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Índice
Carta aos delegados...............................................................................................................3
I. Introdução..............................................................................................................................4
II. Conselho dos Direitos Humanos.........................................................................................4
1.1 Declaração Universal dos Direitos Humanos.............................................................5
1.2 Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros..................................................5
III. Contextualização histórica...................................................................................................7
IV. Violação dos direitos humanos............................................................................................8
1. Infraestrutura e superlotação.......................................................................................9
2. Pena de morte...............................................................................................................11
3. Violência e segurança..................................................................................................12
3.1 Violência Física e Psicológica................................................................................13
3.2 Tortura....................................................................................................................14
3.3 Segurança e Irregularidades...................................................................................16
4 Saúde..................................................................................................................................17
5 Prisioneiros vulneráveis....................................................................................................19
5.1 Mulheres.................................................................................................................19
5.2 Jovens e crianças....................................................................................................22
5.3 Comunidade LGBTQ.............................................................................................24
6 Reinserção e reintegração do detento na sociedade.......................................................26
7 Iniciativa privada..............................................................................................................27
8 Posicionamento oficial......................................................................................................29
8.1 América.................................................................................................................29
8.2 Eurásia...................................................................................................................33
8.3 África.....................................................................................................................41
8.4 ONGs.....................................................................................................................42
Referências bibliográficas................................................................................................44

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Carta aos delegados

Caros delegados,

Sejam todos bem-vindos a 9ª edição do ABACOONU 2017 e à Comissão dos Direitos


Humanos (CDH). É com enorme felicidade que recebemos os senhores neste comitê tão
especial que discutirá a situação do sistema penitenciário no mundo.

Meu nome é Victória Rocha Cipriano e serei a diretora-sênior desse Comitê. Me formei
no Colégio Ábaco em 2015, fui Secretária-Geral Acadêmica do ABACOONU 2016 e
atualmente sou aluna na Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo. Outros
quatro diretores compõe a mesa juntamente comigo: Fernanda Aidar, Mariana Rocha,
Victor Portela e Yuri Peggion, todos cursando o terceiro ano do Ensino Médio no
colégio Ábaco e já com vasta experiência em simulações, como participações no
HMUN (Harvard Model United Nations) e no PoliONU.

Esse guia tem como objetivo principal nortear os senhores para suas respectivas
pesquisas. Recomendamos fortemente que os senhores não se limitem a esse guia e
procurem informações em outras fontes como jornais, livros, vídeos e sites confiaveis,
para que possam, assim, enriquecer o debate e torna-lo mais dinâmico.

Esperamos que com este debate os senhores encontrem uma solução que respeite os
Direitos Humanos e a política externa dos países ou ONGs que os senhores estão
representando para esse problema tão presente no mundo todo e que é tão ignorado pela
sociedade.

Para quaisquer dúvidas que venham a surgir durante a pesquisa, a Mesa Diretora estará
disponível para ajudá-los a qualquer momento. Esperamos que essa experiência os
engrandeça como seres humanos e os tornem cidadãos mais críticos em relação a
sociedade que os cerca. Desejamos a todos uma ótima simulação.

Cordialmente,
Mesa Diretora do CDH
Victória Rocha Cipriano (victoriarcipriano@gmail.com)
Fernanda Aidar Navas (navasfe348@gmail.com)
Mariana Teramoto (maryrochateramoto@gmail.com)
Victor Portela Marotti (vpcm12@gmail.com)
Yuri Peggion (yuri.demp@gmail.com)
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I. Introdução

Senhores delegados, sejam bem-vindos ao Conselho de Direitos Humanos. Na


nona edição do ABACOONU 2017 os senhores discutirão acerca das atrocidades aos
Direitos Humanos no sistema carcerário.

Ao participar deste comitê, os senhores tornam-se responsáveis por assegurar,


em escala global, o cumprimento da Carta dos Direitos Humanos e devem, assim, ter
plena consciência dos artigos presentes na Declaração Universal dos Direitos Humanos,
proclamada em 10 de dezembro de 1948 e de suas repercussões na comunidade
internacional.

Os senhores deverão organizar e coordenar discussões acerca da promoção dos


direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de estarem cumprindo
ou não a pena. Devem encontrar, primeiramente, soluções imediatistas que promovam o
bem-estar e, a qualidade de vida a longo prazo aos detentos, assim como métodos de
reinseri-los na sociedade de maneira digna, com o intuito de minimizar a discriminação
contra eles.

Em conferência na sede do CDH, em Genebra, nações do mundo inteiro


discutirão o futuro de milhões de detentos. Para isso, deve-se ter pleno domínio sobre
perspectivas políticas, econômicas e sociais acerca dos sistemas penal e carcerário.
Portanto, reitera-se que é de extrema importância que os delegados não se limitem a
pesquisas superficiais, a fim de não haver discussões supérfluas durante o andamento
dos debates.

Muito do que é apresentado pela grande mídia sobre as prisões é superficial e


sem um estudo aprofundado e há casos explícitos de imparcialidade, fugindo da ética
jornalística. Portanto, não tenham como embasamento somente o que é apresentado em
veículos informativos que possam ter sua divulgação e/ou material manipulados de
maneira alienadora, mas sim utilizem pesquisas, artigos de estudiosos no assunto e
denúncias por parte de ONG's para criarem argumentos sólidos, críticos e analíticos.

II. Conselho de Direitos Humanos

O Conselho de Direitos Humanos é um Órgão Intergovernamental criado pelos


Estados-membros das Nações Unidas com o intuito de promover e assegurar a proteção
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dos Direitos Humanos ao redor do mundo. Trata-se de um órgão de caráter
recomendatório, ou seja, as medidas tomadas por esse comitê não serão de cunho
obrigatório e ações de caráter militar não serão aceitas. Toda e qualquer forma de
violação aos direitos inerentes ao homem, que se encontram presentes na Declaração
Universal dos Direitos Humanos (DUDH), poderá ser debatida e os Estados praticantes
de tais delitos receberão recomendações sobre como sancionar e solucionar o problema
(isto, ao final dos dias de debate, na resolução proposta e aprovada pelos Estados-
membros presentes).

Este Conselho foi criado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 15 de
Março de 2006, pela resolução 60/251. Um ano depois de sua primeira sessão (2007), o
CDH adotou como mecanismo de funcionamento o “Institution-building package”,
dentre os mecanismos deste “pacote” estão a Revisão Periódica Universal, que tem por
função acessar as situações dos Direitos Humanos nos países membros das Nações
Unidas; o Comitê Consultivo, que tem por função selecionar as temáticas que virão a
ser tratadas em pauta, e, por último, o Procedimento de Reclamação, que possibilita
indivíduos ou Organizações a trazerem violações aos Direitos Humanos para o
Conselho. São quarenta e sete os membros do Conselho, e as representações são
geográficas equitativas, ou seja, continentes de maior ocupação recebem mais
representantes no Conselho. A duração do mandato dos membros é de três anos. Eles
são votados pela Assembleia Geral das Nações Unidas (o CDH é um órgão subsidiário
da AGNU) e presta contas diretamente a ele.

1.1 Declaração Universal dos Direitos Humanos

A Declaração Universal dos Diretos Humanos é um documento que foi


elaborado por representantes de todas as regiões do mundo. Proclamada pela
Assembleia Geral das Nações Unidas, visa e estabelece, de maneira pioneira na história,
a proteção universal dos direitos humanos. É o documento mais traduzido do mundo,
em mais de 360 idiomas, sendo alvo de inspiração para constituições de diversos
Estados e democracias atuais.

Este documento apresenta, em seu corpo, trinta artigos, que tratam da defesa aos
direitos inerentes aos seres humanos, independentemente de raça, religião ou cultura,
assim como é dito na introdução deste: “[...]como o ideal comum a ser atingido por
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todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da
sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da
educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de
medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu
reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos
próprios Estados Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.”
No entanto, muitas vezes, este é ignorado por diversas nações, e, ao tratar do ambiente
carcerário, várias práticas de tortura se tornam aparições midiáticas devido a insensatez
e ao pouco caso de diversos governos.

1.2 Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros

As Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros foram adotadas pelo 1º


Congresso das Nações Unidas para Prevenção do Crime e Tratamento de Delinquentes,
realizado em 1955, em Genebra, estas, foram aprovadas pelo Conselho Econômico e
Social da ONU em 31 de julho de 1957, e aditadas pela resolução 2076 (LXII) de 13 de
maio de 1977. Somente em 25 de maio de 1984, o Conselho Econômico e Social
aprovou treze procedimentos para a aplicação efetiva das Regras Mínimas. Este
documento não possui o intuito de descrever de maneira precisa e detalhada o melhor
funcionamento e o modelo penitenciário a ser atingido mundialmente, mas sim de
estabelecer os princípios e as regras de uma boa organização penitenciária, tomando por
base conceitos atualmente aceitos e elementos essenciais dos sistemas contemporâneos.

A Comissão de Prevenção do Crime e Justiça Criminal da ONU se reuniu em 22


de março de 2015, em Viena, para revisar e instruir uma melhor adoção das Regras
Mínimas. Estas regras são agora conhecidas como “Regras de Mandela”, em
homenagem ao já falecido Nelson Rolihlhla Mandela, grande defensor dos direitos
humanos, que passou vinte e sete anos de sua vida na prisão. Em um de seus icônicos
discursos, ele pontuou: “Dizem que não se conhece um país realmente até que se esteja
em seus cárceres. Não se deve julgar uma nação por como trata seus cidadãos mais
privilegiados, mas os mais desfavorecidos.”

Tais regras apresentam uma sessão ampliada dos princípios básicos de


tratamento dos detentos e instituem, completamente, proibido o uso de tortura. Garante
também a rigidez para com medidas disciplinares tomadas sobre os detentos, como
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proibir o uso do regime de isolamento por mais de quinze dias, além de diversas outras
proibições e restrições.

“As Regras, se aplicadas plenamente, contribuiriam para que o encarceramento


deixasse de ser um tempo desperdiçado de sofrimento e humilhação para converter-se
em uma etapa de desenvolvimento pessoal que conduzirá à libertação, em benefício de
toda a sociedade. ”, disse Yuval Ginbar, assessor jurídico da Anistia Internacional.

III. Contextualização histórica

O ser humano, acostumado com o cotidiano globalizado, tende a achar que as


instituições atuais, como as prisões, sempre existiram. Entretanto, o conceito de
aprisionamento, acoplado ao cumprimento de leis, é uma ideia não tão atual.

Durante a Idade Média, não existia um Sistema Judiciário concreto. As punições


eram de responsabilidade dos grandes nomes de cada região, como os soberanos feudais
e o clero. Como as decisões se baseavam puramente em opiniões pessoais ou
mandamentos da fé cristã, houve grande perseguição durante essa época, fosse política,
religiosa, de cunho social ou simplesmente por vingança. Caso alguém fosse
considerado herege, desobedecesse a nobreza ou apenas não concordasse com as
ideologias da época, essa pessoa seria executada ou torturada.

A ideia de estatização da justiça apenas surgiu em meados do século XII, com a


formação das primeiras grandes monarquias europeias. A partir desse momento, as
decisões "jurídicas" passaram a ser tomadas pelos governantes de cada reino, tendo em
vista a definição dos crimes de cada época e quando se tratasse de um crime religioso,
pela Santa Inquisição.

Na época, o encarceramento não era utilizado de fato como uma punição, tendo
em vista que não era algo tão burocrático como atualmente, bastava a palavra de um
oficial para aprisionar e apenas com o entendimento de que o aprisionado pudesse ter se
corrigido, este seria liberto. Foi então que surgiu o conceito de prisão, um local que
seria utilizado como isolamento de alguém que não seguisse as leis impostas, a fim de
reeducar o prisioneiro.

Entretanto, dado o prosseguimento dos séculos, a prisão perdeu o seu ideal


primário. Além da possibilidade de se tornar algo injusto, tendo em vista que muitos
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foram os presos sem uma razão digna e que, mesmo com a evolução da concepção de
igualdade e de imparcialidade, a discriminação na hora do julgamento apenas se
fortaleceu, a ela foi atribuída uma ideia mais forte de punição, isto é, de algo que sirva
para causar dor física ou emocional.

Com o aumento da população carcerária, os modelos de punição passaram a


variar: o cárcere tornou-se a principal maneira de punição no mundo, aplicável
gradativamente, de acordo com a gravidade do crime cometido e a posição social do
autor, possuindo uma administração parcial, defeituosa e ineficaz, sob a qual os
prisioneiros eram submetidos à tortura, à fome e ao trabalho duro. O crescente número
de sentenças fez aumentar a preocupação dos pensadores em planejar um método de
tratamento que posteriormente acarrete a diminuição da reincidência dos prisioneiros
(que hoje chega a mais de 50%), e, por conseguinte, a redução da quantidade de
detentos.

Na maior parte dos países, a imagem que se tem do sistema carcerário não é das
mais favoráveis. Existem muitas notícias sobre maus tratos para com os detentos dentro
destes locais. Diversos estudiosos criticam a falta de infraestrutura, saúde e segurança
nestas áreas, fatores de extrema importância para o bem-estar dos detentos e para que
nenhum desrespeito aconteça nessas casas de detenção.

Em contraponto a esta perda de humanidade e justiça, diversos grupos, em


parceria, muitas vezes com a iniciativa privada, buscam dar à pena dos prisioneiros um
pouco mais de dignidade e qualidade de vida. Existem diversos modelos ao redor do
mundo que pensam no detento com mais humanidade e dignidade. Um modelo
extremamente bem aceito pelos analistas é o da APAC (Associação de Proteção e
Amparo aos Condenados), este funciona no Brasil em mais de trinta unidades em Minas
Gerais e no Espirito Santo e abriga aproximadamente 2,5 mil detentos.

IV. Violação dos direitos humanos

Atualmente, as prisões perderam seu sentido inicial de recuperação e


readaptação do ser humano para o convívio social. As prisões vêm servido somente
como uma forma de punição sobre os erros das pessoas. O aumento da quantidade de
prisioneiros pode criar uma falsa ideia de maior segurança às camadas mais altas da
população, mas, o que se observa é um crescente aumento nos números de reincidência
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ao crime. Ademais, assim como na Idade Média, o encarceramento ainda ocorre de
forma a beneficiar uma parcela da população. O Sistema Judiciário, que ainda
permanece corrompido, continua a sentenciar mulheres, homens e crianças visando
apenas cumprir “formalidades”, sem presumir o estado atual das condições desumanas
presentes nas penitenciárias.

1. Infraestrutura e a superlotação

O quesito estrutural de um presidio engloba questões relevantes para toda a gestão e


bem estar do detento, tratando desde o acesso a higiene básica e agua potável à
segurança do presidio e sua acessibilidade para os detentos e seus familiares. Isso
estando em pauta, entende-se que a superlotação de cárceres é considerada a instigadora
de todos os problemas subsequentes, estes sendo: aqueles relacionados à saúde tanto
mental quanto física do recluso; referentes à falta de segurança em presídios, que acaba
por relacionar-se com problemas de abuso de poder e má gestão de funcionários;
ligados à discriminação de certo grupo, seja este religioso, étnico ou cultural;
correlacionados com o descaso com prisioneiros específicos, entre estes mulheres,
crianças, refugiados, deficientes, membros da comunidade LGBTQ e etc.; entre outros
que demonstram de que forma a superlotação de um presídio está extremamente
interligado com a sua gestão.

Como estipulado pelas “Regras de Mandela”, o tratamento mínimo de detentos


esperado pela ONU, cabe ao gestor do presídio levar em conta 122 regras estipuladas
pela ONU para administrar uma penitenciaria de maneira eficiente e respeitosa. Dentre
esses diversos artigos (denominadas “regras” pelo próprio documento), o tópico
“Accommodations” (regras 12-17) especifica de que maneira os espaços dos
presidiários devem ser, explicando as acomodações de suas áreas de trabalho, banho e
dormitórios. No entanto, numa visita ao Brasil por um membro do “Subcommittee on
Prevention of Torture and Other Cruel, Inhuman or Degrading Treatment or
Punishment”, o subcomitê observou tratamentos degradantes devido à severa
superlotação combinado com a falta de agua potável e ventilação nos presídios,
lembrando os casos de 2009 no estado do Espírito Santo em que em certos presídios
contêineres foram usados para alojar o número de detentos. Sobreleva-se que situações
como essas não são restringidas ao Brasil, países como Filipinas, Haiti, Bolívia, Iran,

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Líbia entre muitos outros países que apresentam nível de ocupação acima de 100% (o
maior pertencendo ao Haiti com 454.4% em 2014) também apresentam casos
semelhantes ao apresentado, se não em estado pior daquele supracitado.

Interligado com o tópico “Accommodations”, é especificado ao longo de todo o


documento (“Regras de Mandela”) detalhes importantes estruturais dos cárceres, como
a acessibilidade a um intérprete em caso do detento não falar a língua local, a
disponibilização de ajuda para deficientes físicos e mentais, o acompanhamento
psicológico dos detentos se julgado necessário ou for do interesse do presidiário, a
liberdade para praticar uma religião (permitindo até a presença de qualquer tipo de
acompanhador religioso) entre outros quesitos extremamente abrangentes, que cabem ao
administrador do presidio assegurar. Sem a infraestrutura eficaz dentro de um presidio,
seja por qualquer motivo, o presidiário acaba por perder seus direitos básicos como
humano.

Para comprovar a relação entre a superlotação e a queda do nível do cárcere em


relação a outros, diversas pesquisas e experimentos foram feitos, dentre essas, houve no
Japão entre 1972 e 2006 uma visita anual de pesquisadores a uma penitenciaria cuja
superlotação estava começando. O resultado dessa pesquisa foi que conforme a
densidade da população prisional aumentasse a violência entre os detentos crescia, de
maneira que se tornou um presidio considerado violento a longo termo. Esse estudo,
portanto, torna-se prova da relação entre a densidade populacional prisional e a
violência dentro de presídios. Ademais, outro estudo feito em 2006, pela Universidade
de Washington, mostra que existe uma conexão direta entre o tamanho da população do
presidio e o estado psicológico de cada detento e funcionário, a superlotação acaba por
causar mais estresse tanto para os oficiais quanto para os presidiários, aumentando as
chances de uma ação inapropriada pelo oficial e o índice de suicídio e homicídio no
presidio. A questão referente aos suicídios também é apresentada em um artigo
cientifico preparado pelo psicólogo David Lester.

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A luta contra a superlotação é vista pelo público de maneira simples, espera-se que
seja apenas necessário à construção de novos presídios ou a expansão dos antigos.
Diversas nações, portanto, tentaram essa resolução, com bilhões de dólares sendo
gastos, sem um real resultado. Isso ocorre por conta que a superlotação ocorre devido a
pontos como: a prisão preventiva de detentos; a guerra contra as drogas, que resulta no
aumento da população carcerária; a redução da maioridade penal; sentenças mais
extensas para crimes antes considerados banais; mudanças legislativas e a melhora de
táticas de aplicação da lei; entre outros. É necessário que os países consigam diminuir
suas taxas de encarceramento, o grande causador da superlotação, se deve haver
expectativa de uma própria resposta para este quesito.

2. Pena de morte

A pena de morte antes mesmo de conceitos de prisão, Estado, ou Sistema judiciário


era escolhida como punição adequada, porém claramente para crimes extremos
considerados dignos o suficiente que a vida do autor seja retirada. Não é preciso dizer
que existe uma forte carga de ética quando se trata dessa punição, o que agrava as
discussões atuais sobre o tema.

Atualmente, a ONU propõe a suspensão de pena de morte mundialmente, vendo esta


como uma atrocidade aos direitos humanos, porém potencias como os Estados Unidos
da América, Japão, China e Índia mostram-se contra essas medidas, cabendo a
jurisdição de cada país e seu respectivo sistema judiciário a decisão referente a pena de
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morte. Há também argumentos de que a pena de morte contribui para a redução da
criminalidade dos países que a acatam, um dos motivos para a adesão desta de acordo
com aqueles a favor da punição.

Conquanto, existe um forte ativismo por parte da comunidade internacional que se


organiza em ONG’s como a Anistia Internacional, Humans Rights Watch dentre
diversas outras. Esse ativismo critica a adesão da pena ressaltando questões sobre a
irresponsabilidade de confiar as vidas da população carcerária nas mãos de um sistema
judiciário recorrentemente falho, como mostra os diversos casos de mortes de inocentes,
por exemplo, nos Estados Unidos da América, em que desde 1973 cerca de 150
inocentes já forma executados.

Além disso, há a possibilidade do uso da pena de morte como perseguição política


como já foi denunciado em países como Coreia do Norte e China, em que o perseguido
seria preso e executado como uma manobra política.

Países que mantém a pena de morte: 56


Países abolicionistas (não houveram execuções nos últimos 10 anos e acredita-se que
há uma política de não-execução): 30
Países abolicionistas a menos em circunstancias especiais (como crimes de guerra): 6
Países abolicionistas: 103

3. Violência e segurança

Aparenta ser contraditório o fato de que o interior dos presídios não é, em


nenhuma escala, um ambiente livre de crimes. A violação dos direitos humanos dentro
do sistema carcerário acontece em grande parte pelo tratamento hostil ao qual os

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reclusos são submetidos dentro dos presídios, à deficiência do sistema carcerário em
relação à qualidade de estada, aos maus-tratos, à retificação do homem em sua essência,
entre outros.

Como violência, compreende-se a definição de um comportamento que causa,


em outrem, alguma intimidação, podendo ser de cunho moral ou físico. É notório,
claramente, que as prisões de todo o mundo sofrem divergências entre si em relação ao
tratamento com os detentos e ao tratamento detento-detento.

Os fatores que geram a violência em várias nações mundiais, são dos mais
diversos modelos. Havendo situações onde a violência é uma marca que vem sangrando
há gerações, como o racismo, o conflito de religiões e as diferentes culturas. E há casos
onde ela é gerada de forma pessoal, onde a própria pessoa constrói fatores que acabam
resultando em situações violentas como o desrespeito, o uso de drogas, a ambição e até
mesmo resultado da educação familiar.

Desta forma, percebe-se através do gráfico abaixo, de acordo com o sistema


carcerário brasileiro, o aumento do número de crimes reportados em presídios e suas
principais causas.

3.1 Violência Física e Psicológica

Os recorrentes casos de violência são, principalmente, a escassez de disciplina e


moral por parte dos guardas, seu descaso, o abuso de autoridade e tratamento agressivo
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dos detentos. A mediação de conflitos é, em grande parte dos casos, insuficiente,
precipitada ou equivocada, abrindo margem para que estes fujam de maneira recorrente
do controle e sejam “solucionados” pelo uso da força ou outros mecanismos arbitrários
como tentativa também de reafirmação de autoridade. Ademais, guardas sem
treinamento suficiente são extremamente mais vulneráveis, além de muitas vezes reagir
com indisciplina e abusar do uso da violência como instrumento de “ordem”.

As causas das mais diversas formas de violência são inúmeras assim como
destacado anteriormente: estruturais (gestão prisional ineficiente e precária,
superlotação, falta de administração, vigilância aos detentos e políticas públicas),
externas (tensões raciais e pressões políticas em administradores prisionais) e psíquicas
e pré-existentes (traumas e abusos prévios). Por esses fatores, o ambiente carcerário faz
com que a violência seja factível, a qual inclui homicídios, estupros (individuais ou
coletivos), ameaças, dependência de drogas, espancamentos, vícios, cobrança de favores
como asseguração de privilégios e força excessiva por parte de oficiais.

A concepção de que a violência prisional é corrigida por uma conduta de regras


incisivas e rígidas é confrontada pelo argumento de que ao invés de manter a disciplina,
fomenta rebeldia nos detentos. Por outro lado, a defesa de atribuir certo grau de
responsabilidade e autonomia aos prisioneiros na gestão desperta receios de anarquia e
desordem. O plano de fundo para se orientar a tênue relação entre autoridades e detentos
é, portanto, justamente balancear o grau de risco das regras prisionais e da liberdade
individual, idealmente sem que uma exclua ou comprometa a outra.

É perceptível, desse modo, que os reclusos são submetidos a várias derivações


de violência que afetam diretamente seus Direitos Humanos, o que torna problemático o
encarceramento sem estrutura ou sem acompanhamento. Na prisão, tudo é mediado pela
violência: de uma forma ou de outra, a cultura do encarceramento e da desumanização
presente nos presídios é, de fato, quase que em sua totalidade, mediada e sustentada pela
violência.

3.2 Tortura

De acordo com a Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas


Cruéis, Desumanos ou Degradantes (Adotada pela Resolução 39/46, da Assembleia
Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1984), "o termo 'tortura' designa
qualquer ato pelo qual uma violenta dor ou sofrimento, físico ou mental, é infligido
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intencionalmente a uma pessoa, com o fim de se obter dela ou de uma terceira pessoa
informações ou confissão; de puni-la por um ato que ela ou uma terceira pessoa tenha
cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagi-la ou uma terceira
pessoa; ou por qualquer razão baseada em discriminação de qualquer espécie, quando
tal dor ou sofrimento é imposto por um funcionário público ou por outra pessoa atuando
no exercício de funções públicas, ou ainda por instigação dele ou com o seu
consentimento ou aquiescência."

Hoje em dia, a tortura pode ser segmentada entre física e psicológica. A primeira
consta em aplicação de dor justamente física sobre o detento, podendo ser por meio de
utensílios cortantes, descargas elétricas, substâncias químicas, espancamentos com ou
sem materiais específicos e aplicação de cenários de desespero. Já a tortura psicológica
consta em algo mais subjetivo, uma forma de manipular a mente do indivíduo a ponto
de levá-lo à insanidade, podendo ou não ser associada à dor física. Os métodos mais
comuns são de humilhação, destruição das imagens e valores da pessoa, provocações,
indução de medo etc.

Dentre os países conhecidos por utilizarem tais métodos no tratamento de sua


população carcerária, se destacam: Estados Unidos da América, China, Rússia, Iraque,
Coreia do Norte, Turquia, Afeganistão, Brasil, Arábia Saudita, mesmo muitos desses
países terem assinado e/ou ratificado a Convenção contra a Tortura e outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes. Deve-se ressaltar que estes
são apenas os mais famosos casos, sendo que vários outros países, também ratificantes
da Convenção, praticam a tortura em seus presídios, principalmente com presos
políticos: de acordo com a Anistia Internacional, a prática de tortura ou outros maus
tratos foi documentada em 141 países.

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3.3 Segurança e Irregularidades

A fragilidade de segurança é um dos fatores principais na recorrente formação


de gangues ou quadrilhas no ambiente prisional, determinantes para que se formem
autoridades informais ou de segunda ordem( como por exemplo, nos centros de
detenção juvenis no Canadá onde nota-se que frequentemente as instituições não só
permitiam, como até mesmo induzem detentos a usarem a força contra outros) .Gera-se
assim, uma consequente vulnerabilidade por parte de certos grupos, com características
particulares (faixa etária, gênero, orientação sexual, etnia e etc.) que tornam alguns
indivíduos mais suscetíveis a sofrerem agressões por parte das gangues. Ressalta-se
também que há uma falta de diálogo entre grupos hostilizados e as autoridades
responsáveis, pelo fato dos agredidos estarem coibidos por receio ou ameaças.

Reitera-se também o papel da superlotação e infraestrutura de presídios na


prática de violência. Estas não são variáveis determinantes da violência isoladamente,
porém as suas já descritas consequências, ainda aliadas com outras conjunturas citadas
anteriormente, auxiliam no comprometimento da segurança, na deturpação do papel das
autoridades, no comportamento e condição de detentos, entre outros.

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O contrabando é uma problemática significativamente preocupante na realidade
carcerária mundial. Diversos objetos são trazidos e compartilhados no interior das
prisões por meio de visitantes, por cooperação de autoridades corruptas ou pela
fragilidade na segurança e insuficiência de vigilância. É recorrente a prática de
agressões por meio de armas improvisadas a partir dos materiais disponíveis e
acessíveis aos prisioneiros nas dependências do cárcere. Não obstante, ocorre
frequentemente a entrada de armas ou outros instrumentos de agressão nas instalações
prisionais, além de utensílios que possam favorecer ou possibilitar organizações de
fuga. Outro exemplo é o tráfico de drogas no interior das prisões, o qual tem
consequências no fortalecimento das gangues internas por ele responsável. Não
somente, dependendo do tipo de substância ilícita, seus efeitos podem modificar o
comportamento do indivíduo incitando agressividade e a prática de violência.

Uma das grandes preocupações é, também, o contrabando de instrumentos de


telecomunicação ou outros utensílios que permitam contato informal com o exterior dos
presídios. Em países como Brasil, Colômbia, México ou outros, onde cartéis de drogas e
outras organizações criminais de grande porte assumem uma escala problemática, não é
raro o fracasso da prisão de seus líderes ou participantes, tendo em vista que o
isolamento não necessariamente inibe sua comunicação com outros membros do grupo.
As práticas de delitos e outras atividades criminosas não é assim profundamente
afetada. Cita-se como exemplo do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo e
o Comando Vermelho no Rio de Janeiro, muitas vezes responsáveis pela organização de
rebeliões e mutirões no próprio interior dos presídios.

Nota-se assim, que inúmeras variáveis são diretamente responsáveis ou


favorecedoras da prática de crimes de diferentes tipos e natureza no interior das prisões.
Salienta-se a relação crucial que o papel administrativo estabelece ao possibilitar ou
evitar a ocorrência de delitos, devendo ser considerada na tentativa de elaborar
propostas que busquem amenizar a violência carcerária.

4. Saúde

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), para que uma pessoa seja
considerada saudável é necessário que além de não apresentar nenhum um tipo de
doença, ela também tenha acesso a um completo bem-estar físico, mental e social.
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Levando em consideração essa definição da OMS, pode-se perceber que os presos no
mundo estão longe de serem considerados saudáveis.

Em prisões dos EUA e da França os presos são mantidos por até 23h encarcerados
sem receber a luz sol, contribuindo assim para que essas pessoas tenham insuficiência
de vitamina D, podendo levar a quadros de enfraquecimento ósseo. Em Ruanda, os
problemas de superlotação e da falta de alimento e água levam os presos a praticarem
canibalismo entre eles. Em Guantánamo (Cuba), os presos são submetidos a torturas
psicológicas e humilhações.

Na América Latina pelo menos 70% das prisões sofrem com superlotação, esse
problema contribui para que a integridade tanto física, quanto mental dos presos seja
comprometida, já que brigas, rebeliões, incêndios e por consequência mortes sejam algo
comum no dia-a-dia dessas pessoas encarceradas.

No caso dos presos que são diagnosticados com doenças mentais graves ou
agraváveis pela condição de aprisionamento não são oferecidos tratamentos de saúde
mental especializados e ainda se recomenda que esse tratamento se prolongue mesmo
após o cumprimento da pena, algo que não acontece na maioria dos países.

A AIDS é outro problema recorrente nas prisões do mundo, devido as várias


práticas de risco comum aos presos, como por exemplo o consumo de drogas com
seringas reutilizadas, tatuagens e piercings feitas sem as mínimas condições de higiene e
relações sexuais feitas sem o uso de preservativos. A superlotação mais uma vez
contribui para a disseminação, uma vez que que com a grande quantidade de detentos
torna-se inviável que todos os presos tenham um acompanhamento médico, além disso
o tabu da homossexualidade em alguns países não permite que os presos recebam
preservativos e que haja políticas efetivas para impedir a propagação do vírus. Na
maioria dos países não há estudos sobre as condições dos presos, ou seja, não há como
ocorrer mudanças.

Além da AIDS a tuberculoses e hepatite também são doenças recorrentes no


universo das prisões, já que a transmissão dessas doenças é feita pelo ar, sangue,
alimentos mal lavados e água não filtrada.

18
5. Prisioneiros vulneráveis

Quando se trata de grupos vulneráveis e com necessidades especiais, medidas para


sua proteção e promoção de seus direitos devem ser postas em prática, levando em
consideração as particularidades de cada um.

Como regra universal, diferentes categorias de prisioneiros devem ser mantidos


em instituições diferentes ou em partes separadas de uma instituição, levando em conta
seu sexo, idade, antecedentes criminais, as razões legais para sua detenção e as
necessidades especiais de seu tratamento.

5.1Mulheres

O número de mulheres presas vem crescendo a assustável velocidade em vários


países do mundo, trazendo impacto para as políticas de segurança, administração
penitenciária, assim como para as políticas específicas de combate à desigualdade de
gênero. Nas últimas três décadas, a população carcerária feminina nos Estados Unidos
cresceu, aproximadamente, 800%, o que equivale a quase o dobro do crescimento
masculino de reclusos. Em todo o mundo, já são mais de meio milhão de mulheres e
meninas.

19
Em geral, elas cometem crimes não violentos, principalmente atuando em posições
subalternas do tráfico de drogas (como “mulas”), delitos, na maioria das vezes,
praticados com o objetivo de cuidar do lar e arcar com gastos devido à vulnerabilidade
socioeconômica e à falta de perspectivas no trabalho formal. Traçando um perfil
genérico delas, possuem baixa escolaridade, são mães solteiras ou principais provedoras
de renda de suas famílias e não possuem antecedentes criminais.

As mulheres em situação de prisão têm demandas e necessidades muito


específicas, o que não raro é agravado por históricos de violência familiar e condições
como a maternidade, a nacionalidade estrangeira, a perda financeira ou o uso de drogas.
Essas necessidades e a assimetria de gênero não são levadas em conta pelos juízes ao
designar as penas.

As dificuldades enfrentadas por elas são muitas: desde a violência no momento


da detenção, passando por problemas enfrentados dentro da prisão devido às más
condições, o acesso precário a produtos higiênicos e à assistência médica, a falta de
preparo para lidar com demandas específicas de gênero, a falta de materiais úteis ao
período menstrual, até a dificuldade de conseguir emprego após o egresso. Além dos
maus tratos e agressões, há também relatos de violência no parto e pós-parto.

20
Os obstáculos existentes entre os egressos das prisões para encontrar
oportunidades de emprego são agravados no caso das mulheres devido a julgamentos
morais a elas direcionados. A valorização de uma suposta pureza da mulher perpassa o
sistema prisional, e este discurso moralista é reproduzido por juízas, juízes, familiares,
funcionários e funcionárias das prisões. Às mulheres encarceradas também é negado o
mesmo acesso a visitas íntimas que os homens possuem, o que é extremamente
prejudicial à saúde mental delas e explicita a desigualdade de gênero.

Devido à qualidade deplorável de vida e saúde nas prisões e à quase inexistência


de cuidados médicos para com as detentas, é mais fácil que doenças e infecções se
propaguem. Como consequência dessa conjuntura de situações, o câncer de cervical é
uma das complicações mais sérias e comuns no sistema carcerário. Sem
acompanhamento devido, as mulheres acabam expostas aos mais diversos problemas de
saúde, como HIV e hepatite C, os quais impossibilitam que seus Direitos Humanos
sejam garantidos no período em que estão reclusas nas prisões de todo o mundo.

É recomendável que mulheres e homens permaneçam em instituições diferentes.


No caso de uma prisão para ambos, a parte reservada às mulheres deve estar sob a
autoridade de uma funcionária mulher, que deverá ter a custódia de todas as chaves
desse local. Nenhum membro masculino da equipe da prisão deve entrar na ala feminina
desacompanhado de uma funcionária, de forma a evitar toda forma de abuso sobre as
detentas.

Nas prisões femininas, deve haver acomodações especiais para todo tratamento e
cuidados pré e pós-natal. Planejamentos devem ser feitos, onde possível, para que as
crianças nasçam em um hospital for a da prisão; se uma criança, porventura, nascer em
uma prisão, isso não deve constar em sua certidão de nascimento.

Caso ela já tenha filhos, antes ou no momento de seu ingresso, deverá ser
permitido às mulheres responsáveis pela guarda de crianças tomar as providências
necessárias em relação a elas, incluindo a possibilidade de suspender por um período
razoável a medida privativa de liberdade, levando em consideração o melhor interesse
das crianças.

Ademais, recomenda-se que mulheres presas permaneçam, na medida do


possível, em prisões próximas ao seu meio familiar ou local de reabilitação social,

21
considerando suas responsabilidades como fonte de cuidado, assim como sua
preferência pessoal e a disponibilidade de programas e serviços apropriados.

5.1 Jovens e crianças

Um significativo aumento nos casos de crimes juvenis tem sido associado com o
crescimento de grandes cidades, particularmente quando esse desenvolvimento é rápido
e não planejado. De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da
Criança, é considerada criança qualquer pessoa que possua menos de 18 anos. Cada país
tem diferentes maneiras de lidar com infratores infantis. No mapa abaixo estão
relacionados os países que possuem maioridade penal inferior aos 18 anos de idade:

De acordo com o Código Penal paquistanês, por exemplo, uma criança de doze
anos já é considerada plenamente responsável por seus crimes, e crianças a partir dos
sete anos podem ser julgadas e condenadas como maiores de doze anos se um juiz crer
que o ofensor em questão seja maduro o suficiente para entender as consequências de
suas ações. Essas rigorosas regras são comprovadas pelo grande número de jovens em
prisões paquistanesas por assassinato, uso de armas, roubos, ter relações sexuais
extraconjugais, e uma variedade outras acusações. O Paquistão, como muitos outros
países, já executou e mandou crianças para o corredor da morte. Desde 1990, Irã,

22
Paquistão, Arábia Saudita, Iêmen e Estados Unidos foram os únicos países a executar
formalmente um ofensor juvenil.

Inúmeros casos de maus-tratos juvenis continuam a ocorrer. Em outubro de


2001, um egípcio de dezesseis anos recebeu uma sentença de 5 anos de prisão por atos
homossexuais. Seus advogados e órgãos internacionais de direitos humanos alegaram
que ele foi mantido em detenção por vários dias, sem o direito de ver sua família ou
advogados, e que suas confissões forma feitas sob coação. Outros exemplos de jovens
recebendo sentenças de prisão estendidas podem ser vistos em crianças conectadas com
grupos de resistência. Crianças lutando com grupos do Oriente Médio, como o Hamas
ou organizações jihadistas, são rotineiramente presos em penitenciárias de adultos sem
recursos para serem soltos ou realocados.

A questão é que o ambiente carcerário pode ser classificado como um local


hostil e traumatizante, que não é adequado para crianças, que, por serem mais frágeis,
necessitam de cuidados especiais. A criança precisa viver em um local em que possa
não só ser devidamente educada academicamente, como também socialmente, o que não
ocorre dentro da maior parte das prisões.

Uma maneira que vários países encontraram para contornar essa situação, já que,
apesar de serem jovens, não podem sair impunes, foi a criação de reformatórios juvenis,
a fim de reeducar o menor de idade em um período de tempo não muito longo. A idade
mínima para a admissão de crianças e adolescentes nessas instituições varia de país para
país, mas de fato percebe-se que é uma alternativa para o tratamento da criança, que, de
acordo com muitos especialistas, não deveria ser colocada em um ambiente tão hostil
como uma prisão.

Um esforço coletivo dos Estados-membros é necessário de modo a desenvolver


condições que assegurarão à juventude uma vida significativa na comunidade, que,
durante o período em que ele ou ela estão mais sujeitos a comportamentos imorais, irá
assegurar um processo de desenvolvimento pessoal e educação.

A justiça juvenil deverá ser concebida como parte integral do processo de


desenvolvimento nacional de cada país, dentro de uma estrutura compreensiva de justiça
social, assim, ao mesmo tempo, contribuindo para a proteção dos jovens e manutenção
da ordem pacífica na sociedade.

23
O denominado princípio da proporcionalidade deve ser respeitado. Esse
princípio é um instrumento para inibir sanções punitivas exageradas. A resposta dada a
ofensores jovens deve ser baseada não apenas na gravidade da ofensa, mas também nas
circunstâncias pessoais. As referidas circunstancias individuais (como status social,
situação familiar, o dano causado pelo ofensor) devem influenciar a proporcionalidade
das reações – por exemplo, levando em conta o empenho do ofensor para indenizar a
vítima ou sua disposição para mudar de vida.

Ademais, é importante salvaguardar o direito dos jovens à privacidade. Jovens


são particularmente suscetíveis à estigmatização. Pesquisas criminológicas forneceram
evidências de diversos efeitos prejudiciais resultantes da identificação permanente de
jovens como “delinquentes” ou “criminosos’. Também é crucial protegê-los dos efeitos
adversos que podem resultar da publicação, em meios de comunicação em massa, de
informações sobre o caso (como o nome dos ofensores juvenis, convictos ou não).

Além da problemática dos infratores juvenis, existe uma árdua discussão quando
se tratam de mulheres grávidas e a permanência ou não de seus filhos na prisão. A
argumentação é dividida entre dois lados: um que defende a permanência da criança
com a mãe dentro dos domínios da instituição; e outra que alega que o menor de idade
deva ir para a responsabilidade de alguém próximo à mãe. Por um lado, é muito bom
que a criança cresça na presença da mãe, mas por outro, seria possível uma nova
percepção de que a prisão é um ambiente muito hostil e precário para o
desenvolvimento dela.

5.3 Comunidade LGBTQ

Prisioneiros homossexuais, bissexuais e transgêneros frequentemente enfrentam


dificuldades maiores em comparação a prisioneiros heterossexuais e cisgêneros. A
vulnerabilidade dos prisioneiros LGBTQ levou algumas prisões a separá-los dos demais
detentos, enquanto em outras eles são alojados com a população em geral.
Internacionalmente, são comuns incidentes em que detentos LGBT e aqueles percebidos
como pertencentes a essa comunidade sofreram tontura, assédio sexual, discriminação,
confinamento prolongado em solitárias, maus-tratos e violência nas mãos de outros
detentos e de oficiais da prisão.

Apesar de um número expressivo de prisioneiros ativamente participar em relações


consensuais com outros prisioneiros, a homofobia prevalece.
24
Muitos prisioneiros LGBT que são capazes, mesmo aqueles que são abertamente
gay fora da prisão, permanecem no armário com suas identidades sexuais enquanto
presos, porque os detentos que são conhecidos ou percebidos como gay, especialmente
lésbicas e gays com características masculinizadas ou afeminadas enfrentam um risco
muito alto de abuso sexual.

Um homem gay britânico explicou como foi forçado a viver sob a “proteção” de
outro prisioneiro e foi sujeito a tortura sexual por um período prolongado. "Eu queria
falar sobre isso por um longo tempo", disse ele ao pesquisador, "mas os meios não
estavam lá. Porque ninguém quer saber, ninguém quer ouvir sobre este horrendo,
horrendo abuso. ".

Muitas vezes, vários dos profissionais, sem o devido treinamento ou preparo


anterior, acabam cometendo injustiças, embasados das mesmas ideologias
preconceituosas que influenciam os detentos a praticar atos preconceituosos e de
violência física, verbal ou moral. Prisioneiros transgêneros, em particular, sofrem um
risco ainda mais elevado de violência e abuso, além de frequentemente serem alojados
que não correspondem a sua identidade de gênero e têm dificuldades em conseguir
hormônios.

Mulheres transgênero com seios podem ser presas com homens, deixando-as
vulneráveis a abuso sexual e, consequentemente, contração de DSTs. Também lidam
com o risco de prostituição forçada por parte dos profissionais da prisão e de outros
prisioneiros. A prostituição forçada pode ocorrer quando um oficial de correção traz
uma mulher transexual para a cela de um preso e os tranca para que o preso possa violá-
la. O preso do sexo masculino, em seguida, pagará o oficial de correção de alguma
forma e às vezes o oficial de correção dará a mulher uma parte do pagamento. Homens
transgênero, por sua vez, também sofrem abusos, mais comumente cometidos por
guardas do que outras detentas. Assédio e rejeição severos são formas comuns de abuso
para com presos cujo gênero / sexualidade não é claro ou não está de acordo com as
expectativas tradicionais.

Em 2010, foi relatado que a Itália estava a abrir a sua primeira prisão transgênero
em Pozzale, uma decisão acolhida pelos grupos de direitos dos homossexuais.

Uma visita conjugal é uma visita prolongada programada durante a qual um preso é
autorizado a passar várias horas ou dias em privado com os visitantes, geralmente
25
membros da família. Enquanto as partes podem ter relações sexuais, na prática, um
preso pode ter vários visitantes, incluindo crianças, uma vez que a base geralmente
reconhecida para permitir tal visita é preservar os laços familiares e aumentar as
chances de sucesso para o eventual retorno do preso à vida fora da prisão. As leis sobre
visitas conjugais variam muito de país para país, de uma proibição total a políticas
muito permissivas. Nas jurisdições onde há alguma forma de reconhecimento de
relações entre pessoas do mesmo sexo, os prisioneiros devem ser permitidos visitas
conjugais com um parceiro do mesmo sexo. Dentre os país que permitem as visitas
entre parceiros do mesmo sexo estão Austrália (apenas no Território da Capital
Australiana e Victória), Brasil, Canadá, Costa Rica, Israel, México (apenas na Cidade
do México) e Estados Unidos (apenas em seis estados).

As pessoas LGBTQ nas prisões frequentemente enfrentam barreiras na busca de


tratamento médico básico e necessário, o que é exacerbado pelo fato de que os
profissionais de saúde da prisão muitas vezes não estão cientes ou treinados sobre como
lidar com essas necessidades.Os períodos prolongados de confinamento solitário não
raramente são justificados pelo propósito de proteger os detentos LGBTQ. Muitas
vezes, no entanto, isso ocorre porque eles são vistos como predadores sexuais, em vez
de vítimas em potencial. Tribunais também comumente inscrevem presos queer para
programas de tratamento de ofensor sexual, mesmo quando condenados por um crime
não sexual.

6. Reinserção e reintegração do detento na sociedade

Ao longo desse guia já foi possível perceber como o sistema carcerário do mundo
desumaniza o ser humano e essa desumanização acompanha o detento até mesmo após
sua saída da prisão. Pois essa pessoa sofre um enorme preconceito pela sociedade
dificultando a esse ex-detento de arrumar um emprego, além disso os anos que o preso
passa encarcerado dificultam a continuação dos estudos desse indivíduo e/ou a
aprendizagem de uma profissão.

No Brasil 70% dos ex-detentos voltam a cometer crimes, nos EUA esse índice é de
60% e a média europeia é de 50%, esses números mostram a falência do sistema
penitenciário, um sistema que na teoria deveria recuperar essas pessoas que cometeram
delitos está falhando não só com a população carcerária, mas também com toda a
sociedade que não consegue confiar nesse sistema.

26
Porém, no mundo há exceções, a Noruega é um ótimo exemplo de um país que sabe
como lidar com os seus presos. A Noruega é o 8º do mundo com menos homicídios, as
baixas altas de criminalidade já contribuem para um sistema penitenciário bem-
sucedido, somado a isso o sistema carcerário norueguês foca na reinserção do preso e
não na punição por vingança ou retaliação do criminoso. Os presídios apresentam uma
boa infraestrutura e um certo conforto para os presos, como por exemplo biblioteca,
ginásio de esportes, campo de futebol, estúdios de gravação de músicas e oficinas de
trabalho, todos os responsáveis por cuidar dos detentos recebem pelo menos dois anos
de treinamento, todos esses fatores contribuem para que a Noruega apresente apenas
20% de reincidência.

Sendo assim observa-se que a maioria dos países vai na contramão da reabilitação
dos presos tirando sua dignidade e a possibilidade de um futuro melhor, enquanto a
maioria dos países pensa no sistema penitenciário como uma vingança, outros poucos
países olham para seus penitenciários como seres humanos que merecem e precisam de
uma segunda chance e que merecem ser tratados com a mesma dignidade de qualquer
outro cidadão.

7. Iniciativa privada

O envolvimento de empresas nas questões sociais sempre foi visto com maus olhos.
A imagem de um tratamento humano sobre juiz de instituições parciais não nos traz

27
mais perto dos ideais descritos pela Declaração dos Direitos Humanos. Apesar de todas
suas contraposições, a privatização de presídios tem sido uma prática cada vez mais
viabilizada no cenário mundial como uma medida de combater a superlotação e os
imensos gastos públicos, que chegam a 170 mil dólares por detento ao ano, além de
recursos governamentais viabilizados para os familiares dos presos. A inserção de
presídios sustentados por corporações almejaria trazer uma diversificação nos métodos
de reinserção social e, em conjunto, reduziria a carga carcerária dos grandes presídios
estatais.

Países que possuem presídios privados como a Austrália, África do Sul, Canadá e a
Inglaterra obtiveram variantes resultados em cada uma de suas devidas nações, um
grande exemplo são os Estados Unidos da América, que possuem 10% de seus presídios
sobre domínio privado, mas, devido a movimentos humanitários, vem estatizando seus
presídios nos últimos 10 anos.

Favoráveis ou não, os presídios privados são uma realidade mundial, e cabe a cada
estado definir-se favorável ou não ao tema.

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8. Posicionamento oficial
8.1. América

I. Estados Unidos da América

Ocupando o primeiro lugar no ranking de população carcerária, absoluta e


percentual, mundial, os EUA mantêm aproximadamente dois milhões de
detentos em seu território, computando 25% da população carcerária mundial.
Os conflitos de segregação racial são considerados extremamente preocupantes
no sistema, ainda somados à violência de gangues dentro das cadeias, além da
diferença no julgamento e tratamento de presos de diferentes etnias. Quanto à
reincidência, 51.8% dos recém-libertos voltam às cadeias em menos de três
anos. O sistema prisional norte-americano também enfrenta o caos da
superlotação: dados do estado da Califórnia de 2013 indicam que das 33 prisões
do estado com capacidade total de cem mil presos, o número de abrigados era de
170 mil. A escalada da guerra às drogas, lançada no início da década de 70
acarretou em um crescimento vertiginoso (aproximadamente500%) da
população carcerária nos últimos 30 anos, considerando-se que em prisões
federais mais da metade dos detentos lá encontram-se por crimes relacionados a
drogas.

II. Brasil

No Brasil, diversas penas estão sendo reduzidas a serviços comunitários;


em 2011 cerca de 22.600 detentos foram libertados, tendo suas penas
convertidas dessa forma. Outro ponto positivo foi a não prisão preventiva de
acusados sem passagem anterior pela polícia. Apesar de mostrar uma postura de
mudança, não se pode esquecer dos 111 presos mortos no Massacre do
Carandiru, 1992, dos 360 presos mortos pela polícia de Honduras em fevereiro
de 2012 e, mais recentemente, 56 presos foram mortos no Amazonas, no
Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj). Com a quarta maior população
carcerária do mundo, menos de 10.2% dos detentos brasileiros têm acesso a
programas de educação. O relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) conduzida em 2012 apontou, ainda, a corrupção existente entre as

29
grades, a qual atinge inclusive a alimentação dos presos de todo o país. O país
também ocupa o sétimo lugar quanto à superlotação. Recentemente, tem
aumentado, também, o número de mulheres presas. Mudanças são necessárias e
elas não ocorrem com facilidade.

III. Cuba

O governo de Cuba oferece uma divulgação escassa de dados em relação


ao sistema carcerário nacional. Há relatos de ex-detentos expondo tortura e alto
número de prisões arbitrárias. O famigerado presídio de Guantánamo ocupa
território cubano, contudo é gerenciado e mantido pelos Estados Unidos da
América a partir de 2002, com a Emenda Platt, e foi um local de destaque para
aplicação de torturas para terroristas não protegidos pela Convenção de Genebra.
Em 2009, o presidente Barack Obama assinou um decreto-lei para fechar
Guantánamo, mas este não foi cumprido e a prisão funciona até hoje.

IV. México

A mordaz guerra contra os cartéis de drogas e o sistema penal há 15 anos


congelado acarretaram mais do que no próprio encarceramento de 100 mil
indivíduos desde 2000, mas principalmente no maior problema que assola suas
prisões atualmente: a superlotação. Estima-se aproximadamente 22% de
excedência da capacidade total de detentos no México. As condições sanitárias e
de saúde, em sua maioria são escassas e a maioria das prisões não oferecem
atendimento psiquiátrico. A operação de presídios além de sua capacidade (em
média, 125,7% da que lhes é destinada) possui como desdobramento imediato a
incapacidade de autoridades oficiais manterem o controle: a média de 1 guarda
para cada 5 prisioneiros configura-se aquém da proporção de 1:2 aceitável. A
violência nas prisões é uma constante, acirrada pelas rivalidades entre gangues,
para não mencionar as fugas organizadas, assassinatos, contrabandos, os cartéis
de drogas no interior das prisões e a corrupção das autoridades (motivada por
seus salários ínfimos). O país é alvo constante de críticas por comissões de
Direitos Humanos, urgindo por melhorias na infraestrutura, profissionalismo e
maior números de juízes para acelerar julgamentos (considerando que mais de
40% da população carcerária consiste em detentos provisórios). Pouco tem sido
feito, no entanto, para reverter o cenário. A construção de novas instituições

30
prisionais pelo ex-presidente Felipe Calderon pouco auxiliaram, considerando
que os caóticos presídios já existentes se mantêm inalterados.

V. Venezuela

Venezuela apresenta casos extremos de violência prisional (em que


consta inclusive uso recorrente de explosivos e armas de fogo) que acarretaram
na morte de 16 mil detentos nos últimos 15 anos. Os índices indicam prisões
operando com aproximadamente 231% da sua capacidade, enquanto seu governo
alega que não há superlotação em 87% delas. O PNUD alertou sobre a
superlotação dos presídios, o elevado número de detentos em prisão provisória
(345 mil dos 943 mil totais em 2013) e a ausência de programas de reinserção
social pós-pena. Dez países na região operam seus presídios com além de 200%
da capacidade que lhes é destinada, em que as prisões provisórias compõem
parcela expressiva dos detentos. Na Venezuela cerca de 65% da população
carcerária ainda aguarda julgamento. A Venezuela ocupa o terceiro lugar nos
países com maior superlotação de presos no mundo. Em julho de 2012, pelo
menos 26 prisioneiros morreram em uma guerra de gangues na prisão de Yare.
As autoridades chegaram a confiscar um arsenal em posse dos prisioneiros, que
incluíam rifles de assalto, rifles de franco-atiradores, uma metralhadora, duas
granadas e dois morteiros, claramente apontando para o tráfego e corrupção dos
profissionais penitenciários. Movimentos civis e ONGs locais na Venezuela
apontam que cerca de 70% dos detentos ainda não foram julgados e podem
esperar anos antes de irem a um tribunal.

VI. Uruguai

Destaca-se também como fator relevante o senso de insegurança pública


alimentado pela mídia, que corrobora uma mentalidade carcerária e de incentivo
ao aprisionamento. No país, a redução da maioridade penal para 16 anos está há
alguns anos em pauta, com muitos veículos de comunicação apelando para o
emocional de seus interlocutores na abordagem do tema. Surpreendentemente, a
percentagem de menores em prisões é de 0.0%. O total de prisioneiros é de 9
996.

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VII. Bolívia

Em Palmasola, maior prisão do país, relatos de ex-presos confirmam a


frequente permanência de crianças desde o nascimento até a pré-adolescência
junto das mães. Estima-se que aproximadamente 90% dos doze mil prisioneiros
bolivianos que residem na mais importante e maior prisão do país estejam
aguardando julgamento. Os casos de violência atrelada à discriminação são
descritos pelos relatórios conduzidos na região por ONGs e pelas Comissões dos
Direitos Humanos de nações estrangeiras como centrais e gritantes.

VIII. Colômbia

Destaca-se pela superlotação dos presídios que, de acordo com o Justice


Providor, chega à 53%, e pelos programas de reabilitação social precários e
escassos. O Ministério da Justiça da Colômbia reconheceu que o sistema de
saúde nestes centros de prisão preventiva é falho, doenças mentais não são
tratadas nas prisões e os detentos não possuem nenhum tipo de
acompanhamento.

IX. Canadá

O sistema de correção canadense como é designado nacionalmente


propõe-se a reabilitar os detentos acima de outros pilares vistos em outros países.
Apresenta um sistema majoritariamente acima da média quando visto no
panorama da América. Ele, contudo, possui problemas esporádicos de excesso
de detentos e segregação étnica.

X. Haiti

Atualmente o país se encontra sobre crise econômica, social e política. O


atual presidente Jocelerme Privert, eleito dia 14 de fevereiro de 2016, recebeu a
responsabilidade de lidar com um país de taxas de superlotação superando os
300%, além de conflitos internos dentro dos presídios quais abrangem as
colocações mais ignóbeis em gráficos de saúde e reinserção social. Sendo
constantemente referido em debates das nações unidas por abusos físicos e
psicológicos em seu sistema judiciário e penitenciário.

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8.2. Eurásia

I. França

Na França, o Sistema Progressista de Montesinos, apesar de seu profundo


fracasso, trouxe diretrizes muito importantes para a formação do sistema
carcerário. Esse sistema acreditava na reeducação do detento através do
aprisionamento e do trabalho, visando devolver o detento de forma honrada à
sociedade. A França adotou um modelo similar aos EUA, contudo, chamado de
cogestão, este modelo adota gestão de dupla responsabilidade (Estado e
iniciativa privada em conjunto). Esse sistema deixa perfeitamente claro que o
Estado deve, exclusivamente, ser o financiador da iniciativa privada e não os
presos, como já foi proposto em outros modelos. Contudo, a supervisão armada
desse tipo de instalação é consideravelmente reduzida. A renda dos presidiários
pode chegar a cerca de €1.000,00, que é destinada ao ressarcimento de vítimas e
Estado, e poupança para quando o detento for libertado (despesas familiares e do
próprio detento). Há duas principais críticas. A primeira surge dos sindicatos
franceses, que, em meio a considerável desemprego, viram-se incomodados pela
mão de obra carcerária. A segunda, pela sociedade francesa, que advertiu o
Estado sobre a preocupação predominante na exploração trabalho, ao invés da
reinserção social. Contudo o direito a oportunidades de emprego é um direito
básico garantido aos detentos. Vê-se, portanto, que o trabalho tem papel
fundamental, na ótica do Estado francês, para a reeducação do detento. As
atividades realizadas pelos detentos nesse tipo de presídio vão desde marcenaria,
produção de lixeiras públicas, uniformes para os próprios detentos, até produção
de peças para a indústria aeronáutica. Pelo teor produtivo dos presídios, estes se
assemelham mais a fábricas, à própria imagem de uma penitenciária. Uma
característica importante do modelo francês é um volume de gasto por detento.
Seguindo a agenda de políticas sociais francesa, todos os detentos têm garantia
de acesso às saúdes mental e psicológica. Esse modelo tenta recriar a vida fora
da prisão, assim visando manter ou elevar o grau de integração social dos
detentos. Ainda comparando o modelo francês ao estadunidense, vê-se que há
diferenças em quesitos básicos da formação e institucionalização dos sistemas
carcerários. Por fim, é importante ressaltar que o sistema penitenciário francês e
o Ministério da Justiça do país têm uma forte preocupação com a reinserção de

33
jovens delinquentes na sociedade, dessa forma há diversos complexos
construídos para reeducar os jovens detentos, buscando evitar que o cárcere
tenha efeito contrário ao seu objetivo. Diferentemente do que o ambiente francês
aparenta, seu sistema carcerário é extremamente precário e muito desrespeitoso
aos direitos humanos. Paris abriga a prisão de LaSanté, responsável pelo maior
número de suicídios de toda a União Europeia, local alvo de diversos
testemunhos deviolência e onde os presos ficam 23 horas por dia trancados. A
temperatura, em média, dentro do local é de 40ºC.

II. Reino Unido

O cenário do Reino Unido encontra-se também longe do ideal: o abuso da prisão


como recurso punitivo corroborou a população carcerária atual de mais de 85
mil detentos e o protagonismo das maiores taxas de encarceramento (pela
Inglaterra e País de Gales) de toda a Europa Ocidental. A realidade das prisões é
repleta de violência e superlotação em algumas dependências, sendo os gastos de
manutenção do sistema carcerário em torno de 13 bilhões de libras anualmente e
as taxas de reincidência criminal superando os 60%. Políticas de reforma
adotadas em 2015 pelo Primeiro Ministro David Cameron (no intuito de reduzir
a população carcerária), além de terem se demonstrado ineficientes até o
presente momento, são duramente criticadas e acusadas de serem motivadas
puramente por interesses políticos. No momento, na Her Majesty’s Prision,
localizada em Londres, a população carcerária acima de 60 anos vem
aumentando, e não há ainda um plano de suporte para este acontecimento. O
Reino Unido tinha planos de criação de prisões no modelo Titan, que
aumentariam a capacidade de detentos, diminuindo as possíveis superlotações e
seriam unidades menorese que manteriam um contato melhor do detento com a
família. Contudo, tal plano não foi aceito, por falta de apoio governamental, o
que ocorreu foi a construção de mais cinco prisões no modelo tradicional.

III. Alemanha

A Alemanha apresenta um sistema carcerário extremamente louvável, com um


baixíssimo índice de reincidência. Em sua maioria, os detentos podem estudar,
terminar o ensino fundamental e até mesmo terminar o ensino médio, podendo
então ingressar no ensino superior ao fim da pena, o estudo e o trabalho

34
funcionam também para a diminuição de pena. Contudo, há certa falta de celas e
pessoal qualificado para promover a segurança entre os detentos, falta que
culminou na morte de um jovem em Siegburg, somente quatro oficiais estavam
encarregados de 267 detentos, sem contar o problema de lotação, celas
projetadas para três detentos estavam sustentando quatro. A crescente no número
do aumento de presos ainda não tem explicação oficial do governo, mas sabe-se
da necessidade da construção de mais celas, tanto individuais quanto celas de
espaço coletivo. O staff prisional tem papel muito menos autoritário: dedicam-se
a assistir e acompanhar os detentos assegurando seu pleno processo de
reabilitação. É comum em muitos presídios designar uma autoridade para ser
responsável por determinado detento, estabelecendo uma relação que
reciprocamente beneficia também o guarda, não sendo ele submetido ao
estressante papel de dedicar-se ao exercício de castigo e punição como
frequentemente ocorre em diversos locais ao redor do mundo. Na Alemanha,
menos de 1 a cada 10 criminosos são condenados à prisão. Não somente, a
duração da pena tende a ser mais curta: ao passo que nos Estados Unidos, por
exemplo, o tempo médio de permanência atrás das grades é de aproximadamente
três anos, enquanto 75% na Alemanha a sentença tem durabilidade de menos de
12 meses.

IV. Itália

A situação atual do sistema carcerário italiano é preocupante, tem-se cerca de


25.000 pessoas a mais do que a quantidade suportável dos presídios lá presentes.
Isto se deve à uma política de extrema rigidez para com imigrantes ilegais e
dependentes químicos, o que trouxe o sistema carcerário italiano à beira do
colapso. A Itália detém a maior superlotação em território da União Europeia
(ocupação de 140% da capacidade ideal), nem mesmo a construção de novos
presídios suportou o crescimento na população carcerária, uma vez que aquela
está atrelada à corrupção e este, à ineficiência das prisões no país. Nem mesmo a
anistia concedida a 17.063 presos em 2006 foi suficiente para extinguir a
superlotação prisional do país, já que nos anos seguintes, as políticas
continuaram as mesmas, e os números crescendo rapidamente, até uma leve
queda em 2012.

V. Noruega
35
A Noruega não possui pena de prisão perpétua em sua legislação, a pena
máxima é de 21 anos, portanto, o país aposta em prisões extremamente humanas,
uma vez que todos os detentos serão reintegrados à sociedade, seus guardas não
portam armas de fogo e diversas atividades dentro dos presídios são
disponibilizadas aos detentos. Os oficiais participam destas junto a eles, de modo
a manter um espírito de comunidade. A prisão constatada mais humana de todas
se localiza em Halden e os detentos mais perigosos da Noruega são para lá
direcionados. Os detentos cozinham suas próprias comidas, praticam esportes e
têm um estúdio de gravação musical à sua disposição. A intenção é que a estadia
do preso seja o mais educativa possível, e caso este ainda seja considerado
perigoso à sociedade após sua passagem pela prisão, sua pena pode ser estendida
em blocos de 5 anos. A estimativa é que se tem 71 presos a cada 100.000
habitantes e menos de 4 mil detentos, que realizam atividades como aprender
ofícios em workshops, produzir conteúdo culturais como música, jogar
videogame.

VI. Portugal

Portugal é um dos países com maior índice de superlotação - 113 % da


capacidade total. Além disso, Portugal é considerado o segundo país com penas
mais pesadas e com maior duração média de prisão da Europa. No país, um
recluso tem, em média, 29,2 meses de prisão (cerca de dois anos e meio). O
tráfico de drogas é considerado a maior razão para as prisões, seguido de roubo e
furto e homicídio. Sete metros quadrados é a área das prisões portuguesas, por
cada prisioneiro. A partir dos 16 anos de idade, um suspeito é julgado como
adulto em Portugal, que possui, ainda, uma das maiores taxas de suicídio do
continente.

VII. Rússia

Conhecida por deter o título de terceira maior população carcerária do


mundo, as situações às quais são submetidos os detentos são extremas violações
aos direitos humanos. A sua prisão mais severa é conhecida como Black
Dolphin. Nela, os presos chegam vendados para que não haja por parte deles o
mapeamento do local, e isto ocorre em todos os transportes destes por entre os
edifícios. Todos os guardas andam fortemente armados. O país se utiliza de

36
conhecidas técnicas de humilhação; os métodos mais comuns são: destruição das
imagens e valores da pessoa, provocações, indução de medo, etc. Os
prisioneiros, ao serem escoltados, ou ao passarem por vistoria devem ficar em
uma posição em que o quadril fica mais alto do que as costas, quase como que se
abaixando. Diversos já foram os rumores de abuso de prisioneiros ou má
conduta por parte dos oficiais, no entanto, nunca houveram reclamações ou
relatos para confirmação. Black Dolphin é uma prisão de segurança máxima que
abriga sentenciados à prisão perpétua, entre estes, assassinos em série,
molestadores de crianças, e “maníacos”. Na Rússia, a partir dos 16 anos o
indivíduo está sujeito às penas adultas.

VIII. Holanda

A situação carcerária holandesa vem se tornando cada vez menos


problemática. Seu espaço carcerário ativo é limitado a 77% de sua capacidade
total; tal fato é devido da baixa taxa de criminalidade no país, chegando a menos
de 70 cidadãos em cárcere dentre 100.000 totais. Suas medidas de reinserção são
destaque por sua efetividade, com um índice de reincidência abaixo dos 10% e
uma redução de sua população carcerária de 43% nos últimos 10 anos, os
métodos holandeses idealizam a criação de cursos de ensino básico dentro dos
presídios até o uso de tornozeleiras eletrônicas nos reclusos em tempo integral.

IX. China

Sendo a maior em termos de população, a China é, oficialmente, a


segunda maior em termos de população carcerária já que, se fossem contados os
prisioneiros em centros de detenção, o país abrigaria 2 milhões e 300 mil
detentos. Apresentando uma cultura bem conservadora, o país considera legal e
necessária a pena de morte, sendo que, no ano de 2014, foi o país que mais
executou detentos. De acordo com instituições de inspeção, as prisões chinesas
sofrem com superlotação e falta de condições de saneamento e alimentação
próprias. O índice de mulheres reclusas no país está aumentando, podendo até
ultrapassar o número de homens. No país, o Escritório de Reintegração do
Ofensor foi criado com intenções semelhantes em paralelo ao desenvolvimento
da capacidade de correções comunitárias em vários níveis. Compõe forte parte
da reputação chinesa quanto ao sistema punitivo o intencional ofuscamento de

37
suas instalações prisionais. Desde a ascensão do Partido Comunista ao poder em
1949, visitas, fiscalização e vistorias externas são extremamente restritas até
mesmo para ONGs e outras organizações vinculadas aos Direitos Humanos,
sendo o pouco conhecimento corroborado majoritariamente por meio de relatos
pessoais (de ex-prisioneiros e funcionários) ou dos raros acessos. Nestes, é
possível notar significativas semelhanças: para além da superlotação (e suas já
descritas consequências), destacam-se casos de abuso de autoridade, tortura e
agressão física aos detentos, imposição coerciva do apoio a ideologias políticas,
privação absoluta de contato com o exterior das prisões e até mesmo uma estrita
rotina de trabalho forçado. A superlotação é uma realidade, compartilhando 6 a
16 detentos a mesma cela dimensionada entre 7 e 21m2, onde dorme-se no chão
de concreto e defeca-se. Há relatos de celas com aproximadamente 70m2
comportando 30 prisioneiros. Segundo relatos, o tráfico de órgãos de detentos
em seu leito de morte é também atividade recorrente e banalizada. Os critérios
de condenação são vagos e generalistas. É crime sujeito a punição prisional, por
exemplo, publicar algo “não-verídico” sobre política nas redes, sendo os
critérios do que seria verdade ou não plenamente arbitrários.

X. Índia

A Índia é um país com intensa precariedade de recursos carcerários. Com


grandes taxas de superlotação, os centros de detenção hindus estão também entre
os piores com relação a saneamento básico. Com base em um sistema totalmente
autoritário, os abusos de poder com relação a ordens indevidas e/ou violência
ocorrem com frequência e o país é favorável à pena de morte, mas utilizando
desse recurso em pequena escala, tendo em vista que apenas uma pessoa foi
legalmente executada em 2015. Dois terços dos prisioneiros não foram
sentenciados, e a população carcerária tem crescido exponencialmente.

XI. Coréia do Norte

Sendo o país mais fechado para o exterior, a República Democrática da


Coreia nunca liberou dados sobre os números e condições de sua população
carcerária. Entretanto, de acordo com estimativas do governo estadunidense, há
entre 80 e 120 mil prisioneiros no país. Apesar de não serem liberados nem
dados nem fotos das prisões norte coreanas, sabe-se que em seu território existe

38
a prisão que por muitos é considerada a pior do mundo, o Campo de Hoeryong,
descrita por ex-funcionários como extremamente severa. Entretanto, o governo
Norte Coreano nega alegações de desrespeitos aos direitos humanos.

XII. Filipinas

O país possui uma população carcerária de, aproximadamente, 120 mil


detentos, sendo que mais de 60% deles não receberam a devida sentença. Além
de superlotadas, as prisões filipinas apresentam alto índice de tráfico de drogas e
outras mercadorias. Saneamento básico e alimentação precários também são
características das prisões do país, além de um grande índice de violência entre
detentos. Recentemente, um grupo armado invadiu uma prisão e libertou mais de
150 presos no presídio distrital de Cotabato do Norte, na cidade de Kidapawan.
O combate do presidente Rodrigo Duterte contra o uso e venda de drogas
motivou o aumento da população prisional. Para os presos, este é agora o local
mais seguro.

XIII. Turquia

O sistema prisional turco foi recentemente muito criticado pela


Comunidade Internacional. Além de prender inúmeras pessoas não sentenciadas,
o país também apresenta crescente população carcerária infantil. As prisões do
país, por causa de pouco investimento, não estão próximas do padrão
internacional. O auxílio médico é um grande problema, a superlotação, por mais
que tenha diminuído bastante nos últimos anos, ainda existem algumas
facilidades no tráfico de drogas e outras mercadorias é constante. Apesar de
serem proibidas, práticas de tortura foram denunciadas por organizações não
governamentais pró Direitos Humanos. A população carcerária tem crescido
exponencialmente.

XIV. Síria

A Síria, governada pelo ex-ditador Bashar Al-Assad, está atualmente em


uma guerra civil e em conflito com o Estado Islâmico. Por estar passando por
uma guerra civil, existem dados não críveis em sua totalidade, apresentando
tendências, que visam sustentar regimes. Devido ao grande investimento do
governo na guerra, não muito vai para as prisões. Já que é um país islâmico, seu
código penal é diferente do conhecido pelo ocidente. Caracterizada por ter sido
39
uma das piores prisões do mundo, a prisão de Tadmor, que foi destruída em
2015 pelo ISIS, foi conhecida pelo massacre de prisioneiros que houve em seu
interior. As instituições carcerárias do país são muito criticadas pelas
organizações de Direitos Humanos pela condição precária de vida e pela
utilização de violência com os detentos.

XV. Irã

O Irã é um dos países que apresentam o maior número de estupros dentro


do sistema carcerário. Também sendo favorável a pena de morte, o país foi o
segundo maior executador de prisioneiros no ano de 2014. As penitenciárias do
país enfrentam problemas de superlotação, sendo que sua população carcerária
excede em quase 100% o número máximo de pessoas em cárcere. É o país
islâmico que mais aplica a pena de morte.

XVI. Iraque

Tendo acabado de sair de uma guerra no ano de 2011, o Iraque logo


entrou em conflito com o então surgente grupo terrorista Estado Islâmico. O país
enfrenta sérios problemas de superlotação em suas cadeias, como foi observado
pela UNAMI (UN Assistance Mission in Iraq), devido ao grande número de
prisioneiros que não receberam sentença, que chega a 35% da população
carcerária, e de utilização de violência e de tortura, como apontam denúncias. As
prisões do país também sofrem com uma falta de materiais e profissionais
médicos. É o segundo país islâmico que mais aplica a pena de morte.

XVII. Japão

Descritas como totalmente seguras, as prisões do Japão são um exemplo


a ser seguido em questões físicas. Problemas como superlotação, tráfico,
violência e abusos entre detentos são quase inexistentes dentro das facilidades
japonesas. Entretanto, tais locais são famosos pelo rígido código de
comportamento. Em alguns relatos, as prisões do Japão foram descritas como
"completamente autoritárias", sendo que a desobediência de uma regra simples
e, ao que parecesse inofensiva, pode causar o confinamento na solitária, recurso
excessivamente utilizado no país. Ademais, o número de detentos vem caindo
desde 2006.

40
8.3. África

I. África do Sul

A África do Sul, de modo geral, possui o maior número de infectados


pelo vírus HIV do mundo. Consequentemente, seus prisioneiros acabam sendo
parte dessa realidade cerca de 40% da população carcerária sul-africana possui o
vírus da AIDS. Existem notícias de que muitas gangues de prisões deste país
usam seringas infectadas com o vírus para ameaçar os detentos a estuprarem
companheiros desobedientes. O número de detentos vem decrescendo sutilmente
desde 2008.

II. Nigéria

A Nigéria é conhecida como um dos países com o maior número de


prisioneiros não-sentenciados da África. De acordo com dados de uma pesquisa
recente da Anistia Internacional, 68% dos 55 mil detidos nigerianos não tiveram
um julgamento prévio ou uma possibilidade de Habeas Corpus por intermédio de
um advogado. Também abrigo de prisões superlotadas, a Nigéria, segundo uma
pesquisa brasileira feita pelo Diário do Grande ABC, tem recorrido a tentativas
de condenação por pena de morte para esvaziar suas prisões.

III. Egito

O Egito apreende, em sua totalidade, um sistema carcerário regido pela


autoridade militar, o qual é constituído por canhões de guerra no interior das
prisões e torturas frequentes para as mais diversas condenações. Como exemplo
disso, pode-se citar o caso, veiculado pela Anistia Internacional, do prisioneiro
de consciência irlandês Ibrahim Halawa detido sob risco de tortura e maus-
tratos. Em suma, pode-se dizer que as prisões egípcias são violentas e injustas,
visto que os prisioneiros não-sentenciados correm riscos de sofrerem violações a
seus Direitos Humanos. Apresenta problemas típicos de presídios da América
Latina e Caribe, tais como superlotaçãoe violência contra os detentos. No Egito,
o governo inaugurou, no ano de 2016, cinco novas prisões. A principal
justificativa para essa medida foi o crescente número de ativistas políticos,
opositores ao governo, que são presos no país.

41
IV. Líbia

A Líbia, como continuação de um contexto precário da África


Setentrional, se mantém em condições insuficientes, como a necessidade de a
organização Médicos Sem Fronteiras enviar profissionais para tratarem dos
presos, o mantimento de mais de 7000 pessoas sendo detidas em
aproximadamente 67 prisões improvisadas e superlotadas. Todavia,
recentemente, segundo à Sur Revista Internacional de Direitos Humanos, a
Anistia Internacional e a Human Rights Watch tiveram permissão para
emergirem no país e examinarem as prisões. Por estar passando por uma guerra
civil, existem dados não críveis em sua totalidade, apresentando tendências, que
visam sustentar regimes.

V. Ruanda

Conhecida como a prisão africana mais brutal, a Prisão de Gitarama (que


pode ser observada na imagem abaixo) é uma vergonha para Ruanda. Além da
superlotação (construída para uma lotação de 400 pessoas, abrigam-se mais de
7000, ou seja, o equivalente a quase vinte vezes a sua capacidade máxima), os
prisioneiros, na maioria das vezes, não recebem comida e são obrigados a
praticarem canibalismo para sobreviver. Também pode-se citar que dejetos
humanos são convertidos em biogás para uso interno da prisão. Gitarama é
conhecida como “o inferno na Terra”: dessa forma, torna-se totalmente inviável
a manutenção dos Direitos Humanos nesse contexto deplorável de
desumanização dos presos.

8.4. ONGs

I. Anistia Internacional

A Anistia Internacional, enquanto uma organização não governamental,


defende os Direitos Humanos acima de tudo. Trabalhando mais diretamente com
a área do cárcere, a Anistia é contra a pena de morte e quaisquer maus tratos a
detentos ao redor do globo, incluindo tortura, negligência, entre outros. Criando
várias campanhas de conscientização (como a “Diga não à execução” e “Chega
de Tortura) e movimentos pró Direitos Humanos, a Anistia procura abolir as
violações à DUDH dentro das prisões do mundo todo.

42
II. Human Rights Watch

A Human Rights Watch (como o próprio nome diz, em tradução literal, Vigilância dos
Direitos Humanos) existe em prol de denunciar maus tratos a quaisquer seres humanos,
independente da classe econômica, da etnia ou da escolaridade. Os detentos não são
exceção. Fazendo vistorias em prisões do mundo inteiro, a HRW procura relatar
condições de vida não dignas de um ser humano, como a falta de saneamento básico,
superlotação, etc. Ao expor tais atrocidades aos Direitos Humanos na mídia
internacional, a HRW tem em vista o fim dos abusos aos seres humanos.

III. Conectas Direitos Humanos

Conectas Direitos Humanos é uma ONG deliberadamente nova, seus


empenhos são voltados para a defesa dos direitos humanos, não se limitando
apenas, em países com menor índice de desenvolvimento. Seus projetos, na
maioria jurídica, miram o fim das mais variadas violências sofridas pelos
detentos durante e após a estadia no cárcere.

43
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