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Sumário
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2
INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................... 54
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NOSSA HISTÓRIA
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INTRODUÇÃO
Até meados dos anos 1990, a maioria dos trabalhos sobre partidos e
sistemas partidários negligenciou esse fato, dado que tinha o alto nível de
institucionalização como pressuposto. Não obstante, sem examinar a
institucionalização, é impossível entender características importantes dos
sistemas partidários da maioria das democracias e semidemocracias pós-1978.
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A outra manifestação empírica desse frágil enraizamento é que os
vínculos entre eleitores e candidatos são mais personalistas na maioria dos
regimes competitivos pós 1978 do que nas democracias industriais avançadas.
Fora destas, muitos eleitores escolhem os candidatos com base em suas
características pessoais, sem levar em conta partido, ideologia ou questões
programáticas.
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surveys em vários países para demonstrar algumas das proposições anteriores
sobre essa institucionalização.
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COMPARANDO SISTEMAS PARTIDÁRIOS: O NÍVEL DE
INSTITUCIONALIZAÇÃO
Um sistema partidário é um conjunto de partidos que interagem de
maneiras padronizadas. Essa definição implica três diferenças entre sistemas e
não sistemas.
Primeiro, como Sartori (1976) mostrou, um sistema deve ter pelo menos
dois elementos constitutivos; portanto, precisa ter ao menos dois partidos.
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principais partidos do sistema. Esses dois critérios são fáceis de cumprir
minimamente.
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a América Latina reconheceram cada vez mais a necessidade de dar atenção ao
nível de institucionalização, além das duas dimensões de Sartori.
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Seguindo Mainwaring (1999, p. 22-39) e Mainwaring e Scully (1995),
conceituamos quatro dimensões da institucionalização do sistema partidário.
Primeiro, sistemas mais institucionalizados manifestam considerável
estabilidade nos padrões de competição entre partidos (PRZEWORSKI, 1975).
Essa é a dimensão mais fácil de medir e talvez a mais importante, porque a
institucionalização está conceitualmente muito vinculada à estabilidade. Em
segundo lugar, em sistemas mais institucionalizados, os partidos têm raízes
fortes na sociedade, a maioria dos eleitores tem ligações partidárias e algumas
associações de interesse estão intimamente ligadas a eles. Um forte
enraizamento partidário na sociedade ajuda a proporcionar a regularidade na
competição eleitoral que a ideia de institucionalização implica.
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partidos eleitoralmente bem-sucedidos são veículos personalistas, o nível de
institucionalização do sistema é baixo nessa quarta dimensão.
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em relação aos grupos sociais. Ao contrário, nós acreditamos que vínculos fortes
entre partidos e grupos sociais manifestam raízes partidárias mais profundas na
sociedade e maior institucionalização é computada somando-se a mudança
líquida em porcentagem de votos ganhos ou perdidos por cada partido de uma
eleição para outra e depois dividindo-se por dois.
Limitamos a seleção de casos a países que até 2003 haviam tido pelo
menos três eleições consecutivas para a câmara baixa, quando o escore
combinado atribuído pela Freedom House ao país era 10 ou menos. O país com
um escore combinado médio de 11 ou mais tinham regimes autoritários e são
classificados pela Freedom House como “não livres”. Em regimes autoritários,
os partidos possuem funções diferentes do que nas democracias e
semidemocracias. Esses regimes não permitem eleições livres e justas, seu
controle das eleições favorece o partido governante e tende a limitar a
volatilidade eleitoral. Portanto, costuma ser enganador comparar a volatilidade
eleitoral entre os dois tipos de regimes. Assim, somente o período democrático
mais recente é levado em conta nos países onde houve uma interrupção da
democracia e, dessa forma, usamos apenas eleições posteriores a 1978.
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baixa serve como excelente preditor do resultado da eleição subsequente por
partido, com um erro médio de apenas 3,2%. Em contraste, na Ucrânia, o
procedimento idêntico oferece pouca capacidade de previsão, com um erro
médio de 59,2% (dezoito vezes maior do que nos EUA).
A variável PIB per capita foi significativa no nível de 0,000 e teve um forte
impacto substantivo; um aumento de US$ 1.000 nela produz uma diminuição
esperada de 1,29% na volatilidade eleitoral. Esses resultados mostram que as
democracias industriais avançadas possuem sistemas partidários mais estáveis
do que as democracias e semidemocracias menos desenvolvidas.
A correlação entre renda per capita dos países e sua volatilidade eleitoral
média foi um impressionante –0,78, significativa no nível de 0,000 (2-tailed). Os
dezesseis países com o IDH mais alto (IDH ≥ 0,892) estão entre os dezoito
países com a volatilidade eleitoral mais baixa. As causas da forte correlação
entre um alto nível de desenvolvimento e a baixa volatilidade eleitoral requerem
pesquisas além do que é possível fazer aqui; oferecemos apenas algumas
breves reflexões. O fato de que a maioria dos sistemas partidários da Europa
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Ocidental tenha se estabilizado antes da Segunda Guerra, quando esses países
tinham padrões de vida muito mais baixos do que os atuais, indica que a principal
explicação não é o argumento baseado na modernização, segundo o qual um
nível mais alto de desenvolvimento causa volatilidade eleitoral mais baixa. Na
maioria do que agora são democracias industriais avançadas, os partidos foram
veículos de integração social e política das massas de novos cidadãos
(CHALMERS, 1964; PIZZORNO, 1981).
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Quando há laços fortes entre eleitores e partidos, sejam construídos por
vínculos programáticos/ideológicos, clientelistas ou tradicionais/afetivos, os
eleitores permanecem fiéis ao seu partido e a personalidade dos candidatos tem
importância secundária. Não temos dados que nos permitam comparar o grau
de voto clientelista em diferentes países. Indícios consideráveis – embora não
sistemáticos – sugerem que o clientelismo é mais disseminado na maioria das
democracias das terceira e quarta ondas do que nas democracias industriais
avançadas.
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sem necessidade de se elegerem presidentes de partidos para se tornarem
chefes de Estado. Um modo de avaliar a importância do personalismo em
campanhas eleitorais são os dados sobre os candidatos outsiders à presidência.
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partidos resultantes foi contado como novo. Contamos como independentes os
candidatos que não tinham uma filiação partidária. Dentre esses três pares de
partidos, mostramos os resultados do par que teve o maior coeficiente
estandardizado para a variável esquerda-direita.
A ideologia deveria ser antes um bom preditor do voto entre partidos que
são relativamente distantes ideologicamente. Se entre os três maiores partidos,
dois são de centro-esquerda e o terceiro é de centro-direita, não esperaríamos
que a ideologia fosse um preditor poderoso da preferência de voto entre os dois
partidos de centro-esquerda.
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dominaram as eleições municipais de 1995 e a possibilidade dos apelos anti
partidários conquistarem o apoio popular levou ao surgimento de um novo grupo
de políticos antipartidos. Fujimori controlava pessoalmente as escolhas de
candidatos ao congresso em seu partido altamente personalizado (CONAGHAN,
2000) em um processo oposto ao que se encontra em um sistema
institucionalizado. Além disso, é possível aos candidatos terem acesso às
eleições sem um partido e vencê-las como independentes.
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Não podemos responder a essa questão plenamente aqui, mas é possível
fazer algumas especulações. Primeiro, as sequências históricas na construção
dos partidos são importantes.
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Em quarto lugar, o voto personalista é provavelmente mais forte nos
sistemas presidencialistas do que nos parlamentaristas e a maioria das
democracias industriais avançadas possui sistemas desse último tipo, ao passo
que muitos dos regimes competitivos pós-1978 são presidencialistas.
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ZECHMEISTER, 2005). Essa representação ocorre somente por acaso, se é que
acontece, quando não há relação entre as posições ideológicas dos cidadãos e
a avaliação que fazem dos líderes políticos. Em muitos regimes competitivos
pós-1978, a conexão entre a posição ideológica dos cidadãos e seus líderes
políticos preferidos é fraca.
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Misturar indiscriminadamente esses casos de multipartidarismo esconde
diferenças profundas na natureza dos sistemas. A institucionalização varia
também de modo significativo em relação à distância ideológica no sistema
partidário. Alguns sistemas polarizados (por exemplo, a França dos anos 1960
aos anos 1980, a Itália dos anos 1940 aos 1980) estavam bem
institucionalizados. Outros sistemas polarizados (o Brasil de meados a fins dos
anos 1980, a Venezuela desde 1998) são menos institucionalizados e funcionam
de maneira diferente.
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Em segundo lugar, a institucionalização fraca é inimiga da accountability
eleitoral. Na maioria das democracias, os partidos são o mecanismo primário
dessa accountability e, para que esta funcione bem, os eleitores devem poder
identificar – em termos amplos – o que são os principais partidos e o que
defendem (HINICH e MUNGER, 1994).
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A accountability eleitoral também sofre onde os partidos fazem mudanças
radicais de orientação, como ocorreu em muitos países latino-americanos nos
anos 1980 e 1990 (STOKES, 2001). Em alguns sistemas fluidos, um grande
número de legisladores muda de partido durante seus mandatos (HELLER e
MERSHON, 2005).
SISTEMAS ELEITORAIS
Os sistemas eleitorais constituem o conjunto de técnicas e procedimentos
que se empregam na realização das eleições, destinados a organizar a
representação do povo no território nacional.
Pode ainda dar maior peso aos votos de determinados partidos, e fazer
variar os custos de uma cadeira de um partido para outro, isso conforme os
mecanismos de competição estabelecidos e a forma de distribuição das vagas,
principalmente das sobras, ou também de acordo com as diferenças entre os
diversos quocientes eleitorais e tamanhos das circunscrições eleitorais”.
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Além disso, defende que nenhuma lei eleitoral pode ser considerada
definitiva, assim como nenhum dos métodos eleitorais (proporcionais ou
majoritários) é considerado definitivo nem isentos de críticas.
O Líbano, por sua vez, possui uma complexa estrutura eleitoral que foi
pensada para manter um equilíbrio entre a representação política das diferentes
comunidades religiosas do país. Com exceção do período entre 1974 e 1989,
marcado pela guerra civil, eleições multipartidárias têm sido realizadas
regularmente.
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possibilidades são: a atual configuração, o projeto de lei da Comissão Boutros,
da qual faz parte e acredita ser necessária a implementação em prol de um
Líbano moderno e democrático, e o projeto apresentado ao parlamento pelo
atual Ministro do Interior96. Esclareça-se, entretanto, que o presente trabalho se
baseia na atual configuração.
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DISTRIBUIÇÃO DOS ASSENTOS NO PODER LEGISLATIVO
O Parlamento libanês é unicameral, integrado por 128 deputados
diretamente eleitos. Desde 1926, durante o Mandato Francês, o sistema eleitoral
no Líbano é baseado na representação confessional. De acordo com a atual
Constituição, os assentos do Parlamento são igualmente divididos entre cristãos
e muçulmanos.
Essas regras se baseiam no Acordo de Taif, que pôs fim à guerra civil e
instituiu uma nova constituição, se baseando numa suposta igualdade
demográfica entre cristãos e muçulmanos na população libanesa, muito embora
não haja um censo oficial.
Uma das questões surgidas a partir desse sistema eleitoral foi o fato de
que os cristãos muitas vezes reclamaram que a maioria de seus membros era
eleita por votos de muçulmanos, o que levaria a uma igualdade artificial,
levando a que o membro eleito não estivesse mais voltado às necessidades
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daquela comunidade. Outra reclamação foi da Comunidade Ortodoxa, que se
sente marginalizada dentro da própria comunidade Cristã1. O Acordo de Taif
previu ainda a abolição do confessionalismo no sistema político libanês. Assim,
com a eleição do primeiro Parlamento em uma base nacional e não sectária, o
Senado deverá ser formado, e todas as famílias espirituais serão representadas
nele, cujos poderes se restringirão a questões cruciais. A partir daí o sistema
seria bicameral.
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terços. Quanto à adoção do sistema proporcional, José Eleares Teixeira afirma
ser idealizado como garantia às minorias contra os abusos das maiorias, sendo
previsto na Constituição para a composição da Câmara dos Deputados, das
Assembleias Legislativas e das Câmeras de Vereadores”.
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diante da permissão de coligações nas eleições proporcionais, verifica-se a
transferência de votos, inclusive, a outros partidos.
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REGRAS, REFORMAS E CONDICIONANTES DA
TRANSFERÊNCIA DIRETA DE DINHEIRO PÚBLICO AOS
PARTIDOS POLÍTICOS
Este capítulo parte da aceitação de que as regras delimitam o
comportamento dos atores políticos e sociais. Nesse sentido, sua construção se
deu com o propósito de acompanhar a trajetória das normas que orientam o
financiamento do sistema partidário eleitoral no Brasil, mais especificamente em
relação à participação pública para seu custeio. Com base nesse intento, buscar-
se-á identificar os dispositivos legais que definem o repasse de recursos públicos
para os partidos, pela via direta.
Para tanto, será feita a análise textual das regras, desde o Código Eleitoral
de 1950 e seus desdobramentos, até as regras que regeram as eleições de
2006. A participação do Estado no custeio do sistema partidário, em geral, e no
financiamento das eleições, em particular, ganha mais adeptos a cada crise em
que o cenário de fundo é a relação entre dinheiro e política. O argumento a favor
do financiamento público se cerca de justificativas importantes como o controle
(ou mesmo redução) das distorções na competitividade do sistema eleitoral pela
discrepância promovida pelo financiamento privado e a dependência dos
candidatos de grandes doações.
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A alocação direta de recursos públicos para os partidos políticos (e/ou
candidatos), como parte do financiamento público, diferencia-se pelo tipo de
atividades ou de propósitos a que se destina (Calle, 2004; Fierro, 2005).
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sobre a estrutura de financiamento do sistema partidário-eleitoral brasileiro ou
contribua para o entendimento de como a estrutura do sistema partidário no
Brasil ganha reforço a partir do momento em que os recursos oriundos do Fundo
Partidário passam a ter um peso maior na composição financeira dos partidos.
Enfim, busca-se estudar aqui os formatos de repasses diretos de recursos
públicos ao sistema partidário. Será analisado como o modelo adotado de
financiamento partidário eleitoral trata do custeio desse sistema por meio de
transferência direta de dinheiro para os partidos políticos. Em seguida, buscar-
se-á identificar o que as regras refletem em termos de valores para os partidos.
Pretende-se, ainda, apontar questões sobre os custos financeiros do sistema
partidário-eleitoral para os cofres públicos, de modo que se possa viabilizar o
entendimento do papel do Estado. Busca-se, assim, dar uma resposta preliminar
à questão sobre o quanto se gasta de recursos públicos com o sistema
partidário-eleitoral no Brasil.
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No tocante aos partidos esse Código estabelecia que as organizações
partidárias com registro no TSE deveriam ter propósitos estatutários com
“alcance nacional”. Portanto, já em 1950, a legislação reforçava o caráter
federativo dos partidos políticos, da mesma forma que as regras estatutárias
(com caráter nacional) definiam a organização e o funcionamento dos seus
diretórios e comissões provisórias. Adicionalmente, a legislação estabeleceu
critérios de constituição partidária, como o número mínimo de filiados por
circunscrição eleitoral.
Para o Código Eleitoral Lei nº 1.164, de 1950. Ver artigo 199, parágrafo
único, da Lei nº 1.164, de 1950. Ver artigo 132, § 1º, da Lei nº 1.164, de 1950.
27 1950, foi considerado ilegal o recebimento de recursos das seguintes fontes
de financiamento:
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financiamento do sistema partidário-eleitoral, as alterações na legislação
ganham importância para o contexto aqui delineado, principalmente por se tratar
de mudanças efetivadas no início do regime militar, um ano após o golpe militar
de 1964, com a aprovação de um novo Código Eleitoral.
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Ademais, as regras de funcionamento partidário previstas pela LOPP de
1965 exigiam, como anteriormente, percentuais mínimos de eleitores filiados aos
partidos em cada circunscrição eleitoral. Em outras palavras, o ordenamento das
regras partidárias influi na questão financeira dos partidos, por regular o
processo de funcionamento das organizações, mesmo não se referindo
diretamente ao aspecto do financiamento partidário-eleitoral. Tal condição pode
ser percebida a partir de proibições quanto ao recebimento de dinheiro de
determinadas fontes, assim como a delegação de poderes aos partidos quanto
à definição dos montantes permitidos para o dispêndio em campanhas eleitorais
dos seus candidatos.
Vale lembrar que a LOPP de 1965 foi precedida pelo Ato Institucional nº
2, editado logo após as eleições para governadores, em que se extinguiram os
partidos políticos, sendo responsável direto pela criação do sistema bipartidário
composto por ARENA e MDB10. O AI-2 vigeu até março de 1967. Por esse
decreto, o regime autoritário estabeleceu que só poderiam funcionar os partidos
que agregassem pelo menos 1/3 dos congressistas. Como a ARENA, por razões
óbvias, logo congregou quase 2/3, só sobraram deputados para constituir mais
um partido. Portanto, as regras estabelecidas pela LOPP de 1965 não teriam
relevância prática ou qualquer impacto sobre a configuração do sistema
partidário: o bipartidarismo já havia sido instituído por decreto (Melo, 2007). Já
na legislação de 1965 foram previstos critérios para a condução financeira das
agremiações partidárias com o propósito de adequarem seus objetivos
estatutários e estratégicos de financiamento. Nos seus estatutos, de acordo com
essa regra, os partidos deveriam fixar e apurar as quantias máximas de
dispêndio com propaganda partidária e com gastos com candidatos, além de
fixarem os limites das contribuições e auxílios de seus filiados. Essa medida
estabelecia, também, critérios para a composição financeira dos partidos
políticos, assim como a fixação, nos pleitos eleitorais, de limites para o
recebimento de doações, contribuições ou despesas de cada comitê eleitoral.
Tal condição demonstra uma tendência à regulamentação do poder econômico
no interior dos partidos. Isso porque o limite estabelecido pela legislação, no que
se refere à arrecadação financeira, foi atribuído ao partido político, e um dos itens
a serem fiscalizados pela Justiça Eleitoral era o cumprimento desse limite. Os
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diretórios partidários e comissões provisórias seriam constituídos, de acordo
com a Lei nº 4.740, de 1965, a partir de um número mínimo de filiados, em
condições de participar de eleições, de acordo com o total de eleitores em cada
municipalidade.
(2) pelos recursos financeiros que lhes forem destinados por lei, em caráter
permanente ou eventual; e
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(3) doações de particulares ao Fundo Partidário.
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(1) 20% do total do Fundo Partidário destacados para distribuição, em partes
iguais, a todos os partidos;
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isso passou a fazer mais sentido ainda, uma vez que, com o tempo, a ARENA
firmou-se nos pequenos municípios, e o MDB nas grandes localidades (Melo,
2007). Por essa regra de distribuição dos recursos orçamentários, os diretórios
municipais (ou as comissões provisórias) passariam a contar com uma parcela
expressiva do fundo (o que não significaria muito em valores absolutos, dada a
pouca expressividade desses recursos). No tocante aos impedimentos para o
recebimento de recursos para as campanhas eleitorais, ou mesmo para o custeio
dos partidos políticos, como na legislação anterior, a LOPP de 1965 vetou as
seguintes ações:
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R$48,00) para os diretórios municipais, tomando como critério o número de
cadeiras obtidas nas eleições proporcionais.
O que se pode perceber com essa alteração é uma restrição maior quanto
às prerrogativas para funcionamento dos partidos políticos. Esse aumento de
66,67% (de 3% para 5%) da exigência dos votos válidos para que o partido
político tivesse acesso a cadeiras no parlamento tenderia a dificultar as
manifestações por meio dos organismos partidários. Adicionalmente, os critérios
regionais para a manutenção dos partidos políticos foram redirecionados,
restringindo ainda mais a continuidade do funcionamento dos partidos políticos.
Em outras palavras, as regras eleitorais passariam a refletir com mais
intensidade o contexto político vivido pelo País, reforçando o caráter bipartidário
estabelecido pelo regime. Um ano após a promulgação do novo texto para a
LOPP, em 1972, o TSE lança uma resolução que trata especificamente do Fundo
Partidário.
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partidos (20% de forma igualitária entre os partidos e 80% de forma
proporcional). Também foi mantida a regra de distribuição entre os demais
diretórios subnacionais.
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os recursos do Fundo Partidário recebidos pelos diretórios ou comissões
executivas dos partidos políticos e seu emprego pelos responsáveis diretos, a
partir da conferência da prestação de contas encaminhada anualmente.
(1) nos municípios de primeira categoria que recebessem cotas de até 100 vezes
o valor do maior salário mínimo do País [à época];
(2) nos municípios de segunda categoria que recebessem cotas de valor superior
a esse limite. Por meio dessa regra os agentes do TCU passariam a estabelecer
critérios distintos para a fiscalização dos diretórios partidários. Tal medida fazia
uso do critério de relevância para a formalização das diligências junto aos
diretórios pelos órgãos fiscalizadores, o que, em certa medida, tornaria mais ágil
o processo de controle e de fiscalização dos recursos. Se, por um lado, essa
medida padronizaria e estabeleceria critérios que auxiliariam na condução do
processo de controle e de fiscalização, por outro poderia induzir a um
pragmatismo que inibiria uma fiscalização mais atenta e in loco junto aos
municípios de menor relevância.
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além de mais distantes da fiscalização. Enfim, de acordo com as regras previstas
pela legislação do TCU, a prevalência das fiscalizações recairia sobre os maiores
municípios, embora as chances de descumprimento das regras fossem as
mesmas (ou maiores) nas localidades menores. Apenas no final do regime
autoritário houve reformulação nos formatos de redistribuição entre as seções
regionais e municipais. No tocante à prestação de contas dos recursos oriundos
do Fundo Partidário, a fiscalização permaneceu como incumbência do TCU, bem
como a aplicação das penalidades pelo descumprimento dos preceitos legais.
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recursos, inclusive escrituração contábil, e atendendo às normas específicas
para essa função, permanecendo iguais às previstas na legislação anterior.
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O formato de distribuição dos recursos provenientes do Fundo Partidário
para os órgãos de direção nacional dos partidos políticos foi alterado pelo texto
de 1979, passando a vigorar com os seguintes critérios de repasse:
(1) 10% do total do Fundo Partidário destacados em partes iguais aos partidos
em funcionamento;
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A pulverização dos recursos, por meio da legislação, entre os diversos
estados e municípios tenderia a enfraquecer nacionalmente os partidos. Da
mesma forma como se estabeleceu uma restrição à competição partidária,
percebe-se que há uma combinação desse argumento com uma distribuição
mais equilibrada do Fundo Partidário, em termos da alocação entre os níveis da
federação.
FUNDO PARTIDÁRIO
Os recursos públicos de custeio direto do sistema partidário-eleitoral vão
ganhar uma importância maior somente em meados da década de 1990.
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A partir da segunda metade de década de 1980, portanto, após o fim do regime
autoritário, foram editadas as Leis nos 7.664 e 7.773, que estabeleceram normas
para as eleições de 1988 e 1989 e trouxeram alterações relevantes quanto à
condução do processo eleitoral no País. No entanto, no que se refere ao tema
desta tese, impuseram apenas mudanças ad hoc e, em grande medida, se
referiam ao formato das propagandas eleitorais em rádio e televisão. Manteve-
se a possibilidade de relacionar como gastos eleitorais as despesas relativas à
propaganda gratuita e às pesquisas ou testes pré-eleitorais, e permaneceram as
multas aplicadas aos partidos ou aos candidatos por infração ao disposto na
legislação eleitoral. A esse respeito não houve alteração na regra.
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Como decorrência, a temática sobre o financiamento político ganharia um
lugar de destaque entre os analistas políticos, assim como a participação pública
mais efetiva no custeio desse sistema (Speck, 2004b).
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No governo Fernando Henrique Cardoso, houve uma reconfiguração das
regras para o funcionamento parlamentar. Frente às exigências estipuladas nas
legislações anteriores, as restrições foram reduzidas pela Lei nº 9.096, de 1995.
Essa regra reforça o caráter nacional dos partidos, definido estatutariamente, da
mesma forma que considera como critério para o funcionamento partidário uma
votação correspondente a pelo menos 0,5% dos eleitores na última eleição geral
para a Câmara dos Deputados, distribuídos por 1/3 dos estados da federação,
com um mínimo de 0,10% do eleitorado em cada um. Apenas nesses casos o
partido teria direito ao recebimento de recursos do Fundo Partidário e acesso
gratuito ao rádio e à televisão.
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Essa determinação foi revogada em 2006 pelo TSE. Tais determinações
são observadas na Resolução nº 19.406, de 1995 do TSE.
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O funcionamento partidário ganha relevância para este estudo pelo fato
de que a simples existência legal de um partido político já lhe concede o direito
de receber recursos públicos originários do Fundo Partidário e tempo de acesso
aos espaços na mídia eletrônica.
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(1) 1% do total do Fundo Partidário será destacado para entrega, em partes
iguais, a todos os partidos que tenham seus estatutos registrados no TSE; e
(2) 99% do total do Fundo Partidário serão distribuídos aos partidos que tenham
preenchido as condições do artigo 13, na proporção dos votos obtidos na última
eleição geral para a Câmara dos Deputados.
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(1) Aos partidos políticos que tiverem obtido 5%, no mínimo, dos votos válidos,
sendo estes distribuídos em pelo menos nove estados, com um mínimo de 2%
do total de cada um deles; (e/ou)
(2) 95% distribuídos de forma proporcional aos votos obtidos na última eleição
geral.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1978.
54
COLLOR DE MELLO, P. Passando a limpo: a trajetória de um farsante. Rio de
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DIAS, M. A Mentira das Urnas: crônica sobre dinheiro e fraudes nas eleições.
Rio de Janeiro: Ed. Record, 2004.
FALCÃO, C. & BARROS, F. Dez anos de silêncio. Brasília: LGE Ed., 2004
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