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AULA 06
Reformas do Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG). A Importância das reformas do PAEG para a
retomada do crescimento em 1968
➢ CONTEXTUALIZAÇÃO:
→ Início dos anos 1960: dificuldades e instabilidades do período, marcada pelo crescimento e
consolidação da indústria no Brasil, tratado na literatura como “Consolidação do Plano de
Substituição das Importações”, que é o Plano de Metas.
→ Planos de Metas: funciona bem, exceto por um mal desenho dos financiamentos, que geram para o
Brasil dois problemas macroeconômicos grandes:
▪ Alta Inflação, superior a 30% nos anos finais.
▪ Manutenção dos problemas de pressão sobre o balanço de pagamentos.
→ Jânio Quadro: Em 1961, tenta colocar plano ortodoxo de combate à inflação que dura apenas 8
meses.
→ Jango: convida Celso Furtado, e eles desenham o Plano Trienal, com objetivo de manter as taxas de
crescimento e conter a inflação. Rapidamente o plano é alterado com a piora da questão política do
Brasil. Jango reforça a ideia de desenvolvimentos mais efetivo pelo Estado, aumentando salário
mínimo e salário se servidores, para se fortalecer via apoio popular.
→ Golpe de 31 de março de 1964.
→ Até 1961/62 o Brasil cresce bem em aspectos gerais, devido à inercia do forte crescimento
industrial pós Plano de Metas.
→ Em 1963, uma taxa de crescimento de 0,6% para os patamares da economia brasileira na época,
onde a população crescia 3% ao ano, significou queda de PIB per capita, com uma queda econômica
relevante.
→ 1953-1960 se mantém a inflação e se acelera após o Plano de Metas.
→ Crise se 1963-1967:
▪ Desaceleração do crescimento econômico (PIB - %)
▪ Elevação Inflação
▪ Desaceleração produção industrial
→ Explicações para a crise: 4 focos principais
▪ Econômico vs Político
▪ Estrutural vs Conjuntural
→ ASPECTOS POLÍTICOS:
✓ CRISE CONJUNTURAL POLÍTICA => INSTABILIDADE:
▪ Presidente Jânio Quadros e Vice João Goulart: eram de coligações rivais, o que gerava uma
polarização política.
▪ Renúncia, parlamentarismo , retomada do presidencialismo.
▪ Ambiente de dificuldades para governar, com clima polarizado e trocas constantes de
ministros.
▪ Essa instabilidade dificultou a manutenção de uma política econômica coerente por parte
do governo e a tomada de decisão sobre investimentos privados no país
→ ASPECTOS ECONÔMICOS
✓ CRISE CONJUNTURAL ECONÔMICA => POLÍTICA ECONÔMICA RECESSIVA (combate à inflação):
▪ JK e Plano de Metas => aceleração da inflação (ao menos até 1967), com inércia
inflacionária e do crescimento.
▪ Necessidade de controlar gastos públicos, redução crédito e excessos política monetária.
▪ Seca: problemas climáticos que afetaram setor agrícola e de geração de energia elétrica.
▪ Dificuldade de combater a inflação se eleva pelo período de instabilidade política e poucos
recursos (política monetária) para controle efetivo.
✓ CRISE ESTRUTURAL ECONÔMICA => ESTAGNAÇÃO/ CRISE CÍCLICA ENDÓGENA/ INADEQUAÇÃO
INSTITUCIONAL
✓ Estagnação => redução das taxas de crescimento refém do esgotamento do dinamismo do PSI
(substituição das importações).
o Capacidade limitada de crescimento após grande processo de substituição.
o Redução dos retornos dos investimentos no processo industrial.
o PSI é um processo concentrador de renda, passando a limitar o processo de expansão do
mercado consumidor. Modificação muito rápida da economia faz com que não haja o
mesmo efeito de expansão após novos estimulos de crescimento.
o Falta de escala para renovação dos setores Bens de Capital e Bens intermediários:
Mercado consumidor => demanda primária => demanda derivada.
Demanda doméstica eleva demanda por bens manufaturados que eleva demanda por
bens de capital. Oferta crescendo mais do que a capacidade de absorção, faz com que
os investimentos baseados na espectativa de crescimento diminua.
Processo concentrador de renda limita demanda primária e a demanda derivada
precisa de escala pra se viabilizar => processo de redução do dinamismo.
✓ Cenário econômico de 1964-1967 => cenário de estagflação, ou seja, a inflação acelerando com o
crescimento econômico desacelerando.
✓ Necessidade de um Plano Econômico que atacasse ambas as frentes:
o Reduzir Inflação
o Elevar taxa de crescimento econômico
Objetivos aparentemente contraditórios.
→ Objetivos:
▪ Acelerar ritmo crescimento econômico;
▪ Conter processo inflacionário
▪ Atenuar desequilíbrios setoriais (e regionais);
▪ Aumentar nível de Investimentos
▪ Corrigir desequilíbrio externo
▪ Ação:
o Redução déficit público via amento arrecadação (reforma tributária) + controle dos gastos.
o Restrição ao crédito (aumento dos juros => aumento passivo das empresas => falências e
concordatas.
o Política salarial => criação política salarial para determinação dos reajustes dos salários.
Ideia de aumentar o poder de compra com o aumento da produção. Se o salário se descola
da produtividade, gera diminuição do poder de compra e aumento da inflação.
→ Reformas:
o Reforma Tributária => arrecadação e capacidade de financiamento do crescimento.
o Reforma Monetária e Financeira => organização e capacidade de geração de poupança.
Criação do Banco Central (1964).
o Reforma da Política Externa => atração do capital estrangeiro.
✓ 4 grupos de medidas:
▪ Instituição da correção monetária e criação da ORTN (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional)
▪ Conselho Monetário Nacional e do Banco Central
▪ Criação do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e do Banco Nacional Habitação (BNH)
▪ Reforma do mercado de capitais
I) Instituição da correção monetária e criação da ORTN => Estratégia de convívio com inflação.
Inflação deixa de ter um efeito deletério em relação aos contratos dos governos. Indexação.
▪ Correção monetária:
o Possibilitava a prática de taxas de juros reais (taxa juros nominal – inflação),
anulando Lei da Usura. Se tivesse uma inflação menor do que a indexação anterior,
havia a possibilidade de taxa de juros reais.
o Estímulo à poupança => ampliando capacidade de financiamento da economia.
▪ ORTNs: Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional
o instrumento de financiamento do déficit público (evitando emissão de moeda).
o Instrumento de operações de mercado aberto (controle base monetária).
o Possibilita retirr dinheiro do mecado para financiar o Estado, o que tem por
consuequência um mecamismo de controle de juros.
▪ Lei do Mercado de Capitais => emissão de títulos para correção de ativos privados.
▪ Isenções para empresas emissoras de ação, visando dinamizar a economia com
possibilidade de capitação pelo setor privado.
II) Conselho Monetário Nacional e do Banco Central => condução independente da Política
Monetária. As decisões são feitas pelo Consalho, e são executadas pelo Banco Central.
▪ CMN: Conselho Monetário Nacional que tem como braço operacional o Bacen.
▪ Substitui a SUMOC
▪ Definição de regras e objetivos de políticas monetária: Base monetária, regulação
sistema financeiro, valor da moeda, equilíbrio Balanço Pagamentos, zelar pela solvência
e liquidez do sistema financeiro, política monetária, creditícia, orçamentária e da dívida
pública.
▪ Membros / Participantes:
o Ministro da Economia (Presidente do Conselho)
o Presidente do Banco Central do Brasil
o Secretário Especial da Fazenda
o Alguns diretores do Bacen.
▪ Bacen:
o Substitui Carteira de Câmbio e Redesconto do BB e o Serviço de Meio Circulante
do Tesouro Nacional.
o Agente executor da política monetária. As diretrizes cabem ao CMN.
o Banco do Brasil (BB) com agente bancário do governo. Fornece crédito agrícola,
faz o pagamento de servidores pelo BB, etc.
o Atualmente é independente. Não é mais o Presidente da República que define o
Presidente do Bacen, que passou a ter mandato fixo.
o Funções:
monopólio de emissão;
banqueiro do governo;
banco dos bancos;
supervisor do sistema financeiro;
executor da política monetária; e
executor da política cambial e depositário das reservas internacionais.
Garantir a estabilidade do poder de compra da moeda, zelar por um sistema
financeiro sólido, eficiente e competitivo, e fomentar o bem-estar
econômico da sociedade.
▪ Problemas (desajustes):
o Subordinação do Bacen ao CMN (sem independência).
o Conta Movimento (linha de crédito entre BB e Bacen). No início, para transferir
recursos do BB para o Bacen para início da operação, mas acabou se tornando
linha de crédito do BB junto ao Bacen (possibilidade de expansão de crédito do
BB). Foi extinta posteriormente. No PAEG era uma fragilidade.
o Orçamento Monetário: Proagro, Proex, Funrural (Bacen com papel de banco de
fomento)
Mistura entre conta fiscal e conta monetária, o que contamina os
indicadores.
Orçamento fiscal poderia estar em equilíbrio por destinar o “rombo” à
conta monetária
Esse “rombo” seria coberto com emissão de moeda..
Mistura de política fiscal com política monetária.
III) Criação do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e do banco Nacional Habitação (BNH) => atacar déficit
habitacional com a urbanização do país nos anos 1960.
▪ SFH: Sistema que inclui BNH, Caixas Econômicas, Sociedades de Crédito Imobiliário
▪ BNH:
o Banco dos bancos no SFH.
o Regulamentar e fiscalizar agentes do SFH.
▪ Fontes dos recursos:
o Cadernetas de poupança
o FGTS: poupança compulsória que tem como finalizadade o finaciamento da construção
de habitações.
o Letras imobiliárias.
IV) Reforma do mercado de capitais => segmentação dos agentes financeiros (captação vs empréstimo).
Importante esta segmentação para um não prejudicar o outro em seus objetivos. Organização promovida
no PAEG, que dá credibilidade até hoje.
▪ Bancos comerciais: Operações de médio/curto prazo. As operações de varejo, para pessoas
físicas ou jurídicas, são de captação via depósitos a vista.
▪ Financeiras: agentes de crédito ao consumidor. Créditos de médio/curto prazo.
▪ Bancos de investimento: captação de depósitos a prazo, operações de longo prazo (além
operações mercado capitais como ações, debêntures, etc.).
▪ Banco de desenvolvimento: operações de fomento via repasse de fundos fiscais que fiannciam
estruturas que não são atendidas por bancos de invertimentos, nem por bancos comerciais.
▪ Demais instituições
o Bolsa de Valores e CVM => sob guarda do Bacen. Incentivos fiscais para dinamizar esses
segmentos como utilizar IR para adquirir cotas de fundos. Decreto nº 157
o Sistema Nacional Crédito Rural => operado pelo Banco do Brasil via fundos fiscais
o Segmentação dos agentes financeiros (modelo EUA)
3) Reforma da Política Externa => melhorar comércio externo e atrair capital estrangeiro para reduzir déficits no
balanço de pagamentos da economia brasileira.
→ Comércio externo => incentivos e organização
✓ Estimular exportações via inventivos fiscais (isenções IPI, ICM, IR)
✓ Estimular exportações via modernização órgãos públicos (Cacex)
✓ Eliminar limites quantitativos das importações
✓ Focar atuação de controle via tarifas
✓ Simplificação sistema cambial (eliminar incertezas da condução): abole os câmbios multiplos.
✓ Pós 1968: sistema de mini desvalorizações (ajuste da taxa de câmbio via diferença da inflação doméstica
e internacional). Se há mais inflação doméstica, há maior valorização da moeda em relação à taxa de
câmbio, o que facilita as exportações.
→ Atração capital estrangeiro => reorganização
✓ Reaproximação com a política externa norte-americana (Aliança para o Progresso), após o afastamento
ocorrido no Governo João Goulart.
✓ Renegociação dívida externa.
✓ Acordo de Garantias para capital estrangeiro.
✓ Canal com sistema financeiro internacional:
▪ Lei 4.131 => acesso de empresas brasileiras ao sistema internacional
▪ Resolução 63 => organiza a captação no exterior por bancos comerciais e de investimento para
mercado doméstico (processo de internacionalização financeira)
→ LEITURAS:
Leitura obrigatória: BAUMANN, R. (2016). Capítulo 4, item 4.8, 4.9; GREMAUD, A.P; VASCONCELLOS, M. A.S;
TONETO JUNIOR, R (2007), capítulo 15
Leitura complementar: GIAMBIAGI, F; BARROS DE CASTRO, L., VILLELA, A.A., HERMANN, J. (2016). Capítulo 3
Leitura avançada: ABREU, M.P (2014), capítulo 9, 10