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FILOSOFIA DO DIREITO
VIANA-LUANDA
2023
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA – ISTA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
CURSO DE DIREITO
FILOSOFIA DO DIREITO
VIANA-LUANDA
2023
RELAÇÃO NOMINAL DOS INTEGRANTES DO GRUPO Nº 9
DEDICATÓRIA
Tendo em conta as dificuldades enfrentadas nos dias actuais e porque não tem sido fácil o processo de
ansino e aprendizagem no nosso país e depois de grandes desafios, certamente chega um alívio que
podemos dizer que ainda não é a meta, mas sim a visão de um longo percurso cheio de surpresas. Por
todo este esforço dedicamos este trabalho antes;
Ao Criador, Deus Pai todo Poderoso
Aos nossos esposos (as), pelos dias e noites aturadas sem a nossa presença e atenção.
As nossas palavras de apreço vão em primeira instância para Deus o nosso criador e a razão da nossa
existência, as nossas famílias, que nos têm ajudado a custear as despesas dos nossos estudos.
Aos nossos colegas que nos forneceram sugestões valiosas durante o processo de elaboração deste
trabalho.
Os nossos agradecimentos especial vai também aos Professores que com os seus ensinamentos nos
ajudam na descoberta de um novo mundo, que por falta de bases, muitas são as dificuldades de acha-
lo, aquando da sua procura.
E finalmente vão também os nossos agradecimentos a Direção do Instituto Superior Técnico de Angola
(ISTA) que com uma grande visão procuram sempre dedicar-se as causas nobres. Por outra a
colaboração dos Professores e em particular nosso professor da cadeira de Filosofia do Direito.
Professor Eduardo Macuéria…..
RESUMO
De grande repercussão no meio jurídico, a teoria tridimensional do direito, do notável jus filósofo
brasileiro Miguel Reale, compreende o direito como produto de três elementos: fato, valor e norma. Na
percepção do jurista, estas três dimensões são de tal importância para o fenômeno jurídico que não
podem ser contempladas de modo individual, como feito por algumas teorias monistas. Nessa senda, o
presente trabalho tem como objectivo explicar como acontece a integração entre esses três elementos
constitutivos do Direito na óptica de Reale.
Of great repercussion in the legal field, the three-dimensional theory of law, by the notable
Brazilian philosopher jus Miguel Reale, understands law as a product of three elements: fact, value and
norm. In the jurist's perception, these three dimensions are of such importance to the legal phenomenon
that they cannot be contemplated individually, as done by some monist theories. In this vein, the present
work aims to explain how the integration between these three constitutive elements of Law in Reale's
perspective takes place.
INTRODUÇÃO…………………………………………………………….…………..………….........……….9
1.1. Problematização ………………………………………………………………………………..…........….10
1.2. Objectivo Geral ……….…………………………………………………………………………........…….10
1.3. Objectivos Específicos …………….………………………………………………………….............…..10
1.4 Hipotése……………………………………………………………………………………….......………….10
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA……………………...................................................................……….11
3. REALIDADES HISTÓRICA-CULTURAL TRIDIMENSIONAL…................................................................12
4. TRIDIMENSIONALISMO GENÉRICO E DINÂMICO.... ……………….………………………………….12
5. ELENCAMENTO DOS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO DIREITO SEGUNDO REALE ………..13
6. TEORIAS TRIDIMENSIONALISTAS PRECURSORAS À DE REALE E TEORIAS REDUCIONISTAS............13
7. TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO DE MIGUEL REALE …………………………....……………………..16
15. CONCLUSÃO ………………………………………………….……………………………….......……….17
16. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ……………………………….……………………………….................……18
1. INTRODUÇÃO
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A Teoria Tridimensional do Direito
1.1. Problematização
O direito é um conjunto de normas jurídicas que visam regular a convivência em sociedade. O
Direito, segundo Reale, é produto da correlação entre facto, valor e norma. Mas de que forma se chega
a essa conclusão?
1.4. Hipótese
Apresentamos como solução ao problema levantado, o estudo feito pelo jusfilósofo Brasileiro e
fundador desta teoria, o professor Miguel Reale.
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A Teoria Tridimensional do Direito
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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A Teoria Tridimensional do Direito
uma, ou mesmo duas destas dimensões, devendo estar constantemente vinculada à interpretação do
sistema tridimensional como um todo.
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A Teoria Tridimensional do Direito
Esta composição, integrada pela simples humanidade dos fatos históricos ao aspecto histórico
do direito e à norma por ser esta uma cristalização da vontade composta da percepção histórica e da
valoração dos juízos de valor humanos, é o cerne da Teoria Tridimensional Dinâmica de Miguel Reale.
Realizando uma análise histórica, Miguel Reale conjectura que o homem viveu inicialmente o
direito de forma empírica, na forma de fato social, sempre envolto de misticidade e religiosidade, pois o
facto jurídico, assim como o social, foi intrínseco ao viver do homem na sociedade. Ou seja,
inicialmente, não havia uma concretude jurídica suficiente para desenvolver uma ciência.
Porém, quando o facto passa a possuir significado no plano da consciência, este se torna um
momento decisivo, diz Reale. Surge, dessa forma, o valor, que é resultado do contacto humano com a
ordem social. Porém, inicialmente, o homem não considerava os valores como produções próprias,
mas os viu como dádivas divinas. Assim ocorreu na Grécia, onde o sentimento de justiça que foi
paulatinamente fomentado no âmago dos cidadãos helénicos, foi externado e atribuído a divindades
como Themis e Diké. Assim, os valores eram projectados para fora do indivíduo e em seguida
transformados em entidades.
Apesar de ter vivenciado o problema da justiça, a investigação do Direito como facto só ocorreu
na época moderna, com os estudos de Maquiavel, Jean Bodin, Thomas Hobbes, Montesquieu, e
sobretudo, com o trabalho de sociólogos e históricos dos séculos XIX e XX (REALE, 2002).
A civilização romana contribui com a acepção do direito enquanto norma ou como lex, explica
Reale em Filosofia do Direito: “A importância do Direito Romano vem daí, de ter tomado contacto com o
Direito como regra e de ter formulado a possibilidade de uma Ciência do Direito como ordem
normativa”. Esta ciência seria a Jurisprudência, que não se limita ao simples estudo dos valores da
justiça, mas aos frutos que a humanidade colheu da Justiça. Dessa forma, a norma surge como um
elemento que materializa, na forma da lei, o facto e os valores.
Antes de Miguel Reale formular a Teoria Tridimensional do Direito, houve algumas teorias, que
de forma explícita ou implícita, concebiam o direito também por uma óptica tridimensionalista. Estas se
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A Teoria Tridimensional do Direito
dividiam em dois grupos, quais sejam, o Tridimensionalismo Abstracto ou Genérico e
Tridimensionalismo Específico.
Nestas teorias, o tripé fato-valor-norma não foi concebido como objecto de correlação, logo foi
comum os teóricos contemplarem um ou outro factor, reduzindo o direito a um dos três elementos. São
as Teorias Reducionistas ou Monistas. Desta forma, faz-se mister uma prévia análise destas teorias
para depois buscar um contexto mais amplos nas teorias Tridimensionalistas.
Ao reduzir o estudo do direito unicamente ao campo do facto, tem-se o Sociologismo Jurídico, assim
definido por Reale:
Sob a rubrica de sociologismo jurídico [...] reunimos todas as teorias que consideram o Direito
sob o prisma predominante, quando não exclusivo, do fato social, apresentando-o como simples
componente dos fenómenos sociais e susceptível de ser estudado segundo nexos de causalidade não
diversos dos que ordenam os fatos do mundo físico (REALE, 2002, p. 434).
Este foi um movimento surgido no século XIX, após a criação da Sociologia, que priorizava o
estudo do direito como um conjunto de factos sociais, utilizando assim uma abordagem indutiva e
causal. Priorizava-se a efectividade como atributo normativo, ou seja, a dimensão fáctica da
experiência jurídica, o direito tal como ele é e não como deve ser no mundo abstracto das regras
jurídicas; isto é, tem-se como objecto o “ser” e não o “dever ser” do direito. Nega que o direito nasce de
forma monística pelo Estado, mas sim de forma plural pelo conjunto da sociedade.
Porém, quando ao contrário do facto, o enfoque é o valor, há o Moralismo Jurídico. Reale
(2002) define como moralistas os juristas que não aceitam a juridicidade indiferente à licitude,
vinculando de forma absoluta o Direito à Moral. Eles se aproximam dos normativistas lógicos ao
entender o direito como expressão do dever ser, que é resultado dos fins aos quais o homem se
propõe devendo resistir aos fatos, porém se distanciam destes por não aceitarem uma norma que não
positive a licitude da conduta exigida, o que seria uma norma vazia.
Ao dispor o foco do estudo jurídico, tão-somente ao campo da norma, tem-se o Normativismo
Lógico, legado de Kelsen para o mundo jurídico do século XX. Esta doutrina está inserida no
positivismo, definido por Norberto Bobbio “como um conjunto de factos, de fenómenos ou de dados
sociais em tudo análogos àqueles do mundo natural”. Portanto, no Normativismo, a norma positivada é
um sentido final do dever ser. A Teoria Pura do Direito, de Kelsen, é uma teoria do direito positivo que
afasta todos os objectos meta jurídicos, ou seja, que não podem ser apreciados pela jurisprudência. De
tal forma, em uma segunda fase do pensamento kelsiano, ele também passa a ver o direito sob uma
visão mais pragmática, como demonstra Miguel Reale:
O certo é que Kelsen deixa de considerar o Direito apenas como sistema de normas
logicamente escalonadas, para examiná-lo também em sua aplicação prática: o seu estudo, por tais
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A Teoria Tridimensional do Direito
motivos, embebe-se de preocupação social e histórica, perfilando-se o facto ao lado da norma, pelo
menos em termos de possível conversão pragmática da vigência das normas de Direito na eficácia do
comportamento dos consociados aos quais ela se refere (REALE, 2002, p. 473).
O Tridimensionalismo Abstracto ou Genérico procura equiponderar os frutos do sociologismo
jurídico, do moralismo jurídico e do normativismo jurídico. Logo, não estabelece uma relação inicial
entre as três para realizar a actividade jurídica, mas estabelece uma relação final decorrente dos
resultados alcançados por cada modalidade de modo independente. Seus principais autores
são Emil Lask, Frederico Münch e Gustav Radruch
Emil Lask procurar superar a contraposição da valoração e do fato por intermédio cultural,
incluindo nela o Direito. Também segundo o mesmo autor a filosofia jurídica deve precaver-se com o
historicismo e com o jus naturalismo, pois, segundo ele, o direito natural visa extrair do valor o seu
conteúdo empírico, e o historicismo pretende extrair do conteúdo empírico o absoluto do valor (REALE,
2002).
Gustav Radbruch reapresenta a diferença entre realidade e valor, entre ser e dever ser, porém
acrescenta que não pode substituir a antítese entre os domínios. Porém, segundo ele, é necessário dar
um lugar à categoria da cultura. Expõe, desse modo, a tridimensionalidade como característica
fundamental do culturalismo jurídico. Nessa senda, ele determina três maneiras pela qual o Direito
pode ser encarado. Assim explica Reale:
Gustav Radbruch procura determinar as três maneiras por que podemos encarar o Direito. A
atitude da Ciência do Direito é a que refere as realidades jurídicas a valores, considerando o Direito
como facto cultural; a atitude da Filosofia do Direito é valorativa (bewertend), visto como considera o
Direito como um valor de cultura; havendo uma terceira atitude, superadora dos
valores (wertüberwindend) que considera o Direito na sua essência, ou como não dotado de essência:
é a atitude ou o tema da Filosofia religiosa do Direito (REALE, 2002, p. 521).
Na concepção de Frederico Münch, o Direito é visto como realidade concreta, sendo sem
fundamento qualquer distinção entre facto e valor. "o Direito é conhecido, concebido e realizado
enquanto válido, e não pode ser conhecido, nem compreendido senão como Direito vigente".
Porém, quando se faz um estudo prévio da correlação existente entre os elementos constitutivos do
direito que são apreciados de forma isolado nas correntes mencionadas acima, tem-se a
tridimensionalidade específica. Segundo Reale (2002), a teoria tridimensional só se completa quando
se afirma a interdependência dos elementos que fazem do direito um estrutura social axiológico-
normativa. Partindo dessa premissa, Miguel Reale desenvolveu sua teoria.
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A Teoria Tridimensional do Direito
7. TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO DE MIGUEL REALE
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A Teoria Tridimensional do Direito
8. CONCLUSÃO
O tridimensionalismo de Miguel Reale é de grande importância para o entendimento do
fenómeno jurídico. A teoria elaborada demonstra que os juristas não devem se ater somente ao campo
das normas, mas devem observar o facto e o valor como elementos constitutivos do Direito.
Desse modo, os vários direccionamentos axiológicos, actuantes em uma mesma realidade
fáctica, contribuem para uma experiência jurídica diversificada e atenuante.
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A Teoria Tridimensional do Direito
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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A Teoria Tridimensional do Direito