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UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Discente: Ana Carolina de Souza Inácio


Disciplina: História do Brasil IV
Texto : Milagre Brasileiro; antecedentes e principais consequências econômicas
Autor: Wilson Cano

FICHAMENTO

INTRODUÇÃO

O autor parte da premissa de que o período demarcado como milagre


econômico, ocorreu devido às mudanças feitas na economia brasileira, observando
um crescimento em setores das indústrias de base que trouxeram transformações
nas estruturas de diversos segmentos do mercado interno e externo, ocorrida entre
1967- 1974.

Antecedentes:

Após a crise de 1929 o Brasil vinha sofrendo mudanças em sua economia


onde se tinha uma migração de mercado exportador de produtos agrícolas para
matérias primas industriais, este novo padrão ainda sofria uma dependência do
processo de exportação anterior pois segundo o autor, as produções de bens ainda
recentes dependiam do mercado externo e também uma forte presença do setor
agropecuário como principal fonte de exportação. É no segundo governo de Vargas
que haverá restrições no mercado, optando assim por uma industrialização pesada,
nacional que traria uma certa autonomia da produção desses bens, porém esse
processo de industrialização encontrava dificuldades de ser implantada devido a
Segunda Guerra Mundial estar ocorrendo, levando a pressões que resultam em
inflação, contudo na pós guerra se tem um aumento na economia o que para Vargas
seria um bom momento para criações de empresas estatais, esse avanços na
urbanização traria não só benefícios para o que estava por vir no governo de
Vargas, mas também trouxe pontos negativos onde os que tinham como sua fonte
principal a agricultura, se viu na necessidade de se deslocarem, ocorrendo assim
migrações.
O autor propõe que olhemos para as transformações de foram ocorrendo ao
longo dos anos que prepararam todo um cenário propício para a implementação de
uma industrialização, onde o capital já não mais se concentrava nas exportações,
mas em esforços de criar uma estrutura para investir nas políticas nacionais, porém
essas transformações só foram possíveis através de incentivos fiscais,
empréstimos, o que gerou para os anos seguintes dívidas das quais iriam gerar
consequências, apesar de esforços para se ter um país industrializado outros
setores foram sofrendo diminuição de investimentos o que gerou também
transtornos para a economia brasileira.

Milagre

O período da História do Brasil entre os anos de 1969 e 1973 foi marcado por
forte crescimento da economia. Nesta época o Brasil era uma Ditadura Militar,
governado pelo general Médici. O termo “milagre” está relacionado com este rápido
e excepcional crescimento econômico pelo qual passou o Brasil neste período. Este
crescimento foi alavancado pelo PAEG (Programa de Ação Econômica do Governo)
implantado em 1964, durante o governo de Castelo Branco.
No início da década de 1970, o Brasil alcançou índices de crescimento
econômico e aumento da produção industrial inéditos no país: a expansão do PIB foi
de 9.8% ao ano em 1968 para 12.5% ao ano em 1973 e o aumento real da
produção industrial de 1971 a 1973 foi da ordem de 14,3%. Conhecido por “milagre
econômico”, o período marcou também o auge da ditadura militar, então sob
comando do Presidente-general Emílio Garrastazu Médici. Apontado para o cargo
máximo do Executivo nacional por uma junta militar, tomou posse em 1969 e
exerceu o cargo até 1974. O espantoso crescimento econômico brasileiro do
período ocorreu vinculado ao projeto de desenvolvimento desigual e dependente
implantado pelos governos militares. Com o silêncio forçado dos sindicatos, a
política salarial ganhou flexibilidade suficiente para impedir que os ganhos da
indústria fossem partilhados pelos trabalhadores, impedidos pela ditadura de
ampliarem seus direitos e obterem melhorias salariais proporcionais ao crescimento.
O papel do Estado (via políticas públicas, financiamento direto, obras
públicas de infraestrutura, empresas estatais em pontos estratégicos) mostrou-se
crucial, tanto do ponto de vista do planejamento (por exemplo, através dos Planos
Nacionais de Desenvolvimento, que estabeleciam diretrizes para a economia e o
setor produtivo) como da execução (por exemplo, aumento da oferta de energia
para a produção industrial e o consumo direto, através da construção de
hidrelétricas), consoante aliás com o modelo de desenvolvimento abraçado pelos
governos militares.
Uma nova classe média urbana se expandiu, assim como o mercado de bens

de consumo (embora este não fosse usado como motor principal da expansão da

produção, ao contrário de outros países com um modelo econômico menos

excludente e dependente de capitais externos). Disseminados principalmente pela

televisão, novos produtos e modos de viver passaram a integrar os sonhos e o

cotidiano de famílias brasileiras em todo o território nacional.

CONSEQUÊNCIAS

Na crista do ciclo do crescimento, a economia brasileira tão dependente de


empréstimos estrangeiros, passou a enfrentar certa dificuldade quando uma forte
crise econômica abalou o cenário internacional: o choque do petróleo. Conflitos
entre países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep)
derrubaram a oferta do insumo entre 1973 e 1974, fazendo os preços quase
quadruplicaram no período, afetando países importadores como o Brasil.
Com a crise internacional de 1973, temos uma quebra deste modelo
econômico baseado no alto endividamento externo e, com isso, a economia vai
perdendo força. Como a estabilidade econômica era um argumento essencial para a
manutenção do governo militar, os economistas que faziam parte do regime optaram
por não abrir mão do modelo e decidiram que o país deveria continuar crescendo a
qualquer custo, mesmo que continuasse se endividando cada vez mais.
Foi nesse contexto que surgiu o segundo Plano Nacional de
Desenvolvimento (II PND), este ainda mais ousado que o primeiro, que investiu
especialmente na criação e expansão de empresas estatais. A Petrobras ganhou
subsidiárias, a usina hidrelétrica de Itaipu foi construída, mostrando o quanto a
geração de energia era uma bandeira importante naquele momento em que o Brasil
ainda não tinha uma matriz energética estabelecida e necessitava da importação
desse bem.
Os militares tinham planejamento a longo prazo e que a ideia inicial era de
que o país ficasse independente da importação de energia e começasse a gerar
renda com a sua produção própria, essa renda seria utilizada para saldar a dívida
externa. O plano deles, entretanto, não contava com a retração das maiores
economias que, em determinado momento, chegaram a cobrar a fatura. A crise se
prolongou mais do que o governo imaginava.
Mas a conta do crescimento desenfreado baseado em um alto grau de
endividamento ficou para a redemocratização. Ao deixarem o poder em 1984, a
dívida representava 54% do PIB segundo o Banco Central, quase quatro vezes
maior do que na época em que eles tomaram o poder em 1964, quando o valor da
dívida era de 15,7% do PIB. A inflação, por sua vez, chegou a 223%, em 1985.
Quatro anos depois, o país ainda não tinha conseguido se recuperar e ostentava um
índice de inflação de 1782%. No jargão econômico, costuma-se dizer que os
militares deixaram uma “herança maldita”.
Embora o regime tenha aparelhado muito bem grande parte do nosso parque
industrial, melhorando em aspectos técnicos e tecnológicos a infraestrutura, quando
veio a conta, a conta veio muito alta.

CONCLUSÃO

Nota se ao longo do texto o autor colocando em evidências fatos que antecederam


o milagre brasileiro, o momento que ocorre o “ milagre econômico" e suas
consequências, o autor como economista elabora esses traços que foram
fundamentais para se entender o que levou este termo e como o mesmo teve seu
fim, destacando suas preocupações com o desenvolvimento econômico brasileiro já
estavam presentes durante os anos do ‘Milagre Brasileiro’ (1967-1974) e da
tentativa do II PND, pois as excepcionais taxas de crescimento da renda não
escondiam, suas inevitáveis sequelas que a inflação, o desequilíbrio cambial, o
endividamento externo e a política salarial causariam à macroeconomia brasileira e
à regressiva distribuição da renda do país. A ‘crise da dívida’, a partir de 1979-1983,
encarregar-se-ia de explicitar essas sequelas”.
Com a imposição crescente das políticas neoliberais ao país, do governo Collor ao
governo de Fernando Henrique Cardoso. Cano passou a defender a produção de
um consenso político nacional que permitisse a formulação de uma estratégia
alternativa para o país. Dizia que era necessária a imediata e simultânea remoção
de uma série de constrangimentos internos e externos que impediram, e impedem,
a retomada do crescimento brasileiro com justiça social.

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