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Departamento das Ciências Sociais, Políticas e do Território

Licenciatura em Administração Pública

“Electoral Engineering. Voting Rules and


Political Behavior”
Efeitos dos Sistemas Eleitorais I - Avaliação dos sistemas
eleitorais

Cadeira: Sistemas e Comportamentos Eleitorais

Docente: Patrícia Silva

Ano Letivo 2022/2023

Trabalho Realizado por:

Ana Branco - 102595

Beatriz Costa - 102788

Mafalda Vale - 103503

Mariana Santos - 104303


SCE

1. Introdução
O presente trabalho foi elaborado no âmbito da Unidade Curricular de Sistemas e Comportamentos
Eleitorais da licenciatura de Administração Pública.
O artigo que nos foi concedido, tem como título “Evaluating Electoral Systems” e é da autora Pippa
Norris, uma cientista política especializada em política comparativa.

2. Análise do Artigo
Ao efetuarmos uma análise aprofundada do artigo em questão, damos conta que o tópico que gera
uma maior argumentação e debate é “qual é o supremo sistema eleitoral a ser utilizado?”. De um modo
geral, todos os indivíduos afirmam que há ausência de um sistema eleitoral magistral capaz de se ajustar
às necessidades de cada comunidade.
A autora ao longo do artigo dá-nos uma perspetiva do que são os sistemas eleitorais de
representação proporcional e dos sistemas eleitorais maioritários.
Os sistemas de representação proporcional são aqueles em que a distribuição de assentos no
parlamento ou noutro órgão legislativo é simétrico ao número de votos obtidos por cada partido ou
candidato. Já os sistemas eleitorais maioritários são aqueles em que quem ganha é o candidato ou partido
que recebe a maioria dos votos. Estes são mais conhecidos como sistemas de “winner-takes-all”, ou
seja, o vencedor leva tudo, como abordámos durante as aulas.
Neste ensaio são também discutidos e expostos os princípios da Democracia Adversarial
(Adversarial Democracy) e da Democracia Consensual (Consensual Democracy). A Democracia
Adversarial é um modelo de democracia que enfatiza a competição entre partidos políticos e os seus
candidatos durante as eleições. Neste tipo de sistema, os partidos políticos ou opositores competem
entre si para ganhar o poder e implementar as suas ideias e políticas. Em contrapartida, a Democracia
Consensual é um modelo de governação que se concentra na tomada de decisão por meio do diálogo e
do consenso entre os diferentes grupos políticos e sociais.
Ao longo do artigo, a autora aborda outros conceitos que estão ligados à Democracia Adversarial,
tais como a Responsabilização Democrática, Eleições Decisivas e Capacidade de Resposta do Governo
ao Eleitorado.
Relativamente à Responsabilidade Democrática, as eleições são importantes e são elas que
permitem que os partidos e candidatos que escolhemos cheguem ao poder e possam agir em nosso
nome, tornando-se as eleições um elo crítico da democracia. O processo eleitoral é uma forma de manter
a responsabilização, isto é, manter os partidos e candidatos no governo responsáveis perante o
Parlamento e o eleitorado.
No entanto, no artigo, podemos observar que há uma ressalva para a responsabilização a nível local,
isto é, a ideia que atualmente, os indivíduos são mais preocupados com as questões das suas

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comunidades e que esta aproximação dos cidadãos aos representantes locais pode levar a uma maior
responsabilização dos membros eleitores.
Os sistemas maioritários, no que toca à Governabilidade, criam governos com autonomia que são
capazes de governar e implementar as suas políticas sem o apoio de outros partidos, criando assim
melhores condições a nível de resposta.
Sobre as Eleições Decisivas, os apoiantes dos sistemas eleitorais maioritários argumentam que a
relação entre os votos e os assentos parlamentares é algo crucial. É possível perceber que embora vários
candidatos possam concorrer, apenas os maiores candidatos ganham e podem estar no Parlamento. Os
defensores acreditam que alguém ganhar por maioria pode ser uma vantagem para o governo, pois caso
seja necessário elogiar ou atribuir a culpa de algo, sabemos a que partido nos dirigir. Além disso, sendo
só um partido não há a possibilidade de entrarem em conflitos com outros, criando assim climas de
instabilidade.
Perto das últimas páginas, é mencionado pela autora os sistemas eleitorais maioritários e
representação proporcional. Primeiramente, elucida-nos sobre sistemas eleitorais maioritários,
realçando que os partidos e candidatos diminuem gradualmente, existindo assim quase uma falsa
competição eleitoral, uma vez que apenas os principais candidatos é que traduzem os votos em
mandatos. Sendo assim, há uma clara maioria absoluta, o que resulta de um governo de partido único.
Ainda assim, por ser um sistema bipartidário competitivo e equilibrado, há uma preocupação dos
políticos com a opinião pública, visto que neste tipo de democracias, facilmente o ‘’jogo vira’’ e o voto
do público poderá dirigir-se para a oposição. Sendo assim, o poder recai maioritariamente no governo,
mas sendo limitado pela opinião pública. Para além disso, os representantes defendem a opinião da sua
própria comunidade, havendo, portanto, uma representação dos interesses locais nos debates
legislativos nacionais.
No artigo é nos apresentado algumas críticas, relativamente ao sistema eleitoral maioritário.
Acredita-se que se um partido tiver constantemente a ser eleito, isso criará uma divisão na população,
que posteriormente irá ser notória na política, distinguindo-se minorias de maiorias. Isto pode resultar
no facto de o partido que esteja em regime não defenda as necessidades de grupos minoritários, o que
pode desencadear insatisfação por parte dos eleitorados e incapacidade de haver rotação regular dos
partidos no poder. A autora expressa os seus argumentos a favor e contra a Democracia Consensual,
guiando-se pelos mesmos argumentos que Lijphar. A Democracia Representativa Consensual permite
que as tomadas de decisão sejam discutidas entre os vários partidos parlamentares. Assim sendo, os
sistemas de representação proporcional possibilitam uma governação colaborativa e deliberativa,
representando os partidos minoritários, fazendo com que o maior número de pessoas votem, pois
garantem que consideram a diversidade social e política da sociedade.
Outro conceito abordado pela autora neste artigo é o da redução das barreiras às partes menores.
Os apoiantes da Democracia Consensual reforçam a necessidade de os sistemas eleitorais
proporcionarem uma representação justa e equitativa, de modo que, a distribuição dos assentos

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parlamentares reflita na percentagem de votos conquistados pelos partidos. Os opositores ao sistema


maioritário, afirmam que este sistema apresenta uma falha, referente à forma como penaliza os sistemas
minoritários que adquirem uma percentagem relevante de votos e, por isso, preferem os sistemas de
representação proporcional. Os sistemas de representação proporcional são feitos para alocar assentos
de acordo com a proporção de votos recebidos por cada partido do que os sistemas eleitorais de maioria
e pluralidade. Perante sistemas eleitorais maioritários e pluralistas, os apoiantes dos partidos menores e
marginais, com pouco apoio a nível nacional, sentem que votar não fará diferença para quem vence nos
seus distritos eleitorais. Por outro lado, a existência de sistemas de representação proporcional, aumenta
as oportunidades para partidos menores entrarem no parlamento mesmo que seja com uma percentagem
simples. A autora refere também a importância de assegurar a diversidade parlamentar. Os apoiantes da
Democracia Consensual, para além de reforçarem a necessidade de os sistemas eleitorais terem uma
representação justa e equitativa, também enfatiza a importância da inclusão social, de forma que, todos
os interesses públicos se reencaminhem para o processo de formulação de políticas e, assim, fazer com
que haja mais diversidade na composição dos parlamentos.

3. Críticas ao artigo
O excerto do artigo da autora Pippa Noris é de fácil compreensão, sendo uma boa ferramenta
para consolidar os conhecimentos adquiridos na aula.
Gostaríamos que o excerto apresenta-se críticas da Democracia Adversarial e não apenas da
Democracia Consensual, uma vez que tornaria o excerto mais completo e permitiria comparar as duas
de uma forma mais justa e correta. Consideramos que seria ainda mais enriquecedor se nos desse
exemplos reais destas democracias e se nos apresentasse caso de crises sociais, económicas, climáticas,
entre outras e qual democracia se aplicava melhor a cada circunstância.

4. Perguntas

- Depois da apresentação e transportando mais uma vez para a atualidade qual acham que seria
o melhor sistema eleitoral para dar resposta à inflação e à corrupção como a que vivemos? E
porque é que essa seria a melhor solução?

- Será que podemos afirmar que a Democracia Adversarial se revê numa Democracia Artificial?

- Após a matéria lecionada em sala de aula e a revisão deste artigo, qual é a Democracia em que
acreditam e qual a melhor para garantir o bem-estar público do nosso país.

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