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FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

CURSO DE LICENCIATURA EM CIENCIA POLÍTICA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS


SISTEMAS E COMPORTAMENTOS ELEITORAIS

CENTRO DE RECURSOS DE XAI-XAI

1. O estudante:

Nome: Piedade Fernando Muchanga

Curso: Ciência Política e Relações Internacionais Código do Estudante: 31220438

Ano de Frequência: 2º ano

2. Trabalho

Trabalho de: Sistemas e Comportamentos Eleitorais Código da disciplina:

Tema: O sistema eleitoral moçambicano


Tutor: Nº de Paginas: 08

Registo de Recepção por: Data da entrega:

3. Correcção

Corrigido por:

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4. Feedback do Tutor
Índice
Introdução.......................................................................................................................................... 3
1. Sistema eleitoral ............................................................................................................................. 4
2. Tipos de Sistema eleitoral ............................................................................................................... 4
3. O sistema eleitoral moçambicano ................................................................................................... 5
4. Vantagens e desvantagens do Sistema de Representação Proporcional.......................................... 6
4. Princípios a serem respeitados pelos Sistemas Eleitorais ................................................................ 6
5. Considerações finais ...................................................................................................................... 7
5. Bibliografia .................................................................................................................................... 8
Introdução

Após quase duas décadas de guerra civil, Moçambique teve as suas primeiras eleições
democráticas em 1994. Reconhecidas como livres, justas e bem-sucedidas, as eleições
ilustraram a medida em que as duas maiores forças políticas se comprometeram a trazer a paz
e a introduzir o sistema multipartidário. A escolha de um sistema eleitoral é uma das decisões
institucionais mais importantes para qualquer democracia. Na maioria dos casos, a escolha de
um sistema eleitoral em particular tem um profundo efeito na futura vida política do país em
questão, e os sistemas eleitorais, uma vez escolhidos, frequentemente se mantêm
relativamente constantes enquanto os interesses políticos se solidificam ao seu redor e
respondem aos incentivos apresentados por eles. As escolhas que são feitas podem ter
consequências imprevistas, bem como efeitos previsíveis. Portanto, pretende-se com este
trabalho debruçar em torno do sistema eleitoral moçambicano. Para a realização do presente
trabalho, efectuou-se uma pesquisa meramente bibliográfica.
1. Sistema eleitoral

O sistema eleitoral diz respeito aos múltiplos aspectos da legislação eleitoral. O sistema
eleitoral é caracterizado pela estrutura do boletim do voto a qual determinando como os
votantes podem exprimir as suas escolhas, a barreira eleitoral ou o mínimo de votos
necessários por um partido para assegurar a representação, a fórmula eleitoral a qual
determina como os votos são convertidos em mandatos, e a magnitude do círculo eleitoral a
qual é determinada pelo número de assentos parlamentares por cada círculo eleitoral.
O sistema eleitoral influência a composição dos parlamentos mas também determina, até certo
ponto, o sistema partidário e o sistema de governo. O estudo dos sistemas eleitorais e as suas
consequências permite conhecer a engenharia eleitoral, ou seja, as regras eleitorais como
também o comportamento eleitoral daqueles que exercem o direito do voto, neste caso os
cidadãos ou votantes.
De acordo com IDEA (2005), a escolha de um sistema eleitoral é uma das decisões
institucionais mais imporantes para qualquer democracia. Na maioria dos caso, a escolha de
um sistema eleitoral em particular tem um profundo efeito na futura vidapolítica do país em
questão, e os sistemas eleitorais, uma vez escolhidos,frequentemente se mantêm relativa
mente constantes enquanto os interessespolíticos se solidificam ao seu redor e respondem aos
incentivos apresentadospor eles. As escolhas que são feitas podem ter consequências imprevis
tas, bemcomo efeitos previsíveis

2. Tipos de Sistema eleitoral


Existem três tipos de sistemas eleitorais a seguir discriminados.

1. Maioritários – de maioria simples (o partido que obtém mais votos ganha todos os
mandatos); ou, maioria absoluta (os lugares são ganhos com 50% dos votos mais um).
Este sistema favorece a formação de maiorias parlamentares e a estabilidade
governamental; favorece os grandes partidos em detrimento dos mais pequenos e a
representação tende a ser personalizada e local.

2. De representação proporcional – os mandatos são basicamente atribuídos em função


da percentagem de votos obtida. Este tipo de sistema oferece aos eleitores maior
diversidade de escolha; favorece a representação dos pequenos partidos; pode
apresentar um certo risco de fragmentação (dificuldade de formação de 2 maiorias de
governo); e a representação tende a ser partidária.
3. Mistos – reúnem características dos dois anteriores (o objectivo é juntar os aspectos
mais positivos de cada um deles). Este sistema assegura as vantagens e a justiça da
representação proporcional, acrescentando a dimensão de representação local e
personalizada; ademais, estabelece um balanço entre os candidatos e os partidos.

3. O sistema eleitoral moçambicano


O sistema eleitoral moçambicano, tem como sustentáculo o Acordo Geral de Paz de 1992.
Este traça os princípios que norteiam o processo eleitoral. O protocolo III do referido AGP,
advogava que a lei eleitoral estabelecerá um sistema eleitoral que consagra os princípios de
voto directo, igual, secreto e pessoal; as eleições da Assembleia da República e do Presidente
da República serão realizados concomitantemente, onde as primeiras eleições teriam lugar em
1993. Segundo Brito et al. (2010), “as comissões mistas previstas naquele texto foram
formadas tardiamente, trabalharam com dificuldades, e as eleições previstas para o ano
seguinte (1993) só viriam a acontecer um ano depois, em Outubro de 1994”. O direito a voto
ficou reservado aos cidadãos moçambicanos maiores de 18 anos excepto os incapacitados
mentalmente ou dementes, bem como os detidos e condenados à prisão por crimes dolosos.
Este direito ficou condicionado à inscrição nas listas eleitorais
Moçambique tem como sistema eleitoral o Sistema de Representação Proporcional, que de
acordo com o Manual de Sistemas de Comportamentos Eleitorais da UNISCED, é aquele em
que os assentos parlamentares são alocados de acordo com a proporção dos votos adquiridos
por cada partido em cada círculo eleitoral. É um sistema que permite a inclusão de todas as
forças políticas, enfatizando a necessidade de negociação e compromisso no parlamento,
governo e formulação de leis. Os sistemas eleitorais de representação proporcional incluem o
sistema de lista partidária e o sistema de voto simples transferível. Os sistemas de
representações proporcionais baseadas em listas partidárias em círculos eleitorais múltiplos
existem em 62 dos 191 países do mundo. O sistema de listas partidárias pode ser aberto, como
na Noruega e Itália, no qual os eleitores expressam as suas preferências de voto para um
candidato em particular ou podem ser fechadas como Portugal, Espanha, Alemanha, África do
Sul e Moçambique, quando os eleitores mostram o seu apoio ao partido e cada partido decide
a ordem de cada candidato na lista. A ordem dos candidatos na lista partidária determina quem
deverá ser eleito ao parlamento. Deste modo, os partidos colocam tantos candidatos que quiser
em cada um dos círculos eleitorais e o eleitorado faz a sua escolha numa ordem de preferência
(1, 2, 3, etc.).
O número total de votos é contado e o número de assentos divide os votos no círculo eleitoral
de modo a produzir uma quota. De modo a ser eleito, os candidatos devem conseguir a quota
mínima. Quando a primeira preferência é contada e nenhum candidato consegue atingir a
quota, o candidato com menos votos é eliminado e os seus votos são distribuídos de acordo
com a segunda preferência. Esse processo continua até que todos os assentos sejam
preenchidos.

O sistema de representação proporcional do modo como é a aplicado em Moçambique


denota um problema típico: a distância que coloca entre eleitores e eleitos limita a
capacidade de controlo destes pelos primeiros. Com efeito, o tamanho dos círculos eleitorais
e a maneira como são compostas as listas dos partidos para as eleições legislativas tendem a
produzir maior fidelidade dos candidatos aos aparelhos partidários face a face os eleitores.
Um grande desafio consiste, portanto, no refinamento do sistema de modo a encontrar
mecanismos que reduzam a distância entre os eleitores e os eleitos.

4. Vantagens e desvantagens do Sistema de Representação


Proporcional
Por natureza, o sistema de representação proporcional, corno se vê, é um sistema aberto e
flexível, ele favorece, e até certo ponto estimula, a fundação de novos partidos, acentuando
desse modo o pluralismo político da democracia partidária. Torna por conseguinte a vida
política mais dinâmica e abre à circulação das ideias e das opiniões novos condutos que
impedem uma rápida e eventual esclerose do sistema partidário, tal como acontece onde se
adopta o sistema eleitoral maioritário, determinante da rigidez bipartidária. Contudo, exagera
em demasia a importância das pequenas agremiações políticas, concedendo a grupos
minoritários excessiva soma de influência em inteiro desacordo com a força numérica dos
seus efectivos eleitorais. Ofende assim o princípio da justiça representativa, que se almeja
com a adopção daquela técnica, fazendo de partidos insignificantes “os donos do poder”, em
determinadas coligações.

4. Princípios a serem respeitados pelos Sistemas Eleitorais


 Escolha - O sistema eleitoral deve proporcionar aos eleitores possibilidades reais de
escolha.
 Representatividade - O sistema eleitoral deve favorecer uma representação equitável
e a igualdade efectiva do voto

 Eficácia e responsabilidade partidária - Os partidos devem ser capazes de estruturar


o debate público, de propor políticas públicas alternativas e de mobilizar o eleitorado.

 Eficácia do parlamento - O parlamento deve ter capacidade técnica e política de


produzir legislação e controlar o governo. Ao mesmo tempo, a oposição deve ter
condições para ser efectiva e responsabilizar o governo.

 Estabilidade e eficácia governativa - O sistema eleitoral deve favorecer a


continuidade da governação e as condições para o governo escolhido realizar o seu
programa.

 Participação ampla dos cidadãos - Acessibilidade (facilidade de uso): o sistema


deve ser simples, prático e encorajar a participação dos cidadãos.

 Legitimidade - O sistema eleitoral, os seus procedimentos e os resultados devem ter a


confiança e ser aceites pelos cidadãos e pelos partidos.

5. Considerações finais
A grande vantagem do sistema adoptado em Moçambique foi a sua capacidade para
assegurar um processo de pacificação e reconciliação nacional. Isto se deveu a uma
conjugação de três elementos principais. Por um lado, o envolvimento directo do sistema das
Nações Unidas em quase todas as fases do processo eleitoral – na prática funcionando como
a terceira parte garante da implementação dos acordos conseguidos - foi crítica. Por outro
lado, a de facto bipolarismo político assumido pelas duas principais forças políticas na
constituição e funcionamento dos órgãos eleitorais também contribuiu para amenizar o
ambiente de desconfiança e serviu de garantia de uma certo grau de competição política
dentro de limites não destrutivos do processo de reconciliação nacional. Finalmente, mas não
menos importantes, a força das organizações da sociedade civil também desempenharam um
papel crucial durante este período. Com efeito, o fenómeno do cansaço da guerra e o desejo
de encontrar um novo começo para o país levou a que várias entidades da sociedade civil
tomassem inúmeras iniciativas com vista a garantir que eleições consolidassem em vez de
travar o processo de paz. Em Moçambique, a escolha do sistema eleitoral, feita no contexto
das negociações de Paz de Roma, ao envolver as principais forças políticas, representou o
compromisso político possível.
6. Bibliografia

BRITO, L. (2013) Breve Reflexão sobre Autarquias, Eleições e Democratização. In


Desafios para Moçambique. BRITO, Luís et al (Org), Maputo, IESE.

Brito, L. (2008) “Uma Nota Sobre Voto, Abstenção e Fraude em Moçambique”.


Discussion paper n.º 4. Maputo, IESE.

Brito, L. (2009). Sistemas Eleitorais - Entre representação e estabilidade. Disponível


emhttps://www.caicc.org.mz/images/stories/documentos/eleicoes_principios_basicos
_iese_lbrito.pdf

Filho, G. A. Sistemas eleitorais: o sistema proporcional. Disponível em


https://parlamentoesociedade.emnuvens.com.br/revista/article/download/53/49

IDEA. (2005). Concepção de Sistemas eleitorais: O novo guia do Instituto


Internacional para a Democracia e assistencia Eleitoral. Disponivel em
https://www.idea.int/sites/default/files/publications/chapters/electoral-system-
design/concepcao-de-sistemas-eleitorais-uma-visao-geral-do-novo-guia-do-
international-idea.pdf

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