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Será abordado aqui algumas das principais crises econômicas a nível mundial que

ocorreu no século XX e início do século XXI. O intuito, conforme solicita o enunciado


da atividade, não é abordar cada crise que ocorreu ao longo dos anos, e sim
selecionais algumas das principais e responder concisamente os questionamentos
pontuados a fim de demonstrar um pouco do que foi apresentado durante a
disciplina. As crises selecionadas para serem discutidas aqui serão: A crise dos
Tigres Asiáticos em 1997; e a de 2008 nos EUA.

A Crise Econômica dos Tigres Asiáticos inicia no findar do século XX. Localizados
no sudeste asiático, o grupo era composto dos seguintes países: Indonésia; Vietnã;
Malásia; Tailândia; e Filipinas. Estes são os países que receberam influências dos
primeiros países denominados dos antigos Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan,
Singapura e Hong Kong). Aqueles se caracterizam pelos aspectos de produção
voltada para a exportação; processo de urbanização à época; atração de
multinacionais dado aos incentivos e mão de obra barata (SUA PESQUISA, 2023).
A fagulha para o início desta crise se dá pelo “comportamento e na ação dos
intermediários financeiros” (TRICHES, 1999, p. 9). O mesmo autor continua
pontuando que com os empréstimos excessivos de altos riscos daquelas instituições
intermediárias criava uma inflação nos preços dos ativos, que eram principalmente
imóveis (Idem). Esse processo começa na Tailândia, onde em uma situação de
reverter a situação, põe em prática a política de flutuação de moeda, deixando
equiparar a sua moeda interna, o Bath, ao dólar. Consequentemente, há uma
desvalorização na moeda, resultando na crise que desencadeou um efeito cascata
às economias regionais.

Alguns desdobramentos se deram no campo econômico a fim de conter o avanço e


corrosão do sistema econômico mundial. O FMI teve um papel essencial neste
cenário, colocando em práticas estratégias cabíveis mediante ao contexto regional.
Dentre elas (IMF, 2000): um financiamento de US$ 35 bilhões de dólares para
auxiliar a Indonésia, Korea e Tailândia; política monetária mais rígida, mas de forma
temporária, a fim de evitar uma espiral na inflação e para que o mercado se
estabilizasse; e reformas estruturais, voltados aos setores mais fracos do sistema
corporativo e financeiro.
Trazendo à luz para o Brasil, Bahry (2023, p. 9) afirma que este foi o mais atingido
na América Latina. De acordo com a mesma autora (p. 12-6), as políticas adotas
para fazer frente a onda de crise do sudeste asiático foram a minidesvalorização;
valorização cambial com o Plano Real; elevação de juros; entre outros. No entanto,
resumido brevemente os desdobramentos, Bryson, em um artigo no G1 (2007),
afirmou que a crise não afetou drasticamente as contas internas do Brasil. O mesmo
declara que no “restante do mundo, fora do Sudoeste da Ásia, continuava a crescer.
E, enquanto EUA e Europa continuavam avançando, as exportações do Brasil
continuavam fortes”.

A crise financeira de 2008 que teve seu estopim nos EUA e infectou todo o sistema
financeiro por anos que iriam vir, parte de uma mesma lógica de crédito
apresentado anteriormente na Crise dos Tigres Asiáticos.

Em um primeiro momento, cabe ressalvar que, como explanado durante a disciplina,


os EUA antes da crise, vinham de um bom momento econômico e otimismo com o
cenário até ali então presente. Isso pode ser representado pelo ciclo de crises
inerente ao modelo capitalista: e crise; depressão; retomada; auge.

A crise neste momento, deu-se na crise 1930 como expressado no enunciado da


questão. Já a depressão é o momento em que os índices de desenvolvimento, tanto
econômico quanto social, estão baixos. A retomada é incorporada por meio de
políticas e estratégias a fim de contornar o cenário exposto e por fim, o auge, que é
este final onde os cidadãos estadunidenses estão confiantes com o crescimento e
se sentem capazes de aquirir bens a fim de usufruí-los, como é o caso da compra
da própria casa.

Hipoteca é a palavra dessa crise. A lógica é simples: os EUA estavam em um


momento de tentativa de retomada, devido ao atentado de 11 de setembro. Os
bancos viam isso como uma oportunidade para obter mais lucro, através de juros,
aos créditos oferecidos, a fim de incentivar a economia e impulsioná-la. Créditos
estes utilizados para aquisição de residências, imóvel cobiçado pela população,
principalmente pelos mais economicamente frágeis, cenário este que fazia paralelo
ao otimismo econômico interno do país.

No entanto, essa alta confiança no Estado americano permitia a oferta de créditos


às pessoas de classes sociais mais baixas. Assim, os bancos ofereciam estes
créditos a esta população e em contrapartida, realizada a prática hipotecária, ou
seja, colocar um imóvel como garantia para conseguir empréstimos. Essa prática
ficou conhecida como subprime.

A partir daí, surge a relação simples de oferta e demanda no mercado: quanto maior
oferta para a aquisição de casa, maiores os preços destes alcançarão a fim de
conter a demanda exaltada. Esse processo vinga na falta de pagamento por parte
destes compradores uma vez que não acompanharam o aumento de juros
estabelecidos pela empresa com o tempo, não tendo mais recurso financeiro para
pagar seus credores.

Mas, o motivador de toda a crise está na relação desses subprimes no mercado


internacional financeiro. Uma vez que estes estavam sendo utilizados como valores
negociáveis que poderiam render lucro às hipotecas feitas. Este fator gera uma
sequência de insegurança e escoamento de dinheiros dos principais bancos dos
EUA, criando uma grande quebradeira financeira. Mas, como apresenta Evans
(2011, p. 15), “a crise foi desencadeada pela insuficiência de instrumentos
financeiros criados para financiar o crescimento dos empréstimos hipotecários”.

Instaurado este cenário de contágio e turbulência, o mesmo autor traz alguns


desdobramentos ao redor do mundo. Na Europa Ocidental (p. 18), a crise chega de
dois caminhos: o primeiro é o declínio das exportações aos EUA, chegando a uma
representatividade de 20%. E o segundo foi a redução na oferta de créditos
bancário, reduzindo a produção econômica de 4,4%.

Já na Oriental, como segue Trevor (2011, p. 15), muitos países dessa região tinham
déficits de conta corrente, e, ao passo que a crise alcançou essa região, a crise
chegou a ser mais grave se comparada com a crise que afetou a Ocidental, uma
vez que estes dependiam de financiamento a fim de balancear as suas contas
internas. O mesmo continua: “[...] uma vez que a crise começou em 2007, este
financiamento foi interrompido, deixando os países com mais um problema”. E, de
forma mais generalizada, a redução de produção industrial dos EUA, Europa e Ásia,
a demanda de diversos insumos foi reduzida, o que teve como consequência uma
significativa redução de preços nos commodities primários, impactando,
diretamente, os exportadores de petróleo, diminuindo suas rendas, bem como, os
exportadores de produtos agrícolas e minerais, que se encontravam na América
Latina (Trevor, 2011, p. 19).

Quanto às políticas adotas no Brasil, foram voltadas para os setores mais afetados
pela crise. O TCU, em documento disponibilizado naquele período (2009), destacou
as principais ações para contenção da crise.

Na área da construção civil, teve um aumento até vinte e cinco mil reais no limite de
crédito para a compra de material de construção; um aumento na oferta de crédito
no setor automotivo; isenção de taxas para automóveis; no setor da agricultura, foi
antecipado o crédito de cinco bilhões de reais para financiamento de safra agrícola;
e na parte de consumo, disponibilização de dois bilhões de reais em crédito para
incentivar a compra de eletrodomésticos e móveis. E, na área cambial, houve
estratégias para contornar a situação, sendo elas: leilão de dólares; redução de
alíquota do IOF; e operações com o Federal Reserve, que disponibilizou dólares
para garantir um nível aceitável de liquidez no mercado de câmbio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SUA PESQUISA. Novos Tigres Asiáticos. 2023. Disponível em


https://www.suapesquisa.com/economia/novos_tigres.htm. Acesso em: 14/06/2023.

TRICHES, Divanildo. A nova ordem internacional e a crise asiática. 1999. Disponível


em: https://www.abphe.org.br/arquivos/divanildo-triches.pdf. Acesso em:
14/06/2023.

IMF. Recovery from Asian Crisis and the Role of the IMF. Junho, 2000. Disponível
em: https://www.imf.org/external/np/exr/ib/2000/062300.htm#III. Acesso em
15/06/2023.

BAHRY, Thaiza Regina. A Crise Asiática e Suas Consequências para o Brasil. 2023.
Disponível em: https://www.abphe.org.br/arquivos/thaiza-regina-bahry.pdf. Acesso
em: 15/06/2023
BRYSON, Jay. Crise da Ásia completa 10 anos. In: G1, 2007. Disponível em:
https://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,AA1577051-9356,00-
CRISE+DA+ASIA+COMPLETA+ANOS.html. Acesso em: 17/06/2023.

EVAS, Trevor. Cinco Explicações para a Crise Financeira Internacional. Revista


Tempo do Mundo, V3, n. 1. 2011: Abril. Disponível em:
https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/6248/1/RTM_v3_n1_Cinco.pdf.
Acesso em 20/06/2023.

TCU. Ações do governo para reduzir os efeitos da crise - Exercício de 2009. 2009.
Disponível em:
https://portal.tcu.gov.br/tcu/paginas/contas_governo/contas_2009/Textos/Ficha
%201%20-%20Analise%20da%20Crise.pdf. Acesso em: 21/06/2023.

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