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Instituto Superior de Ciências e Educação a Distancia

Departamento de Ciências Sociais e Humana

Licenciatura em direito

ISCED – Niassa

Lichinga

Discente: Docente:

Fátima Matanga

Curso de direito 3º Ano

Disciplina: Contencioso Administrativo e Tributário

Tema: GARANTIAS DOS PARTICULARES OU ADMINISTRADOS.

Lichinga

2021
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1

Instituto Superior de Ciências e Educação a Distancia

Departamento de Ciências Sociais e Humana

Licenciatura em direito

ISCED – Niassa

Lichinga

Discente: Docente:

Fátima Matanga

Curso de direito 3º Ano

Disciplina: Contencioso Administrativo e Tributário

Tema: GARANTIAS DOS PARTICULARES OU ADMINISTRADOS.

Trabalho de Campo da cadeira de Contencioso


Administrativo e Tributário, a ser apresentado
ao Departamento de Ciências Sociais e
Humanas, sob orientação do Tutor:

Lichinga

2021
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Índice
1. Introdução..................................................................................................................3

1.1. Objectivos...................................................................................................................3

1.1.1. Geral........................................................................................................................3

1.1.2. Específicos...............................................................................................................3

1.2. Metodologia............................................................................................................3

2. Garantias dos Particulares ou Administrados............................................................4

2.1. Garantias Politicas..................................................................................................5

2.2. Direito de resistência..............................................................................................5

2.3. Direito de Petição...................................................................................................5

3. Garantias Administrativas..........................................................................................5

3.1. Garantias Petitórias.................................................................................................6

3.1.1. O direito de petição.............................................................................................6

3.1.2. O direito de Representação.................................................................................7

3.1.3. O direito de Denúncia.........................................................................................7

3.1.4. O direito de queixa..............................................................................................7

3.1.5. O direito de Oposição Administrativa................................................................7

3.2. Queixas ao Provedor da Justiça..............................................................................8

3.3. Garantias Impugnatórias.........................................................................................8

3.4. Garantias Contenciosas........................................................................................12

4. Conclusão.................................................................................................................14

5. Bibliografia..............................................................................................................15
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1. Introdução

As garantias são os meios criados pela ordem jurídica com a finalidade de evitar ou de
sancionar quer a violações do direito objectivo, quer as ofensas dos direitos subjectivos e
dos interesses legítimos dos particulares, pela administração pública. Elas são preventivas
ou repressivas, conforme se destinem a evitar violações por parte da Administração
Pública ou a sancioná-las, isto é, a aplicar sanções em consequência de violações
cometidas. Elas constituem os meios jurídicos de defesa dos particulares contra a
Administração Pública. A sua finalidade consiste na prevenção ou na sanção da violação
de direitos ou de interesses legalmente protegidos dos administrados, provocada por acção
ou por omissão da Administração Pública.

1.1. Objectivos

1.1.1. Geral

Falar das Garantias dos Particulares ou Administrados

1.1.2. Específicos

Identificar as Garantias dos Particulares ou Administrados;


Mencionar as Garantias dos Particulares ou Administrados;
Descrever as Garantias Administrativas.

1.2. Metodologia
Para a concretização do trabalho, foi necessário o uso de fontes bibliográficas, assim
como o uso de internet com vista sustentar o trabalho.
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2. Garantias dos Particulares ou Administrados

Atribui-se aos particulares determinados poderes jurídicos que funcionem como protecção
contra os abusos e ilegalidades da administração pública, e a garantia dos particulares.

Segundo CAUPERS (2009), as garantias são os meios criados pela ordem jurídica com a
finalidade de evitar ou de sancionar quer a violações do direito objectivo, quer as ofensas
dos direitos subjectivos e dos interesses legítimos dos particulares, pela administração
pública.

As garantias dos particulares de que se ocupa o Direito Administrativo asseguram


mecanismos de reacção e defesa perante actos da Administração. Segundo o Prof. Freitas
do Amaral, estas definem-se como os “meios criados pela ordem jurídica com a finalidade
de evitar ou de sancionar as violações do direito objectivo, as ofensas dos direitos
subjectivos ou dos interesses legítimos dos particulares, ou o demérito da acção
administrativa, por parte da Administração Pública” (CAUPERS, 2009).

Para FREITAS DO AMARAL (2013), as garantias são preventivas ou repressivas,


conforme se destinem a evitar violações por parte da Administração Pública ou a sancioná-
las, isto é, a aplicar sanções em consequência de violações cometidas.

Por sua vez, as garantias são garantias da legalidade ou dos particulares, consoante tenham
por objectivo primacial defender a legalidade objectiva contra actos ilegais da
Administração, ou defender os direitos legítimos dos particulares contra as actuações da
Administração Pública que as violem.

As Garantias constituem os meios jurídicos de defesa dos particulares


contra a Administração Pública. A sua finalidade consiste na prevenção ou
na sanção da violação de direitos ou de interesses legalmente protegidos
dos administrados, provocada por acção ou por omissão da Administração
Pública (FREITAS DO AMARAL, 2013).

Dentro das garantias dos particulares, destacam-se as Garantias Administrativas, que se


efectivam através da actuação e da decisão dos órgãos da Administração Pública,
aproveitando as próprias estruturas administrativas e os controlos de mérito e de legalidade
nelas usados.
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2.1. Garantias Politicas

Estas garantias são efectivadas através dos órgãos políticos do estado, consistindo no
direito de resistência, consagrado no art. 21º CRP, e no direito de petição, quando exercido
perante um órgão de soberania, de acordo com o art. 52º CRP.

2.2. Direito de resistência

Segundo AMARAL (2016), relativamente ao direito de resistência, este consiste na


faculdade de contrariar qualquer ordem ofensiva de direito, liberdades e garantias, e de
afastar pelo uso da força qualquer agressão, quando for impossível recorrer a autoridade
pública. Esta resistência pode efectivar-se relativamente a uma agressão privada ou a um
acto da autoridade pública.

2.3. Direito de Petição

O direito de petição consiste em suscitar perante os órgãos do poder e outras entidades


públicas quaisquer problema de interesse geral, cingindo-se a solicitação a atenção do
órgão competente para situações ou actos ilegais ou injustos e não a impugnar actos
administrativos.

Este tem vantagem de poder ser exercido, não somente por nacionais, mas por quaisquer
pessoa que se encontrem ou residam em território. Para além de não estar sujeito qualquer
formalidade ou processo específico.

Ambas as garantias são insuficientes, uma vez que cobrem poucos casos e por serem
confiadas a órgãos políticos estão sujeitas a ser apreciadas de acordo com critérios de
convivência política, e nem sempre por critérios de imparcialidade.

3. Garantias Administrativas

Este grupo de garantias efectiva-se através da actuação e decisão de órgãos da


administração pública, os quais possuem mecanismos de controlo da sua actividade. Estes
mecanismos, criados principalmente para assegurar a defesa da legalidade e da boa
administração, são colocados também ao serviço dos direitos e interesses legítimos dos
particulares.
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Antigamente denominava-se garantias graciosas, uma vez que se tratava da concessão de


um direito ao particular pelo soberano e não de um efectivo direito do particular.

Estas garantias são mais vantajosas para os particulares, uma vez que os órgãos
administrativos não atendem, geralmente, a motivação de carácter político. No entanto, os
órgãos da administração pública estão muitas vezes orientados na sua tomada de decisão
por critérios de eficiência na prossecução do interesse público, e não tanto pelo respeito a
legalidade e aos interesses dos cidadãos. Por este motivo surgiram as garantias
contenciosas (AMARAL, 2016).

A classificação tradicional distingue as garantias administrativas em

Petitórias e Impugnatórias.

3.1. Garantias Petitórias

Entende-se por Garantias Petitórias, as garantias que têm por base a existência de um
pedido, por parte do particular, dirigido à Administração Pública e que não pressupõem a
prévia prática de um ato administrativo.

Existem cinco tipos de garantias de índole petitório:

3.1.1. O direito de petição

Consiste na faculdade de solicitar à Administração Pública providências que se consideram


necessárias, como a tomada de decisões, prestação de informações ou permissão de acesso
a arquivos seus ou a processos pendentes. Ora, com este direito, requer-se à Administração
algo que se pretende obter.

Dentro deste direito, cabe a faculdade de acesso aos arquivos e registos administrativos,
mesmo que não se encontre em recursos qualquer procedimento que diga directamente
respeito ao particular, o que confirma que, em princípio, qualquer pessoa tem legitimidade
para exercer este direito (FREITAS DO AMARAL, 2013).

Nisto se distingue o direito de petição do recurso, nomeadamente do recurso hierárquico, e


em geral, das garantias de tipo impugnatório. Com efeito, nestas existe já um acto
administrativo contra o qual se vais formular um ataque, uma impugnação.
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3.1.2. O direito de Representação

Consiste na faculdade de pedir a um órgão da Administração Pública, responsável por uma


certa decisão administrativa, a reponderação ou confirmação desta, tendo em conta as
possíveis consequências negativas que possam advir da sua execução.

Os funcionários podem exercer este direito quando estejam perante ordens ilícitas dos seus
superiores hierárquicos ou quando duvidem da autenticidade de tais ordens.

3.1.3. O direito de Denúncia

Consiste na faculdade de o particular alertar um órgão da Administração Pública para a


ocorrência de um certo facto ou situação que este tenha a obrigação de averiguar. Exemplo:
quando se tem conhecimento de um crime e se faz uma denúncia à Polícia Judiciária ou ao
Ministério Público.

3.1.4. O direito de queixa

Consiste na faculdade de um particular denunciar o comportamento de um


funcionário/agente da Administração Pública, abrindo-se um processo de apuramento da
responsabilidade disciplinar deste. Este processo culminará na aplicação de sanções, pois a
queixa desencadeia um poder sancionatório.

De acordo com o Prof. Diogo Freitas do Amaral, “há uma relação particular entre a queixa
e a denúncia: Toda a queixa é uma denúncia, pois em toda a queixa se faz a denúncia de
certo comportamento de alguém. Mas, nem toda a denúncia é uma queixa: só há queixa
quando ela tem por objecto o comportamento de uma certa entidade, ao passo que pode
haver denúncias que tenham por objecto outras realidades que não o comportamento de
pessoas singulares ou colectivas”.

3.1.5. O direito de Oposição Administrativa

Consiste na faculdade de contestar decisões que um órgão da Administração Pública


projecta tomar, seja por sua iniciativa, seja dando satisfação a pedidos que lhe tenham sido
dirigidos por outrem.
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3.2. Queixas ao Provedor da Justiça

Surge na ordem jurídica portuguesa após o 25 de Abril de 1974, esta consagrada no artigo
23º da CRP. É uma figura independente dos tribunais e da administração, tendo como
principal missão ouvir as queixas que os cidadãos tenham da actuação da administração,
podendo estas ser relativas tanto a acções ou omissões de poderes públicos como incidirem
sobre questões de mérito.

Esta figura é caracterizada pela ausência de poder decisório, ou seja, só pode


recomendações as autoridades competentes no caso. No entanto, as suas recomendações
gozam de um prestígio elevado pois esta é uma figura independente, estando
hierarquicamente posicionada no nível de um ministro, é também eleito por uma maioria
de 2/3 (artigo 163/h). Assim e tendo em conta estes factores, na maioria das vezes as suas
recomendações acabam por ser aceite (SOUSA, 2009).

3.3. Garantias Impugnatórias

São as que perante um acto administrativo já praticado, os participantes são admitidos por
lei a impugnar esse acto, isto é, a ataca-lo com determinados fundamentos.

As garantias impugnatórias, podem se definir, assim como os meios de impugnação de


actos administrativos perante autoridades da própria administração publica.

As Garantias Impugnatórias, por sua vez, constituem os meios, criados pela ordem jurídica,
de que o particular se pode socorrer para solicitar a revogação, anulação, substituição ou
modificação de actos administrativos já praticados (arts.º 184.º/1 e 2 e 185.º/3 CPA),
permitindo que eles sejam impugnados perante a própria Administração Pública, isto é,
sem recorrer aos tribunais administrativos. Assim, são garantias que consubstanciam
mecanismos de fiscalização da actividade administrativa do Estado, os quais podem ser
usados sempre que sejam postos em causa direitos subjectivos ou interesses legalmente
protegidos dos administrados (art.º 186.º/1 CPA). Contudo, não poderá reclamar ou
recorrer administrativamente quem, sem reserva, tenha aceitado um ato administrativo
depois de praticado (art.º 186.º/2 CPA).

Existem quatro tipos de garantias de natureza impugnatória, consagradas nos artigos 191.º
a 199.º CPA
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A reclamação consiste no direito do particular que se considere lesado por um certo ato
administrativo de solicitar ao autor do mesmo a sua reapreciação (revogação ou
modificação) (art.º 191.º/1 CPA). A reclamação do acto administrativo nunca é uma
reclamação necessária, salvo lei especial. Tem, portanto, um carácter facultativo (art.º
185.º/2 CPA).

Segundo SILVA (2000), esta garantia encontra fundamento na possibilidade de os actos


administrativos serem revogados ou anulados pelo órgão que os praticou, pelo que se
pressupõe que não haverá uma recusa, por parte de quem praticou o acto administrativo, de
rever e eventualmente proceder à sua revogação, modificação, anulação ou substituição.

Regra geral, pode reclamar-se de qualquer acto administrativo, contudo não será possível
reclamar de um ato que decida anterior reclamação ou recurso administrativo, excepto com
fundamento em omissão de pronúncia (art.º 191.º/2 CPA).

O prazo para apresentar a reclamação, salvo lei especial, é de 15 dias (art.º 191.º/3 CPA),
enquanto o prazo de decisão sobre a reclamação por parte do órgão competente é de 30
dias (art.º 192.º/2 CPA).

O recurso hierárquico (arts.º 193.º a 198.º CPA), para o Prof. Diogo Freitas do Amaral, é
uma garantia administrativa dos particulares que consiste em requerer ao superior
hierárquico de um órgão subalterno a revogação ou anulação de um ato administrativo
ilegal por ele praticado ou a prática de um ato ilegalmente omitido pelo mesmo.

Pode ser de legalidade (particular pode alegar como fundamento a ilegalidade do ato
administrativo impugnado ou a ilegalidade da omissão de um ato devido); de mérito
(particular pode alegar como fundamento a inconveniência do ato impugnado ou da
omissão de um ato requerido); ou misto (particular pode alegar a ilegalidade e a
inconveniência do ato impugnado, ou optar por apenas uma destas, conforme o que for
mais satisfatório para os seus direitos ou interesses legítimos). Regra geral, os recursos
hierárquicos são de carácter misto (art.º 185.º/3 CPA), salvo quando a lei determine o
contrário (SILVA, 2000).

As principais espécies de garantias impugnatórias são quatro a saber:

1. Se a impugnação é feita perante o autor do acto impugnado, temos a reclamação;


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2. Se a impugnação é feita perante o autor superior hierárquico do autor do acto


impugnado, temos recursos hierárquicos;
3. Se a impugnação e feita perante autoridades que não são superiores hierárquicos do
autor do acto impugnado, mas que são órgãos da mesma pessoa colectiva e que
exercem sobre o autor do acto impugnado poderes de supervisão, estaremos perante
o que se chama os recursos hierárquicos impróprio,
4. Finalmente se a impugnação é feita perante uma entidade tutelar, isto e, perante um
órgão de outra pessoa colectiva diferente daquela cujo órgão praticou o acto
impugnado é que exerce sobre esta poderes tutelares, então estaremos perante um
recurso tutelar.

Outra classificação distingue os recursos hierárquicos facultativos e os recursos


hierárquicos necessários:

Art 185.º CPA - “(…) os recursos são necessários ou facultativos, conforme depende, ou
não, da sua prévia utilização a possibilidade de acesso aos meios contenciosos de
impugnação ou condenação à prática de ato devido.”

Seguindo a posição do Prof. Diogo Freitas do Amaral, o recurso hierárquico facultativo


(art 185.º/2 CPA) “é o que respeita a um ato verticalmente definitivo, ou à omissão ilegal
dele de que já cabe acção contenciosa”. Já o recurso hierárquico necessário (art 189.º e
190.º CPA) “é aquele que é indispensável para se atingir um ato verticalmente definitivo
que possa ser impugnado contenciosamente”.

Relativamente à interposição do recurso, este é “dirigido ao mais elevado superior


hierárquico do autor do ato ou da omissão, salvo se a competência para a decisão se
encontrar delegada ou subdelegada.” (art.º 194.º/1 CPA). Os prazos do recurso hierárquico
estão consagrados nos arts.º 188.º e 198.º/1 e 2 CPA.

O recurso hierárquico impróprio consiste num recurso administrativo mediante o qual se


impugna um ato praticado por um órgão de uma pessoa colectiva pública perante outro
órgão da mesma pessoa colectiva que, não sendo superior hierárquico do primeiro (isto é,
sem que entre eles exista uma relação hierárquica), exerça sobre ele um poder de
supervisão (art.º 199.º/1, alíneas a) e b) CPA).
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Este tipo de recurso apenas existe nos casos expressamente previstos por lei (art.º 199.º/1
CPA). São aplicáveis ao recurso hierárquico impróprio, com as necessárias adaptações, as
disposições reguladoras do recurso hierárquico (art.º 199.º/5 CPA).

O recurso tutelar (art.º 199.º/3, 4 e 5 CPA) consiste num recurso administrativo interposto
de um ato ou omissão de uma pessoa colectiva autónoma, perante um órgão de outra
pessoa colectiva pública que exerce sobre ela poderes de superintendência ou de tutela.
Assim, para que haja recurso tutelar, este não só deve estar expressamente previsto na lei
(carácter excepcional - art.º 199.º/1 CPA), mas também deve existir uma relação jurídica
de tutela administrativa ou de superintendência.

A este recurso aplicam-se as regras relativas ao recurso hierárquico, na parte em que não
contrariem a natureza própria deste e o respeito devido à autonomia da entidade que se
encontra tutelada (art.º 199.º/5 CPA).

Para terminar, a queixa ao “Provedor de Justiça” consiste também numa garantia


administrativa, consagrada no art.º 23.º da CRP:

1. Os cidadãos podem apresentar queixas por acções ou omissões dos poderes públicos ao
Provedor de Justiça, que as apreciará sem poder decisório, dirigindo aos órgãos
competentes as recomendações necessárias para prevenir e reparar injustiças.

2. A actividade do Provedor de Justiça é independente dos meios graciosos e contenciosos


previstos na Constituição e nas leis.

3. O Provedor de Justiça é um órgão independente, sendo o seu titular designado pela


Assembleia da República, pelo tempo que a lei determinar.

4. Os órgãos e agentes da Administração Pública cooperam com o Provedor de Justiça na


realização da sua missão.”

Esta figura não tem poder decisório, pois não dispõe de competência para
revogar ou modificar actos administrativos. Contudo, tem poderes
persuasórios, pelo que estuda o caso concreto e, se entender que o
particular tem razão na queixa, dirige recomendações às autoridades
competentes (SOUSA, 2009).
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Pode também, usando a teoria dos poderes implícitos, dialogar com as autoridades
administrativas postas em causa e “pressioná-las” a cumprir a lei ou corrigir as suas
omissões ou erros.

De acordo com o Prof. Diogo Freitas do Amaral, o Provedor de Justiça é um órgão da


administração central do Estado, com carácter de órgão independente. Funciona
essencialmente como um órgão de controlo da legalidade administrativa, de carácter
gratuito e mais rápido que os tribunais administrativos.

Sendo uma autoridade independente e inamovível, goza de grande prestígio e


independência que fazem com que, regra geral, a Administração Pública considere as suas
recomendações e as aceite.

A actuação do Provedor de Justiça rege-se por princípios fundamentais, nomeadamente o


informalismo (deve procurar a verdade e o esclarecimento dos factos através de todos os
meios que estejam ao seu alcance) e o contraditório (não pode censurar ou criticar algum
órgão da Administração Pública, sem que lhe tenha assegurado anteriormente o direito de
esclarecer e fundamentar a sua posição), (CAUPERS, 2009).

3.4. Garantias Contenciosas

São tipos de garantia que se efectiva através dos tribunais. São as mais eficazes a assegurar
a defesa dos direitos subjectivos e interesses legítimos dos particulares.

O contencioso administrativo é, em sentido material, a totalidade de litígios que envolvem


a administração pública e que hajam de ser solucionados pelo tribunal administrativos ao
abrigo da legislação aplicáveis, em especial a que é constituída por normas de direito
administrativo.

Actualmente, desde as reformas no contencioso de 2002 – 2004, o leque é mais amplo. Por
consequência, existem diversas garantias dos particulares, sendo as principais:

 Garantias quanto aos regulamentos administrativos (por exemplo: direito a


declaração de ilegalidade de normas regulamentares);
 Garantias quanto aos actos administrativos (por exemplo: direito a suspensão
cautelar de actos administrativos aparentemente ilegais)
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 Garantias quanto aos contratos administrativos e públicos (por exemplo: declaração


de nulidade ou de inexistência de contratos ilegais ou inexistentes);
 Garantias quanto ao reconhecimento de direito, qualidade ou situações (por
exemplo: direito a condenação da administração a cumprir obrigações de
indeminização por prejuízos causados a particulares);
 Garantia quanto as operações matérias da administração (por exemplo: direito a
suspensão provisória da sua pratica, por meio de uma providencia cautelar não
especifica);
 Garantia de carácter urgente (por exemplo: direito a intimação da administração
para prestação de informações, consulta de processos ou passagem de certidões)
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4. Conclusão

Diante do exposto, foi possível concluir que existem diversas garantias dos particulares
face a administração pública, podendo estas ser de carácter político, administrativos ou
contenciosos, consoante o órgão que as efectiva. Por outra, As garantia políticas traduzem-
se no direito de resistência e no direito de petição, consagrados respectivamente nos art.
21º e 52º da CRP. Neste caso, a actuação do Provedor de Justiça rege-se por princípios
fundamentais, nomeadamente o informalismo (deve procurar a verdade e o esclarecimento
dos factos através de todos os meios que estejam ao seu alcance) e o contraditório (não
pode censurar ou criticar algum órgão da Administração Pública, sem que lhe tenha
assegurado anteriormente o direito de esclarecer e fundamentar a sua posição).
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5. Bibliografia

1. AMARAL, Diogo Freitas. «Curso de Direito Administrativo», Volume II (3ª


edição). Almedina, 2016.
2. CAUPERS, João. «Introdução ao Direito Administrativo” (10ª edição). Âncora
editora, 2009.
3. FREITAS DO AMARAL, Diogo, Curso de Direito Administrativo, vol. 2, 3ª
edição, 2013
4. SILVA, Vasco, Em busca do acto administrativo perdido, 2000.
5. SOUSA, Jorge, Lições de Direito Administrativo, 2009.

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