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VOLTA REDONDA
2023
A inflação é um fenômeno econômico que afeta a estabilidade e o poder de compra
de uma economia. No Brasil, o período compreendido entre 1960 e 2000 foi marcado por
altos índices inflacionários, que geraram instabilidade econômica e impactaram a vida
dos brasileiros. Neste trabalho, vamos explorar a trajetória inflacionária no Brasil ao
longo dessas quatro décadas, identificar os principais fatores que contribuíram para a
inflação e discutir as consequências desse fenômeno.
Crescimento do Crescimento da
Ano lnflação
PIB produção industrial
1961 8,6 11,1 33,2
1962 6,6 8,1 49,4
1963 0,6 -0,2 72,8
1964 3,4 5,0 91,8
1965 2,4 -4,7 65,7
• Déficit público: para reduzir o déficit público, houve redução dos gastos
e ampliação das receitas. Para isso, foi feita uma reforma tributária e
aumento das tarifas públicas O impacto dessa medida foi redução do
déficit de 4,2% do PIB em 1963 para 1,1% em 1966.
O MIL AG RE E CO NÔ MI CO
Como podemos ver, o PIB cresceu de 9,8% em 1968 para 14% em 1973, e o
principal responsável pelo crescimento foi o setor industrial, isso porque as
reformas institucionais que foram feitas pelo PAEG e a recessão econômica do
período anterior geraram capacidade ociosa no setor industrial e as condições
necessárias para a retomada da demanda.éAlem disso, a economia mundial
cresceu consideravelmente.
Ao final do PAEG e início do milagre econômico, o diagnóstico da inflação
mudou, antes era o excesso de demanda considerado a variável responsável pelas
altas taxas de inflação. Naquele momento, no entanto, os custos e que foram
definidos como o principal determinante. Com a alteração da causa da
inflação, as políticas de contenção da demanda (monetária, creditícia e fiscal)
foram ficando mais frouxas. Somente a política salarial continuou restritiva,
pois era considerada um elemento do custo. Em 1968 foi criado o Conselho
lnterministerial de Preços (CIP) para controlar o aumento de preços.
A retomada do crescimento econômico, por sua vez, deveria ser feita via
investimentos em setores diversificados, com menor participação do
Estado. Assim, os principais resultados do período foram:
A década de 1970 se inicia, então, com o milagre econômico. Apesar disso, ela
não foi uma década, economicamente falando, estável. Logo no início, em 1973,
aconteceu o choque do petróleo, em razão do qual os preços do barril subiram
muito, tendo sido, também, rompido o acordo mundial que procurava estabilizar
as taxas de câmbio internacionais. O mundo, e claro, reagiu a esses
acontecimentos. Nesta seção veremos como o Brasil se portou diante desse quadro
Além disso, outros acontecimentos marcaram o período.
VII. Desregulamentação.
Diante da inflação intensa que diversos países sofreram a partir do final dos anos
1970, a política do choque heterodoxo foi aplicada em vários casos,
destacando-se a Argentina, Israel, Bolivia e Brasil.
Plano Cruzado
O primeiro plano de estabilização econômica da década de 1980 foi o
Cruzado, sendo implementado no governo Jose Sarney no dia 27 de
fevereiro de 1986, por meio do Decreto-Lei n. 2.283. Esse plano tinha
como objetivo principal combater a inflação.
Plano Cruzado II
Plano Bresser
Após o fracasso do Plano Cruzado e de diversas sequelas para a economia
brasileira, no dia 16 de junho de 1987 foi lançado um novo plano
econômico, o plano Bresser, com elementos ortodoxos e heterodoxos,
além de características positivas do Plano Cruzado.
V. Congelamento de alugueis.
VI. Contratos pós-fixados não foram alterados, ao passo que, para os contratos pré-
fixados, foi introduzida a chamada tablita com desvalorização de 15% ao mês.
VIII. Políticas monetária e fiscal com taxa real de juros para evitar a especulação com
estoques e o consumo.
O Plano Bresser não conseguiu conter a inflação por muito tempo e, assim
como o Plano Cruzado, somente inicialmente surtiu efeito. Os impactos do
plano foram a recuperação da balança comercial e a queda significativa da
produção industrial. No entanto, ele não conseguiu conter a aceleração
inflacionária conforme podemos verificar na Tabela 6.
Como pode ser verificado na Tabela 6, o Plano Bresser foi criado quando
a taxa de inflação estava em 25,88% ao mês. Após sua implementação, a taxa de
inflação reduziu consideravelmente para 9,33% em julho e 4,5% em agosto.
Porém, a partir de setembro de 1987, ela voltou a aumentar.
Plano Verão
Maílson da Nobrega assumiu o Ministério da Fazenda em dezembro de 1987
e adotou o que ficou conhecido como política feijão com arroz, já que
nenhuma
mágica seria feita, rejeitando-se, portanto, choques heterodoxos de combate à
inflação. A política do ministro tinha como objetivos estabilizar a inflação a uma
taxa de 15% ao mês e reduzir o déficit operacional de 8% para 4% do PIB.
II. Salários foram convertidos pela média dos últimos doze meses
mais a aplicação da Unidade Referencial de Preços (URP) de
janeiro.
O Plano Verão foi curto e o governo não fez nenhum ajuste fiscal, o
que fez com que os déficits publicos continuassem elevados e
crescentes. Em termos políticos, a negociação com o Congresso para
aprovar cinco anos de mandato do presidente impediu quaisquer medidas
mais severas e, em 1989, aconteceria a primeira eleição direta para
presidente após o golpe militar, motivo pelo qual nenhuma medida
impopular seria aceita. O impacto foi o aumento da inflação para 80%
ao mês no último mês do governo.
As reformas estruturais
As reformas feitas por Collor tinham como objetivo romper com o modelo
de crescimento brasileiro anterior. Na época, o crescimento econômico estava
associado a politica de substituição de importações e de incentivo à
exportação. Assim, podemos relembrar, que o modelo do pós-guerra até
início da década de 1990 foi marcado pela participação direta do Estado na
infraestrutura e em setores prioritários - como siderurgia, mineração e
petroquímica - , proteção à indístria nacional e financiamento de novos
projetos, através de crédito relativamente fácil. Já as reformas propostas por
Collor estavam relacionadas à abertura comercial e financeira da economia
brasileira e ao processo de de privatização e essa seria uma condição essencial
para que a economia se estabilizasse, mas não foi bem isso o que aconteceu.
Assim, a possibilidade de mudança levava a reações que não eram a favor das
políticas, o que as tornavam inviáveis; ou seja, a possibilidade rápida da
monetização das aplicações financeiras levava ao aumento da demanda de bens
de consumo, de ativos reais e de risco, razão pela qual a inflação aumentava.
Outra consequência era a desvalorização cambial em razão do aumento da
demanda por produtos importados.
Gremaud, Vasconcellos e Toneto Junior (2011) explicam que a "fuga" dos ativos
financeiros em função da queda na taxa de juros nominal é causa por:
III. lnflação alta os preços variam e fazem com que a correção monetária
funcione como um hedge.
Para que os fatos citados acima não ocorressem e para que se evitasse
a especulação, era necessário que o governo mantivesse a taxa de juros
alta e estável. Para isso, é dada a situação do país naquele momento, o
instrumento com o qual o governo contava eram as operações de
mercado aberto ou open market.
Do ponto de vista externo, em razão das altas taxas de juros e com uma política
cambial definida na manutenção da taxa de câmbio real, combinadas com a
abertura financeira e com um cenário de desaquecimento internacional,
promoveu- se a entrada de capital externo no Brasil e, consequentemente, houve
elevação das reservas (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JUNIOR,
2011).
O impacto negativo foi o aumento da dívida pública, uma vez que a entrada
de recursos externos pressionava a expansão monetária e, para que não houvesse
valorização cambial, eram lançaados títulos públicos no mercado.