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1. Choque do petróleo
Resposta do governo: incentivo às estatais para se financiarem em moeda
estrangeira e propondo o II PND (como uma mudança estrutural).
O México decreta moratória da dívida externa e tenta criar um “clube dos devedores”
(atrair Brasil e outros países para negociação conjunta com os credores externos) para
forçar redução do principal devido, dado que o aumento da dívida era explicado
principalmente pela elevação de juro nos EUA. O Brasil não aceita entrar nessa com o
México.
O resultado imediato da moratória mexicana é uma contração imediata do crédito
pelos bancos privados, o que forçaria moratória dos países endividados, uma vez que
só conseguiriam rolar os passivos em vencimento tomando novos empréstimos. É
nessa condição de fim da rolagem automática, que os bancos vão buscar impor
negociação com o FMI e monitoramento dos pagamentos. O comando era do Estado
Americano: controlava o FMI, empréstimos-ponte do tesouro americano para o Brasil.
Enquanto isso, acerta-se uma renegociação da dívida e a transferência da
responsabilidade de monitoramento de programas de ajuste externo para o FMI.
Assim, o governo americano entrou com os empréstimos-ponte para evitar
moratórias, mas em troca exige negociação caso-a-caso monitorada pelo FMI, com
promessa futura de volta ao mercado voluntário. Esses programas de ajuste externo se
basearam em cartas de intenção do que os países devem fazer. Ajustes baseados na
austeridade monetária e fiscal (restrição enorme da soberania da política econômica
ao FMI), com exigência de superávit comercial (rédea curta).
O padrão de negociação da dívida que tem por objetivo impor programas que tenham
metas de saldo comercial com grande austeridade vai formar um cartel de credores (só
negociam em bloco e são organizados pelo FMI – orientação do governo americano).
Se o Brasil e o México não pagassem a dívida, o sistema bancário norte-americano iria
diretamente para a bancarrota, porque o volume de empréstimos feitos aos países
periféricos era maior que o capital dos bancos: poder-se-ia produzir uma crise
financeira mais rapidamente que na década de 1929 e 1930.
Era um objetivo geopolítico fundamental dos EUA evitar a transferência da crise para o
sistema bancário do sistema americano e de países desenvolvidos e jogar o custo da
dívida para os países endividados.
Oferecimento de empréstimos mínimos e involuntários para manter os países sob
rédea curta, sem poder acumular reservas. E se exige uma fragmentação dos
devedores: o cartel dos credores negociava caso a caso, prometendo o prêmio – para
os bem-comportados – de volta deles ao mercado. Dividir os devedores para reinar
sobre eles.
Os programas de ajuste exigiam metas de saldo comercial sem renegociação do valor
devido. Olha que sacanagem: foram os eua que causaram a elevação dessa dívida.
Esses acordos anuais regulados por cartas de intenção liberavam recursos à rédea
curta: se os países acumulassem reservas cambiais, tinham que transferi-las para os
bancos. As metas de pagamento da dívida seguiam a variação das próprias reservas
cambiais. Autonomia de política econômica extremamente limitada.