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FACULDADE DE DIREITO
CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO:
NAMPULA
2023
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE DIREITO
CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO:
NAMPULA
2023
i
LISTA DE ABREVIATURAS
Art°-artigo;
P- página;
P.p- páginas;
Séc- século;
ii
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1
1. O PROCESSO CONTENCIOSO .................................................................................... 2
2. RECURSO ADMINISTRATIVO CONTENCIOSO ...................................................... 3
2.1. Noções Gerais .............................................................................................................. 3
2.2. Espécies de Recursos ................................................................................................... 5
2.2.1. Recurso contencioso de plena jurisdição ................................................................. 5
2.2.2. Recurso contencioso de anulação ............................................................................. 5
3. ELEMENTOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO CONTENCIOSO..................... 7
3.1. Sujeitos do Recurso ..................................................................................................... 7
3.2. Objecto do Recurso ...................................................................................................... 9
3.3. O Pedido .................................................................................................................... 10
3.4. Causa de Pedir ........................................................................................................... 10
4. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS .............................................................................. 11
4.1. A Personalidade Judiciária......................................................................................... 12
4.2. Capacidade Judiciária ................................................................................................ 12
4.3. Patrocínio Judiciário .................................................................................................. 12
4.4. Legitimidade .............................................................................................................. 13
CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 14
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 15
iii
INTRODUÇÃO
O contencioso administrativo é concebido como uma garantia dos particulares
não contra a Administração, mas sim contra os actos por esta praticados considerados como
ofensivos dos seus direitos e legítimos interesses. A tónica do contencioso residia na
legalidade do acto da Administração. Assim, podemos dizer que o contencioso administrativo
confundia-se com regras processuais reguladoras da actividade da jurisdição administrativa
tendentes a apreciar a legalidade de acto da Administração ofensivo dos interesses ou direitos
do particular. Ou, mais especificamente, o contencioso nasce como uma garantia de natureza
jurisdicional.
Este trabalho segue uma estrutura lógica, estando dividido em partes, contendo
assim, os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais, de modo a tornar mais fácil a
compreensão e manuseamento deste trabalho.
1
1. O PROCESSO CONTENCIOSO
O processo administrativo não finda necessariamente com o acto definitivo e
executório. A legalidade deste pode ainda ser examinada a sua validade discutida perante os
tribunais administrativos numa nova fase, a do recurso contencioso. 1 Desta forma, permitiu-se
que os particulares possam desde o início, defender os seus direitos e interesses em termos da
sua ressarcibilidade por actos lesivos da Administração, uma vez que, já não correm o risco
das acções desta perdurarem no tempo devido a eventuais conflitos negativos de
competência.2
Para que exista um processo ou, com outros preferem dizer, uma relação
jurídica processual, é necessária desde logo, como é óbvio, a existência das partes, as quais se
poderá acrescentar, tendo em consideração o carácter triangular da relação processual, a
1
Marcello Caetano, Manual de Direito Administrativo, Vol. II, Ed. Almedina, 1980, p.ª 1330.
2
SALDANHA, Ricardo Azevedo, Introdução ao procedimento administrativo comum, 1ª Edição, Editora
Coimbra, Coimbra, 2013, pag. 252.
3
SOUSA, Marcelo Rebelo de Sousa, e MATOS, André Salgado de, Direito Administrativo Geral: Atividade
Administrativa, Tomo III, Lisboa, Dom Quixote, 2006, p.238.
4
CAETANO, Marcelo, Princípios Fundamentais do Direito Administrativo, 1.ª ed., Rio de Janeiro, Forense,
1977, pag. 531.
2
existência de tribunal, independentemente da competência, não havendo processo se a petição
for exigida a um órgão não judicial, a estes elementos se pode chamar, por isso, com toda
propriedade, condições de existência da acção, que constituem naturalmente elementos
essenciais da causa.5
5
ANDRADE, José Carlos Viera De, A Justiça Administrativa, 12ª Edição, Editora Almedina, Coimbra, 2012,
pag. 251.
6
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 07/2014 de 28 de Fevereiro, regula os procedimentos atinentes
aos processos contenciosos, publicada no BR no 18, série I, Imprensa Nacional de Moçambique, 28 de
Fevereiro de 2014, art. 32.
7
Marcello Caetano, Manual de Direito Administrativo…, Ob. Cit, p.ª 1327.
8
Tomando em consideração que existem outras formas peculiares.
9
BERNARDES FILHO, Hugo Gueiros. “Instituto da Jurisdição administrativa Francesa e o sistema jurídico
brasileiro”. In: Revista de Direito Público nº 91, Ano 22, Setembro 1991, pág. 101.
3
legalidade do acto, não o comportamento das pessoas. Reexamina-se o processo gracioso e a
sua decisão a luz dos preceitos legais aplicáveis, a fim de emitir a final não uma condenação
ou absolvição do pedido, mas um juízo de confirmação ou anulação meramente declaratório.
É necessário ter presente esta natureza do recurso contencioso para bem compreender os seus
termos processuais. Não há uma demanada, um litigio entre pessoas, uma questão contra a
autarquia ou o Estado, mas simples pedido de revisão jurisdicional de um acto arguido de
ofensivo da lei perante um órgão que embora independente, pertence ao Poder
administrativo.10
E quanto aos efeitos, o recurso contencioso não tem efeito suspensivo do acto
recorrido. O recurso contencioso tem, porém, efeito suspensivo da eficácia do acto recorrido
quando, cumulativamente, esteja em causa apenas o pagamento de quantia certa, de natureza
10
Marcello Caetano, Manual de Direito Administrativo…, Ob. Cit, p.ª 1334.
11
Idem, p.ª 1331.
12
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 07/2014 de 28 de Fevereiro, regula os procedimentos atinentes
aos processos contenciosos, publicada no BR no 18, série I, Imprensa Nacional de Moçambique, 28 de
Fevereiro de 2014, art. 34.
4
não sancionatória, e tenha sido prestada caução por qualquer das formas admitidas nos termos
do Código de Processo Civil.13
13
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 07/2014 de 28 de Fevereiro, regula os procedimentos atinentes
aos processos contenciosos, publicada no BR no 18, série I, Imprensa Nacional de Moçambique, 28 de
Fevereiro de 2014, art. 36.
14
MOREIRA, Egon Bockmann.”Processo Administrativo. Princípios Constitucionais e a Lei 9784/1999”. 3 ed.
Atual. rev. São Paulo: Malheiros. 2007, pag. 213.
15
PERREIRA, Vasco, Ventos de Mudança no Contencioso Administrativo, Almedina, 2005, p. 133.
16
GARCIA DE ENTERRIA, Eduardo; FERNANDEZ, Tomás-Ramón. Curso de direito administrativo. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, pag. 43.
5
excesso de poder é um recurso que não se atém, em um primeiro momento, à situação
subjetiva daquele que vem a juízo. Diz tratar-se de um contencioso objetivo, de um processo
sobre um fato. Por seu caráter objetivo e de anulação do ato, tem efeito geral e irrestrito,
atingindo a todos os envolvidos e interessados na realização do ato anulado. Confere ao
tribunal administrativo o poder de destruir o ato da Administração, caso esteja inquinado de
ilegalidade, sem, entretanto, nada colocar no lugar do ato desfeito. 17
17
BOBBIO, Norberto, 1909. “A era dos direitos”. Trad: Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004,
3ª reimpressão, pag. 1011.
18
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 07/2014 de 28 de Fevereiro, regula os procedimentos atinentes
aos processos contenciosos, publicada no BR no 18, série I, Imprensa Nacional de Moçambique, 28 de
Fevereiro de 2014, art. 37.
6
3. ELEMENTOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO CONTENCIOSO
19
SALDANHA, Ricardo Azevedo, Introdução ao procedimento administrativo comum…, Ob. Cit, pág. 252.
20
CAUPPERS, João, Introdução ao Direito Administrativo, 11ª ed., Editora Ancora, Lisboa, 2013, pág. 397.
21
ANDRADE, José Carlos Viera De, A Justiça Administrativa…, Ob. Cit, pág. 253.
22
AMARAL, Diogo Freitas Do, Grandes Linhas da Reforma do Contencioso Administrativo, Coimbra,
Almedina, 2002, pág. 111.
7
se mantenha o acto contra o qual se recorre. Situação no polo oposto ao do recorrente.23
Alguns autores nomeiam estes como autor e réu. A qualificação como parte no processo
administrativo contencioso, como qualquer processo judicial resulta da configuração da
relação processual feita por quem se dirige ao tribunal, neste caso, o autor. Quem se apresenta
em tribunal na qualidade de autor de uma acção funda a sua legitimidade para pedir aquilo
que pede na suposta titularidade da relação material controvertida. 24
Têm-se como entidade recorrida o órgão que tenha praticado o acto, ou que,
por alteração legislativa ou regulamentar, lhe tenha sucedido na respectiva competência, salvo
quando pertença à mesma pessoa colectiva ou mesmo ministério.27
23
CHAMBULE, Alfredo, As Garantias Dos Particulares, s/ed., V. I, Maputo, 2002, pág. 102.
24
CAUPPERS, João, Introdução ao Direito Administrativo…, Ob. Cit, pág. 396.
25
CHAMBULE, Alfredo, As Garantias Dos Particulares…, Ob. Cit, pág. 102.
26
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 07/2014 de 28 de Fevereiro, regula os procedimentos atinentes
aos processos contenciosos, publicada no BR no 18, série I, Imprensa Nacional de Moçambique, 28 de
Fevereiro de 2014, art. 44.
27
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 07/2014 de 28 de Fevereiro, regula os procedimentos atinentes
aos processos contenciosos, publicada no BR no 18, série I, Imprensa Nacional de Moçambique, 28 de
Fevereiro de 2014, art. 49.
8
3.2. Objecto do Recurso
28
Marcello Caetano, Manual de Direito Administrativo…, Ob. Cit, p.ª 1328.
29
BRITO, Wladimir Augusto Correia, Lições de Direito Processual Administrativo, 2.ª ed., Coimbra, Coimbra
Editora, 2008, 121.
30
Marcello Caetano, Manual de Direito Administrativo…, Ob. Cit, p.ª 1328.
9
sentido de que dimana de uma autoridade, porque só dessa forma se abrirá o leque maior com
vista a proteção dos direitos subjetivos e interesses legítimos dos particulares.31
3.3. O Pedido
Este consiste nos efeitos jurídicos pretendidos pelo autor, ou seja, na pretensão
do autor deduzida no juízo, cujo conteúdo há-de relacionar-se com o litígio emergente de uma
relação jurídica administrativa. Tendo em consideração os efeitos pretendidos, os pedidos
podem ser, tal como as respectivas sentenças de provimento, declarativas ) simples apreciação
ou reconhecimento), condenatórias (ou intimatórias) ou constitutivos (invalidatários ou
suspensivos), esta universalidade dos pedidos admissíveis corresponde a plenitude da
protecção jurisdicional que a reforma trouxe a justiça administrativa.33
4. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
36
ANDRADE, José Carlos Viera De, A Justiça Administrativa…, Ob. Cit, pág. 258.
37
AMARAL, Diogo Freitas Do, Grandes Linhas da Reforma do Contencioso Administrativo…, Ob. Cit, pág.
115.
38
CHAMBULE, Alfredo, As Garantias Dos Particulares…, Ob. Cit, pág. 107.
39
ANDRADE, José Carlos Viera, A Justiça Administrativa…, Ob. Cit, pág. 277.
11
4.1. A Personalidade Judiciária
40
, ANDRADE, José Carlos Viera, A Justiça Administrativa…, Ob. Cit, pág. 277.
41
DA SILVA, J. A. Curso de Direito Constitucional Positivo, 31.ª Edição, Malheiros Editores, São Paulo, 2008,
pág. 122.
12
advogado Esta obrigatoriedade prende-se com razões técnicas, pois os interesses das partes
são melhor acautelados por profissionais, que dispõem de conhecimentos técnico-jurídicos
que não estão ao alcance dos litigantes, sendo necessário conhecer o Direito aplicável e as
regras processuais. Avultam, também, razões psicológicas, visto que apenas profissionais
conseguem atuar com a serenidade desinteressada necessária para ajuizar objectivamente as
situações e ponderar racionalmente os direitos e deveres das partes. Por fim, destacam-se
razões de natureza pública, uma vez que a adequada e competente condução processual das
acções contribui para a boa administração da justiça.42
4.4. Legitimidade
A legitimidade é uma qualidade processual das partes (que, como vimos, têm
que dispor previamente de personalidade e capacidade judiciárias) sem a qual não podem ir ao
processo discutir a causa concreta, por não serem sujeitos da relação material controvertida,
tal como ela é configurada pelo recorrente.
42
DA SILVA, J. A. Curso de Direito Constitucional Positivo…, Ob. Cit, pág. 134.
43
MENEZES CORDEIRO, ANTÓNIO, Tratado de Direito Civil Português, Parte Geral, Tomo IV, Rep. Da
Edição de Março de 2005, pág. 9
13
CONCLUSÃO
14
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEGISLAÇÃO
DOUTRINA
15
MENEZES CORDEIRO, ANTÓNIO, Tratado de Direito Civil Português, Parte
Geral, Tomo IV, Rep. Da MOREIRA, Egon Bockmann.”Processo Administrativo.
Princípios Constitucionais e a Lei 9784/1999”. 3 ed. Atual. rev. São Paulo:
Malheiros. 2007.
PERREIRA, Vasco, Ventos de Mudança no Contencioso Administrativo, 1ª Edição,
Almedina, Lisboa, 2005.
SALDANHA, Ricardo Azevedo, Introdução ao procedimento administrativo
comum, 1ª Edição, Editora Coimbra, Coimbra, 2013.
SOUSA, Marcelo Rebelo de Sousa, e MATOS, André Salgado de, Direito
Administrativo Geral: Actividade Administrativa, Tomo III, Lisboa, Dom Quixote,
2006.
16