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INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA – ISTA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS


CURSO DE DIREITO

“TEORIA GERAL DO ESTADO”

VIANA-LUANDA
2023
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA – ISTA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
CURSO DE DIREITO

“TEORIA GERAL DO ESTADO”

DOCENTE: PROF. Dra. PAULA DIOGO

VIANA-LUANDA
2023
RELAÇÃO NOMINAL DOS INTEGRANTES DO GRUPONº 5

1. FERNANDO DE CARVALHO GONÇALVES


2. MARIA ANGELICA DA COSTA
3. MARIANA ISABEL JUSTU DAMIÃO
4. MATEUS JOSÉ ANTÓNIO
5. MIGUEL NSINGUI FERNANDO NGUDICAMA
6. NELSON FRANCISCO CACOLA
7. NILTON LOURENÇO CRISTÓVÃO
8. PAULO CHAVES CAIANDA
9. PAULO FAUSTINO QUETA HEBO
10. PEDRO LUÍS FRAGOSO
11. RAIMUNDO JOSÉ REIS
12. RAIMUNDO JÚNIOR LOBATO PIRES
13. RUI MATEUS GASPAR
14. SAMUEL VENTURA SAPALO
15. SARA JONE AMBRIZ FONSECA
DEDICATÓRIA

Tendo em conta as dificuldades enfrentadas nos dias actuais e porque não tem sido fácil o processo de
ansino e aprendizagem no nosso país e depois de grandes desafios, certamente chega um alívio que
podemos dizer que ainda não é a meta, mas sim a visão de um longo percurso cheio de surpresas. Por
todo este esforço dedicamos este trabalho antes;

Ao Criador, Deus Pai todo Poderoso

Aos nossos pais que sempre acreditaram em nós.

Aos nossos esposos(as), pelos dias e noites aturadas sem a nossa presença e atenção.

Aos nossos queridos irmãos, amigos e familiares.


AGRADECIMENTOS

As nossas palavras de apreço vão em primeira instância para Deus o nosso criador e a razão da nossa
existência, as nossas famílias, que nos têm ajudado a custear as despesas dos nossos estudos.

Aos nossos colegas que nos forneceram sugestões valiosas durante o processo de elaboração deste
trabalho.

Os nossos agradecimentos especial vai também aos Professores que com os seus ensinamentos nos
ajudam na descoberta de um novo mundo, que por falta de bases, muitas são as dificuldades de acha-
lo, aquando da sua procura.

E finalmente vão também os nossos agradecimentos a Direção do Instituto Superior Técnico de Angola
(ISTA) que com uma grande visão procuram sempre dedicar-se as causas nobres. Por outra a
colaboração dos Professores e em particular nossa professora da cadeira de Teoria Geral do Estado.
Professora Paula Diogo…..
SUMÁRIO
1.

INTRODUÇÃO…………………………………………………………….…………..………….........……….8
1.1. Objectivo Geral.. ………………………………………………………………………………..…........……9
1.2. Objectivos Específicos …………….………………………………………………………….............…….9
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA……………………..................................................................………..10
2.1. Sistemas Eleitorais…..........................................................................................................................10
2.2. Importância da Escolha do Sistema ……………………..…………….…………………………………10
2.3. Tipos de Sistemas Eleitorais ………………………………………………………………………..……..11
2.4. Sistemas de Pluralidade ou de Representação Maioritária...............................................................11
2.4.1. Maioria Simples……………………………………………… …………………………....……………..12
2.4.2. Sistema do Segunda Votação …………………………………………………………………………..12

2.4.3. Sistema do Voto em Bloco ………………………………………………………………………………12

2.4.4. Sistema do Voto em Bloco Partidário …………………………………………………………………..13

2.4.5. Sistema do Voto Único não Transferível ………………………………………………………………13

2.4.6. Sistema do Voto Alternativo …………………………………………………………………………….13

2.5. Sistema de Representação Proporcional …………………………………………………………….….14

2.5.1. Sistema do Voto Único Transferível ……………………………………………………………………14

2.5.2. Sistema de Representação Proporcional de Lista ……………………………………………………15

3. SISTEMA DE DISTRITOS ELEITORAIS ………………………………………………………………..…16

4. CONSTITUIÇÃO ………………………………………………………………………………………………18

4.1. Origem ……………………………………………………………………………………………………….18

4.2. Características ………………………………………………………………………………………………19

4.2.1. Lei de Garantia Escrita e Rígida ………………………………………………………………………..19

4.2.2. Racionalismo e Liberalismo ……………………………………………………………………………..19

4.2.3. Divisão de Poderes ………………………………………………………………………………………19

4.2.4. Direitos Humanos ……………………………………………………………………………………..…19

4.2.5. Papel do Estado ………………………………………………………………………………………….20

5. CONSTITUIÇÃO EM SENTIDO MATERIAL ………………………………………………………………20


6. CONSTITUIÇÃO EM SENTIDO FORMAL …………………………………………………………………21

7. PODER CONSTITUINTE …………………………………………………………………………………….22

7.1. Espécies de Poder Constituinte …………………………………………………………………………..22

7.1.1. Poder Constituinte Originário ……………………………………………………………………………22

7.1.2. Poder Constituinte Derivado …………………………………………………………………………….23

7.1.3. Poder Constituinte Decorrente…………………………………………………………………………..23

8. DECLARAÇÃO DE DIREITOS E NORMAS DE DIREITOS HUMANOS ……………………………….23

9. CONCLUSÃO ………………………………………………….…………………….......…………………...27

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ……………………………….………...………….................……28


1. INTRODUÇÃO

No presente trabalho abordaremos falaremos de forma resumida acreca de vários temas com
destaque para os sistemas eleitorais e sua classificação, que se refere-se a um conjunto de regras
formais através das quais os eleitores expressam as suas preferências numa eleição e cujos votos
são convertidos em assentos parlamentares ou cargos executivos, sistemas de distritos eleitorais,
como sendo uma divisão territorial criada para fins eleitorais, a cujos eleitores inscritos corresponde
um determinado número de mandatos, previamente definido, no órgão a eleger, a Constituição que
é o conjunto de leis, normas e regras de um país ou de uma instituição. A Constituição regula e
organiza o funcionamento do Estado. É a lei máxima que limita poderes e define os direitos e
deveres dos cidadãos. Origem da Constituição e suas características, a constituição em sentido
formal e material, o poder constituinte e por fim abordaremos sobre as declaraçõs e normas de
direitos humanos.

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Trabalho de TGE
1.1. Objectivo geral
Aprofundar os conhecimentos sobre sistemas eleitorais, a constituição, poder constituinte, bem
como as declarações de direitos humanos.

1.2. Objectivos específicos


 Compreender o que é o sistema eleitoral, sistema de distrito eleitorais e como está constituido;
 Compreender o que é a constituição. Sua origem e características;
 Compreender constituição em sentido formal e material e o poder constituinte;
 Compreender sobre as declarações de direitos e normas de direitos humanos;

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Trabalho de TGE
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Sistemas eleitorais

Por sistema eleitoral devemos entender o conjunto de regras necessárias à computação dos
votos e sua consequente transformação em mandatos.
Na esteira das lições do professor Jairo Marcone Nicolau, temos que os sistemas eleitorais são
os mecanismos responsáveis pela transformação do voto dado pelos eleitores no dia das eleições e
mandatos. 
O sistema eleitoral é uma realidade institucional que se propõe a viabilizar a representação
política através de uma estratégia de composição das escolhas e opções políticas da sociedade.
Algumas variáveis se destacam como presentes nos diversos estilos de sistemas eleitorais: a)
fórmula eleitoral (pluralidade ou maioria; proporcional; misto ou outro); b) estrutura da cédula de
votação (se é facultada ao cidadão a opção de votar em candidato ou em partido, se é uma escolha
única ou uma ordenação de preferências); e c) o tamanho do distrito eleitoral (a quantidade de
representantes que este determinado distrito, que pode coincidir ou não com a divisão administrativa,
pode eleger).

2.2. Importância da escolha do sistema


Tendo em vista que cada sistema eleitoral condiciona as condutas dos agentes políticos, é de
grande importância o estudo de cada sistema, exatamente porque cada um vai apresentar distorções e
peculiaridades próprias que podem ser exploradas para uma maior representatividade de determinando
partido e o alcance mais célere do poder.
Saliente-se que as preocupações imediatistas dos interesses políticos podem frequentemente
ocultar as consequências de longo prazo de um sistema eleitoral em particular e o eventual
comprometimento das instituições sociais.
O sistema eleitoral influencia a tomada de decisões dos diversos agentes políticos envolvidos.
O sistema eleitoral funciona quase como a regra do jogo político, porque em última análise cada partido
ou político individualizado deseja obter o maior número de votos ou a melhor forma de um conjunto de
votos para se eleger.
Dentro dessa busca de legitimidade social, verificamos que um sistema eleitoral pode ser
concebido como um instrumento para favorecer a representação geográfica local e para promover
proporcionalidade. É possível ainda fomentar o desenvolvimento de partidos políticos nacionais fortes e
duradouros.
Por fim, o sistema eleitoral acaba por ter efeito sobre a própria sociedade, podendo agravar ou
moderar tensões e conflitos. Se o sistema eleitoral não for considerado justo e capaz de permitir uma
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Trabalho de TGE
verdadeira identificação da sociedade com os representantes, ou o sistema político inviabilizar que a
oposição sinta a possibilidade de vencer as próximas eleições, os derrotados, ou outros grupos sociais
podem sentir-se compelidos a trabalhar fora do sistema, usando tácticas não democráticas, até mesmo
violentas.

2.3. Tipos de sistemas eleitorais


Há uma imensidade de variações nos sistemas eleitorais de acordo com a evolução histórica
de cada país. É possível, porém dividi-los em doze sistemas principais, em três amplas famílias:
a) sistemas de pluralidade ou maioria,
b) sistemas proporcionais e
c) sistemas mistos.
Mas aqui vamos abordar única e simplesmente os sistemas de representação maioritária e o
sistema de representação proporcional.
Geralmente, faz-se uma diferenciação entre sistemas de maioria e os de representação
proporcional (RP). Os sistemas constituídos por elementos de ambos os sistemas denominamse mistos
ou combinados, mas geralmente eles assimilam um dos dois tipos básicos.
Os sistemas eleitorais dividem-se em dois tipos, de acordo com o princípio de representação,
ou seja, a relação pretendida entre votos e assentos parlamentares. Se o objectivo for o de criar uma
maioria parlamentar para um ou um número limitado de partidos, temos uma representação por
maioria. Neste caso, os resultados eleitorais podem conduzir a uma maior ou menor desproporção
entre votos e assentos parlamentares. No outro caso, o objectivo será o de reflectir, com a maior
fidelidade possível, a relação de forças sociais e políticas existentes, ou seja, garantir uma relação
aproximadamente proporcional entre votos e assentos. Isto não significa que todos os sistemas de
representação proporcional ou de maioria tenham efeitos teóricos idênticos. Antes pelo contrário, eles
posicionam-se numa escala algures entre um sistema altamente desproporcional ou de maioria e um
sistema proporcional puro. O posicionamento de um dado sistema nesta escala depende do grau de
cumprimento do seu princípio de representação. Alguns fazem-no melhor que outros. Isto, por sua vez,
depende da combinação de elementos técnicos dos respectivos sistemas eleitorais.

2.4. Sistemas de Pluralidade ou de Representação Maioritária


O princípio dos sistemas de pluralidade ou de representação maioritária é simples e evoca a
noção básica de maioria. Trata-se da percepção intuitiva de que, se a maioria das pessoas querem
algo, esse desejo deve prevalecer sobre a minoria.
O sistema maioritário têm a vantagem de conduzir á formação de governos homogéneos, como
na Grã-Bretanha, dado que o partido que ganhe as eleições pode, livremente, formar o governo.
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Trabalho de TGE
Realizada a votação e os votos contabilizados, os candidatos ou partidos com mais votos são
declarados vencedores. Seguem algumas subdivisões desta família.

2.4.1. Maioria Simples


A maioria simples é a forma mais tradicional e simples, internacionalmente conhecida
como first past the post. O candidato vencedor é aquele que obtém mais votos, mesmo se não obtiver
uma maioria absoluta de votos válidos.
Normalmente a opção para o eleitor é única, com distritos de magnitude um – ou seja, para
aquele distrito eleitoral só há um representante – e os eleitores votam em candidatos em vez de em
partidos políticos.
Nesse sistema interessante é notar uma tendência de formação de um bipartidarismo se
aplicado a todos os cargos e funcionar por muito tempo (Lei de Durverger). A aglutinação de
tendências opostas tende a ocorrer de modo que minorias próximas se fundem na busca de uma
maioria. Forma-se uma polarização dos pontos principais da sociedade levando a existência como
acorre em vários países de dois micropartidos.
No Brasil temos este sistema na forma mais simples para o caso dos Senadores, havendo uma
alternância na magnitude do distrito em cada eleição – alternância entre um e dois representantes em
cada eleição.

2.4.2. Sistema de Segunda Votação


O sistema de segunda votação é um sistema de pluralidade no qual ocorre uma segunda
eleição se nenhum candidato alcança uma determinada porcentagem sobre o total de votos, mais
frequentemente esse patamar é o da maioria absoluta na primeira votação, que se trata do caso
brasileiro.
Podemos indicar como exemplo as eleições do parlamento de Mali e da França. Na França,
caso exista segundo turno, todos os candidatos com mais de 12,5% (doze e meio por cento) dos votos
poderiam concorrer novamente. Existem variações, como é o caso da Costa Rica, onde o candidato
estará eleito se alcançar quarenta por cento dos votos e, no Uruguai, o candidato deverá conseguir
quarenta por cento dos votos somada a uma diferença de dez por cento para o próximo colocado.

2.4.3. Sistema do Voto em Bloco


Normalmente é aplicado em distritos com mais de um representante. O eleitor terá a
possibilidade de votar em tantos candidatos quantas forem as vagas em disputa, sendo eleitos os mais
votados.

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Trabalho de TGE
Apesar da complexidade de na contabilização dos votos, essa forma é interessante, pois
permite uma maior contribuição da vontade social. Permite a cada cidadão ofertar um grupo de
candidatos que em conjunto agiriam, pelo menos idealmente, consoante as diversas opções e
interesses do eleitor.
Essa pluralidade de votos vai ao sentido de que cada eleitor é uma pluralidade de interesses e
não deve estar limitado a escolher um só ícone, um só indivíduo através de seu poder democrático que
é o voto.
Podendo dispor de mais de um voto o eleitor oferece a sua opinião sobre uma composição
ideal do parlamento, que por sua vez é uma participação muito mais democrática, influente e
expressiva no jogo democrático.

2.4.4. Sistema do Voto em Bloco Partidário


Os partidos apresentam a lista de candidatos e o eleitor vota uma única vez em uma das listas.
O partido mais votado elege todos os representantes do distrito. Esse sistema por sua vez favorece
uma identificação do eleitor com um partido, ou seja, com uma pauta política.
Existem considerações sobre a este sistema que, apesar de favorecer a formação de partidos fortes,
quebra a identificação pessoal ou carismática do indivíduo com seu representante. Outra crítica
possível seria a necessária subsunção da escolha de um indivíduo à pauta partidária, sem a
possibilidade de composição de uma representação plural. Há o perigo de uma anulação do indivíduo e
das lideranças que terão que se inserir na estrutura partidária.
Paradoxalmente, é possível o contrário, dado um líder carismático muito forte, a pauta do
partido será ofuscada e este líder tenderá a ter sempre sua "corte partidária" ao seu lado em todas as
eleições. Há o perigo do surgimento de uma figura autoritária e quebra da democracia.

2.4.5. Sistema do Voto Único Não Transferível


Cada partido apresenta tantos candidatos quanto às vagas. O eleitor, por sua vez, vota em
apenas um, sendo os mais votados eleitos. Este sistema guarda relação com o sistema passado,
porém o foco deixa de ser o partido e passa a ser o candidato.
As críticas que podem ser feitas é o favorecimento de partidos fracos, já que o elemento que
determina a eleição é o carisma individual de cada candidato. Por outro lado o sistema permite uma
composição plural com os "melhores" de cada partido.

2.4.6. Sistema do Voto Alternativo


Nesse sistema o eleitor recebe uma cédula onde terá de preencher em ordem a sua opção de
candidato. Caso ninguém tenha alcançado cinquenta por cento dos votos, eliminar-se-á o candidato
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Trabalho de TGE
com menor número de primeiras opções, sendo seus votos redistribuídos pela segunda opção,
em processo sucessivo, até que alguém alcance aquele patamar.
Esse sistema já incorpora a concepção de uma representação matemática. A organização dos
escolhidos em ordem de preferência já é um mecanismo de organização dos diversos interesses
sociais, que não são univocamente representados por este ou aquele indivíduo. A crítica gira em torno
da maior complexidade do sistema e maior dificuldade de assimilação por parte dos eleitores.

2.5. Sistemas de Representação Proporcional


Os sistemas de representação proporcional são concebidos para gerar uma proporcionalidade
correspondente entre os votos de determinado partido e a quantidade de vagas parlamentares.
Quanto maior o número de representantes a eleger em determinado distrito eleitoral e quanto
menor o patamar requerido para representação na legislatura, mais proporcional será o sistema
eleitoral e maiores as probabilidades de pequenos partidos minoritários obterem representação.
A representação proporcional é assim a consequência de uma justiça na representação
política. Diversas objeções são trazidas contra tal representação, entre elas se salientando as
dificuldades técnicas e complicações do sistema, a restrição à liberdade de escolha dos eleitores e os
obstáculos que traria à formação de uma maioria parlamentar sólida. Entretanto, tais dificuldades
podem ser superadas, pois as complicações técnicas são resolvidas pela ciência, a liberdade de
escolha dos eleitores pode ser parcialmente concedida através do voto preferencial, a estabilidade
governamental amparada por uma proteção aos maiores partidos políticos
A representação proporcional é muito utilizada na atualidade e apresenta duas variantes: a)
sistema do voto único transferível; e b) sistema de representação proporcional de lista.

2.5.1. Sistema do Voto Único Transferível


No sistema de voto único transferível – internacionalmente conhecido como single transferable
vote – concebido pelo jurista Thomas Hare em 1859, os eleitores em pequenos distritos ordenam sua
preferência na cédula, independente do partido de cada candidato. São eleitos os candidatos que
cumprirem uma quota determinada para cada distrito.
Após este primeiro momento transfere-se os votos recebidos além da quota proporcionalmente
à segunda preferência dos eleitos. Se ainda assim essa transferência não for suficiente para outros
candidatos atingirem a quota, os menos votados transferem todos os seus votos, proporcionalmente,
para os demais – e assim sucessivamente, até que se preencha todas as cadeiras.

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Trabalho de TGE
2.5.2. Sistema Representação Proporcional de Lista
Das diversas críticas aos sistemas majoritários, surgiram propostas que culminaram com a
ideia de uma representação proporcional, como forma de melhor equacionar os diversos interesses
sociais.
A Bélgica foi o primeiro País, em 1899, a adotar o sistema de listas - e foi seguida pela
Finlândia, Suécia, Holanda, Suíça, Itália, Alemanha, Noruega, Dinamarca e Áustria. Por esse sistema,
cada partido apresenta uma lista de candidatos; as cadeiras no Parlamento são distribuídas entre os
partidos de acordo com o porcentual recebido por cada um deles. Essa é a forma geral. Mas algumas
regras particulares podem tornar o sistema mais complexo, como a fórmula para a distribuição de
cadeiras, a de exclusão, regras para a seleção de candidatos da lista e a possibilidade de os partidos
fazerem coligações. 
Convém perceber os três tipos de listas possíveis reconhecidas na doutrina: a) listas abertas;
b) listas livres; c) listas fechadas e d) listas flexíveis.
Por lista aberta devemos entender aquelas nas quais o eleitor pode votar em qualquer dos
candidatos apresentados por qualquer dos partidos, que não poderão estabelecer ordem de
preferência para seus próprios candidatos. Serão eleitos aqueles mais votados. Podemos indicar como
exemplos de países que optaram por este sistema: Brasil, Chile, Finlândia, Peru e Polônia.
Saliente que a lista aberta privilegia o carisma pessoal em detrimento da pauta do partido. O
voto tenderá a ser personalizado, ficando a preocupação dos candidatos muito mais centrada em sua
imagem pessoal que na de seu partido.
Assim, favorece-se a criação de tensões muitas vezes intraparto. Certos candidatos podem
achar mais fácil tentar obter votos de pessoas que anteriormente votariam num colega partidário
exatamente por serem um grupo populacional sobre o qual o partido tem influência.
No sistema de lista livre a ordem dos candidatos eleitos será definida pelos eleitores. O eleitor
tem por opção votar em diversos candidatos, tantos quantas foram as vagas em disputa ou poderá
votar no partido e desta forma esta á automaticamente destinando todos os seus votos aos candidatos
apresentados pelo partido.
Já há uma melhora no tocante a representatividade e a possibilidade de influência do eleitor na
conformação final do parlamento. Há uma maior possibilidade de o eleitor equacionar seus interesses
na formulação de seu voto.
Nas listas fechadas, o partido irá previamente ditar a ordem dos candidatos e o voto do eleitor
é direcionado ao partido. Essa ordem será a utilizada para preencher as cadeiras de acordo com a
votação de legenda que for obtida por aquele partido. Se após a aplicação o quociente eleitoral se
verificar que o partido preencheu três cadeiras, estas serão ocupadas pelos três primeiros candidatos
da lista.
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Trabalho de TGE
Trata-se do sistema dominante nos países que optaram pela representação proporcional. Tal
sistema desperta interesse pois é como se o eleitor tivesse por opção não um candidato, mas uma
proposta de formulação do parlamento apresentada por um partido.
Esse tipo de listas favorece a solidez partidária e o pensamento estratégico do partido de, por
exemplo, não colocar o candidato mais carismático na primeira opção para estimular aqueles eleitores
que querem esse candidato em particular a votarem no partido, garantindo outros candidatos em
posição superior na lista.
Atenção deve ser dada ao jogo político intrapartidário bem como à imagem do partido, pois o
carisma individual de um candidato pode ficar ofuscado por uma lista permeada de outros candidatos
que desgostam a opção popular.
Por fim, temos as listas flexíveis que, na verdade, são uma conciliação entre as listas abertas e
as fechadas. Nas listas flexíveis, pode ser facultado ao eleitor, por exemplo, efetuar dois votos. Um
voto na legenda a ser apurado como lista fechada e um voto em candidato, a ser apurado como uma
lista aberta.
Assim, tenta-se uma conciliação dos problemas entre os tipos de listas. Na verdade, esse sistema
irá requerer uma estratégia mais complexa do partido, pois deverá conciliar uma lista forte com nomes
carismáticos.

3. SISTEMA DE DISTRITOS ELEITORAIS


Círculo eleitoral, também referido como distrito eleitoral, circunscrição eleitoral e zona eleitoral,
é uma divisão territorial criada para fins eleitorais, a cujos eleitores inscritos corresponde um
determinado número de mandatos, previamente definido, no órgão a eleger. Portanto, correspondem a
critérios demográficos para organizar as eleições.
Os círculos eleitorais podem corresponder à organização administrativa, a solução mais
comum nos países que não usam círculos uninominais (isto é que elegem apenas um representante),
ou serem demarcados especificamente para fins eleitorais.
A dimensão do círculo pode ir da simples freguesia, município ou unidade semelhante, como
ocorre nas eleições autárquicas, até à totalidade do território nacional, como ocorre em Portugal nas
eleições para o Parlamento Europeu.
Quando os círculos são plurinominais, é em geral utilizado um método de distribuição
proporcional dos mandatos para garantir que o número de eleitos de cada lista reflete adequadamente
a proporção dos votos recebidos. Estes métodos contêm por vezes provisões de discriminação positiva
em relação às minorias, facilitando a atribuição de pelo menos um mandato, embora também seja
comum a existência de um valor limiar, normalmente fixado em percentagem do voto válido, que exclui

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Trabalho de TGE
de consideração as listas que o não atinjam. Uma dessas formas mais comuns, de distribuição
proporcional dos mandatos, é o método de Hondt.
A fixação dos círculos eleitorais é em geral controversa, pois pode determinar a priori o
resultado final de uma eleição, pelo que esta matéria costuma ser reservada para
a Constituição dos Estados ou para leis especiais que apenas podem ser aprovadas com maiorias
qualificadas e em certos períodos bem definidos.
Em Portugal por exemplo, as zonas são divididas começando da zona menor para a maior, ou
seja começa na freguesia (a menor zona), depois o concelho, o distrito e por fim todo o país.
As eleições levadas:
 Freguesia: vota-se para Assembleia de Freguesia.
 Município: vota-se para a Assembleia Municipal e Câmara Municipal.
 Distrito: vota-se para a Assembleia da República.
 País: vota-se para o Presidente da República.
 Continente: vota-se para o Parlamento Europeu.
 Existem em alguns países partes insulares, ou seja, ilhas. No caso destas a hierarquia é a
seguinte:
 Freguesia, concelho, ilha, região autónoma, e por fim o país.
 Nesta caso a região autônoma equivale ao Distrito.
Os deputados à Assembleia da República são eleitos por 22 círculos eleitorais.
No continente correspondem atualmente aos distritos. Existem dois círculos nas Regiões Autónomas e
ainda um para os cidadãos portugueses residentes na Europa e outro para os que residem fora da
Europa.
Há quem considere, nomeadamente Nuno Garoupa, que este sistema eleitoral junto ao Método
D'Hondt contraria a lei da Constituição em alguns países tal como em Portugal.

Outro exemplo, no brasil, a fim de organizar o eleitorado disperso nos mais de 5.000 (cinco mil)
municípios deste País, a legislação houve por bem fazer uma divisão territorial e política do eleitorado.
Assim, o Código Eleitoral fala em circunscrição eleitoral, zona eleitoral e seção eleitoral. Por seu turno,
as zonas eleitorais são unidades territórias de natureza administrativa e jurisdicional, presididas pelos
juízes eleitorais. É a menor fração de nosso território com jurisdição eleitoral, mas não corresponde
necessariamente nem aos limites de um municípios ou de uma comarca, Há Zonas que abrangem mais
de um município ou comarca e há municípios e comarcas que possuem várias zonas. Como visto, é
nelas que atuam juízes e promotores eleitorais.

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Trabalho de TGE
4. CONSTITUIÇÃO
Uma constituição é o conjunto de normas jurídicas que ocupa o topo da hierarquia do direito de
um Estado, e que pode ou não ser codificado como um documento escrito.
Tipicamente, a constituição enumera e limita os poderes e funções do Estado, e assim formam,
ou seja, constituem a entidade que é esse Estado. No caso dos países (denominação coloquial do
Estado nacional soberano) e das regiões autônomas dos países, o termo refere-se especificamente a
uma constituição que define a política fundamental, princípios políticos e estabelece a
estrutura, procedimentos, poderes e direitos de um governo. Ao limitar o alcance do próprio governo, a
maioria das constituições garante certos direitos para as pessoas. O termo constituição pode ser
aplicado a qualquer sistema global de leis que definem o funcionamento de um governo, incluindo
várias constituições históricas não codificadas que existiam antes do desenvolvimento de modernas
constituições.
A Constituição de um Estado é o conjunto de normas editadas pelo Poder Constituinte com o
objetivo de definir a organização básica de um determinado povo, dentro de um território, definindo os
respectivos órgãos de governo e suas funções, os fins que este governo deve alcançar e o espaço de
liberdade que é dado aos cidadãos.

4.1. ORIGEM
Segundo o historiador Don Edward Fehrenbacher, o constitucionalismo é definido como “um
complexo de ideias, atitudes e padrões de comportamento que estabelecem o princípio de que a
autoridade governamental deriva e é limitada pela parte principal de uma lei suprema”.
A partir desse conceito político, nasceram o sistema constitucional e o estado de direito.
Nesses, diferentemente de outros regimes, o poder é limitado pela ação das leis. Acima de todos eles é
a Constituição, que não é em vão chamada “Lei da Lei” em alguns lugares.
Antes que esse conceito aparecesse, exceto por exceções históricas, o poder estava
concentrado em muito poucos indivíduos. Em muitas sociedades, a religião foi usada como
legitimadora desse poder, que se
Os pensadores e filósofos europeus do século XVIII foram os iniciadores de uma grande
mudança social e política. Autores como Rousseau, Montesquieu ou Locke colocaram o ser humano
acima da religião e alegaram que todos nasceram iguais e com direitos inalienáveis.
Essas ideias apareceram pela primeira vez na Grã-Bretanha, embora tenham sido os franceses
que as desenvolveram mais profundamente. No final, os autores desenvolveram um trabalho teórico
baseado no humanismo e na democracia.

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Trabalho de TGE
4.2. CARACTERÍSTICAS
4.2.1. Lei de garantia escrita e rígida
A primeira característica do constitucionalismo clássico e, portanto, dos regimes políticos
baseados nesse conceito é a existência de constituições escritas.
Com exceção da Grã-Bretanha, cuja Magna Carta não estava refletida em nenhum texto, a
França e os Estados Unidos redigiram suas constituições logo após suas revoluções.
Nos dois casos, as constituições eram muito rígidas. Isso pretendia lembrar os governantes de
seus limites, dando aos governados a possibilidade de resistir à possível opressão que ocorre quando
esses limites são ultrapassados.
Para os pioneiros do constitucionalismo, era necessário que a Constituição fosse escrita.
Consideraram que aumentava as garantias de que seria respeitado e seguido. Além disso, tornou mais
complicado para qualquer um tentar manipular o significado de cada lei.
Dessa maneira, o constitucionalismo clássico tornou-se o caminho para garantir os direitos do
indivíduo contra o Estado. Este sistema procurou estabelecer segurança jurídica em todos os níveis.

4.2.2. Racionalismo e liberalismo


O constitucionalismo clássico foi baseado no racionalismo. Desde a época do Iluminismo, os
filósofos colocavam os seres humanos e a razão acima da religião e da submissão aos reis. A
Revolução Francesa veio falar sobre a Razão da Deusa.
Para esses teóricos, a razão era a única qualidade capaz de ordenar a sociedade através de normas
escritas.
Em certos aspectos, esse primeiro constitucionalismo também começou a incorporar aspectos
relacionados ao liberalismo, entendidos como a importância da liberdade individual em todas as áreas.

4.2.3. Divisão de poderes


Na sua reivindicação de limitar o poder do Estado contra os cidadãos, o constitucionalismo
clássico estabeleceu uma distribuição de poderes que levou à separação de poderes.
Assim nasceu a divisão do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, que exercia controle mútuo
para não exceder suas funções.

4.2.4. Direitos humanos


Outro dos elementos mais importantes que caracterizam esse constitucionalismo é o
surgimento do conceito de direitos humanos. Tanto as primeiras constituições quanto a própria
Declaração de Direitos foram marcos fundamentais nesse sentido.

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Trabalho de TGE
Para os teóricos da época, todo ser humano possui direitos. Essas seriam declarações dos poderes
atribuídos pela razão a cada indivíduo.

4.2.5. Papel do Estado


O Estado é considerado pelo constitucionalismo clássico como um leste artificial, criado por
seres humanos. Seu papel seria garantir o exercício dos direitos de cada cidadão.
O poder exercido pelo Estado está sujeito à soberania popular. A autoridade, de acordo com essa
visão, vem das pessoas e são os cidadãos que devem decidir sobre como organizá-la e exercitá-la.

5. CONSTITUIÇÃO EM SENTIDO MATERIAL


Todos os países, em todos os tempos, mesmo os mais primitivos e antigos, pelo sentido
material-real, tiveram uma Lei Fundamental. Esta assertiva está baseada na argumentação de que
Constituição em sentido real corresponde à descrição e à designação dos fatores reais de poder,
conforme ensinou Ferdinand Lassalle: “Assim, pois todos os países possuem ou possuíram sempre e
em todos os momentos da sua história uma Constituição real e verdadeira. A diferença nos tempos
modernos – e isto não deve ficar esquecido, pois tem muitíssima importância – não são as
Constituições reais e efetivas, mas sim as constituições escritas nas folhas de papel .”
Para Lassalle e para a grande maioria dos constitucionalistas, o conteúdo das Constituições
não são originariamente questões jurídicas, mas sim políticas. Ensinava o socialista que os verdadeiros
problemas constitucionais não são jurídicos, mas sim de poder. Considerando que "as forças políticas
movem-se consoante suas próprias leis, que atuam independentemente das formas jurídicas", a
Constituição escrita ou, como chama o socialista, a folha de papel, caso não reproduza a constituição
real e efetiva – que são as forças que dominam e determinam o destino do país –, sucumbirá,
invariavelmente, frente aos fatores reais de poder.
Os consagrados constitucionalistas entendem por Constituição material a forma de
organização dos poderes, suas competências, a relação do Estado com seus governados, entre outros
aspectos já mencionados.
Entretanto, creio que a distinção do professor Canotilho é a mais ampla e correta, por abranger
além dessa concepção (quando denomina de constituição material – normativo material),
contemplando os ensinamentos de Lassalle quando expõe a Constituição real como o conjunto de
normas que estruturam, dão forma e organizam o Estado. Assim a Constituição é o conjunto de normas
elementares de um Estado. Constituição em sentido material é a que trata de matéria tipicamente
constitucional, compreendendo as normas que dizem respeito à estrutura mínima e essencial do
Estado.

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É possível captar a Constituição de um Estado qualquer pelo seu modo de existir, sua
essência, mesmo que as normas que definam esta forma e estrutura básica não estejam escritas é
possível determinar que o Estado tem Constituição.
Nos Estados que não possuem Constituição escrita a sua Constituição será encontrada ao
analisar-se em normas escritas ou costumeiras onde está definido o titular do poder, a forma de
Estado, a forma de Governo, a separação das funções do Estado e, sem esgotar o tema, os direitos
fundamentais.

6. CONSTITUIÇÃO EM SENTIDO FORMAL


Ao contrário da Constituição real, que em todos os países se fez presente e efetiva, a
Constituição formal é fruto recente do constitucionalismo. A Constituição em sentido formal só veio
ganhar relevância após a Independência Americana e a Revolução Francesa, quando se afirmou a
necessidade de escrever as garantias e os direitos individuais dos cidadãos, oponíveis contra o Estado
Absolutista, obedecendo-se determinada forma.
No entendimento do professor Celso Ribeiro Bastos expõe que “Constituição formal não
procura apanhar a realidade do comportamento da sociedade, como vimos anteriormente com a
material, mas leva em conta tão-somente a existência de um texto aprovado pela força soberana do
Estado e que lhe confere a estrutura e define os direitos fundamentais dos cidadãos.
O professor Canotilho coloca um requisito essencial para a Constituição formal, isto é, o poder
constituinte democraticamente legitimado. Nesse entendimento, quando a Lei Fundamental advêm de
um poder não legitimamente democrático, essa não poderá ser caracterizada de formal por não
obedecer a seus requisitos básicos (seriam os casos das Constituições outorgadas). Ora, se a
Constituição formal advêm do poder constituinte, irá apanhar tanto o comportamento da sociedade
como a própria concepção e o programa de desenvolvimento da mesma, inserindo-os num documento
como normas jurídicas.
A Constituição formal de um Estado é o texto escrito, estabelecido pelo poder constituinte com
os valores, princípios e regras consideradas fundamentais para o Estado em um determinado momento
histórico.
Podemos dizer que a Constituição formal é a lei fundamental do Estado, com todas as normas
que fazem parte deste texto escrito, incluindo (no Brasil) as emendas constitucionais e os tratados
internacionais com status de emenda constitucional.
O conceito formal não se preocupa com o conteúdo ou matéria inserida no corpo da Constituição,
preocupa-se apenas com a forma da norma. Se uma norma está na forma da Constituição é
Constituição, se está fora da Constituição não faz parte da Constituição formal.

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7. PODER CONSTITUINTE
Poder constituinte é, no Direito, o poder de criar, modificar, revisar, revogar ou adicionar algo
à Constituição do Estado.
As legitimidades do Poder Constituinte, do procedimento constituinte e da Constituição por ele
elaborada são indissociáveis e delas depende a legitimação do exercício do poder político no Estado
Democrático de Direito. Tal constatação pode resumir-se na máxima formulada pelo ex-presidente
norte americano Abraham Lincoln no sentido de que “Democracia é o governo do povo, pelo povo e
para o povo”, pensamento este essencialmente correto se dermos interpretação real aos termos que o
compõem. Pode-se afirmar ainda que a famosa citação corresponde precisamente à democracia direta.
A legitimidade do Poder Constituinte decorre diretamente do princípio da soberania popular. Só o povo,
concebido como uma pluralidade de forças culturais, sociais e políticas, pode deliberar sobre a
conformação da sua ordem político-social. Um ou mais indivíduos manifestam vontade soberana que
pode ser o início de um novo núcleo social. Daí decorre, portanto, que a legitimidade da Constituição
verifica-se através da correspondência de suas normas aos valores e aspirações do povo, não se
contentando com a simples legalidade formal. É dessa correspondência com a vontade geral, aliada à
lisura da representação popular no procedimento constituinte que este se legitima. A esta cadeia
procedimental de legitimação democrática Canotilho atribui a denominação de “Justiça da
Constituição”.

7.1. Espécies de poder constituinte


Os doutrinadores dividem o poder constituinte em duas espécies: poder constituinte
originário e poder constituinte derivado. Alguns doutrinadores modernos ainda listam o poder
constituinte difuso, que na verdade é um outro nome que se dá a mutação constitucional, que não é um
poder constituinte em si, mas sim a adequação da constituição de um Estado em face da nova
realidade que a sociedade vê naquele texto legal.

7.1.1. Poder Constituinte Originário


É o poder que se tem de constituir uma nova Constituição quando um novo Estado é criado ou
quando uma Constituição é trocada por outra, em um Estado já existente, seja essa substituição feita
de forma democrática, revolucionária ou por um golpe de estado. São características do poder
constituinte originário:
 Inicial: não existe nenhum outro antes ou acima dele;
 Incondicionado: não está submetido a nenhuma regra de forma ou de conteúdo;
 Permanente: continua existindo mesmo após concluir a sua obra;

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 Inalienável: sua titularidade não é possível de transferência (a nação nunca perde o direito de
mudar sua vontade).

7.1.2. Poder Constituinte Derivado


É o poder de modificar uma Constituição. Por exemplo no Brasil (nação lusófona), para
Constituição ser rígida, é necessária um processo chamado de Proposta de Emenda Constitucional
(PEC), que deve ser votado em dois turnos por cada casa do Congresso Nacional antes de virar
uma Emenda constitucional e assim modificar a Constituição da República Federativa do Brasil.
Conforme ensinado pelo Constitucionalista Paulo Bonavides:
“O Poder de reforma constitucional exercitado pelo poder Constituinte Derivado é por sua
natureza jurídica mesma um poder limitado, contido num quadro de limitações explícitas e implícitas,
decorrentes da Constituição, a cujos princípios se sujeita, em seu exercício, o órgão revisor.”
O poder constituinte derivado (também denominado reformador, secundário, instituído,
constituído, de segundo grau, de reforma) é um tipo de poder constituinte que se ramifica em três
espécies:
Reformador: que abrange as prerrogativas de modificar, implementar ou retirar dispositivos
da Constituição;
Decorrente: também obra do Poder Constituinte Originário. É o poder investidos aos Estados
Membros para elaborar sua própria constituição, sendo assim possível a estes estabelecer sua auto-
organização. Distrito Federal e Municípios, são Entes que não possuem autonomia para promulgar
Constituição.
Revisor: que, como exemplo retirado de nossa própria Constituição, possibilita a revisão de
dispositivos constitucionais que necessitem de reformas. Tais reformas não se confundem com a
reforma stricto sensu, pois esta perpassa por procedimentos mais dificultosos e quorum mais
específico.

7.1.3. Poder Constituinte Derivado Decorrente


O poder constituinte derivado decorrente é o poder que os Estados-membros possuem para
elaborar, por meio de Assembleias Legislativas, suas Constituições Estaduais, já que a eles foi
atribuída autonomia, manifestada pela capacidade de auto-organização, autogoverno e
autoadministração.

8. DECLARAÇÃO DE DIREITOS E NORMAS DE DIREITOS HUMANOS


Uma declaração dos direitos dos cidadãos é uma lista de direitos considerados importantes ou
essenciais a um grupo de pessoas. Com ele, a população tem a liberdade de expressão (pode dizer
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Trabalho de TGE
qualquer coisa sem que isso atinja de alguma maneira alguma pessoa), a liberdade política (podem
votar em quem quiser), e a tolerância religiosa (podem crer em qualquer religião, sem desrespeitar a
outra).
A ideia de uma lista de direitos dos cidadãos tem origem moderna na expressão Bill of
Rights (inglês para "Carta" ou "Lista de Direitos"), surgida no Reino Unido, e refere-se à Declaração de
Direitos, que era uma proposta de lei, aprovada pelo Parlamento em 1689. O Parlamento britânico
definiu que nenhuma lei seria sancionada sem autorização do Parlamento, definiu também que
nenhum dos discursos feitos nos debates no Parlamento deveriam ser examinados em nenhuma Corte
nem em outro lugar a não ser no Parlamento (art.9º). O predomínio da burguesia no parlamento criou
as condições necessárias ao avanço da industrialização e do capitalismo, no decorrer dos
séculos XVIII e XIX.
Consequentemente, o documento escrito na Inglaterra em 1689 examinou a relação
da Parlamento inglês ao Príncipe William de Orange para ser capaz de suceder o rei James II.
O objetivo principal deste texto foi recuperar e fortalecer certos poderes parlamentares já
desaparecidos ou diminuídos significativamente durante o reinado absolutista dos Stuart (Carlos II e
James II). É um dos predecessores imediatos das modernos "declarações de direitos", incluindo:
 o preâmbulo da Declaração da Independência dos Estados Unidos (1776);
 a revolucionária Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789);
 e a contemporânea Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).

A Revolução Gloriosa de 1689


Com a declaração de direitos de 1689, o ato de União da Inglaterra e Escócia em 1707 e a
exclusão dos católicos romanos partidários da lei de 1701, a Dinastia Stuart garantiram o triunfo de um
protestante e moderar a monarquia no novo Reino Unido da Grã-Bretanha.
O novo Parlamento elaborou uma declaração de direitos que relembra as obrigações e os
respectivos direitos do rei e o Parlamentoː
O rei não pode criar ou excluir as leis ou impostos sem a aprovação do Parlamento;
O rei não pode cobrar dinheiro para seu uso pessoal, sem a aprovação do Parlamento;
É ilegal para recrutar e manter um exército em tempo de paz, sem a aprovação do Parlamento;
A eleição dos membros do Parlamento deve ser livre;
As palavras do Parlamento não podem ser prejudicadas ou recusam em qualquer outro lugar;
O Parlamento deve reunir freqüentemente.
A declaração dos direitos é completada com o Tolerancy Act em maio de 1689, que concedeu
liberdade religiosa para os anglicanos (não um católico e outro protestante), liberdade de culto público,
o direito de abrir escolas e acesso a todas as funções públicas.
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Trabalho de TGE
A verdadeira rainha legítima tinha que ser filha de Jaime II de Inglaterra - Maria II da
Inglaterra (1662-1694) - que é casada com Guilherme III da Inglaterra, então são conjuntamente
proclamou rei e rainha de fevereiro de 1689, reconhecer a Bill Of Rights, a monarquia constitucional,
baseada na soberania da nação(Edmund Burke assinala que essas idéias e o contrato social são
estrangeiros para os objetivos e ideais da Revolução Gloriosa: Reflexões sobre a revolução em França )
e a idéia de contrato social. Essas idéias substituem a monarquia hereditária e absoluta de direito
divino.
Liberdade religiosa e o equilíbrio de poderes entre o rei e o Parlamento
O Triennal Act, aproveitando a ausência do rei, visitando grande parte do continente, o rei não
pode ser visto no Parlamento por mais de três anos (assim o Rei não pode prorrogar una assembléia
dócil).
Em 1695 Parlamento vota a liberdade de expressão para jornais e virelais, ampliando a
participação dos cidadãos na vida política.
A próxima rainha, Ana da Grã-Bretanha (1702-1714), é muito popular, inglês e anglicana.
Os tories querem abolir o Tolerancy Act e separar-se da Escócia, mas os whigs tem a maioria
nas eleições de 1705, assim que aprovado a "Union Act" (1707) que envolve a união política de
ambos os reinos, escocês e inglês, sob o nome de Reino Unido da Grã-Bretanha.
A criação de um Banco da Inglaterra (1694) e o Ministério do Comércio ( Board of Trade), que tem
vantagens comerciais, certifique-se de um período de desenvolvimento do capitalismo.
A intelectualidade refletiu essas mudanças (Newton, Alexander Pope, Leibniz, Swift).
Finalmente, John Locke, com seu Dois tratados sobre o governo civil  (1689), a experiência inglesa dá
uma repercussão que agita a Europa no século seguinte.
Importantes Declarações de Direitos
Alguns exemplos de Declaração de Direitos:
 Código de Hamurabi: com aproximadamente 4 000 anos de idade, o velho documento de leis e
punições. Um dos vários códigos deste período do Médio Oriente.
 Cilindro de Ciro: Permitia liberdade de religião e abolia a escravatura no Império
Aquemênida/Irã (559-530 a.C.)
 Constituição da Antiga Atenas: estabeleceu a Democracia Ateniense na Grécia (508 a.C.)
 Lei das Doze Tábuas, Roma (450 a.C.)
 Carta Magna na Inglaterra (1215)
 Declaração de Direitos de 1689 ou Bill of Rights of 1689 na Inglaterra (1689)
 Declaração de Direitos de Virgínia nos Estados Unidos (1776)
 Preâmbulo da Declaração da Independência dos Estados Unidos da América nos Estados
Unidos (1776)
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Trabalho de TGE
 Carta de Direitos dos Estados Unidos nos Estados Unidos (1789)
 Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão na França (1789)
 Capítulo 2 da Constituição da Finlândia na Finlândia (1919)
 Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)
 Convenção Europeia dos Direitos Humanos (1950)
 Carta Canadense dos Direitos e das Liberdades no Canadá (1982)
 Artigo 5º da Constituição brasileira de 1988 no Brasil (1988)
 Ato de Direitos Humanos no Reino Unido (1998)
 Declaração de Istambul na Turquia (2008)

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Trabalho de TGE
9. CONCLUSÃO
O tridimensionalismo de Miguel Reale é de grande importância para o entendimento do
fenómeno jurídico. A teoria elaborada demonstra que os juristas não devem se ater somente ao campo
das normas, mas devem observar o facto e o valor como elementos constitutivos do Direito.
Desse modo, os vários direccionamentos axiológicos, actuantes em uma mesma realidade
fáctica, contribuem para uma experiência jurídica diversificada e atenuante.

OBS: Por se alterar

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Trabalho de TGE
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 «Mapa Oficial nº 8/2019» (PDF). CNE - Comissão Nacional de Eleições - Diário da República,


1.a série—N.o 153-12 de agosto de 2019. 12 de agosto de 2019. Consultado em 26 de
setembro de 2019;

  A fraude da proporcionalidade eleitoral (2), por Nuno Garoupa, Público, 13 de Setembro de


2018;

 Universidade de Azuay. Constitucionalismo Clássico, Notas do Direito Constitucional.


Recuperado de docsity.com;

 Enciclopédia Internacional de Ciências Sociais. Constituições e constitucionalismo. Obtido em


encyclopedia.com;

 Kreis, Stevens. Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (agosto de 1789). Obtido em
historyguide.org;

 BARROSO, Luís Roberto. Fundamentos Teóricos e filosóficos do novo direito constitucional


brasileiro (Pós-modernidade, teoria crítica e pós-positivismo), Revista Forense, Rio de Janeiro,
v. 358, Nov/Dez, 2001;

 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 7. ed. São Paulo: Malheiros, 1997;

 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. 6. ed. Coimbra: Almedina, 1993;

 CONDE, Enrique Álvarez. El Estado Constitucional el Sistema de Fuentes los Derechos y


Libertades. In: Curso de Derecho Constitucional. 2. ed. Madrid: Tecnos, v.1, 1996; 

 CUNHA, Paulo Ferreira. Constituição, Direito e Utopia. In: Boletim da Faculdade de Direito da


Coimbra: Universidade de Lisboa;

 Pinto Ferreira, Luiz (1983). Princípios Gerais do Direito Constitucional Moderno. 2 6ª ed. [S.l.]:


Saraiva. 1222 páginas;

 TEMER, Michel. Elementos de direito constitucional, 12ª edição, revista e ampliada. Malheiros,
página 29;

 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional Descomplicado. 7ª Edição.


Niterói:Editora Método, 2011, página 82;

 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional Descomplicado. 7ª Edição.


Niterói:Editora Método, 2011, página 83;

 CERA, Denise C. M. Quais as características essenciais do poder constituinte


originário? Acesso em 19.nov.2013.

 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional Descomplicado. 7ª Edição.


Niterói:Editora Método, 2011, página 86
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