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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE HISTÓRIA 3º ANO, 2023

Factos Sociais – Cidadania, Eleições e Comportamentos Eleitorais em Moçambique

Nome do Estudante: Chica Cássimo Mafuta

Lichinga, Outubro de 2023


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE HISTÓRIA

Factos Sociais – Cidadania, Eleições e Comportamentos Eleitorais em Moçambique

Trabalho de Campo da Cadeira de Sociologia


Política, a ser submetido na Coordenação do
Curso de Licenciatura em Ensino de História da
UnISCED.

Tutor, Mestre, Eugénio Hélder Eduardo Gujamo


TURMA -B

Nome do Estudante: Chica Cássimo Mafuta

Lichinga, Outubro de 2023


Índice
1.Introdução ................................................................................................................................ 3

1.1.Objectivos do trabalho .......................................................................................................... 3

1.2.Geral ..................................................................................................................................... 3

1.3.Específicos ............................................................................................................................ 3

1.4.Metodologia .......................................................................................................................... 3

2.Factos Sociais – Cidadania, Eleições e Comportamentos Eleitorais em Moçambique ........... 4

2.1.Manipulação dos órgãos de governação eleitoral como mecanismos da violência eleitoral 4

2.2.Grau de competitividade e estruturação das preferências eleitorais ..................................... 6

2.3.As motivações do voto (ou da abstenção) em Moçambique ................................................ 6

2.4.Conclusão ............................................................................................................................. 8

2.5.Bibliografias ......................................................................................................................... 9
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1.Introdução

O presente trabalho reflecte claramente sobre, os Factos Sociais – Cidadania, Eleições e


Comportamentos Eleitorais em Moçambique. Onde o processo de organização das eleições é
problemático, e muita das vezes, nunca teve um consenso. Dos pontos mais críticos do
processo de organização das eleições, destaca-se: a composição do órgão de gestão eleitoral.
Que para a Renamo deve ser com número igual de representantes e ou paridade. Por muitas
vezes, este órgão foi considerado o orquestrador das fraudes eleitorais e de tomar varias
decisões que não são favoráveis aos partidos da oposição. Portanto observamos com os dados
que, em algumas zonas de dominância da Renamo e da Frelimo, quanto pior forem as suas
condições socioeconómicas, maior foi a tendência do crescimento da abstenção eleitoral e
menor a participação política como um todo. Porém, há três factores que elencamos que
devem ser considerados e que enfraquecem continuamente os laços partidários dos eleitores,
dos quais: a deslegitimidade dos processos políticos e eleitorais, por meio do desinteresse
político, e a ausência de alternância no poder desde 1994, cria um efeito psicológico da
competição eleitoral e a contínua exclusão em processos de tomada de decisão do Estado que
se consubstancia com a organização estrutural na governação, oque leva muitos dos eleitores
a ideia de que o voto e a participação política não têm nenhum efeito.

1.1.Objectivos do trabalho

1.2.Geral

 Conhecer os Factos Sociais – Cidadania, Eleições e Comportamentos Eleitorais em


Moçambique.

1.3.Específicos

 Descrever os Factos Sociais – Cidadania, Eleições e Comportamentos Eleitorais em


Moçambique;
 Identificar o Grau de competitividade e estruturação das preferências eleitorais.

1.4.Metodologia

E para a realização do trabalho, usou-se a metodologia de pesquisa bibliográfica cingida


através da leitura do livro principal que aborda o mesmo tema e alguns artigos.
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2.Factos Sociais – Cidadania, Eleições e Comportamentos Eleitorais em Moçambique

Em Moçambique a institucionalização da democracia significaria que os políticos não


recorreriam mais a meios extrajudiciais ou violentos para resolver disputas, nem dariam
motivo para que os militares intervenham e usem da violência contra a oposição.

Quando a conquista, da democracia é efectiva dentro das sociedades nas palavras de Linz e
Stepan, tornar-se o único jogo nos Estados.

Por consolidação democrática entende-se como o processo gradual de rotinização,


internalização, e institucionalização dos costumes e ethos da prática democrática, de modo
que os actores políticos e todos os cidadãos concordem com as regras e processos que regem a
conduta na contestação pelo poder político. (Linz e Stepan 1996), viram a consolidação da
democracia de três grandes ângulos.

“Do ponto de vista comportamental, um regime democrático é consolidado quando


nenhum actor nacional de importância significativa se esforce para a criação de um
regime não democrático, através do recurso a violência ou de intervenção estrangeira
que tem vista a cessação do Estado ou recorrendo à violência. Atitudinal um regime
democrático é consolidado quando a maioria da opinião pública desenvolve e mantêm
a crença de que os procedimentos e as instituições democráticas são a forma mais
adequada para a gestão do bem colectivo e quando o apoio a posições contrárias é
bastante reduzido e quase isolado das forças pró-democráticas. E Constitucionalmente
um regime democrático se consolida quando tanto as forças governamentais e as não-
governamentais em um território do Estado, sujeitam-se e habituam-se à resolução de
conflitos dentro das regras definidas pelas Leis, procedimentos e instituições
específicas, sancionadas pelo novo processo democrático, (LINZ e STEPAN, 1996, p.
6). ”

2.1.Manipulação dos órgãos de governação eleitoral como mecanismos da violência


eleitoral

Para (De Brito2011a), em seu breffing intitulado “Comissão Nacional de Eleições: Uma
reforma necessária”, baseando-se nos inquéritos feitos aos cidadãos e aos partidos políticos, o
autor concluiu que uma há grande desconfiança na actuação e condução dos processos
eleitorais por parte destes órgãos, acusados muitas vezes de favorecer o partido no poder.
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Segundo (Pereira e Nhanala 2014), mesmo com os arranjos institucionais da legislação


eleitoral, a CNE não tem conseguido reduzir essa desconfiança, pelo contrário só aumentou os
debates sobre a fraude, violência eleitoral e intolerância política.

“Observadores nacionais e externos estiveram particularmente críticos em relação à


Comissão Nacional de Eleições (CNE), que violou a Lei: A CNE não cumpriu prazos
legais importantes e não ofereceu uma justificação razoável, ao mesmo tempo que
exigia que outras partes cumprissem rigorosamente as disposições legais e prazos. A
CNE não seguiu as disposições legais para o posicionamento das candidaturas no
boletim de voto. Consequentemente, a Frelimo, posicionada em primeiro lugar nos
boletins de voto para as três eleições, ganhou vantagem do efeito da ordem do boletim
onde uma posição mais alta se traduz num aumento do sucesso eleitoral, ” (Extraído
do boletim do processo político em Moçambique de 2023, no dia 11 de Outubro de
2023).

O dinheiro do Governo para campanha eleitoral, foi distribuído 24 dias após o prazo legal e
após o início da campanha as listas de candidatos foram divulgadas apenas uma semana antes
da eleição. A CNE não publicou seu relatório dos gastos com campanhas, conforme exigido
por Lei. A CNE violou a Lei quando colocou a Frelimo em primeiro lugar nos três boletins de
voto.

“O atraso no desembolso dos fundos é obra do Governo do dia para beneficiar a


Frelimo que tem muito mais fundos para arcar com a sua campanha. O objectivo
principal do partido no poder é de entrar no jogo em vantagem em relação aos partidos
da oposição. Na qual o MDM já previa tal atraso, sendo assim, tomou providências
para contornar o problema, fazendo encomendas ao crédito para reprodução de
cartazes para propaganda política do seu partido. o MDM, também fez encomendas
baseadas em créditos, ”

Por seu turno, o Conselho Constitucional (CC), o órgão supremo para a gestão dos
contenciosos eleitorais, têm vindo a tratar assuntos ligados a violência eleitoral de forma
leviana, a título de exemplo, do acórdão 11/CC/2023 nada consta sobre a actuação dos órgãos
de governação eleitoral nem das mortes registadas por quase todo o país fruto da violência nas
eleições limitando-se a lamentar à detenção de delegados de candidatura do MDM, Renamo, e
ND e a recomendar a observância da Lei.

Em entrevista que acompanhei nas TVs afirmam que:

“Desde o processo inaugural das eleições em Moçambique a estrutura e a composição


da CNE, tem sido alterada constantemente com o objectivo primordial de acomodar os
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interesses políticos e partidários e não a profissionalização do órgão de administração


eleitoral. Nisto mesmo com a representação dos partidos políticos nos órgãos de
governação eleitoral, contudo, a violência eleitoral está geralmente ligada a não
confiança desses órgãos” (Anónimo dia 11 de Outubro de 2023).

2.2.Grau de competitividade e estruturação das preferências eleitorais

Segundo De Brito (1995), Pereira (2008), defendem que é difícil explicar a reeleição do
partido FRELIMO por factores meramente económicos, pois há um conjunto de elementos
que devem ser mobilizados, dos quais, a estrutura das clivagens sociais, étnico e guerra.
Nisso, se é notório algum tipo de volatilidade eleitoral, ou a mudança nas acções de voto
obtidas pelos partidos Frelimo, Renamo, MDM e outros se destaca por duas razões principais.
Primeiro, é o aumento da actual onda de regras institucionais e mudanças institucionais
constantes, em que em cada pleito eleitoral, temos nova lei eleitoral que regula e delinear a
forma como uma determinada eleição irá proceder, em termos de administração eleitoral;

Dois tipos de argumentos institucionais são especialmente relevantes para explicar o grau da
competitividade e a estrutura das preferências eleitorais em Moçambique. O primeiro que
determina como as mudanças nas regras, procedimentos e restrições institucionais entre os
partidos, no parlamento Moçambicano e como o regime democrático influencia a estrutura do
voto em Moçambique. Tal como Mair (1997, 8) argumenta, que os sistemas partidários
"congelados" do tipo da Europa Ocidental só podem surgir quando ocorrer uma mobilização
eleitoral completa e existirem regras institucionais estáveis, que permitam o surgimento de um
equilíbrio competitivo durável.

2.3.As motivações do voto (ou da abstenção) em Moçambique

A opinião política ou participar de processos políticos, e o voto é a maneira mais comum de


participar em varias nações e países. Ora, as razões pelas quais os cidadãos participam nas
eleições gerais (municipais, legislativas e presidenciais), por que não participam de processos
de participação democrática, constituem per si, um dos temas mais debatidos em Moçambique
que são os 3 pressupostos:

 O pressuposto dos recursos: Para este modelo, a dimensão sócio-económica “status


socioeconómico” está directamente relacionado à participação política e eleitoral. Ou
seja, factores comuns que utilizamos para desenvolver esta análise, são ocupação ou
profissão, renda e educação;
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Assim, principalmente a idade e género influenciam especialmente na participação política e


eleitoral. Todavia, homens e indivíduos mais velhos têm maior probabilidade de se envolver
em formas mais institucionalizadas de participação política (voto, referêndum, comícios),
mulheres e indivíduos mais jovens se envolvem mais em formas não institucionalizadas de
participação política (passeatas, manifestações, greves), conforme ilustra Kern, Marien e
Hooghe (2015), Smets e van Ham (2013).

 O segundo pressuposto explicativo do voto e da participação eleitoral, é o modelo de


mobilização, que dá enfâse a variáveis como: mobilização partidária, associativismo e
participação na média. Neste caso, a nossa tese centra o debate sobre a mobilização de
partidos políticos e candidatos, que influenciam directamente a participação
individual;
 O terceiro pressuposto explicativo da participação política dos eleitores ao nível
individual é a socialização. Desta, se destaca o desenvolvimento durante a infância e a
idade adulta como determinantes do voto e do comportamento político quando adulto.
Para começar, as variáveis que utilizamos neste contexto são: classe social dos pais,
discussão política e educação dos pais.

Nisso, nossa tese procura explicar a participação por via da estrutura das atitudes sócio
políticas e psicológicas. Segundo Smets e van Ham (2013), os factores explicativos variam de
características cognitivas, como interesse político, conhecimento político e preferências
pessoais associadas ao voto expressivo, como identificação e ideologia partidária (p.11).
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2.4.Conclusão

Conclui que nos últimos anos, as eleições em Moçambique têm sido marcadas por actos de
violência eleitoral envolvendo os membros e simpatizantes do partido Frelimo, e os membros
e simpatizantes dos partidos políticos da oposição. Importa salientar que em Moçambique, os
níveis de violência eleitoral tomam variantes diferentes de região para região, província para
província, distrito para distrito, e por fim de município para município.

Portanto geral conclui-se que o partido Frelimo, devido a facilidade que tem de cooptar a
máquina administrava do Estado, e detém meios coercitivos do Estado aliada a sua pujança
financeira é o maior protagonista da violência eleitoral com o objectivo de assegurar a sua
hegemonia político partidária em relação aos demais partidos políticos. Importa salientar que
a violência perpetuada pelo partido Frelimo, tem impacto no comportamento eleitoral em
Moçambique. Nisso a partida Frelimo tem actuado sob a cumplicidade dos órgãos de
administração eleitoral, e que a polícia tem sido o braço armado do partido Frelimo
responsável pelos actos de intimidação e detenção dos simpatizantes e membros dos partidos
políticos da oposição.
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2.5.Bibliografias
BRITO, L. D., Pereira, J., Rosário, D. and Manuel, S., (2005). Formação do Voto e
Comportamento Eleitoral dos Moçambicanos em 2004. Maputo: EISA

BRITO, Luis de (2007). A Democracia a Prova das Urnas: Elementos para um Programa de
Pesquisa a Abstenção Eleitoral em Moçambique Comunicação apresentada na I Conferência
Internacional do IESE, Maputo.

BRITO, Luís de (2016). 2014 – Um Inquérito sobre a Abstenção em Moçambique. Relatório


de Investigação n. 05. IESE, Maputo.

BRITO, Luis de, (2008). Uma nota sobre voto, abstenção e fraude em Moçambique. In IESE
Discussion Paper (4)

NUVUNGA, Isaac. S (2015), Violência Eleitoral em Moçambique: Um Estudo Sobre as


Eleições Autárquicas de 2013. Maputo: Universidade Eduardo Mondlane, Monografia,
Ciência Política.

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