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Instituto Superior de Gestão, Comércio e Finanças

Nome do Estudante:

Adelaide Manuel

Contratos Administrativos e Garantias da Legalidade dos Particulares

(Licenciatura em Administração Pública Comércio e Finanças à Distância)

ISGECOF

Lichinga

2022
Adelaide Manuel

Contratos Administrativos e Garantias da Legalidade dos Particulares

Trabalho realizado no âmbito da cadeira de


Direito Administrativo II, centro de recursos de
Lichinga. Leccionado pelo dr: Jorge Amido. Para
fins avaliativos.

ISGECOF

Lichinga

2022
Índice
1.Aspectos introdutórios ............................................................................................................. 3

2.1.Contratos Administrativos e Garantias da Legalidade dos Particulares ............................... 4

2.Garantias dos Particulares ....................................................................................................... 4

2.1.Direito de petição.................................................................................................................. 5

2.2.Garantias administrativas ..................................................................................................... 5

2.3.Garantias petitórias ............................................................................................................... 6

2.4.Garantias impugnatórias ....................................................................................................... 7

2.5.A natureza do “Provedor de Justiça” .................................................................................... 9

2.6.Garantia contenciosas ........................................................................................................... 9

2.7.Conclusão ........................................................................................................................... 11

2.8.Referências Bibliográficas .................................................................................................. 12


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1.Aspectos introdutórios

Contratos Administrativos e Garantias da Legalidade dos Particulares é, em sentido material,


a totalidade de litígios que envolvam a Administração Pública e que hajam de ser
solucionados pelos tribunais administrativos ao abrigo da legislação aplicável, em especial a
que é constituída por normas de Direito Administrativo. Tradicionalmente, fazia-se referência,
nas nossas leis, ao contencioso dos regulamentos, dos actos administrativos, dos contratos
administrativos, da responsabilidade da Administração e dos direitos e interesses legítimos
dos particulares. Estas garantias são mais vantajosas para os particulares, uma vez que os
órgãos administrativos não atendem, geralmente, a motivações de carácter político. No
entanto, os órgãos da Administração Pública estão muitas vezes orientados na sua tomada de
decisão por critérios de eficiência na prossecução do interesse público, e não tanto pelo
respeito à legalidade e aos interesses dos cidadãos. Por este motivo surgiram as garantias
contenciosas, que vamos desenvolver posteriormente.

O presente trabalho tem como objectivo, Conhecer as garantias administrativas dos Contratos
Administrativos da Legalidade dos Particulares. E para a realização do trabalho, usou-se a
metodologia de pesquisa bibliográfica cingida através da leitura do livro principal que aborda
o mesmo tema e alguns artigos.
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2.1.Contratos Administrativos e Garantias da Legalidade dos Particulares

2.Garantias dos Particulares

Segundo o Prof. Freitas do Amaral diz que as garantias dos Particulares O reconhecimento
constitucional dos direitos e interesses dos cidadãos consagrado no art. 266º.1 CRP, bem
como a subordinação da Administração Pública à lei (266º.2 CRP) não basta para garantir um
efectivo meio de reacção dos interessados em face de uma infracção por parte da
Administração.
As garantias dos particulares de que se ocupa o Direito Administrativo asseguram
mecanismos de reacção e defesa perante actos da Administração.

 Garantia dos Particulares - meios criados pela ordem jurídica com a finalidade de
evitar ou de sancionar as violações do direito objectivo, as ofensas dos direitos
subjectivos ou dos interesses legítimos dos particulares, ou o demérito da acção
administrativa, por parte da Administração Pública.

Os meios criados com o objectivo de evitar ou sancionar ofensas de direitos subjectivos e


interesses legítimos de particulares, que se desdobram em garantias políticas, garantias
administrativas e garantias jurisdicionais, consoante o órgão a quem é confiada a efetivação
das mesmas.

Garantias políticas estas garantias são efectivadas através dos órgãos políticos do Estado,
consistindo no direito de resistência, consagrado no 21º CRP, e no direito de petição, quando
exercido perante um órgão de soberania, de acordo com o 52º CRP.

Direito de resistência: Relativamente ao direito de resistência, este consiste na faculdade de


contrariar qualquer ordem ofensiva de direitos, liberdades e garantias, e de afastar pelo uso da
força qualquer agressão, quando for impossível recorrer à autoridade pública. Esta resistência
pode efectivar-se relativamente a uma agressão privada ou a um ato da autoridade pública,
sendo esta segunda a que mais releva para o nosso estudo.

Requisitos:

 Presença de uma agressão ou de uma ordem que ofenda os direitos, liberdades e


garantias do agente;
 Necessidade;
 Proporcionalidade.
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Modalidades:

 Resistência Passiva- verifica-se quando existe uma ordem que ofenda direitos
liberdades e garantias, e consiste em não fazer o que é imposto ou fazer o que é
vedado.
 Resistência Defensiva- verifica-se quando existe uma agressão de agentes, e consiste
na resposta à agressão.

2.1.Direito de petição

O direito de petição consiste em suscitar perante os órgãos do poder e outras entidades


públicas quaisquer problemas de interesse geral, cingindo-se a solicitar a atenção do órgão
competente para situações ou actos ilegais ou injustos e não a impugnar actos administrativos.
Este direito tem a vantagem de poder ser exercido, não somente por nacionais, mas por
quaisquer pessoas que se encontrem ou residam em território português, para além de não
estar sujeito a qualquer formalidade ou processo específico. Os destinatários destas petições
são quaisquer órgãos públicos, à excepção dos tribunais.

Ambas as garantias são insuficientes, uma vez que cobrem poucos casos e por serem
confiadas a órgãos políticos estão sujeitas a ser apreciadas de acordo com critérios de
conveniência política, e nem sempre por critérios de imparcialidade.

2.2.Garantias administrativas

Este vasto grupo de garantias efectiva-se através da actuação e decisão de órgãos da


Administração Pública, os quais possuem mecanismos de controlo da sua actividade. Estes
mecanismos, criados principalmente para assegurar a defesa da legalidade e da boa
administração, são colocados também ao serviço dos direitos e interesses legítimos dos
particulares. Antigamente denominavam-se “garantias graciosas”, uma vez que se tratava da
concessão de um direito ao particular pelo soberano e não de um efectivo direito do particular.

Estas garantias são mais vantajosas para os particulares, uma vez que os órgãos
administrativos não atendem, geralmente, a motivações de carácter político. No entanto, os
órgãos da Administração Pública estão muitas vezes orientados na sua tomada de decisão por
critérios de eficiência na prossecução do interesse público, e não tanto pelo respeito à
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legalidade e aos interesses dos cidadãos. Por este motivo surgiram as garantias contenciosas,
que vamos desenvolver posteriormente.

Dentro do âmbito das garantias administrativas vamos começar por analisar os cinco tipos de
garantias petitórias, que têm por base um pedido dirigido à Administração para que considere
as opiniões do particular e, posteriormente, as impugnatórias, que consistem numa
impugnação a um acto administrativo já praticado.

2.3.Garantias petitórias

Dentro deste direito, cabe a faculdade de acesso aos arquivos e registos administrativos,
mesmo que não se encontre em curso qualquer procedimento que diga directamente respeito
ao particular, o que confirma que, em princípio, qualquer pessoa tem legitimidade para
exercer este direito.

 Direito de representação - trata-se da faculdade de pedir ao órgão que tomou uma


decisão a reconsideração ou confirmação da mesma. Esta figura distingue-se da
impugnação, uma vez que não consiste numa oposição clara do interessado à decisão
tomada, mas apenas numa chamada de atenção para as prováveis consequências da
mesma;
 Direito de queixa: traduz-se na possibilidade de abertura de um processo que pode
culminar na aplicação de uma sanção. Tome-se por exemplo o caso de uma queixa
contra um funcionário público, que desencadeia um processo disciplinar, que
culminará na aplicação de uma medida sancionatória ao funcionário, se a queixa tiver
fundamento;
 Direito de denúncia: permite ao particular levar ao conhecimento da autoridade a
ocorrência de determinado facto sobre o qual a autoridade se deva pronunciar. Tal
verifica-se, por exemplo, quando se faz a denúncia de um crime à Polícia Judiciária ou
ao Ministério Público;
 Oposição administrativa: atribuída aos contra-interessados em certos procedimentos
administrativos, define-se como uma contestação relativamente a pedidos formulados
por outrem à Administração ou relativamente a iniciativas da Administração das quais
se tenha conhecimento. A lei atribui a legitimidade para exercer esta contestação;
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2.4.Garantias impugnatórias

Reconhecidas no 184º, nºs 1 e 2 CPA, são aquelas garantias que permitem aos particulares
atacar um ato administrativo, com vista à sua revogação, anulação administrativa,
modificação ou substituição. Em caso de omissão apela-se à prática do ato ilegalmente
omitido. Subdividem-se em quatro tipos ( 191º - 199º CPA) que importa analisar. A
legitimidade é reconhecida aos particulares que considerem os seus direitos subjectivos ou
interesses legítimos afectados pelo ato administrativo e a todos os que possam intervir
procedimentalmente da defesa de direitos difusos, de acordo com o art. 186º.1 CPA. Ficam
impedidos de reclamar aqueles que tenham aceitado o acto administrativo depois de praticado
(cfr. art. 186º nº 2 CPA).

 Reclamação - meio de impugnação do ato administrativo perante o seu actor.

Esta figura justifica-se pelo facto de os actos administrativos, em geral, poderem ser
revogados ou anulados pelo órgão que os praticou. Hoje em dia, a reclamação prévia não é
necessária para efectivar uma impugnação contenciosa, sendo facultativa. Salvo lei especial, o
prazo para apresentar uma reclamação é de 15 dias (191º. 3 CPA), e o prazo para o órgão
competente decidir sobre a reclamação é de 30 dias (192º.2 CPA).

 Recurso hierárquico - consiste tanto na impugnação de actos administrativos


praticados, como na reacção contra a omissão ilegal de actos administrativos, dirigida
ao superior hierárquico do autor do ato. Se o órgão subalterno dispuser de
competência exclusiva, apenas pode ser obrigado à prática do ato (197º.1 CPA). Este
recurso caracteriza-se por uma estrutura tripartida: o recorrente é o particular, o
recorrido é o órgão subalterno- órgão a quo- e o órgão decisório é o órgão superior-
órgão ad quem. Para poder haver recurso é necessário existir hierarquia e é necessário
que tenha sido praticado ou omitido um acto administrativo por um subalterno que não
goze de competência exclusiva.

Podem ser classificados em recursos de legalidade, se o particular alegar como fundamento a


ilegalidade do ato ou da omissão do ato, de mérito, se o motivo for de mera inconveniência,
ou mistos, se o particular alegar ilegalidade e inconveniência.

Podem ser, também, classificados em recursos hierárquicos necessários ou facultativos


(185º.1 CPA). A regra geral é a da facultatividade (185º. 2 CPA), não constituindo o recurso
um passo intermédio indispensável para recorrer à via contenciosa. O recurso tem que ser
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apresentado ao órgão a quo (194º.2. CPA) e sempre dirigido ao mais elevado superior
hierárquico do mesmo (194º.1. CPA), salvo se a competência para a decisão se encontrar
delegada ou subdelegada. Quanto aos prazos para a interposição do recurso, nos casos em que
o objeto é a impugnação de um ato, estes encontram-se estipulados legalmente nos 188º.1 e 2
e 198º. 1 CPA, sendo, em regra, o prazo de 30 dias. Importa notar que a extemporaneidade do
recurso hierárquico implica automaticamente a extemporaneidade da impugnação contenciosa
subsequente. Se o objecto do recurso for a contestação da omissão de um ato, o prazo conta-se
da data do incumprimento do dever de decisão (188º.3 CPA). A interposição do recurso pode
ter consequências suspensivas ou não suspensivas, ocorrendo a suspensão automática do ato
em causa até à reapreciação do superior hierárquico. Em regra, os recursos hierárquicos
necessários têm efeito suspensivo, e os recursos hierárquicos facultativos não têm (189º. 1 e 2
CPA). A autoridade ad quem deve pronunciar-se em 30 dias, podendo alongar-se o prazo até
aos 90 dias (198º.º 1 e 2 CPA). Consequentemente, a autoridade pode: rejeitar o recurso por
questões de forma (196º CPA), negar o provimento, mantendo-se o ato que foi recorrido, ou
conceder o provimento, podendo implicar a revogação, anulação, modificação ou substituição
do ato recorrido.

Recursos hierárquicos impróprios - o ato administrativo é impugnado a um órgão da


mesma pessoa colectiva daquele que praticou o ato, sobre o qual exerce poderes de
supervisão. Só admissível nos casos expressamente previstos por lei (199º, nº 1 CPA) e
quando a lei atribua poder de supervisão sobre um órgão de uma pessoa colectiva a um
mesmo órgão da pessoa colectiva, fora do âmbito de uma relação hierárquica ( 176º. 1). São
aplicáveis a este recurso, subsidiariamente, as disposições que regulam o recurso hierárquico (
176º. 3 CPA).

Recurso tutelar - impugnação do ato ou omissão de uma pessoa colectiva autónoma a um


órgão de outra pessoa colectiva pública, que sobre ela exerça poderes de tutela ou de
superintendência. Tem natureza excepcional, logo só é possível quando a lei expressamente o
previr ( 199º, nº 1 CPA). Só pode ter por fundamento a inconveniência nos casos em que a lei
estabeleça uma tutela de mérito ( 199º, nº 3 CPA). É englobado no CPA nos “recursos
administrativos especiais” (art. 199º, nºs 3, 4 e 5). Trata-se de um recurso tutelar, por
exemplo, quando a lei sujeita a recurso para o Governo certas deliberações das câmaras
municipais.
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2.5.A natureza do “Provedor de Justiça”

A figura do Provedor de Justiça é entendida pelo Prof. Freitas do Amaral como uma garantia
administrativa dos direitos dos particulares face à Administração Pública.

Efectivamente, a função principal do Provedor de Justiça é defender e promover os direitos,


liberdades, garantias e interesses legítimos dos cidadãos, e procura assegurar a justiça e a
legalidade no exercício dos poderes públicos. No entanto, parece-nos incorrecto classificar
esta figura como uma garantia administrativa.

Órgão unipessoal, inamovível, independente do Governo, da Administração e dos Tribunais,


o Provedor de Justiça não responde, civil e criminalmente, pelas recomendações ou opiniões
que emita no exercício das suas funções. Além do mais, este órgão do Estado tem total
autonomia para investigar, fiscalizar, denunciar irregularidades e recomendar alterações,
visando a melhoria dos serviços públicos e a prossecução dos interesses dos particulares.

2.6.Garantia contenciosas

Tipo de garantias que se efectiva através dos tribunais. São as mais eficazes a assegurar a
defesa dos direitos subjectivos e interesses legítimos dos particulares.

O contencioso administrativo é, em sentido material, a totalidade de litígios que envolvam a


Administração Pública e que hajam de ser solucionados pelos tribunais administrativos ao
abrigo da legislação aplicável, em especial a que é constituída por normas de Direito
Administrativo. Tradicionalmente, fazia-se referência, nas nossas leis, ao contencioso dos
regulamentos, dos actos administrativos, dos contratos administrativos, da responsabilidade
da Administração e dos direitos e interesses legítimos dos particulares. Actualmente, desde as
reformas no contencioso de 2002-2004, o leque é mais amplo. Por consequência, existem
diversas garantias dos particulares, sendo as principais:

 Garantias quanto aos regulamentos administrativos (por exemplo: direito à declaração


de ilegalidade de normas regulamentares);
 Garantias quanto aos actos administrativos (por ex: direito á suspensão cautelar de
atos administrativos aparentemente ilegais);
 Garantias quanto aos contratos administrativos e públicos (por ex: declaração de
nulidade ou de inexistência de contratos ilegais ou inexistentes);
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 Garantias quanto ao reconhecimento de direitos, qualidades ou situações (por ex:


direito à condenação da Administração a cumprir obrigações de indemnização por
prejuízos causados a particulares);
 Garantias quanto às operações materiais da Administração (por ex: direito à suspensão
provisória da sua prática, por meio de uma providência cautelar não especificada);
 Garantias de carácter urgente (por ex: direito à intimação da Administração para
“prestação de informações”, “consulta de processos” ou “passagem de certidões”;

É hoje muito ampla também, a faculdade dos particulares de proceder à cumulação de pedidos
diferentes, mas conexos, o que é um dos principais motivos para a justiça administrativa de
hoje se afirmar como contencioso de plena jurisdição e não de mera anulação. No entanto, o
princípio da separação de poderes não foi posto em causa, uma vez que os Tribunais não têm
competência para avaliar o mérito da acção administrativa, mas apenas a respectiva
legalidade. Uma vez que o contencioso administrativo é matéria de uma disciplina autónoma
da do Direito Administrativo, ficamos só com estas notas breves relativas a algumas das
garantias dos particulares de carácter contencioso.
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2.7.Conclusão

Em suma o contrato administrativo, é o exame dos diversos contratos que a Lei portuguesa
qualifica de administrativos, vai permitir-nos pesquisar um conceito de contrato
administrativo válido para o nosso Direito. Não há dúvida de que é contato administrativo
aquele que se ache submetido ao regime próprio do Direito administrativo. Mas tem que
reconhecer-se que para legislador português o traço essencial desse regime é a atribuição de
competência para conhecer do respectivo contencioso aos tribunais administrativos.

Onde o contrato administrativo, como aquele que “constitui um processo próprio de agir da
Administração Pública e cria, modifica ou extingue relações jurídicas, disciplinadas em
termos específicos do sujeito administrativo, entre pessoas colectivas da Administração ou
entre a Administração e os particulares”.
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2.8.Referências Bibliográficas

AMARAL, Diogo Freitas Do. (2001). Curso de Direito Administrativo. Vol. II, 4ª ed.
Coimbra: Almedina. ISBN: pp.518-519;

AMORIM, João Pacheco De. (2010). As garantias administrativas no código dos contratos
públicos: Estudos de Contratação Pública. Vol. II. Coimbra: Âncora Editora. 712 p.

ALMEIDA, Mário Aroso De. (2007). Contratos administrativos e poderes de conformação do


contraente público no novo Código dos Contratos Públicos: Cadernos de Justiça
Administrativa. Lisboa: Almedina. 199 p.

ANDRADE, José Carlos Vieira De. (2012). A Justiça Administrativa. 12ª ed. Lisboa:
Almedina. ISBN 978-972-40-4972-4, 456 p.

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