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ALUNA - MARIA ELISA

Neste trabalho, procurei colocar alguns significados, explicar alguns fatos e discorrer sobre
acontecimentos históricos como foi demandado com o tema crises econômicas nos países
da américa latina e nos países do ibas.

Primeiramente, o Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do Sul (IBAS) foi criado em junho
de 2003. O mecanismo, que congrega três grandes democracias multiétnicas do mundo em
desenvolvimento, envolve coordenação política, cooperação setorial e cooperação com
terceiros países.

● O IBAS é um relevante instrumento de cooperação sul-sul que nasceu como uma


plataforma de debates para uma instituição com objetivos bem delineados.
● O IBAS nasceu da insatisfação dos países-membros com o funcionamento das
instâncias globais de poder e com o objetivo claro de trabalhar por mudanças nas
instituições multilaterais.
● O IBAS é criado em 6 de junho de 2003 a partir da Declaração de Brasília com o
objetivo declarado de “examinar temas da agenda internacional e de interesse
mútuo”
● Fruto de uma proposta da África do Sul, que argumentava que o G-8, grupo dos sete
países mais industrializados do mundo, mas a Rússia, não correspondia mais como
único formulador de soluções para o mundo, sendo necessária a visão dos países
em desenvolvimento.
● Segundo a Declaração de Brasília, os fatores que justificam a aproximação da Índia,
Brasil e África do Sul é o fato dos países constituírem-se como nações
democráticas, inseridas no mundo em desenvolvimento e atuantes em escala global.
Outros fatores que não constam na Declaração, mas são observados por Almeida
Filho (2009), e que reforçam as identidades dos países é o fato de possuírem uma
liderança regional, parques industriais desenvolvidos e mercados emergentes;
aspirações a uma vaga permanente ao Conselho de Segurança da ONU; constarem
como potências médias e, por fim, compartilharem problemas socioeconômicos,
como desigualdade social e de renda.

Partindo para o assunto principal, as crises econômicas são fenômenos normais no sistema
capitalista, pois a economia é cíclica.

Mas afinal, o que seria uma crise econômica?

Crise econômica é o nome dado a um dos períodos do ciclo econômico, em que há uma
diminuição no crescimento de um país por conta da queda de sua atividade econômica.
Essa queda ainda pode ser evidenciada através de movimentos de desinflação ou deflação
em que a oferta se sobrepõe violentamente à demanda.

(uma explicação bem rasa mas para entrar no contexto, a desinflação, assim como a
inflação, também joga os preços para cima, só que de maneira bem mais lenta, enquanto a
deflação joga os preços para baixo, totalmente o oposto da inflação)
Em geral, o PIB (Produto Interno Bruto Geral) é tido como o maior indicador do
estabelecimento de uma crise econômica. Isso porque, como o seu objeto central é
justamente a soma de toda a riqueza produzida no país, quando esse valor total diminui se
enxerga um arrefecimento da economia.

É como o velocímetro do carro.

Se está funcionando perfeitamente, o velocímetro é o instrumento perfeito para descobrir


quando o carro está acelerando ou freando.

1980 - A crise da dívida dos países da América Latina

Nos final dos anos 60 e em boa parte dos anos 70, países latino-americanos aproveitaram o
crédito barato e abundante e se endividaram rapidamente. Os recursos foram aplicados
principalmente em projetos de infraestrutura. Os países tiveram altas taxas de crescimento.
Entre 1967 e 1974, o PIB brasileiro, por exemplo, dobrou de tamanho.

Os problemas começaram no final da década com a explosão dos preços do petróleo, que
causou um aumento na inflação americana. A maior economia global foi obrigada a
aumentar os juros para conter a inflação. Isto pesou nos países em desenvolvimento porque
boa parte dos recursos fora emprestado com base em taxas pós-fixadas (definidas no
pagamento). E para agravar a situação, os EUA passaram por um processo de
regulamentação do sistema financeiro, o que dificultou a concessão de novos empréstimos.
Nesse cenário, as economias tiveram o crescimento limitado e passaram a enfrentar
severos problemas de inflação. Segundo dados do IBGE, nos anos 70 a economia brasileira
cresceu 131,3%. Nos 80, 33,5%. E, de acordo com a FGV, a inflação média anual passou
de 29,9%, para 243,9% nos anos 80.

1994 - A crise dos mercados emergentes

Uma série de crises atingiu os mercados emergentes a partir de 1994. O primeiro a sentir os
problemas foi o México. A confiança dos investidores no país tinha crescido a partir dos
anos 90, com a adesão do país ao Nafta. O PIB crescia próximo aos 4% ao ano. No período
pré-eleitoral de 1994, adotou-se uma política fiscal e monetária expansiva. Títulos
mexicanos de curto prazo, emitidos em pesos, garantiam seu pagamento em dólares. Mas a
instabilidade política crescia: conflitos agrários e com movimentos indígenas no Sul do país
e o assassinato do líder nas pesquisas para as eleições presidenciais, Luís Donaldo
Colosio.

O aumento no risco despertou a atenção dos investidores. O peso também estava


sobrevalorizado e o país tinha déficits na balança comercial. O dinheiro investido no México
começou a ser retirado rapidamente. Para manter o valor da moeda, o BC mexicano
começou a queimar as reservas. E no final do ano, foi obrigado a desvalorizar o peso. Um
consórcio financeiro liderado pelos EUA e FMI liberou US$50 bilhões para o país em 1995.
Nesse ano, o país passou por uma violenta recessão, com o PIB encolhendo 6,3%.

A segunda fase da crise dos mercados emergentes atingiu os países do Sudeste Asiático
em 1997. Apesar das fortes taxas de crescimento – superiores a 6% ao ano a partir de
1987, as economias tinham sérios problemas. O endividamento externo era crescente e os
países passavam por “bolhas de crédito”, com facilidade na liberação de recursos para
estimular o crescimento. Os países também tinham déficits nas contas externas.

A situação começou a se complicar a partir de 1995, quando um acordo internacional


resultou na desvalorização do iene japonês e do renminbi chinês frente ao dólar americano.
E, diante do aumento na inflação nos EUA, o Fed (o BC americano) começou a elevar as
taxas de juro.

A valorização da moeda americana criou um complicador para os países do Sudeste


Asiático, que mantinham suas moedas atreladas ao dólar: suas exportações se tornaram
menos competitivas. Não bastasse isso, o preço mundial dos semicondutores – um de seus
principais produtos de exportação – começou a cair.

Uma série de ataques especulativos passou a atingir as moedas da região. Os primeiros,


em maio de 1997, atingiram a Tailândia. Inicialmente, o país resistiu a desvalorizar a moeda
local, mas diante do esgotamento de reservas, foi obrigado a fazê-lo. O alvo seguinte foi a
Indonésia. A taxa de câmbio despencou e uma ajuda do FMI foi insuficiente para conter o
problema. A procura por dólar era grande e as empresas sentiram violentamente o impacto.
Protestos nas ruas resultaram, em maio de 1998, na queda do ditador Suharto, que estava
no poder há 31 anos.

Outros países da Ásia, como a Coreia do Sul e a Malásia, também foram afetados. A partir
de 1998, o foco mudou de atenção. A crise na Ásia diminuiu a demanda por commodities, o
que acabou reduzindo os preços do petróleo e dos minerais não ferrosos, importantes
produtos de exportação da Rússia. O país teve uma saída problemática do comunismo.
Dados do Fundo Monetário Internacional mostram que o PIB encolheu 40,1% entre 1991 e
1996. Com esse quadro, o país foi obrigado a desvalorizar o rublo e suspender o
pagamento de dívidas a credores estrangeiros. A crise também marca a ascensão ao poder
de Vladimir Putin, um ex-funcionário da KGB (a polícia secreta dos tempos do comunismo).
E, de acordo com dados do Banco Mundial, somente em 2007 que a Rússia conseguiu que
a sua economia voltasse aos níveis de 1989.

O próximo país a ser atingido foi o Brasil. Apesar de o Plano Real, de 1994, ter sido bem
sucedido para acabar com a forte inflação que marcou o país desde os anos 80, o país
apresentava problemas estruturais, como juros elevados e câmbio sobrevalorizado. E
mesmo com o corte de despesas e o aumento da carga tributária, o Brasil sofria com o
aumento da dívida externa e a dívida pública.

A situação piorou com as crises nos países asiáticos e na Rússia. O fluxo de recursos
internacionais para os países emergentes se esvaiu. Sem opção, o Brasil foi obrigado a
desvalorizar o real em janeiro de 1999. Por dois anos seguidos (1998 e 1999), a economia
brasileira patinou.

A América Latina não é alheia às crises financeiras. Porém, ao contrário dos Estados
Unidos, onde a raiz do problema tem estado mais associada ao setor privado (bancos e
instituições financeiras), a causa, na região, deve-se mais aos desbalanceamentos públicos
e à má administração das políticas monetárias e fiscais — que acabam afetando o setor
privado e, como resultado, levaram a corridas bancárias.
Assim, vale a pena lembrar dois desastres financeiros:

● A crise financeira do México em dezembro de 1994, também conhecida como o


“efeito tequila”.

No final dos anos da década de 1980, o governo mexicano implementou uma série de
reformas que mergulharam o país em uma crise de dívida pública e levaram a várias
mudanças no sistema cambial, o que resultou em um sistema de flutuação no qual o peso
podia se mover em uma determinada faixa. Em 1994, as autoridades orquestraram o maior
acordo comercial para o país, que deu origem ao Acordo de Livre Comércio da América do
Norte (NAFTA, por suas siglas em inglês). Entretanto, 1994 foi também um ano de eleições
presidenciais, o que inevitavelmente levou a uma expansão da política fiscal do país, para a
qual foram emitidos títulos de curto prazo denominados em dólares, os “Tesobonos”.
Contudo, a instabilidade política e os surtos de violência de essa época levaram a uma forte
pressão de venda estrangeira sobre esses títulos, à qual o governo central reagiu como
comprador de último recurso, recorrendo às reservas em dólares do banco central. Na
ausência de reservas, o governo não pôde manter a faixa flutuante para o MXN, resultando
na maior desvalorização da história da moeda mexicana, uma saída maciça de
investimentos estrangeiros, a perda de 2 milhões de empregos, um declínio da renda real e
uma queda de -6,2% na taxa de crescimento do PIB.

● A crise bancária argentina em dezembro de 2001, também conhecida como “el


corralito”.

Mais uma vez, o gerenciamento inadequado da política fiscal e monetária, associado a um


sistema de câmbio insustentável, culminou na deterioração econômica de um país.

A Argentina passou por várias dificuldades econômicas ao longo da década de 1980, que
levaram à hiperinflação, a um déficit fiscal e a uma dívida externa insustentável.
Consequentemente, no início da década de 1990, o governo argentino implementou uma
série de reformas para estabilizar a economia e reduzir a inflação. Este plano, conhecido
como “lei de convertibilidade do Austral”, envolvia um sistema de taxa fixa de câmbio em
que 1 dólar equivalia a 10.000 austrais (a nova moeda argentina), juntamente com uma
série de medidas draconianas. Inicialmente, o plano foi bem-sucedido, já que se conseguiu
reduzir a inflação e restaurar a estabilidade econômica. No entanto, a falsa solidez da
moeda resultou em exportações menores e em um impacto negativo no crescimento. Por
outro lado, o governo acumulou grandes níveis de endividamento, tanto em moeda
estrangeira como nacional, a fim de financiar os gastos públicos. E, como o governo tinha
que manter altas taxas de juros para evitar a fuga de capitais (uma corrida bancária) e
defender a moeda, tinha pouca flexibilidade para mudar as políticas fiscais e monetárias —
o que o impedia de poder reduzir as taxas para estimular a economia.

Estas condições econômicas levaram a uma recessão com alto desemprego e pobreza.
Isso gerou preocupações por parte de titulares de contas e investidores, e acabou causando
uma crise de confiança na qual as pessoas procuraram retirar seu dinheiro e convertê-lo
para moedas estrangeiras. Assim, após anos de recessão, e em uma tentativa de evitar
uma retirada em massa que levasse ao colapso do sistema financeiro, o governo impôs
severas restrições — conhecidas como “el corralito” — em 3 de dezembro de 2001. A
medida congelou, efetivamente, os depósitos pessoais, limitando os saques a 250 dólares
por semana, freou as cadeias de pagamento e aprofundou ainda mais a crise econômica.

Embora as medidas tenham sido abolidas apenas 20 dias após sua imposição, após
protestos violentos e a renúncia do Presidente Fernando De la Rúa, as consequências
foram imensuráveis: em 2002, o PIB contraiu-se em mais de 10%, a moeda desvalorizou-se
em torno de 70%, o governo entrou em default ao não poder enfrentar sua dívida — que
atingiu 160% do PIB — e o desemprego e a pobreza chegaram a 21% e 57%,
respectivamente.

Peru, Colômbia, Chile e Brasil também vivenciaram corridas bancárias na década de 1990.
É importante ressaltar que, em quase todos os países, as causas de tais corridas estiveram
associadas ao setor público.

No Chile, na década perdida de 1980, o Banco de Chile experimentou uma corrida após
rumores de instabilidade financeira e incerteza em relação à solvência do banco. No Peru, a
desvalorização da moeda, o aumento da inflação e a incerteza política em 1990 levaram a
uma corrida que culminou com a quebra de vários bancos. No Brasil, os anos da década de
1990 também representaram uma época de corridas bancárias e, ainda mais recentemente,
rumores sobre a possível falência do Banco do Brasil levaram a uma corrida bancária em
2013.

Embora nos concentremos nas corridas bancárias mais conhecidas da América Latina, os
maiores países da região experimentaram a fuga de capitais por razões muito semelhantes.
Em geral, a desvalorização da moeda, a alta inflação, a incerteza política ou de solvência
tendem a ser o denominador comum.

Lições aprendidas

É evidente que a América Latina já assistiu a uma porção de corridas bancárias. Mais
importante ainda, todas as corridas bancárias seguiram um padrão semelhante: incerteza
política associada a uma inflação crescente, políticas fiscais e monetárias mal
administradas e um sistema de taxas de câmbio insustentável. Em consequência, que tipo
de lições os grandes países da região aprenderam?

No México:

● Disciplina fiscal: O governo mexicano introduziu medidas para limitar os gastos


públicos vinculando-os à receita através da reforma conhecida como a “regra do
equilíbrio fiscal”, que estabeleceu efetivamente um teto para o endividamento
público.
● Política monetária restritiva: O Banco Central do México implementou determinadas
medidas para reduzir a inflação e fortalecer a moeda. Entre elas, aumentou as taxas
de juros a fim de estabilizar a taxa de câmbio.
● Reforma do setor financeiro: O governo mexicano criou a Comissão Nacional de
Bancos e Valores Mobiliários (CNBV), bem como uma série de regulamentações
para melhorar a transparência bancária e reduzir o risco, num esforço para fortalecer
o setor financeiro. O governo também introduziu uma nova lei, na qual os depósitos
bancários seriam garantidos até um certo nível, estabeleceram-se novas exigências
de capital para os bancos e restrições aos empréstimos bancários.
● Reformas estruturais: O governo implementou uma série de reformas estruturais
para promover o crescimento econômico e o desenvolvimento, tais como a
privatização de empresas estatais, a redução da regulamentação em certos setores
e a introdução de novas medidas para promover o investimento estrangeiro.

Na Argentina:

● Autonomia do Banco Central: O governo argentino emitiu novas regulamentações


para garantir a independência do Banco da República e, em consequência, limitar a
capacidade do governo de influenciar ou utilizar a política monetária para alcançar
objetivos políticos de curto prazo.
● Aumento no seguro para depósitos: O governo argentino aumentou o seguro de
depósitos para os titulares de contas a fim de aumentar sua proteção em caso de
outra crise financeira.
● Novo sistema de taxas de câmbio: O governo argentino permitiu que a moeda flutua
livremente, ao contrário do sistema anterior, onde o Austral estava ancorado ao dólar
americano.
● Regulamentações bancárias: O governo argentino introduziu novas
regulamentações para fortalecer a supervisão do setor financeiro, incluindo
requisitos de capital mais rigorosos para os bancos e maior transparência com os
reguladores.

E, no resto da região, medidas semelhantes foram implementadas para tentar mitigar a fuga
de capitais, bem como para evitar que surjam situações semelhantes no futuro. A curto
prazo, os governos adotaram medidas para apoiar o sistema financeiro, tais como fornecer
liquidez aos bancos insolventes e impedir o contágio a outras instituições, intervindo nas
instituições que se encontravam em quebra. Por outro lado, as medidas de longo prazo
incluíram maiores restrições ao setor bancário, aumentaram (Colômbia, Peru e Brasil) ou
criaram (Chile) seguros sobre os depósitos dos clientes dos bancos e fortaleceram a
independência do banco central.

E hoje, o que está em risco?

Levando em conta as reformas e políticas adotadas pelos governos dos maiores países da
região em decorrência das crises financeiras vividas e as causas subjacentes da recente
instabilidade nos setores financeiros dos mercados desenvolvidos, não vemos um risco de
contágio para o sistema financeiro latino-americano, pelo menos não diretamente.

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