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Introdução

Olá investidor,

“Uma gripe nos EUA pode ser uma pneumonia em países emergentes”. Se você já
acompanha o mercado a algum tempo, provavelmente já deve ter ouvido essa
frase. E tem muita verdade nela, afinal o dólar é a moeda mais utilizada em
transações comerciais ao redor do mundo. Mas você sabe como se posicionar para
rentabilizar mesmo em meio a um possível cenário de recessão americana? É isso
que vamos te mostrar a seguir.

Para iniciar, é preciso entender a situação econômica atual dos EUA, e porque
tanto se fala em uma possível recessão com impactos globais. Para isso, faremos
um retrospecto que parte da expansão monetária ocorrida durante a crise sanitária
do COVID-19.
Situação dos EUA
Para incentivar o consumo e não deixar a economia parar durante o
distanciamento social do COVID, o governo americano imprimiu muito dinheiro,
muito destinado ao auxílio emergencial – apenas em junho de 2020 foi impresso
mais dólares do que nos 200 anos anteriores.

Como um dos maiores princípios econômicos, a impressão de dinheiro


eventualmente leva ao aumento de preço dos bens e serviços – o que também é
chamado de inflação.
Além disso, o Banco Central Americano (FED), injetou dinheiro nas empresas para
evitar demissões em massa, além de comprar títulos do tesouro e títulos lastreados
em hipotecas para ajudar a manter o mercado financeiro funcionando.

Esse movimento de impressão de dinheiro, também chamado de expansão


monetária, se repetiu em diversos países ao redor do globo. Principalmente pela
incerteza sobre quanto tempo a economia seguiria fechada por conta do
isolamento social. Portanto, nessa época a preocupação era fomentar o consumo.

A grande diferença – principalmente quando comparamos EUA com o Brasil – foi


que o FED além de ter impresso muito dinheiro, postergou o aumento da taxa de
juros por lá, gerando inflação. Para controlar o aumento da inflação, o FED iniciou
a escalada dos juros americanos. Caso você não conheça a dinâmica de alteração
na taxa de juros e impacto na inflação, consulte o quadro abaixo:

Juros vs. Inflação

A inflação é o aumento geral dos preços em uma economia. Pode ser


controlada através da taxa de juros, uma ferramenta que o Banco
Central utiliza para restringir ou acelerar o consumo. Ao reduzir a
taxa de juros, as empresas e as pessoas têm acesso a crédito a taxas
menores, consumindo mais e aumentando a produção do país. Já ao
aumentar a taxa de juros, o acesso a crédito é restringido, reduzindo o
consumo, e por consequência, os preços dos produtos – reduzindo a
inflação.
Com a inflação aumentando nos EUA, o FED precisou adotar uma postura mais
contracionista, aumentando a taxa de juros para diminuir o consumo, e assim
reduzir a inflação. Esse processo iniciou-se a partir de março de 2022. Abaixo você
pode conferir os repetidos aumentos na taxa de juros americana:

Como reflexo disso, a economia americana ficou menos aquecida, o crédito ficou
mais caro e reduziu a demanda por bens e serviços. Você provavelmente notou os
noticiários cobrindo demissões em massa em grandes empresas americanas, entre
outras posturas de cortes de gastos:
Teremos Recessão nos EUA?
Afinal, por que falam tanto de recessão nos EUA? Tecnicamente, uma recessão se
caracteriza por um período de declínio econômico temporário durante o qual o
comércio e a atividade industrial são reduzidos, geralmente identificados por uma
queda no PIB em dois trimestres consecutivos. Os EUA não estão de fato em uma
recessão, mas estão direcionados para uma por 2 principais motivos.
O primeiro sendo a escalada da inflação. O que os americanos compravam com
US$100 no passado, não compram mais atualmente.
A confiança do consumidor vai caindo, as vendas diminuindo e os investimentos
sendo cada vez mais impactados.
O segundo motivo é o aumento da dívida pública. Para honrar as contas públicas,
muitas vezes o governo recorre à emissão de dívida, ou seja, pega dinheiro
emprestado dos cidadãos e de instituições através da venda de Títulos Públicos, os
chamados Treasuries americanos.

Acontece que os EUA estabelecem um limite de emissão de dívida para controlar o


déficit orçamentário, e esse limite chegou muito próximo ao seu limite em maio de
2023.
Para manter o pagamento das contas públicas em dia, o governo acaba
aumentando cada vez mais o teto da dívida, para continuar pegando dinheiro
emprestado para não dar calote. No gráfico abaixo, podemos ver a evolução desse
teto. É válido notar que houve um aumento de 250% desde a grande crise que
afetou a economia mundial em 2008.
Mas como o governo americano está operando sem ter dinheiro e sem poder emitir
mais dívida? Basicamente, o governo está usando recurso de uma conta geral do
Tesouro. Podemos ver a diminuição do saldo dessa conta no gráfico abaixo,
deixando claro que no começo de 2023 essa conta tinha 550 bilhões de dólares e
hoje o saldo está na casa dos 50 bilhões.
Ou seja, esse saldo também está chegando ao fim. Toda essa situação causa
embates entre as alas políticas, que discutem se o teto de dívidas deveria ser
aumentado ainda mais ou não. Enfim, em junho de 2023 democratas e
republicanos entraram em acordo sobre o aumento do teto de dívidas até 2025.
Isso evita que o governo dê um calote nesse momento e dá respiro para a tensão
política, apesar de não resolver o real problema do crescente déficit nas contas
públicas americanas.
Investimentos Favorecidos

Em uma eventual recessão americana, considerando as circunstâncias atuais, 2


investimentos se destacam: O primeiro sendo o investimento em Treasuries, o
outro sendo o investimento em ouro.

Treasuries são títulos do governo americano, considerados extremamente seguros.


Apesar da elevada taxa de juros americana estar no patamar de 5% ao ano, e isso
parecer pouco para o investidor brasileiro acostumado com taxas de renda fixa
superiores a 2 dígitos, é preciso levar em consideração a variação cambial.

Nos últimos 10 anos o dólar variou em média 8,5% ao ano frente ao real. Isso
significa que o investidor tem uma expectativa de 13,5% ao ano quando se investe
em Treasuries, correndo risco soberano americano – um dos menores riscos no
mundo.
Ao investir em Treasuries americanos, os investidores estão sujeitos ao risco AAA,
o mais alto grau de rating. É importante ressaltar que há ainda segurança quanto ao
novo teto de dívidas, o qual oferece um horizonte mais folgado até 2025. Isso reduz
significativamente o risco de um calote, proporcionando um ambiente mais estável
para esse investimento.

Traçando um paralelo com o Brasil, mesmo com taxas atrativas, os investimentos


possuem um rating BB-, classificado como grau especulativo. Isso indica um maior
nível de risco em comparação com Treasuries americanos. Mesmo diante dos
rumores sobre uma possível recessão nos EUA, a opção de investir em Treasuries
continua sendo considerada mais segura do que a maioria dos investimentos no
Brasil.
Existe ainda o potencial de ágio ao investir em Treasures no momento atual.
Historicamente, a taxa de juros americana alcançou patamares elevados durante
crises passadas, como na bolha imobiliária em 2007 e na bolha da internet em
2000.

Esses momentos foram seguidos por uma redução das taxas de juros quando a
inflação diminuiu e a economia se recuperou. Ao investir em Treasuries com uma
taxa prefixada de 5% ao ano, o investidor pode se beneficiar de um possível ágio
quando a inflação cair e as taxas de juros voltarem a diminuir.

Outra opção atrativa para o investidor que deseja se proteger de uma eventual
recessão americana é o investimento em ouro. O ouro é conhecido há muito tempo
como um ativo seguro em momentos de turbulência econômica. Isso se deve à sua
natureza física, escassez e aceitação global como reserva de valor.
Em tempos de recessão, quando os mercados financeiros estão instáveis, o ouro
tende a ser procurado como um refúgio de preservação de capital, pois
historicamente tem mantido seu valor ou até mesmo se valorizado durante
períodos de crise.

Uma recessão nos EUA muitas vezes vem acompanhada de medidas de estímulo
econômico, como a impressão de dinheiro e a redução das taxas de juros. Essas
ações podem levar à desvalorização da moeda e ao aumento da inflação.

O ouro tem sido reconhecido como um hedge eficaz contra a inflação e pode ajudar
os investidores a preservar seu poder de compra e mitigar os efeitos negativos
desses eventos.
Uma maneira conveniente de investir em ouro é por meio de Exchange Traded
Funds (ETFs) que acompanham o preço do metal.
Existem ETFs específicos que oferecem alavancagem, ou seja, sua variação é
amplificada em relação ao preço do ouro subjacente. Por exemplo, um ETF em
ouro alavancado em 2x dobrará o retorno do ouro. Essa opção pode ser atraente
para investidores que buscam obter retornos mais expressivos em um ambiente
de recessão.
Conclusão
Em tempos de expectativa de recessão nos EUA, investir em ouro pode ser uma
estratégia sólida para proteger seu patrimônio e mitigar os efeitos adversos da
turbulência econômica, assim como investir em Treasuries americanos pode
oferecer uma rentabilidade interessante expondo o investidor a um dos menores
riscos do mundo.

No entanto, é fundamental considerar os riscos envolvidos em qualquer


investimento e buscar orientação profissional para fazer as melhores escolhas. A
boa notícia é que a Ável possui um núcleo especializado em investimento
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podem afetar a sua carteira de investimentos.

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