das forças
produtivas = TECNOLOGIA.
OU SEJA:
CRESCIMENTO DA COMPOSIÇÃO ORGÂNICA DO CAPITAL GLOBAL
em detrimento do CAPITAL VARIÁVEL (redução da massa de trabalho vivo,
apesar do aumento da produtividade do trabalho).
2 – PROBLEMA: Manutenção da taxa de consumo.
Para crescer o capitalismo necessita de PONTOS EXTERNOS DE APOIO
→ A GLOBALIZAÇÃO, AS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS E A
DESREGULAMENTAÇÃO DOS MERCADOS desestabilizaram as
estruturas do capital monopolista expandidas nos 30 anos após a II Guerra
Mundial.
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IV – AS ETAPAS DA FINANCEIRIZAÇÃO
1ª ETAPA: 1960/1979 – Evolução do sistema financeiro norte-americano
para a financeirização direta e a liberalização financeira.

1 - Estado-Nação – sistemas monetários e financeiros fechados,


caracterizados por um sistema dominante mas não exclusivo (caso dos EUA) e
das finanças administradas pelos bancos centrais nacionais.

2 – A crise de Bretton Woods leva à formação de um mercado de títulos em


eurodólares que se forma de maneira paralela aos sistemas nacionais, com a
concordância das autoridades monetárias britânicas (base em Londres) e a
participação dos governos europeus.

Mas os bancos permanecem instituições financeiras pertencentes aos Estados,


tanto a nível nacional como internacional, já que o mercado de eurodólares é
um mercado interbancário portando sobre montantes elevados.
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2 - A CRISE DOS ANOS SETENTA (FASE B - declínio)


Foi somente no final dos anos de 1960 que as grandes crises cambiais
(contra a libra esterlina e depois contra o dólar americano
sobrevalorizado) marcaram o retorno das finanças especulativas em
favor do mercado de eurodólares, e que anuncia o fim do regime de
cambial fixo, acordado em Bretton Woods.

2.1. A GUERRA DO VIETNÃ= DERROTA DOS ESTADOS


UNIDOS EM 1971 – ACORDO DE PARIS 1973 E RETIRADA
TOTAL DAS TROPAS AMERICANAS EM 1975
Este processo marcou o fim dos chamados “30 anos gloriosos”, em
que as contradições do período vieram à tona.
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Fim da guerra do Vietnam provocou as primeiras crises:


Turbulência no mercado de títulos do Tesouro americano e
falência do grupo Penn Central Transportation Co. (maior
grupo ferroviário americano (outono 1969-verão 1970).
Falência do Franklin National Bank (Banco Regional do
Estado de New York): as perdas no mercado de câmbio
atingem outros bancos americanos (maio/out. 1974).
Na Europa:
Falência do Banco Herstatt (Alemanha): perdas no mercado de
câmbio atingem o mercado de eurodólares (jun./jul. 1974).
Crise dos bancos secundários ingleses especializados em
mercado imobiliário (outono 1979-verão 1980).
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2.2. Agosto de 1971 o governo americano decreta


unilateralmente a revogação do sistema de Bretton Woods, como
resposta a seus problemas internos, com o Tesouro apresentando
um duplo déficit: déficit orçamentário e déficit comercial.
A revogação do sistema de Bretton Woods põe fim à ligação
do dólar com o ouro e abriu a via para o chamado sistema de
“taxas cambiais flexíveis” (1973), responsável pelo início de
uma instabilidade crônica no sistema financeiro internacional .
O mercado cambial torna-se, então, a primeira
compartimentalização da globalização financeira
contemporânea, em que os ativos financeiros procuram se
valorizar preservando ao máximo sua liquidez.
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TABELA 1: CRESCIMENTO DOS ESTOQUES DE ATIVOS


FINANCEIROS (em bilhões de dólares e percentagem)
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3 – CRISE DO PETRÓLEO
1960 – Venezuela propõe a formação da OPEP (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo), reunindo Arábia Saudita, Irã, Iraque e Kuwait e
Venezuela → REIVINDICAM MELHORIA DOS PREÇOS DO
PETRÓLEO - setor até então dominado pelas chamadas “Sete Irmãs”
(cartel das grandes petroleiras ocidentais – Standard Oil (EUA); Royal
Dutch Shell (GB); Moil Gulf (EUA); BP (GB); Standard Oil of California
(EUA); Chevron (EUA).

1961 - Congresso da Venezuela = PAÍSES DA OPEP FIXAM 3


OBJETIVOS:
– aumentar a receita dos países membros.
– assegurar o controle sobre a produção do petróleo.
– unificar as políticas de produção.
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4 – CRISE DO ORIENTE MÉDIO


1967 = Conflito Egito e Israel: Guerra dos Seis Dias, com
ocupação dos territórios da península do Sinai, parte do Canal de
Suez, Faixa de Gaza, Cisjordânia e Colinas de Golan
pertencentes ao Egito e à Síria, pelo exército de Israel.
1973 = Guerra de Yom Kipur = tentativa (fracassada) de
expulsão dos israelenses do Sinai pelo Egito e Síria.
Em resposta à definitiva ocupação desses territórios por Israel,
os preços do petróleo atingiram níveis altíssimos, aumentando
400% em cinco meses (outubro 1973 a março 1974).
Consequência: Recessão nos Estados Unidos e na Europa,
desestabilização da economia internacional → crise mundial.
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5 – CRISE MUNDIAL DE LONGA DURAÇÃO (FASE B)


OU CRISE DO PETRÓLEO

Recessão nos Estados Unidos e na Europa.

ESTAGFLAÇÃO MUNDIAL = estagnação da produção


industrial com inflação → Governos conservadores na Grã-
Bretanha (Margareth Thatcher) e nos Estados Unidos (Ronald
Reagan).

Fundos de pensão e mutual funds entram nos mercados


financeiros.
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2ª ETAPA: 1980/1985
Características: Alta brutal das taxas de juros; desinflação;
início da financeirização direta e da integração por arbitragem;
abertura e desregulamentação financeira; passagem à
securitarização (titrisation) da dívida pública americana (bônus
do Tesouro Americano), ou seja, operação que permite transferir
os ativos financeiros das dívidas públicas aos credores.
1. 1979/1981 – Virada neoliberal = Margareth Thatcher (Grã
Bretanha) e Ronald Reagan (Paul Volker – FED) nos EUA.
PRINCIPAIS MEDIDAS: liberalização financeira e fim dos
controles de movimento dos capitais → desregulação financeira e
monetária.
Desde o início dos anos 1980, rápida expansão dos mercados de
obrigações internacionalmente conectados (coincidem com a 4ª
onda de inovações = telecomunicações e cibernética).
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CONSEQUÊNCIAS:
A formação do mercado financeiro liberalizado responderá às
necessidades dos governos dos países centrais (financiamento
dos déficits orçamentários) e grandes fundos centralizadores
de poupança, doravante abertos aos investidores estrangeiros.
Para os EUA esta abertura representou a extensão do seu
mercado financeiro através da criação de um mercado
secundário aberto ao estrangeiro, o que permitiu o governo
americano financiar seus déficits orçamentários através da
colocação de bônus do Tesouro e outros títulos da dívida sobre
os mercados financeiros - segundo o FMI, a dívida pública
americana representava 39% do total da dívida dos países da
OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico). Outros estudos falam em até 50%.
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Os mercados de obrigações públicas (títulos públicos) se


tornam a “espinha dorsal” dos mercados obrigatórios
internacionais, representando cerca de 30% dos ativos
financeiros mundiais que procuram rendimentos estáveis ou
líquidos face à segurança de liquidez representada pelos
mercados secundários de ações. De mesmo, os ativos
financeiros (especulação sobre divisas nacionais).

Neste regime das finanças dos mercados não são mais os


bancos, mas os mercados financeiros e as organizações
financeiras não bancárias, as instituições dominantes.
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Os bancos sofrem a concorrência dessas formas recentes de centralização e


concentração de um capital operando quase exclusivamente na esfera
financeira.

Também os fundos de pensões e as sociedades de investimento coletivo


(mutual funds) e organismos coletivos de emplacamento coletivo de valores
imobiliários, ao lado dos quais os maiores bancos parecem anões.

Mas os fundos foram os que mais diretamente seriam beneficiados pelas


reformas constitutivas da globalização financeira e da passagem para um
financiamento dos déficits orçamentários dos países da OCDE através da
colocação de efetivos nos mercados financeiros pelos EUA e Grã-Bretanha.

Wall Street e a City londrina, seguida por Tóquio seriam os três mercados de
maior variedade e sofisticação de instrumentos de colocação financeira.
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CONSEQUÊNCIAS

A liberalização e a desregulamentação dos mercados financeiros tiveram


múltiplas consequências sobre o comportamento dos grandes grupos
industriais, que entram a partir daí em um processo de financeirização
completada pelos fundos de pensão = finança especulativa.

Crise das dívidas do Terceiro Mundo (América Latina = crise México)


– impacto sobre a economia norte-americana (1982), seguida por
dificuldades de pagamentos do Brasil, Argentina, etc.

1983 e1986: repercussões dessas dívidas sobre os mercados europeus e


consequente dificuldades para estes países renegociarem suas dívidas
anteriores, pesam sobre os orçamentos nacionais, levando às privatizações
e alienação dos ativos desses países, à custa de desindustrialização e maior
dependência.
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3ª ETAPA: 1986/1995 – Finanças mundializadas: acentuação dos


mecanismos e incorporação dos mercados financeiros sobre o processo
de financeirização das economias mundializadas.
Nos EUA desde 1986 (Big Bang da City) os Fundos de Pensão
passam a fazer parte das instituições financeiras não bancárias e
deixam de representar a expressão modesta de poupanças dos
trabalhadores e sim de finanças especulativas, juntamente com os
mutual founds (fundos de pensão de trabalhadores), os seguros,
bancos e fundações.

FUNDOS DE PENSÃO = poupanças nascidas em regimes privados


obrigatórios de empresas, com fonte inicial na poupança obrigatória
dos trabalhadores.
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TABELA 3: EVOLUÇÃO DOS ATIVOS FINANCEIROS (em bilhões de


dólares) –Fonte: Chesnais, p. 27. *1994: 4 primeiros trimestres.
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CONSEQUÊNCIAS

1 - ACELERAÇÃO DAS CRISES SISTÊMICAS NOS PAÍSES CENTRAIS

Choques e sobressaltos financeiros = consequência direta do sistema


financeiro globalizado.

1987 - Quebra financeira da Bolsa de Wall Street.


1989 - Falência ou quase falência bancária de instituições financeiras de
vários países.

2 - AMÉRICA LATINA
- Crise da dívida externa e Plano Brady (renegociação da dívida do México,
lançado pelo Secretário do Tesouro americano, Nicholas Brady).
- Consenso de Washington (decálogo de ações indicadas para os governos
latinoamericanos).
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5 - CRISE DOS ANOS NOVENTA


NA POLÍTICA: fim da hegemonia da União Soviética e
desmantelamento do bloco socialista.
NA ECONOMIA E FINANÇAS:
1990/1991- Falência bancária e de instituições financeiras do
Japão, maior praça em volume financeiro do mundo.
Falências dos mercados imobiliários da Europa e Japão (1990)
- atingem bancos da Suécia e Noruega.
Agosto/setembro 1992 - Ataques especulativos às cadernetas
de poupança americanas e às moedas de vários países,
integradas ao sistema monetário europeu, com perdas
importantes de reservas dos bancos centrais desses países,
obrigando à forte desvalorização monetária.
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1993 - Turbulência no mercado de títulos obrigatórios americanos.

Fevereiro/março 1994 - Turbulência no mercado de títulos


obrigatórios americanos; dificuldades dos bancos da França.

1994/1995 - Crise mexicana (desvalorização do peso) e ameaça de


contágio aos países emergentes, em especial Argentina e Brasil – o
governo brasileiro socorre o México.
Crise no Japão, com falência dos bancos imobiliários; grandes
dificuldades dos bancos comerciais e caixas de poupança do
Japão, com perda de confiança no governo.
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Fevereiro 1995 - Falência do Banco Barings (principal


acionista - Rainha da Inglaterra) em consequência da
especulação em mercados de derivativos.

CONSEQUÊNCIA: Desvalorização do dólar americano (março


a maio 1995).

Todas essas crises indicam a extrema fragilidade financeira


sistêmica e os riscos de uma crise mundial geral mais profunda –
a economia mundial quebrará em 2007/2008.
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CONCLUSÃO
O fim do chamado “regime fordista” de trabalho corresponde a
uma nova configuração interna do capital financeiro em favor
de instituições financeiras não bancárias (fundos de pensão de
curto termo) com propósito de aumentar a rentabilidade
monetária desses fundos (Marx), ao mesmo tempo em que
exercem uma forte preferência pela liquidez comandada pela
especulação financeira, conforme já denunciara Keynes
(1936).
Para isso, o capital financeiro exerce pressão sobre os
governos e Estados → políticas monetárias como principal
mecanismo de regulação, simultâneas às políticas de regulação
salarial e de liberalização financeira. (Chesnais, p. 263).
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De acordo com François Chesnais (A mundialização


financeira – Gênesis, Custos e Desafios, 1.ed. francesa
1996):
“...os riscos sistêmicos específicos do capitalismo dizem
respeito a um regime financeirizado e às formas de
mundialização imperfeitas que o acompanham, e têm
como consequência a degradação dos salários
(flexibilização do trabalho e exclusão) e a concentração
financeira centralizada em níveis anteriores
impensáveis”.
Mas tanto a fragilidade financeira como os riscos
sistêmicos “não caem do céu”.
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Chesnais conclui:
“Só a amnésia histórica, dublada por apelos incessantes a que as
[sociedades] se submetam à ‘inevitabilidade’ das mudanças, a se
resignarem face à ‘tirania dos mercados’ pode fazer acreditar na
ideia de um regime marcado pela dinâmica cumulativa da fraca
acumulação industrial, empregos cada vez mais raros e precários,
e regressão social e política que possa ser considerada
‘irreversível’ e dissimulada por alguma legitimidade histórica”.
(Idem. Idem. p.295).
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Bibliografia
François Chesnais. A mundialização financeira – Gênesis, Custos
e Desafios. 1.ed. 1996. [A finança mundializada. PDF].
“Introdução”.

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