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PARTE 2 O SMFI NA GLOBALIZAÇÃO FINANCEIRA

O SFI CONTEMPORÂNEO

 SFI contemporâneo = globalização financeira

 liberalização/desregulação financeira interna

 abertura financeira

 Definição (Chesnais, 1996): eliminação das barreiras internas entre os diferentes segmentos dos mercados
financeiros + interpenetração dos mercados monetários e financeiros nacionais (onshore) e sua integração
aos mercados globalizados (offshore)

 Emergência e consolidação diretamente associada à posição dominante dos EUA no SMI contemporâneo
 hegemonia financeira.

É um sistema caracterizado por alta instabilidade, alta volatilidade que serão o motor de várias inovações financeiras
surgidas para tornar viáveis as decisões capitalistas nesse ambiente de instabilidade e de incerteza, exatamente
como Keynes escreveu. Vai se criando convenções para se viabilizar as decisões Kistas.

Logo, é um sistema que na sua dimensão monetária caracteriza-se por uma divisa-chave fiduciária, flexível (regime
de cambio flexível) e alta mobilidade de Ks (também em relação à dimensão financeira do sistema)

Conceito síntese é a globalização financeira desse SMFI contemporâneo. Este sistema surgirá e se consolidará
mediante 2 processos que ocorrerão em todos os países para que estejam inseridos na glob. Financeira. Portanto,
países emergentes são países que se inseriram na globalização financeira ou que não recebe fluxo de capitais. Para
que os países se insiram na globalização financeira precisarão de desregulação (sinônimo de liberalização, neste
caso) e abertura financeira. Então a desregulação financeira mais precisamente, interna, é a remoção de controles
sobre o SMF doméstico. Por exemplo eliminar teto de taxa de juros sobre deposito a vista e de curto prazo
(regulação Q) quando é abolida é uma desregulação financeira.

Abertura financeira => Desregulação financeira externa. 3 níveis de abertura financeira: Abre o país financeiramente,
permitindo que os residentes captem recursos no exterior e os não residentes invistam no mercado domestico => os
2 injetarão ingressos de recursos no país; permite saídas de K pelos residentes (não só mais captar, mas agora aplicar
recursos no exterior) e permitem que o não-residente se endivide no mercado doméstico (isso ainda não acontece
no Brasil) => este fato do não residente se alavanca e especula contra a moeda brasileira; 3º permitir operações de
estrangeiros no mercado doméstico => 3º nível diz respeito em operações realizadas em moeda estrangeira no
mercado domestico.

Portanto, quando se tem desregulação financeira interna e abertura financeira vai urgindo ambiente de globalização
financeira onde não há restrições em transações financeiras internas e entre os mercados onshore e entre os
mercados onshore e offshore, daí a globalização. São os EUA que lideram este processo. É na mudança da natureza
da hegemonia norte-americana na virada dos anos 60 para 70 , isto é, EUA percebem que manter a ordem de BW o
dólar perde papel de divisa-chave e perde papel de hegemonia. Perceberam que EUA incorriam em menores
superávits em conta corrente, sendo que em 71 tem o primeiro déficit comercial. Uma pré condição fundamental
para que uma divisa-chave seja conversível ainda, o pais não pode ter déficit em conta corrente estruturais
(recorrentes), pois o déficit em conta corrente acumulado quer dizer que está acumulando passivo externo, então
está sendo financiado por não-residentes, ou seja, está se transformando num estoque que é passivo externo liquido
(passivo externo > ativo) e este estoque pode ser conversível em ouro. Daí quem tiver esse passivo externo pegar o
ouro do país. Quando havia superávits em conta corrente, EUA dava empréstimos de longo prazo, realizava IDE (saía
dólares para irrigar o mundo), mas simultaneamente os dólares voltavam para serem aplicados nos EUA (pois era
divisa-chave).

Então os EUA percebem que tem que declarar que não tem mais conversibilidade como uma decisão unilateral (ou
decisão política positiva). Agora o passivo externo líquido não é conversível em nada. O dólar continuou sendo
demandado mesmo os EUA tendo déficits me conta corrente crescentes e a partir dos anos 80 déficit fiscal
crescente, o que ancora a demanda pela divisa-chave é o poder estrutural das finanças, isto é, em momentos de
incerteza os agentes alocam sua riqueza financeira no ativo financeiro mais liquido negociado no SMFI
contemporâneo (tesouro americano). Mas o poder não é só mercado de títulos públicos, mas a dimensão do
mercado financeiro americano e o poder das suas instituições financeiras.

Os EUA serão líder do processo e isso ocorrerá desde a primeira etapa da globalização.

ETAPAS DA GLOBALIZAÇÃO FINANCEIRA

 1a etapa (1960-79): internacionalização financeira indireta e limitada. Surgimento e expansão do


euromercado e dos centros financeiros off-shore, como resposta às restrições aos fluxos de capitais
americanos em meados da década de 1960 => constituição de um mercado financeiro internacional à
margem da regulação das autoridades monetárias nacionais. Nesse período, esse mercado coexistiu com
sistemas monetários e financeiros nacionais fechados e regulamentados.

 2a etapa (1980-85) iniciou-se no final de 1979, com a retomada da hegemonia americana, ancorada na
política do US$ forte, e a implementação pelos Estados Unidos e pela Inglaterra das políticas de
desregulamentação e abertura financeiras, adotadas nos anos seguintes pelos demais países centrais
(desregulamentação competitiva). Nesse período, surgiu o sistema contemporâneo de finanças
liberalizadas e securitizadas.

 3a fase (pós-1986): abertura e desregulamentação das bolsas de valores dos países centrais; generalização
da securitização e das operações fora de balanço; expansão do mercado de derivativos de balcão;
crescente diluição das fronteiras entre os mercados de crédito e de capitais; e incorporação dos
“mercados emergentes” no início dos anos 90

a primeira surge com o euromercado e tem relação com a decisão do governo inglês de deixar sua expansão. As
principais inovações financeiras (implementar certificado de deposito, por exemplo) são as instituições financeiras
americanas. As inovações financeiras que caracterizam o SMFI contemporâneo surgem nos EUA. Então, há 2
dimensões: hegemonia financeira americana que será a âncora nessa fase e também porque são as instituições
financeiras americanas que estão implementando no euromercado essas invoações no euromercado que serão
mimetizadas por outras instituições financeiras. Até 1979 tem-se essa internacionalização financeira indireta e
limitada pois não há ainda todas aquelas interações de 3 fases de abertura financeira citadas. EUA e ING que
começam em 70, JAP e FRA em 80. Todos seguirão isso por causa de desregulação competitiva (termo de Heleiner).
Instrumentos derivativos surgirão, daí países passam a abrir o mercado que tem que partir dos governos (do direito
romano).

Na segunda etapa da globalização a maioria dos países centrais já estão inseridos nesse ambiente de globalização
financeira e já há a predominância do sistema de finanças liberalizados e securitizados ou de finanças de mercado e
securitizadas.

A partir de 86 há o big bang da bolsa de Londres (elimina-se regulação, abaixou tarifas) seguida por outras bolsas,
começando a surgir derivativos de balcão, produtos estruturados e final dos anos 80 os países emergentes se
inserem.

FINANÇAS DE MERCADO VS. CRÉDITO BANCÁRIO


O que predomina na globalização financeira é de que cada vez mais predomina finança de mercado, mas não quer
dizer que as formas mais tradicionais de intermediação financeira (CREDITO BANCARIO, POR XEMPLO) não
continuava mais importante. Continuava sim. Pois muitos textos dos anos 80 e 90 enfatizavam muito a importância e
predominância das finanças de mercado, então os bancos e os empréstimos bancários teriam perdido importância.
Mas o que foi se mostrando ao longo dos anos, é que o que foi se mostrando é que o empréstimo bancário
continuou se mostrando importante e que os bancos continuaram tendo papel central e os investidores institucional
(seguradoras, fundo de pensão e etc) captavam a poupança das famílias, juntavam esses recursos e aplicarão os
recursos em títulos. Então o que foi acontecendo nos anos 80 com a crise da divida externa dos países em
desenvolvimento, os países ficaram com créditos inadimplentes e mesmo dentro dos EUA o choque de Voker
quebrou indústria automobilística (então não só os países em desenvolvimento). Então, os bancos para cumprir as
regras tiveram que cortar empréstimos, aumentar taxa de juros... Então, neste período de segunda etapa da
globalização aconteceu que o empréstimo bancário ficou mais caro e mais escasso, então quando a economia
americana começou a crescer em 83, as empresas estavam necessitando capitar capital de giro a curto prazo e mais
de longo prazo, mas se depararam com condições não favoráveis. Então começaram a emitir títulos nos mercados de
capitais (isso é finanças de mercado).

Finanças indiretas = credito bancário. Empresa vai ao banco e este cederá empréstimo. Não se esta indo direto no
mercado de capitais.

Finanças de mercado (de capitais) = onde as empersas emitem títulos de renda fixa ou variável. Então há segmento
de renda fixa (debentures, por exemplo) no mercado internacional (comercial papers) e mercado de renda variável
que são as ações. Quando se fala em finanças diretas seria o mercado de capitais.

Finanças securitizadas => finanças ancoradas em securities (títulos em geral são securities). Os empréstimos
transformarão seus empréstimos em securities (estão fazendo uma operação de securitização secundária, pois já
tinha o ativo e estava no seu balanço. Criaram inovação financeira de transformar ativos não negociáveis em
negociáveis a fim de que estão com esses créditos ou em atraso ou inadimplentes em função do choque do voker.
Daí era necessário se livrar desse ativo que trazia custos, transformando os empréstimos em títulos na primeira
metade de 80. Logo, os bancos serão importantes nesse mrecado de capitais de segmento de renda fixa ou de
securities). Ao mesmo tempo, as empresas não pegarão do banco empréstimo (caro), começaram a emitir securities
também (titulo para se financiar ou securitização primária, pois a divida surge aqui na primeira vez). Logo há
securitização primaria e secundária (mas em geral autores se referem à secundária).

Famílias veem bancos em situação instável nos anos 80. Procuram formas alternativas de aplicação (compram cota
de fundo de investimento, realizar fundo de previdência, fundo de pensão).

Investidores institucionais (instituição financeira não bancária) compram os títulos emitidos pelas empresas privadas.

O lado de captação dos bancos também se tornará negociável. Cada vez menos os agentes recorrerão a depósitos a
vista. Então isso é um passivo negociável (capta-se via títulos). Este processo é o que Minsky chamou de
administração do passivo. O banco não so administrará seu ativo, mas também seu passivo, criando formas
alternativas de captação de recursos.

Os bancos também são os Market makers do mercado de capitais e dos mercados de cambio pois o banco com
certaeira comercial que capta reposito a vista, em situações normais é o único que tem acesso ao MP emitido pelo
BC. Então pode acessar o redescontodo emprestador de ultima instancia. Estes bancos tem capacidade de comprar e
vender e garantir liquidez pela característica da sua carteira.

Logo não teria existido essa transformação da natureza financeira sem os bancos.

Não existe desintermediação financeira porque não existe finança direta (sempre tem instituição financeira
envolvida).

Os dados mostrarão a mudança na composição das finanças e a liderança dos EUA (mercado financeiro mais liquido
e profundo).
TRANSFORMAÇÕES FINANCEIRAS RECENTES

 Conjunto de transformações financeiras surgiu nos EUA e passou a contaminar os demais países centrais
e, sobretudo, o SFI, em função da posição do dólar como moeda-chave e das políticas de
desregulamentação e abertura financeiras lideradas por esse país.

 Desregulamentação e/ou liberalização financeira

 Securitização

 Institucionalização das poupanças

 Inovações financeiras

 Flexibilização das transações financeiras em termos de prazo, taxas de remuneração e


moedas de emissão para viabilizar as operações num ambiente instável e globalizado.

 Derivativos de primeira geração (futuros, swaps e opções)

 Produtos estruturados, negociados em mercados de balcão e elaborados sob medida a


partir da combinação de um título com um conjunto de derivativos.

 Nos anos 1990 e 2000, o movimento de proliferação de novos derivativos financeiros teve
continuidade, com o crescimento surpreendente do mercado de derivativos de balcão e o
aprofundamento de novas práticas de gestão dos recursos (hedge funds).

FINANÇAS DE MERCADO E LÓGICA ESPECULATIVA

 SFI globalizado caracteriza-se pelo predomínio do mercado de capitais ou das "finanças de mercado".

 Dinâmica específica e diferenciada do sistema de crédito que predominava até a década de 1970.

 Avaliação permanente dos estoques pelos agentes versus manutenção dos fluxos financeiros pelos
bancos comerciais e pelo Banco Central.

 Tensões de iliquidez do sistema e inadimplência dos devedores => queda dos preços dos ativos =>
novas formas de manutenção da riqueza intrinsecamente deflacionárias

 Preferência exacerbada pela liquidez.

 Lógica especulativa – associada às características do SMI e à dinâmica das finanças de mercado

LÓGICA ESPECULATIVA E MODALIDADE DE FLUXOS


 Lógica especulativa => perfil volátil e curto-prazista aos fluxos de capitais de forma geral, o que não
implica inexistência de uma hierarquia em termos de volatilidade entre as diferentes modalidades de
fluxos.

 Testes estatísticos realizados por Turner (1991) sugerem o seguinte ranking

1. Investimento direto externo

2. Investimento de portfólio

3. Empréstimos bancários de curto prazo

MODALIDADES DE FLUXO

 IDE: fusões e aquisições (F & A) e operações de hedge

 Investimentos de portfólio: motivados por ganhos de curto prazo e não por considerações de longo prazo
=> intensas oscilações dos preços dos ativos e das taxas de câmbio.

 Fluxos de crédito bancário: perfil cada vez mais de curto prazo; estruturação de operações de hedge,
arbitragem e especulação

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