Você está na página 1de 11

Curso de Licenciatura em Administração Pública

Centro Aberto de Ensino a Distância


1º Ano, IIº Semestre

Disciplina: Ciência Política II

Tema: O processo político democrático e a luta pelo poder

Discente:
Docente:
Sónia Mandlate;
Msc. Jochua Abrão Baloi
Dora Alves Mucavele;
Nelsa Vicente Lhacama;
Ester António Mucuba
Juvência Augusto Matusse.

Xai-Xai, Setembro de 2022


Sónia Mandlate;

Dora Alves Mucavele;

Nelsa Vicente Lhacama;

Ester António Mucuba

Juvência Augusto Matusse.

O processo político democrático e a luta pelo poder

Instituto Superior e Gestão de Negócios

Xai-xai, Setembro de 2022


Índice
Introdução .................................................................................................................................... 3
Objectivos .................................................................................................................................... 3
Geral ............................................................................................................................................. 3
Específicos ................................................................................................................................... 3
1. Sistemas partidários e eleitorais ............................................................................................... 4
1.1. Sistemas partidários .............................................................................................................. 4
1.1.1. Unipartidarismo ............................................................................................................. 4
1.1.2. Bipartidarismo ............................................................................................................... 4
1.1.3. Multipartidarismo .......................................................................................................... 5
1.2. Sistema eleitoral ................................................................................................................ 6
1.2.1. Sistema majoritário de representação ............................................................................ 6
1.2.2. O sistema de representação proporcional/sistema de representação das opiniões ........ 6
2. Opinião pública e grupos de pressão .................................................................................... 7
2.1. Características de grupos de pressão................................................................................. 7
2.2. Partidos políticos e grupos de pressão .............................................................................. 7
2.2.1. Semelhanças .................................................................................................................. 7
2.2.2. Diferenças .......................................................................................................................... 8
Conclusão..................................................................................................................................... 9
Bibliografia ................................................................................................................................ 10
3

Introdução
Segundo a interpretação ideológica a principal função dos partidos é expressar diversas opiniões
da sociedade, de modo que o número de partidos decorre da diversidade de opiniões relevantes da
sociedade. Segundo a interpretação sociológica, os partidos são canalizadores de interesses de
determinados segmentos ou classes sociais. Nessa perspectiva, uma sociedade com estrutura
socioeconómica complexa, provavelmente, terá mais partidos do que aquelas com menores
divisões sociais. Por último, a abordagem institucionalista enfatiza o impacto da estrutura
institucional sobre o sistema partidário. Assim, as instituições democráticas (sistema eleitoral,
sistema de governo, estrutura de Estado) estabelecem o cenário para a actuação dos partidos
políticos.

As primeiras tipologias referentes aos sistemas partidários nos países democráticos basearam-se
na distinção entre bipartidarismo e multipartidarismo. Essa distinção encontra-se, por exemplo,
na obra clássica de Maurice Duverger sobre os partidos políticos. Segundo ele, as opções
políticas comummente apresentam-se sob a forma dualista, de forma que o movimento natural
das sociedades orienta-se para o bipartidarismo.

O presente trabalho tem como objectivo discutir os tipos de sistemas partidários e eleitorais e
apresentar o papel dos Grupos de Pressão.

Objectivos

Geral
 Compreende os sistemas partidários e eleitorais e o papel dos grupos de pressão.
Específicos
 Distinguir os tipos de sistemas partidários e sistemas eleitorais;
 Apresentar a correlação existente entre os grupos de pressão e partidos políticos.
4

1. Sistemas partidários e eleitorais

1.1. Sistemas partidários


Segundo Duverger, o Estado contemporâneo adopta três sistemas principais de partidos: o
unipartidarismo, o bipartidarismo e o multipartidarismo.

1.1.1. Unipartidarismo
De acordo com Oliveira e Duailibe (2010, p. 6980) o unipartidarismo é próprio de regimes
totalitários como o fascismo, o nazismo e o comunismo. As ditaduras do século XX, com raras
excepções, fizeram do partido único o instrumento máximo da conservação do poder, sufocando
o pluralismo político, sem o qual a liberdade se extingue.

Duverger cit. in. Oliveira e Duailibe (2010, p. 6980) ressalta que existe grande correlação entre o
regime totalitário e o partido único, assim como entre democracia e pluralismo. Segundo ele, os
apologistas do sistema de partido único reconhecem lhe dupla função: o partido único é, ao
mesmo tempo, elite e vínculo, ou seja, a era das massas acarretou o declínio das elites
tradicionais e o partido único tem por finalidade forjar elites, criar classe dirigente e formar os
chefes políticos aptos à organização do país.

Segundo Oliveira e Duailibe (2010, p. 6981) no unipartidarismo, os processos que determinam as


políticas governamentais e a liderança política funcionam quase exclusivamente através do
esquema de um partido único. Pode haver partidos menores, mas são tão pequenos, que não
exercem qualquer influência significativa sobre o que acontece dentro do partido maior.

1.1.2. Bipartidarismo
O Bipartidarismo é o sistema de organização de partidos no qual a disputa pelas preferências do
eleitorado é realizada por dois partidos, tendo a corrente majoritária a responsabilidade pelo
exercício das políticas governamentais, cabendo ao partido minoritário o exercício do encargo de
oposição. O bipartidarismo é considerado por alguns escritores políticos como o sistema
democrático por excelência em matéria de organização partidária. O sistema bipartidário, porém,
não significa literalmente a existência de apenas dois partidos no cenário político. É possível que
vários partidos concorram no período eleitoral, no entanto, o sistema tecnicamente se acha de tal
forma estruturado que somente dois partidos reúnem de maneira permanente a possibilidade de
chegar ao poder.
5

Segundo Oliveira e Duailibe (2010, p. 6982) existirá, portanto, um sistema bipartidário sempre
que a existência de terceiros partidos não impeça os dois maiores de governarem sozinhos, vale
dizer, nesse sistema as coalizões são desnecessárias. Assim, o formato do bipartidarismo deve ser
considerado em números de cadeiras, ou seja, de cargos políticos. Por outro lado, caso o mesmo
partido permaneça no poder, eleição após eleição, haverá, em verdade, o sistema de partido
predominante e não um sistema bipartidário.

Segundo Nicolau e Schmitt (1995, p. 134) a existência de um bipartidarismo nacional deve-se a


factores extra-sistema eleitoral, tais como: distribuição geográfica do voto, dispersão de minorias,
grau de estruturação e nacionalização dos partidos.

1.1.3. Multipartidarismo
De acordo com Oliveira e Duailibe (2010, p. 6984) o sistema multipartidário é aquele que se
caracteriza pela presença de 03 (três) ou mais partidos políticos no contexto da disputa pelo poder
num determinado sistema estatal. Ainda na perspectiva dos mesmos autores nesse sistema
nenhum partido por si mesmo é capaz de formar um governo ou de colocar-se ostensivamente
acima de seus rivais. Alguns partidos são maiores do que outros, mas a formação de um governo
exige uma coligação de vários partidos. É concebível que várias coligações possam ser base de
um governo.

A exagerada multiplicidade de partidos confunde e pulveriza a opinião colectiva, enfraquecendo


as agremiações e dificultando, pelos conflitos entre as representações eleitas, a execução dos
programas de governo. No sistema parlamentar, no qual a formação de maioria política constitui
pilastra essencial para o funcionamento do mecanismo político, o multipartidarismo conduz
inevitavelmente aos governos de coalizão ou coligação, sem rumos políticos coerentes, sujeitos a
uma instabilidade manifesta. Não obstante, estes governos, por sua natureza, tendem a ser mais
sensíveis à opinião pública, (Idem).
6

1.2. Sistema eleitoral


De acordo com Bonavides (p. 265) o sistema eleitoral adoptado num país pode exercer - e em
verdade exerce - considerável influxo sobre a forma de governo, a organização partidária e a
estrutura parlamentar, reflectindo até certo ponto a índole das instituições e a orientação política
do regime. Segundo o mesmo autor existe duas modalidades básicas de sistemas eleitorais: o
sistema majoritário de representação e o sistema de representação proporciona.

1.2.1. Sistema majoritário de representação


Segundo Bonavides (2011, p. 265-266) o sistema majoritário de representação consiste na
repartição do território eleitoral em tantas circunscrições eleitorais quantos são os lugares ou
mandatos a preencher. O sistema majoritário de maioria simples conduz em geral ao
bipartidarismo e à formação fácil de um governo, em virtude da maioria básica alcançada pela
legenda vitoriosa. O mesmo autor acrescenta que, Sistema majoritário oferece duas variantes
principais:

 O escrutínio de um só turno, sendo eleito na circunscrição o candidato que obtiver


maior número de votos. Aqui a maioria simples ou relativa é suficiente para alguém
eleger-se.
 O escrutínio de dois turnos, caso nenhum candidato haja obtido maioria absoluta (mais
da metade dos sufrágios expressos) apela-se para um segundo turno ou eleição decisiva.
1.2.2. O sistema de representação proporcional/sistema de representação das opiniões1
Segundo Bonavides (2011, p. 269) a representação proporcional ou sistema de representação das
opiniões é um sistema eleitoral que permite ao eleitor sentir a força do voto e saber de antemão
de sua eficácia, porquanto toda a vontade do eleitorado se faz representar proporcionalmente ao
número de sufrágios.

A representação proporcional, segundo Prélot, cit. in. Bonavides (p. 268) “tem por objecto
assegurar às diversas opiniões, entre as quais se repartem os eleitores, um número de lugares
proporcional às suas respectivas forças.”

1
Foi a Bélgica o primeiro país que adoptou o princípio da representação proporcional. Dali se irradiou para os países
escandinavos (Suécia, Noruega e Dinamarca), bem como para a Holanda, Itália e Alemanha e vários outros países
europeus e latino-americanos.
7

2. Opinião pública e grupos de pressão


Carvalho (2009 p. 33) grupo de pressão é o grupo de interesses dotados de meios humanos e
materiais necessários e suficientes e da vontade de utilizá-los activamente para a promoção dos
seus objectivos, até vê-los atingidos. Atua perante toda a sociedade, ou parte dela, ou ainda,
diante de órgãos do Estado Legislativo ou Executivo -, com competência para mudar ou manter o
status quo referente ao seu interesse.

Os grupos de pressão procuram fazer pressão sobre os poderes públicos mediante a aquisição de
uma base alargada de apoio na opinião pública. A existência de um grupo de pressão resulta da
conjugação de duas condições de base:

1) Da constituição de um grupo organizado, capaz de levar por diante os seus objectivos


durante um período que pode ser mais ou menos longo;
2) Da defesa de interesses e do exercício de uma pressão sistemática sobre os poderes
públicos, que vai procurando alargar a sua base de apoio junto da opinião pública.
2.1. Características de grupos de pressão
Carvalho (2009 p. 36) o Grupo de Pressão é, uma organização temporária, o subgrupo do grupo
de interesses em dados momentos, que visa a obter, por intermédio da pressão seus objectivos,
tenta influenciar uma decisão, no caso do parlamento, aprovando ou rejeitando um projecto. O
Grupo de Pressão existe para influenciar o poder, tentar modificá-lo e adaptá-lo segundo as
necessidades e vontades do interessado.

2.2. Partidos políticos e grupos de pressão


2.2.1. Semelhanças
Para Carvalho (2009 p. 34) os Partidos políticos e grupos de pressão Intermediários entre o
estado e o cidadão; buscam a realização dos anseios do seu grupo junto ao poder e são
instrumentos representativos.
8

2.2.2. Diferenças
A diferença entre os Partidos políticos e os grupos de pressão reside no facto de:

 O partido procura conquistar o poder e seus objectivos políticos são permanentes ao passo
que o grupo de pressão, actua apenas transitoriamente sobre o poder com uma
interferência política que se exauri na adopção da lei ou da medida do poder público
pleiteada, para atendimento de um interesse ou pretensão; ali tomada do poder, aqui, mera
influência sobre o poder;
 No partido a perspectiva política é global, implica uma concepção total, no grupo essa
perspectiva ou função é unicamente parcial;
 O partido, de preferência, estaria voltado para o interesse geral, os grupos para os
interesses particulares de seus membros nem sempre coincidentes com aquele;
 Os partidos representam o povo, os cidadãos no Estado, eles são as formas de organização
frente ao Estado, ao passo que os grupos, são a forma de organização no campo social,
eles representam os interesses diferenciados frente a sociedade.
9

Conclusão
Chegado no final da pesquisa conclui-se que As características de um modelo político partidário
constituem o arcabouço sobre o qual se sustenta a democracia de qualquer nação, eis que a
essência do citado regime reside em dois postulados fundamentais: o voto e os partidos políticos.
Deveras, quando nascem a liberdade e a democracia, aparecem os partidos políticos, símbolos da
participação do povo na soberania do Estado. Os partidos servem para exprimir e para formar a
opinião pública. Constituem foco permanente de difusão do pensamento político, além de
estimular os indivíduos a manter, exprimir e defender suas opiniões. O individualismo político é
fenómeno de proporções exageradas no Brasil.
10

Bibliografia
Bonavides, P. (2011). Ciência Política. São Paulo: Malheiros.

Carvalho, F. S. (2009). O papel dos grupos de interesse e pressão na formatação e


fortalecimento da democracia brasileira: o caso do departamento intersindical assessoria
parlamentar (diap) durante o processo da constituinte (1987/1988) brasileira. 5., 6978 -
6992.

Oliveira, B. Q. & Duailibe, E. P. (2010). Sistemas partidários e sistemas eleitorais: as leis


sociológicas de Maurice Duverger e Giovanni Sartori no cenário político brasileiro.
CONPEDI.

Você também pode gostar