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Governo Dilma - Governo Temer (AULA 24)

➢ Dilma inicia o governo num contexto de crise internacional, principalmente nos EUA
e na Europa
➢ EUA estavam fazendo expansão monetária para conter a crise, mas não estava dando
certo. Por qual motivo? Os capitais no mundo globalizado não se prendem no país, e
circulam para onde for mais interessante. O capital vai para o lugar que for mais
rentável, para o lugar com taxas de juros mais altas, por exemplo. Então injetar
dinheiro na economia não adianta tanto por si só. Veja tsunami monetário no Brasil,
por ex
➢ A Europa fazia políticas macroeconômicas de maior caráter keynesiano. Expansão
monetária e políticas fiscais expansionistas, além de aumento dos gastos públicos.
Ainda assim não surtia o efeito desejado.
➢ Sobre a crise na Europa: tinha o aspecto da fuga de capitais em busca de rentabilidade
mas também tinha a necessidade de resolver problemas nos sistemas bancários
nacionais.
➢ Alguns países europeus enfrentavam, particularmente, desequilíbrios
macroeconômicos internos. Portugal passava por estagnação econômica, Espanha
enfrentava uma bolha imobiliária, e Grécia tinha problemas fiscais.
➢ A Grécia: russos investiram no Chipre, e bancos do Chipre compravam muitos títulos
da dívida grega. Entretanto, a dívida grega foi em parte perdoada por parte do FMI,
Banco Europeu e Banco Mundial, o que gerou problemas econômicos para os bancos
do Chipre.
➢ Começamos a exportar menos a partir de 2011. Problemas de balança comercial
então, e menos dólares entrando na economia. Saldo comercial vai lá pra baixo
➢ A reação então é aumentar a taxa de juros, e então vem mais dinheiro pro brasil
através do SCK (saldo da conta de capital). Tínhamos taxas de juro altas, em especial
comparando com de alguns países em crise
➢ Entra muito dólar, e então a taxa de câmbio fica valorizada. A partir de 2012 ela
desvalorizou lentamente, mas não a ponto de impedir a entrada de importados. Isso
era bom para países em crise, pois estavam vendendo seus produtos, mas ruim para
nossa indústria nacional, perdendo o duelo contra a estrangeira.
➢ Já tínhamos queda de exportações, mas surgem outros 2 problemas: queda no PIB
industrial e desemprego no setor, e saturação do consumo
➢ Queda no PIB industrial e desemprego no setor por conta de força de produtos
importados que entravam (taxa de câmbio valorizada e eficiência da indústria
estrangeira) e saturação do consumo por conta de famílias endividadas, realizando
aquele mesmo tipo de consumo desde o Lula I
➢ O governo então AMPLIA o intervencionismo: manutenção de isenções tributárias,
redução das taxas de juros ao consumidor, intervenção nos preços da energia elétrica,
expansão do crédito a empresas via BNDES, e lançamento do PAC 2 (Programa de
Aceleração do Crescimento 2)
➢ Consequências: a redução da taxa de juros ao consumidor não dá certo, porque
famílias já estavam endividadas; intervenção nos preços da energia elétrica atingiu a
rentabilidade das empresas e teve consequências no futuro; a expansão do crédito a
empresas gerou, indiretamente, pedaladas fiscais; e a soma de isenções tributárias
com maiores gastos públicos gerou desequilíbrio fiscal
➢ Essas questões econômicas internas: redução da exportação, aumento de gastos,
problemas na indústria, endividamento de famílias, desequilíbrio de gastos… Se
somaram às manifestações de 2013 e à Operação Lava Jato, produzindo mais
turbulências políticas
➢ Depois da vitória do PT, é anunciado que não existiria o superávit planejado, e sim
déficit. Se descobre que o governo pegou empréstimo junto a seus bancos, o que não é
permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Discutir essa lei é outro campo.

Governo Dilma - Governo Temer (AULA 25)

➢ Em 2014, a crise (iniciada em 2008) já apresentava melhoras. As economias estavam


voltando a funcionar normalmente, especialmente nos EUA e na Europa (destaque
para Alemanha)
➢ PIIGS continuam passando dificuldade, especialmente a Grécia
➢ Dilma, em meio à necessidade de lidar com uma forte oposição, substitui o
desenvolvimentista Guido Mantega pelo ortodoxo Joaquim Levy. O governo muda
completamente
➢ Joaquim Levy reagirá às políticas intervencionistas de Guido Mantega e também
tratar do desrespeito à LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal)
➢ O objetivo passa a ser a obtenção de superávit primário: liberalismo na mesa. Eu
arrecado mais para que então possa gastar
➢ Levy faz algumas propostas: aumento de impostos, elevação da taxa de juros e corte
nos gastos públicos. Todos são remédios amargos e recebem contestações.
➢ Levy adverte para a crescente redução do PIB industrial, com importados que
seguiam ganhando força enquanto a indústria nacional definhava
➢ Se você tem desequilíbrio fiscal, ou seja, gasta mais do que arrecada (ao menos nesta
situação), surgem duas opções: expansão monetária ou políticas fiscais / monetárias
contracionistas
➢ Expansão monetária pode ocasionar inflação, endividamento público ou até
enfraquecimento da moeda
➢ Políticas fiscais / monetárias contracionistas geram recessão.
➢ Levy foi pelo caminho contracionista, e a recessão de fato havia de chegar.
➢ Quando um partido que se apoia no apoio popular toma medidas econômicas
antipopulares, quem o apoiará?
➢ Impeachment vem: governo Temer entra em cena
➢ Neoliberalismo em pauta, tentará se resolver o equilíbrio fiscal “colocando ordem na
casa”, com menos gastos, foco no superávit primário e redução do tamanho do Estado
de maneira geral
➢ Se faz a reforma trabalhista, o teto de gastos públicos, a reforma da previdência
➢ Reforma trabalhista e teto de gastos são aprovados
➢ Redução das funcionalidades do Estado + recessão. De acordo com o neoliberalismo,
sairemos da recessão arrumando a casa, então obtendo superávit, e então podendo
investir
➢ Governo não queria gastar com infraestrutura, mas pra gastar comprando o congresso
foi rápido
➢ Michel Temer se manteve no poder com dificuldade, com diversas acusações de
corrupção, recessão, e péssimas escolhas ministeriais
➢ O enfraquecimento prévio do PT e a impopularidade de Temer abriram caminho para
a eleição de Bolsonaro, alguém que teria a política econômica de Temer mas a
popularidade que o PT tinha

Governo Bolsonaro e o Debate Econômico Contemporâneo (Aula 26 e Aula 27)

➢ Em 2019, o primeiro ano do governo Bolsonaro, o mundo tinha baixas taxas de


crescimento, incluindo a China
➢ Concentração de renda: grande problema mundial. Resultado, além da história do
capitalismo mundial, dos processos da globalização que acentuaram a desigualdade e
de novas tecnologias no mercado de trabalho
➢ Aumento da pobreza: mais pessoas de países pobres indo tentar alguma coisa em
outros países
➢ Esse cenário descrito nas linhas anteriores gera movimentos de questionamento à
ordem estabelecida: governos xenofóbicos, governos revisionistas, governos
imperialistas…
➢ Além disso, surgia a guerra comercial entre EUA e China, capitaneada pelo presidente
americano Trump
➢ China e Rússia juntas contra EUA
➢ Paulo Guedes de ministro da economia: o Brasil mais liberal do que nunca, talvez
➢ Paulo Guedes vê o déficit primário, a dívida pública e o tamanho do setor público.
Como liberal, tenta superávit primário, reduzir a dívida e reduzir o Estado. Busca
reformas estruturais do setor público
➢ Reforma da previdência, reforma tributária e reforma administrativa são tentativas de
Guedes em prol da reforma do setor público
➢ O baixo crescimento econômico brasileiro e então a baixa inflação fazem com que o
Banco Central possa reduzir a taxa de juros, uma redução sem precedente histórico.
Entretanto, surge um trade-off estrutural entre taxa de juros menor e taxa de câmbio
maior. Lembre: quanto maior a taxa de juros, mais dólares entram no país, e o reverso
é verdade. Menor a taxa de juros, maior a taxa de câmbio. Tem menos dólar, ele fica
mais valorizado.
➢ Taxa de juros menor, taxa de câmbio maior. Menos dólares no país, mais escasso,
mais valioso
➢ Assim, podemos dizer que a taxa de juros se comporta de forma inversa à inflação e a
taxa de câmbio. Ou seja, quando a taxa de juros sobe, como exemplo o aumento da
taxa Selic, a inflação do país tende a diminuir, bem como a taxa cambial, valorizando
a moeda nacional.
➢ O efeito infacionário advindo da desvalorização do câmbio agora tem 2 causas: o
encarecimento de produtos importados em moeda nacional (causa clássica) e o
encarecimento de produtos nacionais de exportação por conta de mercados
globalizados (mercados globalizados)
➢ Dólar embarcado: dinheiro que a Vale do Rio Doce recebeu e não precisa trazer de
volta de fora. Empresas pegaram lá fora e o dinheiro fica com elas.
➢ Dólar contratado: o dinheiro que volta pro Brasil, trocado com a autoridade
monetária. Dinheiro que volta pro Brasil.
➢ Por que manter dólar fora do Brasil? Por conta de possíveis graves alterações na
conjuntura nacional. Na eleição deixaram os dólares fora.
➢ Boca de jacaré: diferença entre as exportações embarcadas e o câmbio contratado e o
câmbio embarcado. Aumenta quando as companhias exportadoras deixam seu
dinheiro longe do Brasil. É algo possibilitado pela globalização.
➢ Pra piorar: vem a COVID-19 e freia absolutamente o ritmo das atividades
econômicas. Derruba a oferta agregada e a demanda agregada
➢ Por que PIB caiu tanto depois de 2015: recessão, endividamento de famílias,
enfraquecimento da indústria nacional, redução da quantidade de exportações,
quantidade maior de dólar embarcado, COVID-19…
➢ Bolsonaro, às vésperas da eleição, realizou uma série de medidas que produziram
maior intervencionismo estatal, como subsídio ao preço dos combustíveis,
contrariando aspectos liberais que permearam o seu governo inteiro. Outras ações
tomadas foram a antecipação do 13º e a expansão do Bolsa Brasil
➢ Essas medidas intensificam o debate entre equilíbrio fiscal e equilíbrio social. Menos
equilíbrio fiscal, mais equilíbrio social, e vice-versa
➢ Agora, o debate econômico contemporâneo
➢ As forças do mercado não são capazes de resolver a desigualdade. Não de forma
natural. É necessário, portanto, a intervenção estatal, para que haja um combate à falta
de igualdade
➢ Estado regulador, Estado investidor, Estado gestor
➢ Qual a solução? ESG? Apenas regulação?
➢ Opções para a formação de preços: a) administrados, com baixa influência pois
dependem da inflação anterior b) tradables, com influência indireta via taxa de
câmbio; c) non tradables, com maior influência
➢ Taxa de juros aumenta, custos aumentam, preços aumentam
➢ In = Ir + P (em oposição a M.V = P.Y)
➢ André Lara Resende e John Cochrane defendem que juros altos podem contribuir para
o desequilíbrio fiscal.
➢ Quando o Banco Central eleva a taxa de juros, a inflação não cai, mas aumenta
➢ Com desequilíbrio fiscal, vem o aumento da dívida pública. Eu gasto mais do que
arrecado, então precisarei pegar dinheiro emprestado
➢ Taxa de juros alta: mais gasto pagando o juros, menos dinheiro para investir no país
➢ Taxa de juros aumenta, taxa de câmbio tende a reduzir. Mais dólares em circulação, o
dólar fica menos caro
➢ Obs: entre 2017 e 2021, a redução da Tx. de juros influiu na elevação da Tx. de
câmbio para novos patamares, acima de R$5,00.Menor taxa de juros, maior taxa de
câmbio
➢ Quando a taxa de juros sobe, a moeda doméstica tende a se valorizar (o dólar fica
mais barato frente ao Real), diminuindo o nível de preços dos bens comercializáveis
internacionalmente quando expressos em moeda nacional.
➢ Taxa de juros alta REALMENTE tem eficácia anti-inflacionária? De acordo com Lara
Resende e John Cochrane, não. E juros altos, para eles, contribuem para desequilíbrio
fiscal. Além disso, juros altos impedem que o Estado possa gastar dinheiro em outras
coisas.
➢ Olho em alguma questão sobre manter juros altos ou diminuir
➢ Os empresários e as firmas vão acabar repassando essas altas taxas de juros e períodos
de recessão aos consumidores.
➢ Expansão monetária pós Crise de 2008 e baixa inflação mundial: teve expansão
monetária grande e ainda assim pouca inflação no mundo. Talvez por conta da
volatilidade do dinheiro no mundo globalizado?
➢ Dívida pública japonesa e juros reais negativos: A enorme dívida japonesa e os juros
reais negativos dão facilidade pro governo japonês se financiar
➢ Digitalização de moedas soberanas x criptomoedas
➢ Teoria monetária moderna é viável?
➢ Premissas da MMT: “ancorar” o preço dos trabalho com salários, “ancorar” o preço
do capital com juros, e “ancorar” o preço internacional da moeda com a taxa de
câmbio
➢ Câmbio flutuante ou administrado? Com o flutuante, existe impacto negativo nos
setores menos competitivos, como o agro brasileiro. Com o administrado, tem a
questão da necessidade de ter reservas. Ficou difícil com a gradual redução da SELIC
a partir de 2017, porque passamos a receber menos dólares, e então ficamos com
menos reservas. Precisa-se de reservas no administrado porque elas compensam
qualquer desigualdade natural.
➢ Doença holandesa: exportação de matérias-primas produz um aumento na receita, e
então a moeda local se valoriza, o que prejudica a exportação de bens manufaturados.
➢ Com a financeirização internacional possibilitada pela globalização, os países
perderam autonomia sobre suas moedas, e sobre suas políticas econômicas. O
mercado tem mais poder de fala do que nunca
➢ Países do G7 taxando multinacionais: primeiro passo para um pacto global? DIfícil,
pois seria atacar princípios basilares do capitalismo.
➢ Qual a nossa vantagem, no Brasil, de ter grande produção de commodities, se os
preços são globalizados? O que ganhamos, nacionalmente, produzindo muita comida
e muita gasolina, se ainda pagamos preços caros? Vale a pena ter o agronegócio como
locomotiva econômica brasileira, e não algum outro setor da economia, como a
indústria?

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