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II QUARITERÊ MUN

GUIA DE ESTUDOS CONSELHO DE DIREITOS HUMANOS (CDH) -


CRIMINALIDADE E A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO MÉXICO

II QUARITERÊ MUN

Conselho de Direitos Humanos (CDH) - Criminalidade e a violação dos Direitos


Humanos no México

DIRETORIA ACADÊMICA

Thainá Liberato
Leonardo Neto
Yuri Pinheiro

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México 1
II QUARITERÊ MUN

Sumário

1. Carta de Apresentação
a. Do comitê
b. Dos diretores
2. Conselho dos Direitos Humanos (CDH)
3. Contextualização Histórica
a. Governo do Partido Revolucionário Institucional (PRI)
i. 1920 até 1940 (Primeiros Anos)
ii. 1940 até 1980 (Milagre Mexicano)
iii. 1980 até 2000 (Queda do PRI)
1. Salinas e o Efeito Tequila
2. Queda democrática do PRI
b. Período Contemporâneo
4. Instabilidade socioeconômica
a. Pandemia de Covid-19
5. Crime organizado
a. História e desenvolvimento
b. Guerra ao Narcotráfico no Século XXI
6. Desrespeito a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH)
7. Crise de segurança
a. Feminicídio
b. Tráfico humano internacional
8. Panoramas
9. Questões a Serem Consideradas
10. Recomendações de Estudo
11. Referências Bibliográficas

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1. Carta de Apresentação

a. Do comitê

Prezados delegados e delegadas,

Sejam bem-vindos à Segunda Edição da Quariterê Model United Nations e ao


Conselho de Direitos Humanos (CDH). Durante as sessões, a questão tratada será
“Criminalidade e a violação dos Direitos Humanos no México”. Visando um bom andamento
do debate, é necessário que os senhores leiam atentamente o presente documento - o Guia de
Estudos - e o Guia de Regras , lembrando sempre que é indispensável realizar pesquisas
externas complementares a respeito do tema em geral. De forma alguma ele contempla todos
os assuntos necessários ou possui todas as respostas e verdades absolutas sobre este evento
histórico - embora tenhamos trazido um exímio repertório para os senhores.
Este comitê é uma reflexão de como os governos ascendentes na América Latina
estão em crise. O México é uma de algumas representações da crise que se espalha em países
que foram colonizados, assim, a sociedade mexicana com a Espanha. A transição dos
governos e um autoritário anterior, faz com que o choque de realidade seja uma crise
humanitária. O governo desrespeita a Carta dos Direitos Humanos, utilizando-se da opressão
policial a minorias e a qualquer tipo de oposição ao governo. As ditaduras da América Latina
agora se disfarçam em governos que não provém de direitos. Assim, o comitê irá discutir
como pode-se melhorar a situação em crise do México e como podem ajudar o país a sair
dessa crise tão grande como outros países da região.
Esperamos que os senhores mantenham o respeito e a cordialidade perante os outros
participantes, em todos os aspectos, seja com assessores de comunicação, delegados,
secretários, assim como para com os diretores. Para que tenham um bom desempenho, é
aconselhado que fiquem atentos aos horários das sessões e as demais atividades do evento,
assim evitando atrasos. Pedimos que as discussões sejam feitas com seriedade e
verossimilhança, a ponto de gerar uma experiência excepcional a todos os envolvidos.
A Mesa Diretora da CDH deseja a todos uma ótima experiência durante o evento e a
realização de um excelente trabalho e que, também, aproveitem essa enorme chance de
realização pessoal bem como um enriquecimento cultural e acadêmico a partir de uma
excelente preparação dos senhores. Por fim, colocamo-nos à total disposição para ajudá-los
caso haja quaisquer dúvidas sobre a Segunda Quariterê MUN ou acerca do tema que será

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abordado no comitê! Desejamos a todos uma boa preparação e agradecemos por terem
escolhido nosso comitê.

Atenciosamente,
Thainá Liberato,
Leonardo Neto e
Yuri Pinheiro.

b. Dos diretores

Oi gente! Eu sou a Thainá Liberato e tenho 16 anos. Sou de São José dos Campos -
SP e meu primeiro contato com simulações foi ano passado, em uma OMS da minha escola.
Depois disso, comecei a procurar meios de participar de simulações e conheci as online! É
um prazer fazer parte dessa equipe e dessa mesa. Felizmente, com o mundo online eu
consegui conhecer essas pessoas maravilhosas e ser mesa desse evento incrível. Qualquer
coisa que precisarem, podem me chamar.

Oi galera, meu nome é ​Leonardo Neto,​tenho 16 anos, moro em Brasília e eu serei um


dos diretores deste lindo comitê junto com a Thainá e o Yuri. Eu odeio começar textos sendo
clichê mas vamos lá! Eu poderia criar uma lista de como as famosas Model United Nations
foram significativas para mim mas infelizmente não tenho esse espaço (crises in simuleiro
language)​. Eu estou nesse complexo ​e viciante mundo de simulações diplomáticas há pouco
mais de um ano, em grande parte das minhas simulações, eu participei como delegado, então
sou novato como mesa mas, ainda assim, eu posso afirmar com toda a propriedade que
simular foi uma das melhores experiências da minha vida e me transformou por completo. No
entanto, eu sei que todas as experiências que eu tive foram maravilhosas porque uma equipe
trabalhou duro e agora, eu me sinto orgulhoso por estar fazendo parte de uma equipe que está
se esforçando para criar um espaço seguro e confortável para todos. Sinceramente, eu espero
que todos vocês, delegados, aproveitem ao máximo a Quariterê e levem-na em suas bagagens
como uma oportunidade de amadurecimento pessoal e crescimento acadêmico. Durante esse
evento, vocês podem contar totalmente com meu suporte, será um prazer ajudá-los, portanto,
não hesitem em me contactar. Estou ansioso para conhecê-los. Carinhosamente, Leo.

Oi, me chamo Yuri Pinheiro, tenho 18 anos e moro em Natal - RN. Eu conheci as
simulações a três anos atrás, no fim de 2018, e fui completamente conquistado pela ideia de

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se poder conversar e aprender sobre geopolítica de forma razoavelmente prática. Quanto à
política, eu evito cair na pegadinha de se limitar por um rótulo equivocado, mas termino
sempre me identificando como um social-democrata. Além do já dito, tenho alguns hobbies
mais “práticos”, eu malho a alguns anos, treino jiu-jitsu a poucos meses e jogo lol desde
meados de 2012. Finalizando, eu serei um dos diretores desse comitê e fico mais que honrado
de participar dessa simulação com vocês, espero muito que se divirtam.

2. Conselho dos Direitos Humanos (CDH)

Fazendo parte dos inúmeros órgãos da ONU, o Conselho dos Direitos Humanos foi
criado pelos Estados Membros do mesmo, para que reforce a Carta Universal dos Direitos
Humanos. O conselho foi criado em 2006, com oposição da delegação estadunidense,
substituindo a Comissão dos Direitos Humanos.
A sua composição é de 47 cadeiras divididas em: 13 para a África, 13 para a Ásia, 6
para a Europa Oriental, 8 para a América Latina e Caribe, e 7 para "Europa Ocidental e
Outros", que inclui a América do Norte, a Oceania e a Turquia. Por fins didáticos, o Conselho
da temática mexicana será com uma maioria latina para que o debate seja mais fluído e
menos desconexo.
Os principais conceitos do comitê são entender e ceder todo direito para a população
dos países que foram votados para estar lá e tentar colaborar com os mesmos que não estão
lá, respeitando sua soberania nacional. Seu lema é: “Assegurar que todas as pessoas
entendam seus direitos; Assegurar que todas as pessoas tenham os mesmos direitos; Verificar
se todas as pessoas podem usar seus direitos; Verificar o que os governos fazem para proteger
os direitos das pessoas em seus países; Verificar se os governos fazem o que eles
concordaram nas Nações Unidas.”
As suas sessões ocorrem pelo menos três vezes ao ano e com crises humanitárias, em
estado emergencial. Seus mandatos duram três anos no conselho, quando eleitos.
Relembrando que é um comitê da ONU que é recomendatório, assim, nenhuma das ações
será de incisão, apenas se for enviado a uma reunião extraordinária do Conselho de
Segurança das Nações Unidas, que tem seu poder decisório.
Ademais, o Conselho dos Direitos Humanos está aqui para reafirmar que esses
mínimos favores sejam seguidos na nação e que outros países consigam considerar e ajudar
do jeito que podem, avaliando a Carta e entendendo a necessidade de ajudar outra nação a
seguir parâmetros por eles mesmos impostos.

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3. Contextualização Histórica

a. Governo do Partido Revolucionário Institucional (PRI)

Em 4 de março de 1929, foi fundado o Partido Revolucionário Nacional ou Partido


Revolucionário Institucional que conquistou as instituições políticas e governamentais do
México durante um longo tempo, de 1929 até o final do século XX, especificamente. Esse
partido, também conhecido como a maior agremiação partidária mexicana de maior sucesso,
foi criado por Plutarco Elias Calles, uma figura política local importante e influente e ditador
dos Estados Unidos Mexicanos entre 1924 e 1928. O Partido Revolucionário Nacional foi
fundado com a finalidade de resolver no território mexicano as desavenças entre caudilhos e
as consequências da revolução mexicana (1910).
Em 1938, passou à denominação de Partido da Revolução Mexicana e assumiu a
identidade final de Partido Revolucionário Institucional em 1946. O Partido Revolucionário
Nacional possuía uma confederação independente de chefes políticos locais e homens fortes
militares agrupados em com sindicatos trabalhistas, organizações camponesas e partidos
políticos regionais. Nos primeiros anos, o partido foi fundamental para organizar e conter a
competição política entre os líderes de vários grupos revolucionários. Calles foi responsável
pela organização do partido e, através dessa função, ele debilitou fortes organizações
trabalhistas e comandantes militares regionais que operavam com grande autonomia ao longo
da década de 1920. Em 1934, Calles estava no controle total do governo mexicano.

i. 1920 até 1940 (Primeiros Anos)

O Partido Revolucionário Institucional foi criado pelo ex-presidente Plutarco Elias


Calles e seus seguidores em um período turbulento. Os Estados Unidos Mexicanos se
encontrava em um período de conflito com a Igreja Católica Apostólica Romana ou guerra
cristera. A guerra cristera foi um conflito armado entre os fiéis católicos e o governo
mexicano sobre o direito à liberdade religiosa. A guerra se resumiu em uma resposta às
agressivas medidas impostas pelo presidente Calles para erradicar a Igreja Católica do
México.
O México tem uma longa história de perseguição religiosa contra a Igreja, apesar de
que a maioria dos mexicanos são católicos. Além desse conflito com a igreja católica, o

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governo mexicano também se envolveu em uma rebelião nas forças armadas e teve uma série
de disputas contra os Estados Unidos da América. Na verdade, o Partido Revolucionário
Institucional representou a institucionalização de uma nova estrutura de poder que surgiu com
a Revolução Mexicana (1910-1920) e uma aliança entre os chefes político-militares regionais
e líderes trabalhistas locais.
No dia 1 de julho de 1924, Calles assumiu a presidência do México. Durante o seu
governo, houve a ampliação das rodovias, a malha ferroviária e o sistema de irrigação e,
consequentemente, o seu governo ficou conhecido por meio dessas políticas públicas. Ele
também se destacou através da construção da primeira linha aérea nacional; a Escola de
Agronomia de Chapingo; a Escola Médico-veterinária; o Banco Nacional do México e o
Banco Ejidal e Agrícola. Ainda, no âmbito legislativo, ele legalizou o divórcio e o fim das
isenções fiscais. No entanto, o seu governo também ficou conhecido como “política de
terror” pois Calles reprimiu severamente levantes camponeses e as greves urbanas.
Além disso, Calles criou a "Lei Calles" que regulamentou as instituições religiosas no
México. Essa lei afirmava que a Igreja seria reconhecida oficialmente apenas mediante o
pagamento de tributos. A lei também limitou o número de sacerdotes por diocese e
estabeleceu que todo sacerdote ou líder religioso deveria se registrar nas prefeituras para
receber um alvará. Se essa lei fosse descumprida, haveria uma série de penalidades severas.
Por exemplo, os religiosos estavam sujeitos a uma multa de 500 pesos, com direito a cárcere
de cinco anos àqueles que criticassem o governo publicamente.
A lei ocasionou, portanto, uma cisão entre o Estado e a Igreja, o que acendeu,
indubitavelmente, a Guerra Cristã (1926-1929) mencionada previamente. Em meados da
década de 1920, Álvaro Obregón, ex-presidente dos Estados Unidos Mexicanos, continuava a
intervir nos assuntos nacionais. No entanto, ele e Calles mantinham uma parceria política e
essa situação não inferia totalmente. A partir de 1926, se iniciaram os conflitos entre Obregón
e alguns políticos callistas porque o ex-presidente almejava a viabilização da reeleição
“não-consecutiva”. Mas Calles e seus “seguidores” defendiam um governo civil, sem
reeleições.
Alguns grupos políticos se manifestaram contrários à reforma e seus principais
líderes foram perseguidos e executados, como ocorreu com os generais Arnulfo R. Goméz e
Francisco R. Serrano. Isso culminou, obviamente, na aprovação da lei ou emenda e, logo em
seguida, o ex-presidente, Álvaro Obregón, defendeu e promoveu sua reeleição. Ele foi,
portanto, reeleito em 1 de julho de 1928, e, após dezessete dias, assassinado. Com isso, Calles
promoveu um acordo entre os governantes, conservadores e progressistas para que nenhum

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militar se candidatasse à presidência provisória ou constitucional. Calles certamente
acreditava que a “era dos caudilhos” terminaria se ele neutralizasse os militares.
Após a morte de Obregón, a maioria do Congresso apoiou o Calles e, sendo assim, ele
mudou o antigo Bloco Revolucionário Obregonista para Bloco Nacional Revolucionário. No
dia 22 de 1928, ele concretizou a formação do Partido Nacional Revolucionário (PNR). No
início de 1929, houveram convenções do PNR para estabelecer um programa de partido
através da definição de diretrizes e normas. Tendo isso feito, o PNR foi apresentado a
sociedade mexicana. Calles foi nomeado o presidente do Partido Nacional Revolucionário e
ficou conhecido como “chefe máximo da revolução” por ser uma voz influente no governo
mexicano após o fim do mandato.
Portes Gil foi o primeiro presidente do PNR ou presidente provisório. Ele liderou a
presidência de 1928 a 1930 e, durante esses dois anos, conservou o programa político
“callista” mas, de uma forma mais moderada. Ele se permitiu dividir e restituir terras, assim
como, fortalecer organizações campesinas e operárias. No início de 1929, ele apaziguou e
solucionou problemas do período antecessor para as próximas eleições. No entanto, como
presidente provisório do México, se viu incapaz de exercer livremente seus poderes
presidenciais por causa da influência do ex-presidente Calles, o poder político dominante da
época.
Nos meados de 1929, Portes Gil anunciou o primeiro candidato do PNR, Michoacano
Pascual Ortiz Rubio que exercia o cargo de embaixador no Brasil quando recebeu o convite
para concorrer à presidência. No dia 17 de novembro de 1929, Ortiz Rúbio foi eleito o novo
presidente mas, o seu mandato durou até 1932. Durante esse tempo, ele sofreu uma série de
atentados, assim como, discordou das orientações dadas por Calles. Alguns historiadores
afirmam que Calles o escolheu em razão da sua neutralidade, o que o tornaria mais maleável
no início da campanha eleitoral. Para substituí-lo, portanto, Calles convocou o jogador de
baseball Abelardo Rodríguez, que governou de 4 de setembro de 1932 a 30 de novembro de
1934. Durante o seu governo, houveram muitas reformas como a anulação da reeleição
“não-consecutiva”, formação da Lei de Beneficência Privada (1933), outorgação do salário
mínimo, controle do Estado sobre o Banco do México e criação de uma educação socialista
que, novamente, gerou um conflito entre Estado e Igreja.
Na II Convenção do PNR, em 1933, os filiados escolheram o próximo candidato à
presidência mexicana, Cuahutemóc Lázaro Cárdenas. Nesta convenção também foi
desenvolvido o plano de governo ou “Plano Sexenal”, que regulamentou a intervenção do
Estado em diferentes âmbitos, como industrial, rural, sindicato, entre outros. Sendo assim, no
dia 1 de dezembro de 1934, Cárdenas assumiu a presidência. Ainda, nos primeiros meses de
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governo, foi criada uma divisão: a oligarquia callista e o radicalismo cardenista. Por conta
disso, Cárdenas se aproximou daqueles que estavam insatisfeitos com o poderio de Calles,
sobretudo, a classe operária e camponesa. O conflito dessas duas “alas” ocorreu no dia 15 de
junho de 1935, momento no qual Calles fez uma série de críticas à divisão do gabinete e ao
radicalismo cardenista. Três dias depois, Cárdenas solicitou a renúncia de todos os membros
do gabinete e, ainda, a deposição de Calles do partido. Calles, então, percebeu que havia uma
grande base de apoio a Cárdenas e fugiu aos Estados Unidos. A partir desse momento, o
Partido Nacional Revolucionário havia um novo presidente, Portes Gil. Não demorou muito
para que ele renunciasse em razão da pressão e resistência do gabinete. Por conseguinte, o
próprio presidente assumiu a dirigência do partido e esse período ficou caracterizado pela
forte expressão da presidência, uma vez que Cárdenas controlava Executivo, o Legislativo, o
Judiciário e o próprio PNR.
Cárdenas iniciou uma reforma no partido. Durante a greve pela nacionalização das
prolíferas, em 1938, o PNR adotou uma denominação: Partido da Revolução Mexicana
(PRM). Essa mudança ocorreu através da aliança dos seguintes setores: o setor camponês,
representado pela Liga de Comunidades Agrárias (LCA) e pela Confederación Nacional
Camponesa (CNC); o setor operário, composto pela Confederação dos Trabalhadores
Mexicanos (CTM), a Confederação Rural e Operária Mexicana (CROM), a Confederação
Geral dos Trabalhadores (CGT) e, do mesmo modo, os dois grandes sindicatos filiados às
centrais: o de mineiros e o de eletricistas; o setor popular; e o setor militar, no qual ficavam
incluídos todos os membros das Forças Armadas. Segundo Medina Peña, a gestão de
Cárdenas incitou uma mudança de paradigmas que transformou o PNR, um partido de
comitês, no PRM, um partido de setores. Após a formação do PRM, Cárdenas engrandeceu a
sua imagem e a sua presidência.
No período cardenista, houveram muitos acontecimentos e esses acontecimentos
promoveram o aumento da oposição ao governo, pois a parte conservadora do governo estava
irritada, sobretudo, das seguintes questões: a alta da inflação, as aulas de educação de sexual
e as velhas estradas ferroviárias. E, no fim de seu mandato, Cárdenas passou a ser
pressionado por um novo partido conservador, o Partido Ação Nacional (PAN), criado em 17
de setembro de 1939. Dois meses após essa inauguração, ocorreu a III convenção do partido,
que ordenou o segundo Plano Sexenal (1941-1946) e a candidatura de Ávila Camacho.
Cárdenas contrariou os seus aliados quando sugeriu a candidatura de um político da ala
moderadora. Um ano depois, as eleições ocorreram violentamente com assaltos, queima de
veículos, saques às lojas e alguns feridos. Nelas, Camacho concorreu, sobretudo, com o Juan
Andreu Almazán do Partido Revolucionário Unificação Nacional (PRUN), apoiado também
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pelos partidos PLM e PAN. Camacho recebeu 2.476.641 votos pelo PRM (93,89%); Almazán
recebeu 151.101 pelo PAN, PLM e PRUN (5.72%) e Rafael Sánchez Tapia ganhou apenas
9.842 votos (0.39%). Após a vitória de Camacho, os almazanistas manifestaram-se
inconformados com as eleições e declararam-na “uma grande farsa”.

ii. 1940 até 1980 (Milagre Mexicano)

Em razão da segunda guerra mundial e o avanço do fascismo na Europa, a América


Latina, especialmente o México, passou a exportar mais matérias primas e por meio desse
acontecimento, houve um grande crescimento interno, uma vez que o capital estrangeiro era
maior, reacendendo, contudo, a agricultura, a indústria e a mineração. No início de sua
presidência, Ávila Camacho reduziu ainda mais a participação militar na política mexicana e,
dessa forma, expediu uma lei que proibia essa tal participação. No entanto, essa lei não se
aplicava a militares que haviam se aposentado ou exonerado. Ainda, nesse período, o ejido
deixou de ser prioritário e a distribuição de terras foi interrompida.
A Confederação Nacional Campesina (CNC), também conhecida como cardenistas,
foi totalmente destituída e os camponeses beneficiados foram despojados de suas
propriedades. Na esfera rural, a Confederação dos Trabalhadores do México criou uma
aliança com o governo conservador, para desgosto dos operários, que não aceitavam tal
“acordo”. A educação socialista foi suspendida e foi formado o Sindicato Nacional dos
Trabalhadores da Rua, cuja função era agrupar o pessoal que trabalhava dentro do sistema
nacional de educação. Camacho ainda expediu uma lei que reorganizava as eleições,
regulamentando, por exemplo, a existência de novos partidos políticos, para que, assim, se
oferecesse expressão às demais correntes ideológicas. Deste modo, foram criadas as seguintes
organizações: o “Conselho de Padrão Eleitoral” (CPE); a “Comissão Federal de Vigilância
Eleitoral” (CFVE); a “Comissão Local Eleitoral” (CLE) e os “Comitês Distritais Eleitorais”
(CDE).
No fim do mandato de Camacho, o “partido oficial” se apresentava totalmente
diferente daquele partido transformado por Cárdenas, anunciou-se, portanto, uma nova
mudança de nomenclatura: Partido Revolucionário Institucional. Esse “novo” partido tinha o
princípio da colaboração de classes, no apoio ao regime operante e na integração dos setores
agrário, operário e popular, com o lema: “democracia e justiça social”. Ainda, anunciou-se o
“Plano Federal de Governo 1946-1952”, colocando Miguel Alemán Valdés como o próximo
presidenciável. Em verdade, Alemán Valdés foi o verdadeiro responsável por sancionar o
partido e os programas políticos denominados “Declaração de Princípios”, o “Pacto do PRI”

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e o “Programa do Partido Revolucionário Institucional”. A mudança do nome do partido
ocorreu devido a alegação de que o PRM havia cumprido a sua missão histórica e, por isso,
precisava traçar novos objetivos:

1. A exclusão dos comunistas do partido;


2. A conservação e ampliação das organizações operárias;
3. O fim da luta de classes;
4. O início de uma nova época, com o aperfeiçoamento institucional em resposta à
Guerra Fria e o triunfo dos moderados no âmbito nacional.

Em 18 de janeiro de 1946 declarou-se dissolvido o PRM por se considerar cumprida


sua missão histórica. Ainda em 1946, ocorreram as eleições e Alemán Valdés, do Partido
Revolucionário Institucional (PRI) venceu com 1.786.901 (77.9%) votos. Ao longo de sua
presidência, foram construídas diversas obras públicas, novas escolas de alfabetização,
concretizando, assim, o lema de campanha: “a guerra ao analfabetismo” e também indústrias
automotivas e elétricas. Contudo, a distribuição de terras foi contida com a reforma do 27°
artigo da Constituição de 1917. Da mesma forma, foi construído o Banco Nacional do
Exército, o Colégio Técnico de Educação, a Comissão Nacional de Cinematografia, a
Comissão Nacional de Turismo, a Diretoria Geral de Educação Normal, o Instituto Nacional
das Belas Artes e Literatura, o Instituto Nacional Indigenista, o Instituto de Pedagogia e,
finalmente o Instituto de Investigação Científica. É evidente, portanto, que durante o período
alemanista houveram muitas transformações positivas no México. No entanto, esse período
não implicou somente em coisas boas. Nessa época possuía uma dívida externa de 346
milhões de dólares e como os governos anteriores não resolveram-na, a única opção era
negociá-la. Alemán também institucionalizou uma reforma de coerção à manifestação social
que gerou muitos conflitos no futuro.
No fim de seu mandato, ele cogitou a sua reeleição mas não conseguiu seguir em
frente com a ideia, sendo obrigado a escolher um sucessor. Em 14 de outubro de 1951, Ruíz
Cortines, com seus setenta e um anos de idade, anunciou a candidatura pelo PRI. Nas eleições
de 1952, concorreram os seguintes candidatos: Ruíz Cortines (Partido Nacionalista
Mexicano, PNM, e PRI); o católico Efraín González Luna (PAN); o conservador Miguel
Henríquez Guzmán (Partido Constitucionalista Mexicano, PCM) e o comunista Vicente
Lombardo Toledano (Partido Comunista Mexicano, PCM, e Partido Operário e Camponês
Mexicano, POCM). No dia 6 de julho, Ruíz Cortines oficializou-se o sétimo presidente do
PRI com mais de 74% dos votos. No dia seguinte, houveram muitas manifestações e
discussões políticas porque acreditava-se que havia ocorrido uma fraude eleitoral

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(novamente). Em dezembro, ele publicou uma lista com todos os seus bens para que a
população soubesse o que ele possuía antes de assumir a presidência. No mesmo mês em que
foi eleito, Ruíz enviou ao Congresso uma proposta que reformou os artigos 34 e 115 da
Constituição de 1917, concedendo o direito de voto à mulher. No seu mandato, as
distribuição de terras continuaram baixas, assim como nos períodos camachista e alemanista.
Mas, mantiveram-se as construções de obras públicas iniciadas durante o governo de Alemán.
Reduziram-se os impostos, como o Imposto sobre as Pessoas, diminuindo o custo de vida.
Reduziram-se também os gastos públicos, para que se pudesse resgatar a economia e, nesse
sentido, desacelerar a inflação monetária. Foi inaugurada a Comissão Nacional de Energia
Nuclear, com o intuito de que o país avançasse nessa área e a Confederação Revolucionária
de Operários e Camponeses (CROC) para aumentar o controle do movimento camponês e
operário. Em 1954, o peso desvalorizou ainda mais em relação ao dólar, que havia chegado a
8,65 por causa da dívida externa que o México possuía durante o período alemanista e agora,
passava a 12,50. Isso causou, consequentemente, a diminuição do poder aquisitivo e gerou
uma grande revolta populacional que incitou greves gerais.
Nos meados de 1958, ocorreram três manifestações cruciais no país. A primeira delas
consistiu numa invasão de terras da região norte pela União Geral dos Operários e
Camponeses do México (UGOCM). Ocorreu também o levante dos professores cardenistas
que criticavam o governo priista e convocavam uma greve geral. O governo mexicano
decidiu ouvir a esses professores através de uma certa negociação e, assim, concedeu o
aumento salarial solicitado. Houve ainda a greve das ferrovias que quase causou uma
estabilidade política nacional.
No fim de mandato de Ruíz, ele criou uma política chamada “tapadismo” que permitia
que o presidente vigente escolhesse o seu sucessor, o que acarretou em uma grande
competição interna. Sabia-se que o cargo de Secretário de Governo era o mais cogitado para
ser o sucesso o que criou, portanto, uma rivalidade para disputar essa posição dentro do
governo.
No entanto, Ruíz Cortines contrariou o próprio tapadismo e não nomeou como
candidato, o Secretário de governo Ángel Carbajal. No dia 4 de novembro de 1957, anunciou
a candidatura de Adolfo López Mateos ao período de 1958-1964. No dia 6 de julho de 1958,
López Mateos foi eleito presidente do México, com 90.43% dos votos (6.767.754 votos).
Novamente, suspeitou-se de fraude eleitoral. Em um dos seus primeiros discursos como
presidente, ele afirmou que combateria as desigualdades sociais, mas, recordou que o país
vivia um período único da história mexicana, com estabilidade política e progressivo
crescimento econômico. López criou o programa social de “Reforma Agrária Integral”, que
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distribuiu 16 milhões de hectares aos camponeses, o maior número desde o período
cardenista. Também ocorreu a reforma do 123° artigo Constituição de 1917 que reajustou o
salário mínimo. López também continuou, assim como nos dois governos anteriores, com as
construções e reformas estruturais, como aeroportos, malha ferroviária, redes elétricas,
telefônicas e telegráficas. Ao longo do seu mandato, inaugurou ainda diversos museus. No
início de 1959, a greve ferroviária continuava a todo vapor.
Os líderes da greve foram aprisionados pela polícia, que foi orientada pelo governo, e
também foram acusados de dissolução. Com isso, acreditava-se que ela havia chegado ao fim.
Mas, em março, iniciou-se outra greve com maior força pelo território mexicano. Os
ferroviários terminaram mortos pela polícia mexicana, o que levou, inclusive, ao assassinato
do líder Rubén Jaramillo e sua família, executados em 1961. O autoritarismo se destacou
constantemente nesse período, assim como a “era de ouro”. Essa política era uma tradição do
país, mas presente, nesse período, em toda a América Latina. Em 1962, os artigos 54 e 63
foram reformados. Essas duas mudanças estabeleciam que os partidos políticos que tivessem
2,5% das votações nacionais teriam direito a eleger cinco deputados à Câmara. Desse modo,
a cada meio por cento a mais haveria mais um deputado. Isso indicava, consequentemente,
que outros partidos mexicanos, além do PRI, teriam maior representatividade no cenário
político.
Na VII Convenção do PRI, em 17 de novembro de 1963, anunciou-se a candidatura
presidencial do Secretário Gustavo Díaz Ordaz Bolaños. Não obstante fosse tio do
carismático artista Roberto Gómez Bolaños, criador do personagem Chaves, possuía a fama
de mal-humorado e antipático e, no início de 1964, muitos grupos políticos declararam-se
contra sua candidatura. Ainda nessa época, a situação estava tão crítica que o presidente do
próprio PRI, Carlos Alberto Madrazo, em 1964, propôs uma nova reforma partidária. Suas
propostas agitaram o partido internamente, afinal, seus “seguidores” não estavam “prontos”
para debater a representatividade priista e a ausência de contato entre as bases e o povo.
Madrazo renunciou ao cargo, em 1965, e tornou-se um forte personagem político, mas,
morreu, em 4 de julho de 1969, em um acidente aéreo, que criou várias teorias conspiratórias.
No dia 5 de julho de 1964, Díaz Ordaz se tornava o novo presidente, porque recebeu
8.368.446 de votos (88.81%). No início da sua presidência, o sociólogo Pablo González
Casanova publicou um livro que incendiou o México. Ele publicou “A democracia no
México”, que, segundo Medina Peña, para a época foi ambicioso e insólito. Mas influenciou
rapidamente alguns dos movimentos da nova esquerda, que surgiram sob a liderança de
Cárdenas. O principal objetivo do autor era compreender as estruturas de poder no México e,
por isso, chegou a apontar o autoritarismo, o presidencialismo e o tradicional modelo
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México 13
II QUARITERÊ MUN
econômico que havia desestabilizado o país. Essa nova esquerda fundou o Movimento de
Libertação Nacional (MLN) que objetiva organizar toda a esquerda mexicana. O movimento
se organizou mediante o manifesto de Lázaro Cárdenas, morto em 1970, que chamava a
esquerda a se mobilizar dentro de um movimento de libertação. Durante o mandato de Díaz
Ordaz, ocorreram diversas manifestações; estudantes, enfermeiros, médicos e residentes que
exigiam melhores condições de trabalho, melhorias sociais, bonificação social, entre outras.
Todas essas revoltas iniciaram greves que abalaram as instituições políticas do México. As
principais delas ocorreram devido a grupos estudantis, que sofreram com repressões
violentas. A manifestação mais conhecida aconteceu no dia 2 de outubro de 1968, na Praça
das Três Culturas, Cidade do México (DF).
Ainda no mesmo ano, a polícia passou a invadir as instituições de ensino superior
com forte movimento estudantil para aprisionar, assustar e reprimir ameaças. Em 26 de julho
de 1968, portanto, a Federação Nacional de Estudantes Técnicos (FNET) organizou uma
manifestação estudantil com o intuito de denunciar as invasões das escolas 2 e 5 do Instituto
Politécnico Nacional (IPN). O resultado disso levou a várias horas de confronto entre
estudantes e policiais. No dia 29 de julho aconteceu um enfrentamento muito mais agressivo
que o anterior. No dia 30, as forças armadas intervieram, o que resultou em muitos estudantes
feridos, desaparecidos e aprisionados. Logo em seguida, o movimento estudantil passou a
sofrer coerções muito mais violentas, justificando, portanto, o desastroso efeito das
manifestações de 23 a 27 de setembro.
No dia 2 de outubro de 1968, estudantes juntamente ao setor operário,
manifestaram-se novamente contra o governo priista. Díaz Ordaz ordenou que a polícia
realizasse o cerco da praça para que atirassem contra os manifestantes. Esse dia resultou em
um sangrento embate chamado pela historiografia de “Massacre de Tlatelolco” ou “A noite
de Tlatelolco”, em referência ao livro de Elena Poniatowska. Não se sabe ao certo o que
ocorreu. Logo após ocorrido, as “imagens” do PRI e do presidente ficaram totalmente
manchadas e surgiram diversos partidos e organizações políticas, como o Partido dos
Trabalhadores (PT), o Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT) e o Partido Socialista
dos Trabalhadores (PST). Surgiram também os grupos políticos Liga Operária Marxista
(LOM) e Ponto Crítico (PC).
O período de 1940 a 1968 foi definido como a “era de ouro” ou “milagre mexicano”
por conta da estabilidade política e progressivo crescimento econômico. A indústria avançou
relativamente e isso gerou milhares de empregos. Empregos que foram alvos de greves
reivindicatórias por melhorias no próprio ambiente de trabalho e nos salários. Foram
construídas novas estradas de ferro, redes elétricas e rodovias, que também ocorreu com a
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México 14
II QUARITERÊ MUN
educação e a saúde. Devido ao crescimento das zonas urbanas, surgiu uma ampla classe
média, que se dividiu quanto ao governo priista. Na década de 60, a população mexicana
começou a questionar-se sobre as atitudes que o governo priista teve durante todos os anos
que eles passaram no poder e perceber que o PRI não estava desenvolvendo o México, mas o
prejudicando. Após 1968, a consciência nacional tocada e os acontecimentos despertaram um
pensamento crítico em todos os cidadãos mexicanos; os antigos problemas sociais eram
resolvidos ou persistiam? A partir de 1970, surgiu o inconformismo e esse período foi
denominado “o esvaecimento do milagre” devido a alusão do “desenvolvimento a qualquer
custo”, crescimento econômico e estabilidade política que o PRI prometeu. Após Díaz Ordaz
(1964-1970), podemos colocar os sexênios da seguinte forma: Luís Echeverría Álvarez
(1970-1976), José López Portillo (1976-1982), Miguel de la Madrid Hurtado (1982-1988),
Carlos Salinas de Gortari (1988-1994) e, finalmente, Ernesto Zedillo Ponce de Léon
(1994-2000). É importante ressaltar, entretanto, que essa “alusão” ao regime priista não
iniciou-se apenas com o movimento estudantil de 1968. O movimento estudantil representou
a levantada da oposição. Vale-se lembrar dos grupos políticos que se formaram e se
organizaram no fim da década de 1950, como os camponeses nortistas da UGOCM e os
ferrocarrilheiros.
O período do “esvaecimento” começa, então, com a presidência de Echeverría
Álvarez. Nas eleições de 5 de julho 1970, anunciaram a vitória do priista, com 11.708.065
votos (82.83%). No início da sua presidência, Echeverría deparou-se com uma crise dos
setores “modernos”, que o próprio modelo priista de “crescimento a qualquer custo” havia
produzido. Os maiores beneficiários desse modelo – banqueiros, empresários e comerciantes
– estavam irritados com o “populismo” echeverrista. Em razão disso, planejaram um golpe
financeiro, em 1976 que gerou a retração dos investimentos, que coincidiu em uma
desvalorização ainda maior do peso. Para resolver essa situação, inauguraram-se a Comissão
de Estudos do Território Nacional, o Instituto de Comércio Exterior e a Secretaria de Turismo
e Reforma Agrária.
O governo mexicano ainda comprou empresas em processo de falência para acabar
com a crise recorrente da época. A presidência de Echeverría foi marcada por uma severa
crise econômica e política, que se agravou com o monopólio industrial, a queda da produção
agrícola, as invasões de terras e as greves gerais. Durante a sua presidência, o governo teve
muitos conflitos com a elite empresarial por causa das greves que estavam ocorrendo e,
principalmente, a falta de ação do governo para resolvê-las. Nesse primeiro sexênio, foram
mais de 10 greves em importantes indústrias.

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México 15
II QUARITERÊ MUN
No fim de 1975, o país retomou a conhecida estabilidade. Em meados do mesmo ano,
o PRI anunciou seu próximo presidenciável, o Secretário da Fazenda José López Portillo y
Pacheco. Nas eleições de 04 de julho de 1976, López Portillo recebeu 16.727.993 de votos
(92%). Seu lema de campanha foi “A solução somos todos” e, a partir de janeiro de 1976,
criou uma estratégia de publicidade política que aderiu aos logotipos, às correspondências, às
persuasões telefônicas e aos comerciais, que se declaravam contra a corrupção, a desunião
nacional e o abstencionismo eleitoral. Em discurso, o presidente recém-eleito responsabilizou
todo o país pela situação e pediu paciência por parte da população, para que fosse
desenvolvido um novo plano de desenvolvimento econômico, cujas etapas seriam divididas
em três passos; a recuperação, a consolidação e o crescimento acelerado. Outro fator
importante era que, paralelamente à crise internacional do petróleo, foram descobertas novas
reservas petrolíferas no Golfo do México, que colocou o país no topo na lista de exportação
mundial.
Em 1977, López Portillo restabeleceu as relações diplomáticas com a Espanha e com
o Panamá. Por volta de 1979, recebeu a visita do Papa João Paulo II. Especula-se, que
durante seu mandato, recebeu sessenta e seis mandatários estrangeiros e visitou vinte países.
Ainda durante o governo, com o auge da exportação, tornou-se possível a criação da Aliança
para a produção, a COPLAMAR, o Plano de Global de Desenvolvimento, o Plano Nacional
de Desenvolvimento Agropecuário e o Sistema de Alimentação Mexicano. Aumentou-se
ainda o gasto com a educação primária, secundária e superior, proporcionando a cobertura de
toda a demanda da educação mexicana e, inclusive, inaugurando o Colégio Nacional de
Educação Profissional e Técnica, a Universidade Pedagógica Nacional e o Instituto Nacional
para Educação de Adultos. Assim como, criou-se a Produtora Nacional de Rádio e Televisão
(PRONARTE), regulamentando a intervenção do Estado na televisão.

iii. 1980 até 2000 (Queda do PRI)

No início da década de 80, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo


(OPEP) impôs a vários países o aumento do preço do barril de petróleo, que, antes custava
U$ 3,00 dólares, passaria a custar, em 1982, US 34,00. O novo preço não foi bem recebido
pelos clientes, gerando um prejuízo de dez milhões de dólares. E, a queda na venda do
petróleo desestabilizou mais uma vez a economia mexicana, que já sofria com o crescimento
das importações (41,9%), em detrimento da diminuição das exportações. Por essa razão, em 9
de março de 1982, fundou-se o Programa de Ajuste da Política Econômica, que reduziu o

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II QUARITERÊ MUN
gasto público e estabeleceu maior flexibilidade às taxas de interesse, com o intuito de
promover a economia, impedindo a dolarização e a fuga de capitais.
Após um governo turbulento, no início de 1982, o presidente Lopéz Portillo divulgou
que seu sucessor seria Miguel de la Madrid Hurtado. Nas eleições de 4 de julho de 1982,
portanto, anunciou-se a vitória de de la Madrid, que recebeu 70,99% dos votos. A presidência
de de la Madrid Hurtado (1982-1988) ocorreu durante uma das mais rigorosas crises
mexicanas do século XX. A queda da receita do petróleo provocou um grande prejuízo na
economia mexicana que gerou uma série de prejuízos; o aumento da dívida externa em mais
de 800 milhões de dólares; a fuga de capitais; a desvalorização do peso e o aumento da
inflação em quase 100%. Por isso, o presidente firmou, em 1983, o Programa Imediato de
Recuperação Econômica (PIRE), o Sistema Constitucional de Planejamento Democrático e o
Plano Nacional de Desenvolvimento (PND). Esses planos tinham quatro metas:

1. Conservar e fortalecer as instituições democráticas;


2. Vencer a crise;
3. Recuperar a capacidade de crescimento;
4. Iniciar mudanças qualitativas nas estruturas econômicas, políticas e sociais
do país.

Por consequência, houve congelamento de salários e mais uma desvalorização do


peso, que, em 1987, melhorou e chegou ao câmbio de 2,25 pesos por dólar (a menor da
história).
No fim do seu mandato, o déficit do setor público manteve-se em níveis similares aos
de 1982, a inflação chegou a 131% e, em 1987, chegou a 159.2% (a maior da história). A
economia contraiu-se e a dívida externa aumentou em 30%, por isso, cresceu o emprego
informal, já que apenas 35% da força de trabalho estavam empregadas no setor moderno da
economia. Os salários apresentavam índices de 40%. Em meio a essa situação caótica, muitos
intelectuais da oposição passaram a publicar artigos críticos ao PRI e ao seu sistema
complexo e peculiar de governar, por isso, designando-lhe nomes, como: “democracia
falida”, “ditadura perfeita”, “o ogro filantrópico”, “a hegemonia priista”, entre outros. No
mês de novembro de 1983 houve a publicação do “Por uma democracia sem adjetivos” de
Enrique Krauze. Em 1985, Carlos Pereyra publicou “Sobre a democracia mexicana”.
No dia 6 de julho de 1988, dia das eleições, a contagem de votos apontava a vitória de
Cárdenas. No entanto, ocorreu uma pane no sistema das urnas que paralisou a contagem por
horas – que originou a famosa frase: “se cayó el sistema” ou, em português, “o sistema caiu”
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II QUARITERÊ MUN
– e no fim do dia, quando finalmente o sistema “retornou”, Salinas foi declarado presidente.
Diante de eleições tão controversas, a polêmica expressão deixou subentendida a fraude
eleitoral. Após a vitória de Salinas, a imagem do PRI ficou ainda mais manchada, a ponto do
processo eleitoral ser repensado. Logo, fundou-se o Instituto Federal Eleitoral a fim de
impossibilitar novas fraudes.

1. Salinas e o Efeito Tequila

O governo salinista também ficou conhecido pela forte repressão, um fator que se
estabeleceu como marca priista nesses setenta e um anos de presidência ininterrupta. Isso
repercutiu em diversas áreas da política nacional e, inclusive, levou a uma disputa no interior
do próprio “partido oficial”. Como ocorreu com Luís Donaldo Colosio Murrieta, candidato
priista à presidência de 1994 a 1998, mas, durante sua campanha eleitoral no bairro Lomas
Taurinas em Tijuana, Baixa Califórnia, no dia 23 de março de 1994, foi assassinado por
Mario Aburto Martínez, preso, em 1995, e sentenciado a quarenta e dois anos de prisão. Há
várias suspeições quanto à morte de Donaldo, mas nenhuma delas foi comprovada. A
principal delas afirma que o presidente Salinas havia encomendado o assassinato, para que,
assim, indicasse como presidenciável alguém de sua confiança, tal qual Ernesto Zedillo
Ponce de León.
O “efeito tequila” ou “erro de dezembro” ocorreu em razão da ausência de reservas
internacionais de petróleo, o que suscitou nos dois primeiros dias da nova presidência. Por
conta disso, o peso desvalorizou mais uma vez e o dólar aumentou seu valor em 114%,
chegando a custar 8,70 pesos, e, por conta disso, muitas empresas faliram, gerando um alto
índice de desemprego. Mas sua resolução veio em seguida, quando o presidente Bill Clinton
solicitou ao Congresso uma linha de crédito de 20 milhões de dólares ao governo mexicano,
para, assim, garantir seus compromissos financeiros. E, mesmo assim, o presidente Zedillo
perdeu espaço no governo mexicano.

b. Período Contemporâneo e queda democrática do PRI

O PRI foi derrotado nas eleições presidenciais pela primeira vez desde 1929. No dia 2
de julho de 2000, o panista Vicente Fox de Quesada venceu as eleições. Vicente Fox
governou de 2000 a 2006 e, depois, passou o cargo ao panista Felipe Calderón Hinojosa, que
governou de 2006 a 2012. As eleições de 2006 foram muito controvertidas, já que novamente
incorreram acusações de fraude eleitoral. Inobstante grande parte da população mexicana

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México 18
II QUARITERÊ MUN
esperasse resultados distintos dessa nova gestão, esses dois sexênios apresentaram aumento
da inflação e escândalos de corrupção, assim como, implicaram em um aumento significativo
da violência e dos grupos de narcotraficantes. Isso levou ao surgimento de milícias
justiceiras, como as autodefesas. Apesar disso, acreditava-se que o “partido oficial”
demoraria a reaparecer no cenário político do México. Nas eleições de 2012, porém, a disputa
presidencial ficou entre Andrés López Obrador (PRD) e Enrique Peña Nieto (PRI) e, no mês
de julho, anunciou-se a vitória do priista com a porcentagem de 38,21% dos votos mexicanos.

4. Instabilidade Socioeconômica

Apesar de, historicamente, a economia do México e dos Estados Unidos andassem de


maneira conjunta, não foi esse o caso em 2019. Enquanto a potência americana apresentava
grande sucesso econômico, o país mexicano se encontrava em “recessão técnica”, com a
economia recuando em 0,1%, o que contrastou com as promessas de crescimento econômico
feitas pelo presidente mexicano. A recessão mexicana ocorreu em meio à incerteza em torno
do acordo comercial EUA-México-CO, já que o comércio com os EUA é fundamental para a
economia mexicana. No ano de 2018, o México exportou US $265 bilhões em mercadorias
para os EUA e importou US $346,5 bilhões, segundo dados do escritório do Representante
Comercial dos EUA.
As preocupações fizeram com que o governo do presidente Andrés Manuel também
contivesse os gastos do governo para aumentar o superávit orçamentário (diferença entre
aquilo que se ganha e aquilo que se gasta no país).

a. Pandemia do Coronavírus

Além dos danos que o ano de 2019 trouxe, a pandemia do Covid-19 ameaçou ainda
mais a economia do país. Até agora, a resposta do governo tem sido desanimadora. O mesmo
não modificou suas prioridades de gastos (por exemplo, os projetos de infraestrutura como a
Refinaria Dos Bocas, o Trem Maya e o Aeroporto de Santa Lúcia não foram cancelados ou
adiados), nem estão dispostos a ajudar significativamente as famílias ou negócios. Embora o
governo tenha fornecido um modesto pacote de recuperação para alguns dos mais pobres do
país, ele não proporcionou alívio a muitos mexicanos que tiveram que cortar seus meios de
subsistência por causa da pandemia. Esta é uma diferença significativa em relação a outros
países da América Latina e do Caribe: de acordo com o Fundo Monetário Internacional

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II QUARITERÊ MUN
(FMI), a resposta econômica do México à pandemia de Covid-19 está entre as mais frugais
do mundo, quando os gastos com socorro são medidos como uma porcentagem do PIB.
A última atualização do relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que
a América Latina sofrerá uma contração econômica de 9,4% neste ano e a pior recessão que
se tenha registrado, ainda neste relatório, foi estimado que a contração será de 10,5% no
México. Infelizmente, as perspectivas econômicas do México não mostram sinais de melhora
em curto ou longo prazo. O Banco do México estima que a economia poderá contrair-se em
mais de 8% em 2020, o que também exercerá uma pressão significativa nas finanças públicas.
Na verdade, os economistas temem que isso marque o início de um período de depressão em
forma de “L” com desemprego muito alto. A previsão de contração econômica no México
devido à pandemia Covid-19 deve ser maior e mais longa do que qualquer crise econômica
anterior. No entanto, durante esta crise, é improvável que os Estados Unidos se tornem a
“válvula de escape da migração” do México, como aconteceu no passado, independentemente
de quem ganhar as eleições presidenciais de 2020 nos Estados Unidos.
Além disso, a criminalidade atingiu seu ponto mais alto no México, enquanto os
efeitos da desigualdade econômica agravam a crise de saúde pública. A convergência de altas
taxas de criminalidade, com a incapacidade do governo de se preparar ou responder à
pandemia, e as dores econômicas que se seguiram podem muito bem desencadear distúrbios
no México. As condições que motivam as pessoas a ir às ruas nas cidades de todo o México
são muitas e estão crescendo, junto com o que muitos consideram as promessas quebradas da
AMLO de cuidar dos mais vulneráveis ​do país. A menos que o governo mexicano mude de
rumo rapidamente e possa oferecer certeza para atrair investimentos, o pior ainda está por vir.
Outro problema foram as desigualdades sociais que foram exacerbadas durante a
pandemia. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) indica que o desemprego na
América Latina e no Caribe poderia subir a quase 13% (41 milhões de pessoas em 2020). A
crise impactou mais nas mulheres (devido a trabalharem nos setores mais afetados pela
pandemia), os trabalhadores informais, os migrantes, os indígenas e os jovens (estes últimos
pela perda de oportunidades devido às consequências do confinamento)

5. Crime organizado

a. História e desenvolvimento

Apesar de ser possível identificar o plantio e tráfico de drogas, principalmente


opióides, entre o século XIX e começo do século XX, é razoavelmente correto assumir que o

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crime organizado no México como conhecemos surge por volta do meio do século XX, após
a segunda guerra mundial, com o surgimento do chamado Triângulo Dourado.
O Triângulo Dourado se referia a área formada pelos estados de Sinaloa, Durango and
Chihuahua, que dentre outros estados, se destacavam pela crescente expansão da produção e
tráfico de drogas durante a segunda guerra e logo após ao seu fim. Hoje em dia, o méxico é
um dos maiores produtores de maconha do mundo, com a expansão do cultivo começando
nessa época explicitada acima. A partir de 1980, a maconha se tornou a principal fonte de
renda dos cartéis mexicanos. Por volta de 1990, com o enfraquecimento dos cartéis
colombianos, o México ganhou ainda mais força. Ainda assim, é possível atribuir o tráfico de
diversas drogas em direção aos Estados Unidos, como, além de maconha, cocaína, heroína e
metanfetamina a fronteira norte dos dois países.
É importante reconhecer também que os tráfico e o crime organizado floresceram sob
proteção do poder político e das instituições estatais, em especial durante o governo
autoritário do PRI, o qual controlava, em certo grau, os cartéis. Com a queda do PRI e o
processo de democratização, os tratados clandestinos dentre Estado e cartéis ― Pax Mafiosas
― perderam sua validade, aumentando o poder do crime organizado em meio a fracas
instituições públicas. Também é de suma importância esclarecer que o controle do crime
organizado realizado pelo PRI era regado por corrupção, marcado pelo enriquecimento ilícito
de figuras políticas.
Apesar do processo de democratização ocorrido no méxico a partir dos anos 2000, a
fraca transição para o novo regime político foi marcada pelo crescimento do crime
organizado e, segundo números oficiais, da corrupção. A falta de consolidação de instituições
públicas fortes e redução da corrupção resultou na sua classificação como uma democracia
fraca, segundo o 2012 Democracy Index. Todos esses fatores acima culminaram na presente
situação do México: Índices de impunidade de 98%, aumento nos índices de corrupção a
partir dos anos 2000, uma das polícias mais corruptas da América Latina e preocupantes
índices relacionados à violência, tráfico e crime organizado.

b. Guerra ao Narcotráfico no Século XXI

Esse conflito armado se iniciou por volta de 2006, com o início da intervenção militar
em larga escala visando desmantelar o os grupos criminosos, sob o governo de Felipe
Calderón. Essa intervenção armada surgiu em um contexto peculiar, devido ao
enfraquecimento do tráfico colombiano, cartéis de Cali e Medellín, durante a década de 90, o
tráfico mexicano em direção aos Estados Unidos se fortalece. Em 2007, com um ano da

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II QUARITERÊ MUN
política de segurança de Calderón, o México era responsável por 90% da cocaína presente
nos EUA. Com lucros estimados de entre US$13,6 bilhões a quase US$49,4 bilhões anuais,
era um mercado extremamente forte dentro e fora do país.
Dentro desses termos, a intervenção do então presidente do méxico foi responsável
por notáveis prisões de líderes de cartéis, particularmente dos cartéis de Tijuana e do Golfo.
Porém, esses encarceramentos acarretaram na descentralização do tráfico, com a dissolução e
surgimento de múltiplos grupos que disputam entre si a produção, venda e distribuição de
drogas, aumentando a violência. Em 2012, ao fim do governo de Felipe Calderón, estima-se
que por volta de 60.000 pessoas morreram em decorrência do conflito entre governo e
narcotráfico, porém, ao incluir desaparecimentos, o número de afetados pode chegar a mais
de 100.000 pessoas.
Em virtude da escalada de violência, que piora notavelmente ao longo das últimas
duas décadas, e do aumento substancial da corrupção policial em conluio com o tráfico,
surgem milícias de caráter vigilante. Segundo os vigilantes, os cartéis brutalizam a população
e, em virtude da corrupção policial e governamental, são obrigados a “fazer justiça com as
próprias mãos”. A presença das milícias é mais acentuada no estado de Michoacán, apesar de
presente em outros estados, onde sua presença foi respondida com a mobilização de tropas
federais, culminando novamente no aumento da violência.
É possível observar que a maior parte das políticas públicas buscando resolver a
problemática do crime organizado, protagonizando a guerra ao narcotráfico, obtiveram
fracasso. Apesar da prisão de figuras importantes, como líderes de cartéis, o crime organizado
e a violência não diminuíram de maneira desejável. A crise de segurança persiste até hoje.

6. Desrespeito a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH)

Com a declaração Universal dos Direitos Humanos, entende-se que deve haver uma
fiscalização de todo cidadão vinculado a um Estado de Direito que monitore a necessidade de
cada um de ser compreendido como humano e ter seus direitos recebidos, declarados desde
1948. Contudo, a delegação mexicana foi relatada e denunciada ao Conselho por Christoph
Heyns, alertando que o mesmo abusa do poder do Estado aos cidadãos mexicanos. Já não
bastando os problemas de fronteira entre Estados Unidos e México, que são de extrema
importância também neste comitê, temos os internos. Os fronteiriços denotam o abuso de
poder do país norte-americano com os refugiados do problemático Estado mexicano.

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Com o aumento de cartéis e crime organizado, a polícia mexicana tem sido usada em
peso. Entretanto, a abordagem policial não só é violenta, mas como causa mortes de
inocentes em todo o país. Enquanto isso ocorre, os mesmos são julgados em tribunais
militares, que tem teor parcial. O Estado não consegue defender os grupos que são à favor
dos Direitos Humanos, mesmo tentando passar leis sobre o assunto. Além das inúmeras
manifestações reprimidas de forma violenta.
Todavia, os Direitos não prezados pelo Estado não seguem só a viés militar, mas na
sua própria estruturação que não tem sindicatos com poderio e não há uma legislação que seja
abrangente. A corrupção, o narcotráfico e a impunidade, são fatores que estão fazendo o
Estado perder seu poder incisivo, atacando seus opositores e criminosos com a mesma
violência e até pior. Com os Direitos negados pelo Estado de Direito, muitas pessoas
procuram a criminalidade pelo respeito que podem ter e pelo retorno financeiro que podem
receber.
O estopim de uma visão mundial da calamidade no Estado Mexicano, apareceu no
caso Iguala, em que 43 estudantes desapareceram após uma abordagem policial. Contudo, as
ameaças policiais e sua denúncia já precederam desde 2013 e foram delatadas ao Conselho
por meio deste.

a. Crise de segurança

Como dito anteriormente, os militares têm o controle total da segurança dos cidadãos
mexicanos. No ano de 2020, as tarefas da pandemia também foram atreladas a este grupo.
Contudo, a detenção de protestos e o apreço pelo isolamento social tem sido de forma
violenta e não regulamentada por um órgão acima dos militares. Com os militares na rua, a
Guerra às Drogas têm sido bem intensa, colocando pessoas inocentes em um local de risco.
Mesmo com as mortes em relação ao coronavírus, o Estado não consegue lidar com o número
de homicídios que mesmo assim ocorrem pelas ruas, que aumentou durante a pandemia.
O Estado não consegue lidar com o número de casos violentos e assim, os normaliza e
até agora não houve uma legislação certeira sobre os casos. Com a falta de compromisso pelo
governo e seu chefe de Estado, a crise migratória é exponencial aos países vizinhos. A
presença militar vem cada vez mais ser uma ameaça nas ruas do que uma ajuda, intimidando
a população por ser um fator perigoso a própria vida das pessoas, por causa da sua
abordagem incisiva.
A parte da violência policial, não há uma proteção de moradia ou de qualquer tipo de
revisão pelo Estado com a sociedade. Assim, entende-se que é uma crise de segurança que ao

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menos há uma legislação fixa para que os cidadãos tenham uma proteção mínima, já que os
grupos de narcotráfico e de crimes violentos rodam o país inteiro, principalmente a Cidade do
México.

b. Feminicídio

O feminicídio e a violência contra a mulher são dois tópicos que são muito constantes
no México. Assim como nos Direitos Humanos é prezar pela segurança de homens, LGBTs,
pretos e todos aqueles que estão sob o controle de um Estado de Direito, as mulheres também
têm seus direitos de viver e não ser violentada. A cada dia no estado mexicano, dez mulheres
morrem por conta de seu gênero. Assim, no dia 9 de março, todo ano as mesmas fazem
protestos contra o governo que não as protege. Um movimento que eclodiu foi o “Um dia
sem nós” que foi preparado e dramatizado por grupos feministas contra a situação estatal.
Com o aumento de 146% dos casos, o governo ainda trata esses crimes como pobreza
generalizada. Mesmo que as falas de Andrés Manuel López Obrador sejam contrárias a essas
atrocidades, não há nenhuma legislação incisiva sobre os casos. Além de denunciar alguns
grupos feministas que se opunham ao Estado, denunciando sua falta de colaboração com o
direito feminino.
Ultimamente, com número crescente de violência contra a mulher o Estado declara a
proposta de medida provisória nesses casos, Lópes ainda complementa que é contra todo tipo
de violentação à mulher. Vale relembrar a pandemia, que fez mulheres mexicanas ficarem
dentro de suas casas, propensas ao abuso domiciliar ou o próprio feminicídio. Com o começo
da quarentena, já foram 267 assassinatos.
A “epidemia” de morte às mulheres não é nova, tendo seu início brutal desde 1993. A
violência relembra a oriental, que muitas vezes há a retirada dos seios e olhos das mulheres
por inúmeros motivos puníveis. A cidade de Juárez é conhecida pelo número grande de
agressões e mortes, fazendo fronteira com o Texas.
Relembrando que o México é o quarto pior país para uma mulher ser segura e
conseguir ter seus direitos.

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II QUARITERÊ MUN

Protesto contra o governo mexicano, 2020


https://www.huffpostbrasil.com/entry/protesto-feminicidio-mexico_br_5e4aa75ec5b64433c619b937

c. Tráfico humano internacional

Anualmente, milhares de seres humanos são submetidos ao tráfico humano em


diversas partes do território mexicano. Apesar de não ser muito comentado nas mídias
sociais, o México esconde um grande histórico de casos de mulheres e crianças que são as
mais traficadas. Tlaxcala é o menor estado do México mas o que possui mais registros de
tráfico humano, cerca de 30% da população que habita lá está diretamente ligada ao tráfico.
Segundo as autoridades, os padrotes, como são conhecidos estes homens, após enganarem e
convencerem as jovens de outros estados a juntarem-se a eles, levam-nas para Tenancingo e
depois as estupram, abusam de diferentes maneiras, logo as obrigando a se prostituir em
outros estados dentro do país ou nos Estados Unidos. Tenancingo é um município que fica ao
sul do estado de Tlaxcala, próximo à fronteira com o estado de Puebla, tem uma população de
apenas 10 mil habitantes e é conhecido como o grande centro de tráfico sexual no país.

d. Perseguição Política

Há a perseguição de jornalistas por parte dos cartéis, não sendo incomuns notícias de
assassinatos violentos visando disseminar o medo, censurando os corpos jornalísticos.
Também é possível observar a presença de “monitoramento clandestino de agências de
notícias” por parte do governo.

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II QUARITERÊ MUN
7. Panoramas

a. Canadá

Historicamente, os dois sempre estiveram do mesmo lado em decisões grandes, além


de participarem do bloco econômico da NAFTA. O país sempre manteve grandes relações
econômicas com o México, além de ir junto com o mesmo para que os Estados Unidos da
América não aumentasse tarifas. O canadá recebe estrangeiros em seu país com uma menor
burocracia que os Estados Unidos.
Mesmo que seu vizinho tenha saído do CDH, o mesmo se faz muito presente e é um
dos países que mais segue a risca os Direitos Humanos. Espera-se uma certa neutralidade e
um moderador de debates do Canadá, que ajudará o México.

b. Emirados Árabes Unidos

Com aliança de países do Oriente Médio parecidas, podemos pensar na questão


petrolífera que iria ajudar na questão da crise econômica. Os dois países não têm acordos ou
bilaterais muito relevantes, contudo, podem ser construídos perante o comitê. A interação da
OPEP é muito importante neste quesito.
Com sua representatividade grande no comitê é tido como boa parte do Oriente
Médio, a mesma se faz presente nas resoluções e consegue chegar a acordos que sejam bons
para ambas as partes.

c. Estado do Japão

As relações recentes entre os dois países, apesar de não muito extensas, são positivas.
O ponto principal é o estabelecimento do tratado de livre comércio em 2005, a partir daí o
comércio de ambos aumentou dramaticamente. Em 2018, o comércio dentre os dois países
totalizaram US$20,3 bilhões, um número notável.
Quanto a direitos humanos, o Japão é criticado pela falta de leis proibindo a
discriminação racial, etnica, religiosa, de opção sexual ou gênero. Também há críticas ao
diminuto número de refugiados que o país aceita, a maioria já sendo da Ásia, e a ausência de
uma instituição nacional de direitos humanos. Ainda assim, a política internacional oficial do
Japão quanto a direitos humanos consiste na contribuição para a melhora do ambiente de
direitos humanos no mundo.

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II QUARITERÊ MUN

d. Estado Plurinacional da Bolívia

Há uma tensão entre os dois países, visto que a delegação mexicana vê


pejorativamente a delegação boliviana. Em anos anteriores, ambas as partes expulsam
diplomatas dos respectivos países, gerando um estranhamento internacional. Um dos
anteriores presidentes bolivianos é agora acolhido pelo governo mexicano, o que deixa um
certo estranhamento pela parte boliviana.
A Bolívia tem se feito presente nas discussões do Conselho, contudo ainda tem
algumas tensões com o México. Espera-se que a Bolívia seja bem firme em posição ao
México, contudo em situações extremas ofereça seu apoio.

e. Estados Unidos da América (M.O.)

Além da construção de um muro fronteiriço, as relações entre os países são


estritamente comerciais e um relacionamento tóxico de xenofobia e abuso de poder por parte
dos Estados Unidos. Ambos participam do NAFTA que é o acordo de livre comércio dos
países norte-americanos. Contudo, os países não estão em bons termos, sabendo que 55% do
território mexicano foi roubado pelos Estados Unidos. Os EUA sofrem de imigração ilegal
mexicana e não aceitam muito os que estão fronteiriços.
Os Estados Unidos saíram do Conselho de Direitos Humanos em 2018, durante a
administração atual de Donald Trump, em meio a críticas contra sua política migratória,
justificando o abandono como uma crítica ao tratamento desproporcional do órgão contra
Israel. Espera-se um certo aversão da delegação estadunidense com a mexicana, seguindo as
falas xenofóbicas de seu presidente, mas não perdendo a diplomacia.

f. Estados Unidos Mexicanos

Apesar de sofrer com uma grave crise de segurança, humanitária e econômica, o país
costumava ter uma política de negação e conveniência, por parte dos governos anteriores,
com o crime organizado. O governo atual, de Andrés Manuel López Obrador, trouxe uma
proposta de estabelecimento de uma “rota da seda mexicana” utilizando de ferrovias, visando
substituir o canal do Panamá e Nicarágua. Apesar das propostas, o governo atual é muito
criticado pelo mal desempenho econômico, resposta ruim contra a epidemia de covid-19 e
incapacidade de reduzir a criminalidade e de reprimir os cartéis.

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II QUARITERÊ MUN
Em meio às múltiplas denûncias de violação dos direitos humanos dentro do México,
sendo algumas destas já veiculadas por meio da ONU, a posição dos governos anteriores se
resumia a criticar as denúncias como “irresponsáveis e pouco éticas”. Dentre as violações aos
direitos humanos apontadas estão: desaparecimentos forçados, execuções extrajudiciais,
diversos abusos por parte dos militares, ampla utilização de tortura por parte do Estado,
corrupção do sistema judiciário, emergência de milícias de autodefesa, ataques contra
jornalistas e defensores dos direitos humanos, não proteção dos direitos femininos e outros.

g. Federação Russa

Além das relações voltadas ao turismo com o México, a Rússia tem grande relação
tecnológica e espacial com a nação. Além dos acordos e interesses que a delegação mexicana
teve na vacina do COVID-19 projetada pela delegação russa, a Rússia deseja estreitar
relações com países da América Latina e principalmente, o México.
Em relação ao CDH, a delegação já participou anteriormente e esteve presente quando
ainda era outro conselho e ainda pouco estruturado, negado pelos Estados Unidos. Assim, já
participou diversas vezes sobre o direito de mulheres e é ativo nas redações. Espera-se que a
delegação esteja a par do México e o ajude nessa crise.

h. Human Rights Watch (Membro Observador)

Com a tortura, desaparecimento de pessoas, censura jornalística, o Human Rights


Watch atua no México. O mesmo preza pelo direito de todos a terem o que a Carta dos
Direitos Humanos se refere, mesmo com as investigações, expor ao governo é quase que
inútil, pois continua oprimindo os mesmos sem sequer rever a legislação. Como é uma ONG,
conta com especialistas voluntários que podem ajudar na situação e fazer denúncias
exteriores.
Em muitas crises como a da Venezuela, o HRW se fez presente para ajudar a diminuir
os impactos ruins ao redor e no país. Assim, ele deve ajudar a situação mexicana
denunciando o que ocorre a uma corte internacional.

i. Reino da Bélgica

Possuindo um histórico notavelmente antigo de cooperação, com seu primeiro tratado


bilateral datando de 1861, são nações amigas. A Bélgica contou com apoio Mexicano mesmo

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durante a invasão nazista durante a segunda guerra mundial. Em 1997, o méxico assinou um
tratado de livre comércio com a união européia, portanto também com a Bélgica. Seu
comércio mútuo totalizou US$ 3,3 bilhões em 2018.
Em junho de 2020, o Rei da Bélgica, Philippe, escreveu em carta para o presidente do
congo que reconhecia e demonstrava o mais profundo arrependimento quanto aos atos de
violência e crueldade cometidos durante a colonização, ato inédito por parte de um monarca
belga. Ademais, a delegação belga deverá se comportar com imenso respeito e preocupação
quanto a manutenção e garantia dos direitos humanos como um todo.

j. Reino da Espanha

A Espanha tem sua reputação mexicana de ser colonizadora, contudo, após a sua
separação e libertação, suas relações econômicas vieram de forma positiva, além de estarem
no bloco G-20. Algumas relações ainda estão na corda bamba, quando o México exige uma
reparação histórica. Além dos problemas históricos, os mesmos ainda conseguem manter uma
relação bilateral em que os dois lados consigam negociar.
Nos últimos anos, o CDH tem sido contrário a algumas decisões da Espanha e
algumas afrontas na fundação do mesmo. Contudo, a postura do país deve ser de ajuda e
sempre relembrar que a reparação histórica está no passado, mas nunca deixar de ajudar para
não ficar com a imagem de “colonizador”.

k. Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte

O Reino Unido tem sido muito pró-ativo em defesa do país contra a crise, ajudando
principalmente no quesito do tráfico e outras áreas que estão mais afetadas. Com alguns
atentados de drogas mexicanas na região britânica, a mesma tem dado total apoio à
diminuição do mesmo na região. O México também está no tratado de Livre Comércio com a
União Europeia, que há pouco tempo o Reino Unido está em processo de saída.
Em relação ao comitê, o mesmo prestará total ajuda ao México e conseguirá mais
aliados o possível para que a crise acabe, pois seu interesse econômico está em jogo.

l. República Argentina

Argentina e México são parceiros econômicos e ainda se ajudam nessa crise do


COVID-19. Os dois já participaram de projetos juntos para combater a crise mexicana e

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também uma reforma no CSNU. Com o desentendimento do México com os Estados Unidos,
seu foco agora é a América Latina para reconstruir seu próprio país. Além disso, os dois
países estão no Grupo de Lima, que ajuda a recente tragédia da Venezuela.
Além de sua eleição ao CDH, a Argentina já foi muito questionada por suas barreiras
econômicas na casa e pode ser meio apreensivo no debate. Contudo, deve mostrar total apoio
ao México e fornecer na medida do possível, assistência em todos os âmbitos.

m. República Bolivariana da Venezuela

Os dois países estão em vários acordos com a América Latina e Central, ainda estando
também no acordo que ajuda a Venezuela a sair da crise: Grupo de Lima. Como a Venezuela
está em uma crise bem pior, não há dúvidas que sua ajuda não será significativa. O que pode
acontecer é os aliados da Venezuela darem apoio ao México, mas a mesma pode só priorizar
as relações diplomáticas e econômicas, mas não fazer doações de tão grande magnitude.
Eleita junto ao Brasil no Conselho, tem sido polêmica por sua crise e por um governo
autoritário. Sabe-se que é uma complicação e sua situação está realmente sendo debatida na
maioria dos comitês por ser emergencial. Como dito anteriormente, apenas relações
diplomáticas podem ser estreitadas por sua situação caótica.

n. República da África do Sul

Apesar da histórica crítica e oposição contra o Apartheid na África do Sul, os países


se aproximaram política e economicamente a partir do governo de Nelson Mandela, contando
com algumas visitas presidênciais oficiais recentes. Possuem diversos tratados bilaterais, seus
comércios mútuos totalizam US$649 milhões.
O país possui um passado negativo quanto aos direitos humanos em virtude do
Apartheid, e segundo o relatório de 2019 do Humans Rights Watch, corrupção, pobreza,
crimes violentos e alto níveis de desemprego impedem os cidadãos de gozar de suas plenas
liberdades e direitos. Ainda assim, a política externa da África do Sul é extremamente
compromissada com a garantia dos direitos humanos, espera-se um comportamento de acordo
por parte da delegação sul africana nesse comitê.

o. República da Colômbia

É notável a semelhança da crise de segurança mexicana com a crise do narcotráfico da


colômbia no século passado, principalmente nas décadas de 1960 e 1970. Os cartéis
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colombianos possuíam um grande destaque internacional, se aliando até com grupos
paramilitares, como as FARC, juntos rivalizando o próprio governo central. Com muito
esforço, a comunidade internacional foi capaz de remediar a situação na colômbia,
negociando acordos de paz com as milícias e reduzindo o tráfico.
No CDH, a Colômbia pode ser um exemplo de país latinoamericano que foi
relativamente capaz de solucionar sua crise narcotrafica, podendo auxiliar o méxico
diplomaticamente, para que se inspirem no exemplo razoavelmente bem sucedido.

p. República da Coreia

Com a sua grandiosidade econômica, conseguiu estabilizar o CDH de forma notável,


assim fornecendo direitos à sua civilização. Com isso, é de se esperar do governo sul-coreano
que seja dada uma ajuda muito importante ao México, validando seu governo e entendendo
como podem ser estreitadas suas relações econômicas já existentes. No CDH, ainda foi
questionada pelos seus conflitos com a Coreia do Norte, ainda não solucionados.

q. República da Guatemala

Além do que se sabe do fronteiriço entre os países, há uma crise migratória mexicana
que faz sua população ir a Guatemala, que acolhe os mesmos. Mesmo com a contenção por
parte do México, os números são altíssimos. O meio que chegam é ilegal, mesmo com o
acolhimento, há certo repúdio por parte da delegação da guatemala. Além das fronteiras, os
mantêm relações diplomáticas e econômicas.
Além das parabenizações do CDH à delegação, muito se vê uma presença forte nas
resoluções latino-americanas. Assim, espera-se grande ajuda do vizinho que recebe tantos
imigrantes ilegais.

r. República da Singapura

As relações diplomáticas entre os dois países datam 1975, ambos os países são
membros da APEC. Possuem múltiplos acordos bilaterais, incluindo alguns visando
cooperação econômica, educacional e agrícola. O comércio dentre as duas nações totalizou
US$2,8 bilhões em 2018.
A singapura foi criticada por um relatório de 2020 do Human Rights Watch, em
virtude de violações contra direitos humanos, como liberdade de expressão, protesto e
perseguição de indivíduos por declarações feitas contra o governo, utilizando como

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ferramenta o “Protection Against Online Falsehoods and Manipulation Act”. Também há
severas violações dos direitos de LGBTs, com a proibição das relações sexuais homossexuais
integrar o código penal, por exemplo.

s. República da Turquia

Possuindo relações diplomáticas desde o antigo império otomano, ambas são


potências regionais e possuem um histórico recente de apoio mútuo em questões
diplomáticas, inclusive com apoio na ONU por parte do méxico para com a turquia, quanto
ao assunto da guerra civil síria. Possuem diversos acordos bilaterais, seu comércio mútuo
totaliza US$1,2 bilhões e há a presença de multinacionais mexicanas na turquia e vice e
versa.
A Turquia, de Erdogan, assina a carta dos direitos humanos desde 1949, porém, foi
denunciada em 2018 por violar os direitos humanos de dezenas de milhares de pessoas
durante o estado de emergência de 2016. Tortura, maus-tratos, detenções arbitrárias, privação
arbitrária do direito a trabalhar e da liberdade de movasbimento, ameaças à liberdade de
associação e de expressão e, ainda, a erosão do Estado de Direito no país foram evidênciados
no documento. A delegação Turca poderá contestar a legitimidade e imparcialidade do órgão,
mas mantendo seu apoio a delegação mexicana, em virtude de seu histórico de cooperação.

t. República de Cuba

A relação entre ambos é muito grande e muito forte, sendo perpetuada por mais de
cem anos. Como o forte de Cuba é a medicina, vários médicos foram ao país para ajudar na
saúde e na crise do coronavírus não é diferente. Além dos acordos bilaterais entre as nações.
Além de sua ajuda digna ao país, ainda é reconhecida pelo CDH como um dos países
que mais segue a Carta dos Direitos Humanos e propaga a mesma. Assim, é de se esperar
grande ajuda do país na crise, ainda mais na área da saúde, considerando a pandemia do
coronavírus.

u. República do Chile

Os dois países possuem uma longa história diplomática, remontando pouco depois de
suas independências da Espanha. As relações entre os países foram suspensas até 1990,
devido a ditadura do General Augusto Pinochet, mas desde o restabelecimento tiveram um

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grande estreitamento de laços quanto a tratados bilaterais e comércio. Em 2018, o comércio
dentre os dois países totalizou US$ 3,4 bilhões.

v. República do Equador

Com a atual crise, a embaixada do Equador no México tem sido protegida. Assim, o
Equador como uma possível potência em desenvolvimento, consegue alinhar-se ao México e
melhorar suas relações econômicas. Assim, sabe-se que os mesmos possuem relações
diplomáticas e conseguem se ajudar mutuamente.
Como sabido, os países da América Latina e Central tem sido alvo de golpes e crises,
assim o Equador pode ajudar na medida do possível, estreitando as relações diplomáticas.

w. República do Paraguai

Possuindo 189 anos de relações diplomáticas, ambos os países mantêm relações


comerciais e participam de múltiplos acordos bilaterais. Seu comércio totaliza US$166
milhões, incluindo a exportação de tratores, peças de automóveis, bebidas alcoólicas e
maquinário do México para o Paraguai, e açúcar, frutas e têxteis do Paraguai para o México.
Ambos os países possuem embaixadas entre si.
Paraguai ingressou no CDH em 2014, protagonizando uma campanha de abertura do
paraguai para a comunidade internacional, fazendo propaganda do respeito aos direitos
humanos em seu território. Ainda assim, no mesmo ano, a Coordenadora de Direitos
Humanos do Paraguai declarou que “o Estado paraguaio não reúne as condições necessárias
para ser membro do CDH”.

x. República do Peru

A cultura de ambas foi muito presente na economia e é o que agrada o público


estrangeiro. Como sendo uma das economias mais avançadas da América Latina, consegue
ter relações diplomáticas e econômicas muito avançadas com a delegação mexicana. Ambos
estão tendo problemas na crise do coronavírus, mas juntos podem ajudar-se economicamente
para o mesmo, além de anteriormente terem trabalhado com denúncias no mesmo conselho,
abrangem jeitos diplomáticos plausíveis de acabar com a crise mexicana. No CDH, o mesmo
se fez presente para denunciar maus tratos e exploração colonial de países estrangeiros com a
América Latina.

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y. República Federal da Alemanha

O países possuem um passado diplomático extenso, desde o século 19. Com a


reunificação da Alemanha em 1990, o México, que mantinha relação com ambas as
alemanhas, estabeleceu relações oficiais com a República Federal da Alemanha, movendo
sua embaixada para Berlin. Em 2017, Angela Merkel fez uma visita oficial ao país,
reafirmando a força de suas relações bilaterais baseadas em valores de democracia, promoção
do livre comércio, desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas, dentre outros. Em
2018, as relações econômicas entre os dois países totalizaram US$24,8 bilhões. Suas relações
econômicas são notáveis e extremamente relevantes para ambos.
Em contraste com a sua história conturbada durante o século XX, a alemanha pós
unificação se mostrou um país não só forte economicamente, como um país comprometido
com a democracia e os direitos humanos. Sua influência na manutenção dos mesmos
também, idealmente, se expande por todos os outros países da União Européia, visto que um
dos pré-requisitos de entrada e permanência é o respeito pleno aos direitos humanos.

z. República Federativa do Brasil

Os dois consolidaram relações bilaterais e de alto nível, melhorando o Acordo de


Complementação Econômica 53 e facilitando investimentos de ambas as partes. Os dois têm
fortes ligações e se ajudam nas questões externas. Contudo, o Brasil e a maior parte dos
países latino americanos não tem tanta responsabilidade para conseguir bancar uma crise,
pois estão em situação igual ou pior. Entretanto, o país em questão pode ajudar com acordos
econômicos e estreitando relações diplomáticas. O país ainda é muito questionado por sua
crise interna no CDH, contudo consegue criar ótimas resoluções e ainda driblar a crise que é
pertinente em seu país.

aa. República Francesa

A França tem um histórico de intervenções colonialistas desde o século XIX. Mesmo


com isso, suas relações agora são estáveis mesmo com a herança colonialista, que pode ser
muito questionada no comitê. O país atualmente se faz em posição de ajudar e mediar as
conversas, tentar ajudar a situação mexicana. A nação tem trazido propostas ótimas ao CDH e
continua mostrando-se muito apta em relação aos Direitos Humanos.

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bb. República Islâmica do Paquistão

Com a crise paquistanesa de armas e grupos terroristas, o México não tem tanta
ligação com o país que é referido. Assim, as ajudas que Paquistão pode ter são mais
diplomáticas do que econômicas. Seu país está numa crise um pouco pior que o México e por
isso também precisa de ajuda, contudo, pode trabalhar nas suas relações de aliados e ajudar
do jeito que puder. O Paquistão foi eleito no CDH e atua no órgão desde então.

cc. República Italiana

Há uma grande quantia de imigrantes mexicanos na Itália, aqueles que têm condições
financeiras melhores e conseguem ir à países mais distantes. São parceiros econômicos,
porém a questão da imigração ainda é complicada na Itália, por sua falta de ajuda a
imigrantes ilegais. Além da economia, ambos têm apoios bilaterais e ajudas a crise que ocorre
atualmente.
Além de eleita, a mesma é prestigiada no Conselho. Assim, deve-se esperar uma
posição de ajuda da mesma, mas com um porém que é a imigraçaõ ilegal e trabalhos em seu
país.

dd. República Popular da China

Em resistência ao patriotismo norte-americano, a China vem investindo em uma força


mexicana mais e mais. Além do financiamento externo da China, há a intriga de lados das
grandes potências. Então, há uma estratégia grande de colocar o México como aliado contra
os Estados Unidos da América. Além da ajuda interina que a mesma deu com a crise, é de
grande ajuda qualquer suprimento médico que a mesma oferece nessa época de pandemia.
Estando em sua fundação, tem sido muito importante no CDH, contudo, há algumas
contradições que são esquecidas, como os campos de concentração e sua hegemonia africana.
Todavia, espera-se uma grande ajuda da delegação para com o México.

8. Questões a Serem Consideradas

Aqui separamos algumas questões a serem ponderadas a fim de questionarem-se e


pesquisarem cada vez mais para formarem um plano de ação e pensarem já nas negociações
da conferência. Não estamos exigindo que cada um responda tais questionamentos em meio
ao comitê, mas que tomem esses como guia para vocês e usem como um tipo de norte para as
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discussões. Cabe aos senhores delegados decidirem sobre estas questões deste
importantíssimo comitê.

- Como a comunidade internacional em conjunto com o méxico poderia ajudar contra


o narcotráfico e o crime organizado?
- Seria viável reprimir a corrupção de um sistema judiciário, executivo e legislativo,
como é o caso do México?
- De quais maneiras é possível reduzir, ou eliminar, as violações aos direitos humanos
por parte do Estado, e forças do mesmo, como polícia e militares?
- O quê fazer para salvaguardar os direitos básicos de jornalistas e ativistas de direitos
humanos, de pessoas em vulnerabilidade social - como doentes, PCDs, mulheres e
crianças?

9. Recomendações de Estudo

Olá senhores delegados! Como dito anteriormente, na carta de apresentação do


comitê, é indispensável que os senhores leiam o guia e que façam pesquisas complementares.
E para ajudar os senhores delegados nos estudos, a mesa diretora do CDH selecionou alguns
documentários essenciais para maior compreensão do tema.

- Documentário “A Liberdade do Diabo” de Everardo González, 2017.


- Documentário “Cartelândia” de Matthew Heineman, 2015.
- Documentário “Antes que nos esqueçam” de Matías Gueilbert, 2014

10. Referências Bibliográficas

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