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Hiperinflação no Brasil

Como e por que aconteceu?

Hiperinflação no Brasil: Em síntese, a hiperinflação ocorre quando a inflação


fica muito alta e fora de controle. O período de hiperinflação no Brasil ocorreu
entre o final da década de 1980 e começo dos anos 1990. Naquela época, os
preços dos produtos e serviços aumentavam de forma constante. Por exemplo,
você poderia ir ao supermercado pela manhã e comprar um pacote de arroz
por um preço X, se você voltasse no outro dia, o preço do arroz certamente já
teria subido. Enfim, a hiperinflação corrói o poder de compra, pode provocar
recessão e desvalorização da moeda. 

O início da hiperinflação no Brasil: Foram várias as causas da hiperinflação


no Brasil e existem várias teses que buscam explicar os motivos técnicos que
causaram a hiperinflação. No começo dos anos 1960 a economia brasileira não
estava muito bem. Por exemplo, em 1964 a inflação batia os 90% ao ano. Já
na década de 1970, após um pequeno período de estabilização, o gasto
público foi enorme em várias obras do governo e teve início o endividamento
externo. Sendo que os empréstimos estrangeiros tinham como base
os juros flutuantes. Isso significa que eles variavam de acordo com as
condições econômicas. A questão é que o preço do petróleo subiu muito em
certos momentos da década de 1970, o que gerou um reajuste mundial. Além
disso, os EUA também aumentaram a taxa de juros. Isso fez com que
houvesse uma fuga de capital do Brasil, já que investir o dinheiro nos EUA se
tornou mais atrativo do que no Brasil. Na busca por melhorar as condições para
os investidores e para que fosse mais fácil exportar os nossos produtos, a
moeda foi desvalorizada em 30%. Isso fez com que as dívidas aumentassem
ainda mais.

A década perdida: Após o superendividamento a situação econômica do


Brasil só piorou. Em 1982 o governo lançou um programa de estabilização da
economia, mas ele não deu certo. As dívidas estavam bem altas e o FMI
interrompeu os empréstimos, por medo de calote. Outra atitude do governo foi
a emissão de títulos de dívida pública para captar recursos com os
investidores. Como esse era um investimento com risco muito alto, os juros
oferecidos eram bem altos. Afinal de contas, se o retorno não fosse alto,
ninguém iria querer se arriscar. Como os títulos públicos estavam oferecendo
juros altos, o investimento do setor privado migrou para o setor público. Isso
porque, a rentabilidade oferecida no setor público era mais alta. Como ninguém
mais investia na indústria, houve o aumento do desemprego. Entretanto,
comprometer as contas com juros altos que cresciam de acordo com a inflação
foi outro erro grave. Desse modo, a dívida interna subiu para 50% do PIB, o
que piorou mais ainda os prazos de pagamento. Em resumo, a economia
estava travada e o Brasil estava sem crédito.

Planos: Vários planos foram postos em prática com a intenção de lidar com a
hiperinflação no Brasil. Alguns deles foram:
1- Plano cruzado. Com o Plano Cruzado, foram cortados 3 zeros do Cruzeiro.
Houve ainda o congelamento de preços. Dessa forma, os estabelecimentos
tinham que seguir uma tabela. Sendo que as pessoas podiam fiscalizar e
denunciar os locais que estivessem negociando produtos com preços acima da
tabela. Durante um tempo, o Plano Cruzado conseguiu segurar um pouco a
inflação. Mas isso não durou muito tempo. Isso porque, este Plano atacava a
consequência e a não a causa do aumento de preços.

2- Plano Verão: Com o Plano Verão as taxas de juros ficaram ainda mais altas
e o risco de calote da dívida pública subiu. Além disso, a indexação de preços
com base no índice passado da inflação também não conseguia impedir a
subida de preços. Por exemplo, o preço de um pacote de feijão ficava preso ao
valor da inflação do mês anterior. Logo, ele só poderia ser ajustado quando
fosse definido o novo valor da inflação do mês. No entanto, na prática, o preço
dos produtos subia todos os dias e a tentativa de segurar os preços não deu
certo.

3- Plano Collor: O Plano Collor também falhou ao tentar controlar a


hiperinflação no Brasil. Além de falhar, ele também agravou a situação ao
congelar as poupanças. Com essa medida, as pessoas não conseguiam
acessar seu dinheiro e a população entrou em desespero. Isso também gerou
maior desconfiança em relação ao governo.

A solução: Diversos planos foram postos em prática. Contudo, foi o Plano


Real quem conseguiu controlar a hiperinflação no Brasil. Alguns fatores que,
provavelmente, contribuíram para isso foram a renegociação da dívida externa
e o crescimento do PIB. Além disso, foi criada a Unidade Real de Valor (URV).
Em síntese, a URV é uma unidade de medida que era atrelada ao dólar e
servia como parâmetro para a economia. Dessa forma, mesmo que os preços
estivessem em Cruzados, eles seguiam a tabela fixa da URV. Em 1994, o URV
se tornou o real. Por causa dos programas de privatização, o governo tinha
uma reserva cambial e com isso ele conseguiu segurar o câmbio do dólar em
relação ao real. Isso ajudou a pagar dívidas externas.

Teremos hiperinflação no Brasil novamente?


Não podemos ter certeza de que o Brasil não terá de novo um período de
hiperinflação. Ou seja, existe sim a possibilidade de vivermos um cenário de
hiperinflação no Brasil. Inclusive, hoje existem países passando por este
cenário. Um exemplo disso é o Sudão que fechou 2021 com 340% de inflação.
Vale destacar que não existe um número mágico para a inflação. O que
sabemos é que uma inflação muito alta ou muito baixa é prejudicial para a
economia. Acontece que se a inflação for alta, as pessoas perdem poder de
compra. Por outro lado, se a inflação for negativa ou perto de zero, a produção
pode ser impactada e pode ocorrer o desaquecimento da economia.

Seja como for, não precisamos ficar alarmados sobre a possibilidade de


hiperinflação no Brasil, no momento. Até porque, este cenário não acontece de
uma hora para outra. Este é um cenário que vai se construindo aos poucos.
Além disso, ele costuma ter diversas causas.

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